UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O ATO DE AVALIAR A APRENDIZAGEM ESCOLAR ATÉ
A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
POR
MARIA EUGENIA ROMERO DA SILVA
ORIENTADOR: Prof. NILSON GUEDES DE FREITAS
CO-ORIENTADOR: PROF. NELSOM DE MAGALHÃES
Rio de Janeiro
2005
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO-SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
O ATO DE AVALIAR A APRENDIZAGEM ESCOLAR ATÉ
A 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
POR
MARIA EUGENIA ROMERO DA SILVA
ORIENTADOR: Prof. NILSON GUEDES DE FREITAS
CO-ORIENTADOR: PROF. NELSOM DE MAGALHÃES
Monografia de final de curso,
Apresentada à UCAM –
Universidade Cândido Mendes, como
Requisito parcial para obtenção
Do título de Pós-Graduado em
Psicopedagogia.
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia a todos os
“
educadores
que
decidirem
levar
a
avaliação
do
rendimento escolar como parte importante do processo
ensino-aprendizagem, transformando aos poucos a
realidade
atual,
por
uma
realidade
de
cidadãos
conscientes críticos e interessados em mudanças”.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter colocado
anjos em minha vida na forma de
pessoas que me ajudaram durante o
caminho que percorri até o final
desta jornada, sem os quais eu não
teria sequer colocado os pés na
estrada.
A minha gratidão.
EPÍGRAFE
Seja na terra a pequenina chama que
ilumina as trevas em que jazem milhares de
criaturas.
Seja a água benéfica que dessedenta
todos aqueles que atravessam o deserto
da existência, sequiosos de carinho e amor.
Seja o alimento dos que nos
procuram, famintos de compreensão e
incentivo.
Procure servir e amar, para ter a
alegria de haver passado na terra
distribuindo benefícios a todas as criaturas.
(PASTORINO, Minutos de Sabedoria, 1972, p.270)
SUMÁRIO
Introdução
8
Capítulo 1 - Avaliação e Conceituação
10
Capítulo 2 – Tipos de Avaliação
17
Capítulo 3 – Transformações no Processo Avaliativo Escolar
23
Capítulo 4 – A Importância da Avaliação no Processo Ensino
28
Aprendizagem e na Construção e na Formação do
Educando
Conclusão
32
Referências Bibliográficas
33
Anexos
35
Índice
36
RESUMO
A prática do professor é permeada por momento de pensar pedagógico e momentos
de fazer pedagógico. Não são momentos separados. O pensar pedagógico respalda e
reoriente a prática. A prática realimenta e enriquece o pensar. Se o referencial teórico
desloca o eixo para o aluno, pois o professor já o percebe como sujeito do conhecimento e
que a ele cabe colocar-se ao seu lado na elaboração desse saber, o tom de aprender se
modifica; cada um cria seu próprio caminho para chegar bem como cada professor tem uma
forma muito particular de participar do processo de aprendizagem do aluno. Professor e
aluno tornam-se centro do ato educativo. É um processo dinâmico. Quando o professor se
coloca junto ao aluno como sujeito do conhecimento ele acompanha o processo de
descoberta do aluno, é uma redescoberta também para ele. Ele está junto, analisa o
desempenho do aluno na elaboração do saber, diagnosticando dificuldades, falhas, avanços.
É mediador do processo. É uma concepção de avaliação transformadora, avaliação de
qualidade. A avaliação do aluno não é tarefa solitária, feita apenas pelo professor.
Considera-se que o mais importante na avaliação é acompanhar o processo, então é
necessário que todos estejam atentos. É tarefa coletiva, de observação e acompanhamento
constantes por parte da família, da equipe escolar e do próprio aluno. Quando o professor e
o aluno se colocam como sujeitos do conhecimento, os resultados são construídos passo a
passo por meio de situações prazerosas. A construção implica abandonar de vez a
concepção de que só o professor tem a verdade. O professor deve conhecer a realidade de
seus alunos, analisar essa realidade em função do propósito que norteia a sua e a ação de
seus alunos e tomar decisões para redirecionar e alcançar a finalidade pretendida.
Palavras Chaves: Inclusão, Reflexão, Tomada de Decisão.
8
INTRODUÇÃO
A escolha do tema justifica-se pela sua grande importância no processo ensinoaprendizagem e na vida do educando. Precisa haver por parte da instituição, uma
compreensão do ato avaliar, uma disposição para acolher melhor o educando e buscar a
melhor maneira de possibilitar a construção de seus conhecimentos.
Não deve haver submissão por parte do educando, e sim liberdade; não deve haver
medo, e sim, espontaneidade e busca permanente de caminhos mais adequados e mais
satisfatórios para esta ação, sem interessar a aprovação ou reprovação do aluno e sim sua
aprendizagem.
Ao avaliar, é preciso olhar o percurso e refletir sobre as situações de aprendizagem
que foram vivenciadas coletiva e individualmente, tendo bem definidos os objetivos
contidos durante o processo de sua prática pedagógica.
Nessa perspectiva, é preciso conhecer o aluno, sua história, suas possibilidades e
necessidades.
O movimento de compreender o processo traz a descoberta das possibilidades do
aluno e a necessidade de criar ações pedagógicas que atendam ao olhar que devemos
manter quando avaliamos.
No entanto, para trabalhar esse olhar sobre os problemas dos alunos, o professor
precisa ter clareza dos objetivos do seu trabalho, de onde quer chegar. Na verdade, ao
avaliar cada produção de aluno, o professor faz uma comparação: compara o que o aluno
fez com o que esperava que ele fizesse, ou seja, em qualquer situação de avaliação, o
professor tem em mente um ou vários parâmetros que servem de medida para apreciar o
que está sendo avaliado. Assim, é preciso ter bem claros os pontos de chegada que se
espera que os alunos alcancem.
A avaliação deve ser usada a favor da aprendizagem do aluno e como instrumento
auxiliar do trabalho do professor, processando-se continuamente com a função de
diagnóstico e acompanhamento.
9
Nesta perspectiva no primeiro capítulo iniciamos uma reflexão teórica sobre
avaliação e sua importância no processo ensino-aprendizagem, destacando os aspectos
mais relevantes no processo avaliativo, conceituando e contextualizando segundo os
referenciais do PCN, Hoffman, Elvira S. Lima e Vygostky.
Dando prosseguimento, abordamos no decorrer do segundo capítulo os diferentes
tipos de avaliação utilizados no processo avaliativo, bem como sua importância no
trabalho pedagógico do ensino aprendizagem e na formação do aluno.
A seguir, no terceiro capítulo apresentamos as diferentes transformações
ocorridas durante o desenvolvimento e aprendizagem do aluno e a função que a
avaliação escolar exerce neste contexto, apontando as principais diferenças entre uma
avaliação classificatória e excludente e a avaliação pautada numa perspectiva
transformadora onde o aluno é o sujeito do processo.
Finalizando, no quarto capítulo apontamos a importância da avaliação escolar no
processo ensino aprendizagem, seu papel e relevância na construção da formação do
aluno, no sentido de torná-lo sujeito de seu próprio processo e prepará-lo para tornar-se
um indivíduo consciente e crítico na sociedade.
Assim, pretendemos apresentar uma pesquisa bibliográfica atualizada dos
resultados mais importantes na área da Educação Fundamental que tem um papel
fundamental no processo de formação de nosso aluno.
10
1. AVALIAÇÃO E CONCEITUAÇÃO
Neste capítulo iniciaremos uma reflexão teórica sobre avaliação e formas de avaliar,
abordando os aspectos mais relevantes do processo avaliativo, conceituando e
contextualizando, tendo como principais referenciais teóricos o PCN, Jussara Hofmann e
Vygoskti.
Quem procura um médico, está em busca de pelo menos duas coisas: um remédio e
um diagnóstico para seus males. Imagine sair de um consultório, segurando nas mãos em
vez de uma receita, um boletim. Estado geral de saúde, nota seis e ponto final. Doente
nenhum se contentaria com isso. E os alunos que recebem apenas uma nota final de um
bimestre, será que se sentem igualmente insatisfeitos? Se a escola existe para ensinar,
de que vale uma avaliação que só confirma a “doença” sem identificá-la ou mostrar sua
“cura”?
Assim como o médico, que ouve o relato dos sintomas, examina o doente e
analisa as radiografias e exames, o professor também tem à disposição diversos recursos
que podem ser úteis para diagnosticar problemas de sua turma. É preciso, no entanto,
prescrever o remédio.
De acordo com Jussara Hoffmann, “a avaliação escolar hoje só faz sentido se
tiver o intuito de buscar caminhos para a melhor aprendizagem”(Nova Escola, 2003,
p.27). Dessa forma, a autora diz claramente o verdadeiro objetivo da avaliação que deve
ser transformadora verificando até que ponto as expectativas do professor podem
influenciar as formas peculiares dos alunos em responderem às diferentes situações em
sala de aula. Este aluno não deve ser rotulado, mas sim, ajudado a construir o seu
próprio conhecimento.
Infelizmente o termo “avaliar” é entendido como testar, medir e julgar a
capacidade do aluno de estar resolvendo determinada questão, sem levar em
consideração o processo do conhecimento, que é contínuo e infindável.
11
A avaliação escolar deve assumir novas dimensões, contrapondo-se à idéia de
que submetendo a criança a um mero teste escrito, com dia e hora previamente
marcados, o papel de avaliar está sendo devidamente cumprido. O ato de testar, de medir
e de avaliar é distinto e merece uma atenção especial, para que realmente seu significado
possa ser compreendido pelo corpo docente.
Testar significa submeter a um teste ou experiência, isto é, consiste em verificar o
desempenho de alguém ou alguma coisa.
Medir significa determinar a quantidade, a extensão ou o grau de alguma coisa. O
resultado da medida é expressa por números. Avaliar, por sua vez, é interpretar dados
quantitativos e qualitativos para obter um parecer ou julgamento de valor, tendo por base
padrões ou critérios. (PILETTI, 2004, p.192).
Logo, o processo de avaliação consiste, acima de tudo, em um meio que permite
a observação contínua a fim de que se possa interpretar os conhecimentos, as habilidades
e as atitudes dos alunos, buscando sempre seu aperfeiçoamento nos aspectos social,
afetivo, cognitivo e psicomotor.
Existem alguns princípios básicos que norteiam a avaliação do processo ensinoaprendizagem. Ela deve ser contínua, quer dizer que deve ser planejada e diária,
funcional, que consiste em verificar se os alunos estão atingindo os objetivos previstos
no planejamento; orientadora, que visa orientar os alunos no processo de aprendizagem;
integral, que visa o aluno como um todo, integrando seus diferentes aspectos.
A avaliação não é um momento fechado, mas sim, um constante observar e por
esse motivo, preferimos chamá-lo de processo diagnóstico e avaliativo, que já vai
acontecendo com devidas intervenções e atividades propostas.
Quando avaliamos, não o fazemos somente em relação à evolução da criança,
mas sim, também ao nosso programa, ao nosso projeto e à nossa intervenção educativa.
A avaliação fornece ao professor elementos para uma reflexão contínua sobre sua
prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho, e à retomada de aspectos que
devem ser revistos, ajustados ou reconhecidos como adequadas ao processo de
12
aprendizagem individual ou de todo o grupo. Para o aluno, é o instrumento de tomada de
consciência de suas conquistas, dificuldades ou possibilidades para reorganização de seu
investimento na tarefa de aprender. (PCN, 1996, p. 81)
A concepção de avaliação dos Parâmetros Curriculares Nacionais vai além da
visão tradicional, que focaliza o controle externo do aluno mediante notas ou conceitos,
para ser compreendida como parte integrante e importante do processo educacional. A
avaliação não se restringe ao julgamento sobre sucessos ou fracassos do aluno, é
compreendida como um conjunto de atuações que tem a função de orientar a intervenção
pedagógica. Ele deverá acontecer continuamente por meio de uma interpretação
qualitativa do conhecimento construído pelo aluno. Portanto, avaliar num processo de
aprendizagem só pode acontecer se for relacionada com as oportunidades oferecidas
para o aluno.
O momento de avaliar subsidia o professor com elementos para uma reflexão
contínua sobre a sua prática, sobre a criação de novos instrumentos de trabalho, e a
retomada de aspectos que devem ser ajustados ao processo de aprendizagem individual
ou em grupo.
Tomar a avaliação nessa perspectiva requer que a mesma ocorra em todo o
processo de ensino e aprendizagem e não somente após o fechamento de etapas de
trabalho. Assim, a avaliação servirá de contribuição para que a tarefa educativa tenha
sucesso. Utilizar a avaliação como um instrumento para o desenvolvimento das
atividades didáticas, requer que ela não seja interpretada como um momento estático,
mas como um momento de observação de um processo dinâmico de construção de
conhecimento.
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais a avaliação é compreendida como
elemento integrador entre a aprendizagem e o ensino; conjunto de ações para orientação
da intervenção do professor; elemento de reflexão contínua para professor sobre sua
prática educativa; instrumento que possibilita ao aluno tomar consciência de seus
avanços e dificuldades.
13
Avaliar a aprendizagem, portanto, implica avaliar o ensino oferecido, para que
a finalidade de fazer aprender seja cumprida.
O mais importante é a atitude que se tem. A capacidade de ser receptivo, de
escutar, de observar, de perguntar, etc. Portanto, a avaliação que o professor faz do
aluno, influi e condiciona a imagem que o aluno vai formando em relação às suas
capacidades e às possibilidades de seguir com certo sucesso a sua escolaridade.
O professor precisa conhecer seus progressos e as suas dificuldades, para poder
esforçar-se e melhorar seu desempenho no processo ensino-aprendizagem.
A avaliação é uma tarefa complexa, ela não se resume apenas na aplicação de
provas e das notas. O professor poderá utilizar-se de vários instrumentos de verificação
(entrevistas com alunos, entrevistas com os responsáveis, leituras de fichas informativas
sobre os alunos, observação de comportamento, entrevistas com pessoas que conhecem
o aluno).
O trabalho docente terá mais eficiência quando pautado em dados reais e
informações sobre o aluno. Uma avaliação bem feita depende da coleta de dados,
partindo de objetivos claros, identificação precisa dos usos potenciais dos resultados
obtidos.
Nesse sentido, o professor, ao final de cada proposta avaliativa deve verificar de
que forma e até que ponto os objetivos propostos foram alcançados, se os resultados
foram satisfatórios ou não, para eventualmente fazer um replanejamento de conteúdos e
elaborar propostas de recuperação. .
A reprovação provoca prejuízos à sociedade, ao sistema de ensino, à escola e,
principalmente ao aluno. Com a reprovação, a sociedade e as instituições são levadas a
levantar recursos para atender aos mesmos alunos que ocupam a vaga destinada a novos
alunos, fazendo com que o maior prejudicado seja o próprio aluno (reprovado), pois a
reprovação pode trazer traumas ou pode afetar sua personalidade, pois ao ser reprovado,
se sente incapaz, criando nele um conceito negativo, que pode levar ao desinteresse ou
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até ao abandono de estudos. Este estigma negativo pode até mesmo trazer dificuldades
em sua vida fora da escola.
A história nos mostra que a sociedade e a escola prezam por demais a reprovação e que
se vem cultuando essa prática como garantia de manutenção de ‘uma escola de
qualidade’. Assim, o professor que não reprova é tido como bonzinho, pouco exigente,
em todos os graus de ensino. Com a finalidade explícita de aprovar/reprovar, essa prática
passou a ser exercida no sentido de classificar entre capazes e incapazes, comparar
diferenças, estabelecer padrões homogêneos de sucesso e fracasso, para poder excluir,
obstaculizar processos de aprendizagem, manter na escola apenas os melhores.
(HOFFMANN, 2004, p.61)
Quanto ao papel do professor, enquanto agente avaliador cabe ter uma visão
abrangente a respeito da avaliação, e até ir além, pois lidamos com seres humanos,
individuais e únicos em sua essência, daí a importância de recolher o máximo de
informações de cada caso, para assim poder auxiliar o crescimento e a realização do
aluno.
A avaliação se aplica não apenas ao aluno, considerando a expectativa da
aprendizagem, mas às condições oferecidas para que isto ocorra.
Para alguns educadores, a ação de educar e a ação de avaliar são como dois
momentos distintos e não relacionados.
Muitos educadores em seu dia-a-dia
acompanham seus alunos, e ao final de um bimestre transformam suas observações em
conceitos classificatórios ou lista de comportamentos não adequados, onde muitos
alunos são prejudicialmente rotulados. Esse equívoco de ver a ação avaliativa separada
da ação educativa se encontra nas exigências burocráticas da escola e do sistema. “É
necessário a tomada de consciência e a reflexão a respeito dessa compreensão
equivocada da avaliação como julgamento de resultados porque ela vem se
transformando numa perigosa prática educativa”( HOFFMANN, 2001, p.16).
A avaliação é parte fundamental da educação. Um professor que não avalia sua
ação educativa, no sentido interrogativo e investigativo, tem sua docência em verdades
absolutas, pré-moldadas e terminais.
15
A punição para comportamentos indesejáveis envolve, quase sempre, a exclusão do
aluno da situação da aprendizagem.O educando é retirado do espaço de ensino,
podendo
ficar
recluso em outro ambiente da
qualquer da escola, diretoria), ou ser
porque
questões
o processo de
escola,
(alguma sala, um canto
enviado para casa. Cria-se, um impasse,
aprendizagem é usado como parte da
comportamentais, o que influi
na relação do
negociação nas
indivíduo
com o
conhecimento. (SOUZA LIMA, 2003, p.14).
Segundo Elvira Souza Lima (2003), quando a avaliação é usada de forma
seletiva e classificatória, através de conceitos e notas e como punição ao
comportamento, ela é vista como instrumento discriminatório, trazendo sérios prejuízos
sociais decorrentes da reprovação do estudante. Este prejuízo é decorrente da concepção
de avaliação como função burocrática e punitiva do projeto de vida de nossas crianças e
adolescentes.
Para que este prejuízo não ocorra é necessário oportunizar ao educador uma
tomada de consciência sobre a contradição que existe entre o ato de educar e o de avaliar
como julgamento.
O processo de avaliação abrange tudo isto, entendendo-se por avaliação, um
processo mais amplo do que a simples constatação dos conhecimentos construídos pelos
alunos em um determinado momento de sua trajetória escolar.
Segundo Vygostky (2003), o desenvolvimento de crianças e adolescentes deve
ser olhado, visando o que está para acontecer na trajetória de cada um. De acordo com
este autor, devem-se procurar os “brotos”, as “flores” ou “ramos” do desenvolvimento,
em vez de somente seus frutos.
Normalmente a avaliação centra-se no que o aluno é capaz de fazer sozinho em
determinado momento. Para Vygostky (2003), construir conhecimentos implica uma
ação compartilhada, já que é através dos outros que as relações entre sujeito e objeto do
conhecimento são estabelecidas. Não se poderia, portanto, avaliar os conhecimentos
construídos desvinculando-os do processo em que foram constituídos.
16
Por isso, a avaliação deve ser contínua, onde professores incentivem seus alunos
a trocar experiências entre si, confrontando pontos de vista divergentes, dividindo tarefas
coletivamente, apoiando-se mutuamente na solução dos problemas apresentados. Para
isso, é necessário que as práticas avaliativas sejam enriquecedoras e estimuladoras da
criatividade dos alunos, levando em conta não apenas o que foi aprendido em sala de
aula, mas tudo aquilo que está sendo construído pelos alunos em diversas situações e a
partir de outras mediações.
Voltada para a transformação, a avaliação é muito mais que a expressão de
determinados conceitos para alunos, ela expressa a postura do educador comprometido
com a construção de conhecimentos e valores de uma escola.
17
2. TIPOS DE AVALIAÇÃO
Este capítulo destina-se a abordar as diferentes formas e tipos de avaliação
utilizados no processo avaliativo e sua relevância na formação do aluno, tendo como
principal referencial teórico os Parâmetros Curriculares Nacionais.
Avaliar é indispensável em toda atividade humana e, portanto, em qualquer
proposta de educação.
A avaliação é inerente e imprescindível durante todo o processo educativo que se
realize em um constante trabalho de ação-reflexão-ação, porque “educar é fazer ato de
sujeito, é problematizar o mundo em que
vivemos para superar
as contradições,
comprometendo-se com esse mundo para recriá-lo constantemente”. (GADOTTI, 1985,
p.90).
De acordo com Luckesi (2000), a avaliação é uma ferramenta necessária ao ser
humano no processo de construção dos resultados que planejou para produzir, assim
como seu uso para o redimensionamento da direção da ação. A avaliação é uma
ferramenta da qual o ser humano não se livra. Ela faz parte de seu modo de agir e, por
isso é necessário que seja usada da melhor forma possível.
A avaliação apresenta três funções: A diagnóstica que é realizada no início
do curso, período letivo ou unidade de ensino com a intenção de constatar se os alunos
apresentam ou não domínio dos pré-requisitos necessários. A formativa, cuja função é
de controle. É realizada durante todo o decorrer do período letivo, com o intuito de
verificar se os alunos estão atingindo os objetivos previstos e a somativa, cuja função é
classificatória, realiza-se ao final de um curso, período ou unidade de ensino. Consiste
em classificar os alunos de acordo com os níveis de aproveitamento previamente
estabelecidos, geralmente tendo em vista sua promoção de uma série para outra, ou de
um grau para outro.
Todo professor estabelece metas para o seu trabalho docente. Avaliar é
praticamente comprovar se os resultados desejados foram alcançados, ou seja, até que
18
ponto as metas foram atingidas. Por isso, os objetivos devem ser formulados claramente
e de forma operacional para que sejam referenciais seguros na definição do que serão
avaliados e quais os instrumentos de avaliação mais adequados.
2.1. Como diagnosticar as Dificuldades de Aprendizagem
A avaliação diagnóstica é um instrumento de investigação do professor em relação
à aprendizagem do aluno para analisar o que este já sabe, o que precisa ainda saber,
como também o que ele faz sozinho e o que ele faz com ajuda.
Na avaliação diagnóstica o professor poderá detectar, isto é, obter informações
sobre o rendimento escolar de seus alunos. Como é aplicada no início do ano letivo,
oferece ao avaliador um grau de “familiaridade”, que o aluno tem como determinado
assunto. Este momento auxilia o professor a identificar alunos com padrão aceitável para
novas aprendizagens, constatar deficiências em termos de pré-requisitos, propor
atividades com vistas a superar as deficiências e, constatar particularidades e
individualizar o ensino. A partir daí então o docente planejará suas aulas e atividades de
forma a atender as necessidades “sinalizadas” durante a avaliação diagnóstica, dos
alunos e da turma.(Rabelo, 1998, p.72)
Um dos propósitos da avaliação com função diagnóstica é também, informar ao
professor sobre o nível de conhecimento e habilidades dos alunos. Geralmente é feita
antes de iniciar o processo de ensino-aprendizagem e, depois de um curto tempo, para
determinar o quanto os alunos progrediram, além de mostrar se os objetivos foram
atingidos ou não.
Algumas dificuldades são sobre a natureza cognitiva que tem sua origem no
próprio processo ensino-aprendizagem. Outras são de origem afetiva ou emocional,
decorrentes de situações conflitantes vivenciadas pelos alunos em casa, na escola, ou
com seu grupo de colegas. Nestes casos, o professor pode ajudar de várias formas, como
por exemplo, estimulando o relacionamento entre os alunos através de dinâmicas, jogos,
com integração da classe. Pode também fazer a distribuição de funções e dividir tarefas,
19
proporcionar atividades de expressão oral, e reforçar o comportamento positivo sem
fazer críticas negativas.
Na avaliação formativa que ocorre durante o processo ensino-aprendizagem,
utilizam-se testes, provas e outros instrumentos avaliativos e tem como finalidade
fornecer informações sobre o processo, localizar as deficiências e proporcionar o
replanejamento. Esta avaliação é um componente quase obrigatório em toda avaliação
contínua. Tem como propósito constatar se os objetivos estabelecidos foram alcançados
pelos alunos e fornecer dados para aperfeiçoar o processo ensino-aprendizagem.
Na avaliação somativa, que acontece no final de uma unidade de ensino, o objetivo
é fazer um balanço somatório de uma ou várias seqüências de um trabalho. Além de
fornecer informação, caracteriza-se por situar e classificar, e, os resultados desta
avaliação serão utilizados com várias finalidades: verificar até que ponto os objetivos
foram alcançados para eventualmente fazer um replanejamento e uma possível
recuperação; promover alunos, se eles tiverem alcançado os objetivos propostos.
2.2 Recursos Avaliativos
Os princípios básicos do ensino contidos nas propostas de educação, mais
especificamente nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), foram elaborados
procurando, de um lado, respeitar as diversidades regionais, culturais, políticas e
existentes no país e, de outro lado, dar oportunidade ao aluno de posicionar-se de
maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais ampliando a
sua formação como cidadão e intensificando relações com seu mundo interior e exterior.
Todo processo deve consistir na participação do aluno e não mais na aniquilação de sua
auto-estima pelo professor.
O papel do professor nesta concepção avaliativa não é somente o de corrigir o
erro do aluno, mas de levá-lo a refletir e a descobrir como foi que cometeu o mesmo,
para posteriormente intervir, a fim de que o aluno reorganize e avance nos seus
20
conceitos. Permite, também, ao professor ter a oportunidade de refletir sobre seu ensino
para poder melhorá-lo.
Segundo Jussara Hoffmann, (2004), dentre os diversos recursos acumulativos
existentes, podemos mencionar:
A Auto-avaliação: técnica que possibilita ao professor e ao aluno um momento
reflexivo sobre o trabalho realizado. Essa técnica pode ser desenvolvida em linguagem
oral ou escrita. Estudantes e profissionais que realizam a auto-avaliação têm mais
facilidade para avaliar suas produções e redirecioná-las de forma mais proveitosa do que
a realizada e conduzida pelo professor.
O Conselho de classe: situação formal e planejada de encontro que permite a troca
de informações registradas pelo grupo de professores da turma, com o objetivo de
analisar o desenvolvimento do aluno e da turma, respeitando sua individualidade, seus
limites e potencialidades. Serve também para redirecionar o trabalho pedagógico, se
necessário. Em muitas escolas, participam do Conselho de Classe representantes dos
alunos e dos funcionários.
A Entrevista: técnica que propicia a coleta de dados de natureza quantitativa e
qualitativa, a ser oportunamente analisados. Pode ser individual, ou em grupo informal
(livre), ou formal (semi-estruturada e estruturada).
O Projeto: recurso útil para desencadear o ensino-aprendizagem e ao mesmo tempo
avaliar todo o processo (o desempenho do professor/ aprendizagem dos alunos), uma vez
que permite a verificação e o grau de desenvolvimento das capacidades de representar os
objetivos a alcançar, caracterizar propriedades daquilo que será trabalhado, escolher
estratégias mais adequadas para resolução de um problema, executar ações para alcançar
processos e resultados específicos, avaliar condições para resolução do problema, seguir
critérios pré-estabelecidos. O projeto pode ser proposto individualmente e em equipe.
Nos projetos em equipe, além das capacidades já descritas, pode-se verificar ainda, a
presença de algumas atitudes tais como: respeito, capacidade de ouvir, de tomar decisões
em conjunto e de solidariedade.
21
E o Portfólio ou pasta avaliativa: coletânea de trabalhos realizados e selecionados
pelos estudantes durante um curso ou período. No portfólio podem ser agrupados dados
de visitas técnicas, resumos de textos, composições, trabalhos artísticos, projetos,
relatórios, anotações diversas, provas, testes, auto-avaliações dos alunos, entre outros. A
finalidade deste instrumento é auxiliar o educando a desenvolver a capacidade de avaliar
seu próprio trabalho, refletindo sobre ele, melhorando-o. A professor, oferece a
oportunidade de traçar referenciais da classe como um todo, a partir das análises
individuais, com foco de evolução dos educandos ao longo do processo do ensinoaprendizagem.
Avaliar nesta concepção consiste em identificar os problemas e os avanços
individuais para redimensionar a ação educativa, considerando os conhecimentos
prévios e os conflitos cognitivos dos sujeitos para a construção de novos conhecimentos.
Essa forma de avaliar reforça a natureza de ser inerente à ação intencional, característica
exclusiva do ser humano que poderá constituir-se num sujeito autônomo, liberto para o
conhecimento, crítica, criativo e responsável diante do contexto em que está inserido.
2.3. A avaliação nos Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs
A avaliação contemplada nos PCN’s é compreendida como elemento integrador
entre a aprendizagem e o ensino, é o conjunto de ações, cujo objetivo é o ajuste e a
orientação da intervenção pedagógica para que o aluno aprenda da melhor forma; busca
obter informações sobre o que foi aprendido e como; elemento de reflexão contínua para
o professor para a sua prática educativa, instrumento que possibilita ao aluno tomar
consciência de seus avanços, dificuldades e possibilidades, ação que ocorre durante todo
o processo de ensino-aprendizagem e não apenas em momentos específicos
caracterizados como fechamento de grandes etapas de trabalho. Uma concepção desse
tipo pressupõe considerar tanto o processo que o aluno desenvolve ao aprender como o
produto alcançado, pressupõe também que a avaliação se aplique não apenas ao aluno,
considerando as expectativas de aprendizagem, mas as condições oferecidas para que
isso ocorra. (PCN,1996)
22
Avaliar a aprendizagem, portanto, implica avaliar o ensino oferecido. Se não há a
aprendizagem esperada, significa que o ensino não cumpriu com sua finalidade: a de
fazer aprender.
2.4 Uma Avaliação de Qualidade
O sucesso do trabalho do professor depende em grande parte da adequação das
estratégias de ensino às características de cada classe, ou seja, às necessidades, ao ritmo
e ao nível de aprendizagem dos alunos.
No entanto, sobre os problemas dos alunos, o professor precisa ter clareza dos
objetivos de seu trabalho, de onde quer chegar. Na verdade, ao avaliar cada produção de
aluno, o professor faz uma comparação: compara o que o aluno fez com o que esperava
que ele fizesse, ou seja, em qualquer situação de avaliação, o professor tem em mente
um ou vários parâmetros, que servem de medida para apreciar o que está sendo avaliado.
Assim, é preciso ter bem claro os pontos de chegada que se espera que os alunos
alcancem.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais, os critérios de avaliação
têm um papel importante, pois explicita as expectativas de aprendizagem, considerando
objetivos propostos a organização lógica e interna dos conteúdos, as particularidades de
cada momento da escolaridade e as possibilidades de aprendizagem de cada etapa do
desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, em uma determinada situação, na qual os
alunos tenham boas condições de desenvolvimento do ponto de vista pessoal e social. Os
critérios de avaliação apontam as experiências educativas a que os alunos devem ter
acesso e são consideradas essenciais para o seu desenvolvimento e socialização.
Diante do baixo desempenho de alguns dos alunos é importante que o professor
se pergunte se o seu processo de ensino está adequado a toda a classe ou só aos alunos
mais fortes. O professor cuida do aluno como o pai cuida do filho. O aluno tem que se
sentir amparado, motivado.
23
A avaliação deve ser concebida como um instrumento para ajudar o aluno a
aprender e faz parte integrante do trabalho realizado em sala de aula. A partir dela, o
professor pode rever os procedimentos que vem utilizando e replanejar o trabalho. Nessa
concepção de avaliação, o professor assume o papel de um pesquisador que investiga
quais problemas os alunos enfrentam e por quê. Ouvindo os alunos o professor detecta
os “nós” que estão emperrando o processo.
24
3.TRANSFORMAÇÕES NO PROCESSO AVALIATIVO
ESCOLAR
Neste
capítulo
serão
abordadas
transformações
ocorridas
durante
o
desenvolvimento e aprendizagem do aluno, através do processo avaliativo escolar, numa
perspectiva transformadora, tendo como referenciais teóricos Jussara Hoffmann e Paulo
Freire.
Se avaliarmos só para marcar erros, destacá-los, criticá-los, expô-los, estamos
negando o próprio ato de educar, pois ressaltar o que há de negativo apenas inibe,
oprime, estigmatiza. Porém, se avaliarmos para perceber as dificuldades de nossos
alunos a ajudá-los a superá-las, sem expô-los, mas elogiando seus progressos e
instigando-os a buscarem mais e de uma forma prazerosa o conhecimento, certamente
estaremos fazendo crescer sua auto-estima, despertando o seu interesse e predispondoos para a aprendizagem e a escola estará cumprindo seu papel, garantindo o direito do
aluno ao ingresso, à permanência e à aprendizagem no espaço escolar,
e formará
cidadãos com possibilidades reais de inserção na sociedade e de luta por sua
transformação.
A avaliação deve ser um processo dentro do Projeto Político Pedagógico da escola.
Logo, deve ser coerente com ele.
Uma educação que se quer ser libertadora, comprometida com o oprimido,
esperançosa de transformação, tem que dar conta dos aspectos conceituais do ato de
educar. Afinal, educar é formar o homem em sua integralidade e aprender a construir o
próprio saber. E o que queremos é que nossas crianças se tornem pessoas críticas,
criativas, autônomas, participativas e solidárias.
Para tal, o conteúdo tem que ser
contextualizado e trabalhado a partir da realidade do aluno com vistas a avançar na
constituição dos conceitos que se tem como objetivo atingir.
25
Além disso, de acordo com Vygostky, 2003, a aprendizagem tem natureza
processual: nenhuma criança sai de uma situação de “nada saber” para uma de “tudo
saber” repentinamente, há todo um processo de hipóteses, tentativas, erros e acertos
(zona do desenvolvimento proximal), até que constitua um conceito e passe a utilizá-lo
(desenvolvimento
potencial/real)
e
esse
processo
depende
não
só,
embora
essencialmente, da mediação do professor, mas também da troca com outros colegas e
adultos, seja no espaço escolar, seja fora dele.
Precisa-se do educador que favorece o prazer da descoberta e constrói o ser curioso,
livre, autônomo e que sabe ouvir e refletir sobre as questões que outro levanta. Assim se
faz o ambiente democrático, vivido, não apenas falado, distante. Mas esta experiência da
abertura ao saber respeitar o outro, do saber da realidade do outro só se concretiza, se o
educador a vive em sala de aula, aí constrói caminho seguro para a transformação das
estruturas injustas deste mundo. “Inovar já não é novidade. Saber inovar, entretanto
continua desafio mais novo que nunca.” (Demo, 2002, p.72).
A avaliação tem de estar presente a cada momento, no sentido de refletir sobre o
trabalho realizado e perceber a necessidade ou não de reorientá-lo. Isso pressupõe o
diálogo, ou seja, que não só o professor avalie, mas que também o aluno e, se possível
todos os demais membros da comunidade escolar participem do processo.
É fundamental a auto-avaliação de cada um e a avaliação coletiva, efetivada em um
conselho de classe onde o diálogo seja valorizado: todos têm direito à voz e dever de
ouvir e refletir sobre cada ponderação, de forma que se tome a decisão mais justa para o
sucesso do trabalho pedagógico, que é responsabilidade de todos. “Somente o diálogo,
que implica um pensar crítico, é capaz, também de gerá-lo”. Sem ele não há
comunicação e sem esta não há verdadeira educação. (Freire, 2003, p.83).
Cabe ao supervisor conscientizar o professor desta responsabilidade e ter habilidade
para conduzir a todos a esta avaliação diária e à avaliação acima citada no conselho de
classe.
26
São funções básicas da avaliação: conhecer os alunos (diagnose), para planejar em
cima do real; identificar dificuldades de aprendizagem, para que se possa superá-las;
determinar se os objetivos propostos foram ou não atingidos, para que, caso seja
necessário, se replaneje o processo ensino-aprendizagem e promover os alunos. A
reprovação é, pois, uma exceção e representa, na verdade, o insucesso dos envolvidos
nesse processo.
Não basta, portanto, dar provas, corrigi-las e dar notas ou conceitos, é muito
importante observar, não só nas provas e trabalhos, mas principalmente no dia-a-dia, o
desenvolvimento do aluno, dialogando com ele sobre suas dificuldades e seus erros, para
que, entendendo como ele está construindo determinado conhecimento, seja possível
ajudá-lo nesta construção. É preciso dar destaque à necessidade de variar as situações de
aprendizagem, bem como os instrumentos de avaliação. É importante utilizar-se de
trabalhos em grupo dentro de sala, inclusive em situações de prova, assim como
estimular a pesquisa e a consulta orientadas. Devem a prova, o teste, o trabalho
individual, o trabalho em grupo, os exercícios em sala dentre outros, constituir mais um
momento de aprendizagem para o aluno, onde o conteúdo pedido é significativo para
ele, as questões permitem que demonstre seus conhecimentos e o sentido de ser avaliado
torna-se um ato comum não só para o aluno como para o professor.
Neste sentido, para que se realize uma avaliação comprometida com o processo
educativo transformador, torna-se necessário lançar mão dos vários tipos de avaliação, já
citados no capítulo anterior: observação, registro (relatório, livro da vida, portfólio,etc),
debates, seminários, provas, testes, auto-avaliação, para que possamos ter uma visão
bastante detalhada a respeito do desenvolvimento e da aprendizagem do nosso aluno.
Adquire decisiva importância no processo ensino-aprendizagem a recuperação
paralela, que, como diz o próprio nome, não deve esperar o final de um bimestre para
acontecer, mas deve ocorrer a cada momento em que se faz avaliação e se percebe a
necessidade de maiores esclarecimentos para o aluno. Há várias formas de efetivá-la
com sucesso, como por exemplo, fichas de estudo (elaboradas sobre o tema
desenvolvido), trabalho diversificado ( o professor apresenta tarefas diferentes para cada
27
grupo, de acordo com suas necessidades e vai a cada grupo para tirar as dúvidas),
folhas de exercício de revisão (o professor refaz a explicação de forma diferenciada da
anterior e acompanha o trabalho dos alunos, individualmente ou em duplas), pesquisa
orientada (com material previamente selecionado, o professor orienta cada grupo de
pesquisa sobre o tema em que cada um apresentou dificuldades), monitoria (alunos de
séries mais avançadas ou da própria turma que já aprenderam o conceito trabalhado,
explicam e orientam cada grupo na execução de tarefas preparadas pelo professor),
exibição e apoio da Sala de Leitura, revisão em aula (no início de uma aula, volta-se a
um conceito básico que se percebeu não ter sido bem apreendido pela maioria,
principalmente quando esse conceito se fará necessário).
A Lei 9394/96 estabelece, em seu artigo 24, item V, alínea e, a“obrigatoriedade de
estudos de recuperação, de preferência paralelos ao período letivo, para os casos de
baixo rendimento escolar.”
Há basicamente duas formas de avaliar: a classificatória, que focaliza a apenas o
produto e dá ênfase ao resultado (aprovação/reprovação) do aluno, e a processual, que
observa atentamente o processo ensino-aprendizagem e assume o compromisso com a
aprendizagem do aluno.
Concluiu-se que um bom instrumento de avaliação é o uso diário de um livro de
classe ou caderno onde haja folhas nominais que permitam ao professor ir fazendo
anotações ao longo do processo, conforme surjam informações significativas sobre o
aluno. Também é fundamental o registro da auto-avaliação do aluno. Se não for assim,
as notas ou conceitos não tem significado concreto. Na verdade, como são muitas vezes
incoerentes com a vivência diária da sala de aula e como o aluno não é ouvido, chegam a
se constituir um pesadelo, até porque o professor, muitas vezes, não tem conseguido
explicar como chegou àquela conceituação do aluno.
A sala de aula, por sua vez, deve ser um ambiente agradável e que favoreça a
aprendizagem. Isto inclui as relações: o professor tem que seduzir o aluno para a
aventura do conhecer, tem que facilitar o diálogo dele com o aluno e dos alunos entre si,
28
tem que permitir que o aluno expresse suas idéias. É fundamental trabalhar o aspecto
afetivo, a confiança, a solidariedade, enfim estimular a manifestação do aluno,
registrando-se isto, pois faz parte do desenvolvimento de atitudes.
Quanto às aulas, deve haver a predominância do trabalho em grupo, da pesquisa, da
consulta a livros técnicos e da experimentação. O livro didático deve ter recuperado seu
lugar: apoio ao trabalho do professor, e não ser o astro principal. É imprescindível, num
mundo em acelerado processo de evolução nas diversas ciências, que se ensine o aluno a
buscar as informações, a contextualizá-las, a entendê-las, a analisá-las, a criticá-las, a
criar e recriar em cima delas. É de fundamental importância a leitura extra-classe nas
diversas disciplinas. É preciso favorecer e valorizar a interdisciplinaridade e estimular a
criatividade, não se limitando os trabalhos a cópias ou respostas padronizadas e neutras.
No Município do Rio de Janeiro, a Resolução 776, que estabelece as diretrizes para a
avaliação da Rede Pública Municipal, enfatiza o caráter processual da avaliação e a
importância da freqüência às aulas. Determina também, tanto para os grupamentos não
seriados, quanto para as séries, o uso de conceitos ( não há notas), em número de cinco:
O (Ótimo), MB ( Muito Bom), R (Regular) e I (Insatisfatório), cabendo esclarecer que
apenas o conceito I (Insatisfatório) implica, ao final do ano, analisar a melhor
enturmação para os alunos do Ciclo e da Progressão e aponta a obrigatoriedade
permanente da recuperação paralela.
Conclui-se então que o supervisor deve ter um novo olhar sobre a avaliação, deve
refletir, repensar de que maneira ele está trabalhando essa avaliação em sua escola, se
ela é classificatória ou processual e até que ponto ele e os professores estão envolvidos,
comprometidos com a avaliação e com o aluno, se ela é realmente um ato amoroso,
inclusivo ou que exclui. “A confiança mútua entre educador e educando quanto às
possibilidades de reorganização conjunta do saber pode transformar o ato avaliativo em
um momento prazeroso da descoberta e troca de conhecimentos”. (Hoffman, 2001,
p.75).
29
A avaliação significa um movimento contínuo presente no processo de
aprendizagem que busca propiciar a inclusão do aluno no ambiente escolar. Para o
professor e para todos os envolvidos no processo, é essencial e urgente o repensar do
significado da ação avaliativa.
30
4. A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO NO PROCESSO
ENSINO-APRENDIZAGEM E
NA CONSTRUÇÃO E FORMAÇÃO DO EDUCANDO.
Neste quarto e último capítulo será abordado o papel da avaliação escolar no
processo ensino aprendizagem do educando e sua importância na construção de sua
formação, tendo como referenciais teóricos Luckesi e Hoffmann.
A avaliação é uma das práticas mais comuns na vida do ser humano. É através
dela que podemos perceber os conhecimentos que temos e ainda os que vamos obter. È
através dela que podemos refletir nossas práticas para alcançarmos um novo
conhecimento. Avaliamos nosso próprio comportamento a partir de indicadores
constituídos pelas práticas culturais e pelo convívio com as pessoas, tendo um papel
importante na construção de nossa auto-imagem.
A avaliação tem uma dimensão formadora: ela tem como uma das suas funções
em qualquer esfera da vida cotidiana, promover o desenvolvimento das pessoas nas mais
variadas situações. Na escola, tem a função de revelar o desempenho presente, as
possibilidades de desempenho futuro e os encaminhamentos necessários para as práticas
que precisam ser modificadas apontando novos caminhos e possibilitando a superação
dos problemas atuais, abrindo as possibilidades educativas do futuro. (Souza Lima,
2003)
Neste sentido podemos concordar com Elvira, uma vez que não há
desenvolvimento humano sem avaliação. È através dela que identificamos os acertos e
erros de nossas experiências, para aprimorar o que estamos desempenhando
satisfatoriamente e modificar e superar as dificuldades e os problemas que necessitam
ser corrigidos e superados.
Na escola sempre esteve presente, sob forma que, hoje, podemos considerar
inadequadas. Mas é sempre necessária, pois não há possibilidade de aprendizagem sem
avaliação. O desafio é a formulação de um projeto de avaliação que contemple as
necessidades institucionais, mas que não fragmente a experiência do aluno.
31
Deixar de avaliar, da mesma forma que fazê-lo parcialmente ou com
instrumentos inadequados ou de forma inadequada, significa promover rupturas no
processo de aprendizagem e desenvolvimento do educando. Bem realizada, a avaliação
dá suporte à ação educativa, facilita o planejamento do professor e garante a existência
de interações produtivas entre educador e educando, assim como entre educandos.
Identificar o erro torna-se o elemento principal do processo avaliativo, mas é
preciso estar atento ao fato de que através do erro é possível fazer as intervenções
necessárias para facilitar o processo de aprendizagem e não considerá-lo como a
significação de culpa e castigo.
Segundo Luckesi,(1994), por sobre o insucesso e o erro não se devem acrescer a
culpa e o castigo. Ocorrendo o insucesso ou o erro, aprendamos a retirar deles os
melhores e mais significativos benefícios, mas não façamos deles uma trilha necessária
de nossas vidas. Eles devem ser considerados percalços de travessia, com os quais
podemos positivamente aprender e evoluir, mas nunca alvos a serem buscados. O
insucesso e o erro em si não são necessários para o crescimento, porém, uma vez que
ocorram, não devemos fazer deles fontes de culpa e de castigo, mas trampolins para o
salto em direção de uma vida consciente, sadia e feliz.
Nessa perspectiva a formação do ser humano em contexto escolar é função da
qualidade da avaliação que é feita tanto das aprendizagens quanto do desenvolvimento
humano de cada educando.
4.1 A Avaliação na Escola
Todo ser humano tem um potencial latente em si mesmo e se tudo o que se
sabe sobre o potencial humano pudesse ser aplicado na sala de aula, seria possível
desenvolver uma nova espécie de integridade pessoal e profissional.
Segundo o pressuposto estudado por Makiguti (1995), de que o ser humano,
mesmo em se tratando de relações profissionais e de trabalho não presta atenção ao que
32
não tenha alguma relação consigo, chegando ao ponto de ignorá-lo. Somente aquilo que
produz algum efeito sobre o homem é percebido e adquire um sentido de proximidade
pessoal. Quanto maior sua importância para a vida do indivíduo, menos este pode
ignorá-lo. (Castilhos, Ribeiro, apud, 2000).
Segundo Elvira S. Lima, 2002, a escola não existe para avaliar pessoas e aprovar
e reprovar, mas para fazê-las adquirir conhecimentos e crescer plenamente. Nesse
sentido a avaliação na escola tem várias dimensões: a avaliação que o aluno faz de si
mesmo como indivíduo e como aprendiz; a avaliação que o educador faz dos educandos
e a avaliação que a instituição faz do educador, a partir do resultado das avaliações dos
educandos.
Cabe assim, ao sistema educacional proporcionar situações de ensino com um
grau de magnitude tal que contenha profissionais qualificados, sensíveis e apaixonados
pelo que fazem para que possam efetivamente criar uma relação profícua entre
educação, cognição e avaliação.
4.2 A Avaliação na Construção e Formação do Educando
A avaliação escolar é, na maioria das vezes, uma avaliação que se preocupa com
a conclusão de um curso escolar. A avaliação funciona como uma atividade que
determina seu futuro na instituição.
A avaliação para a formação do indivíduo procura auxiliar no processo de
formação do aluno, oferecendo na prática pedagógica que propicie, ao mesmo, novas
possibilidades que o inclua no processo ensino-aprendizagem de uma forma prazerosa.
Podemos então reafirmar que se espera dos sistemas de ensino e da escola uma
constante e contínua melhoria da qualidade dos processos, assim como, do
desenvolvimento do ensino aprendizagem do educando no sentido de que seja capaz no
futuro de enfrentar as diferenças que ameaçam a sociedade atualmente.
33
Nesse contexto, as instituições deverão ser responsáveis por oferecer da forma
mais eqüitativa possível os conhecimentos e o domínio dos códigos nos quais circula a
informação socialmente necessária, e formar as pessoas nos valores, princípios éticos e
habilidades para desempenhar-se nos diferentes âmbitos da vida social.
O ato de avaliar, por sua constituição mesmo, não se destina a um julgamento
“definitivo” sobre alguma coisa, pessoa ou situação, pois que não é um ato
seletivo. A avaliação se destina ao diagnóstico, por isso mesmo, a inclusão;
destina-se à melhoria do ciclo de vida. Deste modo, por si, é um ato amoroso.
Infelizmente, por nossas experiências histórico-sociais e pessoais, temos
dificuldades em assim compreende-la e praticá-la. Mas ..fica o convite a todos
nós. É uma meta a ser trabalhada, que com o tempo se transformará em
realidade por meio de nossa ação. Somos responsáveis por este processo.
(Luckesi, Cipriano, 1994, p.180)
Nesse sentido, a avaliação escolar deve procurar auxiliar o processo de formação
do aluno, oferecendo na prática pedagógica, novas possibilidades que o inclua no
processo ensino aprendizagem de forma prazerosa.
Para tal, é necessário que se busque no professor a transformação, desenvolvendo
atitudes de atualização e ousadia, modificando padrões pré-estabelecidos pela sociedade,
derrubando posturas conservadoras e resistentes, através do aprofundamento teórico
necessário para a superação de “mitos” que permeiam a avaliação e da reflexão conjunta
que permitirá aos professores, comprometidos com seu verdadeiro papel social,
modificar a realidade escolar, refletindo tal modificação em toda sociedade.
Entretanto, tal mudança não é algo fácil, ela percorre um caminho que necessita
de coragem e resistência.
34
CONCLUSÃO
A avaliação deve ser uma prática coerente com as possibilidades de
aprendizagem e desenvolvimento do indivíduo. Serve como argumento e norteia o
trabalho do professor retratando o progresso do trabalho proposto.
A avaliação deve ter uma dimensão formadora e não somente visar classificar os níveis
de aprendizado do aluno tais como: suficiente ou insuficiente, qualificado ou não
qualificado. É preciso ter cuidado ao se fazer uma classificação e ter consciência de que
o indivíduo não deve ser visto como incapaz de aprender e sim que em determinado
momento ele não está aprendendo uma determinada coisa.
Neste sentido, a qualidade da mediação oferecida pelo professor é determinante para o
sucesso do processo ensino aprendizagem e a avaliação deve servir de instrumento de
verificação dos resultados obtidos dos trabalhos planejados, assim como fundamentar
decisões que devem ser tomadas para que novos objetivos sejam construídos.
Esta hipótese encontra-se justificada tendo em vista que através do referencial teórico
podemos afirmar que no decorrer dos capítulos foi identificado que o eixo da avaliação
deve ser deslocado para o aluno, tornando-o sujeito do conhecimento e que ao professor
cabe colocar-se ao seu lado na elaboração desse saber para que o tom de aprender se
modifique. Professor e aluno tornam-se o centro do ato educativo.
Assim, a partir dessas considerações, fica evidente a necessidade de se reconhecer que a
avaliação do aluno é também a avaliação da prática pedagógica do professor.
A avaliação tem assim um papel fundamental na construção e na formação do aluno e é
necessário identificar que quando acontecem os problemas de aprendizagem acontecem
os problemas de ensino e, se isso acontece é preciso analisar criticamente a parte
pedagógica.
Portanto, ao longo dos capítulos que constituem este trabalho foram apresentados
estudos que fundamentam a hipótese levantada.
Tendo a certeza de que este trabalho não se encerra em si mesmo, vimos apresentá-lo
como sugestão e contribuição para estudos de aprofundamento relacionados ao tema.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Contribuição do Direito Educacional, Rio de Janeiro, RJ, Ed. WAK, 2000.
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- ESTEBAN Mª Teresa (org), Avaliação: Uma prática em busca de novos sentidos, Rio
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- ___________ , Jussara, Avaliação Mito e Desafio, Uma Perspectiva Construtivista,
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- __________ , Jussara, Avaliar para promover as Setas do Caminho, Porto Alegre, RS,
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- LIMA, Elvira Souza, Avaliação na Escola I, São Paulo, SP, Ed.Sobradinho 107, 2002.
- LUCKESI, Cipriano Carlos, Avaliação da Aprendizagem Escolar, São Paulo, SP, Ed.
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36
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- PASTORINO, Carlos Torres, Minutos de Sabedoria, Petrópolis, RJ, Ed.Vozes, 18ª
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- REGO, Teresa Cristina, VYGOSTKY: Uma Perspectiva Histórico-Cultural da
Educação, Petrópolis, RJ, Ed. Vozes, 15ª ed., 2003.
- VASCONCELLOS, Celso, Avaliação Concepção Dialética do Processo de Avaliação
Escolar, São Paulo, SP, Ed. Libertad, 1995.
37
ÍNDICE
Capa
1
Folha de Rosto
2
Agradecimentos
3
Dedicatória
4
Epígrafe
5
Resumo
6
Sumário
7
Introdução
8
Capítulo 1 – Avaliação e Conceituação
10
Capítulo 2 – Tipos de Avaliação
17
2.1 – Como Diagnosticar as Dificuldades de Aprendizagem
18
2.2 – Recursos Avaliativos
19
2.3 – Avaliação nos Parâmetros Curriculares Nacionais
21
2.4 – Uma Avaliação de Qualidade
22
Capítulo 3 – Transformações no Processo Avaliativo Escolar
24
Capítulo 4 – A Importância da Avaliação no Processo Ensino Aprendizagem
30
e na Construção e Formação do Aluno
4.1 – Avaliação na Escola
29
38
4.2 – A avaliação na Construção e Formação do Aluno
30
Conclusão
34
Referências Bibliográficas
35
Índice
37
Anexos
39
Projeto de Pesquisa
40
39
ANEXOS
40
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO - PSICOPEDAGOGIA
PROJETO A VEZ DO MESTRE
PROJETO DE PESQUISA
MARIA EUGENIA ROMERO DA SILVA
2005
41
PROJETO
1 - Tema
O ato de avaliar a aprendizagem escolar até a 4ª série do Ensino Fundamental.
2 - Problema
O que significa o ato de avaliar a aprendizagem: é um recurso pedagógico útil e
necessário para auxiliar cada educador e cada educando na busca e na construção de si
mesmo e de seu melhor modo de ser na vida ou uma prática educativa que ameaça e
submete a todos?
3 - Justificativa
A escolha do tema justifica-se pela sua grande importância no processo ensinoaprendizagem e na vida do educando. Precisa haver por parte da instituição, uma
compreensão do ato avaliar, uma disposição para acolher melhor o educando e buscar a
melhor maneira de possibilitar a construção de seus conhecimentos.
Não deve haver submissão por parte dos educandos e sim liberdade; não deve haver
medo, e sim, espontaneidade e busca permanente de caminhos mais adequados e mais
satisfatórios para esta ação, sem interessar a aprovação ou reprovação do aluno e sim sua
aprendizagem.
Ao avaliar, é preciso olhar o percurso e refletir sobre as situações de aprendizagem
que foram vivenciadas coletiva e individualmente, tendo bem definidos os objetivos
contidos durante o processo de sua prática pedagógica.
Nessa perspectiva, é preciso conhecer o aluno, sua história, suas possibilidades e
necessidades.
42
O movimento de compreender o processo traz a descoberta das possibilidades do
aluno e a necessidade de criar ações pedagógicas que atendam ao olhar que devemos
manter quando avaliamos.
No entanto, para trabalhar esse olhar sobre os problemas dos alunos, o professor
precisa ter clareza dos objetivos do seu trabalho, de onde quer chegar. Na verdade, ao
avaliar cada produção de aluno, o professor faz uma comparação: compara o que o aluno
fez com o que esperava que ele fizesse, ou seja, em qualquer situação de avaliação, o
professor tem em mente um ou vários parâmetros que servem de medida para apreciar o
que está sendo avaliado. Assim, é preciso ter bem claros os pontos de chegada que se
espera que os alunos alcancem.
A avaliação deve ser usada a favor da aprendizagem do aluno e como instrumento
auxiliar do trabalho do professor, processando-se continuamente com a função de
diagnóstico e acompanhamento.
4 - Objetivo Geral
Identificar e analisar as diferentes formas de avaliação e até que ponto elas auxiliam
na construção e formação da personalidade do educando e da atuação deste em sua
trajetória da vida e verificar como tem a atuação do educador no processo avaliativo
escolar, se classificatória e excludente ou inclusiva e acolhedora.
5 - Objetivos Específicos
1- Conceituar e enumerar os tipos de avaliação;
2- Identificar os diversos conceitos de avaliação;
3- Analisar os processos de mudança ocorridos na avaliação;
4- Identificar a importância do papel da avaliação no processo ensinoaprendizagem.
43
6 - Hipótese
A avaliação deverá servir de instrumento de verificação dos resultados planejados
que estão sendo obtidos, assim como fundamentar decisões que devem ser tomadas para
que os resultados sejam construídos.
7 - Delimitação
O estudo ficará restrito somente a avaliação da aprendizagem escolar com alunos
que compreendem o período inicial do ciclo até a 4ª série das escolas municipais do Rio
de Janeiro.
8 - Procedimento Metodológico
Pesquisa bibliográfica
9 - Área da Ciência
Pedagogia e Psicologia.
10 - Fundamentação Teórica
Citações:
1.
“O ato de avaliar, por sua constituição mesma, não se destina a um
julgamento“definitivo”sobre alguma coisa, pessoa ou situação, pois que não é um ato
seletivo. A avaliação se destina ao diagnóstico , por isso mesmo, a inclusão; destina-se à
melhoria do ciclo de vida. Deste modo, por si, é um ato amoroso. Infelizmente, por nossas
experiências histórico-sociais e pessoais, temos dificuldades em assim compreendê-la e
praticá-la. Mas... fica o convite a todos nós. É uma meta a ser trabalhada, que com o
tempo se transformará em realidade, por meio de nossa ação. Somos responsáveis por
esse processo.” (Luckesi, Cipriano, 1994, p.18, Aprendizagem Escolar. Ed. Cortez )
Análise:
A avaliação escolar é, na maioria das vezes, uma avaliação que se preocupa com
a conclusão de um curso escolar. Funciona como uma atividade que determina seu
futuro na instituição.
Para a formação do indivíduo, a avaliação procura auxiliar o processo de
formação do aluno, oferecendo na prática pedagógica novas possibilidades, que o
inclua no processo ensino-aprendizagem de uma forma prazerosa.
44
2. “A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável enquanto concebida como
problematização e questionamento, reflexão sobre a ação. Um professor que não avalia
constantemente a ação educativa no sentido indagativo, investigativo do termo, instala
sua docência, em verdades absolutas, pré-moldadas e terminais.” (Hoffmann, Jussara.
2001- p.16: Avaliação. Mito & Desafio, uma Perspectiva construtivista, Editora
Mediação.)
Análise:
Considero fundamental na prática avaliativa a postura de questionamento do
educador.
A avaliação é a reflexão transformada em ação, que vai resultar em novas
reflexões. Essa reflexão do professor deve ser feita em cima da sua realidade
acompanhando o cotidiano do seu aluno passo a passo, na construção do ensinoaprendizagem.
3. “Avaliar o aluno deixa de significar fazer um julgamento
sobre
a
aprendizagem do aluno, para servir como momento capaz de revelar o que o aluno já
sabe, os caminhos que percorreu para alcançar o conhecimento
demonstrado, seu
processo de construção de conhecimentos, o que o aluno não sabe, o que pode vir a saber ,
o que é potencialmente revelado em seu processo, suas possibilidades de avanço e suas
necessidades
para
que
a superação, sempre transitória do não saber, possa
ocorrer. O professor referência para a aprendizagem da criança, mesmo que não queira ou
que não saiba está dialogando com o aluno”. (Esteban,Maria Teresa.2001-p.53:Alfabetização
dos alunos das Classes Populares, Ainda um Desafio, Cortez Editora.)
Análise
No redimensionamento da avaliação, o professor deixa de levar tão em conta o
julgamento da aprendizagem para valorizar mais o diálogo onde terá mais condições de
descobrir os processos de construção do conhecimento do aluno e quais as suas
possibilidades de avanço e necessidades de superação de suas dificuldades.
4. “O problema central da avaliação é seu uso como instrumento de discriminação e
seleção social, na medida que assume, no âmbito da escola a tarefa de separar os “
aptos” dos “ inaptos”, os
“capazes” dos “ incapazes”. ( Vasconcellos, Celso. 1992 - p.46:
Concepção Dialética Libertadora do Processo de Avaliação Escolar. Libertad Editora.)
45
Análise:
Atualmente o sistema de educação escolar ainda utiliza a avaliação como processo
discriminatório de julgamento, de exclusão, ao rotular o aluno pelos resultados que ele
apresenta e não pelo que ele é capaz.
Esta atitude vai se refletir na vida social, onde ele passa a ser discriminado e
convencido de que é incapaz e que se não chegar ao sucesso, será por sua própria
responsabilidade.
46
11 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- ESTEBAN, Maria Teresa. Alfabetização dos Alunos das Classes Populares ainda um
Desafio, 4ª ed. São Paulo: Cortez Editora, 2001.
- HOFFMANN, Jussara Maria Lerch. Mito e Desafio. Uma perspectiva construtivista.
23ª ed. Porto Alegre: Mediação, 2001.
- LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da Aprendizagem Escolar. 11ª ed. São Paulo:
Cortez Editora, 1994.
- RABELO, Edmar Henrique. Avaliação, novos tempos, novas práticas.
ed.,Petrópolis: Editora Vozes, 1998.
4ª
- VASCONCELLOS, Celso. Concepção Dialética Libertadora do Processo de
Avaliação Escolar. São Paulo: Libertad, 1992.
12 - Proposta de Sumário
- Introdução
1 – Avaliação e Conceituação
2 – Tipos de Avaliação
3 - Transformações no Processo Avaliativo Escolar
4- Importância da avaliação no processo ensino-aprendizagem e na construção e
formação do educando.
Conclusão
Bibliografia
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