Fundamentos da Proposta
Educativa da Rede Escolar SESI-SP:
Interdisciplinaridade e
Contextualização
na Prática Educativa
Luiza Helena S. Christov
UNESP/São Paulo
ROTEIRO
1. Abordagens sobre currículo escolar
2. O caso do Brasil
3. Movimento interdisciplinar
4. Contextualização
5. Questões
6. Referências ou indicação de leituras.
Teorias Tradicionais
Autores e período
Dewey - 1902
Bobbitt - 1918
Tyler - 1949
Teorias Críticas
Autores e período
Teorias pós - críticas
Autores e período
Paulo Freire - 1970
Raymond Williams - 1958
Louis Althusser - 1970
E.P.Thompson - 1963
Pierre Bourdieu e
Foucault - anos 80
Passeron - 1970
Derrida - anos 80
Baudelot e Establet - 1971
Tomaz Tadeu da Silva
Michael Young - 1971
Alfredo Veiga Neto
Bowles e Gintis - 1976
Michael Apple- 1979
Henry Giroux - 1983
Foco da leitura
Foco da leitura
Foco da leitura
Ensino
Aprendizagem
Avaliação
Metodologia
Didática
Organização
Planejamento
Eficiência
Objetivos
Ideologia
Reprodução cultural e
social
Poder
Classe social
Capitalismo
Relações sociais de
produção
Conscientização
Emancipação e libertação
Currículo oculto
Resistência
Identidade, alteridade,
diferença
Subjetividade
Significação e discurso
Saber-poder
Representação
Cultura
Gênero, raça, etnia,
sexualidade
Multiculturalismo
O CASO DO BRASIL
ANOS SETENTA
1.Guias curriculares e tecnicismo: padronização e
dicotomia entre pensar/elaborar e executar, equipe
técnica (especialistas da educação) elabora currículo e
professores executam.
2. Expansão da rede superior privada com currículo
profissionalizante: início de tendência que se firmará.
ANOS OITENTA
1. Guias são substituídos por propostas.
2. Ensino e pesquisa com ênfase em análise do
cotidiano.
3. Um currículo para a escolarização das classes
populares.
4. Ensino superior profissional e
predominantemente privado sem pesquisa.
ANOS NOVENTA
1.
Parâmetros / diretrizes / referenciais no lugar
de propostas.
2.
Mobilização em torno da elaboração e
implementação de políticas educacionais e
curriculares.
3.
Interdisciplinaridade, contextualização,
transversalidade, projetos.
INDICAÇÕES METODOLÓGICAS PRESENTES NOS PCNS
1.
Pesquisa!
2.
Resolução de problemas!
3.
Produtos escolares devem ser produtos culturais!
Relações entre disciplinas/saberes e
contextualizações são processos internos a
pesquisas, a resoluções de problemas e a
criações culturais.
MOVIMENTO INTERDISCIPLINAR
Começa a ser delineado com um projeto apresentado à
UNESCO em 1961 por Georges Gusdorf (filósofo francês
1912-2000): objetivo era reunir pesquisadores de
diferentes disciplinas da área de humanas para um
projeto comum em busca de unidade para
conhecimentos em ciências humanas.
EUROPA NOS ANOS SESSENTA
Realização de seminários em diferentes países para propor uma
nova organização curricular nas universidades, com foco na
crítica à fragmentação do saber.
1970: Seminário Internacional pelo CERI – (Centro para Pesquisa
e Inovação do Ensino) e pela Universidade de Nice ( França).
A partir deste seminário, houve mobilização de teóricos em
torno da conceituação de termos como: multidisciplinar,
interdisciplinar e transdisciplinar.
Jean Piaget oferece conceitos
1. MULTIDISCIPLINARIDADE
Ocorre quando, para solucionar um problema, busca-se
informação e ajuda em várias disciplinas, sem que tal
interação contribua para modificá-las ou enriquecê-las.
2. INTERDISCIPLINARIDADE a cooperação entre várias
disciplinas provoca intercâmbios mais profundos;
ocorre enriquecimentos mútuos. Métodos e objetos
começam a ser revistos.
3. Transdisciplinaridade
A etapa superior de integração entre disciplinas.
O aprofundamento interdisciplinar provoca mudanças
em métodos e novos campos de saber surgem,
rompendo fronteiras anteriores.
Trata-se da construção de um sistema sem fronteiras
sólidas entre as disciplinas, ou seja, novos campos
de saber surgem sem estarem delimitados
rigidamente em uma única disciplina.
ENSINO E INTERDISCIPLINARIDADE
Interdisciplinaridade é conceito que requer mediações:
com origem na produção de conhecimentos, na
pesquisa científica, vem para o ensino como prática
a ser construída.
Pressuposto central: se realidade é síntese de
processos físicos, químicos, psíquicos... o ensino
não pode perder de vista os diversos aspectos que
constituem todos os fenômenos estudados na
experiência escolar. O real é interdisciplinar.
NO BRASIL, ESTUDOS CONSTATAM:
1. Ausência de tempo para reflexões
coletivas.
2. Predomínio de projetos multidisciplinares.
3. Em construção: práticas interdisciplinares
tendo como foco temas associados aos
conteúdos disciplinares ou a problemas
das comunidades do contexto das escolas.
IMPORTÂNCIA
Superação de dicotomias:
1.
entre saber escolar e saber cotidiano
2.
entre teoria e prática
3.
entre arte e ciência
4.
entre emoção e razão
5.
entre objetividade e subjetividade
6.
entre escola e comunidade
CONTEXTUALIZAÇÃO
Apresentada com bastante ênfase aos educadores
contemporâneos, a palavra contextualização comparece como
um dos eixos organizadores do currículo proposto como
parâmetro para as escolas brasileiras, desde a segunda metade
dos anos noventa.
Permite:
1. Explicitar referências, origens, causas.
2. Identificar relações para favorecer significações.
3. Compreender relevância e aplicação dos conteúdos escolares,
pois mundo físico, social e psíquico é continente dos conteúdos.
QUATRO POSSIBILIDADES DE CONTEXTUALIZAÇÃO
POSSIBILIDADE 1: CONTEXTUALIZAÇÃO COMO HISTÓRIA.
POSSIBILIDADE 2: CONTEXTUALIZAÇÃO COMO DIÁLOGO COM SABER
CIENTÍFICO (CADA CONTEÚDO RESPONDE A DESAFIOS
EPISTEMOLÓGICOS).
POSSIBILIDADE 3: CONTEXTUALIZAÇÃO COMO DIÁLOGO COM SABER
COTIDIANO.
POSSIBILIDADE 4: CONTEXTUALIZAÇÃO COMO DIÁLOGO ENTRE
DISCIPLINAS.
Valorização: estreita relação entre conteúdos em metodologias.
Val
IMPORTÂNCIA
Diálogo para contextualizações: professores/educadores
em cooperação.
Disciplinas isoladas não esgotam realidade e compreensão
dos processos sociais e naturais.
Significações são favorecidas por referências ampliadas:
mais histórias, mais palavras, mais saberes.
PROBLEMA
Pesquisas apontam (Tobin & Espinet, 1989; Ostermann
& Moreira, 2000; Terazzan et al., 2000) que a
principal dificuldade para que os professores se
envolvam realmente na implantação de propostas
inovadoras é a falta de domínio das questões e
conceitos fundamentais de sua área de
conhecimento.
QUESTÕES
Quais as consequências em termos da gestão do
projeto pedagógico de se valorizar abordagens
interdisciplinar e de contextualização? (direção,
coordenação)
Quais as consequências em termos do planejamento
das aulas tendo em vista esta mesma valorização?
(professores)
Qual o maior desafio para construção desse
fundamento curricular na rede SESI/SP?
A História era um registro de crueldade e violência, uma sucessão
contínua de regicídios, de reis, que matavam as esposas, irmãos e
sobrinhos; a geografia apenas mapas; a poesia não era senão um
exercício de memória. O estudo na escola me estonteava com
conhecimentos e fatos pelos quais eu me interessava muito pouco.
Se acaso alguém me houvesse alertado o interesse, se antes de cada
matéria lesse algum prefácio estimulante que me despertasse a
inteligência, me oferecesse fantasias em lugar de fatos, me
divertisse e intrigasse com o malabarismo dos números,
romantizasse mapas, desse-me um ponto de vista a respeito da
História, e me ensinasse a música da poesia, talvez eu tivesse sido
um erudito.
Charles Chaplin, página 35 em Minha Vida, 10ª edição, Rio de Janeiro, José
Olympio, 1998.
REFERÊNCIAS
Apple, Michael. Educação e poder.Porto Alegre: Artes Médicas, 1989.
Doll, Willian. Currículo: Uma Perspectiva Pós-moderna. Porto Alegre: Arte med, 1993.
Fazenda, Ivani. Interdisciplinaridade: história, teoria e pesquisa. Campinas: Papirus,
1995.
Freire, Paulo. Pedagogia do oprimido. 17º edição, Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Giroux, H. A. Educação social em sala de aula: a dinâmica do currículo oculto. In: Os
professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crítica da aprendizagem. Trad. D.
Bueno. Porto Alegre: Artemed, 1997.
Machado, Nilson J. Educação: projetos e valores. Capítulo 4, páginas 125 a 133. São
Paulo: Escrituras editora, 2000.
Moreira, Antonio Flavio Barbosa. (org.) Currículo: políticas e práticas. Campinas:
Papirus, 1999.
Moreira, Antonio F. B. e Silva, T.Tadeu. Currículo, cultura e sociedade. São Paulo:
Cortez, 2005.
Garcia, Regina L. e Moreira, Antonio F. B. Currículo na contemporaneidade: incertezas e
desafios. São Paulo: Cortez, 2008.
Lopes, Alice e Macedo, Elizabeth. (orgs.) Currículo: debates contemporâneos. São Paulo:
Cortez, 2005.
Morin, Edgar. Os sete saberes necessários à educação do futuro. São Paulo, Editora
Cortez, Brasília. D.F.: Unesco, 2000.
REFERÊNCIAS
Pedra, José Alberto. Currículo, conhecimento e suas representações. Campinas:
Papirus, 1997.
Popkewitz, T. História do currículo: regulação e poder. In Silva, T.T. O sujeito da
educação. Petrópolis: Vozes, 2001.
Santomé, Jurjo Torres. Globalização e interdisciplinaridade; o currículo integrado.
Porto Alegre, Artes Médicas, 1998
Silva, T.Tadeu e Moreira, A F Barbosa. (orgs.) Territórios contestados: o currículo e
os novos mapas culturais. Petrópolis: Vozes, s/d.
Silva, T.Tadeu. Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo.
Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
Veiga-Neto, Alfredo. Currículo e Interdisciplinaridade. in Currículo: Questões
Atuais. Campinas, Papirus, 1997.