VITÓRIA, ES, SÁBADO, 26 DE SETEMBRO DE 2015 ATRIBUNA
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Economia
LEONARDO DUARTE - 19/05/2015
CONCESSÕES NO ESTADO
Medida é saída para
a crise, diz secretário
Paulo Ruy Carnelli
afirma que, com a crise
financeira, a concessão
de rodovias estaduais à
iniciativa privada ajuda
a desenvolver o Estado
s concessões de rodovias estaduais à iniciativa privada
são, segundo o secretário de
Estado de Transportes e Obras
Públicas, Paulo Ruy Carnelli, a saída para o Espírito Santo diante da
crise financeira.
“Estamos em uma fase de poucos recursos públicos. A infraestrutura é fundamental para o crescimento econômico. Fazer essas
concessões traz recursos privados
para o Estado”, explicou.
O secretário disse também que,
na atual crise financeira, a principal reclamação dos empresários é
a falta de uma estrutura logística
para o transporte de mercadorias.
A
“Tudo que vai para os portos e
aeroportos circula pelas rodovias.
Elas são muito importantes, uma
vez que atraem investimentos para a região”.
Entretanto, Paulo Ruy Carnelli
reforçou que o projeto ainda está
em fase de estudo e que aguarda,
entre outras coisas, debates com a
população para saber se aprovam
as medidas.
“A implantação das concessões,
se acontecer, não vai ser sem uma
discussão com a sociedade. O que
a gente resolveu agora é colocar o
assunto em pauta”.
No total, duas rodovias no Espírito Santo são administradas por
empresas privadas por meio de
concessões: a BR-101, pela concessionária Eco101, e a ES-060, conhecida como Rodovia do Sol, administrada pela Rodosol.
Segundo o diretor do Instituto
Brasileiro de Estudos do Trânsito
(Ibetran), Paulo Lindoso, as concessões são reflexos da falta de
condições do governo de arcar
SAIBA MAIS
Escoar com eficiência a produção
Estudo para conceder
rodovias estaduais
RODRIGO GAVINI - 18/05/2014
> O GOVERNO DO ESTADO está anali-
sando entregar 38 trechos de rodovias estaduais para conceder à iniciativa privada.
> OS MUNICÍPIOS que podem receber
pedágios são: Colatina, Aracruz e
Cachoeiro de Itapemirim. A colocação ou não de praças de pedágio ainda está em estudo e nada foi definido.
> O OBJETIVO, segundo o governo estadual, é aumentar a competitividade da economia, escoar com eficiência a produção agrícola e reduzir os
cursos de logística para a indústria.
A meta também é atender ao crescimento do setor de transportes.
Falta de recursos públicos
> SEGUNDO O BANCO MUNDIAL, o Bra-
sil deixa de crescer 1% do Produto Interno Bruto (PIB) ao ano somente
por causa da ineficiência do sistema
de infraestrutura de transporte.
> A MEDIDA seria uma forma de comLEANDRO FIDELIS - 29/07/2014
PRAÇA DE PEDÁGIO: cobrança
pensar a falta de recursos públicos
suficientes para atender a demanda
por melhorias nas rodovias.
> SE OS TRECHOS FOREM concedidos,
terão de ter atendimento médico e de
emergência e socorro mecânico logo
nos primeiros seis meses, como preveem estudos prévios do governo.
> A PARTIR DO 6º ANO, deverá ter resultados em investimentos de aumento de capacidade e implantação
e duplicação de algumas vias.
com os custos da rodovia.
“Por que acontecem as privatizações e concessões? Porque o governo se declara sem condições de
fazer a manutenção devida das rodovias. Na realidade, elas são importantíssimas, porque objetivam
melhorar a qualidade das rodovias”, explicou.
Ele ressaltou que as concessões
trazem diversos benefícios ao trajeto. “Quando são duplicadas, as
rodovias ficam muito mais seguras
e eficientes”, acrescentou.
Para o economista e coordenador geral de cursos da Faculdade
Pio XII, Marcelo Loyola Fraga, as
melhorias com a concessão atingem tanto as pessoas quanto as
empresas que precisam transportar produtos na região.
“Quando as estradas estão em
melhores condições, o custo da
operação de transporte fica muito
menor. Isso é um incentivo para as
empresas já instaladas no local e,
sobretudo, um convite para a atração de novas companhias”.
PAULO RUY diz que empresários reclamam de falta de estrutura logística
Prefeituras esperam
novos investimentos
Com a possível entrega de rodovias estaduais à iniciativa privada,
algumas prefeituras estão esperando por novos investimentos,
que devem chegar graças a uma
estrutura logística mais evoluída.
O governo do Estado está estudando conceder à iniciativa privada 38 trechos de rodovias estaduais nas localidades de três municípios: Colatina, Cachoeiro de
Itapemirim e Aracruz.
Estudos estão sendo feitos para
que, em até 60 dias, seja lançada a
Proposta de Manifestação de Interesse (PMI), por meio da qual empresas vão poder estudar a viabilidade econômica dos trechos.
Segundo o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo
de Colatina, Fernando Valverde, a
iniciativa é bem-vinda, desde que
melhore a qualidade das rodovias.
“Nossa maior demanda é a ES248, que liga o município à BR-101,
em Linhares. Ela é uma rodovia
muito importante e precisa de
uma reforma”.
Segundo o prefeito de Aracruz,
Marcelo Coelho, o projeto, se
aprovado, tende a ajudar a escoar a
produção de empresas da região.
“A expansão do movimento empresarial depende diretamente
das condições das rodovias. Melhorá-las vai atrair, inclusive, novas empresas para a cidade”.
Já o prefeito de Cachoeiro de
Itapemirim, Carlos Casteglione,
disse, por meio da assessoria de
imprensa, “que prefere se manifestar a respeito das possíveis concessões das estradas estaduais
quando o projeto estiver elaborado e na medida em que a cidade
for envolvida”.
WILTON JUNIOR
Rodovias no Estado
> NO TOTAL, o Espírito Santo tem 6 mil
km de rodovias estaduais. Desse número, 4.100 são pavimentadas.
> DUAS RODOVIAS no Espírito Santo
são administradas por empresas privadas por meio de concessões. São
elas: a BR-101, pela concessionária
Eco101, e a ES-060, conhecida como
Rodovia do Sol, administrada pela
concessionária Rodosol.
CAMINHÕES: melhora na logística
Fonte: Departamento de Estrada de Rodagem
(DER).
TREVO DE ACESSO da BR-101 à ES-124: trechos podem ser privatizados
ANÁLISE
Bruno Funchal,
economista e professor
de Economia da Fucape
“Qualquer melhora
é bem-vinda”
“Infraestrutura atualmente é a
principal carência não só do Espírito Santo, mas de todo o Brasil. A ausência de um sistema logístico eficiente é um dos principais motivos para o aumento do
custo final dos produtos.
Transportar uma mercadoria
no Brasil é caro e demora — sobretudo pelas condições ruins
das estradas — e tudo isso é repassado para o preço.
Se fosse para listar os dois investimentos mais importantes
para a atual conjuntura do País,
apontaria a infraestrutura e a
educação.
A infraestrutura está diretamente ligada, também, à competitividade de tudo que é produzido em território nacional. Qualquer melhora é bem-vinda.
Atualmente, o maior problema
dos governos é a falta de recursos. Neste contexto, as concessões, quando bem feitas, são
fundamentais para o desenvolvimento da economia por dar
mais velocidade ao sistema —
isso se traduz em crescimento
das empresas e em empregos.
O papel do governo nessa história é criar as regras necessárias para que essas concessões
sejam bem aplicadas. Não é preciso, nem em momento de crise,
ou em abundância de recursos,
que o governo se responsabilize
por todo investimento. O setor
privado pode, e deve, ajudar”.
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Medida é saída para a crise, diz secretário