Recursos d’água no Sahara Algeriano, Gestão e Desenvolvimento
Departamento de geografia e planejamento do território / Universidade de Oran/ Algéria
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Roteiro da Conferência
1. O Sahara Algeriano, restrições e potencialidades
2. Os diferentes modos de mobilização da água
2.1 As técnicas modernas de drenagem
2.2 O modo tradicional e tipologia dos oasis da África do Norte
2. 3 As transformações atuais e a forte demanda por água
3. Gestão e impactos da exploração da água sobre o meio ambiente e a sociedade
( o caso de Touat/ Saara sul/oeste)
4. As estratégias postas em prática para o acesso à água fóssil
Conclusão
1. As restrições e potencialidades do desenvolvimento
Les contraintes :
Forte aridez; amplitude térmica importante; escassez de cobertura vegetal e de água
superficial; problemas de assoreamento e isolamento geográfico; etc.
Afreg sur le Erg* de Moulay El Arbi
* Região do Saara coberta
por dunas
Casa asoreada em Tillouline
Planalto de forma particular de
deserto rochoso em Sali
As grandes regiões naturais no Sahara algeriano
As potencialidades:
Reservas de energia (petróleo e gás), energia solar e eólica, riquezas minerais
inestimáveis, reservas de água subterrâneas de mais de 60.000m3 Complexo Terminal e
Continental Intercalado (Atlas do Mundo, 2010)
Hidrogeologia do CT & IC
Águas subterrâneas utilizadas na maior parte do wilaya do Adrar,
comumente chamado de Intercalar Continental (CI). É parte do
Sistema Aquífero Norte do Sahara Ocidental (NWSAS) - SYST –
Sistema Aquífero do Sahara Setentrional (SASS) em francês - abrange
uma área total de mais de um milhão de Km2: 700.000km2 na Argélia,
80.000km2
na Tunísia e 250.000km2 na Líbia. Ele contém depósitos sedimentares
que, de baixo para cima, têm dois níveis principais de aquíferos, o
continental intercalar (IC) e do Terminal complexo (TC).
São dois grandes aquíferos fósseis da idade Albiana (1) que
formam os SASS. Esse reservatório foi formado quando a área
na qual se encontra foi submetido a um clima mais úmido, a
dezenas de milhares de anos, tendo a água da chuva infiltrado
em diferentes camadas geológicas. Assim foram formadas as
duas principais reservas do aquífero: O Continental Intercalar,
o mais profundo e vasto, se estendendo a centenas de metros
de profundidade, estando o telhado localizado a 50 e 2.300
metros abaixo da superfície em algumas áreas, e se expande
por 600.000km2 de área de arenito e argila de 100 a 150
milhões de anos. Mais de 100.000m3 de água estão
armazenados. Acima do CI se instala o Complexo Terminal sob
camadas de areia e pedra calcária, formado a 30-80 milhões de
anos. O CT compreende 60.000m3 suplementar. (Jean Margat,
1991) – Tradução por Juliana Fernandes Moreira
(1) Albiano: Último estágio do Cretácio inferior (mesozóico) 113 Ma.
Início do aparecimento dos mamíferos e dinossauros
2. Mobilização de água no Sahara
2.1 Técnicas modernas
Perfuração
Transferência Regional
Barragem subterrânea
Perfuração sobre CI (Adrar)
Barragem subterrânea Timyaouine
- Fonçage par perforation
Ou par battement
- Armazenamento de água na bacia aluvial
TransferênciaAïn Salah / Tamanrasset
- Bombeamento e canalização
2.2 Modo tradicional
2.2.1 Foggaras (na Algéria) Khettaras (no Marrocos) N’goula na Tunísia
A
B
C
F
E
A foggara é um conjunto de poços de profundidade ascendente de montante a jusante, que se ligam por uma galeria subterrânea que drena
a água para as regiões mais baixas afim de irrigar os jardins dos oasis. A foggara é também um sistema comunitário, que necessita na sua
escavação e manutenção da participação da população dos oásis. As famílias que participaram mais, têm uma área maior de água distribuída
pela Kasria (sentença), eles têm o direito de propriedade que está prescrito no documento chamado ZEMAM, mantido sob a
responsabildiade do Imam Ksar. A gestão das vendas e da locação, bem como dos conflitos de uso são de responsabilidade do comitê dos
anciãos (Mousaoui, 2011). Tradução por Juliana Fernandes Moreira
2.2.2 Poços, canalização e diques a partir do rio ou de fontes
Os oasis sobre os rios
Tinghir, Figuig, Brizina, M’chounech, Biskra
Eles apresentam a forma de cordões ao longo do curso d’água. Sobre o rio são instaladas retenções artificiais, a
partir dos quais a água é dirigida para os longos canais dos jardins.
Os oasis sobre as fontes aos pés das montanhas: Ao lado de Rhoufi…
A água flui para fora da montanha a uma vazão constante ao longo do ano. Ela é direcionada para um canal para
irrigar os jardins. O oasis se expande em forma de leque.
Fig. Distribuição do Oasis no
Maghreb.Modo de mobilização da
água. (Richter 1992)
Organização social
Qualquer que seja o tipo de oasis e o modo de mobilização da água, a organização social é bastante
particular.
O Trabalho da terra e da Foggara nessas sociedades oasianas é considerado como socialmente inferior.
Esta distinção responderia talvez às regras de aparecimento de uma categoria social específica. Isso é
tradicionalmente reservado a uma classe de negros descendentes dos escravos. Dessa forma e
conforme G. Grand Guillaume, a sociedade se hierarquizou da seguinte forma:
• Os “harratine”: os escravos negros provenientes do Sudão (toda a África negra subsaariana) pelas
caravanas.
• Os"chorfa" são descendentes do Projeta e sua família. Eles representam, geralmente, as pessoas
vindas de outros lugares que se instalaram em Touat, Gourara por exemplo sobre a base de um ídolo
religioso, reforçada por esta nobre ascendência.
• Os"merabtine" podem ser áraves ou Zénètes, eles são também pessoas religiosas, para sua
Santidade, mas sem ascendência do Profeta, em princípio, não participando da guerra, são invioláveis
em suas pessoas e seus bens, se ficarem longe dos grupos.
Esta classificação começou a desaparecer nos anos 1980, em particular ao nível dos oásis
próximos das grandes vilas, mas permanece ainda em alguns oásis mais distantes.
3. As transformações atuais e a forte demanda por água
3.1 Forte demografia:
- Crescimento natural elevado
- Sedentarização dos nômades Touareg
- Fluxo de quadros do norte para o sul
Evolução da população de algunmas aglomerações saarianas
entre 1987 et 1998
Aglomeração
El Oued
Laghouat
Tamanrasset
Adrar
Hassi Messaoud
Hassi R'mel
1987
70073
67214
12712
28580
8293
4421
2014 Tx acct
105151
99536
65397
42732
37539
11396
3,68
3,56
15,71
3,65
14,39
8,8
3.2 Urbanização:
- Programas habitacionais urbanos e rurais, unidades de saúde, escola, ...
- Ajuda à construção pelo PCD assegurado pela caixa do sul
- Urbanização ilícita praticada pelos imigrantes africanos
Três níveis de urbanização
-Primeiro Grupo : corresponde às cidades do Saara que viu, entre os anos 1950 e 2000, se
multiplicarem por 4 ou 5. Os exemplos mais significativos dessa categoria são Ghardaïa, Adrar, Biskra,
El Oued, Touggourt ... De uma maneira geral, são os centros administrativos dessas aglomerações de
wilaya ou de Daïra e ao mesmo tempo dos centros regionais que receberam os investimentos mais
importantes. Alguns desses centros, de criação mais antiga, sob a forma de Ksour, como Adrar, Biskra
... quase perderam seus sistemas tradicionais de distribuição de água, sua antiga arquitetura e
conhecimentos agrícolas dentro dos modos de adaptação às limitações naturais. Algumas cidades do
Sahara (Adrar,Biskra, Ouargla, El Oued ...) lembram cada vez mais as cidades do norte.
-Segundo Grupo: está representando pelos oásis que conheceram extensões importantes, mas que se
desenvolveram num ritmo mais lento. São aglomerações anciãs que se encontram, por vezes, fora das
principais rotas de transporte e fronteiriça, mas que guardam até hoje um importante dinamismo. Os
casos como Timimoun, Taghit, Béni Abbes, mantém até hoje um sistema tradicional de exploração da
água, mas combina outros sistemas modernos: bombeamento das águas superficiais e freáticas para
os oásis de montanha (Saoura, Zab, Aurès) e das águas subterrâneas fósseis nos óasis do Sahara
(Gourara, touat, Tidikelt). Algumas partes do tecido ksourien são habitadas ou restauradas (Kenadsa,
Taghit, Bousemghoum) como parte do programa de preservação do patrimônio.
-Terceiro Grupo: são os oásis que se encontram numa fase de estagnação ou regressão em
decorrência, principalmente, dos problemas de água, do recuo de questões econômicas e históricas e
da imigração de uma parte de seus habitantes. Os oasis como Tamentit, Kerzaz, Moghrar, ... vêm seu
tecido urbano antigo se degradar, as palmeiras assoreadas, as foggaras ou poços secos.
3.3 Desenvolvimento econômico (sob o primsa do desenvolvimento agrícola)
- APFA : face às limitações ambientais e a incapacidade das culturas oasianas de assegurar
uma segurança alimentar, o Estado lançou em 1983 um novo instrumento, o APFA
(Ascensão à Propriedade Fundiária Agrícola) no contexto do desenvolvimento agrícola
- PNDA: Plano Nacional de Desenvolvimento Agrícola, as ajudas para a aquisição de
material agrícola, de perfuração e irrigação são fornecidos através dos créditos
bancários a partir dos anos 1990
Perímetros irrigados e culturas em pivô ganham largas superfícies
Face ao desenvolvimento acelerado nos colocamos as seguintes questões:
Aqual é o impacto dessa exploração sobre as reservas de água e o meio ambiente?
B. Quais são as questões locais e como elas se inserem no novo modelo de exploração da água em
relação ao sistema antigo das foggara?
3. Gestão de impactos da exploração da água sobre o meio ambiente e a sociedade
(o caso de Touat/ Sahara sud/ouest)
Escolha do terreno de estudo:
Método:
-
Teledireção e SIG
Coletas de dados numéricos (DHW, Serviços de florestas, da agricultura…etc)
Entrevistas com os diferentes atores sociais (administração, Investidores, associações..)
Aplicação de questionários ao nível das foggaras vivas (processo em curso)
Fig 2. Evolução dos
perímetros na seara
dos valores agrícolas
em Toaut entre 2003 e
2013
Tab 2. Evolução dos perímetros na seara dos valores
agrícolas em Toaut entre 2003 e 2013
Fonte : Ghodbani 2013
Situação
Surface en 2003
(Ha)
Surface en 2013
(Ha)
Ativo
Inativo
3446
4909
4349
Total
2
447
8171
9258
Regressão das Palmeiras
Fig3 & 4. As mudanças de reflexos radiométricos em dois oásis da Comunidade de
Inzeghmir e Fenoughil entre 1987 e 2003: Cores amarelas e vermelhas mosntra um
declínio da cobertura vegetal e a verde uma evolução. Os dois primeiros apresentam—se
dominantes.
Hipótese
-LA doença do El Bayeudh
-Envelhecimento
-Problema de água (rebaixamento do nível do lençol freático, salinidade, )
-Desmatamento
Doenças Phoenicicoles
Doença do Bayoud é causada por um cogumento do sol, Fusarium oxysporum f.
sp. albedinis, que provoca um declínio rápido da tamareira. « Esta furasiose
vascular, vulgarmente denominada de Bayoud, afeta principalmente as melhores
variedades produtoras do fruto. Contudo, sua incidência vai além do simples
aspecto econômico ligado à perda da produção de tamareiras, uma vez que ela
ocupa uma posição chave dentro do ecosistema dos oásis e das organizações
sociais dos povos das regiões do Sahara » (Fernandez et al, 1995).
Forte consumo de água
GRACE : Gravidade Rocovery e Experiência Climática
Ano
GRACE
GRACE_GWSC (H20 Alturat, cm)
Volumétrico GWSC (M3)
Volumétrico GWSC (MCM)
Volumétrico GWSC (BCM)
2004
3,649044
15336919254
15336,91925
15,33691925
2006
4,055432
17044966606
17044,96661
17,04496661
2007
-0,434983
-1828232038
-1828,232038
-1,828232038
Fonte: WRRS 2014
Multiplicação do número de perfuração
Mais de 2000 perfurações oficiais. Déficit entre 10 e 50 l/s
A morte das foggaras
779 foggaras mortas de 1423
- Aumento de perfurações (anos 1980)
- Abundância no antigo sistema e falta de manutenção
Degradação em curso do oásis de Mansour
Impressionante recuo do óasis de Aïn Zeghmir
Morte da foggara de Zaouia
et assoreamento do oásis
Avanço da salinização em Tsabit
Tabela – consumação de água potável por municípios de Touat em 2013
Fonte : ADE Adrar : 2014
Municípios
População
Adrar
Tamentit
Bouda
Sali
Reggane
Tamest
Founoughile
Total
55550
10222
10075
13857
24316
9664
10222
133906
Produção de água
potável m3/j
29403
3887
864
5183
9569
8726
3887
61519
Litros/dias
habitante
529,3
380,25
85,75
374,03
393,52
902,93
380,25
460
Salinidade causada por fenômenos decorrentes do artesanato
4. Estratégias postas em prática para o acesso das águas fósseis
Análise dos conflitos por identificação dos atores sociais e análise de suas
estratégias
Método: Investitação através de entrevistas semiestruturadas.
Relações de poder entre os usuários pelo acesso à água
Negociação, Acordos, Confrontos…etc
Negociação: é a estratégia de associações de foggaras para a proteção e/ou a reabilitação de foggaras
ainda vidas. Deseja aumentar a velocidade da sua participaçãode na foggara. Os representantes das
foggaras responsabilizam os administradores de terem causados o declínio nas taxas das foggaras em
decorrência dos poços cavados, principalmente nos anos 1980, nos campos de captação das foggara. Em
resposta a essa pressão, a wilaya de Adrar otpa por duas soluções:
1ª solução: prestar ajuda no contexto de um plano de reabilitação para a implantação do estado das
foggaras em perigo sobre a base de uma demanda de associação. Cada ano e por cada município uma
foffara é escolhida tendo por base uma pesquisa técnica e um sorteio. Os trabalhos são depois iniciados
por uma empresa através de um procedimento regulamentado de licitação e submissão. O orçamento
varia entre 60.000 e 100.000 euros.
2ª solução: alimentação da foggara por perfuração e canalização entre os poços recebedores da água e a
kasria. Desovas do naufrágio são de responsabilidade do Estado e a associação se engaja em pagar as
faturas de eletricidade.
Acordos
Se esse acordo tem caminhado bem para algumas foggaras, notadamente essas ….
Ele é mau vista por outros Ksar: por exemplo, nos casos de foggara de Ababou a associação recusa
intervenção das empresas que utilisam poquelin e , por vezes, tubulação de plástico no lugar de saguias. Os
membros exprimem o desejo de perceber o subsídio diretamente e envolver os membros da associação nos
trabalhos de reabilitação caso eles tenham um bom conhecimento dos problemas da foggara.
Essas associações se valem do descvio do dinhiero para beneficiar funcionários e empreendedores.
Confrontos
Entre oásis do mesmo Ksar
Uma tensão oculta que opõe os hartanist e chorfas dentro dos Ksour normalmente próximas da
capital do Adrar. As novas gerações de jovens, sobretudo a partir dos anos 1980, recusam-se a
comprar água em chorfis. Eles se conectam à rede AEP ou escavam poços ilegalmente. Para essa
camada social (que faz uso de benefícios que lhes são ofertados) coleta a foggara negativamente.
Um agricultor de origem hartani nos contou que “Os chorfas têm utilizado nossos parentes casos
eles tenham dificuldade, eles não têm nenhum direito sobre nossos mantimentos, nós somos
homens livres e a água pertence a todos”
Entre o Estado e os oasianos
Estratégia do governo contra os ladrões de água. Torneiras ilegais sobre a rede AEP
durante a noite tem sido uma prática corrente para a irrigação dos jardins. PV e
cortes corretes e de « Fatwa de Iman » difundido nas mesquitas não têm a limitar o
consumo que atinge os 250 l/dia. Os ladrões de água recusam-se a comprar água
em chorfis, que receberam benefícios do programa de reabilitação do governo.
Entre diferentes oásis Ksar
Também os confrontos caracterisam as foggaras, divididas entre dois ksar, exemplo do Mastour e da
Zouiat Lahchef. Após a instalação de um poço para alimentar a foggara, Mastur recusa o pagamento
de despesas ligadas à eletricidade, o que faz com que a ANRH cesse o processo de perfuração, que
custou 30.000 euros.
Deixar fazer
É a estratégia da administração quando ela não conseguea controlar a mobilização ilegal de água
é muitas vezes o que ocorre. Essa estratégia visa, em detriemnto das reservas de água e do
orçamento público, preservar uma paz social e evitar um conflito.
Também o abandono por muitos proprietários de foggara, em particular aqueles próximos de
Adrar, é devido ao declínio da atividade agrícula em favor da função pública e da construção.
Aumento da oferta e diminuição no
âmbito da energia
É uma nova estragégia adotada pelos
serviços da ANRH que consiste em
criar, longe dos campos de captação
de foggaras uma nova geração de
perfurações. Essas perfurações serão
equipadas em parte por painéis
solares instaladas sobre postes
Outros casos que se enquadram nessa regra
Um caso de reabilitação privada no âmbito deum projeto de turismo durável.
O Caso de Titaf com uma coabitação extraordinária entre moda e perfuração
tradicional
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Conferência:Recursos d`água no Sahara Algeriano, Gestão e