Inovação: o porvir de Goiás
Resumo: A política de inovação promovida nos últimos anos no País
procurou estabelecer um divisor de águas daquilo que se produzia em
Jeferson de Castro Vieira1
Wagno Pereira da Costa2
Repercutindo essa realidade em Goiás, os dados a ser
Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I). O desafio de se assegurar em
apresentados são desafiadores no que tange ao conceito
Goiás uma cultura de inovação está amparado na constatação de que a
de
produção
o de conhecimento e a inovação tecnológica passaram a ditar
privadas e das instituições que produzem ciência e
as regras e estabelecer conexões com as políticas de desenvolvimento
regional. Nesse contexto, a inovação é o porvir de Goiás, o
conhecimento é elemento essencial para a estruturação das novas
políticas
íticas de ciência, tecnologia e inovação. O objetivo principal das
estratégias de C,T&I é promover as interrelações entre empresas,
inovação,
capacidade
inovativa
das
empresas
tecnologia no Estado, bem como
c
a interrelação destas
com o governo.
Todavia, o trabalho em questão, tem por objetivo
universidades e o governo. Desse encontro surgem várias iniciativas
apresentar a situação atual da ciência, tecnologia e
que são molas propulsoras que transformam conhecimento em
e riqueza
inovação em Goiás e discutir as bases para a construção
e melhoria da qualidade de vida.
do sistema de inovação regional. Para tanto será
Palavras-chave:: Inovação Tecnológica; Sistema Goiano de Inovação;
Ciência, Tecnologia e Inovação; Desenvolvimento Regional
abordada a história recente da Inovação Tecnológica no
Estado; em seguida serão apresentados os números
atuais de C,T&I no Brasil; e por fim define-se
define
sistemas de
Introdução
inovação, destacando o caso de Goiás: a estratégia do
Sistema Goiano de Inovação.
Ainda
são
recentes
as
principais
intervenções
governamentais nas áreas de Ciência,
ência, Tecnologia e
ca – História Recente em
1. Inovação Tecnológica
Inovação (CT&I) no País. A cultura de inovação é um
Goiás
grande desafio, sobretudo para estados das regiões
Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Oeste da Federação, em que a
produção de conhecimento e a inovação tecnológica
apresentam baixos números e alocam
locam poucos recursos
em relação aos disponíveis para o Brasil.
O poder público estadual sancionou recentemente, em
2010, a Lei de Inovação de Goiás, seguindo as mesmas
diretrizes da Lei Federal. Por inovação tecnológica o
governo entende ser “a concepção de novo produto ou
Nesse contexto, o conhecimento deveria ser tratado como
processo de fabricação
abricação e a agregação de utilidades ou
elemento central dos novos desenhos políticos de
características ao bem ou processo tecnológico existente,
estruturação econômica para essas localidades. As
que
políticas de inovação passam a ser o veículo de
competitividade no mercado e maior produtividade” (Lei
transformação de conhecimento em riqueza e melhoria da
Estadual Nº 16.922/2010, Art. 2º, Inciso I).
resultem
em
melhoria
de
qualidade,
maior
qualidade de vida das pessoas.
1
Economista. Doutor em Estudos Comparados sobre as Américas. Superintendente de Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Fomento
Foment à Tecnologia
da Informação da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia de Goiás. [email protected]
2
Economista. Mestre em Desenvolvimento e Planejamento Territorial. Assessor Especial da Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia
Tecn
de Goiás.
[email protected]
21
Dessa maneira, a Lei de Inovação é uma grande
Nos últimos anos, o estado de Goiás tem atraído grandes
conquista da sociedade goiana, pois estabelece regras e
investimentos externos, o que o coloca em uma situação
cria aparatos que legalizam o apoio do Estado às
ímpar
empresas privadas, por meio de incentivos fiscais,
desenvolvimento
subvenções econômicas ou na formulação de projetos
desenvolvimentista não pode ser
s realizada apenas pelo
para o desenvolvimento da pesquisa e inovação de
governo. Tem que envolver também a iniciativa privada,
Goiás. Nesta perspectiva, quando se trata de inovação,
representada
espera interações e colaborações entre atores sociais
instituições de ensino e pesquisa. Esse diálogo tripartite é
dispersos em vários pontos de uma rede que executem
fundamental para a formulação de políticas de fomento à
ideias novas e produzam resultados.
C,T&I, indispensáveis
ensáveis para que Goiás dê um verdadeiro
A concepção central da Lei de Inovação é desencadear
um processo dinâmico que potencialize a competitividade
em áreas estratégicas do estado de Goiás. Isso acontece
por meio de incentivos à pesquisa e ao desenvolvimento
de processos e produtos,
odutos, que ao interagirem com a
Ciência e a Tecnologia, estimulam o processo de
inovação.
para
seguir
o
verdadeiro
econômico.
pelo
seu
caminho
Essa
fórum
do
trajetória
empresarial,
e
as
salto qualitativo em seu desenvolvimento. Os dados da
3
Rais/Caged (2010), distribuídos no quadro 1, destacam a
concentração
do
número
de
estabelecimentos
selecionados com atividades de inovação na Microrregião
de
Goiânia.
Contudo,
no
tratamento
dos
dados,
desagregando a CNAE a 5 dígitos, não é possível afirmar
que todas essas empresas estejam nessa atividade
específica.
Quadro 1 – Número de Estabelecimentos totais e Número de Estabelecimentos
com Atividades de Inovação por Microrregião de Goiás (2010)
4
Fonte: RAIS/CAGED
Elaboração Própria: Superintendência Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Fomento à Tecnologia da
Informação (SECTEC), 2011.
3
Relação Anual de Informações Sociais/Cadastro Geral de Empregados e Desempregados.
Foram selecionados na Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE)
(CNAE) a 5 dígitos as seguintes atividades: 2063-1;
2063
2110-6; 2121-1;
2122-0; 2123-8; 2610-8; 2621-3; 2622-1; 2631-1;
1; 2640-0;
2640 6201-5; 6202-3; 6203-1; 6204-0; 6209-1; 6311-9;
9; 6319-4;
6319 6911-7; 6920-6; 7010-7; 70204; 7210-0; 7220-7; 7500-1; 8211-3; 8230-0; 8513--9; 8520-1; 8531-7; 8532-5; 8533-3; 8541-4; 8542-2; 8640-2;
2; 8660-7.
8660
4
22
A informação que chama atenção no quadro 1 é o
estruturação de políticas e instrumentos
instrum
de incentivos e
percentual de 3,51% do total das empresas que
fomento no Estado que podem
desenvolvem atividades de inovação no Estado. Desse
oportunidade para consolidar o desenvolvimento regional
percentual as microrregiões de Goiânia e Anápolis
goiano.
contribuem
concentração
com
65,10%,
empresarial
evidenciando
ciando
desse
uma
forte
segmento.
Isso
demonstra uma realidade instigante, desafiadora e de
oportunidades, considerando o histórico e a cultura de
inovação em Goiás. Diante do cenário atual, há a
ser uma grande
Merece uma atenção especial como pilar da inovação de
Goiás as Instituições de Ensino e Pesquisa. No Gráfico 1
é percebível uma
a evolução da produção científica no
5
Estado que em 2008 alcançou 1,5% das produções do
gênero no Brasil.
Gráfico 1 – Evolução do número de artigos científicos em Goiás de 1979-2008.
1979
Fonte: Fonte: ISI In: PÓVOA, Luciano. Indicadores de CT&I Goiás. 2011.
Os dados do quadro 2 evidenciam a relação das
Instituições de Ensino Superior (IES) por meio de seus
grupos de pesquisa com as empresas de Goiás em que a
média ficou acima da nacional. Entretanto, ainda é muito
tímida essa relação.. Há também uma concentração de
66,37% dos grupos de pesquisa na Universidade Federal
de Goiás. Para melhorar essa realidade é preciso que as
outras IES estimulem a criação de grupos de pesquisas e
que os mesmos possam se relacionar com empresas,
estreitando
do vias de acesso e fomentando ideias e
projetos.
5
Agricultura; Ciências Ambientais e Ecologia; Química; Física; Ciências Vegetais; Doenças Infecciosas; Genética e Hereditariedade;
Hereditaried
Bioquímica e
Biologia
logia Molecular; Matemática; Patologia; Ciências dos Materiais; Ciência e tecnologia - outros temas; Microbiologia Farmacologia e Farmácia; Ciências
Veterinárias; Saúde pública, ambiental e ocupacional; Biodiversidade e Conservação; Nutrição e Dietética; Fisiologia; Parasitologia
23
1/
Quadro 2 - Número de grupos que relataram pelo menos um relacionamento com empresas segundo
a instituição onde o grupo está localizado, 2010
1/ Empresas são entes que possuem no mínimo um registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica.
Fonte: CNPq. Elaboração própria. Superintendência
ncia de Desenvolvimento Tecnológico, Inovação e Fomento à TI, 2011
A realidade da inovação em Goiás não é algo crítico.
2. Números Recentes de C,T&I no Brasil
Contudo, precisam ser construídos instrumentos para
dinamizar áreas que se encontram inertes. Alguns
pensadores deixaram vários legados, que não são
receitas, mas se constituem em bases conceituais na
formulação de estratégias para potencializar a dinâmica
produtiva de uma nação ou região. Para Schumpeter, a
inovação é o motor do desenvolvimento econômico.
O Brasil quer com a Lei nº 10.973, denominada "Lei da
Inovação", difundir e fortalecer a ideia da necessidade do
país contar com dispositivos legais eficientes que
contribuam para o delineamento de um cenário favorável
ao desenvolvimento científico,
científi
tecnológico e ao incentivo
à inovação.
A Lei vem também ao encontro da atual Política de
Considerando que a produção, no sentido
econômico, nada mais é que a combinação de
serviços produtivos, podemos expressar a mesma
coisa ao dizer que a inovação combina fatores de
formas novas ou que ela consiste na implementação
de novas combinações. (Schumpeter 1939: 87-88)
87
Desenvolvimento Produtivo (Brasil Maior) do Governo
Federal, na medida em que esta propõe entre outros
objetivos, o de melhorar a eficiência de setor produtivo do
país de forma a capacitá-lo
capacitá
tecnologicamente para a
competição
De acordo com esse autor a inovação é bem definida pela
introdução de um novo bem; por um novo método de
produção; quando ocorre a abertura de novos mercados;
a conquista de uma nova fonte de matérias-primas;
matérias
novos
externa,
assim
como
na
necessária
ampliação de suas exportações, mediante a inserção
competitiva de bens e serviços com base em padrões
internacionais de qualidade, maior conteúdo tecnológico
e,, portanto, com maior valor agregado.
modelos de organização. Esse processo em que as
inovações estimulam o crescimento e a transformação do
sistema
econômico
é
conhecido
na
literatura
schumpeteriana como “processo de destruição criativa”.
Efetivamente, ainda é recente, contudo, em se tratando
de ciência, tecnologia e inovação, é tempo suficiente para
se ter uma avaliação das políticas introduzidas com fulcro
de melhorar esse cenário no Brasil.
24
O programa de Subvenção Econômica da Financiadora
não-reembolsáveis
reembolsáveis para empresas realizarem
re
inovação.
de Estudos e Projetos (FINEP) teve início em 2006 e
Tal valor é complementado por outros investimentos
viabilizou até 2010 a concessão de mais de R$ 2 bilhões
reembolsáveis da FINEP no valor médio anual de R$ 553
milhões (quadro 3).
6
Quadro 3 – Programa Pró-Inovação
Inovação da FINEP , de 2005 a 2008
Fonte: FINEP. In CGEE. Os novos instrumentos de apoio à inovação: uma avaliação inicial, 2009, p. 38.
O panorama do crédito para inovação relatado pelos
Econômico e Social (BNDES) por disponibilizar créditos
dados do quadro 4
com juros muito baixos (MCT, 2011).
evidencia o papel desempenhado
pelo Banco Nacional de Desenvolvimento
Quadro 4 – Linhas de Financiamento do BNDES à Inovação, 2007/2008 (em R$)
Fonte: BNDES. In CGEE. Os novos instrumentos de apoio à inovação: uma avaliação inicial, 2009, p. 47.
*Linha criada em 2008
de
Capital Inovador, foi contratada apenas operação em
financiamento do BNDES destinada à inovação não
2008. Por sua vez, as linhas de financiamento que as
registrou operação contratada em 2008. Sob a linha
antecederam: Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação
Como
indica
o
quadro
4,
a
principal
linha
(P,D&I) e Inovação Produtiva, não foram além da
contratação de um número muito reduzido de operações.
6
A tabela contempla exclusivamente as operações com equalização de juros. Em 2006, os contratos utilizados para o cálculo da taxa
t
contratual
média representam 75% do valor total; em 2007, 92%; e em 2008, 77%.
25
Vale notar que a carteira dos programas setoriais
setoria nessa
No primeiro ano de operação do Prime, cada empresa
área apresentou resultados semelhantes.
selecionada pode contar com R$ 120 mil, em recursos
Ante ao exposto, os números refletem a menor tradição
das áreas operacionais do BNDES na liberação de
recursos como banco de financiamento à inovação.
Nesse sentido, é razoável supor que os clientes preferem
prefere
realizar suas interlocuções com a FINEP, pela clareza do
tema na instituição e por ser menos custosa a tramitação
de suas propostas. O Programa de Apoio à Pesquisa em
Empresas (PAPPE) aporta recursos para as pequenas e
médias empresas em operação com parceiros
ceiros estaduais.
Adicionalmente, existem hoje mais de 30 fundos de
capital de risco, com mais de R$ 3 bilhões para investir.
não reembolsáveis (que não precisam ser devolvidos) do
Programa de Subvenção Econômica. No segundo ano, a
empresa também pode se beneficiar de um crédito
adicional de mais R$ 120 mil, do Programa Juro Zero.
Nesse caso, o financiamento será devolvido em 100
vezes sem juros. Em 2009 este programa de subvenção
econômica beneficiou 1.381 empresas, por meio de
parcerias com 17 incubadoras.
incubador
Para este ano estão
previstos recursos de R$ 230 milhões. Nos próximos
quatro anos, o programa deve investir R$ 1bilhão em
cinco mil empresas nascentes (FINEP/MCT, 2010).
Em 2010, foram 18 as instituições que se inscreveram
O Programa RHAE-Pesquisador
Pesquisador na Empresa, por meio
para operar o programa nas regiões Norte, Nordeste e
do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Desenvo
Científico e
Centro-Oeste. O governo disponibilizou em torno de R$
Tecnológico (CNPq), concede bolsas para mestres e
90
da
doutores atuarem nas empresas, tendo contemplado, nos
Subvenção Econômica para apoiar no mínimo 500
anos de 2008 e 2009, mais de 300 empresas,
empreendimentos (FINEP/MCT, 2010).
possibilitando a inserção de 507 mestres e doutores e
milhões
em
recursos
não
reembolsáveis
O Programa Primeira Empresa Inovadora (PRIME) foi
criado
pela
(FINEP/MCT)
Financiadora
para
de
apoiar
Estudos
empresas
inovadoras com até dois anos de existência.
e
Projetos
nascentes
550 técnicos nas equipes de trabalho.
traba
No último edital de
2010 até a 2ª rodada já havia selecionado 142 projetos
(CNPq, 2011). A Lei do Bem concede incentivos fiscais
para empresas que realizem atividades de inovação. Em
2006 130 empresas declararam investimentos de R$ 2,2
bilhões. Já em 2009, 542 empresas investiram mais de
R$ 9,1 bilhões (MCT, 2011).
Gráfico 2 – Número de Empresas Beneficiadas pela Lei do Bem no Brasil
Brasil
(2006
(2006-2009).
Fonte: MCT, Elaboração Própria, 2011.
26
No ano de 2006, 130 empresas foram beneficiadas com
sendo
os
setores
de
Mecânica/Transporte,
Eletro
Eletro-
Incentivos Fiscais, que despenderam cerca de R$ 2
Eletrônica e Químico os maiores demandantes. O valor
bilhões de reais em seus projetos de P&D. A renúncia
dos incentivos fiscais concedidos com base na Lei do
fiscal gerada para as empresas com suas atividades de
Bem foi da ordem de R$ 1,38 bilhão de reais. Apesar do
P&D foi da ordem de R$ 229 milhões de reais. Já em
crescimento no número de empresas cadastradas como
2009,, 542 empresas foram beneficiárias dos incentivos
beneficiárias de incentivos fiscais à inovação tecnológica,
fiscais à inovação tecnológica. O gasto do setor produtivo
acredita-se
se que os reflexos da crise econômica mundial
com
om P&D alcançou R$ 8,33 bilhões de reais,
concorreram para o desaquecimento no volume de
desembolsos destinados à P&D pelas empresas no
período.
Gráfico 3 - Renúncia Fiscal de Empresas Beneficiadas pela Lei do Bem no Brasil (2006-2009).
(2006
Fonte: MCT, Elaboração Própria, 2011.
O mais recente estímulo para inovação vem da medida
licitações estatais às empresas que investem em
provisória 495/2010, que altera a lei de
e licitações públicas
inovação. O quadro 5 demonstra o total das redes do
ao conceder a margem de preferência de até 25% nas
Sibratec e sua concentração espacial no país.
27
Quadro 5 – Redes do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), 2011.
REDES
CONCENTRAÇÃO DOS NÚCLEOS E
LABORATÓRIOS NAS REGIÕES
TOTAL
N
NE
CO
SE
S
Redes de Centros de Inovação7
14
4
26
7
33
31
Redes de Serviços Tecnológicos8
20
12
82
6
236
148
Redes de Extensão Tecnológica9
22
4
8
3
4
3
Fonte: SIBRATEC/MCT, Elaboração Própria.
Para fomentar a interação universidade-empresa,
universidade
o
30% dos recursos para essas regiões. Se faz necessário
governo federal implantou o Sistema Brasileiro de
ainda reestruturar os desenhos políticos para mudar a
Tecnologia (Sibratec), formado por 56 redes de núcleos
realidade brasileira.
de pesquisa e desenvolvimento, sendo 14 redes de
centros de inovação, 20
0 de serviços tecnológicos e 22 de
extensão
organizadas
nos
Estados
3. Sistemas de Inovação
(MCT/Sibratec,
A discussão de alguns conceitos é primordial para melhor
agosto/2011).
situar a investigação sobre sistemas de inovação. A base
A finalidade do Sibratec é apoiar o desenvolvimento
tecnológico das empresas brasileiras dando condições
para o aumento da taxa de inovação das mesmas e,
da visão econômica sobre a inovação está bem definida
nos trabalhos de Schumpeter. Este conceituou o termo
inovação de uma maneira extremamente ampla.
assim,
m, contribuir para aumento do valor agregado de
faturamento,
produtividade
e
competitividade
Recalling that production in the economic sense is
nothing but combining productive services, we may
express the same thing by saying that innovation
combines factors in a new way, or that it consists in
carrying out New Combinations".
(Schumpeter 1939: 87-88)
87
nos
mercados interno e externo. Ainda há um longo caminho
a ser trilhado, mas passos importantes têm sido dados na
direção correta.
Os números expostos contribuem para se ter uma noção
Nesta perspectiva, a ideia central é definir o que venha
dos resultados das ações de Ciência, Tecnologia e
ser um Sistema de Inovação, e ainda destacar a
Inovação no país. O governo acredita que muito deve ser
importância
realizado ainda. É preciso descentralizar e potencializar
localidade, sobretudo por se constituir num conjunto de
as ações nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste
Centro
do
agentes e instituições, articuladas com base em práticas
Brasil. Para tanto
nto se percebe um esforço de condicionar
de C,T&I, vinculadas à atividade inovadora, de cunho
desta
política
para
uma
determinada
local, sendo as empresas o coração de todo o sistema.
7
Manufatura e Bens de Capital; Microeletrônica; Eletrônica para Produtos; Vitivinicultura; Energia Solar; Fotovoltaica; Plásticos
Plásti
e
Borrachas; Visualização Avançada; Bioetanol; Equipamentos Medico, Hospitalar e odontológico; Insumos para a Saúde Humana;
Tecnologias
cnologias Digitais de Informação e Comunicação; Nanocosméticos; Veículos Elétricos; e, Insumos para saúde e nutrição animal.
8
Análises físico-químicas
químicas e microbiológicas para alimentação; Biocombustíveis; Biotecnologia; Componentes e produtos da área de
defesa
fesa e de segurança; Equipamentos de proteção individual; Geração, transmissão e distribuição de energia; Gravimetria, Orientação
Orient
Magnética, Intensidade de Campo Magnético e Compatibilidade Eletromagnética; Instalações prediais e iluminação pública; Insumos
Insum
farmacêuticos, medicamentos e cosméticos; Monitoramento ambiental; Produtos de manufatura mecânica; Produtos de setores
tradicionais: têxtil, couro, calçados, madeira e móveis; Produtos e dispositivos eletrônicos; Produtos para a saúde; Radioproteção
Radiopro
e
Dosimetria;
osimetria; Resíduos e Contaminantes em Alimentos; Saneamento e abastecimento d'água; Sangue e hemoderivados; TIC aplicáveis
às novas mídias: TV Digital, comunicação s/ fio, Internet; Transformados plásticos.
9
Foi constituída uma rede por estado.
28
Outra questão interessante é que para se formar um
Sistema de Inovação é preciso desencadear um processo
fundado no aprendizado, ou seja, em ações que
estimulem
a
pesquisa
e
que
possibilitem
Na
abordagem
de
Cassiolato
e
Lastres
(2000)
apresentam alguns fatores que podem impactar os
Sistemas de Inovação.
o
De particular relevância, nesse sentido é a existência de
ambientes macroeconômico, político, institucional e
financeiro marcados por instabilidade e vulnerabilidade.
Problemas como hiperinflação, dívida externa e altas
taxas de juros constituem-se
constituem
em constrangimentos para o
desenvolvimento tecnológico e produtivo nos países
(Cassiolato e Lastres, 2000, p. 34-51).
34
desenvolvimento. É primordial estimular a inovação em
todos os ambientes produtivos e criativos. Lundvall (1992)
acrescenta que a inovação se constitui a partir da criação
de capacitações e conhecimentos que permitem o
desenvolvimento de uma dada tecnologia.
Já para Rosenberg (1976) a inovação é um processo
Para Lundvall (1992), o sistema de inovação surge a
constante, exaustivo na intenção de construir uma base
partir de características específicas e dos efeitos do
significante.
aprendizado:
a system of innovation
nnovation is constituted by elements and
relationships which interact in the production, diffusion
and use of new and economically useful, knowledge ... a
national
system
encompasses
elements
and
relationships, either located within or rooted inside the
borders
rders of a national state. (Lundvall, 1992, p.2)
Não um simples e bem definido ato, mas uma série de
atos proximamente ligados ao processo inventivo. Uma
inovação só adquire significância econômica através de
um processo extenso de redesenho, modificação e
milhares de pequenos aperfeiçoamentos. (Rosenberg
1976: 75-76)
Os Sistemas de Inovação, segundo Imai & Baba (1989),
devem ser um processo de tentativa e erro, as
Contribuem na conceituação de Sistemas de Inovação
Cassiolato e Szapiro (2002), que
e além de conceituá-los,
conceituá
vão ao cerne da questão das atribuições dos atores e da
experiências
modelos,
que
possibilitarão
customizados
poderão
criar
vários
atender
as
necessidades de uma localidade.
um processo de tentativa e erro, a adição cumulativa de
pequenas e grandes modificações dos processos
produtivos e desenho de produtos, envolvendo firmas
com fortes ligações, em vez de unidades isoladas e
completamente independentes. (Imai and Baba 1989: 3)
dimensão espacial nos modelos.
A utilidade do conceito de sistemas nacionais de
inovação reside no fato de o mesmo tratar explicitamente
questões importantes, ignoradas em modelos mais
antigos de mudança tecnológica - especificamente a
diversidade e o papel dos investimentos intangíveis em
atividades de aprendizado inovativo. Tal noção envolve,
portanto, não apenas empresas, mas também
instituições de ensino e pesquisa, de financiamento,
f
governo, etc. Além disso, baseando--se na consideração
de que uma diversidade significativa existe entre os
países e instituições na forma, nível e padrão dos
investimentos
em
aprendizado
focalizam-se
particularmente as ligações entre instituições
instit
e suas
estruturas de incentivos e capacitações. Num plano mais
descentralizado, têm sido concebidos sistemas
regionais, estaduais e locais de inovação. No entanto,
mesmo ao nível internacional, as contribuições
desenvolvendo
tais
dimensões
são
escas
escassas.
(CASSIOLATO & SZAPIRO, 2002, p.7)
cumuladas
Para a OECD (1990) são os retornos advindos dos
processos que possibilitarão criar os Sistemas de
Inovação. Ou seja, “processo caracterizado por contínuas
e numerosas interações de feedbacks” (OECD 1990: 11).
Contudo, os Sistemas de Inovação devem contribuir para
a formulação da Política de Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior nos aspectos relacionados à inovação
e
à
política
tecnológica,
para
o
desenvolvimento
sustentável nos sistemas produtivos.
29
3.1
O caso de Goiás
10
Diante da constatação
de que não se tem um lugar
(físico ou virtual) onde são consolidadas as informações e
dados de C, T&I em Goiás, a Secretaria de Ciência e
Tecnologia tomou esse desafio como missão e está
trabalhando muito para disponibilizar em 2011 o Sistema
Diante desse cenário desafiador, as empresas têm
buscado cada vez mais internacionalizar suas atividades
intensivas em conhecimento e, ao mesmo tempo, abrem
seus processos de inovação para colaboração de
parceiros externos (fornecedores, clientes, universidades,
dentre outros). Nesse sentido, o objetivo dessa estratégia
Goiano de Inovação (SiGO).
é disponibilizar informações e interagir de forma mais
Esse Sistema irá integrar os ambientes de ciência,
rápida possível com novos conhecimentos e tecnologias.
tecnologia e inovação, constituído pelo Governo do
Estado, instituições científicas e tecnológicas e pelos
segmentos empresariais. Irá promover a interação entre a
Considerações Finais
oferta e a demanda por conhecimento
hecimento tecnológico.
A inovação, muito bem definida por Schumpeter,
Sch
estimula
Por intermédio do SiGO será possível ofertar espaço de
a produtividade, cria riqueza e traz desenvolvimento. A
divulgação dos resultados de C,T&I que possam ser
inovação propicia produtos e serviços melhores e mais
referência à cooperação tecnológica no estado de Goiás,
que será pautado pela qualidade, confiabilidade e
agilidade
dos
tecnologias
dados,
específicas
apoiado
poiado
e
e
respaldado
canais
de
baratos, contribuindo para a qualidade de vida das
pessoas.
por
É fundamental que essa sinergia da inovação estimule os
atendimento
atores do desenvolvimento
esenvolvimento a potencializar cada vez mais
diversificados e adequados.
as ações de ciência e tecnologia produzidas no Estado,
Essas ações articuladas estimularão projetos inovadores
consolidando os projetos estruturantes de Goiás num
a fim de promover o desenvolvimento socioeconômico do
sistema orgânico de inovação.
Estado
de
Goiás.
Para
tanto,
o
Sistema
está
fundamentado
undamentado numa Plataforma Operacional composta
pelas Redes de Ciência, Tecnologia e Inovação; de
Formação Profissional; da Metrologia; e de Difusão e
Reaplicação de Tecnologias Sociais, somando-se
somando
aos
Projetos
Estruturantes
do
Estado.
Tem
a missão
É verdade que se tem um longo caminho a percorrer.
Todavia, as bases para consolidação do Sistema de
Inovação estão em construção e possibilitarão em médio
prazo conquistar algo inédito para o estado de Goiás em
termos de Ciência, Tecnologia e Inovação. É sabido que
para evoluir é preciso inovar!
estratégica
égica de contribuir para acelerar o processo de
inovação, para agregar valor à economia e gerar
A interação entre universidade, governo e empresa passa
a constituir-se
se como fonte geradora de vantagens
melhores empregos e renda no Estado de Goiás.
competitivas. É notório que a competitividade está cada
O SiGO será um instrumento que disponibilizará dados e
vez mais aliada à capacidade inovativa.
fornecerá informações para a prospecção, avaliação e
monitoramento
ramento
das
políticas
públicas
e
da
competitividade de Goiás com base nos avanços da
Ciência, da Tecnologia, da Inovação e do Ensino
Superior.
10
A inovação é vista como um processo cada vez mais
interativo. Para que isso ocorra, políticas
p
têm que ser
desenhadas
e
implementadas.
Nesse
contexto,
inovação é o porvir de Goiás.
Estudos e levantamento de dados realizados pela Secretaria de Ciência e Tecnologia de Goiás no 1º semestre de 2011.
30
a
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31
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