0 UNIVERSIDADE COMUNITÁRIA DA REGIÃO DE CHAPECÓ Área de Ciências da Saúde Curso de Graduação em Farmácia Tatiana Trarbach Rodrigues REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA UTILIZAÇÃO DE BACTERIOCINAS COMO CONSERVANTES ALIMENTÍCIOS NA ÚLTIMA DÉCADA Chapecó – SC, 2010 1 TATIANA TRARBACH RODRIGUES REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DA UTILIZAÇÃO DE BACTERIOCINAS COMO CONSERVANTES ALIMENTÍCIOS NA ÚLTIMA DÉCADA Monografia de Conclusão de Curso apresentada à UNOCHAPECÓ como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Farmácia. Orientadora: Rose Maria de Oliveira Mendes Chapecó - SC, jun. 2010 2 BANCA EXAMINADORA _________________________________________ ROSE MARIA DE OLIVEIRA MENDES Mestre em Engenharia Química Professora Orientadora _________________________________________ LUCINARA REGINA CEMBRANEL Farmacêutica Bioquímica Membro da banca _________________________________________ VANESSA CORRALO BORGES Doutora em Bioquímica Toxicológica Membro da banca 3 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho ao meu pai, que hoje já não se encontra entre nós. Aprendi tantas coisas com você meu pai que não seria suficiente essa página para descrevê-las, mas sem dúvida os maiores exemplos que pode ter deixado foi de superação, disciplina e perseverança, não conheci alguém tão determinado quanto você e ao mesmo tempo tão calmo e sereno, lembro de brincarmos que você viveria cem anos pela tranqüilidade como conduzia teus problemas, que ironia, se foi cedo demais. Mas quem somos nós para sabermos quando é chegada à hora certa de cada um, parece que nem sempre há explicação para o que acontece, mas no fim os fatos são justificados pela própria maneira como nos comportamos durante essa ou talvez outras existências e assim completamos mais um ciclo do que chamamos vida. Embora não tenha feito tudo o que sonhou, viveu intensamente e realizou-se muito nesses poucos anos, mas de fato talvez não seja possível alguém realizar todos os sonhos, já que eles alimentam a alma até o fim e esse último sonho, não raras vezes, chama-se esperança. Obrigado por todo esforço que fez para me conduzir por bons caminhos, sinto por ter partido antes de concluir esse sonho em vida, comigo, embora mesmo assim, essa vitória também te pertence. O teu carinho foi meu maior incentivo nas horas difíceis, eu te amo pai e pra sempre será assim. 4 AGRADECIMENTOS Considerando a monografia, resultado de anos de estudo e dedicação, agradeço a todas as pessoas que nesse período passaram por minha vida e que de alguma forma contribuíram na construção de quem sou hoje, conseqüentemente no resultado desse trabalho. Mas agradeço particularmente aos que marcaram de uma forma especial: Em primeiro lugar a Deus, por me dar coragem o suficiente para não desistir, por me fazer acreditar ser possível realizar as coisas mais inesperadas e surpreendentes, pelas oportunidades que surgiram nesse caminho, pela saúde que me manteve forte e pelo amor mais puro que me confortou nas horas difíceis; Agradeço ao meu pai Robson, eternamente presente no meu coração, e ao qual dedico esse trabalho e a minha mãe Alda, minha irmã Fernanda e meu padrasto Neno, pelo carinho, compreensão e estímulo que recebi durante esse tempo afastada de vocês; Agradeço a minha família, meus tios Edson e Rosana e meus primos Gabi e Dudu, obrigado por me agüentarem durante esses anos de dedicação aos estudos e ao trabalho e de certa forma abdicação a família, vocês foram muito mais que tios e primos e por isso hoje são parte daquilo que eu chamo de família, gostaria que soubessem que sem a vida que vocês me proporcionaram seria impossível chegar até aqui então grande parcela de culpa é sem dúvida de vocês; Agradeço a minha família materna e paterna, sei que mesmo à distância torcem por mim e aos que se fazem ausentes, meus avôs, tios, tias e primos, que de tantas formas se fizeram presente em pensamento e impulsionaram essa realização; A professora Rose Maria de Oliveira Mendes, pela orientação, competência, paciência, estímulo e carinho; As minhas amigas Daiany Cerizolly, Eliete Fassbinder, Francieli Paludo, Gabriela Bortoluzzi e Michele Salvatori, vocês sem sombra de dúvidas foram às melhores que se pode ter e cada qual com sua particularidade, mas indiscutivelmente especiais, obrigado, por taparem os meus buracos e serem muito mais que amigas e agora enfim farmacêuticas; Agradeço aos meus amigos, não vou denominar pessoas porque foram muitos os que me alegraram, foram parceiros de festa, de choro, de muita risada, conversas, balada e até mesmo trabalho, obrigado por proporcionarem tanta diversão durante essa etapa da minha vida e por encorajarem meus passos; Aos colegas que tive a oportunidade de conviver e que fizeram ou ainda fazem parte da Rede de Farmácias São João de Chapecó, obrigado a vocês que auxiliaram a minha caminhada em tantas 5 oportunidades, cada um da maneira que cativou tem uma parcela de culpa na felicidade que sinto agora, carinhosamente agradeço em especial aos colegas da filial Chapecó 2, estes sim me agüentaram nos piores dias; A todos os professores e técnicos do curso de Farmácia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó, aos colegas da graduação e aos locais de estágio, obrigado por compartilharem conhecimentos; E por fim agradeço a mim, por ter fé o suficiente para acreditar que seria possível, por ter equilíbrio e paciência para agüentar tantas dificuldades, por tentar dar o melhor de mim, mesmo que isso muitas vezes não tenha sido o bastante e por ser teimosa e perseverante em busca de crescimento e realização. 6 “Concedei-nos, Senhor, a serenidade necessária para aceitar as coisas que não podemos modificar, coragem para modificar aquelas que podemos e sabedoria para distinguir umas das outras”. <<Reinhold Niebuhr>> 7 RESUMO Revisão bibliográfica da utilização de bacteriocinas como conservantes alimentícios na última década De imediato os conservantes químicos são utilizados nos alimentos, afim de, combater microrganismos potencialmente patogênicos e deteriorantes. A ingestão constante dessas substâncias causa riscos de intoxicação, além de ter sua ação antimicrobiana reduzida devido ao aparecimento contínuo de linhagens microbianas multiresistentes. Frente ao cenário atual, as expectativas do consumidor vão em busca de produtos minimamente processados e conservados de forma natural. A biopreservação seria a técnica mais indicada, ela pode estender a vida útil e aumentar a segurança dos alimentos, por meio do emprego das bacteriocinas. Essas são peptídeos sintetizados no ribossomo que apresentam o espectro de ação dependente da espécie alvo, elas controlam o desenvolvimento de microrganismos prejudiciais aos alimentos, provocando formação de um ambiente inóspito para sobrevivência microbiana. Através da pesquisa bibliográfica realizada observou-se o interesse da indústria alimentar no potencial de utilização das bacteriocinas para substituir os conservantes químicos tradicionalmente usados. Nos últimos dez anos, uma variedade dessas pequenas proteínas ativas biologicamente foi identificada e caracterizada, mas sabe-se que a nisina é a mais conhecida, e vários países aprovam a sua utilização. Ela tem sido empregada principalmente em produtos cárneos e lácteos, sendo que, as demais bacteriocinas identificadas ainda necessitam de estudos aprofundados para aplicação na conservação alimentar. Palavras - chave: bacteriocina, conservação alimentar, bioconservação e nisina. 8 ABSTRACT Bibliographical revision of the bacteriocins use alimentare conservants in the last decade Immediately the chemical conserving are used in foods with the purpose to combat microorganisms potentially pathogenic and deteriorative. The constant ingestion of those substances causes intoxication risks, besides having a reduced antimicrobial action due to the continuous emergence of multi-resistant microbial lineages. Front to the current scenery, the vain consumer's expectations in search of products processed minimally and conserved in a natural way. The bio-preservation would be the most suitable technique, it can extend the useful life and increase the safety of the foods, through the bacteriocins job. Those are synthesized peptides in the ribosome that present the spectrum of dependent action of the species objective, they control the development of harmful microorganisms in the foods, provoking formation of an inhospitable atmosphere for microbial survival. Through the accomplished bibliographical research the interest of the alimentary industry was observed traditionally in the potential of use of the bacteriocins to substitute the chemical conserving used. In the last ten years, a variety of small active proteins biologically was identified and characterized, but it is known that the nisin is the more acquaintance, and several countries approve its use. She has been used mainly in meat and milky products, and, the other identified bacteriocins, still need deepened studies for application in the alimentary conservation. Keywords: bacteriocins, alimentary conservation, bioconservation and nisina. 9 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Exemplos de países que permitem o uso da nisina ........................................................... 31 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS Abreviaturas/Siglas Significado BAL Bactérias Ácido Láticas BIREME Biblioteca Regional de Medicina BVS Biblioteca Virtual em Saúde CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior cm 2 Centímetro quadrado DETEN Departamento de Técnicas Normativas DINAL Divisão Nacional de Alimentos et al. E outros EUA Estados Unidos da América FAO Food and Agriculture Organization FDA Food and Drug Administration FSIS Inspection Service and Safety of Foods G Grama GRAS Generally Regarded as Safe IDA Ingestão diária aceitável kDa Quilodalton Kg Quilograma LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde MEDLINE Medical Literature Analysis and Retrieval System Online Mg Miligrama n° Número OMS Organização Mundial da Saúde OPAS Organização Pan-Americana de Saúde pH Potencial hidrogeniônico Ppm Partes por milhão SCIELO Scientific Electronic Library Online spp. Espécies UI Unidades internacionais 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................12 2 OBJETIVOS ...............................................................................................................14 2.1 Objetivo geral ........................................................................................................14 2.2 Objetivos específicos ...........................................................................................14 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................15 3.1 Bactérias ................................................................................................................15 3.2 Bacteriocinas .........................................................................................................16 3.2.1 Definição e histórico .............................................................................................16 3.2.2 Bactérias Ácido Láticas (BAL) .............................................................................17 3.2.3 Classificação ........................................................................................................18 3.2.4 Alvo de ação .........................................................................................................21 3.2.5 Efetividade e toxicidade .......................................................................................21 3.2.6 Nisina ....................................................................................................................23 3.3 Conservantes .........................................................................................................24 3.4 Compostos antimicrobianos naturais ................................................................ 26 3.5 Emprego das bacteriocinas na conservação alimentar ..................................27 3.6 Aspectos legais do uso de bacteriocinas..........................................................30 4 MATERIAL E MÉTODO ............................................................................................32 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................................33 6 CONCLUSÕES ..........................................................................................................42 7 REFERÊNCIAS ..........................................................................................................42 12 1 INTRODUÇÃO A crescente ocorrência de clássicas e/ou emergentes doenças, pode estar relacionada com o uso indiscriminado de conservantes químicos nos alimentos consumidos, privilegiando a seleção de linhagens microbianas mais resistentes e, portanto de difícil controle. A contaminação de alimentos por microrganismos patogênicos é um problema sério uma vez que, causa grandes índices de morbidade. As bacteriocinas estão sendo empregadas na bioconservação de alimentos com o objetivo de controlar o desenvolvimento de microrganismos patogênicos e deteriorantes. Por serem descritas como conservante natural a sua utilização em alimentos é muito promissora, já que os aditivos químicos tem sido vistos como vilões da indústria de alimentos, em virtude dos riscos de intoxicação que a ingestão constante dessas substâncias pode ocasionar. Por este motivo, observa-se crescente interesse da indústria alimentar sobre o potencial de utilização destes compostos em substituição aos conservantes químicos, que têm a sua ação inibitória reduzida devido ao aparecimento contínuo de estirpes microbianas multirresistentes além de serem potencialmente tóxicos ao organismo humano. Algumas bacteriocinas já identificadas apresentam esse potencial conservante nos alimentos, propiciando assim a estabilidade dos mesmos e diminuindo o consumo de aditivos químicos. As bacteriocinas são agentes que atuam sobre a bactéria através de maneiras diferentes quando comparadas a conservantes 13 químicos convencionais, provocando formação de um ambiente inóspito para sobrevivência microbiana sem afetar a saúde do consumidor. Frente a tal realidade, esse trabalho teve por objetivo revisar de forma sistemática as referências bibliográficas disponíveis e de acesso permitido, na última década, com dados da utilização de bacteriocinas como conservantes alimentícios, afim de, informar sobre a melhoria na qualidade da saúde dos seres humanos que buscam por alimentos microbiologicamente estáveis e com menor potencial tóxico, bem como estimular o estudo e investigação na identificação das mesmas. 14 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral Revisar bibliografias para determinar a utilização de bacteriocinas como conservantes alimentícios na última década. 2.2 Objetivos específicos Pesquisar nas bases de dados disponíveis, artigos científicos e demais bibliografias que referenciem à utilização de bacteriocinas como conservantes alimentícios na última década, bem como, relatar sobre o uso de conservantes químicos; Informar sobre a melhoria na qualidade da saúde dos seres humanos que buscam por alimentos microbiologicamente estáveis e com menor potencial tóxico, bem como estimular o estudo e investigação na identificação das bacteriocinas. 15 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3.1 Bactérias Bactérias são microrganismos procariontes microscópicos, ou seja, de estrutura bastante simples e tamanho reduzido e essa forma de vida unicelular pode ser encontrada isolada ou em colônias (TRABULSI & ALTERTHUM, 2005). A morfologia bacteriana, que compreende o tamanho, forma, reações à coloração e arranjo bacteriano, é importante característica para a sua identificação (GAVA, 1999). O que permite as bactérias de crescer e atuar em meio ambiente diferente, é a diversidade de gênero, espécie e variedade (EVANGELISTA-BARRETO et al., 2004). Essas também apresentam um sistema defensivo, entre os produtos encontram-se as bacteriocinas, sintetizadas como pré-peptídeos inativos e posteriormente, catalisados na forma ativa (XIE & VAN DER DONK, 2004). O conhecimento sobre as estruturas das bactérias torna possível disciplinar sua atividade e consequentemente reduzir sua ação maléfica no organismo humano, ampliando dessa forma a contribuição no setor industrial (EVANGELISTABARRETO et al., 2004). 16 3.2 Bacteriocinas 3.2.1 Definição e histórico As bacteriocinas são pequenas proteínas ativas biologicamente, encontradas em bactérias Gram-positivas e Gram-negativas, que na maioria das vezes são codificadas por plasmídeos, além de serem encontradas em numerosas e variadas formas, nos mais diversos tamanhos, mecanismos de imunidade e ação (RILEY & WERTZ, 2002). O modelo para estudo das bacteriocinas foi descoberto por André Gratia em 1925, quando a bactéria Gram-negativa, Escherichia coli, sintetizou as então conhecidas colicinas (EVANGELISTA-BARRETO et al., 2004). Essas são capazes de inibir o crescimento de uma linhagem da mesma espécie por um processo que envolve ligação a um receptor, entrada na célula e ação bactericida ou bacteriostática, demonstrando assim sua letalidade (CURSINO et al., 2002). As bacteriocinas de bactérias Gram-positivas são abundantes e diversas, podem ser representadas principalmente pela nisina, sintetizada pela bactéria Lactococcus lactis (JACK et al., 1995). O mecanismo que controla a produção de proteína da imunidade nas bactérias é o mesmo da bacteriocina, por isso acredita-se que nas bactérias Gram-positivas não ocorre à interação direta entre ambos, constituindo assim uma proteção especial e exclusiva contra as bacteriocinas que produz, pois do contrário a proteína de imunidade inativaria a bacteriocina e não é o que 17 acontece, já que há distinção entre a bacteriocina produzida e a própria linhagem (HOFFMANN et al., 2004). Variações ocorridas na membrana e na parede celular podem ser responsáveis pela resistência de mutantes naturais, às bacteriocinas, como: mudança do potencial elétrico, da fluidez, da constituição lipídica da membrana e alteração da carga ou espessura da parede celular (MANTOVANI & RUSSELL, 2001). Estas disposições de maneiras diferentes podem surgir após exposição da célula a concentrações reduzidas de bacteriocinas ou como parte de uma resposta adaptativa a algum outro estresse (VAN SCHAIK et al., 1999). As bacteriocinas estabelecem oposição com os antibióticos, considerados ilegais como conservadores, pelo fato de não tratarem doenças clínicas infecciosas, enquanto os antibióticos são formados por reações de condensação enzimática de aminoácidos, as bacteriocinas são peptídeos ou proteínas com atividade antibacteriana, sintetizadas ribossomicamente e não sendo letais para as células que as produzem (DE MARTINIS et al., 2002). 3.2.2 Bactérias Ácido Láticas (BAL) São microrganismos Gram-positivos, que não formam esporos, ácido tolerantes, não utilizam o oxigênio no seu metabolismo, mas são capazes de sobreviver na presença deste, além de serem fastidiosos, ou seja, necessitam de meios enriquecidos e condições específicas para que sejam capazes de se desenvolver artificialmente (DE MARTINIS et al., 2002). Essas bactérias obtêm energia através 18 da oxidação parcial de carboidratos e compostos relacionados, resultando o ácido lático como principal produto desse processo conhecido por metabolismo fermentativo lático (PRATTY, 2006). Por meio de alguns mecanismos as BAL podem interferir com a existência e multiplicação de bactérias deteriorantes e patogênicas, como: competição por oxigênio, competição por sítios de ligação e produção de bacteriocinas, a criação dessas tem sido verificada em bactérias láticas aliadas a alimentos, incluindo representantes dos gêneros Lactococcus spp; Lactobacillus spp. e Pediococcus spp. (ROSA et al., 2002). 3.2.3 Classificação As bacteriocinas de BAL, pesquisadas até o momento oportuno, diferenciam-se por suas particularidades bioquímicas, genéticas, estruturais e atividade metabólica, todavia, grande parte apresenta massa molecular reduzida, cerca de 3 a 10 kDa, são eletricamente neutras e incluem regiões hidrofílicas e hidrofóbicas (EIJSINK et al., 2002). Elas podem ser divididas em quatro classes, conforme as diferenciações (KLAENHAMMER, 1993): Classe I Essa classe é representada por bacteriocinas lantibióticas, caracterizadas pela presença de lantionina e b-metil lantionina, ela é constituída por peptídeos 19 termoestáveis de baixo peso molecular, ou seja, menores que 5 kDa (CLEVELAND et al., 2001). É figurada principalmente pela nisina, lactacina 481, carnocina UI49 e lactocina S (HU, 2003). Classe II Constituída por peptídeos também termoestáveis e de baixo peso molecular, porém esses, são menores que 10 kDa, possuem espectro limitado de atividade e parecem ter sua ação mediada por algum tipo de receptor (DIRIX et al., 2004). Essa classe foi dividida em três subclasses (DRIDER et al., 2006): IIa é representada por pediocina PA-1, sakacinas A e P, leucocina A e curvacina A, considerada a maior subclasse pela sua atividade e potencial de ação (FIMLAND et al., 2005); IIb é representada lactacina F e lactococcina G e F, complexos, que requer em dois diferentes peptídeos para que tenham atividade (CINTAS et al., 1997). Esses peptídeos são formadores de poros na membrana celular e apresentam atividade muito baixa se forem empregados individualmente (GARNEAU et al., 2002); IIc é representada lactococcina B, peptídeos que requerem resíduos de cisteína reduzidos para que sejam ativados (CLEVELAND et al., 2001). As bacteriocinas pertencentes a essa classe exibem uma ligação covalente das terminações entre carbono e nitrogênio, provendo em uma estrutura cíclica (KAWAI et al., 2004). 20 Classe III Essa classe é a menos conhecida, constituída por peptídeos de alto peso molecular, ou seja, maiores que 30 kDa, termolábeis e representada pela helveticina J, helveticina V-1829, acidofilina e lactacinas A e B (ENNAHAR et al., 2000). O mecanismo de ação é diferente das demais bacteriocinas, promove a lise da célula através de hidrólise da parede celular do microrganismo alvo (LAI et al., 2002). Classe IV Constituído de peptídeos complexos com mistura indefinida de frações de carboidrato, lipídio e proteína em sua estrutura, essa classe é representada por plantaricina S, leuconocina S, lactocina 27 e pediocina SJ1 (DIRIX et al., 2004). Acredita-se que esses complexos são artefatos de purificação parcial e não uma nova classe de bacteriocinas (CLEVELAND et al., 2001). Há outras proposições na classificação de bacteriocinas de BAL, além da pesquisa na área de bacteriocinas ser bastante dinâmica, dessa forma, é necessário algum tempo até que um sistema de classificação definitivo seja atingido (DE MARTINIS et al., 2002). 21 3.2.4 Alvo de ação De modo geral, as bacteriocinas são ativas apenas contra espécies de bactérias Gram-positivas e alguns esporos, dentre eles, importantes patógenos de veiculação alimentar, como Listeria monocytogenes, Clostridium botulinum, Bacillus cereus e Staphylococcus aureus, não afetando as Gram-negativas, bolores e leveduras (HERNÁNDEZ et al., 2008). O alvo de atividade destes peptídeos é a membrana citoplasmática, então devido à barreira protetora fornecida pelos fosfolipídios, proteínas e polissacarídeos da membrana externa de bactérias Gram-negativas, essa barreira de permeabilidade celular impede que a bacteriocina atinja a membrana, contudo, a presença de agentes quelantes, pressão hidrostática ou injúria celular podem desestruturar a parede, deixando a membrana celular exposta à ação da bacteriocina, que na maioria das vezes apenas é ativa contra bactérias Gram-positivas (EVANGELISTABARRETO et al., 2004). 3.2.5 Efetividade e toxicidade A efetiva atividade das bacteriocinas é inconstante e depende da composição química e do estado físico dos alimentos (SCHILLINGER et al., 1996). As bacteriocinas também podem ser abaladas pelas condições de processamento e estocagem, como pH e temperatura dos produtos aos quais poderá ser aplicada 22 (DROSINOS et al., 2005). O aumento de temperatura eleva a atividade das enzimas proteases e reduz consideravelmente a atividade das bacteriocinas (LEROY & VUYST, 1999). A inibição eficaz está relacionada com o nível de contaminação do alimento, ou seja, a atividade da bacteriocina será restrita se a contaminação inicial for elevada, não impedindo o crescimento da bactéria patogênica ou deteriorante (RILLA et al., 2004). A resistência de microrganismos à bacteriocinas pode diminuir se houver controle da concentração de cloreto de sódio, do pH e da temperatura de armazenamento desses alimentos (DE MARTINIS et al., 2002). Faz-se necessário manter o controle sobre o sistema em que a bactéria produtora esta se desenvolvendo, pois o metabolismo oscila de acordo com os determinantes citados acima e dessa forma abala também a produção das bacteriocinas (KRIER et al., 1998). Então devido às particularidades destes peptídeos, para estudar as propriedades químicas e biológicas são fundamentais quantidades relativamente grandes em uma forma pura e concentrada (JACK et al., 1995). O uso de bacteriocinas purificadas é preciso pelo fato de que bactérias podem produzir mais de uma substância da mesma natureza (EIJSINK et al., 1998). Os principais estudos toxicológicos sobre bacteriocinas, mencionados até o momento, relatam os testes efetuados para autorizar o uso da nisina como conservante natural em alimentos e estudos de toxicidade aguda, sub-crônica, crônica, de resistência cruzada e sensibilidade alérgica indicaram que ela é segura para o consumo humano com uma dose diária aceitável (IDA) de 2,9 mg/pessoa/dia (FDA, 1988). 23 3.2.6 Nisina É uma bacteriocina produzida por algumas linhagens de Lactococcus lactis (DAVIES et al., 1998). Foi feita a descrição dela, pela primeira vez, pelo pesquisador Rogers em 1928, sendo ela uma substância inibidora do desenvolvimento de Lactobacillus bulgaricus (HARRIS et al., 1992). A nisina mostrou-se efetiva impedindo a contaminação dos alimentos e na ampliação do período máximo para consumo, essencialmente em laticínios onde substitui os aditivos químicos habitualmente utilizados, como exemplo o nitrato de potássio (CHEN & HOOVER, 2003). Pelo fato de não prejudicar a saúde humana e apresentar potencial de aperfeiçoar a qualidade de alguns alimentos, essa bacteriocina é considerada segura (do inglês Generally Regarded as Safe – GRAS) (EIJSINK et al., 2002). A limitação mais relevante da nisina é a perda de atividade em pH neutro (McAULIFFE et al., 2001). A nisina foi reconhecida como conservante alimentar pela Organização de Alimentos e Agricultura/Organização Mundial da Saúde (FAO/OMS) em 1969, com o limite máximo de ingestão de 33.000 UI/Kg de peso corpóreo (CLEVELAND et al.; 2001). Foi disponibilizada na listagem de conservantes alimentares na Europa, em 1983 e nos Estados Unidos da América em 1988, a Food and Drug Administration (FDA) autorizou seu uso em queijos processados (COTTER et al., 2005). No Brasil, em 1996, foi permitido o emprego da mesma, em queijos na concentração de até 12,5 mg/kg (BRASIL. Ministério da Agricultura, 1996). Sendo este pioneiro na utilização da nisina em produtos cárneos e com aplicação na superfície externa de diferentes tipos de salsicha (DE MARTINIS et al., 2002). 24 Atualmente o uso da nisina, ocorre em aproximadamente 46 países (EVANGELISTA-BARRETO et al., 2004). E ela tem sido utilizada principalmente por não apresentar mecanismo de resistência (XIE et al., 2004). Embora várias bacteriocinas com potencial de emprego nos alimentos, já terem sido purificadas e caracterizadas, a nisina e, em uma extensão menor, a pediocina PA-1, são as únicas bacteriocinas produzidas em escala comercial (COTTER et al., 2005). 3.3 Conservantes Os aditivos usados exclusivamente a fim de, manter os alimentos próprios para o consumo, são conhecidos por agentes químicos de conservação ou conservantes químicos, eles exercem função de impedir ou retardar alterações provocadas pela ação de microorganismos, enzimas e/ou agentes físicos (ARAÚJO, 1990). A concentração de aditivo utilizada é proporcional a eficácia, uma vez que ela aumenta com a dose, mas em uma população microbiana elevada torna-se mais complicado controlar o desenvolvimento dos mesmos e as condições de armazenamento e características físico-químicas dos alimentos também influenciam na eficácia, pois microrganismos dispostos num ambiente desfavorável são mais susceptíveis aos conservantes químicos e o consumidor prefere alimentos estáveis, seguros e de maior durabilidade (AZEREDO, 2004). A conservação é um método utilizado há séculos e como agentes conservantes de longa data, podemos citar o sal, o açúcar, o vinagre e o álcool, mesmo antes de estudo comprovarem seus efeitos (LUCK & JAGER, 1997). 25 Teoricamente considera-se uma boa conservação quando existe ação sobre um grande número de microrganismos, o agente não é tóxico, nem indigesto aos consumidores, é facilmente solúvel, eficaz em pequenas doses, não modifica as qualidades organolépticas dos alimentos e não mascara uma possível má qualidade do produto, isso é válido para qualquer conservante (SILVA JÚNIOR, 2002). Se esses critérios forem seguidos haverá contribuição para a preservação dos alimentos, porém a cada ano são perdidas toneladas de alimentos de boa qualidade em função de contaminação por fungos ou bactérias e assim desprezíveis para o consumo já que oferece risco a saúde do consumidor (TOLEDO et al., 2008). Dentre os mais importantes conservantes químicos, são citados os ácidos orgânicos e os seus sais, como ácido sórbico, ácido cítrico, nitrato e nitritos, os antioxidantes fenólicos, os sais inorgânicos como o cloreto de sódio, os gases esterilizantes e os antibióticos (MIDIO & MARTINS, 2000). Realmente é raro que um único procedimento antimicrobiano seja usado de forma isolada para proteger um produto alimentício, onde houver possibilidade, vários processos moderados são combinados para maximizar a inibição da atividade microbiana enquanto minimizam os efeitos adversos da aceitabilidade ou valor nutricional (COULTATE, 2004). 26 3.4 Compostos antimicrobianos naturais Alguns alimentos apresentam atividade antimicrobiana no estado natural, por conter em sua composição determinados agentes conservantes (CHERRY, 1999). Em secreções biológicas como o leite fresco, o colostro, a saliva e outras, é encontrada a enzima Lactoperoxidase, esta reage com o tiocianato na presença de peróxido de hidrogênio e forma compostos antimicrobianos, nos ovos é encontrada a avidina, uma glicoproteína presente na albumina, que se liga fortemente com a biotina que é um co-fator para enzimas no ciclo dos ácidos tricarboxílicos e na biosíntese de ácidos graxos, inibindo o crescimento de bactérias e leveduras que têm requerimentos em biotina (THOMAS & O’BEIRNE, 2000). As lisozimas que existem em peixes, ovos e leite, causam degradação da parede celular e lise em soluções hipotônicas, estas são antimicrobianos naturais aprovado por agências reguladoras para usar em alimentos e de uma forma menos complexa são conhecidas também as especiarias e óleos essenciais, como o cravo-da-índia, a canela e o tomilho por promoverem proteção natural (JACXSENS et al., 2002). Alguns microrganismos naturalmente presentes em alimentos também produzem substâncias que são inibidoras ou letais para outros organismos, isso inclui os antibióticos, as bacteriocinas, o peróxido de hidrogênio e os ácidos orgânicos, o mecanismo geral da interferência microbiana não está completamente estabelecido, sabe-se que primeiro, a biota natural deve ser maior em termos de células viáveis que o microrganismo a ser inibido e segundo, a biota interferente normalmente não é homogênea e os papéis específicos de cada espécie em particular não estão esclarecidos (JAY, 2005). 27 3.5 Emprego das bacteriocinas na conservação alimentar Há bastante tempo o homem procura meio para preservar os alimentos e garantir a sua sobrevivência, com o desenvolvimento da ciência, foram elaborados métodos como o congelamento, a adição de produtos químicos, a liofilização, as embalagens com atmosfera modificada, altas pressões hidrostáticas, luz ultravioleta, etanol e bacteriocinas são exemplos (FORSYTHE, 2002). Atualmente a tendência mundial é o consumo de alimentos naturais, ou seja, quanto menos processado melhor, e os pesquisadores têm observado a importância da conservação através da utilização de aditivos que não sejam químicos, para garantir a segurança microbiológica e estender a vida útil dos alimentos, isso se faz mais importante porque o consumo excessivo de alimentos conservados quimicamente pode provocar perturbações no equilíbrio fisiológico do ser humano (COTTER et al., 2005). Muitos consumidores consideram os produtos processados, de baixa qualidade, além de acreditar que os conservadores químicos são prejudiciais para a saúde, até mais perigosos que os próprios microrganismos que esses produtos pretendem controlar (MURINA, 1996). Estudos apontam as bacteriocinas para esse interesse em especial, devido ao seu potencial biopreservativo em alimentos, podendo atuar no aumento da vida de prateleira dos produtos, suprindo a adição dos conservantes químicos que podem ser prejudiciais à saúde (ONDA et al., 2003). Porém as bacteriocinas apresentam características diferentes, tornando necessário o estudo acerca delas, antes de seu uso como biopreservativos (CLEVELAND et al., 2001). Mas por serem consideradas 28 naturais, seu emprego em alimentos é muito promissor (FRANCO et al., 2005). Muitos fatores naturais são utilizados como obstáculo, mais uma barreira que deve ser ultrapassada pela bactéria para que ela possa contaminar e degradar os alimentos, dentre esses fatores devem ser incluídas as estruturas biológicas que funcionam como barreiras mecânicas, por exemplo, a casca das nozes, das frutas e dos ovos, a pele dos animais e a película que envolve as sementes (FRANCO et al., 2005). O sucesso da nisina nas duas últimas décadas chamou a atenção dos cientistas acerca da pesquisa de linhagens produtoras de bacteriocinas, o que resultou na descoberta de uma série de potenciais biopreservativos, esses poderiam ser usados isolados ou em combinação e contribuiriam na melhoria da segurança e qualidade dos alimentos, diminuindo assim o consumo de alimentos conservados através de aditivos químicos (ROSS et al., 2002). O panorama atual indica que o uso comercial de bacteriocinas nas mais diversas áreas têm sido traduzido pelo aumento do número de patentes registradas mundialmente, das 210 patentes registradas, 56% foram obtidas em 2004 e do início de janeiro até final de abril de 2005, seis patentes relacionadas a bacteriocinas já foram concedidas (SANTOS, 2005). Ainda que grande parte de suas aplicações se encontrem em estágio de desenvolvimento, pesquisas recentes indicam resultados estimulantes para o uso freqüente das bacteriocinas na preservação alimentar (EVANGELISTA-BARRETO et al., 2004). Os maiores benefícios das bacteriocinas são evidenciados na indústria láctea, devido a sua aplicação em alimentos fermentados, mas a atividade de bacteriocinas contra patógenos também tem sido evidenciada contra a Listeria monocytogenes e Clostridium botulinum (ROSS et al., 2002). 29 Por cerca de três métodos diferentes, as bacteriocinas podem ser introduzidas nos alimentos, nos fermentados podem ser produzidas in situ pela adição de culturas lácticas bacteriocinogênicas no lugar das tradicionais culturas iniciadoras, pela adição destas culturas como adjuntas ou ainda pela adição direta de bacteriocinas purificadas (JOZALA et al., 2008). Com a manifestação de microrganismos psicrófilos em alimentos, o desenvolvimento de novas tecnologias e a procura dos consumidores por alimentos naturais, eleva o reconhecimento das bacteriocinas como fonte principal de bioconservação no futuro (MORENO et al., 1999). Alguns fatores influenciam na propagação das bacteriocinas em alimentos, tais como, concentração de sal, pH, nitrito, nitrato, fase aquosa disponível para difusão, conteúdo e superfície lipídica disponível para solubilização (BLOM et al., 1997). A distância que a bacteriocina precisa percorrer para alcançar a célula-alvo e o número dessas células com relação à quantidade do antimicrobiano são considerações importantes a serem feitas no prognóstico de sua atividade (FIELDS, 1996). Apesar do grande número de trabalhos de pesquisa sobre a aplicação de bacteriocinas em bioconservação, o uso efetivo desses compostos em alimentos ainda é bastante limitado e abre margem para potenciais pesquisadores investirem na área, já que a nisina é a única bacteriocina disponível comercialmente e utilizada em produtos como leite, queijo, produtos lácteos, tomates e outros vegetais enlatados, sopas enlatadas, maionese e alimentos infantis (DE MARTINIS et al., 2002). 30 3.6 Aspectos legais do uso de bacteriocinas Muitas pesquisas ainda precisam ser conduzidas para que sejam obtidos produtos minimamente processados com qualidade sensorial e nutricional e que sejam seguros, do ponto de vista microbiológico, mas o que vem chamando a atenção dos pesquisadores é o fato da nisina já ser comercializada e apresentar resultados satisfatórios quanto a sua utilização (ROSA & FRANCO, 2002). No Brasil ela foi aprovada pela Divisão Nacional de Alimentos (DINAL) do Ministério da Saúde (portaria n° 9/90) para ser utilizada em preparados à base de queijos fundidos e em queijos fundidos, numa dose máxima de 12,5 mg/Kg, o DETEN (Departamento de Técnicas Normativas) também do Ministério da Saúde liberou para requeijão (portaria n° 34/92) e queijo pasteurizado (portaria n° 29/96) (BRASIL. Ministério da Saúde, 1996). E em 1998 a Divisão de Operações Industriais do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal, pertencente ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, aprovou o uso de nisina em solução de 200 ppm (0,02%) para o emprego em superfícies externas de embutidos, mais especificamente de salsichas de todo tipo (BRASIL. Ministério da Agricultura, 1996). O FDA e o Food Safety and Inspection Service (FSIS) do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos confirmam a segurança, a eficiência e o uso de novos conservantes, incluindo as bacteriocinas já que muitas espécies de bactérias apresentam o status GRAS e têm sido extensamente estudadas para a produção das mesmas (POST, 1996). 31 Países Alimentos em que é permitido o uso da nisina Nível máximo (UI/g) Argentina Queijo processado 500 Austrália Queijo, queijo processado, tomates e enlatados Sem limite Bélgica Queijo 100 Brasil Queijo, vegetais enlatados e salsichas 500 EUA Queijo processado e pasteurizado 10000 França Queijo processado Sem limite Holanda Queijo industrializado, queijo processado e queijo ralado 800 Inglaterra Queijo, alimentos enlatados e creme Sem limite Itália Queijo 500 México Sem descrição 500 Peru Sem descrição Sem limite Rússia Queijo processado, dietético e vegetais enlatados 8000 Tabela 1: Exemplos de países que permitem o uso da nisina. Fonte: CLEVELAND et al., (2001) 32 4 METODOLOGIA Esta revisão bibliográfica foi realizada utilizando as bases de dados MEDLINE, BIREME/OPAS/OMS, LILACS, Biblioteca digital da Unicamp, BVS, portal de periódicos da CAPES e SCIELO. Os artigos e demais referências explorados foram encontrados em espanhol, inglês e português. As buscas foram realizadas principalmente pelas palavras-chave: bacteriocina, conservantes químicos, bioconservação e nisina. Através destas palavras, foi possível estabelecer a utilização de bacteriocinas como conservante alimentar na última década. Algumas fontes citadas não são dos últimos dez anos, mas como as pesquisas em bacteriocinas datam de mais tempo, foram relevantes essas informações para complementar o trabalho. Outras fontes foram usadas, afim de, incrementar a pesquisa, como, livros, documentos governamentais, não-governamentais, sites em microbiologia e bromatologia, todos referenciados neste trabalho. 33 5 RESULTADOS E DISCUSSÃO O uso de bacteriocinas para conservar e manter os alimentos microbiologicamente estáveis deveria ser uma prática mais comum nos dias de hoje, porém a escassez de pesquisas e desenvolvimento na área tem dificultado sua utilização e resulta no grande índice de alimentos conservados quimicamente. Segundo ROSA & FRANCO (2002), ao usar bacteriocinas na conservação dos alimentos, é possível impedir o crescimento de alguns patógenos ou deteriorantes, aumentando a segurança microbiológica e o tempo de vida útil dos alimentos que consumimos. O estudo de bacteriocinas tem provocado interesse nos últimos anos, devido ao seu potencial na biopreservação alimentar, dessa forma elimina-se bactérias com potencial para deteriorar e causar doenças, por meio de mecanismos como: competição por oxigênio, disputa por sítios de ligação e produção de substâncias antagonistas, nesse caso, especialmente as bacteriocinas que são as mais estudadas e que apresentam melhor potencial para a comercialização (CINTAS et al., 1997). Esse tipo de recurso será facilmente aceito pelo consumidor e pelas próprias autoridades de saúde, já que as bacteriocinas ocorrem de forma natural em muitos 34 alimentos. Porém faltam pesquisas aprofundados principalmente acerca do potencial tóxico que elas podem causar no organismo humano. Tendo, esses peptídeos ativos, ação bactericida ou bacteriostática sobre as bactérias Gram-positivas e alguns esporos, a evolução dos estudos sobre os mesmos é importante, já que, nas classes citadas merecem consideração os patógenos de veiculação alimentar como Listeria monocytogenes, Clostridium botulinum, Bacillus cereus e Staphylococcus aureus (HERNÁNDEZ et al., 2008). No trabalho de PINTO et al. (1998) foi demonstrado que as culturas iniciadoras de Staphylococcus inibem o desenvolvimento de patógenos, provavelmente por mecanismo competitivo o que estabelece um obstáculo a mais, capaz de garantir a sua funcionalidade. Atualmente os consumidores buscam alimentos com valor nutricional, mas que também tragam benefícios para a saúde, prevenindo e controlando doenças. O uso de aditivos químicos em quantidades exageradas prejudica o organismo então como parte do desenvolvimento de biotecnologias permitiu-se analisar o uso do bacteriocinas como a alternativa para substituir, pelo menos parcialmente os agentes químicos, determinando potencial benefício para o homem (GONZÁLESMARTÍNEZ et al., 2003). Existem outros métodos de conservação, porém estes trazem problemas como o custo, tipo de alimento em que pode ser aplicada a técnica, duração, combate vários tipos de patógenos ou é ineficiente para alguns, dentre outros, mas no geral dificilmente uma única técnica vai manter o alimento completamente longe de possíveis patógenos. Devido ao custo elevado dos equipamentos, a alta pressão não é utilizada em grande escala, da mesma forma que os processos térmicos de pasteurização pós-embalagem, não são tão aceitos, pelo fato de que, não podem 35 ser aplicados em todos os tipos de alimentos, devido a alterações físicas e sensoriais indesejáveis (CLEVELAND et al., 2001). Em geral, para haver emprego de uma bacteriocina na indústria de alimentos devem ser cumpridos alguns requisitos como a utilização de linhagens com status GRAS, a bacteriocina deve apresentar amplo espectro de inibição sobre os principais patógenos de alimentos ou apresentar especificidade sobre algum deles, deve ser termoestável e deve aumentar a segurança do alimento, sem afetar a qualidade nutricional e sensorial (HOLZAPFEL et al., 1995). O autor CLEVELAND et al. (2001) cita, que embora a nisina seja a única permitida comercialmente, outras, como a pediocina, também apresentam aplicação em sistemas alimentares e ainda que as bacteriocinas sejam inibidoras de patógenos alimentares como a Listeria monocytogenes, elas não são classificadas como antibióticos, pois suas síntese e modo de ação se distinguem e as bacteriocinas mostram-se efetivas e também seguras para uso na conservação alimentar. De acordo com JAY (2005) elas apresentam potencial de atividade antimicrobiana, mas por possuírem alta especificidade biológica, não fazem parte desta classificação. Várias espécies bacterianas produtoras de bacteriocinas, pertencentes aos gêneros Enterococcus, Pediococcus e Lactobacillus, demonstram eficácia na inibição de Listeria monocytogenes, quando expostas a condições predominantes como elevadas concentrações de sal, baixas temperaturas e atmosfera anaeróbia no caso do salmão defumado (TOMÉ et al., 2008). Segundo pesquisas realizadas por BENKERROUM et al. (2005), a Listeria monocytogenes pode ser inibida também pela combinação de Lactobacillus curvatus e Lactococcus lactis em produtos cárneos do tipo salsicha. Enquanto no salmão defumado a inibição de Listeria 36 monocytogenes tem ocorrido também por espécies de Carnobacterium (BRILLET et al., 2004). No produto lácteo, queijo Cottage, o autor ROSS et al. (2002) observou uma redução de 99,9% de Listeria monocytogenes, quando foi usada a bacteriocina lacticina 3147 na sua produção. A freqüente utilização de nisina tem demonstrado resultados eficazes como no caso do queijo, a adição dela nas concentrações ensaiadas não afetou a composição química e a qualidade sensorial do alimento (SANGRONIS & GARCÍA, 2007). A limitação tecnológica mais relevante da nisina é a sua perda de atividade em pH neutro, ao contrário da lacticina 3147 (produzida por uma estirpe da mesma espécie) que é ativa em pH ácido e termoestável (McAULIFFE et al., 2001). Porém há necessidade de uma quantidade maior de pesquisa acerca desta bacteriocina, já que o foco principal é a preservação da saúde humana. Portanto, a efetiva aplicação da nisina requer que o pH do alimento seja menor que 7 para assegurar sua solubilidade e estabilidade durante o processamento e o período de estocagem (HERNANDEZ et al., 2008). Sugerindo então que, a estabilidade máxima seria em condições ácidas durante o processamento e período de estocagem (DROSINOS et al., 2005). Obteve resultado positivo no trabalho do autor CARVALHO (2006), onde uma bacteriocina foi aplicada na preservação da polpa de manga. Usou-se o extrato de bovicina HC5, na polpa e no sobrenadante da cultura dos microrganismos isolados mostrou-se estável. O efeito do extrato contra Bacillus cereus, Bacillus thuringiensis e Clostridium tyrobutyricum foi bactericida e mais pronunciado em valores de pH baixo, assim como a nisina que é ativa na faixa de pH abaixo de 7. A transferência de linhagens de Bacillus e Clostridium na presença de bovicina HC5 não causou 37 adaptação dos microrganismos e ela não foi efetiva como à nisina contra microrganismos isolados da polpa da manga. SANTOS (2005), identificou bacteriocinas produzidas pelas linhagens de Curtobacterium flaccumfaciens e elas foram designadas endoficinas A, W e L. A endoficina L é uma bacteriocina produzida por Curtobacterium flaccumfaciens ER1.4/2 que é ativa contra patógenos humanos e de plantas, devido a sua efetividade frente aos microrganismos comumente encontrados nessas espécies. A Salmonella spp. é um patógeno frequentemente achado nos alimentos e responsável por grande parte das infecções alimentares. Ao analisar trinta amostras de três marcas comerciais diferentes de conserva de polpa de pequi, mais de 30% foram consideradas impróprias para o consumo devido à presença de Salmonella spp; baixas contagens de enterobactérias e bactérias coliformes. Foram isoladas da polpa de pequi in natura bactérias lácticas do gênero Lactobacillus e leveduras dos gêneros Candida e Cryptococcus, microrganismos que já tiveram seu potencial na bioconservação de alimentos comprovados por vários autores, conforme comenta FERREIRA (2007) com seu estudo na polpa de pequi em conserva. As perdas anuais em função de doenças alimentares são estimadas entre bilhões de dólares, contabilizando-se despesas médicas e perda de produtividade (FDA, 2009). Nas duas últimas décadas, a Listeria monocytogenes foi reconhecida como um dos mais importantes microrganismos patogênicos causadores de infecções alimentares, além da Salmonella spp. (MEAD et al., 1999). A relação entre muitas infecções gastrointestinais com algumas bactérias psicotróficas, presentes nos alimentos, provocou um desenvolvimento dos processos tecnológicos alimentares, culminando com o reconhecimento de 38 bacteriocinas e/ou microrganismos produtores, como fontes potenciais de biopreservativos alimentares (EVANGELISTA-BARRETO et al., 2004). LIMA JÚNIOR (2002) descobriu que linhagens de Zymomonas mobilis apresentaram atividade bacteriostática contra Escherichia coli K12, Escherichia coli ATCC 9637 e Salmonella enteritidis. As bacteriocinas produzidas por algumas espécies de Bacillus são uma nova alternativa para indústria na conservação de alimentos, não apenas como agentes antibacterianos, mas também como agentes antifúngicos, já que são ativas contra esporos. Porém, é importante lembrar que elas dificilmente substituirão as boas práticas essenciais para a produção de alimentos seguros ao consumidor. BROMBERG et al. (2006) explica que a bacteriocina produzida por Lactococcus lactis ssp. hordinae CTC 484 apresenta potencial bioprotetor quando aplicada para preservação de carnes. Esta apresenta amplo espectro de atividade, e sua ação bacteriocinogênica atua também sobre Clostridium perfringens, Listeria monocytogenes e Bacillus cereus, é estável em temperaturas de refrigeração, pasteurização e esterilização e atua em uma ampla faixa de valores de pH. O microrganismo produtor apresenta desenvolvimento em diversas temperaturas, principalmente nas de refrigeração, além de capacidade de produzir quantidade suficiente de bacteriocina para suprimir o crescimento de Listeria monocytogenes em carne bovina, propriedade esta que adiciona ao produto um fator de segurança. A habilidade das bacteriocinas em inibir organismos Gram-positivos e esporos patogênicos, pode promover uma maior segurança microbiológica de alimentos processados, garantindo assim melhor qualidade de vida aos seres humanos. Seu uso em sistemas de bioconservação vai de encontro à necessidade que os consumidores apresentam por conservadores naturais, sendo também considerada 39 uma técnica de segurança adicional aos produtos processados, que dependem apenas de refrigeração como meio de conservação (DE MARTINIS et al., 2002). A presença de glicose a 2% influenciou positivamente a produção de bacteriocina por Lactobacillus curvatus 5 e 14. As bacteriocinas produzidas eram de naturezas distintas, apresentando variações quanto à sensibilidade a proteases, estabilidade térmica e estabilidade em diferentes pHs e todas as cepas estudadas produziram bacteriocinas em temperatura de refrigeração, segundo DE MARTINIS et al. (2003). Analisando os resultados obtidos por MORENO et al. (1999), as bacteriocinas produzidas por Lactococcus lactis lactis ITAL 383 e CNRZ 150 apresentaram um modo de ação e um mecanismo de adsorção similares ao da nisina, o efeito foi bactericida, ou seja, causou a lise de células de Listeria innocua LIN 11. Um total de 285 amostras de carne e produtos de carne foram avaliados, para a presença de bacteriocinas, dessas 813 linhagens de bactérias ácidas lácticas estavam isoladas e puderam inibir o crescimento de Staphylococcus aureus CTC 33 e Listeria innocua Lin 11, os espectros de inibição da atividade dos isolados foram avaliadas contra uma gama de organismos Gram-positivos e Gram-negativos, mas o Staphylococcus aureus era o indicador mais sensível testado, considerando que Enterococcus faecalis e Lactobacillus plantarum eram o mais resistente e a atividade das bacteriocinas produzida pelas BAL, isoladas neste trabalho poderiam agir como uma barreira potencial para inibir o crescimento de bactérias de que contaminam os alimentos, salienta o pesquisador BROMBERG et al. (2004). A utilização do recurso que as bacteriocinas oferecem tem sido evidenciada, principalmente nos produtos cárneos e derivados do leite, como por exemplo, o queijo. 40 PALUDO (2009) cita que, foram obtidas inibições da Listeria monocytogenes, Yersinia e Enterococcus faecalis por substâncias antagonistas produzidas por bactérias existentes em cinco amostras diferentes de queijo colonial. Vinte amostras de carnes e produtos cárneos brasileiros foram analisadas com a finalidade de se isolar bactérias láticas produtoras de bacteriocina, utilizando Lactobacillus sake ATCC 15521 como microrganismo indicador, quatro cepas apresentaram atividade antilisterial, e conseqüentemente um potencial de utilização como bioconservadores em produtos cárneos, conforme DE MARTINIS et al. (2001). Bacteriocinas resistentes ao aquecimento produzidas por quinze linhagens de Lactococcus lactis (14 Lactococcus lactis lactis e 1 Lactococcus lactis cremoris) foram sensíveis à enzimas proteolíticas e ativas em uma ampla faixa de pH. A resistência dessas bacteriocinas ao aquecimento foi fortemente influenciada pelo pH do meio. Somente a linhagem Lactococcus lactis lactis ITAL 383 produziu uma bacteriocina com um amplo espectro de atividade, semelhante ao da nisina de Lacotococcus lactis lactis ATCC 11454. Esta bacteriocina inibiu as espécies relacionadas e outros microorganismos gram-positivos, inclusive Listeria monocytogenes e Staphylococcus aureus, mas não as bactérias Gram-negativas examinadas (MORENO et al., 2000). Essas moléculas apresentam características de resistência ao calor, a acidez e a mudança de temperatura. No entanto há a necessidade de desenvolver estudos sobre o espectro de ação antimicrobiana, formas de isolamento, a possível toxicidade (aguda e crônica), estabilidade e viabilidade econômica da utilização das bacteriocinas como agente de controle para o crescimento e sobrevivência microbiana em alimentos (SOUZA et al., 2005). Além disso, são efetivas em baixa 41 concentração, por exemplo, 10 mg/kg, e não promovem alteração na qualidade sensorial do produto (RODGERS, 2001). O conceito da microbiologia industrial vem de encontro à utilização de microrganismos na criação de produtos que sirvam como alternativa para trocar o uso de aditivos químicos prejudiciais à saúde por opções de conservantes naturais, como o caso das bacteriocinas, mas atualmente poucos pesquisadores têm reparado na importância da exploração desse potencial, bem como, não há uma multiplicidade de estudos sobre o tema, dificultando assim a utilização das bacteriocinas (JOZALA et al., 2008). É um produto muito perecível e que requer cuidado adicional para garantir a segurança alimentar (SILVA et al., 2004). Sendo assim os resultados apontam para um futuro promissor na utilização das bacteriocinas como conservante alimentar. Com o avanço da biotecnologia será possível descobrir muito além do que já se sabe e enfim utilizar esse recurso para benefício do ser humano. 42 6 CONCLUSÕES A avaliação de novos tipos de bacteriocinas requer informações relacionadas às suas propriedades físicas, químicas e biológicas, além de outros fatores como toxicidade e aspectos econômicos, portanto as informações disponíveis não são suficientes para estabelecer uma nova conduta nas conservações alimentares . Atualmente sabe-se que a nisina pode ser comercializada e seu uso é destinado principalmente a carnes e produtos lácteos. Os mecanismos de secreção e regulação destes compostos não foram completamente esclarecidos e este seria um dos fatores para não ser liberado o uso de qualquer bacteriocina. Porém como a contaminação de alimentos é um problema preocupante e que causa grandes índices de morbidade, há necessidade de descobrir alternativas de conservação, assim como o uso das bacteriocinas, para que, em combinação às tecnologias existentes seja possível disponibilizar para a população alimentos de melhor qualidade e mais seguros do ponto de vista microbiológico e toxicológico. Nesse sentido ainda há muito para ser explorado no que diz respeito à bacteriocinas, principalmente o efeito que as mesmas trazem ao ser humano, abre- 43 se assim, possibilidades infinitas de pesquisa potencialmente descritos como conservadores naturais. acerca destes peptídeos 44 7 REFERÊNCIAS ARAÚJO, J. M. A. Conservadores químicos em alimentos. 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