FEBRE REUMÁTICA
Internato – Pediatria
HRAS
Apresentação:Paula Martins Balduino
José Antonio Barbosa Filho
Coordenação: Sueli R. Falcão
www.paulomargotto.com.br
Brasília, 30/3/2012
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#KHRS,
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#Idade:11 anos,
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#Peso:36,5Kg

#Procedente e natural de Ceilândia-DF
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# QP e HDA:
Mãe relata que há cerca de 7 dias a criança
iniciou quadro de alteração de marcha,
arrastando MIE, associado a movimentos
involuntários em membros esquerdos de
pequena amplitude, alteração importante da
fala, com palavras incompreensíveis, além de
parestesia em MIE e MSE. Refere ainda
movimentos involuntários em face, com desvio
da rima labial para a esquerda e movimentos
da musculatura ocular

Refere parestesia em MIE e MSE. Mãe relata
que há cerca de 15 dias notou que a criança
apresentava dificuldades para escrever com a
mão esquerda e dificuldade para sustentar
objetos nesta ( paciente é canhota). Observou
também que a criança está mais irritada que
o habitual. Apresentou cefaléia holocraniana
no início do quadro e há 2 dias, sem vômitos
. Nega outras queixas

Nega comorbidades, sem uso de medicação
contínua. Refere que a criança apresenta
amigdalite de repetição, porém, sem
avaliação médica, recebendo tratamento em
domicílio por conta própria. Refere que há 30
dias a criança apresentou episódio de
odinofagia, fazendo uso de Amoxicilina por 3
dias, havendo resolução do quadro. Mãe , pai
e irmão hígidos. Cartão vacinal- falta DT em
2010.
Exame Físico

# Ao exame: BEG, hipocorada(+/4+), hidratada,
acianótica,anictérica, afebril, sem edemas, boa
perfusão periférica, ativa e reativa, com
dificuldades
para
falar.
AR: MVF preservado, sem RA, sem desconforto
respiratório.
FR:
22
irpm
ACV: RCR em 2T, sopro sistólico em foco mitral
2+/6+.
FC:
95
bpm
Abdome: plano, normotenso, RHA presentes,
sem
VCM,
sem
massas
palpáveis.
Exame Físico
SN: Presença de alteração da fala, às vezes com
palavras
incompreensíveis.
Presença
de
movimento
involuntários
importantes
em
membro superior esquerdo com pequena
amplitude. Presença de alteração da marcha em
membro inferior esquerdo, com dificuldade para
deambular em distâncias maiores,com perda do
equilíbrio.
Presença
de
movimentos
involuntários da língua, dos lábios e da face.
Presença de nódulo subcutâneo, único, de 0,8cm,
móvel, indolor, endurecido, em dorso do pé D.
Mãe sugere que surgiu há aproximadamente 6
meses,
mas
não
tem
certeza.
#Exames:
-ECG(16/03/12):
sem
alterações
-Rx
de
tórax
sem
alterações
-16/03/12: Cl 101/ CPK 1494 ( até
220ng/ml)/CKMB 69 (até 9ng/ml)/ Ca 9.8/
Glic 94/ Mg 1.8/ K 3.8/ Na 138/ Ur 30/ Hb
12.4/ Ht 36.9%/ leuco 10.300( 51% segm/
10% eos/ 7% mono/ 32% linf) VHS 33
-17/03/12 – CKMB: 65/ CPK: 1436/DHL: 693
-19/03/2012: ASLO: 791.
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

ECO(21-03-12):
Achados
positivos:
-Dilatação discreta de átrio esquerdo
-Insuficiência
mitral
moderada
-Dilatação
discreta
de
VE
-Insuficiência
leve
de
valva
aórtica
-Diagnóstico
ecocardiográfico:
-Insuficiência
aórtica
de
grau
leve
-Insuficiência mitral de grau moderado
Complicação
não
supurativa
da
faringoamigdalite causada por Estreptococos
Beta- Hemolíticos do Grupo A (EBHGA),
decorrente da resposta imune à esta infecção
em populações geneticamente predispostas.
Pode ocorrer acometimento cardíaco, articular,
nervoso, cutâneo e subcutâneo.
Antecedente de Infecção Orofaríngea por
EBHGA, tanto nos primeiros surtos como nas
recidivas
Comum entre 5 e 15 anos.
Rara antes dos 3.
Freqüência: 0,5 – 3,0% após faringoamigdalites
estreptocócicas
Em portadores de FR: recidiva de 40-50% após
novas faringoamigdalites estreptocócicas
A cardite ocorre em 50 – 75% das crianças no
primeiro surto da doença.
É a principal causa de cardiopatia adquirida
em
crianças
e
adultos
nos
países
subdesenvolvidos.
Segundo a OMS surgem 300.000 casos novos
de CRC por ano.
Suscetibilidade genética (HLA de classe II –
DR7 e DR53)
Sorotipos reumatogênicos do EBHGA
Fatores ambientais:
Más condições de higiene/ moradia
Assistência médica precária
Desnutrição
Patogênese não esclarecida.
Evidências sugerem que há uma resposta
imune celular e humoral dirigida contra
antígenos estreptocócicos semelhantes a
estruturas humanas.
Ex.:
anticorpos
anti-carboidrato
do
estreptococo atacam a miosina cardíaca,
levando à lesão valvular.
Produção de citocinas direciona para uma
resposta celular (th1), causando quadro de
cardite grave e sequela valvar.
Resposta predominantemente humoral (th2)
causa quadro clínico como coreia e artrite.
Início: 2 a 4 semanas após faringoamigdalite
estreptocócica, sintomática (60-70%) ou
assintomática.
Acomete preferencialmente crianças em idade
escolar, sem predomínio de sexos*.
* A coréia predomina no sexo feminino e
pode iniciar até 6 meses após a
faringoamigdalite .
FARINGITE
FEBRE REUMÁTICA
CARDITE
ARTRITE
COREIA
ERITEMA MARGINADO
NÓDULOS
SUBCUTANEOS
É a manifestação mais importante, pode
causar danos permanentes e óbito.
Pancardite (lesões valvares são responsáveis
pelo quadro)
Maioria tem
manifestação branda ou
assintomática, mas pode ter apresentação
fulminante.
Lesão mais frequente é a regurgitação mitral
seguida pela regurgitação aórtica.
Classificação:
1- Cardite subclínica: exame cardiovascular
normal. Ecocárdio com regurgitação mitral e
aórtica em grau leve.
2-Cardite leve: taquicardia, abafamento de B1,
sopro sistólico mitral, regurgitação leve ou
moderada no ecocárdio.
3-Cardite moderada: achados da cardite leve ,
mas mais intensos, cardiomegalia e congestão
pulmonar na radiografia, regurgitação no
ecocardio, aumento das câmaras esquerdas.
4- Cardite grave: cardite moderada com sinais e
sintomas de insuficiência cardíaca.
Manifestação mais comum, presente em 75%
dos casos.
Quando associada a cardite há correlação
inversa entre a gravidade das duas
manifestações.
Comprometimento articular típico da febre
reumática:
Poliartrite
aguda,
migratória,
assimétrica,de
grandes articulações e dolorosa.
Duração: 1 a 5 dias em cada articulação. A duração
total do surto articular varia de 1 a 3 semanas.
Predomina em meninas em idade escolar e
início da adolescência.
Prevalência de 5 a 36%.
Início insidioso caracterizado por labilidade
emocional e fraqueza muscular.
Movimentos
rápidos
involuntários,
incoordenados que desaparecem durante o
sono.
Os movimentos são mais acentuados em um
dos lados, ocasionalmente são unilaterais.
Pode acometer músculos da face, lábios,
pálpebras e língua.
Disartria e disgrafia são comuns
Pode ocorrer como manifestação isolada.
Com frequência se associa à cardite e mais
raramente à artrite.
Nos casos em que a coreia é a única
manifestação ou é associada à artrite é
importante descartar LES.
Manifestação rara. Descrita em menos de 3%.
Associado à cardite grave.
Bordas nítidas avermelhadas, serpiginosas,
com
centro
claro,
não
pruriginosas,
localização preferencial em tronco ou porções
proximais de membros. Duram algumas
horas ou mesmo minutos e podem ocorrer
durante meses.
Ocorre em menos de 3%, em geral associado
com cardite.
Nódulos
duros,
indolores,
imóveis,
localizados no couro cabeludo e nas
superfícies articulares sobre proeminências
ósseas.
Regressão espontânea, o mais comum é que
regrida em 1 mês.
Erradicar EBHGA:
Penicilina benzatina
Controle da IC: restrição
hídrica, furosemida e IECA.
Cardite moderada a
grave: corticóide
(prednisona) por 12
semanas
Artrite: AINE por 7-10 dias,
VO, preferencialmente:
Cardite grave,
refratária ao
tratamento inicial:
pulsoterapia com
metilprednisolona
Ácido acetil-salicílico
Naproxeno
Ibuprofeno
Coréia: haloperidol, ácido
valpróico, carbamazepina.
Corticóide.
LOPES, A.C.; Tratado de Clínica Médica. In:
Kiss, MHB. Febre Reumática. São Paulo: Roca,
2009. v.I, p. 1616 – 1623.
PEREIRA B.A.F.; Sociedade Brasileira de
Pediatria.
Projeto
Diretrizes
–
Febre
Reumática. 2009.
Obrigada!
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Caso Clínico: Febre Reumática