UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESNVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA TERCEIRA IDADE
CLÁUDIO LEVI DOS SANTOS PEREIRA
Orientador: Vilson Sérgio de Carvalho
RIO DE JANEIRO
2003
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESNVOLVIMENTO
DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PSICOMOTRICIDADE
PROJETO “A VEZ DO MESTRE”
ATUAÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE NA TERCEIRA IDADE
CLÁUDIO LEVI DOS SANTOS PEREIRA
Monografia apresentada a Universidade
Candido Mendes como requisito parcial
para obtenção do Título de Especialista em
Psicomotricidade.
RIO DE JANEIRO
2003
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia à todos da minha família,
por estarem sempre do meu lado me dando forças
para enfrentar qualquer jornada.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos professores da UCAM, com quem
pude
aprender
não
somente
o
conteúdo
programático, mas também a paixão com que eles
trabalham a sua profissão.
E a todos os meus colegas de turma.
“Como é que muitos indivíduos que
possuem
apenas
habilidades
limitadas
conseguem atrair grande admiração pelos
resultados extraordinários?”
Kenneth Hildebrand
RESUMO
Psicomotricidade é uma ciência relativamente nova que, por ter o homem como objeto de
seu estudo, engloba várias outras áreas: educacionais, pedagógicos e de saúde. Além disso,
ela é uma terapia porque se dispõe a desenvolver as faculdades expressivas do indivíduo. O
objeto de estudo é o corpo e a sua expressão dinâmica, fundamentado por três
conhecimentos básicos que o substanciam. A psicomotricidade para idosos, como parte do
atendimento interdisciplinar à velhice, tem como objetivo maior à manutenção das suas
capacidades funcionais. Envelhecer mantendo todas as funções não significa problema quer
para o indivíduo ou para a sociedade. A presente monografia visou demonstrar a
importância da psicomotricidade na 3ª idade: resgatando a imagem corporal . Foi observado
que despertar o prazer em pessoas que por sua própria condição existencial apresentam
situações de depressão e luto, não só pela perda de entes queridos, mas também pelas
perdas provocadas pelo processo de envelhecimento e pelas relacionadas com o lugar social
que ocupavam, é dar-lhes sentido de vida, quando pela lógica estão tão próximos da morte.
Percebe-se assim a responsabilidade da sociedade, subjacente ao oferecimento de
oportunidades de inserção da população idosa. Há necessidade de um movimento do
próprio idoso no sentido de acolher as diferentes oportunidades oferecidas, mas cabe à
sociedade desenvolvimento de programas que estimulem a população idosa o envolvimento
que permita a busca da manutenção do seu nível satisfatório de funcionamento.
10
11
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................
........1
CAPÍTULO I – A TERCEIRA IDADE AO LONGO DO
TEMPO.......................................3
CAPÍTULO II – ALTERAÇÕES BIOPSICOSSOCIAIS NA TERCEIRA
IDADE..............7
CAPÍTULO III – O IDOSO NA
FAMÍLIA.........................................................................10
CAPÍTULO IV – O SISTEMA SOCIAL E O
IDOSO.........................................................15
CAPÍTULO V – RECREAÇÃO NA TERCIRA
IDADE.....................................................24
CAPÍTULO VI – A
PSICOMOTRICIDADE.......................................................................27
6.1 - Desenvolvimento
Motor...................................................................................30
6.1.1 – Imagem
Corporal.....................................................................................31
6.2 - Desenvolvimento
Psicomotor..........................................................................32
12
6.3 – A Psicomotricidade e sua
Aplicabilidade.........................................................34
6.3.1 – Fatores e Subfatores
Psicomotores..........................................................34
CAPÍTULO VII – ATIVIDADES
PSICOMOTORAS........................................................38
7.1 –
Aplicações........................................................................................................39
CAPÍTULO VIII - PSICOMOTRICIDADE E
ENVELHECIMENTO...............................41
8.1 – Terapia
Psicomotora.........................................................................................43
CONCLUSÃO................................................................................................................
......45
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................46
ANEXO...........................................................................................................................
......47
INTRODUÇÃO
Envelhecer não é caducar. Não é julgar-se perto da cova, perto do fim,
perto da morte. Nem é simplesmente perder a memória, esquecer as boas lembranças
e as doces recordações. Nem as estripulias de criança, os passos da adolescência, as
aventuras do passado. Pelo contrário, conservam-se essas reminiscências sem pranto
e sem dor, sem tristeza e sem angústia; o percurso da idade não faz ficar velho. Mas
13
conservar-se intimamente moço, psicologicamente jovem, forte e feliz recordando os
sonhos e as aventuras, as amizades e os amores, os problemas que enfrentou e as
esperanças que lhe davam asas de beija-flor (ASSIS, 1998).
E então pensava no futuro, na expectativa de ser um vencedor contra as
dificuldades e nas perspectivas de garantir uma boa vida, uma vida tranqüila e
vitoriosa, uma vida sem sustos e sem pesadelos, uma vida sem amarguras. Uma vida,
enfim, mesmo difícil paradoxalmente, porém fácil de ser vencida, fácil de superada,
fácil de ser resolvida nos problemas que se apresentassem. Recordando a mocidade
perene que há dentro de cada figura humana, qualquer que seja a sua idade: "Tem
cada idade a sua juventude".
Envelhecer é uma forma de viver permanentemente jovem, mesmo que os
anos e os fatos abram rugas na face e amor e apego à existência.
Bueno (1998) relata que a psicomotricidade constitui o estudo relativo às
questões motoras e psico-afetivas do ser humano. A mesma seria o ponto de encontro
entre a expressão motora (o que a pessoa faz) e a característica pessoal-emocional de
cada ser humano (o que a pessoa sente). Esta pesquisa vem mostrar através da
psicomotricidade o resgate da imagem corporal de pessoas da 3ª idade, com objetivo
maior de oferecer adequadas experiências corporais, para que ela chegue à percepção
de si mesma e da relação que pode ter com o espaço físico e humano que a rodeia.
Este estudo consiste na descrição da psicomotricidade que tem por objetivo
desenvolver aspecto comunicativo do corpo, o que equivale a dar ao indivíduo a
possibilidade de dominar seu corpo, de economizar sua energia, de pensar seus
gestos a fim de aumentar a eficácia e a estética, de completar e aperfeiçoar seu
equilíbrio.
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Aborda também a descrição do idoso, na qual relata que à medida que as
pessoas envelhecem, os comportamentos e as atividades que promovem a saúde
requerem maior atenção, segundo Ferreira (2000). A população da terceira idade é
um grupo mais diversificado do que qualquer outro grupo etário, fato que se deve às
diferenças em relação às experiências ao longo da vida e a influência do meio
ambiente. Essa população apresenta grande diferença no que diz respeito à saúde e o
grau da atividade. A psicomotricidade dispõe de conhecimentos básicos necessários
para trabalhar com essa população, melhorando seu comportamento, visando um
envelhecimento mais saudável.
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CAPÍTULO I
A TERCEIRA IDADE AO LONGO DO TEMPO
O envelhecimento é uma preocupação constante do homem em todos os
tempos. Em nossa sociedade o homem rejeita o envelhecimento, não se conformando
com a sua evidencia. A terceira idade desperta sentimentos negativos, como a
piedade, o medo, e o constrangimento (VIEIRA, 1996).
A imortalidade e a eterna juventude são sonhos míticos do homem. A eterna
juventude está sempre relacionada com a felicidade plena. A procura da fonte da
juventude é assunto nos mais antigos escritos. A mitologia está repleta de seres
imortais e a Bíblia cita com freqüência seres de grande longevidade.
O livro da gênese fala que após o Dilúvio as pessoas passaram a viver mais.
Vários poetas gregos escreveram sobre a longevidade. Hesíodo (poeta grego que
viveu no oitavo século A.C.) descreveu uma raça dourada, constituída por um povo
que vivia centenas de anos sem envelhecer, e que morriam dormindo quando
chegasse o seu dia. Os gregos acreditavam existir um povo que vivia em terras
longínquas ao norte e que vivia milhares de anos....
Aristóteles (filósofo grego) e Galeno (médico grego, 129-199 AD)
acreditavam que cada pessoa nascia com certa quantidade de calor interno que iria se
dissipando com o passar dos anos considerando então a terceira idade o período final
desta dissipação de calor.
16
Aristóteles (384-322 AC, o mais influente filósofo do pensamento do
mundo ocidental) sugeria o desenvolvimento de métodos que evitem a perda de
calor, o que prolongaria a vida, dando um certo cunho científico ao problema.
A maioria dos povos sempre apelou para a fantasia quando procuravam a
fonte da juventude. Alguns pensaram encontrar a juventude em longínquas ilhas,
outros em rios caudalosos, alguns em extratos especiais de testículos de cães, e
outros em ser a longevidade dependente de uma vida reta e disciplinada (VIEIRA,
1996).
Na China o taoísmo preconiza o encontro do "verdadeiro caminho" que
seria viver tanto até se tornar imortal. Para isto aprende-se a conservar as energias
vitais, como por exemplo mantendo-se o controle da respiração, alimentando-se de
frutas e raízes, evitando-se a carne e o álcool, e procurando mudança do
comportamento sexual, preconizando-se trocar a ejaculação pela meditação.
No século 16 começaram a aparecer os primeiros trabalhos científicos que
estudam a terceira idade. A partir de então passaram a surgir inúmeros tipos de
poções e dietas especiais que prolongariam a vida. Cientistas famosos como
Descartes, Bacon e Benjamim Franklin, acreditavam que a terceira idade seria
"vencida" pelo desenvolvimento científico.
O primeiro trabalho científico sobre a terceira idade foi escrito por um
médico francês no século 19 (Jean Marie Charcot, em 1867) com o nome de "Estudo
Clínico sobre a Senilidade e Doenças Crônicas”. Este autor não se preocupou com a
imortalidade e sim procurou destacar a importância de se estudar o processo de
envelhecimento, suas causas e suas conseqüências sobre o organismo.
Ilya Ilyich Metchnikov (1845-1916), cientista russo, prêmio Nobel de
Medicina de 1908, acreditava que o processo de envelhecimento era resultado de
venenos produzidos no intestino grosso pela deterioração dos alimentos. Preconizava
a ingestão regular de leite ou iogurte e o hábito de se usar laxantes com freqüência,
hábitos que deveriam esterilizar o intestino.
17
Inúmeras são as substâncias que se tornariam famosas por pretenderem ter o
poder de diminuir o processo de envelhecimento. O "Gerovital" (à base de novocaína
e ingredientes ditos “secretos”) ficou conhecido mundialmente graças ao trabalho
desenvolvido pela medica romena Ana Aslan.
Além do Gerovital outros métodos "científicos" foram desenvolvidos
durante o século XX, como o transplante de testículo de macaco ou de carneiro para
o homem, ou a injeção de células de embrião de carneiro.
Técnicas de resfriamento do corpo também foram desenvolvidas com o
objetivo de se estancar o processo de envelhecimento, ou ainda manter o corpo
congelado até o dia da descoberta da "cura" para a terceira idade.
Surgiu ainda o método da quelação, que através de determinadas reações
químicas provocadas por medicação (denominada EDTA), que ao ser introduzida no
organismo, retiraria substâncias que acelerariam o processo de envelhecimento,
como os radicais livres.
O recente aparecimento da denominada “Medicina Ortomolecular” nada
mais é que um método terapêutico que vê na eliminação de radicais livres um meio
de desacelerar o processo de envelhecimento, e para tal usa doses elevadas de
substâncias químicas, principalmente vitaminas.
O uso de doses elevadas de vitaminas, principalmente A, C e E associada à
utilização de hormônios (do crescimento e da glândula suprarrenal) poderiam
também levar ao rejuvenescimento.
Infelizmente nenhum destes métodos terapêutico pôde ser cientificamente
comprovado quanto à sua eficiência.
Recentemente surgiram trabalhos científicos que sugerem que processos que
diminuem a velocidade do metabolismo do organismo poderiam desacelerar o
processo de envelhecimento. Os estudos específicos sobre o envelhecimento das
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células e sobre os seus aspectos genéticos atualmente ocupam grande parte das
pesquisas sobre o envelhecimento (VIEIRA, 1996).
O desejo de controlar o envelhecimento é um anseio legítimo e sem dúvida
faz parte da busca pela felicidade. A decadência de nosso corpo pode nos trazer a
infelicidade, sendo que a consciência de sua finitude pode gerar a depressão. A
rejeição à terceira idade é um mecanismo de defesa natural do homem.
A aceitação da terceira idade como uma realidade e a compreensão de que
se pode ser plenamente feliz em qualquer idade é o caminho correto para se evitar a
infelicidade.
19
CAPÍTULO II
ALTERAÇÕES BIOPSICOSSOCIAIS NA
TERCEIRA IDADE
Para Papaléo Neto (2000), no que tange às mudanças, biologicamente pode
ser considerado um período de involução. Primeiramente as reservas orgânicas são
diminuídas. A relação com o meio torna-se muito sensível, o corpo fica suscetível às
intempéries climáticas, infecciosas, físicas e químicas, o esforço é mais difícil, as
necessidades alimentares mudam (a quantidade de ingestão diminui), o ritmo do sono
é alterado, a sexualidade é alterada e a prática diminuída também. Ao nível do
sistema nervoso ocorre uma diminuição em peso e volume do cérebro e conseqüente
deterioração intelectual, interferindo na performance e coordenação sensório-motora.
O indivíduo passa a ter dificuldade de adaptação a situações novas e tanto a visão
como a audição é afetada com o envelhecimento.
Em relação às qualidades motoras básicas, essa deteriorização não é a
mesma quando o indivíduo executou atividade física anterior e periódica. Ocorre, é
claro, uma redução da capacidade de aprendizagem, tornando-se mais lenta. No
aspecto motor há um agravamento de suas qualidades motoras básicas como
agilidade, destreza, velocidade e força. Há menos massa muscular e diminuição do
tônus, podendo emergir a atrofia muscular.
A postura corporal é modificada, com o curvamento gradativo do corpo para
frente e o achatamento das cartilagens intervertebrais, ocasionando a redução da
estatura do indivíduo. O número e o tamanho das fibras musculares vão diminuindo,
embora os músculos propriamente ditos permaneçam basicamente em boas
20
condições até uma idade bastante avançada. A flacidez aumenta, devido ao acúmulo
de gordura na região subcutânea e os ossos tendem a perder cálcio e a se tornarem
quebradiços. As capacidades cardiovascular e respiratória ficam agravadas com o
aumento do sedentarismo. Durante a expiração, as pessoas idosas retêm mais ar nos
pulmões e a troca gasosa fica deficitária, incidindo nessas capacidades. Os vasos
sangüíneos estão menos elásticos e mais estreitos, aumentando a resistência ao fluxo
sangüíneo, podendo ocasionar a hipertensão. Percebe-se que o sistema renal não
funciona com a mesma eficiência, podendo essa dificuldade ser reduzida com a
atividade física.
Contudo, dando ou não a forma e as condições para que o envelhecimento
seja normal, ainda que o tempo de vida se prolongue, ainda que as pessoas idosas
encontrem proteção e segurança, o ser humano fatalmente morrerá. A morte é o
fecho de um ciclo que começa com a separação do indivíduo do mundo intra-uterino
pelo nascimento e que termina com o retorno simbólico a um estado de paz e
silêncio.
Assis (1998) afirma que a velhice não precisa necessariamente ser um
período de declínio e decadência e, quando saudável, é uma fase natural da
existência, com possibilidade de renovações, mudanças e realizações. Com o advento
de inúmeros medicamentos que permitiram maior controle e tratamento mais eficaz
das doenças infecto-contagiosas e crônico-degenerativas, aliadas aos avançados
métodos diagnósticos e ao desenvolvimento de técnicas cirúrgicas cada vez mais
sofisticadas e eficientes, houve aumento significativo da expectativa de vida do
homem moderno.
Há necessidade de se buscar a visão da educação permanente para a terceira
idade. Entende-se como educação permanente, a capacidade ininterrupta de
aperfeiçoamento educacional em direção a alguma meta atingível enquanto busca
constante de uma situação melhor, divorciado da noção de resultados definitivos e
voltada sempre para o alcance de uma situação ideal, que sabemos, é inatingível.
21
Pautados nessa filosofia e nas condições que possam contribuir para uma
boa caminhada na terceira idade, a reeducação corporal é fator fundamental para o
bem-estar desse idoso, a fim de que o indivíduo envelheça de maneira que suas
articulações estejam suficientemente, sua sensibilidade aflorada, para que este possa
aproveitar esse momento de vida tão especial, em que o ser humano deveria sempre
ser premiado com o lazer e a sabedoria, já que trabalhou sua vida inteira para a
conquista de um espaço melhor no final de sua vida. Agora, não é mais reconhecido
pela beleza, elegância e profissão. Agora a identidade nascerá de dentro para fora, a
beleza será reflexo da harmonia consigo mesmo. Pessoas bonitas na terceira idade e
demonstram. Têm rugas, trazem as marcas do tempo no corpo e no ritmo em que se
movimentam: sua beleza nasce do impulso vital que transparece e lhes garante seu
lugar no mundo (VIEIRA, 1996).
As evidências demonstram que o melhor modo de otimizar e promover a
saúde no idoso é prevenindo seus problemas médicos mais freqüentes, para isso
vários estudos tem documentado que um estilo de vida, considerado saudável, deve
incluir exercícios regulares, uma nutrição sadia, ingestão moderada ou abstenção de
álcool, participação em atividades significativas, tempo adequado de sono e
abstenção do fumo.
22
CAPÍTULO III
O IDOSO NA FAMÍLIA
No ano de 1987, em Conferência realizada em Roma , por ocasião do
Congresso Internacional da Família, o professor Pedro Juan Villadrich se manifestou
a respeito do tema da seguinte forma:
"a família era imprescindível em sociedades
do passado porque cumpria nelas importantes
funções políticas, econômicas, religiosas,
educativas, sendo a única unidade reprodutora
da espécie com caráter estável e institucional.
Os laços familiares foram suporte para
alianças políticas, econômicas e culturais; a
maioria dos serviços sanitários, de segurança
social e assistenciais que hoje assume o Estado
foram em alguma época executados pela
família" (VILLADRICH apud VIEIRA, 1996:
19).
A família, como vimos, representava no passado um significativo papel. Era
uma instituição fundamental na vida das diferentes sociedades, sendo ela a
transmissora de uma ideologia dominante, como centro de abertura do ser humano
para o mundo, desempenhando portanto o importante papel de agente socializador.
Este diagnóstico tem um verdadeiro sentido, se considerarmos que o ser
humano tem a família como sendo o seu primeiro habitat natural e, portanto, é nesta
que se processam seus primeiros contatos; é conhecido integralmente e adquiri os
seus primeiros conhecimentos a respeito de si mesmo, da vida e, em conseqüência, se
23
conscientiza sobre os papéis e funções familiares e sociais que tem a desempenhar ao
longo de sua existência.
Embora
reconheçamos
a
importância
da
família
na
formação,
desenvolvimento e equilíbrio biopsicossocial do ser humano, devemos igualmente
admitir, que o somatório vivencial, representado pela história de vida, assim como as
possibilidades de viabilização do intelecto cultural e espiritual em família vêm ao
longo do tempo perdendo o seu significado para a maioria das sociedades,
especialmente para aquelas que orientam-se pelo regime capitalista. Sem dúvida a
perda de significados dos papéis e funções concernentes à família tem desencadeado
alterações biopsicossociais significativas nos indivíduos, sobretudo nos idosos,
porque ao se afastarem da vida produtiva, além de perderem seu poder econômico,
político e social, os idosos sofrem, em conseqüência, o desprestígio no seio da
própria família.
Diante de sucessivas perdas, o idoso pode chegar ao isolamento, quer por
vontade própria ou por imposição familiar, pois, o fato de ter menos ocupações para
com a sociedade, ou ser menos solicitado pela família, o faz sentir-se um indivíduo
improdutivo, induzindo-o, por conseguinte à perda do seu próprio poder de decisão.
Partindo desta análise, verificamos que a família exerce grande influência na perda
de autonomia do idoso, levando-o a sentir-se dependente. Além disso a própria
família se acha no direito de lhe ditar ordens e de fazer exigências como: deixar de
sair sozinho, deixar de trabalhar e de praticar diversas atividades.
No texto Envelhecimento Social, Motta analisa que:
"a infância e a juventude são períodos de
aprendizagem de diferentes papéis, quando
estes papéis começam a diminuir ou a perder
importância, o status alcançado é diretamente
atingido, o indivíduo que desempenha tarefas
progressivamente começa a ser valorizado
pelo que foi. Os jovens dizem "meu avô foi...",
os adultos também se utilizam dos verbos no
passado, e os idosos começam a lembrar "eu
era...", "eu fazia..." ( ASSIS, 1998: 62).
24
Esses dizeres traduzem a tristeza que sentem alguns idosos de não mais
serem alguém, não mais realizarem alguma atividade, não mais poderem contar com
a companhia de antigos parceiros. Para alguns estudiosos o viver no passado pode
significar tentativas feitas pelos idosos no sentido de amenizarem angústias que a
realidade do presente lhes provocam, pois ao se sentirem excluídos do meio social,
começam a se afastar das atividades grupais, sendo este um dos fatores que levam a
família assumirem tarefas dos seus cuidados.
Segundo Ferreira (2000), ao refletir sobre as condições dos idosos que
residem com suas famílias, muitas vezes verificamos que esses geralmente não
encontram espaço para a sua acomodação, requerendo dos seus familiares esforço de
compreensão e um desejo de colaboração nem sempre compatíveis com as suas reais
possibilidades, porque os que vivem sob o mesmo teto quase sempre se vêem
constantemente pressionados a renunciar a legítimos anseios de conforto e
privacidade. O contínuo mal estar entre idosos e familiares, pode levar a revolta e a
outras reações inadequadas, porque na maioria dos casos o idoso que reside com a
família, divide o quarto com neto (s), sem desfrutar de um ambiente onde consiga
relaxar, assistir TV, ler, etc., tendo sempre que se adaptar aos horários dos
companheiros de quarto. Em geral esse fator ocasiona profundos conflitos familiares,
pois a privacidade embora não seja ou não possa ser respeitada, na realidade trata-se
de uma necessidade natural dos indivíduos, especialmente da maioria dos idosos que
almejam tranqüilidade.
Por outro lado, quando os idosos moram sozinhos, com freqüência emergem
atitudes negativas frente à velhice atribuídas aos sentimentos de solidão e abandono
em que vivem levando-os ao processo de morte social, pelo total afastamento da vida
em sociedade.
Assim sendo, podemos verificar que na maioria dos casos a velhice acarreta
uma diminuição da capacidade de adaptação e aceitação dos indivíduos e isto crialhes dificuldades para que possam administrar novas situações, como a viuvez, a
presença de problemas financeiros, etc. até a total incapacidade adaptativa, mesmo a
situações simples como o sair de casa para um passeio. Essa diminuição progressiva
25
da capacidade adaptativa do idoso à novas situações ou às variações sociais
aumentam sua dependência do ambiente familiar, caracterizado pelo idoso, como um
local seguro, que proporciona-lhe estabilidade e proteção.
Apesar do ambiente familiar representar um porto seguro para os idosos
constatamos que, pelo fato de atualmente as famílias tenderem a ser nucleares,
constituída apenas por pais e filhos, já não há mais espaço para os avós idosos ou
colaterais. É evidente que nestas condições, a assistência ao idoso pode se tornar
difícil, podendo chegar à sua institucionalização, gerando portanto o desequilíbrio
biopsicossocial deste indivíduo, pois como diz Ferreira:
"O tipo de acolhimento, de atenção, de
segurança oferecida, de participação nas
decisões familiares, resultam em equilíbrio (...)
a convivência intergeracional, as relações de
amizade, de vizinhança de grupos sociais, são
fontes energizantes para o longevo"
(FERREIRA, 2000:158).
A inadequação do acolhimento a idosos em instituições asilares pode ser
melhor compreendida se atentarmos para a colocação feita pelo articulista Marc
Lesson, que em uma matéria publicada no jornal Le Monde (1986), descreveu os
asilos não somente como um local de amontoamento dos velhos, como também, um
campo de tortura regulamentada, limpa e silenciosa. A denominação "tortura", diz o
autor, deve chocar a muita gente, porém é necessário que se saiba que a vida de
muitos idosos asilados é um estado completo de solidão. Instalados numa enfermaria,
cujos leitos são separados por cortinas, ou num boxe de alguns metros quadrados,
com uma pequena vasile e um armário, tem aí fechado a cadeado todo o seu passado.
Não recebem ninguém e não têm personalidade, exceto os apelidos de "vovó" ou
"vovô".
No que tange à realidade brasileira, o asilamento pode ser um instrumento
aceitável para casos de total dependência do idoso, principalmente para aqueles que
não possuem familiares e apresentam poucas chances de recuperação. Deve ser um
serviço restrito a uma população especial, cuja carência biopsicossocial determine-o
26
como último ou único recurso de assistência. Porém, por falta de recursos financeiros
no meio em que vivemos, muitos idosos independentes têm recorrido aos asilos, em
busca de assistência ou visando combater o isolamento (BALLONE, 2002).
Conclue-se então, defendendo a permanência do idoso na família e, ainda,
que este não deve ser tratado como um ser diferente dos demais, porque apesar das
suas limitações, é um ser como outro qualquer, devendo portanto ter plenos direitos
para o exercício de sua humanidade de acordo com as suas potencialidades. Se
considerarmos que o futuro do mundo depende de todos os grupos humanos,
devemos portanto admitir que através do contato intergeracional todos aprendem,
produzem e somam realizações. Além disso, também acreditamos que os que são
idosos podem continuar o processo, apoiando as realizações de todos os grupos em
muitos setores da sociedade, pois como afirma Lesson:
"Se a sociedade inventou a velhice, devem os idosos reinventar a sociedade"
(LESSON apud ASSIS, 1998:58) .
Acredita-se portanto que o apoio familiar é imprescindível ao equilíbrio
biopsicossocial do idoso, porque favorece um envelhecimento útil e participativo,
cabendo à sociedade a responsabilidade de redefinir, sócio e culturalmente o
significado da velhice, possibilitando a restauração da dignidade para que esse grupo
etário se sinta apoiado no sentido de lutar pelos seus direitos.
27
CAPÍTULO IV
O SISTEMA SOCIAL E O IDOSO
Como fenômeno universal, o envelhecimento populacional levou a
Organização das Nações Unidas – ONU, promover em Viena no ano de 1982 uma
Assembléia Mundial para discutir a cerca de questões voltadas para o
envelhecimento, analisando o indivíduo inserido no contexto social e abordando
aspectos fisiológicos do seu desenvolvimento. Nesse encontro reuniram-se
especialistas de diversas áreas científicas e de vários países, entre os quais o Brasil,
reconhecendo, então, a importância de um estudo direcionado à população idosa, que
durante muito tempo ficou relegada ao esquecimento (SOUZA e PIMENTEL, 1997).
Segundo a ONU, os estudos epidemiológicos, realizados por Luiz Roberto
Ramos do Departamento de Medicina Preventiva da Escola Paulista de Medicina;
por Renato Veras, do Instituto de Medicina Social da Universidade do Rio de Janeiro
e por Alexandre Kalache da London School of Hygiene end Tropical Medicine,
publicado na Revista de saúde pública, USP (1987, 1988 e 1989) mostram que o
mundo está em profunda transição demográfica. Esses estudos indicam que os países
do Terceiro Mundo serão aqueles que sentirão mais drasticamente estas
transformações de ordem sócio-econômica, política e cultural, pois os idosos
deixarão de ser uma minoria e passarão a representar um número bastante expressivo
na população mundial, com o conseqüente aumento da população inativa, que
ultrapassará em número a população economicamente ativa.
Dados projetados pela World Helath Statistics Annvals no ano de 1982
indicam que o Brasil que era considerado em 1950, o 16º país do mundo em
28
população de idosos, no ano de 2025 será a 6ª nação com maior número de idosos em
todo mundo, pois terá aproximadamente 32 milhões de pessoas com 60 ou mais anos
de idade (SOUZA e PIMENTEL, 1997).
Um dos fatores para que o crescimento populacional atinja idade mais
avançada é decorrente das conquistas tecnológicas e da medicina moderna, que
conduziram ao longo dos últimos 50 anos, meios que tornaram possível diagnosticar,
prevenir e curar muitas doenças fatais do passado, aumentando assim a expectativa
de vida e, conseqüentemente, reduziram a taxa de mortalidade verificada na maioria
dos países, principalmente daqueles considerados subdesenvolvidos. Aliado a esse
fator temos a redução das taxas de natalidade e a queda da mortalidade infantil,
fazendo com que a proporção de adultos aumente.
No intuito de buscar melhoria das condições de saúde e de vida dos idosos e
de se conhecer os diversos aspectos biopsicossociais que envolvem o processo de
envelhecimento, algumas ciências vêm se desenvolvendo, a exemplo da
Gerontologia e Geriatria. Assim, como diz Vieira (1996), enquanto a gerontologia
estuda o envelhecimento, do ponto de vista médico social; a geriatria é a ciência que
cuida das pessoas idosas com uma noção unicamente médica e se aplica ao domínio
da patologia.
Consideramos importante ressaltar que estudos da velhice encontram-se
divididos entre a Geriatria e Gerontologia desde as suas origens. Embora estivessem
inicialmente vinculados à biologia do envelhecimento, mais precisamente à
medicina, foi na década de 1940 que começou-se a fazer distinção entre a área
médica e a área não médica, tendo como fundamento de estudo e de prática clínica a
faixa etária.
Vemos, portanto, que profissionais de todas as especialidades ligados ao
estudo da velhice começaram a se organizar em sociedades científicas. No Brasil, por
exemplo, temos a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (S.B.G.G.),
fundada em maio de 1961 no Rio de Janeiro. A S.B.G.G. é um organismo científico,
vinculado à Associação Médica Brasileira, que opera em nível nacional. Sua
29
contribuição tem sido apreciável na capacitação de profissionais para ambas as áreas,
levando a questão da velhice para debate aberto, em diferentes oportunidades, a
partir de cursos, seminários, jornadas e congressos (SOUZA e PIMENTEL, 1997).
Para a S.B.G.G., a saúde dos idosos merece a mesma atenção que recebem
as crianças, consideradas como um público especial e prioritário. A S.B.G.G.
também concorda que a atenção dedicada à velhice deve ir além do enfoque
puramente patológico e deve abarcar a totalidade do bem-estar do idoso levando em
conta a interdependência dos fatores físicos, mentais, sociais e ambientais, porque
considera que a evolução biológica do ser humano é afetada decisivamente por estes
fatores que podem encurtar ou promover o prolongando a vida.
Sabemos que biologicamente os seres vivos percorrem o ciclo de vida do
nascimento até a morte; quando somos crianças ou jovens tendemos a considerar
velhos nossos pais de 30 ou 40 anos; entretanto, o conceito que tínhamos de um
indivíduo de 50 anos mudou, pois, hoje, tendemos a considerar adultos e velhos,
indivíduos de 60, 70 ou mais anos de idade. Portanto, devemos diferenciar idade
biológica, da idade cronológica e da idade social, para que possamos compreender o
significado de ser idoso nos dias atuais.
Sendo assim, com base em diversos autores que retratam os estudos do
envelhecimento, ressaltamos a opinião de Assis (1998), que afirma que o
envelhecimento inicia-se após a fecundação, pois no organismo de um indivíduo
inúmeras células envelhecem, morrem e são substituídas antes dele nascer.
Apesar de toda essa discussão, a Organização Mundial de Saúde considera
a idade de sessenta e cinco anos, como limite inicial, caracterizador da velhice,
enquanto a ONU a considera a partir dos 60 anos de idade.
Mediante estas considerações da OMS e ONU surgem apreciações e
imagens negativas para esta etapa do ciclo da vida. Na antigüidade, por exemplo, o
ciclo da vida humana já esteve comparado com as estações do ano, e a velhice era
descrita como inverno sombrio, frio e improdutivo, insinuando incapacidade para
esse tempo de vida.
30
A velhice deve ser entendida por um conceito abstrato, muito embora
assuma características comuns originadas das condições físicas e dos próprios limites
impostos pela sociedade. De qualquer forma, entendemos que:
"Envelhecer é uma propriedade particular, com
vivências e expectativas específicas que não
reduzem a responsabilidade de vida e
participação ativa no processo social, pois,
mesmo velho o indivíduo continua membro da
humanidade" (PAPALÉO NETO, 2000:4)
Neste século, envelhecer tem sido para o homem um processo
extremamente desagradável, porque o indivíduo começa a sentir que em muitos
aspectos biológicos e sociais não é mais o que costumava ser; por conta disso, muitos
chegam a pensar que a velhice é sinônimo de doença, fraqueza e inutilidade. Logo, a
velhice é considerada má pela maioria das pessoas idosas, porque pensam não poder
mais ser criativas e, em conseqüência, se privam de muitas atividades normais, por
medo de fracasso ou censura. É esse medo que faz com que algumas pessoas
procurem negar o seu envelhecimento, gerando "o envelhecimento social que é o
resultado de uma série de ocorrências por vezes alheias à vontade dos que nelas estão
envolvidos, acarretando freqüentes e desfavoráveis mudanças" (PAPALÉO NETO,
2000:26).
Toda essa ideologia, que é internalizada pelas pessoas idosas, é fruto da
política de desenvolvimento das sociedades capitalistas industrializadas e
urbanizadas, que sempre tiveram mais interesse pela população jovem,
economicamente produtiva, do que pela população idosa, a quem consideram
incapaz e economicamente inativa.
Se por um lado o crescimento proporcional de idosos numa população é um
elemento de alto significado para elaboração de políticas sociais, por outro, a idade
mais avançada, tem um custo social elevado, na medida em que determina por mais
tempo a manutenção do salário-aposentadoria e a necessidade de equipamentos
institucionais específicos. Além disso, o investimento numa criança tem um retorno
potencial de 60 anos ou mais de vida útil, produtiva, enquanto que os amplos
31
cuidados médico-sociais na tentativa de manutenção do idoso com uma vida
saudável não podem ser encarados como um investimento.
Sabendo que a Organização Internacional do Trabalho - OIT acusa para o
ano 2020, nos países industrializados, a existência de cerca de 270 milhões de
pessoas inativas, com mais de 55 anos, significando portanto 38 idosos aposentados
para cada 100 cidadãos ativos, nasce a necessidade de profundas transformações
sócio-econômicas, visando possibilitar melhor qualidade de vida aos idosos e àqueles
que se encontram em processo de envelhecimento. Porém, devemos salientar que os
países do Terceiro Mundo estão longe de alcançar esse objetivo, pois, além de serem
política e economicamente dependentes de outras nações, possuem uma política
protecionista que privilegia os indivíduos economicamente favorecidos em
detrimento da maioria (SOUZA e PIMENTEL, 1997).
A inatividade profissional dos indivíduos considerados idosos acarreta uma
profunda mudança em relação a um estilo e ritmo de vida, exigindo grande esforço
de adaptação, visto que parar de trabalhar significa a perda do papel profissional, a
perda de papéis junto à família e à sociedade. A interiorização emocional dessas
perdas, socialmente significativas para todos os homens, na maioria das vezes
determina um certo afastamento destes da sociedade. Por outro lado, o
distanciamento
do
aposentado
da
convivência
com
diversos
grupos,
concomitantemente, faz com que a sociedade também se distancie do aposentado,
não o convocando para participar, e não reconhecendo a sua existência social. Em
decorrência desses fatores e das exigências do mundo moderno, vem, quase sempre,
como conseqüência natural, o isolamento social do velho. Sem dúvida este processo
provocará o impacto da sociedade que terá que enfrentar este desafio com muita
agilidade (SOUZA e PIMENTEL, 1997).
Sabemos que ao longo de nossa existência somos submetidos a um
processo educativo, que nos induz a um engajamento contínuo, seja pela atividade
profissional ou pelos grupos sociais aos quais pertencemos. Nos responsabilizamos
com a sociedade, adquirindo papéis voltados para o trabalho e para a família;
entretanto, com o decorrer do tempo, aos poucos perderemos essa autonomia social,
32
principalmente com o advento da aposentadoria. A partir desse momento geralmente
nos sentimos limitados em formular novos projetos de vida, porque não nos
preocupamos ou não fomos estimulados a descobrir ou investir em novos papéis.
Como diz Guillermard:
"Para se encontrar novos papéis e se
desenvolver atividades durante a aposentadoria
é preciso estar ativo e poder mobilizar recursos
(...) Quem não acumula recursos encontra a
morte social na aposentadoria, sendo uma
espécie de marginalizado, não descobrindo
fórmulas de transformar o tempo livre em
projetos sociais" (GUILLERMARD apud
ASSIS, 1998:58).
Sem dúvida acreditamos que a interrupção da vida do trabalho pela
aposentadoria resulta na desorganização individual e pessoal, porque o excesso de
tempo livre, aliado à pobreza das tarefas e ocupações cotidianas, sem a presença das
funções da atividade profissional, levam o indivíduo a sentir-se em desigualdade
perante aqueles que ainda trabalham, sem falar das dificuldades para a manutenção
de relacionamentos sociais construídos naquele ambiente. Com isto o aposentado se
sente isolado, favorecendo a perda de suas capacidades intelectuais e conseqüente
desatualização em relação ao próprio mundo.
Estas observações nos levam a concluir que a aposentadoria representa um
perigo para todos aqueles que não encontram-se preparados para o afastamento das
atividades produtivas, ameaçando o equilíbrio emocional e a continuidade harmônica
da própria existência desses indivíduos. Sem que percebam ao tornarem-se inúteis
esses indivíduos acabam reforçando a consciência negativa que a sociedade tem a
respeito da aposentadoria e do próprio envelhecimento. Isto nos obriga a considerar a
necessidade de ações educativas ou de propostas que ajudem os indivíduos a se
preparem, para que possam valorizar o tempo livre decorrente da aposentadoria, pois,
como diz Ferrari:
"Para se descobrir a capacidade de enfrentamento
desta dimensão de tempo é preciso inicialmente
redistribuí-lo e reorganizá-lo, continuando os
33
projetos de vida com criatividade, energia, iniciativa,
com projetos que dêem ritmos e significado à vida
para não cair no vazio, no rotineiro" (FERRARI
apud ASSIS, 1998: 62).
Esse processo de redefinição da vida a partir do próprio envelhecimento ou
da aposentadoria resulta no despertar das pessoas idosas para os valores do lazer,
com dimensões socialmente produtivas, capazes de reagrupar as diversas funções
sociais que ao longo da vida ativa se distribuíam entre o trabalho, a sociedade e a
família. Por outro lado, preparar-se para o envelhecimento significa conhecer o
processo natural da velhice, seus limites reais, rompendo os preconceitos, no sentido
de se reduzir o processo de perda da auto-estima que acomete a todos aqueles que
vêem no envelhecimento um tempo exclusivo de perdas e improdutividade, que
vêem a velhice apenas como última etapa da vida.
Diante das questões analisadas frente à problemática social, econômica,
política e cultural da população idosa em nossa sociedade, vimos a necessidade de
também analisarmos a posição real do Estado brasileiro e das políticas sociais que
visam garantir os direitos sociais dos idosos, as medidas até então adotadas e as
alternativas propostas. Para tanto, iniciaremos esta questão com uma afirmação de
Simone de Beauvoir (1990), que em seu ensaio sobre a velhice conclui: "embora a
velhice tenha sido sempre evitada, a situação dos idosos em alguns momentos da
história em determinadas culturas foi mais favorável. Todavia prevalece em nossos
dias uma visão profundamente negativa em relação à velhice. Desprovidos de suas
funções sociais, como conseqüência da aposentadoria, os velhos são considerados
inúteis, improdutivos e um peso para a sociedade" (SOUZA e PIMENTEL, 1997).
Diante disto podemos verificar as contradições existentes nas sociedades
atuais, porque se por um lado constatamos o acelerado crescimento da população de
idosos, por outro observamos que essa mesma sociedade se omite ou adota atitudes
preconceituosas sobre a velhice, protelando portanto a implementação de medidas
que visem atenuar a problemática daqueles que ingressam na Terceira idade.
34
Os estudos direcionados a terceira idade, têm apontado uma gama de
benefícios à saúde a sociedade promovidos com a prática de atividades físicas
cotidianas. Fator preocupante, pois está comprovado que a cada ano a população que
pertence ao grupo da terceira idade, cresce de forma acelerada e sem os devidos
esclarecimentos a respeito desses tais benefícios. Uma rotina ativa com simples
tarefas, incluindo atividades leves individuais ou coletivas como: caminhadas de
baixa intensidade, a utilização de escadas ao invés de elevadores, cuidar do jardim,
atividades aquáticas, viagens turísticas a lazer em geral, proporcionam uma melhoria
na condição física e psicológica, auxiliando na realização de movimentos do dia-adia, tornando esses indivíduos prestativos em seu meio social e conscientes enquanto
cidadãos (VIEIRA, 1996).
A realidade é muito diferente, afastada da ideal. Os idosos não contam com
atividades que visam uma melhoria na qualidade de vida e bem estar físico,
convivem com uma deficiência total de atividades recreativas e a ausência de
programas que estimulem o lazer, contribuindo diretamente para que a vida destes
idosos se torne cada vez mais ociosa.
Em decorrência da idade avançada e das perdas biológicas e sociais, o idoso
passa a sofrer preconceitos, dentre eles a exclusão do meio produtivo e como
também das perdas afetivas. Esta rejeição na maioria das vezes parte da própria
família que o considera um estorvo dentro do lar. A solução mais prática vista pelos
seus familiares é a "internação" numa casa de repouso - asilos.
Os asilos locais são que não oferecem atividades suficientes para suprir
suas necessidades. Tendo sempre uma vida monótona. Com o intuito de viabilizar
momentos de descontração, promovemos atividades recreativas estimulando o
organismo a produzir substâncias como, endorfinas e andrógenos, que são
responsáveis pela sensação de bem estar fazendo com que seja recuperado a auto estima. Estas sensações são inibidas pelo sedentarismo que somado ao stress provoca
patologias fisiológicas e psicológicas.
35
Para Ferreira (2000), o envelhecimento é um processo fisiológico e não está
necessariamente ligado à idade cronológica. É nessa perspectiva que encaminhamos
nosso trabalho, no sentido de compreender a fim de amenizar os problemas inerentes
à Terceira Idade, promovendo momentos de prazer e descontração para que essa
realidade seja plena, saudável e com melhores condições de vida.
Antigamente, nas sociedades tradicionais, os velhos eram muito
considerados, por serem sinônimo de lembranças e sabedoria. Atualmente o descaso
e o desprezo os excluem da sociedade, que os julgam improdutivos. É comum
encontrar idosos abandonados e ignorados dentro da própria família.
A velhice sempre é vista, como um período de decadência física e mental. É
um conceito equivocado, pois muitos cidadãos que chegam aos 65 anos, já que esta é
a idade oficializada pela Organização das Nações Unidas, ainda são completamente
independentes e produtivos.
Acreditamos na decadência sim, mas da sociedade que
perde, não dando valor ou criando espaços adequados para as necessidades de nossos
velhos. A população idosa, em nosso país, cresce a cada dia e com ela as dificuldades
e as necessidades de adequar soluções eficientes, junto aos órgãos públicos, com o
objetivo de tornar digna a vida dos nossos idosos.
Essa população que vem aumentando acentuadamente, não é, na maioria
das vezes, reconhecida pela sociedade - até mesmo pela sua família - sendo vítimas
de um relacionamento social impregnado de preconceitos.
Geralmente, a velhice está ligada às modificações do corpo, com o
aparecimento das rugas e dos cabelos brancos, com o andar mais lento, diminuição
das capacidades auditiva e visual, é o corpo frágil. Essa é a velhice biologicamente
normal, que evolui progressivamente e prevalece sobre o envelhecimento
cronológico. Cientistas e geriatras preferem separar a idade cronológica (idade
numérica) da idade biológica (idade vivida). Para eles, tanto o homem quanto à
mulher se encontra na terceira idade por parâmetros físicos, orgânicos e biológicos.
36
CAPÍTULO V
RECREAÇÃO NA TERCEIRA IDADE
Segundo Pires (2001), uma velhice tranqüila é o somatório de tudo quanto
beneficie o organismo, como por exemplo, exercícios físicos, alimentação saudável,
espaço para lazer, bom relacionamento familiar, enfim, é preciso investir numa
melhor qualidade de vida. Ao contrário do que se pensa os idosos podem e devem
manter uma vida ativa. Essa vitalidade se estende à vida sexual e suas
transformações hormonais, com isso a idade avançada não deve impedir que um
casal tenha uma vida sexual ativa.
A busca de uma vida com qualidade e o não aniquilamento da capacidade
de amar, compreendendo-se aqui não só o relacionamento sexual, mas também o
preenchimento das carências no que tange à afetividade e às expectativas de cada
um: esta é a grande alavanca do bem-estar, da felicidade e, conseqüentemente, da
longevidade.
A elaboração de um programa de atividade física para a terceira idade deve
levar basicamente em consideração o preparo para que o idoso possa cumprir suas
necessidades básicas diárias (necessidades impostas pelo cotidiano), ou seja, tentar
impedir que o idoso perca a sua auto-suficiência, através da manutenção de sua saúde
física e mental.
Antes de se iniciar a prática de exercícios com idosos é necessário que o
mesmo faça uma avaliação médica. Sabe-se que o tipo de atividade física ideal
(envolve variáveis tais como: atividade mais adequada, freqüência, intensidade de
37
trabalho), é determinada por variáveis que vão desde os hábitos de vida (fumante,
tipo de alimentação, presença ou não de atividade física atual) até os fatores
geneticamente herdados. Tendo como objetivo final à melhora ou manutenção da
qualidade de vida relacionada à saúde, deve-se, então, escolher as capacidades físicas
que sejam pré-requisitos básicos para a conquista de uma vida saudável.
As mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais que ocorrem com o
processo de envelhecimento, vão influenciar de maneira decisiva no comportamento
da pessoa idosa.
Com o declínio gradual das aptidões físicas, o impacto do envelhecimento e
das doenças, o idoso tende a ir alterando seus hábitos de vida e rotinas diárias por
atividades e formas de ocupação pouco ativas. Os efeitos associados à inatividade e a
má adaptabilidade são muito sérios. Podem acarretar numa redução no desempenho
físico, na habilidade motora, na capacidade de concentração, de reação e de
coordenação, gerando processos de autodesvalorização, apatia, insegurança, perda da
motivação, isolamento social e a solidão (PIRES, 2001).
Os efeitos da diminuição natural do desempenho físico podem ser
atenuados se forem desenvolvidos com os idosos, programas de atividades físicas e
recreativas que visem a melhoria das capacidades motoras que apóiam a realização
de sua vida cotidiana, dando ênfase na manutenção das aptidões físicas de principal
importância no seu bem estar.
É fundamental que o idoso aprenda a lidar com as transformações de seu
corpo e tire proveito de sua condição, prevenindo e mantendo em bom nível sua
plena autonomia. Para isso é necessário que se procure estilos de vida ativos,
integrando atividades físicas a sua vida cotidiana.
Particularmente
as
atividades
recreativas
devem
ser:
atraentes,
diversificadas, com intensidade moderada, de baixo impacto, realizadas de forma
gradual, promovendo a aproximação social, sendo desenvolvidos de preferência
38
coletivamente, respeitando as individualidades de cada um, sem estimular atividades
competitivas, pois tanto a ansiedade como o esforço aumenta os fatores de risco.
Com isso é possível se alcançar níveis bastante satisfatórios de desempenho
físico, gerando autoconfiança, satisfação, bem-estar psicológico e interação social.
Deve-se levar em conta que o equilíbrio entre as limitações e as
potencialidades da pessoa idosa ajudam a lidar com as inevitáveis perdas decorrentes
do envelhecimento.
39
CAPÍTULO VI
A PSICOMOTRICIDADE
De acordo com Ferreira (2000), a Psicomotricidade é uma nova abordagem
do corpo humano. Ela estuda o indivíduo e suas relações com o corpo. É uma
ciência-encruzilhada, uma técnica em que se cruzam e se encontram múltiplos pontos
de vista e que utiliza os conhecimentos de várias ciências como a Biologia, a
Psicologia, a Psicanálise, a Sociologia e a Lingüística.
É uma terapia que se dispõe a desenvolver as faculdades expressivas do
indivíduo. Toda ciência é relativa a um objeto de estudo que dele tira sua unidade e
especificação. No caso da psicomotricidade, o objeto de estudo é o corpo e a sua
expressão dinâmica (COSTE, 1992).
A Psicomotricidade, como toda ciência, corresponde a um objetivo de
estudo próprio, do qual retira sua unidade e especificação, isto é, o corpo e sua
expressão dinâmica, fundamentado em três conhecimentos básicos a saber:
-
o movimento, que segundo os conhecimentos atuais, ultrapassa o ato
mecânico e o próprio indivíduo, sendo a base das posturas e posicionamentos
diante da vida;
-
o intelectivo, que encerra a gênese e todas as qualidades da inteligência do
pensamento humano, seu desenvolvimento depende do movimento para se
estabelecer, desenvolver e operar;
40
-
o afeto, que é a própria pulsão interna do indivíduo, que matiza a motivação e
envolve todas as relações do sujeito com os outros, com o meio e consigo
mesmo (BUENO, 1998).
O psicomotricista deve estar habilitado a atuar na promoção, preservação e
recuperação da movimentação corporal, como instrumento de desenvolvimento
humano.
O campo de ação do psicomotricista abrange duas correntes de intervenção:
a pedagógica e a terapêutica. De acordo com estes pontos de vista, o psicomotricista
poderá atuar em creches, centro de estimulação precoce, escolas maternais, jardins de
infância e estabelecimentos de 1º, 2º e 3º graus, clínicas de reabilitação, hospitais e
centros geriátricos.
Envolve-se com o desenvolvimento global e harmônico do indivíduo desde
o nascimento. Portanto, é a ligação entre o psiquismo e a motricidade.
Há várias definições acerca do que seja a psicomotricidade e seu estudo é
bastante recente. O termo evoluiu seguindo uma trajetória primeiramente teórica
depois prática, até chegar a um meio-termo entre essas duas. Dentro da evolução da
psicomotricidade, no início deste século a sua noção fixou-se sobretudo no
desenvolvimento motor da criança. Depois foi estudada a relação entre o atraso do
desenvolvimento motor e o atraso intelectual da criança. Seguiram-se estudos sobre o
desenvolvimento da habilidade manual e de aptidões motoras em função da idade até
se chegar à posição atual da psicomotricidade: ultrapassar os problemas motores e
trabalhar também a relação entre o gesto e a afetividade e a qualidade de
comunicação por intermédio dos mesmos. Essa abordagem globalizante vem
atingido cada vez mais os profissionais de diversas áreas. Contudo, existe uma
dificuldade muito grande desse profissional assumir totalmente essa abordagem,
visto que implica eterno estudo das áreas psicológica, neurológica, social, emocional
e motora (BUENO, 1998).
Hoje existe a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, a qual vem lutando
para que os profissionais atuantes caminhem de forma séria e estruturada. Ela define
41
a psicomotricidade como “uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem por
meio do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo”.
A psicomotricidade considera o ser físico e social em transformação
permanente e em constante interação com o meio, modificando-o e modificando-se.
Na psicomotricidade é trabalhada a globalidade do indivíduo; é uma disciplina que
estuda a implicação do corpo, a vivência corporal, o campo semiótico das palavras e
a interação entre os objetos e o meio para realizar uma atividade.
O desenvolvimento psicomotor acontece num processo conjunto de todos os
aspectos (motor, intelectual, emocional e expressivo), dividindo-se em duas fases:
primeira infância (0 a 3 anos) e segunda infância (3 a 7 anos), completando-se
maturacionalmente por volta dos 8 anos de idade.
Coste (1992) afirma que a psicomotricidade tem por objetivo maior fazer do
indivíduo:
-
Um ser de comunicação.
-
Um ser de criação.
-
Um ser de pensamento operativo, ou seja, a psicomotricidade leva em conta o
aspecto comunicativo do ser humano, do corpo e da gestualidade.
Em sua prática, a psicomotricidade nos revela, o homem é o seu corpo,
dando-nos a visão de que precisamos atuar nesse corpo: Para que uma pessoa se
exprima enquanto corpo que realiza mais livremente seus próprios desejos, é
necessário que ela cresça não em sua individualidade absoluta, mas em suas relações
com os outros e o mundo.
A partir das primeiras experiências psicomotoras que a criança vai
constituindo pouco a pouco o seu modo pessoal de ser, de sentir, de agir e reagir
diante dos outros, dos objetos e do mundo que a rodeia, e a qualidade da relação que
a criança estabelece com o meio é que condicionará a saúde mental da mesma.
42
Mediante a relação com as pessoas e com os objetos, a criança se comunica e
expressa suas dificuldades, sejam elas de ordem motora, emocional ou cognitiva.
Nesse ano e em futuros, acreditamos que a psicomotricidade caminha para
sua própria identidade, e a clareza de atuação dos profissionais atualmente nela
envolvidos determinará o seu percurso e concreticidade.
6.1 - Desenvolvimento Motor
Segundo Costallat (1998), o desenvolvimento motor é o resultado da
maturação de certos tecidos nervosos, aumento em tamanho e complexidade do
sistema nervoso central, crescimento dos ossos e músculos. São portanto
comportamentos não aprendidos que surgem espontaneamente desde que a criança
tenha condições adequadas para exercitar-se. Esses comportamentos não se
desenvolverão caso haja algum tipo de distúrbio ou doença. Podemos notar que
crianças que vivem em creches e que ficam presas em seus berços sem qualquer
estimulação não desenvolverão o comportamento de sentar, andar na época adequada
que futuramente apresentarão problemas de coordenação e motricidade.
As principais funções psicomotoras são um bom desenvolvimento da
estruturação do esquema corporal que mostre a evolução da apresentação da imagem
do corpo e o reconhecimento do próprio corpo, evolução de preensão e da
coordenação óculo-manual que nos proporciona a fixação ocular e preensão e olhar e
desenvolvimento da função tônico e da postura em pé e reflexos arcaicos da
estruturação espaço-temporal (tempo, espaço, distância e retina) (COSTALLAT,
1998).
43
6.1.1 – Imagem Corporal
A imagem corporal diz respeito aos sentimentos do indivíduo em relação à
estrutura de seu corpo como a bilateralidade, lateralidade, dinâmica e equilíbrio
corporal. As relações entre o corpo e os objetos situados no espaço ao seu redor
referem-se aos conceitos direcionais do indivíduo e à consciência de si próprio e do
desempenho do que ele cria no espaço.
Após a percepção global do corpo, vem a etapa de consciência de cada
segmento corporal. Esta se realiza de forma interna (sentindo uma parte do corpo) e
externa (vendo cada segmento em um espelho, em uma outra criança ou em uma
figura).
Ajuriaguerra (1972) entende que a imagem de si mesmo se constrói igual à
forma que as demais estruturas mentais (pela associação dos elementos cada vez
mais coordenados e complexos).
O nosso corpo não é (para nós) um somatório de órgãos justapostos, mas sim
uma autoposse indivisível da nossa existência completa; quer dizer, a autodescoberta
não é mais que um sentir-se (e sentir) corporalmente no espaço e no tempo.
O sujeito no mundo expressa-se e concretiza-se através da atividade corporal.
É esta atividade que virá a ser transformada em linguagem propriamente dita.
A partir daí a comunicação não verbal
surge com uma importância
fundamental para a compreensão da problemática da comunicação humana. A
linguagem verbal apóia-se numa linguagem corporal que facilmente se pode (e deve)
observar não só na criança (que se comunica por gestos e gritos com a mão e os
outros antes de possuir e dominar o vocabulário), mas também nos povos primitivos.
As emoções se expressam fundamentalmente no campo mímico corporal, e o corpo,
nesta perspectiva, é um emissor de sinais de (e com) significado sociocultural.
44
De acordo com Alves (2003):
“Em suma, a comunicação corporal assume,
pois, uma importância muito especial nas
mais variadas situações sociais, desde o
mais elementar cumprimento entre as
pessoas, passando pelas atitudes que
expressam amizades, hostilidade, liderança
ou submissão, até as atitudes e movimentos
que se encontram e fazem parte de toda
uma dinâmica psicossexual.” (p. 54)
A evolução do eu corporal na criança é a evolução do conhecimento
corporal, é sinônimo de caminho para uma autoconsciência, caminho expresso por
uma maturação integral do indivíduo. Desde o nascimento, o corpo , como estrutura
dinâmica e concreta (atuante), se insere num quadro de automatismo que evolui dos
movimentos reflexos para os movimentos conscientes (praxias). A sua imagem
corporal tem que passar por várias fases ou períodos de maturação para que a criança
possa vir a construir-se como um ser que atua sozinha. A criança descobre a
manipulação do seu próprio corpo, corpo que é então boca e ânus, superfície cutânea
de contatos, atividade interoceptiva e alguns movimentos, após libertar-se da
manipulação dos outros, na alimentação, no banho e na higiene.
A evolução da imagem corporal e a aprendizagem da autencidade dependem
de um equilíbrio que abre (vivo) entre a quantidade e a qualidade das relações e
correlações (objetos e corpo) integrados. A absoluta imagem do corpo é função da
organização das emoções, o que naturalmente implica e exige a relação com o outro,
isto é, implica um determinado tempo e momento (ALVES, 2003)
6.2 - Desenvolvimento Psicomotor
Entende-se aqui por desenvolvimento humano, de acordo com Fonseca
(1992), o desenvolvimento integrado do crescimento, da maturação, das experiências
pelas quais o indivíduo passa e a adaptação desse corpo no ambiente, respeitando-se
45
as individualidades de cada pessoa, sua herança única, bem como as condições
ambientais nas quais esse indivíduo está inserido. Esse desenvolvimento humano
inclui o aspecto físico ou motor, afetivo-social ou relacional e cognitivo. O
desenvolvimento psicomotor caracteriza-se pela maturação que integra o movimento,
o ritmo, a construção espacial, o reconhecimento dos objetos, das posições, a
imagem do nosso corpo e a palavra.
Ele pode ser considerado não apenas por classificações cronológicas mas
por etapas ou estágios que apresentam características de um processo reacional e
relacional, não fixos segundo a maturação do indivíduo.
Esse desenvolvimento humano ainda segue alguns princípios básicos que
vale a pena ressaltar, pois referem-se a qualquer indivíduo em todas as faixas
econômicas e culturais:
Desenvolvimento céfalo-caudal – o desenvolvimento é ordenado e
previsível, onde as primeiras aquisições se iniciam na região da cabeça e evoluem em
direção aos pés. O sistema nervoso também se desenvolve dessa forma.
Desenvolvimento próximo-distal – segue a direção da região central para as
extremidades. O controle processa-se do tronco para os braços, mãos e dedos.
Desenvolvimento
geral
paraespecífico
–
tanto
em
relação
aos
comportamentos como no controle motor, em que haverá controle da musculatura
grossa antes dos movimentos da musculatura fina. Em outros termos, os movimentos
vão ser simples e generalizados no início e específicos e refinados futuramente.
O desenvolvimento humano vem sofrendo variados estudos e classificações,
com tendências distintas entre as escolas (européia, americana, soviética etc.).
contudo, ela tem algo em comum: a divisão geralmente é direcionada entre os
aspectos motor (psicomotor), cognitivo (intelectual) e sócio-afetivo (sócioemocional) (FONSECA, 1992).
46
6.3 - A Psicomotricidade e sua Aplicabilidade
6.3.1 - Fatores e Subfatores Psicomotores
De acordo com Costallat (1998), compreendem os elementos que concorrem
para a produção ou não de resultados motores. São eles:
a) Fatores Psicomotores
· Estruturação espaço-temporal
· Praxia global
b) Subfatores Psicomotores
· Organização
· Representação topográfica
· Coordenação óculo-manual
· Coordenação óculo-pedal
· Dissociação
Estruturação Espaço-Temporal
Resulta da integração de uma estrutura temporal e de outra espacial e que
estão relacionadas às percepções auditivas, visuais e proprioceptivas.
A estruturação espaço-temporal surge durante os movimentos e quando da
relação com os objetos e pessoas distribuídos (as) pelo espaço, onde ocorrem as
experiências com a lateralidade, com a equilibração e da percepção que o goleiro tem
de seu corpo.
O corpo é provido de um sofisticado sistema neurofisiológico que permite
interpretar as informações do espaço em que está ‘’mergulhado’’ o indivíduo. Este
localiza-se a si próprio para depois se localizar no espaço e localizar os objetos e
pessoas (COSTALLAT, 1992).
47
Praxia Global
A praxia global tem como função principal a organização da atividade
consciente e a sua regulação, programação e verificação. Compreende tarefas
motoras seguidas e simultâneas que se desenrolam num determinado período de
tempo e que exigem a atividade conjunta de vários grupos musculares.
A praxia evoca quatro condições básicas: um projeto, vários engramas,
ligações projeto-engramas e instrumentos neuromusculares de expressão e comandos
em função do projeto.
Observa-se uma intenção por trás do movimento que será mantida ou
modificada por uma programação (que faz uma consulta à linguagem interior), uma
análise dos efeitos (receptores das ações) e uma auto-regulação (estabelecida por um
controle da atenção voluntária) (COSTALLAT, 1992).
Organização
Compreende a habilidade em calcular as distâncias e promover os ajustes
necessários dos planos motores para percorrer um determinado espaço, baseando-se
nas capacidades de análise espacial, processamento e julgamento das distâncias e das
direções, planificação motora e verbalização simbólica da experiência.
A tarefa requer a fusão de dados direcionais e espaciais ao mesmo tempo
que intervém uma programação do comprimento dos passos. A estrutura espacial é
guiada pela área de integração visual que contribui no fornecimento de informações
para os centros motores a fim de ajustamento das passadas (COSTALLAT, 1992).
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Representação Topográfica
Retrata a noção espacial e a capacidade de interiorização de uma trajetória
espacial apresentada num levantamento topográfico (planta do campo) e das
coordenações espaciais que são os vários pontos e linhas distribuídos (as) pelo
campo de futebol, seus setores e áreas (COSTALLAT, 1992).
Coordenação Óculo-Manual
Compreende a capacidade de coordenar movimentos com os membros
superiores de acordo com as referências perceptivo-visuais presentes no espaço.
Envolve a percepção de distâncias, alturas e características dos alvos ou objetos tais
como forma, altura, comprimento, largura, textura, etc.; e a consciência cinestésica
do segmento corporal que irá executar o movimento.
Durante o ato motor do goleiro entra em ação a capacidade de
reprogramação de seqüências motoras em face de uma análise de todos os efeitos
decorrentes desde o ato motor até a seleção dos engramas (experiência motora
memorizada) (COSTALLAT, 1992).
Coordenação Óculo-Pedal
Compreende a capacidade de coordenar movimentos com os membros
inferiores de acordo com as referências perceptivo-visuais presentes no espaço.
Observação: Acompanha o mesmo raciocínio da coordenação óculo-manual
(COSTALLAT, 1992).
49
Dissociação
Compreende a capacidade de individualizar a utilização dos segmentos
corporais durante a execução de um ou mais atos motores intencionais.
A dissociação precede a um planejamento motor e um certo grau de
automatismo da seqüência de padrões espaciais e temporais relacionados, onde
entram em atividades inúmeras e rápidas interações entre os dados aferentes e
eferentes e entre dados perceptivos e motores (COSTALLAT, 1992).
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CAPÍTULO VII
ATIVIDADES PSICOMOTORAS
Segundo Ferreira (2000), diversas concepções e práticas das atividades
físicas voltadas para o bem-estar físico e psíquico podem interagir, em busca da
melhoria da qualidade de vida, em todo o transcurso do desenvolvimento do ser
humano.
Com base em experimentos vivenciados com idosos que, continuamente,
por deficiência do equilíbrio no ato de deambular estão sujeitos a quedas em casa ou
na rua, têm-se aplicado técnicas de educação e reeducação neurológica fundamentais,
adaptadas a cada idoso. O resultado é a total recuperação da perda de equilíbrio,
ajustamento postural e tonicidade dos grupos musculares antigravitacionais dessas
pessoas implicadas.
A aplicação de exercícios psicomotores a pessoas idosas, ou reeducação
psicomotora, constitui uma ciência artesanal. Trabalha-se com a pessoa. É uma nova
dimensão particular, individual, em que está em jogo o aspecto qualitativo da relação
humana vinculada aos estímulos externos que determinam os comportamentos
surgidos ao longo da vida do ser humano.
A estimulação e a orientação às práticas de atividades de reeducação
psicomotora propiciam a criação de uma atmosfera saudável, atuante e existencial, de
elevado valor psicológico, sob forma de tarefas e movimentos lúdicos.
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Os movimentos são realizados de forma lenta, integrados aos exercícios
respiratórios, aplicados de maneira contingencial e adequados às necessidades e
capacidades funcionais da cada idoso. Controlados pelo ritmo individual, sem
esforço, os exercícios devem obedecer à execução máxima de cinco vezes cada, com
intervalo de um para outro, aumentando gradativamente, de acordo com as
possibilidades individuais (FERREIRA, 2000).
Efetuados diariamente ou no mínimo três vezes por semana, as consignes
não possuem caráter de obrigatoriedade, mas devem ser encaradas como
organicamente necessárias, por minimizar as tensões. Estimulam a circulação e
aumentam o interesse em realizar movimentos conscientes, intencionais e sensíveis.
Propiciam, num clima de cordialidade, o alcance de objetivos imediatos de
preservação da saúde, bem estar alegria de viver.
Nos programas e Planejamentos de Saúde para o próximo milênio, a OMS
considerou como uma das metas mínimas o aumento de tempo de vida dos humanos.
O principal enfoque dessa meta, em sua amplitude, é considerar a saúde como um
dos componentes do bem estar de cada comunidade (FERREIRA, 2000)
7.1 – Aplicações
A
reeducação
neurológica
consiste na repetição sistemática dos
movimentos, sob a forma de recapitulação de algumas fases do desenvolvimento
natural da criança. Esses movimentos, sob forma de exercícios repetitivos e
sistemáticos, são significativamente importantes na definição da organização
neurológica (COSTE, 1992).
No caso de pessoas idosas, portadoras de problemas neurológicos ou mesmo
com dificuldades posturais e de locomoção, deve-se realizar os movimentos de forma
sistemática; porém, como condutas psicomotoras, esses movimentos são suscessões
de movimentos especificamente humanos, cuja característica essencial é sua
realização de forma consciente, intencional e sensível.
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A grande maioria das pessoas tem capacidade de absorver as condutas
psicomotoras, em gradientes progressivos de dificuldade. São habilidades essenciais,
praticadas e aperfeiçoadas por meio da aprendizagem de movimentos, em sessões
individuais ou coletivas de reeducação psicomotora. Estimulam o raciocínio criativo
e possibilitam recursos ilimitados de ações. Esses movimentos, considerados
movimentos naturais e espontâneos da criança, são apresentados em seguida, sob
forma de exercícios ou de praxias andrológicas. São uma sucessão de movimentos
especificamente humanos, cuja característica essencial é a
finalidade e a
intencionalidade. Podem, entretanto, ser transformados em jogos de movimentos ou
psicomotores, dependendo da forma de aplicação.
A fim de tornar os jogos mais interessantes e estimular maior envolvimento
dos idosos, esses movimentos devem ser planejados em forma de ações em grupos,
na solução de terminados problemas. Os idosos compartilham idéias e colaboram na
criação de estratégias, estimulando, assim, o desenvolvimento das habilidades
mentais essenciais à memorização e ao pensamento criativo (COSTE, 1992).
53
CAPÍTULO VIII
PSICOMOTRICIDADE E ENVELHECIMENTO
A abordagem globalizada como é a da Psicomotricidade pode atender
satisfatoriamente às necessidades do idoso (FERREIRA, 2000).
Existe a necessidade de um atendimento mais especializado que vise a saúde
funcional, o bem-estar psicológico social e familiar para garantir a sua qualidade de
vida no que diz respeito principalmente a autonomia e independência.
A psicomotricidade para idosos, como parte do atendimento interdisciplinar
à velhice, tem como objetivo maior à manutenção das suas capacidades funcionais.
Envelhecer mantendo todas as funções não significa problema quer para o indivíduo
ou para a sociedade (PAPALÉO NETTO, 2000).
A manutenção das capacidades funcionais está intimamente ligada à
manutenção da independência e da autonomia que interferem diretamente na
qualidade de vida de qualquer pessoa e em especial na do idoso. Poder fazer tudo
aquilo que deseja dentro do seu contexto-sócio-economico-cultural, dá a pessoa idosa
potência e vitalidade além de tirar um peso da sociedade.
A psicomotricidade para o idoso, visa criar uma consciência de seu poder de
sabedoria, valorizar suas capacidades e dar realce às suas forças, incentivar o
enfrentamento de certas limitações físicas e perdas e estimular o auto-cuidado com o
desenvolvimento de hábitos pessoais de saúde. A prática psicomotora vai colocá-los
diante de um espaço de vida, de um espaço de atividade. Essa intervenção certamente
54
levará o idoso a questionar suas atitudes e conseqüentemente ter mais possibilidades
em adaptar-se às mudanças que o envelhecer acarreta (COSTE, 1992).
Trabalhar com um corpo relacionando-o com pensamentos e sentimentos dá
à pessoa uma sensação de integridade que atende à natureza do homem que é a
unidade psico-fisica. Os estímulos sensoriais e perceptivos e a própria atividade
física promovem um estado de prazer. Despertar o prazer em pessoas que por sua
própria condição existencial apresentam situações de depressão e luto não só pela
perda de entes querido mas também pelas perdas relacionadas com o lugar social que
ocupavam e com as perdas do processo de envelhecimento, é dar-lhes sentido de
vida, é ativar a energia existente nessas pessoas.
A psicomotricidade, atuando como uma terapia corporal, trabalha
basicamente com o prazer; o prazer de sentir o próprio corpo, tão esquecido e
adormecido; o prazer de perceber possibilidades; o prazer de lidar de alguma maneira
com as suas limitações; o prazer de brincar; o prazer de se reconhecer; o prazer de
viver (COSTALLAT, 1998).
As atividades psicomotoras estimulam acima de tudo a consciência de um
corpo que é expressão de um ser que pensa, que sente, e que age em relação com os
outros, com os objetos e consigo mesmo. A exploração do corpo é proposta com o
objetivo de uma tomada de consciência para que haja melhor uso e
conseqüentemente maior possibilidade de expressão. O idoso vivencia um corpo
cheio de dores, e tem neste corpo a prova viva das perdas que ocorrerem tanto no
físico como também nos aspectos psicossociais. As tensões musculares crônicas que
se acumularam no passar dos anos impedem a percepção das sensações de partes do
corpo. Tomar consciência dessas tensões já é o primeiro passo para encontrar meios
de adaptação. Sentir as pernas e os pés no chão trazem a sensação de que as pernas a
sustentarão, promovendo segurança e confiança em si. O desenvolvimento da
autoconfiança
reflete-se
diretamente
em
conseqüentemente no aumento da auto-estima.
mudanças
na
auto-imagem
e
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O alicerce de uma vida alegre é o prazer que sentimos em nossos corpos, a
psicomotricidade para idosos resgata esse corpo de sensações, trazendo o prazer.
Biologicamente o prazer encontra-se intimamente ligado ao fenômeno do
crescimento, importante expressão do processo contínuo da vida.
8.1 - Terapia Psicomotora
Dirigida a indivíduos com conflitos mais profundos na sua estruturação,
associados aos funcionais ou com desorganização total de sua harmonia corporal e
pessoal. Está baseada nas relações e na análise das relações por meio do jogo de
movimentos corporais.
O essencial na terapia psicomotora é a qualidade do relacionamento corporal
e da comunicação afetiva, de acordo com o ritmo do paciente e não terapeuta; a
tentativa de acelerar o ritmo de evolução pelo terapeuta bloquearia o processo.
Geralmente funciona com pacientes individuais, mas pode evoluir para grupos e
também evoluir da terapia para a reeducação e depois para a educação psicomotora.
A diferença entre o reeducador e o terapeuta está no foco do problema. O
terapeuta da psicomotricidade exerce sua prática numa estrutura em que o contrato
terapêutico com o paciente está claro.
Na terapia, é de fundamental importância o vivido corporal (as experiências
vivenciadas) com relação à realidade e à fantasia, com a respectiva carga afetiva,
emocional, sensual, sexual etc. Aspectos desse vivido corporal são passados durante
a terapia psicomotora, através da relação do indivíduo com seu próprio corpo, com o
terapeuta e com outras pessoas que a cercam. Ao terapeuta cabe entender o que está
sendo expressado e responder, às vezes através do seu corpo, num plano também
simbólico.
Désobeau (1982), citado por Mello (1998), ressalta a importância do brincar
em terapia psicomotora. Valorizando tal tipo de atividade, ela assim se posiciona: “O
56
brincar é certamente o modo de expressão e de comunicação privilegiado da
criança”. No brincar, no jogar, Désobeau vê elementos de exploração, expressão e
prazer. Neste caso, o terapeuta deve engajar-se no brincar, através do diálogo
corporal e de uma vivência emocional e afetiva.
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CONCLUSÃO
Ao falarmos na terceira idade, conclue-se que os seres humanos estão em
constante processo de aprimoramento; vivem em sociedade e assim interatuam entre
si, com capacidade crítica sobre sua existência.
Através de oportunidades educativas, na terceira idade, acredita-se que será
possível efetivamente, lutar pela qualidade de vida na velhice; enfrentar dificuldades
resultante das carências educativa, culturais; estimular a participação ativa.
Objetivo deste trabalho foi saber
de que maneira a psicomotricidade
interfere positivamente no processo de envelhecimento, promovendo bem-estar, além
de identificar e definir quais são os fatores que levam à boa aceitação dessa prática
pela terceira idade.
Pode-se notar que muitas foram às mudanças percebidas, não havendo, em
nenhum caso, ausência de mudanças, evidenciando assim que este trabalho tem
ressonância nessa etapa do desenvolvimento humano. O trabalho corporal em grupo
cada vez mais aparece como instrumento facilitador para as grandes e
principalmente para as pequenas mudanças de todos os dias.
Para
uma
população
idosa
que
sofre
mais
de
um
problema
psicossociogênico do que físico, a psicomotricidade é um caminho que abre
possibilidades de encontrar outras formas de fazer o que já sabem, proporcionando a
esses indivíduos tão discriminados, viver o envelhecimento como um momento pleno
de vida, de ação e não de limitações e perdas. A conquista da auto-confiança, e o
resgate da auto-estima estimula-os ao autocuidado e motiva-os a preservar sua
independência e autonomia que são preditores de bem-estar.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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53-56.
ASSIS, M. O Envelhecimento e suas Conseqüências Sociais. Rio de Janeiro: Eduerj,
1998, p. 54-78.
BALLONE, G. J. A Terceira Idade. Disponível em www.psiqweb.com.br. 2002.
Retirado em 03/09/03.
BUENO, J. M. Psicomotricidade: Teoria e Prática. São Paulo: Lovise, 1998, p. 1740, 51-94.
COSTALLAT, D. M. Psicomotricidade. Porto Alegre: Globo, 1998, p. 13-31.
COSTE, J.C. A Psicomotricidade. São Paulo: Guanabara Koogan, 1992, p. 10-14.
FERREIRA, C. A. M. Psicomotricidade da Educação Infantil à Gerontologia –
Teoria e Prática. São Paulo: Lovise, 2000, p. 153-166.
FONSECA, V. Manual de Observação Psicomotora. Lisboa: Editorial Notícias,
1992, p. 42-63.
MELLO, A. M. Psicomotricidade - Educação Física – Jogos Infantis. 4 ed. São
Paulo: Ibrasa, 1998, p. 33-35.
59
PIRES, T. S. A Recreação na Terceira Idade. Disponível em www.cdof.com.br.
2001. Retirado em 03/09/03.
PAPALÉO NETTO, M. Gerontologia – A Velhice e o Envelhecimento em Visão
Globalizada. São Paulo: Atheneu, 2000, p. 3-7, 26-27.
SOUZA, A. L. L., PIMENTEL, B. S. O Sistema Social e o Idoso. Disponível em
www.prateada.webbr.net/idoso.htm.1997. Retirado em 03/09/03.
VIEIRA, E. B. Manual de Gerontologia. Rio de Janeiro: Revinter, 1996, p. 06-23.
ANEXO
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universidade candido mendes pró-reitoria de planejamento e