O Insucesso da Política Econômica
e as Dificuldades para o Futuro
Celso L. Martone
Novembro de 2013
I. Bases Teóricas da Política: Uma Interpretação
Proposições
1. O sistema capitalista, baseado no livre mercado, não
garante o pleno uso dos recursos nem a distribuição da
renda ao longo do tempo.
2. O sistema está sujeito a crises periódicas, que são
inerentes à sua própria dinâmica.
3. Cabe ao estado intervir na alocação de recursos e na
distribuição da renda para manter o pleno-emprego, o
crescimento contínuo e evitar crises.
Inspiração Econômica
M. Kalecki: dinâmica macroeconômica
H. Minsky: hipótese da instabilidade financeira
Filosofia Política:
A. Gramsci: a construção do socialismo
II. Fundamentos de Política Econômica
● O investimento gera sua própria poupança.
● O investimento é igual ao lucro mais o déficit do governo
● O juro real deve ser baixo para reduzir a participação dos “rentiers”
(classe parasitária) na renda.
● O aumento do consumo (e do déficit do governo) aumenta os
lucros e a disposição de investir.
● O sistema financeiro deve ser regulado pelo governo e posto a
serviço da política econômica.
● O governo deve direcionar os investimentos, especialmente nos
setores considerados estratégicos para o crescimento.
III. Porque Parecia Dar Certo até 2010?
1. Boom mundial elevou preços de commodities e gerou ganho de 35% nos
termos de troca e crescimento médio anual da renda real de 0,5% entre
2004 e 2010.
2. Elevada liquidez mundial permitiu acumulação de reservas e afastou
risco de crise cambial.
3. Metas fiscais e metas de inflação afastaram risco de crise fiscal e/ou
inflacionária.
4. Soma de 2 e 3 desencadeou rápido aumento do crédito ao consumo
5. Expansão dos gastos correntes do governo e transferências
impulsionaram o consumo interno.
IV. Porque Não Deu Certo a Partir de 2011?
1. Baixo crescimento mundial: queda de preços de commodities e menor
liquidez internacional.
2. Taxa bruta de investimento não aumentou, apesar dos R$ 400 bilhões
transferidos ao BNDES e mais R$ 400 bilhões à CEF e BB.
3. Política mais ousada a partir da crise de 2008:
- abandono da austeridade fiscal e metas de inflação
- expansão do crédito via bancos federais
- novos subsídios ao consumo (renúncia fiscal)
-intervenções em petróleo, eletricidade e mineração
- intervenção no mercado de câmbio
- controle de preços administrados
- protecionismo
4. Crise de confiança na economia e no governo
A Tendência Crescente da Taxa de Inflação
7.5
7.0
6.5
6.0
5.5
5.0
4.5
4.0
2009
2010
2011
2012
2013
Risco do Brasil Relativo ao Conjunto
dos Países Emergentes - IMBI
90
85
80
75
70
65
60
2010
2011
2012
2013
O Descolamento entre a Bovespa e a S&P 500
1800
1600
1400
S&P 500
1200
1000
Bovespa em US$
800
600
400
200
2009
2010
2011
2012
2013
Taxa de Câmbio vs. Preços de Commodities
(Jan 2004 a Ago 2013)
3.2
Taxa de Câmbio R$/US$
Crise Fi nanceira
2.8
2.4
Crise Atual
2.0
1.6
1.2
280
320
360
400
440
480
520
Preço de Commodities (CRB Spot)
560
600
Figura 2
Dívida Bruta e Líquida do Governo
Geral como Proporção do PI
(por cento)
56
52
48
44
40
36
32
2006
2007
2008
2009
Dívida líquida/PIB
2010
2011
2012
Dívida bruta/PIB
Necessidade de Financiamento Externo:
Saldo da Cta. Corrente menos Investimento Direto(*)
(US$ Bilhões)
20
10
0
-10
-20
-30
-40
04
05
06
07
08
09
10
(*) Até setembro de 2013.
11
12
13
Taxa de Câmbio e Taxa de Paridade
(Base = 2000)
4.0
3.5
Taxa de Câmbio
3.0
Taxa de Paridade
2.5
2.0
1.5
2000
2002
2004
2006
2008
2010
2012
V. Dificuldades à Frente
1. Inflação para cima, crescimento para baixo; inflação reprimida.
2. Déficit crescente em conta-corrente não pode ser financiado só por IDE.
3. Aumento contínuo da dívida bruta do setor público.
4. Crise do “presidencialismo de coalizão”; agitação social.
5. Não há mais política econômica, somente “empurrar com a barriga” até as
eleições.
6. Difíceis opções de política econômica em 2015: a volta à ortodoxia
significa contração fiscal e monetária e, consequentemente, recessão e
desemprego.
VI. Cenário para 2014
Crescimento da Economia
2010
2011
2012
2013
2014
PIB (R$ bil.)
3,770
4,140
4,400
4,770
5,180
PIB (US$ bil.)
2,140
2,480
2,230
2,170
2,160
7.6
2.7
1.5
2.3
2.1
Agricultura
6.3
3.9
-1.0
8.0
3.5
Industria
10.4
1.6
0.8
1.0
2.0
Serviços
5.5
2.7
2.0
2.2
2.0
20.2
19.7
19.0
20.0
20.5
PIB (crescimento anual - %)
Taxa Bruta de Investiment0 (% of GDP)
Taxa de Câmbio, Taxa de Juro e Inflação
2010
2011
2012
2013
2014
IPCA (%)
5.9
6.5
5.8
6.0
6.5
IGP-M (%)
11.3
5.1
7.8
6.0
7.5
Taxa de Câmbio (R$/US$ - Dez.)
1.69
1.83
2.1
2.3
2.5
SELIC (% - Dez.)
10.8
11.0
7.3
10.0
11.0
SELIC Real (% - média anual)
3.7
4.8
1.7
2.4
4.2
Setor Externo
2010
2011
2012
2013
2014
Exportações (US$ bil.)
202
256
243
240
240
Importações
182
226
223
239
245
Balança de Comércio
20
30
19
1
-5
Serviços e rendas (líquido)
-67
-83
-73
-81
-85
Balança de Conta-Corrente
-47
-53
-54
-80
-90
Reservas Internacionais
289
362
370
360
350
Documento preparado para a ABINEE em 12 de novembro de 2013
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