QUE VENHA À NOSSA MÃO O QUE NOS É ADVERSO
O vácuo deixado pela morte de Salazar, só pode ser preenchido pelo
próprio Salazar — quero dizer, por aqueles que tiveram a virtude e o bem de
saber interpretar o sentido da Obra que lhes legou, para que a exerçam, para
que prossigam na sua execução, porque qualquer Obra só tem sentido se
pretender alcançar objectivos que não cabem no exíguo espaço de uma
geração.
Nós, homens com menos de quarenta anos, somos pois as mais
valiosas testemunhas do Estado Novo, porque não conhecemos outro Estado.
Se os mais velhos têm a noção do ressurgimento e da Ordem alcançados por
Salazar, nós, pelo nosso lado, temos a formação nascida dessa Ordem e
desse movimento. Uma coisa é ver uma obra e outra é senti-la. E porque a
sentimos como nossa, porque foi feita a pensar em nós, sabemos e podemos
garantir que a continuaremos, para além de todas as conjunturas, porque
temos a noção perfeita de que constituímos o único escol nacional — não um
escol seleccionado segundo valores abstractos e subjectivos, mas segundo
aqueles valores que interessam a Portugal e aos portugueses, porque um escol
nacional não pode ser formado pelos mais originais intelectualmente, mas por
aqueles que intelectualmente mais interessem à Nação.
O que fazer? Que sempre se nos impôs em vida de Salazar, é agora
ponto essencial da acção. Para fazer algo teremos que o fazer bem, melhor
que quaisquer outros, em conformidade com o sentido da herança que
recebemos. Teremos também que saber aplicar na acção a nossa filosofia, a
nossa doutrina, porque a nossa geração em breve será chamada a governar
Portugal e o Mestre sempre ensinou que... «O Estado é uma filosofia em
Acção».
Dar um sopro de movimento às nossas ideias; dar uma realidade activa
às nossas prorrogativas; dar um cunho dinâmico ao nosso alerta, eis, antes de
mais, o que há a fazer.
Parece simples de agir de acordo com a nossa doutrina, mas não é,
como não é fácil agir dentro de qualquer doutrina — razão pela qual os homens
se transformam em técnicos; no entanto é indispensável que saibamos, como
Salazar o soube, preencher uma época, desde as grandes estruturas ao mais
íntimo pormenor, desde os empreendimentos às palavras, desde as
consciências aos ambientes, remodelando o visível e o invisível, enformando
tudo num todo, porque uma Nação só o é realmente se for tudo num todo.
É preciso fugir a lutas estéreis que nos podem comprometer como
lutadores e desgastar como doutrinários e doutrinados. É preciso lutar somente
quando estiver em causa a estabilidade nacional e contra os que a possam
fazer perigar. Em lugar de criar inimigos devemos procurar colaboradores e
colaborarmos nós, também, com os que não são nossos inimigos.
Poucos povos, nos nossos dias, possuem tantas garantias, tantas
esperanças firmadas, de ter ao seu alcance as metas que a História fixou,
como nós, os Portugueses, temos e porque esta miraculosa capacidade nos foi
dada por Salazar, pela sua doutrina e pelo exemplo da sua infatigável acção,
temos o dever de não perder os postos alcançados, mas até de reforçá-los e
construir outros, porque um só momento de imobilidade ou frouxidão, devolvernos-ia ao caos, derrotaria os valore alcançados com tantos sacrifícios e tanto
trabalho.
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A palavra de ordem é pois, como foi já sobejamente dito, continuar. Mas
essa noção de continuidade não pode ser desvirtuada. O grande valor da
nossa geração estará em sabermos continuar, sem nos desviarmos uma linha
da nossa doutrina, obrigando o que nos é adverso a vir à nossa mão, e não
sermos nós a render homenagem ao que é alheio à nossa vontade, à nossa
filosofia, ao interesse de Portugal.
Dugos Baptista
In Política, n.º 14/15, 15/30.07.1971, pág. 11.
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