Guia de Aplicação Grau de Aprendiz Maçom "Que mistério é esse? É o conhecimento da natureza, o discernimento do poder que ela encerra e de suas obras múltiplas, o conhecimento dos números, pesos, medidas e da melhor maneira de fazer todas as coisas para uso dos homens, sobretudo habitações e edifícios de todos os gêneros, assim como todas as outras coisas que contribuem para bem do homem.” 1. Primeiro Módulo. Direcionado aos neófitos quando de sua Iniciação. A Preparação do Candidato Sessão Magna de Iniciação. Módulo: A Preparação do Candidato. Trabalho: O Despojamento dos Metais. Após a Cerimônia de Iniciação, é dado a cada novo Irmão o módulo intitulado “A Preparação do Candidato”. A partir deste módulo de Oswald Wirth, para a próxima sessão, cada um dos Iniciados deverá apresentar um pequeno trabalho intitulado “O Despojamento dos Metais”. Texto suporte para distribuição. Os Metais, de O. Wirth em Os Mistérios da Arte Real. 2. Sessão subseqüente à Iniciação. Complemento à Iniciação Módulo: Complemento à Iniciação. A Sessão que se segue à de Iniciação é reservada ao Complemento. Cada um dos novos Aprendizes recebe um módulo que deverá preencher e devolver à Loja na Sessão seguinte. Dá-se ênfase, desde já, também ao trolhamento. Texto suporte, com ênfase à experiência que os neófitos tiveram durante sua permanência na Câmara de Reflexões. Trata-se da primeira prova, aquela da Terra, bem como da descoberta do VITRIOL. Texto: A Descida aos Infernos, O. Wirth, em Os Mistérios da Arte Real. 3. A terceira sessão reservada ao grau de A.'.M.'. deve ser direcionada à compreensão do significado de nossos ss.'., tt.'. e pp.'.. Meios de Reconhecimento Módulo: Meios de Reconhecimento.Trabalho em Loja: Recreação e Prática. A Ordem do Dia é reservada à leitura do módulo. Com a Loja em recreação, há treinamento de todos, com exercícios referentes a “estar à ordem”, ao toque e à marcha. Retoma-se o trolhamento. Os trabalhos da Sessão passada devem ser entregues à Administração da Loja. É fundamental aprofundar o significado e a importância de nossos símbolos. O que significa "estar à ordem"? Por que a palavra é "soletrada"? Qual o significado do "toque"? Por que os três pontos caracterizam a assinatura de um Maçom? O texto suporte de O. Wirth que apresentamos a seguir sugere uma série de idéias que podem ser desenvolvidas pelos novos Aprendizes, a critério da Administração da Oficina. Os Segredos do Aprendiz, O. Wirth, em Os Mistério da Arte Real. 4. A quarta sessão reservada ao Grau de A.'. M.'. vai tratar do significado da bebida oferecida ao neófito por ocasião de seu ingresso na Maçonaria. De que maneira o Maçom deve enfrentar a amargura do cálice da vida? O Cálice da Amargura (I) Módulo: O Cálice da Amargura. Trabalho: O que o Aprendiz Espera da Maçonaria. Na Ordem do Dia, há leitura e reflexão sobre o texto. O trabalho que o Aprendiz deverá apresentar, — a respeito do que espera da Maçonaria, — deve relacionar-se ao texto que trata, especificamente, de um dos momentos vivenciados na Iniciação. Como se pode observar, há alternância entre sessões eminentemente recreativas e sessões reflexivas. Com isso, a Direção, analisando cada trabalho, pode avaliar o Aprendiz e medir seu grau de assimilação. Mais ainda, saber até que ponto a Iniciação teve importância e significado em sua vida. O texto suporte, ilustrativo, trata do mesmo tema. O. Wirth aborda novamente o assunto, desta vez, em Os Mistérios da Arte Real, O Cálice da Amargura (II). 5. Chegamos à quinta sessão A.'. M.'.. Desta vez, os Aprendizes são convidados a pensar, a refletir sobre dois momentos de sua Iniciação. Recebem dois textos de O. Wirth e devem correlacionar um e outro. O Fogo Sagrado A Magna Obra Módulos: O Fogo Sagrado e A Magna Obra.Trabalho: A Iniciação. Trata-se agora de aprofundar a vivência iniciática. São dois textos complementares que deverão ser lidos na Ordem do Dia. O Trabalho escrito exigido dos Aprendizes deverá versar sobre a Iniciação. O primeiro texto aborda a prova da água e a do fogo; o segundo, o significado da obra. 6. Na sexta sessão, apresentam-se os cargos aos A.'. M.'.. Tratam-se das funções e atribuições inerentes aos cargos em seu desempenho ritualístico e legislativo. Os Cargos e sua Competência Módulo: Os Cargos e sua Competência. A Ordem do Dia é reservada a uma breve análise dos cargos em Loja e à competência administrativa de cada um. Recomenda-se a distribuição do módulo a todos os presentes, cada um lendo a parte que lhe cabe. Como texto suporte, vamos explorar o sentido esotérico da Loja. O que sugere a universalidade da Maçonaria? Como os antigos representavam o Quadrilongo? Que valor o mais puro esoterismo maçônico atribui ao L.'. da L.'.. A Loja, O. Wirth, em Os Mistérios da Arte Real. 7. 8. 9. 10. As sétima, oitava, nona e décima sessões são dedicadas, especificamente, à ritualística. Trata-se da prática, do trabalho em Loja. O módulo "Legislação" é bastante extenso, mas esclarece muitas dúvidas à luz das leis observadas em nossa Potência. Legislação Módulo: Legislação. Este módulo deve ser desdobrado em quatro sessões, em demonstração prática com Loja em Recreação. Trata-se de um módulo complexo que aborda todo o desenvolvimento ritualístico dentro de uma Loja. Tem caráter eminentemente prático e visa a familiarizar os Aprendizes com a Loja aberta. Tudo é abordado, desde o traje maçônico até a cadeia de união. Cada item deve ser comentado minuciosamente. 11. É hora de testar conhecimentos. Avaliação Módulo: Teste de Avaliação. Aplicação: mediante sorteio em que todos participam.Trata-se de um momento de descontração. Há várias maneiras de se aplicar este módulo. As respostas podem ser anônimas, fornecidas à Direção que pode assim avaliar o progresso dos Aprendizes. Outra maneira é através de sorteio. Todos, — inclusive o Venerável Mestre, —recebem um número. Estando, por exemplo, presentes vinte Irmãos na Loja, cada um recebe um número de 1 a 20. Os mesmos números, depois, são sorteados, cabendo a cada Irmão responder às questões na ordem em que aparecem na folha. 12. Apenas agora, depois de prolongado contato com o Templo e maior intimidade com a ritualística, acreditamos haver chegado o momento de ministrar a 1ª Instrução aos Aprendizes. 1ª Instrução do Grau de A∴M∴ 1ª Instrução do Grau de A∴M∴.Trabalho: Entrega dos módulos devidamente preenchidos pelos Aprendizes. A primeira Instrução é dada, e cada um dos AA.’. MM.’. recebe um módulo que vai preencher e devolver à direção. O objetivo é forçar a leitura do Ritual e familiarizar o dissente com o vocabulário maçônico. O texto suporte, extraído da obra Os Mistérios da Arte Real, intitula-se A Restituição dos Metais e, entre outras reflexões, sugere que descubramos em nós mesmos o que seria a matéria primeira dos sábios... 13. Cada um deverá descobrir por si mesmo o que existe de iniciático em nossa ritualística. Ritualismo Iniciático Módulo extraído da obra Os Mistérios da Arte Real – Estudo sobre o Ritualismo Iniciático das Confraternidades de Construtores. Trabalho em Loja: recapitulação dos meios de reconhecimento. Trabalho: As Três Vias Secretas através das quais se Opera a Iniciação. Lendo com atenção o texto, o Aprendiz deverá descobrir quais são as três vias secretas que a Maçonaria disponibiliza aos seus. É um trabalho reflexivo e deve ser entregue à direção. Em Loja, são recapitulados os meios de reconhecimento. 14. Chegamos à 14ª Sessão em grau de A.'. M.'.. A reflexão torna-se imperativa, e o trabalho exigirá bastante de cada um. A Serpente do Gênesis Módulo: A Serpente do Gênesis.Trabalho em Loja: Revisão dos ss∴tt∴pp∴. Trabalho: Correlacione com a “A Magna Obra”. Este módulo apresenta um dos mais polêmicos e complexos textos de Oswald Wirth. Trata-se de uma interpretação fundamental ao desempenho do trabalho maçônico. Os Aprendizes devem correlacioná-lo a outro texto do autor: aquele que se refere à Magna Obra e encontrar pontos de contato que se evidenciam. 15. Sessão reservada à 2ª Instrução A.'. M.'.. 2ª Instrução do Grau de A.'.M.'. O Templo de Salomão 2ª Instrução A∴M∴e Módulo: O Templo de Salomão.Trabalho: devolver devidamente preenchido. Segue-se o mesmo método de aplicação empregado quando da 1ª Instrução A∴M∴; a diferença é um módulo de reforço que apresenta aspectos históricos relacionados ao Templo de Salomão, com caráter apenas informativo, sem omitir uma tomada de posição dentro de nosso critério histórico-antropológica da Maçonaria. Segue-se o mesmo método de aplicação empregado quando da 1ª Instrução A∴M∴; a diferença é um módulo de reforço que apresenta aspectos históricos relacionados ao Templo de Salomão, com caráter apenas informativo, sem omitir uma tomada de posição dentro de nosso critério históricoantropológica da Maçonaria. Na medida em que há muito contato com opiniões diferentes sustentadas, mesmo por Maçons, nossa meta é contrabalançar essas diferenças, a fim de que o Aprendiz possa, realmente, começar a integrar o “três” de seu grau, ou seja, conhecer cada lado de uma questão, analisá-la e sopesá-la, para só então formar um juízo e adotar uma posição. Não podemos nem devemos ignorar que há muitas publicações que falam de Maçonaria, mas que, no fundo, apenas usam dela para fazer proselitismo de suas crenças, de suas seitas e de seus interesses pessoais. Não podemos nem devemos impedi-los; mas temos por dever esclarecer nossos Aprendizes a respeito da natureza dessas posições, sem jamais impor nada, pois que devem ser, acima de tudo, Homens Livres. A sessão seguinte será prática, com ênfase na revisão. Como texto suporte, sugerimos a atenta leitura da Introdução a uma obra de Oswald Wirth intitulada O Ideal Iniciático tal como se Depreende dos Ritos e Símbolos. 16. Sessão reservada à 3ª Instrução A.'. M.'.. 3ª Intrução do grau de A.'. M.'. Módulo: 3ª Instrução A∴M∴Trabalho: Devolver devidamente preenchido. O texto sugerido como reforço à terceira instrução, Os Ritos de Abertura e Fechamento dos Trabalhos, também faz parte da obra de Oswald Wirth intitulada Os Mistérios da Arte Real. Seria bastante proveitoso descobrir aí, entre outras coisas, por que os Maçons trabalham do meio-dia à noite... 17. Sessão reservada à 4ª Instrução A.'. M.'. e seu complemento. 4ª Instrução A∴M∴ Complemento Módulos: 4ª Instrução A∴M∴ e Complemento.Trabalho: Devolver devidamente preenchido. Trabalho em Loja: Discussão aberta sobre a 4ª Instrução – O laço de solidariedade.Trabalho: O Laço de Solidariedade. A Ordem do Dia subseqüente à 4ª Instrução deve ser dedicada a uma discussão aberta sobre o significado da ajuda mútua e quais os seus limites. Abordam-se, ainda, os chamados “inimigos” da Maçonaria. Todos devem participar e opinar. Como texto suporte, sugerimos a análise e discussão em Loja de um dos mais belos textos de Oswald Wirth, onde este incomparável escritor nos relata a existência de Um Documento Significativo, da obra Os Mistérios da Arte Real. 18. Sessão reservada à 5ª Instrução A.'. M.'.. 5ª Instrução A.'. M.∋. A Magia dos Números A Cabala Módulos: 5ª Instrução A∴M∴ e Complemento. Trabalho: Devolver devidamente preenchido; o Complemento à 5ª Instrução tem caráter apenas informativo, não sendo necessária sua leitura em Loja. Finalmente, a 5ª Instrução. Sua temática envolve numerologia. Ora, a fim de evitar a formação de juízos precipitados a respeito do tema, fornecemos um módulo complementar destinado a ampliar a visão do número ao longo da história, especialmente no que toca a conceitos antigos que já não são mais usuais, ao menos no mundo profano. Não é necessária a leitura deste trabalho em Loja. Com já se disse, serve apenas para informar e situar o Obreiro na História, o que esperamos evite que nossos Aprendizes caiam em erro, adotando posturas e visões já superadas. Algo deve ficar claro: a Maçonaria busca a “Verdade” através de conteúdos metafísicos eternamente válidos. Tais conceitos, porém, não se constituem em dogma, nem se confundem com afirmações que satisfizeram nossos ancestrais. Nossa admiração pelo passado não significa submissão às formas adotadas naqueles tempos; cumpre-nos situá-las temporalmente, até que sejam, por sua vez, ultrapassadas por nossos sucessores. Ainda por esses mesmos motivos, e em razão mesmo do que se estuda na 5ª Instrução do Grau de A.'. M.'., o segundo complemento aparece com o Módulo intitulado "A Cabala, Busca Filosófica da Compreensão de Deus", também com o objetivo de informar os obreiros sobre a origem e a história dessa matéria, tão controversa e fascinante. 19. Sessão reservada à discussão de uma questão semântica a ser compreendida. Trolhamento ou Telhamento? Módulo: Trolhamento ou Telhamento? Leitura e discussão em Loja. 20. Recomendamos a todos a atenta leitura desse trabalho gentilmente cedido pelo Ir.'. Adayr Paulo Modena. Proêmio ao Estudo da Abóbada Celeste Nossa sugestão é que a administração da Oficina contate o autor desse brilhante e minucioso estudo, pedindo-lhe que realize uma palestra sobre o tema em Grau de A.'. M.'.. 21. Chegamos à 21ª sessão reservada ao Grau de A.'. M.'.. É hora de pensar no aumento de salário. Trabalho para Aumento de Salário Módulo: Trabalho para Aumento de Salário. Instrução em Loja. Distribuição do módulo de apoio. A administração de cada oficina deve resolver de que maneira os AA.’. MM.’. deverão apresentar seu “Trabalho”, obtendo assim o “aumento salarial” que lhes vai permitir chegar ao Grau de C.’. M.’.. Trata-se de uma situação angustiante para alguns que, muitas vezes, não sabem sequer como começar a escrever e têm, além disso, muitas dúvidas sobre o que fazer na hora de se apresentarem perante os MM.’. da Loja a que pertencem. Assim, o presente roteiro, uma vez distribuído àqueles que estão por se tornarem CC.’. MM.’., poderá ser de alguma utilidade. 22. Sessão reservada à apresentação dos trabalhos para concessão do aumento de salário. A Preparação do Candidato Solicitar a iniciação não é algo superficial. É necessário firmar um pacto. A verdade não tem firma estampada, visível e externa, não vai aposta com uma pena empapada de sangue, senão que moral e imaterial, comprometendo puramente a alma consigo mesma. Não se trata aqui de um pacto com o diabo, espírito maligno e, por certo, fácil de enganar, mas, na realidade, trata-se de um comprometimento bilateral e muito sério, cujas cláusulas são iniludíveis. Os iniciados, com efeito, contraem deveres muito sérios com o discípulo que admitem em seus templos e este fica, por sua vez, unicamente pelo ato de sua admissão, ligado de modo indissolúvel a seus Mestres. Seguramente, é possível enganar nossos Mestres e burlar-lhes as esperanças ao nos revelarmos maus discípulos, depois de lhes haver feito conceber grandes esperanças. Mas toda experiência resulta instrutiva e, por dolorosa que seja, ensina-nos a prudência; quem resta, ao final, confundido é o presunçoso que quis empreender uma tarefa superior às suas forças. Na verdade, se sua ambição limita-se a luzir as insígnias de uma associação iniciática como a Franco-Maçonaria, pode, com pouco dinheiro, pagar-se esta satisfação. Mas as aparências são enganadoras e, do mesmo modo que o hábito não faz o monge, tampouco pode o avental fazer por si só o Maçom. Ainda que alguém fosse recebido na devida forma e proclamado membro de uma Loja regular, poderia ficar para sempre profano no que se refere a seu interior. Uma fina capa de verniz iniciático pode induzir em erro as mentes superficiais, mas não pode, de modo algum, enganar o verdadeiro iniciado. Não consiste a Iniciação num espetáculo dramático nem aparatoso, sem que sua ação profunda transmute integralmente o indivíduo. Se não se verificar em nós a Magna Obra dos hermetistas, seguiremos sendo profanos e jamais poderá o chumbo de nossa natureza transmutar-se em ouro luminoso. Mas quem seria bastante crédulo para imaginar que tal milagre pudesse ter lugar em virtude de um apropriado cerimonial? Os ritos da iniciação são apenas símbolos que traduzem, em objetos visíveis, certas manifestações internas de nossa vontade, com a finalidade de ajudar-nos a transformar nossa personalidade moral. Se tudo se reduzisse ao externo, a operação não daria resultado: o chumbo permanece chumbo, ainda que recoberto de ouro. Entre os que lerem estas linhas, ninguém, por certo, há de querer ser iniciado por um método galvanoplástico. O que se chama toque não se aplica à Iniciação. O iniciado verdadeiro, puro e autêntico não se contenta de um verniz superficial: deve trabalhar ele mesmo, na profundidade de seu ser, até matar nele o profano e fazer com que nasça um homem novo. Como proceder para obter êxito? O Ritual exige, como primeiro passo, que se despoje dos metais. Materialmente, é coisa fácil e rápida; sem embargo, o espírito se desprende com dificuldade de tudo quanto o deslumbra. O brilho externo o fascina e é com profundo pesar que se decide a abandonar suas riquezas. Aceitar a pobreza intelectual é condição prévia para ingressar na confraternidade dos Iniciados, como também no reino de Deus. Ser consciente de nossa própria ignorância e rechaçar os conhecimentos que acreditamos possuir é o que nos capacita a aprender o que desejamos saber. Para chegar à Iniciação, é preciso voltar ao ponto de partida do próprio conhecimento, em outros termos: à ignorância do sábio que sabe ignorar o que muitos outros figuram saber, quiçá demasiado facilmente. As idéias preconcebidas, os preconceitos admitidos sem o devido contraste falseiam nossa mentalidade. A iniciação exige que saibamos desprezá-los para voltar à candura infantil ou à simplicidade do homem primitivo, cuja inteligência é virgem de todo ensinamento pretensioso. Podemos pretender o êxito completo? É, desde logo, muito duvidoso; mas todo sincero esforço nos aproxima da meta. Lutemos contra nossos preconceitos, buscando nos livrar de nós mesmos; sem pretender atingir uma libertação integral, este estado de ânimo favorecerá nossa compreensão que se abrirá, assim, às verdades que nos incumbe descobrir, principiando nossa instrução. Em primeiro lugar, o desenvolvimento de nossa sagacidade. Nos serão propostos enigmas, a fim de despertar nossas faculdades intuitivas, posto que, antes de tudo, devemos aprender a adivinhar. Em matéria de iniciação, não se deve inculcar nada, nem se impor nada, ainda que com o mínimo espírito. Sua linguagem é sóbria, sugestiva, cheia de imagens e parábolas, de tal maneira que a idéia expressa escapa a toda assimilação direta. O iniciado deve negar-se a ser dogmático e guardar-se-á de dizer: “Estas são minhas conclusões; acreditai na superioridade de meu juízo e aceitai-as como verdadeiras”. O iniciado duvida sempre de si mesmo, teme um possível equívoco e não quer se expor a enganar os demais. Assim é que seu método remonta até o nada saber, à ignorância radical, confiando em sua negatividade para preservar-lhe de todo erro inicial. Entre os que pretendem ser iniciados por se haver empapado de literatura ocultista, quantos haverão de saber depositar seus metais? Se eles faltam, de tal sorte, ao primeiro de nossos ritos, é de todo ilusório o valor de sua ciência, tanto mais mundana quanto mais originária de dissertações profanas. Tantos quantos tentaram vulgarizar os mistérios, profanaram-nos, e os únicos escritores que permaneceram fiéis ao método iniciático foram os poetas, cuja inspiração nos revelou os mitos, e os filósofos herméticos, cujas obras resultam de propósitos ininteligíveis à primeira leitura. A iniciação não se dá nem está ao alcance dos débeis: é preciso conquistá-la e, como o céu, só a conseguirão os decididos. Por isso se exige do candidato um ato heróico: deve fazer abstração de tudo, realizar o vazio em sua mente, a fim de logo poder criar seu próprio mundo intelectual, partindo do nada e imitando Deus no microcosmo. Oswald Wirth Os Metais Os simples enganam-se menos, em sua ignorância cândida, que os soberbos em seu saber pretensioso. Descartes, em seu método, prescreve ao filósofo começar esquecendo-se de tudo aquilo que ele sabe, a fim de reduzir seu intelecto à tabula rasa. É uma ignorância querida que se torna o começo do verdadeiro conhecimento; o despojamento dos metais faz alusão a esse empobrecimento intencional, graças ao qual o espírito, desembaraçado de todos os falsos bens, prepara-se para a aquisição de incontestáveis riquezas. Para tornar-se Franco-Maçom, é preciso começar por despojar-se de seus metais. Aplicada em todas as Lojas, esta regra parece remontar a uma prodigiosa antiguidade, pois que, num poema babilônico que já passava por muito antigo há cinco mil anos, a deusa Ishtar nos é mostrada constrangida a depositar, sucessivamente, seus adornos, a fim de poder franquear as sete muralhas do mundo infernal e comparecer nua perante sua irmã, a temível rainha da morada dos mortos. Que significa a renúncia aos metais? Vê-se aí o símbolo de um empobrecimento voluntário, porque se diz que os ricos não entram no Reino de Deus, o que, filosoficamente, se aplica aos afortunados da inteligência, satisfeitos daquilo que possuem e muito apegados aos seus bens para deles se desfazerem e trabalharem na aquisição de riquezas de valor mais efetivo. O metal brilha, ele deslumbra e presta-se às trocas, de onde o seu poder de compra que se estende até as consciências. É assim que o ouro e a prata fazem ofício de agentes de corrupção, enquanto o bronze e o ferro tornaram mais mortais as lutas entre os seres humanos. É surpreendente, nessas condições, que os antigos moralistas hajam lamentado a idade anterior ao uso dos metais? Eles atribuíram aos metais todas as perversões, de forma que o retorno ao estado de candura, de inocência e de pureza fosse figurado em sua linguagem alegórica por uma renúncia aos metais. O metal lembra, além disso, aquilo que é artificial e que não pertence à natureza original do homem; ele é o símbolo da civilização que faz pagar caro aos humanos as vantagens que ela proporciona. O civilizado ignora aquilo que perdeu; é preciso, todavia, que ele saiba disso, para reconquistar as virtudes primitivas. Ele nem sempre é tornado melhor pela instrução, e numerosos vícios, ignorados pelo selvagem, são nele desenvolvidos. Uma associação visando à melhora dos indivíduos e, através deles, à melhora da sociedade humana, deve esforçar-se para remediar as perversões consecutivas aos progressos das artes e das ciências. Não se trata, todavia, de uma reintegração tal como entendem certas escolas. A conquista de um paraíso, análogo àquele do qual foi expulsa a humanidade primitiva, não é uma perspectiva do amanhã; não pode se tratar senão que do despertar de faculdades naturais, das quais a vida civilizada não exige mais o emprego. A perda dessas faculdades nos coloca em inferioridade, quando somos chamados a compreender outra coisa além de frases. Ora, como a sabedoria fundamental do gênero humano é independente dos modos de expressão de nossa época, é preciso, para iniciar-se nos mistérios dessa sabedoria, começar por uma renúncia aos processos modernos, que nos levam a brincar com as palavras de cujo valor nós abusamos. Os homens pensaram antes de possuir uma linguagem filosófica, antes de adotarem termos pesquisados, adaptando-se às concepções abstratas. Desde que sua inteligência despertou espontaneamente, eles foram levados a refletir sobre o mistério das coisas. Aquilo que lhes vem ao espírito, fora de toda sugestão anterior, merece ser procurado por nós, que aspiramos nos afastar dos erros acumulados, em meio aos quais nos debatemos. O primitivo não era um estúpido e, se nós remontarmos à fonte de sua inspiração, não poderemos senão admirar sua instintiva lucidez. É preciso que nos tornemos lúcidos por nossa vez, colocandonos em condições nas quais, afastados de toda experiência convencional, nosso espírito reencontre sua original impressionabilidade receptiva. Os simples enganam-se menos, em sua ignorância cândida, que os soberbos em seu saber pretensioso. Descartes, em seu método, prescreve ao filósofo começar esquecendo-se de tudo aquilo que ele sabe, a fim de reduzir seu intelecto à tabula rasa. É uma ignorância querida que se torna o começo do verdadeiro conhecimento; o despojamento dos metais faz alusão a esse empobrecimento intencional, graças ao qual o espírito, desembaraçado de todos os falsos bens, prepara-se para a aquisição de incontestáveis riquezas. Um símbolo não vale senão por aquilo que ele significa; não é, pois, de tomar-se como trágica uma prescrição tradicional. O gesto ritualístico é apenas a imagem de uma operação mental que unicamente importa na realidade. Infelizmente, a materialidade do rito é suficiente para a maioria dos Franco-Maçons que, não havendo jamais sonhado em despojar-se de seus metais em espírito e verdade, excluem-se a si mesmos da efetiva Iniciação maçônica. Não há lugar, no começo da Iniciação, para ver os metais sob os múltiplos aspectos de seu simbolismo. O programa iniciático é gradual. O estudo dos números prossegue normalmente, partindo da Unidade para chegar ao Setenário após uma preparação. Ora, os Metais-Planetas figuram as causas segundas, coordenadoras do caos. O Companheiro penetra-se das leis de sua ação para elevar-se ao Mestrado; quanto ao recipiendário, ele não irá além daquilo que sugere a deposição dos metais, vistos como fazendo obstáculo ao exercício das faculdades intelectuais que o homem possuiu em estado de natureza. Estas faculdades se manifestam por uma acuidade de percepção que fazia o primitivo adivinhar aquilo que o civilizado não chega a conceber. Tudo é símbolo para o espírito ingênuo posto em presença de fenômenos naturais: a criança possui o sentido de uma poesia que o adulto erra em desdenhar, porque a prosa está longe de reinar sozinha no universo. A revelação mais antiga e mais sagrada liga-se a idéias que nascem delas mesmas em intelecto virginal. Retornemos ao frescor original de nossas impressões, se aspiramos a nos iniciar. Initium significa começo; saibamos, pois, recomeçar para entrar na boa via. Complemento à Iniciação O objetivo inicial de uma sociedade de iniciação é indicar a seus membros, da melhor maneira possível, o caminho do aperfeiçoamento espiritual, que deve ser realizado pelo esforço individual. A doutrina ensinada deve versar sobre a fraternidade, fonte de todos os desenvolvimentos posteriores do ser humano. Stanislas de Guaita PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO A existência de um Princípio Criador que se denomina Grande Arquiteto do Universo. Não impõe limites à livre investigação da verdade, razão pela qual exige de todos a maior tolerância. É acessível aos homens de todas as classes e todas as crenças religiosas e políticas. Proíbe, em suas Oficinas, toda e qualquer discussão sobre matéria política ou religiosa. Tem, por finalidade, combater a ignorância em todas as suas modalidades; como escola mútua, impõe o seguinte programa: Obedecer às leis do país. Viver segundo os ditames da honra. Praticar a justiça. Amar o próximo. Trabalhar incessantemente pela felicidade do gênero humano, e conseguir sua emancipação progressiva e pacífica. • • • • • • Perguntas: O que você entende por trabalhar pela felicidade do gênero humano e conseguir sua emancipação? Em que consiste, especificamente, esta emancipação progressiva e pacífica? DO TEMPLO MAÇÔNICO No decorrer das instruções que oportunamente serão ministradas aos Aprendizes, o Templo Maçônico será objeto de rigoroso estudo. Todavia, desde logo, coloca-se a seguinte questão: o Trono do Ven∴ Mest∴ está sobre um sólio. Para chegar a este, faz-se necessário subir dez degraus – sete e três. O que representam estes primeiros quatro degraus? Observe atentamente a planta do Templo Maçônico e procure identificar cada um dos 31 itens. “Os Templos Maçônicos, da mesma maneira que as Igrejas, têm sua origem no tabernáculo hebreu e no Templo de Jerusalém; a semelhança entre eles e as Igrejas é devida ao fato de ambos haverem sido construídos na Idade Média e no início da Moderna pelos Maçons de Ofício que eram, principalmente, construtores de Templos, membros de associações monásticas ou de associações leigas dirigidas pela Igreja. Sendo a Igreja herdeira direta do judaísmo, não é de estranhar que os Templos fossem baseados no Santuário de Jerusalém”. Ir∴ José Castellani Numere a Segunda coluna de acordo com a primeira: Primeira Coluna 01. Venerável Mestre 02. Régua 03. Uma Lira 04. 2º Vigilante 05. Duas Penas Cruzadas 06. Guarda do Templo 07. Punhal 08. 2º Experto 09. Mestre de Banquetes 10. Uma Espada 11. 1º Vigilante 12. Livro Aberto 13. Saco ou Bolsa 14. Tesoureiro 15. Estandarte 16. Cobridor 17. Arquiteto 18. Malho 19. 2º Diácono 20. Timbre da Loja Segunda Coluna ( ) Secretário ( ) Trolha ( ) Diretor de Harmonia ( ) Maço e Cinzel Cruzados ( ) Porta Estandarte ( ) Mestre de Cerimônias ( ) Esquadro, Compasso e Arco de Círculo ( ) Alfange ( ) Porta Espada ( ) Orador ( ) Chanceler ( ) 1º Experto ( ) Punhal ( ) Prumo ( ) Hospitaleiro ( ) Uma Chave ( ) Nível ( ) Duas Espadas Cruzadas ( ) Dois Bastões Cruzados ( ) 1º Diácono Maçons Regulares têm direito de visitar Lojas Regulares, sujeitando-se, todavia, a disposições disciplinares estabelecidas pela Loja visitada, e, ainda, ao Trolhamento. Decorar o trolhamento, sabê-lo por inteiro, memorizá-lo item a item, pergunta e resposta, é fundamental para todo o Maçom que se orgulhe de sua posição. ___________ Maçom? Meus ____________ __________ _______ me reconhecem. De _________ vindes? De uma __________ de _____ ________, justa e __________. Que _________? Amizade, _______ e _________ de ____________ a todos os ___________. _________ mais _________? O _____________ ___________ de minha ________ vos saúda por ________ vezes três. Que se faz ______ _________ _______? Levantam-se Templos à _______________ e cavam-se _______________ ao vício. Que __________ fazer aqui? ______________ as minhas paixões, ________________ a minha vontade e ____________ novos progressos na Maçonaria, ________________ ___ laços de fraternidade que nos ____________ como verdadeiros ____________. Que desejais? __________ _____________ entre _______. Este vos é concedido. Irmão Mestre de Cerimônias, conduzi o nosso Irmão ao lugar que lhe compete. Sentemo-nos, meus Irmãos. O Rito Escocês Antigo e Aceito tem, como data de sua existência regular, o dia 31 de maio de 1801, quando foi fundado o seu Primeiro Supremo Conselho. O escocesismo, todavia, tem, como forma doutrinária, uma história mais antiga. Ele nasceu na França, a partir da chegada do séqüito dos Stuart da Inglaterra. Quando da decapitação do Rei Carlos I, em 1649, após a revolta liderada por Oliver Cromwell, sua viúva, Henrieta de França, aceitava, do Rei Luiz XIV, asilo no Castelo de Saint Germain, para onde foram também os demais membros da nobreza escocesa, que passaram a trabalhar pela restauração do Trono, sob a cobertura das Lojas Maçônicas, das quais eram membros honorários; isso evitava que os espiões ingleses de Cromwell pudessem tomar conhecimento da conspiração restauradora. Consta que Carlos II, ao se preparar para recuperar o Trono, criou um regimento chamado de “guardas irlandeses” em 1661; esse regimento possuía uma Loja Maçônica, cuja Constituição data de 25 de março de 1688, e que foi a única Loja do Século XVII, cujos vestígios ainda existem, embora devam ter, os stuartistas, criado outras Lojas. Assim, após a criação da Grande Loja de Londres, em 1717, existiam, na França, dois ramos maçônicos: a Maçonaria Escocesa, stuartista, ainda com Lojas Livres e a Maçonaria Inglesa, com Lojas subordinadas à Grande Loja. A Maçonaria Escocesa, mais pujante, resolvia, em 1735, escolher um Grão-Mestre, partindo para adoção do regime obediencial inglês, o que levaria à fundação da Grande Loja da França, em 1738 (Grande Oriente em 1772), embora essa designação oficial só apareça em 1765, segundo Paul Naudon. Surgiram, posteriormente, no escocesismo, várias peculiaridades ritualísticas e doutrinárias, sendo que a principal foi a introdução dos altos graus (1758) não aceita pela Maçonaria Inglesa. A Descida aos Infernos Para distinguir-se da multidão que permanece supérflua em sua maneira de pensar, convém aprender a meditar profundamente. Para esse efeito, o isolamento silencioso impõe-se, porque nós não podemos seguir o curso de nossos pensamentos, senão evitando aquilo que nos distrai; retirar-se para a solidão foi, pois, outrora, o primeiro ato do aspirante à sabedoria. Fugir do tumulto dos vivos para refugiar-se perto dos mortos, a fim de inspirar-se naquilo que eles sabem melhor do que nós, tal nos parece haver sido o instinto dos mais antigos adeptos da Arte de pensar. A deusa da Vida, a grande Ishtar, instruía os sábios por seu exemplo, quando, voltando seu rosto na direção do país sem retorno, ela renuncia aos esplendores do mundo exterior para penetrar nas trevas de Aralou. É preciso descer a si para iniciar-se. Os heróis mitológicos, cujas explorações subterrâneas nos são poeticamente contadas, foram Iniciados vitoriosos do ciclo das provas inelutáveis. Na realidade, o Inferno dos filósofos não é outro senão o mundo interior que trazemos em nós. É o interior da terra, ao qual se reporta o preceito alquímico: Visita Interioria Terrae, Rectificando Invenies Occultum Lapidem, frase cujas palavras têm por inicial as sete letras de Vitriol. Esta substância devia levar o Hermetista a visitar seu próprio interior, a fim de aí descobrir, em retificando, a Pedra escondida dos Sábios. Trata-se de uma pedra cúbica que se forma no centro do ser pensante, quando ele toma consciência da certeza fundamental em torno da qual se realizará a cristalização construtiva do Templo de suas convicções. Ao despojamento maçônico dos metais corresponde, em Alquimia, a limpeza do indivíduo, ao qual nada deve aderir que seja estranho à sua substância. Tomada tal precaução, o indivíduo é introduzido no Ovo filosófico, onde ele será incubado até sua eclosão. Em Maçonaria, o Ovo hermeticamente fechado, onde o indivíduo é chamado a morrer e a decompor-se, toma o aspecto de uma cripta funerária dita Câmara de Reflexões. É de ordinário um espaço reduzido, organizado num porão, cujas paredes negras trazem, em branco, inscrições do gênero das seguintes: Se é a curiosidade que aqui te conduz, vai-te. Se temes ser esclarecido sobre teus defeitos, estarás mal entre nós. E és capaz de dissimulação, treme, serás descoberto. Se te aténs às distinções humanas, sai; aqui não se reconhece nenhuma delas. Se tua alma sente pavor, não vá mais longe. Se perseverares, serás purificado pelos elementos, sairás do abismo das trevas, verás a luz. Encerrado nesse lugar, o recipiendário despojado de seus metais senta-se diante de uma pequena mesa, em em face de uma caveira cercada por duas taças, uma delas contendo sal e outra, enxofre. Um pão, um cântaro com água e material necessário à escrita completam as ferramentas do in pace, onde o prisioneiro deve preparar-se para morrer voluntariamente. As frases que pode ler e os objetos que surpreendem sua visão à luz de uma lâmpada funerária levam ao recolhimento. Se o recipiendário entra no espírito da mise em scène ritualística, ele esquecerá o mundo exterior para voltar-se sobre si mesmo. Tudo aquilo que é ilusório e vão apaga-se diante da realidade viva que o indivíduo traz dentro de si. No fundo de nós reside a consciência; escutemo-la. Que responde ela às três questões que se colocam ao futuro iniciado? Quais são os deveres do homem em relação a Deus, a ele mesmo e a seus semelhantes? Deus é uma palavra que não poderia ser retirada da linguagem dos sábios, porque a inteligência humana se consome em esforços constantes para conceber o divino. Representações grosseiras tem tido lugar, no decorrer de inumeráveis séculos, chegaram idéias mais sutis, mas o enigma do Ser permanece sem solução. Nenhum pensador adivinhou a palavra daquele que é, e, quando hierogramas nos são propostos como solução, esses não são senão símbolos de um indecifrável Desconhecido. Deus permanece o “x” de uma irredutível equação. O aspirante à luz aí verá a tradução da homenagem rendida pelo homem àquilo que sente acima dele. Seria razoável atribuirmo-nos o mais alto lugar na escala dos seres, a nós, miseráveis parasitas de um globo ínfimo perdido da imensidão cósmica? Somos menos que o grão de areia arrastado pelo vento que sopra numa praia. Se existimos, é em razão daquilo que repercute em nós: forças que estão tão pouco sob nosso controle que nem mesmo as conhecemos. Perguntemo-nos, pois, com toda humildade, o que devemos àquilo que está acima de nós? O simbolismo maçônico sugere que tudo se constrói e que a tarefa dos seres é construtiva. Um imenso trabalho realiza-se no universo e o gênero humano dele participa à sua maneira. O dever do homem é, pois, trabalhar humanamente, cumprindo a tarefa que lhe é assinada. Isso equivale dizer, em linguagem mística: meu dever em relação a Deus é o de conformar-me à sua vontade, em vista de associar-me à sua obra de criação que é eterna. Eu desejo ser o agente dócil, enérgico e inteligente do Arquiteto que dirige a evolução e assegura o progresso. Tenho, em relação a mim mesmo, o dever de desenvolver-me pela instrução e aplicação ao trabalho; enfim, eu devo a meus semelhantes ajudá-los a instruir-se e a bem trabalhar. Quando o recipiendário está assim orientado, ele liquida seu passado profano, redigindo seu testamento. Despojado de seus metais, ele não possui mais nada que possa legar. De que pode dispor então, a não ser dele mesmo e de sua energia ativa? Ele testa, renunciando aos erros passados, tomando irrevogáveis resoluções para o amanhã. O sal e o enxofre da câmara de reflexões têm por que intrigar ao recipiendário entranho à Alquimia. Essas substâncias fazem parte de um ternário que se completa pelo mercúrio. Tudo, segundo o Hermetismo, compõe-se de enxofre, mercúrio e sal, mas estes três princípios fazem alusão: 1º. À energia expansiva inerente a toda individualidade; 2º. À esta mesma energia proveniente de influências ambientais que se concentram sobre a individualidade; 3º. À esfera de equilíbrio resultante da neutralização da ação sulforosa centrípeta penetrante e compressiva. O isolamento, a subtração às influências exteriores condenam à morte o indivíduo privado do enxofre mercurial que mantém a vida. Quando o enxofre queima num invólucro de sal tornado impenetrável ao ar que mantém o fogo vital, tende a extinguir-se, reduzido a incubar-se sob as cinzas salinas. Tal é precisamente o estado do recipiendário que sofre a prova da Terra; ele é enterrado no solo, como o grão chamado a germinar. É preciso que seu núcleo espiritual desdobre-se interiormente, tomando posse de sua caverna sulforosa. Comecemos por reinar sobre nosso Inferno, se quisermos sair para conquistar o céu e a terra. O MAÇOM E SEUS MEIOS DE RECONHECIMENTO Quando se diz que um Maçom se reconhece pelos seus SINAIS, TOQUES e PALAVRAS, é preciso entender o que significa, esotericamente, esta maneira de falar. Os verdadeiros sinais não são outros senão os atos da vida real. O Maçom há de agir sempre eqüitativamente, como homem que cuida de se comportar para com outrem como deseja que se proceda a seu respeito. O iniciado na arte de viver distingue-se dos profanos pela sua maneira de viver: se não viver melhor que a massa frívola ou devassa, sua pretensa iniciação revela-se fictícia, a despeito das belas atitudes que finge. OSWALD WIRTH Todos nós, por ocasião de nossa iniciação, saímos do Templo na posse de SINAIS, TOQUES e PALAVRAS hábeis a nos fazer reconhecer como maçons perante nossos irmãos. Todavia, não nos basta apenas saber repetir tais meios de reconhecimento. É necessário que saibamos o que significam. Nossos modos de reconhecimento foram muitas vezes alterados, substituídos e até transpostos pelas várias Obediências Maçônicas, eis que, muitas vezes, ocorreram revelações perpetradas por maçons indignos. Entretanto, a base do segredo maçônico persiste, e, em razão disso, por mais que um profano esteja enfronhado em assuntos maçônicos, por mais que tenha conhecimento de nossos Rituais, – muitas vezes achados em sebos, – por mais que penetre em nossos costumes, jamais, repita-se, jamais terá certeza absoluta de como é executado um toque, por exemplo, por faltar-lhe convicção sobre a maneira de executá-lo, maneira esta que só se adquire por meio das instruções ministradas em Loja. Assim, especialmente ao Aprendiz, recomenda-se muita prudência. Ele deve evitar se abrir com o primeiro estranho que lhe faça um sinal, sem antes comprovar, por outros meios que só a experiência ensina, a qualidade maçônica de seu interlocutor. Outro péssimo hábito, infelizmente comum, é o de certos Maçons cumprimentarem-se na rua maçonicamente. Ora, há outros meios de comprovar a qualidade maçônica de um interlocutor, sem que para tanto seja mister fazer uso de sinais ou toques. O SINAL DE ORDEM O Sinal Gutural ou Sinal de Ordem do Aprendiz lembra-lhe o juramento prestado no dia de sua iniciação. O gesto desenha um esquadro e, ao fazê-lo, o Aprendiz afirmará que seus atos, visando à concórdia entre os homens, têm a correção exigida pelos Obreiros da Arte Real. Ora, até aqui, já podemos visualizar duas relações: a primeira, com o juramento (... sob pena de ter a g.∋. c.'.); a segunda, com o esquadro, que nos lembra a qualidade da retidão e, além destas, uma terceira relação: o domínio das palavras, das emoções violentas, dos desejos grosseiros. Assim, afora exceções, nossa Instituição colocou o Sinal de Ordem precisamente no lugar do corpo onde o contragolpe das paixões e dos desejos se faz sentir com violência maior. Vale lembrar, ademais, quanto o simples ato de falar pode conter de agressivo, de ofensivo, de violento. Desse modo, a execução consciente do sinal é de suma importância. Para o autor maçônico A. GEDALGE, as emoções violentas, os desejos grosseiros que fazem por desencadear instantes, os mais brutais, são, apesar disso, FORÇAS que não devem ser destruídas no homem, mas, sim, canalizadas pela VONTADE, pelo CORAÇÃO e pela INTELIGÊNCIA do iniciado que poderá, através de tais potenciais, fazer nascer grandes qualidades: coragem, resistência, firmeza, amor ao trabalho, atividade, obediência ao bem, etc. Assim se faz a mudança da Pedra Bruta em Pedra Polida. Tratase de um processo que podemos chamar de alquimia interna, transmutação, onde, através dos esforços empreendidos, os defeitos transformam-se em qualidades, e o chumbo vil, em ouro resplandecente. Deixemos que A. GEDALGE prossiga: “O homem, quando experimenta uma forte emoção física ou quando está sob o império de um desejo brutal, sentindo o sangue afluir à sua garganta, por si mesmo leva a mão ao pescoço, de cada lado do qual as artérias se dilatam sob a ação do fluido sangüíneo. Todas as pessoas impulsivas e coléricas conhecem esse ‘reflexo’ que tende a impedir o sangue de subir à cabeça e perturbar até a visão. Ora, o silêncio que a iniciação opõe à violência brutal do Minotauro (do ser indomado que nele ruge) é o Esquadro, símbolo da Justiça e da Equidade; é o Esquadro que ele reproduz com o auxílio da mão direita, e com o gesto do braço, e é também pelo constante pensamento que, em nós, fará incessantemente apelo à Justiça, que poderemos vencer nossas paixões mais grosseiras”. Vamos encontrar muitas significações e correlações dadas ao Sinal Gutural pelos mais diversos autores. A Maçonaria, estimulando a liberdade de pensamento, acolhe cada opinião. Encontraremos toda uma série de matizes correlatos ao tema, sustentados por uma grande constelação de opiniões, às vezes até contraditórias entre si. Cumpre-nos conhecê-las também. Até mais: encontrar nosso próprio significado. Desse modo, para alguns, seguidores de correntes orientalistas, revela-se o Sinal Gutural como significativo do chacra da garganta; para outros, o comedimento e até a proibição da palavra; outro tanto o entende como a qualidade de saber medir as palavras. Ainda que sejamos livres para adotar e até criar significações próprias para o gesto, limita-se esta liberdade ao respeito que devemos devotar a cada interpretação, respeito, porém, que não nos impede de discordar de uma ou outra. De qualquer sorte, ainda que nos defrontemos com uma grande pluralidade de posições, atenhamo-nos ao que dizem os Rituais. É justamente daí que nos saltam aos olhos os três importantes aspectos que sublinhamos no início do texto: a lembrança sempre presente do JURAMENTO, a formação da ESQUADRIA, a recordar-nos o Esquadro, e, por conseqüência, a RETIDÃO aplicável à conduta do Maçom em Loja (e fora dela também) e, ainda, pela posição anatômica do sinal que se forja na garganta, – local por onde emitimos nossa voz, – alusão à palavra que deve ser comedida, evitando tornar-se um instrumento da ira ou do perjúrio. O TOQUE Uma resposta muda ao Sinal de Ordem dada da mesma forma incita aos Irmãos a que se reconhecem ao estenderem a mão, confirmando, assim, o Sinal pelo Toque. É o mais usado dos sinais de reconhecimento maçônico. Embora cada grau tenha o seu próprio, o TOQUE GERAL E UNIVERSAL É O DO APRENDIZ, e é por ele que se inicia qualquer prova de reconhecimento. Para muitos maçons, o Toque é o Grande Segredo da Fraternidade. Para os antigos construtores, era particularmente sagrado. Embora amplamente divulgado por maçons decepcionados com a Maçonaria Moderna, e ainda por aqueles que quiseram nela ver uma simples mistificação, tais indiscrições tiveram importância muito secundária. Não impediram que os verdadeiros Maçons, os iniciáveis, continuassem com seus esforços para se tornarem maçons por si mesmos, em espírito e em verdade, sem se preocuparem com essas pequenas revelações que, hoje, têm a sua importância muito diminuída. E o que nos lembra o Toque? As pancadas. As pancadas que são dadas à Porta da Loja, a fim de pedir entrada no Templo, tendo como significado a passagem bíblica, em Mateus, VII, 7: pedi e dar-se-vos-á; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á. A MARCHA DO APRENDIZ Quando o Venerável Mestre permite a entrada no Templo, o Irmão deve entrar ritualisticamente. A Marcha, no Grau de Aprendiz, efetua-se em três passos iguais, retilíneos, os pés em esquadria, figurando a Jóia do 2º Vigilante, qual seja, o Prumo ou a Perpendicular. No Rito Escocês Antigo e Aceito, a Marcha começa com o pé esquerdo. No Rito Moderno, com o pé direito. O Esquadro, formado com os pés, simboliza a retidão da conduta sobre o caminho retilíneo que segue todo maçom. A Marcha do Aprendiz é indecisa, executando-se passo a passo, para significar que a progressão em direção à Luz só é obtida após esforços sucessivos e prudentemente ampliados. Pelo fato de sua ignorância nativa, o Aprendiz, simbolicamente falando, nasce ignorante como maçom. O primeiro passo é um ensaio, pela imperfeição da linguagem. O segundo passo assinará a prudência. Finalmente, o terceiro, realizado com toda atenção, coloca o Aprendiz em condição de ver a Luz. As opiniões dos simbolistas sobre os passos, ou melhor, a Marcha do Aprendiz, são muito variadas, contradizendo-se até. Para uns, os três passos da Marcha, com os pés em esquadria, simbolizavam a Primavera do ano, correspondente à infância do neófito. Para outros, significavam os dotes da Sabedoria, Força e Beleza e o emblema das três grandes fases da Iniciação: nascimento, vida e morte. Não existe unidade no que respeita à maneira de realizar a marcha do Aprendiz. Destacamos três, para que, em se as encontrando, não condenemos uma ou outra como erradas. A PALAVRA SAGRADA A Palavra Sagrada do Aprendiz relaciona-se com a dada pela Bíblia a uma das colunas de bronze que ladeavam a entrada principal do Templo de Salomão. Traduzida do hebraico, a Palavra Sagrada do Aprendiz significa FORÇA (na Força) e representa a força moral que não mais poderia perecer no homem. É isso, precisamente, o que se exige do neófito. A Coluna B∴ é o símbolo da ação do meio ambiente sobre o interessado. Este, com efeito, está reduzido, por um tempo, ao silêncio. Vai ouvir, receber, como a criança escuta as palavras de seus pais e deles recebe o necessário. Somente no fim do primeiro estágio, é que lhe será permitido começar a agir de maneira verdadeiramente ativa. Até lá, até sua admissão ao Grau de Companheiro, a passividade (naturalmente relativa) há de serlhe necessária para progredir. É por isso que o neófito está colocado sob a influência da Coluna B∴. A disciplina a que o Aprendiz é submetido é uma obrigação que ele mesmo deverá tornar voluntária. Isto lhe vai permitir maior consciência e, ao mesmo tempo, mais calma e reflexão, elementos esses necessários para a criação da Harmonia que deverá reinar em seu interior definitivamente. Atenção! O presente texto tem a peculiaridade de referir-se à marcha que se inicia com o p.'. d.'., e não com o e.'., como praticado em nossa Potência. Todavia, em respeito ao autor e ao seu pensamento, conservamos a mensagem em seu caráter original. Assim, aconselhamos os dirigentes da Oficina a formularem tal advertência, lembrando a todos a obediência devida ao nosso Ritual. Os Segredos do Aprendiz A primeira coisa que aprende um Maçom após haver sido “vestido” é a atitude maçônica pela qual ele se afirma Aprendiz. De pé, ele se mantém direito, a cabeça erguida, o olhar firme dirigido bem à frente. O braço esquerdo pende ao longo do corpo, enquanto o direito dobrado leva à garganta a mão que afirma: prefiro morrer a trair meu juramento. O peito retrai-se ligeiramente, porque o pé direito está à frente, formando o esquadro com o esquerdo que o apóia. Essa atitude simbólica resume todo o programa do grau de Aprendiz. Manter-se orgulhosamente de pé é afirmar-se como homem adulto, havendo ultrapassado a infância ainda prosternada em direção a terra à maneira dos quadrúpedes. O Iniciado renega as tendências animais, porque ele entende tornar-se homem heroicamente. Está prestes a caminhar com o pé direito, que é aquele do discernimento racional, porque se dirige de acordo com aquilo que ele mesmo concebe, e não de acordo com seus pressentimentos, indicações que subordina às constatações positivas (pé esquerdo apoiando o pé direito que avança sempre primeiro para a execução do passo ritualístico). O braço esquerdo resta passivo, porque o Aprendiz não usa sua sensitividade, fonte de faculdades de assimilação intuitiva. Ele não se beneficiará de dons lunares senão após haver desenvolvido plenamente suas aptidões solares; esses dons residem nele e traduzem-se em talentos que importa cultivar com método. A Arte não faz apelo, primeiramente, à genialidade baseada sobre uma longa experiência, e o iniciante deve dobrar-se à disciplina de uma técnica árida. Longe de pretender seguir sua inspiração, ele tende a submeter-se a regras rigorosas que fazem suas provas. Mantendo sua imaginação em reserva enquanto aprendizpensador, é-lhe preciso aprender a raciocinar severamente antes de abandonar-se ao sonho. É isso que exprime a mão direita dominando o tórax para domar sua ebulição. Nada daquilo que ruge no domínio da sensibilidade deve obter acesso ao cérebro do Iniciado, onde a calma é indispensável às deliberações frutuosas. Um agitado não saberia pensar justamente; conseqüentemente, a aquisição da serenidade cerebral impõe-se desde o começo da iniciação. Observemos aqui o erro dos processos que exploram uma forma qualquer de exaltação. Os excitantes que provocam um funcionamento artificial do cérebro estão proscritos a quem quer pensar de maneira sã. Nós não pensamos com justeza senão em perfeita calma, calma que os Maçons procuram realizar em Loja, quando se colocam “a coberto”. O cérebro do Aprendiz é, ele também, uma oficina a ser preservada da agitação exterior: ele não funcionará bem se as paixões para aí aportarem qualquer perturbação. Por sua atitude imóvel, o Aprendiz faz-se reconhecer, de qualquer sorte, passivamente. Limita-se a prestar atenção ao seu juramento de calar-se. Se um gesto idêntico ao seu encorajar-lhe, ele executará o sinal de Aprendiz que desenha um esquadro. Ele afirmará desse modo que seus atos visam à concórdia entre os homens e que eles têm a correção exigida dos adeptos da Grande Obra. Uma resposta dada da mesma maneira incita os Irmãos a que se reconheçam, estendendo a mão. Eles confirmam então seu sinal pelo toque. Para muitos Maçons, o grande segredo da confraria reside na maneira de apertar a mão entre os iniciados. Os membros das antigas confraternidades jamais traíram esse segredo, visto como mais particularmente sagrado. Os Maçons especulativos foram menos escrupulosos. Tanto é assim que, decepcionados pela Maçonaria especulativa, não quiseram ver aí senão uma mistificação que eles se acreditaram no direito de denunciar publicamente; assim foram divulgados os segredos de forma, de importância, no fundo, muito secundária. Um iniciável pode muito bem se fazer Maçom ele mesmo, em espírito e verdade, sem preocupar-se minimamente com os pequenos mistérios revelados em Loja. Quando se diz que um Maçom se reconhece por seus sinais, palavras e toques, é preciso entender o que isso significa do ponto de vista esotérico. Os verdadeiros sinais não são outros senão os atos da vida real. O Maçom agirá sempre equilibradamente, como homem que tende a comportar-se em relação a outrem como ele deseja que os outros se comportem em relação a ele próprio. O Iniciado na Arte de viver distingue-se dos profanos por sua maneira de viver: se ele não viver melhor que a massa frívola ou vulgar, sua pretensa iniciação revela-se fictícia, a despeito das belas atitudes que finge. As palavras são, ritualisticamente, palavras de passe e palavras sagradas que se assopram no ouvido com precauções minuciosas. Aqui ainda a materialidade do segredo não tem senão um valor mesquinho. A palavra sagrada do Aprendiz relaciona-se ao nome dado pela Bíblia a uma das duas colunas de bronze que flanqueavam a entrada principal do Templo de Salomão. Trata-se da coluna da direita, vista como masculina e ígnea, em oposição àquela da esquerda, tornada feminina e aérea, porque essas duas colunas têm sido comparadas àquelas da travessia do Mar Vermelho, das quais uma era de fogo e via-se à noite, enquanto a outra, monte de nuvens, guiava os israelitas durante o dia. O que é significativo é a maneira de soletrar, letra por letra, o nome da primeira coluna. O instrutor coloca o neófito no caminho, pronunciando a inicial; depois, espera que a segunda letra seja adivinhada antes de revelar a terceira que deve sugerir a quarta. Se a palavra sagrada não se pronuncia, é porque faz alusão àquilo que não é exprimível e não se presta a nenhuma exposição doutrinal. É por si mesmo que o Aprendiz deve esforçar-se por pensar; nada poderia, pois, ser-lhe ditado ou inculcado, ainda menos, demonstrado. Se uma noção é expressa diante dele, não o é para que ele aí se detenha, mas, ao contrário, para que ele daí parta na perseguição de suas próprias idéias. Desde que prove que soube refletir e descobrir por ele mesmo aquilo que outros já encontraram, será encorajado a seguir pelo bom caminho através da revelação de uma nova percepção orientadora. Os Iniciados não são depositários de nenhum dogma; eles procuram eternamente a verdade sem preconceitos e não se ligam a nenhuma revelação, a não ser àquela do espírito humano funcionando normalmente nas condições mais favoráveis à percepção não influenciada do verdadeiro. Se, chamado a meditar por mim mesmo, imparcialmente, as idéias que me vêm concordarem com aquelas de outros pensadores independentes, esta concordância é a melhor garantia que posso ambicionar. O que pensam mais universalmente os homens calmos, refletidos e aplicados na procura da verdade reúne o máximo de garantia do verossímil, sobretudo se se tratarem de pensamentos profundos, percebidos diretamente pelo pensador. É o pensamento espontâneo, mais precioso em sua originalidade nativa, anterior à expressão que o deforma. Este pensamento aparece vivo em sua mobilidade difícil de apreender, enquanto o pensamento tornado comunicável deveu ser parado, imobilizado, petrificado, logo, morto. Os profanos não trocam senão pensamentos mortos; aqueles dos Iniciados devem possuir a vida. Expressos, eles correspondem à primeira letra da palavra sagrada, advertência que evoca a segunda letra que o neófito deve saber descobrir por si mesmo. Um iniciado nada inculca; ele dá a refletir, ajudando a adivinhar e a discernir. Em iniciação, o instrutor não afirma nada: ele coloca as questões à maneira de Sócrates, a fim de fazer o intelecto do interrogado parir aquilo que traz em gestação. É em nós, na profundidade obscura do poço de nossa consciência, que se esconde a verdade tradicional; ela não surge jamais à luz do dia e recusa expor-se à curiosidade das multidões profanadoras. Convém não falar dela senão por alusões discretas, de onde as precauções observadas para comunicar a palavra sagrada. O toque é triplo. Ele equivale à confidência: Eu conheço os mistérios do número três. Esse número é o primeiro da série sagrada; é por ele que se inaugura o estudo da filosofia numeral, porque o Ternário é mais acessível que a Unidade que, logicamente, deveria ser aprofundada primeiro. Três é, aliás, o primeiro número construtivo, porque uma só pedra não constitui, ela sozinha, uma construção; quando uma segunda pedra é justaposta à primeira também não há começo de construção; mas, desde que uma terceira pedra se superponha às duas primeiras, uma parede começa a nascer. Convém também chamar a atenção do Aprendiz Maçom sobre os três pontos ∴que caracterizam sua assinatura. Se ele quiser legitimar esse ternário, não deverá jamais se deixar ir até a parcialidade, porque os dois pontos inferiores representam as opiniões opostas dos adversários em contestação. O Iniciado deve lembrar-se dos gladiadores de sua segunda viagem: se ele tomasse partido numa discussão, faltaria ao seu papel de juiz. Em presença de opiniões contraditórias emitidas diante dele com sinceridade, a sabedoria dá-lhe a supor que existe algo de verdadeiro e de falso em cada uma das teses sustentadas; sua tarefa, desde então, é a de discernir o forte e o fraco de ambos os contraditores e chegar a caminhos conciliadores figurados pelo terceiro ponto mediano e superior. Se, sob esse último ponto de vista elementar, a lei do Ternário for compreendida e aplicada como debutante, ele estará em excelente caminho de aprofundamento progressivo no mistério dos Números. O CÁLICE DA AMARGURA Em seu Quadro da Vida Humana, Cebes, que nasceu em Tebas, cidade da Beócia, no Século V a. C., descreve-nos um vasto recinto onde vivem seus habitantes. Uma multidão de candidatos à vida aglomera-se à porta. Um gênio, representado por um venerável ancião, dirige aos candidatos atilados conselhos. Infelizmente, suas sábias advertências sobre a conduta que se deve observar perante a vida, são de pronto esquecidas pelas almas ávidas de viver. Tão logo entram no fatal recinto, sentem-se obrigadas a desfilar diante do trono da Impostura, mulher cujo semblante é de uma expressão convencional e que tem maneiras insinuantes. Ela lhes apresenta um copo. Não se pode entrar sem beber pouco ou muito. Para viver intensamente, muitos bebem a grandes sorvos o erro e a ignorância; outros, mais prudentes, apenas provam a mágica beberagem e, em conseqüência, esquecem menos os conselhos recebidos e não sentem tanto apego à vida. Do mesmo modo, um cálice será apresentado ao neófito, quando ingressa na nova vida de Iniciado. O aspirante que acaba de sofrer a prova do fogo refrigera-se com esta água pura e refrescante. Mas, enquanto bebe a grandes goles, a doce bebida torna-se amarga. Quisera então rechaçar o cálice, mas se lhe ordena beber até as fezes. Obedece, dócil e decidido a suportar a carga de sofrimento que o aguarda. Bebe, mas, – oh! Milagre! – a fatídica beberagem volta ao seu primitivo sabor! Este rito nos inicia no grande mistério da vida que nos brinda com suas doçuras, mas que quer que saibamos aceitar também seus rigores e crueldades. Quando aceitamos a vida, nossa tendência é de provar tão-só o agradável e desejamos a felicidade como se pudéssemos consegui-la gratuitamente sem havê-la merecido. Isso é desconhecer em absoluto a Lei do Trabalho que vale, necessariamente, para toda a vida. Viver é, em suma, cumprir uma função e, portanto, trabalhar. A Vida é a tal ponto inseparável do trabalho e do esforço que não se a pode conceber na inércia. Nossa existência é ação. Descansamos para repor as forças, a fim de poder prosseguir com nossas atividades. Quem deixa de obrar renuncia à existência: o descanso definitivo esteriliza e equivale à anulação, à morte! Para dizer a verdade, é possível, – valendo-se de artifícios, – fugir de toda pena e obrar de maneira que só nos proporcione satisfações. Mas essa tática não produz mais que engano, e a vida sabe vingar-se daqueles que não querem acatar suas leis. Quando menos, o fastio de viver será sua herança. Para o Iniciado, impõe-se tanto mais a honra de viver, quanto mais ambicione possuir os segredos que são, precisamente, os da própria vida. A Iniciação ensina a viver uma vida superior, ou seja, em perfeita harmonia com a Grande Vida. Compreender bem a vida: eis aqui o objetivo de todo aspirante à sabedoria. Que nos importam os segredos da morte? Em seu devido tempo, nos serão revelados, e não há por que se preocupar com eles. Em troca, devemos viver, e viver de acordo com as exigências da vida. Estas exigências da vida poderão parecer tirânicas ao profano que não tenha compreendido a existência; uma inexorável necessidade condena-o ao trabalho. Em meio a trabalhos e penas, lamenta-se e revolta-se airoso contra a dor que lhe foi imposta. Esse suplício dura enquanto não se determina a encontrar o paraíso, tão pronto saiba renunciar ao mesmo. Sofrer, trabalhar: significará isso, por acaso, decadência? E quem pode ser forte e poderoso sem antes haver sofrido cruelmente? A alma que quer conquistar a nobreza e a soberania deve buscá-las nas fragas do sofrimento. Isto não quer dizer, todavia, que seja indispensável buscar o ascetismo ou tormentos intencionais: a vida saberá nos proporcionar provas salutíferas e nos brindará o cálice, convidando-nos a esvaziá-lo com firmeza, sem necessidade, de nossa parte, de acrescentarmos qualquer amargor. O Iniciado não teme a dor e sofre com coragem, mas não vive obrigado a amar nem a se comprazer com o sofrimento. Tem fé na vida. Sabe-a misericordiosa, apesar de suas leis inexoráveis, e saboreia as doçuras que nos reserva como compensação das penas que nos inflige. O que devemos buscar é a harmonia, o acordo harmônico com a vida. Não podemos obtê-lo de golpe; é indispensável uma penosa aprendizagem da Arte de Viver, a Grande Arte por excelência, a Arte que praticam os Iniciados. A vida é sua escola, onde não pode ser admitido aquele que não está decidido a beber do cálice da amargura. Sem embargo, a vida nos brinda felicidade. Todo ser acredita ter direito a ela e esta é sua constante aspiração. Vivemos de esperanças, e nos parecem mais leves as penas de hoje, se as ponderarmos com as alegrias de amanhã. A vida corrente pode trazer para nós certas ilusões e tratar-nos como adolescentes, mas a vida iniciática considera-nos homens já maduros, pouco dispostos, portanto, a deixar-se levar por ilusões. A felicidade nos é assegurada, contanto que saibamos buscá-la nós mesmos. De nada somos credores sem merecimento: se a vida nos é dada, é para utilizá-la como é devido, não para desfrutar dela sem pagar tributo. Saibamos, pois, considerá-la sob seu verdadeiro aspecto. Entremos a seu serviço dispostos a consagrarmo-nos ao estrito cumprimento de nossa obra de vida, que deve ser a Magna Obra dos Alquimistas. Em todos os tempos, a Iniciação foi privilégio dos valentes, dos heróis dispostos a sofrer, dos homens com energia que não pouparam seus esforços. É a glorificação do esforço criador do sábio que chegou à plena compreensão da vida, a tal ponto que, ao viver para trabalhar, consegue romper as correntes do presidiário condenado a trabalhar para viver. Diz o adágio: Trabalho equivale à Liberdade, e ainda seria melhor dizer que nos libertamos da escravidão através de nosso amor ao trabalho. É, portanto, questão de desejar o trabalho, de buscar o esforço fecundo sem temor ao sofrimento que possa acompanhar sua realização. Então a vida será, para nós, amena, confortadora e bela. Assim fica explicado o simbolismo da poção cuja amargura não deve nos desanimar. Podemos devolver-lhe o primitivo sabor, aceitando, simplesmente, a obrigação de beber, até o fim, o Cálice Sagrado da Vida. Oswald Wirth O Cálice da Amargura A vida não é cruel para quem a começa entre os vivos. Mimada por sua mãe, a criança não manifesta senão a alegria de viver; do instinto, ela reivindica seu direito à vida, que parece não lhe ser dada senão para permitir que goze dela sem reservas. A juventude ensina, todavia, que nem tudo é encanto na vida que está longe de nos ser outorgada gratuitamente. A necessidade, para cada um, de ganhar sua vida não tarda a se impor. A despreocupação infantil não dura senão um tempo, porque, rapidamente, a vida nos instrui de suas rudezas e, desde que nos tornemos fortes, ela exige que aprendamos a suportar as durezas da existência: mostrar-se covarde diante da dor é confessar-se indigno de viver. A Iniciação, — ensinando a Arte de Viver, — concebeu torturas infligidas a título de provas no curso das iniciações primitivas. A resistência à dor física não se impõe mais no mesmo grau na vida civilizada, pois o místico moderno não está mais exposto ao menor tratamento cruel; todavia, ele deve esvaziar certo cálice que lhe é apresentado. Ele não contém nem veneno nem droga que provoque perturbações psicofisiológicas, mas água fresca e pura, reconfortante para o neófito que acaba de sofrer a prova do fogo. É a beberagem da vida, doce como o leite materno para quem experimenta seus primeiros goles. Mas de que maneira tal líquido se torna subitamente amargo, para voltar depois à sua primitiva doçura, quando o bebedor se decide a esvaziar até o fim o cálice fatal? Beber malgrado a amargura é aceitar estoicamente os rigores da vida. O hábito nos alivia as penas e as dores que aprendemos a suportar. Quando o sofrimento nos torna fortes, a amargura se nos faz doce, pois que ela nos confere vigor e saúde, temperando nosso caráter. Os ritualistas superficiais imaginaram uma sorte de julgamento de Deus relacionado ao juramento do Iniciado, a amargura a fazer alusão ao remorso que dilaceraria seu coração, se ele se tornasse perjuro. Outros se contentam em dizer: “Essa bebida, por sua amargura, é o emblema das aflições inseparáveis da vida humana; a resignação aos decretos da Providência unicamente pode abrandá-las”. A lição é menos elementar. O místico purificado leva aos seus lábios o cálice do Saber Iniciático, no qual sua inteligência abebera-se de uma nova vida, isenta das brutalidades profanas. Concebendo uma existência de doçura em meio a irmãos que sonham apenas em ajudá-lo em todas as coisas, o neófito sente-se feliz e satisfaz-se com uma água deliciosa; a reflexão, porém, revela-lhe as responsabilidades que ele assume em razão de seu avanço espiritual. O ignorante, que não compreende o sentido da vida, pode abandonar-se ao egoísmo; vivendo apenas para si, ele não se coloca a serviço da Grande Obra, e nada há a se lhe reprovar, se, respeitando os outros, ele leva uma honesta existência profana. De outro modo exigente mostra-se a vida iniciática: ele impõe o devotamento, o esquecimento de si, a constante preocupação com o bem geral. A preocupação com o outro angustia a alma generosa que sofre as misérias humanas; querendo aliviá-las, o filantropo expõe-se a não ser compreendido. Seus conselhos são mal interpretados; a multidão imputalhe todas as calamidades. Ele é então maldito, perseguido, no mínimo, cruelmente desprezado: é a amargura que ele bebeu a grandes goles. A ingratidão incompreensiva não saberia, porém, desencorajar o Iniciado; ele a prevê e nem por isso prossegue menos com sua obra de abnegação. A calúnia não o alcança; ele se fixa com perseverança na realização do bem. Que lhe importam as gritarias maldosas e as críticas injustas? Sem cessar preocupado em fazer o melhor, ele aperfeiçoa seus métodos, tudo isso tirando partido da ingratidão de sua tarefa. Seu heroísmo encontra sua recompensa: vivendo para o bem, o sábio vive no bem. A cólera dos maldosos não o atinge mais, porque ele se eleva acima do mal cometido por outrem. O FOGO SAGRADO "Por mais que a água do rio o tenha purificado externamente, limpando-o, como se diz, de tudo quanto turva o juízo da maioria dos mortais, o aspirante ficaria condenado a vagar sem proveito no domínio da esterilidade, se retrocedesse diante da prova suprema, a do Fogo. O ardor do Sol faz-se cada vez maior e anuncia que a prova é iminente. Diante dessa ameaça, o aspirante pode ainda retroceder, permanecendo às margens do rio, estabelecendo ali sua morada, à maneira dos moralistas que perdem seu tempo com lamentações sobre as misérias humanas e belas prédicas que se perdem no deserto". Fugindo da planície dos conflitos, onde se entrechocam simultaneamente os antagonismos, o aspirante atravessa o rio da vida coletiva. Longe de deixar-se levar pela corrente, sabe resistir às suas mais poderosas investidas e afirma desse modo sua individualidade. Por fim, triunfou do elemento líquido e, subindo pelo terreno abrupto da orla, pode, do alto, contemplar as águas cujos torvelinhos o separam do imenso campo de batalha onde os vivos combatem entre si sem trégua alguma. Essa terra que, de hoje em diante pisa, é a da paz no isolamento como também a da morte e a da aridez. Quando volta as costas ao rio, se lhe oferece o espetáculo do deserto no qual penetrou Jesus ao sair das águas batismais do Jordão. O Aspirante interna-se pelas areias em meio às rochas calcinadas. Não há a menor vegetação nem rastro de ser vivente: aqui, o dono absoluto é o sol que tudo seca e mata. Essa luz que não projeta a menor sombra corresponde à luz da razão humana que pretende fazer omissão de tudo o que não seja ela mesma. Esta razão analisa e decompõe, mas sua própria secura incapacita-a para vivificar o que quer que seja. Bem está que nos esforcemos para raciocinar com absoluto rigor, mas não criemos certas ilusões sobre o poder da razão, cujo trabalho não passaria de demolição, caso fosse chamada a ser a dona absoluta de nossa mente. Tenhamos bem presente que o Iniciado não deve ser escravo de nada, nem sequer de uma lógica levada ao extremo. Se a verdadeira sabedoria nos aparta da vida, de suas alucinações e de suas quimeras, é simplesmente para ensinar-nos a dominá-la, não ao modo dos anacoretas que a desdenham, senão como conquistadores do princípio vital que anima todas as coisas no universo. A potência que rege o mundo tem por símbolo o fogo, tal como o conceberam os alquimistas: muito longe de consumir e de destruir, seu ardor anima e constrói. Propaga-se a tudo quanto vive. Mas o Fogo dos sábios comporta uma infinidade de graus em direta correspondência com as diferentes vidas que produz sua atividade. É preciso que um indivíduo saiba inflamar-se de um ardor divino, se pretende ser algo mais que um autômato incapaz de realizar a Magna Obra. Por mais que a água do rio o tenha purificado externamente, limpando-o, como se diz, de tudo quanto turva o juízo da maioria dos mortais, o aspirante ficaria condenado a vagar sem proveito no domínio da esterilidade, se retrocedesse diante da prova suprema, a do Fogo. O ardor do Sol faz-se cada vez maior e anuncia que a prova é iminente. Diante dessa ameaça, o aspirante pode ainda retroceder, permanecendo às margens do rio, estabelecendo ali sua morada, à maneira dos moralistas que perdem seu tempo com lamentações sobre as misérias humanas e belas prédicas que se perdem no deserto. Mas o Iniciado não desperdiça seu tempo com discursos: é um homem de ação, um agente eficaz da Magna Obra, por cujo meio é criado e transformado o mundo; se o aspirante sente a vocação do heroísmo, não vacilará em expor à chama seu pé desnudo. Não retrocederá, ainda que as chamas surjam sob suas plantas, mas ver-se-á obrigado a deter-se, quando chegarem a formar uma muralha intransponível. Se quiser voltar atrás, que não perca um instante; ainda é tempo, e tem livre o caminho para bater em retirada. Mas, se domina a sua angústia e afronta estoicamente a barreira do fogo, esta cresce e forma duas alas. De pronto, forma um semicírculo cujas extremidades se unem por fim, deixando o temerário envolto por completo numa fogueira circular, cujo fogo lhe abrasa. As chamas aproximam-se cada vez mais do aspirante que permanece impávido, disposto a ser consumido pelo fogo. Com efeito, a purificação suprema é obra do fogo que destrói, no coração do iniciado, até o último germe do egoísmo ou de mesquinha paixão. Este ardor purificante de que falamos aqui não é outra coisa senão o amor que nos sinala São Paulo na I Epístola aos Coríntios, nos seguintes termos: Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. Conhecedor das noções iniciáticas difundidas pela corrente do pensamento helênico, o apóstolo acertou em seu modo de sentir: todos os dons da inteligência, todos poderes de ação serão vãos se não forem aplicados ao serviço da grande causa do bem geral. É preciso amar, chegar até o sacrifício absoluto de si mesmo, para ser admitido na cadeia de união dos iniciados. É pelo coração, e tão só pelo coração, que alguém chega a ser maçom, obreiro fiel e colaborador verdadeiro do Grande Arquiteto do Universo. O cerimonial de recepção é simbólico e representa objetivamente o que deve realizar o candidato em seu foro interno. Se tudo ficasse limitado às formalidades externas, a iniciação seria meramente simbólica, marcando tão-só a admissão numa confraria de iniciados superficiais que souberam conservar um conjunto de exterioridades tradicionais e nada mais. Não se veria mais que a casca do fruto. Sem embargo, no interior está a semente, núcleo central, de tal maneira que o iniciador que trabalha em conformidade com a letra do ritual, põe à disposição do verdadeiro candidato um esoterismo velado que se conserva intacto, ao abrigo de toda profanação. Quando a maçonaria, ou qualquer outra confraternidade iniciática, faz referência à inviolabilidade de seus segredos, trata-se não do continente dos segredos, sempre comunicável, senão de seu conteúdo inteligível. Pode-se divulgar a letra morta, mas não o espírito que os privilegiados da compreensão saberão penetrar. De outra parte, é indispensável sentir, para poder compreender. A ponta de uma espada fere o candidato perto do coração no momento de sua admissão no Templo para buscar a luz. Antes de poder discernir, devemo-nos abrir às verdades cujo germe existe em nós. Não se deve desprezar o intelectualismo; sem embargo, seu domínio absoluto nos condena a uma estéril e desesperadora atividade especulativa. Caindo no excesso contrário, a iniciação cavalheiresca desdenhava o saber, para enaltecer unicamente o amor, inspirador das mais sublimes ações. Melhor equilibrados, o hermetismo medieval, o rosacrucianismo e a maçonaria moderna têm preconizado o desenvolvimento simultâneo do intelecto e do sentimento. É indispensável que nos capacitemos a reconhecer a verdade, a fim de conquistar a luz que deve iluminar nossas ações. De outra parte, se não tivermos o acicate de um ideal, como poderemos nos sentir impelidos à Iniciação? O que atrai e fascina é precisamente uma pressentida beleza. Um amor secreto nos empurra até o santuário e nos infunde coragem para enfrentar os obstáculos das múltiplas provas que ainda nos esperam antes de alcançar o móvel desejado. Ainda que não pudéssemos compreender mais que medianamente, o essencial seria levar sempre em nosso coração a chama do fogo sagrado, para sermos capazes de nos elevar quando assim o requerer a ação. Os melhores maçons não são os mais eruditos nem os mais ilustrados, senão os mais ardentes e constantes trabalhadores, porque são os mais sinceros e os mais convictos. Quem ama com fervor está acima daquele que se contenta com o saber: a verdadeira superioridade afirma-se pelo coração, a câmara secreta de nossa espiritualidade. Os que não souberam amar, perderam-se no deserto sem passar pela prova de fogo. Cépticos, arrastam sua vida num eterno desencanto. São verdadeiros fantasmas ambulantes, em vez de homens que honram a vida com energia. Será necessário o sofrimento para ensinar-lhes o amor. Em resumo, o sofrimento não é em si um mal, posto que, sem a dor purificadora, ninguém chega a ser grande. Oswald Wirth A MAGNA OBRA "O sábio busca a Pedra em seu foro interno, como recorda muito bem a engenhosa fórmula tirada da palavra VITRIOL, à maneira do acróstico: VISITA INTERIORA TERRAE, RECTIFICANDO INVIENIES OCULTUM LAPIDEM, ou, em outros termos: desce a ti mesmo, submete-te às provas purificadoras e encontrarás a pedra escondida". Se existimos, é para trabalhar. A inteligência e a sensibilidade servem unicamente para guiar nossa atividade. Portanto, não busquemos nossa razão de ser em nós mesmos, recordando que não se pode cair em maior equívoco do que atribuir tudo a si mesmo. Tudo está unido neste mundo e o indivíduo tem seu valor como parte integrante da coletividade. Isoladamente, não somos nada e, nesse sentido, o Iniciado deve poder dizer a si mesmo e com absoluta sinceridade: Sei que não sou nada. Se do eu faço um ídolo, o centro do mundo, o objetivo de minhas preocupações, então, não contenho mais que o vazio, a impotência e a vaidade. Querer viver tão-só para si mesmo é isolar-se da vida universal para condenar-se à morte. Não posso resistir à tentação de citar, no tocante a esse assunto, o capítulo V de um opúsculo muito raro, editado em 1775 sob o título de A Magna Obra sem Véus para os Filhos da Luz. Segundo uma opinião corrente neste mundo, a vida é curta e, de minha parte, a encontro, ao contrário, extremamente longa para muitíssimas pessoas. Quantos encontraremos que não se queixem da brevidade da vida e que não tenham feito, sem embargo, outra coisa senão entediar-se ao longo de toda existência? Sim, é demasiado curta a vida para quem pensa e demasiado longa para quem não pensa. O tempo voa quando trabalhamos e transcorre lentamente quando não fazemos nada. Sem ação, a vida em nada se diferencia da morte, e viver na ociosidade não é viver, mas apenas vegetar. Viver somente para si mesmo é viver pela metade. Interessar-se pela felicidade universal dos homens e trabalhar para isso é viver de verdade e ter a sensação de viver. Quão poucos são os que vivem neste mundo e quantos são os que vegetam em vez de viver! Os ricos, orgulhosos de sua opulência e embriagados pelo incenso que lhes prodigalizam seus aduladores, não podem compreender o que é a vida. Os pobres, oprimidos pelo peso da miséria, humilhados pelo desprezo dos demais, tampouco a podem entender. Aqueles que se encontram em meio a grandes e pequenos, ricos e pobres, preocupando-se, a maior parte do tempo, apenas com aquilo que lhes incumbe, não a sentem tampouco. Quem vive, pois, em lugar de vegetar? Os filósofos. Sim, os filósofos unicamente compreendem o que é a vida, conhecem as oportunidades que apresenta e sabem aproveitálas. Não vivem apenas para eles mesmos, senão que vivem, ademais, para os outros e, seguindo o exemplo do excelso Hermes, de quem têm por glória serem e chamarem-se discípulos, tão apenas vivem para fazer bem à sociedade humana. Pouco lhes importa que os adulem ou que os ameacem os poderosos da terra, que seus parentes os queiram ou os persigam, que seus amigos os sustentem ou os abandonem; nem por isso deixam de ser filósofos, ou seja, amantes da sabedoria. A vida tem, para eles, tanto mais atrativos quanto mais tempo lhes deixa para fazer o bem a quem o mereça; sua benevolência dirigese àqueles que vivem para trabalhar, nunca àqueles que trabalham para viver. Essas linhas nos revelam o Grande Arcano da Filosofia Hermética. A Pedra dos Sábios é um símbolo, como também o ouro filosófico e tudo referente a ele. Na realidade, o segredo de toda verdadeira Iniciação faz referência àquilo que, antes de tudo, interessa ao homem, quer dizer, sua própria vida e o emprego judicioso das energias que a mesma põe à sua disposição. O sábio busca a Pedra em seu foro interno, como recorda muito bem a engenhosa fórmula tirada da palavra VITRIOL, à maneira do acróstico: VISITA INTERIORA TERRAE, RECTIFICANDO INVIENIES OCULTUM LAPIDEM, ou, em outros termos: desce a ti mesmo, submete-te às provas purificadoras e encontrarás a pedra escondida. Esse tesouro supremo, último objetivo da Iniciação hermética, instrui os ignorantes, cura as enfermidades do espírito, da alma e do corpo, enriquece os pobres e, de modo geral, transmuta o mal em bem. Não é uma substância. É um estado de ânimo que confere poderes de ação e influência. Não se trata aqui, sem embargo, de nenhuma taumaturgia vulgar. Os milagres de detalhe têm um interesse muito secundário ao lado de todo o milagre universal que abarca a totalidade do gênero humano. A Obra Magna é um trabalho que não tem princípio nem fim e seu resultado é tudo quanto existe. Somos seus colaboradores, sem que seja condição indispensável ter consciência disso. Se, ao cumprir a tarefa que nos incumbe, o fazemos com mau humor, sem inteligência nem compreensão, como animal atrelado ao carro, somos meros escravos da necessidade que nos açoita e nos atormenta com seu implacável aguilhão. É essa a sorte do profano que se lamenta e cuja única preocupação é livrar-se do jugo de um labor obrigatório como de uma pesada carga. O Iniciado sabe que o trabalho é a razão de sua existência. Longe de querer esquivar-se, sua ambição é adiantar seu trabalho do melhor modo que conhece, empregando nisso todas as suas forças. Seu próprio zelo entusiasta alivia a fadiga que não sente e transforma-a em prazer. É amante do trabalho e se entrega a ele com paixão, atraindo, de tal sorte, uma misteriosa ajuda, graças a qual pode fazer verdadeiras maravilhas. A Iluminação é sua recompensa, e já vive sabendo o que é a vida e participando da grande Vida da eterna ação. OS CARGOS E SUA COMPETÊNCIA VENERÁVEL MESTRE 1º VIGILANTE 2º VIGILANTE SECRETÁRIO ORADOR TESOUREIRO CHANCELER-GUARDA-SELOS HOSPITALEIRO-ESMOLER 1º E 2º DIÁCONOS MESTRE DE CERIMÔNIAS ARQUITETO DECORADOR MESTRE DE BANQUETES PORTA-ESTANDARTE e PORTA-ESPADA GUARDA DO TEMPLO 1º e 2º EXPERTOS COBRIDOR DIRETOR DE HARMONIA VENERÁVEL MESTRE O Venerável Mestre é o primeiro oficial e o Presidente de uma Loja Simbólica. Para que possa ser eleito a este elevado cargo, o candidato precisa ter desempenhado os cargos e dignidades inferiores e, necessariamente, ter exercido o cargo de Vigilante. Estará, desta forma, habilitado a desempenhar as funções de instrutor da Loja. Suas atribuições são definidas pela Constituição da Obediência a que pertence a Loja, e pelo Rito por ela praticado. O Venerável Mestre tem assento no Oriente, e sua poltrona é também chamada, às vezes, trono. Acha-se colocada diante de uma mesa e por baixo de um dossel. Para chegar-se ao Trono da Sabedoria, é preciso galgar três degraus, cuja denominação, em Maçonaria, é: Pureza, Luz, Verdade. Desde outros tempos, já o padre sobre por três degraus. No antigo Egito, representavam os conceitos de corpo, alma, espírito. Simbolizam, esotericamente, as três etapas da vida: juventude, madureza, velhice. Como chefe tradicional da Loja, o Venerável é eleito pelos Mestres, seus pares. Sua obrigação é procurar harmonizar as forças e qualidades de seus Irmãos e, ao mesmo tempo, dar uma orientação aos trabalhos. Deve, contudo, permanecer um chefe democrático, muito estritamente ligado a seus outros Irmãos. O Venerável Mestre é o responsável pelo sucesso dos trabalhos de sua Loja, e sua atenção deve estar sempre voltada a motivar as sessões, para que não se tornem fastidiosas e sem interesse. Procurará, portanto, provocar pesquisas destinadas a elevar a espiritualidade dos membros da Loja, tendo como principal objetivo o aperfeiçoamento iniciático dos Obreiros de todos os graus. Todo seu cuidado estará voltado para que seja estabelecida a mais sincera cordialidade entre os Irmãos da Oficina, o que permitirá o nascimento da fraternidade. Deverá representar, entre os Irmãos da Loja, a Sabedoria. Seu papel é o de jamais perder de vista a meta traçada, e evitar extravios na procura da realização de seus objetivos. Deve dirigir a Loja, segundo os ditames da sua consciência, procurando atrair os Obreiros aos trabalhos, para ministrar-lhes os mais amplos conhecimentos e ensinamentos maçônicos. Será o mais assíduo Obreiro da Loja, porque nada desmoraliza mais uma Oficina do que suas freqüentes ausências. Tornou-se costume, nas questões ordinárias, o Venerável não votar, mas utilizará sua prerrogativa de voto de Minerva sempre que houver empate na votação. Não poderá fazê-lo, porém, nas votações secretas, para não quebrar o devido sigilo, ou seja, tem direito de votar secretamente nos sufrágios que assim o exigirem, somente não operando como desempatador. A jóia do Venerável Mestre é o Esquadro, e este traça o seu dever: benevolência para com todos e rigorosa imparcialidade. Recebe assim, da Geometria, uma lição de escrupulosa eqüidade. Sentado no eixo da Loja, ele é neutro, mas não indiferente. Dentro de uma Loja, ninguém tem o direito de censurar o Venerável, por isso deverá estar à altura de fazer jus a este grande privilégio. Todavia, vale ressaltar que o Orador, dentro de suas atribuições, poderá intervir no andamento dos trabalhos, mas somente em caso de ferimento à ordem ritualística. O 1º VIGILANTE O 1º Vigilante tem acento no Ocidente. Sua jóia é o Nível, para significar que a igualdade lhe é sagrada. Em caso de vaga ou renúncia, a ele cabe concluir o mandato do Venerável Mestre, desde que devidamente instalado. Cabe-lhe, também, ministrar instruções aos Aprendizes e solicitar a palavra ao Venerável Mestre para os Obreiros de sua Coluna. Como ministrante de instruções aos Aprendizes, cabe-lhe opinar sobre as Elevações. Seu trono, junto à Col∴ B∴, eleva-se sobre dois degraus: Justiça e Fortaleza. QUEM SÃO OS VIGILANTES? São assim denominados os dois primeiros Oficiais de uma Loja Maçônica que seguem, por ordem hierárquica, ao Venerável Mestre, ao qual sucedem na presidência durante seus impedimentos. Estes três Oficiais são também denominados as três pequenas Luzes. As três Grandes Luzes, vale lembrar, são o Esquadro, o Compasso e o Livro da Lei. Exercem, na Loja, em escala reduzida, atribuições semelhantes às do Venerável Mestre: o 1º Vigilante, em todo Ocidente; o 2º, ao Sul do Ocidente. Somente o Venerável Mestre pode chamar a atenção dos Vigilantes, os quais acentuam suas intervenções com um golpe de malhete, seja para chamar a atenção de algum Obreiro, seja para pedir a palavra ao Venerável Mestre. Pelo malhete, que é a insígnia de sua autoridade, os Vigilantes têm o privilégio de fazer uso da palavra, permanecendo sentados, ao mesmo tempo em que têm a prioridade da palavra antes de qualquer Irmão, salvo o Venerável. Concorrem com o Venerável Mestre para a instrução dos Aprendizes e dos Companheiros. Não lhes cabe, porém, o direito de criticar uma peça de arquitetura ou um trabalho para aumento de salário. Ora, se algum Obreiro não obteve condições de apresentar um trabalho de bom quilate, trata-se de falha de toda a Loja, em especial, de seus dirigentes que, por certo, não dedicaram suficiente atenção ao Irmão, de sorte que descabe a crítica. De uma maneira genérica, suas atribuições são as seguintes: · · · · · · · Assessorar o Venerável Mestre no desempenho da sua função de administrador da Loja. Nas suas colunas respectivas, são os responsáveis diretos pelo desempenho dos Aprendizes e Companheiros. São os porta-vozes das respectivas Colunas em suas reivindicações e postulações. Responsabilizam-se pela disciplina maçônica em suas Colunas. Concedem, sempre através de golpes de malhete, a palavra aos Obreiros de suas respectivas Colunas. São responsáveis pela cobertura do Templo. Em circulação pelo Oriente do Templo, verificam se os Obreiros das Colunas possuem o grau equivalente à Sessão que irá se processar. É importante lembrar que a boa escolha dos Vigilantes ensejará a boa escolha de Veneráveis Mestres. A Vigilância é um estágio prático e probatório para o Veneralato. Em suas ausências, os Vigilantes são substituídos pelos Expertos e, na falta destes, por qualquer Mestre Maçom do Quadro. Lembremos, todavia, que os Expertos não são substitutos do Venerável Mestre. O 2º VIGILANTE O 2º Vigilante tem acento ao Sul do Ocidente, no meio da Loja, achando-se seu Trono elevado sobre um degrau que simboliza a virtude da Prudência. Segundo o ritual, observa o Sol no meridiano e chama os Obreiros do trabalho à recreação e da recreação ao trabalho. Sua jóia é o Prumo, para significar que não se deve parar no aspecto exterior das coisas, mas, sim, penetrar o sentido oculto das alegorias e dos símbolos. É o terceiro na linha sucessória da Loja, cabendo-lhe concluir o mandato do Venerável Mestre em caso de vaga ou renúncia deste e mais do 1º Vigilante. Dirige a Coluna do Sul, ministrando instruções aos Companheiros e opinando sobre as exaltações. Na ausência do Venerável Mestre, do 1º Vigilante e de Mestres Instalados, dirige a Loja a descoberto. O SECRETÁRIO Como o Orador, o Secretário tem acento no Oriente e seu trono lhe é fronteiro. Representa a memória da Loja, porque uma razão judiciosa não é a única a nos esclarecer, eis que nossos atos seriam falhos de coordenação entre si, não fora a memória. O Secretário redige os balaústres. Consigna, por escrito, o que merece ser conservado. Fornece os quadros destinados à Grande Secretaria. Na prática, o Secretário esclarece a Loja, ao relembrar-lhe as decisões tomadas. Encarrega-se também da correspondência e do expediente, lançando, nos documentos, o destino dado pelo Venerável Mestre. No decorrer dos trabalhos da Loja, o Secretário traça um esboço do que se passou, consignando-o, a seguir, no Livro de Atas. Deve ser prudente na redação. Sem ser prolixo, deve consignar tudo o que se passou durante a Sessão. Contudo, evitará que sejam consignadas expressões demasiadamente cruas, ainda que relate com exatidão a forma pela qual a Sessão decorreu. O Secretário não deve esquecer que suas palavras passarão à posteridade, servindo de histórico da Loja. Pede diretamente a palavra ao Venerável Mestre. O cargo de Secretário que se segue, no escalonamento hierárquico da Loja, ao do Orador, é um cargo eminentemente administrativo, e a escolha de um Irmão para este cargo deve levar em consideração esse aspecto. Por menor que seja a Loja, a Secretaria é sempre bastante trabalhosa e, de seu desempenho, depende, em grande parte, o relacionamento e a memória da Loja. O Secretário deve ter pela função gosto especial e sempre deve escolher, entre os Mestres, secretários adjuntos, para com eles dividir seu trabalho, bem como para treiná-los para que, futuramente, também possam vir a desempenhar o cargo. Basicamente, as atribuições do Secretário são as seguintes: · Fazer o registro dos balaústres das Sessões. · Cuidar das correspondências recebidas e expedidas pela Loja. · Cuidar do arquivo de correspondências da Loja. · Manter o relacionamento com a Grande Secretaria. · Manter os fichários e arquivos dos Obreiros rigorosamente em dia, anotando todas as ocorrências que surgirem. · Assistir à coleta do Saco de Propostas e Informações. · Cuidar do Livro Negro. · Manter em dia todos os registros que impliquem na perpetuação da memória da Loja. · Passar certidões, redigir e fixar editais. Sua jóia constitui-se em duas penas cruzadas. O ORADOR De acordo com a tradição, três dirigem a Loja e cinco completam o seu esclarecimento. As duas Luzes complementares são o Orador e o Secretário, tendo ambos assento no Oriente à direita e à esquerda do Venerável. O Orador é o guardião nato da Constituição e dos Regulamentos Gerais, assim como do Regimento Interno de uma Loja. Daí dizerse que representa a consciência da Loja. Deve ter deles o melhor conhecimento, como também da tradição e do espírito maçônico, para poder interpretá-los com a maior isenção, requerendo sua observância. Auxiliado por um bom Orador que uma, à madureza de um juízo reto, uma sólida erudição, será muito difícil um Venerável Mestre cair em equívocos ou exceder-se no exercício de suas funções. A igualdade, a liberdade, a razão, o direito e a justiça devem encontrar no Orador a mais sólida garantia. O Orador deve presenciar o escrutínio das votações e assinar as atas dos trabalhos de cada sessão. Cabe-lhe apresentar peças de arquitetura nas festas da Loja e nas cerimônias fúnebres, onde exaltará as qualidades distintivas do Irmão. O cargo de Orador obriga ao exercício do papel de acusador em matéria disciplinar, gozando de certa independência com relação ao Venerável. A jóia do Orador consiste em um livro aberto. O Orador ou Guarda da Lei é, no escalonamento hierárquico da Ordem, a quarta posição dentre os membros da administração da Loja. Suas atribuições dizem respeito ao cumprimento da Legislação Maçônica, quer de origem escrita, como Constituição e Regulamento Geral da Potência, Códigos, Leis, Decretos e Atos dos Poderes Constituídos, de Regimentos Internos da Loja, quer da tradição, usos e costumes relativos à Potência à qual pertence a Oficina. É, concomitantemente, o Promotor de Justiça dentro da Oficina, e a ele cabe o enquadramento legal de todos os atos praticados pelos Obreiros ou pela Loja. Ao Orador cabe a leitura de todos os Atos Oficiais, sendo que os Decretos e as Conclamações oriundas do Grão-Mestrado são lidos com a Loja de pé e à ordem. São ainda atribuições básicas do Orador: · Fazer parte da composição da Mesa Eleitoral. · Assistir a verificação dos escrutínios secretos e a coleta do Saco de Propostas e Informações. · Assinar, com o Venerável Mestre, os balaústres das Sessões. · Celebrar, com peças de arquitetura apropriadas, todas as efemérides especiais da Loja e da Ordem. · Saudar, em nome do Venerável Mestre e por delegação dele, os visitantes e autoridades maçônicas e profanas. No Rito de York, tem o nome de Capelão, e, no Rito Schröeder, não existe a figura do Orador. O TESOUREIRO O cargo de Tesoureiro é um desdobramento do de Secretário. Todavia, deve ser eleito por seus pares com, pelo menos, metade mais um dos votos, incluídos nulos e brancos. Esse Oficial deve receber as quotizações, os direitos de recepção e de filiação, os donativos, pagando todas as importâncias devidas pela Oficina, principalmente aquelas inerentes à Obediência. Cabe-lhe também fazer relatórios a respeito da situação financeira da Loja. Um bom Tesoureiro deve manter em dia suas obrigações, efetuar os Orçamentos, apresentar os balancetes à Loja e arrecadar em dia as obrigações pecuniárias dos Obreiros. Importante também é que o Tesoureiro procure sempre fórmulas novas para consolidar o patrimônio financeiro da Oficina. Presta contas de maneira imediata ao Venerável Mestre e aos membros da Comissão de Finanças e, de forma mediata, ao plenário da Loja. Sua jóia é uma chave. O CHANCELER OU GUARDA-SELOS O Chanceler é o oitavo Oficial da Loja. Sua mesa encontra-se do lado de fora da grade do Oriente, ao lado da do Secretário, e fronteira a do Tesoureiro. É também chamado o Guarda dos Selos, por ser o depositário dos mesmos, assim como dos sinetes e do timbre da Loja. Ficam também a seu cargo o Livro Negro, o Livro de Presenças e outros determinados por Lei ou pela Oficina. É o Chanceler que informa sobre a assiduidade dos Irmãos. Nesse sentido, também se pode dizer que opina sobre as Elevações e Exaltações, eis que acompanha de perto a freqüência dos Obreiros. Do mesmo modo, quanto às eleições, pelo controle da assiduidade dos votantes. Sua jóia é um timbre. O HOSPITALEIRO OU ESMOLER Desde tempos imemoriais, estabeleceu-se o costume de as Lojas manterem uma caixa de socorro. Esse legado da maçonaria operativa passou à maçonaria especulativa, e os maçons não se separam sem ter depositado um óbolo no Tronco de Beneficência, o qual circula, obrigatoriamente, antes do encerramento ritualístico dos trabalhos. Antigamente, quando a Loja compunha-se de apenas sete irmãos, o Experto recolhia as oferendas de que se encarregava o 2º Vigilante. Posteriormente, no entanto, a caixa de socorro foi confiada ao Irmão Hospitaleiro, encarregado de fazer circular em Loja o Tronco de Solidariedade. A obrigação do Hospitaleiro era de visitar, cuidar e socorrer os enfermos membros da Loja e, ainda, os profanos que lhe fossem designados, dando conhecimento de suas atividades à Oficina. O fundo era inteiramente secreto e conservado separado de todas as outras receitas e despesas. Com a mudança dos tempos, o Hospitaleiro limita-se, atualmente, apenas a recolher o Tronco de Solidariedade. Depois de seu giro ritualístico pela Loja, obedecendo à ordem do Venerável Mestre, entrega-o ao Tesoureiro e, com ele, confere o produto, voltando ao seu lugar. Sua jóia é um saco ou bolsa. OS DIÁCONOS Dois Oficiais exercem este cargo nas Lojas dos Ritos de York e Escocês Antigo e Aceito. Sua função é transmitir as ordens das Luzes aos Irmãos e cumprir determinadas cerimônias. O 1º Diácono senta-se próximo e à direita do Venerável Mestre, que põe em comunicação com a 1ª Vigilância. O 2º coloca-se ao lado e à direita do 1º Vigilante, para transmitir suas ordens ao 2º Vigilante e aos demais membros da Loja. O 1º Diácono recebe do Venerável Mestre a Palavra Sagrada e transmite-a ao 1º Vigilante, colocando-se, a seguir, no vértice Norte do Altar dos Juramentos. O 2º Diácono recebe-a do 1º Vigilante, levando-a ao 2º Vigilante, colocando-se, em seguida, no vértice Sul do Altar. Quando da abertura e do fechamento do Livro da Lei, ambos cruzam seus bastões por sobre o mesmo. Suas jóias são: um malho, para o 1º Diácono; uma trolha, para o 2º. O MESTRE DE CERIMÔNIAS Além dos cargos principais, para que uma Loja se torne justa e perfeita, outros existem que se tornaram essenciais para o funcionamento de uma Oficina com número regular de Obreiros. Um deles é o de Mestre de Cerimônias, cargo no qual se desdobrou o de Experto. Atualmente, é um dos mais importantes da Loja, cabendo a ele introduzir os Irmãos visitantes, depois de severamente trolhados. Encabeça os cortejos que passam sob a abóbada de aço, cerimonial este tirado da corte da França. O Mestre de Cerimônias é responsável pelo bom andamento dos trabalhos e pela ordem material da Loja. Antes da abertura dos trabalhos, deve cuidar para que o material ritualístico esteja no seu devido lugar. É o encarregado do cerimonial e da liturgia de uma Oficina. Suas atribuições são bastante claras nos Regulamentos e Rituais. É uma das tarefas mais importantes, que requer muito gosto pessoal e desenvoltura na chefia do cerimonial. O Mestre designado para esta função deve conhecer perfeitamente as normas de liturgia e ritualística de sua Potência Maçônica e o Rito em que sua Loja trabalha. Além dessas obrigações, são basicamente suas funções fixas: • • • Circular com o Saco de Propostas e Informações. Organizar as comissões para introdução de Maçons visitantes ao Templo. Organizar a procissão de entrada, acompanhar o Venerável Mestre ao Altar, compor, por delegação do Venerável Mestre, a Loja, verificar se a mesma está composta, incensar os recipiendários e contar os votos nas votações simbólicas. O Rito Brasileiro admite a hipótese de ter um segundo Mestre de Cerimônias. Os Ritos de York e Schröeder não têm este cargo. Sua jóia é uma régua. ARQUITETO DECORADOR O Arquiteto é o responsável pelo patrimônio da Loja. Cabe-lhe decorar e ornamentar o Templo antes do início de cada Sessão, recolhendo os utensílios após o encerramento. Tem ainda a faculdade de requisitar quaisquer objetos necessários ao preparo da Loja. Pelo Regulamento, deve ser o responsável pela escrita de um Livro de tombamento dos bens patrimoniais e demais pertences da própria Oficina, ou de sua responsabilidade. Sua jóia é constituída de um maço e um cinzel cruzados. MESTRE DE BANQUETES Cabe-lhe organizar e preparar os banquetes realizados pela Loja, inclusive solicitando ao Tesoureiro os metais necessários para tanto, com a devida autorização do Venerável Mestre e com posterior prestação de contas. Sua jóia é constituída de dois bastões cruzados. MESTRE DE BANQUETES Cabe-lhe organizar e preparar os banquetes realizados pela Loja, inclusive solicitando ao Tesoureiro os metais necessários para tanto, com a devida autorização do Venerável Mestre e com posterior prestação de contas. Sua jóia é constituída de dois bastões cruzados. PORTA-ESTANDARTE E PORTA-ESPADA Compete-lhes acompanhar o Venerável Mestre nas Sessões de Consagração de Grau, portando o Estandarte e a Espada Flamígera, respectivamente. Suas jóias são: um estandarte, para o Porta-Estandarte; uma espada, para o Porta-Espada. GUARDA DO TEMPLO Além das disposições constantes do Ritual, compete ao Guarda do Templo zelar assiduamente pala segurança do mesmo, e ainda: • • • • Proceder ao exame dos Maçons, quando de sua entrada no Templo, só permitindo o ingresso daqueles que estiverem devidamente trajados e ainda revestidos das respectivas insígnias. Juntamente com o Cobridor, auxiliar na manutenção da ordem e disciplina, fazendo conservar rigoroso silêncio no átrio. Anunciar sempre e regularmente a presença de alguém que bata à porta do Templo. Impedir a entrada ou saída de quem quer que seja sem a prévia autorização do Venerável Mestre. Sua jóia constitui-se em duas espadas cruzadas. OS EXPERTOS O cargo de Experto é originário do Rito Moderno ou Francês. Denominava-se então o “Irmão Terrível”. A partir de 1805, recebeu a denominação de Experto. Além das disposições ritualísticas, compete-lhes substituir os Diáconos nas faltas ou impedimentos destes. Sua jóia é um punhal. O COBRIDOR Compete-lhe: • • • • Permanecer no átrio durante as Sessões, pronto a atender qualquer chamado vindo do interior do Templo. Juntamente com o Guarda do Templo, zelar pela manutenção do silêncio externo enquanto a Loja estiver funcionando, representando, ao Venerável Mestre, sobre qualquer infração havida. Auxiliar o Arquiteto no preparo dos locais de Sessões, bem como na conservação dos pertences da Loja. Proceder à inspeção inicial da documentação apresentada por qualquer Obreiro que deseje participar dos trabalhos, solicitando-lhe a Palavra Semestral após o telhamento. Trata-se de cargo da maior importância, razão por que deve ser confiado a um Maçom de responsabilidade, preferencialmente Mestre Instalado, para que possa telhar os visitantes em todos os graus. Sua jóia é um alfanje. DIRETOR DE HARMONIA Ao Diretor de Harmonia ou Mestre de Harmonia compete instruirse devidamente dos Rituais, preparando músicas apropriadas às Sessões, especialmente quando se tratar de Magnas. Sua jóia é uma lira. $/RMD $/RMD As Luzes grandes e pequenas aí esclarecem aquele cuja visão espiritual não está obstruída pela venda profana, mas, enquanto esta venda não cai, as Luzes da Maçonaria brilham em vão nas trevas que as obscurecem. É então que os Maçons que não souberam depositar seus metais nem sofrer espiritualmente as provas erigem em Grande Luz da Maçonaria o livro sagrado de uma religião recente, mostrando, dessa sorte, um desconhecimento absoluto dos princípios fundamentais da Arte Real. Uma aurora intelectual indecisa em sua palidez precede em nós a aurora rutilante que faz clarear o dia. Chamados a ver a Luz, contentamonos com entrevê-la, quando ela nos é mostrada em Iniciação. O que se oferece à vista do neófito livre da venda é o espetáculo do mundo, do qual a Loja é a imagem reduzida. Ele não pode duvidar, se relacionar isso às dimensões simbólicas do santuário onde está admitido, porque a Loja, — é-lhe ensinado, — estende-se do Oriente ao Ocidente, do Meio-Dia ao Setentrião e do Zênite ao Nadir. Nela reflete-se, pois, a imensidade do Cosmos, como se o concebível em grau maior repercutisse no constatável a menor. Primeira lição discreta que, moralmente, limita-se a sugerir a universalidade da Franco-Maçonaria. Em nome das dimensões da Loja, o Maçom é chamado à ordem, caso faça eco de preocupações mesquinhas. Os iniciados reúnem-se para aportar seu concurso à Grande Obra que é eterna como o Progresso e sem limites em sua aplicação. Tendo a construir um imenso Templo, os Maçons não prostituem sua Arte, sujeitando-a às necessidades profanas; eles têm, neles mesmos, a reformar, o Homem que é universal em sua essência. Instruído das dimensões da Loja, o Aprendiz constata que ela é iluminada, simultaneamente, por três grandes luzes e três pequenas. As grandes são representadas por candelabros colocados no Oriente, Ocidente e Meio-Dia do quadrilongo: são os pilares espirituais do edifício maçônico; a tradição atribui-lhe os nomes de Sabedoria, Força e Beleza. Avaro de palavras, o moderno hierofante limita-se a indicar: a Sabedoria concebe, a Força executa, a Beleza ornamenta. Cabe àquele que viu a Luz resolver o enigma. Para colocá-lo no caminho, chama-se sua atenção sobre as pequenas luzes figuradas pelo Venerável Mestre da Loja e seus dois Vigilantes. Entregue às suas reflexões, o Aprendiz compreende que a concepção de uma idéia deve preceder a ação realizadora, que é preciso pensar com justeza para agir bem, de onde a Sabedoria fixando o plano na execução do qual a Força desdobra sua energia; mas a ação não é sábia se ela não for bela; a idéia não é justa se ela não se realizar com Beleza. A Sabedoria do Venerável Mestre da Loja é aquela do arquiteto que dirige o trabalho construtivo. Seu papel é intelectual; ele sonha como artista, a fim de dar, na imaginação, corpo às aspirações dos construtores. Ele não inventa segundo sua fantasia individual, porque se aplica em concentrar o gênio de todos. Logo, a Sabedoria da qual ele se faz o intérprete não é a sua, mas aquela da Arte; ela é conforme a de todos os Mestres da Obra, escolhidos antes dele para dirigir o trabalho comum. É, pois, uma Sabedoria especializada, modesta e verdadeiramente sábia em sua ambição limitada: conceber corretamente o executável não implica em qualquer onisciência. Cada um pode aspirar à sabedoria que lhe é necessária para bem se dirigir na vida; o Iniciado não solicita qualquer outra e, a partir daí, adere à Suprema Sabedoria. O 1º Vigilante rege a Força, em razão de ele fazer observar a disciplina em Loja. É ele quem repreende os retardatários e controla a assiduidade; ele exige que cada um esteja em seu posto e cumpra sua tarefa. Se fosse levado a explicar-se, insistiria sobre a necessidade de coordenar os esforços. Individualmente, somos impotentes; apenas o trabalho coletivo presta-se à realização de grandes coisas: associemos, pois, nossas energias à vista da realização de uma única Grande Obra. A Força está em nós, do mesmo modo que a Sabedoria; mas não nos tornamos verdadeiramente fortes senão quando nos aplicamos ao trabalho com constância e regularidade. Não é bastante se agitar com zelo para satisfazer às exigências da Arte. Agitação não é sinônimo de trabalho: quando trabalhamos, entendemos produzir, modificar, transformar, fazer melhor; ora, o que melhor realiza uma harmonia mais perfeita traduz-se em obra de Beleza. O 2º Vigilante é o esteta da Loja, porque ele ensina a bem trabalhar, a construir solidamente sob todos os aspectos; ele sabe que, mesmo materialmente, nada que não seja belo é durável: a admiração faz respeitar a obra do puro artista. Este não aplica, aliás, toda sua Força senão a serviço da Beleza que entusiasma. Trabalhando com amor, ele não atenta para suas penas, que retornam em prazer. Uma deusa o inspira, encorajando e recompensando seus esforços. Essa foi, para os construtores cristãos da Idade Média, a Virgem Celeste, personificação da pura idealidade, Rainha de Beleza, diante da qual eles se prosternavam como que perante a suserana da Arte. Nossa Senhora tornou-se seu título de glória, título que nenhum Iniciado contemporâneo renega, consciente do significado profundo do ternário: Sabedoria, Força e Beleza. Sobre esse trinômio baseia-se uma religião discreta, anterior às idolatrias que seduzem as massas. Ela não se formula em dogmas, mas cada um pode a ela converter-se, escutando falar em si mesmo seu próprio espírito. É a Religião dos Iniciados, da qual a Loja é o santuário mudo. As Luzes grandes e pequenas aí esclarecem aquele cuja visão espiritual não está obstruída pela venda profana, mas, enquanto esta venda não cai, as Luzes da Maçonaria brilham em vão nas trevas que as obscurecem. É então que os Maçons que não souberam depositar seus metais nem sofrer espiritualmente as provas erigem em Grande Luz da Maçonaria o livro sagrado de uma religião recente, mostrando, dessa sorte, um desconhecimento absoluto dos princípios fundamentais da Arte Real. A Bíblia é respeitável, preciosa e digna de um estudo atento; mas é em seu próprio coração que o Iniciado deve aprender a decifrar a palavra sagrada, não em textos redigidos para a instrução das massas. Módulo Legislação 1 - A∴ M∴ Normas e Procedimentos para o Rito Escocês Antigo e Aceito,de acordo com os Pareceres nos. 03-90/91 e 04-90/91, da Grande Comissão de Liturgia,Aprovados pela Muito Respeitável Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul Introdução Nossas “sessões práticas” realizam-se de acordo com a legislação e com o Ritual. Na medida em que, desde 1992, existe um Decreto (no. 89) que define normas e procedimentos aplicáveis ao R∴E∴A∴A∴, julgamos importante que os AA∴MM∴ disponham desse material, especialmente porque não se tem muita facilidade na obtenção do mesmo. O presente “Módulo Legislação”, esperamos, será de grande utilidade na elucidação de dúvidas que eventualmente ainda restem com relação à parte prática. Guarde-o bem. Estude-o. Compare-o. Finalmente, analise nossos trabalhos e não hesite em opinar, caso julgue que – a qualquer momento – ocorra alguma inobservância. Nossa maior esperança de um futuro promissor para as Oficinas está em nossos Aprendizes. Impende que, desde já, tomem contato com a parte legislativa de Nossa Instituição, pois só assim poderão estar seguros em sua jornada rumo ao Segundo Grau. Sumário Sinal de Ordem Sinal de Saudação Da Movimentação Dos Malhetes Indumentária Transmissão da Palavra Sagrada Abertura do Livro da Lei Circulação do S∴ de P∴ e I∴ e do T∴ de S∴ Entrada Ritualística em Loja Aberta Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular Cadeia de União Decifração do Balaústre Saco de Propostas e Informações Bateria na Porta Interna do Templo Anúncio do Tronco de Solidariedade Anúncio da Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro Anúncio do Encerramento dos Trabalhos (ver Ritual) Sinal de Ordem O sinal de ordem é obrigatório em L∴ aberta, até o momento do encerramento. Entretanto, toda circulação dentro do Templo deverá ser feita sem o sinal, posto que este só se completa com a colocação dos pés em esquadria. Ora, caminhando, não há como se manter os pés “em esquadria”, logo, a circulação em L∴ é incompatível com o sinal. O sinal de ordem não pode ser desfeito sem a permissão do Venerável Mestre. Exceto as Luzes, todos falarão de pé e à ordem. Os Irmãos que portarem instrumentos – sejam ferramentas, seja o Ritual, bastão, etc. – não farão o sinal de ordem. Sinal de Saudação O sinal de saudação deverá ser feito sempre que um Irmão entrar ou sair do Oriente. Ao término dos trabalhos, porém, aqueles Irmãos que já se encontravam no Oriente, não farão sinal e/ou reverência ao se retirarem. Não se fará o sinal de saudação quando sentado. Também os Irmãos que portarem instrumentos não o realizarão. O sinal de saudação será feito às Luzes, após a entrada ritualística em Loja aberta. Da Movimentação Em movimentação, nenhum Irmão fará sinal de ordem. O Mestre de Cerimônias e/ou os Diáconos, quando no desempenho de seus cargos, portarão os bastões na mão direita, e não os descansarão no piso. O Mestre de Cerimônias somente portará o bastão em ato ritualístico ou quando em representação do Venerável Mestre, isto é, sempre que em cumprimento a uma ordem deste, por exemplo, para conduzir um visitante ao Oriente, para conduzir Irmãos que devam cobrir o Templo, etc. No ato de transmissão da Palavra Sagrada, os Diáconos descansarão o bastão no suporte apropriado. Os Irmãos dispensados do sinal de ordem e de saudação entrarão no Oriente pelo eixo do Templo e farão uma pequena parada, ficando eretos e com os pés em esquadria, sem qualquer reverência. Na formação da abóbada, os Diáconos seguram os bastões com ambas as mãos. Após a transmissão da Palavra Sagrada, os Diáconos colocam-se nos vértices Norte e Sul do Altar dos Juramentos, voltados para o Oriente, aguardando a chegada do oficiante, para o cruzamento dos bastões. A circulação em Loja aberta far-se-á sempre por dentro das Colunas e no sentido horário, tanto no Ocidente como no Oriente. Dos Malhetes Os malhetes serão conduzidos pelas Luzes, ao entrarem ou saírem do Templo. Se o Venerável Mestre se afastar do Trono, depois de abertos os trabalhos, conduzirá o malhete consigo. Os Vigilantes procederão da mesma forma. Não se faz sinal com o malhete. Executa-se com ele, entretanto, a bateria dos graus, ou a bateria de atenção, diretamente no altar. Os tímpanos somente podem ser usados nas sessões brancas festivas. Indumentária O traje maçônico, para as sessões magnas, é o terno de cor preta, com luvas brancas, camisa branca, gravata preta, sapatos de cor preta. É permitido o traje a rigor, também na cor preta. Para as sessões econômicas, é recomendado o traje escuro, preferivelmente, de cor preta; nestas sessões, admite-se ainda o balandrau talar, com calça e meias escuras e sapatos de cor preta. Em Loja de Aprendizes, somente o Venerável Mestre usará chapéu de abas moles e de cor preta. Transmissão da Palavra Sagrada A Palavra Sagrada será transmitida oralmente, de forma sussurrada, boca a ouvido, em cada sessão ritualística, uma vez na abertura e outra no encerramento dos trabalhos. No momento adequado, o 1º Diácono, que se encontra de pé e à ordem, desfazendo o sinal, apanhará o bastão com mão direita e iniciará a caminhada, parando ereto no eixo da Loja. Em seguida, irá em direção ao Trono pelo lado esquerdo do Venerável Mestre, subirá os degraus, depositará o bastão no suporte apropriado, e fará o sinal de saudação. Depois de correspondido, dará o T∴ de A∴. Estando correto, o Venerável Mestre transmitirá a P∴ S∴, a começar pelo ouvido e∴, pronunciando a primeira letra que deverá ser respondida com a segunda pelo 1º Diácono, no mesmo ouvido e∴. Ambos, alternadamente, e trocando de ouvido, completarão a P∴ S∴, sendo dada a terceira letra pelo Venerável Mestre, e a quarta letra pelo 1º Diácono, retornando ao ouvido e∴. O Venerável Mestre dará a primeira sílaba e o 1º Diácono a segunda. Recebida a P.’.S.’., o 1º Diácono, após saudar o Venerável Mestre, retornará ao giro em direção ao Ocidente, mantendo o movimento no sentido horário. No ocidente, circulará por dentro das Colunas, indo até o altar do 1º Vigilante pelo lado esquerdo. Subirá os degraus, depositará o bastão no suporte adequado, fará o sinal de saudação ao 1.º Vigilante. Este último dará o toque, pedindo a palavra sagrada, seguindo procedimento semelhante ao desenvolvido pelo Venerável Mestre. Após a transmissão ao 1º Vigilante, o 1º Diácono o saudará, prosseguirá a caminhada, fazendo o giro por dentro das Colunas, e indo postar-se no vértice Norte do Altar dos Juramentos. Imediatamente após, o 2º Diácono, que está de pé e à ordem, desfazendo o sinal, apanhará o bastão com a mão direita, e irá ao Altar do 1º Vigilante pelo lado esquerdo, subindo os degraus e depositando o bastão no suporte apropriado. Pedirá então a P.'. S.’. através do t..’.. Recebida esta, após a saudação ao 1º Vigilante, retomará o giro por dentro das Colunas, indo até o altar do 2º Vigilante. Este lhe dará o toque, pedindo a P∴ S∴ com procedimento semelhante ao desenvolvido com 1º Vigilante e o Venerável Mestre. Cumprida a formalidade, o 2º Diácono saudará o 2º Vigilante, retomará o giro, e postar-se-á no vértice Sul do Altar dos Juramentos. Os Diáconos permanecerão junto ao Altar dos Juramentos, segurando os bastões com a mão direita, até o momento de os cruzarem na cerimônia de abertura e cerramento do L∴da L∴, quando o segurarão com ambas as mãos. Os bastões serão descruzados logo após a proclamação da abertura e do encerramento da Loja. Abertura do Livro da Lei Será oficiante o ex-Venerável Mestre presente, dando-se preferência ao mais moderno. Na falta de um destes, o 1º Experto. O Mestre de Cerimônias dirigir-se-á ao oficiante e fará o convite com uma batida do bastão no piso. O oficiante fará o sinal de saudação, e empreenderá a caminhada rumo ao Ocidente, circulando no sentido horário. Na face ocidental do Altar dos Juramentos, ficará entre os Diáconos e fará a saudação. Neste momento, os Diáconos cruzarão os bastões. O L∴da L∴ será aberto na página que contém o versículo a ser decifrado – Salmo 133 (1,2,3). O oficiante colocará o C∴ aberto em 60 graus sobre o L∴ da L∴ com a abertura voltada para o Ocidente e sobre este o E∴, de modo a sobrepor as hastes do compasso. Fará o sinal de saudação e colocar-se-á à ordem. Os Diáconos descruzarão os bastões logo após a proclamação da abertura. Após a saudação pelo sinal e pela aclamação, o oficiante retorna ao seu lugar, seguido pelo Mestre de Cerimônias. A seguir, os Diáconos também voltarão aos seus lugares e, de passagem, o 1º Diácono abrirá o painel da Loja. (As velas já foram acesas antes de os Irmãos adentrarem ao Templo). Circulação do Saco de Propostas e Informações e do Tronco de Solidariedade Após o anúncio, o Venerável Mestre determinará que o Mestre de Cerimônias ou o Hospitaleiro cumpra com seu dever. Assim, o Irmão por-se-á à ordem, desfará o sinal, apanhará o S∴P∴I∴ ou o T∴S∴ com a mão direita e postar-se-á entre Colunas. Com o corpo ereto, pés em esquadria, segurará o saco coletor com ambas as mãos sobre o quadril esquerdo e iniciará sua marcha. Subirá ao Oriente pelo lado esquerdo do eixo da Loja e aproximarse-á do Trono pelo lado esquerdo do Venerável Mestre. Primeiramente, faz as Luzes – Venerável e Vigilantes. Depois, o lado esquerdo do eixo, no Oriente: todos, e, o lado direito do eixo: todos. Ocidente: na Coluna do Sul, todos os Mestres Maçons, incluindose o Cobridor e o Guarda do Templo; na Coluna do Norte, todos os Mestres Maçons. Companheiros Maçons. Por fim, os Aprendizes Maçons. Feita a coleta, postar-se-á entre Colunas, fechará o saco coletor, segurando-o com a mão direita e aguardará ordens. Após o anúncio de praxe, entregará o S∴P∴I∴ ao Venerável Mestre que convidará os Irmãos Orador e Secretário para assistirem a conferência. Ambos saem dos seus lugares, aproximam-se do Trono do Venerável Mestre, pondo-se à ordem. Feita a verificação, o Venerável Mestre anunciará o número de Colunas Gravadas recebidas, as quais serão decifradas na Ordem do Dia. Em seguida os Irmãos retornam aos seus lugares. No caso do Tronco de Solidariedade, o procedimento do Irmão Hospitaleiro é idêntico, observando, porém, que, após receber as ordens, levará o tronco ao Irmão Tesoureiro. Este, após a conferência, comunicará ao Venerável Mestre que “foi arrecadada a medalha cunhada de ...” e este anunciará à Loja o resultado. Entrada Ritualística em Loja Aberta Após as formalidades de reconhecimento, o Cobridor permitirá a bateria do grau pelo visitante, na porta do Templo. O Guarda do Templo responderá, dando uma pancada com o punho da espada, para que aguarde, e fará a comunicação ao 1º Vigilante, no momento adequado: “Irmão 1º Vigilante, batem regularmente à porta do Templo”. Concluídas as formalidades, e permitido o ingresso, o Irmão entrará com o pé esquerdo, sem o sinal, e esperará junto à porta o seu fechamento. Simultaneamente, o Mestre de Cerimônias dirigir-se-á, com o bastão, para recebê-lo. O recém chegado porse-á à ordem sobre o eixo da Loja, e efetuará a marcha do A.∋.M.∋. - t.∋. passos iniciados com o pé e.∋. e completados com o pé d.∋., até formar a E.∋.. Saudará o Venerável Mestre pelo sinal de saudação, repetindo-o para o 1º Vigilante, girando a cabeça na sua direção. Da mesma maneira, dirigir-se-á ao 2º Vigilante. Permanecerá à ordem, devendo ser trolhado, se as circunstâncias assim o exigirem. Ultrapassada esta etapa, solicitará um lugar em Loja, aguardando as determinações do Venerável Mestre, o qual, dando boas-vindas ao visitante, determinará a este que grave seu “ne varietur” na T.’. da L.’. e que ocupe o lugar que o Mestre de Cerimônias lhe indicar. Se o visitante for Aprendiz ou Companheiro, o Mestre de Cerimônias, através de uma batida com o bastão no piso, o convidará para acompanhá-lo, dirigindo-se até o altar do Chanceler, para gravação do “ne varietur” na T.’. da L.’., conduzindo-o, a seguir, ao lugar estabelecido. Tratando-se de visitante Mestre Maçom, o procedimento é o mesmo, porém, neste caso, fará o acompanhamento o Mestre de Cerimônias, postandose atrás do visitante. Tratando-se de Mestre Instalado, após as formalidades, será acompanhado, pelo Mestre de Cerimônias, direto ao Oriente, gravando depois seu “ne varietur”. Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular Nesta fase do Ritual, franqueia-se a palavra a todos os Obreiros, para usarem-na livremente e sem apartes. Qualquer Irmão dela pode fazer uso e pronunciar-se sobre o assunto que lhe aprouver. Há, todavia, limites, quais sejam, os impostos pela ética e pela retórica maçônica. Nenhum Irmão falará por seu cargo, mas por si próprio. Não cabe, pois, a palavra de ofício, mas de ordinário, uma vez que os assuntos administrativos foram dados por esgotados na Ordem do Dia. Anúncio O Venerável Mestre anunciará que a palavra será concedida a bem da Ordem em Geral e do Quadro em particular, a quem dela queira fazer uso, iniciando-se pala Coluna do Sul. Os Irmãos Vigilantes não repetirão o anúncio. Palavra nas Colunas e no Oriente Ordenadamente, a palavra é distribuída por toda a Loja. Os Obreiros pedem a palavra, dirigindo-se ao Vigilante de sua Coluna, que possui a competência de distribuí-la, dispensada a autorização do Venerável Mestre. O último a falar na Coluna é o Vigilante, mesmo que seja tão somente para anunciar que reina o silêncio. Após o pronunciamento do 2º Vigilante, a palavra sai da Coluna do Sul e vai para o 1º Vigilante. Na Coluna do Norte são observadas as mesmas praxes. Uma vez anunciado que reina o silêncio em ambas as Colunas, a palavra só poderá retornar a elas por graça do Venerável Mestre e sempre através dos Vigilantes. No Or.’., a palavra está sob o controle do Venerável Mestre. Os procedimentos técnicos formais são os seguintes: o Obreiro solicita a palavra pelo sinal do costume, batendo com a palma da mão d.∋. sobre o dorso da mão e.’., erguendo, em seguida, a mão d.’.. O Vigilante autoriza ou não. Autorizado, o Irmão se põe à ordem, dirige-se ao Venerável Mestre, aos Vigilantes, às autoridades e aos demais Irmãos, para, só então, dizer sua mensagem. Se presente o Grão-Mestre e/ou o Deputado, ou, ainda, o seu representante designado, este(s) será(ão) sempre saudado(s) em primeiro lugar. Palavra do Orador É dado ao Orador o direito de pronunciar-se pessoalmente, independentemente de suas funções. Para tanto, ele faz uso da palavra ordinariamente, quando esta circular pelo Or.’., sempre antes da palavra final do Venerável Mestre. Palavra do Orador para as Conclusões A palavra do Orador, nesta fase, não é livre. Faz pronunciamento por força do cargo. Compete-lhe, então, somente fazer as saudações e proferir suas conclusões sobre o andamento da sessão à Luz das Leis, Regulamentos, Usos e Costumes Maçônicos. Em caso de presença de visitantes ou de fato digno de encômios, cabe ao Orador fazer as saudações de praxe. Como o Orador fala por toda a Loja, os demais Irmãos devem se abster de tais pronunciamentos, para evitar a retórica redundante. As conclusões do Orador são emitidas como uma análise minuciosa sobre o curso dos trabalhos, atendo-se aos aspectos litúrgicos e legais, sem colocação de opinião pessoal. Palavra do Venerável Mestre O último a usar a palavra é o Venerável Mestre, em resposta a todos os pronunciamentos até então proferidos. Sua palavra é, invariavelmente, curta e objetiva, embora considerando todas as que lhe precederam, e é dirigida à Oficina em Geral. Cadeia de União A Cadeia de União deverá ser formada após o encerramento dos trabalhos. Depois da bateria e da aclamação, todos retornam a seus lugares e o Venerável Mestre convoca os Irmãos do quadro para formação da Cadeia de União. Estes se reunirão no Ocidente. O Venerável Mestre coloca-se também no Ocidente, próximo ao A∴ dos Jjur∴. O Secretário à sua esquerda e o Orador à sua direita. O M∴ de Ccer∴ à frente do Venerável Mestre, tendo, ao lado esquerdo, o 1º Vigilante, e ao direito o 2º Vigilante. Os demais Irmãos dispostos lado a lado em círculo, unindo-se sem distribuição específica. Os Aprendizes ficarão intercalados entre os Mestres. Pés em esquadria, de maneira que suas pontas toquem às dos Irmãos que estiverem a seu lado, até formarem um círculo. Braços cruzados, o d∴ sobre o e∴, mãos unidas às dos Irmãos. O Venerável Mestre verificará se todos os elos da Cadeia de União estão ligados. Iniciará a transmissão da palavra semestral, sussurrando-a por inteiro ao ouvido do Sec∴; este repetirá ao ouvido do Irmão que lhe estiver ao lado, devendo chegar até ao Orador, que a transmitirá ao Venerável Mestre. Se a palavra semestral foi corretamente transmitida, o Venerável Mestre dirá: “A palavra chegou certa”.E todos os Irmãos levantarão e abaixarão os braços e as mãos, unidos, por três vezes, dizendo em coro, a cada movimento: S∴ F∴ U∴. Em seguida, os Irmãos soltarão as mãos, estenderão o braço d∴ com a mão espalmada para baixo e dirão: Segredo. Decifração do Balaústre Feita a decifração do balaústre pelo Irmão Secretário, o Venerável Mestre dirá: “Meus Irmãos, se tendes alguma observação a fazer a respeito do balaústre que acaba de ser decifrado, a palavra vos será concedida, a partir da Col∴ do S∴”, (dispensada a repetição pelos Irmãos Vigilantes). Irmão 2º Vigilante: “Podeis usar da palavra, Ir∴ Fulano de Tal”. (Se tiver cargo ou estiver ocupando cargo, enunciá-lo). Irmão 2º Vigilante: “Reina silêncio na Col∴ do S∴, Ir∴ 1º Vig∴”. Ir∴ 1º Vig∴: “A palavra está na Col∴ do N∴” Se alguém solicitar a palavra: “Podeis usar da palavra, Ir∴ Fulano de Tal”.(Se tiver cargo ou estiver ocupando um cargo, enunciá-lo.) Depois: “Venerável Mestre, reina silêncio em ambas as Colunas”. Venerável Mestre (sem qualquer anúncio): “A palavra está no Or∴“.Depois de usarem a palavra os que a solicitaram diretamente ao Venerável Mestre, este anunciará: ”Os Irmãos que aprovam o balaústre que acaba de ser decifrado (caso tenha havido observações, acrescentará: com as observações do(s) Irmão(s) Fulano de Tal) queiram fazer o sinal.” Mestre de Cerimônias: “Aprovado por unanimidade (ou por maioria)”. Sempre que houver voto contrário ou abstenção, deve constar do balaústre. Saco de Propostas e Informações Será conduzido pelo Mestre de Cerimônias sem observância de sinal. O Venerável Mestre anunciará diretamente que o S∴ P∴ I∴ circulará, dispensada a repetição do anúncio pelos Vigilantes. Venerável Mestre: “Ir∴ M∴ de Ccer∴, cumpri vosso dever”.— Ver “giro do Saco de Propostas e Informações”. Ir∴ 2º Vig∴: “Ir∴ 1º Vig∴, o Ir∴ M∴ de Ccer∴, após o giro ritualístico com o S∴ P∴ I∴, encontra-se entre Ccol∴ e aguarda ordens”. Ir∴ 1º Vig∴: “Venerável Mestre, o Ir∴ M∴ de Ccer∴, após o giro ritualístico com o S∴ P∴ I∴, encontra-se entre Ccol∴ e aguarda ordens”. Venerável Mestre: “Ir∴ M∴ de Ccer∴, aproximai-vos do Trono. Convido os Irmãos G∴ da L∴ e Sec∴ para assistirem a conferência”. Bateria na Porta Interna do Templo Guarda do Templo: “Ir∴ 1º Vig∴, batem regularmente à porta do Templo”. Ir∴ 1º Vig∴: “Venerável Mestre, como A∴M∴ batem à porta do Templo”. Venerável Mestre: “Ir∴ 1º Vig∴, mandai verificar quem assim bate”. Ir∴ 1º Vig∴: “Ir∴ G∴ do T∴, verificai quem assim bate”. O Guarda do Templo entreabre a porta, o suficiente para verificar quem seja, e anuncia de quem se trata. Ir∴ 1º Vig∴ repassa a informação ao Venerável Mestre. Venerável Mestre: autoriza ou não a entrada. A entrada, em regra, deve ser com formalidades, exceto em situações especiais. Anúncio do Tronco de Solidariedade O Tronco de Solidariedade deve ser conduzido pelo Irmão Hospitaleiro, sem observância de sinal. Venerável Mestre, como no S∴P∴I∴, diz: “Ir∴ Hospitaleiro, cumpri vosso dever”. (Ver giro do T∴S∴.). Ir∴ 2º Vig∴: “Ir∴ 1º Vig∴, o Ir∴ Hospitaleiro, após o giro ritualístico com o T∴S∴, encontra-se entre Ccol∴ e aguarda ordens”. Ir∴ 1º Vig∴: “Venerável Mestre, o Ir∴ Hospitaleiro encontra-se entre Ccol∴ e aguarda ordens”. Venerável Mestre: “Ir∴ Hospitaleiro, conduzi o T∴S∴ ao Ir∴ Tes∴ e auxiliai-o na conferência”. Anúncio da Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular O Venerável Mestre anunciará diretamente. Ir∴ 2º Vig∴: “Podeis usar da palavra, Ir∴(se estiver ocupando cargo, enunciá-lo)”. Depois: “Ir∴ 1º Vig∴, reina silêncio na Col∴ do S∴“. Ir∴ 1º Vig∴: “Podeis usar da palavra, Ir∴(se estiver ocupando cargo, enunciá-lo)”. Depois: “Venerável Mestre, reina silêncio em ambas as Ccol∴“. Venerável Mestre: “A palavra está no Or.’.”. Anúncio do Encerramento dos Trabalhos Ver Ritual. Teste seus Conhecimentos 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. ( ) Como se chamam, em Maçonaria, as atas onde são consignados os acontecimentos ocorridos numa sessão? ( ) Você sabe que uma Loja Maçônica tem, de próprio, valores em dinheiro. De que modo nos referimos a esses valores, fazendo uso de uma expressão tipicamente maçônica? ( ) Uma Loja maçônica tem sacos. Qual o nome que se dá àquele onde se colocam os metais? ( ) E o outro, como se chama? ( ) Qual a expressão maçônica que designa o cargo do obreiro que faz circular o Tronco de Solidariedade? ( ) E no caso do Saco de Propostas e Informações, quem o faz circular em Loja? ( ) Você já sabe que os metais são colocados no Tronco de Solidariedade, agora responda que nome se dá àquilo que é colhido pelo Saco de Propostas e Informações? ( ) As Lojas Maçônicas entre si, bem como as Potências Maçônicas reciprocamente entre elas e as jurisdicionadas, mantém comunicação escrita. Em Maçonaria, como se chamam esses ofícios ou essas correspondências? ( ) Que nome se dá à veste talar preta usada exclusivamente em Loja? ( ) Você já sabe o que significam as letras J e B que aparecem nas colunas da entrada do Templo? ( ) Na capa de alguns Rituais, aparece a expressão: MM∴AA∴LL∴ & AA∴ Você sabe quem são os “MALAS”? ( ) O que se transmite na Cadeia de União? ( ) Se você olhar para o alto de um Templo Maçônico, o que verá? ( ) E olhando para baixo? ( ) Que vindes fazer aqui? ( ) Você já sabe a sua idade? ( ) Você sabe onde fica, num Templo Maçônico, a Pedra Bruta? ( ) Em que Salmo é aberto o Livro da Lei numa Loja de A∴ M∴? ( ) Sois Maçom? 20. ( ) Durante a sessão, o Livro da Lei permanece aberto, tendo sobre ele dois instrumentos. Quais são? 21. ( ) Na pergunta anterior você demonstrou saber quais são os instrumentos sobre o Livro da Lei. Ambos têm uma forma correta de colocação. Você sabe em quantos graus deve estar aberto o compasso? Então, que horas são? 22. ( ) Que trazeis? 23. ( ) O que os Diáconos pedem e transmitem? 24. ( ) Os maçons se reconhecem através de SS∴ TT∴ PP∴. O que é isto? 25. ( ) Quando alguém quebra um juramento, diz-se que ele é um ... 26. ( ) Como se chama o ato de perjurar? 27. ( ) Você já sabe onde está a Orla Dentada? 28. ( ) Que se faz em vossa Loja? 29. ( ) Você encontrará, em correspondências maçônicas, as abreviaturas S∴F∴U∴. Você já sabe o que elas significam? 30. ( ) Uma Loja Maçônica apoia-se sobre três pilares. Eles são: a Sabedoria, a Força e a .......... 31. ( ) O Venerável Mestre representa a ............. 32. ( ) O 1º Vigilante representa a .............. 33. ( ) A Beleza é representada pelo............... 34. ( ) Nada mais trazeis? 35. ( ) No átrio, quando nos preparamos para adentrar ao Templo antes de uma sessão, formamos uma fila. Em Maçonaria, que nome se dá a esta fila? 36. ( ) Quem é o último a usar da palavra antes do encerramento da sessão? 37. ( ) Que nome se dá ao cargo do Irmão que decifra os Balaústres? 38. ( ) Você está seguro de que sabe entrar ritualisticamente em Loja? 39. ( ) Você sabe pedir a palavra em Loja? 40. ( ) Você está em condições de se submeter a um trolhamento? 41. ( ) Que instrumentos segura o Aprendiz? 42. ( ) Em Maçonaria, que nome têm as pessoas não iniciadas? 43. ( ) Quem comanda a Coluna do Sul? 44. ( ) Quem comanda a Coluna da Força? 45. ( ) Você já observou qual a jóia do Venerável Mestre? Qual é ela? 46. ( ) Se um Irmão lhe perguntar: Tudo justo e perfeito? O que o Maçom deve responder? 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. ( ) Em Maçonaria não fazemos proselitismo de nenhuma religião e é por isso que nos referimos ao Ser Supremo como o ................ ( ) Quando, numa Coluna, ninguém se manifesta para fazer uso da palavra, dizemos que........... ( ) Você já sabe onde fica a Sala dos Passos Perdidos? ( ) ‘Ne-Varietur’ é uma expressão latina que significa............. ( ) Quando você comparece às sessões, onde grava o seu Ne-Varietur? ( ) Qual é o Rito desta Loja? ( ) Você conhece outros Ritos? ( ) Qual a jóia do 1º Vigilante? ( ) Qual a jóia do responsável pela Coluna da Beleza? ( ) O que se torna preciso para a abertura dos trabalhos? ( ) Quando o Venerável Mestre declara aberta a Loja de Aprendizes Maçons, declara também que os trabalhos estão em plena ............ e ............... ( ) Pelo Ritual, a que horas se iniciam e se encerram nossos trabalhos? Para cada pergunta que você acertou, conte 1 ponto. Se você fez menos de 30 pontos, francamente, deve ser iniciado de novo ou não compareceu às nossas sessões. Se você fez entre 31 e 48 pontos, seja mais atento ao que se passa a sua volta. Se você ficou entre 49 e 58 pontos, parabéns. Você é atento! Primeira Instrução do Grau de Aprendiz Maçom O trabalho do A∴M∴consiste em desbastar a _____________________ _________________, isto é, desvencilhar-se dos defeitos e paixões e poder concorrer para com a construção moral da humanidade. Pela fé e pelo esforço transforma a __________ ______________ em _____________ ______________, apta à construção do edifício, quando poderá descansar o maço e o cinzel para empunhar outros utensílios, subindo a escada da hierarquia maçônica. A Forma da Loja é de um _______________________; seu comprimento é do Oriente ao __________________; sua largura do ____________ ao Sul; sua profundidade, da superfície ao _______________ da __________ ; e sua altura, da terra ao ___________ . Esta vasta extensão simboliza a universalidade de nossa Instituição. Sustentam a Loja três grandes colunas denominadas ________________, ______________ e ________________ . A Sabedoria deve nos orientar no caminho da vida; a ________________, nos animar e nos sustentar em todas as dificuldades e a __________________, adornar todas as nossas ações, nosso caráter e espírito. Estas Colunas representam ainda, três personagens: Salomão, pela sabedoria em construir e dedicar o Templo de Jerusalém ao serviço de Deus; Hiram, Rei de Tiro, pela força que deu aos trabalhos do Templo, fornecendo homens e materiais e Hiram Abiff, por seu primoroso trabalho em dar Beleza à obra. Nesse compasso, emprestam-se, ainda, às Colunas, três ordens de arquitetura: a _______________ para representar a sabedoria; a ___________________, significando a força ___________________ simbolizando a Beleza. e a O teto das Lojas Maçônicas representa a ________________________ __________________________, isto é o Céu, o infinito. O caminho para atingir-se esta ______________________ _____________________ é representado pela _____________ de _________________, existente no Painel da Loja, e composta de muitos degraus, cada um deles representando uma das virtudes exigidas ao Maçom para a busca da perfeição moral. Em sua base, centro e topo destacam-se três símbolos: _____, ___________________ e ______________, virtudes morais que devem ornar o espírito de qualquer ser humano, principalmente do Maçom, que não se esquecerá jamais de depositar fé no G∴ A∴ D∴ U∴, esperança no aperfeiçoamento moral, e caridade para com seus semelhantes. A ______ é a sabedoria do espírito; a _____________________ é a força do espírito, amparando-o e animando-o nas dificuldades encontradas no caminho da vida, e a _______________________ é a beleza que adorna o espírito e o coração bem formados. O interior de uma Paramentos e Jóias. Loja Maçônica contém Ornamentos, Os Ornamentos são o __________________ _______________ a ________________ __________________ e a _______________ _________________ . O ___________________ __________________ , com seus losangos brancos e pretos é um dos três _____________________ citados acima, e nos ensina que a diversidade das raças e o antagonismo de toda a ordem de crenças e convicções são apenas aparentes, pois toda a Humanidade foi criada para conviver na mais perfeita harmonia e na mais íntima fraternidade. A _______________ ________________, outro dos três Ornamentos da Loja, representa a Luz da Loja. Simboliza o Sol e nos ensina a virtude da caridade, a prática do bem, não só num círculo restrito de amigos e afeiçoados, mas de todos aqueles que necessitam, até onde nossa caridade possa alcançar. A _____________ ___________________ representa com seus múltiplos dentes os maçons unidos e reunidos no seio da Loja. Assim, os ____________________da Loja são três: o _________________ de ___________________ pretos e brancos unidos pelo mesmo cimento, a _____________ ____________________ e a ______________ ________________. Temos agora os Paramentos que são três: o ________ da _________, o __________________ e o _________________, mas três vistos como um, podendo-se falar no “Paramento da Loja”, também no singular. O ____________ da _______ representa o código moral que cada um respeita e segue. O __________________ e o _________________,, que só se mostram unidos em Loja, representam a medida justa que deve presidir todas as nossas ações, sem jamais se afastar da retidão. As pontas do __________________ocultas sob o esquadro significam que o Aprendiz, trabalhando somente na Pedra Bruta, não pode fazer uso daquele, enquanto sua obra não estiver perfeitamente acabada, polida e esquadrejada. Assim, pois, o Paramento da Loja, constitui-se, pode-se dizer no ________ da ______, sobre o qual se põe o __________________ e o __________________, este último com suas postas ocultas sob o primeiro. Finalmente, as Jóias da Loja, que são três ___________ e três _________. As Jóias móveis, em número de ________ , são o ____________________ o ____________ e o ____________, chamados móveis porque são, a cada ano, transferidos ao Venerável e Vigilantes. As Jóias fixas são a _____________________ da _______________, a ___________ _____________ e a _____________ ______________. A__________________ da __________ é a jóia fixa que serve para o Mestre traçar e desenhar, guiando os Aprendizes no caminho do aperfeiçoamento; a ____________ _____________ serve para nela trabalharem os Aprendizes, marcando-a e desbastando-a, até que seja julgada polida pelos Mestres da Loja. A ___________ _________________ ou cúbica é o material perfeitamente trabalhado em linhas e ângulos retos, que só podem ser verificados e experimentados pelo Compasso e pelo Esquadro, de acordo com as exigências da Arte Real. Chamam-se fixas estas Jóias, porque permanecem imóveis na Loja. Em toda Loja Maçônica _________________, ____________________ e _____________________ existe um ponto dentro de um círculo que o verdadeiro Maçom não deve transpor. Este círculo é limitado ao Norte e ao Sul por duas linhas paralelas, uma representando Moisés e a outra o Rei _______________ .Na parte superior deste círculo fica o ___________ da _______, que suporta a ______________ de __________, cujo cimo toca o Céu. Por último, pendentes dos cantos da Loja, vemos quatro _____________, colocadas em seus pontos extremos, para nos lembrar as quatro virtudes cardeais: ___________________ , __________________ , ________________ e _________________. A Restituição dos Metais O falso brilho das coisas não o ofusca mais; ele aprecia, com seu justo valor, o saber profano, sem partilhar das ilusões daqueles que acreditam que a verdade se deixa aprisionar em fórmulas verbais. Quando o neófito recebeu no Oriente a instrução de seu grau, ele vai ao Ocidente para fazer-se reconhecer pelos dois Vigilantes. Desde que estes se declarem satisfeitos com seu exame, retêm o novo Aprendiz entre as duas Colunas, enquanto o Venerável Mestre da Loja proclama solenemente que esta foi enriquecida com um novo membro a quem todos os Maçons do mundo devem fraternalmente ajuda e proteção. Reconhecido doravante por todos os Irmãos, o Iniciado, definitivamente admitido, é levado ao lugar que a tradição lhe reserva. É o ângulo NorteLeste da Loja, local da primeira pedra colocada quando da inauguração de uma construção nova. Cada um, em Maçonaria, sendo chamado a construir o templo de suas convicções pessoais, o neófito torna-se a primeira pedra de sua própria construção intelectual e moral. Ele vai construir livremente, segundo as regras da experiência arquitetural e empregando todos os materiais cuja solidez será garantida. Como as provas da Aprendizagem ensinam a discernir aquilo que possui um valor construtivo, o Aprendiz pode entrar na posse dos metais de que soube se despojar para ser admitido à iniciação. O falso brilho das coisas não o ofusca mais; ele aprecia, com seu justo valor, o saber profano, sem partilhar das ilusões daqueles que acreditam que a verdade se deixa aprisionar em fórmulas verbais. O Iniciado aplica-se se instruir de tudo aquilo que se lhe ensina; ele não desdenha nenhuma noção relacionada ao mistério das coisas; mas, se ele compreende bem a Arte, considerará o conhecimento como subjetivo, pois este procede do visionarismo mental daquele que, no interior de si mesmo, sabe ver a Luz. Essa visão faz descobrir uma clareza comum a todos os seres pensantes. Luz esclarecedora, originalmente, de todo homem que vem a este mundo. A Matéria Primeira dos Sábios faz alusão a essa claridade difusa em todos os lugares, mas que percebem unicamente os filósofos herméticos. Quem trabalha sobre essa Matéria empreende a Obra corretamente e pode, — se não cometer nenhuma falta, — atingir o ideal da Pedra perfeita. Isso significa que, trabalhando sempre sobre si mesmo, o adepto deve remontar até a fonte primordial de sua própria atividade; se ele não chegar a conhecer-se em sua intimidade mais profunda, não perceberá jamais a Verdadeira Luz prometida aos Iniciados. Os Franco-Maçons atuais discernem do que se trata? Eles depositam em geral seus metais sem ver nisso malícia, depois, retomamnos com a mesma candura, após terem visto materialmente uma luz que não os esclarece “em espírito e em verdade”. Tudo, em Iniciação, depende, todavia, daquilo que nós chegamos a ver interiormente. As provas não têm outro objetivo senão que o de nos colocar em estado de ver a Luz: elas são muito sérias, a despeito do divertimento ao qual dão lugar, muito freqüentemente, as iniciações cerimoniais. Não são trotes, a não ser para iniciadores ignorantes que profanam as coisas santas; em Iniciação real, os ritos prescrevem operações nas quais o adepto é, ao mesmo tempo, o sujeito e o objeto, o agente e o paciente, porque, — Maçom chamado a talhar a Pedra, — ele trabalha sobre si mesmo, sendo a Pedra viva que se talha ela própria. Mas o que opera em nós é Espírito, ou seja, Luz, e é a Luz operante que somos chamados a descobrir em nós; para aí chegar, é-nos necessário depositar nossos metais, morrer para as ilusões profanas e completar nossa purificação mental. É exigir muito de um candidato a Franco-Maçom, homem de boavontade, sincero em seu desejo do bem, mas incapaz de iniciar-se nos mistérios efetivos da Arte Real. Não se deve, pois, reprovar à FrancoMaçonaria colocar-se ao alcance do grande número. Ao iniciar em seus símbolos, ela mantém suas obrigações em relação aos iniciáveis que irão procurar, pedir e bater, de forma a encontrar quem lhes responda e quem se lhes abra, finalmente, a porta do santuário da Verdade. Outros não aprenderão a ritmar os três golpes misteriosos senão para obter o acesso a uma Loja regular, em sua qualidade de Maçons reconhecidos regulares... convencionalmente! Iniciados apenas nas exterioridades, no lado sensível da FrancoMaçonaria, esses aderentes superficiais, — que são legião, — não vão além da infância da Arte: eles se divertem com imagens cujo sentido não percebem, mas estas imagens lhes pregam uma sabedoria à qual eles se mostram dóceis. Habituam-se a manter-se bem em Loja e a desenvolver seus bons sentimentos. Sem elevar-se até o ideal muito heróico da Iniciação, tornam-se melhores em modestas proporções. Se a FrancoMaçonaria moderna melhora seus adeptos, tornando-os mais fraternos uns em relação aos outros, sua obra é louvável, mesmo que, sobre cinco milhões de membros ativos, ela não conte senão com uma ínfima corte de Iniciados que realmente viram a Luz. ESTUDO SOBRE O RITUALISMO INICIÁTICO DAS CONFRATERNIDADES DE CONSTRUTORES As palavras pronunciadas são enigmáticas, porque elas se relacionam ao mistério. O profano as ouve, mas ele não tem ouvidos para entendê-las, da mesma forma que não tem olhos para ver. Não são as cerimônias que têm o poder de iniciar. Elas exercem, ao contrário, sua ação sobre o iniciável que sofre a atração do mistério. Aquilo que houver visto e ouvido fará trabalhar seu espírito. Ajudado pelos Iniciados, ele adivinhará o sentido dos símbolos e o alcance dos ritos, iniciando-se por si mesmo progressivamente. Predecessores imediatos dos franco-maçons atuais, os maçons livres ingleses do século XVII pretenderam-se detentores de segredos de uma extraordinária importância. Ao seu entender, o sábio rei Salomão havia instruído os construtores do Templo de Jerusalém nos mistérios que os talhadores de pedra transmitiram fielmente depois, sob o selo de uma inviolável discrição. Daí as iniciações profissionais que, – asseguram eles, – não versavam exclusivamente sobre a técnica material da arquitetura. Tratavam-se, na realidade, de três vias secretas de muito anteriores à época da realeza judaica, eis que contemporâneas às origens da arte de construir. Nada parecia então possível ao homem sem a colaboração exterior de misteriosos poderes invisíveis. Como tais forças interviessem secretamente, convinha calar a seu respeito. Um pacto de silêncio ligouse a elas. A menor indiscrição quebrava o encanto: os deuses abandonavam aquele que não soubesse manter segredo. Trata-se, pois, de um segredo religioso que os construtores se transmitiram, segredo que deixou de ser ortodoxo quando o cristianismo triunfante não tolerou mais outro dogma que não o seu. Tornou-se então prudente abrigar-se atrás de Salomão, para tornar menos suspeitas as tradições arquiteturais cristianizadas. Estas constituíram mais tarde a Arte Real, em lembrança dos filhos de David, termo que, no século XVIII, tornou-se sinônimo de franco-maçonaria, tanto mais que os franco-maçons modernos pretendem-se limitar a construir espiritualmente. Fazendo apelo à legendária sabedoria do rei bíblico, ambicionam erigir o Templo Imaterial da humanidade futura, instruída intelectualmente e tornada sábia em seu vasto conjunto. Semelhante obra ultrapassa a técnica arquitetural ordinária. Ela comporta mistérios de ordem religiosa que são aqueles da verdadeira Arte Real. Formando Iniciados, esta Arte forma Reis, ou seja, homens subtraídos a toda dominação, logo, livres, soberanos mestres deles mesmos. Para elevar-se a essa realeza iniciática, é preciso aprender a pensar com independência, sem sofrer a tirania dos preconceitos reinantes ou se deixando impor as idéias de outrem. É indispensável, de outra parte, haver sacudido o jugo das paixões e não agir, em todas as coisas, senão realmente, com soberana consciência de sua responsabilidade. Toda Alta Iniciação aplica-se à educação dos reis. A Alquimia Real ensinava a transmutar o chumbo da natureza humana vulgar em ouro iniciático, realizando a perfeição compatível com o caráter de cada indivíduo. Os construtores mostram tal perfeição sob a imagem de uma pedra que é talhada por si mesma na forma retangular, a fim de poder ser incorporada ao grande edifício da humanidade, Templo Ideal, objetivo supremo da Arte Real. Que os símbolos sejam tirados da antiga metalurgia ou da arte de construir, o esoterismo permanece idêntico: um mesmo programa é desenvolvido, qual seja, aquele da pura Iniciação. E por que tal programa é ele mesmo um mistério? Sem dúvida, porque ele não interessa senão àqueles que são chamados a segui-lo: os iniciáveis. As coisas santas não devem ser profanadas. Elas tiram sua força da compreensão dos iniciados, de onde a disciplina do segredo que tem sido sempre observada. Mas, se os iniciados têm o dever de se calarem diante dos profanos que os não compreendem, não podem furtar-se de instruir os espíritos abertos nas noções iniciáticas, de onde os escritos enigmáticos, limitandose a fazer alusão aos assuntos reservados. Essas discretas revelações dos mistérios jamais puderam colocá-los a nu, porque nenhum mistério real pode ser desvendado, eis que, relacionando-se ao fundo último do pensamento, ele penetra além de toda forma expressiva. A verdade esconde-se no fundo de um poço. Aprofundemo-nos, e poderemos percebê-la em sua casta nudez; ela não será mais um mistério, porque supõe a deusa despojada de sua pele, de suas carnes, nem mesmo subsistindo sob a forma de esqueleto: um ponto matemático sem dimensões restará unicamente para a fixar o pensamento. Nessas condições, o iniciável não saberia ser instruído diretamente. Imagens lhes são mostradas, enquanto ele desempenha seu papel na mise en scène das fases sucessivas da Iniciação. As palavras pronunciadas são enigmáticas, porque elas se relacionam ao mistério. O profano as ouve, mas ele não tem ouvidos para entendê-las, da mesma forma que não tem olhos para ver. Não são as cerimônias que têm o poder de iniciar. Elas exercem, ao contrário, sua ação sobre o iniciável que sofre a atração do mistério. Aquilo que houver visto e ouvido fará trabalhar seu espírito. Ajudado pelos Iniciados, ele adivinhará o sentido dos símbolos e o alcance dos ritos, iniciando-se por si mesmo progressivamente. Convidamos aqui o leitor a trabalhar iniciaticamente. Os materiais que nós lhe oferecemos provêm do canteiro de obras da iniciação ocidental, onde figuram blocos esculpidos há mais de cinco mil anos às margens do Eufrates; o gênio grego aí deixou imperecíveis modelos, e nossa desconhecida Idade Média aí se revela em toda sua glória. Mas o iniciado inicia-se a si mesmo: assim o quer a inelutável lei da Arte Real. A Serpente do Gênese "É certo que, antes de pensar de uma maneira consciente, a humanidade longamente sonha, a imaginação entra em atividade na frente da razão que só desperta tardiamente. Tal faz justiça à lenda, quando nos mostra a serpente seduzindo Eva, personificando as faculdades imaginativas, antes de seduzir Adão, no qual dorme o futuro racional". Quando crianças recitam fábulas, não são mais ingênuas frente à linguagem que o fabulista emprestou aos animais; da ficção, elas não retêm como verdadeiro senão a moral que daí se destaca. Por que seríamos nós mais ingênuos que elas em presença do mito da queda de nossos primeiros pais? Essa narrativa é fundamental para a doutrina cristã, pois a catástrofe provocada pela serpente bíblica torna necessária a intervenção do Salvador. Não há nada aí de muito verídico, para que se percebam as alusões às quais se relacionam as imagens sagradas. Interpretemos primeiramente os símbolos, inspirando-nos naquilo que eles sugerem mais espontaneamente. Considerado desse ponto de vista, o casal adâmico personifica a humanidade primitiva, ainda animal, no sentido de que ignora o uso do fogo e não sonha nem com vestir-se nem com construir abrigos para si. Nossos primeiros pais nutriam-se de frutos que não se davam ao trabalho de cultivar e, ainda que não fossem macacos, viviam, ao menos, à maneira destes. Sua inteligência não estava ainda desenvolvida; eram impulsivos e obedeciam ao instinto que os guiava infalivelmente em tudo aquilo que tocasse à realização de suas funções fisiológicas. Sem noção daquilo que lhes falta, eles viviam satisfeitos de sua sorte, felizes e relativamente oniscientes, pois que um infalível instinto os tornava lúcidos quanto à satisfação de suas necessidades. Tal é o estado paradisíaco que beneficia a animalidade dócil conforme à lei de sua espécie. Uma providência a protege, mas interditalhe aspirar o discernimento, porque o discernir é praticar ato de autodomínio intelectual, é querer fiar-se de outra luz que não a do instinto. Renunciar a deixar-se guiar passivamente por este último equivale a uma insubordinação culpável aos olhos do gênio protetor da espécie animal, logo, a um pecado contra as divindades agrestes, tais como o Pan helênico o Enkitou babilônico. É importante insistir sobre esse ponto, porque, se a Bíblia monoteísta está, às vezes, em contradição com ela mesma, é porque as tradições que ela recolheu remontam freqüentemente a muito antigas mitologias. O deus antropológico do paraíso que deita vistas à brisa da noite é um antigo gênio tutelar confundido com o Ser Supremo. Não é senão a esse título primitivo que sua atitude se explica, porque um criador infinitamente sábio nos desconcertaria, se aquilo que se realizasse não estivesse dentro de seus planos. planos. Como conceber que plantasse uma árvore fatídica e se desse ao trabalho de dotar a serpente de sua sutil sedução, sem contar com a queda? Apenas a mitologia comparada esclarece o significado de certos textos que emolduram mal a teologia judaica. Que um deus pagão preposto ao governo da animalidade se ofenda com a emancipação humana, nada de mais escusável; mas respeitemos o bastante a inteligência suprema, para não lhe atribuir sentimentos mesquinhos. Não é ela que forma os atores do drama da eterna evolução cujo espetáculo ela dirige? Entre esses atores figura a serpente que, longe de ser maldita por nossos longínquos ancestrais, aparece-lhes, ao contrário, como digna de veneração. Adornando as fontes que fazem jorrar a água vivificante do seio da terra divinizada, os lígures estabeleceram uma analogia entre o riacho serpeante através da pradaria e a serpente deslizando entre as ervas, tanto fizeram eles do réptil animal sagrado diretamente relacionado com a vida. Partindo de uma concepção idêntica, os gregos atribuíram mais tarde à serpente, um poder curativo. Eles mantinham, nos templos de Esculápio, ofídios cujo contado deveria curar os doentes. O Ouroboros, a imensa serpente que morde a própria cauda, simbolizava, de outra parte, a via geral, indestrutível, em seu eterno recomeço. Mas a serpente bíblica faz alusão ainda a outro aspecto do símbolo. Se ela persuadiu Eva a provar do fruto proibido, é porque era da família da serpente python, inspiradora das pitonisas. Essas adivinhadoras liam naquilo que os ocultistas, a exemplo de Paracelso, chamavam de a luz astral. É permitido comparar esse agente da iluminação imaginativa à obscura claridade que emana das estrelas, mas mais vale figura-la como um brilho fosforescente envolvendo o globo terrestre. Essa atmosfera de difusa luminosidade influencia as imaginações receptivas que se comportam, em relação a ela, como um meio refringente condensador. Assim se explica a iluminação dos videntes que favorece a impressionabilidade passiva dos contemplativos abandonados ao sonho desperto. É certo que, antes de pensar de uma maneira consciente, a humanidade longamente sonhou, a imaginação entrando em atividade antes da razão que não despertou senão tardiamente. Tal fato justifica a lenda, quando ela nos mostra a serpente se dirigindo a Eva, personificando as faculdades imaginativas, de preferência a Adão, o futuro racional, nascido pesado de espírito e espontaneamente pouco compreensivo. Eva adivinha, ela concebe femininamente aquilo que lhe sugere uma influência misteriosa, porque se desenvolve nela um dom de vidência que se relaciona diretamente ao instinto. Deste à inteligência controlada, há uma etapa que consiste na adivinhação. Eva aí é elevada, depois faz subir Adão, porque a intelectualidade feminina não pode realizar um progresso sem que a mentalidade masculina disso se beneficie em contrapartida. Eva não pode provar o fruto da árvore do discernimento sem partilhar com Adão o novo alimento que ela considera excelente. Tomando ao pé da letra a narrativa Bíblia, a desobediência de nossos primeiros pais teria instantaneamente produzido seu efeito: de instintivos, eles teriam se tornado inteligentes por milagre. Dando-se conta de sua nudez, eles teriam inventado as vestes, sob a influência de um sentimento de pudor que lhes teria vindo subitamente. É crível que a evolução fosse lenta. Eva pôde escutar a serpente durante séculos antes de tocar o fruto proibido: os mitos se esquematizam com a supressão do tempo. Na realidade o que corresponde, no ser humano, à inteligência feminina, logo, às faculdades sensitivas e divinatórias, desenvolveu-se anteriormente ao poder de raciocinar, concebendo idéias nítidas, susceptíveis de encadeamento lógico. A Eva simbólica foi, pois, a primeira a se resgatar da animalidade pura e simples. Ela teve o pressentimento do amanhã intelectual humano e, inspirada pela serpente, concebeu a ambição de tornar-se semelhante aos deuses, conhecendo o bem e o mal. Culpada de orgulho aos olhos do gênio tutelar da instintividade que pôde maldizer a serpente, ela não foi certamente culpada de um ponto de vista superior, porque a emancipação humana não poderia faltar em entrar no plano da Suprema Sabedoria. Que enfoque reclama a teoria da queda? Se existiu aí degradação para a humanidade que se distancia do estado instintivo original, foi em relação à perda da felicidade inconsciente. Nós estimamos feliz a criança que brinca com inocência, preservada das preocupações da vida, mas lamentamos o inocente no qual a fase da infância se prolonga indevidamente ou o velho tornado inconsciente pelo enfraquecimento de suas faculdades. Cada coisa tem seu tempo, tudo como cada estado comporta suas vantagens e seus inconvenientes. O macaco é mais ágil que o homem, sobre o qual suas quatro patas lhe conferem uma esmagadora superioridade, quando se pendura nas árvores, apoderandose de seus frutos. O homem sentiu-se, primitivamente, inferior aos animais e teve por eles uma admiração que se traduziu em culto. Mas a espécie deserdada fisicamente desenvolve-se cerebralmente, na razão mesma da inferioridade de sua organização natural. Foi necessário passar por uma longa escola de privações e de sofrimentos, para que adquirir artificialmente aquilo que uma sorte cruel parecia lhe recusar. O paraíso perdido corresponde a uma realidade, não menos que a condenação ao labor ingrato; mas é falso erigir em ideal humano a preguiça e a indolente inatividade. Onde está nossa nobreza? Nós que, orgulhosamente vestidos, não somos mais chamados a curvar a cabeça à maneira dos quadrúpedes? Criaturas cujo orgulho nada tem de ímpio, nós somos da raça dos Titãs, nascidos para conquistar o céu. Mas, desejando o fim, é preciso que aceitemos os meios. O trabalho se impõe a nós: é inelutável, porque ele apenas conduz ao objetivo. Então, terminemos por compreender e mostremo-nos inteligentes até a penetração do sentido profundo da vida. Constataremos que viver e trabalhar são sinônimos. Os seres não existem senão em vista da tarefa que lhes incumbe. Emancipados da tutela indispensável da infância, não nos revoltemos contra a necessidade de ganhar penosamente nossa vida. Não será gemendo contra o pretendido pecado cometido aos olhos da providência animal, que nos mostraremos homens, dignos filhos daquela Eva que teve o mérito de desejar a inteligência. Bendigamo-la, sem esquecer a serpente, besta feita maldita pela incompreensão. Observemos. Antes de ser condenada a rastejar na lama, ela não teria sido um desses lagartos tidos por amigos do homem? Símbolo da luz astral, corresponde à divindade caldéia que se eleva até Samas, o deus solar, para chorar diante dele as infelicidades dos vivos, subtraídos à influência de Isthar depois que a deusa foi detida nos Infernos. Essa claridade difusa que ajuda a adivinhar instintivamente traz consigo o risco de errar facilmente, e está longe de oferecer as garantias da razão consciente; também Python sucumbiu traspassada por Apolo. A adivinhação incerta é suplantada por métodos de informação menos equívocos: um saber positivo substitui, pouco a pouco, as quimeras de uma visionariedade primitiva. Goethe rende-lhe homenagem no conto dito da Serpente Verde. Ele mostra a grande cobra luminosa que se sacrifica para salvar o mundo, transformando-se em ponto de ligação entre as duas margens do rio da vida. E a serpente de bronze não foi uma imagem antecipada do Salvador? 2ª Instrução do Grau de Aprendiz Maçom Têm os Maçons em comum entre si uma ________________, e esta _________________ é a crença na existência do _______________ _________________ do __________________. Para ser Maçom, é necessário ser um homem ______________ e de bons __________________. Ao termino de cada viajem, depara-se o A∴ M∴ com uma porta na qual deve bater. São em numero de _______: a primeira ao Sul, onde o mandam passar; a Segunda no ______________, onde é purificado pela ___________; a terceira no _______________, onde é purificado pelo __________. Estas três portas onde o A∴ M∴ é purificado representam também as três disposições que lhes são necessárias à procura da verdade: ___________________, ____________________ e ______________________. Após, dá o A∴M∴três passos num quadrilongo, para aprender e compreender que o primeiro fruto de seu estudo é a experiência e é esta que torna o homem prudente. Os Maçons se reconhecem mutuamente através de _________________, _______________e _______________, mas esta última não se a pode ________________, ___________________ mas somente ___________________, porque caracteriza o primeiro grau de Iniciação, o homem ou a sociedade ainda na fase da ignorância. Assim o Aprendiz recebe primeiro para dar depois. Os Maçons trabalham em uma __________, a qual tem a forma de um ______________________, estendendo-se do _______________ ao _________________ com largura do _________________ ao ________. Sua altura é da _________ ao _______, sendo sua profundidade da ___________________ ao _____________ da __________. É a Loja coberta por uma abóbada azul, semeada de estrelas e nuvens, na qual circulam o _______, a _______ e inúmeros outros astros, que se conservam em equilíbrio pela atração de uns sobre os outros. Esta abóbada é sustentada por Colunas, em número de _________ que representam os signos do zodíaco e as constelações que o sol percorre ao longo de um ano solar. Apóiase também sobre três fortes pilares: _____________________, ___________________ e __________________, representados pelas Luzes da Loja, que são o _________________ ______________, ______ _________________ e o ______ _____________________. Destacam-se, ainda, oito importantes figuras, cujo significado todo o Maçom deve conhecer. São elas símbolos e alegorias muito importantes: 1º O pórtico elevado sobre degraus e ladeado por duas ________________, sobre cujos capitéis descansam três ___________ abertas, mostrando suas sementes. 2º A Pedra Bruta 3º A Pedra Cúbica 4º O Esquadro, o Compasso, o Nível e o Prumo 5º O Malho e o Cinzel 6º O Painel da Loja 7º Ao Oriente, o Sol e, ao Ocidente a Lua 8º O pavimento de Mosaico As duas colunas de ________________ representam os dois postos solsticiais. As Romãs colocadas sobre seus _________________ representam a unidade dos maçons em todo o mundo e lembram a fraternidade que deve existir entre os homens. A ______________ ________________ representa o homem sem instrução, com asperezas de caráter devidas à ignorância em que se encontra e às paixões que o dominam. A _______________ __________________ representa o homem instruído, já liberto da ignorância e não mais dominado pelas suas paixões. O _________________ nos lembra a retidão; o ________________ emprega-se para tomar a justa medida; o ____________ e o ____________ para a igualdade e a justiça que devemos aos nossos semelhantes; o ____________ e o _____________ representam a inteligência e a razão que tornam o homem capaz de discernir o justo e o injusto, o bem do mal. A ____________________ de _______________ significa a memória, faculdade preciosa para que se possa fazer nosso julgamento, conservando o traçado de nossas percepções. Por serem os maiores esplendores que nos é dado divisar no céu, o ________ e a ________ também são representados na abóbada celeste. O _________de _______________ pretos e brancos unidos pelo mesmo cimento e limitado pela ___________ _______________ significa a diversidade dos homens e dos elementos que compõe a natureza, todos em união, ou seja, ligados pelo mesmo _______________, união esta que se exprime através da ________ _______________ que o cerca. Os A∴ M∴ executam seus trabalhos do __________ ________ à _______ _____________. O TEMPLO DE SALOMÃO Também chamado de Templo de Jerusalém, interessa a todos nós, Maçons, pela intrínseca relação existente entre essa antiga obra e o Templo Maçônico propriamente dito. Desde a Primeira Instrução do Grau de Aprendiz, todo Maçom aprende que nosso Templo é como é, para lembrar o Rei Salomão, Hiran, Rei de Tiro e Hiran Abib ou Abif. Nossa tradição – de pedreiros – é como é, para lembrar daqueles obreiros primevos que participaram da construção do Templo. O Livro da Lei, – no nosso caso, a Bíblia, – descreve, em detalhes, o mesmo Templo e, — nunca é demais repetir, — os detalhes coincidem muito mais do que divergem. Embora o Templo Maçônico não seja idêntico ao Templo de Jerusalém, não há como repelir a íntima relação entre ambos, sem falar nos cargos. Ora, o Ven∴ Mest∴ representa, afinal, o próprio Rei Salomão. Se admitirmos essas relações, — e somos forçados a isso, sob pena de abandono da Tradição, — devemos concluir que é imperioso saber algo sobre o que foi, afinal, o Templo de Jerusalém. Para isso, antes mesmo de formarmos uma idéia “maçônica” do assunto, cumpre suprir nossos conhecimentos através de fontes profanas. Ora, quem nos diz o que foi, quando foi e para que foi a construção do grande Templo não é Maçonaria, mas a História. Só na posse de dados históricos mais ou menos completos e confiáveis, poderemos, então, ajustar o conhecimento maçônico propriamente dito, para assim, começarmos a saber, ao menos, um pouco mais o sobre o assunto. Qualquer enciclopédia pode fornecer os dados básicos. É recomendável pesquisar. Também vale a pena ler a Bíblia, Livro dos Reis I, 7, 13 em diante: O rei Salomão mandou que se contratasse Hiran de Tiro, filho de uma viúva da tribo de Neftali... O que acontecia à época do Templo histórico? Para saber, é necessário recorrer às fontes mais confiáveis de que podemos dispor: um historiador, Flávius Josefus, em “A Guerra dos Judeus” e em “Antigüidades”, e a própria tradição judaica compilada nos tratados do Talmud. Há um livro muito interessante, no qual encontramos exatamente aquilo que vem bem a calhar para a elaboração deste módulo. O livro? “Nossos Sábios Abriram o Caminho”, Yocheved Segal, Vol I, Ed. Chabad, SP, 1980. À pág. 37, temos um capítulo inteiro dedicado ao assunto. Vejamos: O ESPLENDOR DO TEMPLO SAGRADO Quando em Jerusalém, a cidade santa, ainda existia o Templo, não havia em todo universo edifício tão lindo! Era inteiramente construída de belas e grandes pedras, uma parte do chão era revestida de mármore verde azulada da cor do mar, e todas as portas eram de ouro. O altar de incenso, também de ouro, era precedido por dois imensos pátios, onde ficavam os fiéis que vinham rezar. Todo o povo se dirigia três vezes por ano a Jerusalém para ir ao Templo. As pessoas vinham de todas as cidades, vilas e lugarejos longínquos e, mesmo assim, sempre havia lugar para todas. Também existia um pátio reservado unicamente às moças e às senhoras. O local mais sagrado chamava-se o “Santos dos Santos”, e duas cortinas bordadas com fios de ouro estavam em sua entrada; contudo, não era permitido adentrar naquela sala, exceto o Sumo Sacerdote e apenas uma única vez ao ano, no Dia do Perdão. Milhares de lamparinas de ouro brilhavam e eram decoradas com flores e botões de ouro. Havia utensílios em ouro e prata incontáveis e uma fantástica videira com seus cachos em ouro maciço. Quem quisesse oferecer um donativo ao Templo comprava uma folha ou um grão de uva, ou mesmo um cacho todo feito de ouro, e pendurava nessa parreira. Os sacerdotes recolhiam esses donativos e os utilizavam para as despesas do Templo. Do pátio das mulheres ao segundo pátio havia quinze degraus, e sobre cada um deles estavam os levitas, cantando os quinze cânticos do livro de Salmos de David, acompanhados por harpas, flautas, címbalos e outros instrumentos musicais que hoje não existem mais. Os cantos e as expressões de seus rostos eram radiantes. De todo o mundo vinha gente para admirar o esplendor do Templo, porém os filhos de Israel não o amavam só por isso, mas, sim, porque era ali que rezavam ao Todo Poderoso, oferecendo-lhe seus sacrifícios, e onde Deus respondia às suas orações, perdoava suas faltas e concedia Suas bênçãos sem limites. Toda a pessoa que lá entrava saia feliz. Naturalmente, tudo isso ocorria quando existia o Templo, entretanto, agora, ele não existe mais, nem o Santo dos Santos, nem as lamparinas douradas, nem o altar de ouro. E onde rezamos? Temos a Sinagoga, que é um pequeno santuário substituindo o Grande Templo. É aí que rezamos, pedindo ao Eterno que nos perdoe e nos conceda um ano bom, que cure nossos doentes, nos dê a paz, e reconstrua o Templo, a fim de apressar a vinda do Messias. Se o merecermos, Ele o construirá tal qual era na origem, e o novo edifício será ainda mais magnificente do que os dois anteriores que foram destruídos. Nota: O primeiro Templo, construído pelo Rei Salomão, foi destruído pelos Babilônios no ano 3338 do calendário hebraico. O segundo Templo, restaurado após a volta dos judeus do exílio da Babilônia, conduzido por Ezra Nechemias, foi destruído pelos Romanos no ano 3828. Reproduzimos o texto para ressaltar o significado sagrado dado ao Templo pelo povo de Israel, até hoje, por sinal. Assim como cada sinagoga se pretende a representação do Templo de Jerusalém, assim nossas Lojas também abrigam tal correlação, muito embora não exclusivamente hebraica, já que a Oficina Maçônica também agrega símbolos marcantes de outras culturas universalmente significativas. Nesse sentido, cumpre ressaltar que também o Templo de Jerusalém carreou elementos de outros povos com os quais Israel mantinha relações. Eram, a seu ver, povos estranhos à sua tradição de um Deus único e ético, ou “profanos”, como diríamos nós maçons. Basta ver que quem presidiu à construção foi o Rei de Tiro, que não era hebreu. Através da História da Arte, encontramos interessantíssimos elementos para uma melhor análise do tema. Os hebreus eram nômades. Após a organização estatal, sucederam-se os Reis. Ao chegarmos a Salomão, vimos configurar-se – pela primeira vez – a necessidade de um Templo fixo. Ora, o tabernáculo dos primeiros tempos ficava numa tenda, é bom lembrar. Peculiar, ainda, o fato contundente em toda a história da humanidade de ser o povo hebreu o primeiro a cultuar um Deus Único. Não esqueçam disso. Nunca. Toda a noção de monoteísmo, – e mais ainda, – toda a noção de um Deus transcendente e ético nos vem através do povo hebreu. Antes deles, nenhuma outra civilização concebeu senão ídolos, – os “falsos deuses”, assim chamados pelos profetas israelitas que empreendiam contínua luta, para que se mantivesse sua tradição. E foi no meio desses povos, em sua vizinhança, que surgiu o primeiro Templo, e este Templo reuniu, – evidentemente, – elementos arquitetônicos tirados da tradição de outros povos. O Templo de Salomão segue o modelo do Templo caldeu. E por quê? Porque Israel não tinha tradição em construção, povo formado de pastores por excelência, os quais não podiam subtrairse à influência de outros povos. Simplesmente por isso. Não há nenhum “mistério” no fato de se encontrarem, no Templo se Jerusalém, elementos babilônicos, por exemplo. Apesar disso, alguns ainda teimam em persistir elaborando visões místicas a partir desses elementos, pretendendo “transcender” a tradição hebraica para daí chegarem à idolatria. Não venhamos nós a cometer tal erro. Ainda que haja elementos alheios à religião professada por Israel, – tais como as singulares imagens aladas mencionadas na Bíblia, – nunca tais elementos foram vistos pelos judeus como “ídolos”. O significado desses símbolos, no contexto do Templo, sofre verdadeira transcendência, uma transmutação de valores, uma readaptação, onde o significado anterior desaparece, para dar lugar a uma nova mensagem, a um novo Deus, o Senhor Deus. Uma visão da divindade absolutamente revolucionária para a época. Um Deus que guia seu povo, que o liberta, que o conduz. Um Deus que não exige sacrifícios humanos, coisa inédita naqueles tempos. O Deus de Israel opunha-se aos deuses circunvizinhos em termos de cosmovisão: os últimos representam uma visão cíclica da natureza, uma visão física da realidade, ao passo que Iahweh representa um projeto histórico. O Templo de Jerusalém visava a abrigar esse Deus de Israel. Foi construído para Ele e por Ele. Na medida em que o Templo Maçônico associa-se a essa idéia central, na medida em que a representação do cargo de Ven∴ Mest∴ configura o Rei Salomão, na medida em que coincidem mais e mais elementos históricos, míticos e religiosos entre ambas as concepções, não há espaço para muita imaginação. E as diferenças? Diferenças existem. O Templo Maçônico agrega outros elementos também, e elementos até contraditórios à tradição hebraica: as colunas zodiacais, por exemplo, já que, ao Deus Bíblico, repugnava a astrologia, só mencionada na Bíblia como anátema. Doze Colunas, lá, representam as doze tribos de Israel; aqui, a tradição maçônica nos informa sobre o passo do Sol no Zodíaco. Tudo isso, porém, não desfaz a idéia central. Apenas a Maçonaria, por assim dizer, é mesmo UNIVERSAL, pois não trata com desprezo nenhuma das muitas concepções enriquecedoras das diversas culturas que se sucederam ao longo da história da humanidade. Universal por universal, porém, tal não autoriza determinadas teses que surgem a todo o momento, visando atrelar a Maçonaria a outras tradições alheias à idéia central do Templo Maçônico. Assim é que Irmãos iniciados em outras sociedades secretas, e mesmo em outras seitas bem pouco expressivas, tendem a projetar as tradições próprias àquelas sociedades ma maçonaria. Enfim, valem-se da instituição, para, através dela, fazerem proselitismo de suas crenças pessoais. Não se deixem levar por isso. Nem sempre um livro impresso, por ser um livro, contém a “verdade”. Muitas vezes, não encontramos nessas obras senão o reflexo de um espaço imaginário individual. Uma visão que serve apenas àquele que a tem para si mesmo, e que não pode, de modo algum, pretender impô-la a outros. Trata-se, aqui, daqueles que não souberam despojar-se de seus metais. O Templo maçônico se parece com outros Templos? Sim, sem dúvida alguma. Contém elementos hebreus, fenícios, babilônicos e até egípcios. Mas o que afirmam nossa Tradição e nossos Rituais é que nosso Templo lembra o de Jerusalém. Outras sociedades secretas também têm seus templos, e que não se identificam com o de Jerusalém. Assim a Sociedade Rosa-Cruz, cujo Templo seria egípcio, tendo por chefe o “faraó”. Isso não é Maçonaria. É tradição rosa-cruz. Lamentável que poucos atentem a esses detalhes, aceitando passivamente as mais arbitrárias interpretações e as mais esdrúxulas afirmativas que pululam na chamada “literatura maçônica”. E, assim, continuaremos a encontrar passagens interessantíssimas, como esta, perante a qual não se pode saber se o caso é para rir ou chorar. Vejamos: Quando, na vida atual, me iniciaram na Maçonaria, me surpreendi viva e agradavelmente ao ver pela primeira vez a Loja, pois me era familiar a sua disposição e idêntica à que eu havia conhecido seis mil anos antes nos mistérios egípcios. (C.W. Leadbeater 33°, A Vida Oculta na Maçonaria, Ed. Pensamento, SP, 1969.) Exemplos não faltam e nem devem faltar. Afinal, todos têm o sagrado direito de expressar seu próprios pensamentos e sentimentos. Sua própria sabedoria ou estupidez, ou o que entendam por isso. Enfim, sua “criatividade”. Mas, e nós? Como ficamos nesse universo? A resposta é simples: somos livres. Cada um que pense como quiser e que julgue cada obra e cada escritor de acordo com seus próprios critérios de avaliação. Todavia, pergunte a si mesmo, – antes, – qual a base desses “critérios” de avaliação que usamos com tanta freqüência? Será que a afirmativa acima é verdadeira? Pode ser. Qual a intenção do escritor em apresentar-se perante nós como que dotado de tais poderes? Qual a base de sua afirmativa? Sua “memória”? Mas, se é assim, por que ele não produz ou indica qualquer evidência de seu “passado”? E então, devemos ou não devemos aceitar sua afirmativa com base apenas na experiência interna desse senhor? Ora, cada um de nós é livre para optar. Quem quiser que acredite. É uma opção respeitável, se lhe bastar tão-só a palavra e o testemunho do escritor. Para outros, isso não será o bastante. O que importa é a liberdade, a não imposição. O Ideal Iniciático Tal como se Depreende dos Ritos e Símbolos por Oswald Wirth Introdução Em todos os tempos, temos visto falsos profetas pregarem em tom doutoral e com absoluta boa-fé sobre o que pensavam saber. Antigamente, inspirava-os a religião e, — em sua crença de possuir a verdade graças à iluminação, — vinham a nos revelar aquilo em que deveríamos crer, dando-nos precisas idéias a respeito da divindade, dos anjos e dos demônios. Em nosso tempo, costumam dá-las os Iniciados instruídos nos supremos mistérios que permanecem velados à penetração da generalidade dos homens. A Iniciação confere tal sorte de pretexto a certos ensinamentos equívocos, mas nem sempre inofensivos, sobretudo, quando a investigação de conhecimentos anormais conduz ao desequilíbrio dos indivíduos. Em presença de tão grande número de elucubrações malsãs que preconizam o desenvolvimento de um estado alucinatório considerado erroneamente como conquista de um privilégio iniciático, não será demais formular os princípios da sã e verdadeira iniciação tradicional. É o que tentamos numa série de artigos publicados em “Le Symbolisme” desde janeiro de 1922, artigos que reunimos neste opúsculo para maior comodidade do leitor. Não temos, desde já, a pretensão de haver elucidado inteiramente a questão, mas o caminho que sinalamos é o verdadeiro, e todos os documentos iniciáticos concordam nesse ponto. A pista, na verdade, fica apenas ligeiramente esboçada; algumas vezes, chega a perder-se, e é preciso que saibamos encontrá-la outra vez, fazendo uso de nossa sagacidade para orientar-nos. A Iniciação, com efeito, deve pôr em obra nossa própria iniciativa, sem impor-se jamais; é preciso descobri-la e violentá-la, se quisermos possuí-la. Não espere, pois, o leitor encontrar nestas páginas um tratado metódico. A Iniciação deve ser adivinhada, e o autor, sinceramente iniciático, não pode fazer outra coisa senão ajudar a descobri-la. Oswald Wirth TERCEIRA INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM O Maçom se faz reconhecer através de _____________, _____________ e _________________. O _________ é feito pelo _________________, ________________ e ______________________. Significa a honra de guardar o segredo, preferindo ter cortada a ___________________ a revelar os mistérios maçônicos. Significa que o ____________ _______________, símbolo da força, está concentrado e imóvel à disposição da Ordem, somente saindo da imobilidade quando assim ordenar o ______________ ______________. Finalmente, os _____ são colocados em ___________________ representando o cruzamento de duas perpendiculares, único caso em que formam quatro ângulos retos e iguais, significando o caminho reto que devemos seguir, bem como para nos lembrar a igualdade, princípio fundamental de nossa ordem. A ________________ do Aprendiz significa ______________ e também ______________, ___________. Entretanto, o Aprendiz Maçom não tem ________________ de ___________, porque, pela tradição, ficava no Templo durante ______ anos, sem poder comunicar-se com o mundo profano. Caso deixasse o Templo durante esse período de _____anos, não mais poderia retornar, e, assim sendo, não havia razão porque necessitasse da ______________ de ___________. Ao ingressar na Ordem, está o Aprendiz nem _____ nem ______________. Está despojado de todos os ______________. Tal circunstância serve para nos lembrar de como eram os tempos primitivos da civilização. É recebido em uma Loja ____________, ______________ e regular. Para que uma Loja Maçônica seja Justa e Perfeita são necessários sete maçons. Por isso se diz que _________ a governam, _____________ a compõe e _________a completam. É regular a Loja Justa e perfeita que obedece a uma _________________ __________________regular e pratica rigorosamente todos os princípios básicos da Maçonaria Universal. O Maçom é recebido por ________ pancadas que significam; batei e sereis _______________; pedi e ___________________ e procurai e ________________. Após, pratica ________ viagens, para lembrar-se das dificuldades e atribulações da vida. É purificado pelos elementos e depois conduzido ao altar onde presta seu _____________________, para o que se ajoelha com o ______________ ________________ nu por terra, a _________ ________________ sobre o ______________ da ________ e na esquerda um _________________ aberto, cujas pontas se apóiam no ____________ _____________ nu. Dessa conjuntura simbólica devemos extrair os seguintes significados: A _____________ sobre os ___________ significa as trevas e preconceitos do mundo profano que devemos vencer. O ______ _____________ calçado com alpercata para manifesta respeito ao Lugar sagrado. O __________ _____________ e __________ ______________ desnudos, a força dada a Instituição e o coração doado aos Irmãos. As ___________ do _______________ sobre o peito para lembrar que os desejos devem se regular por este símbolo de exatidão, assim como os pensamentos e ações. Através do compasso se podem traçar círculos perfeitos, desde que fixada uma de suas pontas. Assim, descrevendo círculos sem conta, temos uma imagem simbólica da Maçonaria cujo extenso domínio é o infinito. Os ______ ____________ formando um ângulo reto a cada junção dos pés, significam que a retidão é necessária a quem deseja conquistar ciência e virtude. As ________ viagens significam a conquista de novos conhecimentos. A __________ ____________ é o emblema do Aprendiz, que se encontra no estado imperfeito de sua natureza. As ________ _______________ vestibulares possuem dimensões que contrariam todas as regras de arquitetura, para nos mostrar que a sabedoria e o poder do G∴ A∴ D∴ U∴ estão além das dimensões e dos julgamentos dos homens. O material de que são feitas e o ____________ que por sua resistência é o emblema da eterna estabilidade das leis da natureza, base da doutrina maçônica. São ________ para que, em seu interior, possam guardar-se utensílios apropriados aos conhecimentos humanos. Enfim, as ___________ sobre seus ______________, representam com suas milhares de sementes contidas num mesmo fruto, a imagem do povo maçônico. O ________________ __________________ formado de pedras _______________ e _______________ unidas pelo mesmo ____________________ simboliza a união de todos os Maçons do globo, apesar das diferenças de cores, climas, opiniões e sentimentos religiosos. A _______________ ____________________ , arma simbólica,, a significar que a justiça maçônica é pronta e rápida, como nobres e justos devem ser os sentimentos de um maçom. O ___________________ suspenso ao colar do ___________________ ____________________ significa que o chefe deve orientar seus sentimentos de acordo com os Estatutos da Ordem, agindo sempre com retidão. O __________, com o _______ _______________, simboliza a igualdade social, base do direito natural. O ____________, trazido pelo ________ __________________ significa que os maçons devem proceder com retidão em seus julgamentos, não se deixando influenciar por interesses e afeições. Note-se bem: o _________ desacompanhado do ___________ de nada vale, do mesmo modo que este sem aquele. Por isso os dois se completam, significando que o Maçom tem o culto da igualdade, não se devendo deixar prender pela amizade, sentimentos ou interesses. Os trabalhos maçônicos se realizam no horário do _________ ___________ à ___________ _____________, para homenagear simbolicamente a Zoroastro que reunia, em segredo, seus discípulos neste horário, finalizando seus trabalhos por uma ágape fraternal. Os Ritos de Abertura e Fechamento dos Trabalhos Não se deve esquecer jamais que aquilo que é facilmente cognoscível é de ordem profana. A Iniciação relaciona-se ao que é misterioso e demanda ser sentido antes de traduzir-se em noções nitidamente inteligíveis. Depois de haver tomado lugar em Loja, o neófito inicia-se no funcionamento da oficina, assim como nas formalidades de fechamento dos trabalhos que o preparam para a compreensão dos ritos de abertura, nos quais ele se instruirá ulteriormente. Quando a ordem do dia está esgotada, o Venerável Mestre pergunta aos assistentes se eles têm propostas a fazer no interesse da Maçonaria em geral ou da Loja em particular. Se as propostas feitas não comportam discussão, elas são colocadas sob malhete durante a sessão, ou seja, submetidas ao voto da assistência; elas são, ao contrário, enviadas ao estudo de um Irmão competente ou de uma comissão, se seu exame se anuncia laborioso, reservando-se a Loja, então, o direito de decidir com pleno conhecimento de causa. Quando ninguém mais pede a palavra, diz-se que as colunas estão mudas. Esse mutismo, — que se relaciona aos Irmãos colocados nas colunas do meio-dia e do setentrião, — determina ao Experto e ao Hospitaleiro o cumprimento de seu ofício. Munidos, — um, do saco de propostas e informações, e outro, do tronco de solidariedade, — eles contornam a Loja, para recolher as propostas escritas e as ofertas destinadas aos infortunados. O Venerável Mestre lê as proposições escritas sob reserva de assinatura, porque a Loja deve poder se pronunciar a seu respeito com toda independência, sem levar em conta o autor. Depois de decidir sumariamente sobre eventuais propostas, um golpe de malhete anuncia que os trabalhos vão ser fechados. É preciso, para esse efeito, que os obreiros estejam satisfeitos, o que é respondido pelo 1º Vigilante. Este oficial declara, além disso, que os Maçons têm o costume de encerrar seus trabalhos à meia-noite. Seu colega, interrogado, afirma então que é meia-noite. Logo, todos os Irmãos se levantam ao sinal do Venerável Mestre e tomam a atitude ritualística de Aprendiz Maçom. Convidado a fechar os trabalhos, o 1º Vigilante pronuncia a fórmula de fechamento que sancionam três golpes de malhete seguidos da execução, por todos os assistentes, do sinal e da bateria do grau. O ruído, nada tendo de iniciático, pode-se perguntar se o costume de bater três vezes nas mãos não seria de inspiração profana. Quanto à aclamação Liberdade, Igualdade, Fraternidade, nós sabemos que ela data do século XVIII e que caracteriza unicamente a Maçonaria latina. Antes de se separarem, os Maçons anglo-saxões levam três vezes a mão direita ao coração, pronunciando, a cada vez, a palavra fidelity; em seguida, o fechamento da Bíblia sanciona para eles o fechamento da Loja. A essa extinção simbólica da Grande Luz dos Maçons protestantes corresponde, mais tradicionalmente, a extinção efetiva das três chamas que figuram Sabedoria, Força e Beleza, acompanhada do apagar do quadrilongo. Com o auxílio de uma esponja úmida, o Irmão Experto fazia desaparecer outrora todo traço dessa misteriosa figura, restituindo assim ao local seu caráter profano. Seria penoso aos Maçons dispersarem-se sem haver simbolizado sua indissolúvel união através da formação de uma cadeia fraternal viva, a cadeia de união. Arrumados em círculo fechado, seguram-se pelas mãos, os braços cruzados, enquanto um deles lembra, com algumas frases, suas aspirações comuns e, sobretudo, seus sentimentos de mútua afeição que se estendem a todos os Maçons e a todos os homens. Esses ritos dão a refletir ao novo iniciado que deve gradualmente descobrir-lhes o alcance. Ele ficará surpreso com a importância que os Maçons dão às horas convencionais e, de modo geral, à observância de tradições misteriosas. A abertura dos trabalhos, a propósito, acabará de surpreendê-lo. Antes da hora indicada pela prancha de convocação que recebem, os membros da Loja reúnem-se no local dos trabalhos. Entretêm-se amigavelmente e acolhem com polidez todo recém-chegado. O último iniciado, o Benjamim da Loja, é imediatamente colocado à vontade; cada um não deseja senão instruí-lo, para guiar seus primeiros passos em Maçonaria. Quando chega a hora, o Venerável Mestre toma lugar no Oriente, decora-se com o esquadro e segura nas mãos o malhete. Em seguida, os oficiais da Loja ocupam seus postos, e os outros Irmãos colocam-se nas as colunas. Três golpes de malhete batidos sucessivamente pelo Venerável Mestre e pelos dois Vigilantes comandam então um silêncio absoluto, em meio ao qual são colocadas questões que provocam instrutivas respostas. A primeira pergunta do Venerável Mestre endereça-se ao 1º Vigilante que, por sua resposta, é chamado a fazer-se conhecer como Maçom. Interrogado a seguir sobre seu dever primordial em Loja, esse oficial se reconhece como responsável pela cobertura da oficina e assegura, por intermédio do 2º Vigilante, a vigilância do Irmão Cobridor, postado como guarda à porta da Loja. Desde que tal controle esteja efetuado, o 1º Vigilante dá um golpe de malhete; depois, anuncia que a Loja está coberta. Os Vigilantes têm por segundo dever o de assegurar-se da qualificação maçônica dos assistentes. Ao sinal do Venerável Mestre, todos tomam a atitude prescrita, e os Vigilantes percorrem logo as colunas, nas quais eles fazem a inspeção. Se surpreenderem quem quer que seja como suspeito, encarregarão o Irmão Experto de cumprir seu dever; mas, — o mais freqüentemente, — eles retornam a seus respectivos lugares, para declarar que a assistência não está composta senão que por bons e legítimos Maçons. Doravante é possível abrir os trabalhos. Mas a que horas devem eles ser abertos? Ao meio-dia, declara o 1º Vigilante; ora, de acordo com o 2º Vigilante, é meio-dia. Em razão da hora, o Venerável Mestre abre então os trabalhos por três golpes de malhete, aos quais os assistentes respondem, executando o sinal de Aprendiz seguido da bateria do grau e da aclamação. Eles são, a seguir, convidados a tomar lugar para trabalharem com a ajuda e sob a proteção do Grande Arquiteto do Universo. As precauções tomadas à vista da segurança não têm por que surpreender o novo Iniciado, que não ficará intrigado senão que com as horas convencionais nas quais se abrem e se fecham os trabalhos maçônicos. Que significa trabalhar do meio-dia à meia-noite? Os construtores ordinários têm o hábito de começar a trabalhar nas horas matinais, repousar ao meio-dia e, depois, retomar o trabalho até o final da tarde. Por que os Maçons especulativos reservam ao trabalho as doze horas durante as quais o Sol declina? Eis aí um dos numerosos enigmas que a Maçonaria propõe à sagacidade de seus adeptos. A procura da verdade, — que é o objetivo primordial do trabalho iniciático, — não saberia ser inaugurada com fruto desde a manhã de nossa vida intelectual. Nós não discernimos judiciosamente senão que em nosso meio-dia vital, quando, controlando nossas faculdades, chegamos à maturidade viril do pensador. É, pois, atingindo a metade do caminho de nossa vida que abordamos, com Dante, a obscura floresta das provas iniciáticas. Uma vez consagrados à Grande Obra, não cessaremos de trabalhar até nossa meia-noite individual, termo de nosso grande dia terrestre; até nossa última hora, podemos pensar e manter bons sentimentos. A Loja não se abre efetivamente senão quando é meio-dia no espírito dos obreiros espirituais. Ora, o 2º Vigilante, que deve conhecer a instrução iniciática de cada um, é chamado pelo Ritual a pronunciar-se sobre a hora esperada. Declarando que é meio-dia, ele se torna garante da maturidade mental dos assistentes. Pode parecer estranho que esta maturidade seja atingida desde a idade de três anos, que é aquela dos Aprendizes. Esta idade da infância iniciática marca uma fase muito avançada em relação à vida profana; o Iniciado de três anos deve ter penetrado os mistérios do Ternário: ele compreende que tudo é triplo em nossa concepção, mas um em sua essência metafísica. O Aprendiz afirma-se esclarecido sobre o Ternário iniciático, quando ele participa da tripla bateria que sanciona a abertura e o fechamento dos trabalhos. A Loja, sendo proclamada aberta, pertencia outrora ao Irmão Experto santificá-la, traçando o quadrilongo que delimita, no centro do Templo, uma espécie de Santo dos Santos, onde ninguém deve colocar o pé, salvo o recipiendário quando, descalço intencionalmente, é admitido a pisar a borda do solo sagrado. Esse rito parece remontar ao culto da TerraMãe, iniciadora muda com a qual o homem se comunica pelos pés; mas, — para que, do fundo das coisas, os pensamentos remontem até o cérebro, — o contato deve estabelecer uma corrente. A sensibilização dos pés relaciona-se, pois, a uma percepção misteriosa oposta àquela que toma a via dos sentidos ordinários. Os astrólogos fazem a cabeça corresponder ao Carneiro, signo do fogo, de iniciativa e discernimento consciente; eles, ao contrário, atribuem os pés a Peixes, que nadam no oceano de Água, dispensadora da pré-Sabedoria difusa, anterior à percepção de noções distintas. Não se deve esquecer jamais que aquilo que é facilmente cognoscível é de ordem profana. A Iniciação relaciona-se ao que é misterioso e demanda ser sentido antes de traduzir-se em noções nitidamente inteligíveis. Para aprender a pensar ativamente, por si mesmo, e não assimilando passivamente o pensamento de outrem, é preciso evocar no silêncio um pensamento que nós atraímos das profundezas da terra, como se ele nos viesse pelos pés. Os mistérios do quadrilongo, em torno do qual vigiam Sabedoria, Força e Beleza, não são profanados em Lojas que se limitam ao jogo infantil do ritual. O Irmão Experto está aí isento de seu ofício capital; nada mais se risca com giz sobre o assoalho da oficina, mas o predecessor do Venerável Mestre em exercício abre a Bíblia, que santifica de modo judaico-cristão a Loja. Que nos seja permitido lembrar com saudade o antigo modo de santificação que, puramente maçônico, conformava-se ao gênio universalista da Iniciação; será preciso que a Maçonaria retorne a si mesma, se quiser cumprir sua missão que é a de ensinar e a de praticar a Arte Real. 4ª INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM A............ tem a forma de um................................. Sua altura vai da............ ao............. , seu comprimento do.......................... para o........................ , sua largura do................... ao................., e sua profundidade da......................................... ao...................da terra. A razão deste simbolismo está em ser a maçonaria universal. Apóia-se a Loja Maçônica em três grandes Colunas:.................................. representando o Venerável Mestre, no Oriente;........................, representando o Primeiro Vigilante no ocidente e..............................., representando o Segundo Vigilante, no sul. A Coluna da Sabedoria, no................., é representada pelo........................ ................, por que este dirige os obreiros que compõe a ordem. A Coluna da Força, no........................., é representada pelo.............................. ................................., por que este é quem paga aos obreiros o salário que é a força e a manutenção da existência. A Coluna da beleza, no.............., é representada pelo................................ ...................................., por que é este quem faz repousar os obreiros, fiscalizando-os no trabalho. Sabedoria, Força e Beleza são complemento de tudo o que é perfeito durável, por que a............................cria; a........................sustenta e........................adorna. A Maçonaria combate a ignorância e o fanatismo. A primeira, por ser inimiga do progresso, estimulando vícios e intensificando trevas; segundo, porque perverte a razão e conduz os insensatos a ações condenáveis. Nos combates que a Maçonaria deve manter contra esses inimigos, unem-se os Maçons através de um laço de....................................., que obriga cada um a defesa e socorro dos irmãos, sem, entretanto, significar com isso o amparo incondicional àqueles que, por si mesmo, agem como maus cidadãos, maus Maçons, maus pais de família, eis que estes fizeram romper o laço que nos une como verdadeiros irmãos. COMPLEMENTO 4º INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM Trata-se agora de uma das etapas mais importantes de toda a nossa vida maçônica. Do perfeito entendimento desta 4º Instrução vão depender muitas etapas futuras de nosso desenvolvimento como bons Maçons. É por isso que se faz necessário exigir um pouco mais de você. Leia atentamente toda a instrução, e responda por escrito as três etapas que seguem. Não é necessário datilografar as respostas, se você não quiser, e, qualquer dúvida, não hesite em pedir ajuda. Devolver juntamente com o módulo da 4º Instrução. Irmão! Esta é a quarta e penúltima instrução do Grau de Aprendiz Maçom. Seus tópicos principais são: 1º Recordar aspectos atinentes à Loja; 2º Revelar quais são os maiores oponentes à Obra Maçônica: Ignorância, Fanatismo e Superstição; e 3º Revelar o que nos fortalece no combate que devemos manter contra esses inimigos: a Solidariedade PRIMEIRO. O primeiro tópico, em seus aspectos mais relevantes, já deve estar plenamente assimilado por todos, eis que dominamos os conceitos lá explanados, não é? 1º Qual é a forma de nossa Loja? 2º Qual a sua altura? 3º Qual seu comprimento, sua largura e profundidade? 4º Tudo isso representa a universalidade da Maçonaria. Situa-se a Loja, no sentido do comprimento, do..................................... para o ocidente. Por quê? 5º Em que se apóia a Loja? Explique. SEGUNDO. Superada a primeira etapa, vamos agora refletir sobre o que nos revela o Ritual relativamente aos “inimigos” que devemos combater. Atente aos tópicos: “A ignorância é a mãe de todos os vícios, e seu princípio é nada saber, saber mal o que sabe e saber coisas outras além do que deve saber”. “O fanatismo é a exaltação religiosa que perverte a razão e conduz os insensatos a, em nome de Deus e para honrá-lo, praticarem ações condenáveis.” “A superstição é um culto falso, mal compreendido, repleto de mentiras, contrário à razão e às sãs idéias que se deve fazer de Deus”. Agora, de maneira simples, escreva sobre estes três inimigos e responda com sinceridade se você já viu, entre nós Maçons, algum traço que. — para você, — pode ser considerado “fanatismo” ou “superstição”. Por quê? TERCEIRO. A terceira parte da quarta instrução nos revela de que maneira devemos combater os oponentes descritos acima: através do laço sagrado que nos une: a solidariedade. Também nesta terceira parte nos é ensinado que o Laço de Solidariedade que existe entre nós desmerece as críticas funestas que muitas vezes lhe são feitas. Explique. 1º A Maçonaria proporciona aos seus vantagens materiais? 2º O amparo que é devido mutuamente entre seus membros é incondicional? 3º A obrigação de ajuda e de mutuo socorro é sempre devida? Por que não? 4º Quando podemos e devemos favorecer a um Irmão? 5º Nossa Instituição é livre de defeitos? 6º Enfim, em que consiste nossa Fraternidade? Um Documento Significativo Pergunta. — Todos os maçons possuem conhecimentos superiores àqueles dos outros homens? Resposta. — Não é assim. O direito lhes pertence e a ocasião se oferece a eles de instruírem-se mais que os outros homens; mas, por falta de capacidade ou negligência em darem-se ao trabalho indispensável, não é senão muitas vezes que não adquirem nenhum conhecimento. Os antigos divertiam-se com lendas, aceitando-as como verdadeiras na medida em que elas favoreciam sua imaginação. Não é preciso, pois, ligar um valor histórico às narrativas que ornamentam às vezes uma exposição de ordem filosófica. Assim, seria ingênuo ver outra coisa senão um subterfúgio literário no pretenso processo verbal que o Rei Henrique VI teria redigido de próprio punho após haver feito um de seus súditos sofrer um interrogatório a respeito do Mistério da Maçonaria. Trata-se de um documento inglês de caráter francamente arcaico, tanto pela linguagem, quanto pelas idéias expressas. Ei-lo, de acordo com a cópia atribuída ao filósofo Locke e publicada em Londres em 1753. Perguntas e respostas concernentes ao mistério da Maçonaria, escritas pelo punho do Rei Henrique, o sexto do nome, e fielmente copiadas por mim, Johann Leylande, antiquário, por ordem de Sua Alteza. (Convém esclarecer que se trata do Rei Henrique VIII, não ainda intitulado Majestade, que, quando da supressão dos monastérios, encarregara Leylande de velar pela conservação de livros e manuscritos preciosos). Essas perguntas e respostas foram as seguintes: Pergunta. — Que mistério é esse? Resposta. — É o conhecimento da natureza, o discernimento do poder que ela encerra e de suas obras múltiplas, em particular, o conhecimento dos números, dos pesos, das medidas e da melhor maneira de fabricar todas as coisas que servem para o uso do homem, sobretudo, habitações e edifícios de todos os gêneros, assim como todas as outras coisas que contribuem para o bem do homem. Pergunta. — Onde a Maçonaria começou? Resposta. — Ela começou com os primeiros homens do Leste, que existiam antes dos primeiros homens do Oeste e, vindo em direção do Oeste, ela para aí aportou todos os confortos aos selvagens que disso estavam privados. Pergunta. — Por quem ela chegou ao Ocidente? Resposta. — Pelos venezianos [confusão evidente com os fenícios da Fenícia], grandes mercadores vindos primitivamente do Leste para estabelecer-se em Veneza, para a comodidade de seu comércio que unia o Leste ao Oeste pelo Mar Vermelho e o Mediterrâneo. Pergunta. — Como ela veio para a Inglaterra? Resposta. — Peter Gower [alteração do nome Pitágoras, decomposto conforme a pronúncia inglesa em Peter por Pytha, e Gower por Gore], um grego, residente, para sua instrução, no Egito, na Síria e em todos os países onde os venezianos haviam implantado a Maçonaria. Obtendo entrada em todas as Lojas de Maçons, ele muito se instruiu; depois, retornou a Grande Grécia para aí trabalhar. Estando instruído, ele se tornou um poderoso sábio de grande renome. Ele formou uma Grande Loja em Groton [Crotona] e fez numerosos maçons, dos quais alguns foram para a França onde fizeram, a seu turno, numerosos maçons, entre os quais houve quem, com o tempo, fizesse passar a Arte para a Inglaterra. Pergunta. — Os maçons revelam suas artes a outrem? Resposta. — Quando viajava para instruir-se, Peter Gower foi feito maçom primeiro e instruído depois; do mesmo modo, todos os outros se tornam maçons para serem instruídos. Os maçons têm sempre, em todas as épocas, comunicado, de tempos em tempos à humanidade, aqueles de seus segredos que poderiam ser de utilidade geral; eles se reservam unicamente aqueles que poderiam se tornar nocivos se caíssem em mãos perversas ou aqueles que não saberiam ser de nenhuma utilidade sem estarem acompanhados das explicações que comporta sua comunicação em Loja, ou ainda aqueles pelos quais os Irmãos se unem mais fortemente uns aos outros, para o proveito e a comodidade que daí resultam para a confraria. Pergunta. — Quais Artes os maçons têm ensinado à Humanidade? Resposta. — Essas artes se chamam Agricultura, Arquitetura, Astronomia, Geometria, Matemáticas, Música, Poesia, Química, Governo e Religião. Pergunta. — Como os maçons chegaram a aprender mais que os outros homens? Resposta. — Unicamente eles possuem a arte de descobrir novas artes, arte que os primeiros maçons receberam de Deus, graças à qual arte eles encontram toda arte que lhes apraz, assim como a melhor maneira de ensiná-la. Aquilo que os outros homens descobrem não é senão um encontro fortuito e não apresenta, por conseguinte, senão um valor restrito. Pergunta. — O que calam e escondem os maçons? Resposta. — Eles calam sobre a arte de descobrir novas artes, aquilo que vem em seu proveito e louvor. Eles calam sobre a arte de guardar segredos, a fim de que assim o mundo nada tenha a esconderlhes. Eles calam sobre a arte de realizar maravilhas e de predizer as coisas que virão, a fim de que assim os maldosos não possam fazer dessas artes um mau uso. Eles calam também a arte das transmutações, de maneira a obter a faculdade do Abrac [o abracadabra faz alusão ao poder de tornar eficazes os talismãs], o talento de torna-se bons e perfeitos sem invocar o medo e a esperança. Eles calam, enfim, a linguagem universal dos maçons. Pergunta. — Os maçons consentiriam em ensinar-me essas artes? Resposta. — Elas vos serão ensinadas, se vós o merecerdes e se vós fordes capaz de nelas vos instruir. Pergunta. — Todos os maçons possuem conhecimentos superiores àqueles dos outros homens? Resposta. — Não é assim. O direito lhes pertence e a ocasião se oferece a eles de instruírem-se mais que os outros homens; mas, por falta de capacidade ou negligência em darem-se ao trabalho indispensável, não é senão muitas vezes que não adquirem nenhum conhecimento. Pergunta. — Os maçons mostram-se melhores que os outros homens? Resposta. — Certos maçons não são tão virtuosos quanto certos outros homens; mas, mais freqüentemente, eles são melhores do que seriam se não fossem maçons. Pergunta. — Os maçons se amam profundamente uns aos outros? Resposta. — Sim, em verdade, visto que não poderia ser de outro modo, porque homens bons e leais, reconhecendo-se como tais, não podem senão se amarar tanto mais quanto melhores eles são. Aqui terminam as perguntas e as respostas. 5ª Instrução do Grau de Aprendiz Maçom Trata a Quinta Instrução especificamente da simbologia dos números ___, ___, ___ e ___. No Grau de Aprendiz, sobretudo, notamos a fundamental importância do número _____ , pois ____ são as pancadas para a bateria, ____ são os passos para a _________ , e é de ____ anos a idade do Aprendiz. O estudo das relações numerológicas pelos maçons advém do fato de os povos da Antigüidade haverem adotado sistemas numéricos intimamente ligados a sua religião. A idéia que tais povos faziam do mundo é a de que a _____________ é inseparável do _____________, do qual imprime a imagem, a revelação. Ora, se a matéria é necessariamente ___________ e __________________, enquanto o mundo for uma soma ou relação de dimensões, então se pode atribuir um número a cada coisa. Surgem-nos, entretanto, números que parecem predominar na estrutura do mundo, no tempo e no espaço e que reputamos fundamentais. Pelos antigos foram considerados sagrados, pois seriam a expressão da ordem e da inteligência das coisas, e mesmo da própria divindade. Ora, tentemos raciocinar como aqueles povos da Antigüidade chegaram a essas conclusões: • • • Se a matéria é inseparável do espírito, então, à __________ corresponde o ________. A matéria é o invólucro do espírito, e esse invólucro material tem forma e dimensão. O que tem forma e dimensão pode ser expresso através dos números. Logo, à expressão numérica abstrata corresponde uma expressão material. A expressão abstrata corresponderia ao imaterial, e, assim sendo, poderiam os números ser considerados sagrados, pois representariam, até certo ponto, uma expressão das Leis Divinas. Os números prestam-se perfeitamente a assumir caráter simbólico. Assim, muitos povos da Antigüidade conheceram e empregaram a ciência dos números. O número um, a unidade, representa o princípio dos números. Porém, devemos lembrar, que a unidade só existe através dos outros números. Unidade é potência, que só pode ser expressa e compreendida pelo efeito do número dois, caso contrário, tornarse-ia idêntica ao todo. Assim, a natureza do número dois, em sua relação com a unidade, representa a divisão, a diferença. O número dois é o símbolo dos contrários, expressando a dúvida, o desequilíbrio e a contradição. Representa os opostos e, pelo número dois, podemos representar o bem e o ______ , a verdade e a ___________ , e luz a as ___________ , a inércia e o ______________ , enfim, todos os princípios antagônicos e adversos. O número dois, por ser antagônico, não é concludente. Por essa razão diz-se que é negativo e até terrível, pois traz a dúvida, e não a certeza. O homem, quando cai no abismo da dúvida, perde seu equilíbrio, fica dividido e entra em conflito consigo mesmo. Ora, para que cesse a diferença, a dúvida, o antagonismo e o desequilíbrio que vimos até aqui, é necessário que ao dois acrescentemos mais uma unidade.Toda instabilidade, então, resta aniquilada pelo acréscimo da terceira unidade, e temos, no número três, o equilíbrio, a ponto de que o três se converta também numa unidade, uma nova unidade. Porém não mais idêntica ao todo, e sim uma unidade de vida, do que existe por si próprio, do que é perfeito. É o número três o primeiro número completo. Ao número três corresponde a forma de um __________________, conquanto composto por três _________ e três _________ . O ponto e a linha, por si só, não originam nenhuma forma, pois são necessárias três dimensões para que um objeto tenha forma. Todos os outros polígonos podem ser subdivididos em triângulos que servem de base à construção de inúmeras superfícies. Por essa razão, é fácil compreender porque o triângulo é o símbolo da existência da própria divindade. O novo iniciado, ao abrir os olhos à Luz da Verdade, nada encontra, no Templo, que se relacione com a unidade, pois nada do que é sensível pode ser admitido a representá-la. Com efeito, fora e em volta de nós, tudo é diversidade. A unidade não nos aparece naquilo que nos é exterior, parece, ao contrário, residir em nosso íntimo. Condensado no ternário estão o binário e a unidade. O maçom orgulha-se de apor três pontos ao seu nome. Esses três pontos, como o Delta Luminoso e Sagrado, são um dos nossos mais respeitados emblemas, e representam todos os ternários conhecidos. Representam especialmente as três qualidades indispensáveis ao maçom: V________________ S_________________ ∴ I ________________ ou A ____________ São essas qualidades inseparáveis, que devem existir em equilíbrio perfeito. Experimentem-se separá-las e teremos o desequilíbrio. O homem dotado de __________________ , mas sem intelecto e desprovido de afeto, será um ser brutal. O homem dotado de _______________ , porém sem vontade e sem sabedoria, que é expressão do amor, será egoísta e inútil. O homem dotado de _____________ (______), mas sem vontade e sem inteligência, será inútil, pois suas aspirações estarão condenadas à esterilidade. Vejamos, aos pares, tais qualidades: Poderemos ter um homem genial, a quem não falte vontade nem inteligência. Se lhe faltar _____________ ou ______________ , será um monstro de egoísmo, e, como tal, condenado a desaparecer. Um ser dotado de ______ e ___________ , se não tiver vontade, será um caráter passivo, com ideais elevados, belas aspirações, mas incapaz de realizar quaisquer delas, por falta de energia, tornando-se um inútil. A _________ unida ao ______ daria um melhor resultado, mas a falta de inteligência impedirá sempre o ser bom e ativo de realizar uma obra verdadeiramente útil, porque lhe faltará discernimento. Além disso, estudando diferentes culturas de diversos povos, encontraremos sempre os ternários, com a figura de um Ser Supremo, manifestando-se sob três aspectos diferentes, porém unitários. Mais uma vez como expressão do equilíbrio. O Delta Sagrado da Loja, talvez o mais puro de nossos emblemas, é nas Lojas Maçônicas, também simbolizado pelos três grandes pilares: __________, ________ e __________ , que representam as Três Grandes Luzes colocadas sob o Painel da Loja. A primeira no _______ , a segunda no _______ e a terceira no _____ , de acordo com a orientação das Três Portas de Salomão. O Número Quatro No centro do Delta Sagrado, está colocada a letra “iod”, inicial do ___________ (4 letras), a saber “iod”, “he”, “vau”, “he”. Apesar de o Tetragrama ser composto por quatro letras, apenas ____ são diferentes, para simbolizar as _____ dimensões dos corpos, a saber: __________, _________ e _________ ou profundidade. A letra “vau”, cujo valor numérico é 6, indica as _____ faces dos ________. O Tetragrama, com suas quatro letras tem afinidade com a ________, pois 4 e 1 são quadrados perfeitos, porém só há _____ letras diferentes, para indicar que, a partir de 3, os números entram numa nova fase. Finalmente, o Tetragrama lembra ao Aprendiz que ele passou pelas Quatro Provas dos Elementos: ___________, _________, ______________ e _____________. Colocado a Nordeste da Loja, ele vai recomeçar essas Quatro Provas no caminho para o segundo grau, porém, desta vez, tendo recebido a Luz, e podendo caminhar só no Templo, enfim, responsável por si mesmo, seus pensamentos, suas palavras e atos. O ternário pode ser estudado sob múltiplos pontos de vista: do tempo, da família, da Trindade Cristã, etc. Cite a constituição dos ternários pedidos, seguindo o exemplo: Exemplo: do tempo – passado, presente e futuro. Do movimento diurno do Sol: ________, _________ e Ocaso. Da constituição oculta do Ser: ______, ______ e Corpo. Da Kabbalah Hebraica, da qual são tiradas as pp∴ ss∴ e de p∴ da Maçonaria: _____ (Coroa), ________ (Sabedoria) e ______ (Inteligência) Da Trindade Cristã: ______, ________ e __________. Da Trimurti hindu: ________, ________ e ________. Sat Chit Ananda A Magia dos Números Ao nos depararmos com a Quinta Instrução do Grau de Aprendiz Maçom, encontramos um tratamento muito especial conferido ao significado dos números. Tal tratamento retrata uma etapa da civilização e situa-nos num tempo e espaço colocados no passado. Nossos ancestrais tinham uma visão muito peculiar da matemática, uma visão que nos é, agora, trazida pela Quinta Instrução. Mas não podemos nos esquecer de que não se pode tirar grande proveito de determinados enunciados históricos, sem nos preocuparmos, primeiro, com o contexto sociocultural em que foram produzidos. Assim, por exemplo, afirmar que o número um é igual à unidade não é correto, apesar de tal afirmativa aparecer na quinta instrução. Ora, apenas quando somente o conjunto de números naturais era conhecido, podia-se afirmar tal coisa. Afinal, o número um pode ser dividido infinitamente, logo, não é igual à unidade, pois esta última, assim como o infinito, é um conceito metafísico. Foi pensando nisso que resolvi pesquisar alguma coisa relacionada à história dos números, e encontrei em HOGBEN, Lancelot, Maravilhas da matemática, uma visão muita bem humorada, — e mesmo um tanto ácida em relação aos antigos, — dessa ciência que, para alguns, é tão sisuda e misteriosa. Encontrei também a diferença entre dois conceitos, a saber,o Verdadeiro e o Real, que devem ser, de uma vez por todas, conhecidos por nossos obreiros. A Quinta Instrução traz em si uma beleza única, mas é preciso estar preparado para encontrá-la. Comecemos pelos gregos, esses grandes matemáticos que lançaram fundamentos que perduram até hoje. A exaltação da matemática, por parte de Platão, a um augusto e misterioso ritual originou-se das negras superstições e das puerilidades fantásticas que empolgavam os homens que viviam na infância da civilização, numa época em que, nem os mais inteligentes sabiam distinguir claramente a diferença entre dizer que 13 é um número primo e que 13 é número aziago. Sua influência na educação envolveu a matemática num véu de mistério. A maior façanha de Platão, diz Hogben, foi inventar uma religião capaz de satisfazer as necessidades emocionais de homens que viviam em conflito com seus ambientes sociais e eram demasiado inteligentes ou individualistas, para procurar santuário nas formas mais grosseiras do animismo. A curiosidade dos primeiros que especularam o átomo, estudaram a propriedade dos ímãs, observaram as conseqüências de se atritar o âmbar, dissecaram os animais e catalogaram as plantas três séculos antes de Aristóteles escrever o seu epitáfio sobre a ciência grega, banir as personalidades do interior dos objetos naturais. Platão colocou o animismo fora do alcance da devassa experimental, inventando um mundo de “universais”. Este mundo de “universais” é o mundo tal como Deus o conhece, é o “verdadeiro” mundo, do qual o nosso não passa de sombra. Nesse “verdadeiro” mundo, os símbolos fonéticos e numerais eram investidos da magia que se evolava do corpo dos animais e do tronco das árvores, logo que dissecados e descritos. O Timeus é uma encantadora coletânea das estranhas perversões a que podia ser compelida esta mágica do simbolismo. A verdadeira terra, em contraposição à terra sólida, em que construímos nossas casas, é um triângulo eqüilátero. A verdadeira água, em contraposição àquela que, uma vez ou outra, consideramos uma bebida, é um triângulo retângulo. O verdadeiro fogo, em contraposição ao fogo contra que nos seguram as Companhias, é um triângulo isóscele. O verdadeiro ar, em contraposição àquele com que enchemos pneus, é um triângulo escaleno... Armemo-nos de paciência e vejamos como Platão transformou a geometria da esfera numa explicação mágica da origem do homem. Deus, – informa ele, – “imitando a forma esférica do universo, encerrou os dois desígnios divinos num corpo esférico, a que chamamos cabeça.”(!) Para que a cabeça “não ficasse aos trambolhões pelos altos e baixos da Terra, para que pudesse sair destes e galgar aqueles”, dotou-a de “um corpo destinado a servir de veículo e de meio de locomoção, e por isso tinha um certo comprimento e era dotado de quatro membros compridos e articulados...” Esta supremacia da cabeça muito desvanece os intelectuais que não têm problemas práticos para preocupá-los. Assim sendo, não é de admirar que a metafísica peculiar de Platão conservasse sua influência sobre a educação, até muito depois que seu temerário projeto de sociedade planificada deixou de ser reputado teoria merecedora do estudo da juventude. Um sistema educacional baseado nos ensinamentos de Platão pode muito bem confiar o ensino da matemática a esses teóricos que põe a cabeça antes do estômago, e que, por isso, ficariam aos trambolhões pelos altos e baixos da terra, se tivessem de ensinar qualquer disciplina. Naturalmente, esta perversão afugenta os indivíduos equilibrados, para quem os símbolos não passam de instrumentos da experiência social organizada, ao passo que atrai aqueles que se valem dos símbolos para escapar deste mundo tenebroso em que os homens lutam pelas pequeninas verdades que logram conquistar, e fogem para o “verdadeiro” mundo em que as verdades parecerão axiomáticas. A história do pensamento humano poderia ser encarada como uma luta entre dois modos diversos de se lidar com o mundo. Um é o do homem prático que utiliza o conhecimento para alterar a realidade; o outro é a cultura de uma casta dotada de lazer suficiente para contemplá-la. As superstições sacerdotais associadas com o calendário exigiam que a posição dos templos encerrasse uma saudação aos seus augustos patronos celestiais. Assim, para fazer hotéis luxuosos e confortáveis, dignos da visita dos deuses siderais, os escravos mourejavam sobre o areal ardente do deserto. Isto produziu uma arte, repositória dos segredos da construção de casas dignas do homem. Entre os gregos jônicos, havia homens, como Demócrito, que percebiam, como nós, que o conhecimento é algo que temos o privilégio de compartilhar com os demais. Os primeiros matemáticos desejavam distribuir profusamente os seus conhecimentos. O próprio Pitágoras passou a vida a fazer conferências sobre números e figuras, perante vastos auditórios. Por sinal, casou-se com uma de suas alunas, chamada Teona. Os conhecimentos numéricos da velha China permitem-nos perceber os rudimentos mágicos de uma língua de grandezas em que se baseia a estatística moderna. No Livro Chinês das Permutações, escrito 500 anos antes do nascimento de Pitágoras, representam-se os oito primeiros números por combinações de traços horizontais, ora inteiros, ora interrompidos. A escrita calendárica dos Maias, — a única linguagem numeral baseada no mesmo princípio que a notação hindu, — também usa traços horizontais superpostos. Outra maneira de representar os números era o uso de pontos e círculos. Círculos brancos para números machos, e pretos para números fêmeas. É esta a representação usada no primeiro quadrado mágico de que temos notícia. O culto do quadrado mágico imperava em todo o mundo antigo. Mais tarde, provavelmente confundiu-se com a forma de magia conhecida pelo nome de “gematria”, estranha crença entrelaçada ao uso das letras alfabéticas para propósitos divinatórios. Quando cada letra passou a representar um número, cada palavra passou, ipso-facto, a ter o seu número característico, formado pela adição de todos os números representados por suas letras. Quando duas palavras tinham o mesmo número, comentava-se o fato como se fosse símbolo de algum mistério tremendo. A superioridade de Aquiles sobre Heitor fundava-se no fato de as letras do nome Aquiles perfazerem um total de 1.276, ao passo que as de Heitor perfaziam apenas 1.225. Em hebraico, Eliasar perfaz 318. A saga hebraica diz-nos que Abraão libertou 318 escravos quando salvou Eliasar. A gematria associou estrelas, planetas e prodígios nos escritos astrológicos dos teosofistas e astrólogos medievais. Tudo isso nos testemunha a História. Para o homem normal, porém, a perfeição desse “verdadeiro mundo”, incansavelmente procurado pelos antigos, cheira a sonho. O mundo em que vive o homem comum é o mundo de lutas e fracassos, privações e desenganos. No mundo matemático, tudo é evidente para quem a ele se acostuma, daí sua atração irresistível para aqueles que não se habituaram à realidade, e procuram, através de métodos abstrusos, um meio mágico de exorcizarem o sofrimento e a dúvida, muito mais produto de suas próprias fraquezas e desenganos. Nossos rituais nos dão testemunho de fórmulas antigas. Com elas, nossos antepassados viam e enfrentavam o mundo. Por isso tais fórmulas são tão importantes para nós. Todavia, entre conhecê-las e empregá-las cotidianamente, vai uma distância tremenda, só comparável àquela aposta entre o sonho e a realidade. O homem, ao longo de toda a sua história, jamais pôde escapar à decepção de verem destruídos os fundamentos básicos de suas crenças e desejos. A história da matemática ilustra bem essa série de decepções. Uma delas provém de Platão, que assegura que as proposições matemáticas reafirmam verdades eternas. Foi esta a doutrina que forneceu a Kant uma maneira segura de afrontar os materialistas de seu tempo, onde revolucionários como Diderot ameaçavam o clero. Kant supunha que os princípios da geometria eram eternos e independentes de nossa percepção, suposição esta arrasada por Einstein, e não mais residindo no céu onde a colocou Platão, pois sabemos, hoje, que os postulados geométricos, quando aplicados ao mundo material, não passam de verdades aproximadas. Mesmo assim, é possível brincar com a matemática. Conta-se que Diderot, o enciclopedista, na corte russa, costumava deliciar a nobreza com sua irreverência materialista. A czarina, ciosa da fé dos cortesãos, contratou Euler, o mais ilustre matemático daquela época, para discutir publicamente com o filósofo. Este último foi, então, informado de que um matemático descobrira uma prova da existência de Deus. Convidado a comparecer à corte, perante a nobreza reunida, Euler lançou a seguinte proposição: “a + b.n / n = x, logo, Deus existe. Responda!” Mas, para o filósofo Diderot, álgebra era o mesmo que árabe e, por isso, não pôde precisar onde estava a mistificação. Ora, se ele soubesse que a álgebra não passa de uma linguagem na qual se designa o papel representado pelas coisas, contrariamente às línguas ordinárias, usadas para designar as espécies das coisas do universo, teria pedido a Euler que traduzisse para o francês a primeira parte da sentença. Traduzida livremente para o português, teríamos mais ou menos o seguinte: “Pode obter-se o número x, primeiro juntando a um número a um número b, multiplicado por si mesmo certo número de vezes e depois dividindo tudo pelo número de vezes por que se multiplicou b, portanto, Deus existe. Que me dizes a isto?” Mas Euler teria ficado em apuros se fosse questionado sobre de que maneira a segunda parte da sentença decorre da primeira. Diderot, como muitos de nós, ficou inseguro ao ser defrontado por uma linguagem de grandezas, e afastou-se do salão, voltando logo para França. Todavia, o tribunal da História acabou por socorrer Diderot, e o supernaturalismo defendido por Euler limitou-se a bater em retirada. Enfim, os números não mentem, mas pode-se mentir através deles. A Matemática Matemática é a ciência que estuda as propriedades de entes abstratos, pelo emprego do raciocínio dedutivo. No passado, voltou-se especialmente para o estudo das propriedades dos números e figuras geométricas e das relações que se estabelecem entre eles. Divide-se grosso modo em matemática pura, — raciocínio abstrato baseado em axiomas, — e aplicada, que envolve o uso da matemática em outros campos do conhecimento, como a física, química, astronomia, engenharia, economia etc. As principais divisões da matemática pura são a álgebra e a geometria. Os estudos sobre as sociedades primitivas mostram que as primeiras noções matemáticas e símbolos numéricos surgiram como abstrações da operação de contar e progrediram principalmente em áreas de civilização urbana com condições econômicas evoluídas. Tradicionalmente, divide-se a história da matemática em cinco períodos: dos primórdios até a época dos babilônios e egípcios, o período grego, a Idade Média e o Renascimento, os séculos XVII e XVIII; e os séculos XIX e XX. As maiores contribuições matemáticas da Antigüidade são atribuídas às civilizações mesopotâmica e grega, enquanto as culturas egípcia e romana se limitaram a aperfeiçoar as técnicas de medida e a prática aritmética. Em sua evolução histórica, a matemática experimentou uma progressiva diferenciação em áreas. Entre as mais importantes estão a aritmética, a geometria, a álgebra, a análise matemática, que engloba o cálculo diferencial e integral, a trigonometria, a teoria dos conjuntos, a probabilidade e a estatística. Fonte: HOGBEN, Lancelot. Maravilhas da Matemática. Influência e função da matemática nos conhecimentos humanos. Ed. Globo, 1970. Cabala, Busca Filosófica da Compreensão de Deus A Cabala, além de seu sentido genérico de tradição oral, é um conjunto de preceitos e especulações místico-esotéricas da filosofia religiosa judaica, sob a influência de outras doutrinas. Começou a cristalizar-se a partir do início da era cristã, definindo-se no século XIII como sistema filosófico-religioso. O pensamento judaico sempre foi interpretativo dos textos bíblicos, deles procurando extrair significados ocultos. A cabala originou-se na kabalah (tradição), iluminada por um misticismo exacerbado que acabou por assumir o primeiro plano para ganhar os valores de um sistema conceitual. Tais ensinamentos esotéricos surgiram a partir do século XIII, na Espanha e no sul da França. Em sentido estrito, há duas escolas cabalísticas: a alemã e a espanhola. Esta última seguiu o caminho da especulação e da teosofia esotérica, organizando-se no século XIII, na península Ibérica e Provença, no livro Zefer Ha-Zohar (Livro do Esplendor), conhecido como Zohar. Escrito entre os anos 1280 e 1286 pelo cabalista espanhol Moisés de León, sua autoria, na verdade, é atribuída ao rabino do século II, Simón Bar Yohai. O Livro se concentra na natureza e na interação de dez sefirot (números elementares), símbolos da vida e dos processos da natureza divina. Segundo a teosofia do Zoar, além de qualquer contemplação humana está Deus, pois ele é, em si próprio, incognoscível e imutável: En Sof (infinito). Este aspecto cósmico do Zohar se desenvolveu na cabala luriânica do século XVI que foi fundada por Isaac ben Salomão Luria. Segundo Salomão Luria, o En Sof ao criar o mundo, reservou um espaço para o mal. Posteriormente, a cabala levou a práticas de magia e ocultismo. Não nos podemos esquecer de que há também um movimento de cabala cristã a partir do século XV, que se identifica com as escolas alemãs e italianas. A Tradição Doutrina e Fundamentos Cabala Medieval Cordovero e Luria Conclusão A Tradição Visão do Carro de Ezequiel, pelo pintor Rafael, uma alegoria cabalística. Data dos séculos I e II da era cristã a primeira manifestação da tradição cabalística: é o maasseh merkavah (história do carro), mencionado no livro de Enoque, uma das duas estruturas, junto com o maasseh bereshit (história da gênese), nas quais repousa toda a cabala. Esta é uma especulação sobre o mundo das coisas e sua criação; aquela, um sistema metafísico que aponta os atributos divinos como causa de tudo.A merkavah, o carro celeste da visão do profeta Ezequiel, que percorre os sete céus através de inúmeros perigos, é uma alegoria da elevação da alma à procura de Deus. Essa gnose é oriunda do exílio na Babilônia, e seus cultores, aqueles que se dispunham à grande aventura, são chamados iordei merkavah. Doutrina e Fundamentos Do século III ao século VI a especulação cabalística já dominava o pensamento judaico na Babilônia. Nessa época surgiu o Sefer ietzirah (Livro da criação), escrito em hebraico por autor desconhecido, que trata da origem do universo e das leis que o regem. Em um monólogo do patriarca Abraão revela-se a compreensão da natureza e de suas manifestações como emanações de Deus. Os vários planos da criação formam dez esferas (sefirot). O espírito tornado Palavra (análogo ao Verbo) é a primeira esfera e, por meio do sopro, a segunda esfera, que dele emana, cria as demais através de combinações de letras e números: a água é a terceira, que produz a terra, o barro, as trevas, os elementos rudes; o fogo é a quarta; as seis últimas são os quatro pontos cardeais e os dois pólos. O Sefer ietzirah já encerra a preocupação cabalística com a manipulação de letras e números na interpretação de significados ocultos e na prática da magia. Os 32 caminhos místicos são constituídos pelas 22 letras do alfabeto hebraico e dez algarismos, que podem ser combinados e interpretados de três maneiras: notarikon, que cria significados ao tomar as palavras por acrósticos de expressões ocultas; guematria, que atribui valores numéricos às letras, estabelecendo analogia entre palavras de valores iguais; e temurah ou permuta, que manipula palavras por anagramas. Cabala Medieval Na Idade Média o centro do judaísmo deslocou-se da Babilônia para a Europa. Na Provença, Abraão ben David de Posquières escreveu um comentário ao Sefer ietzirah. Seu filho Isaac, o Sagui Naor, foi considerado "pai da cabala", sendo-lhe atribuída uma obra de fundamental importância, o Bahir (claro, brilhante). A obra que viria a ser o cânone da cabala surgiu, porém, na Espanha do século XIII; o Sefer ha-zohar (Livro do esplendor), ou, simplesmente, Zohar. Foi a partir de sua divulgação que a cabala ganhou dimensão de movimento organizado a doutrina sistematizada. Já atribuído ao rabi Simão bar Iochai, o Zohar parece ser na verdade uma compilação de várias obras, feita por Moisés ben Shem Tov, de León. Seu texto constituiu-se aos poucos, sendo completado entre 1275 e 1286, e só foi impresso, na versão original em aramaico, em 1558 em Mântua. Como em toda a cabala, vários conceitos se fundem no Zohar: um panteísmo de influência neoplatônica, idéias nitidamente teístas, elementos de feitiçaria e demonologia medievais, linhas de exegese inspiradas pelo racionalismo judaico. O Ser infinito ou Ein Sof, segundo o Zohar, difere do Deus-Criador das escrituras: é a substância, a causa imanente, o princípio ativo e passivo de tudo. O Ein Sof desconhece a si mesmo até que suas emanações se constituam em atributos através de dez sefirot, esferas que são projeções espirituais desses atributos, e não formadas pelos planos da Criação, como as esferas do Sefer ietzirah. No Zohar, as dez sefirot assumem uma imagem antropomórfica, formando a figura do Adam Kadmon: é o demiurgo, o criador da natureza. Essa imagem do Adam Kadmon corresponde à do homem perfeito que é o mensageiro de Deus, o messias. Cordovero e Luria A expulsão dos judeus da península ibérica em 1492 e a migração dos judeus espanhóis para a Palestina fizeram florescer na cidade de Safed, na Galiléia, um círculo influente de cabalistas. Dois cabalistas de Safed se destacaram e marcaram o movimento: Cordovero e Isaac Luria. Moisés ben Jacob Cordovero, em sua obra principal, Pardes rimonin (Pomar de romãs), interpretou e explicou o Zohar, estabelecendo a diferença entre o panteísmo neoplatônico e o da cabala: "Deus é realidade, mas esta não é Deus”.Explicou ainda a natureza da criação do universo e das sefirot. Sua atitude filosófica é condizente com a dos cabalistas contemplativos e puramente especulativos do período espanhol. Ao contrário de Cordovero, Isaac Luria foi místico e visionário voltado para a cabala prática e ativa. Filósofo e professor, só falava a seus discípulos, mas nada escreveu. Luria voltou-se para a contemplação das forças naturais, onde via e ouvia o murmúrio das almas e a linguagem do espírito. A par de seus arroubos místicos, deixou teorias bem delineadas. A existência de uma alma coletiva dá a cada homem uma relação indissolúvel de causaefeito com todos os homens. Seus pecados e seus méritos se refletirão no destino de todos. Derivada dessa teoria, a do dibuk explica a posse de um corpo vivo pela alma de um morto ou de um demônio. Luria, conhecido como Haari Hakadosh (leão sagrado) ou simplesmente Haari, tornou-se um marco de transição entre a cabala especulativa e os movimentos de massa judaicos nela inspirados. Acentuando a importância do papel do homem no misticismo da cabala, abriu caminho para uma atitude mística ativa, que visa à busca e ao encontro da harmonia e da redenção. Conclusão Quem quer que aspire conhecer a Cabala deve familiarizar-se com as idéias de Platão no “Demiurgo” e com as de Filon, no “Logos”, recomenda o Rabino Hirsh Zelkovicz. Mas, incontestavelmente, a Cabala é hebraica, muito embora alguns pretendam o contrário, aduzindo teorias e idéias que chegam ao cúmulo de afirmar que a Cabala “foi roubada” aos arianos pelos judeus. Velha história que conhecemos muito bem, e que não vale a pena comentar aqui. A obra apresenta-se estruturada de acordo com a lógica costumeira da divisão de livros. Estes, ao que parece, de diversas épocas, foram unificados organicamente através de uma redação ulterior. A matéria, assim fragmentada, não obstante, tem uma característica principal: todas as partes se constituem, invariavelmente, em comentários a respeito de versículos da Torah, que a Cabala interpreta de modo eminentemente místico, com profundidade e sabedoria. Muitos vêem a cabala, erroneamente, apenas como sistema de manipulações mágicas. Em certas épocas esse aspecto teve papel preponderante, mas a cabala nunca deixou de ser função de uma busca filosófica da compreensão de Deus, dos mistérios do universo e do destino do homem. Fontes: Encyclopaedia Britannica do Brasil. — Microsoft Encarta Encyclopedia 2002. — ZELKOVICZ, Hirsh. Judaísmo y antisemitismo a la luz de la historia, ed. Nohra, Bogotá, 1969. TROLHAMENTO OU TELHAMENTO Em atenção ao assunto colocado por um de nossos Irmãos, ocorreu-me pesquisar o termo e apresentar alguns subsídios encontrados juntos a obra do escritor maçônico Ir∴ CASTELLANI. Em primeiro lugar, ambos os termos, telhamento ou trolhamento, não aparecem como verbetes específicos no dicionário maçônico do Ir∋. CASTELLANI, que lá os não coloca, por se tratarem de neologismos. Assim, não constou a palavra telhamento, eis que o correto, no idioma vernáculo, é telhadura. Da mesma forma também não constou o verbo trolhar — neologismo. Encontramos, todavia, o verbo transitivo telhar, que não é neologismo. No dicionário, são abordados ainda os verbetes telhador e trolha. Senão vejamos: TELHADOR _ ... em Maçonaria é também o título do Cobridor, ou Guarda do Templo, a quem compete telhar, ou fazer o telhamento (que é um neologismo maçônico, já que o termo correto seria telhadura) dos que se apresentam à porta do Templo, para verificar a sua qualidade maçônica e o seu grau. TELHAR _ ... Ao cobridor, ou Telhador, compete telhar — ou seja, examinar nos toques, sinais e palavras — os visitantes que se apresentam à porta do Templo, para verificar se eles são realmente maçons, e, posteriormente, para se certificar se eles possuem grau suficiente para assistir à Sessão que está se realizando. O termo tem sido confundido com trolhar — que significa passar a trolha — altamente incorreto para designar o referido exame, já que este é uma cobertura, e cobertura se faz com telhas e não com trolhas (ver trolha). TROLHA _ ...como uma de suas funções é alisar a argamassa, aparando as rugosidades, ela, simbolicamente, significa o meio que é usado para apaziguar Obreiros em litígio, aparando as arestas. E é por isso que esse apaziguamento, esse entendimento, é conhecido por um neologismo maçônico inexistente no idioma: trolhamento, já que trolhar, outro neologismo, é passar a trolha. O termo, lamentavelmente, em alguns meios maçônicos, tem sido usado em lugar de telhamento, e com o mesmo sentido deste, o que é um erro que não tem sido devidamente esclarecido. A par disso, contudo, ainda que consideremos o acerto com que o tema foi, sem dúvida alguma, desenvolvido pelo respeitável Ir∴ escritor, em nossos Rituais figura o termo TROLHAMENTO, adotado, portanto, pela Muito Respeitável Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul, a qual estamos, como Lojas, subordinados. É por essa razão que adotamos o termo, e o usamos para designar o que na verdade seria o TELHAMENTO. Mais uma vez, meus Irmãos, vamos nos adequar àquilo que nossa Instituição nos indica, não nos furtando, todavia, de um exame mais aprofundado, do qual jamais devemos fugir, ainda que tal exame implique numa postura crítica. Não vai nisso nenhum demérito. Configura apenas simples exercício de nossa liberdade, apanágio maior de todo Maçom. Maçonaria, meus Irmãos, é isso. Aprendizado com base em tomada de consciência revelada no estudo de cada gesto, de cada palavra, de cada símbolo, com extração do conteúdo intrínseco de cada um desses elementos. Isso nos ensina e nos prova que não somos autômatos, robôs que se repetem. Somos seres conscientes. Se fazemos gestos, reprisamos condutas e repetimos palavras, façamo-los cônscios de seu significado. Para chegarmos a isso, mister que perguntemos, que questionemos e que pesquisemos sempre, ainda que, às perguntas, correspondam várias respostas, e que sejam até contraditórias estas respostas entre si. Lidemos com isso desde cedo, lado a lado com o pragmatismo da tomada desta ou daquela solução. Não percamos de vista, porém, a fragilidade da versão unilateral das coisas. Só assim advirá o progresso individual a cada um de nós, com a descoberta de que existem inúmeros modos de pensar o mesmo problema, caminhos da criatividade, dimensão superior do Homem que, — para buscar e encontrar respostas, — deve, antes de tudo, aprender a fazer perguntas. PROÊMIO AO ESTUDO DA ABÓBADA CELESTE "O que é na verdade mais belo que o céu, que, certamente, contém todos os atributos da beleza? Isto é proclamado por seus verdadeiros nomes, caelum e mundus, este último significando clareza e ornamento, como a escultura antiga." Copérnico - As Revoluções das órbitas Celestes, 1543 Citadinos, cercados por horizontes edificados, dificilmente olhamos para o alto: esquecemos o firmamento! Ninguém mais tem ócio para contemplar. Olvidamos os mitos celestes de antanho, e o céu passou a texto e vivência da tecnologia. A abóbada celeste, palco outrora dos deuses e dos heróis míticos, nada mais tem a dizer ao homem urbano, pois esse cedeu seu lugar aos especialistas. Vênus? Três Marias? Sirius? Poucos são aqueles que aprenderam a identificá-los, e sequer pensam em apontá-los aos filhos. Hoje, conhecer os planetas e as constelações, seus mitos e estórias, é tão útil, ou inútil, quanto saber o que significaram na História. Assim pensa a maioria, seja ela citadina ou maçônica, e poucos cultuam a celeste tradição de milênios... Deploravelmente, isso levou a deformações na Abóbada Celeste escocesa. Em alguns templos, as modificações foram tantas que o "painel celeste" desapareceu! E, absurdamente, o substituíram por um simulacro do céu astronômico pretensiosamente atualizado, enxameado de ene pontos luminosos distribuídos a esmo. Assim, embora artisticamente embelezado e provido de recursos técnicos, como se fora um planetário, ele nada aponta e nada acrescenta à busca do Iniciado, a não ser mostrar seu faiscante mutismo. Por outro lado, naquelas Lojas que conservaram os cânones celestes do Rito, a sóbria abóbada também está emudecendo calada por falta de intérpretes!... Na verdade, aquém e além do Pórtico, a cobertura celeste está dissociada de nossa vivência, seja ela maçônica ou profana. Segundo Carl Sagan, em "Cosmos", os homens são "filhos das estrelas". Infelizmente, não enxergamos isso no dossel estrelado. Os Augustos Mistérios que lá estão, jazem no dizer ritualístico, letra-morta, pois não tentamos decifrá-los nem buscamos suas mensagens na Abóbada Celeste! Exagero? Talvez! Mas cultuamos o respeito à Tradição. E essa diz que o teto estrelado das lojas escocesas é uma reminiscência do Antigo Egito que cultuou sobremodo tal conhecimento, acolhido e normatizado no texto inicial do ritual. Daí o nosso inconformismo com mudanças e amnésias ao textopadrão da cobertura estelar, uma tradição que nenhum maçom não importando seus títulos ou posição hierárquica - pode mudar, alterar ou esquecer. Quando vemos isso acontecer, seja em reformas ou na construção de templos, ficamos em dúvida sobre o apodo cabível a tais iconoclastas: perjuros ou ignorantes! Pois, ou eles têm conhecimento do texto que regula o assunto, e se colocam acima disso, ou o desconhecem, e, no caso, não estão à altura do cargo ou encargo que exercem nem dos conhecimentos que aparentam ter. - Querem outra abóbada, céu ou teto? É fácil: troquem de rito!... Feita a inserção de nossa inconformidade - e veemente repúdio - com o descumprimento da norma que regula o teto do Templo (páginas iniciais do Ritual de Aprendiz do R.’.E.’.A.’.A.’. praticado pelas GG.’.LL.’. Brasileiras), retornemos ao tema em estudo para mostrá-lo a luz de outros enfoques, quiçá mais amenos. Estórias egípcias contam que Osíris, para presidir o tribunal das almas, diariamente viajava do Oriente para Ocidente em sua "barca solar", tripulada por fiéis vassalos - os glorificados (simbolizados nas estrelas pintadas no teto da Câmara do Sarcófago Real). Por analogia, identificamos os "reais companheiros" de então com os exaltados de hoje, pois, seja há milênios ou nos dias atuais, neles e em nós, por extensão e herança, continua perene o espírito e o trabalho de guardiães da Tradição... Neste trabalho, com o arcaico "proêmio", forma em desuso para introdução, buscamos realçar o nosso antagonismo às mudanças na abóbada, embora conheçamos outros enfoques, não tão tradicionais quanto o nosso, dentre eles os lavrados pelos renomados irmãos: Hiran L. Zoccoli, autor da obra "A Abóbada Celeste na Maçonaria", na qual diz que após examinar divergentes estampas do céu maçônico, confrontando-as com a diversidade dos tetos existentes, estudou os fundamentos da Astronomia, concluindo pela incompatibilidade da presença concomitante de tais aspectos na abóbada do templo maçônico. Daí apresentar e postular, calcadas em padrões da Astronomia, duas novas abóbadas: uma para as lojas do Hemisfério Norte, e outra para as do Sul. Nelas insere todas as constelações zodiacais e todos os planetas conhecidos do Sistema Solar, acrescentando na boreal a Estrela Polar e na austral a constelação do Cruzeiro do Sul. Evidentemente, não concordamos com tal posicionamento. Os nossos fundamentos celestes colidem. Enxergamos a perenidade da Tradição nas "figuras" rejeitadas por Zocolli, enquanto ele, com os olhos da Ciência, buscou a mutabilidade temporal e espacial do firmamento. Donde, a nossa mútua exclusão de tetos... José Castellani, em diversas de suas obras, e nas revistas "A Trolha" e "O Prumo", diz ser suficiente para Simbologia Maçônica que somente o Sol, a Lua e as nuanças de cor Dia/Noite estejam na Abóbada Celeste, não sendo essencial a presença dos planetas e estrelas, acrescentando que no passado o teto das lojas ostentavam a representação (pentáculos) das doze constelações zodiacais (Rev. "A Acácia" n.º 29/1995). Castellani, conceituado pesquisador, parece preferir um modelo mais antigo da Abóbada Celeste (similar à descrição feita por Prichard em 1730), mas que entendemos válido só em outros Ritos ou, talvez, no Escocês de Obediências não cingidas ao ritual de 1928 das GG.’.LL.’.. E mais, Castellani, quando mostra o céu maçônico - que diz conter as constelações zodiacais - apresenta uma das "antigas estampas". Mas comete aí um deslize! Aquela gravura, e outras similares, contêm asterismos austrais, boreais, equatorial e somente quatro zodiacais: Virgem, Touro, Leão e Escorpião! Constelações essas que foram os primeiros "marcos" da estrada solar dos deuses celestes, onde mais tarde se agregaram outros quatro e, finalmente, no século VI a.C. o duodenário círculo ficou completo. Portanto, é importante frisar, a Tradição não contempla o céu maçônico escocês com todo o zodíaco, mas sim e somente com a representação daquelas que a antiga Mesopotâmia formatou. Concluindo, é gratificante constatar que Castellani assevera ser correta a decoração celeste que siga um padrão (e descreve o nosso), dizendo-o sem estrelas a esmo e sem o Cruzeiro do Sul, que aponta como presente em Templos irregulares (Cad. Est. Maç. nº 2 - J.Castellani - pág. 65). Todo prólogo busca cativar o leitor, predispondo-o em favor da obra que apresenta. Propositadamente, fizemos o contrário: ressaltamos a ignorância que paira sobre o tema em exame, a fim de motivar à ação de conhecer e de restaurar a nossa tradicional abóbada celeste. Nessa missão, nos lançamos à condição de palestrante e de articulista. Agora, transcorrido um tempo razoável, constatamos que a palavra ecoou, mas com pouca eficácia na comunicação escrita; faltou um texto convincente para ativar a imaginação escocesa, fazendo-a recordar os porquês de sua ancestral cobertura. Tal insight é um dos propósitos deste proêmio, quiçá - a bem do Rito -, tenhamos êxito. Até aqui, de diferentes modos, expressamos a idéia de um painel presente no teto do templo, realmente é isso que lá está, um grande mural ou um enorme afresco. Como tal, não pode espelhar um momento específico ou único do firmamento, mas sim, e simultaneamente, diversos. No mínimo, tantos quantos são os astros presentes na simbólica e alegórica abóbada arquitetada por ignotos mestres e deixada à decifração da posteridade escocesa. Ouvindo amortecidos ecos da linguagem perdida da Tradição - traduzimos: - meu sobrecéu - com os luzeiros do Dia e da Noite, nuvens, planetas e poucas estrelas -, cobre do Setentrião ao Vale dos Reis ao Meio-Dia, de Albion ao Ocaso ao mundo de Zoroastro no Nascente. Sob tal dossel vi nascer as duas primeiras lojas míticas: a Operativa e a Escocesa! A primeira em Jerusalém, no átrio do Templo em construção - a segunda na Escócia, na Montanha de Heredon em Kilwinning. Acompanhei a construção dos "Castelos de Mil Anos" no Antigo Egito, o Partenon grego, o Coliseu romano e os trabalhos de levantar Catedrais na Europa. Presenciei a recepção dos Aceitos, a Iniciação dos primeiros Especulativos e os magnos eventos maçônicos de 1717. Dou voz à Astréia, Osíris, Cronos, Orion e a muitos outros... Meus asterismos, isoladamente ou no conjunto de suas constelações, evocam o trabalho feito em prol da Humanidade por todos os grandes avatares, filósofos e líderes do Bem, e também simbolizam o Direito, a Justiça, a Paz e a Fraternidade... Em síntese, com meus astros e em suas recíprocas relações físicas e esotéricas, apresento o conhecimento das estruturas míticas, espirituais, históricas e culturais do mundo maçônico. Duas afirmações da "fala do teto" são basilares, portanto devem ser imediatamente elucidadas (as demais ficam para trabalhos subsidiários), são elas: a dos limites de cobertura e a do número restrito de estrelas. Para a melhor compreensão, vamos vê-las separadamente: • a primeira - quando declaramos que a loja tem a forma de um quadrilongo, repetimos o conceito medieval de que o mundo conhecido não ia muito além da bacia do Mediterrâneo ("o meio da terra"). Conhecimento que, embora bem mais amplo, ainda perdurava entre os Operativos (séc. XI), pois eles, e a maioria dos europeus de então, ainda entendiam a Terra como plana e centrada em Jerusalém. Seus limites refletiam-se sideralmente: ao Norte, a região da ignota e frígida Ursa Maior, ao Sul, as ensoloradas paragens do Egito, com Fomalhaut tangenciando o horizonte, e, longitudinalmente, o curso do Sol, dos páramos dos Reis Magos aos abismos do ignoto Atlântico. • a segunda - do quartado céu das estrelas reais do Mundo Antigo (Mesopotâmia e adjacências), emergem as zodiacais Fomalhaut, Aldebaran, Régulus e Antares, quando, há mais de 4000 a.C., sinalizavam o início das estações. Saber celeste, e mágico, essencial aos ritos religiosos e às atividades agrícolas de então. Conhecimento que Hesíodo, contemporâneo de Homero, aponta como não casual em Os Trabalhos e Dias, mas sábia combinação, pois, na fase primitiva da agricultura, toda regra era uma observância religiosa e moral, cujas leis tinham uma base prática para fazer crescer as colheitas. Os Antigos, já vimos, tinham somente quatro estrelas reais, no entanto, o texto escocês inclui, no noroeste do teto, mais uma em tal conjunto, e a realça em vermelho - Arcturus, a mais brilhante estrela boreal. A motivação de tal "realeza" explanamos noutro trabalho, contudo, convém relembrar que tal asterismo por seu posicionamento, brilho e cor, tanto pode simbolizar o R.’.E.’.A.’.A.’. quanto a primeira Grande Loja-Mãe do Mundo... Também postas à reflexão escocesa, temos ainda as quinze estrelas "principais" agrupadas em três conjuntos (3 + 5 + 7), acrescidas de mais sete da Ursa Maior, totalizando 22. Curiosamente (?) tantos quantos são os cabalísticos "Caminhos da Árvore da Vida"... Completando a totalidade de nossas poucas estrelas, sucintamente referenciadas, falta mencionar que, com a Spica, estão todos os Mistérios gregos, com o Sol (estrela de 5ª grandeza), todas as hierofonias, e - fechando o conjunto estelar com a estrela de cinco pontas, Sírio, está a magna estrela do Egito. Concluído o exame, e totalizando-o, alcançamos o restrito número de trinta estrelas! Por que tão poucas? Não seria mais lógico, condizente com o Rito, se fossem 33 asterismos? Qual o significado dessa inconcludente série? Existem algumas possíveis respostas, dentre elas, duas talvez correspondam à idéia-mater dos longínquos mestres da abóbada. Uma decorre das trinta dinastias egípcias, permitindo até acomodar a exclusão dos faraós não autóctones; a outra, apontando a presença de estrelas binárias em Sírius, Régulus e Antares (ocultas à visão desarmada), conclui: 30+3=33... Zoroastro, no Avesta, assim expressa a abóbada: "há as estrelas, que são os bons pensamentos; as boas palavras são a Lua; e o Sol é as boas ações..." Nós, sem tal expressividade poética, vamos dar continuidade ao nosso périplo celeste, agora enfocando o Sistema Solar presente em nosso teto. De chofre, uma descoberta: não é o do nosso tempo! É o do século XVII, o dos primeiros "aceitos"! Pois ainda não contempla Urano, Netuno e Plutão, mas já conhece anéis e satélites, através da luneta de Galileu, e os faz representar em Saturno e não em Júpiter, embora tenham sido descobertos 45 anos antes nesse do que naquele planeta. Paradoxo? Não! Somente mais uma prova de que a Abóbada escocesa é solidária à Tradição e não à Astronomia, pois em torno de Saturno - a jóia do céu - tais "adornos" têm conotações esotéricas, o que não ocorre com os de Júpiter, daí a presença de uns e a ausência de outros. Além disso, tal conformidade se reafirma, e se faz inequívoca, com a exclusão de Marte (Ares) e a presença do seu antônimo, o anti-ares (Antares), pois, repelindo aquele astro e acolhendo este, enfaticamente expressa sua repulsa ao simbolismo do ferro e de irrestrita adesão ao fundamental princípio de não-violência no Templo da Paz. Diz um provérbio hebraico ensinar o antigo é mais difícil que ensinar coisas novas. Repelimos tal assertiva. Ela espelha e propaga a errônea idéia de que a Tradição seja algo estagnado, ultrapassado e sem liames com o presente. Neste trabalho, buscamos desmentir aquela máxima, reafirmar a perenidade da Tradição e tornar fácil a recepção das informações atinentes ao tema em pauta. Moveu-nos o propósito de mostrar que é possível o "re-conhecimento" da Abóbada, da qual fizemos um inacabado esboço, onde alguns astros sequer foram mencionados, uns já publicados e outros em andamento, tais como: - o neófito - em Aldebaran, no Olho Rutilante do Touro; - a Torre de Babel, a Iniciação e a tríade egípcia - em Orion; - o Caos, Zoroastro e o féretro de Osíris - na Ursa Maior; - Cronos e a Idade do Ouro - em Saturno; - a régua dos céus, Hiran de Tiro e Éracles - em Régulus; - o tabu do ferro - em Antares; - a estrela de cinco pontas - em Sirius; - os Mistérios gregos - na constelação da Virgem; - os utensílios do arquiteto, o labirinto e Dédalo - em Arcturus. Esses títulos e outros abrem os trabalhos complementares em torno da Abóbada Celeste. Portanto, ainda temos muito a navegar nos caminhos de nossa jornada intelectual, que também será de auto-reconhecimento, através dos arquétipos evocados... Finalizando, há uma indagação que já deveríamos ter elucidado quando buscamos conciliar a quantidade de estrelas com os graus do Rito, ou com a seqüência dinástica egípcia, pois ali estava o contexto pertinente para mostrar por que só duas constelações são vistas na íntegra em nosso teto. Ou seja, todas as constelações estão incompletas, com exceção da Ursa Maior e Taurus. Por quê? Evidentemente, a resposta não cabe no espaço restrito do fecho deste prólogo. Porém devemos - tal como já fizemos em antecedentes passagens -, deixá-la, no mínimo, expressa de uma forma tal que permita o sumário entendimento do seu arrazoado, o que implica na compreensão, segundo a ótica dos Sarcófagos, de "elevação até o princípio" que entra, através do hieróglifo "SBA"=estrela=porta, na composição de palavras como educar, instruir, ensinamento... A Astronomia, a Religião e a Antropologia concordam em situar na pré-história a formatação das duas primeiras constelações, a da Ursa Maior e a de Taurus. Também lhes atribuem a mesma motivação ao nome que ganharam - o das grandes feras que povoaram os terrores dos homens -, os quais então, para exorcismá-las, as cultuaram. Coube à Grande Ursa o primeiro destaque: o frio glacial, as grandes tempestades, a deificação do Mal e do Caos... Posteriormente, avançando para as primeiras manifestações da história mesopotâmica, quando o pavor já fora amainado em temor, surge em substituição a "astrolatria" o que alguns especialistas do Sagrado (Cirlot, dentre eles) denominam de "astrobiologia", ou seja, a penetração recíproca da lei astronômica e da vida vegetal e animal. Tudo é, ao mesmo tempo, organismo e ordem exata. A agricultura e a pecuária obrigam a reprodução regular de espécies nitidamente determinadas e o conhecimento de seu ritmo anual de crescimento que está em relação direta e constante com o calendário, quer dizer, com a posição de alguns astros. É o momento do grande Touro - o mítico reprodutor que brama na voz do trovão -, anunciar a Primavera e o "renascimento"... Tais símbolos arquétipos, como diria C. G. Jung, ficaram impressos no inconsciente coletivo. Portanto, para simbolizar os primeiros passos no sentido da compreensão dos Augustos Mistérios, o Rito Escocês acolheu com destaque no conjunto de suas estrelas "principais" a representação integral da Ursa Maior e de Taurus. Esotericamente é um realce encobrir cânones - assim, o texto normativo ao expressar tais constelações de modo velado, as salienta: a primeira não é dita com quantos asterismos se compõe, e a segunda vem supressa de sua denominação estelar... Concluindo, em nossa abóbada escondem-se os princípios morais, as leis naturais, os grandes contrastes e transformações que regem o transcurso da vida cósmica e humana. Há em seu contexto um pensamento orientado. um eco da Tradição esotérica que nos diz o Transcendente e o Imanente, enquanto nos passa o sentido dos Mitos Sagrados dos alvores da humanidade. Mas também nos reforça a convicção de que esse "vir e passar" vai além: perpassa!... Alcança no centro do teto, na incompleta representação de Orion, a atual e ainda parcial consecução da religiosidade mosaico-judáico-cristã. Por fim, aponta o futuro, um ponto: Fomalhaut, referência astronáutica, estrela alfa da Constelação do Peixe Austral que, no mítico passado, pertencia ao signo de Aquário... Enfim, Portais e Ciclos que um dia nos conduzirão à Fraternidade Universal! Uma oração do Avesta diz: Anuncie, Zoroastro, que aqueles que amam as coisas do céu obterão uma excelente recompensa. E nós complementamos: desde que os "inventivos" não modifiquem o texto e o contexto da Abóbada Celeste! bibliografia: • • • Atlas Celeste - Ronaldo R. de F. Mourão Cosmos - Carl Sagan Dic. das Religiões - o de J.R. Hinnells e o de Mircea Elíade Martins Fontes, SP Dic. de Símbolos - o de H. Bidermann e o de J-E. Cirlot • • Esoterismo - Pierre A. Riffard Mundo Egípcio, Grego e Mesopotâmico - Ed. Del Prado Adayr Paulo Modena, M.’.I.’. Bem.’. Aug.’. e Resp.’. Simb.’. Cidade de Porto Alegre N.º 47 Trabalho para Aumento de Salário Comece tendo em mãos o Ritual. É nele que estão contidos todos os ensinamentos que interessam ao grau de AA.’. MM.’.. Ele será seu companheiro para sempre, na vida maçônica. De nada adianta conhecer uma infinidade de assuntos inerentes à Maçonaria, se você não souber o que está escrito em seu Ritual, se não souber decifrar as abreviaturas, se não estiver seguro quanto aos ss.’., tt.’. e pp.’.. Em primeiro lugar, saiba quanto tempo você terá para apresentar seu trabalho. Algumas oficinas liberam os AA.’. MM.’. para que escrevam o quanto quiserem, reservando um dia especial apenas para a apresentação e julgamento. É o melhor, mas devemos respeitar opiniões diferentes. Em segundo lugar, mãos à obra! O melhor é dividir seu trabalho da seguinte forma: 1. Introdução. Discorra sobre a iniciação. Sobre o “antes” e o “depois” de tornar-se maçom. Você já deve ter algum material sobre isso. Revise-o e utilize-o agora. 2. A Instrução Maçônica. Fale sobre o que aprendeu, comentando brevemente cada uma das cinco instruções recebidas. Você pode subdividir esta parte em itens menores, onde vai procurar resumir o ensinamento contido nas cinco instruções ou mais, se preferir. Assim, por exemplo: 2.1. Objetivos da Maçonaria. Aqui você pode desenvolver assuntos que foram abordados no Complemento à Iniciação. 2.2. Nossos Sinais, Toques e Palavras. Destaque o principal. Procure observar o significado disso e sua importância para nós, maçons. 2.3. A Primeira Instrução 2.4. A Segunda Instrução 2.5. A Terceira Instrução 2.6. A Quarta Instrução e o Laço de Solidariedade 2.7. A Quinta Instrução 3. Conclusão 4. Bibliografia Agora você vai procurar dizer o que sentiu e se o que aprendeu até agora representou algo valioso para sua vivência pessoal. Lembre-se: as conclusões são suas, pertencem-lhe; mas o que você aprendeu nas instruções tem bastante de objetividade. Não se esqueça disso. Lembre-se de Wirth: “O iniciado deve negar-se a ser dogmático e se guardará de dizer: Estas são minhas conclusões; acreditai na superioridade de meu juízo e aceitai-as como verdadeiras. O iniciado duvida sempre de si mesmo, teme um possível equívoco e não quer se expor a enganar os demais. Assim é que seu método remonta até o nada saber, à ignorância radical, confiando em sua negatividade para preservarlhe de todo erro inicial”. A Maçonaria reserva-lhe muitas surpresas. Os ensinamentos serão aprofundados, e você vai experimentar mudanças ao longo de sua vida maçônica. Saiba, porém, de uma coisa: não existe grau mais importante que o de Aprendiz Maçom. Os conhecimentos que você adquiriu até agora são vitais, pois não existe Maçonaria sem Aprendizes. Apesar de muitos mestres desdenharem a condição de AA.’. MM.’., apesar de muitos AA.’.MM.’. pensarem que nada é muito importante aqui frente ao que virá depois; apesar de tudo isso, meu Irmão, a caminhada do Primeiro Grau é a mais importante de todas.