42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 TERMOGRAFIA DAS ESTRUTURAS FLEXORAS DO MEMBRO TORÁCICO DE EQUINOS APÓS ELEVAÇÃO DA PINÇA OU TALÃO JAQUELINE BIZI1, LARISSA DA SILVA BOMFIM1, PRISCILA DALMAGRO1, TAÍS CASONATO RODRIGUES1, JOSÉ EDUARDO DE OLIVEIRA ZANON1, LINA MARIA WEHRLE GOMIDE1 1 Univ. Estadual Paulista – UNESP, Faculdade de Medicina Veterinária de Araçatuba – FMVA. Rua Clóvis Pestana, 793, Bairro Ipanema, CEP 16050-680, Araçatuba, São Paulo. RESUMO Objetiva-se, com este trabalho, identificar possível sobrecarga nas estruturas flexoras no membro torácico de equinos durante a elevação da pinça ou do talão. Para isso, foram utilizados oito equinos PSA sem evidências de alterações locomotoras. Todos os animais realizaram 15 minutos de exercício utilizando ferradura plana e com seis graus de elevação da pinça ou talão, aleatoriamente. As avaliações termográficas foram realizadas antes, imediatamente após o exercício e 60 minutos após o término deste. Com a elevação do talão não houve aumento de temperatura nos tendões flexores após o exercício, o que sugere que esta técnica pode aliviar a carga nestas estruturas. PALAVRAS- CHAVES: Exercício, ferrageamento, sobrecarga THERMOGRAPHY OF FORELIMB FLEXOR STRUCTURES OF HORSES AFTER TOE OR HEEL ELEVATION ABSTRACT The objective of this study was to identify if flexor structures of the forelimb of horses with six degrees heel or toe elevation are overloaded. 0522 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 Eight Arabian sound horses were exercised during 15 minutes using conventional shoes and six degrees heel or toe elevation shoes, randomly. All horses were submitted to both shoeing. Thermographic images were obtained before exercise and immediately and 60 minutes after exercise. With heel elevation there was no increase in temperature of flexor tendons and suggests that this technique may relieve load in these structures. Key-words: Exercise, overload, shoeing. INTRODUÇÃO As causas mais comuns de claudicação nos equinos estão relacionadas à porção distal dos membros, sendo em grande parte diretamente relacionadas às práticas de casqueamento e ferrageamento. Estes procedimentos podem alterar os padrões de cargas no membro e, consequentemente, as tensões mediais e/ou laterais aplicadas ao sistema locomotor (Turner e Stork, 1988). A termografia possui bons resultados em detectar processos associados com alterações locais ou generalizadas na temperatura da superfície antes mesmo que se tornem evidentes (Turner et al., 2001; Hilsberg, 2002; Soroko e Jodkowska, 2011). Com a constatação de uma possível injúria, procedimentos preventivos e protetivos podem ser realizados nessa fase inicial, o que evita complicações de uma lesão já instalada. (Palmer, 1981; Weil et al., 1998; Turner, 2001). MATERIAL E MÉTODOS Foram utilizados oito equinos PSA adultos sem alterações clínicas e termográficas do sistema locomotor. Todos os animais foram submetidos aleatoriamente a três 0523 tipos de ferrageamento e 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 permaneceram uma semana com cada ferradura: plana ou convencional (FC) e elevação em seis graus do talão (ET) ou da pinça (EP). Os animais realizaram cinco minutos de exercício ao passo e dez minutos ao trote. As análises termográficas foram obtidas em ambiente fechado com uso da camera Flir i60® (Flir Systems - USA) em tempo real em três momentos diferentes: antes da realização do exercício (Basal), imediatamente após (PE) e 60 minutos após o exercício (60’). Foram analisadas, com o programa Quick Report®, as imagens dos membros torácicos com ênfase nas regiões flexoras, sendo eles: tendão flexor digital profundo (TFDP) e sua respectiva musculatura (MFDP) e tendão flexor digital superficial (TFDS). Os dados foram submetidos à Análise de Variância (ANOVA) e os valores médios comparados pelo teste de t-pareado, com nível de significância p≤0,05. RESULTADOS Os valores de temperatura máxima das estruturas avaliadas nos três tipos de ferrageamento encontram-se na Tabela 1. Tanto na FC quanto na EP, todas as estruturas apresentaram aumento de temperatura (p<0,01) PE, retornando aos valores basais com 60’. Com relação à ET, houve aumento de temperatura (p<0,01) da musculatura flexora PE, que se manteve até 60’. Os tendões flexores, tanto o TFDS quanto o TFDP, não tiveram incremento de temperatura PE e apresentaram temperatura menor que o basal (p<0,01) após 60’. Tabela 1: Temperatura máxima (ºC) do tendão flexor digital superficial (TFDS), tendão flexor digital profundo (TFDP) e sua respectiva musculatura (MFDP) em equinos PSA submetidos a ferradura convencional (FC) ou com seis graus de elevação do talão (ET) ou da 0524 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 pinça (EP) antes (Basal), imediatamente após (PE) e 60 minutos após exercício. Momento FC EP ET a TFDS TFDP MFDP BASAL 31,15±0,92b 30,19±0,21b 31,56±0,64b PE 32,79±1,27ª 32,01±1,13ª 33,83±0,85ª 60' 31,48±1,34b 30,49±1,70b 31,41±1,56b BASAL 31,21±2,55b 30,39±3,18b 31,14±2,19b PE 32,59±1,98ª 31,66±2,97ª 33,63±3,04ª 60' 31,1±3,25b 30,2±4,17b 30,7±3,82b BASAL 31,86±1,77a 31,6±1,46b 31,9±1,58b PE 32,76±1,57ª 31,79±2,04ª 33,85±1,34ª 60' 31,56±1,26b 30,31±1,78b 31,10±1,37ª Letras iguais na coluna não diferem a 5% no teste t-pareado. DISCUSSÃO Com a solicitação da estrutura, assim como ocorre no exercício, há aumento de temperatura (Simon et al., 2006), como observado após o exercício dos animais com FC e EP. A não alteração da temperatura nos tendões flexores TFDS e TFDP nos animais com ET sugere que estas estruturas podem ter sido menos solicitadas durante o exercício, conforme relatado na literatura (Willemen et al., 1999; Crevier-Denoix et al., 2001; Morrison, 2007). CONCLUSÃO Os dados sugerem que, nas condições deste experimento, a elevação de talão pode aliviar a carga nos tendões flexores. AGRADECIMENTO 0525 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 5 FAPESP – Processos 2013/26783-1 e 2014/18232-8 COMITÊ DE ÉTICA Comissão de Ética no Uso de Animais – CEUA, número 2015-00171. REFERÊNCIAS CREVIER-DENOIX, N.; ROOSEN, C.; DARDILLAT, C.; POURCELOT, P.; JERBI, H.; SANAA, M.; DENOIX, J.M. Effects of heel and toe elevation upon the digital joint angles in the standing horse. Equine Veterinary Journal 33, p.74-78, 2001. MORRISON, S. Practical Approaches to Heel Pain. In: American Association of Equine Practitioners, 53, 2007. Proceedings…, Colorado, USA, 2007, p.88-92. SIMON, Erika L. et al. Influence of exercise on thermographically determined surface temperatures of thoracic and pelvic limbs in horses. Journal of the American Veterinary Medical Association, v. 229, n. 12, p. 1940-1944, 2006. SOROKO, M.; JODKOWSKA, E. Usefulness of thermography applied to horse diagnosis and in the equine sports industry. Medycyna Weterynarya, v.67, n.6, 2011 TURNER, T.A.; PANSCH, J.; WILSON, J.H. Thermographic assessment of racingThoroughbreds. 2001. Annual Convention of the AAEP. Proceedings..., v.47, p.344-346. WILLEMEN, M.A.; SAVELBERG, H.H.C.M.; BARNEVELD, A. The effect of orthopedic shoeing on the force exerted by the deep digital flexor tendon on the navicular bone in horses. Equine Veterinary Journal 31, p. 25-30, 1999. 0526