3ª Conferência de Energia e
Recursos Naturais da América Latina
ENR 2014
Óleo, Gás, Energia Elétrica, Mineração,
Infraestrutura e Logística
Novembro - Rio de Janeiro - KPMG
kpmg.com/energylatam
Há três anos, a KPMG no Brasil tem
provido o Mercado de energia e recursos
naturais brasileiro e latino-americano de
uma rica fonte de conteúdo, que pretende
preparar tomadores de decisão para os
desafios do próximo período e aproveitar as
oportunidades de um ambiente altamente
globalizado e integrado.
A troca de experiências, tendências,
perspectivas e pontos de vista é o
foco do nosso encontro, sempre tendo
como objetivo instrumentalizar os líderes em todas as regiões com
as ferramentas necessárias ao crescimento de suas organizações,
tornando-as mais aptas e ágeis para lidar com as complexidades de um
mundo em constante transformação.
Na conferência de 2014, ano de Copa, de eleições, os temas que
afligiam o setor eram os mesmos que os de anos anteriores, mas com
um diferencial: essa conferência foi o primeiro grande evento do setor
após a decisão eleitoral para a presidência do Brasil e para os Governos
dos Estados.
Por esse motivo, creio que a presente publicação tem a função bastante
importante de marcar e influenciar os caminhos do setor para este e os
próximos anos.
Aproveite a leitura!
Pedro Melo
Presidente da KPMG no Brasil
Luiz Machado/AGImagem
Desafios e oportunidades
Troca de experiências
É com grande prazer que apresento o resumo da nossa
3ª Conferência de Energia e Recursos Naturais da
KPMG no Brasil, realizada no Rio de Janeiro, no dia
7 de novembro de 2014.
A exemplo dos anos anteriores, o objetivo do nosso
encontro foi o de promover um ambiente de troca de
experiências e conhecimento entre os líderes do setor no
Brasil e na América Latina.
No ano de 2013, na segunda conferência, pouco mais da
metade dos participantes eram C-Level, representando
116 empresas.
Foi naquele ano também que inauguramos o Centro de
Excelência Latino-Americano de Energia, o KPMG Latam
Energy Institute, atualmente situado no Rio de Janeiro.
Somam-se a ele outros três centros que compõem a maior
rede de relacionamento do setor no mundo.
Outro destaque do nosso evento foi a apresentação de um
importante levantamento realizado pela KPMG no Brasil
e pela revista Exame que apontou os mais importantes
projetos de infraestrutura do Brasil atualmente em
andamento, dentre eles relevantes projetos no setor
de energia e outros tão aguardados por representarem
relevantes saltos de qualidade na infraestrutura nacional.
Nessa terceira edição, contamos com 427 participantes.
Dos participantes do setor, 51% eram C-Level,
representando 194 empresas. Veja abaixo:
1%
C-Level (CEO, CFO, VP)
22%
Manager
Outros Cargos
51%
Cargo Não Informado
26%
No ano de 2013, a pauta da conferência abordou os
diversos temas relacionados ao nosso setor e contou
com duas palestras muito importantes: uma com Magda
Chambriard, diretora-geral da ANP, que deu o tom do
discurso do órgão regulador sobre os temas de nossas
palestras, apresentando aos participantes um cenário
completo do setor de óleo e gás no Brasil e outra
com Gustavo Franco, ex-presidente do Banco Central,
apresentando um panorama da economia para o
próximo ano.
Espero que você possa aproveitar esta publicação como
um importante material de apoio às decisões de negócio
de sua organização. Contamos com a sua presença no
próximo evento e sua participação nos diversos fóruns de
debates que estão à disposição nas redes sociais, internet,
entre outros meios.
Luiz Machado/AGImagem
Boa leitura!
Nesse terceiro evento, o tema da nossa palestra principal
foi Perspectivas e Tendências do Setor de Energia e
Recursos Naturais, que organizamos através de dois
painéis centrais envolvendo lideranças dos segmentos
de Óleo e Gás, Energia Elétrica e Mineração. No final do
nosso evento, contamos com a palestra Tendências e
Cenários da Economia, que foi ministrada pelo ex-ministro
da Fazenda e ex-presidente do Banco Central do Brasil,
Pedro Malan, que explorou os potenciais cenários para a
economia global, latino-americana e brasileira, em face
aos resultados das eleições recentes no Brasil, Colômbia,
México, Peru e Chile, e a perspectiva de reversão do
quadro de crise econômica e financeira global.
Martiniano Lopes, líder de
Energia e Recursos Naturais
da KPMG na América Latina
2 | Section or Brochure name
Getty Images
Índice
2
Desafios e oportunidades
3
Troca de experiências
5
KPMG Latam Energy Institute
6
Perspectivas e tendências do setor de
energia e recursos naturais
10
Novo marco regulatório do México
12
Conteúdo Local e parcerias
14
O papel das energias renováveis na
matriz energética regional e brasileira
16
Como os principais projetos de
infraestrutura de energia e recursos
naturais estão contribuindo para o
futuro do Brasil?
18
Tendências e cenários da economia
iStock
3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina - 5
KPMG Latam
Energy Institute
O setor de energia e recursos naturais é considerado
prioritário para a KPMG mundialmente, tanto que recebe
investimentos diferenciados para o desenvolvimento
de soluções e a capacitação de seus profissionais
continuamente. O KMPG Latam Energy Institute – formado
por quatro centros de excelência globais, sendo um deles
localizado no Rio de Janeiro – conta hoje com mais de 35 mil
participantes, sendo não apenas a maior network específica
de debates sobre o setor no mundo, mas também o exemplo
mais significativo da importância dessa área para a empresa.
Como patrocinador das Conferências de Energia
e Recursos Naturais da KPMG no Brasil, o KPMG Latam
Energy Institute, em seu segundo ano de existência, se
consolidou como grande provedor de conteúdo
altamente especializado e qualificado.
Nesses dois anos, o instituto foi responsável pela
realização de diversos webcasts, publicações e
debates com os executivos da KPMG e do setor, e
proporcionou, de fato, um ambiente virtual dedicado
a ajudar as organizações e suas comunidades de interesse
a compreender os desafios, as novas tendências e
os riscos e oportunidades do setor, auxiliando nas
tomadas de decisão.
A plataforma latina do instituto está em franca
expansão e congrega mais e mais conteúdo a cada dia,
além de ter se tornado referência no setor. Junte-se a nós!
O site do KPMG Latam Energy Institute pode ser
acessado no endereço kpmg.com/energylatam, e as
inscrições para a participação nas conferências são gratuitas.
6 - 3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina
Perspectivas e tendências
do setor de energia e
recursos naturais
LIDE-Rio
As expectativas relacionadas aos principais desafios do setor
por meio de uma abordagem ampla e técnica
Foi de forma elucidativa que Ricardo Anhesini, COO e sócio-líder de Markets
da KPMG, deu início ao ENR 2014, oferecendo uma prévia das informações
relevantes discutidas a partir desse ponto. Informações, aliás, que tiveram como
base além do tema inicial – Perspectivas e tendências do setor de energia e
recursos naturais –, o parecer dos participantes sobre as perspectivas para 2015,
detalhadas nos gráficos a seguir.
Coordenada por Manuel Fernandes, sócio da KPMG responsável pelo setor de
Óleo e Gás no Brasil, e moderada por George Vidor, economista, apresentador do
Globo News e jornalista econômico do jornal O Globo, a primeira parte do painel
contou com a presença de Jerson Kelman, presidente da SABESP e professor da
UFRJ; Nelson Silva, presidente da BG Brasil; Pablo Wagner, presidente da Genesis
Capital e ex-vice-secretário de Mineração do Chile; Renato Bertani, diretor-executivo
da Barra Energia; e Wilson Ferreira Jr., presidente da CPFL, que compartilharam suas
opiniões e pontos de vistas apoiados em suas experiências de mercado.
Iniciando sua abordagem a partir da questão da seca que hoje assola o
Sudeste, especialmente São Paulo, Kelman afirmou que, mesmo diante dos
fatos noticiados na TV e nos jornais, o Brasil, como um todo, não enfrenta a
pior seca de sua história. “Não estamos no pior momento da energia fluente
3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina - 7
Participantes
do evento
compartilharam
informações do
setor apoiados em
suas experiências
de mercado
naturais”, destaca, ao listar os problemas
ocasionados pelo tsunami no Japão,
a substituição do carvão pelo gás na
China e as questões geopolíticas nos
Estados Unidos. “No Brasil, certamente,
teremos uma participação maior do gás
na matriz energética”. Segundo ele, um
dos fatos que merece uma discussão
específica é a geração nuclear. “O país
hoje registra entre 2% e 3% de geração
na matriz elétrica, mas o ideal seria de
10% a 15% para fazer frente às reais
necessidades territoriais”, avalia. Para
o executivo, a tendência, por sua vez,
refere-se a uma participação maior
do gás na matriz brasileira, assim
como em outros países.
Questionado sobre as expectativas
do desempenho da mineração mundial,
com atenção especial ao Chile, Wagner
explicou que o país, juntamente com
Peru e Colômbia, passa por um momento
cambial muito importante. “Temos um
problema cambial, social e de acordos
com comunidades que precisam ser
resolvidos, já que o Chile conta com uma
regulamentação ambiental extremante
exigente. O desafio está em construir
melhores estratégias de produtividade,
ampliar a capacidade de extração e fazer
com que a indústria tenha condições
de equilibrar os baixos preços do cobre”,
relaciona, ao informar que o Brasil tem
uma capacidade de produção e de mão
de obra capazes de contribuir para o
desenvolvimento do setor no Chile.
ao sistema que já se viu. O sistema
interligado nacional tem uma garantia
física, mas a real capacidade do setor
hidroelétrico brasileiro precisa ser
repensada. É um problema complexo e
não vou sugerir outra mudança. Afinal,
o setor elétrico já passou por inúmeras
reformas, mas é essencial sair dessa
situação. Há um excesso de regulação
que precisa ser controlado”, considera.
Silva deu continuidade ao assunto,
destacando o aumento da termogeração
nas discussões sobre a capacidade da
matriz energética brasileira. “Existe um
grande debate sobre as termoelétricas,
enquanto muito se fala sobre o gás, que
provavelmente ocupará um lugar mais
importante na geração mundial, devido
à ocorrência de vários fenômenos
Quando o desafio se refere à
produção de petróleo, Bertani o
descreve com projeções – o mundo
hoje consome cerca de 90 milhões de
barris de óleo. A previsão para 2035
é de aproximadamente 110 milhões
de barris consumidos/ dia. “Para
atender a essa demanda não basta
a acrescentar mais barris, mas sim
cuidar dos campos, que declinarão
com o aumento da produção. Com isso
o desafio é maior e as oportunidades
também. Isso poderá ser feito
por meio de tecnologia e capital”,
considera. O executivo informa que
atualmente o Brasil investe cerca de
US$ 35 bilhões/ ano em produção e
desenvolvimento e tem condições
de elevar o capital para algo em torno
de US$ 60 a 70 bilhões/ ano, devido
a sua geologia. “Porém, é preciso
remover os obstáculos, como a falta
de leilões, principalmente no pré-sal,
para registrar um melhor desempenho
da indústria de óleo e gás. Potencial
para isso existe”, adianta. A falta de
previsibilidade se tornou o principal
fator de comum acordo entre os
investidores no setor.
Desafios e oportunidades também
entraram em pauta específica de
energia elétrica, analisados sob a
perspectiva de Wilson Ferreira Jr.
Ele se declarou otimista em relação
ao setor, afirmando que, desde o
evento de racionamento de energia,
o Brasil evoluiu muito na questão
das regulações. “O setor elétrico
conta com investimentos privados,
financiamentos estatais, um conjunto
de governanças, planejamento e
reserva, entre outros fatores. Com
isso, a capacidade de geração foi
ampliada em 23%”, enumera. No
entanto, o executivo não deixa de
mencionar a contenção de tarifas como
um dos principais desafios. “A busca a
qualquer custo pelas tarifas próximas
ao custo reduz a remuneração dos
empreendimentos, gerando uma
qualidade inferior. Se a energia é tão
importante, é preciso ter um equilíbrio
entre remuneração dos agentes e
modicidade tarifária. Não podemos ter
a todo tempo um choque de demanda,
mas sim de oferta para ter o custo
correto”, justificou.
Uma abordagem mais técnica
sobre as perspectivas do setor deu
início à segunda parte do painel,
sob moderação de Virginia Parente,
especialista em estratégia aplicada à
energia e meio ambiente do Programa
de Pós-Graduação em Energia da
USP; com participação de Gustavo
Duarte Pimenta, diretor financeiro da
AES Brasil; Helder Queiroz, diretorexecutivo da ANP; João Carlos de
Luca, presidente do IBP; Luiz Carlos
Martins, diretor comercial de Energia
da Camargo Corrêa; Oswaldo Pedrosa,
presidente da Pré-Sal Petróleo; e Luiz
Fernando Rolla, diretor de finanças e
relações com investidores da CEMIG.
8 - 3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina
Expectativas reais
Quatro perguntas sobre o desempenho econômico e setorial no
Brasil e no mundo deram início aos painéis sobre Perspectivas
e tendências do setor de energia e recursos naturais, servindo
como apoio aos depoimentos dos palestrantes:
Qual é sua expectativa para a
economia mundial em 2015,
comparado a 2014?
16,67%
Qual é sua expectativa para o
setor de energia elétrica no Brasil
para 2015, em comparação a 2014?
12,65%
15,15%
21,74%
66,4%
68,18%
 Crescimento de 3 a 5%
(cenário otimista)
 Permanece a instabilidade
(crescimento de 1% a 2%)
 Pessimista (não cresce)
 Melhorar (regras e contratos claros e
tarifas ajustadas)
 Manter (tarifas represadas por conta
de efeitos na inflação)
 Piorar (contínuo uso de fontes mais
caras para minimizar efeito das secas) Qual é sua expectativa para o
setor de óleo e gás no Brasil para
2015 em relação ao ano anterior?
Qual é sua expectativa para o setor
de mineração no Brasil para 2015, em
comparação a 2014?
7,65%
16,79%
29,39%
46,74%
49,41%
53,82%
 Melhorar (plano de negócios das
operadoras são executados e
produção de óleo e gás aumenta)
 Manter (inércia dos investimentos
das operadoras e atraso na entrega
dos ativos com manutenção dos
níveis de produção atuais)
 Piorar (preços dos combustíveis
represados por conta de efeitos na
inflação e produção de óleo e gás
decresce. Aumenta oferta de óleo
e gás no mundo e preços caem)
 Melhorar (marco regulatório é
definido e empresas iniciam
exploração e produção de novas
minas)
 Manter (regulação não muda e
setor continua com níveis de
produção atual)
 Piorar (preços do minério cai e
exportações para China caem,
exigindo das empresas maior
alavancagem)
Com o objetivo de trazer um pouco
mais de otimismo aos empresários
e investidores, Virginia reforçou que
o PIB é a variável mais citada como
referência, mas que, no entanto, não
reflete a variável do setor de energia.
Após mencionar dados de uma
pesquisa que comprovam esse fato, o
debate foi iniciado por Pimenta, que
fez uma reflexão sobre o mercado,
especialmente no Brasil. “É uma área
de necessidade intensiva de capital e,
talvez, um dos fatores mais críticos seja
o acesso a esse capital. Quando falamos
em financiamento, temos de pensar na
previsibilidade desses investimentos.
Hoje existe uma série de dúvidas em
relação às perspectivas de médio e
longo prazo e à clareza das regras.
Quando analisamos outros mercados, é
possível perceber que eles têm feito a
lição de casa de forma mais estável do
que o Brasil”, disse ao mencionar como
exemplo o México, que hoje conta com
um novo marco regulatório.
Rolla preferiu abordar o tema a partir
da aquisição de ativos da italiana Therma
(hoje Taesa) pela CEMIG, por meio de
uma parceria societária com um fundo
3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina - 9
Getty Images/Vetta
Para Renato Bertani, da Barra
Energia, o Brasil investe hoje cerca
de 35 bilhões/ano em produção
de petróleo e tem condições de
elevar para 60/70 bilhões
de investidores. “Essa estratégia nos
deu uma garantia de retorno muito
acima do que nos foi assegurado.
Atualmente, contamos com o apoio de
investidores que auxiliam a CEMIG a
crescer em outros mercados”, justificou.
Se por um lado existem oportunidades,
o setor também revela obstáculos que
precisam de uma análise que beneficie
o desenvolvimento de infraestrutura e
comunidades. Martins ilustra esse fato
com a realidade de algumas obras na
região Norte do país, que contam com a
participação da Camargo Côrrea, sendo
a Usina de Belo Monte um dos casos
mais emblemáticos. “Os impasses
gerados pela questão da demarcação de
terras indígenas tem causado enormes
atrasos e custos altíssimos, sem sequer
atingir qualquer aldeia. Esse é um dos
casos do custo Brasil que impacta
diretamente no investimento. Você
estima, por exemplo, um valor de
R$ 500 milhões para a parte ambiental
e ao final tem um custo de R$ 3,5
bilhões”, explica.
A partir da realidade descrita
por Rolla, é possível concluir que
os investimentos de médio e longo
prazo exigem muito mais do que
planejamento orçamentário e
estratégico. Quando essa questão
refere-se ao pré-sal, Pedrosa comenta
que os projetos são intensivos em
capital, a produção é de longo prazo
e ocorre gradativamente. “Para se
ter ideia, o desenvolvimento pleno
do Campo de Libra só vai acontecer
entre 2027 e 2028, quando cerca
de 10 a 12 sistemas de produção
com plataformas flutuantes serão
definitivamente insta lados”. Mas,
segundo ele, alavancar recursos
financeiros para investir em projetos
dessa dimensão não é algo impossível
de ser realizado. “O pré-sal tem
desafios. Estamos lidando com
projetos de alta complexidade
tecnológica e operacional, mas ele é
hoje uma realidade. O Brasil já produz
mais de 550 mil barris de petróleo,
sendo mais de ¼ de sua produção total
de reservatórios do pré-sal”, revela.
Os recursos destinados ao setor de
petróleo também são questionáveis
quando se trata de shale gas, resultado
de um programa exploratório que
permitiu um aperfeiçoamento
tecnológico e de incremento das
bacias sedimentares dos Estados
Unidos. Queiroz destacou esse tema
dizendo que “para um país que sempre
tratou a dependência energética como
uma questão de Estado, essa é uma
mudança substancial, com impactos
na geopolítica do petróleo e gás”.
Segundo ele, a retirada dessa demanda
do mercado tem gerado uma queda
de preço. “Em 2013, tivemos a menor
volatilidade do preço de petróleo, e
agora o preço despencou”, ressaltou.
Esse cenário apresentado por
Queiroz serviu de apoio para que
Luca revelasse como o IBP avalia a
atual situação. “Existem diversos
desafios no segmento de petróleo
e, por isso, estamos preparando uma
agenda prioritária para direcionar a
indústria. Em exploração e produção,
priorizamos a regularidade de
oferta e blocos de produção.
As licitações precisam ser
retomadas em calendário regular,
para que conquistem o sucesso
registrado em 1998. Não temos
dúvida do potencial do setor, mas é
preciso aprimorar”, sugere.
10 - 3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina
Novo marco
regulatório do México
De que forma as mudanças no setor de energia
e recursos naturais impactam o Brasil e o mundo
Se existe uma iniciativa global no
setor de energia e recursos naturais
que tem conquistado atenção nos
últimos tempos, certamente, é o novo
marco regulatório do México. Gilberto
Alfaro, ex-líder de Energia e Recursos
Naturais da KPMG no México, disse
que a partir dessa iniciativa o país se
insere em um mundo globalizado,
tornando-se competitivo na exportação
de recursos naturais. “Por mais de 70
anos, o México se manteve por meio
de monopólios, especialmente no
setor de petróleo e, em 2014, se
abriu à iniciativa privada nacional e
estrangeira de óleo e gás”, declarou.
Essa abertura também ocorre no
setor de energia, fazendo com que a
Comissão Federal de Eletricidade passe
a competir no mercado.
Qual será o impacto provocado por
essas mudanças? Segundo Alfaro, as
21 leis – que precisam ser aprovadas
para a regulamentação de todo o
marco regulatório – representam
para os investidores estrangeiros
uma oportunidade de se inserir nessa
nova dinâmica. “O México ainda não
havia se inserido no mercado mundial
devido à propriedade dos recursos de
hidrocarbono, que permanece como
propriedade do Estado. Os recursos
petroleiros também se mantêm como
do Estado, sendo os investimentos
privados obtidos por meio de um
contrato de licitação”, explicou.
Sobre a política energética do
Estado, o executivo contou que haverá
órgãos reguladores distintos, cujas
responsabilidades serão projetadas
pela Secretaria de Energia do governo,
que deve estabelecer uma política
energética de longo prazo. “Isso
também envolve a Secretaria da
Fazenda, que definirá a variável
econômica desses contratos.
O setor contará com órgãos
reguladores técnicos, encarregados
de regularizar a execução dessa
reforma”, acrescentou.
Com a abertura de investimentos
para o setor, companhias nacionais
e estrangeiras poderão participar
igualmente nos projetos de upstream,
assinados durante processo de
licitação. As áreas de downstream e
midstream, por sua vez, não exigirão
aprovação, mas sim uma permissão
prévia do regulador correspondente,
comprovando a capacidade técnica
e operacional para exercer essas
atividades. “Outro elemento importante
é a renda petroleira, e, nesse sentido,
os contratos de upstream ocorrerão por
meio da oferta da variável econômica,
decidida durante a licitação. Dessa
forma, cada parte terá tempo suficiente
para desenvolver projetos e viabilizar
investimentos”, disse o executivo, ao
mencionar que hoje a transparência
é o fator mais relevante para a
realização de negócios.
As oportunidades, de acordo
com o novo marco regulatório, ainda
consideram as atividades de upstream
estratégicas, porém agora com a
participação da iniciativa privada. “Até
então, o Pemex era responsável por
essas alianças. Agora, o Estado, por
meio da Secretaria de Energia, poderá
contratar diretamente uma empresa
da iniciativa privada para explorar
um campo específico. Nos casos
de midstream e downstream, todos
que tenham capacidade tecnológica,
operacional e financeira poderão
competir”, informou Alfaro.
Especificamente sobre a atual
posição da Pemex, o executivo
esclarece que a estatal mantém seu
direito inicial – conhecido por Ronda
Cero –, que permite selecionar projetos
já iniciados. “Com isso, a Pemex poderá
converter esses projetos em contratos
e buscar sócios que complementem
As oportunidades,
de acordo com
o novo marco
regulatório, ainda
consideram
as atividades
de upstream
estratégicas,
porém agora com
a participação da
iniciativa privada
3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina - 11
LIDE-Rio
Gilberto Alfaro
afirma que o
novo marco
regulatório
torna o país
competitivo na
exportação de
recursos naturais
suas capacidades estratégicas e
competitivas para exploração de seus
poços de forma rentável”. Em relação
aos novos contratos, eles também
poderão ser assumidos pela Pemex
e outra entidade produtiva do Estado,
mas sem receber qualquer tipo de
apoio do governo. “Esses contratos
são definidos basicamente em quatro
modelos, que serão praticados
um pouco mais adiante”,
completou o executivo.
Além dos modelos de contrato
(veja boxe), será introduzida uma
série de regras que fortalecem
o mercado com transparência e
critérios de acesso aberto, evitando
a concentração regional e a criação
de novos monopólios. “Medidas para
o desenvolvimento de pequenas e
médias empresas do setor lançadas
pelo governo visam ao fortalecimento
financeiro com créditos brandos.
Projetos de certificação e treinamento
farão com que essas companhias
estejam capacitadas para competir no
segmento”, finalizou Alfaro, destacando
que renovação e transparência
caracterizam a nova fase do setor
energético mexicano.
Novos horizontes
Quatro modelos de contrato organizam a exploração dos campos petroleiros do
México. Confira a seguir quais são esses modelos e suas principais características:
Utilidade
compartilhada
Contará com uma
porcentagem de
participação do Estado
e da iniciativa privada,
além de uma série de
elementos que visam
aplicar as melhores
práticas e os modelos
de cobranças mais
utilizados mundialmente.
Licenças
Tem o mesmo efeito
do contrato de produção
compartilhada e muita
semelhança com o
contrato de concessões
que estão proibidas
em embargo.
Estruturalmente está
projetado como um
contrato de licença,
atendendo à flexibilidade
que buscam as
companhias estrangeiras.
Produção
compartilhada
Permite que a liquidação
desse contrato se faça em
barris de petróleo, atraindo
empresas estrangeiras que
pretendem dar continuidade
a seu processo de integração
no mercado mexicano.
Serviços
Já em operação, esse
contrato é basicamente
pago por um honorário de
volume extraído. É utilizado,
principalmente, na exploração
de campos maduros.
12 - 3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina
LIDE - Rio
Empresas do setor se
motivam para unir suas
expertises na produção e
exploração de óleo e gás
no Brasil e no mundo
Conteúdo Local e parcerias
Mesmo diante das oportunidades geradas no mercado, esses dois
fatores ainda enfrentam obstáculos possíveis de serem superados
Casos de sucesso e insucesso
permeiam as parcerias entre empresas
no Brasil e no mundo. As oportunidades
de mercado, no entanto, motivam
grandes empresas a unir suas
expertises. Para superar possíveis
obstáculos, novos modelos de parceria
têm se estabelecido, sendo esse o
tema moderado por Ina Kjaer, sócia-líder
de Integração e Separação da KPMG
no Brasil, juntamente com Armando
Guedes, vice-presidente de Oil & Gas
da Firjan; Dennis Palluat, presidente
da TOTAL Brasil; Eloi Fernández e
Fernández, diretor-geral da ONIP,
Maurício Figueiredo, vice-presidente
da Baker Hughes do Brasil; e Antonio
Guimarães, secretário-executivo de
Exploração e Produção do IBP, durante
uma das sessões paralelas do ENR 2104.
A participação da TOTAL no
Consórcio de Libra deu início à
discussão. Consideradas por Palluat,
uma parte natural no universo do setor
de óleo e gás, as parcerias são formadas
com o objetivo de minimizar possíveis
riscos de mercado. “Esses riscos
passam a ser compartilhados com
outras companhias do setor, permitindo
que ao final todos tenham sucesso. No
caso de Libra, contamos com um grupo
forte, em que cada um contribui para
o bom desenvolvimento do processo.
Para a parceria funcionar, no entanto, as
regras devem ser claras”, avaliou.
Compartilhando da opinião de
Palluat, Figueiredo completou dizendo
que um dos maiores problemas
relacionado às parcerias é o ambiente
setorial um pouco instável no que se
refere às normas e regras definidas. “As
mudanças constantes na legislação
podem gerar muitos problemas para
as parcerias, que normalmente já têm
seus desafios”, justificou. Ao concordar
que existem problemas a serem
resolvidos nesse quesito, Guedes
acredita que a tendência das parcerias
é crescer, sendo praticamente
impossível assumir um grande projeto
isoladamente. “As empresas precisam
complementar o seu campo de
atividade, ter um espaço maior
no mercado e desenvolver um
trabalho de alta qualidade. Para isso,
é necessário contar com bons
parceiros”, definiu.
O sucesso, nesse caso, tem como
base o contrato de governança, que
deve descrever detalhadamente as
responsabilidades de cada parceiro e o
desenvolvimento de todo o projeto, na
opinião de Guimarães. “Nosso setor
já tem uma base de contrato muito
bem definida no Brasil. Tivemos 12
rodadas de concessão e grande parte
já desenvolveu bem esse modelo.
Acredito que a tendência é diminuírem
os problemas”, adiantou.
Ao destacar que o formato de
parceria mais discutido no setor de óleo
e gás é o relacionado à exploração e
produção, Fernández decidiu colocar
um item a mais em discussão: a rede
de fornecimento. “Essa parceria ocorre,
especialmente, em função dos desafios
tecnológicos e da capacidade de
3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina - 13
superá-los. Aparentemente isso pode
não dar certo, mas eu acredito que elas
possam ser bem-sucedidas sim”, afirmou.
O debate teve continuidade com a
abordagem do Conteúdo Local, que,
de acordo com o moderador André
Donha, diretor da KPMG no Brasil,
é um tema bastante comentado,
considerado o top 10 pelas indústrias
do setor. “Ele foi criado com o objetivo
de obter um compromisso por
aquisição, compra de bens e serviços
em base competitiva. Programas
como capacitação, desenvolvimento
tecnológico e geração de empregos
foram desenvolvidos pelo setor com
apoio do Governo com esse propósito”,
ressaltou antes de passar a palavra
para Fernández, que acredita que
é preciso adotar novas premissas
para Conteúdo Local para se obter
competitividade e sustentabilidade. “Esse
assunto vem sendo discutido de forma
desorganizada nos últimos anos, sem
apresentar uma política que seja
sustentável no longo prazo. É preciso
rever as premissas desse processo
para que ele possa ser construído de
forma mais coerente”, declarou.
Para Figueiredo, o Conteúdo Local
é decorrente de uma política industrial
consistente. “Primeiro é necessário
identificar qual é a nossa verdadeira
vocação e as matérias-primas que
temos disponíveis, para estabelecer
estímulos, inclusive fiscais, para que o
empresário invista naquele segmento”,
esclareceu. Seguindo a mesma linha de
raciocínio, Guedes foi além, dizendo que
a questão é de interesse do país. “Creio
que Conteúdo Local seja um fato, um
desejo, um bem para um país como o
Brasil, que pretende ter uma posição
importante no mundo. A questão que se
coloca é a relação entre Conteúdo Local
e custo. O Conteúdo Local não pode
ser feito a qualquer custo”, defendeu,
ao justificar que à medida que se
conquista conhecimento, por meio de
parcerias e tecnologias, gera-se maior
competitividade de mercado.
Guimarães abordou essa questão
com estimativas de investimentos,
depois de considerar que o Conteúdo
Local nada mais é do que um elemento
de uma política industrial. “Atualmente
no Brasil, isso corresponde a um
investimento de 36 a 40 bilhões de
dólares/ ano, e se queremos fazer 50%
de Conteúdo Local, os segmentos
interessados devem ter uma visibilidade
futura, além de acreditar que é possível
transformar esses cenários e produtos
em algo competitivo”, explicou.
Sob a visão de empresa estrangeira,
Palluat encerrou a discussão informando
que as empresas petroleiras gostam
de encontrar nos países em que
atuam bens e serviços com preços
competitivos e de qualidade. “Mas
esse é um problema presente no Brasil.
É preciso investir em capacidade e
oferecer alternativas de preço, serviços
e prazo de entrega”, concluiu.
Conteúdo Local
Você identifica o Conteúdo Local como
uma barreira de entrada para novos
operadores no mercado brasileiro?
Sim
Não
28,85%
Percepção de mercado
A interatividade dos participantes
nos painéis sobre Parcerias e
Conteúdo Local direcionaram
os painelistas nas discussões
sobre os temas. Confira as
opiniões compartilhadas a partir
das perguntas a seguir:
Parcerias
Em sua opinião, qual porcentagem
das parcerias criam valor?
2,78%
14,81%
21,3%
61,11%
Quais são os principais obstáculos para
o bom funcionamento de uma parceria?
16,36% 18,18%
11,82%
53,64%
71,15%
Você acredita que as demandas
por Conteúdo Local possam
acarretar em estrangulamento/falta
de fornecimento de bens e serviços
nacionais a médio ou longo prazo?
Diferenças
culturais
Governança mal
estabelecida
Divisão de
custos e receitas
Dificuldades
operacionais
Qual é a sua expectativa com relação
ao número de parcerias no setor, no
Brasil, nos próximos 24 meses:
14,85%
Sim
Não
21,36%
Menos de 20%
Entre 20% e 50%
Entre 50% e 80%
Mais de 80%
51,49%
Aumente
Continue o mesmo
Diminua
33,66%
78,64%
Como você imagina o impacto do
Conteúdo Local nos custos de produtos e
serviços da indústria de óleo e gás?
4,3%
22,58%
73,12%
Alto: elevação do
CAPEX em 10 %
Médio: incremento
de 1 a 2% do
CAPEX
Baixo: Sem
incremento do
CAPEX
Qual é a sua expectativa com relação aos
tipos de parcerias que ser formarão no
setor, no Brasil, nos próximos 24 meses?
27,18%
54,37%
18,45%
Brasil/ Internacional
Brasil/ Brasil
Brasil/ Brasil e
Brasil/ Internacional
14 - 3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina
O papel das
energias renováveis
na matriz energética
regional e brasileira
As tendências de um segmento que a cada dia ganha
mais evidência no país, detentor de várias fontes
naturais energéticas
Ao comparar o crescimento
demográfico e econômico mundial ao
das energias renováveis, é perceptível
a discrepância. O consumo do carvão,
mesmo diante de algumas políticas de
redução, continua a todo vapor, e, com
ele, ocorrem as já conhecidas emissões
derivadas de combustíveis fósseis
e os problemas ambientais. Mas no
que se refere a esse tema, é possível
perceber o quanto o Brasil desponta.
Considerado uma das matrizes mais
limpas do mundo, o país conta com
um enorme potencial e o interesse de
investidores para conquistar ainda mais
notoriedade nesse cenário.
Foi a partir desse ponto de vista
que Franceli Jodas, diretora da
KPMG no Brasil, deu início ao painel
sobre o assunto, que contou com a
participação de Armando Casado, CFO
da Eletrobras; Elbia Melo, presidenteexecutiva da Abeólica; Elizabeth Farina,
diretora-executiva da Unica; Marcelo
Llévenes, presidente da Endesa Brasil;
Olga Simbalista, diretora de Gestão de
Novos Negócios e de Participações de
Furnas; e Rodrigo Lopes Sauaia, diretorexecutivo da Absolar.
Responsável pelo discurso de
abertura do painel, Casado destacou
as diretrizes do Plano Decenal de
Energia de 2014 a 2023, que prevê um
crescimento na capacidade de geração
de fontes renováveis de 103.399
MW para 164.135 MW, incluindo a
geração hidráulica. “Em relação às
energias não renováveis, o destaque
é o gás natural, que passará da casa
de 10 mil MW para 20 mil MW. Isso
depende, basicamente, do suprimento
de gás oriundo do pré-sal”, destacou,
ao mencionar que, atualmente, a
Eletrobras atua nessa área com cinco
fontes eólicas no Nordeste e quatro
no Sul. “Atuamos em parceria com
o Proinfa, sendo responsáveis pela
comercialização de 144 projetos
existentes em renováveis”, acrescentou.
A importância do Proinfa não deixou
de ser citada por Elbia, que o considera
uma política muito importante para o
setor de renováveis e para a energia
eólica com a regulamentação da lei de
2002. “Para a fonte eólica, o Proinfa
foi fundamental, pois aprendemos a
criar um parque eólico, tivemos um
aparato ambiental e, sobretudo, um
conhecimento sobre a natureza do
vento brasileiro, que hoje justifica
a competitividade da fonte eólica”,
listou, ao dizer, que atualmente esse
segmento cresce em uma velocidade
exponencial. “Quando nos perguntam
qual é a mudança do cenário político,
qual é a perspectiva do setor, olhando
especificamente para a fonte eólica,
posso afirmar que estamos em uma
situação muito confortável”, apontou.
Mesmo sem ter participação
no Proinfa, o segmento solar vem
conquistando seu espaço no mercado
de forma significativa. Sauaia disse
que, a partir de 2012, a realidade
mudou de forma positiva, registrada
no primeiro leilão em 2014. “O
fato marcou a participação efetiva
da fonte solar, que conseguiu se
consolidar e obter sucesso com
sua entrada na matriz energética
3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina - 15
LIDE-Rio
Durante o evento, os
palestrantes destacaram
o potencial do Brasil na
geração de energias limpas e
o interesse dos investidores
nesse mercado
brasileira, contratando 1048 MG
em termos de capacidade instalada
total”, revelou. Segundo ele, a
competitividade também ficou clara
nesse momento. “A fonte tem espaço
no mercado, tem como dar resultado,
sendo um primeiro sinal da política de
desenvolvimento da cadeia no Brasil,
que, diferentemente da eólica, está
no seu início. Não existe uma cadeia
produtiva altamente desenvolvida
no país, mas esse é um setor
avançado em termos globais”,
afirmou o executivo, reforçando
o potencial do segmento.
Muito antes do surgimento das
fontes eólicas e solar, o Brasil já
contava com usinas de açúcar e álcool
autossuficientes em energia. “Desde
1987 exportamos energia para a rede.
São 31 mil MG entre autoconsumo
e exportação para a rede. É uma
contribuição bastante relevante, que no
ano passado foi capaz de abastecer o
equivalente a oito milhões de residências”,
destacou Elizabeth. Assim como os
demais painelistas, a executiva disse
que, caso o Plano Decenal de Energia
seja de elemento de planejamento,
as expectativas para a biomassa são
as melhores. “São esperados 22 GW
médios, enquanto hoje registramos 17.
Pensar na biomassa crescendo dentro
do previsto significa quase cinco vezes
a garantia de Belo Monte e duas Itaipus.
Isso sem dúvida é um crescimento muito
relevante”, avaliou.
O potencial das energias renováveis
não passou despercebido por Furnas,
que hoje mantém 51 sociedades em
energia eólica no país. Olga contou que
atualmente a empresa pretende formar
um holding eólico para auxiliar
a gerenciar o conteúdo dessa
sociedade. “São 51 empresas,
pois contamos com um fator de
subsídio na legislação para que as
sociedades de geração eólica e solar
sejam constituídas de unidades
muito pequenas, da ordem de 30
MGW. Furnas participa hoje de nove
complexos eólicos, em que cada
uma dessas sociedades tem essa
capacidade de geração”, revelou.
Antecipando o futuro, a executiva disse
que a meta é continuar investindo nas
novas fontes renováveis, com destaque
para a eólica e a solar. “Acreditamos
que a energia solar será a solução para
muitos problemas de energia elétrica,
principalmente pela simplicidade da
tecnologia e seu uso potencial na
geração distribuída, que é o grande
marco da indústria de produção de
energia elétrica no século 21”, justificou.
Adquirida há pouco tempo pela
italiana Enel, a Endesa, segundo
Llévenes, reconhece o potencial de
crescimento do setor de renováveis do
Brasil, especialmente por sua variável
de fontes. “O país é muito atrativo
para investimentos. Tivemos sucesso
na energia eólica e estamos muito
satisfeitos com as ofertas existentes
para esse tipo de investimento. Porém,
achamos que a maior revolução virá
pelo mercado e, em nossos cenários
de longo prazo, vemos uma crescente
importância da geração distribuída para
resolver o problema de energia de baixa
e média tensão”, avaliou.
16 - 3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina
Como os principais
projetos de infraestrutura
de energia e recursos
naturais estão contribuindo
para o futuro do Brasil?
Os principais projetos em energia e recurso naturais e suas
contribuições para o desenvolvimento do país
Foi com base na pergunta-título
da sessão paralela que Fernando
Faria, sócio da KPMG no Brasil, deu
início ao debate. Com o objetivo de
trazer um conjunto de ideias sobre
como melhorar o planejamento, a
entrega, o financiamento de projetos
de infraestrutura e promover uma
discussão sobre o contexto atual,
o painel reuniu Claudio Sales,
presidente do Instituto Acende
Brasil; Rodolpho Tourinho,
presidente da ABDIB; David
Zylbersztajn, sócio-diretor da DZ
Negócios com Energia; Virginia
Parente, especialista em estratégia
aplicada à energia e meio ambiente
do Programa de Pós-Graduação em
Energia da USP; e Mauricio Endo,
líder de Governo e Infraestrutura da
KPMG no Brasil.
Endo começou a abordagem
retratando o estudo feito pela KPMG,
em parceria com a revista Exame,
sobre os 15 projetos prioritários de
infraestrutura no Brasil. “Propusemos
fazer esse estudo com base na
metodologia Future State 2030,
feito pela KPMG juntamente com
a Universidade de Toronto, que
identificou as megatendências
globais que influenciarão as decisões
dos governos nos próximos 15
anos”, explicou, identificando as
megatendências, como perfil
demográfico, ascensão do indivíduo,
inclusão tecnológica, interligação
econômica, dívida pública,
mudança do poder econômico,
mudanças climáticas, pressão
sobre recursos e urbanização.
“Outro estudo utilizado para
entender melhor a infraestrutura no
Brasil foi o Índice de Competitividade
Global, do Economic Forum. São
estatísticas de 2014, que analisam
148 países. Se observarmos o
primeiro número, que tem a ver com
a qualidade geral da infraestrutura,
o Brasil está 114º. Uma situação
bastante crítica para um país que
representa a sétima economia do
mundo”, considerou o executivo,
mencionando que, a partir dos
dois estudos, foi avaliada a lista
com mais de 1.500 projetos do
Anuário Exame de Infraestrutura nos
setores de energia, saneamento,
telecomunicações, transportes,
saúde, educação.
“Após várias análises, cada setor
ficou com cerca de 10 a 15 projetos,
nas categorias energia, petróleo
e gás, saneamento, telecom,
infraestrutura social e mobilidade
urbana, e pedimos que especialistas
identificassem quais seriam os quatro
projetos prioritários de seu setor.
Obtivemos um conjunto de projetos,
com três no setor de energia, sendo
concessão da usina hidrelétrica de
Belo Monte, o programa de Smart
Grid da Light, e a usina hidrelétrica
de São Luis dos Tapajós; e dois de
petróleo, que são Campo de Libra e
as 29 sondas de perfuração de águas
profundas do parque”, revelou Endo,
ao explicar que esses são alguns dos
3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina - 17
LIDE - Rio
O desafio de melhorar a
infraestrutura do Brasil foi tema
de destaque da ENR 2014
projetos que a KPMG acredita que
poderão contribuir para que o Brasil,
futuramente, seja um país melhor em
todos os aspectos.
Essa descrição auxiliou Tourinho a
afirmar que ao longo do tempo o Brasil
aprendeu muito. “Desenvolvemos um
documento com a intenção de listar
as prioridades do governo para alargar
as opções de financiamento: redução
da participação do BNDES, melhoria
de estruturação de projetos, melhoria
de alocação de riscos, redução de
custos de financiamento do BNDES,
e mais financiamentos de incentivo
para capitais privados”, contou, ao
afirmar que na prática nos defrontamos
com quase todos esses problemas e
que, então, o nosso maior desafio no
país será como financiar tudo o que é
necessário para resgatar o passado,
melhorar o presente e pensar no futuro.
Sobre o setor de energia,
Sales registrou a evolução ocorrida
desde a instituição da lei Eliseu
Resende, com a introdução
dos leilões de energia. “Foi um
caminho difícil, que não deixou de
ter desafios importantes, como a
crise de 2001. Mas foi uma evolução,
fortemente interrompida com a
medida 579, cujos resultados são
percebidos hoje”, considerou, ao
divulgar os resultados de um estudo
realizado pela Acende Brasil, em
fevereiro de 2014, que divide o setor
elétrico em três partes: adequação
da oferta, modicidade tarifária,
credibilidade e confiança. “A questão
dos atrasos é assustadora. Existe
um número enorme de usinas que
não podem operar por falta de
transmissão, linhas de transmissão
ociosas por atrasos nas subestações.
Os leilões exigem aprimoramento
e é necessária uma redução
tarifária”, resumiu.
Ao destacar que o setor de
petróleo deve inserir as melhores
práticas internacionais, exigindo que
o Brasil se adapte a uma realidade
mundial, Zylbersztajn mencionou
que o país precisa, por meio de
inúmeras medidas, recuperar seu
nível de atratividade do mercado,
perdido com a introdução de
várias medidas internas. “Em
relação à atração de investimentos,
enfrentamos hoje um problema
bem sério de credibilidade,
confiança e de mudança de regras.
Dados de mercado mostram que
o país já teve cerca de 100 empresas
do setor atuando em território
brasileiro, mas boa parte delas
já foi embora. Atualmente, o
ambiente de atração são os leilões,
inclusive do pré-sal, que só vão
ocorrer a partir da capacidade
financeira da Petrobras”, disse.
Para Virginia, a atração de
investimentos internacionais
deve considerar as mudanças
climáticas. “Temos de pensar
que a nossa matriz é diversificada
e competitiva para avançar
no mercado mundial”, encerrou.
18 - 3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina
LIDE-Rio
Segundo Malan, a
economia mundial
ainda enfrentará alguns
anos de obstáculos,
com exceção dos
Estados Unidos
Tendências e
cenários da economia
O economista Pedro Malan oferece uma visão sobre a
economia do Brasil e do mundo em 2015
Responsável por concentrar todas as informações
debatidas durante o ENR 2014, a partir de uma visão
econômica global e regional, o economista Pedro Malan iniciou
sua palestra dizendo que os resultados do painel interativo
(veja boxe na pág. 19) ou de qualquer outra variante dependem
unicamente da interação entre o que está acontecendo
e vai acontecer no mundo, no que pode acontecer e está
acontecendo na América Latina e o que acontece e pode
acontecer no Brasil, especialmente com o novo mandato
presidencial. “Há uma complexa interação entre esses fatores
e isso envolve o setor de energia”, explicou.
A partir da realidade econômica dos Estados Unidos,
Malan começou a traçar o tema de sua apresentação. “Em
dezembro de 2007, foi anunciado que o país tinha entrado
em recessão, algo que os especialistas já tinham notado
desde o final de 2006, quando o preço de residências e
prédios comerciais começou a desabar. Passados sete
anos, os Estados Unidos é o país que melhor está reagindo
a essa situação, mas o nível de renda per capta americano
registrado em 2007 só foi superado no início de 2012. A
maioria dos países europeus ainda não atingiu o mesmo nível
de renda per capta de 2007, sendo que alguns só o alcançarão
no final desta década ou no início da próxima”.
Ao mencionar que essa crise – “na qual não emergimos
totalmente” – é ainda pior do que a sofrida na década de
1930, Malan afirmou que a economia ainda passa por um
processo de desalavancagem, com o nível de dívida – de
famílias, empresas, instituições financeiras e governos –
excessivamente elevado, em parte por uma herança do
passado pré-2007 e parte por respostas à crise.
“O fato é que esse legado tem a ver com resposta à crise.
Quando há um colapso no setor privado, governos – o que
significa tesouros e bancos centrais – têm de entrar com os
3a Conferência de Energia e Recursos Naturais da América Latina - 19
Cenário financeiro
Antes de a apresentação de Pedro Malan ter início, quatro perguntas sobre a economia local e global
foram feitas aos participantes do ENR 2014, cujas respostas estão registradas a seguir:
Qual sua expectativa de crescimento do PIB do
Brasil em 2015?
5,41%
35,91%
Qual sua expectativa para a inflação no Brasil em 2015?
7,63%
5,02%
11,97%
Acima de 3%
Entre 2% e 3%
Entre 1% e 2%
Entre 0% e 1%
Abaixo de 0%
54,66%
Qual sua expectativa para a taxa dólar no Brasil em 2015?
1,19%
15,08%
39,29%
Acima de 6,5%
Entre 5% e 6,5%
Entre 4% e 5%
Abaixo de 4%
36,44%
41,7%
6,75%
1,27%
Qual sua expectativa da Taxa Selic para final de 2015? 9,16%
Acima de R$2,80
Entre R$2,60 e R$2,79
Entre R$2,40 e R$2,59
Entre R$2,20 e R$2,39
Abaixo de R$2,19
37,7%
recursos disponíveis, que devem ser tomados
como empréstimos e devem ser gastos em consumo
ou investimento. Mas isso não constitui um substituto
ao setor privado, assim como o privado não constitui o
público”, justificou.
Fazendo uma análise das expectativas econômicas dos
Estados Unidos, Europa e Ásia, o economista não poupa
esforços para afirmar que a nação norte-americana tem uma
grande vantagem em relação ao continente europeu. “É uma
união monetária madura, com autoridade fiscal centralizada,
um Banco Central criado há 101 anos para ser um emprestador
de última instância da grande crise de 1907. Hoje vemos uma
recuperação da economia, que ainda é frágil. O mercado de
trabalho americano está diminuindo o índice de desemprego,
mas ainda há um índice grande de trabalhadores atuando de
forma involuntária”, revelou.
Segundo Malan, a economia mundial ainda enfrentará
alguns anos de obstáculos, com exceção dos Estados
Unidos. “Nos próximos anos, teremos uma situação não tão
extraordinária, comparável a períodos anteriores. Os preços de
commodities que caíram nos últimos dois anos vão aumentar
em 2015, mas não será suficiente para superar a queda dos
últimos dois anos. Em resumo, o contexto internacional é
mais desafiador, mas não se justifica que os argumentos de
problemas que sofrem regiões, como a América Latina, são
derivados de uma crise internacional, porque o pior dessa
crise já passou. É um período desafiador, que eu não tenho
11,25%
0%
27,09%
52,99%
Deverá subir significativamente
(acima de 12%)
Poderá subir moderadamente
(entre 11,25% e 12%)
Pode ficar no patamar
atual (11,25%)
Deverá cair moderadamente
(entre 9,75% e 11,25%)
Cairá acentuadamente
(abaixo de 9,75%)
dúvidas de que será superado, mesmo a um custo elevado. E,
portanto, nós devemos pensar no que nós deveríamos ter feito
e poderemos fazer no futuro”, adiantou.
Em relação à América Latina, o economista disse que
a região é vista particularmente pelos investidores como
três grandes blocos de países: o bolivariano peronista, os
países do Tratado do Atlântico – que buscam se integrar
com a economia americana, europeia e asiática por meio
da aliança com o Pacífico (nesse caso, México, Colômbia,
Peru e Chile) – e o Brasil, muito grande para se unir a outro
bloco de países. “Especialmente sobre o Brasil, acho
que essa conferência ocorreu em momento oportuno.
Independentemente do resultado das eleições, eu procuro
sempre olhar para frente, e vejo um nevoeiro”, considerou.
Malan explicou que esse “nevoeiro” é resultado de três
legados presentes no atual governo: primeiro – que o Brasil
não foi construído a partir de janeiro de 2003; segundo – a
partir de 2007, com a decisão de que o país deveria mudar,
resultando em um superaquecimento da economia; e agora
com um legado dos últimos quatro anos. “Eu espero agora
o reconhecimento de questões que devem ser revistas. A
ideia de que é possível dobrar a aposta “do mais do mesmo”
me parece perigosa. É impossível imaginar uma situação em
que os governos e suas empresas públicas sejam capazes
de liderar um processo de investimento de mais de 20%,
como era o objetivo desse governo cujo mandato termina em
janeiro de 2015”, afirmou.
Contatos
Martiniano Lopes
Líder de Energia e Recursos Naturais da América
Latina e Brasil
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[email protected]
Manuel Fernandes
Líder de Óleo e Gás
Tel.: +55 21 3515 9412
[email protected]
Alexandre Machado
Diretor de Desenvolvimento
de Negócios de Óleo e Gás
Tel.: +55 21 3515 9420
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Ulysses Magalhaes
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Tel.: +55 11 2183 3133
[email protected]
José Luiz Carvalho
Sócio de Auditoria para Power e Utilities
Tel.: +55 11 2183 3103
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Sócia de Tributos para Energia
e Recursos Naturais
Tel.: +55 11 2183 3182
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André Donha
Diretor de Consultoria em Gestão
para Óleo & Gás
Tel.: +55 21 2131 9467
[email protected]
Rodrigo Petterle
Diretor de Consultoria em Gestão para Energia
e Recursos Naturais
Tel.: +55 21 3515 9473
[email protected]
Luis Claudio
Sócio Auditoria para Óleo & Gás
Tel.: +55 21 3515 9425
[email protected]
Bernardo Moreira
Sócio de Auditoria em Óleo & Gás
Tel.: +55 21 3515 9413
[email protected]
Inayara Kjaer
Sócia de Integração e Separação para Energia
e Recursos Naturais
Tel.: +55 21 2131 9411
[email protected]
Vania Souza
Líder de Power e Utilities
Tel.: +55 21 3515 9421
[email protected]
Júlio Cepeda
Sócio deTributos para Energia e Recursos Naturais
Tel.: +55 21 3515 9133
[email protected]
Franceli Jodas
Diretora de Desenvolvimento
de Negócios de Power e Utilities
Tel.: +55 11 2183 3171
[email protected]
Paulo Coimbra
Sócio de Transações & Reestruturação
para Energia e Recursos Naturais
Tel.: +55 21 3515 9219
[email protected]
Fernando Farias
Sócio de Transações & Reestruturação
Tel.: +55 21 3515 9118
[email protected]
Pieter Van Dijk
Líder de Mineração
Tel.: +55 21 3218 9424
[email protected]
Marco Túlio Ferreira
Sócio de Auditoria para Mineração
Tel.: +55 31 2128 5712
[email protected]
Anderson Dutra
Líder de Chemicals
Tel.: +55 21 35159477
[email protected]
Vilma Andrade
Sócia de Tributos para Mineração
Tel.: +55 31 2128 5740
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Daniel Trigo
Coodernador do KPMG
LATAM Energy Institute
Tel.: +55 21 3515 9121
[email protected]
Roberto Haddad
Líder de Tributos para Energia
e Recursos Naturais
Tel.: +55 21 3515 9469
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Paulo Marcelo
Diretor de Consultoria em Riscos para
Energia e Recursos Naturais
Tel.: +55 21 3515 9077
[email protected]
Augusto Sales
Sócio de Transações & Reestruturação
para Energia e Recursos Naturais
Tel.: +55 21 3515 9443
[email protected]
Maurício Endo
Sócio líder de Governo & Infraestrutura
Tel.: +55 11 3245 8322
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Fernando Lage
Sócio de Consultoria em Riscos para Energia e
Recursos Naturais
Tel.: +55 61 2104 2400
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Carvalho.Textos: Ligia Molina e Leticia Iambasso. Coordenação editorial: Melissa Kechichian.
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