COMO PLANEJAR UM
ESTUDO DE CASO
Como escolher o tema
Com formular o problema
Nos estudos de caso a formulação do problema
constitui atividade bem mais complexa que em
outros delineamentos. Tanto é que há autores
que evitam mencionar o termo problema em
seus estudos, dando preferência a questões de
pesquisa.
Os problemas de pesquisa são geralmente
apresentados como declarações interrogativas,
que se iniciam um “por que”, sugerindo o teste
de verificação de relações causa-efeito, que
seria incompatível com os estudos de caso.
Tipos de questão
Mais adequadas
Menos adequadas
O que?
Como?
Por que? (com
muitas restrições)
Quem?
Quanto?
Quantos?
Em que medida?
Questões de um estudo em empresas investem
em informatização
• O que incentiva as empresas a investirem na
informatização de suas atividades?
• Como as empresas se estruturam em termos
organizacionais para lidar com os avanços
tecnológicos e a exigências da era da
informação?
Estudo sobre fatores críticos
• Quais os fatores críticos de sucesso na
implantação de novos softwares?
• Como a implantação de um novo software ou
sistema alterou a eficiência do antigo processo
utilizado pela empresa?
• Quais as principais barreiras encontradas, as
suas respectivas causas quando da
implantação de novas tecnologias?
Eletrotécnica
• Como um projeto elétrico influência o consumo de
energia (residencial ou empresarial ou municipal)?
• Qual o impacto para a sociedade na implantação de
uma usina hidrelétrica?
• Como reduzir o tempo de coleta de dados numa
avaliação física?
• Como é o funcionamento do controle de trânsito de
uma cidade?
• Qual a eficiência no consumo de energia dos
chuveiros elétricos?
• Como deixar mais barato aparelhos eletrônicos para
deficientes físicos?
Formulação de questões de pesquisa
• Exame da literatura relacionada;
• Discussões com pessoas que acumularam
experiência relativa ao assunto;
• Observação direta de situações que tenham a
ver com o assunto em pauta;
Como definir os objetivos
Nas pesquisas qualitativas é comum
pesquisadores darem preferência à
apresentação das questões de pesquisa e não se
preocupar com a formulação explícita de
objetivos.
Características dos objetivos
• Devem cobrir os diferentes aspectos do problema ou das
questões de pesquisa.
• Devem ser expressos em termos operacionais, expressando
o que se pretende fazer, onde, e com que propósito.
• Devem ser realistas, levando em consideração os meios
disponíveis pelo pesquisador.
• Convêm que sejam expressos com verbos de ação, como
verificar, comparar, descrever, estabelecer, analisar e
avaliar.
• Deve-se evitar em sua construção palavras como “causa”,
“impacto”, “relação”, “o quanto” e “em que medida”, que
são mais adequadas a estudos quantitativos.
Objetivo geral
(Martins, 2003)
Analisar a implantação e/ou funcionamento de
um projeto elétrico residencial para casas de 60
a 80 m2, buscando conhecer os aspectos que
afetam no consumo de energia.
Objetivos específicos
• Apontar as influências dos materiais (exemplo,
fios) na transmissão da energia;
• Identificar a forma como foi feita a ligação e
distribuição dos fios;
• Distinguir as placas utilizadas e sua eficiência
com os fios e conectores utilizados.
• Relacionar a instalação com o leitor de
consumo de energia.
Como preparar o arcabouço
teórico?
Quando o pesquisador orienta-se por uma
perspectiva interpretativista tende
deliberadamente a evitar a especificação de
proposições teóricas no início da investigação.
Esta não é, no entanto, a postura mais comum
nos estudos de caso.
A revisão da literatura contribui para
1) Centrar e refinar o problema;
2) Indicar o estágio atual de conhecimentos em relação
ao tema;
3) Proporcionar o estabelecimento de um sistema
conceitual coerente;
4) Identificar contribuições teóricas aplicáveis ao estudo;
5) Verificar os métodos de investigação utilizados por
outros pesquisadores para investigar o tema; e
6) Identificar possíveis resultados contraditórios na
investigação prévia.
Classificação dos estudos
de caso
Classificação segundo os objetivos
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Exploratórios
Descritivos
Explicativos
Avaliativos
Estudos de caso exploratórios
Visam a obtenção de uma
visão mais acurada do
problema para
posteriormente realizar
uma pesquisa mais
aprofundada ou construir
hipóteses capazes de
orientar trabalhos futuros.
Estudos de caso descritivos
São desenvolvidos para
proporcionar a ampla
descrição de um fenômeno
em seu contexto. Procuram
fornecer respostas a
problemas do tipo “o que”?
e “como”? Procuram
identificar as múltiplas
manifestações do fenômeno
e descrevê-lo de formas
diversas e sob pontos de
vista diferentes.
Estudos de caso explicativos
Visam identificar a
multiplicidade de fatores
capazes de influenciar o
fenômeno e construir
teorias capazes de explicar
sua ocorrência num
determinado contexto.
Procuram, portanto,
fornecer respostas a
problemas do tipo “por
que?”.
Estudos de caso avaliativos
Envolvem descrição e
explicação, mas também
julgamento. Mas
estudos proporcionam
apenas são informações
para produzir
julgamentos. O
julgamento, a rigor, é o
último nível do processo
de avaliação.
Classificação segundo o enfoque
disciplinar
Estudos de caso etnográficos
Enfatizam a cultura
de grupos e
organizações. Podem
se referir, por
exemplo, aos valores
adotados por uma
empresa ou às
crenças de
estudantes de um
curso universitário.
Estudos de caso históricos
Tendem a estudar grupos,
organizações e
comunidades segundo sua
evolução ao longo do
tempo. Procuram também
analisar o contexto
histórico em que se
manifestam os
fenômenos.
Estudos de caso psicológicos
Enfatizam os indivíduos.
Têm sido amplamente
utilizados no campo
educacional para tratar do
desenvolvimento da
criança, sendo
significativos os estudos
de Piaget que foram
realizados com seus
próprios filhos.
Estudos de caso sociológicos
Enfatizam processos
sociais como socialização,
aculturação, competição e
conflito no âmbito das
diferentes instituições
sociais, como família,
escola, empresa e igreja.
Classificação segundo a quantidade
de casos
Caso único
Casos múltiplos
Caso raro
Comportamentos e
situações sociais que
por serem muito raras
merecem ser
documentadas e
analisadas como caso
único.
Caso decisivo
É utilizado quando um
caso único reúne todas as
condições para testar,
confirmar, contestar ou
estender uma teoria.
Caso revelador
Ocorre quando um
pesquisador tem a
oportunidade de observar
e analisar um fenômeno
que se mostra inacessível
a outros pesquisadores.
caso típico.
Seu propósito é o de
explorar ou descrever
objetos que, em
função de informação
prévia pareçam ser a
melhor expressão do
tipo ideal da categoria.
caso extremo.
Oferece uma ideia da
situação limite em que
um fenômeno pode se
manifestar.
Caso discrepante
Por contraste, ele permite
conhecer as características
dos “casos normais” e
possibilitar a identificação
de possíveis causas dos
desvios.
Casos múltiplos
O pesquisador estuda
conjuntamente mais de
um caso para investigar
determinado fenômeno.
Não podem ser
confundidos, no entanto,
com estudos de caso
único que apresentam
múltiplas unidades de
análise.
Classificação de Robert K. Stake
Caso intrínseco
• o pesquisador estuda o
caso em virtude do seu
interesse em conhecêlo melhor.
Caso instrumental
O caso é escolhido por se
admitir que seu estudo
possa auxiliar na
ampliação do
conhecimento de
determinado assunto ou
na contestação de uma
generalização
amplamente aceita.
Estudo de caso coletivo
O pesquisador estuda
conjuntamente diversos
casos para investigar um
dado fenômeno. Pode, de
modo geral, ser
reconhecido como um
estudo instrumental
estendido a vários casos.
Seleção da amostra
(Patton, 1990)
Amostragem de casos extremos
Focaliza os casos que são ricos em informação,
visto serem incomuns, tais como sucessos
proeminentes e falhas notáveis.
Amostragem de casos intensivos
Os casos indicam intensa manifestação do
fenômeno, mas não são casos extremos. Por
exemplo: estudantes carentes e profissionais
bem sucedidos.
Amostragem de variação máxima
Focaliza os casos que, a despeito das variações,
apresentam um padrão comum. Seu propósito é
o de descobrir os temas centrais ou as principais
características de uma situação relativamente
estável
Amostragem de casos homogêneos
Seleciona casos que apresentam pouca variação
entre si. Sua finalidade é descrever um subgrupo
em profundidade.
Amostragem de caso típico
Ilustra o que é típico, normal ou regular. A
definição do que é típico do ponto de vista
qualitativo é obtida a partir do consenso de
opiniões entre informantes chaves
Amostragem de caso crítico
Visa à generalização lógica para outros casos ao
se considerar que o que é verdadeiro para este
caso será provavelmente para outros.
Amostragem “bola de neve”.
Inicia-se com a seleção de um caso pertencente
ao grupo objeto de investigação, que leva a
outros até que se encontre o nível suficiente de
informação requerida.
Amostragem por critério
Seleciona casos com base em algum critério
prévio. Pode ser utilizado, por exemplo, para
verificar a situação psicológica de pacientes de
um hospital que nele permanecem durante um
período superior à média.
Amostragem de casos confirmadores
ou desconfirmadores
Realiza-se com padrões que emergiram em
etapas prévias da investigação. Busca, mediante
a procura de exceções e teste de variações,
conferir maior credibilidade aos dados obtidos.
Amostragem de casos politicamente
importantes
O caso é selecionado ou eliminado por ser
politicamente sensível.
Amostragem de conveniência
Busca obter a melhor informação no menor
tempo possível, de acordo com as circunstâncias
da pesquisa. Embora contribua para economizar
tempo e dinheiro é uma das formas menos
recomendada de seleção de casos.
Amostragem propositadamente
estratificada
Focaliza as características de um subgrupo
particular para facilitar sua comparação com
outros subgrupos.
Amostragem de casos selecionados
aleatoriamente
Esses casos são selecionados aleatoriamente,
não para garantir sua representatividade, mas
para conferir credibilidade ao estudo.
Amostragem fundamentada em
teorias
Os casos são manifestações de um construto
teórico, podendo ser utilizados para reelaborálos, confirmá-lo ou rejeitá-lo.
Amostragem de casos oportunísticos
São casos que emergem ao longo do trabalho de
pesquisa.
Combinação de amostragens
Combinam-se várias estratégias com vistas a
encontrar a amostra desejada.
ESCOLHA DAS TÉCNICAS DE
COLETA DE DADOS
Elementos para investigação requeridas e estratégias para coleta de dados
num estudo de caso sobre interpretação da lei por policiais que detêm
suspeitos (Miles e Huberman, 1994)
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Locais
Cenário do crime
Viatura policial
Delegacia de polícia
Residência ou esconderijo
do suspeito
Observação
Atores
Policiais (Delegado, PMs,
investigadores, escrivão)
Suspeito
Comparsas
Advogado
Observação
Entrevistas
Eventos
Perseguição
Captura
Encaminhamento à delegacia
Prisão
Liberação
Observação
Entrevistas
Processos
Elaboração do BO
Alegações do suspeito
Justificativa da prisão
Interpretação da lei
Elaboração dos autos
Documentação
Entrevistas
Elaboração do protocolo
O protocolo tem muitos pontos de semelhança
com o projeto, mas sua ênfase é maior nos
tópicos referentes à seleção dos sujeitos e à
coleta de dados.
Partes do protocolo
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1) Dados de identificação;
2) Introdução;
3) Procedimentos de campo;
4) Dados a serem obtidos; e
5) Previsão de análise de dados; e
6) Guia para elaboração do relatório.
Questões referentes à recolocação de pessoal
Questões
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A empresa tem uma política de
recolocação de pessoal?
Empregado?
Que fatores a empresa leva em
conta na
demissão de
pessoal?
Quais as razões mais frequentes de
demissão de pessoal?
A empresa adota programas de
demissão voluntária?
Quais as formas adotadas para
promover a recolocação de
pessoal?
Fontes de informação
• Gerente de RH
• Empregado
• Ex-empregado
• Dirigente sindical
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