PROVA DE REDAÇÃO
Leia os textos abaixo. Elabore um texto dissertativo pertinente à temática por eles
abordada. Seu texto deve apresentar argumentação que considere a relevância do futebol
para a cultura brasileira.
Atenção: Seu texto não pode ultrapassar uma página.
Texto A: Abertura dos Portões
Que espetáculo é esse, capaz de atrair a atenção de 1 bilhão de pessoas por noventa
minutos? Que mistério é esse, capaz de fazer 1/6 da população mundial parar para
acompanhar 25 homens correndo em direções desconexas sobre um palco verde com
linhas brancas? Por que apenas um desses homens, com uma esfera nos pés, é capaz
de hipnotizar a multidão e, a seguir, surpreendê-la? Por que algo tão simples como chutar
uma bola modifica vidas, produz riqueza, paralisa países? [...]
(POLI, Gustavo; CARMONA, Lédio. Almanaque do futebol. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2006.)
Texto B: Letras louvando Pelé
Pelé, pelota, peleja. Bola, bolão, balaço. Pelé sai dando balõezinhos. Vai, vira, voa, vara,
quem viu, quem previu? GGGGoooollll.
Menino com três corações batendo nele, mina de ouro mineira. Garoto pobre sem saber
que era tão rico. Riqueza de todos, a todos doada, na ponta do pé, na junta do joelho, na
porta do peito.
E dança. Bailado de ar, bola beijada, beleza. A boa bola bólide, brasil-brincando. A trave
não trava, trevo de quatro, de quantas pétalas, em quantas provas, que não se contam?
Mil e muitas. Mundo.
O gol de letra, de lustre, de louro. O gol de placa, implacável. O gol sem fim, nascendo
natural, do nada, do nunca; se fazendo fácil na trama difícil, flóreo. Feliz. Fábula.
Na árvore de gols Pelé colhe mais um, romã rótula. No prato de gols papa mais um,
receita rara. E não perde a fome? E não periga a força? E não pesa a fama?
Ama.
Ama a bola, que o ama, de mordente amor. Os dois combinam, mimam-se, ameigam-se,
amigam-se. “Vem comigo”, e entram juntos na meta. Quem levou quem? Onde um
termina e a outra começa, mistura fina?
Saci-pererê, saci-pelelê, só pelé, Pelé, na pelada infantil. Assim se forma um nome, curto,
forte, aberto. Saci com duas pernas pulando por quatro. Nunca vi. Nem eu. Mas vi. Saci
corta o ar em fatias diáfanas. Corta os atacantes, os defensores, saci-bola, tatu-bola,
roaz, reto, resplandece.
A arte que se tira do corpo, as belas-artes do movimento, do ritmo. Músculos, nervos,
tecidos, domados, acionados. Reflexos em flor, florindo sempre. Escultura que a todo
instante se modela e desfaz e refaz, diferente, fluida. Pelé, escultor de si mesmo. A esmo.
Errante. Constante. Presente. Presciente. Próvido.
O sonho de todas as crianças a envolvê-lo. O sonho a continuar nos adultos, novelo,
desvelo. Não é do Santos, é de todos os santos e pecadores. Sua foto leal, seu jeito legal.
Um que sabe e não é prosa: a maior proeza.
[...]
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Quando é dia de futebol. Rio de Janeiro: Record, 2002.)
Texto C: O Gigante da Zona Leste
Os principais números da nova casa do Corinthians:
820 MILHÕES DE REAIS — Investimento necessário para a obra. É o segundo projeto
mais caro da Copa 2014, atrás apenas da reforma do Maracanã.
200.000 METROS QUADRADOS — Tamanho do terreno, área equivalente à de três
estádios do Morumbi.
43 MÁQUINAS — Seis bate-estacas hidráulicos, quatro retroescavadeiras, três tratores e
dois guindastes, entre outros equipamentos, estão sendo utilizados para que a construção
fique pronta no prazo.
640.000 SACOS DE CIMENTO — Quantidade de material suficiente para construir 6.400
casas populares.
68.000 PESSOAS — Capacidade de público. Após o Mundial, será reduzida para 48.000
lugares, com a retirada dos assentos removíveis.
2.000 OPERÁRIOS — Mão de obra que estará em ação no mês de dezembro de 2012,
momento de pico da construção. Hoje, cerca de 500 trabalhadores fazem terraplenagem e
constroem as fundações.
3.700 VAGAS — Previsão de capacidade para o estacionamento. O Itaquerão terá ainda
dois restaurantes grandes, uma praça de alimentação com fast-foods, mais um conjunto
de bares e lojas.
2013 — Ano de conclusão da obra. O contrato da construtora Odebrecht vence em 31 de
dezembro.
(ARAÚJO, Pedro Henrique. O Itaquerão chegou lá. Revista Veja São Paulo, 26 de outubro de 2011.)
Texto D: Carta para Tito
Futebol também é cultura. Hoje, para júbilo e gáudio dos amantes das letras clássicas,
publicarei uma carta do imperador Vespasiano a seu filho Tito. Vamos a ela: “22 de junho
de 79 d.C.
“Tito, meu filho, estou morrendo. Logo eu serei pó e tu, imperador. Espero que os deuses
te ajudem nesta árdua tarefa, afastando as tempestades e os inimigos, acalmando os
vulcões e os jornalistas. De minha parte, só o que posso fazer é dar-te um conselho: não
pare a construção do Colosseum. Em menos de um ano ele ficará pronto, dando-te
muitas alegrias e infinita memória.
“Alguns senadores o criticam, dizendo que deveríamos investir em esgotos e escolas.
Não dê ouvidos a esses poucos. Pensa: onde o povo prefere pousar seu clunis: numa
privada, num banco de escola ou num estádio? Num estádio, é claro.
“Será uma imensa propaganda para ti. Ele ficará no coração de Roma por omnia saecula
saeculorum, e sempre que o olharem dirão: „Estás vendo este colosso? Foi Vespasiano
quem o começou e Tito quem o inaugurou‟.
“Outra vantagem do Colosseum: ao erguê-lo, teremos repassado dinheiro público aos
nossos amigos construtores, que tanto nos ajudam nos momentos de precisão.
“Moralistas e loucos dirão que mais certo seria reformar as velhas arenas. Mas todos
sabem que é melhor usar roupas novas que remendadas. Vel caeco appareat (Até um
cego vê isso).
“Portanto deves construir esse estádio em Roma, assim como a gente de Brasília
construirá monumentais estádios em Natal, Cuiabá e Manaus, mesmo que nem haja
ludopédio por esses lugares.
[...]
“Enfim, meu filho, desejo-te sorte e deixo-te uma frase: Ad captandum vulgus, panem et
circenses (Para seduzir o povo, pão e circo).
“Esperarei por ti ao lado de Júpiter.”
[...]
(TORERO, José Roberto. Carta para Tito. Folha de São Paulo, 22 de outubro de 2011.)
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