QUALIDADE NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE MEDICAMENTOS Área Temática: Logística Empresarial - Logística Hospitalar/Transportes - Cargas Especiais e Perigosas Prof. Ms. Caio Flavio Stettiner Fatec Guarulhos - São Paulo - Brasil [email protected] Fernanda Aiko Nakamoto Fatec Guarulhos - São Paulo - Brasil [email protected] Prof. Esp. Robson dos Santos Fatec Guarulhos - São Paulo - Brasil [email protected] Rosangela Emiliana da Silva Fatec Guarulhos - São Paulo - Brasil [email protected] Valdirene Oliveira dos Santos Fatec Guarulhos - São Paulo - Brasil [email protected] Resumo - Este artigo tem como objetivo visualizar a situação do transporte de medicamentos, identificando os tipos de problemas enfrentados pelos transportadores, que tipos de recursos podem ser utilizados para auxiliá-los, para evitar possíveis falhas e erros, podendo através deles obter dados e informações sobre a qualidade do serviço e assim controlar melhor e adotar medidas para que o transporte seja de melhor qualidade. Palavras-chave: transporte de medicamentos; problemas enfrentados; recursos utilizados; qualidade. Summary – This article has as its aim to analyze the Brazilian roadway transportation system, medicament transportation, identifying the kind of problems encountered by carriers and the kinds of resources that can be used to help them to prevent possible flaws and errors, and through them manage to obtain data and information on service quality, in order to have a better control and adopt measures for transportation to have better quality. Key-words: medicament transportation; problems encountered; utilized resources; quality. 1. Introdução Durante todas as etapas que os produtos farmacêuticos passam há ter necessidade de um controle rigoroso na questão de qualidade. No transporte uma das etapas finais do produto, para que chegue as mãos do consumidor, ocorrem problemas que podem prejudicar a qualidade do produto como: falha na entrega, cargas mal acondicionadas e roubos de carga. Diante desses problemas que podem ter graves conseqüências abordamos este tema de qualidade no transporte rodoviário de medicamentos devido à importância desta etapa. 2. Transporte Rodoviário O transporte rodoviário de cargas no Brasil opera em atividade econômica, em regime livre de ocorrência regulado segundo a Lei nº 11.442/07, de 5 de janeiro de 2007. E depende de prévia inscrição no Registro Nacional de Transportes Rodoviários de Cargas (RNTRC) da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). É o transporte mais utilizado para a locomoção de cargas. De acordo com Fleury (2003), no Brasil mais de 60% das cargas são transportadas pelo modal rodoviário. Por ser o modal mais utilizado, segundo estimativas da Associação Nacional dos Transportes de Cargas (NTC), circulam pelo Brasil cerca de 60 milhões de toneladas de carga/ano. Esse volume gera movimentação anual de cerca de R$ 30 bilhões em fretes, destinados em sua maioria ás empresas de transporte rodoviário. (Caixeta-Filho; Martins, 2009) Diante dos valores apresentados, em quantidade de cargas transportadas, observamos que deveria haver um bom planejamento para investimentos na infraestrutura, porém isto não é nossa realidade. Segundo Fleury (2003), os investimentos para a manutenção e expansão da infraestrutura não acompanha o crescimento da atividade de transporte. E a escassez do investimento resulta em 78% das estradas em condições inadequadas. Outra situação preocupante é a grande quantidade de caminhões que apresentam mais de 10 anos de idade, quando a idade média de um caminhão é de 18 anos, e 87% das empresas transportadoras não têm um programa de renovação de frota. (Fleury, 2003) Gráfico 1 – Idade Média dos Caminhões Fonte: Geipot, Anfavea Assim como o problema de investimento das infraestrutura a frota envelhecida também prejudica o transporte, podendo diminuir sua qualidade. 3. Terceirização no Transporte de Medicamentos Os Provedores de Serviços Logísticos (PSls) ou Operadores Logísticos vem impulsionando o desenvolvimento da Logística empresarial. O aumento da concorrência somada com a complexidade das operações logísticas tem feito com que as empresas busquem terceirizar seus serviços totais ou parciais. (Fleury, 2003) Outro fator considerado pelas empresas, na procura de serviços de transporte terceirizados é a redução de custos. Por este motivo as operações logísticas terceirizadas crescem a cada dia. “No Brasil o índice de terceirização de serviços é de 91%, semelhante ao dos Estados Unidos e Europa. Porém, apenas 57% dessas empresas tem alcançado sua meta, obtendo uma economia em média de 13%.” (Valente et al., 2008). Segundo Lacerda, L e Ribeiro, A (2003,p.344 e 345) [...] apesar de 70% dos PSLs possuírem contratos com duração média acima de três anos, relacionamentos de parceria ainda são pouco comuns no Brasil. Resultados de pesquisa mostram que 77% dos prestadores de serviços logísticos apontam as dificuldades culturais entre contratante e contratado como uma das principais barreiras ao desenvolvimento da terceirização no Brasil. Os fatores que devem ser levados em consideração quanto à decisão sobre a propriedade da frota são: tamanho da operação, competência gerencial interna, competência e competitividade do setor, volumes de investimentos e modal utilizado. (Marques, 2003, p.270) Atualmente as empresas de grande porte, reduzem seus investimentos e aumentam os lucros com a utilização de terceiros em suas operações de transporte. Algumas vantagens que levam as empresas a utilizar a terceirização, são: a redução de ativos, custo de mão de obra, a maior flexibilidade da capacidade, acesso a tecnologias avançadas, possibilidade de se concentrar em suas principais atividades e podendo assim apoiar a expansão para novos mercados e aumentando o nível operacional. (Fleury, 2003) Existe uma grande utilização de transporte terceirizado e um baixo investimento em frotas próprias. Segundo dados das 500 maiores empresas do Brasil 83% não tem frota própria e 90% das empresas que possuem frota própria também utilizamos terceirizado. (Fleury, 2003) Segundo uma nota de Mauro da ASLOG, publicada no Instituto Racine, “Um dos maiores gargalos no setor de logística é a falta de profissionais qualificados em todos os níveis organizacionais. Alguns fatores contribuem para isso, como o aumento da demanda por esses profissionais – fruto do crescimento do mercado, a quantidade insuficiente de escolas de preparação técnica e superior e o aumento do nível de exigência das empresas contratantes. Estima-se que a procura por está mão- de- obra tenha crescido cerca de 30% nos últimos 12 meses, devido ao aumento da competitividade, o que fez com que a logística assumisse papel essencial na estratégia das empresas”, conclui Mauro, da ASLOG. Segundo Oliveira, O.J (2004), os fabricantes devem assumir as responsabilidades quanto à qualidade de seus produtos, sendo que somente ele pode prevenir e evitar falhas durante os processos de fabricação. Porém, há momentos durante as etapas, que os produtos farmacêuticos passam, onde não há como a indústria controlar e fiscalizar diretamente, como estão sendo realizadas as tarefas. Levando isso em consideração as indústrias farmacêuticas que buscam a terceirização do serviço de transporte devem ter uma maior preocupação com relação à qualidade dos serviços durante o transporte. Além das características normalmente avaliadas pelas empresas ao, contratar uma empresa de transporte para distribuição de seus produtos como custo, velocidade variabilidade nos tempos de trânsito e capacidade da empresa na solução dos problemas de transportes, as empresas farmacêuticas possui especificidades técnicas ligadas à legislação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). (Ohata; Maenza, 2010) Conforme a legislação estabelecida pela ANVISA, Portaria nº 802, de 8 de outubro de 1998, Art. 2º A cadeia dos produtos farmacêuticos abrange as etapas da produção, distribuição, transporte e dispensação. Parágrafo único. As empresas responsáveis por cada uma destas etapas são solidariamente responsáveis pela qualidade e segurança dos produtos farmacêuticos objetos de suas atividades específicas. De acordo com a legislação as distribuidoras devem ter autorização para funcionamento, que é obtida através da Secretaria de Vigilância Sanitária. E devem seguir algumas condições, entre elas esta, seguir as Boas Práticas de Distribuição de Produtos Farmacêuticos. Segundo Oliveira1 (2001, apud Ohata e Maenza,2010), existem três etapas relacionadas à qualidade do medicamento. A primeira é a que envolve a produção industrial, os testes de estabilidade dos medicamentos necessários para se estabelecer o prazo de validade, são exigidos apenas na ocasião do registro do produto, supondo-se que, daí por diante essa estabilidade vai se manter inalterada. A segunda etapa é a do transporte do medicamento do setor industrial para a distribuidora, e daí para as farmácias e drogarias. A terceira etapa se refere à fase de prateleira nas farmácias e drogarias. Essa condição, além do calor, também pode proporcionar decomposição fotoquímica provocada pelos raios ultravioletas. 4. Qualidade dos Produtos Farmacêuticos “A qualidade é algo que se obtém como resultado da consideração de todos os fatores que, de uma maneira ou outra, entra na concepção, desenvolvimento, produção, distribuição e uso do fármaco”. (Santoro, M.I.R. M; 1988, p.7) Segundo Santoro, M.I.R.M, (1998, p.8), qualidade significa cumprimento das especificações. Entre as especificações devem ser consideradas as informações de acondicionamento, embalagem e armazenagem. (Santoro, M.I.R. M, 1988, p.9) Para que haja qualidade nos medicamentos, é necessário que todo o processo seja monitorado e controlado desde o início da compra da matéria prima (que também deve ser monitorada pela empresa responsável) até ao seu consumidor final. Segundo Santoro, M.I.R. M (1988, p. 3) a expressão “controle de medicamentos” abrange todos os princípios que devem ser seguidos pelos fabricantes e autoridades governamentais para garantir que a medicação que os médicos e os pacientes recebem seja realmente eficaz. A importância do controle dos medicamentos deve ser associada que a nossa própria vida depende dele. 5. Ferramentas da Qualidade Algumas ferramentas que podem ser utilizadas para melhorar os serviços de logística são as Ferramentas da Qualidade Total. Segundo Figueiredo e Wanke (2003, p.199 á 205) estas ferramentas são: -Brainstorming: ferramenta básica de análise de processo que permite gerar rapidamente um grande número de idéias, as causas (associadas à má qualidade) e os efeitos de um problema; -Diagrama de Causa e Efeito (Diagrama de Ishikawa): ilustra (esquematicamente) a relação entre as causas e os efeitos (problemas); -Histogramas: ferramenta básica de análise estatística é um gráfico feito com base na distribuição da frequência de algum evento; -Análise ABC (Pareto): com as idéias levantadas no Brainstorming, a análise ABC permite identificar como se distribuem as causas para o efeito principal; -Diagrama de Fluxo de Processo: ferramenta avançada de análise de processo, que esquematiza a sequência das atividades; -Gráficos de Controle: ferramenta avançada de estatística monitora o grau de variação de uma atividade. 6. Transporte de Medicamentos 1 OLIVEIRA, A.G. Estabilidade de Medicamentos: Realidade Brasileira. Revista Farmácias Brasileira, v.20, p.4-8, jan/fev, 2001. O transporte de medicamentos é uma importante etapa para que os medicamentos cheguem até nos os consumidores finais em devidas condições para consumo, sem alteração em sua fórmula e tendo o efeito proposto pelo fabricante. Qualquer falha durante qualquer etapa que o medicamento passa pode comprometer o produto. Segundo a Publicação do Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (2009, p. 25), “O transporte deve garantir que os produtos farmacêuticos cheguem ao destino conforme indicações especificadas.” Durante o transporte existem alguns cuidados que devem ser levados em consideração como: - Evitar exposição dos produtos ao calor excessivo (acima de 30ºC); - Usar veículo fechado; - Nunca expor os produtos diretamente ao sol ou à chuva; - Não transportar os produtos com gelo seco; - Não deixar o veículo estacionado ao sol; - Descarregar primeiro os produtos termolábeis, para estocá-los imediatamente no refrigerador. (Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás, 2009, p.25) Os medicamentos devem ser transportados por empresas autorizadas para que não se perca sua identificação, não haja a contaminação com outros produtos e que apresente medidas especiais para a segurança do produto. (Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás, 2009, p.25) Quando se trata de deslocamento de produtos entre fabricantes e compradores, algumas variáveis devem ser consideradas. Entre elas, estão os volumes envolvidos em uma transição, que devem ser considerados sob dois ângulos, primeiro refere-se as quantidades deslocadas até a chegada do ponto de destino, segundo ao aspecto físico, de um medicamento, devemos dar importância a sua embalagem. (Gobe, A.C et al.., 2004) Para determinados produtos os prazos de sua entrega são tão importantes que, devido à vida do produto ser extremamente curta, poderemos ao estender seu prazo de entrega prejudicar vendas futuras. (Dias, M.A.P., 1983, p.) 7. Embalagem No processo logístico, um fator importante a considerar é o próprio produto. A embalagem está intimamente ligada ao produto como um meio de assegurar entrega segura ao cliente em boa situação. A produção coloca os produtos na embalagem, essa embalagem possibilita operações seguras para o produto e maior velocidade para produção. (Instituto Imam, 2000) Existem três embalagens: -Embalagem Externa - utilizada exclusivamente para a proteção do produto durante as movimentações e armazenagem; -Embalagem Primária - é o acondicionamento que esta em contato direto com o produto; - Embalagem Secundária - é o envoltório destinado as embalagens primárias. (Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás, 2009, p. 9) Na embalagem externa as especificações devem conter as informações de acondicionamento, embalagem e armazenagem. (Santoro, M.I.R. M; 1988, p.9) Estas especificações podem ser importantes para os transportadores. 8. Problemas no Sistema de Entrega Algumas dificuldades encontradas durante o transporte de medicamentos são: falhas na entrega; controle de temperatura e roubos de carga. 8.1. Falhas na Entrega Alguns problemas que influenciam no atraso da entrega podem ser ocasionados pela falta de tempo por parte dos motoristas; entrega sem a solicitação do cliente; o cliente não querer receber o produto devido à falta de cumprimento do prazo e horário estabelecido; a falta de manutenção dos veículos; o desconhecimento da rota; o preenchimento incorreto da nota fiscal. (Dornier, P.P, 2000, p.136) Outros fatores que podem causar atrasos são os congestionamentos, a má distribuição da coleta e o mau planejamento da rota. 8.2. Controle de Temperatura Os produtos farmacêuticos necessitam de cuidados especiais, como a temperatura e umidade controlada, elas mudam de acordo com a necessidade do produto e devem ser monitoradas constantemente. Durante a armazenagem, transporte e manuseio, há a preocupação com a exposição do produto com as temperaturas externas. Portanto o controle deve ser rigoroso. Porém segundo Macedo, S.H.M.; Garcia, T.R.L., [2007?] São precárias as informações acerca do monitoramento das condições de temperatura no transporte rodoviário de medicamentos. Atualmente, esses estudos são realizados utilizando-se os “registradores de temperatura”, que permitem a programação da duração do trajeto e da leitura do registro em intervalos de tempo pré-estabelecidos. Para confiabilidade dos dados, esses equipamentos precisam estar devidamente calibrados e sua localização dentro do caminhão-baú e/ou do volume da carga tem que ser planejada. Uma vez realizada a coleta é necessário que um profissional capacitado efetue a análise dessa informação e elabore relatórios/protocolos de registros. Uma recomendação feita pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de Goiás (2009) é a utilização do aparelho termo higrômetro que mede a temperatura e a umidade do local de armazenagem do produto. 8.3. Roubos de Carga Além das dificuldades enfrentadas, pelos transportadores de produtos farmacêuticos, como o controle da temperatura e as falhas no transporte. Há preocupação com o grave problema de roubo de carga. Tabela 1 – Roubo de Carga nas regiões do Brasil em 2010 Regiões Índice de Roubo de carga (%) Norte Nordeste Centro-oeste Sudeste Sul 2,03% 7,21% 2,19%, 79,94% 8,63%. Fonte: NTC&Logística, 2011) Conforme a tabela a região Sudeste é a que possui o maior índice de roubo. Com o estado de São Paulo representando 56,73% e Rio de Janeiro 20,34%. (NTC&Logística, 2011) Segundo a NTC&Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logísticas,2011),alguns dos produtos mais visados são: produtos alimentícios, cigarros, eletroeletrônicos, produtos farmacêuticos, produtos metalúrgicos, produtos químicos, têxteis e confecções, autopeças e combustíveis. 9. Possíveis Soluções Buscando a melhor qualidade no serviço de transporte, são utilizados algumas ferramentas e recursos tecnológicos, para que haja maior controle e eficiência nesta etapa do processo logístico do produto farmacêutico. 9.1 Ferramentas contra Falha na Entrega O problema de falha na entrega podem ser ter várias causas, portanto é necessário primeiro identificá-la, e em seguida buscar a solução mais adequada. Para a identificação dessas causas e obter possíveis soluções, pode ser utilizada as ferramentas da qualidade total (Brainstorming, Diagrama de causa e efeito, Histogramas, Análise ABC, Diagrama de Fluxo de Processo, Gráficos de Controle), já citada anteriormente. 9.2. Melhoria no Controle de Temperatura O controle de temperatura é um grande desafio para os transportadores. “Uma das dificuldades para a realização de um controle efetivo de temperatura no trajeto de transporte são as variações climáticas das regiões e a extensão geográfica do Brasil.” (Macedo, S.H.M.; Garcia, T.R.L., 2007) Segundo Macedo, S.H.M.; Garcia, T.R.L., [...] conhecer os riscos reais do tempo de exposição do produto a determinadas temperaturas seria a condição ideal para o desenvolvimento de medidas de prevenção de desvios da qualidade do medicamento até seu uso. Nesse sentido, os setores envolvidos, fabricante, distribuidor, operador logístico, transportador, dispensador e consumidor, em conjunto poderão desenvolver um sistema de qualidade voltado para as Boas Práticas de Transporte e de proteção à saúde pública. As normas de Boas Práticas são importantes para a melhoria contínua. Conforme Oliveira, O.J. (2004), estas normas segue os padrões de não aceitar defeitos, prevenir os riscos, atitudes voltadas para a eficiência e eliminação de causas e erros. 9.3 Recursos contra Roubos de Carga Na tentativa de minimizar os riscos, os transportadores adotam o gerenciamento de risco. Segundo o Souza, P. R. [2006?], o gerenciamento de risco no transporte rodoviário de cargas é, [...] um conjunto de técnicas e medidas preventivas que visam identificar, avaliar e evitar ou minimizar os efeitos de perdas ou danos que possam ocorrer no transporte de mercadorias, desde a origem até o destino da carga, garantindo que o produto esteja no local desejado, dentro do prazo previsto e de acordo com sua conformidade. O gerenciamento de risco começa a partir do momento em que a carga esta sob poder e responsabilidade da transportadora, desde a coleta, armazenagem, transferência e entrega. As analises dos riscos são feitas e determinam quais são pontos do processo que apresenta maior e menor risco, possibilitando assim que sejam tomadas as medidas adequadas para cada etapa. (Souza, P. R. [2006?]) Segundo Souza, P. R. [2006?], os objetivos do gerenciamento de risco no transporte rodoviário de cargas é de: -Redução dos riscos e da sinistralidade envolvidos na atividade empresarial, com conseqüente redução dos prêmios de seguros. - Preservação de vidas humanas e de bens materiais (segurança do patrimônio da corporação). - Viabilização de seguros adequados às atividades operacionais da empresa, permitindo a redução de custos e a competitividade no mercado. - Cumprimento dos compromissos com clientes, garantindo que os produtos estarão no lugar certo e na hora certa. - Diferencial competitivo no mercado. - Aumento da produtividade e da lucratividade. - Manutenção da imagem da empresa. - Motivação dos funcionários. Conforme Brasiliano (2008), existem alguns pontos críticos no planejamento estratégico do gerenciamento de risco, que são: - Identificação de riscos – através das características da operação de logística, os riscos são apontados. - Análise de riscos – são verificados a freqüência das rotas, mix de cargas, pontos de maior probabilidade de sofrer perdas, entre outros. - Planejamento de medidas e condutas preventivas e emergenciais – nesta fase deve ser elaborado um manual de operações com o objetivo de padronizar as condutas entre toda a cadeia de logística e da segurança. - Operacionalização – fase onde todo o sistema e processo planejado serão iniciados. - Controle e avaliação – esta última fase é alimentada de forma contínua, com o objetivo de medir o desempenho do GR e adequar possíveis erros. No gerenciamento de risco são utilizadas algumas ferramentas de segurança, segundo Brasiliano (2008), alguns desses recursos são: 1. Rastreamento da Frota – tecnologia de transmissão de dados via satélite através de rastreadores e bloqueadores que utiliza GPS ou não, radiocomunicação e celular. 2. Acompanhamento Via Fone – monitoramento realizado através de ligações realizadas pelos motoristas em postos de controle, quando necessário é possível efetuar plano de contingência. 3. Escolta Armada – ferramenta utilizada através do recurso humano no processo de segurança, apoiado muitas das vezes por um dos sistemas de localização. Utilizado quando carga possui um alto valor agregado. 4. Pesquisa Sócio-Econômica e Criminal – levantamento da vida econômica, social e dos antecedentes criminais dos integrantes do processo logístico. 5. Operação Presença – presença física da gestão de risco dentro da empresa contratante. 6. Treinamento “in loco” – treinamento realizado para equipe logística, principalmente para motoristas e ajudantes, antes do início de cada viagem. 7. Endomarketing – ferramenta utilizada para conscientização dos colaboradores sobre a importância do gerenciamento de risco. 8. Normas e Procedimentos – documento que regula a atividade de gerenciamento de risco, imposto pela seguradora. Regulamentando também a execução do projeto e possíveis auditorias. 9. Formação de Comboio – O comboio é a formação de uma coluna de deslocamento rodoviário no qual ponto de origem e destino para os veículos são congruentes. Sendo mais fácil subtrair um veículo com uma determinada carga atrativa embarcado do que três ou mais veículos com cargas mixadas no qual volume total de um veículo é dividido pelo número de veículos na formação do comboio. 10. Segregação da Informação – Segregar informações de todo o processo logístico, para que não sejam utilizadas na prática de delito. 11. Serviço de Investigação – Atividade preventiva e corretiva, para identificação dos autores do crime. Conclusão De acordo com o que foi apresentado no artigo, é possível observar que o transporte rodoviário de cargas apresenta alguns problemas de qualidade devido à infraestrutura e outras causas que prejudicam a eficiência desse serviço. No transporte de medicamentos uma das maiores dificuldades é manter o controle rigoroso sobre todo o processo. Devido à complexidade de manter o controle para que o produto seja entregue em suas devidas condições e devido às possíveis vantagens que o serviço terceirizado traz; algumas indústrias farmacêuticas buscam este tipo de serviço. Apesar de ser apenas uma parte de todo o processo percorrido pelo medicamento, há uma grande preocupação quanto à qualidade do transporte. O transporte de produtos farmacêuticos, apresentam alguns problemas que afetam diretamente na qualidade deste serviço, podendo alterar o medicamento e gerar graves conseqüências. Estes problemas são: o controle da temperatura, que deve ser rigoroso, seguindo as especificações de cada tipo de medicamento, a falha na entrega desses produtos, que pode ter como causa o mau planejamento e os problemas de roubo de carga que geralmente ocorre quando a carga apresenta alto valor agregado. Diante desses problemas os transportadores utilizam ferramentas e recursos tecnológicos, com objetivo de amenizar os problemas encontrados e poder oferecer um transporte de qualidade aos seus clientes. Referências Bibliográficas BRASIL. ANVISA. Portaria n.º 802, de 08 de outubro de 1998. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/legis/portarias/802_98.htm>. Acesso em: 2 nov. 2011. BRASILIANO, Antonio Celso Ribeiro. Gerenciamento de Riscos no Transporte Rodoviário de Cargas. Disponível em: <http://www.brasiliano. com. br/blog/?p=194>. Acesso em: 28 nov. 2011. CAIXETA-FILHO, José Vicente; MARTINS, Ricardo Silveira (Org.). Gestão Logística do Transporte de Cargas. 1. ed. 6 reimpressão. 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