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LESÃO DE CÉLULAS GIGANTES PERIFÉRICA: RELATO DE CASO
PERIPHERAL GIANT CELL LESION: A CASE REPORT
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Alvimar Lima de CASTRO2
Eni Vaz Franco Lima de CASTRO2
Leda Maria Pescinini SALZEDAS3
Ellen Greves GIOVANINI
Lesão de células gigantes periférica: relato de caso
Peripheral giant cell lesion: a case report
RESUMO: Com maior incidência entre a terceira e a sexta décadas de vida e com
discreta preferência pelo sexo feminino, a lesão de células gigantes periférica é comum
na boca, acometendo tanto maxila como mandíbula e quase exclusivamente rebordo
alveolar e gengiva. Apesar da etiologia obscura, acredita-se que o aparecimento dessas
lesões esteja relacionado a fatores irritantes locais como raízes residuais, dentes mal
conservados ou mal posicionados, cálculos dentais, restaurações com excessos
proximais, próteses inadequadas, ou ainda corpos estranhos no sulco gengival. O
diagnóstico depende da avaliação integrada entre os achados clínicos, radiográficos e
histológicos. No presente relato, os autores descrevem um caso em paciente negra com
72 anos de idade, apresentando um nódulo gengival avermelhado de aproximadamente
1,5 cm de diâmetro na região vestibular de incisivo a canino inferiores esquerdos, com
base séssil, limites nítidos, consistência flácida e indolor. Radiograficamente não se
identificou alteração óssea na área. As hipóteses diagnósticas consideradas foram Lesão
de Células Gigantes Periférica, Fibroma Cemento Ossificante Periférico e Hiperplasia
Fibrosa, não se considerando o diagnóstico de Lesão do
Hiperparatireoidismo pela ausência de sinais clínicos e radiográficos sugestivos da lesão.
O diagnóstico definitivo foi conseguido após biópsia excisional em cuja análise
microscópica se identificou presença de lesão osteofibrosa benigna com células gigantes
(Lesão de Células Gigantes Periférica). O acompanha-mento clínico pós-operatório
evidenciou favorável reparação cicatricial da área operada.
UNITERMOS: Granuloma de células gigantes; Lesão periférica de células gigantes;
Lesões Maxilofaciais.
Categoria – Relato de caso clínico
INTRODUÇÃO
A lesão de células gigantes periférica
(LCGP) é de natureza proliferativa não
neoplásica, provavelmente decorrente de
respostas teciduais a estímulos crônicos de longa
duração 1,9 . Esses estímulos podem ser raízes
residuais, dentes mal conservados ou mal
posicionados, cálculos dentais, restaurações
com excessos proximais, próteses inadequadas
e corpos estranhos no sulco gengival, além de
outros agentes traumáticos 7,13. Sua etiologia ainda
permanece obscura, sendo que alguns autores
acreditam que a lesão evolui a partir do tecido
conjuntivo periférico, do ligamento periodontal ou
do periósteo subjacente 2,10,11,14.
Ocorre em todas as idades, mas é mais
freqüente entre a terceira e a sexta décadas de
vida, principalmente em mulheres. São lesões
quase exclusivas de rebordo alveolar e gengiva,
em geral clinicamente se apresentando com base
pediculada ou séssil, coloração vermelha ou
violácea, e tamanho variando entre 0,5 e
1,5 cm 1,3,6,9 .
Radiograficamente
não
se
observam áreas de explícito envolvimento,
restringindo-se a observação a discretas áreas de
reabsorção óssea em forma de taça, refletindo
envolvimento secundário do osso, provavelmente
pela compressão exercida pela lesão 5 .
Histologicamente, constata-se a presença de um
estroma de tecido conjuntivo contendo
numerosas células jovens ovóides ou fusiformes
e células gigantes multinucleadas, focos de
hemorragia e, mais freqüentemente, espículas
neoformadas de osso ou tecido osteóide 3,7,8,10,14.
Segundo Bonetti et al. 2 , as células
gigantes encontradas na LCPG possuem um
fenótipo diferente daquelas encontradas nas
__________________________________________________________________________________________________________
Docentes do Departamento de Patologia e Propedêutica Clínica da Faculdade de Odontologia de Araçatuba - UNESP.
2 Aluna do Curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Área de Estomatologia, da Faculdade de Odontologia de
Araçatuba - UNESP.
3 Aluna do curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Odontologia, Área de Estomatologia, da Faculdade de Odontologia de Araçatuba
- UNESP.
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reações inflamatórias crônicas, parecendo se
tratar de verdadeiros osteoclastos. Usualmente
são tratadas pela excisão cirúrgica e eliminação
do fator irritante, sendo baixa a taxa de
recorrência quando adequadamente removida, o
que justifica a conservação dos dentes próximos
ao processo 3,10 .
RELATO DO CASO: Paciente melano-derma
com 72 anos de idade, portadora de lesão nodular
no rebordo alveolar anterior inferior com evolução
de dois meses. Ao exame físico extrabucal se
notava assimetria facial provocada por um
abaulamento na porção esquerda do lábio inferior
e uma massa tecidual avermelhada entre os
lábios dificultando o selamento labial (Figura1).
Intrabucalmente se observava nódulo de
coloração violácea na porção gengival vestibular
região de incisivo a canino inferiores esquerdos,
com aproximadamente 1,5 cm de diâmetro, base
séssil, limites nítidos, consistência flácida e
indolor (Figura 2).
Periférica. A paciente retornou para avaliação
pós-operatória um mês após a cirurgia (Figura 4),
com aparência clínica de evolução cicatricial
favorável e sem sinais de recidiva ou nova lesão
primária.
Figura 3 – Aspecto radiográfico sem
evidência de alteração
FIGURA 1 – Aspecto extrabucal inicial,
destacando a ausência do selamento labial
FIGURA 4 – Aspecto clínico favorável
no acompanhamento pós-operatório de um
mês
DISCUSSÃO
FIGURA 2 – Aspecto clínico intrabucal,
destacando nódulo gengival violáceo
Ao exame radiográfico não se observou
nenhuma alteração óssea (Figura 3),
estabelecendo-se como diagnóstico diferencial
Granuloma Piogênico, Lesão de Células
Gigantes Periférica, Fibroma Cemento
Ossificante Periférico e Hiperplasia Fibrosa,
excluindo-se do diagnóstico diferencial a
possibilidade de Lesão do Hiperparatireoidismo
pela ausência de sinais clínicos e radiográficos
contributivos. Foi realizada biopsia excisional e a
peça cirúrgica encaminhada para análise
histopatológica, que evidenciou presença de
lesão osteofibrosa celularizada com células
gigantes multinucleadas de permeio, definindose o diagnóstico como Lesão de Células Gigantes
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Para a maioria dos autores, a maior
prevalência de LCGP está entre a terceira e a
sexta décadas de vida 1,9,10,12 enquanto para
Buchner et al.4 essas lesões ocorrem geralmente
em iguais proporções em todos os grupos de
idade. Analisando 133 casos, Durso e
Consolaro8, encontraram que apenas 2,25% dos
casos de lesões de células gigantes periférica
ocorrem em pacientes acima de 70 anos de
idade, faixa etária da paciente cujo caso é
relatado no presente trabalho.
Quanto ao sexo e raça, quase todos os
autores concordam que a LCGP seja mais
comum em mulheres brancas, o que não exclui a
possibilidade de acometer paciente da raça negra
como no caso descrito.
Para avaliação da localização, alguns
trabalhos utilizam como critério o envolvimento
dos maxilares 1,4 enquanto outros analisam a
predileção pelos tecidos intra-orais 8,9 . A
localização da lesão em rebordo alveolar
mandibular, na região de pré-molares, está de
acordo com a maior prevalência citada por esses
autores.
Na análise histopatológica foi encontrado
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grande número de células gigantes
multinucleadas, cujos núcleos se apresentavam
ora globosos com cromatina reticular
ora
picnóticos em meio a um estroma de pequenas
células fusiformes alongadas ou ovóides com
núcleos também ovóides e cromatina reticular,
caracteristicamente
como descrito na
literatura.
O tratamento da LCGP consiste na
excisão cirúrgica local e raspagem dos dentes
adjacentes para remoção de qualquer foco de
irritação. O encerramento do caso sem prazo
para acompanhamento se deve ao fato dessa
lesão apresentar um baixo índice de recidiva.
Katsikeris et al.10 em trabalho de revisão de
literatura, encontrou que a taxa de recorrência é
de apenas 9,8% dos casos.
CONCLUSÃO
O diagnóstico de uma lesão proliferativa
bucal como LCGP deve ser embasado na
avaliação clínica explorando os dados fornecidos
pelo paciente, as características imediatas da
lesão, e os exames complementares de
laboratório, onde a análise histopatológica é de
suma importância em sua definição.
Estabelecendo-se um correto plano de
tratamento que no caso de LCGP é
essencialmente cirúrgico com eliminação de
fatores irritativos locais, o prognóstico é favorável
com raros episódios de recidivas.
ABSTRACT
With larger incidence among the third and
to sixth decades of life and with discreet
preference for females, the peripheral giant cells
lesion is common in the mouth, attacking as much
maxilla as mandible and almost exclusively
alveolar edge and gum. In spite of the obscure
aetiology, it is believed that the emergence of
those lesions is related to irritants local factor as
residual roots, teeth badly conserved or badly
positioned, dental calculus, restorations with
excesses, inadequate prostheses, or still strange
bodies in the gingival furrow. The diagnosis
depends on the evaluation integrated among the
clinical, radiographic and histopatological
features. In the present report, the authors
describe a case in black woman 72 years old,
presenting a nodule red gingival
of
approximately
1,5 cm
of diameter in the
vestibular area of incisor to left inferior canine
tooth, with large base of implantation, clear limits,
painless and flaccid consistence.
Radiographicaly didn't identify bony alteration in
the area. The diagnosis hypotheses considered
were Peripheral Giant Cells Lesion, Peripheral
Cemento Ossifying Fibroma and Fibrous
Hyperplasia, not being considered the diagnosis
of Lesion of Hyperparathyroidism for the absence
of suggestive clinical and radiographic signs of
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this lesion. The definitive diagnosis was gotten
after biopsy in whose microscopic analysis
identified presence of osteofibrous benign lesion
with giant cells (Peripheral Giant Cells Lesion).
The postoperative clinical accompaniment
evidenced favorable repair of the operated area.
UNITERMS: Giant cell lesion; Giant cell
granuloma; Maxillofacial Lesions
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Endereço para correspondência
Alvimar Lima de Castro
Rua José Bonifácio, 1193 – CEP 16015-050 –
Araçatuba, SP – Departamento de Patologia e
Propedêutica Clínica, FOA/UNESP
E-mail: [email protected]
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