Projeto na Assembleia gaúcha prevê que lojas informem valor de
produtos por grama ou metro
Etiqueta com informação conforme peso, volume ou unidade facilita cálculo para comparar preços
Foto: Jessé Giotti / Agencia RBS
Erik Farina - [email protected]
Os costumeiros cálculos à frente das gôndolas para saber se vale mais a pena comprar
aquele tubo de pasta de dentes de 120 gramas, um pouco mais caro do que o de 90
gramas, ou se o refrigerante de 3,3 litros é realmente mais em conta do que o de 2
litros podem estar com os dias contados. Já adotada em Estados como São Paulo, Rio
de Janeiro e Santa Catarina, a informação do preço unitário conforme peso, volume ou
número de unidades poderá ser obrigatória no Rio Grande do Sul.
Caso seja implementada, a ideia poderá ajudar os clientes a compararem preços de
produtos em diferentes quantidades. Será mais fácil, por exemplo, saber o valor do
metro do papel higiênico vendido em embalagem com oito rolos de 60m e compará-lo
ao de um pacote com quatro rolos de 30m. A informação seria acrescentada nas
etiquetas fixadas nas gôndolas.
Algumas redes no Estado já detalham o preço de forma espontânea. Desde que
práticas semelhantes passaram a ser adotadas em outros Estados, o Carrefour passou
a destacar o valor unitário em todas as lojas no país. A rede Walmart, dona das
bandeiras Big e Nacional, informa os valores proporcionais em toda sua rede na Região
Sul.
A obrigatoriedade de informar o valor unitário de cada mercadoria é a proposta de um
projeto de lei que está em discussão na Assembleia Legislativa desde 2009, e no mês
passado chegou à Comissão de Economia e Desenvolvimento Social, última instância
antes de ir à votação.
– Há uma variedade grande de tamanhos e medidas entre os mesmos produtos nos
supermercados, isso confunde a pesquisa de preços. A proposta é que os
supermercados forneçam esta informação de forma clara – explica o autor do projeto,
deputado Miki Breier (PSB).
Outras tentativas de padronizar a informação de unidades básicas nas etiquetas não
vingaram no Rio Grande do Sul. Em 2011, a Promotoria de Justiça e Direito do
Consumidor do Ministério Público procurou a Associação Gaúcha de Supermercados
(Agas) para propor um termo de ajustamento para este fim. A Agas foi contra, e,
conforme a entidade supermercadista, o Ministério Público (MP) suspendeu o projeto.
O MP não concedeu entrevista, alegando ausência de porta-voz.
Conforme o presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, a prática poderia confundir o
consumidor, ao apresentar um preço unitário que na prática não será cobrado. Longo
cita o exemplo de um vidro de esmalte, cujo valor por litro poderá chegar a quase R$
400. A obrigatoriedade traria, ainda, custos adicionais aos pequenos supermercadistas,
sem garantia de facilitar a pesquisa por parte dos clientes.
– O consumidor não escolhe o produto apenas pelo preço, mas também pela marca e
qualidade – afirma Longo.
Mas a ideia parece contar com a aprovação dos clientes. A aposentada Carmem de
Menezes costuma passar horas entre as gôndolas calculando qual mercadoria
realmente oferece um preço menor. Se este valor já estivesse descrito na etiqueta, de
forma clara, suas compras seriam mais rápidas – e as possibilidades de se confundir,
menores, argumenta Carmem.
As diferenças*
Condicionador
Cachos Definidos
400ml a R$ 12,25
Preço por litro: R$ 30,62
Restauração Profunda
750 ml a R$ 21,90
Preço por litro: R$ 29,20
Esmalte
Perolado
7,5ml a R$ 2,80
Preço por litro: R$ 373,30
Penélope
8ml a R$ 3,90
Preço por litro: R$ 487,50
Iogurte
Essence
800g a R$ 4,49
Preço por quilo: R$ 5,61
Defense
400g a R$ 3,96
Preço por quilo: R$ 9,90
Água mineral
5 litros a R$ 3,59
Preço por litro: R$ 0,72
1,5 litro a R$ 1,65
Preço por litro: R$ 1,10
Papel higiênico
8 rolos 60 metros a R$ 6,60
Preço por metro: R$ 0,013
4 rolos 30 metros a R$ 3,69
Preço por metro: R$ 0,028
*Levantamento feito por Zero Hora em supermercados de Porto Alegre
Fonte: Zero Hora
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