A INDÚTRIA DE
MASSA
Capítulo 34
O nascimento da indústria
O O processo de industrialização desenvolveu-se a
partir de três eixos principais: a industrialização,
o êxodo rural e a revolução tecnológica.
O Algumas das condições essenciais para o
desenvolvimento do capitalismo foram o
assalariamento e a transformação do trabalho
em mercadoria.
O O assalariamento vincula o pagamento do
trabalhador ao número de horas trabalhadas e
não à quantidade de produção.
O Ao se conter o pagamento dos salários e aumentar a
produtividade com o emprego de novas tecnologias,
havia maior possibilidade de obtenção da mais-valia,
ou seja, do lucro.
O Houve a consolidação da sociedade burguesa,
dominada pelo desejo de lucro e acumulação, pelo
anseio de ascensão social e pela propriedade privada.
O Instaurada uma cultura pautada na distinção social e
expressa em diferentes modos de vida.
O As marcas de classe expressaram-se por meio de
formas de ser, falar, andar, vestir e pensar, baseadas
na conquista, na obtenção e na ostentação de objetos
que reafirmavam os valores sociais vigentes, além da
busca por distinção e status social privilegiado.
Taylorismo e fordismo
O Taylorismo – criado por Frederick Winslow
Taylor, no início do século XX – concebia a
economia do tempo de produção por meio de
uma acentuada e bem administrada divisão do
trabalho, um sistema de remuneração por
ganhos e um controle produtivo realizado por
supervisores.
O Execução de tarefas cada vez mais simples e
que exigem menos conhecimento.
O Para combater conflitos e possíveis formas
de resistência, como desperdício e
ineficiência, em 1914 o engenheiro
americano Henry Ford introduziu, em sua
empresa – a Ford Motor Company -, a
esteira transportadora, também chamada
de linha de montagem.
O Ford adotou uma nova política salarial que
previa aumentar a remuneração do
trabalhador; assim, os salários mais que
dobraram.
A sociedade afluente
O O resultado da aliança entre a
administração científica e o fordismo foi a
grande produção material, o aumento da
renda do trabalhador e,
consequentemente, do mercado interno.
O Nos Estados Unidos, entre 1941 e 1950,
os 20% mais pobres registraram aumento
de 42% em sua renda; os 20%
imediatamente acima tiveram aumento de
37%.
O O resultado desse aumento do poder
aquisitivo foi o aumento do consumo,
especialmente do ostentatório, criando-se a
partir daí a chamada sociedade de consumo.
O Por outro lado, a vida urbana tornava-se mais
animada e sofisticada.
O Os magazines multiplicavam-se e começavam
a vender todo tipo de produto e mercadoria.
O Lojas que antes vendiam apenas tecidos
agora expunham lençóis, roupas, botões,
guarda-chuvas e até peles.
O Os grandes magazines passaram a empregar
centenas de vendedores e a indústria de
roupas, inúmeros costureiros.
O Esse processo foi intensificado pelo
desenvolvimento de novas tecnologias, as
quais aceleraram a produção, resultando em
uma grande quantidade de produtos.
O O consumo, assim gerado, foi o meio mais
adequado para a reconstrução das
sociedades abaladas pelas duas grandes
guerras mundiais.
O Com o desenvolvimento da industrialização e
do mercado interno, teve início o consumo de
massa, uma produção que ultrapassa a
demanda e produz mercadorias em série,
padronizadas e para um público amplo.
O Com isso, surgiu a necessidade de alcançar o
consumidor, seduzi-lo e persuadi-lo para a
compra.
O Essa função foi realizada pela indústria
cultural e pela publicidade.
Consumo e publicidade
O Na primeira metade do século XX, o
desenvolvimento dos meios de comunicação de
massa – a imprensa e o rádio – abriu espaço
para uma investida agressiva da publicidade
em direção ao consumidor.
O Por meio de anúncios impressos, jingles
facilmente memorizáveis e imagens cada dia
mais sedutoras, a publicidade procurava
educar o consumidor mostrando-lhe as
benesses dos novos hábitos e os milagres
produzidos pelas novidades.
O Ao lado da publicidade mercadológica, os
meios de comunicação de massa
desenvolveram também a propaganda
política e ideológica.
O Se no mercado, o consumidor se deixa
persuadir das benesses do produto, na esfera
pública, o cidadão é dissuadido da
participação política individual ou coletiva em
troca de mera adesão e apoio ideológico às
decisões governamentais.
O A publicidade prometia a realização pessoal
num mundo de igualdades simbólicas,
promovidas pelo mercado e pelo Estado.
A indústria de bens simbólicos
O Os signos reproduzem as relações sociais e
têm o poder de trazer aquilo que significam aos
seus consumidores.
O Assim, por exemplo, uma casa se transforma
em objeto de consumo, catalisando aquilo a
que o consumidor tem direito.
O A casa-signo atribui status, importância,
situação social.
O Ao desejá-la e adquiri-la, o consumidor reafirma
sua condição social e um estilo de vida que lhe
é próprio.
O Os sonhos, desejos e anseios, estimulados
pela publicidade e por outros meios,
mobilizam o consumidor, ao mesmo tempo
que reafirmam a lógica social e os padrões
nos quais se sustentam.
O Quando chega a adquirir a mercadoria, o
consumidor já não está preocupado com o
valor de uso, mas com o valor simbólico que
o objeto representa na afirmação de sua
identidade social.
O Outro tipo de mercadoria criado pela
indústria cultural é o bem simbólico
propriamente dito, ou a informação.
O É um bem imaterial e abstrato,
produzido socialmente e que tem
cada vez mais, um valor monetário,
ou seja, um valor de troca.
O A informação distingue-se da
publicidade por ter um valor concreto
que coincide com sua utilidade,
enquanto a propaganda, o discurso
que mobiliza o consumo, tem como
utilidade apenas o estímulo que
representa para o mercado.
Deslocamentos: o kitsch
O O desenvolvimento da produção simbólica, da
publicidade e da indústria cultural criou
excentricidades nos mercados dos bens
autênticos e culturais.
O A primeira delas corresponde àquelas obras,
consideradas únicas, que se tornam modelo
para os demais artistas.
O São as denominadas “obras-primas” que, pela
ação de críticos e pela especulação dos experts
no mercado da arte, atingem preços
exorbitantes.
O Outra excentricidade é o colecionismo –
prática compulsiva de acumular espécimes de
um determinado tipo de bem, como moedas,
chaveiros, canetas, cédulas ou bonecas.
O Essas excentricidades da produção simbólica
se manifestam por paradoxos, tais como o
valor da obra de uma artista dobrar às
vésperas de sua morte ou uma máquina
antiga, sem funcionamento, valer mais que
outra máquina nova em pleno funcionamento.
O Explorando esses deslocamentos e esses
paradoxos, surge um movimento artístico
peculiar, bastante significativo do
consumismo como forma de responder às
contradições políticas e sociais
contemporâneas – é o kitsch.
O O termo surgiu na Alemanha a partir de 1860
para designar uma produção
exageradamente artificial, mas acessível,
pela qual se busca fazer referência a objetos
valiosos que transitam na sociedade.
O O consumo de reproduções artificiais desses
objetos é considerado manifestação de mau
gosto.
O Assim, o uso de uma toalha de mesa de
plástico que imite a renda feita à mão é um
exemplo do kitsh – em vez do trabalho
artesanal, há a indústria, e o plástico em
lugar do tecido de algodão.
O Equívocos disfarçados pela semelhante
aparência dos dois produtos.
O O kitsh surge justamente das necessidades
despertadas nas camadas populares para o
consumo de bens de alto custo.
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Capítulo 34 - A INDÚSTRIA DE MASSA