Prof: Mariana Giannecchini Ferrari
DESDOBRAMENTOS
DA
TEORIA PSICANALITICA
EMENTA:
Apresentação das teorias psicanalíticas de
Melanie Klein e de Donald Winnicott.
Introdução aos principais conceitos desses
autores articulados ao método psicanalítica, à
ética da psicanálise e à compreensão das
experiências humanas contemporâneas.
Articulação entre textos clássicos da
psicanálise e o pensamento psicanalítico
contemporâneo.
OBJETIVOS GERAIS:





Reconhecimento da obra Kleiniana como fundante para a
psicanálise de crianças, assim como, para os
desenvolvimentos psicanalíticos subseqüentes em relação
à teoria e à técnica;
Identificação da especificidade da clínica Kleiniana;
Apreensão da influência do pensamento Kleiniano sobre
sociedade e cultura;
Apreensão dos principais conceitos de Donald Winnicott;
Reconhecimento das possibilidades de atuação
profissional a partir dos referenciais propostos: Kleiniano
e Winnnicotiano.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:








Identificar o contexto histórico-social em que se desenvovleu as concepções
psicanalíticas kleiniana e winnicotiana de homem e de mundo;
Ler e interpretar textos da clássicos da teoria psicanalítica;
Construir um saber psicanalítico a partir da apreensão de alguns conceitos
fundamentais das teorias;
Ser capaz de diferenciar o pensamento kleiniano, winnicottiano e freudiano;
Desenvolver raciocínio analítico que permita abordar o material clínico,
assim como, exercitar um compreensão dos fenômenos sociais através de
uma leitura psicanalítica;
Compreender a construção da teoria psicanalítica e sua aplicação na
clínica;
Reconhecer a Psicanálise como um saber científico inscrito na história da
modernidade;
Expressar o pensamento de forma clara, coerente e concisa.
ESTRATÉGIAS DE TRABALHO:
Aulas expositivas;
 Utilização de outros recursos (audiovisuais,
textos literários, exposição de obras de arte),
que sejam ilustrativos;
 Exercícios individuais e grupais que
possibilitem a expressão do pensamento do
aluno;
 Indicação de leituras.

AVALIAÇÃO:

Provas bimestrais: provas individuais, escritas
e sem consulta. A prova constará de sete
questões tipo teste e três questões
dissertativas. ( peso 9)

Trabalhos bimestrais. (peso 1)
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:



KLEIN, M. Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1991 – 1997.
WINNICOTT, D.W. O ambiente e os processos de maturação. Porto Alegre:
Artes Médicas, 1983.
WINNICOTT, D.W. Da Pediatria à Psicanálise. Rio de Janeiro: Livraria
Francisco Alves Editora, 1993.
A Psicanálise de crianças
A Narrativa da análise de uma criança
Amor, culpa e reparação
Inveja e gratidão
CONTEXTO HISTÓRICO CULTURAL....
Capital de um império multinacional que congregava uma dezena de
povos cujo folclore musical é riquíssimo, habitada por reis e
aristocratas cujo mecenato possibilitou a existência de orquestras e
compositores, Viena reunia condições idéias para se converter na
cidade - símbolo das artes musicais. Esta musicalidade esta
associada a outros elementos importantes: um grande amor pelo
teatro e pela decoração visual, um catolicismo que se exprimo com
vigor no estilo barroco, uma tendência para encarar a vida com um
misto de bonomia e frivolidade, um grande apego as formas da
cortesia e da polidez.
A imagem de Viena é de uma cidade alegre e despreocupada, que
reserva o melhor de suas energias vitais para o cultivo da arte de
viver e para os prazeres da boa mesa, do bom vinho, da boa música
embalada no suave ritmo de suas valsas.
Esta imagem porém, é superficial, não só
porque oculta outros traços menos simpáticos,
mas sobretudo porque privilegia a própria
superficialidade.
Viena moderna foi constituída na segunda
metade do século XIX, época do triunfo
econômico da burguesia, que não cria um estilo
próprio, mas tenta manter a imagem de uma
sociedade que não tem divisões de estatus
sociais.
Tudo que possa perturbar essa imagem, de um acorde dissonante, a um
greve operária, é rejeitado como significado de desordem.
É em 1895 – 1905 (época em que a produção intelectual e artística da
geração atinge sua maturidade) que surge a psicanálise. Movimento
que criticou impiedosamente esta atmosfera surdamente opressiva,
mascarada pela impotência de arte oficial e pela frivolidade impressa
nos costumes e nas mentalidades.
O fato é que, nestes poucos anos, surgem movimentos de renovação em
todas as áreas.
A ARQUITETURA SE DESPOJA DO EXCESSO ANTIFUNCIONAL, A PINTURA
LANÇA BUSCA DE FORMAS MAIS ONÍRICAS (SAEM DO RENASCIMENTO E
ENTRAM NO IMPRESSIONISMO), NA LITERATURA, NA MÚSICA, NA
FILOSOFIA SURGEM TENDÊNCIAS CUJO DENOMINADOR COMUM É O
ESFORÇO PARA LIBERAR O MEIO DE EXPRESSÃO DO QUE ANTES ERA
CONVENIENTE, PASSANDO ASSIM A SER PERCEBIDO COMO INCAPAZ DE
TRADUZIR O CONTEÚDO DESEJADO.
Ao que parece é que a exigência de
sinceridade, da recusa de
qualquer subterfúgio e de
qualquer compromisso com a
hipocrisia.
A psicanálise é contemporânea
desta
transformação
fundamental.
Monet – Crepúsculo de Viena
ENTRANDO NO CLIMA...
O QUE SERÁ – CHICO BUARQUE DE
HOLANDA
O que será que será
Que andam suspirando
Pelas alcovas?
Que andam sussurrando
Em versos e trovas?
Que andam combinando
No breu das tocas?
Que anda nas cabeças?
Anda nas bocas?
Que andam acendendo
Velas nos becos?
Estão falando alto
Pelos botecos
E gritam nos mercados
Que com certeza
Está na natureza
Será, que será?
O que não tem certeza
Nem nunca terá!
O que não tem concerto
Nem nunca terá!
O que não tem tamanho...
O que será? Que Será?
Que vive nas idéias
Desses amantes
Que cantam os poetas
Mais delirantes
Que juram os profetas
Embriagados
Está na romaria
Dos mutilados
Está nas fantasias
Dos infelizes
Está no dia a dia
Das meretrizes
No plano dos bandidos
Dos desvalidos
Em todos os sentidos
Será, que será?
O que não tem decência
Nem nunca terá!
O que não tem censura
Nem nunca terá!
O que não faz sentido...
O que será? Que será?
Que todos os avisos
Não vão evitar
Porque todos os risos
Vão desafiar
Porque todos os sinos
Irão repicar
Porque todos os hinos
Irão consagrar
E todos os meninos
Vão desembestar
E todos os destinos
Irão se encontrar
E mesmo padre eterno
Que nunca foi lá
Olhando aquele inferno
Vai abençoar!
O que não tem governo
Nem nunca terá!
O que não tem vergonha
Nem nunca terá!
O que não tem juízo...(2x)
QUEM FOI MELANIE KLEIN?
Melanir Reizes nasceu em 30 de Março de
1882. Viena – Áustria.
 Foi a 4ª filha de Moriz (médico) e Libussa
(comerciante) .
 Sidonie – falece aos 8 anos.
 Emanuel – principal influencia para M.K. já que
apresentou o mundo cultural e filosófico de
Viena à irmã.

Anos 17 anos conhece
através de seu irmão
Arthur Klein (estudante de
engenharia química)
Pouco tempo depois falecem
seu pai e Emanuel
(parada cardíaca), seu
irmão respectivamente.
Aos 21 anos casa – se com
Arthur e os dois vão morar
em Budapeste – Hungria.
A VIDA DE MELANIE NA HUNGRIA
O casal tem três filhos: Melitta em 1904, Hans em
1907 e Erich em 1914.
O distanciamento do ambiente cultural, a
impossibilidade de entregar – se a algum trabalho,
acrescido dos desgostos da vida conjugal e familiar
e pela perda da mãe levam Melanie Klein a um
estado de profundo desânimo e desespero.
É neste momento que Kelin tem seu primeiro contato
com um texto de Freud sobre os Sonhos e a partir
daí inicia análise com FERENCZI.
“ Durante a análise com Ferenczi, ele chamou a minha
atenção para o grande dom que eu tinha para entender
as crianças e meu interesse por elas e deu muito
incentivo à minha idéia de me dedicar à analise de
crianças. Nessa época eu tinha, é claro, três filhos...Não
descobrira que a educação podia abranger toda a
compreenção da personalidade e por conseguinte ter a
influncia que desejaria que tivesse. Sempre tive a
sensação de que por trás estava algo que eu não
conseguia entender.”
1º PACIENTE....




Fritz (5 anos) – na verdade seu filho apresentava
inibição intelectual.
Klein apresenta suas conclusões à Sociedade de
Psicanálise de Budapeste, quanto um dos
participantes a questiona porque não fez
interpretações ficou limitada ao conteúdo consciente.
A partir daí Klein volta a passar uma hora de seus dia
com seu filho isoladamente do contexto familiar e
percebe ao observar a criança brincar que certas
questões não são verbalizadas por ele, mesmo que
produzam ansiedade.
Ela passa a suspeitar que o ato de brincar é uma
manifestação das fantasias inconscientes.
ANNA FREUD
Melanie Klein foi
duramente criticadas
pela filha de Freud.
Anna alegava que
crianças não poderiam
fazer neurose de
transferência por isso o
trabalho com elas
deveria ser meramente
didático e formal
BERLIM...
Em 1922 Melanie Klein separa – se
de Arthur e muda – se para
Berlim a convite de Karl Abraham
( psicanalista alemão, um dos
primeiros discípulos de Freud).
Em 1924 é duramente criticada no
Congresso Internacional por não
ter graduação.
É convidada a fazer parte da
Sociedade de Psicanálise de
Berlim.
Sua filha, Mellita forma – se em
medicina e passa a acompanhar
a mãe em palestras e encontros
de psicanálise.
A INVENÇÃO DA TÉCNICA DO BRINCAR...
Klein aprende que seu papel seria dar liberdade às crianças
para que elas pudessem expressar suas emoções e
fantasias; sua função seria compreender aquilo que
observava e o que passava na mente daquelas crianças e
transmitir – lhes o que ocorria.
1923 ela passa a receber crianças em sua casa afim de evitar
interferência das famílias no tratamento, decide ainda, lhes
oferecer brinquedos, transformando assim, um fenômeno
anteriormente espontâneo que ocorria em suas casas em
uma técnica planejada.
Os cenários que as crianças montavam, revelavam um mundo
interno repleto de personagens que manifestariam a trama
secreta dos conflitos.
INGLATERRA
Em 1926 muda – se para Londre a pedido de Ernest Jones
(neurologista/psicanalista) para analisar seus filhos.
Pela 1ª vez diverge de Freud ao dizer no texto “ Estágios iniciais
do complexo de Édipo” que o complexo de Édipo iniciava –
se nos primeiros meses de vida e que na diferença psíquica
entre meninos e meninas.
A inserção de sua filha Mellita na Sociedade Britânica de
Psicanálise é rápida e brilhante, ao longo dos anos passa a
ser uma de suas mais agressivas opositoras. Ela uni – se a
Anna Freud defendendo a posição de que Klein teria se
afastado dos princípios básicos da psicanálise clássica.
TEORIA DAS POSIÇÕES...
1934 seu filho Hans morre ao
escalar um montanha e pelo
resto da vida Melanie Klein
volta sua atenção para
questões da perda, do pesar
e da solidão.
Em 1935 “Uma contribuição
para a psicogênese dos
estados
maniacosdepressivos.
Em 1943 “Notas sobre alguns
mecanismos esquizóides”.
1947 – INVEJA E GRATIDÃO
“Há muitos anos venho me interessando pelas fontes mais arcaicas
de duas atitudes que sempre nos foram familiares: a inveja e a
gratidão. Cheguei a conclusão que a inveja é um fator muito
poderoso no solapamento da raízes do sentimento de amor e
gratidão, pois ela afeta a relação mais antiga de todas, a relação
com a mãe.”
Neste trabalho Melanie Klein propõe que a inveja seria inata, que
não são os elementos frustrantes que provocam tal sentimento.
Essa divergência afasta muitas pessoas do grupo kleiniano, como
Paula Heimann, sua principal discípula.
Em alguns aspectos os últimos anos de
da vida de Melanie Klein foram os
melhores, cercada por sua família,
apreciava noites em teatros, festas e
concertos.
Sua mente ainda fervilhava de idéias
(especulava com seus colegas sobre
a vida intra uterina).
Em 1960, aos 78 anos recebeu o
diagnóstico de câncer no cólon, foi
submetida a uma cirurgia, mas não
sobreviveu após complicações no pós
operatório.
Download

DESDOBRAMENTOS DA TEORIA PSICANALITICA