Guia de Aplicação
Grau de Aprendiz Maçom
"Que mistério é esse?
É o conhecimento da natureza, o discernimento do poder que ela encerra e de suas obras múltiplas,
o conhecimento dos números, pesos, medidas e da melhor maneira de fazer todas as coisas para
uso dos homens, sobretudo habitações e edifícios de todos os gêneros, assim como todas as outras
coisas que contribuem para bem do homem.”
1. Primeiro Módulo. Direcionado aos neófitos quando de sua Iniciação.
A Preparação do Candidato Sessão Magna de Iniciação. Módulo: A Preparação do Candidato. Trabalho: O Despojamento dos Metais.
Após a Cerimônia de Iniciação, é dado a cada novo Irmão o módulo intitulado “A Preparação do Candidato”.
A partir deste módulo de Oswald Wirth, para a próxima sessão, cada um dos Iniciados deverá apresentar
um pequeno trabalho intitulado “O Despojamento dos Metais”. Texto suporte para distribuição. Os Metais, de O. Wirth em Os Mistérios da Arte Real.
2. Sessão subseqüente à Iniciação. Complemento à Iniciação Módulo: Complemento à Iniciação. A Sessão que se segue à de Iniciação é reservada ao Complemento.
Cada um dos novos Aprendizes recebe um módulo que deverá preencher e devolver à Loja na Sessão
seguinte. Dá-se ênfase, desde já, também ao trolhamento. Texto suporte, com ênfase à experiência que os neófitos tiveram durante sua permanência na Câmara de
Reflexões. Trata-se da primeira prova, aquela da Terra, bem como da descoberta do VITRIOL. Texto: A
Descida aos Infernos, O. Wirth, em Os Mistérios da Arte Real.
3. A terceira sessão reservada ao grau de A.'.M.'. deve ser direcionada à compreensão do significado
de nossos ss.'., tt.'. e pp.'..
Meios de Reconhecimento
Módulo: Meios de Reconhecimento.Trabalho em Loja: Recreação e Prática. A Ordem do Dia é reservada à
leitura do módulo. Com a Loja em recreação, há treinamento de todos, com exercícios referentes a “estar à
ordem”, ao toque e à marcha. Retoma-se o trolhamento. Os trabalhos da Sessão passada devem ser
entregues à Administração da Loja. É fundamental aprofundar o significado e a importância de nossos símbolos. O que significa "estar à
ordem"? Por que a palavra é "soletrada"? Qual o significado do "toque"? Por que os três pontos
caracterizam a assinatura de um Maçom? O texto suporte de O. Wirth que apresentamos a seguir sugere
uma série de idéias que podem ser desenvolvidas pelos novos Aprendizes, a critério da Administração da
Oficina. Os Segredos do Aprendiz, O. Wirth, em Os Mistério da Arte Real.
4. A quarta sessão reservada ao Grau de A.'. M.'. vai tratar do significado da bebida oferecida ao
neófito por ocasião de seu ingresso na Maçonaria. De que maneira o Maçom deve enfrentar a
amargura do cálice da vida?
O Cálice da Amargura (I)
Módulo: O Cálice da Amargura. Trabalho: O que o Aprendiz Espera da Maçonaria. Na Ordem do Dia, há
leitura e reflexão sobre o texto. O trabalho que o Aprendiz deverá apresentar, — a respeito do que espera
da Maçonaria, — deve relacionar-se ao texto que trata, especificamente, de um dos momentos
vivenciados na Iniciação. Como se pode observar, há alternância entre sessões eminentemente
recreativas e sessões reflexivas. Com isso, a Direção, analisando cada trabalho, pode avaliar o Aprendiz
e medir seu grau de assimilação. Mais ainda, saber até que ponto a Iniciação teve importância e
significado em sua vida.
O texto suporte, ilustrativo, trata do mesmo tema. O. Wirth aborda novamente o assunto, desta vez, em Os
Mistérios da Arte Real, O Cálice da Amargura (II).
5. Chegamos à quinta sessão A.'. M.'.. Desta vez, os Aprendizes são convidados a pensar, a refletir
sobre dois momentos de sua Iniciação. Recebem dois textos de O. Wirth e devem correlacionar um e
outro.
O Fogo Sagrado A Magna Obra
Módulos: O Fogo Sagrado e A Magna Obra.Trabalho: A Iniciação. Trata-se agora de aprofundar a vivência
iniciática. São dois textos complementares que deverão ser lidos na Ordem do Dia. O Trabalho escrito
exigido dos Aprendizes deverá versar sobre a Iniciação. O primeiro texto aborda a prova da água e a do
fogo; o segundo, o significado da obra. 6. Na sexta sessão, apresentam-se os cargos aos A.'. M.'.. Tratam-se das funções e atribuições
inerentes aos cargos em seu desempenho ritualístico e legislativo.
Os Cargos e sua Competência
Módulo: Os Cargos e sua Competência. A Ordem do Dia é reservada a uma breve análise dos cargos em
Loja e à competência administrativa de cada um. Recomenda-se a distribuição do módulo a todos os
presentes, cada um lendo a parte que lhe cabe.
Como texto suporte, vamos explorar o sentido esotérico da Loja. O que sugere a universalidade da
Maçonaria? Como os antigos representavam o Quadrilongo? Que valor o mais puro esoterismo maçônico
atribui ao L.'. da L.'.. A Loja, O. Wirth, em Os Mistérios da Arte Real.
7. 8. 9. 10. As sétima, oitava, nona e décima sessões são dedicadas, especificamente, à ritualística.
Trata-se da prática, do trabalho em Loja. O módulo "Legislação" é bastante extenso, mas esclarece
muitas dúvidas à luz das leis observadas em nossa Potência.
Legislação
Módulo: Legislação. Este módulo deve ser desdobrado em quatro sessões, em demonstração prática com
Loja em Recreação. Trata-se de um módulo complexo que aborda todo o desenvolvimento ritualístico dentro
de uma Loja. Tem caráter eminentemente prático e visa a familiarizar os Aprendizes com a Loja aberta.
Tudo é abordado, desde o traje maçônico até a cadeia de união. Cada item deve ser comentado
minuciosamente. 11. É hora de testar conhecimentos.
Avaliação Módulo: Teste de Avaliação. Aplicação: mediante sorteio em que todos participam.Trata-se de um momento
de descontração. Há várias maneiras de se aplicar este módulo. As respostas podem ser anônimas,
fornecidas à Direção que pode assim avaliar o progresso dos Aprendizes. Outra maneira é através de
sorteio. Todos, — inclusive o Venerável Mestre, —recebem um número. Estando, por exemplo, presentes
vinte Irmãos na Loja, cada um recebe um número de 1 a 20. Os mesmos números, depois, são sorteados,
cabendo a cada Irmão responder às questões na ordem em que aparecem na folha.
12. Apenas agora, depois de prolongado contato com o Templo e maior intimidade com a ritualística,
acreditamos haver chegado o momento de ministrar a 1ª Instrução aos Aprendizes.
1ª Instrução do Grau de A∴M∴
1ª Instrução do Grau de A∴M∴.Trabalho: Entrega dos módulos devidamente preenchidos pelos
Aprendizes. A primeira Instrução é dada, e cada um dos AA.’. MM.’. recebe um módulo que vai preencher e
devolver à direção. O objetivo é forçar a leitura do Ritual e familiarizar o dissente com o vocabulário
maçônico. O texto suporte, extraído da obra Os Mistérios da Arte Real, intitula-se A Restituição dos Metais e, entre
outras reflexões, sugere que descubramos em nós mesmos o que seria a matéria primeira dos sábios...
13. Cada um deverá descobrir por si mesmo o que existe de iniciático em nossa ritualística. Ritualismo Iniciático
Módulo extraído da obra Os Mistérios da Arte Real – Estudo sobre o Ritualismo Iniciático das
Confraternidades de Construtores. Trabalho em Loja: recapitulação dos meios de reconhecimento.
Trabalho: As Três Vias Secretas através das quais se Opera a Iniciação. Lendo com atenção o texto, o
Aprendiz deverá descobrir quais são as três vias secretas que a Maçonaria disponibiliza aos seus. É um
trabalho reflexivo e deve ser entregue à direção. Em Loja, são recapitulados os meios de reconhecimento. 14. Chegamos à 14ª Sessão em grau de A.'. M.'.. A reflexão torna-se imperativa, e o trabalho exigirá
bastante de cada um. A Serpente do Gênesis
Módulo: A Serpente do Gênesis.Trabalho em Loja: Revisão dos ss∴tt∴pp∴. Trabalho: Correlacione com a
“A Magna Obra”. Este módulo apresenta um dos mais polêmicos e complexos textos de Oswald Wirth.
Trata-se de uma interpretação fundamental ao desempenho do trabalho maçônico. Os Aprendizes devem
correlacioná-lo a outro texto do autor: aquele que se refere à Magna Obra e encontrar pontos de contato
que se evidenciam.
15. Sessão reservada à 2ª Instrução A.'. M.'..
2ª Instrução do Grau de A.'.M.'.
O Templo de Salomão
2ª Instrução A∴M∴e Módulo: O Templo de Salomão.Trabalho: devolver devidamente preenchido. Segue-se
o mesmo método de aplicação empregado quando da 1ª Instrução A∴M∴; a diferença é um módulo de
reforço que apresenta aspectos históricos relacionados ao Templo de Salomão, com caráter apenas
informativo, sem omitir uma tomada de posição dentro de nosso critério histórico-antropológica da
Maçonaria. Segue-se o mesmo método de aplicação empregado quando da 1ª Instrução A∴M∴; a
diferença é um módulo de reforço que apresenta aspectos históricos relacionados ao Templo de Salomão,
com caráter apenas informativo, sem omitir uma tomada de posição dentro de nosso critério históricoantropológica da Maçonaria. Na medida em que há muito contato com opiniões diferentes sustentadas,
mesmo por Maçons, nossa meta é contrabalançar essas diferenças, a fim de que o Aprendiz possa,
realmente, começar a integrar o “três” de seu grau, ou seja, conhecer cada lado de uma questão, analisá-la
e sopesá-la, para só então formar um juízo e adotar uma posição. Não podemos nem devemos ignorar que
há muitas publicações que falam de Maçonaria, mas que, no fundo, apenas usam dela para fazer
proselitismo de suas crenças, de suas seitas e de seus interesses pessoais. Não podemos nem devemos
impedi-los; mas temos por dever esclarecer nossos Aprendizes a respeito da natureza dessas posições,
sem jamais impor nada, pois que devem ser, acima de tudo, Homens Livres. A sessão seguinte será prática,
com ênfase na revisão. Como texto suporte, sugerimos a atenta leitura da Introdução a uma obra de Oswald Wirth intitulada O
Ideal Iniciático tal como se Depreende dos Ritos e Símbolos.
16. Sessão reservada à 3ª Instrução A.'. M.'..
3ª Intrução do grau de A.'. M.'.
Módulo: 3ª Instrução A∴M∴Trabalho: Devolver devidamente preenchido.
O texto sugerido como reforço à terceira instrução, Os Ritos de Abertura e Fechamento dos Trabalhos,
também faz parte da obra de Oswald Wirth intitulada Os Mistérios da Arte Real. Seria bastante proveitoso
descobrir aí, entre outras coisas, por que os Maçons trabalham do meio-dia à noite...
17. Sessão reservada à 4ª Instrução A.'. M.'. e seu complemento.
4ª Instrução A∴M∴
Complemento
Módulos: 4ª Instrução A∴M∴ e Complemento.Trabalho: Devolver devidamente preenchido. Trabalho em
Loja: Discussão aberta sobre a 4ª Instrução – O laço de solidariedade.Trabalho: O Laço de Solidariedade. A
Ordem do Dia subseqüente à 4ª Instrução deve ser dedicada a uma discussão aberta sobre o significado da
ajuda mútua e quais os seus limites. Abordam-se, ainda, os chamados “inimigos” da Maçonaria. Todos
devem participar e opinar. Como texto suporte, sugerimos a análise e discussão em Loja de um dos mais belos textos de Oswald
Wirth, onde este incomparável escritor nos relata a existência de Um Documento Significativo, da obra Os
Mistérios da Arte Real.
18. Sessão reservada à 5ª Instrução A.'. M.'.. 5ª Instrução A.'. M.∋.
A Magia dos Números
A Cabala
Módulos: 5ª Instrução A∴M∴ e Complemento. Trabalho: Devolver devidamente preenchido; o
Complemento à 5ª Instrução tem caráter apenas informativo, não sendo necessária sua leitura em Loja.
Finalmente, a 5ª Instrução. Sua temática envolve numerologia. Ora, a fim de evitar a formação de juízos
precipitados a respeito do tema, fornecemos um módulo complementar destinado a ampliar a visão do
número ao longo da história, especialmente no que toca a conceitos antigos que já não são mais usuais, ao
menos no mundo profano. Não é necessária a leitura deste trabalho em Loja. Com já se disse, serve
apenas para informar e situar o Obreiro na História, o que esperamos evite que nossos Aprendizes caiam
em erro, adotando posturas e visões já superadas. Algo deve ficar claro: a Maçonaria busca a “Verdade”
através de conteúdos metafísicos eternamente válidos. Tais conceitos, porém, não se constituem em
dogma, nem se confundem com afirmações que satisfizeram nossos ancestrais. Nossa admiração pelo
passado não significa submissão às formas adotadas naqueles tempos; cumpre-nos situá-las
temporalmente, até que sejam, por sua vez, ultrapassadas por nossos sucessores. Ainda por esses
mesmos motivos, e em razão mesmo do que se estuda na 5ª Instrução do Grau de A.'. M.'., o segundo
complemento aparece com o Módulo intitulado "A Cabala, Busca Filosófica da Compreensão de Deus",
também com o objetivo de informar os obreiros sobre a origem e a história dessa matéria, tão controversa e
fascinante.
19. Sessão reservada à discussão de uma questão semântica a ser compreendida.
Trolhamento ou Telhamento?
Módulo: Trolhamento ou Telhamento? Leitura e discussão em Loja. 20. Recomendamos a todos a atenta leitura desse trabalho gentilmente cedido pelo Ir.'. Adayr Paulo
Modena.
Proêmio ao Estudo da Abóbada Celeste
Nossa sugestão é que a administração da Oficina contate o autor desse brilhante e minucioso estudo,
pedindo-lhe que realize uma palestra sobre o tema em Grau de A.'. M.'..
21. Chegamos à 21ª sessão reservada ao Grau de A.'. M.'.. É hora de pensar no aumento de salário. Trabalho para Aumento de Salário Módulo: Trabalho para Aumento de Salário. Instrução em Loja. Distribuição do módulo de apoio. A
administração de cada oficina deve resolver de que maneira os AA.’. MM.’. deverão apresentar seu
“Trabalho”, obtendo assim o “aumento salarial” que lhes vai permitir chegar ao Grau de C.’. M.’.. Trata-se de
uma situação angustiante para alguns que, muitas vezes, não sabem sequer como começar a escrever e
têm, além disso, muitas dúvidas sobre o que fazer na hora de se apresentarem perante os MM.’. da Loja a
que pertencem. Assim, o presente roteiro, uma vez distribuído àqueles que estão por se tornarem CC.’.
MM.’., poderá ser de alguma utilidade.
22. Sessão reservada à apresentação dos trabalhos para concessão do aumento de salário.
A Preparação do Candidato
Solicitar a iniciação não é algo superficial. É necessário firmar um pacto. A verdade não tem firma
estampada, visível e externa, não vai aposta com uma pena empapada de sangue, senão que moral e
imaterial, comprometendo puramente a alma consigo mesma. Não se trata aqui de um pacto com o
diabo, espírito maligno e, por certo, fácil de enganar, mas, na realidade, trata-se de um
comprometimento bilateral e muito sério, cujas cláusulas são iniludíveis. Os iniciados, com efeito,
contraem deveres muito sérios com o discípulo que admitem em seus templos e este fica, por sua vez,
unicamente pelo ato de sua admissão, ligado de modo indissolúvel a seus Mestres.
Seguramente, é possível enganar nossos Mestres e burlar-lhes as esperanças ao nos revelarmos maus
discípulos, depois de lhes haver feito conceber grandes esperanças. Mas toda experiência resulta
instrutiva e, por dolorosa que seja, ensina-nos a prudência; quem resta, ao final, confundido é o
presunçoso que quis empreender uma tarefa superior às suas forças. Na verdade, se sua ambição
limita-se a luzir as insígnias de uma associação iniciática como a Franco-Maçonaria, pode, com pouco
dinheiro, pagar-se esta satisfação. Mas as aparências são enganadoras e, do mesmo modo que o
hábito não faz o monge, tampouco pode o avental fazer por si só o Maçom. Ainda que alguém fosse
recebido na devida forma e proclamado membro de uma Loja regular, poderia ficar para sempre profano
no que se refere a seu interior. Uma fina capa de verniz iniciático pode induzir em erro as mentes
superficiais, mas não pode, de modo algum, enganar o verdadeiro iniciado. Não consiste a Iniciação
num espetáculo dramático nem aparatoso, sem que sua ação profunda transmute integralmente o
indivíduo.
Se não se verificar em nós a Magna Obra dos hermetistas, seguiremos sendo profanos e jamais poderá
o chumbo de nossa natureza transmutar-se em ouro luminoso. Mas quem seria bastante crédulo para
imaginar que tal milagre pudesse ter lugar em virtude de um apropriado cerimonial? Os ritos da
iniciação são apenas símbolos que traduzem, em objetos visíveis, certas manifestações internas de
nossa vontade, com a finalidade de ajudar-nos a transformar nossa personalidade moral. Se tudo se
reduzisse ao externo, a operação não daria resultado: o chumbo permanece chumbo, ainda que
recoberto de ouro.
Entre os que lerem estas linhas, ninguém, por certo, há de querer ser iniciado por um método
galvanoplástico. O que se chama toque não se aplica à Iniciação. O iniciado verdadeiro, puro e
autêntico não se contenta de um verniz superficial: deve trabalhar ele mesmo, na profundidade de seu
ser, até matar nele o profano e fazer com que nasça um homem novo.
Como proceder para obter êxito?
O Ritual exige, como primeiro passo, que se despoje dos metais. Materialmente, é coisa fácil e rápida;
sem embargo, o espírito se desprende com dificuldade de tudo quanto o deslumbra. O brilho externo o
fascina e é com profundo pesar que se decide a abandonar suas riquezas. Aceitar a pobreza intelectual
é condição prévia para ingressar na confraternidade dos Iniciados, como também no reino de Deus.
Ser consciente de nossa própria ignorância e rechaçar os conhecimentos que acreditamos possuir é o
que nos capacita a aprender o que desejamos saber. Para chegar à Iniciação, é preciso voltar ao ponto
de partida do próprio conhecimento, em outros termos: à ignorância do sábio que sabe ignorar o que
muitos outros figuram saber, quiçá demasiado facilmente. As idéias preconcebidas, os preconceitos
admitidos sem o devido contraste falseiam nossa mentalidade. A iniciação exige que saibamos
desprezá-los para voltar à candura infantil ou à simplicidade do homem primitivo, cuja inteligência é
virgem de todo ensinamento pretensioso.
Podemos pretender o êxito completo? É, desde logo, muito duvidoso; mas todo sincero esforço nos
aproxima da meta. Lutemos contra nossos preconceitos, buscando nos livrar de nós mesmos; sem
pretender atingir uma libertação integral, este estado de ânimo favorecerá nossa compreensão que se
abrirá, assim, às verdades que nos incumbe descobrir, principiando nossa instrução.
Em primeiro lugar, o desenvolvimento de nossa sagacidade. Nos serão propostos enigmas, a fim de
despertar nossas faculdades intuitivas, posto que, antes de tudo, devemos aprender a adivinhar. Em
matéria de iniciação, não se deve inculcar nada, nem se impor nada, ainda que com o mínimo espírito.
Sua linguagem é sóbria, sugestiva, cheia de imagens e parábolas, de tal maneira que a idéia expressa
escapa a toda assimilação direta. O iniciado deve negar-se a ser dogmático e guardar-se-á de dizer:
“Estas são minhas conclusões; acreditai na superioridade de meu juízo e aceitai-as como verdadeiras”.
O iniciado duvida sempre de si mesmo, teme um possível equívoco e não quer se expor a enganar os
demais. Assim é que seu método remonta até o nada saber, à ignorância radical, confiando em sua
negatividade para preservar-lhe de todo erro inicial.
Entre os que pretendem ser iniciados por se haver empapado de literatura ocultista, quantos haverão de
saber depositar seus metais? Se eles faltam, de tal sorte, ao primeiro de nossos ritos, é de todo ilusório
o valor de sua ciência, tanto mais mundana quanto mais originária de dissertações profanas. Tantos
quantos tentaram vulgarizar os mistérios, profanaram-nos, e os únicos escritores que permaneceram
fiéis ao método iniciático foram os poetas, cuja inspiração nos revelou os mitos, e os filósofos
herméticos, cujas obras resultam de propósitos ininteligíveis à primeira leitura.
A iniciação não se dá nem está ao alcance dos débeis: é preciso conquistá-la e, como o céu, só a
conseguirão os decididos. Por isso se exige do candidato um ato heróico: deve fazer abstração de
tudo, realizar o vazio em sua mente, a fim de logo poder criar seu próprio mundo intelectual, partindo do
nada e imitando Deus no microcosmo.
Oswald Wirth
Os Metais
Os simples enganam-se menos, em sua ignorância cândida, que os soberbos em seu saber
pretensioso. Descartes, em seu método, prescreve ao filósofo começar esquecendo-se de tudo
aquilo que ele sabe, a fim de reduzir seu intelecto à tabula rasa. É uma ignorância querida que
se torna o começo do verdadeiro conhecimento; o despojamento dos metais faz alusão a esse
empobrecimento intencional, graças ao qual o espírito, desembaraçado de todos os falsos bens,
prepara-se para a aquisição de incontestáveis riquezas.
Para tornar-se Franco-Maçom, é preciso começar por despojar-se de seus metais.
Aplicada em todas as Lojas, esta regra parece remontar a uma prodigiosa antiguidade, pois
que, num poema babilônico que já passava por muito antigo há cinco mil anos, a deusa Ishtar
nos é mostrada constrangida a depositar, sucessivamente, seus adornos, a fim de poder
franquear as sete muralhas do mundo infernal e comparecer nua perante sua irmã, a temível
rainha da morada dos mortos. Que significa a renúncia aos metais? Vê-se aí o símbolo de um empobrecimento
voluntário, porque se diz que os ricos não entram no Reino de Deus, o que, filosoficamente,
se aplica aos afortunados da inteligência, satisfeitos daquilo que possuem e muito apegados
aos seus bens para deles se desfazerem e trabalharem na aquisição de riquezas de valor
mais efetivo. O metal brilha, ele deslumbra e presta-se às trocas, de onde o seu poder de
compra que se estende até as consciências. É assim que o ouro e a prata fazem ofício de
agentes de corrupção, enquanto o bronze e o ferro tornaram mais mortais as lutas entre os
seres humanos. É surpreendente, nessas condições, que os antigos moralistas hajam
lamentado a idade anterior ao uso dos metais? Eles atribuíram aos metais todas as
perversões, de forma que o retorno ao estado de candura, de inocência e de pureza fosse
figurado em sua linguagem alegórica por uma renúncia aos metais. O metal lembra, além disso, aquilo que é artificial e que não pertence à natureza
original do homem; ele é o símbolo da civilização que faz pagar caro aos humanos as
vantagens que ela proporciona. O civilizado ignora aquilo que perdeu; é preciso, todavia, que
ele saiba disso, para reconquistar as virtudes primitivas. Ele nem sempre é tornado melhor
pela instrução, e numerosos vícios, ignorados pelo selvagem, são nele desenvolvidos. Uma
associação visando à melhora dos indivíduos e, através deles, à melhora da sociedade
humana, deve esforçar-se para remediar as perversões consecutivas aos progressos das
artes e das ciências. Não se trata, todavia, de uma reintegração tal como entendem certas escolas. A
conquista de um paraíso, análogo àquele do qual foi expulsa a humanidade primitiva, não é
uma perspectiva do amanhã; não pode se tratar senão que do despertar de faculdades
naturais, das quais a vida civilizada não exige mais o emprego. A perda dessas faculdades
nos coloca em inferioridade, quando somos chamados a compreender outra coisa além de
frases. Ora, como a sabedoria fundamental do gênero humano é independente dos modos de
expressão de nossa época, é preciso, para iniciar-se nos mistérios dessa sabedoria, começar
por uma renúncia aos processos modernos, que nos levam a brincar com as palavras de cujo
valor nós abusamos. Os homens pensaram antes de possuir uma linguagem filosófica, antes de adotarem
termos pesquisados, adaptando-se às concepções abstratas. Desde que sua inteligência
despertou espontaneamente, eles foram levados a refletir sobre o mistério das coisas. Aquilo
que lhes vem ao espírito, fora de toda sugestão anterior, merece ser procurado por nós, que
aspiramos nos afastar dos erros acumulados, em meio aos quais nos debatemos. O primitivo
não era um estúpido e, se nós remontarmos à fonte de sua inspiração, não poderemos senão
admirar sua instintiva lucidez. É preciso que nos tornemos lúcidos por nossa vez, colocandonos em condições nas quais, afastados de toda experiência convencional, nosso espírito
reencontre sua original impressionabilidade receptiva. Os simples enganam-se menos, em sua ignorância cândida, que os soberbos em seu
saber pretensioso. Descartes, em seu método, prescreve ao filósofo começar esquecendo-se
de tudo aquilo que ele sabe, a fim de reduzir seu intelecto à tabula rasa. É uma ignorância
querida que se torna o começo do verdadeiro conhecimento; o despojamento dos metais faz
alusão a esse empobrecimento intencional, graças ao qual o espírito, desembaraçado de
todos os falsos bens, prepara-se para a aquisição de incontestáveis riquezas. Um símbolo não vale senão por aquilo que ele significa; não é, pois, de tomar-se como
trágica uma prescrição tradicional. O gesto ritualístico é apenas a imagem de uma operação
mental que unicamente importa na realidade. Infelizmente, a materialidade do rito é suficiente
para a maioria dos Franco-Maçons que, não havendo jamais sonhado em despojar-se de
seus metais em espírito e verdade, excluem-se a si mesmos da efetiva Iniciação maçônica. Não há lugar, no começo da Iniciação, para ver os metais sob os múltiplos aspectos de
seu simbolismo. O programa iniciático é gradual. O estudo dos números prossegue
normalmente, partindo da Unidade para chegar ao Setenário após uma preparação. Ora, os
Metais-Planetas figuram as causas segundas, coordenadoras do caos. O Companheiro
penetra-se das leis de sua ação para elevar-se ao Mestrado; quanto ao recipiendário, ele não
irá além daquilo que sugere a deposição dos metais, vistos como fazendo obstáculo ao
exercício das faculdades intelectuais que o homem possuiu em estado de natureza. Estas
faculdades se manifestam por uma acuidade de percepção que fazia o primitivo adivinhar
aquilo que o civilizado não chega a conceber. Tudo é símbolo para o espírito ingênuo posto
em presença de fenômenos naturais: a criança possui o sentido de uma poesia que o adulto
erra em desdenhar, porque a prosa está longe de reinar sozinha no universo. A revelação
mais antiga e mais sagrada liga-se a idéias que nascem delas mesmas em intelecto virginal.
Retornemos ao frescor original de nossas impressões, se aspiramos a nos iniciar. Initium
significa começo; saibamos, pois, recomeçar para entrar na boa via. Complemento à Iniciação
O objetivo inicial de uma sociedade de iniciação é indicar a seus membros, da melhor maneira possível,
o caminho do aperfeiçoamento espiritual, que deve ser realizado pelo esforço individual. A doutrina
ensinada deve versar sobre a fraternidade, fonte de todos os desenvolvimentos posteriores do ser
humano. Stanislas de Guaita PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO A existência de um Princípio Criador que se denomina Grande Arquiteto do Universo. Não impõe limites à livre investigação da verdade, razão pela qual exige de todos a maior tolerância. É acessível aos homens de todas as classes e todas as crenças religiosas e políticas. Proíbe, em suas Oficinas, toda e qualquer discussão sobre matéria política ou religiosa. Tem, por finalidade, combater a ignorância em todas as suas modalidades; como escola mútua,
impõe o seguinte programa:
Obedecer às leis do país. Viver segundo os ditames da honra. Praticar a justiça. Amar o próximo. Trabalhar incessantemente pela felicidade do gênero humano, e
conseguir sua emancipação progressiva e pacífica. •
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Perguntas:
O que você entende por trabalhar pela felicidade do gênero humano e conseguir sua emancipação? Em que consiste, especificamente, esta emancipação progressiva e pacífica? DO TEMPLO MAÇÔNICO
No decorrer das instruções que oportunamente serão ministradas aos Aprendizes, o Templo
Maçônico será objeto de rigoroso estudo. Todavia, desde logo, coloca-se a seguinte questão: o
Trono do Ven∴ Mest∴ está sobre um sólio. Para chegar a este, faz-se necessário subir dez degraus
– sete e três. O que representam estes primeiros quatro degraus? Observe atentamente a planta do Templo Maçônico e procure identificar cada um dos 31 itens. “Os Templos Maçônicos, da mesma maneira que as Igrejas, têm sua origem no tabernáculo hebreu e
no Templo de Jerusalém; a semelhança entre eles e as Igrejas é devida ao fato de ambos haverem
sido construídos na Idade Média e no início da Moderna pelos Maçons de Ofício que eram,
principalmente, construtores de Templos, membros de associações monásticas ou de associações
leigas dirigidas pela Igreja. Sendo a Igreja herdeira direta do judaísmo, não é de estranhar que os
Templos fossem baseados no Santuário de Jerusalém”. Ir∴ José Castellani Numere a Segunda coluna de acordo com a primeira:
Primeira Coluna 01. Venerável Mestre 02. Régua 03. Uma Lira 04. 2º Vigilante 05. Duas Penas Cruzadas 06. Guarda do Templo 07. Punhal 08. 2º Experto 09. Mestre de Banquetes 10. Uma Espada 11. 1º Vigilante 12. Livro Aberto 13. Saco ou Bolsa 14. Tesoureiro 15. Estandarte 16. Cobridor 17. Arquiteto 18. Malho 19. 2º Diácono 20. Timbre da Loja Segunda Coluna ( ) Secretário ( ) Trolha ( ) Diretor de Harmonia ( ) Maço e Cinzel Cruzados ( ) Porta Estandarte ( ) Mestre de Cerimônias ( ) Esquadro, Compasso e Arco de Círculo ( ) Alfange ( ) Porta Espada ( ) Orador ( ) Chanceler ( ) 1º Experto ( ) Punhal ( ) Prumo ( ) Hospitaleiro ( ) Uma Chave ( ) Nível ( ) Duas Espadas Cruzadas ( ) Dois Bastões Cruzados ( ) 1º Diácono Maçons Regulares têm direito de visitar Lojas Regulares, sujeitando-se, todavia, a disposições
disciplinares estabelecidas pela Loja visitada, e, ainda, ao Trolhamento. Decorar o trolhamento,
sabê-lo por inteiro, memorizá-lo item a item, pergunta e resposta, é fundamental para todo o Maçom
que se orgulhe de sua posição. ___________ Maçom? Meus ____________ __________ _______ me reconhecem. De _________ vindes? De uma __________ de _____ ________, justa e __________. Que _________? Amizade, _______ e _________ de ____________ a todos os ___________. _________ mais _________? O _____________ ___________ de minha ________ vos saúda por ________ vezes três. Que se faz ______ _________ _______? Levantam-se Templos à _______________ e cavam-se _______________ ao vício. Que __________ fazer aqui? ______________ as minhas paixões, ________________ a minha vontade e ____________ novos
progressos na Maçonaria, ________________ ___ laços de fraternidade que nos ____________
como verdadeiros ____________. Que desejais? __________ _____________ entre _______. Este vos é concedido. Irmão Mestre de Cerimônias, conduzi o nosso Irmão ao lugar que lhe
compete. Sentemo-nos, meus Irmãos. O Rito Escocês Antigo e Aceito tem, como data de sua existência regular, o dia 31 de maio de 1801,
quando foi fundado o seu Primeiro Supremo Conselho. O escocesismo, todavia, tem, como forma
doutrinária, uma história mais antiga. Ele nasceu na França, a partir da chegada do séqüito dos
Stuart da Inglaterra. Quando da decapitação do Rei Carlos I, em 1649, após a revolta liderada por
Oliver Cromwell, sua viúva, Henrieta de França, aceitava, do Rei Luiz XIV, asilo no Castelo de Saint
Germain, para onde foram também os demais membros da nobreza escocesa, que passaram a
trabalhar pela restauração do Trono, sob a cobertura das Lojas Maçônicas, das quais eram membros
honorários; isso evitava que os espiões ingleses de Cromwell pudessem tomar conhecimento da
conspiração restauradora. Consta que Carlos II, ao se preparar para recuperar o Trono, criou um regimento chamado de
“guardas irlandeses” em 1661; esse regimento possuía uma Loja Maçônica, cuja Constituição data
de 25 de março de 1688, e que foi a única Loja do Século XVII, cujos vestígios ainda existem,
embora devam ter, os stuartistas, criado outras Lojas. Assim, após a criação da Grande Loja de Londres, em 1717, existiam, na França, dois ramos
maçônicos: a Maçonaria Escocesa, stuartista, ainda com Lojas Livres e a Maçonaria Inglesa, com
Lojas subordinadas à Grande Loja. A Maçonaria Escocesa, mais pujante, resolvia, em 1735,
escolher um Grão-Mestre, partindo para adoção do regime obediencial inglês, o que levaria à
fundação da Grande Loja da França, em 1738 (Grande Oriente em 1772), embora essa designação
oficial só apareça em 1765, segundo Paul Naudon. Surgiram, posteriormente, no escocesismo,
várias peculiaridades ritualísticas e doutrinárias, sendo que a principal foi a introdução dos altos
graus (1758) não aceita pela Maçonaria Inglesa. A Descida aos Infernos
Para distinguir-se da multidão que permanece supérflua em sua
maneira de pensar, convém aprender a meditar profundamente. Para esse
efeito, o isolamento silencioso impõe-se, porque nós não podemos seguir o
curso de nossos pensamentos, senão evitando aquilo que nos distrai;
retirar-se para a solidão foi, pois, outrora, o primeiro ato do aspirante à
sabedoria. Fugir do tumulto dos vivos para refugiar-se perto dos mortos, a
fim de inspirar-se naquilo que eles sabem melhor do que nós, tal nos
parece haver sido o instinto dos mais antigos adeptos da Arte de pensar. A deusa da Vida, a grande Ishtar, instruía os sábios por seu
exemplo, quando, voltando seu rosto na direção do país sem retorno, ela
renuncia aos esplendores do mundo exterior para penetrar nas trevas de
Aralou. É preciso descer a si para iniciar-se. Os heróis mitológicos, cujas
explorações subterrâneas nos são poeticamente contadas, foram Iniciados
vitoriosos do ciclo das provas inelutáveis. Na realidade, o Inferno dos filósofos não é outro senão o mundo
interior que trazemos em nós. É o interior da terra, ao qual se reporta o
preceito alquímico: Visita Interioria Terrae, Rectificando Invenies Occultum
Lapidem, frase cujas palavras têm por inicial as sete letras de Vitriol. Esta
substância devia levar o Hermetista a visitar seu próprio interior, a fim de aí
descobrir, em retificando, a Pedra escondida dos Sábios. Trata-se de uma
pedra cúbica que se forma no centro do ser pensante, quando ele toma
consciência da certeza fundamental em torno da qual se realizará a
cristalização construtiva do Templo de suas convicções. Ao despojamento maçônico dos metais corresponde, em Alquimia, a
limpeza do indivíduo, ao qual nada deve aderir que seja estranho à sua
substância. Tomada tal precaução, o indivíduo é introduzido no Ovo
filosófico, onde ele será incubado até sua eclosão. Em Maçonaria, o Ovo hermeticamente fechado, onde o indivíduo é
chamado a morrer e a decompor-se, toma o aspecto de uma cripta
funerária dita Câmara de Reflexões. É de ordinário um espaço reduzido,
organizado num porão, cujas paredes negras trazem, em branco,
inscrições do gênero das seguintes: Se é a curiosidade que aqui te conduz, vai-te. Se temes ser esclarecido sobre teus defeitos, estarás mal entre nós. E és capaz de dissimulação, treme, serás descoberto. Se te aténs às distinções humanas, sai; aqui não se reconhece
nenhuma delas. Se tua alma sente pavor, não vá mais longe. Se perseverares, serás purificado pelos elementos, sairás do abismo
das trevas, verás a luz. Encerrado nesse lugar, o recipiendário despojado de seus metais
senta-se diante de uma pequena mesa, em em face de uma caveira
cercada por duas taças, uma delas contendo sal e outra, enxofre. Um pão,
um cântaro com água e material necessário à escrita completam as
ferramentas do in pace, onde o prisioneiro deve preparar-se para morrer
voluntariamente. As frases que pode ler e os objetos que surpreendem sua visão à luz
de uma lâmpada funerária levam ao recolhimento. Se o recipiendário entra
no espírito da mise em scène ritualística, ele esquecerá o mundo exterior
para voltar-se sobre si mesmo. Tudo aquilo que é ilusório e vão apaga-se
diante da realidade viva que o indivíduo traz dentro de si. No fundo de nós
reside a consciência; escutemo-la. Que responde ela às três questões que
se colocam ao futuro iniciado? Quais são os deveres do homem em
relação a Deus, a ele mesmo e a seus semelhantes? Deus é uma palavra que não poderia ser retirada da linguagem dos
sábios, porque a inteligência humana se consome em esforços constantes
para conceber o divino. Representações grosseiras tem tido lugar, no
decorrer de inumeráveis séculos, chegaram idéias mais sutis, mas o
enigma do Ser permanece sem solução. Nenhum pensador adivinhou a
palavra daquele que é, e, quando hierogramas nos são propostos como
solução, esses não são senão símbolos de um indecifrável Desconhecido.
Deus permanece o “x” de uma irredutível equação. O aspirante à luz aí verá a tradução da homenagem rendida pelo
homem àquilo que sente acima dele. Seria razoável atribuirmo-nos o mais
alto lugar na escala dos seres, a nós, miseráveis parasitas de um globo
ínfimo perdido da imensidão cósmica? Somos menos que o grão de areia
arrastado pelo vento que sopra numa praia. Se existimos, é em razão
daquilo que repercute em nós: forças que estão tão pouco sob nosso
controle que nem mesmo as conhecemos. Perguntemo-nos, pois, com
toda humildade, o que devemos àquilo que está acima de nós? O simbolismo maçônico sugere que tudo se constrói e que a tarefa
dos seres é construtiva. Um imenso trabalho realiza-se no universo e o
gênero humano dele participa à sua maneira. O dever do homem é, pois,
trabalhar humanamente, cumprindo a tarefa que lhe é assinada. Isso
equivale dizer, em linguagem mística: meu dever em relação a Deus é o de
conformar-me à sua vontade, em vista de associar-me à sua obra de
criação que é eterna. Eu desejo ser o agente dócil, enérgico e inteligente
do Arquiteto que dirige a evolução e assegura o progresso. Tenho, em
relação a mim mesmo, o dever de desenvolver-me pela instrução e
aplicação ao trabalho; enfim, eu devo a meus semelhantes ajudá-los a
instruir-se e a bem trabalhar. Quando o recipiendário está assim orientado, ele liquida seu
passado profano, redigindo seu testamento. Despojado de seus metais, ele
não possui mais nada que possa legar. De que pode dispor então, a não
ser dele mesmo e de sua energia ativa? Ele testa, renunciando aos erros
passados, tomando irrevogáveis resoluções para o amanhã. O sal e o enxofre da câmara de reflexões têm por que intrigar ao
recipiendário entranho à Alquimia. Essas substâncias fazem parte de um
ternário que se completa pelo mercúrio. Tudo, segundo o Hermetismo,
compõe-se de enxofre, mercúrio e sal, mas estes três princípios fazem
alusão: 1º. À energia expansiva inerente a toda individualidade;
2º. À esta mesma energia proveniente de influências ambientais que
se concentram sobre a individualidade; 3º. À esfera de equilíbrio resultante da neutralização da ação
sulforosa centrípeta penetrante e compressiva. O isolamento, a subtração às influências exteriores condenam à
morte o indivíduo privado do enxofre mercurial que mantém a vida.
Quando o enxofre queima num invólucro de sal tornado impenetrável ao ar
que mantém o fogo vital, tende a extinguir-se, reduzido a incubar-se sob as
cinzas salinas. Tal é precisamente o estado do recipiendário que sofre a
prova da Terra; ele é enterrado no solo, como o grão chamado a germinar.
É preciso que seu núcleo espiritual desdobre-se interiormente, tomando
posse de sua caverna sulforosa. Comecemos por reinar sobre nosso
Inferno, se quisermos sair para conquistar o céu e a terra. O MAÇOM E SEUS MEIOS DE
RECONHECIMENTO
Quando se diz que um Maçom se reconhece pelos seus SINAIS,
TOQUES e PALAVRAS, é preciso entender o que significa,
esotericamente, esta maneira de falar. Os verdadeiros sinais não
são outros senão os atos da vida real. O Maçom há de agir sempre
eqüitativamente, como homem que cuida de se comportar para com
outrem como deseja que se proceda a seu respeito. O iniciado na
arte de viver distingue-se dos profanos pela sua maneira de viver:
se não viver melhor que a massa frívola ou devassa, sua pretensa
iniciação revela-se fictícia, a despeito das belas atitudes que finge.
OSWALD WIRTH
Todos nós, por ocasião de nossa iniciação, saímos do Templo na
posse de SINAIS, TOQUES e PALAVRAS hábeis a nos fazer
reconhecer como maçons perante nossos irmãos. Todavia, não
nos basta apenas saber repetir tais meios de reconhecimento. É
necessário que saibamos o que significam.
Nossos modos de reconhecimento foram muitas vezes alterados,
substituídos e até transpostos pelas várias Obediências
Maçônicas, eis que, muitas vezes, ocorreram revelações
perpetradas por maçons indignos. Entretanto, a base do segredo
maçônico persiste, e, em razão disso, por mais que um profano
esteja enfronhado em assuntos maçônicos, por mais que tenha
conhecimento de nossos Rituais, – muitas vezes achados em
sebos, – por mais que penetre em nossos costumes, jamais,
repita-se, jamais terá certeza absoluta de como é executado um
toque, por exemplo, por faltar-lhe convicção sobre a maneira de
executá-lo, maneira esta que só se adquire por meio das
instruções ministradas em Loja.
Assim, especialmente ao Aprendiz, recomenda-se muita
prudência. Ele deve evitar se abrir com o primeiro estranho que
lhe faça um sinal, sem antes comprovar, por outros meios que só a
experiência ensina, a qualidade maçônica de seu interlocutor.
Outro péssimo hábito, infelizmente comum, é o de certos Maçons
cumprimentarem-se na rua maçonicamente. Ora, há outros meios
de comprovar a qualidade maçônica de um interlocutor, sem que
para tanto seja mister fazer uso de sinais ou toques.
O SINAL DE ORDEM
O Sinal Gutural ou Sinal de Ordem do Aprendiz lembra-lhe o
juramento prestado no dia de sua iniciação. O gesto desenha um
esquadro e, ao fazê-lo, o Aprendiz afirmará que seus atos, visando
à concórdia entre os homens, têm a correção exigida pelos
Obreiros da Arte Real.
Ora, até aqui, já podemos visualizar duas relações: a primeira,
com o juramento (... sob pena de ter a g.∋. c.'.); a segunda, com o
esquadro, que nos lembra a qualidade da retidão e, além destas,
uma terceira relação: o domínio das palavras, das emoções
violentas, dos desejos grosseiros. Assim, afora exceções, nossa
Instituição colocou o Sinal de Ordem precisamente no lugar do
corpo onde o contragolpe das paixões e dos desejos se faz sentir
com violência maior. Vale lembrar, ademais, quanto o simples ato
de falar pode conter de agressivo, de ofensivo, de violento. Desse
modo, a execução consciente do sinal é de suma importância.
Para o autor maçônico A. GEDALGE, as emoções violentas, os
desejos grosseiros que fazem por desencadear instantes, os mais
brutais, são, apesar disso, FORÇAS que não devem ser
destruídas no homem, mas, sim, canalizadas pela VONTADE, pelo
CORAÇÃO e pela INTELIGÊNCIA do iniciado que poderá, através
de tais potenciais, fazer nascer grandes qualidades: coragem,
resistência, firmeza, amor ao trabalho, atividade, obediência ao
bem, etc.
Assim se faz a mudança da Pedra Bruta em Pedra Polida. Tratase de um processo que podemos chamar de alquimia interna,
transmutação, onde, através dos esforços empreendidos, os
defeitos transformam-se em qualidades, e o chumbo vil, em ouro
resplandecente.
Deixemos que A. GEDALGE prossiga:
“O homem, quando experimenta uma forte emoção física ou quando
está sob o império de um desejo brutal, sentindo o sangue afluir à
sua garganta, por si mesmo leva a mão ao pescoço, de cada lado do
qual as artérias se dilatam sob a ação do fluido sangüíneo. Todas as
pessoas impulsivas e coléricas conhecem esse ‘reflexo’ que tende a
impedir o sangue de subir à cabeça e perturbar até a visão. Ora, o
silêncio que a iniciação opõe à violência brutal do Minotauro (do ser
indomado que nele ruge) é o Esquadro, símbolo da Justiça e da
Equidade; é o Esquadro que ele reproduz com o auxílio da mão
direita, e com o gesto do braço, e é também pelo constante
pensamento que, em nós, fará incessantemente apelo à Justiça, que
poderemos vencer nossas paixões mais grosseiras”.
Vamos encontrar muitas significações e correlações dadas ao
Sinal Gutural pelos mais diversos autores.
A Maçonaria,
estimulando a liberdade de pensamento, acolhe cada opinião.
Encontraremos toda uma série de matizes correlatos ao tema,
sustentados por uma grande constelação de opiniões, às vezes
até contraditórias entre si. Cumpre-nos conhecê-las também. Até
mais: encontrar nosso próprio significado. Desse modo, para
alguns, seguidores de correntes orientalistas, revela-se o Sinal
Gutural como significativo do chacra da garganta; para outros, o
comedimento e até a proibição da palavra; outro tanto o entende
como a qualidade de saber medir as palavras.
Ainda que sejamos livres para adotar e até criar significações
próprias para o gesto, limita-se esta liberdade ao respeito que
devemos devotar a cada interpretação, respeito, porém, que não
nos impede de discordar de uma ou outra. De qualquer sorte,
ainda que nos defrontemos com uma grande pluralidade de
posições, atenhamo-nos ao que dizem os Rituais. É justamente
daí que nos saltam aos olhos os três importantes aspectos que
sublinhamos no início do texto: a lembrança sempre presente do
JURAMENTO, a formação da ESQUADRIA, a recordar-nos o
Esquadro, e, por conseqüência, a RETIDÃO aplicável à conduta
do Maçom em Loja (e fora dela também) e, ainda, pela posição
anatômica do sinal que se forja na garganta, – local por onde
emitimos nossa voz, – alusão à palavra que deve ser comedida,
evitando tornar-se um instrumento da ira ou do perjúrio.
O TOQUE
Uma resposta muda ao Sinal de Ordem dada da mesma forma
incita aos Irmãos a que se reconhecem ao estenderem a mão,
confirmando, assim, o Sinal pelo Toque.
É o mais usado dos sinais de reconhecimento maçônico. Embora
cada grau tenha o seu próprio, o TOQUE GERAL E UNIVERSAL É
O DO APRENDIZ, e é por ele que se inicia qualquer prova de
reconhecimento.
Para muitos maçons, o Toque é o Grande Segredo da
Fraternidade. Para os antigos construtores, era particularmente
sagrado.
Embora amplamente divulgado por maçons
decepcionados com a Maçonaria Moderna, e ainda por aqueles
que quiseram nela ver uma simples mistificação, tais indiscrições
tiveram importância muito secundária. Não impediram que os
verdadeiros Maçons, os iniciáveis, continuassem com seus
esforços para se tornarem maçons por si mesmos, em espírito e
em verdade, sem se preocuparem com essas pequenas
revelações que, hoje, têm a sua importância muito diminuída.
E o que nos lembra o Toque?
As pancadas. As pancadas que são dadas à Porta da Loja, a fim
de pedir entrada no Templo, tendo como significado a passagem
bíblica, em Mateus, VII, 7: pedi e dar-se-vos-á; procurai e achareis;
batei e abrir-se-vos-á.
A MARCHA DO APRENDIZ
Quando o Venerável Mestre permite a entrada no Templo, o Irmão
deve entrar ritualisticamente.
A Marcha, no Grau de Aprendiz, efetua-se em três passos iguais,
retilíneos, os pés em esquadria, figurando a Jóia do 2º Vigilante,
qual seja, o Prumo ou a Perpendicular.
No Rito Escocês Antigo e Aceito, a Marcha começa com o pé
esquerdo. No Rito Moderno, com o pé direito.
O Esquadro, formado com os pés, simboliza a retidão da conduta
sobre o caminho retilíneo que segue todo maçom. A Marcha do
Aprendiz é indecisa, executando-se passo a passo, para significar
que a progressão em direção à Luz só é obtida após esforços
sucessivos e prudentemente ampliados.
Pelo fato de sua ignorância nativa, o Aprendiz, simbolicamente
falando, nasce ignorante como maçom. O primeiro passo é um
ensaio, pela imperfeição da linguagem. O segundo passo assinará
a prudência. Finalmente, o terceiro, realizado com toda atenção,
coloca o Aprendiz em condição de ver a Luz.
As opiniões dos simbolistas sobre os passos, ou melhor, a Marcha
do Aprendiz, são muito variadas, contradizendo-se até. Para uns,
os três passos da Marcha, com os pés em esquadria,
simbolizavam a Primavera do ano, correspondente à infância do
neófito. Para outros, significavam os dotes da Sabedoria, Força e
Beleza e o emblema das três grandes fases da Iniciação:
nascimento, vida e morte.
Não existe unidade no que respeita à maneira de realizar a marcha
do Aprendiz. Destacamos três, para que, em se as encontrando,
não condenemos uma ou outra como erradas.
A PALAVRA SAGRADA
A Palavra Sagrada do Aprendiz relaciona-se com a dada pela
Bíblia a uma das colunas de bronze que ladeavam a entrada
principal do Templo de Salomão.
Traduzida do hebraico, a Palavra Sagrada do Aprendiz significa
FORÇA (na Força) e representa a força moral que não mais
poderia perecer no homem. É isso, precisamente, o que se exige
do neófito.
A Coluna B∴ é o símbolo da ação do meio ambiente sobre o
interessado. Este, com efeito, está reduzido, por um tempo, ao
silêncio. Vai ouvir, receber, como a criança escuta as palavras de
seus pais e deles recebe o necessário. Somente no fim do
primeiro estágio, é que lhe será permitido começar a agir de
maneira verdadeiramente ativa. Até lá, até sua admissão ao Grau
de Companheiro, a passividade (naturalmente relativa) há de serlhe necessária para progredir. É por isso que o neófito está
colocado sob a influência da Coluna B∴.
A disciplina a que o Aprendiz é submetido é uma obrigação que
ele mesmo deverá tornar voluntária. Isto lhe vai permitir maior
consciência e, ao mesmo tempo, mais calma e reflexão, elementos
esses necessários para a criação da Harmonia que deverá reinar
em seu interior definitivamente.
Atenção! O presente texto tem a peculiaridade de referir-se à marcha
que se inicia com o p.'. d.'., e não com o e.'., como praticado em nossa
Potência. Todavia, em respeito ao autor e ao seu pensamento, conservamos
a mensagem em seu caráter original. Assim, aconselhamos os dirigentes da
Oficina a formularem tal advertência, lembrando a todos a obediência devida
ao nosso Ritual.
Os Segredos do Aprendiz
A primeira coisa que aprende um Maçom após haver sido “vestido” é a
atitude maçônica pela qual ele se afirma Aprendiz. De pé, ele se mantém
direito, a cabeça erguida, o olhar firme dirigido bem à frente. O braço
esquerdo pende ao longo do corpo, enquanto o direito dobrado leva à
garganta a mão que afirma: prefiro morrer a trair meu juramento. O peito
retrai-se ligeiramente, porque o pé direito está à frente, formando o
esquadro com o esquerdo que o apóia. Essa atitude simbólica resume todo o programa do grau de Aprendiz. Manter-se orgulhosamente de pé é afirmar-se como homem adulto,
havendo ultrapassado a infância ainda prosternada em direção a terra à
maneira dos quadrúpedes. O Iniciado renega as tendências animais,
porque ele entende tornar-se homem heroicamente. Está prestes a
caminhar com o pé direito, que é aquele do discernimento racional, porque
se dirige de acordo com aquilo que ele mesmo concebe, e não de acordo
com seus pressentimentos, indicações que subordina às constatações
positivas (pé esquerdo apoiando o pé direito que avança sempre primeiro
para a execução do passo ritualístico). O braço esquerdo resta passivo, porque o Aprendiz não usa sua
sensitividade, fonte de faculdades de assimilação intuitiva. Ele não se
beneficiará de dons lunares senão após haver desenvolvido plenamente
suas aptidões solares; esses dons residem nele e traduzem-se em talentos
que importa cultivar com método. A Arte não faz apelo, primeiramente, à
genialidade baseada sobre uma longa experiência, e o iniciante deve
dobrar-se à disciplina de uma técnica árida. Longe de pretender seguir sua
inspiração, ele tende a submeter-se a regras rigorosas que fazem suas
provas. Mantendo sua imaginação em reserva enquanto aprendizpensador, é-lhe preciso aprender a raciocinar severamente antes de
abandonar-se ao sonho. É isso que exprime a mão direita dominando o tórax para domar sua
ebulição. Nada daquilo que ruge no domínio da sensibilidade deve obter
acesso ao cérebro do Iniciado, onde a calma é indispensável às
deliberações frutuosas. Um agitado não saberia pensar justamente;
conseqüentemente, a aquisição da serenidade cerebral impõe-se desde o
começo da iniciação. Observemos aqui o erro dos processos que exploram uma forma qualquer
de exaltação. Os excitantes que provocam um funcionamento artificial do
cérebro estão proscritos a quem quer pensar de maneira sã. Nós não
pensamos com justeza senão em perfeita calma, calma que os Maçons
procuram realizar em Loja, quando se colocam “a coberto”. O cérebro do
Aprendiz é, ele também, uma oficina a ser preservada da agitação exterior:
ele não funcionará bem se as paixões para aí aportarem qualquer
perturbação. Por sua atitude imóvel, o Aprendiz faz-se reconhecer, de qualquer sorte,
passivamente. Limita-se a prestar atenção ao seu juramento de calar-se.
Se um gesto idêntico ao seu encorajar-lhe, ele executará o sinal de
Aprendiz que desenha um esquadro. Ele afirmará desse modo que seus
atos visam à concórdia entre os homens e que eles têm a correção exigida
dos adeptos da Grande Obra. Uma resposta dada da mesma maneira
incita os Irmãos a que se reconheçam, estendendo a mão. Eles confirmam
então seu sinal pelo toque. Para muitos Maçons, o grande segredo da confraria reside na maneira de
apertar a mão entre os iniciados. Os membros das antigas
confraternidades jamais traíram esse segredo, visto como mais
particularmente sagrado. Os Maçons especulativos foram menos
escrupulosos. Tanto é assim que, decepcionados pela Maçonaria
especulativa, não quiseram ver aí senão uma mistificação que eles se
acreditaram no direito de denunciar publicamente; assim foram divulgados
os segredos de forma, de importância, no fundo, muito secundária. Um
iniciável pode muito bem se fazer Maçom ele mesmo, em espírito e
verdade, sem preocupar-se minimamente com os pequenos mistérios
revelados em Loja. Quando se diz que um Maçom se reconhece por seus sinais, palavras e
toques, é preciso entender o que isso significa do ponto de vista esotérico. Os verdadeiros sinais não são outros senão os atos da vida real. O Maçom
agirá sempre equilibradamente, como homem que tende a comportar-se
em relação a outrem como ele deseja que os outros se comportem em
relação a ele próprio. O Iniciado na Arte de viver distingue-se dos profanos
por sua maneira de viver: se ele não viver melhor que a massa frívola ou
vulgar, sua pretensa iniciação revela-se fictícia, a despeito das belas
atitudes que finge. As palavras são, ritualisticamente, palavras de passe e palavras sagradas
que se assopram no ouvido com precauções minuciosas. Aqui ainda a
materialidade do segredo não tem senão um valor mesquinho. A palavra
sagrada do Aprendiz relaciona-se ao nome dado pela Bíblia a uma das
duas colunas de bronze que flanqueavam a entrada principal do Templo de
Salomão. Trata-se da coluna da direita, vista como masculina e ígnea, em
oposição àquela da esquerda, tornada feminina e aérea, porque essas
duas colunas têm sido comparadas àquelas da travessia do Mar Vermelho,
das quais uma era de fogo e via-se à noite, enquanto a outra, monte de
nuvens, guiava os israelitas durante o dia. O que é significativo é a maneira de soletrar, letra por letra, o nome da
primeira coluna. O instrutor coloca o neófito no caminho, pronunciando a
inicial; depois, espera que a segunda letra seja adivinhada antes de revelar
a terceira que deve sugerir a quarta. Se a palavra sagrada não se pronuncia, é porque faz alusão àquilo que
não é exprimível e não se presta a nenhuma exposição doutrinal. É por si
mesmo que o Aprendiz deve esforçar-se por pensar; nada poderia, pois,
ser-lhe ditado ou inculcado, ainda menos, demonstrado. Se uma noção é
expressa diante dele, não o é para que ele aí se detenha, mas, ao
contrário, para que ele daí parta na perseguição de suas próprias idéias.
Desde que prove que soube refletir e descobrir por ele mesmo aquilo que
outros já encontraram, será encorajado a seguir pelo bom caminho através
da revelação de uma nova percepção orientadora. Os Iniciados não são
depositários de nenhum dogma; eles procuram eternamente a verdade
sem preconceitos e não se ligam a nenhuma revelação, a não ser àquela
do espírito humano funcionando normalmente nas condições mais
favoráveis à percepção não influenciada do verdadeiro. Se, chamado a
meditar por mim mesmo, imparcialmente, as idéias que me vêm
concordarem com aquelas de outros pensadores independentes, esta
concordância é a melhor garantia que posso ambicionar. O que pensam
mais universalmente os homens calmos, refletidos e aplicados na procura
da verdade reúne o máximo de garantia do verossímil, sobretudo se se
tratarem de pensamentos profundos, percebidos diretamente pelo
pensador. É o pensamento espontâneo, mais precioso em sua
originalidade nativa, anterior à expressão que o deforma. Este pensamento
aparece vivo em sua mobilidade difícil de apreender, enquanto o
pensamento tornado comunicável deveu ser parado, imobilizado,
petrificado, logo, morto. Os profanos não trocam senão pensamentos mortos; aqueles dos
Iniciados devem possuir a vida. Expressos, eles correspondem à primeira
letra da palavra sagrada, advertência que evoca a segunda letra que o
neófito deve saber descobrir por si mesmo. Um iniciado nada inculca; ele
dá a refletir, ajudando a adivinhar e a discernir. Em iniciação, o instrutor
não afirma nada: ele coloca as questões à maneira de Sócrates, a fim de
fazer o intelecto do interrogado parir aquilo que traz em gestação. É em
nós, na profundidade obscura do poço de nossa consciência, que se
esconde a verdade tradicional; ela não surge jamais à luz do dia e recusa
expor-se à curiosidade das multidões profanadoras. Convém não falar dela
senão por alusões discretas, de onde as precauções observadas para
comunicar a palavra sagrada. O toque é triplo. Ele equivale à confidência: Eu conheço os mistérios do
número três. Esse número é o primeiro da série sagrada; é por ele que se
inaugura o estudo da filosofia numeral, porque o Ternário é mais acessível
que a Unidade que, logicamente, deveria ser aprofundada primeiro. Três é,
aliás, o primeiro número construtivo, porque uma só pedra não constitui,
ela sozinha, uma construção; quando uma segunda pedra é justaposta à
primeira também não há começo de construção; mas, desde que uma
terceira pedra se superponha às duas primeiras, uma parede começa a
nascer. Convém também chamar a atenção do Aprendiz Maçom sobre os três
pontos ∴que caracterizam sua assinatura. Se ele quiser legitimar esse
ternário, não deverá jamais se deixar ir até a parcialidade, porque os dois
pontos inferiores representam as opiniões opostas dos adversários em
contestação. O Iniciado deve lembrar-se dos gladiadores de sua segunda
viagem: se ele tomasse partido numa discussão, faltaria ao seu papel de
juiz. Em presença de opiniões contraditórias emitidas diante dele com
sinceridade, a sabedoria dá-lhe a supor que existe algo de verdadeiro e de
falso em cada uma das teses sustentadas; sua tarefa, desde então, é a de
discernir o forte e o fraco de ambos os contraditores e chegar a caminhos
conciliadores figurados pelo terceiro ponto mediano e superior. Se, sob esse último ponto de vista elementar, a lei do Ternário for
compreendida e aplicada como debutante, ele estará em excelente
caminho de aprofundamento progressivo no mistério dos Números. O CÁLICE DA AMARGURA
Em seu Quadro da Vida Humana, Cebes, que nasceu em Tebas,
cidade da Beócia, no Século V a. C., descreve-nos um vasto
recinto onde vivem seus habitantes. Uma multidão de candidatos
à vida aglomera-se à porta. Um gênio, representado por um
venerável ancião, dirige aos candidatos atilados conselhos.
Infelizmente, suas sábias advertências sobre a conduta que se
deve observar perante a vida, são de pronto esquecidas pelas
almas ávidas de viver. Tão logo entram no fatal recinto, sentem-se
obrigadas a desfilar diante do trono da Impostura, mulher cujo
semblante é de uma expressão convencional e que tem maneiras
insinuantes. Ela lhes apresenta um copo. Não se pode entrar sem
beber pouco ou muito. Para viver intensamente, muitos bebem a
grandes sorvos o erro e a ignorância; outros, mais prudentes,
apenas provam a mágica beberagem e, em conseqüência,
esquecem menos os conselhos recebidos e não sentem tanto
apego à vida.
Do mesmo modo, um cálice será apresentado ao neófito, quando
ingressa na nova vida de Iniciado. O aspirante que acaba de sofrer
a prova do fogo refrigera-se com esta água pura e refrescante.
Mas, enquanto bebe a grandes goles, a doce bebida torna-se
amarga. Quisera então rechaçar o cálice, mas se lhe ordena
beber até as fezes. Obedece, dócil e decidido a suportar a carga
de sofrimento que o aguarda. Bebe, mas, – oh! Milagre! – a
fatídica beberagem volta ao seu primitivo sabor!
Este rito nos inicia no grande mistério da vida que nos brinda com
suas doçuras, mas que quer que saibamos aceitar também seus
rigores e crueldades.
Quando aceitamos a vida, nossa tendência é de provar tão-só o
agradável e desejamos a felicidade como se pudéssemos
consegui-la gratuitamente sem havê-la merecido.
Isso é
desconhecer em absoluto a Lei do Trabalho que vale,
necessariamente, para toda a vida. Viver é, em suma, cumprir
uma função e, portanto, trabalhar. A Vida é a tal ponto inseparável
do trabalho e do esforço que não se a pode conceber na inércia.
Nossa existência é ação. Descansamos para repor as forças, a
fim de poder prosseguir com nossas atividades. Quem deixa de
obrar renuncia à existência: o descanso definitivo esteriliza e
equivale à anulação, à morte!
Para dizer a verdade, é possível, – valendo-se de artifícios, – fugir
de toda pena e obrar de maneira que só nos proporcione
satisfações. Mas essa tática não produz mais que engano, e a
vida sabe vingar-se daqueles que não querem acatar suas leis.
Quando menos, o fastio de viver será sua herança.
Para o Iniciado, impõe-se tanto mais a honra de viver, quanto mais
ambicione possuir os segredos que são, precisamente, os da
própria vida. A Iniciação ensina a viver uma vida superior, ou seja,
em perfeita harmonia com a Grande Vida. Compreender bem a
vida: eis aqui o objetivo de todo aspirante à sabedoria. Que nos
importam os segredos da morte? Em seu devido tempo, nos serão
revelados, e não há por que se preocupar com eles. Em troca,
devemos viver, e viver de acordo com as exigências da vida.
Estas exigências da vida poderão parecer tirânicas ao profano que
não tenha compreendido a existência; uma inexorável necessidade
condena-o ao trabalho. Em meio a trabalhos e penas, lamenta-se
e revolta-se airoso contra a dor que lhe foi imposta. Esse suplício
dura enquanto não se determina a encontrar o paraíso, tão pronto
saiba renunciar ao mesmo. Sofrer, trabalhar: significará isso, por
acaso, decadência? E quem pode ser forte e poderoso sem antes
haver sofrido cruelmente? A alma que quer conquistar a nobreza
e a soberania deve buscá-las nas fragas do sofrimento.
Isto não quer dizer, todavia, que seja indispensável buscar o
ascetismo ou tormentos intencionais: a vida saberá nos
proporcionar provas salutíferas e nos brindará o cálice,
convidando-nos a esvaziá-lo com firmeza, sem necessidade, de
nossa parte, de acrescentarmos qualquer amargor. O Iniciado não
teme a dor e sofre com coragem, mas não vive obrigado a amar
nem a se comprazer com o sofrimento. Tem fé na vida. Sabe-a
misericordiosa, apesar de suas leis inexoráveis, e saboreia as
doçuras que nos reserva como compensação das penas que nos
inflige.
O que devemos buscar é a harmonia, o acordo harmônico com a
vida. Não podemos obtê-lo de golpe; é indispensável uma penosa
aprendizagem da Arte de Viver, a Grande Arte por excelência, a
Arte que praticam os Iniciados. A vida é sua escola, onde não
pode ser admitido aquele que não está decidido a beber do cálice
da amargura.
Sem embargo, a vida nos brinda felicidade. Todo ser acredita ter
direito a ela e esta é sua constante aspiração. Vivemos de
esperanças, e nos parecem mais leves as penas de hoje, se as
ponderarmos com as alegrias de amanhã. A vida corrente pode
trazer para nós certas ilusões e tratar-nos como adolescentes, mas
a vida iniciática considera-nos homens já maduros, pouco
dispostos, portanto, a deixar-se levar por ilusões. A felicidade nos
é assegurada, contanto que saibamos buscá-la nós mesmos. De
nada somos credores sem merecimento: se a vida nos é dada, é
para utilizá-la como é devido, não para desfrutar dela sem pagar
tributo. Saibamos, pois, considerá-la sob seu verdadeiro aspecto.
Entremos a seu serviço dispostos a consagrarmo-nos ao estrito
cumprimento de nossa obra de vida, que deve ser a Magna Obra
dos Alquimistas. Em todos os tempos, a Iniciação foi privilégio dos valentes, dos
heróis dispostos a sofrer, dos homens com energia que não
pouparam seus esforços. É a glorificação do esforço criador do
sábio que chegou à plena compreensão da vida, a tal ponto que,
ao viver para trabalhar, consegue romper as correntes do
presidiário condenado a trabalhar para viver. Diz o adágio:
Trabalho equivale à Liberdade, e ainda seria melhor dizer que nos
libertamos da escravidão através de nosso amor ao trabalho. É,
portanto, questão de desejar o trabalho, de buscar o esforço
fecundo sem temor ao sofrimento que possa acompanhar sua
realização. Então a vida será, para nós, amena, confortadora e
bela.
Assim fica explicado o simbolismo da poção cuja amargura não
deve nos desanimar. Podemos devolver-lhe o primitivo sabor,
aceitando, simplesmente, a obrigação de beber, até o fim, o Cálice
Sagrado da Vida.
Oswald Wirth
O Cálice da Amargura
A vida não é cruel para quem a começa entre os vivos. Mimada por
sua mãe, a criança não manifesta senão a alegria de viver; do instinto, ela
reivindica seu direito à vida, que parece não lhe ser dada senão para
permitir que goze dela sem reservas. A juventude ensina, todavia, que nem
tudo é encanto na vida que está longe de nos ser outorgada gratuitamente.
A necessidade, para cada um, de ganhar sua vida não tarda a se impor. A
despreocupação infantil não dura senão um tempo, porque, rapidamente, a
vida nos instrui de suas rudezas e, desde que nos tornemos fortes, ela
exige que aprendamos a suportar as durezas da existência: mostrar-se
covarde diante da dor é confessar-se indigno de viver.
A Iniciação, — ensinando a Arte de Viver, — concebeu torturas
infligidas a título de provas no curso das iniciações primitivas. A resistência
à dor física não se impõe mais no mesmo grau na vida civilizada, pois o
místico moderno não está mais exposto ao menor tratamento cruel;
todavia, ele deve esvaziar certo cálice que lhe é apresentado.
Ele não contém nem veneno nem droga que provoque perturbações
psicofisiológicas, mas água fresca e pura, reconfortante para o neófito que
acaba de sofrer a prova do fogo. É a beberagem da vida, doce como o leite
materno para quem experimenta seus primeiros goles. Mas de que
maneira tal líquido se torna subitamente amargo, para voltar depois à sua
primitiva doçura, quando o bebedor se decide a esvaziar até o fim o cálice
fatal? Beber malgrado a amargura é aceitar estoicamente os rigores da
vida. O hábito nos alivia as penas e as dores que aprendemos a suportar.
Quando o sofrimento nos torna fortes, a amargura se nos faz doce, pois
que ela nos confere vigor e saúde, temperando nosso caráter.
Os ritualistas superficiais imaginaram uma sorte de julgamento de
Deus relacionado ao juramento do Iniciado, a amargura a fazer alusão ao
remorso que dilaceraria seu coração, se ele se tornasse perjuro. Outros se
contentam em dizer: “Essa bebida, por sua amargura, é o emblema das
aflições inseparáveis da vida humana; a resignação aos decretos da
Providência unicamente pode abrandá-las”.
A lição é menos elementar. O místico purificado leva aos seus lábios
o cálice do Saber Iniciático, no qual sua inteligência abebera-se de uma
nova vida, isenta das brutalidades profanas. Concebendo uma existência
de doçura em meio a irmãos que sonham apenas em ajudá-lo em todas as
coisas, o neófito sente-se feliz e satisfaz-se com uma água deliciosa; a
reflexão, porém, revela-lhe as responsabilidades que ele assume em razão
de seu avanço espiritual. O ignorante, que não compreende o sentido da
vida, pode abandonar-se ao egoísmo; vivendo apenas para si, ele não se
coloca a serviço da Grande Obra, e nada há a se lhe reprovar, se,
respeitando os outros, ele leva uma honesta existência profana. De outro
modo exigente mostra-se a vida iniciática: ele impõe o devotamento, o
esquecimento de si, a constante preocupação com o bem geral. A
preocupação com o outro angustia a alma generosa que sofre as misérias
humanas; querendo aliviá-las, o filantropo expõe-se a não ser
compreendido. Seus conselhos são mal interpretados; a multidão imputalhe todas as calamidades. Ele é então maldito, perseguido, no mínimo,
cruelmente desprezado: é a amargura que ele bebeu a grandes goles.
A ingratidão incompreensiva não saberia, porém, desencorajar o
Iniciado; ele a prevê e nem por isso prossegue menos com sua obra de
abnegação. A calúnia não o alcança; ele se fixa com perseverança na
realização do bem. Que lhe importam as gritarias maldosas e as críticas
injustas? Sem cessar preocupado em fazer o melhor, ele aperfeiçoa seus
métodos, tudo isso tirando partido da ingratidão de sua tarefa. Seu
heroísmo encontra sua recompensa: vivendo para o bem, o sábio vive no
bem. A cólera dos maldosos não o atinge mais, porque ele se eleva acima
do mal cometido por outrem.
O FOGO SAGRADO
"Por mais que a água do rio o tenha purificado externamente,
limpando-o, como se diz, de tudo quanto turva o juízo da maioria
dos mortais, o aspirante ficaria condenado a vagar sem proveito no
domínio da esterilidade, se retrocedesse diante da prova suprema, a
do Fogo. O ardor do Sol faz-se cada vez maior e anuncia que a prova
é iminente. Diante dessa ameaça, o aspirante pode ainda retroceder,
permanecendo às margens do rio, estabelecendo ali sua morada, à
maneira dos moralistas que perdem seu tempo com lamentações
sobre as misérias humanas e belas prédicas que se perdem no
deserto".
Fugindo da planície dos conflitos, onde se entrechocam
simultaneamente os antagonismos, o aspirante atravessa o rio da
vida coletiva. Longe de deixar-se levar pela corrente, sabe resistir
às suas mais poderosas investidas e afirma desse modo sua
individualidade. Por fim, triunfou do elemento líquido e, subindo
pelo terreno abrupto da orla, pode, do alto, contemplar as águas
cujos torvelinhos o separam do imenso campo de batalha onde os
vivos combatem entre si sem trégua alguma. Essa terra que, de
hoje em diante pisa, é a da paz no isolamento como também a da
morte e a da aridez. Quando volta as costas ao rio, se lhe oferece
o espetáculo do deserto no qual penetrou Jesus ao sair das águas
batismais do Jordão. O Aspirante interna-se pelas areias em meio às rochas calcinadas.
Não há a menor vegetação nem rastro de ser vivente: aqui, o dono
absoluto é o sol que tudo seca e mata. Essa luz que não projeta a
menor sombra corresponde à luz da razão humana que pretende
fazer omissão de tudo o que não seja ela mesma. Esta razão
analisa e decompõe, mas sua própria secura incapacita-a para
vivificar o que quer que seja. Bem está que nos esforcemos para
raciocinar com absoluto rigor, mas não criemos certas ilusões
sobre o poder da razão, cujo trabalho não passaria de demolição,
caso fosse chamada a ser a dona absoluta de nossa mente.
Tenhamos bem presente que o Iniciado não deve ser escravo de
nada, nem sequer de uma lógica levada ao extremo.
Se a verdadeira sabedoria nos aparta da vida, de suas alucinações
e de suas quimeras, é simplesmente para ensinar-nos a dominá-la,
não ao modo dos anacoretas que a desdenham, senão como
conquistadores do princípio vital que anima todas as coisas no
universo. A potência que rege o mundo tem por símbolo o fogo, tal
como o conceberam os alquimistas: muito longe de consumir e de
destruir, seu ardor anima e constrói. Propaga-se a tudo quanto
vive. Mas o Fogo dos sábios comporta uma infinidade de graus em
direta correspondência com as diferentes vidas que produz sua
atividade. É preciso que um indivíduo saiba inflamar-se de um
ardor divino, se pretende ser algo mais que um autômato incapaz
de realizar a Magna Obra. Por mais que a água do rio o tenha
purificado externamente, limpando-o, como se diz, de tudo quanto
turva o juízo da maioria dos mortais, o aspirante ficaria condenado
a vagar sem proveito no domínio da esterilidade, se retrocedesse
diante da prova suprema, a do Fogo. O ardor do Sol faz-se cada
vez maior e anuncia que a prova é iminente. Diante dessa
ameaça, o aspirante pode ainda retroceder, permanecendo às
margens do rio, estabelecendo ali sua morada, à maneira dos
moralistas que perdem seu tempo com lamentações sobre as
misérias humanas e belas prédicas que se perdem no deserto.
Mas o Iniciado não desperdiça seu tempo com discursos: é um
homem de ação, um agente eficaz da Magna Obra, por cujo meio
é criado e transformado o mundo; se o aspirante sente a vocação
do heroísmo, não vacilará em expor à chama seu pé desnudo.
Não retrocederá, ainda que as chamas surjam sob suas plantas,
mas ver-se-á obrigado a deter-se, quando chegarem a formar uma
muralha intransponível. Se quiser voltar atrás, que não perca um
instante; ainda é tempo, e tem livre o caminho para bater em
retirada. Mas, se domina a sua angústia e afronta estoicamente a
barreira do fogo, esta cresce e forma duas alas. De pronto, forma
um semicírculo cujas extremidades se unem por fim, deixando o
temerário envolto por completo numa fogueira circular, cujo fogo
lhe abrasa. As chamas aproximam-se cada vez mais do aspirante
que permanece impávido, disposto a ser consumido pelo fogo.
Com efeito, a purificação suprema é obra do fogo que destrói, no
coração do iniciado, até o último germe do egoísmo ou de
mesquinha paixão. Este ardor purificante de que falamos aqui não
é outra coisa senão o amor que nos sinala São Paulo na I Epístola
aos Coríntios, nos seguintes termos:
Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos
anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa
ou como o címbalo que retine.
E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse
todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que
tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os
montes, e não tivesse amor, nada seria.
E ainda que distribuísse todos os meus bens para
sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu
corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada
disso me aproveitaria.
Conhecedor das noções iniciáticas difundidas pela corrente do
pensamento helênico, o apóstolo acertou em seu modo de sentir:
todos os dons da inteligência, todos poderes de ação serão vãos
se não forem aplicados ao serviço da grande causa do bem geral.
É preciso amar, chegar até o sacrifício absoluto de si mesmo, para
ser admitido na cadeia de união dos iniciados. É pelo coração, e
tão só pelo coração, que alguém chega a ser maçom, obreiro fiel e
colaborador verdadeiro do Grande Arquiteto do Universo. O cerimonial de recepção é simbólico e representa objetivamente
o que deve realizar o candidato em seu foro interno. Se tudo
ficasse limitado às formalidades externas, a iniciação seria
meramente simbólica, marcando tão-só a admissão numa
confraria de iniciados superficiais que souberam conservar um
conjunto de exterioridades tradicionais e nada mais. Não se veria
mais que a casca do fruto. Sem embargo, no interior está a
semente, núcleo central, de tal maneira que o iniciador que
trabalha em conformidade com a letra do ritual, põe à disposição
do verdadeiro candidato um esoterismo velado que se conserva
intacto, ao abrigo de toda profanação.
Quando a maçonaria, ou qualquer outra confraternidade iniciática,
faz referência à inviolabilidade de seus segredos, trata-se não do
continente dos segredos, sempre comunicável, senão de seu
conteúdo inteligível. Pode-se divulgar a letra morta, mas não o
espírito que os privilegiados da compreensão saberão penetrar.
De outra parte, é indispensável sentir, para poder compreender. A
ponta de uma espada fere o candidato perto do coração no
momento de sua admissão no Templo para buscar a luz. Antes de
poder discernir, devemo-nos abrir às verdades cujo germe existe
em nós. Não se deve desprezar o intelectualismo; sem embargo, seu
domínio absoluto nos condena a uma estéril e desesperadora
atividade especulativa. Caindo no excesso contrário, a iniciação
cavalheiresca desdenhava o saber, para enaltecer unicamente o
amor, inspirador das mais sublimes ações. Melhor equilibrados, o
hermetismo medieval, o rosacrucianismo e a maçonaria moderna
têm preconizado o desenvolvimento simultâneo do intelecto e do
sentimento. É indispensável que nos capacitemos a reconhecer a
verdade, a fim de conquistar a luz que deve iluminar nossas ações.
De outra parte, se não tivermos o acicate de um ideal, como
poderemos nos sentir impelidos à Iniciação? O que atrai e fascina
é precisamente uma pressentida beleza. Um amor secreto nos
empurra até o santuário e nos infunde coragem para enfrentar os
obstáculos das múltiplas provas que ainda nos esperam antes de
alcançar o móvel desejado. Ainda que não pudéssemos compreender mais que
medianamente, o essencial seria levar sempre em nosso coração
a chama do fogo sagrado, para sermos capazes de nos elevar
quando assim o requerer a ação. Os melhores maçons não são os
mais eruditos nem os mais ilustrados, senão os mais ardentes e
constantes trabalhadores, porque são os mais sinceros e os mais
convictos. Quem ama com fervor está acima daquele que se
contenta com o saber: a verdadeira superioridade afirma-se pelo
coração, a câmara secreta de nossa espiritualidade. Os que não souberam amar, perderam-se no deserto sem passar
pela prova de fogo. Cépticos, arrastam sua vida num eterno
desencanto. São verdadeiros fantasmas ambulantes, em vez de
homens que honram a vida com energia. Será necessário o
sofrimento para ensinar-lhes o amor. Em resumo, o sofrimento
não é em si um mal, posto que, sem a dor purificadora, ninguém
chega a ser grande.
Oswald Wirth
A MAGNA OBRA
"O sábio busca a Pedra em seu foro interno, como recorda muito
bem a engenhosa fórmula tirada da palavra VITRIOL, à maneira do
acróstico: VISITA INTERIORA TERRAE, RECTIFICANDO INVIENIES
OCULTUM LAPIDEM, ou, em outros termos: desce a ti mesmo,
submete-te às provas purificadoras e encontrarás a pedra
escondida".
Se existimos, é para trabalhar. A inteligência e a sensibilidade
servem unicamente para guiar nossa atividade. Portanto, não
busquemos nossa razão de ser em nós mesmos, recordando que
não se pode cair em maior equívoco do que atribuir tudo a si
mesmo. Tudo está unido neste mundo e o indivíduo tem seu valor
como parte integrante da coletividade. Isoladamente, não somos
nada e, nesse sentido, o Iniciado deve poder dizer a si mesmo e
com absoluta sinceridade: Sei que não sou nada. Se do eu faço
um ídolo, o centro do mundo, o objetivo de minhas preocupações,
então, não contenho mais que o vazio, a impotência e a vaidade.
Querer viver tão-só para si mesmo é isolar-se da vida universal
para condenar-se à morte.
Não posso resistir à tentação de citar, no tocante a esse assunto, o
capítulo V de um opúsculo muito raro, editado em 1775 sob o título
de A Magna Obra sem Véus para os Filhos da Luz.
Segundo uma opinião corrente neste mundo, a
vida é curta e, de minha parte, a encontro, ao
contrário, extremamente longa para muitíssimas
pessoas. Quantos encontraremos que não se
queixem da brevidade da vida e que não tenham
feito, sem embargo, outra coisa senão entediar-se
ao longo de toda existência? Sim, é demasiado
curta a vida para quem pensa e demasiado longa
para quem não pensa. O tempo voa quando
trabalhamos e transcorre lentamente quando não
fazemos nada. Sem ação, a vida em nada se
diferencia da morte, e viver na ociosidade não é
viver, mas apenas vegetar. Viver somente para si
mesmo é viver pela metade. Interessar-se pela
felicidade universal dos homens e trabalhar para
isso é viver de verdade e ter a sensação de viver.
Quão poucos são os que vivem neste mundo e
quantos são os que vegetam em vez de viver! Os
ricos, orgulhosos de sua opulência e embriagados
pelo incenso que lhes prodigalizam seus
aduladores, não podem compreender o que é a
vida. Os pobres, oprimidos pelo peso da miséria,
humilhados pelo desprezo dos demais, tampouco
a podem entender. Aqueles que se encontram em
meio a grandes e pequenos, ricos e pobres,
preocupando-se, a maior parte do tempo, apenas
com aquilo que lhes incumbe, não a sentem
tampouco. Quem vive, pois, em lugar de vegetar?
Os filósofos. Sim, os filósofos unicamente
compreendem o que é a vida, conhecem as
oportunidades que apresenta e sabem aproveitálas. Não vivem apenas para eles mesmos, senão
que vivem, ademais, para os outros e, seguindo o
exemplo do excelso Hermes, de quem têm por
glória serem e chamarem-se discípulos, tão
apenas vivem para fazer bem à sociedade humana.
Pouco lhes importa que os adulem ou que os
ameacem os poderosos da terra, que seus
parentes os queiram ou os persigam, que seus
amigos os sustentem ou os abandonem; nem por
isso deixam de ser filósofos, ou seja, amantes da
sabedoria. A vida tem, para eles, tanto mais
atrativos quanto mais tempo lhes deixa para fazer
o bem a quem o mereça; sua benevolência dirigese àqueles que vivem para trabalhar, nunca
àqueles que trabalham para viver. Essas linhas nos revelam o Grande Arcano da Filosofia Hermética.
A Pedra dos Sábios é um símbolo, como também o ouro filosófico
e tudo referente a ele. Na realidade, o segredo de toda verdadeira
Iniciação faz referência àquilo que, antes de tudo, interessa ao
homem, quer dizer, sua própria vida e o emprego judicioso das
energias que a mesma põe à sua disposição. O sábio busca a Pedra em seu foro interno, como recorda muito
bem a engenhosa fórmula tirada da palavra VITRIOL, à maneira
do acróstico: VISITA INTERIORA TERRAE, RECTIFICANDO
INVIENIES OCULTUM LAPIDEM, ou, em outros termos: desce a ti
mesmo, submete-te às provas purificadoras e encontrarás a pedra
escondida. Esse tesouro supremo, último objetivo da Iniciação
hermética, instrui os ignorantes, cura as enfermidades do espírito,
da alma e do corpo, enriquece os pobres e, de modo geral,
transmuta o mal em bem. Não é uma substância. É um estado de
ânimo que confere poderes de ação e influência.
Não se trata aqui, sem embargo, de nenhuma taumaturgia vulgar.
Os milagres de detalhe têm um interesse muito secundário ao lado
de todo o milagre universal que abarca a totalidade do gênero
humano. A Obra Magna é um trabalho que não tem princípio nem
fim e seu resultado é tudo quanto existe.
Somos seus colaboradores, sem que seja condição indispensável
ter consciência disso. Se, ao cumprir a tarefa que nos incumbe, o
fazemos com mau humor, sem inteligência nem compreensão,
como animal atrelado ao carro, somos meros escravos da
necessidade que nos açoita e nos atormenta com seu implacável
aguilhão. É essa a sorte do profano que se lamenta e cuja única
preocupação é livrar-se do jugo de um labor obrigatório como de
uma pesada carga.
O Iniciado sabe que o trabalho é a razão de sua existência. Longe
de querer esquivar-se, sua ambição é adiantar seu trabalho do
melhor modo que conhece, empregando nisso todas as suas
forças. Seu próprio zelo entusiasta alivia a fadiga que não sente e
transforma-a em prazer. É amante do trabalho e se entrega a ele
com paixão, atraindo, de tal sorte, uma misteriosa ajuda, graças a
qual pode fazer verdadeiras maravilhas. A Iluminação é sua
recompensa, e já vive sabendo o que é a vida e participando da
grande Vida da eterna ação.
OS CARGOS E SUA COMPETÊNCIA
VENERÁVEL MESTRE
1º VIGILANTE
2º VIGILANTE
SECRETÁRIO
ORADOR
TESOUREIRO
CHANCELER-GUARDA-SELOS
HOSPITALEIRO-ESMOLER
1º E 2º DIÁCONOS
MESTRE DE CERIMÔNIAS
ARQUITETO DECORADOR
MESTRE DE BANQUETES
PORTA-ESTANDARTE e PORTA-ESPADA
GUARDA DO TEMPLO
1º
e 2º EXPERTOS
COBRIDOR
DIRETOR DE HARMONIA
VENERÁVEL MESTRE
O Venerável Mestre é o primeiro oficial e o Presidente de uma Loja
Simbólica. Para que possa ser eleito a este elevado cargo, o
candidato precisa ter desempenhado os cargos e dignidades
inferiores e, necessariamente, ter exercido o cargo de Vigilante.
Estará, desta forma, habilitado a desempenhar as funções de
instrutor da Loja. Suas atribuições são definidas pela Constituição da Obediência a
que pertence a Loja, e pelo Rito por ela praticado.
O Venerável Mestre tem assento no Oriente, e sua poltrona é
também chamada, às vezes, trono. Acha-se colocada diante de
uma mesa e por baixo de um dossel. Para chegar-se ao Trono da
Sabedoria, é preciso galgar três degraus, cuja denominação, em
Maçonaria, é: Pureza, Luz, Verdade. Desde outros tempos, já o
padre sobre por três degraus. No antigo Egito, representavam os
conceitos de corpo, alma, espírito. Simbolizam, esotericamente,
as três etapas da vida: juventude, madureza, velhice.
Como chefe tradicional da Loja, o Venerável é eleito pelos
Mestres, seus pares. Sua obrigação é procurar harmonizar as
forças e qualidades de seus Irmãos e, ao mesmo tempo, dar uma
orientação aos trabalhos. Deve, contudo, permanecer um chefe
democrático, muito estritamente ligado a seus outros Irmãos.
O Venerável Mestre é o responsável pelo sucesso dos trabalhos
de sua Loja, e sua atenção deve estar sempre voltada a motivar as
sessões, para que não se tornem fastidiosas e sem interesse.
Procurará, portanto, provocar pesquisas destinadas a elevar a
espiritualidade dos membros da Loja, tendo como principal objetivo
o aperfeiçoamento iniciático dos Obreiros de todos os graus. Todo
seu cuidado estará voltado para que seja estabelecida a mais
sincera cordialidade entre os Irmãos da Oficina, o que permitirá o
nascimento da fraternidade. Deverá representar, entre os Irmãos
da Loja, a Sabedoria. Seu papel é o de jamais perder de vista a
meta traçada, e evitar extravios na procura da realização de seus
objetivos. Deve dirigir a Loja, segundo os ditames da sua
consciência, procurando atrair os Obreiros aos trabalhos, para
ministrar-lhes os mais amplos conhecimentos e ensinamentos
maçônicos.
Será o mais assíduo Obreiro da Loja, porque nada desmoraliza
mais uma Oficina do que suas freqüentes ausências.
Tornou-se costume, nas questões ordinárias, o Venerável não
votar, mas utilizará sua prerrogativa de voto de Minerva sempre
que houver empate na votação. Não poderá fazê-lo, porém, nas
votações secretas, para não quebrar o devido sigilo, ou seja, tem
direito de votar secretamente nos sufrágios que assim o exigirem,
somente não operando como desempatador.
A jóia do Venerável Mestre é o Esquadro, e este traça o seu dever:
benevolência para com todos e rigorosa imparcialidade. Recebe
assim, da Geometria, uma lição de escrupulosa eqüidade.
Sentado no eixo da Loja, ele é neutro, mas não indiferente.
Dentro de uma Loja, ninguém tem o direito de censurar o
Venerável, por isso deverá estar à altura de fazer jus a este grande
privilégio. Todavia, vale ressaltar que o Orador, dentro de suas
atribuições, poderá intervir no andamento dos trabalhos, mas
somente em caso de ferimento à ordem ritualística.
O 1º VIGILANTE
O 1º Vigilante tem acento no Ocidente. Sua jóia é o Nível, para
significar que a igualdade lhe é sagrada. Em caso de vaga ou renúncia, a ele cabe concluir o mandato do
Venerável Mestre, desde que devidamente instalado. Cabe-lhe,
também, ministrar instruções aos Aprendizes e solicitar a palavra
ao Venerável Mestre para os Obreiros de sua Coluna. Como
ministrante de instruções aos Aprendizes, cabe-lhe opinar sobre as
Elevações. Seu trono, junto à Col∴ B∴, eleva-se sobre dois degraus: Justiça
e Fortaleza. QUEM SÃO OS VIGILANTES? São assim denominados os dois primeiros Oficiais de uma Loja
Maçônica que seguem, por ordem hierárquica, ao Venerável
Mestre, ao qual sucedem na presidência durante seus
impedimentos. Estes três Oficiais são também denominados as
três pequenas Luzes. As três Grandes Luzes, vale lembrar, são o
Esquadro, o Compasso e o Livro da Lei. Exercem, na Loja, em
escala reduzida, atribuições semelhantes às do Venerável Mestre:
o 1º Vigilante, em todo Ocidente; o 2º, ao Sul do Ocidente.
Somente o Venerável Mestre pode chamar a atenção dos
Vigilantes, os quais acentuam suas intervenções com um golpe de
malhete, seja para chamar a atenção de algum Obreiro, seja para
pedir a palavra ao Venerável Mestre.
Pelo malhete, que é a insígnia de sua autoridade, os Vigilantes
têm o privilégio de fazer uso da palavra, permanecendo sentados,
ao mesmo tempo em que têm a prioridade da palavra antes de
qualquer Irmão, salvo o Venerável.
Concorrem com o Venerável Mestre para a instrução dos
Aprendizes e dos Companheiros. Não lhes cabe, porém, o direito
de criticar uma peça de arquitetura ou um trabalho para aumento
de salário. Ora, se algum Obreiro não obteve condições de
apresentar um trabalho de bom quilate, trata-se de falha de toda a
Loja, em especial, de seus dirigentes que, por certo, não
dedicaram suficiente atenção ao Irmão, de sorte que descabe a
crítica. De uma maneira genérica, suas atribuições são as seguintes:
·
·
·
·
·
·
·
Assessorar o Venerável Mestre no
desempenho da sua função de administrador
da Loja. Nas suas colunas respectivas, são os
responsáveis diretos pelo desempenho dos
Aprendizes e Companheiros. São os porta-vozes das respectivas Colunas
em suas reivindicações e postulações. Responsabilizam-se pela disciplina maçônica
em suas Colunas. Concedem, sempre através de golpes de
malhete, a palavra aos Obreiros de suas
respectivas Colunas. São responsáveis pela cobertura do Templo. Em circulação pelo Oriente do Templo,
verificam se os Obreiros das Colunas
possuem o grau equivalente à Sessão que irá
se processar. É importante lembrar que a boa escolha dos Vigilantes ensejará a
boa escolha de Veneráveis Mestres. A Vigilância é um estágio
prático e probatório para o Veneralato. Em suas ausências, os Vigilantes são substituídos pelos Expertos
e, na falta destes, por qualquer Mestre Maçom do Quadro. Lembremos, todavia, que os Expertos não são substitutos do
Venerável Mestre. O 2º VIGILANTE
O 2º Vigilante tem acento ao Sul do Ocidente, no meio da Loja,
achando-se seu Trono elevado sobre um degrau que simboliza a
virtude da Prudência. Segundo o ritual, observa o Sol no
meridiano e chama os Obreiros do trabalho à recreação e da
recreação ao trabalho. Sua jóia é o Prumo, para significar que não
se deve parar no aspecto exterior das coisas, mas, sim, penetrar o
sentido oculto das alegorias e dos símbolos. É o terceiro na linha sucessória da Loja, cabendo-lhe concluir o
mandato do Venerável Mestre em caso de vaga ou renúncia deste
e mais do 1º Vigilante.
Dirige a Coluna do Sul, ministrando instruções aos Companheiros
e opinando sobre as exaltações.
Na ausência do Venerável Mestre, do 1º Vigilante e de Mestres
Instalados, dirige a Loja a descoberto.
O SECRETÁRIO
Como o Orador, o Secretário tem acento no Oriente e seu trono
lhe é fronteiro. Representa a memória da Loja, porque uma razão
judiciosa não é a única a nos esclarecer, eis que nossos atos
seriam falhos de coordenação entre si, não fora a memória. O Secretário redige os balaústres. Consigna, por escrito, o que
merece ser conservado. Fornece os quadros destinados à Grande
Secretaria.
Na prática, o Secretário esclarece a Loja, ao
relembrar-lhe as decisões tomadas. Encarrega-se também da
correspondência e do expediente, lançando, nos documentos, o
destino dado pelo Venerável Mestre. No decorrer dos trabalhos da Loja, o Secretário traça um esboço
do que se passou, consignando-o, a seguir, no Livro de Atas.
Deve ser prudente na redação. Sem ser prolixo, deve consignar
tudo o que se passou durante a Sessão. Contudo, evitará que
sejam consignadas expressões demasiadamente cruas, ainda que
relate com exatidão a forma pela qual a Sessão decorreu.
O Secretário não deve esquecer que suas palavras passarão à
posteridade, servindo de histórico da Loja.
Pede diretamente a palavra ao Venerável Mestre.
O cargo de Secretário que se segue, no escalonamento
hierárquico da Loja, ao do Orador, é um cargo eminentemente
administrativo, e a escolha de um Irmão para este cargo deve levar
em consideração esse aspecto.
Por menor que seja a Loja, a Secretaria é sempre bastante
trabalhosa e, de seu desempenho, depende, em grande parte, o
relacionamento e a memória da Loja.
O Secretário deve ter pela função gosto especial e sempre deve
escolher, entre os Mestres, secretários adjuntos, para com eles
dividir seu trabalho, bem como para treiná-los para que,
futuramente, também possam vir a desempenhar o cargo.
Basicamente, as atribuições do Secretário são as seguintes:
·
Fazer o registro dos balaústres das Sessões.
·
Cuidar das correspondências recebidas e
expedidas pela Loja.
·
Cuidar do arquivo de correspondências da
Loja.
·
Manter o relacionamento com a Grande
Secretaria.
·
Manter os fichários e arquivos dos Obreiros
rigorosamente em dia, anotando todas as
ocorrências que surgirem.
·
Assistir à coleta do Saco de Propostas e
Informações.
·
Cuidar do Livro Negro.
·
Manter em dia todos os registros que
impliquem na perpetuação da memória da
Loja.
·
Passar certidões, redigir e fixar editais.
Sua jóia constitui-se em duas penas cruzadas.
O ORADOR
De acordo com a tradição, três dirigem a Loja e cinco completam o
seu esclarecimento. As duas Luzes complementares são o Orador
e o Secretário, tendo ambos assento no Oriente à direita e à
esquerda do Venerável. O Orador é o guardião nato da Constituição e dos Regulamentos
Gerais, assim como do Regimento Interno de uma Loja. Daí dizerse que representa a consciência da Loja. Deve ter deles o melhor
conhecimento, como também da tradição e do espírito maçônico,
para poder interpretá-los com a maior isenção, requerendo sua
observância.
Auxiliado por um bom Orador que uma, à madureza de um juízo
reto, uma sólida erudição, será muito difícil um Venerável Mestre
cair em equívocos ou exceder-se no exercício de suas funções.
A igualdade, a liberdade, a razão, o direito e a justiça devem
encontrar no Orador a mais sólida garantia.
O Orador deve presenciar o escrutínio das votações e assinar as
atas dos trabalhos de cada sessão. Cabe-lhe apresentar peças de
arquitetura nas festas da Loja e nas cerimônias fúnebres, onde
exaltará as qualidades distintivas do Irmão.
O cargo de Orador obriga ao exercício do papel de acusador em
matéria disciplinar, gozando de certa independência com relação
ao Venerável.
A jóia do Orador consiste em um livro aberto.
O Orador ou Guarda da Lei é, no escalonamento hierárquico da
Ordem, a quarta posição dentre os membros da administração da
Loja.
Suas atribuições dizem respeito ao cumprimento da Legislação
Maçônica, quer de origem escrita, como Constituição e
Regulamento Geral da Potência, Códigos, Leis, Decretos e Atos
dos Poderes Constituídos, de Regimentos Internos da Loja, quer
da tradição, usos e costumes relativos à Potência à qual pertence
a Oficina. É, concomitantemente, o Promotor de Justiça dentro da Oficina, e
a ele cabe o enquadramento legal de todos os atos praticados
pelos Obreiros ou pela Loja.
Ao Orador cabe a leitura de todos os Atos Oficiais, sendo que os
Decretos e as Conclamações oriundas do Grão-Mestrado são lidos
com a Loja de pé e à ordem.
São ainda atribuições básicas do Orador:
·
Fazer parte da composição da Mesa
Eleitoral.
·
Assistir a verificação dos escrutínios
secretos e a coleta do Saco de Propostas e
Informações.
·
Assinar, com o Venerável Mestre, os
balaústres das Sessões.
·
Celebrar, com peças de arquitetura
apropriadas, todas as efemérides especiais da
Loja e da Ordem.
·
Saudar, em nome do Venerável Mestre e por
delegação dele, os visitantes e autoridades
maçônicas e profanas.
No Rito de York, tem o nome de Capelão, e, no Rito Schröeder,
não existe a figura do Orador. O TESOUREIRO
O cargo de Tesoureiro é um desdobramento do de Secretário.
Todavia, deve ser eleito por seus pares com, pelo menos, metade
mais um dos votos, incluídos nulos e brancos. Esse Oficial deve
receber as quotizações, os direitos de recepção e de filiação, os
donativos, pagando todas as importâncias devidas pela Oficina,
principalmente aquelas inerentes à Obediência. Cabe-lhe também
fazer relatórios a respeito da situação financeira da Loja. Um bom Tesoureiro deve manter em dia suas obrigações, efetuar
os Orçamentos, apresentar os balancetes à Loja e arrecadar em
dia as obrigações pecuniárias dos Obreiros.
Importante também é que o Tesoureiro procure sempre fórmulas
novas para consolidar o patrimônio financeiro da Oficina.
Presta contas de maneira imediata ao Venerável Mestre e aos
membros da Comissão de Finanças e, de forma mediata, ao
plenário da Loja.
Sua jóia é uma chave.
O CHANCELER OU GUARDA-SELOS
O Chanceler é o oitavo Oficial da Loja. Sua mesa encontra-se do
lado de fora da grade do Oriente, ao lado da do Secretário, e
fronteira a do Tesoureiro. É também chamado o Guarda dos
Selos, por ser o depositário dos mesmos, assim como dos sinetes
e do timbre da Loja. Ficam também a seu cargo o Livro Negro, o Livro de Presenças e
outros determinados por Lei ou pela Oficina.
É o Chanceler que informa sobre a assiduidade dos Irmãos.
Nesse sentido, também se pode dizer que opina sobre as
Elevações e Exaltações, eis que acompanha de perto a freqüência
dos Obreiros. Do mesmo modo, quanto às eleições, pelo controle
da assiduidade dos votantes.
Sua jóia é um timbre.
O HOSPITALEIRO OU ESMOLER
Desde tempos imemoriais, estabeleceu-se o costume de as Lojas
manterem uma caixa de socorro. Esse legado da maçonaria
operativa passou à maçonaria especulativa, e os maçons não se
separam sem ter depositado um óbolo no Tronco de Beneficência,
o qual circula, obrigatoriamente, antes do encerramento ritualístico
dos trabalhos. Antigamente, quando a Loja compunha-se de apenas sete irmãos,
o Experto recolhia as oferendas de que se encarregava o 2º
Vigilante. Posteriormente, no entanto, a caixa de socorro foi
confiada ao Irmão Hospitaleiro, encarregado de fazer circular em
Loja o Tronco de Solidariedade. A obrigação do Hospitaleiro era de visitar, cuidar e socorrer os
enfermos membros da Loja e, ainda, os profanos que lhe fossem
designados, dando conhecimento de suas atividades à Oficina. O
fundo era inteiramente secreto e conservado separado de todas as
outras receitas e despesas. Com a mudança dos tempos, o Hospitaleiro limita-se, atualmente,
apenas a recolher o Tronco de Solidariedade.
Depois de seu giro ritualístico pela Loja, obedecendo à ordem do
Venerável Mestre, entrega-o ao Tesoureiro e, com ele, confere o
produto, voltando ao seu lugar. Sua jóia é um saco ou bolsa. OS DIÁCONOS
Dois Oficiais exercem este cargo nas Lojas dos Ritos de York e
Escocês Antigo e Aceito. Sua função é transmitir as ordens das
Luzes aos Irmãos e cumprir determinadas cerimônias. O 1º Diácono senta-se próximo e à direita do Venerável Mestre,
que põe em comunicação com a 1ª Vigilância. O 2º coloca-se ao
lado e à direita do 1º Vigilante, para transmitir suas ordens ao 2º
Vigilante e aos demais membros da Loja.
O 1º Diácono recebe do Venerável Mestre a Palavra Sagrada e
transmite-a ao 1º Vigilante, colocando-se, a seguir, no vértice
Norte do Altar dos Juramentos.
O 2º Diácono recebe-a do 1º Vigilante, levando-a ao 2º Vigilante,
colocando-se, em seguida, no vértice Sul do Altar. Quando da
abertura e do fechamento do Livro da Lei, ambos cruzam seus
bastões por sobre o mesmo.
Suas jóias são: um malho, para o 1º Diácono; uma trolha, para o
2º.
O MESTRE DE CERIMÔNIAS
Além dos cargos principais, para que uma Loja se torne justa e
perfeita, outros existem que se tornaram essenciais para o
funcionamento de uma Oficina com número regular de Obreiros.
Um deles é o de Mestre de Cerimônias, cargo no qual se
desdobrou o de Experto. Atualmente, é um dos mais importantes
da Loja, cabendo a ele introduzir os Irmãos visitantes, depois de
severamente trolhados. Encabeça os cortejos que passam sob a
abóbada de aço, cerimonial este tirado da corte da França.
O Mestre de Cerimônias é responsável pelo bom andamento dos
trabalhos e pela ordem material da Loja. Antes da abertura dos
trabalhos, deve cuidar para que o material ritualístico esteja no seu
devido lugar. É o encarregado do cerimonial e da liturgia de uma
Oficina. Suas atribuições são bastante claras nos Regulamentos e
Rituais.
É uma das tarefas mais importantes, que requer muito gosto
pessoal e desenvoltura na chefia do cerimonial. O Mestre
designado para esta função deve conhecer perfeitamente as
normas de liturgia e ritualística de sua Potência Maçônica e o Rito
em que sua Loja trabalha.
Além dessas obrigações, são basicamente suas funções fixas:
•
•
•
Circular com o Saco de Propostas e Informações.
Organizar as comissões para introdução de Maçons visitantes ao
Templo.
Organizar a procissão de entrada, acompanhar o Venerável
Mestre ao Altar, compor, por delegação do Venerável Mestre, a
Loja, verificar se a mesma está composta, incensar os
recipiendários e contar os votos nas votações simbólicas.
O Rito Brasileiro admite a hipótese de ter um segundo Mestre de
Cerimônias. Os Ritos de York e Schröeder não têm este cargo. Sua jóia é uma régua.
ARQUITETO DECORADOR
O Arquiteto é o responsável pelo patrimônio da Loja. Cabe-lhe
decorar e ornamentar o Templo antes do início de cada Sessão,
recolhendo os utensílios após o encerramento. Tem ainda a
faculdade de requisitar quaisquer objetos necessários ao preparo
da Loja.
Pelo Regulamento, deve ser o responsável pela escrita de um
Livro de tombamento dos bens patrimoniais e demais pertences da
própria Oficina, ou de sua responsabilidade.
Sua jóia é constituída de um maço e um cinzel cruzados.
MESTRE DE BANQUETES Cabe-lhe organizar e preparar os banquetes realizados pela Loja,
inclusive solicitando ao Tesoureiro os metais necessários para
tanto, com a devida autorização do Venerável Mestre e com
posterior prestação de contas. Sua jóia é constituída de dois bastões cruzados.
MESTRE DE BANQUETES Cabe-lhe organizar e preparar os banquetes realizados pela Loja,
inclusive solicitando ao Tesoureiro os metais necessários para
tanto, com a devida autorização do Venerável Mestre e com
posterior prestação de contas. Sua jóia é constituída de dois bastões cruzados.
PORTA-ESTANDARTE E PORTA-ESPADA
Compete-lhes acompanhar o Venerável Mestre nas Sessões de
Consagração de Grau, portando o Estandarte e a Espada
Flamígera, respectivamente. Suas jóias são: um estandarte, para o Porta-Estandarte; uma
espada, para o Porta-Espada.
GUARDA DO TEMPLO
Além das disposições constantes do Ritual, compete ao Guarda do
Templo zelar assiduamente pala segurança do mesmo, e ainda:
•
•
•
•
Proceder ao exame dos Maçons,
quando de sua entrada no Templo, só
permitindo o ingresso daqueles que
estiverem devidamente trajados e ainda
revestidos das respectivas insígnias.
Juntamente com o Cobridor, auxiliar
na manutenção da ordem e disciplina,
fazendo conservar rigoroso silêncio no
átrio.
Anunciar sempre e regularmente a
presença de alguém que bata à porta do
Templo.
Impedir a entrada ou saída de quem
quer que seja sem a prévia autorização
do Venerável Mestre.
Sua jóia constitui-se em duas espadas cruzadas. OS EXPERTOS
O cargo de Experto é originário do Rito Moderno ou Francês.
Denominava-se então o “Irmão Terrível”. A partir de 1805,
recebeu a denominação de Experto. Além das disposições
ritualísticas, compete-lhes substituir os Diáconos nas faltas ou
impedimentos destes. Sua jóia é um punhal.
O COBRIDOR
Compete-lhe:
•
•
•
•
Permanecer no átrio durante as Sessões,
pronto a atender qualquer chamado vindo
do interior do Templo.
Juntamente com o Guarda do Templo,
zelar pela manutenção do silêncio externo
enquanto a Loja estiver funcionando,
representando, ao Venerável Mestre,
sobre qualquer infração havida.
Auxiliar o Arquiteto no preparo dos locais
de Sessões, bem como na conservação
dos pertences da Loja.
Proceder
à
inspeção
inicial
da
documentação apresentada por qualquer
Obreiro que deseje participar dos
trabalhos, solicitando-lhe a Palavra
Semestral após o telhamento.
Trata-se de cargo da maior importância, razão por que deve ser
confiado a um Maçom de responsabilidade, preferencialmente
Mestre Instalado, para que possa telhar os visitantes em todos os
graus. Sua jóia é um alfanje.
DIRETOR DE HARMONIA
Ao Diretor de Harmonia ou Mestre de Harmonia compete instruirse devidamente dos Rituais, preparando músicas apropriadas às
Sessões, especialmente quando se tratar de Magnas.
Sua jóia é uma lira.
$/RMD
$/RMD
As Luzes grandes e pequenas aí esclarecem aquele cuja visão espiritual não
está obstruída pela venda profana, mas, enquanto esta venda não cai, as
Luzes da Maçonaria brilham em vão nas trevas que as obscurecem. É então
que os Maçons que não souberam depositar seus metais nem sofrer
espiritualmente as provas erigem em Grande Luz da Maçonaria o livro
sagrado de uma religião recente, mostrando, dessa sorte, um
desconhecimento absoluto dos princípios fundamentais da Arte Real.
Uma aurora intelectual indecisa em sua palidez precede em nós a
aurora rutilante que faz clarear o dia. Chamados a ver a Luz, contentamonos com entrevê-la, quando ela nos é mostrada em Iniciação. O que se
oferece à vista do neófito livre da venda é o espetáculo do mundo, do qual
a Loja é a imagem reduzida. Ele não pode duvidar, se relacionar isso às
dimensões simbólicas do santuário onde está admitido, porque a Loja, —
é-lhe ensinado, — estende-se do Oriente ao Ocidente, do Meio-Dia ao
Setentrião e do Zênite ao Nadir. Nela reflete-se, pois, a imensidade do
Cosmos, como se o concebível em grau maior repercutisse no constatável
a menor. Primeira lição discreta que, moralmente, limita-se a sugerir a
universalidade da Franco-Maçonaria. Em nome das dimensões da Loja, o
Maçom é chamado à ordem, caso faça eco de preocupações mesquinhas.
Os iniciados reúnem-se para aportar seu concurso à Grande Obra que é
eterna como o Progresso e sem limites em sua aplicação. Tendo a
construir um imenso Templo, os Maçons não prostituem sua Arte,
sujeitando-a às necessidades profanas; eles têm, neles mesmos, a
reformar, o Homem que é universal em sua essência.
Instruído das dimensões da Loja, o Aprendiz constata que ela é
iluminada, simultaneamente, por três grandes luzes e três pequenas. As
grandes são representadas por candelabros colocados no Oriente,
Ocidente e Meio-Dia do quadrilongo: são os pilares espirituais do edifício
maçônico; a tradição atribui-lhe os nomes de Sabedoria, Força e Beleza.
Avaro de palavras, o moderno hierofante limita-se a indicar: a Sabedoria
concebe, a Força executa, a Beleza ornamenta. Cabe àquele que viu a Luz
resolver o enigma. Para colocá-lo no caminho, chama-se sua atenção
sobre as pequenas luzes figuradas pelo Venerável Mestre da Loja e seus
dois Vigilantes. Entregue às suas reflexões, o Aprendiz compreende que a
concepção de uma idéia deve preceder a ação realizadora, que é preciso
pensar com justeza para agir bem, de onde a Sabedoria fixando o plano na
execução do qual a Força desdobra sua energia; mas a ação não é sábia
se ela não for bela; a idéia não é justa se ela não se realizar com Beleza. A Sabedoria do Venerável Mestre da Loja é aquela do arquiteto que
dirige o trabalho construtivo. Seu papel é intelectual; ele sonha como
artista, a fim de dar, na imaginação, corpo às aspirações dos construtores.
Ele não inventa segundo sua fantasia individual, porque se aplica em
concentrar o gênio de todos. Logo, a Sabedoria da qual ele se faz o
intérprete não é a sua, mas aquela da Arte; ela é conforme a de todos os
Mestres da Obra, escolhidos antes dele para dirigir o trabalho comum. É,
pois, uma Sabedoria especializada, modesta e verdadeiramente sábia em
sua ambição limitada: conceber corretamente o executável não implica em
qualquer onisciência. Cada um pode aspirar à sabedoria que lhe é
necessária para bem se dirigir na vida; o Iniciado não solicita qualquer
outra e, a partir daí, adere à Suprema Sabedoria. O 1º Vigilante rege a Força, em razão de ele fazer observar a
disciplina em Loja. É ele quem repreende os retardatários e controla a
assiduidade; ele exige que cada um esteja em seu posto e cumpra sua
tarefa. Se fosse levado a explicar-se, insistiria sobre a necessidade de
coordenar os esforços. Individualmente, somos impotentes; apenas o
trabalho coletivo presta-se à realização de grandes coisas: associemos,
pois, nossas energias à vista da realização de uma única Grande Obra. A
Força está em nós, do mesmo modo que a Sabedoria; mas não nos
tornamos verdadeiramente fortes senão quando nos aplicamos ao trabalho
com constância e regularidade. Não é bastante se agitar com zelo para satisfazer às exigências da
Arte. Agitação não é sinônimo de trabalho: quando trabalhamos,
entendemos produzir, modificar, transformar, fazer melhor; ora, o que
melhor realiza uma harmonia mais perfeita traduz-se em obra de Beleza. O
2º Vigilante é o esteta da Loja, porque ele ensina a bem trabalhar, a
construir solidamente sob todos os aspectos; ele sabe que, mesmo
materialmente, nada que não seja belo é durável: a admiração faz
respeitar a obra do puro artista. Este não aplica, aliás, toda sua Força
senão a serviço da Beleza que entusiasma. Trabalhando com amor, ele
não atenta para suas penas, que retornam em prazer. Uma deusa o
inspira, encorajando e recompensando seus esforços. Essa foi, para os
construtores cristãos da Idade Média, a Virgem Celeste, personificação da
pura idealidade, Rainha de Beleza, diante da qual eles se prosternavam
como que perante a suserana da Arte. Nossa Senhora tornou-se seu título
de glória, título que nenhum Iniciado contemporâneo renega, consciente do
significado profundo do ternário: Sabedoria, Força e Beleza. Sobre esse trinômio baseia-se uma religião discreta, anterior às
idolatrias que seduzem as massas. Ela não se formula em dogmas, mas
cada um pode a ela converter-se, escutando falar em si mesmo seu
próprio espírito. É a Religião dos Iniciados, da qual a Loja é o santuário
mudo. As Luzes grandes e pequenas aí esclarecem aquele cuja visão
espiritual não está obstruída pela venda profana, mas, enquanto esta
venda não cai, as Luzes da Maçonaria brilham em vão nas trevas que as
obscurecem. É então que os Maçons que não souberam depositar seus
metais nem sofrer espiritualmente as provas erigem em Grande Luz da
Maçonaria o livro sagrado de uma religião recente, mostrando, dessa
sorte, um desconhecimento absoluto dos princípios fundamentais da Arte
Real. A Bíblia é respeitável, preciosa e digna de um estudo atento; mas é
em seu próprio coração que o Iniciado deve aprender a decifrar a palavra
sagrada, não em textos redigidos para a instrução das massas. Módulo Legislação 1 - A∴ M∴ Normas e Procedimentos para o Rito Escocês Antigo e
Aceito,de acordo com os Pareceres nos. 03-90/91 e 04-90/91, da
Grande Comissão de Liturgia,Aprovados pela Muito Respeitável
Grande Loja Maçônica do Estado do Rio Grande do Sul Introdução
Nossas “sessões práticas” realizam-se de acordo com a legislação e com o
Ritual. Na medida em que, desde 1992, existe um Decreto (no. 89) que define
normas e procedimentos aplicáveis ao R∴E∴A∴A∴, julgamos importante
que os AA∴MM∴ disponham desse material, especialmente porque não se
tem muita facilidade na obtenção do mesmo. O presente “Módulo
Legislação”, esperamos, será de grande utilidade na elucidação de dúvidas
que eventualmente ainda restem com relação à parte prática. Guarde-o bem.
Estude-o. Compare-o. Finalmente, analise nossos trabalhos e não hesite em
opinar, caso julgue que – a qualquer momento – ocorra alguma
inobservância.
Nossa maior esperança de um futuro promissor para as Oficinas está em
nossos Aprendizes. Impende que, desde já, tomem contato com a parte
legislativa de Nossa Instituição, pois só assim poderão estar seguros em sua
jornada rumo ao Segundo Grau.
Sumário
Sinal de Ordem
Sinal de Saudação
Da Movimentação
Dos Malhetes
Indumentária
Transmissão da Palavra Sagrada
Abertura do Livro da Lei
Circulação do S∴ de P∴ e I∴ e do T∴ de S∴
Entrada Ritualística em Loja Aberta
Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em Particular Cadeia de União
Decifração do Balaústre
Saco de Propostas e Informações
Bateria na Porta Interna do Templo
Anúncio do Tronco de Solidariedade
Anúncio da Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro
Anúncio do Encerramento dos Trabalhos (ver Ritual)
Sinal de Ordem
O sinal de ordem é obrigatório em L∴ aberta, até o momento do
encerramento. Entretanto, toda circulação dentro do Templo deverá ser
feita sem o sinal, posto que este só se completa com a colocação dos pés
em esquadria. Ora, caminhando, não há como se manter os pés “em
esquadria”, logo, a circulação em L∴ é incompatível com o sinal.
O sinal de ordem não pode ser desfeito sem a permissão do Venerável
Mestre. Exceto as Luzes, todos falarão de pé e à ordem. Os Irmãos que portarem instrumentos – sejam ferramentas, seja o Ritual,
bastão, etc. – não farão o sinal de ordem. Sinal de Saudação
O sinal de saudação deverá ser feito sempre que um Irmão entrar ou sair
do Oriente. Ao término dos trabalhos, porém, aqueles Irmãos que já se
encontravam no Oriente, não farão sinal e/ou reverência ao se retirarem. Não se fará o sinal de saudação quando sentado. Também os Irmãos que
portarem instrumentos não o realizarão. O sinal de saudação será feito às Luzes, após a entrada ritualística em
Loja aberta. Da Movimentação
Em movimentação, nenhum Irmão fará sinal de ordem. O Mestre de
Cerimônias e/ou os Diáconos, quando no desempenho de seus cargos,
portarão os bastões na mão direita, e não os descansarão no piso. O
Mestre de Cerimônias somente portará o bastão em ato ritualístico ou
quando em representação do Venerável Mestre, isto é, sempre que em
cumprimento a uma ordem deste, por exemplo, para conduzir um visitante
ao Oriente, para conduzir Irmãos que devam cobrir o Templo, etc.
No ato de transmissão da Palavra Sagrada, os Diáconos descansarão o
bastão no suporte apropriado.
Os Irmãos dispensados do sinal de ordem e de saudação entrarão no
Oriente pelo eixo do Templo e farão uma pequena parada, ficando eretos e
com os pés em esquadria, sem qualquer reverência.
Na formação da abóbada, os Diáconos seguram os bastões com ambas as
mãos.
Após a transmissão da Palavra Sagrada, os Diáconos colocam-se nos
vértices Norte e Sul do Altar dos Juramentos, voltados para o Oriente,
aguardando a chegada do oficiante, para o cruzamento dos bastões. A circulação em Loja aberta far-se-á sempre por dentro das Colunas e no
sentido horário, tanto no Ocidente como no Oriente.
Dos Malhetes
Os malhetes serão conduzidos pelas Luzes, ao entrarem ou
saírem do Templo. Se o Venerável Mestre se afastar do Trono,
depois de abertos os trabalhos, conduzirá o malhete consigo. Os
Vigilantes procederão da mesma forma. Não se faz sinal com o malhete. Executa-se com ele, entretanto, a
bateria dos graus, ou a bateria de atenção, diretamente no altar.
Os tímpanos somente podem ser usados nas sessões brancas
festivas.
Indumentária
O traje maçônico, para as sessões magnas, é o terno de cor preta,
com luvas brancas, camisa branca, gravata preta, sapatos de cor
preta. É permitido o traje a rigor, também na cor preta. Para as
sessões econômicas, é recomendado o traje escuro,
preferivelmente, de cor preta; nestas sessões, admite-se ainda o
balandrau talar, com calça e meias escuras e sapatos de cor preta.
Em Loja de Aprendizes, somente o Venerável Mestre usará
chapéu de abas moles e de cor preta.
Transmissão da Palavra Sagrada
A Palavra Sagrada será transmitida oralmente, de forma
sussurrada, boca a ouvido, em cada sessão ritualística, uma vez
na abertura e outra no encerramento dos trabalhos. No momento
adequado, o 1º Diácono, que se encontra de pé e à ordem,
desfazendo o sinal, apanhará o bastão com mão direita e iniciará a
caminhada, parando ereto no eixo da Loja. Em seguida, irá em
direção ao Trono pelo lado esquerdo do Venerável Mestre, subirá
os degraus, depositará o bastão no suporte apropriado, e fará o
sinal de saudação. Depois de correspondido, dará o T∴ de A∴.
Estando correto, o Venerável Mestre transmitirá a P∴ S∴, a
começar pelo ouvido e∴, pronunciando a primeira letra que deverá
ser respondida com a segunda pelo 1º Diácono, no mesmo ouvido
e∴. Ambos, alternadamente, e trocando de ouvido, completarão a
P∴ S∴, sendo dada a terceira letra pelo Venerável Mestre, e a
quarta letra pelo 1º Diácono, retornando ao ouvido e∴. O
Venerável Mestre dará a primeira sílaba e o 1º Diácono a segunda. Recebida a P.’.S.’., o 1º Diácono, após saudar o Venerável Mestre,
retornará ao giro em direção ao Ocidente, mantendo o movimento
no sentido horário. No ocidente, circulará por dentro das Colunas,
indo até o altar do 1º Vigilante pelo lado esquerdo. Subirá os
degraus, depositará o bastão no suporte adequado, fará o sinal de
saudação ao 1.º Vigilante. Este último dará o toque, pedindo a
palavra sagrada, seguindo procedimento semelhante ao
desenvolvido pelo Venerável Mestre. Após a transmissão ao 1º
Vigilante, o 1º Diácono o saudará, prosseguirá a caminhada,
fazendo o giro por dentro das Colunas, e indo postar-se no vértice
Norte do Altar dos Juramentos.
Imediatamente após, o 2º Diácono, que está de pé e à ordem,
desfazendo o sinal, apanhará o bastão com a mão direita, e irá ao
Altar do 1º Vigilante pelo lado esquerdo, subindo os degraus e
depositando o bastão no suporte apropriado. Pedirá então a P.'.
S.’. através do t..’.. Recebida esta, após a saudação ao 1º
Vigilante, retomará o giro por dentro das Colunas, indo até o altar
do 2º Vigilante. Este lhe dará o toque, pedindo a P∴ S∴ com
procedimento semelhante ao desenvolvido com 1º Vigilante e o
Venerável Mestre. Cumprida a formalidade, o 2º Diácono saudará
o 2º Vigilante, retomará o giro, e postar-se-á no vértice Sul do Altar
dos Juramentos. Os Diáconos permanecerão junto ao Altar dos
Juramentos, segurando os bastões com a mão direita, até o
momento de os cruzarem na cerimônia de abertura e cerramento
do L∴da L∴, quando o segurarão com ambas as mãos. Os
bastões serão descruzados logo após a proclamação da abertura
e do encerramento da Loja.
Abertura do Livro da Lei
Será oficiante o ex-Venerável Mestre presente, dando-se
preferência ao mais moderno. Na falta de um destes, o 1º
Experto. O Mestre de Cerimônias dirigir-se-á ao oficiante e fará o
convite com uma batida do bastão no piso. O oficiante fará o sinal
de saudação, e empreenderá a caminhada rumo ao Ocidente,
circulando no sentido horário. Na face ocidental do Altar dos
Juramentos, ficará entre os Diáconos e fará a saudação. Neste
momento, os Diáconos cruzarão os bastões. O L∴da L∴ será
aberto na página que contém o versículo a ser decifrado – Salmo
133 (1,2,3). O oficiante colocará o C∴ aberto em 60 graus sobre o
L∴ da L∴ com a abertura voltada para o Ocidente e sobre este o
E∴, de modo a sobrepor as hastes do compasso. Fará o sinal de
saudação e colocar-se-á à ordem. Os Diáconos descruzarão os
bastões logo após a proclamação da abertura. Após a saudação
pelo sinal e pela aclamação, o oficiante retorna ao seu lugar,
seguido pelo Mestre de Cerimônias. A seguir, os Diáconos
também voltarão aos seus lugares e, de passagem, o 1º Diácono
abrirá o painel da Loja. (As velas já foram acesas antes de os
Irmãos adentrarem ao Templo).
Circulação do Saco de Propostas e Informações
e do Tronco de Solidariedade
Após o anúncio, o Venerável Mestre determinará que o Mestre de
Cerimônias ou o Hospitaleiro cumpra com seu dever. Assim, o
Irmão por-se-á à ordem, desfará o sinal, apanhará o S∴P∴I∴ ou
o T∴S∴ com a mão direita e postar-se-á entre Colunas. Com o
corpo ereto, pés em esquadria, segurará o saco coletor com
ambas as mãos sobre o quadril esquerdo e iniciará sua marcha. Subirá ao Oriente pelo lado esquerdo do eixo da Loja e aproximarse-á do Trono pelo lado esquerdo do Venerável Mestre. Primeiramente, faz as Luzes – Venerável e Vigilantes. Depois, o lado esquerdo do eixo, no Oriente: todos, e, o lado
direito do eixo: todos. Ocidente: na Coluna do Sul, todos os Mestres Maçons, incluindose o Cobridor e o Guarda do Templo; na Coluna do Norte, todos os
Mestres Maçons. Companheiros Maçons. Por fim, os Aprendizes Maçons. Feita a coleta, postar-se-á entre Colunas, fechará o saco coletor,
segurando-o com a mão direita e aguardará ordens. Após o anúncio de praxe, entregará o S∴P∴I∴ ao Venerável
Mestre que convidará os Irmãos Orador e Secretário para
assistirem a conferência. Ambos saem dos seus lugares,
aproximam-se do Trono do Venerável Mestre, pondo-se à ordem.
Feita a verificação, o Venerável Mestre anunciará o número de
Colunas Gravadas recebidas, as quais serão decifradas na Ordem
do Dia. Em seguida os Irmãos retornam aos seus lugares. No
caso do Tronco de Solidariedade, o procedimento do Irmão
Hospitaleiro é idêntico, observando, porém, que, após receber as
ordens, levará o tronco ao Irmão Tesoureiro. Este, após a
conferência, comunicará ao Venerável Mestre que “foi arrecadada
a medalha cunhada de ...” e este anunciará à Loja o resultado. Entrada Ritualística em Loja Aberta Após as formalidades de reconhecimento, o Cobridor permitirá a
bateria do grau pelo visitante, na porta do Templo. O Guarda do
Templo responderá, dando uma pancada com o punho da espada,
para que aguarde, e fará a comunicação ao 1º Vigilante, no
momento adequado: “Irmão 1º Vigilante, batem regularmente à
porta do Templo”.
Concluídas as formalidades, e permitido o ingresso, o Irmão
entrará com o pé esquerdo, sem o sinal, e esperará junto à porta o
seu fechamento. Simultaneamente, o Mestre de Cerimônias
dirigir-se-á, com o bastão, para recebê-lo. O recém chegado porse-á à ordem sobre o eixo da Loja, e efetuará a marcha do A.∋.M.∋.
- t.∋. passos iniciados com o pé e.∋. e completados com o pé d.∋.,
até formar a E.∋.. Saudará o Venerável Mestre pelo sinal de
saudação, repetindo-o para o 1º Vigilante, girando a cabeça na
sua direção. Da mesma maneira, dirigir-se-á ao 2º Vigilante.
Permanecerá à ordem, devendo ser trolhado, se as circunstâncias
assim o exigirem. Ultrapassada esta etapa, solicitará um lugar em
Loja, aguardando as determinações do Venerável Mestre, o qual,
dando boas-vindas ao visitante, determinará a este que grave seu
“ne varietur” na T.’. da L.’. e que ocupe o lugar que o Mestre de
Cerimônias lhe indicar. Se o visitante for Aprendiz ou Companheiro, o Mestre de
Cerimônias, através de uma batida com o bastão no piso, o
convidará para acompanhá-lo, dirigindo-se até o altar do
Chanceler, para gravação do “ne varietur” na T.’. da L.’.,
conduzindo-o, a seguir, ao lugar estabelecido. Tratando-se de
visitante Mestre Maçom, o procedimento é o mesmo, porém, neste
caso, fará o acompanhamento o Mestre de Cerimônias, postandose atrás do visitante. Tratando-se de Mestre Instalado, após as
formalidades, será acompanhado, pelo Mestre de Cerimônias,
direto ao Oriente, gravando depois seu “ne varietur”.
Palavra a Bem da Ordem em Geral e do Quadro em
Particular
Nesta fase do Ritual, franqueia-se a palavra a todos os Obreiros,
para usarem-na livremente e sem apartes. Qualquer Irmão dela
pode fazer uso e pronunciar-se sobre o assunto que lhe aprouver.
Há, todavia, limites, quais sejam, os impostos pela ética e pela
retórica maçônica. Nenhum Irmão falará por seu cargo, mas por si próprio. Não cabe,
pois, a palavra de ofício, mas de ordinário, uma vez que os
assuntos administrativos foram dados por esgotados na Ordem do
Dia. Anúncio
O Venerável Mestre anunciará que a palavra será concedida a
bem da Ordem em Geral e do Quadro em particular, a quem dela
queira fazer uso, iniciando-se pala Coluna do Sul. Os Irmãos
Vigilantes não repetirão o anúncio. Palavra nas Colunas e no Oriente
Ordenadamente, a palavra é distribuída por toda a Loja. Os
Obreiros pedem a palavra, dirigindo-se ao Vigilante de sua Coluna,
que possui a competência de distribuí-la, dispensada a autorização
do Venerável Mestre. O último a falar na Coluna é o Vigilante,
mesmo que seja tão somente para anunciar que reina o silêncio. Após o pronunciamento do 2º Vigilante, a palavra sai da Coluna do
Sul e vai para o 1º Vigilante. Na Coluna do Norte são observadas
as mesmas praxes. Uma vez anunciado que reina o silêncio em
ambas as Colunas, a palavra só poderá retornar a elas por graça
do Venerável Mestre e sempre através dos Vigilantes. No Or.’., a
palavra está sob o controle do Venerável Mestre. Os procedimentos técnicos formais são os seguintes: o Obreiro
solicita a palavra pelo sinal do costume, batendo com a palma da
mão d.∋. sobre o dorso da mão e.’., erguendo, em seguida, a mão
d.’.. O Vigilante autoriza ou não. Autorizado, o Irmão se põe à
ordem, dirige-se ao Venerável Mestre, aos Vigilantes, às
autoridades e aos demais Irmãos, para, só então, dizer sua
mensagem. Se presente o Grão-Mestre e/ou o Deputado, ou,
ainda, o seu representante designado, este(s) será(ão) sempre
saudado(s) em primeiro lugar. Palavra do Orador
É dado ao Orador o direito de pronunciar-se pessoalmente,
independentemente de suas funções. Para tanto, ele faz uso da
palavra ordinariamente, quando esta circular pelo Or.’., sempre
antes da palavra final do Venerável Mestre. Palavra do Orador para as Conclusões
A palavra do Orador, nesta fase, não é livre. Faz pronunciamento
por força do cargo. Compete-lhe, então, somente fazer as
saudações e proferir suas conclusões sobre o andamento da
sessão à Luz das Leis, Regulamentos, Usos e Costumes
Maçônicos. Em caso de presença de visitantes ou de fato digno
de encômios, cabe ao Orador fazer as saudações de praxe. Como o Orador fala por toda a Loja, os demais Irmãos devem se
abster de tais pronunciamentos, para evitar a retórica redundante.
As conclusões do Orador são emitidas como uma análise
minuciosa sobre o curso dos trabalhos, atendo-se aos aspectos
litúrgicos e legais, sem colocação de opinião pessoal. Palavra do Venerável Mestre
O último a usar a palavra é o Venerável Mestre, em resposta a
todos os pronunciamentos até então proferidos. Sua palavra é,
invariavelmente, curta e objetiva, embora considerando todas as
que lhe precederam, e é dirigida à Oficina em Geral. Cadeia de União
A Cadeia de União deverá ser formada após o encerramento dos
trabalhos. Depois da bateria e da aclamação, todos retornam a
seus lugares e o Venerável Mestre convoca os Irmãos do quadro
para formação da Cadeia de União. Estes se reunirão no
Ocidente. O Venerável Mestre coloca-se também no Ocidente,
próximo ao A∴ dos Jjur∴. O Secretário à sua esquerda e o
Orador à sua direita. O M∴ de Ccer∴ à frente do Venerável
Mestre, tendo, ao lado esquerdo, o 1º Vigilante, e ao direito o 2º
Vigilante. Os demais Irmãos dispostos lado a lado em círculo,
unindo-se sem distribuição específica. Os Aprendizes ficarão
intercalados entre os Mestres. Pés em esquadria, de maneira que
suas pontas toquem às dos Irmãos que estiverem a seu lado, até
formarem um círculo. Braços cruzados, o d∴ sobre o e∴, mãos
unidas às dos Irmãos. O Venerável Mestre verificará se todos os
elos da Cadeia de União estão ligados. Iniciará a transmissão da
palavra semestral, sussurrando-a por inteiro ao ouvido do Sec∴;
este repetirá ao ouvido do Irmão que lhe estiver ao lado, devendo
chegar até ao Orador, que a transmitirá ao Venerável Mestre. Se
a palavra semestral foi corretamente transmitida, o Venerável
Mestre dirá: “A palavra chegou certa”.E todos os Irmãos levantarão
e abaixarão os braços e as mãos, unidos, por três vezes, dizendo
em coro, a cada movimento: S∴ F∴ U∴. Em seguida, os Irmãos
soltarão as mãos, estenderão o braço d∴ com a mão espalmada
para baixo e dirão: Segredo. Decifração do Balaústre
Feita a decifração do balaústre pelo Irmão Secretário, o Venerável
Mestre dirá: “Meus Irmãos, se tendes alguma observação a fazer a
respeito do balaústre que acaba de ser decifrado, a palavra vos
será concedida, a partir da Col∴ do S∴”, (dispensada a repetição
pelos Irmãos Vigilantes).
Irmão 2º Vigilante: “Podeis usar da palavra, Ir∴ Fulano de Tal”. (Se
tiver cargo ou estiver ocupando cargo, enunciá-lo).
Irmão 2º Vigilante: “Reina silêncio na Col∴ do S∴, Ir∴ 1º Vig∴”.
Ir∴ 1º Vig∴: “A palavra está na Col∴ do N∴” Se alguém solicitar a
palavra: “Podeis usar da palavra, Ir∴ Fulano de Tal”.(Se tiver
cargo ou estiver ocupando um cargo, enunciá-lo.) Depois:
“Venerável Mestre, reina silêncio em ambas as Colunas”.
Venerável Mestre (sem qualquer anúncio): “A palavra está no
Or∴“.Depois de usarem a palavra os que a solicitaram diretamente
ao Venerável Mestre, este anunciará: ”Os Irmãos que aprovam o
balaústre que acaba de ser decifrado (caso tenha havido
observações, acrescentará: com as observações do(s) Irmão(s)
Fulano de Tal) queiram fazer o sinal.”
Mestre de Cerimônias: “Aprovado por unanimidade (ou por
maioria)”.
Sempre que houver voto contrário ou abstenção, deve constar do
balaústre. Saco de Propostas e Informações
Será conduzido pelo Mestre de Cerimônias sem observância de
sinal. O Venerável Mestre anunciará diretamente que o S∴ P∴ I∴
circulará, dispensada a repetição do anúncio pelos Vigilantes. Venerável Mestre: “Ir∴ M∴ de Ccer∴, cumpri vosso dever”.— Ver
“giro do Saco de Propostas e Informações”.
Ir∴ 2º Vig∴: “Ir∴ 1º Vig∴, o Ir∴ M∴ de Ccer∴, após o giro
ritualístico com o S∴ P∴ I∴, encontra-se entre Ccol∴ e aguarda
ordens”.
Ir∴ 1º Vig∴: “Venerável Mestre, o Ir∴ M∴ de Ccer∴, após o giro
ritualístico com o S∴ P∴ I∴, encontra-se entre Ccol∴ e aguarda
ordens”.
Venerável Mestre: “Ir∴ M∴ de Ccer∴, aproximai-vos do Trono.
Convido os Irmãos G∴ da L∴ e Sec∴ para assistirem a
conferência”.
Bateria na Porta Interna do Templo
Guarda do Templo: “Ir∴ 1º Vig∴, batem regularmente à porta do
Templo”.
Ir∴ 1º Vig∴: “Venerável Mestre, como A∴M∴ batem à porta do
Templo”.
Venerável Mestre: “Ir∴ 1º Vig∴, mandai verificar quem assim
bate”.
Ir∴ 1º Vig∴: “Ir∴ G∴ do T∴, verificai quem assim bate”.
O Guarda do Templo entreabre a porta, o suficiente para verificar
quem seja, e anuncia de quem se trata.
Ir∴ 1º Vig∴ repassa a informação ao Venerável Mestre.
Venerável Mestre: autoriza ou não a entrada.
A entrada, em regra, deve ser com formalidades, exceto em
situações especiais.
Anúncio do Tronco de Solidariedade
O Tronco de Solidariedade deve ser conduzido pelo Irmão
Hospitaleiro, sem observância de sinal. Venerável Mestre, como no S∴P∴I∴, diz: “Ir∴ Hospitaleiro,
cumpri vosso dever”. (Ver giro do T∴S∴.).
Ir∴ 2º Vig∴: “Ir∴ 1º Vig∴, o Ir∴ Hospitaleiro, após o giro
ritualístico com o T∴S∴, encontra-se entre Ccol∴ e aguarda
ordens”.
Ir∴ 1º Vig∴: “Venerável Mestre, o Ir∴ Hospitaleiro encontra-se
entre Ccol∴ e aguarda ordens”.
Venerável Mestre: “Ir∴ Hospitaleiro, conduzi o T∴S∴ ao Ir∴ Tes∴
e auxiliai-o na conferência”.
Anúncio da Palavra a Bem da Ordem em Geral e do
Quadro em Particular
O Venerável Mestre anunciará diretamente. Ir∴ 2º Vig∴: “Podeis usar da palavra, Ir∴(se estiver ocupando
cargo, enunciá-lo)”.
Depois: “Ir∴ 1º Vig∴, reina silêncio na Col∴ do S∴“.
Ir∴ 1º Vig∴: “Podeis usar da palavra, Ir∴(se estiver ocupando
cargo, enunciá-lo)”. Depois: “Venerável Mestre, reina silêncio em ambas as Ccol∴“.
Venerável Mestre: “A palavra está no Or.’.”.
Anúncio do Encerramento dos Trabalhos
Ver Ritual. Teste seus Conhecimentos
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( ) Como se chamam, em Maçonaria, as atas onde são
consignados os acontecimentos ocorridos numa sessão? ( ) Você sabe que uma Loja Maçônica tem, de próprio,
valores em dinheiro. De que modo nos referimos a esses
valores, fazendo uso de uma expressão tipicamente
maçônica? ( ) Uma Loja maçônica tem sacos. Qual o nome que se dá
àquele onde se colocam os metais? ( ) E o outro, como se chama? ( ) Qual a expressão maçônica que designa o cargo do
obreiro que faz circular o Tronco de Solidariedade? ( ) E no caso do Saco de Propostas e Informações, quem o
faz circular em Loja? ( ) Você já sabe que os metais são colocados no Tronco de
Solidariedade, agora responda que nome se dá àquilo que é
colhido pelo Saco de Propostas e Informações? ( ) As Lojas Maçônicas entre si, bem como as Potências
Maçônicas reciprocamente entre elas e as jurisdicionadas,
mantém comunicação escrita.
Em Maçonaria, como se
chamam esses ofícios ou essas correspondências? (
)
Que nome se dá à veste talar preta usada
exclusivamente em Loja? ( ) Você já sabe o que significam as letras J e B que
aparecem nas colunas da entrada do Templo? ( ) Na capa de alguns Rituais, aparece a expressão:
MM∴AA∴LL∴ & AA∴ Você sabe quem são os “MALAS”? ( ) O que se transmite na Cadeia de União? ( ) Se você olhar para o alto de um Templo Maçônico, o que
verá? ( ) E olhando para baixo? ( ) Que vindes fazer aqui? ( ) Você já sabe a sua idade? ( ) Você sabe onde fica, num Templo Maçônico, a Pedra
Bruta? ( ) Em que Salmo é aberto o Livro da Lei numa Loja de A∴
M∴? ( ) Sois Maçom? 20. ( ) Durante a sessão, o Livro da Lei permanece aberto, tendo
sobre ele dois instrumentos. Quais são? 21. ( ) Na pergunta anterior você demonstrou saber quais são
os instrumentos sobre o Livro da Lei. Ambos têm uma forma
correta de colocação. Você sabe em quantos graus deve estar
aberto o compasso? Então, que horas são? 22. ( ) Que trazeis? 23. ( ) O que os Diáconos pedem e transmitem? 24. ( ) Os maçons se reconhecem através de SS∴ TT∴ PP∴.
O que é isto? 25. ( ) Quando alguém quebra um juramento, diz-se que ele é
um ... 26. ( ) Como se chama o ato de perjurar? 27. ( ) Você já sabe onde está a Orla Dentada? 28. ( ) Que se faz em vossa Loja? 29. ( ) Você encontrará, em correspondências maçônicas, as
abreviaturas S∴F∴U∴. Você já sabe o que elas significam? 30. ( ) Uma Loja Maçônica apoia-se sobre três pilares. Eles são:
a Sabedoria, a Força e a .......... 31. ( ) O Venerável Mestre representa a ............. 32. ( ) O 1º Vigilante representa a .............. 33. ( ) A Beleza é representada pelo............... 34. ( ) Nada mais trazeis? 35. ( ) No átrio, quando nos preparamos para adentrar ao
Templo antes de uma sessão, formamos uma fila. Em
Maçonaria, que nome se dá a esta fila? 36. ( ) Quem é o último a usar da palavra antes do encerramento
da sessão? 37. ( ) Que nome se dá ao cargo do Irmão que decifra os
Balaústres? 38. ( ) Você está seguro de que sabe entrar ritualisticamente em
Loja? 39. ( ) Você sabe pedir a palavra em Loja? 40. ( ) Você está em condições de se submeter a um
trolhamento? 41. ( ) Que instrumentos segura o Aprendiz? 42. ( ) Em Maçonaria, que nome têm as pessoas não iniciadas? 43. ( ) Quem comanda a Coluna do Sul? 44. ( ) Quem comanda a Coluna da Força? 45. ( ) Você já observou qual a jóia do Venerável Mestre? Qual é
ela? 46. ( ) Se um Irmão lhe perguntar: Tudo justo e perfeito? O que
o Maçom deve responder? 47.
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( ) Em Maçonaria não fazemos proselitismo de nenhuma
religião e é por isso que nos referimos ao Ser Supremo como
o ................ ( ) Quando, numa Coluna, ninguém se manifesta para fazer
uso da palavra, dizemos que........... ( ) Você já sabe onde fica a Sala dos Passos Perdidos? ( ) ‘Ne-Varietur’ é uma expressão latina que significa............. ( ) Quando você comparece às sessões, onde grava o seu
Ne-Varietur? ( ) Qual é o Rito desta Loja? ( ) Você conhece outros Ritos? ( ) Qual a jóia do 1º Vigilante? ( ) Qual a jóia do responsável pela Coluna da Beleza? ( ) O que se torna preciso para a abertura dos trabalhos? ( ) Quando o Venerável Mestre declara aberta a Loja de
Aprendizes Maçons, declara também que os trabalhos estão
em plena ............ e ............... ( ) Pelo Ritual, a que horas se iniciam e se encerram nossos
trabalhos? Para cada pergunta que você acertou, conte 1
ponto. Se você fez menos de 30 pontos, francamente, deve ser
iniciado de novo ou não compareceu às nossas sessões. Se você
fez entre 31 e 48 pontos, seja mais atento ao que se passa a sua
volta. Se você ficou entre 49 e 58 pontos, parabéns. Você é
atento!
Primeira Instrução
do Grau de Aprendiz Maçom
O
trabalho
do
A∴M∴consiste
em
desbastar
a
_____________________
_________________,
isto
é,
desvencilhar-se dos defeitos e paixões e poder concorrer para com
a construção moral da humanidade. Pela fé e pelo esforço
transforma a __________ ______________ em _____________
______________, apta à construção do edifício, quando poderá
descansar o maço e o cinzel para empunhar outros utensílios,
subindo a escada da hierarquia maçônica. A Forma da Loja é de um _______________________; seu
comprimento é do Oriente ao __________________; sua largura
do ____________ ao Sul; sua profundidade, da superfície ao
_______________ da __________ ; e sua altura, da terra ao
___________ . Esta vasta extensão simboliza a universalidade de
nossa Instituição.
Sustentam a Loja três grandes colunas denominadas
________________, ______________ e ________________ . A
Sabedoria deve nos orientar no caminho da vida; a
________________, nos animar e nos sustentar em todas as
dificuldades e a __________________, adornar todas as nossas
ações, nosso caráter e espírito. Estas Colunas representam ainda,
três personagens: Salomão, pela sabedoria em construir e dedicar
o Templo de Jerusalém ao serviço de Deus; Hiram, Rei de Tiro,
pela força que deu aos trabalhos do Templo, fornecendo homens e
materiais e Hiram Abiff, por seu primoroso trabalho em dar Beleza
à obra. Nesse compasso, emprestam-se, ainda, às Colunas, três
ordens de arquitetura: a _______________ para representar a
sabedoria; a ___________________, significando a força
___________________ simbolizando a Beleza.
e a
O
teto
das
Lojas
Maçônicas
representa
a
________________________
__________________________,
isto é o Céu, o infinito.
O caminho para atingir-se esta
______________________
_____________________
é
representado pela _____________ de _________________,
existente no Painel da Loja, e composta de muitos degraus, cada
um deles representando uma das virtudes exigidas ao Maçom para
a busca da perfeição moral. Em sua base, centro e topo
destacam-se três símbolos: _____, ___________________ e
______________, virtudes morais que devem ornar o espírito de
qualquer ser humano, principalmente do Maçom, que não se
esquecerá jamais de depositar fé no G∴ A∴ D∴ U∴, esperança
no aperfeiçoamento moral, e caridade para com seus
semelhantes.
A ______ é a sabedoria do espírito; a
_____________________ é a força do espírito, amparando-o e
animando-o nas dificuldades encontradas no caminho da vida, e a
_______________________ é a beleza que adorna o espírito e o
coração bem formados.
O interior de uma
Paramentos e Jóias.
Loja
Maçônica
contém
Ornamentos,
Os Ornamentos são o __________________ _______________
a
________________
__________________
e
a
_______________ _________________ .
O ___________________ __________________ , com seus
losangos
brancos
e
pretos
é
um
dos
três
_____________________ citados acima, e nos ensina que a
diversidade das raças e o antagonismo de toda a ordem de
crenças e convicções são apenas aparentes, pois toda a
Humanidade foi criada para conviver na mais perfeita harmonia e
na mais íntima fraternidade.
A _______________ ________________, outro dos três
Ornamentos da Loja, representa a Luz da Loja. Simboliza o Sol e
nos ensina a virtude da caridade, a prática do bem, não só num
círculo restrito de amigos e afeiçoados, mas de todos aqueles que
necessitam, até onde nossa caridade possa alcançar.
A _____________ ___________________ representa com seus
múltiplos dentes os maçons unidos e reunidos no seio da Loja.
Assim, os ____________________da Loja são três: o
_________________ de ___________________ pretos e brancos
unidos
pelo
mesmo
cimento,
a
_____________
____________________
e
a
______________
________________.
Temos agora os Paramentos que são três: o ________ da
_________, o __________________ e o _________________,
mas três vistos como um, podendo-se falar no “Paramento da
Loja”, também no singular.
O ____________ da _______ representa o código moral que cada
um respeita e segue.
O __________________ e o
_________________,, que só se mostram unidos em Loja,
representam a medida justa que deve presidir todas as nossas
ações, sem jamais se afastar da retidão.
As pontas do
__________________ocultas sob o esquadro significam que o
Aprendiz, trabalhando somente na Pedra Bruta, não pode fazer
uso daquele, enquanto sua obra não estiver perfeitamente
acabada, polida e esquadrejada.
Assim, pois, o Paramento da Loja, constitui-se, pode-se dizer no
________
da
______,
sobre
o
qual
se
põe
o
__________________ e o __________________, este último com
suas postas ocultas sob o primeiro.
Finalmente, as Jóias da Loja, que são três ___________ e três
_________.
As Jóias móveis, em número de ________ , são o
____________________ o ____________ e o ____________,
chamados móveis porque são, a cada ano, transferidos ao
Venerável
e
Vigilantes.
As
Jóias
fixas
são
a
_____________________ da _______________, a ___________
_____________ e a _____________
______________.
A__________________ da __________ é a jóia fixa que serve
para o Mestre traçar e desenhar, guiando os Aprendizes no
caminho do aperfeiçoamento; a ____________ _____________
serve para nela trabalharem os Aprendizes, marcando-a e
desbastando-a, até que seja julgada polida pelos Mestres da Loja.
A ___________ _________________ ou cúbica é o material
perfeitamente trabalhado em linhas e ângulos retos, que só podem
ser verificados e experimentados pelo Compasso e pelo Esquadro,
de acordo com as exigências da Arte Real. Chamam-se fixas
estas Jóias, porque permanecem imóveis na Loja.
Em
toda
Loja
Maçônica
_________________,
____________________ e _____________________ existe um
ponto dentro de um círculo que o verdadeiro Maçom não deve
transpor. Este círculo é limitado ao Norte e ao Sul por duas linhas
paralelas, uma representando Moisés e a outra o Rei
_______________ .Na parte superior deste círculo fica o
___________ da _______, que suporta a ______________ de
__________, cujo cimo toca o Céu.
Por último, pendentes dos cantos da Loja, vemos quatro
_____________, colocadas em seus pontos extremos, para nos
lembrar as quatro virtudes cardeais: ___________________ ,
__________________
,
________________
e
_________________.
A Restituição dos Metais
O falso brilho das coisas não o ofusca mais; ele aprecia, com seu justo valor,
o saber profano, sem partilhar das ilusões daqueles que acreditam que a
verdade se deixa aprisionar em fórmulas verbais.
Quando o neófito recebeu no Oriente a instrução de seu grau, ele vai
ao Ocidente para fazer-se reconhecer pelos dois Vigilantes. Desde que
estes se declarem satisfeitos com seu exame, retêm o novo Aprendiz entre
as duas Colunas, enquanto o Venerável Mestre da Loja proclama
solenemente que esta foi enriquecida com um novo membro a quem todos
os Maçons do mundo devem fraternalmente ajuda e proteção.
Reconhecido doravante por todos os Irmãos, o Iniciado, definitivamente
admitido, é levado ao lugar que a tradição lhe reserva. É o ângulo NorteLeste da Loja, local da primeira pedra colocada quando da inauguração de
uma construção nova. Cada um, em Maçonaria, sendo chamado a
construir o templo de suas convicções pessoais, o neófito torna-se a
primeira pedra de sua própria construção intelectual e moral.
Ele vai construir livremente, segundo as regras da experiência
arquitetural e empregando todos os materiais cuja solidez será garantida.
Como as provas da Aprendizagem ensinam a discernir aquilo que possui
um valor construtivo, o Aprendiz pode entrar na posse dos metais de que
soube se despojar para ser admitido à iniciação. O falso brilho das coisas
não o ofusca mais; ele aprecia, com seu justo valor, o saber profano, sem
partilhar das ilusões daqueles que acreditam que a verdade se deixa
aprisionar em fórmulas verbais.
O Iniciado aplica-se se instruir de tudo aquilo que se lhe ensina; ele
não desdenha nenhuma noção relacionada ao mistério das coisas; mas, se
ele compreende bem a Arte, considerará o conhecimento como subjetivo,
pois este procede do visionarismo mental daquele que, no interior de si
mesmo, sabe ver a Luz.
Essa visão faz descobrir uma clareza comum a todos os seres
pensantes. Luz esclarecedora, originalmente, de todo homem que vem a
este mundo. A Matéria Primeira dos Sábios faz alusão a essa claridade
difusa em todos os lugares, mas que percebem unicamente os filósofos
herméticos. Quem trabalha sobre essa Matéria empreende a Obra
corretamente e pode, — se não cometer nenhuma falta, — atingir o ideal
da Pedra perfeita.
Isso significa que, trabalhando sempre sobre si mesmo, o adepto
deve remontar até a fonte primordial de sua própria atividade; se ele não
chegar a conhecer-se em sua intimidade mais profunda, não perceberá
jamais a Verdadeira Luz prometida aos Iniciados.
Os Franco-Maçons atuais discernem do que se trata? Eles
depositam em geral seus metais sem ver nisso malícia, depois, retomamnos com a mesma candura, após terem visto materialmente uma luz que
não os esclarece “em espírito e em verdade”. Tudo, em Iniciação,
depende, todavia, daquilo que nós chegamos a ver interiormente. As
provas não têm outro objetivo senão que o de nos colocar em estado de
ver a Luz: elas são muito sérias, a despeito do divertimento ao qual dão
lugar, muito freqüentemente, as iniciações cerimoniais. Não são trotes, a
não ser para iniciadores ignorantes que profanam as coisas santas; em
Iniciação real, os ritos prescrevem operações nas quais o adepto é, ao
mesmo tempo, o sujeito e o objeto, o agente e o paciente, porque, —
Maçom chamado a talhar a Pedra, — ele trabalha sobre si mesmo, sendo
a Pedra viva que se talha ela própria.
Mas o que opera em nós é Espírito, ou seja, Luz, e é a Luz operante
que somos chamados a descobrir em nós; para aí chegar, é-nos
necessário depositar nossos metais, morrer para as ilusões profanas e
completar nossa purificação mental.
É exigir muito de um candidato a Franco-Maçom, homem de boavontade, sincero em seu desejo do bem, mas incapaz de iniciar-se nos
mistérios efetivos da Arte Real. Não se deve, pois, reprovar à FrancoMaçonaria colocar-se ao alcance do grande número. Ao iniciar em seus
símbolos, ela mantém suas obrigações em relação aos iniciáveis que irão
procurar, pedir e bater, de forma a encontrar quem lhes responda e quem
se lhes abra, finalmente, a porta do santuário da Verdade. Outros não
aprenderão a ritmar os três golpes misteriosos senão para obter o acesso
a uma Loja regular, em sua qualidade de Maçons reconhecidos regulares...
convencionalmente!
Iniciados apenas nas exterioridades, no lado sensível da FrancoMaçonaria, esses aderentes superficiais, — que são legião, — não vão
além da infância da Arte: eles se divertem com imagens cujo sentido não
percebem, mas estas imagens lhes pregam uma sabedoria à qual eles se
mostram dóceis. Habituam-se a manter-se bem em Loja e a desenvolver
seus bons sentimentos. Sem elevar-se até o ideal muito heróico da
Iniciação, tornam-se melhores em modestas proporções. Se a FrancoMaçonaria moderna melhora seus adeptos, tornando-os mais fraternos uns
em relação aos outros, sua obra é louvável, mesmo que, sobre cinco
milhões de membros ativos, ela não conte senão com uma ínfima corte de
Iniciados que realmente viram a Luz.
ESTUDO SOBRE O RITUALISMO INICIÁTICO DAS
CONFRATERNIDADES DE CONSTRUTORES
As palavras pronunciadas são enigmáticas, porque elas se relacionam ao
mistério. O profano as ouve, mas ele não tem ouvidos para entendê-las, da
mesma forma que não tem olhos para ver. Não são as cerimônias que têm o
poder de iniciar. Elas exercem, ao contrário, sua ação sobre o iniciável que
sofre a atração do mistério. Aquilo que houver visto e ouvido fará trabalhar
seu espírito. Ajudado pelos Iniciados, ele adivinhará o sentido dos símbolos
e o alcance dos ritos, iniciando-se por si mesmo progressivamente.
Predecessores imediatos dos franco-maçons atuais, os maçons
livres ingleses do século XVII pretenderam-se detentores de segredos de
uma extraordinária importância. Ao seu entender, o sábio rei Salomão
havia instruído os construtores do Templo de Jerusalém nos mistérios que
os talhadores de pedra transmitiram fielmente depois, sob o selo de uma
inviolável discrição. Daí as iniciações profissionais que, – asseguram eles,
– não versavam exclusivamente sobre a técnica material da arquitetura.
Tratavam-se, na realidade, de três vias secretas de muito anteriores
à época da realeza judaica, eis que contemporâneas às origens da arte de
construir. Nada parecia então possível ao homem sem a colaboração
exterior de misteriosos poderes invisíveis. Como tais forças interviessem
secretamente, convinha calar a seu respeito. Um pacto de silêncio ligouse a elas. A menor indiscrição quebrava o encanto: os deuses
abandonavam aquele que não soubesse manter segredo.
Trata-se, pois, de um segredo religioso que os construtores se
transmitiram, segredo que deixou de ser ortodoxo quando o cristianismo
triunfante não tolerou mais outro dogma que não o seu. Tornou-se então
prudente abrigar-se atrás de Salomão, para tornar menos suspeitas as
tradições arquiteturais cristianizadas. Estas constituíram mais tarde a Arte
Real, em lembrança dos filhos de David, termo que, no século XVIII,
tornou-se sinônimo de franco-maçonaria, tanto mais que os franco-maçons
modernos pretendem-se limitar a construir espiritualmente. Fazendo apelo
à legendária sabedoria do rei bíblico, ambicionam erigir o Templo Imaterial
da humanidade futura, instruída intelectualmente e tornada sábia em seu
vasto conjunto.
Semelhante obra ultrapassa a técnica arquitetural ordinária. Ela
comporta mistérios de ordem religiosa que são aqueles da verdadeira Arte
Real. Formando Iniciados, esta Arte forma Reis, ou seja, homens
subtraídos a toda dominação, logo, livres, soberanos mestres deles
mesmos. Para elevar-se a essa realeza iniciática, é preciso aprender a
pensar com independência, sem sofrer a tirania dos preconceitos reinantes
ou se deixando impor as idéias de outrem.
É indispensável, de outra parte, haver sacudido o jugo das paixões e
não agir, em todas as coisas, senão realmente, com soberana consciência
de sua responsabilidade.
Toda Alta Iniciação aplica-se à educação dos reis. A Alquimia Real
ensinava a transmutar o chumbo da natureza humana vulgar em ouro
iniciático, realizando a perfeição compatível com o caráter de cada
indivíduo. Os construtores mostram tal perfeição sob a imagem de uma
pedra que é talhada por si mesma na forma retangular, a fim de poder ser
incorporada ao grande edifício da humanidade, Templo Ideal, objetivo
supremo da Arte Real. Que os símbolos sejam tirados da antiga
metalurgia ou da arte de construir, o esoterismo permanece idêntico: um
mesmo programa é desenvolvido, qual seja, aquele da pura Iniciação.
E por que tal programa é ele mesmo um mistério? Sem dúvida,
porque ele não interessa senão àqueles que são chamados a segui-lo: os
iniciáveis. As coisas santas não devem ser profanadas. Elas tiram sua
força da compreensão dos iniciados, de onde a disciplina do segredo que
tem sido sempre observada.
Mas, se os iniciados têm o dever de se calarem diante dos profanos
que os não compreendem, não podem furtar-se de instruir os espíritos
abertos nas noções iniciáticas, de onde os escritos enigmáticos, limitandose a fazer alusão aos assuntos reservados.
Essas discretas revelações dos mistérios jamais puderam colocá-los
a nu, porque nenhum mistério real pode ser desvendado, eis que,
relacionando-se ao fundo último do pensamento, ele penetra além de toda
forma expressiva.
A verdade esconde-se no fundo de um poço.
Aprofundemo-nos, e poderemos percebê-la em sua casta nudez; ela não
será mais um mistério, porque supõe a deusa despojada de sua pele, de
suas carnes, nem mesmo subsistindo sob a forma de esqueleto: um ponto
matemático sem dimensões restará unicamente para a fixar o pensamento.
Nessas condições, o iniciável não saberia ser instruído diretamente.
Imagens lhes são mostradas, enquanto ele desempenha seu papel na
mise en scène das fases sucessivas da Iniciação.
As palavras
pronunciadas são enigmáticas, porque elas se relacionam ao mistério. O
profano as ouve, mas ele não tem ouvidos para entendê-las, da mesma
forma que não tem olhos para ver. Não são as cerimônias que têm o
poder de iniciar. Elas exercem, ao contrário, sua ação sobre o iniciável
que sofre a atração do mistério. Aquilo que houver visto e ouvido fará
trabalhar seu espírito. Ajudado pelos Iniciados, ele adivinhará o sentido
dos símbolos e o alcance dos ritos, iniciando-se por si mesmo
progressivamente.
Convidamos aqui o leitor a trabalhar iniciaticamente. Os materiais
que nós lhe oferecemos provêm do canteiro de obras da iniciação
ocidental, onde figuram blocos esculpidos há mais de cinco mil anos às
margens do Eufrates; o gênio grego aí deixou imperecíveis modelos, e
nossa desconhecida Idade Média aí se revela em toda sua glória. Mas o
iniciado inicia-se a si mesmo: assim o quer a inelutável lei da Arte Real.
A Serpente do Gênese
"É certo que, antes de pensar de uma maneira consciente, a humanidade
longamente sonha, a imaginação entra em atividade na frente da razão que
só desperta tardiamente. Tal faz justiça à lenda, quando nos mostra a
serpente seduzindo Eva, personificando as faculdades imaginativas, antes
de seduzir Adão, no qual dorme o futuro racional".
Quando crianças recitam fábulas, não são mais ingênuas frente à
linguagem que o fabulista emprestou aos animais; da ficção, elas não
retêm como verdadeiro senão a moral que daí se destaca. Por que
seríamos nós mais ingênuos que elas em presença do mito da queda de
nossos primeiros pais? Essa narrativa é fundamental para a doutrina cristã, pois a catástrofe
provocada pela serpente bíblica torna necessária a intervenção do
Salvador. Não há nada aí de muito verídico, para que se percebam as
alusões às quais se relacionam as imagens sagradas. Interpretemos primeiramente os símbolos, inspirando-nos naquilo
que eles sugerem mais espontaneamente. Considerado desse ponto de
vista, o casal adâmico personifica a humanidade primitiva, ainda animal, no
sentido de que ignora o uso do fogo e não sonha nem com vestir-se nem
com construir abrigos para si. Nossos primeiros pais nutriam-se de frutos
que não se davam ao trabalho de cultivar e, ainda que não fossem
macacos, viviam, ao menos, à maneira destes. Sua inteligência não
estava ainda desenvolvida; eram impulsivos e obedeciam ao instinto que
os guiava infalivelmente em tudo aquilo que tocasse à realização de suas
funções fisiológicas. Sem noção daquilo que lhes falta, eles viviam
satisfeitos de sua sorte, felizes e relativamente oniscientes, pois que um
infalível instinto os tornava lúcidos quanto à satisfação de suas
necessidades. Tal é o estado paradisíaco que beneficia a animalidade dócil
conforme à lei de sua espécie. Uma providência a protege, mas interditalhe aspirar o discernimento, porque o discernir é praticar ato de
autodomínio intelectual, é querer fiar-se de outra luz que não a do instinto.
Renunciar a deixar-se guiar passivamente por este último equivale a uma
insubordinação culpável aos olhos do gênio protetor da espécie animal,
logo, a um pecado contra as divindades agrestes, tais como o Pan
helênico o Enkitou babilônico. É importante insistir sobre esse ponto, porque, se a Bíblia
monoteísta está, às vezes, em contradição com ela mesma, é porque as
tradições que ela recolheu remontam freqüentemente a muito antigas
mitologias. O deus antropológico do paraíso que deita vistas à brisa da
noite é um antigo gênio tutelar confundido com o Ser Supremo. Não é
senão a esse título primitivo que sua atitude se explica, porque um criador
infinitamente sábio nos desconcertaria, se aquilo que se realizasse não
estivesse dentro de seus planos. planos. Como conceber que plantasse
uma árvore fatídica e se desse ao trabalho de dotar a serpente de sua sutil
sedução, sem contar com a queda? Apenas a mitologia comparada
esclarece o significado de certos textos que emolduram mal a teologia
judaica. Que um deus pagão preposto ao governo da animalidade se ofenda
com a emancipação humana, nada de mais escusável; mas respeitemos o
bastante a inteligência suprema, para não lhe atribuir sentimentos
mesquinhos. Não é ela que forma os atores do drama da eterna evolução
cujo espetáculo ela dirige? Entre esses atores figura a serpente que, longe de ser maldita por
nossos longínquos ancestrais, aparece-lhes, ao contrário, como digna de
veneração. Adornando as fontes que fazem jorrar a água vivificante do
seio da terra divinizada, os lígures estabeleceram uma analogia entre o
riacho serpeante através da pradaria e a serpente deslizando entre as
ervas, tanto fizeram eles do réptil animal sagrado diretamente relacionado
com a vida. Partindo de uma concepção idêntica, os gregos atribuíram
mais tarde à serpente, um poder curativo. Eles mantinham, nos templos
de Esculápio, ofídios cujo contado deveria curar os doentes. O Ouroboros,
a imensa serpente que morde a própria cauda, simbolizava, de outra parte,
a via geral, indestrutível, em seu eterno recomeço. Mas a serpente bíblica faz alusão ainda a outro aspecto do símbolo.
Se ela persuadiu Eva a provar do fruto proibido, é porque era da família da
serpente python, inspiradora das pitonisas. Essas adivinhadoras liam
naquilo que os ocultistas, a exemplo de Paracelso, chamavam de a luz
astral. É permitido comparar esse agente da iluminação imaginativa à
obscura claridade que emana das estrelas, mas mais vale figura-la como
um brilho fosforescente envolvendo o globo terrestre. Essa atmosfera de
difusa luminosidade influencia as imaginações receptivas que se
comportam, em relação a ela, como um meio refringente condensador.
Assim se explica a iluminação dos videntes que favorece a
impressionabilidade passiva dos contemplativos abandonados ao sonho
desperto. É certo que, antes de pensar de uma maneira consciente, a
humanidade longamente sonhou, a imaginação entrando em atividade
antes da razão que não despertou senão tardiamente. Tal fato justifica a
lenda, quando ela nos mostra a serpente se dirigindo a Eva, personificando
as faculdades imaginativas, de preferência a Adão, o futuro racional,
nascido pesado de espírito e espontaneamente pouco compreensivo.
Eva adivinha, ela concebe femininamente aquilo que lhe sugere uma
influência misteriosa, porque se desenvolve nela um dom de vidência que
se relaciona diretamente ao instinto. Deste à inteligência controlada, há
uma etapa que consiste na adivinhação. Eva aí é elevada, depois faz subir
Adão, porque a intelectualidade feminina não pode realizar um progresso
sem que a mentalidade masculina disso se beneficie em contrapartida.
Eva não pode provar o fruto da árvore do discernimento sem partilhar com
Adão o novo alimento que ela considera excelente. Tomando ao pé da letra a narrativa Bíblia, a desobediência de
nossos primeiros pais teria instantaneamente produzido seu efeito: de
instintivos, eles teriam se tornado inteligentes por milagre. Dando-se conta
de sua nudez, eles teriam inventado as vestes, sob a influência de um
sentimento de pudor que lhes teria vindo subitamente. É crível que a
evolução fosse lenta. Eva pôde escutar a serpente durante séculos antes
de tocar o fruto proibido: os mitos se esquematizam com a supressão do
tempo. Na realidade o que corresponde, no ser humano, à inteligência
feminina, logo, às faculdades sensitivas e divinatórias, desenvolveu-se
anteriormente ao poder de raciocinar, concebendo idéias nítidas,
susceptíveis de encadeamento lógico. A Eva simbólica foi, pois, a primeira
a se resgatar da animalidade pura e simples. Ela teve o pressentimento do
amanhã intelectual humano e, inspirada pela serpente, concebeu a
ambição de tornar-se semelhante aos deuses, conhecendo o bem e o mal.
Culpada de orgulho aos olhos do gênio tutelar da instintividade que
pôde maldizer a serpente, ela não foi certamente culpada de um ponto de
vista superior, porque a emancipação humana não poderia faltar em entrar
no plano da Suprema Sabedoria.
Que enfoque reclama a teoria da queda? Se existiu aí degradação
para a humanidade que se distancia do estado instintivo original, foi em
relação à perda da felicidade inconsciente. Nós estimamos feliz a criança
que brinca com inocência, preservada das preocupações da vida, mas
lamentamos o inocente no qual a fase da infância se prolonga
indevidamente ou o velho tornado inconsciente pelo enfraquecimento de
suas faculdades. Cada coisa tem seu tempo, tudo como cada estado
comporta suas vantagens e seus inconvenientes. O macaco é mais ágil
que o homem, sobre o qual suas quatro patas lhe conferem uma
esmagadora superioridade, quando se pendura nas árvores, apoderandose de seus frutos. O homem sentiu-se, primitivamente, inferior aos animais
e teve por eles uma admiração que se traduziu em culto. Mas a espécie
deserdada fisicamente desenvolve-se cerebralmente, na razão mesma da
inferioridade de sua organização natural. Foi necessário passar por uma
longa escola de privações e de sofrimentos, para que adquirir
artificialmente aquilo que uma sorte cruel parecia lhe recusar. O paraíso
perdido corresponde a uma realidade, não menos que a condenação ao
labor ingrato; mas é falso erigir em ideal humano a preguiça e a indolente
inatividade.
Onde está nossa nobreza? Nós que, orgulhosamente vestidos, não
somos mais chamados a curvar a cabeça à maneira dos quadrúpedes?
Criaturas cujo orgulho nada tem de ímpio, nós somos da raça dos Titãs,
nascidos para conquistar o céu. Mas, desejando o fim, é preciso que
aceitemos os meios. O trabalho se impõe a nós: é inelutável, porque ele
apenas conduz ao objetivo. Então, terminemos por compreender e mostremo-nos inteligentes
até a penetração do sentido profundo da vida. Constataremos que viver e
trabalhar são sinônimos. Os seres não existem senão em vista da tarefa
que lhes incumbe. Emancipados da tutela indispensável da infância, não
nos revoltemos contra a necessidade de ganhar penosamente nossa vida.
Não será gemendo contra o pretendido pecado cometido aos olhos da
providência animal, que nos mostraremos homens, dignos filhos daquela
Eva que teve o mérito de desejar a inteligência. Bendigamo-la, sem
esquecer a serpente, besta feita maldita pela incompreensão. Observemos. Antes de ser condenada a rastejar na lama, ela não
teria sido um desses lagartos tidos por amigos do homem? Símbolo da luz
astral, corresponde à divindade caldéia que se eleva até Samas, o deus
solar, para chorar diante dele as infelicidades dos vivos, subtraídos à
influência de Isthar depois que a deusa foi detida nos Infernos. Essa
claridade difusa que ajuda a adivinhar instintivamente traz consigo o risco
de errar facilmente, e está longe de oferecer as garantias da razão
consciente; também Python sucumbiu traspassada por Apolo.
A
adivinhação incerta é suplantada por métodos de informação menos
equívocos: um saber positivo substitui, pouco a pouco, as quimeras de
uma visionariedade primitiva. Goethe rende-lhe homenagem no conto dito da Serpente Verde. Ele
mostra a grande cobra luminosa que se sacrifica para salvar o mundo,
transformando-se em ponto de ligação entre as duas margens do rio da
vida. E a serpente de bronze não foi uma imagem antecipada do
Salvador?
2ª Instrução do Grau de Aprendiz Maçom
Têm os Maçons em comum entre si uma ________________, e
esta _________________ é a crença na existência do
_______________ _________________ do
__________________.
Para ser Maçom, é necessário ser um homem ______________ e
de bons __________________.
Ao termino de cada viajem, depara-se o A∴ M∴ com uma porta na
qual deve bater. São em numero de _______: a primeira ao Sul,
onde o mandam passar; a Segunda no ______________, onde é
purificado pela ___________; a terceira no _______________,
onde é purificado pelo __________. Estas três portas onde o A∴
M∴ é purificado representam também as três disposições que lhes
são necessárias à procura da verdade: ___________________,
____________________ e ______________________.
Após, dá o A∴M∴três passos num quadrilongo, para aprender e
compreender que o primeiro fruto de seu estudo é a experiência e
é esta que torna o homem prudente.
Os Maçons se reconhecem mutuamente através de
_________________, _______________e _______________,
mas esta última não se a pode ________________,
___________________ mas somente ___________________,
porque caracteriza o primeiro grau de Iniciação, o homem ou a
sociedade ainda na fase da ignorância. Assim o Aprendiz recebe
primeiro para dar depois.
Os Maçons trabalham em uma __________, a qual tem a forma de
um
______________________,
estendendo-se
do
_______________ ao _________________ com largura do
_________________ ao ________. Sua altura é da _________ ao
_______, sendo sua profundidade da ___________________ ao
_____________ da __________.
É a Loja coberta por uma abóbada azul, semeada de estrelas e
nuvens, na qual circulam o _______, a _______ e inúmeros outros
astros, que se conservam em equilíbrio pela atração de uns sobre
os outros. Esta abóbada é sustentada por Colunas, em número de
_________ que representam os signos do zodíaco e as
constelações que o sol percorre ao longo de um ano solar. Apóiase também sobre três fortes pilares: _____________________,
___________________ e __________________, representados
pelas Luzes da Loja, que são o _________________
______________, ______ _________________ e o ______
_____________________.
Destacam-se, ainda, oito importantes figuras, cujo significado todo
o Maçom deve conhecer. São elas símbolos e alegorias muito
importantes:
1º O pórtico elevado sobre degraus e ladeado por duas
________________, sobre cujos capitéis descansam três
___________ abertas, mostrando suas sementes. 2º A Pedra Bruta
3º A Pedra Cúbica
4º O Esquadro, o Compasso, o Nível e o Prumo
5º O Malho e o Cinzel
6º O Painel da Loja
7º Ao Oriente, o Sol e, ao Ocidente a Lua
8º O pavimento de Mosaico
As duas colunas de ________________ representam os dois
postos solsticiais. As Romãs colocadas sobre seus
_________________ representam a unidade dos maçons em todo
o mundo e lembram a fraternidade que deve existir entre os
homens. A ______________ ________________ representa o homem sem
instrução, com asperezas de caráter devidas à ignorância em que
se encontra e às paixões que o dominam.
A _______________ __________________ representa o homem
instruído, já liberto da ignorância e não mais dominado pelas suas
paixões.
O
_________________
nos
lembra
a
retidão;
o
________________ emprega-se para tomar a justa medida; o
____________ e o ____________ para a igualdade e a justiça que
devemos aos nossos semelhantes; o ____________ e o
_____________ representam a inteligência e a razão que tornam o
homem capaz de discernir o justo e o injusto, o bem do mal.
A ____________________ de _______________ significa a
memória, faculdade preciosa para que se possa fazer nosso
julgamento, conservando o traçado de nossas percepções.
Por serem os maiores esplendores que nos é dado divisar no céu,
o ________ e a ________ também são representados na abóbada
celeste. O _________de _______________ pretos e brancos unidos pelo
mesmo cimento e limitado pela ___________ _______________
significa a diversidade dos homens e dos elementos que compõe a
natureza, todos em união, ou seja, ligados pelo mesmo
_______________, união esta que se exprime através da
________ _______________ que o cerca. Os A∴ M∴ executam seus trabalhos do __________ ________ à
_______ _____________.
O TEMPLO DE SALOMÃO
Também chamado de Templo de Jerusalém, interessa a todos
nós, Maçons, pela intrínseca relação existente entre essa antiga
obra e o Templo Maçônico propriamente dito. Desde a Primeira
Instrução do Grau de Aprendiz, todo Maçom aprende que nosso
Templo é como é, para lembrar o Rei Salomão, Hiran, Rei de Tiro
e Hiran Abib ou Abif. Nossa tradição – de pedreiros – é como é,
para lembrar daqueles obreiros primevos que participaram da
construção do Templo. O Livro da Lei, – no nosso caso, a Bíblia, –
descreve, em detalhes, o mesmo Templo e, — nunca é demais
repetir, — os detalhes coincidem muito mais do que divergem.
Embora o Templo Maçônico não seja idêntico ao Templo de
Jerusalém, não há como repelir a íntima relação entre ambos, sem
falar nos cargos. Ora, o Ven∴ Mest∴ representa, afinal, o próprio
Rei Salomão.
Se admitirmos essas relações, — e somos forçados a isso, sob
pena de abandono da Tradição, — devemos concluir que é
imperioso saber algo sobre o que foi, afinal, o Templo de
Jerusalém. Para isso, antes mesmo de formarmos uma idéia
“maçônica” do assunto, cumpre suprir nossos conhecimentos
através de fontes profanas. Ora, quem nos diz o que foi, quando
foi e para que foi a construção do grande Templo não é Maçonaria,
mas a História. Só na posse de dados históricos mais ou menos
completos e confiáveis, poderemos, então, ajustar o conhecimento
maçônico propriamente dito, para assim, começarmos a saber, ao
menos, um pouco mais o sobre o assunto. Qualquer enciclopédia
pode fornecer os dados básicos. É recomendável pesquisar.
Também vale a pena ler a Bíblia, Livro dos Reis I, 7, 13 em diante:
O rei Salomão mandou que se contratasse Hiran de Tiro, filho de
uma viúva da tribo de Neftali... O que acontecia à época do Templo histórico? Para saber, é
necessário recorrer às fontes mais confiáveis de que podemos
dispor: um historiador, Flávius Josefus, em “A Guerra dos Judeus”
e em “Antigüidades”, e a própria tradição judaica compilada nos
tratados do Talmud. Há um livro muito interessante, no qual
encontramos exatamente aquilo que vem bem a calhar para a
elaboração deste módulo. O livro? “Nossos Sábios Abriram o
Caminho”, Yocheved Segal, Vol I, Ed. Chabad, SP, 1980. À pág.
37, temos um capítulo inteiro dedicado ao assunto. Vejamos:
O ESPLENDOR DO TEMPLO SAGRADO
Quando em Jerusalém, a cidade santa, ainda existia o Templo,
não havia em todo universo edifício tão lindo! Era inteiramente
construída de belas e grandes pedras, uma parte do chão era
revestida de mármore verde azulada da cor do mar, e todas as
portas eram de ouro. O altar de incenso, também de ouro, era
precedido por dois imensos pátios, onde ficavam os fiéis que
vinham rezar. Todo o povo se dirigia três vezes por ano a
Jerusalém para ir ao Templo. As pessoas vinham de todas as
cidades, vilas e lugarejos longínquos e, mesmo assim, sempre
havia lugar para todas. Também existia um pátio reservado
unicamente às moças e às senhoras. O local mais sagrado
chamava-se o “Santos dos Santos”, e duas cortinas bordadas com
fios de ouro estavam em sua entrada; contudo, não era permitido
adentrar naquela sala, exceto o Sumo Sacerdote e apenas uma
única vez ao ano, no Dia do Perdão. Milhares de lamparinas de ouro brilhavam e eram decoradas com
flores e botões de ouro. Havia utensílios em ouro e prata
incontáveis e uma fantástica videira com seus cachos em ouro
maciço. Quem quisesse oferecer um donativo ao Templo
comprava uma folha ou um grão de uva, ou mesmo um cacho todo
feito de ouro, e pendurava nessa parreira. Os sacerdotes
recolhiam esses donativos e os utilizavam para as despesas do
Templo. Do pátio das mulheres ao segundo pátio havia quinze degraus, e
sobre cada um deles estavam os levitas, cantando os quinze
cânticos do livro de Salmos de David, acompanhados por harpas,
flautas, címbalos e outros instrumentos musicais que hoje não
existem mais. Os cantos e as expressões de seus rostos eram
radiantes. De todo o mundo vinha gente para admirar o esplendor
do Templo, porém os filhos de Israel não o amavam só por isso,
mas, sim, porque era ali que rezavam ao Todo Poderoso,
oferecendo-lhe seus sacrifícios, e onde Deus respondia às suas
orações, perdoava suas faltas e concedia Suas bênçãos sem
limites. Toda a pessoa que lá entrava saia feliz. Naturalmente, tudo
isso ocorria quando existia o Templo, entretanto, agora, ele não
existe mais, nem o Santo dos Santos, nem as lamparinas
douradas, nem o altar de ouro. E onde rezamos? Temos a
Sinagoga, que é um pequeno santuário substituindo o Grande
Templo. É aí que rezamos, pedindo ao Eterno que nos perdoe e
nos conceda um ano bom, que cure nossos doentes, nos dê a paz,
e reconstrua o Templo, a fim de apressar a vinda do Messias. Se
o merecermos, Ele o construirá tal qual era na origem, e o novo
edifício será ainda mais magnificente do que os dois anteriores
que foram destruídos. Nota: O primeiro Templo, construído pelo Rei
Salomão, foi destruído pelos Babilônios no ano
3338 do calendário hebraico. O segundo
Templo, restaurado após a volta dos judeus do
exílio da Babilônia, conduzido por Ezra
Nechemias, foi destruído pelos Romanos no ano
3828. Reproduzimos o texto para ressaltar o significado sagrado dado ao
Templo pelo povo de Israel, até hoje, por sinal. Assim como cada
sinagoga se pretende a representação do Templo de Jerusalém,
assim nossas Lojas também abrigam tal correlação, muito embora
não exclusivamente hebraica, já que a Oficina Maçônica também
agrega símbolos marcantes de outras culturas universalmente
significativas. Nesse sentido, cumpre ressaltar que também o
Templo de Jerusalém carreou elementos de outros povos com os
quais Israel mantinha relações. Eram, a seu ver, povos estranhos
à sua tradição de um Deus único e ético, ou “profanos”, como
diríamos nós maçons. Basta ver que quem presidiu à construção
foi o Rei de Tiro, que não era hebreu. Através da História da Arte,
encontramos interessantíssimos elementos para uma melhor
análise do tema.
Os hebreus eram nômades.
Após a organização estatal,
sucederam-se os Reis.
Ao chegarmos a Salomão, vimos
configurar-se – pela primeira vez – a necessidade de um Templo
fixo. Ora, o tabernáculo dos primeiros tempos ficava numa tenda,
é bom lembrar. Peculiar, ainda, o fato contundente em toda a
história da humanidade de ser o povo hebreu o primeiro a cultuar
um Deus Único. Não esqueçam disso. Nunca. Toda a noção de
monoteísmo, – e mais ainda, – toda a noção de um Deus
transcendente e ético nos vem através do povo hebreu. Antes
deles, nenhuma outra civilização concebeu senão ídolos, – os
“falsos deuses”, assim chamados pelos profetas israelitas que
empreendiam contínua luta, para que se mantivesse sua tradição.
E foi no meio desses povos, em sua vizinhança, que surgiu o
primeiro Templo, e este Templo reuniu, – evidentemente, –
elementos arquitetônicos tirados da tradição de outros povos. O
Templo de Salomão segue o modelo do Templo caldeu. E por
quê? Porque Israel não tinha tradição em construção, povo
formado de pastores por excelência, os quais não podiam subtrairse à influência de outros povos. Simplesmente por isso. Não há
nenhum “mistério” no fato de se encontrarem, no Templo se
Jerusalém, elementos babilônicos, por exemplo. Apesar disso,
alguns ainda teimam em persistir elaborando visões místicas a
partir desses elementos, pretendendo “transcender” a tradição
hebraica para daí chegarem à idolatria. Não venhamos nós a
cometer tal erro. Ainda que haja elementos alheios à religião
professada por Israel, – tais como as singulares imagens aladas
mencionadas na Bíblia, – nunca tais elementos foram vistos pelos
judeus como “ídolos”. O significado desses símbolos, no contexto
do Templo, sofre verdadeira transcendência, uma transmutação de
valores, uma readaptação, onde o significado anterior desaparece,
para dar lugar a uma nova mensagem, a um novo Deus, o Senhor
Deus. Uma visão da divindade absolutamente revolucionária para
a época. Um Deus que guia seu povo, que o liberta, que o
conduz. Um Deus que não exige sacrifícios humanos, coisa
inédita naqueles tempos. O Deus de Israel opunha-se aos deuses
circunvizinhos em termos de cosmovisão: os últimos representam
uma visão cíclica da natureza, uma visão física da realidade, ao
passo que Iahweh representa um projeto histórico.
O Templo de Jerusalém visava a abrigar esse Deus de Israel. Foi
construído para Ele e por Ele. Na medida em que o Templo
Maçônico associa-se a essa idéia central, na medida em que a
representação do cargo de Ven∴ Mest∴ configura o Rei Salomão,
na medida em que coincidem mais e mais elementos históricos,
míticos e religiosos entre ambas as concepções, não há espaço
para muita imaginação.
E as diferenças? Diferenças existem. O Templo Maçônico agrega
outros elementos também, e elementos até contraditórios à
tradição hebraica: as colunas zodiacais, por exemplo, já que, ao
Deus Bíblico, repugnava a astrologia, só mencionada na Bíblia
como anátema. Doze Colunas, lá, representam as doze tribos de
Israel; aqui, a tradição maçônica nos informa sobre o passo do Sol
no Zodíaco. Tudo isso, porém, não desfaz a idéia central. Apenas
a Maçonaria, por assim dizer, é mesmo UNIVERSAL, pois não
trata com desprezo nenhuma das muitas concepções
enriquecedoras das diversas culturas que se sucederam ao longo
da história da humanidade.
Universal por universal, porém, tal não autoriza determinadas
teses que surgem a todo o momento, visando atrelar a Maçonaria
a outras tradições alheias à idéia central do Templo Maçônico.
Assim é que Irmãos iniciados em outras sociedades secretas, e
mesmo em outras seitas bem pouco expressivas, tendem a
projetar as tradições próprias àquelas sociedades ma maçonaria.
Enfim, valem-se da instituição, para, através dela, fazerem
proselitismo de suas crenças pessoais. Não se deixem levar por
isso. Nem sempre um livro impresso, por ser um livro, contém a
“verdade”. Muitas vezes, não encontramos nessas obras senão o
reflexo de um espaço imaginário individual. Uma visão que serve
apenas àquele que a tem para si mesmo, e que não pode, de
modo algum, pretender impô-la a outros. Trata-se, aqui, daqueles
que não souberam despojar-se de seus metais.
O Templo maçônico se parece com outros Templos? Sim, sem
dúvida alguma. Contém elementos hebreus, fenícios, babilônicos
e até egípcios. Mas o que afirmam nossa Tradição e nossos
Rituais é que nosso Templo lembra o de Jerusalém. Outras
sociedades secretas também têm seus templos, e que não se
identificam com o de Jerusalém. Assim a Sociedade Rosa-Cruz,
cujo Templo seria egípcio, tendo por chefe o “faraó”. Isso não é
Maçonaria. É tradição rosa-cruz.
Lamentável que poucos atentem a esses detalhes, aceitando
passivamente as mais arbitrárias interpretações e as mais
esdrúxulas afirmativas que pululam na chamada “literatura
maçônica”. E, assim, continuaremos a encontrar passagens
interessantíssimas, como esta, perante a qual não se pode saber
se o caso é para rir ou chorar. Vejamos:
Quando, na vida atual, me iniciaram na Maçonaria,
me surpreendi viva e agradavelmente ao ver pela
primeira vez a Loja, pois me era familiar a sua
disposição e idêntica à que eu havia conhecido
seis mil anos antes nos mistérios egípcios. (C.W.
Leadbeater 33°, A Vida Oculta na Maçonaria, Ed.
Pensamento, SP, 1969.)
Exemplos não faltam e nem devem faltar. Afinal, todos têm o
sagrado direito de expressar seu próprios pensamentos e
sentimentos. Sua própria sabedoria ou estupidez, ou o que
entendam por isso. Enfim, sua “criatividade”. Mas, e nós? Como
ficamos nesse universo? A resposta é simples: somos livres.
Cada um que pense como quiser e que julgue cada obra e cada
escritor de acordo com seus próprios critérios de avaliação.
Todavia, pergunte a si mesmo, – antes, – qual a base desses
“critérios” de avaliação que usamos com tanta freqüência? Será
que a afirmativa acima é verdadeira? Pode ser. Qual a intenção
do escritor em apresentar-se perante nós como que dotado de tais
poderes? Qual a base de sua afirmativa? Sua “memória”? Mas,
se é assim, por que ele não produz ou indica qualquer evidência
de seu “passado”? E então, devemos ou não devemos aceitar sua
afirmativa com base apenas na experiência interna desse senhor? Ora, cada um de nós é livre para optar. Quem quiser que acredite.
É uma opção respeitável, se lhe bastar tão-só a palavra e o
testemunho do escritor. Para outros, isso não será o bastante. O
que importa é a liberdade, a não imposição. O Ideal Iniciático
Tal como se Depreende dos Ritos e Símbolos
por
Oswald Wirth
Introdução
Em todos os tempos, temos visto falsos profetas pregarem em tom
doutoral e com absoluta boa-fé sobre o que pensavam saber.
Antigamente, inspirava-os a religião e, — em sua crença de possuir a
verdade graças à iluminação, — vinham a nos revelar aquilo em que
deveríamos crer, dando-nos precisas idéias a respeito da divindade,
dos anjos e dos demônios. Em nosso tempo, costumam dá-las os
Iniciados instruídos nos supremos mistérios que permanecem velados
à penetração da generalidade dos homens. A Iniciação confere tal
sorte de pretexto a certos ensinamentos equívocos, mas nem sempre
inofensivos, sobretudo, quando a investigação de conhecimentos
anormais conduz ao desequilíbrio dos indivíduos.
Em presença de tão grande número de elucubrações malsãs que
preconizam o desenvolvimento de um estado alucinatório considerado
erroneamente como conquista de um privilégio iniciático, não será
demais formular os princípios da sã e verdadeira iniciação tradicional.
É o que tentamos numa série de artigos publicados em “Le
Symbolisme” desde janeiro de 1922, artigos que reunimos neste
opúsculo para maior comodidade do leitor.
Não temos, desde já, a pretensão de haver elucidado inteiramente
a questão, mas o caminho que sinalamos é o verdadeiro, e todos os
documentos iniciáticos concordam nesse ponto.
A pista, na verdade, fica apenas ligeiramente esboçada; algumas
vezes, chega a perder-se, e é preciso que saibamos encontrá-la outra
vez, fazendo uso de nossa sagacidade para orientar-nos. A Iniciação,
com efeito, deve pôr em obra nossa própria iniciativa, sem impor-se
jamais; é preciso descobri-la e violentá-la, se quisermos possuí-la.
Não espere, pois, o leitor encontrar nestas páginas um tratado
metódico. A Iniciação deve ser adivinhada, e o autor, sinceramente
iniciático, não pode fazer outra coisa senão ajudar a descobri-la.
Oswald Wirth
TERCEIRA INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ
MAÇOM
O Maçom se faz reconhecer através de _____________,
_____________ e _________________. O
_________
é
feito
pelo
_________________,
________________ e ______________________.
Significa a
honra de guardar o segredo, preferindo ter cortada a
___________________ a revelar os mistérios maçônicos.
Significa que o ____________ _______________, símbolo da
força, está concentrado e imóvel à disposição da Ordem, somente
saindo da imobilidade quando assim ordenar o ______________
______________. Finalmente, os _____ são colocados em
___________________ representando o cruzamento de duas
perpendiculares, único caso em que formam quatro ângulos retos
e iguais, significando o caminho reto que devemos seguir, bem
como para nos lembrar a igualdade, princípio fundamental de
nossa ordem. A ________________ do Aprendiz significa ______________ e
também ______________, ___________. Entretanto, o Aprendiz
Maçom não tem ________________ de ___________, porque,
pela tradição, ficava no Templo durante ______ anos, sem poder
comunicar-se com o mundo profano. Caso deixasse o Templo
durante esse período de _____anos, não mais poderia retornar, e,
assim sendo, não havia razão porque necessitasse da
______________ de ___________. Ao ingressar na Ordem, está o Aprendiz nem _____ nem
______________. Está despojado de todos os ______________.
Tal circunstância serve para nos lembrar de como eram os tempos
primitivos da civilização. É recebido em uma Loja ____________,
______________ e regular. Para que uma Loja Maçônica seja Justa e Perfeita são necessários
sete maçons. Por isso se diz que _________ a governam,
_____________ a compõe e _________a completam. É regular a Loja Justa e perfeita que obedece a uma
_________________
__________________regular e pratica
rigorosamente todos os princípios básicos da Maçonaria Universal. O Maçom é recebido por ________ pancadas que significam; batei
e sereis _______________; pedi e ___________________ e
procurai e ________________. Após, pratica ________ viagens,
para lembrar-se das dificuldades e atribulações da vida. É
purificado pelos elementos e depois conduzido ao altar onde
presta seu _____________________, para o que se ajoelha com
o ______________
________________ nu por terra, a
_________ ________________ sobre o ______________ da
________ e na esquerda um _________________ aberto, cujas
pontas se apóiam no ____________ _____________ nu. Dessa conjuntura simbólica devemos extrair os seguintes
significados: A _____________ sobre os ___________ significa as trevas e
preconceitos do mundo profano que devemos vencer. O ______ _____________ calçado com alpercata para manifesta
respeito ao Lugar sagrado. O __________ _____________ e __________ ______________
desnudos, a força dada a Instituição e o coração doado aos
Irmãos. As ___________ do _______________ sobre o peito para lembrar
que os desejos devem se regular por este símbolo de exatidão,
assim como os pensamentos e ações. Através do compasso se
podem traçar círculos perfeitos, desde que fixada uma de suas
pontas. Assim, descrevendo círculos sem conta, temos uma
imagem simbólica da Maçonaria cujo extenso domínio é o infinito. Os ______ ____________ formando um ângulo reto a cada junção
dos pés, significam que a retidão é necessária a quem deseja
conquistar ciência e virtude. As ________ viagens significam a conquista de novos
conhecimentos. A __________ ____________ é o emblema do Aprendiz, que se
encontra no estado imperfeito de sua natureza. As ________ _______________ vestibulares possuem dimensões
que contrariam todas as regras de arquitetura, para nos mostrar
que a sabedoria e o poder do G∴ A∴ D∴ U∴ estão além das
dimensões e dos julgamentos dos homens. O material de que são
feitas e o ____________ que por sua resistência é o emblema da
eterna estabilidade das leis da natureza, base da doutrina
maçônica. São ________ para que, em seu interior, possam
guardar-se utensílios apropriados aos conhecimentos humanos.
Enfim, as ___________ sobre seus ______________,
representam com suas milhares de sementes contidas num
mesmo fruto, a imagem do povo maçônico. O ________________ __________________ formado de pedras
_______________ e _______________ unidas pelo mesmo
____________________ simboliza a união de todos os Maçons do
globo, apesar das diferenças de cores, climas, opiniões e
sentimentos religiosos. A _______________ ____________________ , arma simbólica,, a
significar que a justiça maçônica é pronta e rápida, como nobres e
justos devem ser os sentimentos de um maçom. O
___________________
suspenso
ao
colar
do
___________________ ____________________ significa que o
chefe deve orientar seus sentimentos de acordo com os Estatutos
da Ordem, agindo sempre com retidão. O __________, com o _______ _______________, simboliza a
igualdade social, base do direito natural. O ____________, trazido pelo ________ __________________
significa que os maçons devem proceder com retidão em seus
julgamentos, não se deixando influenciar por interesses e afeições. Note-se bem: o _________ desacompanhado do ___________ de
nada vale, do mesmo modo que este sem aquele. Por isso os dois
se completam, significando que o Maçom tem o culto da igualdade,
não se devendo deixar prender pela amizade, sentimentos ou
interesses. Os trabalhos maçônicos se realizam no horário do _________
___________ à ___________ _____________, para homenagear
simbolicamente a Zoroastro que reunia, em segredo, seus
discípulos neste horário, finalizando seus trabalhos por uma ágape
fraternal. Os Ritos de Abertura e Fechamento dos Trabalhos
Não se deve esquecer jamais que aquilo que é facilmente cognoscível é de
ordem profana. A Iniciação relaciona-se ao que é misterioso e demanda ser
sentido antes de traduzir-se em noções nitidamente inteligíveis.
Depois de haver tomado lugar em Loja, o neófito inicia-se no
funcionamento da oficina, assim como nas formalidades de fechamento
dos trabalhos que o preparam para a compreensão dos ritos de abertura,
nos quais ele se instruirá ulteriormente.
Quando a ordem do dia está esgotada, o Venerável Mestre pergunta
aos assistentes se eles têm propostas a fazer no interesse da Maçonaria
em geral ou da Loja em particular. Se as propostas feitas não comportam
discussão, elas são colocadas sob malhete durante a sessão, ou seja,
submetidas ao voto da assistência; elas são, ao contrário, enviadas ao
estudo de um Irmão competente ou de uma comissão, se seu exame se
anuncia laborioso, reservando-se a Loja, então, o direito de decidir com
pleno conhecimento de causa.
Quando ninguém mais pede a palavra, diz-se que as colunas estão
mudas. Esse mutismo, — que se relaciona aos Irmãos colocados nas
colunas do meio-dia e do setentrião, — determina ao Experto e ao
Hospitaleiro o cumprimento de seu ofício. Munidos, — um, do saco de
propostas e informações, e outro, do tronco de solidariedade, — eles
contornam a Loja, para recolher as propostas escritas e as ofertas
destinadas aos infortunados.
O Venerável Mestre lê as proposições escritas sob reserva de
assinatura, porque a Loja deve poder se pronunciar a seu respeito com
toda independência, sem levar em conta o autor.
Depois de decidir sumariamente sobre eventuais propostas, um
golpe de malhete anuncia que os trabalhos vão ser fechados.
É preciso, para esse efeito, que os obreiros estejam satisfeitos, o
que é respondido pelo 1º Vigilante. Este oficial declara, além disso, que os
Maçons têm o costume de encerrar seus trabalhos à meia-noite. Seu
colega, interrogado, afirma então que é meia-noite. Logo, todos os Irmãos
se levantam ao sinal do Venerável Mestre e tomam a atitude ritualística de
Aprendiz Maçom. Convidado a fechar os trabalhos, o 1º Vigilante
pronuncia a fórmula de fechamento que sancionam três golpes de malhete
seguidos da execução, por todos os assistentes, do sinal e da bateria do
grau.
O ruído, nada tendo de iniciático, pode-se perguntar se o costume de
bater três vezes nas mãos não seria de inspiração profana. Quanto à
aclamação Liberdade, Igualdade, Fraternidade, nós sabemos que ela data
do século XVIII e que caracteriza unicamente a Maçonaria latina. Antes de
se separarem, os Maçons anglo-saxões levam três vezes a mão direita ao
coração, pronunciando, a cada vez, a palavra fidelity; em seguida, o
fechamento da Bíblia sanciona para eles o fechamento da Loja.
A essa extinção simbólica da Grande Luz dos Maçons protestantes
corresponde, mais tradicionalmente, a extinção efetiva das três chamas
que figuram Sabedoria, Força e Beleza, acompanhada do apagar do
quadrilongo. Com o auxílio de uma esponja úmida, o Irmão Experto fazia
desaparecer outrora todo traço dessa misteriosa figura, restituindo assim
ao local seu caráter profano.
Seria penoso aos Maçons dispersarem-se sem haver simbolizado
sua indissolúvel união através da formação de uma cadeia fraternal viva, a
cadeia de união. Arrumados em círculo fechado, seguram-se pelas mãos,
os braços cruzados, enquanto um deles lembra, com algumas frases, suas
aspirações comuns e, sobretudo, seus sentimentos de mútua afeição que
se estendem a todos os Maçons e a todos os homens.
Esses ritos dão a refletir ao novo iniciado que deve gradualmente
descobrir-lhes o alcance. Ele ficará surpreso com a importância que os
Maçons dão às horas convencionais e, de modo geral, à observância de
tradições misteriosas. A abertura dos trabalhos, a propósito, acabará de
surpreendê-lo.
Antes da hora indicada pela prancha de convocação que recebem,
os membros da Loja reúnem-se no local dos trabalhos. Entretêm-se
amigavelmente e acolhem com polidez todo recém-chegado. O último
iniciado, o Benjamim da Loja, é imediatamente colocado à vontade; cada
um não deseja senão instruí-lo, para guiar seus primeiros passos em
Maçonaria.
Quando chega a hora, o Venerável Mestre toma lugar no Oriente,
decora-se com o esquadro e segura nas mãos o malhete. Em seguida, os
oficiais da Loja ocupam seus postos, e os outros Irmãos colocam-se nas
as colunas. Três golpes de malhete batidos sucessivamente pelo
Venerável Mestre e pelos dois Vigilantes comandam então um silêncio
absoluto, em meio ao qual são colocadas questões que provocam
instrutivas respostas.
A primeira pergunta do Venerável Mestre endereça-se ao 1º
Vigilante que, por sua resposta, é chamado a fazer-se conhecer como
Maçom. Interrogado a seguir sobre seu dever primordial em Loja, esse
oficial se reconhece como responsável pela cobertura da oficina e
assegura, por intermédio do 2º Vigilante, a vigilância do Irmão Cobridor,
postado como guarda à porta da Loja. Desde que tal controle esteja
efetuado, o 1º Vigilante dá um golpe de malhete; depois, anuncia que a
Loja está coberta.
Os Vigilantes têm por segundo dever o de assegurar-se da
qualificação maçônica dos assistentes. Ao sinal do Venerável Mestre,
todos tomam a atitude prescrita, e os Vigilantes percorrem logo as colunas,
nas quais eles fazem a inspeção. Se surpreenderem quem quer que seja
como suspeito, encarregarão o Irmão Experto de cumprir seu dever; mas,
— o mais freqüentemente, — eles retornam a seus respectivos lugares,
para declarar que a assistência não está composta senão que por bons e
legítimos Maçons.
Doravante é possível abrir os trabalhos. Mas a que horas devem
eles ser abertos? Ao meio-dia, declara o 1º Vigilante; ora, de acordo com o
2º Vigilante, é meio-dia.
Em razão da hora, o Venerável Mestre abre então os trabalhos por
três golpes de malhete, aos quais os assistentes respondem, executando o
sinal de Aprendiz seguido da bateria do grau e da aclamação. Eles são, a
seguir, convidados a tomar lugar para trabalharem com a ajuda e sob a
proteção do Grande Arquiteto do Universo.
As precauções tomadas à vista da segurança não têm por que
surpreender o novo Iniciado, que não ficará intrigado senão que com as
horas convencionais nas quais se abrem e se fecham os trabalhos
maçônicos. Que significa trabalhar do meio-dia à meia-noite? Os
construtores ordinários têm o hábito de começar a trabalhar nas horas
matinais, repousar ao meio-dia e, depois, retomar o trabalho até o final da
tarde. Por que os Maçons especulativos reservam ao trabalho as doze
horas durante as quais o Sol declina? Eis aí um dos numerosos enigmas
que a Maçonaria propõe à sagacidade de seus adeptos.
A procura da verdade, — que é o objetivo primordial do trabalho
iniciático, — não saberia ser inaugurada com fruto desde a manhã de
nossa vida intelectual. Nós não discernimos judiciosamente senão que em
nosso meio-dia vital, quando, controlando nossas faculdades, chegamos à
maturidade viril do pensador. É, pois, atingindo a metade do caminho de
nossa vida que abordamos, com Dante, a obscura floresta das provas
iniciáticas. Uma vez consagrados à Grande Obra, não cessaremos de
trabalhar até nossa meia-noite individual, termo de nosso grande dia
terrestre; até nossa última hora, podemos pensar e manter bons
sentimentos.
A Loja não se abre efetivamente senão quando é meio-dia no
espírito dos obreiros espirituais. Ora, o 2º Vigilante, que deve conhecer a
instrução iniciática de cada um, é chamado pelo Ritual a pronunciar-se
sobre a hora esperada. Declarando que é meio-dia, ele se torna garante da
maturidade mental dos assistentes.
Pode parecer estranho que esta maturidade seja atingida desde a
idade de três anos, que é aquela dos Aprendizes. Esta idade da infância
iniciática marca uma fase muito avançada em relação à vida profana; o
Iniciado de três anos deve ter penetrado os mistérios do Ternário: ele
compreende que tudo é triplo em nossa concepção, mas um em sua
essência metafísica.
O Aprendiz afirma-se esclarecido sobre o Ternário iniciático, quando
ele participa da tripla bateria que sanciona a abertura e o fechamento dos
trabalhos.
A Loja, sendo proclamada aberta, pertencia outrora ao Irmão
Experto santificá-la, traçando o quadrilongo que delimita, no centro do
Templo, uma espécie de Santo dos Santos, onde ninguém deve colocar o
pé, salvo o recipiendário quando, descalço intencionalmente, é admitido a
pisar a borda do solo sagrado. Esse rito parece remontar ao culto da TerraMãe, iniciadora muda com a qual o homem se comunica pelos pés; mas,
— para que, do fundo das coisas, os pensamentos remontem até o
cérebro, — o contato deve estabelecer uma corrente. A sensibilização dos
pés relaciona-se, pois, a uma percepção misteriosa oposta àquela que
toma a via dos sentidos ordinários. Os astrólogos fazem a cabeça
corresponder ao Carneiro, signo do fogo, de iniciativa e discernimento
consciente; eles, ao contrário, atribuem os pés a Peixes, que nadam no
oceano de Água, dispensadora da pré-Sabedoria difusa, anterior à
percepção de noções distintas.
Não se deve esquecer jamais que aquilo que é facilmente
cognoscível é de ordem profana. A Iniciação relaciona-se ao que é
misterioso e demanda ser sentido antes de traduzir-se em noções
nitidamente inteligíveis. Para aprender a pensar ativamente, por si mesmo,
e não assimilando passivamente o pensamento de outrem, é preciso
evocar no silêncio um pensamento que nós atraímos das profundezas da
terra, como se ele nos viesse pelos pés.
Os mistérios do quadrilongo, em torno do qual vigiam Sabedoria,
Força e Beleza, não são profanados em Lojas que se limitam ao jogo
infantil do ritual. O Irmão Experto está aí isento de seu ofício capital; nada
mais se risca com giz sobre o assoalho da oficina, mas o predecessor do
Venerável Mestre em exercício abre a Bíblia, que santifica de modo
judaico-cristão a Loja.
Que nos seja permitido lembrar com saudade o antigo modo de
santificação que, puramente maçônico, conformava-se ao gênio
universalista da Iniciação; será preciso que a Maçonaria retorne a si
mesma, se quiser cumprir sua missão que é a de ensinar e a de praticar a
Arte Real.
4ª INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM
A............ tem a forma de um................................. Sua altura vai
da............ ao............. , seu comprimento do.......................... para
o........................ , sua largura do................... ao................., e sua
profundidade da......................................... ao...................da terra.
A razão deste simbolismo está em ser a maçonaria universal.
Apóia-se
a
Loja
Maçônica
em
três
grandes
Colunas:.................................. representando o Venerável Mestre,
no Oriente;........................, representando o Primeiro Vigilante no
ocidente e..............................., representando o Segundo Vigilante,
no sul. A Coluna da Sabedoria, no................., é representada
pelo........................ ................, por que este dirige os obreiros que
compõe a ordem. A Coluna da Força, no........................., é representada
pelo.............................. ................................., por que este é quem
paga aos obreiros o salário que é a força e a manutenção da
existência.
A
Coluna
da
beleza,
no..............,
é
representada
pelo................................ ...................................., por que é este
quem faz repousar os obreiros, fiscalizando-os no trabalho. Sabedoria, Força e Beleza são complemento de tudo o que é
perfeito
durável,
por
que
a............................cria;
a........................sustenta e........................adorna. A Maçonaria combate a ignorância e o fanatismo. A primeira, por
ser inimiga do progresso, estimulando vícios e intensificando
trevas; segundo, porque perverte a razão e conduz os insensatos
a ações condenáveis. Nos combates que a Maçonaria deve
manter contra esses inimigos, unem-se os Maçons através de um
laço de....................................., que obriga cada um a defesa e
socorro dos irmãos, sem, entretanto, significar com isso o amparo
incondicional àqueles que, por si mesmo, agem como maus
cidadãos, maus Maçons, maus pais de família, eis que estes
fizeram romper o laço que nos une como verdadeiros irmãos. COMPLEMENTO
4º INSTRUÇÃO DO GRAU DE APRENDIZ MAÇOM
Trata-se agora de uma das etapas mais importantes de toda a
nossa vida maçônica. Do perfeito entendimento desta 4º Instrução
vão depender muitas etapas futuras de nosso desenvolvimento
como bons Maçons. É por isso que se faz necessário exigir um
pouco mais de você. Leia atentamente toda a instrução, e responda por escrito as três
etapas que seguem. Não é necessário datilografar as respostas,
se você não quiser, e, qualquer dúvida, não hesite em pedir ajuda.
Devolver juntamente com o módulo da 4º Instrução. Irmão! Esta é a quarta e penúltima instrução do Grau de Aprendiz
Maçom. Seus tópicos principais são:
1º Recordar aspectos atinentes à Loja;
2º Revelar quais são os maiores oponentes à
Obra Maçônica: Ignorância, Fanatismo e
Superstição; e
3º Revelar o que nos fortalece no combate que
devemos manter contra esses inimigos: a
Solidariedade
PRIMEIRO. O primeiro tópico, em seus aspectos mais relevantes,
já deve estar plenamente assimilado por todos, eis que
dominamos os conceitos lá explanados, não é? 1º Qual é a forma de nossa Loja?
2º Qual a sua altura?
3º Qual seu comprimento, sua largura e profundidade?
4º Tudo isso representa a universalidade da Maçonaria. Situa-se
a Loja, no sentido do comprimento, do..................................... para
o ocidente. Por quê?
5º Em que se apóia a Loja? Explique.
SEGUNDO. Superada a primeira etapa, vamos agora refletir sobre
o que nos revela o Ritual relativamente aos “inimigos” que
devemos combater. Atente aos tópicos:
“A ignorância é a mãe de todos os vícios, e seu princípio é nada
saber, saber mal o que sabe e saber coisas outras além do que
deve saber”.
“O fanatismo é a exaltação religiosa que perverte a razão e
conduz os insensatos a, em nome de Deus e para honrá-lo,
praticarem ações condenáveis.”
“A superstição é um culto falso, mal compreendido, repleto de
mentiras, contrário à razão e às sãs idéias que se deve fazer de
Deus”.
Agora, de maneira simples, escreva sobre estes três inimigos e
responda com sinceridade se você já viu, entre nós Maçons, algum
traço que. — para você, — pode ser considerado “fanatismo” ou
“superstição”. Por quê? TERCEIRO. A terceira parte da quarta instrução nos revela de que
maneira devemos combater os oponentes descritos acima: através
do laço sagrado que nos une: a solidariedade. Também nesta
terceira parte nos é ensinado que o Laço de Solidariedade que
existe entre nós desmerece as críticas funestas que muitas vezes
lhe são feitas. Explique. 1º A Maçonaria proporciona aos seus vantagens
materiais?
2º O amparo que é devido mutuamente entre
seus membros é incondicional?
3º A obrigação de ajuda e de mutuo socorro é
sempre devida? Por que não?
4º Quando podemos e devemos favorecer a um
Irmão?
5º Nossa Instituição é livre de defeitos?
6º Enfim, em que consiste nossa Fraternidade?
Um Documento Significativo
Pergunta. — Todos os maçons possuem conhecimentos superiores àqueles
dos outros homens? Resposta. — Não é assim. O direito lhes pertence e a ocasião se oferece a
eles de instruírem-se mais que os outros homens; mas, por falta de
capacidade ou negligência em darem-se ao trabalho indispensável, não é
senão muitas vezes que não adquirem nenhum conhecimento.
Os antigos divertiam-se com lendas, aceitando-as como verdadeiras
na medida em que elas favoreciam sua imaginação. Não é preciso, pois,
ligar um valor histórico às narrativas que ornamentam às vezes uma
exposição de ordem filosófica. Assim, seria ingênuo ver outra coisa senão
um subterfúgio literário no pretenso processo verbal que o Rei Henrique VI
teria redigido de próprio punho após haver feito um de seus súditos sofrer
um interrogatório a respeito do Mistério da Maçonaria.
Trata-se de um documento inglês de caráter francamente arcaico,
tanto pela linguagem, quanto pelas idéias expressas. Ei-lo, de acordo com
a cópia atribuída ao filósofo Locke e publicada em Londres em 1753.
Perguntas e respostas concernentes ao mistério da Maçonaria,
escritas pelo punho do Rei Henrique, o sexto do nome, e fielmente
copiadas por mim, Johann Leylande, antiquário, por ordem de Sua
Alteza.
(Convém esclarecer que se trata do Rei Henrique VIII, não ainda intitulado
Majestade, que, quando da supressão dos monastérios, encarregara
Leylande de velar pela conservação de livros e manuscritos preciosos).
Essas perguntas e respostas foram as seguintes:
Pergunta. — Que mistério é esse?
Resposta. — É o conhecimento da natureza, o discernimento do
poder que ela encerra e de suas obras múltiplas, em particular, o
conhecimento dos números, dos pesos, das medidas e da melhor maneira
de fabricar todas as coisas que servem para o uso do homem, sobretudo,
habitações e edifícios de todos os gêneros, assim como todas as outras
coisas que contribuem para o bem do homem.
Pergunta. — Onde a Maçonaria começou?
Resposta. — Ela começou com os primeiros homens do Leste, que
existiam antes dos primeiros homens do Oeste e, vindo em direção do
Oeste, ela para aí aportou todos os confortos aos selvagens que disso
estavam privados.
Pergunta. — Por quem ela chegou ao Ocidente?
Resposta. — Pelos venezianos [confusão evidente com os fenícios
da Fenícia], grandes mercadores vindos primitivamente do Leste para
estabelecer-se em Veneza, para a comodidade de seu comércio que unia
o Leste ao Oeste pelo Mar Vermelho e o Mediterrâneo.
Pergunta. — Como ela veio para a Inglaterra?
Resposta. — Peter Gower [alteração do nome Pitágoras,
decomposto conforme a pronúncia inglesa em Peter por Pytha, e Gower
por Gore], um grego, residente, para sua instrução, no Egito, na Síria e em
todos os países onde os venezianos haviam implantado a Maçonaria.
Obtendo entrada em todas as Lojas de Maçons, ele muito se instruiu;
depois, retornou a Grande Grécia para aí trabalhar. Estando instruído, ele
se tornou um poderoso sábio de grande renome. Ele formou uma Grande
Loja em Groton [Crotona] e fez numerosos maçons, dos quais alguns
foram para a França onde fizeram, a seu turno, numerosos maçons, entre
os quais houve quem, com o tempo, fizesse passar a Arte para a
Inglaterra.
Pergunta. — Os maçons revelam suas artes a outrem?
Resposta. — Quando viajava para instruir-se, Peter Gower foi feito
maçom primeiro e instruído depois; do mesmo modo, todos os outros se
tornam maçons para serem instruídos. Os maçons têm sempre, em todas
as épocas, comunicado, de tempos em tempos à humanidade, aqueles de
seus segredos que poderiam ser de utilidade geral; eles se reservam
unicamente aqueles que poderiam se tornar nocivos se caíssem em mãos
perversas ou aqueles que não saberiam ser de nenhuma utilidade sem
estarem acompanhados das explicações que comporta sua comunicação
em Loja, ou ainda aqueles pelos quais os Irmãos se unem mais fortemente
uns aos outros, para o proveito e a comodidade que daí resultam para a
confraria.
Pergunta. — Quais Artes os maçons têm ensinado à Humanidade?
Resposta. — Essas artes se chamam Agricultura, Arquitetura,
Astronomia, Geometria, Matemáticas, Música, Poesia, Química, Governo e
Religião.
Pergunta. — Como os maçons chegaram a aprender mais que os
outros homens?
Resposta. — Unicamente eles possuem a arte de descobrir novas
artes, arte que os primeiros maçons receberam de Deus, graças à qual
arte eles encontram toda arte que lhes apraz, assim como a melhor
maneira de ensiná-la. Aquilo que os outros homens descobrem não é
senão um encontro fortuito e não apresenta, por conseguinte, senão um
valor restrito.
Pergunta. — O que calam e escondem os maçons?
Resposta. — Eles calam sobre a arte de descobrir novas artes,
aquilo que vem em seu proveito e louvor. Eles calam sobre a arte de
guardar segredos, a fim de que assim o mundo nada tenha a esconderlhes. Eles calam sobre a arte de realizar maravilhas e de predizer as
coisas que virão, a fim de que assim os maldosos não possam fazer
dessas artes um mau uso. Eles calam também a arte das transmutações,
de maneira a obter a faculdade do Abrac [o abracadabra faz alusão ao
poder de tornar eficazes os talismãs], o talento de torna-se bons e perfeitos
sem invocar o medo e a esperança. Eles calam, enfim, a linguagem
universal dos maçons.
Pergunta. — Os maçons consentiriam em ensinar-me essas artes?
Resposta. — Elas vos serão ensinadas, se vós o merecerdes e se
vós fordes capaz de nelas vos instruir.
Pergunta. — Todos os maçons possuem conhecimentos superiores
àqueles dos outros homens?
Resposta. — Não é assim. O direito lhes pertence e a ocasião se
oferece a eles de instruírem-se mais que os outros homens; mas, por falta
de capacidade ou negligência em darem-se ao trabalho indispensável, não
é senão muitas vezes que não adquirem nenhum conhecimento.
Pergunta. — Os maçons mostram-se melhores que os outros
homens?
Resposta. — Certos maçons não são tão virtuosos quanto certos
outros homens; mas, mais freqüentemente, eles são melhores do que
seriam se não fossem maçons.
Pergunta. — Os maçons se amam profundamente uns aos outros?
Resposta. — Sim, em verdade, visto que não poderia ser de outro
modo, porque homens bons e leais, reconhecendo-se como tais, não
podem senão se amarar tanto mais quanto melhores eles são.
Aqui terminam as perguntas e as respostas.
5ª Instrução do Grau de Aprendiz Maçom
Trata a Quinta Instrução especificamente da simbologia dos
números ___, ___, ___ e ___.
No Grau de Aprendiz, sobretudo, notamos a fundamental
importância do número _____ , pois ____ são as pancadas para a
bateria, ____ são os passos para a _________ , e é de ____ anos
a idade do Aprendiz. O estudo das relações numerológicas pelos
maçons advém do fato de os povos da Antigüidade haverem
adotado sistemas numéricos intimamente ligados a sua religião. A
idéia que tais povos faziam do mundo é a de que a _____________ é inseparável do _____________, do qual imprime a
imagem, a revelação. Ora, se a matéria é necessariamente ___________ e
__________________, enquanto o mundo for uma soma ou
relação de dimensões, então se pode atribuir um número a cada
coisa. Surgem-nos, entretanto, números que parecem predominar na
estrutura do mundo, no tempo e no espaço e que reputamos
fundamentais. Pelos antigos foram considerados sagrados, pois
seriam a expressão da ordem e da inteligência das coisas, e
mesmo da própria divindade. Ora, tentemos raciocinar como aqueles povos da Antigüidade
chegaram a essas conclusões:
•
•
•
Se a matéria é inseparável do espírito, então, à
__________ corresponde o ________. A matéria é o invólucro do espírito, e esse invólucro
material tem forma e dimensão. O que tem forma e dimensão pode ser expresso através
dos números. Logo, à expressão numérica abstrata corresponde uma expressão
material. A expressão abstrata corresponderia ao imaterial, e,
assim sendo, poderiam os números ser considerados sagrados,
pois representariam, até certo ponto, uma expressão das Leis
Divinas. Os números prestam-se perfeitamente a assumir caráter simbólico.
Assim, muitos povos da Antigüidade conheceram e empregaram a
ciência dos números. O número um, a unidade, representa o princípio dos números.
Porém, devemos lembrar, que a unidade só existe através dos
outros números. Unidade é potência, que só pode ser expressa e
compreendida pelo efeito do número dois, caso contrário, tornarse-ia idêntica ao todo. Assim, a natureza do número dois, em sua relação com a unidade,
representa a divisão, a diferença. O número dois é o símbolo dos
contrários, expressando a dúvida, o desequilíbrio e a contradição.
Representa os opostos e, pelo número dois, podemos representar
o bem e o ______ , a verdade e a ___________ , e luz a as
___________ , a inércia e o ______________ , enfim, todos os
princípios antagônicos e adversos. O número dois, por ser antagônico, não é concludente. Por essa
razão diz-se que é negativo e até terrível, pois traz a dúvida, e não
a certeza. O homem, quando cai no abismo da dúvida, perde seu
equilíbrio, fica dividido e entra em conflito consigo mesmo. Ora, para que cesse a diferença, a dúvida, o antagonismo e o
desequilíbrio que vimos até aqui, é necessário que ao dois
acrescentemos mais uma unidade.Toda instabilidade, então, resta
aniquilada pelo acréscimo da terceira unidade, e temos, no número
três, o equilíbrio, a ponto de que o três se converta também numa
unidade, uma nova unidade. Porém não mais idêntica ao todo, e
sim uma unidade de vida, do que existe por si próprio, do que é
perfeito. É o número três o primeiro número completo. Ao número três
corresponde a forma de um __________________, conquanto
composto por três _________ e três _________ . O ponto e a
linha, por si só, não originam nenhuma forma, pois são
necessárias três dimensões para que um objeto tenha forma. Todos os outros polígonos podem ser subdivididos em triângulos
que servem de base à construção de inúmeras superfícies. Por
essa razão, é fácil compreender porque o triângulo é o símbolo da
existência da própria divindade. O novo iniciado, ao abrir os olhos à Luz da Verdade, nada
encontra, no Templo, que se relacione com a unidade, pois nada
do que é sensível pode ser admitido a representá-la. Com efeito,
fora e em volta de nós, tudo é diversidade. A unidade não nos
aparece naquilo que nos é exterior, parece, ao contrário, residir em
nosso íntimo. Condensado no ternário estão o binário e a unidade. O maçom orgulha-se de apor três pontos ao seu nome. Esses três
pontos, como o Delta Luminoso e Sagrado, são um dos nossos
mais respeitados emblemas, e representam todos os ternários
conhecidos.
Representam especialmente as três qualidades
indispensáveis ao maçom:
V________________ S_________________
∴
I ________________ ou A ____________
São essas qualidades inseparáveis, que devem existir em
equilíbrio perfeito. Experimentem-se separá-las e teremos o
desequilíbrio. O homem dotado de __________________ , mas sem intelecto e
desprovido de afeto, será um ser brutal. O homem dotado de _______________ , porém sem vontade e
sem sabedoria, que é expressão do amor, será egoísta e inútil. O homem dotado de _____________ (______), mas sem vontade
e sem inteligência, será inútil, pois suas aspirações estarão
condenadas à esterilidade. Vejamos, aos pares, tais qualidades:
Poderemos ter um homem genial, a quem não falte vontade nem
inteligência. Se lhe faltar _____________ ou ______________ ,
será um monstro de egoísmo, e, como tal, condenado a
desaparecer. Um ser dotado de ______ e ___________ , se não tiver vontade,
será um caráter passivo, com ideais elevados, belas aspirações,
mas incapaz de realizar quaisquer delas, por falta de energia,
tornando-se
um
inútil.
A _________ unida ao ______ daria um melhor resultado, mas a
falta de inteligência impedirá sempre o ser bom e ativo de realizar
uma obra verdadeiramente útil, porque lhe faltará discernimento.
Além disso, estudando diferentes culturas de diversos povos,
encontraremos sempre os ternários, com a figura de um Ser
Supremo, manifestando-se sob três aspectos diferentes, porém
unitários.
Mais uma vez como expressão do equilíbrio.
O Delta Sagrado da Loja, talvez o mais puro de nossos emblemas,
é nas Lojas Maçônicas, também simbolizado pelos três grandes
pilares: __________, ________ e __________ , que representam
as Três Grandes Luzes colocadas sob o Painel da Loja. A
primeira no _______ , a segunda no _______ e a terceira no
_____ , de acordo com a orientação das Três Portas de Salomão. O Número Quatro
No centro do Delta Sagrado, está colocada a letra “iod”, inicial do
___________ (4 letras), a saber “iod”, “he”, “vau”, “he”. Apesar de o Tetragrama ser composto por quatro letras, apenas
____ são diferentes, para simbolizar as _____ dimensões dos
corpos, a saber: __________, _________ e _________ ou
profundidade. A letra “vau”, cujo valor numérico é 6, indica as
_____ faces dos ________. O Tetragrama, com suas quatro letras tem afinidade com a
________, pois 4 e 1 são quadrados perfeitos, porém só há _____
letras diferentes, para indicar que, a partir de 3, os números
entram numa nova fase. Finalmente, o Tetragrama lembra ao Aprendiz que ele passou
pelas Quatro Provas dos Elementos: ___________, _________,
______________ e _____________. Colocado a Nordeste da
Loja, ele vai recomeçar essas Quatro Provas no caminho para o
segundo grau, porém, desta vez, tendo recebido a Luz, e podendo
caminhar só no Templo, enfim, responsável por si mesmo, seus
pensamentos, suas palavras e atos. O ternário pode ser estudado sob múltiplos pontos de vista: do
tempo, da família, da Trindade Cristã, etc. Cite a constituição dos
ternários pedidos, seguindo o exemplo:
Exemplo: do tempo – passado, presente e futuro. Do movimento diurno do Sol:
________, _________ e Ocaso. Da constituição oculta do Ser:
______, ______ e Corpo. Da Kabbalah Hebraica, da qual são tiradas as pp∴ ss∴ e de p∴
da Maçonaria:
_____ (Coroa), ________ (Sabedoria) e ______ (Inteligência) Da Trindade Cristã:
______, ________ e __________. Da Trimurti hindu:
________, ________ e ________. Sat
Chit
Ananda A Magia dos Números
Ao nos depararmos com a Quinta Instrução do Grau de
Aprendiz Maçom, encontramos um tratamento muito especial
conferido ao significado dos números. Tal tratamento retrata uma
etapa da civilização e situa-nos num tempo e espaço colocados no
passado. Nossos ancestrais tinham uma visão muito peculiar da
matemática, uma visão que nos é, agora, trazida pela Quinta
Instrução. Mas não podemos nos esquecer de que não se pode
tirar grande proveito de determinados enunciados históricos, sem
nos preocuparmos, primeiro, com o contexto sociocultural em que
foram produzidos. Assim, por exemplo, afirmar que o número um é
igual à unidade não é correto, apesar de tal afirmativa aparecer na
quinta instrução. Ora, apenas quando somente o conjunto de
números naturais era conhecido, podia-se afirmar tal coisa. Afinal,
o número um pode ser dividido infinitamente, logo, não é igual à
unidade, pois esta última, assim como o infinito, é um conceito
metafísico. Foi pensando nisso que resolvi pesquisar alguma coisa
relacionada à história dos números, e encontrei em HOGBEN,
Lancelot, Maravilhas da matemática, uma visão muita bem
humorada, — e mesmo um tanto ácida em relação aos antigos, —
dessa ciência que, para alguns, é tão sisuda e misteriosa.
Encontrei também a diferença entre dois conceitos, a saber,o
Verdadeiro e o Real, que devem ser, de uma vez por todas,
conhecidos por nossos obreiros. A Quinta Instrução traz em si uma
beleza única, mas é preciso estar preparado para encontrá-la.
Comecemos pelos gregos, esses grandes matemáticos que
lançaram fundamentos que perduram até hoje. A exaltação da
matemática, por parte de Platão, a um augusto e misterioso ritual
originou-se das negras superstições e das puerilidades fantásticas
que empolgavam os homens que viviam na infância da civilização,
numa época em que, nem os mais inteligentes sabiam distinguir
claramente a diferença entre dizer que 13 é um número primo e
que 13 é número aziago. Sua influência na educação envolveu a
matemática num véu de mistério.
A maior façanha de Platão, diz Hogben, foi inventar uma
religião capaz de satisfazer as necessidades emocionais de
homens que viviam em conflito com seus ambientes sociais e
eram demasiado inteligentes ou individualistas, para procurar
santuário nas formas mais grosseiras do animismo. A curiosidade
dos primeiros que especularam o átomo, estudaram a propriedade
dos ímãs, observaram as conseqüências de se atritar o âmbar,
dissecaram os animais e catalogaram as plantas três séculos
antes de Aristóteles escrever o seu epitáfio sobre a ciência grega,
banir as personalidades do interior dos objetos naturais. Platão
colocou o animismo fora do alcance da devassa experimental,
inventando um mundo de “universais”. Este mundo de “universais”
é o mundo tal como Deus o conhece, é o “verdadeiro” mundo, do
qual o nosso não passa de sombra. Nesse “verdadeiro” mundo, os
símbolos fonéticos e numerais eram investidos da magia que se
evolava do corpo dos animais e do tronco das árvores, logo que
dissecados e descritos. O Timeus é uma encantadora coletânea
das estranhas perversões a que podia ser compelida esta mágica
do simbolismo. A verdadeira terra, em contraposição à terra
sólida, em que construímos nossas casas, é um triângulo
eqüilátero. A verdadeira água, em contraposição àquela que, uma
vez ou outra, consideramos uma bebida, é um triângulo retângulo.
O verdadeiro fogo, em contraposição ao fogo contra que nos
seguram as Companhias, é um triângulo isóscele. O verdadeiro ar,
em contraposição àquele com que enchemos pneus, é um
triângulo escaleno... Armemo-nos de paciência e vejamos como
Platão transformou a geometria da esfera numa explicação mágica
da origem do homem. Deus, – informa ele, – “imitando a forma
esférica do universo, encerrou os dois desígnios divinos num corpo
esférico, a que chamamos cabeça.”(!) Para que a cabeça “não
ficasse aos trambolhões pelos altos e baixos da Terra, para que
pudesse sair destes e galgar aqueles”, dotou-a de “um corpo
destinado a servir de veículo e de meio de locomoção, e por isso
tinha um certo comprimento e era dotado de quatro membros
compridos e articulados...”
Esta supremacia da cabeça muito desvanece os intelectuais
que não têm problemas práticos para preocupá-los. Assim sendo,
não é de admirar que a metafísica peculiar de Platão conservasse
sua influência sobre a educação, até muito depois que seu
temerário projeto de sociedade planificada deixou de ser reputado
teoria merecedora do estudo da juventude.
Um sistema
educacional baseado nos ensinamentos de Platão pode muito bem
confiar o ensino da matemática a esses teóricos que põe a cabeça
antes do estômago, e que, por isso, ficariam aos trambolhões
pelos altos e baixos da terra, se tivessem de ensinar qualquer
disciplina. Naturalmente, esta perversão afugenta os indivíduos
equilibrados, para quem os símbolos não passam de instrumentos
da experiência social organizada, ao passo que atrai aqueles que
se valem dos símbolos para escapar deste mundo tenebroso em
que os homens lutam pelas pequeninas verdades que logram
conquistar, e fogem para o “verdadeiro” mundo em que as
verdades parecerão axiomáticas.
A história do pensamento humano poderia ser encarada
como uma luta entre dois modos diversos de se lidar com o
mundo. Um é o do homem prático que utiliza o conhecimento para
alterar a realidade; o outro é a cultura de uma casta dotada de
lazer suficiente para contemplá-la. As superstições sacerdotais
associadas com o calendário exigiam que a posição dos templos
encerrasse uma saudação aos seus augustos patronos celestiais.
Assim, para fazer hotéis luxuosos e confortáveis, dignos da visita
dos deuses siderais, os escravos mourejavam sobre o areal
ardente do deserto. Isto produziu uma arte, repositória dos
segredos da construção de casas dignas do homem.
Entre os gregos jônicos, havia homens, como Demócrito, que
percebiam, como nós, que o conhecimento é algo que temos o
privilégio de compartilhar com os demais.
Os primeiros
matemáticos desejavam distribuir profusamente os seus
conhecimentos. O próprio Pitágoras passou a vida a fazer
conferências sobre números e figuras, perante vastos auditórios.
Por sinal, casou-se com uma de suas alunas, chamada Teona.
Os conhecimentos numéricos da velha China permitem-nos
perceber os rudimentos mágicos de uma língua de grandezas em
que se baseia a estatística moderna. No Livro Chinês das
Permutações, escrito 500 anos antes do nascimento de Pitágoras,
representam-se os oito primeiros números por combinações de
traços horizontais, ora inteiros, ora interrompidos. A escrita
calendárica dos Maias, — a única linguagem numeral baseada no
mesmo princípio que a notação hindu, — também usa traços
horizontais superpostos.
Outra maneira de representar os
números era o uso de pontos e círculos. Círculos brancos para
números machos, e pretos para números fêmeas. É esta a
representação usada no primeiro quadrado mágico de que temos
notícia.
O culto do quadrado mágico imperava em todo o mundo
antigo. Mais tarde, provavelmente confundiu-se com a forma de
magia conhecida pelo nome de “gematria”, estranha crença
entrelaçada ao uso das letras alfabéticas para propósitos
divinatórios. Quando cada letra passou a representar um número,
cada palavra passou, ipso-facto, a ter o seu número característico,
formado pela adição de todos os números representados por suas
letras.
Quando duas palavras tinham o mesmo número,
comentava-se o fato como se fosse símbolo de algum mistério
tremendo. A superioridade de Aquiles sobre Heitor fundava-se no
fato de as letras do nome Aquiles perfazerem um total de 1.276, ao
passo que as de Heitor perfaziam apenas 1.225. Em hebraico,
Eliasar perfaz 318. A saga hebraica diz-nos que Abraão libertou
318 escravos quando salvou Eliasar. A gematria associou estrelas,
planetas e prodígios nos escritos astrológicos dos teosofistas e
astrólogos medievais.
Tudo isso nos testemunha a História. Para o homem normal,
porém, a perfeição desse “verdadeiro mundo”, incansavelmente
procurado pelos antigos, cheira a sonho. O mundo em que vive o
homem comum é o mundo de lutas e fracassos, privações e
desenganos. No mundo matemático, tudo é evidente para quem a
ele se acostuma, daí sua atração irresistível para aqueles que não
se habituaram à realidade, e procuram, através de métodos
abstrusos, um meio mágico de exorcizarem o sofrimento e a
dúvida, muito mais produto de suas próprias fraquezas e
desenganos. Nossos rituais nos dão testemunho de fórmulas
antigas. Com elas, nossos antepassados viam e enfrentavam o
mundo. Por isso tais fórmulas são tão importantes para nós.
Todavia, entre conhecê-las e empregá-las cotidianamente, vai uma
distância tremenda, só comparável àquela aposta entre o sonho e
a realidade.
O homem, ao longo de toda a sua história, jamais pôde
escapar à decepção de verem destruídos os fundamentos básicos
de suas crenças e desejos. A história da matemática ilustra bem
essa série de decepções. Uma delas provém de Platão, que
assegura que as proposições matemáticas reafirmam verdades
eternas. Foi esta a doutrina que forneceu a Kant uma maneira
segura de afrontar os materialistas de seu tempo, onde
revolucionários como Diderot ameaçavam o clero. Kant supunha
que os princípios da geometria eram eternos e independentes de
nossa percepção, suposição esta arrasada por Einstein, e não
mais residindo no céu onde a colocou Platão, pois sabemos, hoje,
que os postulados geométricos, quando aplicados ao mundo
material, não passam de verdades aproximadas. Mesmo assim, é
possível brincar com a matemática.
Conta-se que Diderot, o enciclopedista, na corte russa,
costumava deliciar a nobreza com sua irreverência materialista. A
czarina, ciosa da fé dos cortesãos, contratou Euler, o mais ilustre
matemático daquela época, para discutir publicamente com o
filósofo. Este último foi, então, informado de que um matemático
descobrira uma prova da existência de Deus. Convidado a
comparecer à corte, perante a nobreza reunida, Euler lançou a
seguinte proposição: “a + b.n / n = x, logo, Deus existe.
Responda!” Mas, para o filósofo Diderot, álgebra era o mesmo que
árabe e, por isso, não pôde precisar onde estava a mistificação.
Ora, se ele soubesse que a álgebra não passa de uma linguagem
na qual se designa o papel representado pelas coisas,
contrariamente às línguas ordinárias, usadas para designar as
espécies das coisas do universo, teria pedido a Euler que
traduzisse para o francês a primeira parte da sentença. Traduzida
livremente para o português, teríamos mais ou menos o seguinte:
“Pode obter-se o número x, primeiro juntando a um número a um
número b, multiplicado por si mesmo certo número de vezes e
depois dividindo tudo pelo número de vezes por que se multiplicou
b, portanto, Deus existe. Que me dizes a isto?” Mas Euler teria
ficado em apuros se fosse questionado sobre de que maneira a
segunda parte da sentença decorre da primeira. Diderot, como
muitos de nós, ficou inseguro ao ser defrontado por uma
linguagem de grandezas, e afastou-se do salão, voltando logo para
França.
Todavia, o tribunal da História acabou por socorrer Diderot, e
o supernaturalismo defendido por Euler limitou-se a bater em
retirada.
Enfim, os números não mentem, mas pode-se mentir através
deles.
A Matemática
Matemática é a ciência que estuda as propriedades de entes
abstratos, pelo emprego do raciocínio dedutivo. No passado,
voltou-se especialmente para o estudo das propriedades dos
números e figuras geométricas e das relações que se estabelecem
entre eles. Divide-se grosso modo em matemática pura, —
raciocínio abstrato baseado em axiomas, — e aplicada, que
envolve o uso da matemática em outros campos do conhecimento,
como a física, química, astronomia, engenharia, economia etc. As
principais divisões da matemática pura são a álgebra e a
geometria.
Os estudos sobre as sociedades primitivas mostram que as
primeiras noções matemáticas e símbolos numéricos surgiram
como abstrações da operação de contar e progrediram
principalmente em áreas de civilização urbana com condições
econômicas evoluídas. Tradicionalmente, divide-se a história da
matemática em cinco períodos: dos primórdios até a época dos
babilônios e egípcios, o período grego, a Idade Média e o
Renascimento, os séculos XVII e XVIII; e os séculos XIX e XX. As
maiores contribuições matemáticas da Antigüidade são atribuídas
às civilizações mesopotâmica e grega, enquanto as culturas
egípcia e romana se limitaram a aperfeiçoar as técnicas de medida
e a prática aritmética.
Em sua evolução histórica, a matemática experimentou uma
progressiva diferenciação em áreas. Entre as mais importantes
estão a aritmética, a geometria, a álgebra, a análise matemática,
que engloba o cálculo diferencial e integral, a trigonometria, a
teoria dos conjuntos, a probabilidade e a estatística.
Fonte: HOGBEN, Lancelot. Maravilhas da Matemática.
Influência e função da matemática nos conhecimentos
humanos. Ed. Globo, 1970.
Cabala,
Busca Filosófica da Compreensão de Deus
A Cabala, além de seu sentido genérico de tradição oral, é um conjunto de preceitos e
especulações místico-esotéricas da filosofia religiosa judaica, sob a influência de outras
doutrinas. Começou a cristalizar-se a partir do início da era cristã, definindo-se no século
XIII como sistema filosófico-religioso. O pensamento judaico sempre foi interpretativo dos
textos bíblicos, deles procurando extrair significados ocultos. A cabala originou-se na
kabalah (tradição), iluminada por um misticismo exacerbado que acabou por assumir o
primeiro plano para ganhar os valores de um sistema conceitual.
Tais ensinamentos esotéricos surgiram a partir do século XIII, na Espanha e no sul da
França. Em sentido estrito, há duas escolas cabalísticas: a alemã e a espanhola. Esta
última seguiu o caminho da especulação e da teosofia esotérica, organizando-se no
século XIII, na península Ibérica e Provença, no livro Zefer Ha-Zohar (Livro do Esplendor),
conhecido como Zohar. Escrito entre os anos 1280 e 1286 pelo cabalista espanhol Moisés
de León, sua autoria, na verdade, é atribuída ao rabino do século II, Simón Bar Yohai. O
Livro se concentra na natureza e na interação de dez sefirot (números elementares),
símbolos da vida e dos processos da natureza divina. Segundo a teosofia do Zoar, além
de qualquer contemplação humana está Deus, pois ele é, em si próprio, incognoscível e
imutável: En Sof (infinito).
Este aspecto cósmico do Zohar se desenvolveu na cabala luriânica do século XVI que foi
fundada por Isaac ben Salomão Luria. Segundo Salomão Luria, o En Sof ao criar o
mundo, reservou um espaço para o mal. Posteriormente, a cabala levou a práticas de
magia e ocultismo.
Não nos podemos esquecer de que há também um movimento de cabala cristã a partir do
século XV, que se identifica com as escolas alemãs e italianas.
A Tradição
Doutrina e Fundamentos
Cabala Medieval
Cordovero e Luria
Conclusão
A Tradição
Visão do Carro de Ezequiel, pelo pintor Rafael, uma alegoria cabalística. Data dos séculos I e II da era cristã a primeira manifestação da tradição cabalística: é o
maasseh merkavah (história do carro), mencionado no livro de Enoque, uma das duas
estruturas, junto com o maasseh bereshit (história da gênese), nas quais repousa toda a
cabala. Esta é uma especulação sobre o mundo das coisas e sua criação; aquela, um
sistema metafísico que aponta os atributos divinos como causa de tudo.A merkavah, o
carro celeste da visão do profeta Ezequiel, que percorre os sete céus através de inúmeros
perigos, é uma alegoria da elevação da alma à procura de Deus. Essa gnose é oriunda do
exílio na Babilônia, e seus cultores, aqueles que se dispunham à grande aventura, são
chamados iordei merkavah. Doutrina e Fundamentos
Do século III ao século VI a especulação cabalística já dominava o pensamento judaico
na Babilônia. Nessa época surgiu o Sefer ietzirah (Livro da criação), escrito em hebraico
por autor desconhecido, que trata da origem do universo e das leis que o regem. Em um
monólogo do patriarca Abraão revela-se a compreensão da natureza e de suas
manifestações como emanações de Deus.
Os vários planos da criação formam dez esferas (sefirot). O espírito tornado Palavra
(análogo ao Verbo) é a primeira esfera e, por meio do sopro, a segunda esfera, que dele
emana, cria as demais através de combinações de letras e números: a água é a terceira,
que produz a terra, o barro, as trevas, os elementos rudes; o fogo é a quarta; as seis
últimas são os quatro pontos cardeais e os dois pólos.
O Sefer ietzirah já encerra a preocupação cabalística com a manipulação de letras e
números na interpretação de significados ocultos e na prática da magia. Os 32 caminhos
místicos são constituídos pelas 22 letras do alfabeto hebraico e dez algarismos, que
podem ser combinados e interpretados de três maneiras: notarikon, que cria significados
ao tomar as palavras por acrósticos de expressões ocultas; guematria, que atribui valores
numéricos às letras, estabelecendo analogia entre palavras de valores iguais; e temurah
ou permuta, que manipula palavras por anagramas.
Cabala Medieval
Na Idade Média o centro do judaísmo deslocou-se da Babilônia para a Europa. Na
Provença, Abraão ben David de Posquières escreveu um comentário ao Sefer ietzirah.
Seu filho Isaac, o Sagui Naor, foi considerado "pai da cabala", sendo-lhe atribuída uma
obra de fundamental importância, o Bahir (claro, brilhante).
A obra que viria a ser o cânone da cabala surgiu, porém, na Espanha do século XIII; o
Sefer ha-zohar (Livro do esplendor), ou, simplesmente, Zohar. Foi a partir de sua
divulgação que a cabala ganhou dimensão de movimento organizado a doutrina
sistematizada. Já atribuído ao rabi Simão bar Iochai, o Zohar parece ser na verdade uma
compilação de várias obras, feita por Moisés ben Shem Tov, de León. Seu texto
constituiu-se aos poucos, sendo completado entre 1275 e 1286, e só foi impresso, na
versão original em aramaico, em 1558 em Mântua. Como em toda a cabala, vários
conceitos se fundem no Zohar: um panteísmo de influência neoplatônica, idéias
nitidamente teístas, elementos de feitiçaria e demonologia medievais, linhas de exegese
inspiradas pelo racionalismo judaico.
O Ser infinito ou Ein Sof, segundo o Zohar, difere do Deus-Criador das escrituras: é a
substância, a causa imanente, o princípio ativo e passivo de tudo. O Ein Sof desconhece
a si mesmo até que suas emanações se constituam em atributos através de dez sefirot,
esferas que são projeções espirituais desses atributos, e não formadas pelos planos da
Criação, como as esferas do Sefer ietzirah. No Zohar, as dez sefirot assumem uma
imagem antropomórfica, formando a figura do Adam Kadmon: é o demiurgo, o criador da
natureza. Essa imagem do Adam Kadmon corresponde à do homem perfeito que é o
mensageiro de Deus, o messias.
Cordovero e Luria
A expulsão dos judeus da península ibérica em 1492 e a migração dos judeus espanhóis
para a Palestina fizeram florescer na cidade de Safed, na Galiléia, um círculo influente de
cabalistas. Dois cabalistas de Safed se destacaram e marcaram o movimento: Cordovero
e Isaac Luria.
Moisés ben Jacob Cordovero, em sua obra principal, Pardes rimonin (Pomar de romãs),
interpretou e explicou o Zohar, estabelecendo a diferença entre o panteísmo neoplatônico
e o da cabala: "Deus é realidade, mas esta não é Deus”.Explicou ainda a natureza da
criação do universo e das sefirot. Sua atitude filosófica é condizente com a dos cabalistas
contemplativos e puramente especulativos do período espanhol.
Ao contrário de Cordovero, Isaac Luria foi místico e visionário voltado para a cabala
prática e ativa. Filósofo e professor, só falava a seus discípulos, mas nada escreveu. Luria
voltou-se para a contemplação das forças naturais, onde via e ouvia o murmúrio das
almas e a linguagem do espírito. A par de seus arroubos místicos, deixou teorias bem
delineadas.
A existência de uma alma coletiva dá a cada homem uma relação indissolúvel de causaefeito com todos os homens. Seus pecados e seus méritos se refletirão no destino de
todos. Derivada dessa teoria, a do dibuk explica a posse de um corpo vivo pela alma de
um morto ou de um demônio.
Luria, conhecido como Haari Hakadosh (leão sagrado) ou simplesmente Haari, tornou-se
um marco de transição entre a cabala especulativa e os movimentos de massa judaicos
nela inspirados. Acentuando a importância do papel do homem no misticismo da cabala,
abriu caminho para uma atitude mística ativa, que visa à busca e ao encontro da
harmonia e da redenção.
Conclusão
Quem quer que aspire conhecer a Cabala deve familiarizar-se com as idéias de Platão no
“Demiurgo” e com as de Filon, no “Logos”, recomenda o Rabino Hirsh Zelkovicz. Mas,
incontestavelmente, a Cabala é hebraica, muito embora alguns pretendam o contrário,
aduzindo teorias e idéias que chegam ao cúmulo de afirmar que a Cabala “foi roubada”
aos arianos pelos judeus. Velha história que conhecemos muito bem, e que não vale a
pena comentar aqui. A obra apresenta-se estruturada de acordo com a lógica costumeira
da divisão de livros. Estes, ao que parece, de diversas épocas, foram unificados
organicamente através de uma redação ulterior. A matéria, assim fragmentada, não
obstante, tem uma característica principal: todas as partes se constituem,
invariavelmente, em comentários a respeito de versículos da Torah, que a Cabala
interpreta de modo eminentemente místico, com profundidade e sabedoria. Muitos vêem a
cabala, erroneamente, apenas como sistema de manipulações mágicas. Em certas
épocas esse aspecto teve papel preponderante, mas a cabala nunca deixou de ser função
de uma busca filosófica da compreensão de Deus, dos mistérios do universo e do destino
do homem.
Fontes: Encyclopaedia Britannica do Brasil. — Microsoft Encarta Encyclopedia
2002. — ZELKOVICZ, Hirsh. Judaísmo y antisemitismo a la luz de la historia, ed.
Nohra, Bogotá, 1969.
TROLHAMENTO OU TELHAMENTO
Em atenção ao assunto colocado por um de nossos Irmãos,
ocorreu-me pesquisar o termo e apresentar alguns subsídios
encontrados juntos a obra do escritor maçônico Ir∴ CASTELLANI. Em primeiro lugar, ambos os termos, telhamento ou
trolhamento, não aparecem como verbetes específicos no
dicionário maçônico do Ir∋. CASTELLANI, que lá os não coloca,
por se tratarem de neologismos.
Assim, não constou a palavra telhamento, eis que o correto,
no idioma vernáculo, é telhadura. Da mesma forma também não
constou o verbo trolhar — neologismo. Encontramos, todavia, o
verbo transitivo telhar, que não é neologismo. No dicionário, são
abordados ainda os verbetes telhador e trolha. Senão vejamos:
TELHADOR _ ... em Maçonaria é também o título do Cobridor, ou
Guarda do Templo, a quem compete telhar, ou fazer o telhamento
(que é um neologismo maçônico, já que o termo correto seria
telhadura) dos que se apresentam à porta do Templo, para verificar a
sua qualidade maçônica e o seu grau.
TELHAR _ ... Ao cobridor, ou Telhador, compete telhar — ou seja,
examinar nos toques, sinais e palavras — os visitantes que se
apresentam à porta do Templo, para verificar se eles são realmente
maçons, e, posteriormente, para se certificar se eles possuem grau
suficiente para assistir à Sessão que está se realizando. O termo
tem sido confundido com trolhar — que significa passar a trolha —
altamente incorreto para designar o referido exame, já que este é
uma cobertura, e cobertura se faz com telhas e não com trolhas (ver
trolha).
TROLHA _ ...como uma de suas funções é alisar a argamassa,
aparando as rugosidades, ela, simbolicamente, significa o meio que
é usado para apaziguar Obreiros em litígio, aparando as arestas. E é
por isso que esse apaziguamento, esse entendimento, é conhecido
por um neologismo maçônico inexistente no idioma: trolhamento, já
que trolhar, outro neologismo, é passar a trolha. O termo,
lamentavelmente, em alguns meios maçônicos, tem sido usado em
lugar de telhamento, e com o mesmo sentido deste, o que é um erro
que não tem sido devidamente esclarecido.
A par disso, contudo, ainda que consideremos o acerto com
que o tema foi, sem dúvida alguma, desenvolvido pelo respeitável
Ir∴ escritor, em nossos Rituais figura o termo TROLHAMENTO,
adotado, portanto, pela Muito Respeitável Grande Loja Maçônica
do Estado do Rio Grande do Sul, a qual estamos, como Lojas,
subordinados. É por essa razão que adotamos o termo, e o
usamos para designar o que na verdade seria o TELHAMENTO. Mais uma vez, meus Irmãos, vamos nos adequar àquilo que
nossa Instituição nos indica, não nos furtando, todavia, de um
exame mais aprofundado, do qual jamais devemos fugir, ainda que
tal exame implique numa postura crítica. Não vai nisso nenhum
demérito. Configura apenas simples exercício de nossa liberdade,
apanágio maior de todo Maçom. Maçonaria, meus Irmãos, é isso.
Aprendizado com base em tomada de consciência revelada no
estudo de cada gesto, de cada palavra, de cada símbolo, com
extração do conteúdo intrínseco de cada um desses elementos.
Isso nos ensina e nos prova que não somos autômatos, robôs que
se repetem. Somos seres conscientes. Se fazemos gestos,
reprisamos condutas e repetimos palavras, façamo-los cônscios de
seu significado. Para chegarmos a isso, mister que perguntemos,
que questionemos e que pesquisemos sempre, ainda que, às
perguntas, correspondam várias respostas, e que sejam até
contraditórias estas respostas entre si. Lidemos com isso desde
cedo, lado a lado com o pragmatismo da tomada desta ou daquela
solução. Não percamos de vista, porém, a fragilidade da versão
unilateral das coisas. Só assim advirá o progresso individual a
cada um de nós, com a descoberta de que existem inúmeros
modos de pensar o mesmo problema, caminhos da criatividade,
dimensão superior do Homem que, — para buscar e encontrar
respostas, — deve, antes de tudo, aprender a fazer perguntas.
PROÊMIO AO ESTUDO DA ABÓBADA CELESTE
"O que é na verdade mais belo que o céu, que, certamente,
contém todos os atributos da beleza?
Isto é proclamado por seus verdadeiros nomes,
caelum e mundus, este último significando clareza e
ornamento,
como a escultura antiga."
Copérnico - As Revoluções das órbitas Celestes, 1543
Citadinos, cercados por horizontes edificados, dificilmente
olhamos para o alto: esquecemos o firmamento! Ninguém mais
tem ócio para contemplar. Olvidamos os mitos celestes de
antanho, e o céu passou a texto e vivência da tecnologia. A
abóbada celeste, palco outrora dos deuses e dos heróis míticos,
nada mais tem a dizer ao homem urbano, pois esse cedeu seu
lugar aos especialistas. Vênus? Três Marias? Sirius? Poucos são
aqueles que aprenderam a identificá-los, e sequer pensam em
apontá-los aos filhos.
Hoje, conhecer os planetas e as constelações, seus mitos e
estórias, é tão útil, ou inútil, quanto saber o que significaram na
História. Assim pensa a maioria, seja ela citadina ou maçônica, e
poucos cultuam a celeste tradição de milênios...
Deploravelmente, isso levou a deformações na Abóbada
Celeste escocesa. Em alguns templos, as modificações foram
tantas que o "painel celeste" desapareceu! E, absurdamente, o
substituíram por um simulacro do céu astronômico pretensiosamente atualizado, enxameado de ene pontos
luminosos distribuídos a esmo. Assim, embora artisticamente
embelezado e provido de recursos técnicos, como se fora um
planetário, ele nada aponta e nada acrescenta à busca do Iniciado,
a não ser mostrar seu faiscante mutismo.
Por outro lado, naquelas Lojas que conservaram os cânones
celestes do Rito, a sóbria abóbada também está emudecendo calada por falta de intérpretes!...
Na verdade, aquém e além do Pórtico, a cobertura celeste
está dissociada de nossa vivência, seja ela maçônica ou profana.
Segundo Carl Sagan, em "Cosmos", os homens são "filhos
das estrelas". Infelizmente, não enxergamos isso no dossel
estrelado. Os Augustos Mistérios que lá estão, jazem no dizer
ritualístico, letra-morta, pois não tentamos decifrá-los nem
buscamos suas mensagens na Abóbada Celeste!
Exagero? Talvez! Mas cultuamos o respeito à Tradição. E
essa diz que o teto estrelado das lojas escocesas é uma
reminiscência do Antigo Egito que cultuou sobremodo tal
conhecimento, acolhido e normatizado no texto inicial do ritual. Daí
o nosso inconformismo com mudanças e amnésias ao textopadrão da cobertura estelar, uma tradição que nenhum maçom não importando seus títulos ou posição hierárquica - pode mudar,
alterar ou esquecer. Quando vemos isso acontecer, seja em
reformas ou na construção de templos, ficamos em dúvida sobre o
apodo cabível a tais iconoclastas: perjuros ou ignorantes! Pois, ou
eles têm conhecimento do texto que regula o assunto, e se
colocam acima disso, ou o desconhecem, e, no caso, não estão à
altura do cargo ou encargo que exercem nem dos conhecimentos
que aparentam ter.
- Querem outra abóbada, céu ou teto? É fácil: troquem de
rito!...
Feita a inserção de nossa inconformidade - e veemente
repúdio - com o descumprimento da norma que regula o teto do
Templo (páginas iniciais do Ritual de Aprendiz do R.’.E.’.A.’.A.’. praticado pelas GG.’.LL.’. Brasileiras), retornemos ao tema em
estudo para mostrá-lo a luz de outros enfoques, quiçá mais
amenos.
Estórias egípcias contam que Osíris, para presidir o tribunal
das almas, diariamente viajava do Oriente para Ocidente em sua
"barca solar", tripulada por fiéis vassalos - os glorificados
(simbolizados nas estrelas pintadas no teto da Câmara do
Sarcófago Real). Por analogia, identificamos os "reais
companheiros" de então com os exaltados de hoje, pois, seja há
milênios ou nos dias atuais, neles e em nós, por extensão e
herança, continua perene o espírito e o trabalho de guardiães da
Tradição...
Neste trabalho, com o arcaico "proêmio", forma em desuso
para introdução, buscamos realçar o nosso antagonismo às
mudanças na abóbada, embora conheçamos outros enfoques, não
tão tradicionais quanto o nosso, dentre eles os lavrados pelos
renomados irmãos:
Hiran L. Zoccoli, autor da obra "A Abóbada Celeste
na Maçonaria", na qual diz que após examinar
divergentes
estampas
do
céu
maçônico,
confrontando-as com a diversidade dos tetos
existentes, estudou os fundamentos da Astronomia,
concluindo pela incompatibilidade da presença
concomitante de tais aspectos na abóbada do
templo maçônico. Daí apresentar e postular,
calcadas em padrões da Astronomia, duas novas
abóbadas: uma para as lojas do Hemisfério Norte, e
outra para as do Sul. Nelas insere todas as
constelações zodiacais e todos os planetas
conhecidos do Sistema Solar, acrescentando na
boreal a Estrela Polar e na austral a constelação do
Cruzeiro do Sul.
Evidentemente, não concordamos com tal posicionamento.
Os nossos fundamentos celestes colidem. Enxergamos a
perenidade da Tradição nas "figuras" rejeitadas por Zocolli,
enquanto ele, com os olhos da Ciência, buscou a mutabilidade
temporal e espacial do firmamento. Donde, a nossa mútua
exclusão de tetos...
José Castellani, em diversas de suas obras, e nas
revistas "A Trolha" e "O Prumo", diz ser suficiente
para Simbologia Maçônica que somente o Sol, a
Lua e as nuanças de cor Dia/Noite estejam na
Abóbada Celeste, não sendo essencial a presença
dos planetas e estrelas, acrescentando que no
passado o teto das lojas ostentavam a
representação (pentáculos) das doze constelações
zodiacais (Rev. "A Acácia" n.º 29/1995).
Castellani, conceituado pesquisador, parece preferir um
modelo mais antigo da Abóbada Celeste (similar à descrição feita
por Prichard em 1730), mas que entendemos válido só em outros
Ritos ou, talvez, no Escocês de Obediências não cingidas ao ritual
de 1928 das GG.’.LL.’..
E mais, Castellani, quando mostra o céu maçônico - que diz
conter as constelações zodiacais - apresenta uma das "antigas
estampas". Mas comete aí um deslize! Aquela gravura, e outras
similares, contêm asterismos austrais, boreais, equatorial e
somente quatro zodiacais: Virgem, Touro, Leão e Escorpião!
Constelações essas que foram os primeiros "marcos" da estrada
solar dos deuses celestes, onde mais tarde se agregaram outros
quatro e, finalmente, no século VI a.C. o duodenário círculo ficou
completo. Portanto, é importante frisar, a Tradição não contempla
o céu maçônico escocês com todo o zodíaco, mas sim e somente
com a representação daquelas que a antiga Mesopotâmia
formatou.
Concluindo, é gratificante constatar que Castellani assevera
ser correta a decoração celeste que siga um padrão (e descreve o
nosso), dizendo-o sem estrelas a esmo e sem o Cruzeiro do Sul,
que aponta como presente em Templos irregulares (Cad. Est. Maç.
nº 2 - J.Castellani - pág. 65).
Todo prólogo busca cativar o leitor, predispondo-o em favor
da obra que apresenta. Propositadamente, fizemos o contrário:
ressaltamos a ignorância que paira sobre o tema em exame, a fim
de motivar à ação de conhecer e de restaurar a nossa tradicional
abóbada celeste. Nessa missão, nos lançamos à condição de
palestrante e de articulista. Agora, transcorrido um tempo razoável,
constatamos que a palavra ecoou, mas com pouca eficácia na
comunicação escrita; faltou um texto convincente para ativar a
imaginação escocesa, fazendo-a recordar os porquês de sua
ancestral cobertura. Tal insight é um dos propósitos deste proêmio,
quiçá - a bem do Rito -, tenhamos êxito.
Até aqui, de diferentes modos, expressamos a idéia de um
painel presente no teto do templo, realmente é isso que lá está, um
grande mural ou um enorme afresco. Como tal, não pode espelhar
um momento específico ou único do firmamento, mas sim, e
simultaneamente, diversos. No mínimo, tantos quantos são os
astros presentes na simbólica e alegórica abóbada arquitetada por
ignotos mestres e deixada à decifração da posteridade escocesa.
Ouvindo amortecidos ecos da linguagem perdida da Tradição
- traduzimos:
- meu sobrecéu - com os luzeiros do Dia e da Noite,
nuvens, planetas e poucas estrelas -, cobre do
Setentrião ao Vale dos Reis ao Meio-Dia, de Albion
ao Ocaso ao mundo de Zoroastro no Nascente. Sob
tal dossel vi nascer as duas primeiras lojas míticas:
a Operativa e a Escocesa! A primeira em
Jerusalém, no átrio do Templo em construção - a
segunda na Escócia, na Montanha de Heredon em
Kilwinning. Acompanhei a construção dos "Castelos
de Mil Anos" no Antigo Egito, o Partenon grego, o
Coliseu romano e os trabalhos de levantar
Catedrais na Europa. Presenciei a recepção dos
Aceitos, a Iniciação dos primeiros Especulativos e
os magnos eventos maçônicos de 1717. Dou voz à
Astréia, Osíris, Cronos, Orion e a muitos outros...
Meus asterismos, isoladamente ou no conjunto de
suas constelações, evocam o trabalho feito em prol
da Humanidade por todos os grandes avatares,
filósofos e líderes do Bem, e também simbolizam o
Direito, a Justiça, a Paz e a Fraternidade... Em
síntese, com meus astros e em suas recíprocas
relações físicas e esotéricas, apresento o
conhecimento das estruturas míticas, espirituais,
históricas e culturais do mundo maçônico.
Duas afirmações da "fala do teto" são basilares, portanto devem
ser imediatamente elucidadas (as demais ficam para trabalhos
subsidiários), são elas: a dos limites de cobertura e a do número
restrito de estrelas. Para a melhor compreensão, vamos vê-las
separadamente:
•
a primeira - quando declaramos que a loja tem a forma de
um quadrilongo, repetimos o conceito medieval de que o
mundo conhecido não ia muito além da bacia do
Mediterrâneo ("o meio da terra"). Conhecimento que,
embora bem mais amplo, ainda perdurava entre os
Operativos (séc. XI), pois eles, e a maioria dos europeus de
então, ainda entendiam a Terra como plana e centrada em
Jerusalém. Seus limites refletiam-se sideralmente: ao
Norte, a região da ignota e frígida Ursa Maior, ao Sul, as
ensoloradas paragens do Egito, com Fomalhaut
tangenciando o horizonte, e, longitudinalmente, o curso do
Sol, dos páramos dos Reis Magos aos abismos do ignoto
Atlântico.
•
a segunda - do quartado céu das estrelas reais do Mundo
Antigo (Mesopotâmia e adjacências), emergem as
zodiacais Fomalhaut, Aldebaran, Régulus e Antares,
quando, há mais de 4000 a.C., sinalizavam o início das
estações. Saber celeste, e mágico, essencial aos ritos
religiosos e às atividades agrícolas de então.
Conhecimento que Hesíodo, contemporâneo de Homero,
aponta como não casual em Os Trabalhos e Dias, mas
sábia combinação, pois, na fase primitiva da agricultura,
toda regra era uma observância religiosa e moral, cujas leis
tinham uma base prática para fazer crescer as colheitas.
Os Antigos, já vimos, tinham somente quatro estrelas reais,
no entanto, o texto escocês inclui, no noroeste do teto, mais uma
em tal conjunto, e a realça em vermelho - Arcturus, a mais
brilhante estrela boreal. A motivação de tal "realeza" explanamos
noutro trabalho, contudo, convém relembrar que tal asterismo por
seu posicionamento, brilho e cor, tanto pode simbolizar o
R.’.E.’.A.’.A.’. quanto a primeira Grande Loja-Mãe do Mundo...
Também postas à reflexão escocesa, temos ainda as quinze
estrelas "principais" agrupadas em três conjuntos (3 + 5 + 7),
acrescidas de mais sete da Ursa Maior, totalizando 22.
Curiosamente (?) tantos quantos são os cabalísticos "Caminhos da
Árvore da Vida"...
Completando a totalidade de nossas poucas estrelas,
sucintamente referenciadas, falta mencionar que, com a Spica,
estão todos os Mistérios gregos, com o Sol (estrela de 5ª
grandeza), todas as hierofonias, e - fechando o conjunto estelar com a estrela de cinco pontas, Sírio, está a magna estrela do
Egito.
Concluído o exame, e totalizando-o, alcançamos o restrito
número de trinta estrelas! Por que tão poucas? Não seria mais
lógico, condizente com o Rito, se fossem 33 asterismos? Qual o
significado dessa inconcludente série?
Existem algumas possíveis respostas, dentre elas, duas
talvez correspondam à idéia-mater dos longínquos mestres da
abóbada. Uma decorre das trinta dinastias egípcias, permitindo até
acomodar a exclusão dos faraós não autóctones; a outra,
apontando a presença de estrelas binárias em Sírius, Régulus e
Antares (ocultas à visão desarmada), conclui: 30+3=33...
Zoroastro, no Avesta, assim expressa a abóbada: "há as
estrelas, que são os bons pensamentos; as boas palavras são a
Lua; e o Sol é as boas ações..." Nós, sem tal expressividade
poética, vamos dar continuidade ao nosso périplo celeste, agora
enfocando o Sistema Solar presente em nosso teto. De chofre,
uma descoberta: não é o do nosso tempo! É o do século XVII, o
dos primeiros "aceitos"! Pois ainda não contempla Urano, Netuno e
Plutão, mas já conhece anéis e satélites, através da luneta de
Galileu, e os faz representar em Saturno e não em Júpiter, embora
tenham sido descobertos 45 anos antes nesse do que naquele
planeta. Paradoxo? Não! Somente mais uma prova de que a
Abóbada escocesa é solidária à Tradição e não à Astronomia, pois
em torno de Saturno - a jóia do céu - tais "adornos" têm
conotações esotéricas, o que não ocorre com os de Júpiter, daí a
presença de uns e a ausência de outros.
Além disso, tal conformidade se reafirma, e se faz
inequívoca, com a exclusão de Marte (Ares) e a presença do seu
antônimo, o anti-ares (Antares), pois, repelindo aquele astro e
acolhendo este, enfaticamente expressa sua repulsa ao
simbolismo do ferro e de irrestrita adesão ao fundamental princípio
de não-violência no Templo da Paz.
Diz um provérbio hebraico ensinar o antigo é mais difícil que
ensinar coisas novas. Repelimos tal assertiva. Ela espelha e
propaga a errônea idéia de que a Tradição seja algo estagnado,
ultrapassado e sem liames com o presente. Neste trabalho,
buscamos desmentir aquela máxima, reafirmar a perenidade da
Tradição e tornar fácil a recepção das informações atinentes ao
tema em pauta. Moveu-nos o propósito de mostrar que é possível
o "re-conhecimento" da Abóbada, da qual fizemos um inacabado
esboço, onde alguns astros sequer foram mencionados, uns já
publicados e outros em andamento, tais como:
- o neófito - em Aldebaran, no Olho Rutilante do Touro;
- a Torre de Babel, a Iniciação e a tríade egípcia - em Orion;
- o Caos, Zoroastro e o féretro de Osíris - na Ursa Maior;
- Cronos e a Idade do Ouro - em Saturno;
- a régua dos céus, Hiran de Tiro e Éracles - em Régulus;
- o tabu do ferro - em Antares;
- a estrela de cinco pontas - em Sirius;
- os Mistérios gregos - na constelação da Virgem;
- os utensílios do arquiteto, o labirinto e Dédalo - em Arcturus.
Esses títulos e outros abrem os trabalhos complementares
em torno da Abóbada Celeste. Portanto, ainda temos muito a
navegar nos caminhos de nossa jornada intelectual, que também
será de auto-reconhecimento, através dos arquétipos evocados...
Finalizando, há uma indagação que já deveríamos ter
elucidado quando buscamos conciliar a quantidade de estrelas
com os graus do Rito, ou com a seqüência dinástica egípcia, pois
ali estava o contexto pertinente para mostrar por que só duas
constelações são vistas na íntegra em nosso teto. Ou seja, todas
as constelações estão incompletas, com exceção da Ursa Maior e
Taurus. Por quê?
Evidentemente, a resposta não cabe no espaço restrito do
fecho deste prólogo. Porém devemos - tal como já fizemos em
antecedentes passagens -, deixá-la, no mínimo, expressa de uma
forma tal que permita o sumário entendimento do seu arrazoado, o
que implica na compreensão, segundo a ótica dos Sarcófagos, de
"elevação até o princípio" que entra, através do hieróglifo
"SBA"=estrela=porta, na composição de palavras como educar,
instruir, ensinamento...
A Astronomia, a Religião e a Antropologia concordam em
situar na pré-história a formatação das duas primeiras
constelações, a da Ursa Maior e a de Taurus. Também lhes
atribuem a mesma motivação ao nome que ganharam - o das
grandes feras que povoaram os terrores dos homens -, os quais
então, para exorcismá-las, as cultuaram. Coube à Grande Ursa o
primeiro destaque: o frio glacial, as grandes tempestades, a
deificação do Mal e do Caos...
Posteriormente, avançando para as primeiras manifestações
da história mesopotâmica, quando o pavor já fora amainado em
temor, surge em substituição a "astrolatria" o que alguns
especialistas do Sagrado (Cirlot, dentre eles) denominam de
"astrobiologia", ou seja, a penetração recíproca da lei astronômica
e da vida vegetal e animal. Tudo é, ao mesmo tempo, organismo e
ordem exata. A agricultura e a pecuária obrigam a reprodução
regular de espécies nitidamente determinadas e o conhecimento
de seu ritmo anual de crescimento que está em relação direta e
constante com o calendário, quer dizer, com a posição de alguns
astros. É o momento do grande Touro - o mítico reprodutor que
brama na voz do trovão -, anunciar a Primavera e o
"renascimento"...
Tais símbolos arquétipos, como diria C. G. Jung, ficaram
impressos no inconsciente coletivo. Portanto, para simbolizar os
primeiros passos no sentido da compreensão dos Augustos
Mistérios, o Rito Escocês acolheu com destaque no conjunto de
suas estrelas "principais" a representação integral da Ursa Maior e
de Taurus. Esotericamente é um realce encobrir cânones - assim,
o texto normativo ao expressar tais constelações de modo velado,
as salienta: a primeira não é dita com quantos asterismos se
compõe, e a segunda vem supressa de sua denominação estelar...
Concluindo, em nossa abóbada escondem-se os princípios
morais, as leis naturais, os grandes contrastes e transformações
que regem o transcurso da vida cósmica e humana. Há em seu
contexto um pensamento orientado. um eco da Tradição esotérica
que nos diz o Transcendente e o Imanente, enquanto nos passa o
sentido dos Mitos Sagrados dos alvores da humanidade. Mas
também nos reforça a convicção de que esse "vir e passar" vai
além: perpassa!... Alcança no centro do teto, na incompleta
representação de Orion, a atual e ainda parcial consecução da
religiosidade mosaico-judáico-cristã. Por fim, aponta o futuro, um
ponto: Fomalhaut, referência astronáutica, estrela alfa da
Constelação do Peixe Austral que, no mítico passado, pertencia ao
signo de Aquário... Enfim, Portais e Ciclos que um dia nos
conduzirão à Fraternidade Universal!
Uma oração do Avesta diz: Anuncie, Zoroastro, que aqueles
que amam as coisas do céu obterão uma excelente recompensa.
E nós complementamos: desde que os "inventivos" não
modifiquem o texto e o contexto da Abóbada Celeste!
bibliografia:
•
•
•
Atlas Celeste - Ronaldo R. de F. Mourão
Cosmos - Carl Sagan
Dic. das Religiões - o de J.R. Hinnells e o de Mircea Elíade Martins Fontes, SP Dic. de Símbolos - o de H. Bidermann e o de
J-E. Cirlot
•
•
Esoterismo - Pierre A. Riffard
Mundo Egípcio, Grego e Mesopotâmico - Ed. Del Prado
Adayr Paulo Modena, M.’.I.’.
Bem.’. Aug.’. e Resp.’. Simb.’. Cidade de Porto Alegre N.º 47
Trabalho para Aumento de Salário
Comece tendo em mãos o Ritual. É nele que estão contidos
todos os ensinamentos que interessam ao grau de AA.’. MM.’.. Ele
será seu companheiro para sempre, na vida maçônica. De nada
adianta conhecer uma infinidade de assuntos inerentes à
Maçonaria, se você não souber o que está escrito em seu Ritual,
se não souber decifrar as abreviaturas, se não estiver seguro
quanto aos ss.’., tt.’. e pp.’..
Em primeiro lugar, saiba quanto tempo você terá para
apresentar seu trabalho. Algumas oficinas liberam os AA.’. MM.’.
para que escrevam o quanto quiserem, reservando um dia
especial apenas para a apresentação e julgamento. É o melhor,
mas devemos respeitar opiniões diferentes.
Em segundo lugar, mãos à obra! O melhor é dividir seu
trabalho da seguinte forma:
1. Introdução.
Discorra sobre a iniciação. Sobre o “antes” e o “depois” de
tornar-se maçom. Você já deve ter algum material sobre isso.
Revise-o e utilize-o agora.
2. A Instrução Maçônica.
Fale sobre o que aprendeu, comentando brevemente cada
uma das cinco instruções recebidas. Você pode subdividir esta
parte em itens menores, onde vai procurar resumir o ensinamento
contido nas cinco instruções ou mais, se preferir. Assim, por
exemplo:
2.1. Objetivos da Maçonaria.
Aqui você pode desenvolver assuntos que foram abordados
no Complemento à Iniciação.
2.2. Nossos Sinais, Toques e Palavras.
Destaque o principal. Procure observar o significado disso e
sua importância para nós, maçons.
2.3. A Primeira Instrução
2.4. A Segunda Instrução
2.5. A Terceira Instrução
2.6. A Quarta Instrução e o Laço de Solidariedade
2.7. A Quinta Instrução
3. Conclusão
4. Bibliografia
Agora você vai procurar dizer o que sentiu e se o que
aprendeu até agora representou algo valioso para sua vivência
pessoal. Lembre-se: as conclusões são suas, pertencem-lhe; mas
o que você aprendeu nas instruções tem bastante de objetividade.
Não se esqueça disso. Lembre-se de Wirth:
“O iniciado deve negar-se a ser dogmático e se guardará de dizer:
Estas são minhas conclusões; acreditai na superioridade de meu
juízo e aceitai-as como verdadeiras. O iniciado duvida sempre de si
mesmo, teme um possível equívoco e não quer se expor a enganar
os demais. Assim é que seu método remonta até o nada saber, à
ignorância radical, confiando em sua negatividade para preservarlhe de todo erro inicial”.
A Maçonaria reserva-lhe muitas surpresas. Os ensinamentos
serão aprofundados, e você vai experimentar mudanças ao longo
de sua vida maçônica. Saiba, porém, de uma coisa: não existe
grau mais importante que o de Aprendiz Maçom. Os
conhecimentos que você adquiriu até agora são vitais, pois não
existe Maçonaria sem Aprendizes. Apesar de muitos mestres
desdenharem a condição de AA.’. MM.’., apesar de muitos
AA.’.MM.’. pensarem que nada é muito importante aqui frente ao
que virá depois; apesar de tudo isso, meu Irmão, a caminhada do
Primeiro Grau é a mais importante de todas.
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Guia Aprendiz Maçom - Ir Bruno Carraveta - Sem