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Ed
iç
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Oásis
MEDITERRÂNEO
GREGO
Nas águas azuis
dos deuses
O MUNDO
LÁ FORA
Para além da janela da
Estação Espacial ISS
Jovens europeus
partem para a jihad
GUERRA
SANTA
ISABEL
ALLENDE
Como viver
apaixonadamente...
Não importa sua idade
por
Luis
O êxodo de milhares de jovens ocidentais que
optam partir para um destino incerto e cruel
como guerrilheiros da jihad, em vez de assumir
o projeto de futuro que nossa civilização e
cultura lhes oferece, constitui talvez a maior
prova da falência do sistema que engendramos
Pellegrini
Editor
N
o momento em que finalizo, aqui em Paris, esta apresentação
para Oásis 185, é o final da tarde de terça-feira, 16 de setembro. Os jornais noticiam que a reunião ainda em curso nesta
capital de 26 delegações de países diferentes, organizada para discutir as
ações militares que serão desencadeadas contra a organização terrorista
Estado Islâmico praticamente já decidiu pelo início dos ataques.
Olho pela janela da sala, vejo um lindo céu azul, a temperatura excepcionalmente agradável de um entardecer do final do verão. Tudo parece em
paz. Mas é visão ilusória. Melhor não confundir, nos tempos que correm,
a disposição pacífica da natureza com o coração e a mente nervosa dos
homens. No mundo humano, as coisas parecem bem difíceis por aqui.
Aos problemas políticos e econômicos vem juntar-se agora um outro, gravíssimo e totalmente inesperado: milhares de jovens europeus, dos quais
mais de mil são franceses, decidiram juntar-se às hostes guerrilheiras do
oásis
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Editorial
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Estado Islâmico (EI) no Iraque e na Síria.
por
Luis
Pellegrini
Editor
As famílias desses jovens – e nem todos eles são de origem árabe ou muçulmana – estão desesperadas. Sabem o que os espera. Esses garotos e
garotas não têm nenhuma formação religiosa ou ideológica. Nada sabem
do Alcorão nem da luta dos rebeldes árabes fanáticos. Assim, ao chegar
aos países da jihad, são aceitos como novos membros. Porém, como
cidadãos de segunda e terceira categoria. Vistos e havidos como carne de
canhão, são enviados logo para as missões mais perigosas, mais suicidas. E
eles, na ânsia doida de obter aplauso dos colegas e de autoafirmação diante de si próprios, aceitam as missões e partem para elas como carneiros
partem para o abatedouro. Muitos já pereceram dessa forma.
O que acontecerá agora, quando revoadas de bombas norte-americanas,
inglesas, francesas e de vários outros países começarão a tombar sobre
suas cabeças? Deveremos assistir nas próximas semanas, naquelas malfadadas regiões do Oriente Médio, a banhos de sangue como raras vezes
antes foi testemunhado ao longo da história.
Nossa matéria de capa, Guerra Santa, trata exatamente desse tema. Ela
conclui que o que se observa no momento, com esse êxodo de milhares de jovens ocidentais que optam partir para um destino incerto e cruel
em vez de assumir o projeto de futuro que nossa civilização e cultura lhes
oferece, constitui talvez a maior prova da falência do sistema que engendramos. A matéria é séria e deverá ser palco de muita reflexão.
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Editorial
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reportagem
GUERRA SANTA
Jovens europeus partem
para a jihad
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reportagem
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Apenas na noite de 11 de
setembro, no mesmo horário,
três canais de televisão franceses
organizaram debates sobre
um único tema: a revoada de
milhares de jovens europeus – não
necessariamente muçulmanos
- em direção ao Médio Oriente
para se alistarem nas fileiras do
EI-Estado Islâmico, uma das mais
violentas organizações terroristas
jamais surgidas. Qual a razão
de tal fascínio pelos movimentos
extremistas violentos?
N
oásis
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reportagem
Por: Luis Pellegrini, de Paris
o momento em que finalizo este artigo, segunda feira, 15 de setembro,
acontece aqui em Paris a reunião
de delegações de nada menos que
26 países dispostos a cooperar no
combate à EI – Estado Islâmico.
Ativa no Iraque e na Síria, essa organização terrorista acaba também
de divulgar pela Internet o assassi-
nato por decapitação de um terceiro refém, o
britânico David Haines. Somado aos anteriores, de dois jornalistas norte-americanos, o
vídeo desse bárbaro e cruel assassinato causa comoção geral, e provoca o apoio popular
às medidas de combate que serão tomadas.
As forças de 26 países, capitaneadas pelos
Estados Unidos, a Inglaterra e a França se
baterão contra algumas dezenas de milhares
de combatentes islâmicos ensandecidos. Poderá acontecer nos próximos dias um banho
de sangue como raras vezes antes o mundo
testemunhou.
Não é a primeira vez que forças militares
ocidentais atacam organizações guerrilheiras
rebeldes e/ou terroristas. Já vimos esse filme
várias vezes, no Vietnã, na Argélia, no Afeganistão, etc. Mas existe agora um fato novo e
surpreendente que faz toda a diferença: das
hostes do Estado Islâmico fazem parte algumas dezenas de milhares de jovens europeus
que nos últimos anos, e sobretudo nos últimos meses, decidiram abandonar seus países e ingressar na jihad como combatentes.
Só da França são mais de mil.
Esses neoterrroristas são jovens, mas não
particularmente devotos do Islã ou de qualquer outra religião. Deixam seus países para
fazer a “guerra santa” no Médio Oriente. São
principalmente europeus, criados nas nações
mais desenvolvidas do continente. De Lon
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mais, de uma “patologia” que corre o risco de se alastrar
perigosamente no próprio seio do mundo democrático.
Por isso a atual corrida em busca do tempo perdido, e o
chamado à ação de importantes especialistas em todas
as áreas do conhecimento na tentativa de encontrar uma
explicação para o fenômeno, e descobrir os caminhos e
ações que poderão representar uma solução.
Violentos, mas pouco ou nada devotos
Acreditar que são sempre os ultrarreligiosos que partem
para se juntar às fileiras jihadistas é um erro fatal na luta
contra a radicalização dos jovens. Esta é a opinião do
Presença de jovens europeus nas hostes da jihad.
Os números agora mais que redobraram
dres, mas também de Nova Delhi, passando por Paris,
Berlim, Viena, Roma, Madri e várias outras cidades, o
fenômeno assume proporções mundiais. Tudo veio à luz
com o assassinato por decapitação, em agosto, diante das
câmeras de televisão, do jornalista americano James Foley, e as revelações sobre o seu carrasco (sem dúvida um
britânico).
Qual a razão de tal fascínio pelos movimentos extremistas violentos? Na Europa – que já teme o retorno desses
jovens de cabeça feita pelo terrorismo -, uma das causas
principais é a falência das políticas de integração racial.
Mas esta não é certamente a única causa. Cita-se também
a deterioração estrutural acelerada de países árabes, mas
isso, para os analistas, não explica tudo. Trata-se, muito
oásis
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reportagem
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Até crianças são recrutadas pelos
jihadistas do Estado Islâmico
jihadista moderno”, comenta Mehdi Hasan. Esses jovens
criados na Europa, que têm um prazer sádico ao colocar
bombas e ao decapitar pessoas, se apoiam, no entanto,
numa retórica religiosa para justificar sua violência. Mas
certamente não é o fervor religioso aquilo que os motiva.
Já em 2008, o jornal The Guardian tomara conhecimento de uma nota confidencial emitida pela Unidade de
Ciências do Comportamento do MI5 (Serviço de Inteligência britânico), a respeito da radicalização: “Longe de
serem devotas, a maior parte das pessoas implicadas no
terrorismo não praticam suas religiões regularmente.
Tropas armadas do Estado Islâmico
entram em mais uma aldeia conquistada
jornalista inglês Mehdi Hasan, especialista em assuntos
árabes do jornal New Statesman, de Londres. Em recente artigo, ele pede ao leitor para adivinhar quais livros os
candidatos à jihad Yusuf Sarwar e Mohammed Ahmed
encomendaram na Amazon antes de deixar Birmingham,
em maio último, para ir combater na Síria. Milestones,
do islamista egípcio Sayyd Qutb? Não. Uma coletânea
dos escritos de Ossama Bin Laden? Também não.
Sarwar e Ahmed, que se declararam culpados de graves
atos de terrorismo no mês de agosto, tinham comprado Islã para principiantes e Alcorão para principiantes,
obras tipo “primeiros passos”, para quem não sabe nada
do assunto. “Difícil encontrar melhor prova para confirmar que a religião muçulmana, com seus 1400 anos
de história, não tem muito a que ver com o movimento
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cientista social Robert Pape, os de
Rik Coolsaet, pesquisador de relações internacionais, os do islamista Olivier Roy e os do antropólogo
Scott Atran. Todos estudaram as
vidas e os percursos de centenas de
jihadistas maníacos, autores de vários atentados, e todos afirmam que
o Islã não é responsável pelos seus
comportamentos.
Noviços que ignoram tudo em
matéria de religião
Muitas não possuem conhecimentos religiosos e poderiam ser consideradas como noviças em matéria de religião”, declara o documento, antes de concluir que “uma
identidade religiosa bem estabelecida na verdade impede
a radicalização violenta”.
Esses autores fazem eco a vários
outros, segundo os quais a radicalização se deve a outros fatores:
indignação moral, descontentamento, pressão dos companheiros,
busca de uma nova identidade, necessidade de pertencer a alguma coisa e de encontrar um
objetivo na vida. Como explicou Scott Atran em março
de 2010, diante do Senado norte-americano: “O que inspira a maior parte dos terroristas que matam no mundo
de hoje, é muito menos o Corão ou a doutrina religiosa,
e muito mais a identificação com uma causa fascinante
e uma ação que promete glória, admiração e estima dos
amigos, e através deles o respeito eterno e a certeza de
permanecer na memória deles”.
Para uma confirmação mais aprofundada desse fato,
convém ler os livros de Marc Sageman, um antigo agente
da CIA especializado em psiquiatria médico-legal, os do
Os candidatos à jihad são, segundo esse estudioso, pessoas jovens “que sentem tédio, que trabalham em subempregos, subqualificados e decepcionados” e para quem “a
Colagem da home page de sites produzidos pela
jihad ou que apoiam as ações do Estado Islâmico.
A guerra acontece também pela Internet
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Combatentes europeus al-qaeda-nusra-do Estado Islâmico
usam máscaras faciais para não serem identificados
to, o número dos que ingressaram nas fileiras terroristas
quase dobrou desde janeiro último, como foi indicado
pelos serviços de informação dos EUA ao jornal New York
Times. Mais de duzentos norte-americanos teriam ingressado nos grupos rebeldes sírios desde o começo da guerra civil. Entre eles, algumas mulheres, como é o caso das
moças sômalas recrutadas pelas organizações islâmicas
nas imediações de Minneapolis, onde vive uma importante comunidade originária da Somália.
Os norte-americanos que escolhem a guerrilha terrorista
são cada vez mais jovens, em geral adolescentes. Mas entre eles existem também homens maduros. O Estado
jihad é um empregador que oferece igualdade de oportunidades... é apaixonante, gloriosa e está na moda”. Em
resumo, nas palavras de outro autor, Chris Morris: “O
terrorismo é uma questão de ideologia, mas é também
uma opção de idiotas”. De idiotas, não de mártires.
Douglas McCain,
o norte-americano
que entrou na jihad
e foi morto há
pouco na Síria
Jihad também atrai muitos norte-americanos
Barack Obama anunciou há poucos dias a decisão americana de voltar a combater no Iraque e na Síria, inicialmente com bombardeios e artilharia aérea, para tentar
destruir as bases do Estado Islâmico. Sua decisão foi certamente influenciada por esse outro fator preocupante:
os êxitos militares do Estado Islâmico atraem um número cada vez maior de norte-americanos à Síria. Com efeioásis
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reportagem
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Al-britani, jihadista inglês identificado,
aparece na foto diante da Trafalgar
Square, em Londres, antes de
embarcar para o Oriente Médio
Islâmico não recruta apenas
combatentes, mas também
médicos, enfermeiros, engenheiros e trabalhadores para
os campos de petróleo.
Pelo menos quatro norte-americanos já morreram em
combate ao lado dos rebeldes
sírios. O último de que se tem
notícia é Douglas McCain, um
afro-americano criado perto de
Minneapolis, e que foi morto
no dia 24 de agosto último. O
site The Daily Beast traça um
perfil significativo desse jovem
e de um de seus amigos, Troy
Kastigar, um branco morto em
2013 na Somália, quando combatia nas fileiras da Al-Qaeda.
O site apresenta Douglas como
um aspirante a cantor rapp, sem talento e sem diploma,
um “falido” que teria encontrado na jihad um caminho
de vida. “Por que ser um perdedor quando se pode ser
um mártir?”, resume a publicação.
A qualquer momento, os bombardeiros começarão a
lançar toneladas de bombas sobre as posições do Estado
Islâmico no Iraque e na Síria. São bombardeiros americanos, franceses e de várias outras nacionalidades – inclusive árabes. Até a Arábia Saudita e o Qatar, que sabidamente financiaram alguns desses grupos terroristas,
agora tremem nas bases: a criatura pode se voltar contra
oásis
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reportagem
o criador. Como os terroristas do EI mantêm prisioneiros
vários reféns tanto ocidentais quanto árabes, e se misturam à população civil dos locais que dominaram, pode-se
presumir que o banho de sangue será enorme. Reféns e
a população civil no Iraque e na Síria, nas regiões dominadas pelo Estado Islâmico, correm portanto altíssimo
risco.
Dará certo? Ou o Estado Islâmico, que nada mais é que
um desdobramento da Al Qaeda, após ser aniquilado
nesses países, renascerá em outros lugares que, no mo
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Fanatismo avassalador estampado no rosto desse jovem
membro do Estado Islâmico
beça das pessoas: “O mundo árabe é um mundo em crise,
infeliz, em guerra consigo mesmo. Como vendedores de
quimeras, os jihadistas propõem a volta a um passado
conquistador, brilhante, porém mítico”, explica de seu
lado o historiador Elie Barnavi.
De certa forma, estas são também as posições de vários
outros intelectuais e analistas europeus, como é o caso do
italiano Renzo Guolo, cujo recente artigo propomos logo
abaixo.
mento, também vivem em convulsão? A Líbia e o Iêmen,
para citar apenas dois, são excelentes candidatos...
No dia 12 último, Alain Frachon, cronista do jornal Le
Monde, explicou em editorial que a verdadeira vitória
sobre o jihadismo tem de ser necessariamente cultural
e ideológica. Para esse jornalista, a opção bélica é apenas paliativa e temporária. “Essa vitória tem de partir do
próprio mundo árabe-islâmico, e não de uma revoada
de foguetes americanos e europeus. Não conseguiremos
enfraquecer o jihadismo pela força das armas, ele reaparecerá de uma forma ou de outra, como o demonstram
as reencarnações sucessivas da Al-Qaeda”, completa Frachon.
Essas duas garotas austríacas atenderam ao
apelo e abandonaram suas famílias e partiram
para a Síria para ingressar na jihad
A verdadeira frente de batalha, portanto, estaria na caoásis
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Garoto palestino que entrou para
a Brigade terrorista Al-Quds
vídeo, que usa como pano de fundo
algumas cidades norte-americanas,
uma voz em off lança um inquietante: “Nós já estamos entre vocês”, antes de desferir o golpe: “Nós
sempre estivemos”.
Mas esse pesadelo não concerne
apenas os Estados Unidos. O Estado Islâmico atrai milhares de
jovens europeus , quase todos muçulmanos de segunda ou terceira
geração, cidadãos ou residentes da
União Europeia. Eles são britânicos, franceses, alemães, escandinavos, belgas ou italianos.
OS MENINOS DO OCIDENTE
Por: Renzo Guolo, editorialista do jornal La Repubblica,
Roma
O sotaque britânico do carrasco de Jim Foley (jornalista americano assassinado diante das câmeras de TV no
dia 19 de agosto) materializa o atual pesadelo dos governantes ocidentais: o da guerra a domicílio. Um tema,
por sinal, explorado em um vídeo produzido pelo Estado
Islâmico que circula há algumas semanas na rede. Nesse
oásis
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As coisas poderiam ser diferentes numa era de globalização, que
transforma as sociedades ocidentais em sociedades multiétnicas e
multiculturais? Não é por acaso que o grupo encarregado
de “aplicar as penitências” aos capturados pelo Estado
Islâmico, e notadamente o “John” que pôs fim aos dias
de Foley, seja apelidado de “The Beatles” pelos jihadistas. Isso certamente não acontece pelo fato de eles recitarem o Alcorão com fundo musical criado pelo célebre
quarteto de Liverpool. Os “insetos” britânicos (como os
descendentes de árabes são chamados pelos racistas em
seu país), assim como seus companheiros que partiram
da França ou da Alemanha, constituem a quinta geração
pan-islâmica. São os descentes espirituais daqueles que
praticaram a jihad contra os “ateus” soviéticos nos anos
1980, dos que fizeram o seu batismo de fogo na Bósnia
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Mais um garoto na jihad. Trata-se de um
iraquiano, já capaz de manipular armas pesadas
no meio dos anos 1990, dos que se federaram ao redor da
Al-Qaeda no Afeganistão dos talibãs e, enfim, daqueles
que combateram no Iraque durante a epopeia sanguinária de Al-Zarkaoui.
Mas esta atual quinta onda é inédita por causa da forte
presença de combatentes que nasceram ou cresceram
no mundo ocidental. Alguns deles são muito jovens, e
eles não são só rapazes, há também moças. Pelo seu dogmatismo, suas respostas claras às incertezas da vida e
seu apelo à dimensão comunitária, o Islã radical oferece
respostas que nenhum sistema cultural tem condições
de fornecer depois do fim das grandes ideologias. Para
os membros dessa geração rejeitada e rancorosa, não se
trata apenas de combater uma política que criminaliza
o Islã, mas de todo um sistema de valores. Para eles, nenhum passaporte europeu pode questionar o único pertencimento que eles reivindicam: o de uma comunidade
transnacional fundada sobre os princípios radicais de
uma ideologia.
Para uma parte desses jovens, após ter feito campanha
no Iraque ou na Síria, será normal regressar aos países
onde nasceram e cresceram e neles retomar uma vida
quotidiana cheia de outros imperativos, como a família e
o trabalho.
Muitas portas se abrem aos jovens mudjahidin (combatentes da jihad) que escaparam às mãos ou aos olhos
vigilantes dos inimigos, e que não estão fichados para
todo o sempre nos arquivos dos serviços de informação.
Alguns viveram esse período como uma experiência existencial ligada aos seus 20 anos; eles consideram que
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reportagem
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Nas cidades ocupadas pelo Estado Islâmico, populares
manifestam com passeatas e cartazes a favor da Guerra Santa
adormecidos”, de indivíduos potencialmente muito perigosos, que sabem manipular armas e explosivos e que
podem desferir golpes a partir de um comando externo
ou por decisão autônoma. O risco hoje, é ver as cidades
ocidentais se transformarem em postos avançados do
conflito sírio-iraquiano. O que confirmaria, se é que ainda
existe necessidade disso, que a distinção entre o global e o
local está cada dia mais tênue.
Os combatentes da jihad exibem com frequência
expressões exaltadas de ira e revolta
suas metralhadoras Kalashnikovs constituíram, sim, um
momento fundamental de suas vidas, mas que elas agora pertencem ao passado. Além do mais, o agravamento
dos conflitos internacionais e a percepção de uma criminalização coletiva do Islã, muitas vezes alimentadas pelas próprias comunidades locais, não excluem que eles,
um dia, retomem as armas. Outros, de modo diverso,
permanecem mais ou menos ligados à rede jihadista, o
que possibilita a esta última estender seus tentáculos às
metrópoles ocidentais. Trata-se, neste caso, de “agentes
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reportagem
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Britânico de origem árabe, abandonou
seu país para ingressar na Guerra Santa
DJIHADISTAS ENGAJADOS NA SÍRIA,
POR PAÍS DE ORIGEM
No total, cerca de 70 mil djihadistas estariam na Síria e
no Iraque, dos quais 30 mil seriam de origem estrangeira, provenientes de mais de 83 países. Os cálculos são de
serviços secretos europeus, elaborados em 2013. Teme-se
que, agora, esses números estejam redobrados.
Reino Unido: 800
Irlanda: 30
Bélgica: 250
França: 1000
Canadá: 30
Estados Unidos: 70
Espanha: 50
Itália: 40
Suíça: 10
Alemanha: 270
Holanda: 120
Suécia: 30
Rússia: 800
Turquia: 400
Arábia Saudita: 2500
Tunísia: 3000
Argélia: 200
Marrocos: 800
Kosovo: 120
Quirguistão: 30
Singapura e Indonésia: 60
Austrália: 250
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reportagem
Muitos jovens ocidentais, como
o da foto, decidem ingressar nas
fileiras do Estado Islâmico
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viagem oásis
MEDITERRÂNEO GREGO
Nas águas azuis dos deuses
As incríveis águas azuis de
Cefalônia, ilha grega
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viagem oásis
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Cefalônia à luz da Lua
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viagem oásis
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As ilhas Cefalônia e Zaquintos
são o ponto alto de uma viagem
para a Grécia. Cenários naturais
de indescritível beleza, Cefalônia
e Zaquintos são duas das sete
principais ilhas jônicas que
integram o arquipélago mais verde
da Grécia
O
Por Fabíola Musarra (*)
o Templo de Zeus, o Arco de Adriano e o Estádio Panatenéu e visita a famosa Acrópole e
o Partenon.
No dia seguinte, embarca rumo a Cefalônia,
onde vai permanecer por dois dias. Cercada
pelas águas azuis-esverdeadas do Mar Jônico, a ilha abriga praias fantásticas. Igualmente surpreendente é a paisagem de montanha,
com desfiladeiros e penhascos. Com uma
área total de 935 quilômetros quadrados, o
acesso a Cefalônia é feito por voos regulares
de Atenas para Argostoli, a capital da ilha.
Águas transparentes na baía de Cefalônia
roteiro de oito dias oferecido pela
Destine Operadora de Turismo
começa em Atenas, com acomodação e pernoite em hotel. Logo
pela manhã, você embarca em
um tour ao centro neoclássico da
capital grega, com tempo para
conhecer a universidade, a Academia, a Biblioteca Nacional e o Largo da Constituição, onde fica o Monumento do Soldado
Desconhecido. Na sequência, você contempla
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viagem oásis
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O Partenon, em Atenas,
em visão noturna
tos (zakyntos é a palavra grega para naufrágio), onde
você tem dois dias para apreciar a exuberante beleza do
Mar Jônico e as cavernas azuis, lugar onde os barcos param para mergulhos. Em Zaquintos fica a Praia Navagio.
Foi descoberta acidentalmente em 1980, graças à perseguição das autoridades gregas a um navio escocês suspeito de contrabandear cigarros e bebidas.
Devido ao mau tempo e à perseguição, o navio encalhou
nessa enseada de areias branquinhas e águas cristalinas
de indescritíveis tons de azul e verde – ainda agora permanece lá. Só é possível chegar à Praia Navagio por meio
de pequenas embarcações.
O resort Smuggler’s-Cove, em Zaquintos
Possuidora de vistas deslumbrantes, Cefalônia tem como
charme a mais a Gruta Melissani – na mitologia grega,
Melissani era a caverna das ninfas. Situada na cidade de
Karavomylos, a noroeste de Sami, a gruta é, na realidade,
um lago subterrâneo formado por um terremoto. Foi descoberta em 1951e é envolvida por florestas.
Você também pode aproveitar o tempo livre em Cefalônia
para desfrutar de suas lindas praias de águas azuis transparentes, como as de Sami e Myrtos. Em forma de arco e
com pedregulhos brancos, esta última é considerada uma
das mais bonitas da Grécia. Outra opção é ir conhecer os
pitorescos vilarejos Fiskardo e Assos.
No quinto dia, você viaja em um ferry-boat para Zaquinoásis
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viagem oásis
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Mundo submarino em Zaquintos
Zaquintos, e o ferry-boat de Cefalônia para Zaquintos fazem parte do pacote. Informações: Destine Operadora de
Turismo, www.destine.com.br, tel. (12) 3911-5545.
Praia em Zaquintos
Outro programa imperdível de Zaquintos é assistir o pôr
do sol, com as cenas memoráveis que desfilam e se renovam incessantemente diante do olhar, num espetáculo de
absoluta magia.
Berço da civilização ocidental, a Grécia é, de fato, mágica
– abriga praias paradisíacas, charmosos vilarejos, acervos
e templos milenares, ruínas e sítios arqueológicos. Sem
esquecer a excelente comida mediterrânea. É preciso dizer mais?
O roteiro da operadora inclui três noites de hotel em Atenas, duas em Cefalônia, duas em Zaquintos, excursão de
meio dia em Atenas, café da manhã todos os dias e traslados. Também as passagens aéreas de ida e volta Atenas/
oásis
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viagem oásis
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Insignia, da Oceania Lines
lia e da Nova Zelândia, retorna às Américas, com passagem pelo Pacífico Sul, num roteiro que inclui a Polinésia
Francesa, o Togo e o Havaí.
A viagem custa de US$ 39.999 a US$ 121.999. Informações: Festar Representações, tels.: (11) 3253-7203 e (21)
3553-7646.
Hong Kong Advertising
Volta ao mundo em 180 dias
A Oceania Cruises já está aceitando reservas para o cruzeiro de volta ao mundo a bordo do luxuoso Insignia. Ao
todo são 180 dias de viagem e 45 países, com paradas em
92 portos. A jornada começa no dia 4 de janeiro de 2016,
em Miami (EUA), com a partida do navio rumo a lugares
incríveis e pernoites em vários dos portos visitados, como
Mianmar, Cingapura, Bali, Hong Kong, Hanoi e Xangai.
No trajeto, o Insignia também passa pelo Brasil (Belém,
Fortaleza, Natal e Recife), de onde segue para portos da
África, chegando ao Oceano Índico e continuando pelo
Extremo Oriente. Depois de explorar portos da China,
do Japão, do Sudeste Asiático, das Filipinas, da Austráoásis
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viagem Oásis
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Barcos da companhia AmaWaterways
A AmaWaterways é uma das
companhias que oferece o tour
das tulipas, mas no ano que vem
ele tem inovações: também terá
visitas a cervejarias holandesas e
belgas, degustações de cerveja e
excursões relativas ao tema, além
de visita aos Keukenhof Gardens,
com milhares de tulipas, e da
degustação de chocolates belgas e
queijos holandeses.
Pelos canais da Holanda e Bélgica
As tulipas são um dos principais cartões-postais da Holanda. Na primavera da Europa, as floradas dessa exótica
espécie são um dos espetáculos imperdíveis. É quando
canteiros de flores de todas as cores se multiplicam por
todo o país, compondo multicoloridos tapetes naturais.
Esse belíssimo cenário é visitado anualmente por cruzeiros fluviais.
oásis
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viagem oásis
A viagem de sete noites de duração a bordo do AmaLyra começa e termina em Amsterdã, com
embarque no dia 31 de março.
Durante o percurso, o cruzeiro
navega pelos canais da Holanda
e Bélgica, fazendo paradas em
Volendam e Edam, Arnhem e
Nijmegen, Antuérpia e Bruxelas,
Ghent e Brujes, Williamstad e
Kinderdijk (com seus moinhos de vento) e Utrecht. Depois, retorna à capital holandesa.
Informações: www.amawaterways.com.br, tels.: (11)
3253-7203 e (21) 3553-7646.
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O colorido Camden Market,
em Londres
Guia reúne os mercados
de rua londrinos
Quem nunca ouviu falar sobre Notting Hill ou do Camden Market?
Pois, esses não são os únicos mercados de rua de Londres, na Inglaterra. A capital britânica abriga vários
recantos onde se é possível encontrar desde flores, frutas, temperos e
comidas até antiguidades, roupas e
gibis. E, se você gosta de conhecer e
especialmente de fazer compras nesses lugares, o site Hostelworld Brasil
organizou um “guia” que vai ser muito útil para quem vai visitar a cidade
londrina.
Com informações práticas que podem ser impressas e levadas na mala,
o mapa reúne os melhores mercados de rua de Londres, entre
eles o Portobello Road Market, Columbia Road Market, Broadway Market, Spitalfields Market, Brick Lane, Borough Market
e Brixton Market. Mais detalhes sobre o roteiro, http://goo.gl/
lhIuk4.
oásis
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viagem oásis
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Página do Trip Advisor
fruir do serviço, basta baixar pela internet o aplicativo da
cidade de interesse, fazer o download e explorar os roteiros. Confira: www.tripadvisor.com.br/apps.
Barcelona, home do City Advisor
City Guides em português e espanhol
Por sua vez, o TripAdvisor® está disponibilizando em seu
site o aplicativo TripAdvisor City Guides em português e
espanhol, antes acessível apenas em inglês. Com um dispositivo móvel, o viajante tem acesso offline aos City Guides de 92 destinos ao redor do mundo, além de avaliações
de hotéis, restaurantes, atrações, sugestões de itinerários
e tours temáticos inspirados em cada cidade.
O TripAdvisor City Guides fornece ainda fotos, mapas locais, bússola e diversos outros recursos offline. Para usuoásis
.
viagem oásis
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Interior do Horseshoe Casino,
em Baltimore
Baltimore tem um novo cassino
A cidade de Baltimore, em Maryland, conta com um mais
um atrativo turístico: o Horseshoe Baltimore Casino, o
segundo maior cassino do Estado e um dos poucos dos
Estados Unidos onde é permitida a prática de jogos de
azar. Instalada em uma área de 11 mil metros quadrados,
a nova atração tem 2,5 mil máquinas de caça-níqueis,
mais de 100 jogos de mesa e uma sala do World Series of
Poker.
Ali também funcionam restaurantes e o 14forty Bar, o
único da marca em Baltimore que serve bebidas durante
a semana. Como os demais cassinos da rede Caesars, o
Horseshore Baltimore oferece o Total Rewards, um programa de fidelização para jogadores (quanto mais jogam,
mais créditos ganham). Informações: www.caesars.com/
baltimore/casino.
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Aviões das companhias TAM e GOL
TAM e GOL
ampliam
frequências
de voos
As companhias aéreas
TAM e GOL estão ampliando as suas ofertas de
voos. A partir de 26 de outubro, a primeira terá mais
quatro frequências semanais na rota Rio de Janeiro/Santiago do Chile. Já a
Gol vai ampliar sua oferta
de voos entre Guarulhos e
Orlando (EUA) no período
de dezembro a fevereiro,
quando oferecerá um novo
voo aos domingos, partindo dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos, Galeão, Miami e Orlando.
Atualmente, a TAM opera a rota Rio de Janeiro/Santiago
do Chile três vezes por semana (terças, quintas e sábados). Com o complemento, os voos passam a ser diários.
A nova operação será feita por aeronaves Airbus A320,
que possuem 12 assentos na Business Class e 144 assentos na Classe Econômica.
aeronaves Boeing 737-800NG, com configuração GOL+,
que possuem mais espaço entre as poltronas. Os voos
terão uma escala em Punta Cana, na República Dominicana. As passagens já podem ser adquiridas no site www.
voegol.com.br.
Também os passageiros da Gol poderão optar pelas classes Comfort ou Econômica. Os trechos serão feitos com
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A bucólica pracinha da matriz,
em Santo Antônio do Pinhal
Primavera em Santo Antônio do Pinhal
Se você é amante da natureza e de flores, a charmosa
Santo Antônio do Pinhal, a 175 km da capital paulista,
é um destino que vale a pena conhecer. Especialmente,
agora na primavera, quando a cidade situada na Serra da
Mantiqueira dá um show incomparável de cores. Além da
vegetação preservada, o pequenino município é famoso
pelos seus orquidários – começou a produzir orquídeas
em 1929 com a chegada dos imigrantes japoneses e, hoje,
é um dos maiores produtoras de São Paulo.
Santo Antônio do Pinhal também oferece diversas opções
de lazer, desde caminhar a pé ou a cavalo em trilhas que
conduzem a belíssimas cachoeiras até visitar o Eco Parque e seus jardins temáticos e o Pico Agudo, com cerca
de 1.700 m de altitude, cuja vista permite contemplar as
montanhas da Serra da Mantiqueira, do Sul de Minas e
do Vale do Paraíba.
Se você gostou da ideia, uma dica de hospedagem é a
Pousada Quatro Estações de Pinhal, que está com pacotes de fim de semana para o casal a partir de R$ 523, com
café da manhã. Seus dez chalés com hidromassagem, teto
solar retrátil e estacionamento coberto estão equipados
com wi-fi, lareira, frigobar, telefone, DVD, tevê a cabo e
cama queen size. A pousada dispõe ainda de restaurante,
jacuzzi aquecida, piscina, salão de jogos e sala de estar.
Informações: www.pousada4estacoesdepinhal.com.br,
tel. (12) 3666-2260.
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Pousada 4 Estações, em Santo Antônio
do Pinhal, São Paulo
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Aquário natural em Bonito
Para o Caldas Country Show, que
será realizado em Caldas Novas
(GO) nos dias 14 e 15 de novembro, a operadora está lançando
três opções de pacote: roteiros aéreos, com fretamentos diretos para
a cidade goiana; rodoviários e somente terrestre (hotel e ingressos).
Este ano, o concorrido festival de
música sertaneja deve reunir cerca
de 100 mil pessoas. Informações:
CVC, www.cvc.com.br.
Boas novas para Bonito e Caldas Novas
A CVC está com novidades sobre duas concorridas atrações do Centro-Oeste brasileiro: Bonito (MS) e Caldas
Novas (GO). A linda cidade sul-mato-grossense foi contemplada com dois voos fretados e diretos. O primeiro
deles, resultado de uma parceria com a Azul, já está operando. Já o segundo, a ser feito com a Gol, começa em 6
de dezembro. Os fretamentos partem de São Paulo, dos
aeroportos de Guarulhos e de Congonhas, respectivamente.
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Navio encalhado no Balneário de
Cassino, Rio Grande do Sul
Do Cassino ao Chuí
Gosta de acampar e de fazer longas caminhadas em
meio à natureza? Saiba que
a Roraima Adventures está
oferecendo um roteiro bem
legal que concilia tudo isso.
A viagem começa no dia 9
de novembro e tem como
proposta percorrer 220 km
de praia, dos molhes da Barra da Lagoa dos Patos, no
Balneário do Cassino (RS),
até os molhes da Barra do
Arroio Chuí, na divisa do
Brasil com o Uruguai.
Essa imensa faixa de areia
contínua se estende à fronteira sul do Brasil, tendo o
Oceano Atlântico à esquerda e a Estação Ecológica do
Taim e a Lagoa da Mangueira à direita. É totalmente preservada pelo difícil acesso,
o que faz com que 180 km de sua extensão sejam praticamente desertos. Por isso, se prepare: no trajeto não há
hotéis, pousadas, lojas e ruas. Tampouco sinal de telefone
e internet. Em contrapartida, a experiência de caminhar
sete dias em uma praia deserta, entre conchas, dunas,
naufrágios e faróis, é única e inesquecível. Ficou interessado? Anote quem leva: Roraima Adventures, www.roraioásis
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ma-brasil.com.br, tel. (95) 3624-9611.
(*) Correspondência para a seção “Viagem
Oásis” deverá ser enviada a Fabíola Musarra:
[email protected]
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O MUNDO LÁ FORA
Para além da janela da
Estação Espacial ISS
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Nuvens, oceanos, continentes,
auroras boreais e inclusive a
cauda do cometa Lovejoy: este é
um vídeo em timelapse de tirar o
fôlego, em alta resolução. Mostra
a Terra vista da Estação Espacial
Internacional
D
Vídeo: David Peterson
em órbita.
Nos últimos instantes do vídeo você verá o
astronauta americano Don Pettit, de “cabeça
para baixo”.
Veja o vídeo aqui.
O que vêem os astronautas no
interno da Estação Espacial
e preferência sente-se numa poltrona, acione a tela cheia e selecione a visualização original em alta
definição (HD). Você está prestes
a assistir um vídeo espetacular, em
altíssima resolução (4K) da superfície do nosso planeta fotografado
a partir da cúpula da base espacial
Através de imagens da Nasa, você irá sobrevoar
oceanos, desertos, nuvens e auroras boreais e
assistirá (no minuto 2:03 do vídeo) a passagem
do cometa Lovejoy sobre a Austrália.
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A nave ISS e a Terra atrás dela
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ISABEL ALLENDE
Como viver apaixonadamente...
Não importa sua idade
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A escritora Isabel Allende está com
71 anos. Sim, ela tem algumas
rugas; mas tem também um incrível
ponto de vista. Nesta palestra
franca dirigida a espectadores de
todas as idades, ela fala de seus
temores ao envelhecer e conta como
planeja continuar a viver de modo
apaixonado
A
vem, a seus ideais.
Filha do diplomata Tomás Allende e sobrinha
do ex-presidente chileno Salvador Allende,
ela se exilou nos estados Unidos nos anos
1970, fuginfo da ditadura Pinochet.
Isabel Allende
Vídeo: TED Ideas Worth Spreading
Tradução: Ruy Lopes Pereira.
Revisão: Gustavo Rocha
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chilena Isabel Allende é hoje uma
romancista de fama mundial. Escreve suas histórias com paixão.
Suas novelas e memórias, incluindo
A Casa dos Espíritos e Eva Luna
contam as histórias de mulheres e
homens que encaram a vida com
empenho passional: em relação a
seus amores, ao mundo em que vi34/38
Vídeo integral da palestra de Isabel Allende ao TED
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Tradução integral da palestra de Isabel Allende ao TED
Olá, crianças. Eu tenho 71 anos. Meu marido tem 76. Meus pais
estão na faixa dos 90, e Olívia, a cachorra, tem 16 anos. Falemos sobre o envelhecimento. Contarei como me sinto quando
vejo minhas rugas no espelho e noto que algumas partes de
mim caíram e não consigo vê-las lá embaixo.
Mary Oliver diz em um de seus poemas: “Conte-me o que é que
você planeja fazer com sua vida única, indômita e preciosa?”
Quanto a mim, pretendo viver apaixonadamente.
Quando começamos a envelhecer? A sociedade decide quando ficamos velhos, geralmente em torno dos 65, quando entramos no Medicare, mas ao nascer já estamos envelhecendo.
Agora mesmo estamos envelhecendo, cada um vivencia isso de
modo diferente. Nós nos sentimos mais jovens do que nossa
idade real, porque o espírito nunca envelhece. Eu ainda tenho
17 anos. Sophia Loren. Olhem para ela. Ela diz que tudo o que
vocês vêem ela deve ao espaguete. Eu tentei isso e ganhei mais
de 4 quilos nos lugares errados. Atitude, envelhecer também é
atitude e saúde. Minha verdadeira mentora nessa jornada de
envelhecimento é Olga Murray. Essa garota da Califórnia, aos
60 anos começou a trabalhar no Nepal para salvar meninas da
escravidão doméstica. Aos 88, já salvou 12 mil garotas, e mudou a cultura do país. Agora é ilegal que os pais vendam suas
filhas como escravas. Ela também fundou orfanatos e clínicas
de nutrição. Ela está sempre feliz e eternamente jovem.
àqueles que o ajudam.
O que eu ganhei? Liberdade: não tenho que provar mais
nada. Não estou presa à ideia de quem eu era, de quem
eu quero ser, ou de que os outros esperam que eu seja.
Não tenho mais que agradar aos homens, apenas aos
animais. Fico dizendo ao meu superego que vá embora e
deixe-me aproveitar o que ainda tenho. Meu corpo pode
estar se desfazendo, mas minha mente ainda não. Eu
amo meu cérebro. Sinto-me mais leve. Não levo ressentimento, ambição, vaidade, nenhum pecado mortal, que
nem valem a pena. É ótimo abrir mão. Eu deveria ter começado mais cedo. E também me sinto mais suave porque não me assusta ser vulnerável. Não o vejo mais como
uma fraqueza. E ganhei espiritualidade. Tenho consciência de que antes a morte estava no meu bairro. Agora,
está no vizinho ao lado, ou dentro de minha casa. Eu tento viver com consciência e estar presente no momento.
O que eu perdi nas últimas décadas? Pessoas, naturalmente,
lugares, e a energia inesgotável de minha juventude. Eu começo a perder a independência e isso me assusta. Ram Dass diz
que a dependência dói, mas se você aceitá-la, o sofrimento é
menor. Depois de um AVC muito grave, sua alma sempre jovem observa as mudanças do corpo com ternura, e ele é grato
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Tradução integral da palestra de Isabel Allende ao TED
Por falar nisso, o Dalai Lama é alguém que envelheceu de um
modo bonito, mas quem quer ser vegetariano ou celibatário?
A meditação ajuda.
(Vídeo) Criança: OM, OM, OM.
E aí está. É bom começar cedo. Sabe, para uma mulher vaidosa
como eu, é muito difícil envelhecer nesta cultura. Por dentro,
sinto-me bem, charmosa, sedutora, sexy. Ninguém mais vê isso.
Eu sou invisível. Eu quero ser o centro das atenções. Eu detesto
ser invisível.
Essa é Grace Dammann. Por seis anos, ela ficou em uma cadeira
de rodas devido a um terrível acidente de carro. Ela diz que não
há nada mais sensual do que uma ducha quente, que cada gota
de água é uma bênção para os sentidos. Ela não se vê como uma
deficiente. Em sua mente, ela ainda surfa no mar. Ethel Seider-
man, uma combativa e adorada ativista onde eu vivo, na
Califórnia. Ela usa sapatos vermelhos e seu mantra é que
um cachecol é bom mas dois é melhor. Ela está viúva há
nove anos, mas não procura outro companheiro. Ela diz
que existe um número ilimitado de modos de fazer sexo
-- bem, ela o diz de outra maneira -- e que experimentou
todos eles. (Risos) Eu, por outro lado,ainda tenho fantasias eróticas com Antonio Banderas -- e meu pobre marido tem que aguentar isso.
Como posso manter-me apaixonada? Eu não posso desejar viver apaixonada aos 71. Eu treino isso há algum
tempo, e quando me sinto triste, e entediada eu finjo.
Atitude, atitude. Como eu treino? Treino dizendo sim a
qualquer coisa que vier: drama, comédia, tragédia, amor,
morte, perdas. Sim à vida. Eu treino tentando manter o
amor. Nem sempre funciona. Mas ninguém pode me criticar por tentar.
Num comentário final, aposentadoria em espanhol é jubilación. Júbilo. Celebração. Pagamos nossas contribuições. Demos nossa contribuição à sociedade. Agora é o
nosso momento, é um grande momento. A menos que
você esteja doente ou muito pobre, você tem opções. Eu
escolhi permanecer apaixonada, comprometida com um
coração aberto. Eu trabalho isso todo dia. Querem juntar-se a mim?
Obrigada.
June Cohen: Então, Isabel.
IA: Obrigada.
JC: Antes de mais nada, eu não gosto de achar que falo
em nome da comunidade TED, mas gostaria de dizer que
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Tradução integral da palestra de Isabel Allende ao TED
acreditamos que você ainda é charmosa, sedutora e sexy, sim?
IA: Oh, obrigada. (Aplausos)
JC: Abaixem as mãos.
IA: Não, é maquiagem.
JC: Seria deselegante se eu perguntasse sobre suas fantasias
eróticas?
IA: Oh, claro. Sobre o que?
JC: Suas fantasias eróticas.
IA: Com Antonio Banderas.
JC: Eu estava pensando se você teria mais a dizer.
IA: Bem, uma delas é que — (Risos) Uma delas é que eu ponho
um Antonio Banderas nu sobre uma tortilla mexicana, cubro-o
com bastante guacamole e salsa, enrolo, e como. (Risos)
Obrigada.
oásis
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Jovens europeus partem para a Jihad