Experimentações juvenis na internet:
leitura, escrita e outras apropriações...
Viviane Castro Camozzato
[email protected]
www.vivianecamozzato.pbwiki.com
www.pensamentonomade.wordpress.com
02
Hoje desaprendo o que tinha aprendido até ontem
Cecília Meireles
Hoje desaprendo o que tinha aprendido até ontem
e que amanhã recomeçarei a aprender.
02
Todos os dias desfaleço e desfaço-me em cinza efêmera:
todos os dias reconstruo minhas edificações, em sonho eternas.
Esta frágil escola que somos, levanto-a com paciência
dos alicerces às torres, sabendo que é trabalho sem termo.
E do alto avisto os que folgam e assaltam, donos de riso e
pedras.
Cada um de nós tem sua verdade, pela qual deve morrer.
De um lugar que não se alcança, e que é, no entanto, claro,
minha verdade, sem troca, sem equivalência nem desengano
permanece constante, obrigatória, livre:
enquanto aprendo e torno a reaprender.
Desaprender como uma prática importante?
Desfalecer e desfazer-se em cinza efêmera?
Experimentar e experimentar-se não relacionase com aprender, reaprender, desaprender?
02 Cibercultura e redes sociais
1951 – primeiro computador comercial
05
Wikis
You tube
Exemplo de colaboração: wikipédia e
outros...
Uma estrutura em rede – que é uma alternativa à
estrutura piramidal – corresponde também ao que seu
próprio nome indica: seus integrantes se ligam
horizontalmente a todos os demais, diretamente ou
através dos que os cercam. O conjunto resultante é como
uma malha de múltiplos fios, que pode se espalhar
indefinidamente para todos os lados, sem que nenhum
dos seus nós possa ser considerado principal ou central,
nem representante dos demais. Não há um ‘chefe’, o que
há é uma vontade coletiva de realizar determinado
objetivo” (WHITAKER, 2006).
Mudanças na “estrutura do sentimento”
Canevacci: novos modos de sentir...
Múltiplos elementos que estão compondo
existências:
•Exposição da intimidade – desejo de expressão;
•Busca da autenticidade;
•Personalização;
•Valores individualistas...
Geração @
Contato/interação: a base da internet atual (web 2.0)
Blogs, chats, fotologs, MSN Messenger, orkut, etc., como “ícones”
da geração transeunte do século XXI.
Geração @: opção de “nomeação” tanto para evidenciar a
centralidade das tecnologias digitais para os sujeitos viventes na
sociedade digital quanto porque o @ tem a ver com o “para”, com a
relação estabelecida (para) com um outro.
Na Rede, a comunicação com um outro é a base de quase tudo. No
e-mail, esperamos, de certo modo, o contato de algum outro, seja
este outro ‘próximo’, ou outro ‘distante’. No MSN Messenger, é
com um outro que podemos conversar ou, mesmo, escapar, em
situações específicas, dessa interação.
por Newton Foot
(Charge extraída do site Universia Brasil, datada em 28 out. de 2005)
Compressão do espaço-tempo
Colocar imagem do salvador dalí
Aceleração que provoca a sensação de que o mundo é
menor, com distâncias mais curtas, e os eventos que
ocorrem no mundo tem um efeito mais imediato,
independentemente da distância em que ocorrem.
Exemplo:
Guerras mediadas pelas tecnologias de comunicação e
informação. Papel diferenciado da TV e jornais impressos
(verticalização da informação) e ferramentas da web de
disseminação e democratização das informações
(horizontalização das informações). Guerra no Iraque.
Sociedade transparente
Dissolução das histórias unitárias
disseminação de uma “sociedade de comunicação
generalizada” – visibilização de diferentes visões de
mundo
• crescente ‘tomada de palavra’ dos grupos antes
invisibilizados,
possibilitando,
portanto,
uma
“pluralização que parece ser irresistível”.
Internet: “babel eletrônica”
Visibilizar conjuga-se com controlar – estar
exposto a, suscetível a, mais controlado a.
+ confissões na web, + controle
Tensões entre pluralizações e controles
possíveis...
Centralidade das imagens
Colocar mais imagens e a questão
da quantidade de imagens de forma
rápida.... O sentir
Reinvenções identitárias
multiplicidade – experimentação
Relações entre as tecnologias de informação e
comunicação e a cultura contemporânea (a
cibercultura)
Mobilidade na utilização
de diferentes ferramentas
e equipamentos, bem
como na própria
de si.
Produção incessante de produção
multiplicidades,
reinvenções, transformações, produções de si
efêmeras.
Dentro dessas questões também é proeminente o quanto através das
tecnologias de informação e comunicação vemos o advento de novos
dispositivos de visibilidade, os quais produzem efeitos nas relações dos
sujeitos. Entre esses efeitos, a centralidade com que a criação de
identidades têm sido incitada a ser construída em relação ao olhar do
outro. Exposição essa de projeções que mostram uma maior ênfase em
subjetividades exteriorizadas em detrimento a subjetividades aferidas pela
interiorização (SIBILIA, 2004). Subjetividades produzidas através da
exteriorização de si e das demais, as quais têm em seu cerne a crescente
predominância do mercado das aparências. Afinal: “Cada vez mais, a
subjetividade parece se ancorar na exterioridade da pele, nos sinais visíveis
emitidos por um corpo que rivaliza constantemente pela captação dos
olhares alheios em um mundo saturado de estímulos visuais.” (idem, p.70,
grifo da autora.).
Há algo entre tal ensinamento e os processos que ocasionam certa
aprendizagem.
Reinvenções de si – marcadores identitários
Experiência
Leitura e escrita
•Tecnologias, leitura, escrita, imagens, interações
e colaborações, modos de se produzir, produzir
cultura, modos de vida... Blog as minucias do dia
a dia, o cotidiano e a riqueza que há nestas
práticas... Viver a internet
Inscritas na esfera social e cultural, as marcas dessas mudanças, caracterizadas pela
descartabilidade, simultaneidade, compressão do espaço-tempo, efemeridade,
flutuação das identidades, flexibilidade, centralidade das mídias e da internet,
borramento das fronteiras entre a esfera do público e do privado, a cultura do
espetáculo e do consumo, entre outras, vêm liberando certos fluxos subjetivantes
que atravessam fronteiras e inventam, com isso, novos modos de existência. Essas
são características pós-modernas, como nomeiam Harvey (2005), Lyotard (1987,
1989), dentre outros. Ou seja, são transformações que vêm atingindo a esfera social
desde meados da segunda metade do século XX, reconfigurando paisagens
subjetivas e nossas formas de viver na sociedade, conectadas que estão ao estado
da cultura em que vivemos. Obviamente, não posso me furtar de trazer reflexões e
conexões sobre os modos de existência e sociabilidade contemporâneas e as
transformações que estão ocorrendo na esfera social e cultural, as quais, além de
nos estarem constituindo, inventam sujeitos diferenciados em espaços e tempos
específicos. Nesse panorama, acredito serem importante as considerações de
Raymond Williams (1969), em seu livro Cultura e Sociedade, através das quais o
autor traz à tona o quanto a materialização das transformações ocorridas na
sociedade produz modificações na estrutura dos sentimentos de cada contexto e
época, pois tal materialização parece estar ligada à produção dos sentimentos e
pensamentos sobre o mundo, o tempo e as pessoas nas tramas do cotidiano; ligada
aos modos dos humanos estarem experienciando e sentindo os acontecimentos que
É dentro da condição pós-moderna que foi possível enunciar o termo
cibercultura, definido como “a cultura contemporânea marcada pelas
tecnologias digitais” (LEMOS, 2003, p.12). Desse modo, “Vivemos já a
Cibercultura. Ela não é o futuro que vai chegar, mas o nosso presente
(homebanking, cartões inteligentes, celulares, palms, pages, voto eletrônico,
imposto de renda via rede, entre outros).” (ibidem). Ao compreender,
portanto, a cibercultura como “o conjunto de técnicas (materiais e
intelectuais), de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores
que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço” (LÉVY,
1999, p.17), argumento que os habitantes da cibercultura são sujeitos que estão
modificando as suas existências através das tecnologias digitais – processo
que não ocorre através de um determinismo tecnológico, posto que há
diferentes modos de apropriar-se das técnicas, as quais não são
independentes ou autônomas, mas integrantes de lógicas cultural e
socialmente produzidas. Isso significa a emergência de uma geração
conectada aos novos valores e significados desses tempos, produzindo
sujeitos diferenciados que pensam, sentem e agem de modos peculiares.
Afinal, é inegável que “Nossas interações com a tecnologia, especialmente
com as novas tecnologias da informação e da comunicação, tornam-se tanto
um recurso para nossa própria auto-produção quanto instrumental nessa
auto-produção e, portanto, de forma mais geral, para nossa produção-desujeito” (GREEN; BIGUM, 2002, p.227).
Acredito que se trata de novos modos de agregações, pois: “Talvez
estejamos vivendo uma reversão do processo individualista moderno,
buscando, pelas tecnologias (o que é estranho) uma nova forma de
agregação social (eletrônica, efêmera e planetária), o que chamo de
agregação eletrônica.” (LEMOS, 1999, p.16). Nesse sentido, cabe sublinhar
que no orkut, por exemplo, é muito comum a reaproximação de pessoas que
não se viam há anos e que, a partir daquele espaço, até reatam os fios de
amizade, passando a se reencontrar tanto online quanto offline. Isso pode ser
evidenciado na comunidade O orkut mudou a minha vida[1], em que alguns
orkuteiros discutem (no tópico Como o orkut mudou a minha vida?) sobre as
mudanças que atravessaram a partir da sua imersão nessa rede de
relacionamentos: nossa tanta coisa...encontrei amigos de infancia e
adolecencia...e entrei numa comunidade q tem encontros toda semana e
fiz varios amigos......oq é muito bom.....relamente o orkut mudou minha
vida. Ou, ainda: Localisei amigos e amigas q há muito não conseguia
contato.O orkut salvou o meu passado e pode-me mostrar um pouco mais
sobre minha personalidade. Também proporcionou-me boas risadas, além
d mostrar quem são os meus verdadeiros amigos.AMO ORKUT!!!
03
[1] Comunidade criada em 30 de abril de 2005, e que até o dia 28 jun. 2006
possuía
3.686
membros.
Disponível
em:
Navegando nós podemos produzir muitas coisas...
Navegar...
04
Explicação para a parte do pensamentos não lineares
Uma estrutura em rede – que é uma alternativa à estrutura piramidal –
[que] corresponde também ao que seu próprio nome indica: seus
integrantes se ligam horizontalmente a todos os demais, diretamente ou
através dos que os cercam. O conjunto resultante é como uma malha de
múltiplos fios, que pode se espalhar indefinidamente para todos os lados,
sem que nenhum dos seus nós possa ser considerado principal ou central,
nem representante dos demais. Não há um ‘chefe’, o que há é uma
vontade coletiva de realizar determinado objetivo” (WHITAKER, 2006).
O objetivo de tal site de relacionamentos consiste, assim, em
proporcionar que seus membros criem novas amizades e mantenham
seus relacionamentos. O que ocorre não de forma vertical mas horizontal,
através da construção de redes de relacionamento que são difíceis de
serem completamente mapeadas. Ao contrário da visão maniqueísta
sobre a internet, que sustenta que ela destrói os laços sociais e lança os
indivíduos em um isolacionismo, que seria característico destes tempos,
o que venho observando, a partir das minhas andanças na Rede, é o
quanto estamos interagindo, estabelecendo contatos mais freqüentes com
as demais pessoas. Não é raro, no orkut, como vimos anteriormente,
relatos de pessoas que reencontraram amigos de infância, colegas de
tempos atrás, ex-vizinhos, etc. Desses reencontros, muitos partem para
encontros que acontecem offline, multiplicando as redes de contato
estabelecidas. Encontros offline de blogueiros também são acontecimentos
cada vez freqüentes, pois são redes de convivialidade que não produzem
efeitos apenas no plano das interações online, uma vez que reverberam
em nós, inclusive quando estamos desconectados. Há, em suma, linhas
de continuidade entre as relações que mantemos no ciberespaço e fora
dele.
Referências
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