Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Larissa Cristina Viana Lopes
Maria Edileuza da Costa
Prof. Bruno Curcino
Éricka Fernanda
Simone Daniela
 Neo-realista
 Verossimilhança
 Tipificação
social → análise crítica da realidade
 Linguagem coloquial/regionalista
 Temáticas:
Choque entre o Brasil rural X Brasil urbano→ Ascensão e
queda dos coronéis→ Drama dos trabalhadores rurais
Camadas populares, trabalhadores, marginais, setores
médios e urbanos

São Bernardo é um exemplo da literatura,
apontada por Bosi, como uma escrita
resistente, porque discute o cotidiano do
patriarcado com ares de burguesia que
silenciou o comportamento feminino por
muitos anos, além de cometer outras
violências.
DR. MAGALHÃES E NOGUEIRA
 “O
povoado transformou-se em vila, a
vila transformou-se em cidade, com
chefe político, juiz de direito, promotor e
delegado de polícia.” (p.36)
“Como a justiça era cara, não foram à
justiça. E eu, o caminho aplainado, invadi
a terra do Fidélis, paralítico de um braço,
e a dos Gama, que pandegavam no
Recife, estudando direito. Respeitei o
engenho do Dr. Magalhães, juiz.” (p. 3940)
PADRE SILVESTRE

Se envolve em política
“Padre Silvestre recebeu-me friamente. Depois da
Revolução de Outubro, tornou-se uma fera, exige devassas
rigorosas e castigos para os que não usaram lenços
vermelhos. Torceu-me a cara. E éramos amigos. Patriota.
Está direito: cada qual tem as suas manias.” (p.5-6)
“Afastei-o da combinação e concentrei as minhas
esperanças em Lúcio Gomes de Azevedo Gondim,
periodista de boa índole e que escreve o que lhe mandam.”
(p.6)
“Tudo isso é fácil quando está terminado e embira-se em
duas linhas, mas para o sujeito que vai começar, olha os
quatro cantos e não tem em que se pegue, as dificuldades
são horríveis. Há também a capela, que fiz por insinuações
de Padre Silvestre” (p. 9)
COSTA BRITO E AZEVEDO GONDIM

A imprensa era à favor da classe dominante
“Depois do meu telegrama (lembram-se: o
telegrama em que recusei duzentos mil-réis
àquele pirata), a Gazeta entrou a difamarme. A princípio foram mofinas cheias de
rodeios, com muito vinagre, em seguida o
ataque tornou-se claro e saíram dois artigos
furiosos em que o nome mais doce que o
Brito me chamava era assassino. Quando li
essa infâmia, armei-me de um rebenque e
desci à cidade.” (p.70-71)
-
“A Gazeta, que sempre louvara furiosamente o
governo, fugira para a oposição, por causa de um
emprego de deputado estadual, e achava a
administração pública desorganizada, entregue a
homens incompetentes. A nós que votávamos com o
partido dominante, mas não éramos peixe nem carne
queixumes, nariz torcido, modos de enjôo. Da minha
última viagem à capital, em troca de uma notícia
besta de quatro linhas, o diretor da Gazeta ainda me
lambera cinqüenta mil réis, no café, bebendo cerveja
com indignação:
Querem jornal de graça. Para o inferno! A vida inteira
escrevendo como um condenado, mentindo,para
esses moços subirem! Só a despesa que se tem! Só o
preço do papel! E na eleição, coice. Nem uma
porcaria, uma desgraça que qualquer prefeito
analfabeto consegue com facilidade. Querem elogios.
Está aqui para eles.
Eu não precisava do Brito, mas passei o dinheiro,
em atenção a serviços prestados anteriormente e
porque não gosto de questões com gente de
imprensa. Depois aludi à crise e dei a entender que
não continuava a sangrar.” (p.61)
 Fora
rico proprietário rural
 Patriarca
 Fora
amado e respeitado por todos
atropelado pelo progresso
 Contraste
patriarca senhorial do passado X
pragmatismo do capitalista do presente.
“Não havia soldados no lugar, nem havia
juiz. E como o vigário residia longe, a
mulher de Seu Ribeiro rezava o terço e
contava histórias de santos às crianças.
[...] E os pretos não sabiam que eram
pretos, e os brancos não sabiam que
eram brancos. Na verdade Seu Ribeiro
infundia respeito. [...] todo o mundo
seguia o Major porque todo o mundo era
do Major.” (p.35)
“ O povoado transformou-se em vila, a
vila transformou-se em cidade, com chefe
político, juiz de direito, promotor e
delegado de polícia.
Trouxeram máquinas e a bolandeira
parou. Veio o vigário, que fechou uma igreja
bonita. As histórias na memória das
crianças.
Chegou o médico. Não acreditava nos
santos. A mulher de seu Ribeiro entristeceu,
emagreceu e finou-se.
O advogado abriu consultório, a
sabedoria do Major encolheu-se e surgiram
no foro numerosas questões.” (p. 36)


Antigo proprietário da fazenda São Bernardo,
que herdara do pai, porém acabou perdendo
para Paulo Honório devido à dividas.
Intelectual sem futuro – fracassado
“ Meu antigo patrão, Salustiano Padilha, que
tinha levado uma vida de economias
indecentes para fazer o filho doutor, acabara
morrendo do estômago e de fome sem ver
na família o título que ambicionava. Como
quem não quer nada, procurei avistar-me
com Padilha moço (Luís). Encontrei-o no
bilhar, jogando bacará, completamente
bêbado.” (p.14)
 Capanga
fiel
 Traço
humano: é o único que dá atenção ao
filho de Paulo Honório.
“Casimiro Lopes era a única pessoa que lhe
tinha amizade. Levava-o para o alpendre e lá
se punha a papaguear com ele, dizendo
histórias de onças, cantando para o embalar
as cantigas do sertão.(p. 138)”
 Paulo
Honório é um homem de origem
humilde, muito ambicioso que decide
ascender na vida, mesmo que para isso use
meios ilícitos.
 Ambicioso
e dominador, que veio do nada e
alcançou estabilidade e respeito social.


Com este personagem, Graciliano Ramos traça o
perfil da vida e do caráter de um homem rude e
egoísta, do jogo de poder e do vazio da solidão,
em que não há espaço nem para a amizade, nem
para o amor. A trajetória desse homem rude e de
“alma agreste” é desvendada ao leitor por meio
do relato que o próprio personagem faz de sua
vida fracassada.
Nesta narrativa, Graciliano Ramos mostra “[...] o
nível de consciência de um homem que, tendo
conquistado a duras penas um lugar ao sol,
absorveu na sua longa jornada toda a
agressividade latente em um sistema de
competição.” (BOSI: 1994, 403).
A
presença da mulher na sua vida sempre se
prendeu a necessidades práticas.
A
primeira cujo envolvimento registra,
Germana, rendeu-lhe três anos, nove meses
e quinze dias de cadeia.
 Não
 Ele
foi criado pela mãe
procura uma mulher para casar , para
obter um herdeiro, continuando assim seu
sonho, São Bernardo.
“ E recomecei a elaborar mentalmente a mulher a que
me referi no princípio deste capítulo. Revistei a
Mendonça, a Gama, a irmã do Gondim (eu nem sabia
como se chamava a Gondim) e dona Marcela do
doutor Magalhães. Dona Marcela era um pancadão.
Cada olho! O que tinha de ruim era usar muita tinta
no rosto e muitos ss na conversa. Paciência. Perfeito
só Deus."(p. 60).
“[...]Levado ainda por uma finalidade egoísta, típica de
um proprietário, Paulo Honório pretende se casar: é
preciso ter um filho que seja o herdeiro das riquezas
que ele acumulou. Não é o amor que o move, pois os
egoístas não conhecem o amor, ele busca a mulher
como quem busca um objeto, uma propriedade.”
(Coutinho, 1967:87, grifo nosso).
O
proprietário queria que Madalena fosse
uma mulher de acordo com os moldes da
sociedade patriarcal, ou seja, voltada
para o lar, para a família, com educação
direcionada
ao
casamento,
comportamento
típico
das
jovens
senhoras do século XVIII e XIX.
 Para a época , era inadmissível que
mulheres
manifestassem
opiniões
próprias ou quisessem participar de
decisões que eram somente para os
homens.
D.Glória
representa a condição social da mulher, sem
acesso a formação profissional
 Fica a mercê de pequenos afazeres e ajuda de
terceiros.

“Eu saía para a escola e ela punha o xale, ia cavar a
vida. Tinha muitas profissões. Conhecia padres e
fazia flores, punha em ordem alfabética os
assentamentos de batizados, enfeitava altares.
Conhecia desembargadores e copiava os acórdãos
do tribunal. A noite vendia bilhetes no Floriano. E
como o padeiro nosso vizinho era analfabeto,
escriturava as contas dele num caderno de balcão.
Está claro que, dedicando-se a tantas ocupações
miúdas, era mal paga.” (p. 116)
Rosa
 mulher
do empregado da fazenda
 mantinha uma relação às escondidas
com Paulo Honório
“Rosa do Marciano atravessava o riacho. Erguia as saias
até a cintura. Depois que passava o lugar mais fundo ia
baixando as saias. Alcançava a margem, ficava um
instante de pernas abertas, escorrendo água, e saía
torcendo-se, com um remelexo de bunda que era
mesmo uma tentação.” (p. 158)
“Marciano conheceria as minhas relações com a Rosa?
Não conhecia. Tive sempre o cuidado de mandá-lo à
cidade, a compras, oportunamente.” (p.137)

Bonita, culta, educada, direita, de bons costumes e boa...

Fundamental para os rumos e o desfecho do Romance.

Mulher à frente de seu tempo
“– Mulher superior. Só os artigos que publica no Cruzeiro!
– Ah! Faz artigos!
– Sim, muito instruída. Que negócio tem o senhor com ela!
– Eu sei lá! Tinha um projeto, mas a colaboração no Cruzeiro me
esfriou. Julguei que fosse uma criatura sensata.” (p. 84).

O sofrimento de Madalena é resultado do tradicionalismo de
Paulo Honório, que cala a voz da esposa como forma de conter a
inovação que representava esta figura feminina: a expressão, a
voz, a educação, os ideais, a formação.
 Madalena
mostrou que não seria uma
mulher que se restringiria a atender as
ordens do esposo, pois se expressava,
exigia, opinava e não aceitava as
condições de vida e trabalho na fazenda.
“- É exato confessou seu Ribeiro. Não me
falta nada, o que recebo chega.
- Se o senhor tivesse dez filhos, não
chegava, disse Madalena” (p.99)
“ Falta nada! Tem tudo, a sinhá manda
tudo. Um despotismo de luxo: lençóis,
sapatos, tanta roupa! [...] (p.119)
“ –É horrível! Bradou Madalena.
-Como?
-Horrível! Insistiu.
- Que é?
- O seu procedimento. Que barbaridade!
Despropósito.
[...]
-Não entendo. Explique-se.
Indignada, a voz trêmula:
-Como tem coragem de espancar uma
criatura daquela forma
-Ah! Sim! Por causa do Marciano. Pensei que
fosse coisa séria. Assustou-me.” (p.109)

A forma como Paulo Honório se refere a Madalena
abranda-se desde as primeiras menções, fato que se
pode destacar pelo uso do diminutivo e de adjetivos
e pela atenção que lhe dirige, no tocante ao gestual.
João Luiz Lafetá, no seu ensaio "O Mundo à Revelia",
aponta para esse aspecto:
“A diferença de linguagem quando se refere a
Madalena e quando a dona Marcela é significativa. O
mais importante, entretanto, é que Madalena passa a
ocupar, a partir deste instante, o lugar central dos
acontecimentos: ‘como o silêncio se prolongasse,
repliquei ao Nogueira quase me dirigindo a lourinha
(...)’ E depois: ‘Percorri a cidade, bestando,
impressionado com os olhos da mocinha loura e
esperando um acaso que me fizesse saber o nome
dela!” (Lafetá, 2002:203).
“De repente conheci que estava querendo
bem à pequena. Precisamente o contrário da
mulher que eu andava imaginando – mas
agradava-me, com os diabos. Miudinha,
fraquinha. Dona Marcela era bichão. Uma
peitaria, um pé de rabo, um toitiço!” (p. 67).
O contraste flagrante entre as duas moças
faz avultar a impressão que Madalena
causou em Paulo Honório. Ele ficou
impressionado com os seus olhos e decidiu
levantar as informações adequadas ao
"negócio" que pretendia realizar. Foi rápido
na definição dos seus propósitos com
Madalena: "dar uma cabeçada séria".



“Nove horas no relógio da sacristia.” (p.161)
“Faz dois anos que Madalena morreu [...]”
(p.183)
“Emoções indefiníveis me agitam –
inquietação terrível, desejo doido de voltar,
tagarelar novamente com Madalena, como
fazíamos todos os dias, a esta hora. Saudade?
Não, não é isto: é desespero, raiva, um peso
enorme no coração.” (p.101)

Madalena casou-se por interesse?
Paulo Honório queria se casar, como havia
consolidado a posse e expansão de São
Bernardo era necessário providenciar um
herdeiro.
O tipo de mulher que Paulo desejava era:
“[...]criatura alta, sadia, com trinta anos,
cabelos pretos[...] (p.57)

Porém conhece Madalena, “moça loura e
bonita”, o oposto do que havia imaginado, ele
na verdade estava apaixonado:
“De repente conheci que estava querendo bem
à pequena. Precisamente o contrário das
moças que eu andava imaginando – mas
agradava-me, com os diabos. (p.67).
 Desde
os primeiros dias de casados Madalena
começa a participar dos negócios da fazenda,
dá opiniões e intercede pelos colonos e isso
não agrada Paulo, com isso ele começa a
conhecer sua esposa.
“Conheci que Madalena era boa em demasia,
mas não conheci tudo de uma vez. Ela se
revelou pouco a pouco, e nunca se revelou
inteiramente. (p.100)
 Paulo
Honório tinha TUDO em suas mãos;
controle total da S. Bernardo e tudo que cercava,
menos MADALENA.
 “Está
absolutamente explícito que, na visão de
Paulo, o casamento nada mais era do que um
negócio [...]” (LOPES e COSTA, p. 228)
“– Não fale assim, menina. E a instrução, a sua
pessoa, isso não vale nada? Quer que lhe diga? Se
chegarmos a um acordo, quem faz negócio
supimpa sou eu. (p.89)

Madalena era mulher bastante sociável,
mantinha boa comunicação com todos. Sua
instrução unida à socialização com as
pessoas da fazenda e demais amigos de
Paulo Honório faz emergir o ciúme. O
fazendeiro começa a suspeitar da fidelidade
de Madalena.
O
desconhecimento da interioridade
anímica de sua esposa, faz com que o
fazendeiro suspeite, imagine. Uma
mulher ‘sombria’ é o único fundamento
que ele pode encontrar para dar indícios
de que ela, carregada de mistérios, pode
disfarçar, mentir, trair.
O
ciúme exagerado era uma extensão do
desejo de posse de Paulo Honório.
CAPÍTULO 23
E Madalena escutando o Padilha. O Padilha, que tinha
uma alma baixa, na opinião dela. [...] Entretidos,
animados. Conspiração. Talvez não fosse nada. Mas,
para quem, como eu, andava com a pulga atrás da
orelha! (p.121)
CAPÍTULO 24
Madalena falava com seu Ribeiro [...] procurava
convencê-lo, mas não percebi o que dizia. De
repente invadiu-me uma espécie de desconfiança. Já
havia
experimentado
um
sentimento
assim
desagradável. Quando? (p. 131)
[...]Procurei Madalena e avistei-a derretendo-se e
sorrindo para o Nogueira, num vão da janela.
Confio em mim. Mas exagerei os olhos bonitos do
Nogueira, a roupa bem feita, a voz insinuante [...]
Misturei tudo ao materialismo e ao comunismo de
Madalena – e comecei a sentir ciúmes. (p. 133)
CAPÍTULO 25
Requebrando-se para o Nogueira, ao pé da janela, sorrindo! [...]
Aquela conversa teria sido a primeira? [...] Talvez namorassem.
[...] E, com dois anos de casada, num vão de janela,
desmanchava-se toda para ele.
Erguia-me, insultava-a mentalmente:
– Perua!
Até com o Padilha! [...]
Depois a colaboração no jornal do Gondim. Continuava a
colaborar. Pouco, mas continuava. O Gondim e ela tinham sido
unha e carne. [...] E discutiam pernas e peitos dela!
Eu tinha razão para confiar em semelhante mulher? Mulher
intelectual. (p. 136)
CAPÍTULO 26
Aguentar! Ora aguentar! Eu ia lá continuar a aguentar semelhante
desgraça? O que me faltava era uma prova: entrar no quarto de
supetão e vê-la com outro. [...] Comecei a mexer nas malas, nos
livros, e a abrir-lhe a correspondência. (p. 139)
“Afastava-me, lento, ia ver o pequeno, que
engatinhava pelos quartos, às quedas, abandonado.
Acocorava-me e examinava-o. Era magro. Tinha os
cabelos louros, como os da mãe. Olhos agateados.
Os meus são escuros. Nariz chato. De ordinário as
crianças têm o nariz chato.”
“E o pequeno continuava a arrastar-se, caindo,
chorando, feio como os pecados. As perninhas e os
bracinhos eram finos que faziam dó. Gritava dia e
noite, gritava” (p. 137).
“Ninguém se interessava por ele. Dona Glória
lia. Madalena andava pelos cantos, com as
pálperas vermelhas e suspirando. Eu dizia
comigo: Se ela não quer bem ao filho!” (p.
137-138)
 Quem
dava atenção ao menino era somente
Casimiro.
O
suicídio de Madalena é por fraqueza,
ou porque chegou ao seu limite?
 Os
valores de Madalena, que se opõem ao
mundo adormecido e costumeiro do esposo,
representam o que Bosi chama de resgate
resistente, pela narrativa, não apenas do que
foi dito, mas do que fora calado. Isso se
comprova com a atitude derradeira de
Madalena: o ato suicida, simplesmente por
não querer vendar os olhos diante das
mazelas e defender seus próprios ideais (o
novo), além de não se submeter aos ideais do
esposo (a tradição).

Madalena, insatisfeita com a vida que levava ao lado
de Paulo Honório, deu a si um fim. A professora talvez
tenha sido o maior desafio do proprietário
patriarcalista.
Havia
uma
“hierarquia”
social
contraditória entre ambos: o homem superior/inferior.
Madalena não se deixou dominar, impunha suas
vontades e atividades; a negativa ao domínio atinge
seu ponto máximo com o suicídio, a maior das
negativas.
“com o suicídio a personagem revela a impossibilidade
de luta frente as injustiças sociais. Sua morte revela
ainda a aporia que se cria quando alguém se destina a
contrariar interesses sistêmicos.” (LOPES, p. 233)
“- A quem?
- Você verá. Está em cima da banca. Não é
caso para barulho. Você verá.”
- Você me perdoa os desgostos que lhe dei,
Paulo?
- Julgo que tive as minhas razões. - Não se
trata disso. Perdoa? Rosnei um monossílabo.
Seja amigo de minha tia, Paulo. Quando
desaparecer essa quizília, você reconhecerá
que ela é boa pessoa.
Eu era tão bruto com a pobre da velha!”
(p.163)
“- Conseqüência desse mal-entendido. Ela
também tem culpa. Um bocado ranzinza.”
(p.164)
“O relógio da sacristia tocou meia noite,
- Meu Deus! Já tão tarde! Aqui, tagarelando...
Voltou-se da porta:
- Esqueça as raivas Paulo.
Porque não acompanhei a pobrezinha?
Nem sei. Porque guardava um resto de
dignidade besta. Porque ela não me convidou.
Porque me invadiu uma grande preguiça.”
(p.166)
O
suicídio de Madalena é um golpe para
Paulo Honório, uma vez que sua esposa
passa a existir, agora, apenas em sua
consciência. A professora é um exemplo da
autonomia da mulher em uma sociedade
opressora e machista. Madalena é um grito
em qualquer “São Bernardo” de épocas
quaisquer. Além da falta da esposa, Paulo
Honório sente os efeitos da Revolução de 30
que causa grandes prejuízos a seus negócios.
(LOPES E COSTA, 2002:234)
 São
Bernardo: mostra os conflitos e
contrastes entre Paulo Honório e Madalena. A
obra associa-se à Dom Casmurro → homem
perde a mulher e rejeita o filho. Os dois
homens são devorados pelo ciúme e não
admitiam as mulheres que pensavam.
 Romances
psicológicos, ligados aos conflitos
internos da personagem principal.
 Juntos
Paulo Honório e Madalena
encenam o duo dramático que mostra
homem
e
mulher
submetidos
a
princípios culturais rígidos.
PAULO HONÓRIO
Inculto
 Mecanizar a fazenda
 Exterior
 Capitalista

MADALENA
Culta
 Humanizar a
fazenda
 Interior
 Socialista

 Metalinguagem
– São Bernardo (livro) fala de São
Bernardo (fazenda).
 Toda a vida de Paulo Honório girava em torno da
fazenda e por causa da fazenda e de toda a sua
alma “agreste” ele leva uma vida rude e egoísta.
 Ao escrever o livro acontece um processo de
tomada de consciência por parte de Paulo
Honório.
 Escrever o livro para Paulo Honório é como um
acerto de contas existencial .
 É o máximo de seu processo de humanização
(mesmo que tardio).
Fazenda
 Quando
nos referimos a obra São Bernardo
em relação a fazenda encontramos a violência
do protagonista contra homens e coisas
porque a fazenda se incorpora ao seu próprio
ser, como atributo penosamente elaborado.
Disponível em: http://www.ucm.es/info/especulo/numero15/g_ramos.html Acesso:
Fevereiro de 2012.
Disponível em: http://w3.ufsm.br/grpesqla/revista/dossie02/art_01.php
Acesso: Março de 2012.
Disponível em: http://www.dubitoergosum.xpg.com.br/a453.htm Acesso: Fevereiro
de 2012.
Disponível em: http://www.dubitoergosum.xpg.com.br/a453.htm Acesso: Março de
2012.
Disponível em: http://seer.ufrgs.br/NauLiteraria/article/view/6045/4535 Acesso:
Março de 2012.
Disponível em: http://www.assis.unesp.br/cilbelc/jornal/maio08/content17.html
Acesso: Março 2012.
VIANNA, Lúcia Helena. Roteiro de Leitura de São Bernardo de Graciliano Ramos. São
Paulo: ática, 1997.
RAMOS, Graciliano. São Bernardo. 74. ed. Rio de Janeiro: São Paulo: Record 2002
LÁFETÁ, João Luiz. Pósfácio: O mundo à revelia. In: RAMOS, Graciliano. São Bernardo.
74. ed. Rio de Janeiro: São Paulo: Record, 2002. p. 192-217
MOURÃO, R. A Estratégia Narrativa de “São Bernardo”. In: Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2 nov. 1968. Supl. Lit.
REIS, D. O. As fraturas de São Bernardo. Madalena e a dominação masculina. In: São
Bernardo: Uma verossimilhança desviante. Universidade Federal de Pernambuco.
Recife, março de 2011.
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São Bernardo