Leia os textos a seguir sobre publicidade infantil, feitos por alunas
da 9ª série, turma 91, a partir da proposta que questionava se deveria
haver ou não propaganda destinada ao público infantil.
Propaganda infantil
O problema com as propagandas é que elas são feitas para serem
sedutoras. No sistema capitalista, tudo vale. Nada é mais importante do que o
lucro, nem mesmo o desenvolvimento psicológico das pessoas submetidas a
ele. Portanto, não há escrúpulos em mexer nos pontos fracos de qualquer um
quando se trata de publicidade.
E quem são os membros mais inocentes, alheios a realidades e
manipuláveis de nossa sociedade? Não é difícil convencer e enganar uma
criança. E as crianças são um atalho para o coração dos pais, que, no fim do
dia, são quem tem dinheiro para gastar, e pronto! O objetivo está alcançado.
Claro, um pai ou mãe com tempo e paciência não vai fraquejar
(geralmente) diante de olhos lacrimejantes e birras exageradas, mas hoje em
dia quase ninguém tem tempo, que dirá paciência para lidar com uma criança
pirracenta. O que mais tem no mundo hoje são pais que mergulham no
trabalho para não ter que cuidar dos filhos, fazendo o dinheiro de babá,
simplesmente porque é mais fácil. Criança chora, briga, fala do que não
entende e não dá para devolver. Mas fica tão quietinha, alienada, quando
recebe um brinquedo novo, tão baratinho. Qual é o preço da paz, afinal?
Isso acaba dando a ilusão de que basta sentar e fazer birra quando as
coisas não vão do jeito que se queria e o mundo irá se consertar para fazer
suas vontades. Assim, é possível achar “crianças” de 30, 40 anos que nunca
deixaram de depender dos pais e agem como se fossem melhor que todos, já
que toda e qualquer consequência futura pode ser evitada com uma cara feia,
um pouco de drama e um cartão de crédito.
Luisa Ramos
Estado, O Novo Pai
Tentar acabar com a publicidade infantil é o mesmo que tentar isolar a
criança de um mundo ao qual ela pertence. Até que ponto o Estado tentará
“proteger” as crianças do capitalismo moderno? É inevitável e obviamente
impossível.
Nenhuma criança tem sua própria renda e liberdade de ir e vir, então,
logicamente, esse controle cabe aos pais. São eles que devem aprender a
dizer os “nãos” que seus filhos precisam ouvir para crescerem como cidadãos
conscientes.
A verdade é que nem o Estado nem os pais são capazes de enganar
uma criança sobre a realidade que a cerca, mas a forma como ela será
introduzida a essa realidade certamente importa, e privar a criança de assistir a
propagandas de televisão certamente não é a forma certa.
Isadora Jammal
Download

Leia os textos a seguir sobre publicidade infantil, feitos por alunas