Reflexões sobre a experiencia clinica com uma criança à luz do pensamento de
Kierkegaard
Myriam Moreira Protasio, UERJ - Universidade do Estado do Rio de Janeiro / IFEN
Resumo: Kierkegaard lutou com todas as suas forças contra os universais. Isso significa dizer
que ele enxergou o perigo das generalizações, dos nominalismos e dos grandes sistemas, os
quais se relacionavam abstratamente com os homens e não atingiam o indivíduo, o homem
concreto existente, você ou eu. É na esteira deste problema que ele constrói toda a sua obra, a
qual queria encontrar o indivíduo singular, aquele homem existente perdido na multidão,
perdido metafisicamente nas Teorias do Conhecimento ou na ilusão de que a existência se
esgotava no imediato. Mas o que é o homem singular existente? Como compreender este
homem singular quando ele é ainda uma criança? Se, para Kierkegaard, não é possível alcançalo teoricamente (abstratamente) e nem dogmaticamente, onde encontra-lo? E, principalmente,
de que modo a inquietação de Kierkegaard vem ao nosso encontro, nós psicólogos clínicos do
século XXI? Para responder a estas perguntas buscarei as considerações de Kierkegaard sobre a
relação entre angustia, liberdade e psicologia. Angustia é possibilidade para as possibilidades,
campo que se abre para o homem como ser capaz de e se constitui como campo próprio para a
psicologia. De forma a esclarecer o como deste campo buscarei fragmentos de um processo
psicoterapêutico com um existente, uma criança de cinco anos que buscou terapia devido a
episódios de terror noturno. O primeiro desafio será escapar da ideia de que a criança é um
adulto em miniatura ou uma versão mal sucedida do homem adulto. A partir da inspiração de
Haufniensis seguirei com a criança, sustentando aquilo que ele denominou de “bom
hermetismo”, que consiste em deixar a criança pacientemente consigo mesma, a partir do que
ela pode aprender sobre si mesma e pode experimentar outros modos de existir sua existência.
Palavras-Chave: Kierkegaard; Angustia; Psicologia; Criança.
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