DICAS DO ENEM
LÍNGUA PORTUGUESA
TEMA 2:
Morfologia
AUTOR:
Nayara Moreira Santos
Mais próxima, para
você ir mais longe.
TEMA 2:
Morfologia
Autor: Nayara Moreira Santos
SANTOS, Nayara Moreira. Língua Portuguesa: Morfologia. Valinhos, 2014.
TEXTO E CONTEXTO
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GLOSSÁRIO
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REFERÊNCIAS
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GABARITO
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© 2014 Kroton Educacional. Proibida a reprodução final ou parcial por qualquer meio de impressão, em forma idêntica, resumida ou modificada em língua portuguesa ou
qualquer outro idioma.
TEXTO E CONTEXTO
Nos estudos da Morfologia, são focalizados os constituintes das palavras, isto
é, trata-se de uma parte da gramática que estuda a estrutura e a formação das
palavras. Se voltarmos para a origem da palavra Morfologia, com a junção do
grego morphé (forma) + logos (estudo), podemos notar que sua função está
intrinsecamente ligada a sua própria formação. Aliás, esse tipo de análise histórica
também faz parte da Morfologia. Veja abaixo seus objetivos mais gerais:
• estudar a estrutura da palavra para identificar os elementos que a
constituem;
eleg
ar
pens
máx
ante
imo
para
,
diferente
se
balho
melhor tra
no
pala
vras
que
viver
• descobrir o mecanismo linguístico que deu origem à palavra, ou seja, seu
processo de formação;
• estabelecer a que classe gramatical a palavra pertence;
• analisar as possíveis flexões (variações) que uma palavra pode ter.
Você já ouviu falar de um personagem chamado Odorico Paraguaçu? Ele ficou
famoso na novela O Bem Amado por inventar palavras com muita desenvoltura.
Observe uma de suas pérolas:
“Vamos dar uma salva de palmas a esta figura trepidante e dinamitosa
que foi o seu Nonô.”
Veja que o personagem criou um neologismo, isto é, uma palavra nova: dinamitosa.
Se procurarmos no dicionário tradicional, onde são encontradas as palavras oficiais
da língua, certamente essa não estará presente. Porém, ainda que não haja um
verbete oficial que explique o sentido dela, é possível, a partir dos elementos
Que coisa, não?
Odorico Paraguaçu foi um
personagem cômico criado
pelo dramaturgo e romancista
Dias Gomes (1922 – 1999)
nos anos 70, fazendo parte
da novela O Bem Amado.
Era autoritário e dado a
demagogias. Atuação até
hoje lembrada de Rolando
Boldrin, o primeiro ator a dar
vida a Odorico na TV.
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TEXTO E CONTEXTO
significativos mínimos, saber o que Odorico quis dizer.
dinam(i)
t
os(o)
a
elemento indicador
(elemento de ligação,
(elemento formador de (elemento indicador
de força, potência,
relaciona-se a
dinamite)
para facilitar a
pronúncia)
adjetivo)
do gênero feminino,
concordando com o
substantivo “figura”)
Assim, podemos afirmar que essa palavra é formada por quatro elementos significativos mínimos, que, juntos, formam
seu significado. Uma figura “dinamitosa”, portanto, seria uma pessoa vigorosa, intensa, cheia de energia.
As menores unidades de sentido que se combinam para formar uma palavra são chamadas de morfemas.
Processo de formação de palavras: como nossos vocábulos surgem?
Quer saber de um fato curioso? Segundo os grandes dicionários de língua portuguesa, nós temos por volta de 400.000
palavras na nossa língua, sem contar as inúmeras palavras técnicas e científicas que temos e os dicionários comuns não
abarcam. Não viu como isso pode ser interessante? Pois tente imaginar então a quantidade de palavras que nascem e
morrem na história da língua portuguesa!
De modo geral, compreender o processo de formação de palavras é importante por três motivos:
• para (re)conhecermos melhor seus significados;
• para conseguirmos perceber com que intencionalidade algumas palavras são usadas em determinada prática
de linguagem (em um bate-papo com amigos, no noticiário, no anúncio publicitário...);
• para refletirmos sobre o modo como as palavras vêm e vão, do uso na fala e na escrita.
A fim de saber como esse processo formador ocorre na língua portuguesa, clique na Web Aula abaixo.
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TEXTO E CONTEXTO
Que coisa, não?
Nem toda palavra com acréscimo de prefixo e sufixo é parassintética. Para ter certeza, retire o prefixo ou o sufixo.
Se a palavra mantiver algum sentido com um ou outro, trata-se apenas de uma derivação prefixal e sufixal. Já se
ela não mantiver sentido nenhum, aí sim será parassintética. Veja os exemplos:
Imparcialmente: Existe imparcial e parcialmente. Logo, é uma derivada prefixal e sufixal.
Desalmado: Não existe desalm(a), nem almado. Portanto, é uma derivada parassintética.
Como vimos na Web Aula, a palavra pode ser primitiva, derivada ou composta. As palavras derivadas dividem-se em
cinco subgrupos:
Derivação prefixal
Acréscimo de um prefixo em uma palavra primitiva ou radical. Ex: infeliz (in + feliz)
Derivação sufixal
Acréscimo de um sufixo em uma palavra primitiva ou radical. Ex: menininha (menin – inha)
Derivação
parassintética
Acréscimo simultâneo de um prefixo e de um sufixo a um radical. Ex: entristecer (en + trist +
ecer)
Processo de deslocamento no qual uma palavra é transferida de sua classe gramatical usual para outra
classe sem alteração da forma. Ex: Vejamos a palavra jantar como parte de certa classe gramatical:
Derivação imprópria
Para você jantar naquele restaurante, só fazendo reserva. (jantar = verbo)
Agora observe outra frase:
O jantar saiu tarde porque o restaurante estava lotado. (jantar = substantivo)
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TEXTO E CONTEXTO
Processo que origina sobretudo substantivos de ação, com o acréscimo das vogais –a, –e ou
–o ao radical de algum verbo. Ex:
Derivação regressiva
Combater (verbo no infinitivo)
combat (radical) + e (vogal) = combate (derivado regressivo)
Já as palavras compostas são divididas em:
Composição por
justaposição
As palavras que se unem não sofrem alteração e continuam a ser usadas separadamente da
mesma forma como antes da composição. Ex: passatempo (passa + tempo)
Composição por
aglutinação
Ao menos uma das palavras que se unem sofre alteração na pronúncia e/ou na grafia. Ex:
aguardente (água + ardente)
QUESTÃO 01
Leia o texto abaixo, observando as palavras em negrito. Em seguida, selecione qual alternativa indica incorretamente
o processo de formação da palavra:
Seu passatempo era assoviar uma canção depois de todo aquele vaivém de discussões no corredor. Não queria mais
ser infeliz com todos os ataques do chefe.
a)passatempo – derivação parassintética
b)vaivém – composição por justaposição
c)corredor – derivação por sufixação
d)infeliz – derivação por prefixação
e)ataques – formação regressiva
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TEXTO E CONTEXTO
QUESTÃO 02
Leia a seguinte manchete de jornal:
O EMPATE DO PALMEIRAS SIGNIFICOU UM AVANÇO NA PROCURA DE INGRESSOS PARA O CAMPEONATO
Quais palavras na manchete indicam uma derivação regressiva?
a) significou – procura – ingressos
b)empate – avanço – procura
c) campeonato – empate – levou
d)ingressos – avanço – para
e) empate – significou – campeonato
Principais classes de palavras: como se classifica o quê
A linguagem verbal acontece na prática com o uso das palavras. Quando
essas palavras se juntam para compor o texto, tanto falado quanto escrito,
elas adquirem determinados significados: podem indicar características de
algo ou alguém, nomear os seres, esclarecer a quantidade de seres ou objetos
referidos etc.
Partindo dessas significações, as classes de palavras dividem-se em dez,
podendo ser variáveis ou invariáveis:
Que coisa, não?
Existem ainda outros três processos de
formação de palavras:
Sigla: palavra que é formada pelas
letras iniciais de outras. Ex: CBF
(Confederação Brasileira de Futebol)
Onomatopeia: palavra que imita um
som. Ex: miau, tic-tac, atchim.
Hibridismo: palavra que veio da junção
de elementos de outros idiomas. Ex:
tele (grego) + visão (latim) = televisão.
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TEXTO E CONTEXTO
PALAVRAS VARIÁVEIS
Substantivo (pode variar em gênero,
número e grau)
PALAVRAS INVARIÁVEIS
Advérbio
Verbo (pode variar em número e
pessoa)
Conjunção
Adjetivo (pode variar em gênero,
número e grau)
Preposição
Numeral (pode variar em gênero e
número)
Interjeição
Artigo (varia em gênero e número)
Pronome (varia em número, gênero e
pessoa)
Nesta oficina, retomaremos brevemente os conceitos de artigo, preposição, substantivo, adjetivo, verbo e advérbio.
QUESTÃO 03
Leia as frases observando as palavras em negrito:
1 - Durante a campanha eleitoral, o candidato propôs o pacto pela educação.
2 - Durante uma campanha eleitoral, um candidato propôs um pacto pela educação.
Agora imagine que as frases acima tenham sido noticiadas por um repórter na televisão. Em que situação, ou seja, em
que contexto ele teria empregado a frase 1? E a frase 2?
a) Na frase 1, o âncora do jornal está falando de um candidato específico que propôs um pacto determinado pela educação. Já
na frase 2, subentende-se que o telespectador já saiba que candidato e a que situação o repórter se refere.
b)Tanto na frase 1 quanto na frase 2 subentende-se que o telespectador não saiba nada ainda sobre o que o repórter está
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TEXTO E CONTEXTO
noticiando, muito menos de que eleição e que candidato ele se refere.
c) Tanto na frase 1 quanto na frase 2 subentende-se que o telespectador já saiba o contexto, o assunto e o candidato ao qual
o repórter se refere.
d)Na frase 1, o telespectador já deve saber, antecipadamente, a respeito de que eleição, de que candidato e de qual pacto pela
educação o repórter está falando. Já na frase 2, o sentido é mais genérico, vago, indefinido.
As palavras em negrito nas frases que você leu acima são chamadas de artigo. O artigo é a palavra colocada antes do
substantivo para determiná-lo, seja de modo mais particular, individual (definido, como o, a, os, as), seja de modo mais
geral, vago (indefinido, como um, uma, uns, umas).
Porém, podemos afirmar que o artigo faz mais do que isso. Além de generalizar ou especificar determinado substantivo,
ele pode produzir outros efeitos de sentido. Por que é importante saber isso? Ora, a escolha do artigo denuncia (e
muito!) o que nós e os outros querem destacar e que efeito causar.
No geral, os artigos podem indicar:
• Intensificação
• Cálculo aproximado
• Familiaridade/intimidade
• Depreciação
• Indefinição
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TEXTO E CONTEXTO
QUESTÃO 04
Leia as frases abaixo e preste atenção nos artigos destacados. Analisando os efeitos de sentido produzidos por eles,
assinale quais deles indicam:
(
) 1 - Passamos um frio tão intenso na ponte!
A - Intensificação
(
) 2 - Faz uns dez anos que eu não o vejo.
B - Cálculo aproximado
(
) 3 - Umas mães fizeram um lindo discurso.
C - Familiaridade/intimidade
(
) 4 - Tivemos um trabalho para preparar o bolo!
D - Depreciação
( ) 5 - O Machado de Assis escreveu Dom
Casmurro.
E - Indefinição
( ) 6 - Temos uns três quilômetros ainda a
percorrer.
(
) 7 - Aquele garoto é só mais um na minha vida.
(
) 8 - Uns alunos organizaram a festa junina.
(
) 9 - Hoje é só mais um dia de trabalho.
( ) 10 - O João não chegou a tempo no
aeroporto.
Outro conceito importante, sobretudo para o nosso trabalho com regência mais adiante, é o de preposição. Você se
lembra de sua função? Observe a frase abaixo:
Todas as viagens de Júlia foram feitas em terras brasileiras
A palavra DE relaciona viagens e Júlia indica uma ideia de posse. Já a palavra EM relaciona feitas e terras, indicando
ideia de lugar. As palavras DE e EM são exemplos comuns de preposição, ou seja, de palavras invariáveis que ligam
duas outras palavras, estabelecendo entre elas certas relações de sentido e de dependência.
Se observarmos as principais preposições e as relações mais comuns de sentido que elas podem estabelecer, podemos
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TEXTO E CONTEXTO
ter a seguinte tabela:
Preposição
Relações de sentido
Tempo
À vinda do governador, fez-se barulho.
Modo
Aqui as coisas só podem ser ditas a meia voz.
Distância
Ele trabalha a duas quadras de casa.
Lugar
Ele curtia as férias ao sol.
Companhia
Terminei o trabalho com a ajuda de amigos.
Causa
Com sua distância, acabei me entristecendo.
Instrumento
Ela só era capaz de pensar com o computador.
Oposição
Hoje é o jogo decisivo com Flamengo e Vasco.
Modo
Todos olhavam para ele com medo.
Lugar
Voltei ontem de Manaus.
Assunto
Na reunião, falamos de você.
Causa
Joana morreu de anorexia.
Tempo
De manhã, sou incapaz de acordar bem-humorado.
Tempo
Em uma hora quero você pronto!
Modo
A professora pediu que ficássemos em silêncio.
Lugar
Ele nunca quis morar em São Paulo.
Finalidade
Todos estão te esperando para a festa.
Lugar (de destino)
Ainda volto para Trancoso.
a
com
de
em
Exemplos
para
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TEXTO E CONTEXTO
Preposição
por
Relações de sentido
Exemplos
Lugar (por onde)
A trilha que fizemos passava por cachoeiras.
Tempo
Ela viveu por dois anos em São Mateus.
Causa
Por ser idoso, permitia-se viajar.
Lugar
A mesa quase caiu sobre o cachorro.
Assunto
Pode ficar tranquila, não falamos sobre você.
sobre
QUESTÃO 05
Na frase “Maria Antônia se aborrece com a cobrança sobre a sua participação nas Olimpíadas”, a preposição em negrito
estabelece a relação de:
a)Companhia
b)Modo
c)Meio
d)Consequência
e)Causa
Agora dê uma olhada ao seu redor: o que você vê? Quantas coisas e/ou pessoas estão diante de seus olhos? Você
consegue nomeá-las? Uma estante, uma parede, uma lâmpada, uma criança? O que você sente olhando para essas
coisas/pessoas? Alegria? Desespero? Amor? O crítico já dizia:
O poder de nomear significava para os antigos hebreus dar às coisas a sua verdadeira natureza, ou reconhecê-la. Esse poder
é o fundamento da linguagem e, por extensão, o fundamento da poesia.
BOSI, Alfredo. O ser e o tempo da poesia. São Paulo: Cultrix, 1983.
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TEXTO E CONTEXTO
Basicamente, tudo o que vemos, sentimos e imaginamos tem nome. A esses nomes
classificamos como substantivos.
Contudo, não basta para a linguagem verbal nomear as coisas e os seres. Veja a frase:
Veio o vento frio, e depois o temporal noturno, e depois da lenta chuva que passou toda a
manhã caindo e ainda voltou algumas vezes durante o dia, a cidade entardeceu [...].
BRAGA, Rubem. O mato. In: A traição das elegantes. Rio de Janeiro: Record, 2008. 7ª ed. p. 20.
Não bastou para o cronista dizer que o vento veio, precisou dizer que ele estava frio.
Não bastou falar sobre o temporal, precisava dizer que era noturno. Também não foi de
seu interesse dizer apenas da chuva que passou, afinal, o leitor devia saber também
que ela foi lenta. Todos nós sentimos necessidade de expressar as características, as
qualidades ou o estado daquilo que vemos, sentimos e imaginamos. As palavras que
possuem essa função são chamadas de adjetivos.
Que coisa, não?
Alfredo Bosi, nascido em
1936, é um dos imortais
da
Academia
Brasileira
de
Letras.
Professor
universitário,
crítico
e
historiador literário, escreveu
dezenas de livros sobre
a literatura brasileira, sua
grande paixão, ganhando
também diversos prêmios
por elas.
Apesar de sempre se referirem ao substantivo, os adjetivos não têm de estar obrigatoriamente ao lado deste. Eles
podem estar relativamente distantes, separados por outra(s) palavra(s). Por exemplo:
Adjetivo que caracteriza o
substantivo esportista.
O esportista ficou feliz com a medalha nas Olimpíadas.
Se você ainda acha que classificar as palavras é coisa chata, que ninguém além de gramáticos se importa com isso,
leia o trecho abaixo, escrito por um homem que foi advogado, jornalista, radialista, escritor, professor e político brasileiro
(ufa!):
[...] Proponho como exercício uma atitude de troca. [...] Onde se lê sofrer leia-se feliçar (por que a felicidade não tem verbo?).
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TEXTO E CONTEXTO
[...] Fica inventado o verbo feliçar para dar existência, ação, vida, movimento, liberdade, à
felicidade, da mesma forma que o sofrimento tem o verbo sofrer para espalhá-lo entre os
homens. [...] Curiosa e masoquista a vida. O verbo sofrer é complicado. Feliçar é simples.
Por que conjugar o sofrer?
TÁVOLA, Artur da. Alguém que já não fui. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985.
De modo literário, o escritor reflete sobre o próprio conceito de verbo, ou seja, a palavra
que exprime um fato (que pode ser, grosso modo, relativo a uma ação, estado ou
fenômeno) e localiza-o no tempo (passado, presente, futuro...). Portanto, não é à toa que
no texto acima temos o verbo relacionado à vida, ao movimento. Afinal, ele representa
o que acontece.
Mas da mesma forma que o local (substantivo) pode ser perigoso (adjetivo) ou bonito
(adjetivo), o homem (substantivo) pode ser inteligente (adjetivo) ou horroroso (adjetivo),
pode-se abrir (verbo) vagarosamente uma porta ou abri-la repentinamente. Pode-se
andar (verbo) devagar ou depressa.
Que coisa, não?
Atenção! A classe gramatical
de uma palavra muitas vezes
não é fixa. Ela depende das
relações que estabelece com
as outras. Veja:
• chuva local (chuva =
substantivo;
adjetivo)
local
=
• local perigoso (local =
substantivo; perigoso
= adjetivo)
Leia as frases abaixo:
O Rodolfo trabalha pouco.
O Rodolfo trabalha muito.
Apenas o uso do verbo trabalhar nos indica que sim, o Rodolfo trabalha. Porém, você deve ter observado que a mudança
de uma simples palavra por outra após o verbo foi o suficiente para alterar nossa perspectiva sobre o quanto Rodolfo
trabalha. A essas palavras que se relacionam com o verbo para indicar as circunstâncias (no caso, de intensidade) em
que ocorre o fato verbal, chamamos de advérbios.
Por vezes, essa circunstância não é dada somente por uma palavra, mas sim por várias. Veja:
O Rodolfo trabalha sem nenhuma vontade.
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TEXTO E CONTEXTO
O conjunto de palavras que representa a circunstância (no caso, de modo) que Rodolfo trabalha nesse caso é sem
nenhuma vontade. A essa ideia complementar do verbo denominamos locução adverbial.
Na tabela abaixo, você confere alguns advérbios e locuções adverbiais classificados de acordo com o sentido que
possuem:
Classificação
Afirmação
Dúvida
Intensidade
Advérbios e/ou locuções adverbiais mais usadas
sim, sem dúvida, realmente, certamente
eventualmente, talvez
tão, demais, quase, pouco, muito, bastante
Lugar
perto, longe, aqui, lá, por dentro, por fora
Modo
bem, mal, assim, às pressas, rapidamente
Negação
Tempo
não, de modo algum
sempre, nunca, brevemente, de vez em quando, de dia, à noite
Para responder as questões 6, 7 e 8, leia o texto a seguir. Você verá que ele possui algumas palavras inventadas:
O caso da cerupeta lidoiosa
Durante uma assuleção em homenagem aos deduentes do Brasil, no meio de todas aquelas pessoas que asselavam,
umas mais vemelantemente do que outras, belejando honatudamente as faixas e as prozaidações nas fachadas dos
prédios, belejei uma cerupeta lodoiosa, com as patas manchadas de raboi. Ela parecia nofecada. Mesmo de longe, eu
conseguia tulir seus lamentos, então guli às pressas em sua direção para porçá-la.
Enquanto eu gulia entre os asselentes, gritando, pedindo licença, belejei um garado muito veloz indo em direção a
cerupeta, mais lidoiosa do que nunca, apesar de todo aquele raboi. Tentei o máximo que pude, mas o garado chegou
primeiro e, com uma de suas quatro rodas, assuleou em cima da já minha mexada cerupeta, que nunca mais latiu.
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TEXTO E CONTEXTO
QUESTÃO 06
Qual é o grande conflito do texto?
a)Um motorista perde o controle do carro e atropela uma senhora de muletas que via de longe a passeata.
b)Uma pessoa vê uma cadela machucada no meio de uma passeata e não consegue resgatá-la, pois um carro a
atropela.
c)Uma pessoa escuta o som de uma pomba com a asa machucada caída no chão, mas antes que consiga resgatá-la,
alguém pisa nela.
d)Uma criança vê um cachorro machucado no meio da cerimônia de posse do novo prefeito e decide pegá-lo para
criar.
QUESTÃO 07
I. Embora algumas palavras do texto tenham sido inventadas, elas possuem semelhanças em relação a palavras
existentes em Português, de forma que é possível saber a que classe gramatical as palavras inventadas pertenceriam
se existissem na língua portuguesa. Escolha a alternativa que possua apenas os substantivos inventados do texto. Se
necessário, volte ao texto para ver a palavra no contexto em que aparece.
a) cerupeta - assuleção - deduentes - prozaidações - raboi - asselentes – garado
b)belejar - tulir - gulir - porçar –assuleção – assuler – honatudamente
c) raboi - asselentes – garado - lodoiosa - nofecada – mexada - deduentes
d)assuleção - deduentes - prozaidações – raboi – mexada - tulir – gulir
II. Escolha a alternativa que possua apenas os adjetivos inventados do texto:
a)lodoiosa - asselentes – garado – raboi
b)deduentes – prozaidações - nofecada – teraldo
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TEXTO E CONTEXTO
c)deduentes - gulir – porçar – mexada
d)lodoiosa - nofecada - teraldo – mexada
QUESTÃO 08
I. Escolha a alternativa que possua apenas os verbos do texto:
a) deduentes - prozaidações - raboi - asselentes - garado
b)belejar - tulir - gulir - porçar – assuler
c) honatudamente – belejar – asselentes – garado – assuler
d)raboi – tulir – cerupeta – porçar – assuler
II. Escolha a alternativa que possua apenas os advérbios do texto:
a)cerupeta – raboi
b)asselente – teraldo
c)vemelantemente – honutadamente
d)prozaidações – garado
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REFERÊNCIAS
BASILIO, Margarida. Formação e classes de palavras no português do Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.
PILLA, Éda Heloísa. Os Neologismos do Português e a Face Social da Língua. Porto Alegre: AGE, 2002.
Saiba Mais
O Bem Amado (filme nacional)
Diretor: Guel Arraes
Ano: 2010
Gênero: Comédia dramática
Marco Nanini dá vida ao político corrupto que sonha com a inauguração
de um cemitério numa cidade fictícia chamada Sucupira. A versão
cinematográfica para o texto de Dias Gomes, que já foi novela de sucesso
nos anos 70, estreou nos cinemas em 2010.
CLIQUE AQUI
Trailer disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=ChmKFr1TQT8.
Acesso em: 27 jun. 2013.
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GABARITO
Questão 1
Resposta: a) passatempo – derivação parassintética
A palavra PASSATEMPO é uma composição por justaposição.
Questão 2
Resposta: b) empate – avanço – procura
Veja como essas palavras tornaram-se derivadas regressivas:
empatar (exclusão de –ar; empat- + e = empate)
avançar (exclusão de –ar; avanç- + o = avanço)
procurar (exclusão de –ar; radical procur- + a = procura)
Questão 3
Resposta: d) Na frase 1, o telespectador já deve saber, antecipadamente, a respeito de que eleição, de que candidato
e de qual pacto pela educação o repórter está falando. Já na frase 2, o sentido é mais genérico, vago, indefinido.
Questão 4
Resposta:
1. A- Intensificação
2. B - Cálculo aproximado
3. E - Indefinição
4. A - Intensificação
5. C - Familiaridade/Intimidade
6. B - Cálculo aproximado
7. D - Depreciação
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GABARITO
8. E - Indefinição
9. D - Depreciação
10. C - Familiaridade / Intimidade
Questão 5
Resposta: e) Causa
Questão 6
Resposta: b) Uma pessoa vê uma cadela machucada no meio de uma passeata e não consegue resgatá-la, pois um
carro a atropela.
Questão 7
Resposta: I. a) cerupeta - assuleção - deduentes - prozaidações - raboi - asselentes – garado
II. d) lodoiosa - nofecada - teraldo – mexada
Questão 8
Resposta:
I. b) belejar - tulir - gulir - porçar – assuler
II. c) vemelantemente – honutadamente
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