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SOROPREVALÊNCIA DE Theileria equi EM EQUINOS DE USO MILITAR
DO MUNICÍPIO DE SÃO BORJA, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
SEROPREVALENCE OF Theileria equi IN HORSES THE MILITARY USE
OF SÃO BORJA COUNTY, STATE OF RIO GRANDE DO SUL
CARLOS HENRIQUE COELHO DE CAMPOS 1, ANDRESA GUIMARÃES 2,
ALINE TONUSSI DA SILVA 2,CRISTIANE DIVAN BALDANI 2, ROSÂNGELA
ZACARIAS MACHADO 3, CARLOS LUIZ MASSARD 2.
1-Divisão de Ensino e Pesquisa, Instituto de Biologia do Exército, Ministério
da Defesa, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
2-Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro,
Seropédica, Rio de Janeiro, Brasil.
3-Departamento de Patologia, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias
de Jaboticabal, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, São Paulo,
Brasil.
RESUMO
O protozoário Theileria equi é um dos principais agentes transmitidos por
carrapatos aos equídeos, causando sérios entraves à equideocultura no
Brasil. A epidemiologia da Theileriose equina no país ainda apresenta
lacunas. Assim, este estudo objetivou realizar o diagnóstico sorológico em
equinos de uso militar situados no município de São Borja, Rio Grande do
Sul. Amostras de 300 equinos foram testadas através do ensaio de adsorção
imunoenzimática indireta (iELISA) utilizando antígeno parcialmente purificado
de T. equi. Verificou-se soroprevalência de 87,33% (n=262/300) e diferentes
níveis de infestação pelo carrapato Rhipicephalus (Boophillus) microplus.
Pode-se inferir que a área é endêmica, com alta prevalência de portadores
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assintomáticos, e em estabilidade enzoótica. Isto evoca cuidados e medidas
preventivas na movimentação de equinos no rebanho.
PALAVRAS-CHAVE. Theileriose, ELISA, equinos de uso militar.
ABSTRACT
The parasite Theileria equi is one of the main agents transmitted by ticks to
horses, causing serious obstacles to production equines in Brazil. The
epidemiology of equine Theileriosis the country still has gaps. This study
aimed to carry out the serological diagnosis in military use horses located in
São Borja, Rio Grande do Sul. 300 equine samples were tested by indirect
enzyme-linked immunosorbent adsorption test (iELISA) using partially antigen
T. equi. It was found seroprevalence of 87.33% (n = 262/300) and different
levels of infestation by Rhipicephalus (Boophillus) microplus. It can be
inferred that the area is endemic with a high prevalence of asymptomatic
carriers, and enzootic stability. This evokes care and preventive measures in
handling horses in the herd.
Keywords: Theileriosis, ELISA, horses for military use.
INTRODUÇÃO
As piroplasmoses equinas são doenças causadas por Babesia caballi e/ou
Theileria equi de ampla distribuição, causando doença hiperaguda, aguda,
subclínica ou crônica. Os prejuízos vão desde gastos com tratamento,
passando por queda de desempenho, aborto, problemas reprodutivos, até
surtos com alta mortalidade (Botteon et al., 2005). O Brasil, com o terceiro
maior rebanho de equídeos do mundo, tem o protozoário T. equi como um
dos principais agentes transmitidos por carrapatos aos equídeos, agente este
endêmico em todo território nacional. A Theileriose equina causa sérios
entraves à equideocultura no país, pois países livres restringem o trânsito de
equinos, impedindo os animais de participarem de provas internacionais ou
impossibilitando o comércio de animais soropositivos para o agente. A
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doença foi motivo de grande preocupação das autoridades sanitárias
brasileiras por ocasião dos jogos panamericanos realizados em 2007, e
também será nos grandes eventos equestres que ocorrerão no Brasil nas
Olimpíadas de 2016 (Sevinc et al., 2008). Ademais, alguns aspectos de sua
epidemiologia, como o vetor responsável pela doença no país, ainda não
foram totalmente elucidados. Desta forma, este estudo teve por objetivo
realizar o diagnóstico sorológico de T. equi nos equinos de uso militar do
município de São Borja, estado do Rio Grande do Sul.
MATERIAL E MÉTODOS
Amostras de soro de 300 equinos de uso militar, utilizados para reprodução,
foram testadas através do ensaio de adsorção imunoenzimática indireta
iELISA utilizando antígeno parcialmente purificado de T. equi. Como
característica marcante no manejo dos equinos, está a utilização de
pastagens consorciadas com o rebanho bovino, caracterizando o manejo
como " pastejo misto".
RESULTADOS
À partir das 300 amostras submetidas ao ELISA, foram detectados 262
(prevalência de 88,77%) animais sororreagentes e foi observada somente a
espécie de carrapato Rhipicephalus (Boophillus) microplus realizando
parasitismo.
DISCUSSÃO
A prevalência de 87% para T. equi é compatível com os resultados
encontrados por Torres et al. (2012), os quais encontraram prevalência de
90,9% na região da Campanha do estado do Rio Grande do Sul, em
propriedades onde os equinos realizavam pastejo misto com bovinos.
A associação entre o pastejo misto com bovinos e a infestação dos equinos
com carrapatos R. microplus no rebanho confirma os relatos de Franque et
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al. (2009) que, apesar de citarem que os equinos não são hospedeiros tão
eficientes quanto os bovinos para esta espécie de carrapatos, são
classificados como hospedeiros eventuais onde o ectoparasito poderá
exercer
hematofagia
e
desenvolver
até
uma
geração,
podendo,
posteriormente, completar o seu ciclo nos bovinos. Além da presença do
vetor competente, outro fator que provavelmente mantém a prevalência de T.
equi elevada na propriedade localizada no Rio Grande do Sul é a
transmissão congênita, pois os animais são mantidos em um centro de
reprodução, com vários nascimentos por ano. A transmissão transplacentária
de T. equi em equinos é descritas por Roncati (2006).
Nenhum animal do rebanho estudado apresentava sintomatologia clínica no
período de coleta das amostras, corroborando com os achados que
reportaram ser rara a ocorrência de manifestações clínicas e surtos em áreas
enzoóticas, conforme relatado por Heucheter et al. (1999). Considerando os
resultados, conclui-se que o rebanho avaliado está em estabilidade enzoótica
(Mahoney e Ross, 1972).
CONCLUSÕES
A alta prevalência de animais positivos ao ELISA para Theileria equi indica
que a região estudada é endêmica para esta hemoparasitose, estando o
rebanho equino em estabilidade enzoótica.
Verificou-se associação entre a presença do pastejo misto com bovinos e a
sororeatividade para T. equi, evidenciando a possibilidade do carrapato R. B.
microplus estar envolvido na transmissão deste agente.
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