Autor: Gilberto Martins
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Forma de apresentação: Pôster
Grupo de Pesquisa:1
A competitividade no Complexo Agroindustrial do Frango
Gilberto Martins *
Bernardo Pádua Jardim de Miranda **
Douglas Luiz Assis Diniz ***
Odilon Antônio Dias Lima ****
RESUMO
A importância do agronegócio reside em sua capacidade de impulsionar outros setores.A
exemplo disso, quando o complexo agro-industrial de frango de corte movimenta os
setores que estão antes da porteira da fazenda, como máquinas, agronegócio da soja e do
milho para o processamento da ração, vacinas, etc, denominado de efeitos para trás;
quando o complexo agro-industrial de frango de corte impulsiona os setores produtivos que
se situam depois da porteira da fazenda, como a logística, o transporte e a comercialização
das carnes, estes são efeitos para a frente. Diante da importância do setor esse estudo tem
como objetivo explicar a importância da competitividade no Complexo Agroindustrial do
Frango.
Palavras – Chave: Competitividade, Complexo Agroindustrial, Frango.
1 – INTRODUÇÃO
A cadeia produtiva de frangos de corte no Brasil ocupa, atualmente, posição de
destaque no agribussiness brasileiro. Sob quaisquer aspectos que se possa analisar o setor
verifica-se um grande dinamismo, seja na produção, industrialização, comercialização,
progresso técnico ou mercado externo. Destaca-se, também, sua importância como
atividade geradora de empregos e renda para a população brasileira. Este desempenho é
reflexo do profundo processo de reestruturação industrial, de mudanças tecnológicas e de
melhorias nas técnicas de manejo, nutrição e sanidade das aves, que ocorreu no Brasil a
partir da década de 70 , sendo intensificado na década de 90. Acrescente-se a isso, o fato
do país ser um grande produtor de soja e milho – principais componentes da ração
alimentar para frangos de corte – e a implantação do sistema de produção em “parceria
avícola”, nos principais estados produtores. Segundo Fernandes Filho & Queiroz (2001), o
desempenho da avicultura de corte é significativamente melhor do que o observado para a
produção de outros tipos de carnes no Brasil, como as de suínos e da tradicional carne de
bovinos, o que faz com que o setor ganhasse importância social e econômica.
A avicultura brasileira vem se colocando entre as mais desenvolvidas do mundo,
sendo que para tal desempenho concorre a rápida absorção dos avanços tecnológicos
alcançados por países que se caracterizam por possuírem uma atividade avícola muito
desenvolvida, como é o caso dos Estados Unidos da América. Outrossim, os avanços
tecnológicos observados na atividade avícola foram acompanhados por notáveis
reestruturações dentro de seu sistema produtivo, sendo a mais relevante àquela
representada pela produção integrada via contratos (AVES e OVOS, 2004).Segundo dados
da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (ABEF) (ABEF,
2003), no período 1997-2002, o Brasil foi responsável, em média, por cerca de 10,2% da
produção mundial de carne de frango (sendo que em 1997 esta participação era de 8,8% e
em 2002, de 12,1%), teve seu consumo de carne de frango elevado de 23,8kg por
habitante, em 1997, para 33,8kg por habitante, em 2002, e a exportação desse tipo de carne
*
Mestre em Economia Rural – UFC e professor de Economia na Faculdade Santa Rita
Mestre em Desenvolvimento Econômico e Professor na Faculdade Santa Rita
***
Aluno de Ciências Econômicas na Faculdade Santa Rita
****
Aluno de Ciências Econômicas na Faculdade Santa Rita
**
(1.600 mil toneladas em 2002) só foi superada pela exportação norte-americana (cuja cifra
foi de 2.208 mil toneladas em 2002).
Diante, do exposto propoõe-se neste estudo fazer uma breve discussão do setor avícola
brasileiro, no que diz respeito a competitividade.
1.1 – O Complexo Agro-industrial Brasileiro
A importância do agronegócio reside em sua capacidade de impulsionar outros
setores, (Figura 1). A exemplo disso, quando o complexo agro-industrial de frango de
corte movimenta os setores que estão antes da porteira da fazenda, como máquinas,
agronegócio da soja e do milho para o processamento da ração, vacinas, etc, denominado
de efeitos para trás; quando o complexo agro-industrial de frango de corte impulsiona os
setores produtivos que se situam depois da porteira da fazenda, como a logística, o
transporte e a comercialização das carnes, estes são efeitos para a frente.
FIGURA 1 – Elementos do Complexo Agroindustrial
O agronegócio brasileiro é responsável por cerca de 1/3 do produto interno
bruto do Brasil, empregando 38% da mão de obra e sendo responsável por 36% das
importações, sendo um dos setores mais importantes da economia brasileira
(ABEF, 2004).
Com a globalização de mercados, o sucesso de uma empresa, principalmente no
agronegócio, depende cada vez mais da inter-relação entre fornecedores, produtores de
matéria prima, processadores e distribuidores. A divisão tradicional entre indústria,
serviço e agricultura é inadequada. O conceito de agronegócio representa portanto, o
enfoque moderno que considera todas as empresas que produzem, processam, e
distribuem produtos agropecuários.
A agricultura e a agroindústria têm fortes impactos para trás e principalmente
para frente. Para cada mil unidades de produção de seu setor, são exigidas x unidades
de produção dos demais setores produtivos. Cada R$ 1.000 produzidos pela
agropecuária resultam R$ 5.636 que são gerados em atividades que estão depois da
fazenda (transporte, comercialização) e de mais R$ 623 sobre atividades antes da
porteira da fazenda (máquinas, fertilizantes). Os setores agro-industriais apresentam
mais impacto sobre atividade para trás, como a própria agricultura (ABEF, 2004).
A organização do agronegócio engloba todos os envolvidos com a produção,
processamento e distribuição de um produto (FIGURA 2). Tal sistema inclui o mercado de
insumos agrícolas, a produção agrícola, operações de estocagem, processamento, atacado e
varejo, demarcando um fluxo que vai dos insumos até o consumidor final. O conceito
engloba todas as instituições que afetam a coordenação dos estágios do fluxo de produtos,
tais como as instituições governamentais, mercados futuros 1 e associações de comércio.
FIGURA 2 – Sistema Agro-industrial
Indústria
insumos
Pesquisa
Indústria
máquinas
Pecuarista
Indústria
embalagens
Indústria
Indústria
alimentos
higiene e
limpeza
Atacadista
Varejista
Banco
crédito rural
Banco
Consumidor
Fonte: FZEA – USP
1.2 – O CAI de Frango
No Brasil, a avicultura de corte de frango, até o final da década de 50 era uma
atividade básica de subsistência e que dispunha de poucos recursos, sendo desenvolvida
em bases não empresariais. A partir de 1960, passou a ter uma maior intensidade no seu
processo de produção, devido a melhoria genética, à introdução de novas tecnologias, ao
uso de instalações mais apropriadas, de alimentação racional e da parceria entre produtor e
a integração dos três setores num complexo agro-industrial, que permitiu saltos qualitativos
na produtividade, tornando este segmento um dos mais dinâmicos e competitivos do país.
Atrelado a esse desenvolvimento setorial no Brasil está a explicação do modelo
desenvolvido por Eli Heckscher e Bertil Ohlin na década de 1920, conhecido como o
teorema de Heckscher-Ohlin que explica o comércio entre os países por diferenças de
abundância de fatores onde há especialização no país com intensidade de fatores que
tendem a baixar seu custo de produção exportando esses bens, enquanto importa os bens na
qual exista escassez de fatores de produção.
O sistema agro-industrial do frango não se desenvolveu na atividade rural, mas sim
como um produto da estratégia industrial da genética animal, de implementação de
pesquisas e desenvolvimento da tecnologia. Sendo assim, o mercado urbano passa a ser
1
No mercado a futuro há compromissos de compra e venda, a preços determinados, de lotes prefixados e
para uma data futura fixadas pelas bolsas, tanto nas Bolsas de Valores como nas Bolsas de Mercadorias ( ou
commodities). O objetivo desse mercado é proteger compradores e vendedores contra problemas
imprevisíveis, como grandes oscilações de preço, especulação ou catástrofes naturais.
abastecido por uma indústria de abate e processamento de frango e não pelo aumento da
oferta da criação de frango pelo meio rural. Portanto, esta só ganhou destaque como objeto
de investigação a partir do envolvimento da indústria processadora na organização de
produtores integrados às suas necessidades de processamento. Mais ainda, somente a partir
do desenvolvimento da indústria a montante e a jusante, ou seja, a cadeia produtiva ao
centro envolvida por um complexo de atividades antes da porteira para fornecimento de
insumos e depois da porteira para sua distribuição da produção (site BNDES, 2004).
O produtor de frangos de corte especializa-se unicamente na engorda das aves, não
tendo de se preocupar com a criação dos pintos e produção de rações. Três grupos
empresariais (Sadia, Perdigão e Ceval) controlam 70% das exportações brasileiras de
frangos, sendo 32% da Perdigão, 21% da Sadia e 17% da Ceval (ABEF, 2004).
O Brasil conta com o melhor sistema de controle sanitário na produção de aves do
mundo, baseado na presença constante de veterinários nas linhas de abate e em modernos
laboratórios para as análises dos produtos.
O frango é comercializado no mercado internacional basicamente sob três formas:
inteiro, em partes e industrializado. As exportações são extremamente segmentadas em
termos de regiões geográficas e produtos. A União Européia compra, basicamente, peito de
frango sem osso e sem pele, optando, de forma crescente, por produtos com maior grau de
sofisticação. Os países do sudeste asiático adquirem, basicamente, parte de aves na forma
de asas e coxas desossadas. Trata-se de mercados muito competitivos, que exigem árduo e
lento processo de negociação. Uma característica importante desses mercados é a exigência
em termos de cortes especiais com grande padronização em termos de tamanho. As
exigências japonesas em face às empresas brasileiras têm sido extremamente severas,
freqüentemente desproporcionais em relação às que são feitas para outros fornecedores
como os EUA e França, ou seja, o rigor dos japoneses com o Brasil é muito maior do que
com os demais concorrentes (ABEF, 2004).
Outro mercado extremamente importante para o Brasil são os países árabes do
Oriente Médio. Trata-se de um mercado que consome frangos inteiros e de menor
tamanho, pois o hábito desses países é cada pessoa consumir um frango com cerca de 1 Kg
por refeição. Os maiores concorrentes do Brasil no mercado mundial de frango são os
EUA e a França. Os EUA exportam cerca de 1,8 milhões de toneladas, principalmente na
forma de coxas porque o consumidor norte-americano prefere a parte do peito do frango
(ABEF, 2004).
Houve crescimento da produção de frango no Brasil em 2003 em função da
coordenação da cadeia produtiva: tecnologia, escala, baixa ociosidade, relações econômico
- financeira confiáveis entre os agentes. A dependência externa é mínima, graças a
produção própria de 80% do mercado de linhagem de aves. A cadeia é elevada, com baixa
intermediação e alta orientação para o mercado consumidor. A Sadia e a Perdigão
exploraram o potencial do mercado externo (ABEF, 2004).
Na comercialização, o sistema de integração entre criador e indústria cresce e dá
alta competitividade à cadeia. No mercado externo, o Brasil é o segundo maior fornecedor,
com mais de 90 clientes, dos quais 10 são responsáveis por 75% da exportação total
(ABEF, 2004). Enquanto Rússia e Oriente Médio alavancaram as exportações brasileiras,
Europa e Mercosul seguraram o crescimento no primeiro bimestre de 2003. As vendas para
a Europa caíram 8,6%, em razão da presença de nitrofurano 1 em cargas provenientes do
Brasil. No Mercosul, a retração de 54,5% foi motivada por problemas econômicos
1
O nitrofurano é um anti-bacteriano extremamente forte e que, acumulado no organismo humano, pode ser
cancerígeno. Este, foi ilegalmente usado, na alimentação das aves, como prevenção a doenças.
enfrentados pela Argentina, o maior comprador, e em razão de medidas antidumping 1
contra o frango brasileiro. As medidas foram revogadas, mas o ritmo de vendas ainda não
foi retomado.
Em 2003 houve um desempenho acima da média mundial e que manteve o Brasil
como o terceiro maior produtor. A produção de frango aumentou 23,3 por cento em Abril
de 2004, face a igual mês do ano anterior, um crescimento que demonstra uma retoma dos
níveis normais, depois da crise dos nitrofuranos, em 2003 (ABEF, 2004).
Segundo o Boletim Mensal de Agricultura, Pescas e Agro-indústria, de Junho de
2004, o aumento significativo na produção de carne de frango, tal como no mês anterior,
deve-se à recuperação do setor, depois da situação de crise, em consequência da suspeita
de nitrofuranos nas carnes de aves, desencadeada em Fevereiro de 2003 e que levou ao
encerramento de algumas explorações avícolas.
O Brasil é o terceiro maior produtor de carne de frango perdendo somente para os
Estados Unidos e China, seguido pela União Européia e México (Tabela 1) e segundo
maior exportador de carne frango perdendo somente para os Estados Unidos e seguido pela
União Européia, China e Tailândia (Tabela 2).
TABELA 1 – Produção Mundial de Carnes de Frango
PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNES DE FRANGOS
PRINCIPAIS PAÍSES ( 1999 - 2004** )
Mil toneladas
ANO
EUA CHINA BRASIL
UE
MÉXICO
13.367
8.550
5.526
6.614
1.784
1999
13.703
9.269
5.977
6.654
1.936
2000
14.033
9.278
6.736
6.822
2.067
2001
14.467
9.558
7.517
6.750
2.157
2002
14.696 10.000
7.843
4.466
2.297
2003*
15.226 10.000
8.235
6.695
2.460
2004**
Fonte: USDA / ABEF
(* Preliminar ** Previsão)
MUNDO
47.554
50.097
51.765
53.597
53.913
55.622
TABELA 2 – Exportação Mundial de Carnes de Frangos (1999-2004)
EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNES DE FRANGOS
PRINCIPAIS PAÍSES ( 1999 - 2004** )
Mil toneladas
ANO
EUA BRASIL
UE
CHINA TAILÂN MUNDO
1999
2000
2001
2002
2003*
2004**
Fonte: USDA / ABEF
1
2.080
2.231
2.520
2.180
2.237
2.248
771
776
375
907
774
464
1.249
724
489
1.600
843
438
1.922
730
388
2.115
780
310
(* Preliminar ** Previsão)
285
333
424
465
528
300
4.442
4.856
5.589
5.769
6.075
6.046
O Dumping é uma prática comercial que consiste em vender produtos a preços inferiores aos custos, com a
finalidade de eliminar concorrentes e/ou ganhar meiores fatias de mercado, geralmente através de subsídios
governamentais. A Organização Mundial do Comércio (OMC) permite a introdução de tarifas especiais ou
sobretaxas de importação como forma de limitar os efeitos dessa política. Essas medidas são denominadas
medidas antidumping.
Verifica-se, também, a tendência de crescimento tanto na produção (Gráfico 1)
quanto nas exportações de carne de frango (Gráfico 2).
GRÁFICO 1 – Produção de Carne de Frango no Brasil (1999-2004)
Produção de Carne de Frango no Brasil 1999 a
2004
Produção em
Toneladas
10.000
8.000
6.000
BRASIL
4.000
2.000
0
1999
2000
2001
2002
2003* 2004**
Ano
Fonte: ABEF
GRÁFICO 2 – Exportação Brasileira de Carne de Frango (1999-2004)
Exportação do Brasil referente a Carne de Frango
de 1999 a 2004
2500
2000
Produção em 1500
Toneladas 1000
BRASIL
500
0
1999 ANO
2000
2001 2002 2003 2004
Anos
Fonte: ABEF (Associação Brasileira de Exportadores de Frango)
O volume de compras de carne de frango no comércio internacional, 4,279 mil
toneladas, que havia se estabilizado em 2002, caiu 0,11% em 2003. O principal motivo foi
a redução de 2,3% nas compras da Rússia, o maior importador mundial, por conta das
restrições através do sistema de cotas. Entre os dez maiores do ranking da importação até
2003, o Brasil só não exportava para Coréia do Sul e México, mas é prevista a primeira
negociação já que a parte sanitária está sendo ajustada pelos dois governos. E no caso
mexicano a ABEF já iniciou, em 2003, promissoras negociações com as autoridades locais.
2. Conceitos de competitividade Aplicada ao Agronegócio.
A teoria de Ricardo (1989), das vantagens comparativas, defende que o comércio
internacional beneficia mutuamente os envolvidos nas transações. Escolheu-se esta teoria
pelo dinamismo internacional do comércio avícola. O Brasil é um dos mais importantes
produtores, exportadores e consumidores de frangos no mundo. Como possui também uma
riqueza enorme em recursos naturais, não restam dúvidas que esta abundância em recursos
poderia explicar, em parte, suas vantagens comparativas. Os postulados de Ricardo
( 1989 ), economista inglês do século XIX, formulador da lei das vantagens comparativas,
afirmava que comparando-se dois produtos, por exemplo, vinho e queijo, produzidos em
países diferentes; como por exemplo Portugal e Brasil, os custos de produção do queijo em
relação aos custos de produção em relação ao vinho, seriam calculados, considerando-se
que cada um destes países dispusessem de recursos naturais, força de trabalho, capital e
conhecimentos técnicos.Possuiria a vantagem comparativa o país no qual se obtivesse a
menor relação dos produtos vinho e queijo.
2.1 - As Cinco Forças Competitivas de Porter
Para a obtenção da vantagem competitiva, segundo Porter (1989), é preciso
considerar as cinco forças competitivas. Estas cinco forças determinam o grau de
rentabilidade das empresas porque influenciam os preços, os custos e os investimentos
necessários ao desenvolvimento de um projeto empresarial.
O poder dos compradores pode influenciar o custo e o investimento, da mesma forma
que a ameaça de produtos substitutos. O poder de negociação dos fornecedores define o
custo das matérias primas. A intensidade da rivalidade tem impacto sobre os preços finais
dos produtos e ameaça de novos entrantes colocam limite nos preços.
• Grau de rivalidade: Ajuda a determinar a extensão até a qual o valor criado por uma
indústria será dissipado através da concorrência direta. Quanto mais concentrada for a
indústria, maior a possibilidade dos concorrentes perceberem sua interdependência
mútua e, desta maneira, reduzirem seu grau de rivalidade. O contrário também pode
ocorrer.
• Ameaça de entrada: Sua gravidade depende das barreiras existentes e da reação dos
concorrentes estabelecidos que o novo participante pode antecipar. Se o mercado não
estiver crescendo na velocidade e volume desejados, uma nova entrada ou um novo
entrante, intensifica a luta por participações de mercado.
As ameaças são representadas pelas barreiras de entrada, diferença de produtos
patenteados, identidade de marca, custos de mudança, exigências de capital, acesso à
distribuição, vantagens de custo absoluto, curva de aprendizagem, acesso a insumos,
projeto de produtos de baixo custo, política governamental, retaliação esperada.
• Ameaça de substitutos: depende das proporções relativas a preço/desempenho dos
diferentes tipos de produtos ou serviços aos quais os clientes podem recorrer para
satisfazer uma mesma necessidade. De acordo com Ghemawat (2000) a ameaça de
substituição também sofre impacto dos custos de mudança, isto é, caso o cliente mude
de hábito de consumo, isto vai ocasionar mudanças nos processos produtivos, nos
próprios produtos em si e, ainda, na intensidade de capital a ser investida nestes
processos.
Segundo Wright (1998) produtos substitutos são aqueles alternativos que conseguem
satisfazer determinados mercados consumidores, mas que de alguma maneira diferem dos
produtos originais ou iniciais. Estes produtos substitutos podem definir o preço de produtos
e serviços, em determinados mercados. Estes substitutos são representados pelo
desempenho do preço relativo, custo de mudança, propensão do comprador a substituir.
Outro fator que envolve a substituição são as imitações. Segundo Ghemawat (2000)
uma grande barreira às imitações é aquela ocasionada pela economia de escala. O conceito
do autor sobre economia de escala é “ser grande em um determinado segmento de
mercado”(Ghemawat, 2000: 93).
As economias de escopo são outra maneira de se criar uma barreira de entrada. Elas
provêm das vantagens de ser grande em mercados que possuam relacionamentos entre si.
Tais como as economias de escala, elas podem impedir imitações. Ghemawat (2000) cita
um exemplo de economia de escopo:
“se uma empresa pode repartir recursos ou atividades entre
mercados e segmentos, assegurando ao mesmo tempo que seus
custos permaneçam em grande parte fixos, ela poderá demarcar
para si uma posição grande e lucrativa”. (Ghemawat, 2000:93).
Como escopo, Chandler (1962) entende que é aumentar a vantagem de uma empresa
lidando com várias linhas de produtos correlatos em um único complexo produtivo.
• Poder do comprador: Permite que os clientes possam comprimir as margens de lucro
das corporações, forçando as mesmas a reduzirem seus preços e/ou aumentarem sos
níveis de serviços oferecidos ao mercado. Segundo Ghemawat (2000), quanto maior e
mais concentrado o mercado comprador, mais força o mesmo terá junto às empresas.
Apesar destas variáveis que intensificam o poder do comprador, em alguns casos, ele
pode ser neutralizado. Isto se dá quando as empresas concorrentes são concentradas ou
diferenciadas, criando produtos que não possuem similar no mercado. A indústria
farmacêutica consegue isto em alguns casos. O Viagra conseguiu manter por alguns anos
sua exclusividade no seu mercado. Até poucos dias atrás a Pfizer, produtora do
medicamento, reduzia significativamente o poder do comprador.
Os consumidores através de suas necessidades e exigências podem acirrar a
concorrência entre empresas rivais através de concentração de compradores, volume do
comprador, custo de mudança do comprador, custos de mudança da empresa, informação
do comprador, possibilidade de integração para trás e produtos substitutos.
• Poder do fornecedor: capacidade do fornecedor de influenciar no resultado do produto
ou serviço final da empresa. Segundo Ghemawat (2000):
“A capacidade para cobrar preços diferentes dos clientes, de acordo
com diferenças no valor criado para cada um deles, em geral indica
que o mercado é caracterizado por alto poder dos fornecedores (e
baixo poder dos compradores)”. (Ghemawat, 2000:42).
Este poder do fornecedor surge através de diferenciação de insumos, custos de
mudanças dos mesmos e das empresas, presença de insumos substitutos, concentração de
fornecedores, importância do volume para o fornecedor, custo relativo a compras totais na
indústria, impacto nos insumos sobre custo ou diferenciação, ameaça de integração par
frente em relação à ameaça de integração para trás pelas empresas na indústria.
Antes do modelo das cinco forças, desenvolvido por Porter (1989), Bain (1956) já
havia identificado três barreiras básicas de entrada: vantagem de custo absoluta de uma
corporação que já estaria estabelecida no mercado, por exemplo uma patente válida; um
grau significativo de diferenciação de produto e economias de escala.
Porter (1989) ampliou o conceito de Bain (1956) e desenvolveu o modelo das cinco
forças que dá a possibilidade de uma empresa perceber os fatores críticos para a
concorrência em seu segmento de negócio, mostrando também o seu grau de
complexidade. Então, o autor nos diz que a vantagem competitiva pode ser criada
basicamente de três maneiras, embora haja outras possibilidades. São elas: liderança de
custos, diferenciação e foco. Vale lembrar que estas estratégias não são mutuamente
exclusivas e podem ser utilizadas simultaneamente.
VANTAGEM COMPETITIVA
Custo mais baixo
Diferenciação
Alvo Amplo
1. Liderança de Custo
2. Diferenciação
Alvo Estreito
3A. Enfoque no custo
3A.
Enfoque
Diferenciação
ESCOPO
COMPETITIVO
na
Figura: Três Estratégias Genéricas
Fonte: Porter (1989:10)
2.2 A competitividade em Farina & Zylbersztajn
Segundo Farina & Zylbersztajn (1998), competitividade não tem uma definição
precisa. Pelo contrário, compreende tantas facetas de um mesmo problema que
dificilmente se pode estabelecer uma definição ao mesmo problema que dificilmente se
pode estabelecer uma definição ao mesmo tempo útil e abrangente e útil. Do ponto de vista
das teorias da concorrência, a competitividade pode ser definida como a capacidade de
sobreviver e, de preferência, crescer em mercados correntes ou novos mercados. Decorre
dessa definição que a competitividade é uma medida de desempenho de firmas individuais.
No entanto, esse desempenho depende das relações sistêmicas, já que as estratégias
empresariais podem ser obstadas por gargalos de coordenação vertical ou de logística.
Custos e produtividade são indicadores de eficiência que explicam em parte a
competitividade. A evolução na participação de mercado reflete a competitividade passada,
decorrente de vantagens competitivas já adquiridas. Reflete, ainda, adequação dos recursos
utilizados pela empresa aos padrões de concorrência vigentes nos mercados de que
participa e que podem combinar de maneira diferente variáveis tais como preço,
regularidade de oferta, diferenciação de produto, lançamento de novos produtos, etc. A
capacidade de ação estratégica e os investimentos em inovação de processos e de produto,
marketing e recursos humanos determinam a competitividade futura, uma vez que estão
associados à preservação, renovação e melhoria das vantagens competitivas dinâmicas.
Farina & farina & Zylbersztajn ( 1998: 10-11).
2.3 A Competitividade em Muller
Muller (1995), afirma que competitividade tornou-se um dos pricipais padrões,
governando a grande variedade de interesses mutáveis no plano internacional. Diz também
que de uma forma ou de outra, a liberalização do comércio,os ajustes estruturais, a
coexistência inteligente com os recursos naturais, a luta para acabar com a pobreza são
vistos através do prisma da competitividade.Isto transforma a competitividade numa
espécie de princípio compulsório pelo qual a situação internacional é medida e que
influencia a formulação e implementação de estratégias de negócios e políticas nacionais.
A competitividade oferece uma grande variedade de temas , variando seu foco dos
aspectos econômicos e outros que tentam ligar o técnico- econômico, sociopolítico e
aspectos culturais do processo de competitividade.
A diferença entre elas está forma com que se observam as relações entre
desenvolvimento e competitividade. A grande contribuição de Müller (1995), apresenta é a
possibilidade de formatar o “mapa” da competitividade, que consiste numa rede de
conceitos chaves interligados cujos objetivos permanecem os mesmos independentes de
como a competitividade seja definida, ou seja, para ganhar, manter e expandir uma
determinada participação de mercado, como é o caso da avicultura no Brasil.
A competitividade pode ser definida como a mola mestra do capitalismo e pode ser
vista de acordo com Possas (1985), citado por Müller (1995), como: “uma parte integral e
inseparável do processo global de acumulação de capital, sendo, portanto, o motor básico
da dinâmica capitalista”. Além disso, esta confrontação entre blocos de capital ocorre no
mercado, que é, por definição, a arena para a competição capitalista. Poe-se definir a
competitividade como a participação no mercado. Ampliar esta definição incorporando a
estrutura e comportamento da empresas e setores econômicos é um passo na direção certa e
sem dúvida é útil para análises técnico-econômicas. O mapa da competitividade, ainda
segundo MÜLLER, tem dois pólos: o poder mundial estruturado e o desenvolvimento de
países ou regiões que procuram conseguir crescimento e desenvolvimento através da sua
integração no mundo.
2.4 A Competitividade em Jank
Jank (1996), dividiu a competitividade em conceitos mais amplos que se referem à
sociedade como um todo e baseia-se essencialmente na questão do bem-estar dos cidadãos.
Tyson (1993), citado por Jank (1996), define competitividade como “é a capacidade de
produzir bens e serviços que passem no teste de competição internacional, enquanto os
cidadãos desfrutam de um padrão de vida cada vez melhor e sustentável”.
Também Landau (1992), citado por Jank (1996):
“Competitividade é o crescimento sustentado e bem
distribuído do padrão de vida da população de um país,
provendo emprego para todos os que desejam trabalhar, sem
reduzir o padrão de vida das futuras gerações”.
As atividades nas quais o Brasil é competitivo internacionalmente, ou seja, soja e
frangos, continuam competitivos em que pese o Brasil estar atravessando uma das fases
mais críticas de desemprego que se tem notícia no passado recente. Assim não se adota as
definições acima pro não estarem de acordo com os propósitos desta pesquisa.
Conceitos mais específicos objetivos e mensuráveis dentro daqueles que tratam a questão
da competitividade sob a ótica do comércio internacional. Sharples e Milham (1990)
citados por Abbot e Bredhal (1994), citados por Jank (1996):
“Competitividade é a habilidade exportar bens e serviços
dentro do tempo. Local e forma desejados pelos
compradores, a preços tão bons ou melhores que outros
potenciais fornecedores, sendo estes preços suficientes para
ao menos remunerar o custo de oportunidade dos recursos
empregados”.
3.Conclusão
Podemos concluir que a competitividade ao longo dos anos foi de extrema
importância para todo o setor produtivo da economia e na Cadeia Agroindustrial do Frango
ocorreu de uma maneira particular, ou seja, com a abertura da economia no início da
década de 90 este setor foi obrigado a se modernizar no que diz respeito ao manejo
(redução do tempo de abate) bem como as questões ligadas às inovações tecnológicas e
gestão.
4.Referência Bibliográficas
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Line. Disponível em www.abef.com.br. Acesso em 23 março 2004.
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A competitividade no Complexo Agroindustrial do Frango