Cenário - Relações com Investidores - Fev’2014
Descompasso entre inflação interna e inflação externa inverte efeitos da taxa de câmbio
O mês de janeiro trouxe uma série de dados econômicos interessantes. Foram as primeiras apurações de 2014
e outras remanescentes de 2013. Vimos que nossa taxa de desemprego caiu ainda mais e chegou a 4,3%. Os
indicadores antecedentes ainda sugerem que os níveis devem continuar diminuindo. No mesmo ritmo de queda
segue a inadimplência. Mas isso tem duas explicações: a primeira, a própria taxa de desemprego. E, a segunda, o
alto endividamento das famílias após o período de juros reais baixíssimos.
Se não pela contração de crédito (via aumento da Selic) e redução da demanda por crédito por parte do
consumidor em função desse mesmo endividamento, a inadimplência cai e influencia o consumo à vista. Assim, os
preços sobem. A inflação acumulada de Despesas Pessoais de 2012 até agora já está em 21%, enquanto a de
Alimentos crava 20%. Educação (17%) e Saúde (14%) completam a lista no mesmo período. O grande vilão dessa
alta é o setor de serviços.
O dado que chama mais atenção, entretanto, é a o saldo da Balança Comercial. Mesmo com o dólar cotado,
em média, aos R$ 2,3818 em janeiro, houve déficit de US$ 4,06 bilhões. Em outras palavras, a taxa de câmbio nesse
patamar deveria fazer com que o as exportações fossem maiores do que as importações, mas isso não aconteceu.
Agora, a pergunta é: por quê?
A explicação é que a conjuntura brasileira atual pressiona os índices de preços. Nossa inflação beira 6% ao ano,
ao passo que os CPI’s (Consumer Price Indexes) externos estão, na média, em 1,4%. Esse descasamento anula o
efeito de um câmbio favorável porque altera os preços relativos, corrigindo os produtos aqui mais rápido do que lá
fora. Os termos de troca ficam, então, deteriorados. Como resultado, as importações crescem e as exportações
diminuem. Um possível aumento de juros em fevereiro pode começar a mudar esse cenário controlando a inflação.
Mas, nesse caso, o governo precisaria atuar de forma a desvalorizar o real ante o dólar de outro modo. Assim,
tornaria competitivos os produtos brasileiros no exterior.
A projeção é que o Copom altere a taxa de juros novamente este mês. Acreditamos em aumento de 0,25% a
0,5% na reunião dos dias 25 e 26 de fevereiro. A Selic, que está hoje em 10,5% ao ano, deve ficar entre 10,75% e
11%. Os juros futuros fecharam o mês de janeiro em 11,77%. Isso já trará alterações importantes para o ambiente
macroeconômico, mas, particularmente, para inflação, taxa de câmbio e investimento privado. Para o mercado de
capitais deve potencializar a captação liquida dos FIDC’s. A categoria fechou o ano na terceira posição com R$ 14,1
bilhões. Os fundos Cambiais tiveram grande captação como percentual do PL, mas isso se estancou com o possível
ponto de inflexão na curva de cotação do dólar. Nas duas primeiras posições, ficaram os fundos de Previdência,
com R$ 22,7 bilhões, e os Referenciados DI, com R$ 15 bilhões.
Gilmar Faustino
Análise Setorial da SRM
As informações contidas neste documento foram concebidas tendo em vista dados econômicos observados na ocasião, bem como suas projeções, que são válidas
caso o cenário atual se mantenha. Eventuais alterações nas variáveis macroeconômicas analisadas podem provocar mudanças nas posições aqui contidas. A SRM
não se responsabiliza pelo uso indevido ou interpretação equivocada desse material e aconselha seus clientes e parceiros a munirem-se de toda a informação
possível para fazer seu próprio julgamento. Este documento não deve ser comercializado, servindo de mero informativo aos usuários.
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