Stomatos ISSN: 1519-4442 [email protected] Universidade Luterana do Brasil Brasil Teichmann Espina, Virgínia; Leites Larentis, Naiara; Lopes de Souza, Maria Antonieta; Nunes Barbosa, Alcebiades Comparação da superfície do esmalte antes e após clareamento com dois diferentes agentes: estudo clínico Stomatos, vol. 14, núm. 27, julio-diciembre, 2008, pp. 44-52 Universidade Luterana do Brasil Río Grande do Sul, Brasil Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=85012258006 Como citar este artigo Número completo Mais artigos Home da revista no Redalyc Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal Projeto acadêmico sem fins lucrativos desenvolvido no âmbito da iniciativa Acesso Aberto Comparação da superfície do esmalte antes e após clareamento com dois diferentes agentes: estudo clínico Virgínia Teichmann Espina Naiara Leites Larentis Maria Antonieta Lopes de Souza Alcebiades Nunes Barbosa RESUMO O objetivo deste estudo foi comparar a superfície do esmalte antes e após clareamento com dois diferentes agentes. Vinte pacientes foram selecionados e divididos em dois grupos: Grupo 1 - tratados através da técnica de clareamento vital caseiro utilizando peróxido de carbamida a 10% (Whiteness Perfect) e Grupo 2 - tratados através da técnica vital de consultório utilizando peróxido de hidrogênio a 35% (Whiteness HP). Réplicas em resina epóxi dos incisivos centrais de todos os pacientes foram obtidas antes, imediatamente após e trinta dias depois da conclusão dos tratamentos. Todas as réplicas foram fotografadas em microscópio eletrônico de varredura e um examinador experiente e cego as classificou nos seguintes escores: 1- superfície sem alteração 2- superfície com alteração. O estudo demonstrou que a realização do clareamento com os dois diferentes agentes causa efeitos sobre a superfície do esmalte, mas que esses são parcialmente revertidos em 30 dias. Palavras-chave: Clareamento de dente. Peróxidos. Estética dental. Comparision of enamel surface before and after bleaching with two different agents: Clinical study ABSTRACT The purpose of this study was to compare of enamel surface before and after bleaching with two different agents. Twenty subjects were selected and divided in two groups: Group 1- treated with the night guard vital bleaching using 10% carbamide peroxide (Whiteness Perfect) and Group 2- treated with the in-office technique using 35% hydrogen peroxide (Whiteness HP). Epoxi resin replicas obtained from the maxillary central incisors, before, immediately after and thirty days Virgínia Teichmann Espina é Mestre em Dentística Restauradora pela Universidade Luterana do Brasil (Canoas/RS). Naiara Leites Larentis é Professora do curso de Odontologia da Universidade Luterana do Brasil (Torres/RS). Maria Antonieta Lopes de Souza é Professora da Faculdade de Biociências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Alcebiades Nunes Barbosa é Professor de Dentística da Universidade Luterana do Brasil (Canoas/RS). Endereço para correspondência: Naiara Leites Laren is Endereço: Avenida Bento Gonçalves 1615/704 - Bairro: Partenon Telefones: (51) 3737-1583 (51) 9821-80-79 E-mail: [email protected] Stomatos Canoas v.14 n.27 p.44-52 jul./dez. 2008 after the bleaching procedure. All replicas were photography in scanning electron microscopy and examined for one expert and blind examiner taken in scores: 1- surface without alteration 2- surface with alteration. This study demonstrated that bleaching treatment using both agents causes effect on namel surface, but these are partially reverted in thirty days. Keywords: Tooth Bleaching. Peroxides. Esthetics, Dental. INTRODUÇÃO Atualmente, a preocupação com uma aparência jovem e dentro dos padrões de beleza tem sido constante para a maioria dos pacientes que geralmente exigem dos cirurgiões-dentistas procedimentos odontológicos que proporcionem a redução ou mesmo a eliminação de qualquer tipo de alteração de cor dos elementos dentários. Assim, faz-se necessário atender aos freqüentes questionamentos sobre clareamento dentário, bem como indicar corretamente a melhor técnica para cada caso (Mondelli, 1998). Existem duas técnicas para a realização de clareamento de dentes vitalizados. A técnica do clareamento vital caseiro envolve o uso de peróxido de carbamida a 10% ou 15% ou peróxido de hidrogênio de 1% a 10%. É um procedimento que requer menor concentração de peróxido, permitindo ao paciente realizar a maioria dos passos em casa. Agentes clareadores à base de peróxido de hidrogênio em altas concentrações (usualmente de 30% a 50%) são utilizados na técnica de clareamento vital em consultório (Mondelli, 2003). Uma das dúvidas mais freqüentes que ocorre é determinar se os dentes sofrem algum dano ou prejuízo após o tratamento clareador utilizando as diferentes técnicas. Assim, o efeito dos agentes clareadores sobre a superfície dentária tem sido amplamente investigado, existindo divergências nos resultados encontrados na literatura. Alguns autores afirmam que não ocorrem mudanças significativas na morfologia ou na química dos tecidos dentários após o clareamento vital, utilizando diferentes agentes e concentrações (Haywood et al., 1990; Haywood et al.,1991; Haywood, 1992; Scherer et al., 1992; Gultz et al., 1999). Entretanto, outros relatam a existência de alterações em graus e formas variadas (Bitter, 1992; Souza, 1993; Shannon et al., 1993; Rostein et al., 1996; Oltu, Gurgan, 2000; Leonard et al., 2001; Spalding et al., 2003; Castello, Monnerat, 2004). Essas alterações variam em função do tipo de agente clareador utilizado, da concentração do produto, do método de aplicação, do tempo de tratamento e do pH do produto (Casalli, 2003). Diante da divergência dos resultados encontrados na literatura, tornam-se importantes outros estudos que estabeleçam a correta relação entre os agentes clareadores e as alterações causadas por eles na estrutura do esmalte dentário. Assim, o objetivo desse estudo foi comparar a superfície do esmalte antes e após clareamento com dois diferentes agentes em um estudo clínico. METODOLOGIA Este estudo foi a provado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos e Animais da Universidade Luterana do Brasil, sob o registro 2004 - 139H. Stomatos, v.14, n.27, jul./dez. 2008 45 Foram examinados pacientes do setor de atendimento odontológico do Serviço Social da Indústria (SESI – Porto Alegre) que possuíam indicação e estavam interessados em clarear seus dentes. Esses pacientes deveriam preencher os seguintes critérios de inclusão: idade entre 18 e 30 anos; apresentar os dentes incisivos superiores bem posicionados no arco dentário sem restaurações ou irregularidades detectadas clinicamente; grau de escurecimento dos dentes leve ou moderado; ausência de atividade de cárie e doença periodontal; não ter sido submetido a tratamento clareador anteriormente; não ser gestante; não ser fumante. Os pacientes que atendiam todos os critérios de inclusão foram informados previamente sobre os procedimentos que seriam realizados e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. No total, 20 pacientes, 8 homens e 12 mulheres totalizaram a amostra e foram divididos em dois grupos de forma randomizada. Grupo 1: 10 pacientes tratados através da técnica de clareamento caseiro e Grupo 2: 10 pacientes tratados através da técnica de consultório. Clareamento vital caseiro Os 10 pacientes do Grupo 1 foram tratados com peróxido de carbamida a 10 % Whiteness Perfect (FGM Produtos Odontológicos) em moldeiras individuias 4 a 6 horas diárias consecutivas de segundo pré-molar a segundo pré-molar do lado oposto. Todos os pacientes realizaram o tratamento durante 14 dias consecutivos. Inicialmente, eles foram moldados com hidrocolóide irreversível (alginato) para a confecção das moldeiras individuais com lâminas siliconizadas de 0,5 mm de espessura (Whiteness FGM Produtos Odontológicos) em um plastificador a vácuo. Foram entregues instruções sobre como realizar o tratamento por escrito para todos os pacientes. A quantidade de gel utilizado foi de uma “gota” no fundo do espaço correspondente a cada dente e, após a inserção da moldeira, o paciente foi orientado para remover os excessos de gel com gaze. Os pacientes foram acompanhados durante todo o período em relação à presença de alguma sensibilidade ou ardência. Além disso, foram realizados aconselhamentos dietéticos para que evitassem bebidas e alimentos com corantes fortes além de reduzir o consumo de produtos ácidos e comprovadamente erosivos, tais como refrigerantes, frutas e sucos cítricos. Os pacientes também foram aconselhados para evitar situações de abrasão logo após a retirada das moldeiras. Clareamento vital em consultório Os 10 pacientes do Grupo 2 foram tratados com Peróxido de Hidrogênio a 35 % Whiteness HP (FGM Produtos Odontológicos) em uma única sessão, com a realização de três aplicações, conforme instrução do fabricante. Previamente foi realizado isolamento absoluto com dique de borracha de segundo pré-molar a segundo pré-molar do lado oposto. Foi realizada a aplicação do Dessensibilize KF 2% (FGM Produtos Odontológicos) por 2 minutos. Após, foram misturadas 3 gotas do peróxido com 1 gota do espessante até obter uma perfeita homogeneização. Foi aplicado uma camada de aproximadamente 1mm do produto nas faces vestibular, proximal, incisal e oclusal dos dentes a serem clareados. Após aguardar 2 min para a penetração do gel, foi aplicada a luz fotopolimerizadora na face vestibular de cada 46 Stomatos, v.14, n.27, jul./dez. 2008 dente durante 30 segundos, na mesma seqüência de aplicação do gel. O produto foi ativado com um aparelho fotopolimerizador (Ultralux-Dabi Atlante), apresentando intensidade de luz em torno de 500mw/cm2. Com todos os dentes fotoativados, revolveu-se o gel e iniciouse o ciclo novamente, de modo que o gel foi ativado por duas vezes. Após a ativação, o gel foi removido cuidadosamente com gaze, seguido de lavagem com spray água/ar. Após três aplicações do peróxido, foi removido o isolamento absoluto e novamente foi realizada a aplicação do Dessensibilize KF 2%. Durante a aplicação do produto o paciente foi monitorado em relação à presença de alguma sensibilidade. Os pacientes deste grupo também receberam os mesmos aconselhamentos dietéticos e cuidados dados aos pacientes do clareamento vital caseiro, já descrito anteriormente. Obtenção e análise das réplicas dos incisivos superiores Foram realizadas três moldagens dos incisivos superiores de todos os pacientes pertencentes ao Grupo 1 e 2 com uma silicona de adição (Express, 3M-ESPE) para obtenção das réplicas de resina epóxi. As moldagens foram realizadas em três momentos distintos: Grupo 1: antes, após os 14 dias de tratamento e trinta dias após o término do uso do agente clareador Grupo 2: antes, logo após as três aplicações do agente clareador e trinta dias após o uso do agente clareador. Em todas as moldagens de silicona foi vazada a resina epóxi tipo EM.bed 812, para a obtenção de réplicas dos dentes clareados. O material foi colocado em estufa com temperatura constante de 60°C para polimerização por 72 horas. Após, as réplicas foram colocadas em stubs para então se efetuar a metalização com Au/Pd na espessura de 15 μm utilizando o equipamento MED 020 (Balzer-Baltec). As réplicas foram analisadas em microscópio eletrônico de varredura (Phillips, modelo XL 20) e as imagens registradas com magnificação de 600 e 1200 vezes de aumento. As fotomicrografias foram obtidas sempre da região central do elemento dentário, no terço médio, para que se pudessem fazer comparações mais confiáveis. Um examinador experiente e cego as classificou nos seguintes escores: 1- superfície sem alteração 2- superfície com alteração. Análise estatística As duas técnicas de clareamento com os diferentes agentes utilizados foram comparadas entre si através do teste exato de Fisher para variáveis paramétricas. Para comparação entre os dois momentos, imediatamente após e trinta dias após o tratamento utilizando as duas técnicas com diferentes agentes, utilizou-se o teste não paramétrico de McNemar. Todas as análises do estudo foram realizadas com nível de significância de 5%. Stomatos, v.14, n.27, jul./dez. 2008 47 RESULTADOS A Tabela 1 mostra que imediatamente após serem submetidos ao clareamento caseiro 9 dos 10 dentes apresentaram alterações na superfície do esmalte dos incisivos superiores e que esse número diminui para 6 quando analisamos os dentes submetidos ao tratamento de consultório. Entretanto, essa diferença entre os dois grupos não foi estatisticamente significativa (Figuras 1, 2 e 3). Tabela 1: Comparação das alterações ocorridas na superfície do esmalte imediatamente após a realização dos dois ipos de clareamento. Exame 1 – Alteração Grupo Não Sim Caseiro 1 9 10 10,0% 90,0% 100,0% Consultório Total Total 4 6 10 40% 60% 100,0% 5 15 20 25% 75% 100,0% Valor de p do teste exato de Fisher = 0,287 A Tabela 2 mostra que após trinta dias do tratamento, o grupo do clareamento caseiro apresentou 3 dentes com alteração, enquanto o grupo do clareamento de consultório apresentou 2 . Entretanto, essa diferença entre os dois grupos não foi estatisticamente significativa. Tabela 2: Comparação das alterações ocorridas na superfície do esmalte 30 dias após a realização dos dois tipos de clareamento. Exame 2 - Alteração Grupo Não Sim Caseiro 7 3 10 70,0% 30,0% 100,0% Consultório Total Total 8 2 10 80,0% 20,0% 100,0% 15 5 20 75,0% 25,0% 100,0% Valor de p do teste exato de Fisher = 0,999 As comparações das alterações na superfície do esmalte imediatamente após e após 30 dias da realização dos dois tipos de clareamentos são mostrados nas Tabelas 3 (caseiro) e 4 (consultório). No clareamento caseiro, dos nove casos positivos no exame 1, seis se tornaram negativos no exame 2, existindo diferença estatisticamente significativa. No clareamento de consultório, dentre os seis casos positivos no exame 1, quatro se tornaram negativos no exame 2, mas essa diferença não foi estatisticamente significativa. 48 Stomatos, v.14, n.27, jul./dez. 2008 Tabela 3: Comparação das alterações na superfície do esmalte imediatamente após e 30 dias após a realização do clareamento caseiro Exame 2 Exame 1 Não Não 1 1 100,00% 100,00% Sim Total Sim Total 6 3 9 66,70% 33,30% 100,00% 7 3 10 70,00% 30,00% 100,00% Valor de p do teste de McNemar = 0,031 Tabela 4: Comparação das alterações na superfície do esmalte após e 30 dias após a realização do clareamento de consultório. Exame 2 Exame 1 Não Não 4 Sim Total 4 100,00% Sim Total 100,00% 4 2 6 66,70% 33,30% 100,00% 8 2 10 80% 20% 100,00% Valor de p do teste de Mc Nemar = 0,125 Fig. 1 - Imagem pré-tratamento caseiro Fig. 2 - Imagem imediatamente após tratamento caseiro Fig. 3 - Imagem trinta dias após o término do tratamento caseiro DISCUSSÃO A odontologia restauradora utiliza frequentemente os estudos in vitro para a avaliação de novos produtos. Entretanto, esses estudos apresentam limitações em responder de forma definitiva alguns questionamentos, devendo existir cuidados na extrapolação de seus achados, devido a dificuldade de simular condições clínicas reais. Assim, a escolha pela realização de um estudo clínico teve como suporte a capacidade de gerar evidências científicas (Susin, Rösing, 1999). Stomatos, v.14, n.27, jul./dez. 2008 49 Os dentes selecionados para o estudo foram os incisivos superiores, por serem, segundo Leonard et al. (2001), os mais visíveis da cavidade bucal e os recomendados pelas diretrizes da ADA para os estudos de aprovação de produtos contendo peróxidos. A escolha dos agentes, peróxido de carbamida a 10% e peróxido de hidrogênio a 35%, e suas marcas comerciais, Whiteness Perfect (FGM) e Whiteness HP (FGM), deveu-se ao fato de terem sido testados em inúmeros estudos realizados anteriormente (Reichert, 2003; Castello, Monnerat, 2004) e serem amplamente utilizados clinicamente, nas concentrações mínimas e máximas de peróxidos. O tempo utilizado para cada tipo de tratamento nesse estudo foi o mínimo recomendado pelo fabricante. O clareamento pela técnica caseira pode ter a duração de duas a seis semanas. O tempo mínimo, indicado pelo fabricante é de duas semanas, com uso diário de 4 a 6 horas, como foi realizado nesse estudo. Segundo Goldstein (1997), ao utilizar-se a técnica de clareamento em consultório, deve-se utilizar no mínimo uma sessão, e o número de aplicações deve obedecer à indicação do fabricante. O material utilizado para as impressões foi o polivinyl siloxano (silicona de adição), por ser, segundo Perakis et al. (2004), o que oferece maior qualidade nas impressões tanto pelas propriedades do material quanto pelo sistema de automixagem, que possibilita a obtenção de uma mistura homogênea com padrão uniforme e livre de bolhas, apresentando também boa estabilidade dimensional. A metodologia empregada de avaliação, através de réplicas, apresenta a vantagem de determinar os efeitos dos agentes clareadores sob as condições intraorais em diferentes momentos como realizados no estudo de Turkun et al. (2002). O período selecionado para avaliação, imediatamente após o término do tratamento, esteve em concordância com os estudos de Leonard et al. (2001) e Turkun et al. (2002). Para a avaliação posterior, diferentemente desses dois autores foi escolhido o período de 30 dias, com o objetivo de diferenciar o estudo, visto que é um período pouco citado na literatura existente sobre alterações em esmalte após clareamento. As 120 imagens obtidas foram examinadas e avaliadas por um único examinador com considerável experiência e conhecimento em histologia e microscopia eletrônica de varredura, assim como ocorreu no estudo de Turkun et al. (2002). As fotomicrografias foram obtidas sempre da região central do elemento dentário, no terço médio, para que se pudessem fazer comparações mais confiáveis. Os dados obtidos no presente trabalho, após análise qualitativa, em que foi constatado que alterações na superfície do esmalte ocorreram, tanto no tratamento caseiro quanto no de consultório, estão de acordo com os estudos de Leonard et al. (2001), Turkun et al. (2002), Spalding et al. (2003), Castello, Monnerat (2004). Esses autores afirmam que o clareamento vital pode causar alterações no esmalte dentário, mas com grau mínimo. O fato do clareamento caseiro haver apresentado maior número de pacientes com alterações de superfície do que com o clareamento de consultório pode estar correlacionado ao fato do tratamento caseiro haver proporcionado maior tempo de contato do gel com os tecidos dentários (84 horas em média) do que o de consultório (30 minutos), havendo assim 50 Stomatos, v.14, n.27, jul./dez. 2008 maior trânsito das soluções ativas de peróxido pelo esmalte e dentina. Segundo Haywood (1992), um maior tempo de exposição acarreta uma maior reação de oxidação. O número de aplicações pode também ser fator preponderante, como mostra o estudo de Castello, Monnerat (2004), que estudaram dois diferentes agentes clareadores à base de peróxido de hidrogênio a 35%, com diferentes números de aplicações (5,10 e 15). Como resultado, obtiveram diferenças estatisticamente significativas com um dos agentes, que apresentou alterações importantes, quando considerado o intervalo entre 5 e 15 aplicações. Os resultados da comparação final entre as imagens obtidas após o término do tratamento, em que a aparência apresentou-se semelhante à do período pré-tratamento são concordantes com os resultados encontrados por Leonard et al. (2001) e Turkun et al. (2002). Eles utilizaram a mesma metodologia do presente estudo, e obtiveram como resultado, o retorno à normalidade da aparência do esmalte, após seis e três meses respectivamente. CONCLUSÕES Os resultados obtidos neste estudo clínico mostraram que o clareamento de dentes vitais, realizado com as técnicas e os produtos utilizados, produziu alterações na superfície do esmalte. Trinta dias após o tratamento, em mabas as técnicas, caseira e de consultório, na maior parte dos casos, a superficie do esmalte apresentou aspecto visual semelhante ao do período pré-tratamento. REFERÊNCIAS Bitter N. A scanning electron microscopy study of the effect of bleaching agents of enamel: a preliminary report. J Prosthet Dent 2003; 67(6):852-5. Casalli JL. Avaliação da permeabilidade de dentes humanos clareados e submetidos a tratamento remineralizador com flúor – estudo in vitro. [Dissertação]. Canoas: Curso de Odontologia, Universidade Luterana do Brasil. Canoas; 2003. Castello RR, Monnerat AF. Avaliação das alterações estruturais em esmalte submetido a clareamento com peróxido de hidrogênio 35% analisados em MEV. Rev Bras Odontol 2004; 61(3/4):160-4. Goldstein R. In–office bleaching: where we come from, where we are today. J Am Dent Assoc 1997; 128:11-5. Gultz J, Kaim J, Scherer W, Gupta H. Two in-office bleaching systems: a scanning electron microscopy study. 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