Legislação Estadual
DO PARCELAMENTO DO SOLO
LEI N° 6.063 DE 24 DE MAIO DE 1982.
Dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano e dá outras providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Faço saber a todos os
habitantes deste Estado, que a Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
Art. 1º - O parcelamento do solo urbano no Estado será feito mediante
loteamento ou desmembramento, observadas as disposições desta Lei e da
Legislação Federal e Municipal pertinente.
Parágrafo Único - Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I - loteamento - a subdivisão de gleba urbana em lotes destinados à edificação,
com abertura de novas vias de circulação, de logradouros ou prolongamento,
modificação ou ampliação de vias existentes;
II - desmembramento - a subdivisão de gleba em lotes destinados à edificação,
com aproveitamento do sistema viário existente, sem abertura de novas vias ou
logradouros públicos, nem prolongamento, modificação ou ampliação dos já
existentes.
Art. 2º - Só é admissível o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas
urbanas ou de expansão urbana, assim definidas na legislação municipal.
Art. 3º - Não será permitido o parcelamento do solo:
I - em terrenos alagadiços ou sujeitos a inundações, antes de tomadas as
providências para assegurar o escoamento das águas;
II - em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública
sem que sejam previamente, saneados;
III - em terrenos com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento);
IV - em terrenos onde as condições geológicas e topográficas desaconselhem a
edificação;
V - em áreas de proteção especial, definidas na legislação, e naquelas onde o
parcelamento do solo possa causar danos relevantes à flora e outros recursos
naturais;
VI - em áreas onde as condições ambientais ultrapassem os limites máximos dos
padrões de qualidade ambiental ou onde a poluição impeça condições sanitárias
suportáveis;
Parágrafo Único - Os Municípios, em consideração às características locais,
poderão estabelecer, supletivamente, outras limitações desde que não conflitem
com as disposições desta Lei.
Art. 4º - Em áreas litorâneas, numa faixa de 2.000 m (dois mil metros) a partir das
terras de marinha, o parcelamento do solo depende de análise prévia da
Fundação de Amparo à Tecnologia e ao Meio Ambiente - FATMA.
Art. 5º - Compete ao Gabinete de Planejamento e Coordenação-Geral – GAPLAN
- proceder ao exame e dar anuência prévia, para posterior aprovação do
Município, em projetos de parcelamento, quando:
I - localizados em áreas de interesse especial, assim definidos pelo Estado ou
pela União;
II - localizados em área limítrofe do Município, assim consideradas até a distância
de 1 (um) quilômetro de linha divisória, ou que pertença a mais de um Município;
III - localizados em aglomeração urbana;
IV - o loteamento abranger área superior a 1.000.000 (um milhão) de metros
quadrados.
Parágrafo 1º - Para o cumprimento do disposto neste artigo, a parte interessada
deverá instruir seu processo de loteamento com projetos, desenhos, memorial
descritivo, planta do imóvel, título de propriedade e certidão negativa da Fazenda
Pública Estadual.
Parágrafo 2º - Os desenhos conterão, pelo menos:
I - a indicação do imóvel a ser loteado, dentro da área municipal;
II - as subdivisões das quadras em lotes, com respectivas dimensões e
numeração;
III - o sistema de vias com a respectiva hierarquia;
IV - as dimensões lineares e angulares do projeto, com raios, cordas, arcos,
pontos de tangências e ângulos centrais das vias;
V - os perfis longitudinais e transversais de todas as vias de circulação e praças
públicas;
VI - a indicação dos marcos de alinhamento e nivelamento localizados nos
ângulos de curvas e vias projetadas;
VII - a indicação em planta e perfis de todas as linhas de escoamento das águas
pluviais.
Parágrafo 3º - o memorial descritivo conterá:
I - a descrição do loteamento, com as suas características e a fixação das zonas
de uso predominante;
II - as condições urbanísticas do loteamento e as limitações que incidem sobre os
lotes e suas construções;
III - a indicação das áreas públicas que passarão ao domínio do município no ato
de registro do loteamento;
IV - a enumeração dos equipamentos urbanos, comunitários e dos serviços
públicos ou de utilidade pública já existentes no loteamento e adjacências.
Parágrafo 4º - Na planta de loteamento deverão constar as curvas de nível,
equidistantes 1 m (um metro) entre si.
Parágrafo 5º - Além das normas constantes deste artigo, o Estado definirá por
decreto, sempre que necessário, outras diretrizes gerais de planejamento para
uso do solo, nas áreas de sua competência.
Art. 6º - Consideram-se áreas de interesse especial:
I - as necessárias à preservação do meio ambiente;
II - as que dizem respeito à proteção aos mananciais ou ao patrimônio cultural,
artístico, histórico, paisagístico e científico;
III - as reservadas para fins de planejamento regional e urbano;
IV - as destinadas à instalação de distritos e áreas industriais.
Parágrafo Único - Na análise dos projetos de parcelamento localizados em áreas
de que trata este artigo, o GAPLAN poderá ouvir outros órgãos ou entidades da
Administração Pública Estadual, na conformidade de suas respectivas
competências.
Art. 7º - Considera-se aglomeração urbana, para os efeitos desta Lei, o
Aglomerado Urbano de Florianópolis, formado pelo território dos Municípios de
Florianópolis, Biguaçu, Palhoça, São José, Santo Amaro da Imperatriz, Águas
Mornas, Antônio Carlos e Governador Celso Ramos.
Art. 8º - Os projetos de loteamento de que trata a presente Lei deverão atender
aos seguintes requisitos:
I - as áreas destinadas a sistema de circulação, à implantação de equipamento
urbano e comunitário e espaços livres de uso público, não poderão ser inferiores
a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba;
II - os lotes terão área mínima de 360 (trezentos e sessenta) metros quadrados e
frente mínima de 12 m (doze metros), salvo quando a legislação municipal
determinar maiores exigências ou quando o loteamento se destinar à urbanização
específica ou edificação de conjuntos habitacionais de interesse social
previamente aprovados pelos órgãos públicos competentes;
III - ao longo das águas correntes e dormentes, e das faixas de domínio público
das rodovias, ferrovias e dutos, é obrigatória a reserva de uma faixa “non
aedificandi” de 15 m (quinze metros) de cada lado, salvo maiores exigências
estabelecidas em lei federal ou municipal.
OBS: Quanto a margem de rios observar a Lei nº 4.771 de 15.09.65 (Código
Florestal).
Parágrafo 1º - O percentual de áreas públicas previsto no inciso I deste artigo
poderá ser reduzido nos casos de loteamentos destinados ao uso industrial cujos
lotes forem maiores de 15.000 (quinze mil) metros quadrados.
Parágrafo 2º - São considerados comunitários os equipamentos de uso público
de educação, saúde, cultura, esporte, lazer, treinamento profissional,
associativismo e similares, quando pertencentes ao poder público.
Parágrafo 3º - São considerados urbanos os equipamentos públicos de
abastecimento de água industrial e potável, serviços de esgoto, energia elétrica,
coleta de águas pluviais, rede telefônica, coleta de lixo, gás canalizado, estações
de abastecimento e de tratamento de efluentes domésticos e industriais.
Art. 9º - O projeto de desmembramento, observado o disposto no artigo 8º, será
acompanhado de planta do imóvel a ser desmembrado, contendo no mínimo:
I - a indicação das vias existentes e dos loteamentos próximos;
II - a indicação do uso predominante no local e da divisão pretendida na área a
ser desmembrada.
Art. 10 - Cabe ao município fixar os requisitos exigíveis para a aprovação de
desmembramento de lotes decorrentes de loteamento cuja destinação de área
pública tenha sido inferior à mínima exigida por esta Lei.
Art. 11 - Aplicam-se ao desmembramento, no que couber, as disposições
urbanísticas exigidas para o loteamento, especialmente as contidas nos artigos
2° e 8°, item II, desta Lei.
Art. 12 - Depende de anuência do Estado o cancelamento de registro de
loteamento em áreas especiais de sua competência.
Parágrafo Único - O Estado opor-se-á ao cancelamento se este for
manifestamente prejudicial ao desenvolvimento urbano, ou quando já realizados
melhoramentos na área loteada ou em suas adjacências.
Art. 13 - Os municípios não-localizados em áreas de interesse especial,
aglomerados urbanos ou com projetos não-incluidos em qualquer outra situação
prevista no artigo 5° desta Lei, poderão encaminhar projetos de loteamento ou
desmembramento ao exame do GAPLAN[1], visando sua adequação às
exigências da legislação federal e estadual pertinente.
Art. 14 - Fica o Estado autorizado a desapropriar áreas urbanas ou de expansão
urbana, para fins de reloteamento, demolição, reconstrução e incorporação,
ressalvada a preferência dos expropriados para aquisição de novas unidades.
Art. 15 - Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 16 - Revogam-se as disposições em contrário.
Florianópolis, 24 de maio de 1982.
HENRIQUE HELION VELHO DE CÓRDOVA
Publicada no DOSC de 25.05.82
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LEI Nº 6.063, DE 24 DE MAIO DE 1982.