19 de Maio de 2009 Aval. Contínua do Programa de Desenv. Rural do Continente AVALIAÇÃO CONTÍNUA DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO RURAL DO CONTINENTE – 2008 RELATÓRIO FINAL Instituto Superior Técnico 2 de Junho de 2009 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR EQUIPA DE TRABALHO COORDENAÇÃO TIAGO DOMINGOS INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO A. OLIVEIRA DAS NEVES INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIAIS E ECONÓMICOS EQUIPA TÉCNICA C. MARTA-PEDROSO INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO MAGDA PORTA INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIAIS E ECONÓMICOS ANA GONÇALVES INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO RAUL MARQUES INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIAIS E ECONÓMICOS CONSULTORES ANTONINO RODRIGUES INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIAIS E ECONÓMICOS IN+, CENTRO DE ESTUDOS EM INOVAÇÃO, TECNOLOGIA E POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO SECÇÃO DE AMBIENTE E ENERGIA, DEM INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO AV. ROVISCO PAIS, 1, 1049 – 001 LISBOA, PORTUGAL E-MAIL: [email protected] O presente relatório foi elaborado entre 5 de Fevereiro e 2 de Junho de 2009 2 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Instituto Superior Técnico 3 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR LISTA DE ABREVIATURAS ADL Associações de Desenvolvimento Local AFN Autoridade Florestal Nacional AG Autoridade de Gestão do ProDeR CA Comité de Acompanhamento CAF Complexo Agro-Florestal CES Conselho Económico e Social CCDR Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional DGADR Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural DRAP Direcção Regional de Agricultura e Pescas EFMA Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva ELD Estratégias Locais de Desenvolvimento ENDR Estratégia Nacional de Desenvolvimento Rural ENF Estratégia Nacional para as Florestas ETA Estrutura Técnica de Animação da Rede Rural FAQ Frequent Asked Questions FEADER Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural GAL Grupos de Acção Local GGA Grupo de Gestão das Medidas Agro-ambientais GPP Gabinete de Planeamento e Políticas IFAP Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas IGAP Inspecção-Geral de Agricultura e Pescas MADRP Ministério da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas MAOTDR Ministério do Ambiente, Desenvolvimento Regional MPB Modo de Produção Biológico MPRODI Produção Integrada NA Não aplicável OP Organismo Pagador 4 Instituto Superior Técnico do Ordenamento do Território e do Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 PENDR Plano Estratégico Nacional de Desenvolvimento Rural PAC Política Agrícola Comum PIB Produto Interno Bruto PIR Projectos de Impacte Relevante PIDDAC Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central PNDFCI Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios ProDeR Programa de Desenvolvimento Rural do Continente 2007-2013 PROF Plano Regional de Ordenamento Florestal PSRN2000 Plano Sectorial da Rede Natura 2000 PU Pedido Único RE Rentabilidade da Operação RN 2000 Rede Natura RRN Rede Rural Nacional SIFAP Sistema de Informação do IFAP SIG Sistema de Informação Geográfica SIGC Sistema Integrado de Gestão e Controlo SIProDeR Sistema de Informação do ProDeR ST Secretariado Técnico TIC Tecnologias de Informação e Comunicação VAB Valor Acrescentado Bruto VAL Valor Actualizado Líquido VALcf Valor Acrescentado Líquido a Custo de Factores VB Valia do Beneficiário VE Valia Estratégica VGO Valia Global da Operação VTE Valia Técnico-Económica ZD Zonas Desfavorecidas Instituto Superior Técnico 5 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Índice 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................................11 1.1. OBJECTIVOS DA AVALIAÇÃO CONTÍNUA DO PRODER .........................................................................11 1.2. METODOLOGIA E FONTES DE INFORMAÇÃO ........................................................................................13 2. RELEVÂNCIA, ENQUADRAMENTO E QUADRO LÓGICO DO PROGRAMA.........................21 2.1. QUADRO LÓGICO DO PROGRAMA E OBJECTIVOS .................................................................................21 2.2. PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA E COERÊNCIA DO PROGRAMA..................................................................28 2.3. ANÁLISE DA PERTINÊNCIA DO PROGRAMA NO QUADRO DA EVOLUÇÃO DA POLÍTICA AGRÍCOLA ........33 2.4. ENQUADRAMENTO E COMPLEMENTARIDADE DO PRODER COM OUTROS PROGRAMAS .......................36 3. SISTEMA DE GESTÃO, DE ACOMPANHAMENTO E DE CONTROLO ....................................43 3.1. ESTRUTURA DE GESTÃO E ACOMPANHAMENTO ..................................................................................43 3.2. IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA .......................................................................................................46 3.3. CIRCUITOS DE FUNCIONAMENTO, SUA ARTICULAÇÃO E MECANISMOS DE CONTROLO .........................49 Eixo 1 ...................................................................................................................................................52 Eixo 2 ...................................................................................................................................................55 Medidas SIGC................................................................................................................................................. 55 Medidas não SIGC .......................................................................................................................................... 59 Eixos 3 e 4............................................................................................................................................60 3.4. DISPOSITIVOS DE DIVULGAÇÃO ..........................................................................................................63 3.5. SISTEMA DE INFORMAÇÃO ..................................................................................................................65 Recolha de informação e processamento.............................................................................................67 Flexibilidade do sistema de informação em termos de produção de indicadores ...............................69 4. DINÂMICAS DE APROVAÇÃO E EXECUÇÃO...............................................................................73 4.1. EXECUÇÃO FÍSICA E FINANCEIRA DO PROGRAMA – VISÃO GLOBAL ....................................................73 4.2. ANÁLISE EXTENSIVA DOS EIXOS E DAS MEDIDAS ...............................................................................75 Eixo 1 ...................................................................................................................................................75 Medida 1.1 – Inovação e Desenvolvimento Empresarial ................................................................................ 76 Medida 1.3 – Promoção da Competitividade Florestal.................................................................................... 85 Medida 1.6 – Regadios e Outras Infra-estruturas Colectivas........................................................................... 93 Eixo 2 ...................................................................................................................................................97 Medida 2.1 – Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas ............................................... 99 Medida 2.2 – Valorização de Modos de Produção ........................................................................................ 107 Medida 2.3 – Gestão do Espaço Florestal e Agro-florestal .......................................................................... 118 Medida 2.4 – Intervenções Territoriais Integradas ........................................................................................ 126 Eixo 3 .................................................................................................................................................135 Distribuição/caracterização das áreas de intervenção.................................................................................... 139 Diagnósticos territoriais ................................................................................................................................ 143 Parcerias: competências, missão e valor acrescentado .................................................................................. 147 Síntese ........................................................................................................................................................... 158 5. LIGAÇÃO EM REDE DAS ENTIDADES INTERVENIENTES NA AVALIAÇÃO.....................161 ANEXO A – TIPOLOGIA DAS ENTIDADES PARCEIRAS QUE CONSTITUEM OS GAL.........162 ANEXO B – CONFORMIDADE DAS ELD COM O PENDR E PRODER ........................................163 ANEXO C – IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS................................................................................165 ANEXO D – SÍNTESE DAS ANÁLISES SWOT CONSTANTES DAS ELD .....................................167 ANEXO E – MÓDULOS E PROCESSOS FUNCIONAIS DO SIPRODER .......................................169 6 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Índice de Quadros Quadro 1 – Descrição dos conteúdos e instrumentos de avaliação ...................................14 Quadro 2 – Metodologia de Avaliação por Eixo/Medida .................................................17 Quadro 3 – Domínios e momentos da Avaliação ..............................................................18 Quadro 4 – Principais linhas de orientação (PENDR, 2007-2013) ...................................22 Quadro 5 – Objectivos Estratégicos e Transversais (PENDR, 2007-2013) ......................23 Quadro 6 – Objectivos Específicos e Medidas por Eixo ...................................................25 Quadro 7 – Diagrama lógico de objectivos .......................................................................27 Quadro 8 – Objectivos operacionais e principais resultados esperados do ProDeR .........29 Quadro 9 – Medidas SIGC em análise ..............................................................................55 Quadro 10 – Execução financeira do ProDeR (2007 e 2008) ...........................................74 Quadro 11 – Regulamentação da Medida 1.1....................................................................77 Quadro 12 – Candidaturas da Medida 1.1., até 31/12/2008 ..............................................81 Quadro 13 – Distribuição regional projectos investimento Medida 1.1. (a 31.12.2008) ..82 Quadro 14 – Situação pedidos apoio investimento na Acção 1.1.1. (a 31.12.2008).........82 Quadro 15 – Tipologia de beneficiários pedidos apoio Medida 1.1 (a 31.12.2008) .........83 Quadro 16 – Situação das candidaturas apresentadas na Acção 1.1.3, (a 31.12.2008) .....85 Quadro 17 – Regulamentos de aplicação das Acções da Medida 1.3. ..............................86 Quadro 18 – Avisos de abertura de concurso da Medida 1.3. (2008) ...............................89 Quadro 19 – Candidaturas à Medida 1.3. (2008) ..............................................................90 Quadro 20 – Tipologia das entidades candidatas à Acção 1.3.3. ......................................90 Quadro 21 – Dimensão das empresas candidatas à Acção 1.3.3. ......................................91 Quadro 22 – Distribuição regional dos pedidos de apoio à Acção 1.3.3...........................91 Quadro 23 – Distribuição regional dos pedidos de apoio na Acção 1.3.3.........................92 Quadro 24 – Regulamentação da Medida 1.6....................................................................94 Quadro 25 – Aprovação de projectos na Acção 1.6.2. (2008) ..........................................96 Quadro 26 – Indicadores de execução financeira da Medida 1.6. (2008) .........................97 Quadro 27 – Indicadores de realização física da Medida 1.6 (2008) ................................97 Quadro 28 – Eixo 2/ Subprograma 2 – Objectivos operacionais, Medidas/ Acções.........98 Quadro 29 – Manutenção da actividade agrícola em ZD (a 31.12.2008)........................103 Quadro 30 – Execução financeira da Medida 2.1 (a 31.12.2008) ...................................104 Quadro 31 – Execução financeira da Acção 2.1.1 (2007 e 2008) ...................................104 Quadro 32 – Execução financeira da Acção 2.1.2 (2007 e 2008) ...................................104 Quadro 33 – Execução física da medida 2.1: Número de explorações (a 31.12.2008)...105 Quadro 34 – Execução física da medida 2.1: área agrícola (2007 e 2008) .....................105 Quadro 35 – Execução física da Medida 2.1: biodiversidade e sistemas (a 31.12.2008)106 Quadro 36 – Execução física da Medida 2.1: qualidade dos solos ( a 31.12.2008) ........106 Quadro 37 – Execução física da Medida 2.1: abandono (a 31.12.2008).........................106 Quadro 38 – Períodos de candidatura da Medida 2.2......................................................114 Quadro 39 – Medida 2.2 : Candidaturas submetidas e montantes pagos em 2008 .........116 Quadro 40 – Execução financeira global da Medida 2.2 (a 31.12. 2008) .......................116 Quadro 41 – Execução física da Acção 2.2.1 (a 31.12.2008)..........................................117 Quadro 42 – Execução física da Acção 2.2.2 (a 31.12.2008).........................................118 Quadro 43 – Execução física da Sub-acção 2.2.3.2 (a 31.12.2008) ................................118 Quadro 44 – Acções da Medida 2.3 ................................................................................119 Quadro 45 – Avisos de abertura de concurso da Medida 2.3 (2008) .............................126 Quadro 46– Tipo de aplicação e incidência dos pagamentos agro-ambientais ...............129 Quadro 47 – Tipo de aplicação e incidência dos pagamentos silvo-ambientais .............130 Quadro 48 – Períodos de candidatura Medida 2.4...........................................................132 Quadro 49 – Medida 2.4 Candidaturas submetidas e montante pago (a 31.12.2008) .....133 Instituto Superior Técnico 7 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Quadro 50 – Execução financeira da Medida 2.4............................................................133 Quadro 51 – Execução física componente agro-ambiental (a 31.12.2008)....................134 Quadro 52 – Execução física componente silvo-ambiental (a 31.12.2008) ....................134 Quadro 53 – Metas quantificadas para os indicadores comunitários no Eixo 3..............136 Quadro 54 – Actividades promotoras de desenvolvimento rural ....................................138 Quadro 55 – Indicadores gerais de caracterização por NUTS II.....................................139 Quadro 56 – Abrangência da intervenção ProDeR por NUTS II ....................................141 Quadro 57 – Peso relativo da distribuição dos GAL por NUTS II..................................141 Quadro 58 – Densidade populacional dos territórios alvo de intervenção pelos GAL ...143 Quadro 59 – Variação da representatividade no GAL e nos Órgãos de Gestão..............149 Quadro 60 – Importância estratégica das parcerias que constituem os GAL..................151 Quadro 61 – Contributo para o desenvolvimento local-rural das ELD...........................154 8 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Índice de Figuras Figura 1 – Momentos de Avaliação do ProDeR, no período 2007–2013/5 ......................13 Figura 2 – Actuações para o desenvolvimento rural .........................................................21 Figura 3 – Domínios de intervenção do ProDeR: competitividade...................................31 Figura 4 – Domínios de intervenção do ProDeR: ambiente e gestão do espaço rural ......31 Figura 5 – Domínios de intervenção do ProDeR: desenvolvimento rural.........................33 Figura 6 – Modelo institucional da Autoridade de Gestão do ProDeR .............................44 Figura 7 – Circuito de distribuição e análise dos pedidos de apoio ..................................49 Figura 8 – Circuito simplificado de gestão........................................................................51 Figura 9 – Circuito de gestão das medidas SIGC..............................................................57 Figura 10 – Fluxograma de funcionamento da Medida 2.2.3.2.........................................60 Figura 11 – Circuito de pedidos de pagamento das Medidas 3.1 e 3.2 .............................61 Figura 12 – Estrutura do Sistema de Informação do ProDeR ...........................................66 Figura 13 – Ciclo de acompanhamento da tramitação dos projectos ................................67 Figura 14 – Medidas do Eixo 1 .........................................................................................76 Figura 15 – Distribuição do número de candidaturas na Acção 1.1.3...............................84 Figura 16 – Medidas e Acções dos Eixos 3 e 4 ...............................................................135 Figura 17 – Tipologia de Ameaças/Debilidades das ELD ..............................................145 Figura 18 – Tipologia de Oportunidades/Potencialidades das ELD................................146 Figura 19 – Financiamento do desenvolvimento rural por Acção...................................157 Instituto Superior Técnico 9 1. INTRODUÇÃO 1.1. OBJECTIVOS DA AVALIAÇÃO CONTÍNUA DO PRODER As avaliações, tal como disposto no artigo 84º do Regulamento (CE) n.º 1698/2005, têm como objectivos melhorar a qualidade, eficiência e eficácia da execução dos Programas de desenvolvimento rural, apreciar os resultados dos Programas tendo em conta os problemas de desenvolvimento rural específicos dos Estados-Membros e regiões em questão e estimar o impacto dos Programas face às orientações estratégicas comunitárias previstas no artigo 9º do mesmo Regulamento, compreendendo os requisitos de desenvolvimento sustentável e de impacto ambiental que satisfaçam os preceitos da legislação comunitária aplicável. O Capítulo relativo ao Sistema de acompanhamento e avaliação do ProDeR não aborda a perspectiva da Avaliação Contínua. No entanto, os documentos de trabalho da CE constituem uma referência bastante aprofundada para situar os objectivos e os procedimentos em torno de um instrumento que se afigura de grande utilidade potencial para proporcionar à gestão perspectivas actualizadas sobre a trajectória de implementação do Programa, consentâneas com a produção de contributos específicos orientados para a concretização dos objectivos estabelecidos. O Manual sobre o Quadro Comum de Acompanhamento e Avaliação – Documento de Orientação, contextualiza a Avaliação Contínua como compreendendo todas as actividades de Avaliação a realizar ao longo do período de programação 2007-2013, incluindo as Avaliações ex-ante, Intercalar e ex-post, bem como qualquer outra actividade relacionada com a avaliação, útil para melhorar a gestão dos Programas, incluindo a interacção entre as actividades de avaliação, a compilação e o aperfeiçoamento dos indicadores e da recolha de dados. A “Nota de Orientação B – Orientações de avaliação” daquele Documento refere que a “Avaliação Contínua também desempenha um papel importante na elaboração de propostas jurídicas e projectos de programas, que como é natural se realiza na última fase de cada período de programação. E é já durante esse período que se deve preparar o trabalho relativo às avaliações ex-ante e às orientações de avaliação para o novo período de programação, o que sublinha, mais uma vez, a necessidade de organizar a avaliação como uma actividade “contínua”, associada ao desenvolvimento contínuo das capacidades e à interacção entre avaliação, acompanhamento, programação, definição de indicadores e recolha de dados a nível comunitário, de cada Estado-Membro ou regional” (cf. pág. 9). Em termos regulamentares, o Artigo 86.º do Regulamento (CE) n.º 1698/2005, descreve as funções da Avaliação Contínua de acordo com os itens seguintes: “A Autoridade de Gestão do Programa e o Comité de Acompanhamento utilizam a Avaliação Contínua para: Instituto Superior Técnico 11 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR examinar os progressos verificados no Programa em relação aos seus objectivos, por meio de indicadores de resultados e, se for caso disso, de impacto; melhorar a qualidade dos programas e a sua execução; examinar propostas para alterações substanciais dos programas; preparar a Avaliação Intercalar e ex-post.” A Avaliação Contínua é organizada por iniciativa das Autoridades de Gestão, em cooperação com a Comissão Europeia, tem carácter plurianual e abrange o período de 2007 a 2015. A Avaliação Contínua do ProDeR constitui uma primeira oportunidade para apreciar aspectos-chave da montagem do Programa, nos aspectos regulamentares, de divulgação, de definição e aplicação de critérios de selecção, enquanto elementos estruturantes/facilitadores das dinâmicas de adesão às tipologias de intervenção e da concretização dos objectivos do Programa. Esta Avaliação apresenta-se, assim, como uma inovação em matéria de monitorização de políticas públicas de desenvolvimento rural, abrindo a possibilidade de incorporar elementos qualitativos no Programa e analisar de perto tanto o progresso dos respectivos resultados como do seu contributo para os objectivos específicos definidos. A Avaliação Contínua permite olhar para o processo de avaliação como uma etapa imprescindível da planificação, orientada para detectar anomalias e propor acções correctivas. A cultura de avaliação de Programas de Desenvolvimento Rural implementada, aponta claramente para que esse processo seja um elemento estratégico de diferenciação, suportada em dimensões que facilitam a sistematização e o tratamento adequado da informação, de forma a permitir a percepção dos resultados. Na Figura 1 destacam-se os três momentos de Avaliação mais complexos (identificadas a rosa) que pretendem assegurar o rigor do itinerário entre o levantamento dos problemas/necessidades e a apreciação dos resultados. Com a Avaliação ex-ante verificou-se a coerência e a pertinência do Programa aquando da sua concepção, sendo por isso de grande importância na clarificação de objectivos e na compreensão de relações com as prioridades definidas e as expectativas. Na Avaliação Intercalar observar-se-ão, essencialmente, os resultados das primeiras intervenções, tendo em conta prazos, recursos e objectivos previstos, permitindo de uma forma atempada introduzir reformulações ou ajustamentos no programa face à eficácia e eficiência manifestada nos primeiros anos de vigência do Programa. A Avaliação ex-post determina a eficácia e eficiência das intervenções, bem como os seus impactes, tendo em conta os factores de sucesso ou de insucesso das intervenções, os resultados e sua sustentabilidade. A Avaliação Contínua é efectuada durante o ciclo de vida do Programa, tem um carácter multidimensional, conta com a participação da estrutura de gestão do Programa avaliado e permite o acompanhamento dos processos, tendo em conta as realizações e os resultados entretanto alcançados pelos projectos aprovados. 12 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Avaliação Final (ex-post) Avaliação Intercalar Identificação de problemas e necessidades Avaliação ex-ante Impactes Resultados Definição de objectivos Beneficiários Realizações Execução Avaliação contínua Concepção e implementação de projectos Figura 1 – Momentos de Avaliação do ProDeR, no período 2007–2013/5 Todos os momentos de Avaliação têm inerentes quatro factores críticos a assegurar, em termos de apreciação: oportunidade dos investimentos e ajudas face às novas e crescentes necessidades; selectividade dos projectos, no sentido de uma resposta mais eficaz às áreas de carência identificadas; adaptabilidade à realidade, de modo a desenhar soluções ajustadas quer às necessidades/dimensões-problema, quer ao orçamento disponível; e a abordagem de enfoque no processo de implementação do Programa, realçando as questões de eficácia e de eficiência. 1.2. METODOLOGIA E FONTES DE INFORMAÇÃO No plano metodológico, o Manual sobre o Quadro Comum de Acompanhamento e Avaliação – Documento de Orientação, da Direcção-Geral da Agricultura e do Desenvolvimento Rural (Setembro de 2006), apresenta detalhadamente os requisitos específicos da Avaliação Contínua. Estamos, assim, perante uma Avaliação cujos objectivos se encontram traçados e com uma sistematização das dimensões de avaliação a responder no quadro do Estudo. Instituto Superior Técnico 13 Avaliar o sistema de informação e os procedimentos de recolha e de produção de dados Avaliar a qualidade do sistema de gestão e acompanhamento Componentes específicas Identificar os actores intervenientes na gestão e execução do Programa e respectivas responsabilidades; Analisar a articulação entre os vários actores e entre os diferentes níveis de responsabilidade; Analisar a participação dos parceiros sociais; Analisar a adequação e compreensibilidade do quadro normativo (critérios de selecção de projectos, condições de elegibilidade dos beneficiários e de investimentos, etc.). Analisar o dispositivo de acompanhamento dos Eixos/Sub-programas e respectivas Medidas; Analisar os circuitos administrativos, técnicos e financeiros; Analisar os mecanismos de informação e divulgação; Analisar a oportunidade de acesso à informação; Analisar a eficácia dos mecanismos de apreciação e selecção de candidaturas. Analisar dos métodos organizados para recolher e processar dados que representam informação necessária à gestão do Programa; Analisar a eficácia do sistema de informação no tocante à produção de informação atempada, fidedigna e útil para os vários procedimentos inerentes à execução e acompanhamento do Programa; Analisar os diversos dispositivos de concentração de dados, em termos de disponibilidade de informação e grau de utilização; Analisar a capacidade de acesso à informação; Analisar os indicadores de resultado e de realização, em termos de adequação e utilidade para responder aos indicadores de impacto e de contexto e às Questões de Avaliação Comuns. Conteúdos e elementos analisados Entrevistas à Autoridade de Gestão do Programa, IFAP, Organizações de Agricultores. Análise documental (Relatórios de Execução, Quadro Comum de Acompanhamento e Avaliação, Memória descritiva do Sistema de Informação, …). Análise documental/regulamentar em matéria de gestão e acompanhamento ao nível do Programa Análise documental ao nível dos projectos (circulares de aplicação das Medidas, tramitação processual das candidaturas, circuitos de gestão das ajudas e dos projectos de investimento). Análise dos mecanismos em matéria de informação e divulgação (sessões de esclarecimento, site, …). Entrevistas à Autoridade de Gestão do Programa, IFAP, Organizações de Agricultores. Reuniões de Equipa de Avaliação tipo “brainstorming”. Elementos metodológicos/instrumentos de avaliação utilizados Quadro 1 – Descrição dos conteúdos e instrumentos de avaliação Avaliar a necessidade de introduzir alterações face a alterações de contexto fruto de factores externos ou resultantes do próprio Programa Avaliar a necessidade de introduzir alterações face a alterações de contexto fruto de factores externos ou resultantes do próprio Programa Avaliar a eficácia e a eficiência do ProDeR Componentes específicas (continuação) Entrevistas à Autoridade de Gestão do Programa, Organizações de Agricultores. Análise documental (Relatórios de Execução e Documento do ProDeR). Quantificação dos indicadores de acompanhamento e de avaliação das Medidas. Indicadores de Realização (física e financeira). Reuniões de Equipa de Avaliação tipo “brainstorming”. Analisar dos níveis de realização física e execução financeira; Analisar os resultados alcançados face ao previsto e se os objectivos fixados foram alcançados – ao nível dos objectivos operacionais e específicos; Analisar a adequação do peso financeiro de cada Sub-programa/Medida e Acção face aos resultados esperados/observados dos projectos executados; Analisar o contributo de cada Sub-programa/Medida a dois níveis: para os objectivos dos respectivos Eixos e para os objectivos do Programa. Na óptica da identificação das eventuais alterações globais e específicas a introduzir na programação e nos instrumentos de suporte à gestão e desenvolvimento dos Eixos/Sub-programas Síntese dos outputs das componentes específicas (ajustamentos às condições de elegibilidade, aos critérios de anteriores. selecção, às estratégias de divulgação, aos mecanismos de análise e selecção de candidaturas, …). Análise documental (resultados de avaliações anteriores, informação técnica e económica sobre domínios de Identificar factores que confirmem (ou não) a pertinência da intervenção em áreas da agricultura e do estratégia definida ou que influenciem as respectivas execução e desenvolvimento rural, documentos de política agrícola eficácia nacional e comunitária, publicações). Reanálise da adequação dos objectivos e da hierarquia de Análise estatística. prioridades às necessidades. Entrevistas à Autoridade de Gestão do Programa, Organizações de Agricultores. Elementos metodológicos/instrumentos de avaliação utilizados Conteúdos e elementos analisados 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Este ponto, referente à Metodologia de Estudo, evidencia as componentes específicas avaliadas e respectiva relação com os elementos/conteúdos analisados e os instrumentos de avaliação utilizados e, num segundo momento, ilustra os campos de estruturação da Avaliação específica de cada Eixo, Medida e Acção. Neste sentido, o Quadro 1 apresenta uma descrição detalhada dos elementos metodológicos de suporte às actividades e produtos da Avaliação Contínua, nomeadamente: a) A metodologia de cada componente do Estudo; b) A metodologia de cada nível de estruturação (Programa, Eixo e Medida); c) As técnicas associadas à recolha directa de informação. Em síntese, este ponto sistematiza o conjunto de elementos metodológicos que serviu de guia ao desenvolvimento dos trabalhos da Avaliação Contínua. A apresentação opta por um registo sucinto que pretende evidenciar a relação entre os pontos estratégicos analisados e os instrumentos de recolha/produção de informação empírica utilizados. Para além das várias reuniões e contactos com a AG do ProDeR, importa referir que no âmbito da presente avaliação foram contactadas as entidades abaixo listadas no sentido de serem agendadas reuniões de trabalho com o objectivo de auscultar a perspectiva, quer de representantes dos beneficiários, quer de intervenientes directos no processo de aconselhamento e recepção de candidaturas. Assim, no que diz respeito a representantes dos beneficiários, foram contactadas as seguintes confederações de agricultores: • CAP – Confederação dos Agricultores de Portugal • CNA – Confederação Nacional da Agricultura • CNJ – Confederação Nacional dos Jovens Agricultores de Portugal • CONFAGRI – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas de Portugal e do Crédito Agrícola Todas as confederações contactadas mostraram disponibilidade para reunir com a equipa de avaliação, sendo que, por limitações de calendário só foi possível, dentro do prazo de execução da presente avaliação, reunir com a CAP e a CNA. No que diz respeito a intervenientes directos no aconselhamento e recepção das candidaturas de pedidos de apoio foram realizadas diligências para agendamento de reuniões com: • Direcção Regional de Agricultura e Pescas de Lisboa e Vale do Tejo • Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Alentejo 16 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Ambas as Direcções se mostram receptivas aos convites que lhe foram endereçados pela equipa de avaliação, contudo o agendamento das reuniões não foi possível em tempo útil. Na prossecução dos objectivos do trabalho de avaliação teve ainda lugar uma reunião com os representantes da comissão dos três organismos envolvidos na concepção e gestão das medidas agro-ambientais, a saber: GPP, AG do PRODER e IFAP, e que no seu conjunto integram o designado Grupo de Gestão das Medidas Agro-ambientais (GGA). Tiveram igualmente lugar diversas reuniões de trabalho com o GPP e com o IFAP no âmbito do trabalho empírico realizado. Para além de intervenientes, directos ou indirectos, na operacionalização do programa e seus beneficiários foram ainda consultados diversos especialistas em áreas técnicocientíficas relevantes para a avaliação do programa. O quadro metodológico estruturado contemplou, ainda, mecanismos de avaliação por Eixo, de modo a valorizar a natureza distinta das Medidas que os constituem (objectivos, tipologia de projectos e destinatários, …) e o perfil de entidades intervenientes e de fluxos de informação. No Quadro 2 apresenta-se, numa base genérica, a metodologia específica base por Eixo/Medida que ilustra os campos de estruturação da Avaliação. Quadro 2 – Metodologia de Avaliação por Eixo/Medida Metodologia de Avaliação por Eixo/Medida Gestão e acompanhamento • Análise do sistema de informação; • Análise do modelo de gestão e dos circuitos associados à tramitação processual das candidaturas; • Análise dos dispositivos de acompanhamento e controlo; • Análise das questões de operacionalização e relação entre o conjunto de entidades que intervêm na aplicação e execução da mesma. Execução • Análise da taxa de execução física e financeira; • Análise da operacionalização (tipologia de destinatários, distribuição regional, …); Análise documental/regulamentar em matéria de gestão e acompanhamento (circulares de aplicação das Medidas, tramitação processual das candidaturas, circuitos de gestão das ajudas e dos projectos de investimento); Análise documental relativa aos domínios de intervenção (documentos sectoriais, publicações do GPP); Relatórios de Execução; Estudo de Avaliação Ex-ante; Entrevistas à Autoridade de Gestão do Programa, IFAP, Organizações de Agricultores, Direcções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP); Análise estatística (Bases de Dados dos Eixos/Medidas). • Análise das oportunidades e condicionantes da implementação. Instituto Superior Técnico 17 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Quadro 3 – Domínios e momentos da Avaliação DOMÍNIOS DE AVALIAÇÃO MOMENTO DE AVALIAÇÃO CONCRETIZAÇÃO • Avaliação Contínua • Avaliação Intercalar Análises da distribuição das áreas dos projectos e ajudas. • Avaliação Contínua • Análise da tipologia dos beneficiários • Avaliação Intercalar • Caracterização das áreas de intervenção dos projectos. • Avaliação ex-post • Coerência do Programa face às necessidades/ dimensões-problema identificadas e com a estratégia delineada. • Avaliação Contínua • Avaliação Intercalar • Avaliação ex-post • Avaliação Intercalar • Avaliação ex-post • Adesão/ Participação Coerência Conformidade Verificação de conformidades entre Regulamentos e a efectiva aplicação das Medidas do ProDeR • Gestão • Coerência da abordagem LEADER com a estratégia do ProDeR. • Reanálise SWOT • Relação entre os projectos e respectivos resultados com os objectivos do PENDR e ProDeR. RELEVÂNCIA • Adicionalidade Complementaridade • Articulação do ProDeR com outros instrumentos de apoio. • Avaliação Intercalar • Avaliação ex-post • Avaliação Contínua (primeira abordagem) • Avaliação Intercalar • Avaliação ex-post • Avaliação Contínua • Contributo dos resultados para a ENDR. Contributo dos resultados esperados para o ProDeR. • Avaliação Intercalar • • Avaliação ex-post • Recursos financeiros mobilizados. • Avaliação Contínua • Ponto da situação dos financiamentos. • Avaliação Intercalar • Avaliação ex-post Eficácia Eficiência Contributos directos e indirectos das projectos a resolução das dimensõesproblema identificadas no documento do ProDeR e no PENDR, nomeadamente, nos domínios da competitividade, da inovação, da qualificação dos recursos humanos, da sustentabilidade ambiental, empowerment dos beneficiários, inclusão social, empreendedorismo, … MOMENTO DE AVALIAÇÃO (continua) 18 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 (continuação) DOMÍNIOS DE AVALIAÇÃO MOMENTO DE AVALIAÇÃO RELEVÂNCIA • Inovação Valor acrescentado das actividades I&DT previstas nos projectos de investimento e ELD. • Avaliação Intercalar • Produtos e práticas promissoras previstas nos projectos de investimento e ELD. • Avaliação ex-post • Efeitos e impactes positivos que se vão provavelmente manter após o fim do projecto, a nível ambiental, cultural, de género económico, social e tecnológico. • Avaliação Intercalar (primeira abordagem) • Avaliação ex-post Sustentabilidade IMPACTES Efeitos • Visão global dos impactes a nível ambiental, cultural, de género económico, social e tecnológico. MOMENTO DE AVALIAÇÃO • Avaliação Intercalar (primeira abordagem) • Avaliação ex-post Considerando o anteriormente exposto, esta Avaliação atende às recomendações/orientações da Comissão Europeia, centrando-se nos domínios constantes do quadro seguinte, relativos à Avaliação Contínua. Os domínios têm como principais objectivos compreender a actual operacionalidade do Programa e facilitar o seu acompanhamento futuro. Instituto Superior Técnico 19 2. RELEVÂNCIA, ENQUADRAMENTO E QUADRO LÓGICO DO PROGRAMA 2.1. QUADRO LÓGICO DO PROGRAMA E OBJECTIVOS O quadro lógico do Programa define-se a partir do perfil de objectivos e domínios temáticos de intervenção e dos principais resultados esperados. A filosofia do Programa de Desenvolvimento Rural contempla de forma extensiva a valorização da vertente do desenvolvimento rural e a perspectiva da competitividade das produções do Complexo Agro-Florestal, em consonância com o Plano Estratégico Nacional de Desenvolvimento Rural (PENDR). Na Estratégia Global de Desenvolvimento Rural constante do PENDR para o período 2007-2013 considera-se que o desenvolvimento rural tem de ser sustentável, harmonioso e articulado, porque “não há desenvolvimento rural sem desenvolvimento económico e social, e não há desenvolvimento rural sem economia empresarial competitiva, actue esta no sector ou fora dele” (PENDR, 2007, pág. 54). Desenvolver competências Colaborar Competitividade Cooperar Qualificar recursos Eficiência Inovação Co-responsabilizar Promover o empreendedorismo Modernização Desenvolvimento Rural Fileiras estratégicas Penetração nos mercados internacionais Certificação de processos Qualidade certificada Sustentabilidade ambiental Desenvolvimento económico e social Coesão territorial Figura 2 – Actuações para o desenvolvimento rural Instituto Superior Técnico 21 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Quadro 4 – Principais linhas de orientação (PENDR, 2007-2013) Sub-objectivos Linhas de Orientação Objectivo Estrategico: Aumentar a competitividade dos sectores agrícola e florestal • • Aumentar o conhecimento e melhorar o potencial humano. • Promover a inovação. • Reestruturar e desenvolver o potencial físico. • Melhorar a qualidade da produção e dos produtos agrícolas. • • • • • • • • • • Actuação numa óptica de fileira e em rede – cooperação e interligação entre os diferentes agentes, nomeadamente produtores e indústria. Concentração num conjunto de fileiras e domínios estratégicos. Apoio selectivo nas restantes fileiras e actividades. Orientação para a produção em mercado aberto e global. Cooperação para a colocação dos produtos no mercado. Promoção da iniciativa em comum das intervenções. Formação e inovação orientadas para o mercado e promoção de parcerias. Co-responsabilização dos agentes no esforço de investimento. Redimensionamento empresarial. Serviços de apoio às empresas. Melhoria da eco-eficiência e redução da poluição. Objectivo Estratégico: Promover a sustentabilidade dos espaços rurais e dos recursos naturais • Proteger os valores ambientais e paisagísticos em áreas agrícolas e florestais da Rede Natura 2000 e outras. • Proteger os recursos hídricos e o solo. • Contribuir para a atenuação das alterações climáticas. • Contribuir para o uso continuado e sustentável das terras agrícolas em áreas desfavorecidas. • • • • • • • • • Sustentação das explorações nos territórios mais desfavorecidos. Sustentação de valores naturais e paisagísticos. Actuação numa óptica de ordenamento do território. Intervenção na floresta com dimensão e sustentabilidade. Valorização dos produtos do ambiente que possam ser transaccionáveis. Orientação dos agentes produtores para a gestão sustentável dos recursos naturais. Estímulo a comportamentos ambientais com efeitos positivos adicionais. Correcção de problemas de natureza ambiental. Actuação privilegiada em áreas associadas a riscos de catástrofes naturais. Objectivo Estratégico: Revitalizar economica e socialmente as áreas rurais • • • • Diversificar a economia rural. • • • Melhorar a qualidade de vida nas áreas rurais. • Desenvolver competências nas áreas rurais. • • • Dinamização do mercado de produtos locais. Utilização inovadora do património rural e natural. Actuação em complementaridade com a actividade agroflorestal. Concentração em iniciativas locais de dimensão adequada. Formação orientada para o aparecimento e desenvolvimento de iniciativas locais. Integração e complementaridade com outras intervenções territoriais. Promoção de serviços básicos para grupos alvos da população em meio rural. Aplicação da abordagem Leader. Fonte: PENDR, 2007 (pags. 55-58). 22 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Este instrumento orientador assume claramente que o futuro do mundo rural passa por uma nova visão e missão, tendo de constar no seu léxico novas preocupações só esporadicamente ainda consideradas, tal como sistematizado na Figura 2. Esta visão integrada do desenvolvimento rural, assente nos objectivos nacionais e do FEADER, aponta (i) o desenvolvimento das actividades agro-florestais, através do aumento da sua competitividade (ii) a promoção da dimensão ambiental em termos de valores e de activo compensador para as gerações presentes e futuras; e (iii) a revitalização das áreas rurais em termos económicos e sociais. As linhas de orientação constantes do Quadro 4 mostram os principais caminhos preconizados para promover a actual Estratégia Nacional de Desenvolvimento Rural. As acções para alcançar esse desenvolvimento são diversas: desenvolvimento rural em rede (já com alguma expressão associativa); promoção de fileiras e domínios estratégicos; cooperação para o mercado; colaboração assegurada por parcerias; co-responsabilização de investimentos; implementação de serviços de apoio às empresas; trabalhar para a ecoeficiência; valorização do ambiente numa óptica de produto; dinamização do mercado de produtos locais e/ou de qualidade certificada (uma realidade em afirmação); qualificação dos recursos humanos; actualização das infra-estruturas e equipamentos; etc. Estas novas preocupações centram muito o futuro do mundo rural em melhorias de eficiência e de competitividade das empresas e dos territórios, com respeito pelo ambiente, socialmente harmoniosas e sustentadas, de forma a dar resposta às orientações da União Europeia e aos objectivos da Estratégia de Lisboa (promoção do crescimento e do emprego) no que concerne ao emprego sustentado e induzido. Todavia, a inovação e a certificação, enquanto estratégias do processo de competitividade, são igualmente vistas como alicerces dos dois desígnios nacionais, cuja visão se traduz no reforço da coesão territorial e social e na promoção da eficácia da intervenção dos agentes públicos, privados e associativos na gestão sectorial e territorial. Quadro 5 – Objectivos Estratégicos e Transversais (PENDR, 2007-2013) Objectivos Transversais (Desígnios Nacionais) Objectivos Estratégicos • Aumentar a competitividade dos sectores agrícola e florestal. • Promover a sustentabilidade dos espaços rurais e dos recursos naturais. • Revitalizar económica e socialmente as áreas rurais. • Reforçar a coesão territorial e social. • Promover a eficácia da intervenção dos agentes públicos, privados e associativos na gestão sectorial e territorial. Fonte: PENDR, 2007 (pág. 55). No que se refere ao “reforço da coesão territorial e social” é reconhecida a importância da especificidade da abordagem LEADER para a sua promoção, nomeadamente, devido à experiência de terreno na dinamização da participação e na Instituto Superior Técnico 23 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR concretização de acções promotoras de desenvolvimento endógeno. A diminuição das assimetrias entre territórios rurais e urbanos é uma das grandes metas a atingir. Quanto à melhoria da “eficácia da intervenção dos agentes públicos, privados e associativos na gestão sectorial e territorial”, a sua concretização passa muito por dinamizar uma nova governança alicerçada num sistema de gestão eficaz e transparente, indissociável de um sistema de informação aberto. Qualificar os intervenientes, generalizar a utilização das TIC, direccionar a intervenção das entidades para os beneficiários, incentivar a troca de informação, promover a transferência de competências e de boas práticas e promover a cooperação, são linhas de orientação a considerar. O Programa de Desenvolvimento Rural do Continente (ProDeR) (re)constitui a perspectiva de desenvolvimento rural integrado constante do PENDR, elegendo aspectos tão significativos como a melhoria da competitividade agrícola, florestal e agroindustrial, a melhoria da sustentabilidade ambiental e a preservação da paisagem rural e a melhoria das competências indispensáveis à promoção da inovação e à diversificação da economia, condições para que haja uma aproximação da qualidade de vida nos territórios rurais. Neste sentido, o ProDeR encontra-se estruturado, a nível da concepção e organização, em quatro Eixos Prioritários (que correspondem a três vectores fundamentais), pelos quais se reparte o conjunto de Medidas e respectivas Acções: Eixo 1 – Aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal Eixo 2 – Melhoria do Ambiente e da paisagem rural Eixo 3 – Qualidade de vida nas zonas rurais e diversificação da economia rural Eixo 4 – Abordagem LEADER. A estratégia formulada e em fase de implementação está ancorada numa tríade em que interagem competitividade produtiva/sustentabilidade ambiental/desenvolvimentorevitalização económica e social. A hierarquia das prioridades é visível no conteúdo programático das diversas Medidas e Acções e na própria repartição dos recursos financeiros associados a cada um dos Eixos prioritários: 45,0% dos recursos financeiros afectos ao Eixo 1 (inclui 1% transitados); 41,8% para a melhoria do ambiente e da paisagem rural (Eixo 2; inclui 9,9% transitados); e 10,4% para os Eixos 3 e 4. No quadro seguinte apresenta-se a estrutura de objectivos estratégicos nacionais e do FEADER e os objectivos específicos do ProDeR, os grupos de Medidas que veiculam esses mesmos objectivos e a respectiva importância financeira no âmbito do Programa de Desenvolvimento Rural. 24 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Quadro 6 – Objectivos Específicos e Medidas por Eixo Objectivos Estratégicos Objectivos Principais (Sub-objectivos) Objectivos Específicos (Medidas) Peso financeiro (% no FEADER) Grupos de Medidas Aumentar a competitividade dos sectores agrícola e florestal Eixo I – Aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal • Aumentar o conhecimento e melhorar o potencial humano. • Promover a inovação. • Melhorar a formação profissional e desenvolver serviços capacitando os activos para o desempenho da actividade. • Desenvolver novos produtos, processos e tecnologias através da cooperação. • Melhorar a competitividade das fileiras estratégicas. • Melhorar a competitividade das empresas do sector agroflorestal. • Reestruturar e desenvolver o potencial físico. • Melhorar a qualidade da produção e dos produtos agrícolas. • Rejuvenescer o tecido empresarial. • Desenvolver as infraestruturas agrícolas e florestais. • Promover a eco-eficiência e reduzir a poluição. • Valorizar os produtos de qualidade. 1,2 4.3 Serviços de apoio ao desenvolvimento. 4.2. Informação e formação especializada. 4.1. Cooperação para a inovação. 0,6 0,8 Total 2,6 1.1. Inovação e desenvolvimento empresarial 1.2. Cooperação para o mercado e internacionalização. 1.3. Promoção da competitividade florestal. 1.5. Instrumentos financeiros e de gestão de risco e de crises. 1.6. Regadios e de outras infra-estruturas colectivas. 1.4. Valorização da produção de qualidade 17,0 0,7 4,2 1,3 17,5 0,6 Total 41,3 Promover a sustentabilidade dos espaços rurais e dos recursos naturais Eixo II – Melhoria do ambiente e da paisagem rural • Proteger os valores ambientais e paisagísticos em áreas agrícolas e florestais da Rede Natura e outras. • Proteger os recursos hídricos e o solo. • Contribuir para a atenuação das alterações climáticas. • Contribuir para o uso continuado e sustentável das terras agrícolas em áreas desfavorecidas. • Promover a protecção da biodiversidade e de sistemas de alto valor natural e paisagístico, associados aos sistemas agrícolas e florestais. • Incentivar a introdução ou manutenção de modos de produção compatíveis com a protecção dos valores ambientais e dos recursos hídricos e do solo no âmbito da actividade agrícola e florestal. • Melhorar a sustentabilidade dos povoamentos florestais. 2.2. Valorização dos modos de produção 2.3. Gestão do espaço florestal e agro-florestal 2.4. Intervenções territoriais integradas 2.1. Manutenção da actividade agrícola em zonas desfavorecidas • Preservar a actividade agrícola em áreas desfavorecidas. 5,2 5,8 3,4 17,6 Total 32,0 (continua) Instituto Superior Técnico 25 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR (continuação) Objectivos Estratégicos Objectivos Principais (Sub-objectivos) Objectivos Específicos (Medidas) Grupos de Medidas Peso financeiro (% no FEADER) Melhorar a governança das zonas rurais Revitalizar económica e socialmente as áreas rurais Eixo III – Qualidade de vida nas zonas rurais e diversificação da economia rural Eixo IV – Abordagem LEADER • Diversificar a economia rural. • Melhorar a qualidade de vida nas áreas rurais. • Promover a diversificação da economia e do emprego em meio rural. • Promover a melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais. 3.1. Diversificação da economia e criação de emprego 3.2. Melhoria da qualidade de vida 5,8 2,3 Total 8,1 • Valorizar o potencial de desenvolvimento local. • Desenvolver competências nas áreas rurais. • Melhorar a governança local. • Promover a diversificação de actividades e a qualidade de vida nas áreas rurais. • Desenvolver competências nas zonas rurais. • Promover a cooperação e as boas práticas. • Aumentar a capacidade de execução da Abordagem LEADER 3.3. Implementação de Estratégias de Desenvolvimento Local 3.4. Cooperação LEADER para o desenvolvimento 3.5. Funcionamento dos Grupos de Acção Local, aquisição de competências e animação. 8,1* 0,3 2,0 Total 10,4 * Corresponde à soma das verbas das Medidas 3.1. e 3.2. Fonte: ProDeR. Numa perspectiva de organização, o ProDeR dá continuidade à política sectorial agrícola e de desenvolvimento rural definida para o Continente, ainda que o Programa adopte um formato diferente dos apoios no período de programação anterior, acolhendo um perfil mais complexo e enquadrando as ajudas disponíveis, nesse período, em 4 Programas diferentes de apoio ao sector agrícola e ao desenvolvimento rural (AGRO, Medida AGRIS, RURIS e LEADER). De uma forma agregada, o Diagrama lógico seguinte (Quadro 7) sistematiza as prioridades de intervenção veiculadas pelo único instrumento de política dirigido à atenuação de problemas-chave ao estímulo e ao maior aproveitamento das dinâmicas na agricultura portuguesa e nos territórios rurais, ou seja, veiculadas pelos objectivos principais associados aos Sub-programas do ProDeR. 26 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Quadro 7 – Diagrama lógico de objectivos Objectivos nucleares do PENDR Eixos ProDeR 1. Aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal Eixo 1 – Aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal 2. Gestão Sustentável dos espaços rurais e dos recursos naturais Eixo 2 – Melhoria do Ambiente e da paisagem rural Eixo 3 – Qualidade de vida nas zonas rurais e diversificação da economia rural 3. Revitalização económica e social das zonas rurais Eixo 4 – Abordagem LEADER Objectivos principais dos Sub-programas do ProDeR Subprograma 1 Desenvolver e organizar as fileiras produtivas Reestruturar e desenvolver o potencial físico e humano Promover a inovação Melhorar a qualidade da produção e dos produtos agrícolas Estabelecer ou melhorar as relações interprofissionais Subprograma 2 Proteger os valores ambientais e paisagísticos em zonas agrícolas e florestais da Rede Natura 2000 e outras Proteger os recursos hídricos e o solo Contribuir para a atenuação das alterações climáticas Contribuir para o uso continuado e sustentável das terras agrícolas em zonas desfavorecidas Subprograma 3 Diversificar a economia rural Melhorar a qualidade de vida nas zonas rurais Desenvolver competências nas zonas rurais Subprograma 4 Desenvolver as competências associadas ao complexo agro-florestal Aumentar o conhecimento e melhorar o potencial humano Promover a inovação Nesta Estratégia Nacional é também evidente a preocupação com o desenvolvimento local numa perspectiva de actuação bottom-up, razão pela qual se recupera a experiência LEADER, inserida num Eixo próprio, mantendo-se em termos formais uma óptica de continuidade nos procedimentos, instrumentos e estruturas, voltando os Grupos de Acção Local (GAL) a serem os grandes protagonistas da afirmação do rural, continuando a desenvolver uma perspectiva conceptual de descentralização da gestão adequada, que permite uma maior proximidade do local. Esta proximidade cria as condições necessárias ao maior envolvimento dos agentes locais na estratégia de criação de emprego, na canalização de financiamentos, na promoção das regiões e dos seus valores endógenos, facilitando, assim, uma maior Instituto Superior Técnico 27 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR optimização dos objectivos encerrados nas Medidas do ProDeR, com evidentes ganhos de eficácia e eficiência no quadro social, económico, cívico e cooperativo. 2.2. PERTINÊNCIA, RELEVÂNCIA E COERÊNCIA DO PROGRAMA A pertinência, relevância e coerência da estratégia definida para o Programa de Desenvolvimento Rural 2007-2013 (ProDeR), bem como dos elementos processados aquando da sua Avaliação ex-ante, é confirmada na presente Avaliação pela análise dos factores que contribuíram para enquadrar a estratégia traçada e para desenhar a arquitectura do Programa, nomeadamente as dimensões-problema/necessidades prioritárias de intervenção sistematizadas no PENDR e, naturalmente, no ProDeR. Neste sentido, e como já manifesto na Avaliação ex-ante, o conjunto dos objectivos principais dos subprogramas do ProDeR foi estruturado em três grandes tipologias de intervenção que respondem de forma globalmente adequada a essas dimensões-problema/necessidades prioritárias de intervenção mas também ao potencial de desenvolvimento rural: Tipologia I – Intervenção de base produtiva e imaterial. Resposta directa às condicionantes identificadas a nível das explorações e empresas do sector agroflorestal e centrada no apoio a essas mesmas unidades produtivas, nomeadamente em matéria de desenvolvimento e organização do conjunto de fileiras produtivas identificadas, o desenvolvimento empresarial, a fixação de factores de competitividade, a qualidade e inovação/ actualização tecnológica, o rejuvenescimento do sector, a capacitação técnica dos agentes do sector/formação de competências, etc. Tipologia II – Intervenção que alia a produção e a sustentabilidade ambiental. Enfoque dos valores ambientais como um bem público enquanto factores de suporte e qualidade de vida, contemplando uma abordagem estruturada e transversal, numa óptica de equilíbrio ambiental e social das produções agroflorestais, mas também numa perspectiva cautelosa de estímulo à valorização económica de serviços ambientais. Tipologia III – Intervenção orientada para a fixação de recursos e de actividades económicas nos territórios rurais. Enquadramento das zonas de fraca sustentabilidade económica e social, actuando numa perspectiva de identificação de oportunidades para a fixação de actividades económicas e criando, por essa via, condições atractivas para a permanência/fixação de população. Esta tipologia caracteriza-se por uma intervenção generalizada em diferentes sectores, abrangendo um conjunto vasto de áreas desde a educação de adultos, a dinamização e qualificação do artesanato, os apoios à terceira idade, a dinamização do turismo rural e de natureza, o apoio à criação e consolidação de microempresas, a animação cultural e a criação de emprego de base local. 28 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Quadro 8 – Objectivos operacionais e principais resultados esperados do ProDeR Eixos Objectivos operacionais Principais resultados esperados Melhoria da competitividade das fileiras nos sectores do vinho, hortofrutícolas, azeite e floresta Aumento do valor da produção por fileira Acréscimo do VAB nos sectores e unidades produtivas Melhoria da competitividade das empresas dos sectores agrícola e florestal Incentivo à instalação de jovens agricultores Eixo I Valorização dos produtos qualidade agrícolas e florestais de Incentivo ao desenvolvimento de novos produtos, processos e tecnologias Melhoria da formação profissional e desenvolvimento de serviços capacitando os activos para o desempenho das suas actividades apoiados Aumento do número de empresas que introduzam novos produtos ou técnicas inovadoras Aumento da taxa de penetração no mercado externo Estímulo às iniciativas de cooperação estratégica/aquisição de dimensão Aumento da área regada Criação de start ups com capital de risco Valor da produção agrícola associada a regimes de qualidade reconhecida Introdução de novos produtos e/ou técnicas nas unidades apoiadas Aumento do investimento em factores imateriais e em factores ambientais Instalação de jovens agricultores Formação técnica e económica de activos agrícolas e florestais Aumento do número de novos serviços de gestão, de substituição e de aconselhamento Aumento da área regada e eficácia no uso da água Preservação da actividade agrícola e florestal nas zonas desfavorecidas Estímulo à gestão de áreas que contribua para a Incentivo à opção por modos de produção sustentáveis no âmbito das actividades agrícola e florestal Eixo II Protecção da diversidade genética e de sistemas de alto valor natural e paisagístico, associados aos sistemas de produção agrícola e florestal Melhorar a sustentabilidade dos povoamentos florestais Promoção de eco-eficiência redução da poluição Eixo III Eixo IV e Promover a melhoria da qualidade de vida nas zonas rurais Promover a diversificação da economia e do emprego em meio rural Promover o desenvolvimento local das zonas rurais, através da abordagem LEADER, sustentada por parcerias público-privadas melhoria da biodiversidade e preservação de sistemas agrícolas/silvícolas de elevado valor natural, da qualidade da água, da qualidade do solo e promoção do combate às alterações climáticas Atenuação da tendência de marginalização e o abandono da terra Introdução de novos produtos e/ou técnicas nas unidades apoiadas Conservação e melhoramento de recursos genéticos Crescimento sustentado da produção comercializado em MPB e MRODI Valor da produção agrícola respeitando as normas comunitárias Crescimento do VAB não agrícola dos negócios apoiados Criação de empregos (na explorações agrícolas e fora das explorações agrícolas) Aumento da população beneficiada pela melhoria dos serviços, das infra-estruturas e dos equipamentos Aumento do número de participantes em actividades de formação Desenvolvimento de projectos de cooperação apoiados Instituto Superior Técnico 29 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Nesta fase inicial de desenvolvimento do Programa é prematuro avaliar a adequação das diversas Medidas e respectivos resultados face às dimensões-problema diagnosticadas. Nessa perspectiva, o desenho dos resultados esperados continua a ser fundamental para a análise da pertinência, relevância e coerência do Programa. A análise dos resultados esperados (Quadro 8), já realizada na Avaliação ex-ante e que se encontra, ainda, actual, procurou sistematizar os elos de relação existentes entre as principais dimensões-problema, identificadas a partir da análise SWOT, e os principais resultados esperados, associáveis à lógica de intervenção das Medidas dos quatro Subprogramas (estrutura de objectivos operacionais e campos de aplicação específicos das Medidas). No essencial, e tendo como base a análise efectuada na Avaliação ex-ante (cf. pág. 43), os resultados esperados vão de encontro ao padrão de dimensões-problema identificadas. No entanto, importa ter presente que estão sinalizados resultados ambiciosos perante a densidade daquelas dimensões-problema estruturais/necessidades de intervenção, designadamente em domínios como: a fixação de competências humanas e de componentes inovadoras nas explorações agrícolas e empresas agro-transformadoras; a renovação dos factores de competitividade em actividades estratégicas do complexo agro-alimentar; o reordenamento e a gestão das áreas com efectiva vocação florestal; a sustentabilidade da gestão dos recursos naturais sob maior pressão de uso; a dinamização e fixação de população nos territórios rurais; e a recuperação de equipamentos e infra-estruturas rurais afectadas pelos incêndios como condição de dinamização das economias locais do interior. Em síntese, a estrutura dos Eixos prioritários e respectivos quadro de objectivos apresenta uma adequação satisfatória aos problemas-chave identificados no PENDR e oferece uma capacidade de resposta potencial às necessidades de intervenção de política em diferentes patamares do sector agro-rural. O objectivo último é a minimização dos pontos fracos e o reforço dos pontos fortes, nos domínios de intervenção do ProDeR. A síntese das potencialidades do complexo agro-florestal, nas suas componentes de produção, transformação e comercialização, foi realizada no ponto do Programa dedicado ao desempenho dos sectores agrícola, florestal e alimentar e aponta, de forma sucinta, as pistas quanto às principais necessidade/tendências de evolução. De acordo com o quadro dos pontos fortes e pontos fracos do complexo agro-florestal, as ajudas ao investimento para o aumento da competitividade (Eixo 1) deverão incidir nos elementos da figura seguinte. 30 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Figura 3 – Domínios de intervenção do ProDeR: competitividade Figura 4 – Domínios de intervenção do ProDeR: ambiente e gestão do espaço rural No que diz respeito ao Eixo 2, Ambiente e Gestão do Espaço Rural, devem os apoios, de acordo com a análise de pontos fortes e fracos realizada com base em indicadores relativos ao ambiente, ser direccionados para os seguintes domínios: combate ao abandono ou à marginalização, preservação da Biodiversidade e Paisagem, Instituto Superior Técnico 31 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Água, Solos, Bem-estar animal, Ar e Alterações Climáticas, Energias renováveis e Floresta. No que se refere ao Eixo 3, a análise do território teve em consideração as suas características físicas e humanas, espelhadas no conjunto de pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças (análise SWOT). Neste sentido, as Estratégias Locais de Desenvolvimento (ELD) apresentadas pelos Grupos de Acção Local (GAL) devem atender ao seu enquadramento, enquanto órgãos de gestão e mobilização de recursos responsáveis pela elaboração e implementação de projectos e pela concomitante consecução dos seus objectivos. As Estratégias Locais de Desenvolvimento deverão ser avaliadas à luz da sua coerência com os objectivos estratégicos e com as principais necessidades/domínios de intervenção, os grandes desígnios nacionais e as medidas e intervenções preconizadas, de forma a permitir responder às questões enunciadas na figura seguinte. As Estratégias Locais apresentadas facilitam a concretização dos objectivos estratégicos enunciados no PENDR 2007-2013? As Estratégias Locais apresentadas são as mais pertinentes para superar pontos fracos e ameaças e potenciar pontos fortes e oportunidades? Qual o grau de conformidade das Estratégias Locais com os objectivos e desígnios nacionais? O ProDeR reforçou/materializou a perspectiva de desenvolvimento rural integrado já constante do PENDR, elegendo aspectos tão significativos como a melhoria de competências indispensáveis à promoção da inovação e à diversificação da economia, condições para que haja uma aproximação da qualidade de vida no território nacional. As ELD devem atender ao tríptico que comanda o processo de desenvolvimento, onde o território com os seus cidadãos é um activo de referência: território/ELD/GAL e considerar os domínios de intervenção sistematizados na Figura 5. Os objectivos para os quais concorrem as ELD têm como impactes esperados a melhoria da qualidade de vida; a fixação da população nas áreas rurais; a criação de postos de trabalho; a revitalização do sector económico através da diversificação das actividades; o aumento da atractividade dos territórios; o aumento da auto-estima das populações; e a preservação das heranças culturais e históricas. Todavia, no momento, não se devem tirar conclusões centradas apenas na descrição global das Estratégias Locais de Desenvolvimento, para além do que consideramos ser a existência de relações directas ou relações indirectas (cf. Anexo B - Conformidade das ELD com o PENDR e ProDeR). 32 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Figura 5 – Domínios de intervenção do ProDeR: desenvolvimento rural Globalmente verifica-se que as Medidas e Acções previstas e respectivos objectivos apresentam uma relação directa com os objectivos do ProDer, no entanto, esta análise só poderá ser aprofundada com a concretização dos apoios e a execução de projectos de investimento. 2.3. ANÁLISE DA PERTINÊNCIA DO PROGRAMA NO QUADRO DA EVOLUÇÃO DA POLÍTICA AGRÍCOLA A estratégia definida para o ProDeR partiu da construção de um diagnóstico sectorial sustentado num vasto conjunto de estudos e indicadores estatísticos sobre a agricultura e o desenvolvimento rural do continente, apresentado pelo PENDR. Essa análise de suporte à concepção do Programa foi elaborada à data de 2007 tendo sido identificado um conjunto de pontos fortes e pontos fracos e ameaças e oportunidades do sector, para o qual o ProDeR deverá contribuir. A reanálise dos pontos essenciais desse diagnóstico tem em consideração a disponibilização, entretanto ocorrida, de informação estatística mais actualizada (refira-se a título de exemplo a edição, em 2009, do Structure of Agricultural Holdings, assim como das Contas Económicas da Agricultura (CEA), 2008). Esta reanálise permitirá desenhar um retrato macro dos sectores agrícola e agro-alimentar e retirar um conjunto de reflexões e ilações sobre a forma como o ProDeR responde à situação diagnosticada. Como se encontra reflectido nas Contas Económicas da Agricultura (INE, 2008), a actividade agrícola tem evoluído a um ritmo inferior da economia nacional. Embora registe um crescimento, o peso do VAB agrícola no VAB nacional tem sofrido uma Instituto Superior Técnico 33 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR diminuição. Estas estatísticas apontavam para um peso de cerca de 6% do Complexo Agro-Florestal (CAF – inclui a agricultura, a indústria agro-alimentar, a silvicultura e a indústria florestal) no conjunto da economia nacional. Em termos de actividades, destacase o aumento da importância relativa dos vegetais e produtos hortícolas, do vinho e do leite, em detrimento dos bovinos, suínos, azeite e cereais. Todavia, o peso do complexo agro-florestal continua a ser um dos mais expressivos no seio da União Europeia. Importa, na perspectiva da presente Avaliação, valorizar um conjunto de elementos de contextualização, enquanto vectores de evolução recente que podem interferir com as dinâmicas de execução do Programa, com particular destaque para: Exame de saúde da PAC; regulamentação particularmente exigente da União Europeia relativamente às actividades agrícolas e florestais - reforço das componentes ambiental, qualidade, segurança alimentar e bem estar animal; alteração gradual dos hábitos de consumo que tem vindo a motivar novas dinâmicas de procura, criando condições para a obtenção de valor acrescentado de vários segmentos de mercado, outrora, residuais; enquadramento económico persistentemente instável e em contracção, agravado pela elevada volatilidade dos mercados financeiros global, que determinou a deterioração económica e financeira dos agentes do sector (dificuldades financeiras, provocadas pelo aumento dos custos dos factores de produção, diminuição da procura, redução dos preços dos produtos agrícolas no produtor, etc.); perspectivas negativas para o futuro próximo dos indicadores do estado da economia, reflectindo a conjuntura internacional, que pode provocar um abrandamento no investimento. Relativamente ao Exame de Saúde da PAC, os elementos de referência a reter, grosso modo, são a modernização, simplificação e racionalização da PAC, eliminando restrições aos agricultores, no sentido de estimular os mesmos a responder melhor às dinâmicas do mercado (capacidade de orientação-mercado) e a enfrentar novos desafios (p.e., capacidade de empreendorismo e cooperação empresarial); e a transferência de montantes mais avultados para o desenvolvimento rural. Entre uma vasta gama de medidas, destacam-se as seguintes: retirada de terras aráveis da produção; reforço do apoio aos jovens agricultores; aumento das quotas leiteiras para preparar gradualmente a sua supressão em 2015; aumento da modulação, reduzindo os pagamentos directos aos agricultores e transferindo esses montantes para o desenvolvimento rural, o que permitirá uma 34 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 resposta mais adequada aos novos desafios e oportunidades que a agricultura europeia enfrenta, nomeadamente, as alterações climáticas, a necessidade de uma melhor gestão dos recursos hídricos, a conservação da biodiversidade e a produção de bioenergia. No panorama macro, e na sequência do Exame de Saúde da PAC, em termos de alterações importantes nas prioridades comunitárias, o Conselho da União Europeia decidiu, em meados de Janeiro de 2009, alterar a Decisão 2006/144/CE relativa às orientações estratégicas comunitárias de desenvolvimento rural para o período de programação 2007-2013 (Decisão do Conselho 2009/61/CE, de 19 de Janeiro), devido ao reconhecimento, no âmbito da avaliação da execução da reforma da Política Agrícola Comum (PAC) de 2003, de que as alterações climáticas, as energias renováveis, a gestão da água, a biodiversidade e a reestruturação do sector leiteiro constituem novos desafios cruciais para a agricultura europeia. Com base no reexame das orientações estratégicas, cada Estado-Membro deverá rever o respectivo Plano Estratégico Nacional, que constituirá o quadro de referência para a revisão dos Programas de desenvolvimento rural, no sentido do reforço das acções relacionadas com essas prioridades/desafios. Assim, os objectivos ligados a estas prioridades deverão ser reforçados no âmbito ProDeR. De acordo com o trabalho empírico o Complexo Agro-florestal depara-se com um conjunto de desafios bastante mais exigente que o contexto de partida (2006/2007), num quadro económico adverso nada favorecedor do investimento no complexo agro-florestal, podendo mesmo vir a condicionar os ritmos necessários de modernização e inovação das explorações agro-florestais e de progressão das fileiras, para alcançar os objectivos que o ProDeR definiu. Numa óptica de aproveitamento dos recursos financeiros do ProDeR, no horizonte da produção de resultados e efeitos consonantes com os objectivos da ENDR, haverá que actuar em função dos vectores de evolução recente. Sem prejuízo de se considerar que se mantém a pertinência dos eixos e medidas adoptadas na arquitectura do programa, de acordo com a Decisão do Conselho 2009/61/CE, de 19 de Janeiro, que considera que as alterações climáticas, as energias renováveis, a gestão da água, a biodiversidade e a reestruturação do sector leiteiro constituem novos desafios cruciais para a agricultura europeia, o Programa de Desenvolvimento Rural terá de envidar esforços no sentido de reforçar os apoios para incentivar uma melhor gestão da água, a produção e utilização das energias renováveis, a protecção da biodiversidade, na atenuação das alterações climáticas e a reestruturação do sector leiteiro. Nesse sentido, a mesma Decisão define um conjunto de acções-chave, das quais se elencam seguintes: Eixo 1: compra de máquinas e equipamentos que permitam poupar energia, água e outros factores de produção, bem como para a produção de energia renovável e sua Instituto Superior Técnico 35 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR utilização na exploração agrícola. Nos sectores agro-alimentar e silvícola, o apoio ao investimento deve contribuir para desenvolver formas mais inovadoras e mais sustentáveis de transformação de biocombustível; Eixo 2: as Medidas Agro-ambientais e as medidas silvícolas podem ser utilizadas em especial para aumentar a biodiversidade, mediante a conservação de tipos de vegetação com grande variedade de espécies e a protecção e manutenção de prados e formas extensivas de produção agrícola. Eixos 3 e 4: podem ser apoiados processos de cooperação e projectos em matéria de energias renováveis, assim como a diversificação das actividades dos agricultores através da produção de bioenergia. A conservação do património natural pode contribuir para proteger habitats de grande valor natural e massas de água de elevado valor; A decisão define, ainda, como princípio geral, que o apoio deve ser orientado para acções que sejam coerentes com os objectivos e as disposições estabelecidos no Regulamento (CE) n.º 1698/2005 e susceptíveis de contribuir para gerar efeitos potenciais positivos tendo em vista os novos desafios prioritários. 2.4. ENQUADRAMENTO E COMPLEMENTARIDADE DO PRODER COM OUTROS PROGRAMAS Para clarificação do âmbito de aplicação de cada Fundo comunitário e prevenção de áreas de eventual conflito entre os Programas Operacionais, foi assinado um protocolo com o QREN, delimitando as elegibilidades de cada Fundo relativamente aos respectivos Programas, de modo a acautelar a ocorrência de situações de sobreposição, nomeadamente, ao nível de investimentos em empresas com actividades de primeira transformação e de comercialização por grosso de produtos agrícolas (constante no Anexo A do protocolo), bem como investimentos no âmbito do turismo rural e turismo de natureza. Importa, neste contexto, encarar a intervenção das políticas públicas dirigidas à agricultura e ao desenvolvimento rural, no período 2007-2013, numa perspectiva mais vasta que contempla outros instrumentos complementares de política de desenvolvimento rural, nomeadamente, as estratégias regionais. Neste contexto, acentua-se a importância da interface entre o ProDeR e esses instrumentos. As intervenções do ProDeR para a gestão e desenvolvimento florestal, inscritos no Eixo 1 e 2 do Programa (Medidas 1.3. Promoção da Competitividade Florestal e 2.3. Gestão do Espaço Florestal) apresentam níveis potenciais de coerência e racionalidade com a Estratégia Nacional para a Florestas (ENF), o Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (PNDFCI) e a Rede Natura (RN 2000), adiante analisados/reflectidos a partir de uma breve contextualização do sector florestal. 36 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 O sector florestal é estratégico para o desenvolvimento do País, quer em função da expressão que assume no território nacional (3,4 milhões de hectares - 38% de Portugal continental), quer pelo emprego e riqueza que gera: o sector das florestas emprega cerca de 260 mil pessoas, é responsável por 4% do PIB e 14% do PIB industrial, e representa mais de 10% do total das exportações nacionais. A Estratégia Nacional para as Florestas (ENF), aprovada pelo Governo através da Resolução do Conselho de Ministros n.º 114/2006, definiu um conjunto de acções estratégicas para a execução da política florestal em Portugal. Este plano sectorial estabeleceu seis linhas de acção estratégicas: Minimização dos riscos de incêndios e agentes bióticos; Especialização do território; Melhoria da produtividade através da gestão florestal sustentável; Redução de riscos de mercado e aumento do valor dos produtos; Melhoria geral da eficiência e competitividade do sector; e Racionalização e simplificação dos instrumentos de política. Em 2006, foi adoptado pelo Governo o Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios (Resolução do Conselho de Ministros n.º 65/2006), o qual estabelece um conjunto de medidas e acções a executar no horizonte de 2012. No quadro de intervenção do PNDFCI foram estabelecidos cinco eixos estratégicos de intervenção: Aumento da resiliência do território aos incêndios florestais; Redução da incidência dos incêndios; Melhoria da eficácia do ataque e da gestão dos incêndios; Recuperar e reabilitar os ecossistemas; Adaptação de uma estrutura orgânica e funcional eficaz. Por último, a Resolução do Conselho de Ministros n.º 115-A/2008 que aprovou o Plano Sectorial da Rede Natura 2000 (PSRN2000). A aprovação do PSRN2000, consubstanciando um conjunto de medidas e orientações consideradas adequadas à implementação da Rede Natura 2000 em Portugal, designadamente no território continental é um instrumento de gestão territorial, de concretização da política nacional de conservação da diversidade biológica, o qual tece um conjunto de orientações de gestão com implicações ao nível da silvicultura dos Sítios Classificados da Directiva HABITATS e das Zonas de Protecção Especial da Directiva AVES. Instituto Superior Técnico 37 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR O Programa de Desenvolvimento Rural (ProDeR 2007-2013) identifica a floresta como uma das fileiras estratégicas. No caso concreto dos espaços florestais, existem dois sub-programas que englobam as Medidas que prestam apoio aos proprietários e/ou produtores florestais. Estas medidas têm como objectivos a promoção do desenvolvimento da competitividade da fileira florestal bem como a consolidação e melhoria da multifuncionalidade da floresta portuguesa, garantindo e aumentando a sua valorização económica, ambiental e social através de uma gestão activa e profissionalizada dos espaços florestais e agro-florestais. Comparativamente ao PNDFCI, o ProDeR revela-se como o instrumento financeiro de apoio mais adequado para a concretização das medidas estabelecidas no 1.º Eixo estratégico – Aumento da resiliência do território aos incêndios florestais, designadamente ao nível do apoio à gestão florestal. Relativamente ao Plano Sectorial da Rede Natura 2000, o ProDeR contribui de forma relevante para a concretização das orientações estratégicas para a gestão ao nível da gestão do espaço florestal e agro-florestal, designadamente através da acção de Valorização Ambiental dos Espaços Florestais. Por último, a existência de um instrumento de financiamento complementar, o Fundo Florestal Permanente, cujo Regulamento de Gestão e Apoios adoptado o período 2009-2012 (Portaria n.º 1338/2008, de 20 de Novembro) estabelece um conjunto de tipologias de apoio que são acessórias à intervenção do ProDeR, designadamente ao nível do planeamento, gestão e intervenção florestal e da sustentabilidade da floresta. Uma nota final para a importância que o ProDeR atribui na prioritização dos pedidos de apoio face à concretização dos objectivos dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal, sobretudo na aderência dos investimentos propostos com as especificações das funções dos territórios. Relativamente à coerência/complementaridade entre a Rede Rural Nacional e o ProDer, a análise estabelece-se à luz do normativo genérico de articulação com o respectivo Programa. Neste sentido, foram introduzidos ajustamentos no modelo de gestão dos instrumentos do ProDeR no que concerne às regras gerais de aplicação dos programas, o que exigiu a alteração do Decreto -Lei n.º 2/2008, de 4 de Janeiro, e do Decreto -Lei n.º 37-A/2008, de 8 de Março. A Rede Rural Nacional (RRN) surge no esforço de ultrapassar as dimensões-problema dos territórios rurais, identificadas no próprio documento da Rede. No entanto, persistem particularidades nos grandes segmentos de intervenção que podem ser enumeradas. Ao nível da Estratégia, o problema fulcral reside na ausência de um planeamento económico adequado às realidades locais e aos desafios com que se deparam e à continuidade do centramento da estratégia na agricultura, no entanto, o ProDeR evidencia uma maior abertura, centrada na produção de serviços em diversas áreas, nomeadamente, no turismo e lazer e atribui às ADL, o financiamento necessário à prossecução das suas ELD. 38 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 No que respeita à Organização, não é identificado o problema organizacional das zonas rurais. De facto, embora com algumas melhorias nos últimos anos, os territórios rurais continuam a debater-se com a ausência de um modelo e de uma prática de organização que responda aos desafios de empreendorismo e liderança. Todavia, a aplicação rigorosa do proposto na RRN, em conjunto com a estratégia definida no ProDeR, poderá ser uma resposta a este problema. Por último, não existe uma clara definição dos Motores de desenvolvimento. No entanto, o ProDeR, a este respeito consegue delimitar os sectores onde a estratégia de desenvolvimento deverá incidir: serviços de apoio à população, em particular, à primeira infância e aos idosos; micro-indústria ligeira; turismo e actividades conexas; projectos âncora de média dimensão em qualquer dos sectores. No que respeita à componente de funcionamento em rede, reconhece-se o dinamismo positivo na ligação entre os GAL e na sua qualificação. As experiências anteriores dãonos exemplos a seguir e a aprofundar numa óptica de integrar a estratégia para as zonas rurais na Estratégia Nacional de Desenvolvimento Rural (ENDR). No entanto, há que acautelar situações menos conseguidas e desadequadas metodologias na implementação da RRN, das quais se destacam as seguintes: Concentração da comunicação num único instrumento. Neste âmbito será de privilegiar a utilização de diferentes meios de comunicação, alargando o públicoalvo. Estreitamento do raio de acção da célula, que se limitou essencialmente aos GAL e respectivas entidades gestoras do LEADER. Neste contexto será importante a manutenção de uma rede alargada e de um intercâmbio de informação entre todos os agentes de desenvolvimento rural. Deficiente articulação com outros Programas e políticas de desenvolvimento rural. Neste contexto, haverá que limitar o distanciamento e a segmentação entre as estruturas de topo e de base e respectivas metodologias de trabalho, nomeadamente na implementação da(s) estratégia(s) definida(s). Os contributos expectáveis da Rede de âmbito Nacional são de dois tipos: ao nível dos Agentes de desenvolvimento rural, colectivos e individuais; e, ao nível do reconhecimento da opinião pública da decisiva importância dos territórios rurais. Ao nível dos agentes de desenvolvimento rural, as áreas a privilegiar são as da qualificação e da promoção da cooperação. A qualificação por ser essencial e transversal a todos os objectivos de desenvolvimento, nomeadamente, ultrapassar os desafios da competitividade, do rejuvenescimento e da sustentabilidade. A cooperação por ser decisiva no desempenho no quadro da estrutura proposta, onde é privilegiado um papel pró-activo com iniciativas claramente direccionadas. Instituto Superior Técnico 39 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR No que se refere à organização e aparelhamento da RRN, antes de mais, saliente-se que a Rede deve ser dotada de flexibilidade, pois as dinâmicas e necessidades tendem a sofrer alterações ao longo do tempo. Em termos gerais o funcionamento da Rede, tal como se encontra definido, é adequado aos desafios, no entanto, será importante privilegiar os pontos de ligação com o ProDeR, nomeadamente, ao nível do Conselho de Coordenação, que apoia o Coordenador Nacional na elaboração do Plano de Acção e dos Planos de Actividades. No que respeita à composição, a RRN deverá ponderar a integração das associações de micro e pequenas empresas, as quais têm um papel decisivo nas dinâmicas socio-económicas locais, dos Institutos Politécnicos e das Instituições de Solidariedade Social. Considerando que o êxito da Rede Rural em muito dependerá do adequado e empenhado funcionamento da Estrutura Técnica de Animação (ETA) e, particularmente, do seu Coordenador Nacional, há que dotar essa estrutura de recursos humanos profissionais e experimentados, bem com dum orçamento em conformidade com a importância da Rede. De referir, ainda, que será da maior importância os “pontos focais regionais” devidamente operacionalizados. Relativamente ao Plano de Acção, e tendo em conta o programado nas estratégias locais de desenvolvimento integradas no ProDeR, considera-se que se encontra de acordo com as prioridades estratégicas a desenvolver. Assim, as suas cinco áreas de intervenção abarcam o fundamental das actividades necessárias à construção e implementação de uma Rede Rural Nacional que tenha capacidade para alcançar os objectivos propostos. Nos pontos seguintes são referidos algumas particularidades necessárias assegurar para esse efeito: Sobre a “Capitalização da Experiência” considera-se necessário levantar a questão das boas práticas, sendo, no entanto, um conceito subjectivo, que necessita de maior objectivação. Quanto à “Facilitação da Cooperação”, deve ter uma metodologia bottom-up, ou seja, começar a cooperar nas regiões, promover cooperação inter-regional sob temas/matérias comuns e lançar as cooperações internacionais na base de objectivos muito específicos. Face à “Observação do Mundo Rural”, considera-se que falta identificar um objectivo operacional: servir-se dos indicadores de avaliação e monitoragem para fundamentar alterações que melhor se coadunem com os objectivos estratégicos propostos. No que toca à “Facilitação do Acesso à Informação”, é necessário reforçar o objectivo operacional “dar visibilidade ao Mundo Rural” e clarificar o objectivo 40 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 “tratar de conteúdos e respectiva divulgação”, no que respeita aos critérios de selecção e aos destinatários prioritários. Quanto ao “Funcionamento da Rede Rural Nacional”, apenas se reforça a importância dos três objectivos operacionais propostos, pois serão a base para o êxito da construção da Rede. A operacionalização da RRN só se conseguirá através dum trabalho pedagógico e persistente junto dos principais membros da Rede – os GAL. No que se refere à operacionalização das actividades, as modalidades de operacionalização devem usufruir das diferentes tipologias, particularmente as referentes às acções em parceria e adjudicação externa sempre que a estrutura técnica não possua os recursos humanos adequados. A programação/afectação de recursos, à partida e como ponto de referência, considerase adequada entre as várias componentes e as diversas linhas de acção programadas. Todavia, há duas questões que serão decisivas para confirmar a coerência na afectação dos recursos: a apresentação detalhada dos recursos afectos às múltiplas actividades a desenvolver; a disponibilidade para proceder aos ajustamentos que a avaliação e monitorização da RRN indiquem como indispensáveis. Tendo em conta principalmente a experiência de articulações com a Rede Europeia em anteriores períodos de programação, considera-se indispensável um estreitamento e integração da RRN quer nos Programas de Desenvolvimento Rural, quer na Rede Europeia, o que passará por uma forte articulação na elaboração dos Planos Anuais da Rede sendo que, da Rede Europeia deverá emanar o conjunto das principais directrizes/orientações, nomeadamente, no âmbito do dinamismo ao nível da agência de animação e da promoção da cooperação. Instituto Superior Técnico 41 3. SISTEMA DE GESTÃO, DE ACOMPANHAMENTO E DE CONTROLO 3.1. ESTRUTURA DE GESTÃO E ACOMPANHAMENTO O modelo de governação do actual período de programação encontra-se estruturado em seis diferentes níveis: coordenação estratégica interministerial; coordenação nacional do FEADER; órgãos de gestão; órgãos de acompanhamento; organismo pagador; organismo de certificação. A gestão e acompanhamento são de grande importância porque asseguram as funções da Autoridade de Gestão e certificam a eficácia da execução do Programa através de avaliações periódicas. O modelo de governação dos instrumentos de programação do desenvolvimento rural para o período de 2007-2013 foi definido pelo Decreto-Lei n.º 2/2008, que estabeleceu a estrutura orgânica relativa ao exercício das respectivas funções de gestão, controlo, informação, acompanhamento e avaliação, nos termos dos regulamentos comunitários aplicáveis. Na sequência da aprovação do referido quadro legal, o Decreto-Lei n.º 37-A/2008, de 5 de Março, estabeleceu as regras gerais de aplicação dos programas de desenvolvimento rural financiados pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), para o período de 2007 a 2013, e a Resolução do Conselho de Ministros n.º 2/2008, de 7 de Janeiro, criou a estrutura de missão para o Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, designada autoridade de gestão do ProDeR. A organização/implementação do ProDeR beneficiou da Reforma do MADRP na medida em que houve uma concentração de serviços e o reforço das DRAP (absorveram os recursos humanos que resultaram do processo de extinção dos serviços regionais do Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e das Pescas – IFADAP), o que permitiu um novo modelo de gestão do Programa e das iniciativas votadas ao Desenvolvimento Rural, nomeadamente, a prevista montagem da Rede Rural Nacional e do Sistema de Aconselhamento Agrícola (criado em 8 de Maio, pela Portaria n.º 353/2008). A operacionalização do Programa está cometida à Autoridade de Gestão (AG), responsável pela gestão e execução eficiente e eficaz do Programa. A sua estrutura orgânica de base está suportada nas diferentes Direcções Regionais de Agricultura. O novo modelo institucional, representado na figura seguinte, estabelece a Autoridade de Gestão do ProDeR. Este modelo contempla uma estrutura multidisciplinar e completamente integrada que vai assegurar a aplicação da política de desenvolvimento rural até 2015. Instituto Superior Técnico 43 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Gestor Gestor Adjunto Gestor Adjunto Secretariado Técnico Director Regional de Agricultura do Norte Director Regional de Agricultura do Centro Director Regional de Agricultura de Lisboa e Vale do Tejo Director Regional de Agricultura do Alentejo Director Regional de Agricultura do Algarve Figura 6 – Modelo institucional da Autoridade de Gestão do ProDeR A AG é constituída por um Gestor, dois Gestores-adjuntos, três Secretários Técnicos que abrangem as áreas de Auditoria e controlo, Jurídica e de Relações institucionais, o Secretariado Técnico com 40 postos de trabalho e os Directores das cinco Direcções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP). As Direcções Regionais de Agricultura e Pescas, para além da informação e divulgação do Programa, em que são responsáveis por grande parte dos esforços, asseguram todo o processo ligado à recepção, à análise e classificação da consistência técnica e da valia económica dos projectos e à decisão, com a excepção de algumas Acções em que o Secretariado Técnico assume essa função. Tendo em conta que as DRAP estabeleceram uma cadeia hierárquica própria e que grande parte dos técnicos integrados nessa cadeia fazia parte dos serviços regionais do IFADAP, o modelo de gestão apresenta uma relativa continuidade face ao anterior período de programação, sobretudo, no que respeita à recepção e análise dos pedidos de appoio, em função dos circuitos específicos próprios de cada uma das Medidas. O modelo implementado faz todo o sentido na medida em que dispõe das características e estrutura adequadas ao bom desempenho de tais competências, nomeadamente, em termos de análise de projectos, de validação de despesas e de controlo administrativo. O papel das DRAP revela-se, ainda, muito importante na aplicação das Estratégias de Desenvolvimento Regional. Para além da estrutura reflectida na Figura 6, a Autoridade de Gestão do ProDeR conta, ainda, com um conjunto de entidades levadas a participar no processo de decisão (p.e., 44 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 através de pareceres técnicos), nomeadamente, a Autoridade Florestal Nacional (AFN), a Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) e o Gabinete de Planeamento e políticas (GPP), nas áreas específicas da sua competência. Numa perspectiva mais territorializada, surgem as parcerias e as estratégias de bottom-up, promotoras da acção colectiva facilitadoras do espírito de concertação entre os agentes locais, de forma a maximizar as sinergias e a capacidade de inovação, um alicerce indispensável à melhoria da cultura local, da identidade e do empreendedorismo. Esta forma de governança de proximidade, tal como está implementada e aproveitando as boas-práticas do período de programação anterior, motiva uma maior intensidade de desenvolvimento local-rural. O acompanhamento do ProDeR é efectuado por um Comité de Acompanhamento (CA), onde se encontram representadas as entidades seguintes: Autoridade de Gestão do Programa; Administração central e regional envolvida na gestão do Programa; Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP); Ministério do Ambiente, Ordenamento do Território e Desenvolvimento Regional (MAOTDR); Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR); Associação Nacional dos Municípios Portugueses; Comissão Nacional para a Igualdade; Parceiros económicos e sociais, incluindo organizações representadas no CES e outras da sociedade civil; Comissão Europeia; Inspecção-Geral de Agricultura e Pescas (IGAP); IFAP, como Autoridade de Pagamento. Este Comité reúne ordinariamente duas vezes por ano e essas reuniões tratam de um espaço de participação activa e construtiva, onde todos os membros se pronunciam e participam, de acordo com as suas missões e interesses. Na leitura interpretativa da Actas do Comité de Acompanhamento foi possível observar que as entidades representadas contribuíram de forma importante para alguns aspectos respeitantes à implementação e operacionalização do Programa (p.e., apreciação e aprovação dos critérios de selecção específicos de cada Medida). No que respeita à participação dos parceiros económicos e sociais, a sua intervenção é considerada indispensável na medida em que representa a perspectiva dos beneficiários finais face a todo o processo, desde a candidatura até à Instituto Superior Técnico 45 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR execução (informação e divulgação, formulários de candidatura, elegibilidades e critérios de selecção, realizações e resultados, alterações necessárias, etc.). O IFAP, enquanto Organismo Pagador, articula-se funcionalmente com a Autoridade de Gestão do ProDer tendo sido estabelecido para o efeito um protocolo que determina a responsabilidade no cumprimento das exigências das regras de acreditação estabelecidas pela Inspecção Geral das Finanças (IGF). No que se refere às Medidas de natureza forfetária do Eixo 2, foi assinado um protocolo entre a Autoridade de Gestão e o IFAP, delegando a função de gestão das mesmas no IFAP. A articulação funcional entre a AG e o IFAP para a gestão das medidas do Eixo 2 encontra-se descrita em detalhe na secção correspondente, neste capítulo. Este tratamento mais detalhado que o Eixo 2 mereceu, reflecte a natureza particular das medidas, que estão, na sua maioria, integradas no Sistema Integrado de Gestão e Controlo (SIGC), nomeadamente em termos do modelo de articulação funcional e institucional definido para a sua gestão. De seguida faz-se referência ao Sistema de Informação criado para a gestão e acompanhamento do Programa (SIProDer), mas realça-se desde já que, no tocante às medidas do Eixo 2, a sua gestão depende do sistema de informação do IFAP. Prevê-se que a ligação entre os dois sistemas seja efectuada em breve, não se verificando tal comunicação funcional presentemente. A produção de indicadores, necessária ao acompanhamento do Programa, vai ser assegurada pelo Sistema de Informação criado para o mesmo (SIProDeR). Os dados a devolver poderão reflectir cada nível de intervenção no processo a dado momento, uma funcionalidade imprescindível à boa gestão e ao acompanhamento eficaz. Encontra-se, ainda, em fase de implementação a Rede Rural Nacional (RRN) que visa, sobretudo, criar condições favoráveis à efectivação da política de desenvolvimento rural. A RRN tem como objectivo principal fortalecer “o intercâmbio entre todos os actores dos territórios rurais, favorecendo o conhecimento das boas práticas e do know-how em coerência com as orientações comunitárias e com o Plano Estratégico Nacional de Desenvolvimento Rural” (Rede Rural Nacional, MADRP, Novembro 2008, pág. 5). 3.2. IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA No decorrer dos anos de 2006 e 2007, surgiu o conjunto dos objectivos estratégicos, delineados pela União Europeia, para o desenvolvimento rural, que deu origem ao processo de concepção do Programa de desenvolvimento rural. A concepção do Programa teve como base duas Avaliações independentes (ex-ante e ambiental), documentos orientadores nacionais (Plano Estratégico Nacional), linhas de orientação estratégica comunitária para o Desenvolvimento Rural, diagnósticos aprofundados de cada um dos sectores considerados prioritários (arvenses, azeite, carne, frutas, hortícolas e flores, leite e vinho), regras gerais para a aplicação dos PDR e uma discussão pública alargada com a participação dos parceiros sociais e dos agentes económicos. O ProDeR constitui, assim, um Programa onde foi vertida a concretização dos objectivos estratégicos delineados pela Comissão Europeia. 46 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 O Programa adopta um formato diferente dos apoios no período de programação anterior, acolhendo um perfil mais complexo e enquadrando as ajudas disponíveis, nesse período, em 4 Programas diferentes de apoio ao sector agrícola e ao desenvolvimento rural (AGRO, Medida AGRIS, RURIS e LEADER). O ProDeR utilizou todo o ano de 2007 para produzir o conjunto de documentos orientadores das suas intervenções, tendo sido aprovado em 4 de Dezembro do mesmo ano. Esta aprovação tardia do Programa criou um hiato, nos dois anos que precederam a sua aprovação, em termos de apresentação de pedidos de apoio para ajudas e para projectos de investimento. De acordo com o trabalho empírico realizado, os potenciais beneficiários esperaram que, pela sua importância, a abertura do ProDeR fosse bastante menos demorada. No final do ano de 2008, e apesar do grande esforço da Autoridade de Gestão e respectiva equipa, faltava ainda publicar a regulamentação de cerca de metade das Medidas, Acções e Sub-acções que constituem o ProDer. Do total de Medidas, Acções e Sub-acções (54), até ao final de 2008: 25 foram abertas, 15 foram acreditadas, 13 foram protocoladas com o IFAP e 5 foram protocoladas com os GAL. Todavia, a Autoridade de Gestão prevê que, até ao primeiro semestre de 2009, a grande maioria das Medidas esteja operacionalizada, ou seja, em contratação e com recepção de pedidos de pagamento e pagamentos (o cronograma de implementação/operacionalização das Medidas encontra-se sistematizado no Anexo C Cronograma de implementação/operacionalização das Medidas das Acções e Sub-acções do Proder, 2008/2009). Os principais constrangimentos que induziram este arranque tardio foram os seguintes: aprovação morosa do ProDeR e definição tardia da estrutura da Autoridade de Gestão (Janeiro 2008), com o consequente atraso na contratação de colaboradores; grande diversidade e especificidade dos Eixos e Medidas, que se reflectiu na grande complexidade da regulamentação das mesmas; necessidade de acreditação do Organismo Pagador para as Medidas FEADER (situação que não ocorreu no anterior período de programação); e introdução de um factor inovador/diferenciador, face ao período de programação anterior – a utilização de meios electrónicos para a submissão das candidaturas, através da Internet, acarretou um aumento do volume de trabalho que, no entanto, se considera ter ganhos futuros, nomeadamente, na implementação e automatização de procedimentos e na fiabilidade dos dados (os formulários contêm auto-validações – cruzamento, p.e., com o Sistema de Informação Geográfica, alojado no IFAP – e não permitem o manuseamento dos dados). Embora tenham sido criadas todas as condições para a sua implementação, o ProDeR entrou em vigor apenas em Maio de 2008, no entanto, abrindo candidaturas para as Medidas com maior peso quer em termos de número de candidaturas, quer em termos financeiros (Medidas 1.1. e 1.6. do Eixo 1 e Medidas 2.1 e 2.2. do Eixo 2). Note-se, ainda, que o Instituto Superior Técnico 47 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR primeiro período de candidaturas às Medidas Agro-ambientais e à Medida Manutenção da Actividade agrícola em zonas desfavorecidas decorreu mesmo antes da aprovação do Programa, atenuando o hiato ocorrido no âmbito das candidaturas a estas duas Medidas. A experiência adquirida ao longo do primeiro ano de implementação do Programa sugere/recomenda que se proceda à estabilização no desenvolvimento das aplicações e dos modelos de análise dos projectos. Para que ocorra essa estabilização é necessário o reforço dos recursos humanos na perspectiva da constituição de uma equipa que assegure a componente operacional, de forma a garantir uma gestão mais eficiente e eficaz do ProDeR. Neste contexto, refira-se que a Autoridade de Gestão já definiu o Caderno de Encargos para um concurso público internacional que irá garantir, a partir do último trimestre de 2009, esse reforço dos recursos humanos, que assegure o desenvolvimento e manutenção do Sistema de informação e, consequentemente, as principais funcionalidades do sistema. No que se refere à operacionalização do ProDeR, a morosidade do processo está em parte relacionada com o facto de a Autoridade de Gestão ter como objectivos-base respeitar as orientações comunitárias em termos de rigor, de transparência e de não-discriminação de beneficiários, princípios que exigem um tratamento cuidado na elaboração de toda a documentação inerente à abertura de cada uma das Medidas/Acções. A acrescer, encontra-se o processo de avaliação das candidaturas que, tendo em conta o volume de candidaturas, a novidade dos procedimentos e a complexidade na respectiva apreciação, a garantia daqueles princípios só é possível com a devida preparação e desenvolvimento do processo, que requer tempo. Relativamente à acreditação do Organismo Pagador, o IFAP sempre esteve e continua a estar acreditado, no entanto, a questão surgiu devido à fusão de dois organismos – Instituto Nacional de Garantia Agrícola (INGA) e Instituto de Financiamento e Apoio ao Desenvolvimento da Agricultura e das Pescas (IFADAP) – num só organismo (IFAP). Esse processo de fusão suscitou um novo processo de acreditação. O processo de acreditação, por resultar da aplicação de regras comunitárias complicadas à estrutura já de si complexa do ProDeR, tem sido lento, podendo variar em função da complexidade de cada Medida. No que se refere às Medidas FEADER constantes do Protocolo de articulação funcional, e no seguimento da orientação da Comissão Europeia, a acreditação está a ser efectuada de forma faseada, por Medida e por fase de operacionalização. O processo encontra-se, ainda, em curso, no entanto, a Autoridade de Gestão espera que em breve todos os procedimentos estejam concluídos. Nos pontos seguintes encontra-se uma breve enumeração das áreas críticas para a implementação/operacionalização do ProDeR: conclusão/encerramento do Programa AGRO: o encerramento do Programa AGRO é necessário numa óptica de optimização de recursos, designadamente, de recursos humanos que se encontram, ainda, afectos ao Programa e que, pela sua experiência são importantes para assegurar componentes de natureza operacional relativa à execução 48 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 do ProDeR, embora a consolidação das responsabilidades e tarefas já tenha sido consolidada junto das DRAP; conceito de concursos: a política de abertura de períodos de candidatura foi introduzida para assegurar uma melhor gestão dos fundos e uma prioritização dos projectos que contribuam, de forma mais efectiva, para os objectivos fixados; tramitação processual, ainda incipiente na sua agilização quer do lado dos potenciais beneficiários, quer do lado da estrutura técnica do Programa; período de aplicação limitado devido à implementação tardia, o que pode condicionar a capacidade de absorção dos fundos disponíveis. 3.3. CIRCUITOS DE FUNCIONAMENTO, SUA ARTICULAÇÃO E MECANISMOS DE CONTROLO A análise da gestão/governação na óptica da conformidade com os normativos transversais do ProDeR e dos respectivos Eixos, Medidas e Acções, enquanto instrumento orientador da implementação das estratégias de desenvolvimento rural, tem claramente duas vertentes: a adequação dos modelos conceptuais de estruturação das Medidas e, no caso do Eixo 3, dos GAL às propostas do ProDeR e a adequação do conjunto de procedimentos que poderão tornar o ProDeR numa estratégia exemplar de desenvolvimento rural. Secretariado Técnico Medidas de abrangência nacional Formulários em www.proder.pt Distribuição pelo Sistema de Informação Grupos de Acção Local Eixo 3 IFAP Medidas forfetárias – Eixo 1 e Eixo 2 SIFAP Director Regional de Agricultura Eixo 1 Eixo 2 – Medidas não forfetárias Coordenadores de analistas DRAP Técnicos analistas Analistas de outros serviços (MADRP; outros Técnicos analistas Figura 7 – Circuito de distribuição e análise dos pedidos de apoio Instituto Superior Técnico 49 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR O Programa apostou na transparência, p.e., através de definição e respeito pelas regras e critérios de selecção; na simplificação, nomeadamente, através de candidaturas electrónicas; e na monitorização estratégica, através da robustez do sistema de informação, o qual permitirá a produção dos diversos indicadores definidos a nível comunitário e nacional. A submissão de pedidos de apoio pode ser efectuada por duas vias: em contínuo ou apresentadas em datas previamente definidas e submetidas por concurso, neste caso com a publicitação prévia de avisos. Este formato, diferente do período de programação anterior em que a apresentação de candidaturas para projectos de investimento se dava em contínuo, foi planeado de forma a conseguir uma boa gestão financeira e programática e uma boa gestão de recursos dispendidos no processo de apreciação de dossiers de candidatura, assim como assegurar a selecção dos projectos que contribuam, de forma mais efectiva, para os objectivos delineados. O circuito simplificado de gestão está reproduzido na Figura 8, que se descreve sumariamente de seguida. Faz-se notar que o circuito de gestão associado às medidas do Eixo 2 (Medidas 2.1, 2.2 e 2.4, em análise no presente momento de avaliação) não obedece a este esquema geral e é, pelas suas especificidades, apresentado de seguida na secção correspondente a este eixo (3.2.2), sendo que a Acção 2.2.3.2 (conservação e melhoramento dos recursos genéticos, por ser uma medida não integrada no sistema de informação de gestão e controlo (sigc) tem um circuito de funcionamento bastante mais próximo do descrito para os restantes eixos. Estes aspectos e outros relativos ao circuito de funcionamento, sua articulação e mecanismos de controlo das medidas que integram os Eixo 2 são realçados na secção 3.2.2 do documento. Os formulários de candidatura são electrónicos e estão disponíveis online no site do ProDeR (cf. Figura 7). Devido a questões estruturais do Programa, muito semelhante ao anterior, com problemas de controlo e administrativos, esta opção permitirá ganhos importantes na produtividade/eficácia e fiabilidade na análise dos projectos (não há manuseamento dos dados constantes nos formulários e que dizem respeito ao projecto, ao potencial beneficiário e à empresa/exploração/GAL), no percurso dos processos entre as várias instâncias de análise, decisão e pagamento (não circulam processos em papel) e, consequentemente, no prazo entre a entrada da candidatura e a comunicação da decisão ao candidato (período que deverá ser abreviado). A avaliação dos projectos está subjacente ao modelo desenhado, isto é, os critérios estão definidos e encontram-se sistematizados nos avisos para a apresentação dos pedidos de apoio. Os critérios contemplam o nível dos apoios a conceder, a tipologia de intervenções a apoiar, os factores objectivos de análise (apuramento da Valia Global da Operação) e a pontuação (dependendo da zona do investimento, da organização do beneficiário, dos factores de prioridade regionais, etc.). A decisão das candidaturas é suportada pela apresentação dos critérios de elegibilidade existindo tableaux de bord que, em simultâneo, suportam a gestão corrente e a monitorização da execução física e financeira. 50 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 Remete para Contratação Autoridade de Gestão Análise Selecção Organismo Pagador Validação Remete para Pagamento Balcão Físico ou Digital Contrato Informação DRAP ou Outros GAL Análise Análise Selecção Pagamento Selecção Despesa Apresentação do Projecto Beneficiário Figura 8 – Circuito simplificado de gestão De acordo com a informação processada, a gestão do Programa, particularmente no que se refere ao Eixo 1, criou um processo de selecção de candidaturas mais exigente que no período de programação anterior, no sentido de a execução dos projectos contribuir de forma mais orientada para os objectivos/metas do ProDeR, através dos seus resultados. Além de que, havendo diferenciação regional, a estratégia torna-se mais adequada às diferenças territoriais, uma questão criticada no passado. No que concerne à tramitação processual das candidaturas, a análise inclui 3 componentes distintas: Transparência do Processo; Critérios de Avaliação das Candidaturas; Dificuldades de Operacionalização das Decisões de Aprovação. Instituto Superior Técnico 51 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR EIXO 1 No caso do Eixo 1, qualquer candidatura a um projecto de investimento deverá ser concretizada e formalizada através do preenchimento do respectivo formulário, dentro do período para admissão dos pedidos de apoio, fixado em avisos públicos devidamente publicitados (p.e, no site do ProDeR www.proder.pt) e de acordo com a legislação respectiva. No que se refere à transparência do processo considera-se que a legislação específica de cada Medida/Acção, vertida em Portarias assegura a transparência de todo o processo, estabelecendo o regime de aplicação (objectivos, tipologia de beneficiários e respectivas obrigações, critérios de elegibilidade e de selecção, despesas elegíveis e não elegíveis, forma, nível e limites dos apoios, etc.). Para além da legislação específica encontram-se, igualmente, disponíveis quer orientações técnicas para a elaboração das candidaturas, quer avisos para a apresentação de pedidos de apoio, que explicitam adicionalmente os procedimentos relativos à apresentação dos pedidos de apoio e os critérios de selecção utilizados. Os pedidos de apoio são submetidos por concurso divulgado pela Autoridade de Gestão. A apresentação dos pedidos de apoio efectua–se através de formulário electrónico disponível no site do ProDeR, considerando-se a data de envio como a data de apresentação do pedido de apoio. No caso da Medida 1.1., os pedidos de apoio para projectos de impacto relevante (PIR) e para a instalação jovens agricultores quando apresentem, em simultâneo, um pedido de apoio inserido na Acção n.º 1.1.1. não são submetidos por concurso. Esta opção relativamente aos PIR é justificada pelo facto de este tipo de projectos surgirem em número muito limitado, tendo em conta o período de programação anterior, pelo que não poderiam ser colocados em pé de igualdade num processo de selecção delineado para tipologias de candidaturas de dimensão diferente. Os avisos de abertura dos concursos são aprovados pelo Gestor, após audição da Autoridade de Gestão e homologação do Ministro da Agricultura, do Desenvolvimento Rural e das Pescas, e publicados no site do ProDeR e na imprensa escrita. Os avisos de abertura definem os itens seguintes: prazo para apresentação dos pedidos de apoio; objectivos e as prioridades visadas; tipologia das intervenções a apoiar; área geográfica elegível; dotação orçamental a atribuir; fileiras elegíveis; 52 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 número máximo de pedidos de apoio admitidos por beneficiário; componentes dos factores da valia global da operação e respectiva ponderação, aplicáveis em função das prioridades e objectivos fixados para cada concurso; e forma e nível dos apoios a conceder. Numa primeira selecção, os projectos serão excluídos se não respeitarem os critérios de elegibilidade, os quais definem as condições mínimas de acesso ao apoio. Num segundo patamar, o projecto será apreciado tendo em conta os critérios de selecção, que definem as regras adicionais para selecção daqueles que melhor contribuem para os objectivos e metas definidos, de acordo com o contexto orçamental. Em suma, os critérios de elegibilidade respeitam aos candidatos e os critérios de selecção pretendem maximizar os objectivos definidos no ProDeR, sendo transparentes e antecipadamente conhecidos pelos candidatos. O processo de hierarquização é nacional (a centralização é necessária para cabimentação orçamental), não havendo preferência ou proporções definidas por regiões ou por actividade. No âmbito do Subprograma 1, o método desenhado para que sejam apuradas as operações que melhor contribuem para alcançar os objectivos e metas definidas em cada Medida assenta em três critérios base: Valia técnico-económica (VTE), que permite identificar os projectos com maior rentabilidade; Valia do beneficiário (VB), com o objectivo de seleccionar as operações que promovam a cooperação entre agentes e a integração horizontal e vertical na fileira – dois factores determinantes para a competitividade; Valia estratégica (VE), que permite seleccionar as operações com maior contribuição para os objectivos estratégicos nacionais e tendo em conta as especificidades de natureza regional e também benefícios ambientais, designados como valia ambiental (importa garantir que todos os investimentos que se destinem a resolver problemas de natureza ambiental ou a melhorar o desempenho ambiental das explorações agrícolas sejam seleccionados). O somatório da valorização atribuída a estes critérios que, por sua vez, trata do somatório de cada factor que constitui cada um dos critérios, representa a Valia Global da Operação, VGO = 0,20 VTE + 0,50 VE + 0,30 VB, a partir da qual se faz a hierarquização e a selecção dos projectos. Em suma, de acordo com esta metodologia, todas as candidaturas que cumpram os critérios de elegibilidade são consideradas elegíveis, sendo hierarquizadas de acordo a VGO. Os critérios de selecção das candidaturas levantaram controvérsia nos agentes do sector (beneficiários e potenciais beneficiários), particularmente no que respeita à metodologia de apuramento da VGO. Instituto Superior Técnico 53 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR A hierarquização dos pedidos de apoio é feita por ordem decrescente da VGO e os agentes do sector consideram que o peso conferido à Valia Estratégica, que resulta de pontuações atribuídas à fileira estratégica, prioridades estratégicas regionais e valia ambiental, é excessivo face ao peso conferido à Valia Técnico-Económica. Para além da questão dos critérios de selecção, as críticas negativas recolhidas junto dos beneficiários incidiram sobre o modo de submissão das candidaturas (concurso e em períodos limitados), referindo a preferência pelo modo de apresentação de pedidos de apoio ‘em contínuo’, por considerarem que a apresentação de candidaturas em períodos limitados não se enquadra com o exercício das actividades agrícola e agro-industrial, pois todos os tipos de investimento exigem planeamento e não há qualquer indicação, no site do ProDeR, sobre os concursos que vão abrir (com a excepção da Acção 1.1.3. que contempla, na sua regulamentação, os períodos de candidatura previstos; e da Acção 1.6.2. que contempla a apresentação de candidaturas em contínuo). Todavia, da avaliação efectuada, considera-se que os períodos definidos para a apresentação de candidaturas são bastante alargados mostrando-se, por isso, adequados para o devido planeamento e concretização da candidatura. Na óptica dos potenciais beneficiários esta situação poderá ser ultrapassada com a colocação atempada de informação, no site do ProDeR, sobre os concursos a decorrer ao longo do ano, com as devidas prioridades na selecção dos pedidos de apoio, no entanto, o planeamento desses concursos pode não ser possível em todas as situações porque depende de vários factores: do orçamento do ProDeR e do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC); dos resultados do período de candidaturas anterior, em termos das prioridades a definir; e, das metas a alcançar. A análise (controlo administrativo) e a emissão de proposta de decisão dos pedidos de apoio são efectuadas pelas Direcções Regionais de Agricultura e Pescas (DRAP) ou, pelo Secretariado Técnico da Autoridade de Gestão no caso da Medida 1.6., num período máximo de 30, 60 ou 90 dias úteis a contar do termo de apresentação dos pedidos de apoio, em função da complexidade da análise desse mesmo pedido de apoio (p.e., Acção 1.1.2. – 30 dias; Acção 1.1.1. e 1.3.3. – 60 dias; Acção 1.6.1. Desenvolvimento do Regadio – 90 dias). A Autoridade de Gestão avalia a uniformidade de aplicação dos critérios de selecção e, em função do princípio da coesão territorial e da dotação orçamental referida no respectivo aviso de abertura, submete à decisão do Gestor a aprovação dos pedidos de apoio. Os pedidos de apoio são decididos pelo Gestor, após audição da Autoridade de Gestão, sendo a mesma comunicada aos candidatos pelas DRAP, no prazo máximo de 35 dias úteis a contar da data de recepção do parecer. Depois de aprovado, o IFAP envia o contrato de financiamento ao beneficiário, no prazo de 10 dias úteis a contar da data de recepção da decisão do Gestor. Os prazos máximos para os beneficiários iniciarem e concluírem a execução física das operações são, respectivamente, de 6 e 24 meses contados a partir da data da assinatura do 54 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 contrato de financiamento. O pedido de pagamento reporta-se às despesas efectivamente realizadas e pagas, devendo os comprovativos das mesmas ser entregues nas DRAP, no prazo de cinco dias úteis, acautelando as excepções previstas no Regulamento de aplicação das respectivas Acções. No que se refere ao controlo in loco e ex-post está prevista a realização de visitas aos locais da operação, pelo menos uma vez durante o período de execução e outra vez até 24 meses após a realização do pagamento final. EIXO 2 Pretende-se nesta secção apresentar a avaliação dos procedimentos de gestão inerentes às Medidas do Eixo 2 em análise no presente Relatório de Avaliação Continua do ProDeR sendo consideradas para o efeito, tal como exposto anteriormente, as Medidas e Acções com períodos de candidatura em 2007 e 2008. A natureza das Medidas, Medidas SIGC (Sistema Integrado de Gestão e Controlo) e medidas não SIGC é relevante para a análise que se pretende levar a cabo nomeadamente que diz respeito aos procedimentos de controlo, como descrito adiante. Primeiramente são analisados os procedimentos de gestão, circuitos de funcionamento, sua articulação e mecanismos de controlo das medidas SIGC objecto da presente avaliação (Quadro 9) e de seguida são analisados os mesmos aspectos relativamente à Sub-acção 2.2.3.2. Conservação e melhoramento dos Recursos Genéticos – componente animal, Acção não SIGC. Quadro 9 – Medidas SIGC em análise Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas desfavorecidas “Indemnizações Compensatórias” 2.1.1 - Manutenção da Actividade Agrícola fora da Rede Natura 2.1.2 - Manutenção da Actividade Agrícola em Rede Natura Valorização dos modos de produção e Intervenções Territoriais integradas, componentes Agro-ambiental e silvo-ambiental “Medidas Agro-Ambientais” 2.2.1 - Alteração de Modos de Produção Agrícola 2.2.2 - Protecção da Biodiversidade Doméstica (Raças Autóctones) 2.4.1 a 2.4.11 - Intervenções Territoriais Integradas (ITIs) – Componentes agro e silvo ambiental MEDIDAS SIGC O Regulamento (CE) n.º 1782/2003, do Conselho, de 29 de Setembro, que estabelece as regras comuns para os regimes de apoio directo no âmbito da política agrícola comum e institui determinados regimes de apoio aos agricultores, financiados pelo Fundo Europeu Agrícola de Garantia (FEAGA) a partir de 2007, obriga à criação de um Sistema Integrado Instituto Superior Técnico 55 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR de Gestão e Controlo (SIGC), nos termos do Regulamento (CE) n.º 796/2004, da Comissão, de 21 de Abril. De entre os vários elementos que o SIGC inclui, constam as normas e os requisitos a que deve obedecer a apresentação anual pelos beneficiários dos pedidos de ajudas directas. Em cumprimento dos requisitos impostos pelo SIGC, foi concebido em 2007, um novo sistema de recepção de candidaturas, que se traduziu, essencialmente, na consolidação de um pedido único (PU) das ajudas às superfícies e das ajudas aos animais, bem como a sua recolha on-line. O sistema de recepção de candidaturas implementado em 2007 manteve-se em vigor na campanha de 2008 com as necessárias adaptações. Na sequência da publicação do Decreto-lei nº 37-A/2008, que contem o enquadramento legal dos planos de desenvolvimento rural (PDR), financiados pelo Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), designadamente o ProDeR, Programa de Desenvolvimento Rural do Continente, e em consonância com o previsto no Regulamento (CE) nº 1975/2006, foram também integrados no pedido de ajudas (PU 2008) previsto no SIGC, nos termos previstos no Despacho normativo nº 18-A/2008, os seguintes pedidos de apoio: a) Pedidos de pagamento relativos à confirmação de candidaturas às medidas agroambientais do anterior período de programação 2000-2006; b) Confirmações dos pedidos de pagamentos relativos aos pedidos de apoio aos Pagamentos agro-ambientais e ou aos Pagamentos silvo-ambientais apresentados em 2007, no período especial de candidatura, no quadro do ProDeR (acções 2.2.1 e 2.2.2 e componentes agro-ambiental e silvo-ambiental das acções 2.4.3 a 2.4.11); c) Pedidos de apoio/pagamento relativos à medida Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas. Para além do quadro normativo descrito acima, os procedimentos de gestão inerentes a estas medidas, obedecem ao protocolo de articulação funcional entre a AG (Autoridade de Gestão do ProDeR) e o IFAP (Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas) assinado a 7 de Março de 2008. Este protocolo tem por objectivo articular de forma eficaz, eficiente e racional as tarefas inerentes à gestão e execução das medidas acima discriminadas, operacionalizando o disposto no Despacho normativo n.º 18-A/2008 que determina as competências, a metodologia, a tramitação, os procedimentos e os calendários que devem ser respeitados e tidos em conta por todos os intervenientes. Nos termos do protocolo, a gestão e execução das Medidas são asseguradas com base no sistema de informação do IFAP e, de acordo com a articulação funcional estabelecida por via desse documento, cabe ao IFAP as responsabilidades seguintes: recepção dos pedidos de apoio, sua análise, controlo, proposta de decisão e execução (com excepção das autorizações de despesa); e cumpre à Autoridade de Gestão a decisão e a autorização de despesa bem como a divulgação do período de apresentação dos pedidos de apoio e de normas técnicas relativas às Acções, a elaboração de normas de procedimentos para aplicação às actividades 56 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 no seu âmbito e a monitorização dos indicadores do Quadro Comum de Acompanhamento e Avaliação, entre outros. Divulgação do período de candidatura Análise dos pedidos de apoio e da sua alteração/confirmação Proposta de decisão à aceitação - favorável ou desfavorável – em função: • Critérios de elegibilidade Recepção de candidaturas • Hierarquização dos pedidos de apoio • Dotação orçamental comunitária e nacional Apreciação da elegibilidade • Verificação dos demais requisitos exigidos pela legislação comunitária e nacional Controlo administrativo Decisão de apoio e autorização de pagamento Pagamento Controlo in loco Figura 9 – Circuito de gestão das medidas SIGC A Figura 9 evidencia a articulação entre as duas entidades intervenientes na gestão dos pedidos de apoio, sendo que as actividades da responsabilidade da AG estão representadas a verde e as atribuições funcionais do IFAP, a azul. O descritivo do circuito de funcionamento e procedimentos avaliação é apresentado de seguida. Divulgação A divulgação do período de apresentação dos pedidos de apoio a qualquer das medidas do subprograma 2 é da responsabilidade da AG. Recepção de candidaturas A formalização das candidaturas é feita junto das direcções regionais de agricultura e pescas (DRAP) e de outras que, para o efeito, venham a ser acreditadas pelo IFAP-I.P, nomeadamente confederações e associações de agricultores, Proposta de decisão Instituto Superior Técnico 57 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR A proposta de decisão do IFAP é emitida em conformidade com o disposto na Cláusula 10ª do protocolo de articulação. Decisão e autorização de pagamento Estabelece o ponto 4 da Cláusula 11º do protocolo AG/IFAP que à data da sua assinatura e com carácter excepcional, a Autoridade de Gestão do ProDeR, decide aprovar todos os pedidos relativos às seguintes medidas e acções do subprograma 2 do ProDeR: a) 2.1 “Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas”; b) 2.2 “Valorização de Modos de Produção – Acção 2.2.1. “ Alteração de Modos de Produção Agrícola” e 2.2.2 “Protecção da biodiversidade Doméstica”; c) Intervenções Territoriais Integradas – Acções 2.4.1 a 2.4.11 com excepção da componente investimentos não produtivos, apresentadas ao abrigo dos Despachos Normativos nº 18/2007 e nº 35-A/2007, que o IFAP aprecie favoravelmente, nas condições e pelos montantes financeiros apurados pelo mesmo Instituto, e recusa todos os pedidos relativos às mesmas medidas e apresentados ao abrigo dos mesmos despachos, que o IFAP aprecie desfavoravelmente. Controlo O controlo administrativo e in loco são executados pelo IFAP-IP de acordo com as suas normas e procedimentos internos. O controlo administrativo compreende a verificação da conformidade de todos os pedidos de apoio e de pagamento nomeadamente através de check-list de avaliação dos documentos de suporte, validações através do sistema informático, bem como através de controlos cruzados. Os controlos administrativos podem ter em conta, no âmbito da elegibilidade, os resultados de verificações realizadas por outros serviços, organismos ou organizações que efectuem controlos das subvenções agrícolas. O controlo in loco incide sobre todos os compromissos e obrigações de um beneficiário que seja possível controlar no momento em que for efectuada uma visita. A amostra para controlo in loco é de 5% do número total de beneficiários sujeitos a um compromisso a título de uma ou mais medidas SIGC. Todos os Pedidos de Pagamento seleccionados para controlo in loco, são fiscalizados na íntegra em campo, na presença do requerente ou dum representante devidamente autorizado. A fiscalização consiste na visita a todas as parcelas da exploração candidatas a medidas, sendo esta acompanhada pelo requerente do pedido ou pelo seu representante. O objectivo da visita é avaliar a elegibilidade de cada parcela no âmbito da medida candidata. De modo a verificar o cumprimento dos compromissos inerentes às medidas candidatas, tendo em conta a portaria em vigor é, ainda, solicitado ao requerente toda a documentação necessária para o efeito. Sempre que relativamente a esta documentação é detectada qualquer inconformidade, esta é comunicada de imediato ao requerente, de modo a que o mesmo possa corrigir a situação até ao próximo Pedido de Pagamento. Numa fase posterior, em gabinete, os dados recolhidos na visita ao terreno são transpostos para um sistema de informação geográfica (SIG). O técnico de gabinete dispõe 58 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 de informação que o técnico de campo não possui no terreno, nomeadamente a sequência multi temporal de imagens de satélite, adquirida ao longo da campanha, e fotografia aérea a cores. Estas ferramentas de trabalho permitem, ter uma visão mais abrangente da evolução das ocupações culturais ao longo do ano, em toda a área da parcela candidata a medidas, permitindo validar as decisões do técnico de campo tomadas tendo por base a realidade no terreno, à data em que ocorre a visita de campo. Por outro lado, as ferramentas SIG permitem ainda escolher a escala de trabalho da ortocartografia sobre a qual é efectuada a digitalização dos limites das ocupações culturais, delimitadas pelo técnico de campo. Esta facilidade garante, por exemplo, um melhor ajuste desses limites, se for caso disso, a georeferenciação, a contagem de árvores, bem como a quantificação de algumas dimensões (larguras/comprimentos/diâmetros) que permitem identificar, com maior rigor, zonas de exclusão não elegíveis, contribuindo, deste modo, para uma maior precisão na determinação das áreas elegíveis que serão objecto de pagamento. Concluída esta fase e após o carregamento no sistema informático central do IFAP, sempre que tenham sido detectadas anomalias que conduzam a exclusões/sanções, estas são comunicadas aos requerentes, conforme regulamentado. Em relação às Medidas Agro-ambientais há ainda referir que, com vista à sua operacionalização, foi criada pelo Despacho nº 28501/2008 a designada Comissão Técnica de Avaliação das Medidas Agro-Ambientais (CTA). São competências desta comissão o acompanhamento, avaliação e elaboração de propostas relativas à aplicação das medidas. Esta comissão integra um elemento de cada um dos organismos que integram o chamado Grupo de Gestão das Medidas Agro-ambientais (GGA), cuja criação surge, tal como disposto no despacho, do reconhecimento da complexidade dos apoios concedidos através das Medidas Agro-ambientais, acrescido do facto de na sua concepção e gestão estar envolvidos três organismos (Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP), AG e IFAP) e cinco peritos na áreas relativas aos apoios em questão, propostos pelas seguintes Confederações e Associações: CAP, CONFAGRI, CNA, AJAP, CNJ e INTERBIO. MEDIDAS NÃO SIGC Os procedimentos de gestão aplicáveis à subacção 2.2.3.2 do subprograma não se enquadram no modelo definido acima sendo a sua gestão e controle da responsabilidade da AG e o pagamento da responsabilidade do IFAP. Os procedimentos inerentes à aplicação da subacção são definidos na Portaria n.º 618/2008 de 14 de Julho. Por analogia com a análise desenvolvida acima refere-se que apresentação das candidaturas efectua-se através de formulário electrónico disponível no sítio da Internet do ProDeR, em www.proder.pt e a restante tramitação do processo de análise da candidatura segue as etapas definidas na NORMA N47/D3/2.2.3.2/2/2008 (Figura 10). A divulgação do período de apresentação dos pedidos de apoio é da responsabilidade da AG, tal como para qualquer das Medidas do Subprograma 2. Instituto Superior Técnico 59 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR BENEFICIÁRIO P C M G A ST DRAP Apresenta o PCMGA Análise e Validação técnica do do PCMGA Recebe Certificado Emite Certificado de Aprovação Recepção do PCMGA Aprovado e Certificado/ Distribuição Regional E N T R A D A DGV Formaliza Pedido de Apoio via Internet Rejeita Pedido de Apoio, por não conformidade Recebe Recibo com Senha de acesso ao Balcão do Beneficiário SI Não GESTOR IFAP Envio do PCMGA Aprovado Certificado de Aprovação Sim Distribuição Regional/ Distribuição DGV Envia Recibo Promotor Recebe Pedido de Apoio o PCMGA e o Certificado Validação Técnica do PA Controlo Administrativo/ Verificação da Elegibilidade do beneficiário e do Programa A N Á L I S E / D E C I S Ã O Emissão de Parecer Afectação da Dotação Orçamental/ Hierarquização Emissão de Proposta de Decisão Comunicação da Decisão Final Decisão do Gestor após consulta da AG Emite Comunicação Decisão Final Recebe informação do da Decisão Final Figura 10 – Fluxograma de funcionamento da Medida 2.2.3.2 EIXOS 3 E 4 A estruturação dos GAL, como é evidente, tem forçosamente de alinhar pelos normativos existentes; os conceitos de desenvolvimento local-rural subjacentes às acções que irão dar corpo às ELD e ajudar a consolidar o Método LEADER enquanto boa prática de intervenção, estavam, no final de 2008, ainda e apenas no domínio das intenções. A conformidade dos GAL com o ProDeR está Regulamentada pela Portaria 392-A/2008 e os 44 GAL reconhecidos cumprem as determinações do instrumento jurídico de referência em termos de atribuições, obrigações, composição, órgãos de gestão e estrutura técnica local. 60 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR Beneficiários Realização da despesa e evidência do efectivo pagamento 2 de Junho 2009 Autoridade de Gestão Verificação e validação da cobertura orçamental e emissão da Autorização de Despesa Grupo de Acção Local - Recepção - Análise - Validação do Pedido de Pagamento Sistema de Informação Comunicação do Pagamento Pagamento Organismo Pagador Envio ao Organismo Pagador da Autorização de Despesa (IFAP) Processamento da Autorização de Despesa Sub-Programa 3 – Dinamização das Zonas rurais Figura 11 – Circuito de pedidos de pagamento das Medidas 3.1 e 3.2 Todo o edifício do desenvolvimento local-rural está subordinado a um modelo de governação com alguma complexidade e que por isso tem a vantagem de assegurar um controlo relativamente exigente mas também o perigo de burocratizar por muita simplificação que se introduza nos procedimentos, o que em primeira instância é responsável pelos atrasos já verificados no arranque efectivo dos projectos. O circuito de pedidos de pagamento das Medidas 3.1. Diversificação da Economia e Criação de Emprego e 3.2. Melhoria da Qualidade de Vida, está representado na Figura 11. A conformidade com o Método LEADER é evidente devido à experiência processual e de intervenção que os GAL adquiriram ao longo da vigência das diferentes Iniciativas Comunitárias (LEADER I, LEADER II, LEADER +). Relativamente à transparência do processo considera-se que a Portaria nº 392-A/2008 de 4 de Junho é o primeiro nível do garante da transparência na aplicação do Eixo de Abordagem LEADER. Atendendo ao facto dos critérios de avaliação das candidaturas fazerem referência à data de 9 de Outubro de 2008 como prazo para o reconhecimento formal dos GAL pelo Gestor, considera-se que existe um hiato temporal demasiado alargado no que concerne à finalização do deferimento dos GAL. Relativamente ao tempo que medeia a abertura de candidaturas Instituto Superior Técnico 61 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR anunciada de 6 de Junho a 18 de Julho de 2008 e a data anteriormente referida, considera-se a mesma razoável em termos do tempo necessário a um processo de aprovação desta natureza. Até o final de 2008, não ocorreu a abertura de candidaturas para a generalidade das Acções do Subprograma 3, sob a gestão dos GAL: Diversificação de Actividades na Exploração Agrícola; Criação e Desenvolvimento de Microempresas; Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de Lazer; Conservação e Valorização do Património Rural; e Serviços Básicos para a População Rural. Os critérios de avaliação das candidaturas consideram-se transparentes e adequados face aos objectivos. Para além da informação geral no que respeita ao processo inicial de candidatura (âmbito, objectivos, beneficiários, territórios abrangidos pelas Estratégias Locais de Desenvolvimento (ELD) e respectivos critérios de selecção, peças de reflexão e documentos obrigatórias a incluir), foram também definidas as medidas contidas nas ELD e os recursos passíveis de serem afectos. Foram também alvo de informação os procedimentos e calendário para reconhecimento dos Grupos de Acção Local (GAL), para apresentação de pedidos para reconhecimento do GAL e de aprovação das ELD, tendo ainda sido descrito e difundido todo o processo de reconhecimento dos GAL e aprovação das ELD e respectivas fórmulas de cálculo para pontuação das mesmas. Houve ainda a preocupação importante de garantir a informação de todos os procedimentos para selecção dos pedidos de apoio pelos GAL, tipo de apoios, procedimentos de análise dos pedidos de pagamento pelos GAL e efectivação do pagamento. Esta última informação permitiria à partida uma agilização do início da implementação do Programa que não se veio, ainda, a consubstanciar verdadeiramente. Todas as ELD cumpriram, sem excepção, a submissão dos seguintes elementos e regras estabelecidas na abertura de concurso: Caracterização física e socioeconómica do território; Diagnóstico do território; Estratégia de Desenvolvimento; Plano financeiro; Dispositivos de execução das estratégias locais de desenvolvimento, respeitando as orientações de distribuição dos recursos financeiros pelas várias medidas, de acordo com os intervalos pré-estabelecidos. 62 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 Para análise da terceira componente do processo de tramitação de candidaturas respeitante às dificuldades de operacionalização das decisões de aprovação, de forma muito sistematizada, foram enunciadas as seguintes: Processo tardio, na medida em que o concurso para selecção dos GAL decorreu apenas em meados de 2008, não tendo sido operacionalizado no terreno até final de 2008, aliás os Regulamentos das Acções não se encontravam, ainda, publicados nessa data; Propostas regulamentares e sua revisão e reformulação atribuladas podendo, desde o seu início, ter incorporado mais aprendizagens, condições operacionais e resultados de 15 anos da experiência LEADER; Excessiva organização do Programa numa lógica top-down, desvalorizando o trabalho de diagnóstico aprofundado e de definição estratégica partilhada em parceria; Atendendo ao facto do Programa ter revelado flexibilidade para incorporar novas preocupações, procedendo ao ajustamento do modelo de gestão, recomenda-se que os pontos atrás reflectidos possam vir a ter alguma incorporação na operacionalização das ELD, nomeadamente: Permitindo um aprofundamento do diagnóstico e das análises SWOT e ajustes ao nível das ELD, para que todos os parceiros GAL se revejam nas mesmas; Estreitando a ligação do ProDeR com os resultados de impacte e de processo de gestão do Programa LEADER, para que sejam retiradas o mais a montante possível as boas práticas passíveis de serem aplicadas; Agilizando no terreno a implementação do Programa, sob risco de um desfasamento temporal que coloque em causa o diagnóstico e a ELD traçada, por acentuação ou atenuação de condições socioeconómicas, principalmente as mais susceptíveis de influências da crise global. 3.4. DISPOSITIVOS DE DIVULGAÇÃO O período que precedeu e que coincidiu com a implementação do Programa foi acompanhado por um grande esforço de publicitação. A campanha publicitária assentou em anúncios de imprensa nacional e regional, spots de rádio, revistas técnicas, material informativo (desdobráveis e folhetos), cartazes e sessões de divulgação nas DRAP e nas Organizações de agricultores, participação em feiras da especialidade, etc. Está igualmente disponível um call center e um endereço electrónico que servem para responder a pedidos de informação e um site bastante completo que contempla toda a informação referente ao ProDeR (legislação nacional e comunitária, candidaturas/avisos, formulários de candidatura, procedimentos, etc.). Considera-se que a disponibilização, no site do ProDeR, de uma compilação de FAQ (Frequent Asked Questions), beneficiando de uma estruturação bastante intuitiva na óptica do utilizador e organizada por temas relevantes para o esclarecimento do beneficiário e, Instituto Superior Técnico 63 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR portanto útil na preparação de candidaturas, é de importância indiscutível. Esta compilação é, sem dúvida, um elemento agilizador no esclarecimento dos beneficiários relativamente a aspectos técnicos e processuais. As iniciativas de divulgação tiveram como objectivo informar os potenciais beneficiários sobre as diversas Medidas disponíveis (objectivos, conteúdo, nível da ajuda obrigações, …), tendo havido acções de carácter genérico e outras mais específicas. A visão dos representantes do sector e da administração regional é muito positiva relativamente ao trabalho de informação e publicitação que tem vindo a ser desenvolvido, todavia, surgiu a apreciação de que a informação e publicitação do ProDeR encontra-se muito centrada no site. Do trabalho empírico realizado destacou-se, ainda, uma crítica pesada aos operadores do call center os quais, muitas vezes, não tiveram capacidade para responder às questões colocadas. Aliás, esta foi a maior crítica, sendo igualmente válida para a estrutura de gestão do ProDeR, cujos técnicos tiveram muita dificuldade em responder a algumas das questões colocadas por potenciais beneficiários e organizações de agricultores. Esta dificuldade deveu-se, em parte, ao elevado número de questões colocadas e foi parcialmente resolvida pelo agrupamento das questões em FAQ’s. Como factor positivo, refira-se uma funcionalidade do site ainda não testada em períodos de programação anteriores: Balcão do Beneficiário. O balcão é um interface que permite aos beneficiários aceder ao Programa via Internet, através de login e password. Até ao final de 2008, o balcão permitia, apenas, a consulta do estado da candidatura/situação do projecto, no entanto, estão previstas outras funcionalidades como a alteração/desistência da candidatura e o envio de documentos. Desta forma foi possível aliviar os balcões de atendimento presencial e aumentar a celeridade da prestação de informação sobre o estado da candidatura. Note-se, no entanto, que a funcionalidade do balcão é complementar, ou seja, não substitui a troca de informação via correio e/ou a entrega dos documentos requeridos de forma presencial. Os concursos são publicitados com toda a informação complementar e adicional necessária e definida em sede de regulamento específico para cada Medida/Acção, os quais compreendem todos os procedimentos para a sua boa gestão, do ponto de vista do beneficiário e em coerência com os princípios e regras definidas na respectiva legislação específica. As organizações de produtores entrevistadas referiram a necessidade de agendar reuniões periódicas, para além das reuniões do Comité de Acompanhamento, com o intuito de informar sobre as Medidas e os respectivos concursos, dando oportunidade às mesmas para esclarecer eventuais dúvidas que possam surgir. 64 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 3.5. SISTEMA DE INFORMAÇÃO O Sistema de Informação do ProDeR (SIProDeR) é um instrumento de operacionalização e de gestão do Programa, que abrange os processos e circuitos desde a recepção, análise e decisão das candidaturas até ao acompanhamento da execução técnica e financeira dos pedidos de apoio aprovados e os processos de controlo, gestão financeira e controlo orçamental do ProDeR. De acordo com a memória descritiva do SIProDeR, o sistema tem como principais objectivos os que são apresentados de seguida. integrar num único sistema de informação os processos efectuados pelas várias entidades com responsabilidade na execução e gestão do ProDeR; disponibilizar os indicadores necessários ao acompanhamento e avaliação da execução do Programa; proporcionar a disponibilização atempada da informação orçamental e financeira; contribuir para melhorar a capacidade de resposta da estrutura às exigências de execução e gestão do Programa. Em suma, o SIProDeR pretende registar e conservar a informação estatística sobre a execução do ProDeR, para fins de acompanhamento e avaliação; assegurar as ligações adequadas com o sistema de informação da Comissão Europeia (SGC 2007) e os sistemas de informação do organismo pagador; e garantir a interacção com várias entidades (beneficiários, GAL, Autoridade de Gestão, DRAPs e IFAP). A estrutura do Sistema de Informação encontra-se representada na figura da página seguinte sendo que, para cada módulo funcional, estão definidos os respectivos processos funcionais e as principais funcionalidades de cada processo (cf. Anexo E. Módulos e Processos funcionais). Instituto Superior Técnico 65 Decisões (PA) I.F.A.P. SI ProDeR PA para Análise Dados Análise PA PA para Decisão Hierarquização/decisão PA Figura 12 – Estrutura do Sistema de Informação do ProDeR Dados para contrato Pedido dados controlo cruzado Dados controlo cruzado Confirmação de Contrato Dados dos pagamentos efectuados Pedido de comprovativos Beneficiário Pedidos de Apoio (PA) Comprovativos GAL D.R.A.P. A.G Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 RECOLHA DE INFORMAÇÃO E PROCESSAMENTO O SIProDeR contempla uma estrutura de base de dados que tem vindo a ser melhorada e reestruturada em função das exigências do Programa e das entidades responsáveis pelos vários segmentos de que depende a gestão do ProDeR. Os mecanismos e fontes utilizadas na recolha de informação são de natureza automática e suportam-se nos formulários de candidatura e modelos de análise, os quais na sua fase de elaboração tiveram (ou têm, consoante a fase de implementação das Medidas) em consideração as exigências comunitárias e nacionais em termos de informação, designadamente, para responder aos indicadores definidos no Programa (de realização e de resultado e, de forma mais abrangente, de impacte) e, por isso, apresentam um elevado nível de detalhe. O ciclo de acompanhamento da tramitação dos projectos é apresentado na figura seguinte. Recepção de Candidaturas Formulário de Candidatura Validação e distribuição Emissão de Parecer (DRAPs e/ou ST da AG) Análise e Decisão Selecção e Ordenação Contratação Integração com o IFAP Figura 13 – Ciclo de acompanhamento da tramitação dos projectos Fonte: Memória descritiva do SIProDeR Ao longo do processo representado na figura anterior os dados vão sofrendo diversas validações quer ao nível das condições de elegibilidade, quer ao nível de indicadores. Os dados ficam alojados em ficheiros com formato XML, sendo parte da informação transferida para o Modelo de Dados do SIProDeR. Este Modelo de Dados, ainda em fase de desenvolvimento e maturação, face à sua complexidade, irá suportar a aplicação SiProDeR em todas as suas valências, incluindo a produção de quadros e listagens de apoio aos respectivos indicadores. Numa primeira fase a preocupação da Autoridade de Gestão foi assegurar a inclusão de todos os elementos necessários para dar resposta aos processos de gestão dos projectos e aos indicadores, mantendo-se inserido nos formulários e no modelo de análise a quase totalidade da informação que, no futuro, ao ser transportada para o modelo de dados assegurará de forma eficiente toda a gestão e acompanhamento do Programa, situação que determina uma melhoria significativa face ao período de programação anterior. Instituto Superior Técnico 67 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR No final de 2008, os elementos disponibilizados à gestão do Programa davam resposta às necessidades da monitorização estratégica, designadamente em termos das componentes física e financeira dos projectos. Os tipos de informação que podiam ser extraídos de forma organizada do sistema de informação eram os seguintes: número de candidaturas recepcionadas e em análise, ponto de situação e evolução da análise de projectos (entre datas), lista de projectos aprovados pelo Gestor, montantes associados aos projectos aprovados e em execução (despesas pública e privada) e os planos financeiros dos potenciais compromissos. Estes dados são devolvidos em formato XML ou Excel e permitem o acompanhamento do ponto de situação do Programa, no que se refere às Medidas de investimento operacionalizadas até aquela data, e a verificação de constrangimentos em sede de análise. Em suma, a informação disponível permite visualizar e identificar dados sobre as candidaturas, desde a sua submissão até à contratação e pagamento. O processamento de informação mais detalhada, sobretudo aquela associada aos indicadores do Programa, encontra-se em curso e decorre em função da implementação das Medidas e Acções, sendo o trabalho efectuado sobre formulários e modelos de análise estabilizados. Note-se que o Modelo de Dados, a pesar de se encontrar em fase de desenvolvimento, acautelou a resposta à totalidade dos indicadores da Acção 1.1.1., a qual, por ser uma das Acções mais complexa em termos de informação, abriu caminho para a determinação dos modelos de análise de outras Acções implementadas ainda em 2008 (1.1.3.; 1.6.2.; e, 2.2.3.2.). No tocante às Medidas do Eixo 2, como se disse anteriormente a informação está alojada no sistema de informação do IFAP cuja ligação ao SisProDer ainda não está operacionalizada, Assim a AG dispõe da informação relativa às medidas, nomeadamente relativamente à sua execução financeira e física, mas na forma de listagens produzidas pelo sistema de informação do IFAP, não podendo ser a informação presentemente tratada directamente pela AG. Apesar deste constrangimento o sistema de informação do IFAP produz grande parte dos indicadores necessários à monitorização do programa. Em síntese, podem considerar-se como oportunidades de melhoria no funcionamento do Sistema de Informação, as resumidas nos pontos seguintes: ambiente interno de trabalho: a estrutura de menu que o utilizador interno visualiza pode ser melhorada no sentido de uma maior eficiência na análise dos projectos; o layout do ecrã de trabalho, embora tenha todos os elementos necessários à prossecução do trabalho, tem de ser melhor organizado no sentido de melhorar as condições de visualização e, consequentemente, imprimir maior eficiência na avaliação dos projectos; desenvolvimento do Modelo de Dados: como referido atrás, a Autoridade de Gestão optou por organizar e assegurar o modelo de análise da Acção 1.1.1. (que vai corresponder a cerca de 90% dos projectos de investimento no âmbito do Eixo 1 do ProDeR) e assegurar a fiabilidade da informação, ou seja, privilegiou-se, nesta 68 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 primeira fase, as funcionalidades associadas à gestão das candidaturas garantindo o desenvolvimento em simultâneo do modelo de dados; ciclo de vida dos pedidos de apoio: o ciclo de vida dos projectos tem um desenvolvimento de cerca da 85% pois ao longo do processo (desde a submissão até à contratação) há um conjunto de pequenas funcionalidades que não estão disponíveis, designadamente. Neste caso deverá ser garantida a automatização todo o processo; espera-se que, até ao final de 2009 seja possível implementar e estabilizar o ciclo de vida do projecto, assegurando simultaneamente os requisitos básicos do modelo de dados e o respectivo carregamento. mapas de apoio à Gestão: o apoio à gestão contempla dois patamares distintos (i) os quadros de acompanhamento das candidaturas (estado da análise, distribuição por DRAP, montante afecto, etc.); e (ii) a produção de outputs que permitam assegurar a gestão estratégica do Programa. o processo de produção de quadros de acompanhamento já se encontra estabilizado e disponível para todas as Medidas e Acções implementadas; qualquer coordenador tem acesso online e, em tempo real, consegue visualizar o ponto de situação do Programa, uma funcionalidade extremamente útil quer em termos de gestão do Programa, quer em termos de política agrícola. Pretende-se, ni fututo, o alargamento às restantes Medidas. no que se refere à produção de outputs, o trabalho de desenvolvimento dos modelos de análise para responder à bateria de indicadores está em curso. FLEXIBILIDADE DO SISTEMA DE INFORMAÇÃO EM TERMOS DE PRODUÇÃO DE INDICADORES Como anteriormente referido, actualmente, a capacidade de resposta aos indicadores é limitada, no entanto, já se encontram desenvolvidos todos os mecanismos que suportam os indicadores das Acções aprovadas e contratadas em 2008, bem como os indicadores das Acções 1.1.1., 1.1.3., 1.6.2. e 2.3.3.2.. O módulo de Avaliação e Acompanhamento do SIProDeR (cf. Anexo E Módulos e Processos Funcionais do SIProDeR) permite a produção de indicadores de acompanhamento por Acção/Medida e para a globalidade do Programa, com base na recolha e no processamento de dados físicos, financeiros e estatísticos. Todos esses dados, decorrentes do processo de candidatura e de execução dos projectos serão recolhidos, armazenados, organizados e processados de acordo com as necessidades de informação (gestão do Programa, incluindo divulgação; consultas e relatórios específicos). No que se refere à capacidade de produção de outros indicadores para além daqueles definidos no âmbito do Quadro Comum de Acompanhamento e Avaliação (QCAA), a aptidão do Sistema de Informação é reduzida por enquanto devido ao conjunto elevado de tarefas de operacionalização das Medidas em falta. Todavia, se se demonstrar a necessidade Instituto Superior Técnico 69 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR de outros indicadores para a monitorização estratégica do Programa, o Sistema de Informação é suficientemente flexível para desenvolver esse trabalho, desde que a informação necessária esteja contemplada nos formulários de candidatura. Neste sentido, durante o ano de 2009 vai ser desenvolvido um trabalho de reavaliação e melhoria significativa do modelo de dados quer no que se refere à capacidade de gerar informação, quer no que se refere à ligação com bases de dados complementares (p.e., Sistema de informação do parcelário). À medida que este trabalho vai sendo estabilizado, ocorre a substituição das tabelas que estão a ser utilizadas actualmente. Os formulários também podem ser alterados entre os períodos de apresentação de pedidos de apoio, em função das necessidades de informação. Esta é, de facto, uma vantagem acrescida face ao anterior período de programação, em que o sistema é dotado de maior versatilidade e flexibilidade na recolha de indicadores e na produção e disponibilização de outputs. Tendo em conta que o Sistema de informação tem flexibilidade suficiente para devolver toda a informação contida nos formulários de candidatura seria útil que os modelos de análise devolvessem uma estrutura de dados/indicadores mais ambiciosa, ou seja, não só sobre o projecto de investimento e respectivos indicadores de realização e de resultado mas também sobre o perfil do beneficiário e o perfil da exploração. Esta informação, embora não crucial para a gestão do Programa, assume relevância, sobretudo em termos de Avaliação do Programa e de introdução de melhorias nos instrumentos de política, no sentido da valorização de intervenções que pressupõem maiores contributos para o alcance dos objectivos definidos, designadamente de estímulo ao desenvolvimento rural, de dinamização agrícola, de inovação e de competitividade: aproximação dos critérios de selecção; dar prioridade a determinados segmentos de actividade ou de entidades beneficiárias, majorar determinado tipo de investimentos, etc. Analisando os quadros de indicadores do ProDeR, definidos para cada uma das Medidas e Acções, verifica-se que a informação que irá, à partida, ser devolvida pelos Modelos de Análise revela-se, ainda, elementar quando confrontada com Questões de Avaliação Comuns, delineadas pela Comissão Europeia (p.e., em que medida os investimentos apoiados facilitaram a introdução de novas tecnologias e a inovação? Em que medida os investimentos apoiados contribuíram para aumentar a competitividade do sector agrícola?). Contudo, a Comissão Europeia não definiu, ainda, os critérios de avaliação nem os indicadores que permitirão responder às Questões de Avaliação Comuns (matéria da Avaliação Intercalar e ex-post), pelo que é prematuro tentar uma conciliação dos indicadores devolvidos pelo SI com as respostas complexas e específicas dessas Questões.. Num outro patamar encontra-se a análise do perfil de agricultores/ /produtores/empresários e de explorações e empresas beneficiárias do ProDeR, elementos que se afiguram úteis nomeadamente, para a avaliação dos resultados e efeitos imediatos das intervenções, que devem contribuir para a realização dos objectivos específicos. Neste contexto, e tendo em conta os formulários de candidatura, há muita margem de progressão, 70 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 nomeadamente, para tentar devolver informação complementar para além do horizonte do projecto de investimento. Os elementos seguintes representam exemplos do tipo de informação que, no futuro próximo, se pode solicitar (note-se que grande parte dos dados já é devolvida pelo Sistema de informação): Caracterização do promotor: idade, pessoa singular ou colectiva, qualificação, tipo de beneficiário (jovem agricultor, outro agricultor, … Caracterização da operação: área e tipologia de investimento, objectivos do pedido de apoio, … Caracterização da exploração: actividade principal, dimensão económica, área total de exploração, localização (concelho e NUT III, região desfavorecida ou não, integrado em Rede Natura ou não), mão-de-obra, … Dados económico-financeiros (com e sem investimento): receitas e encargos totais, produtividade e rendimento do trabalho, … Os indicadores devem ser específicos, mensuráveis, disponíveis de forma célere e fiável, pertinentes e adequados aos processos de gestão, de acompanhamento e de avaliação do Programa, também num contexto mais lato de apreciação das tipologias de beneficiários face aos elementos estatísticos nacionais. Instituto Superior Técnico 71 4. DINÂMICAS DE APROVAÇÃO E EXECUÇÃO 4.1. EXECUÇÃO FÍSICA E FINANCEIRA DO PROGRAMA – VISÃO GLOBAL A análise da eficácia e eficiência neste momento de Avaliação, em que existem atrasos de operacionalização com algum significado e em que os Regulamentos de algumas Acções não estão, ainda, publicados não pode, por isso, ter o carácter que lhe é normalmente atribuído: verificar se as actividades e os resultados se orientam para os efeitos e os resultados esperados; detectar até que ponto a utilização dos recursos conduz ao mais elevado output e se estão a ser aplicados onde as dimensões-problema são mais evidentes. Embora seja patente a ausência concreta de projectos de investimento das Acções e Medidas já implementadas no terreno, devido aos atrasos processuais conhecidos, considera-se a dinâmica na apresentação de pedidos de apoio ao investimento muito satisfatória, sobretudo na Medida 1.1. Uma reflexão mais aprofundada é inibida, nomeadamente, ao nível da realização por não haver, ainda, execução, com a excepção do Eixo 2 e algumas despesas que transitaram no anterior período de programação (RURIS). Aliás, a execução financeira do ProDeR resulta, sobretudo, de compromissos do Quadro Comunitário anterior, nomeadamente, Medidas Agro-ambientais e Indemnizações Compensatórias. Em resultado desta situação, a taxa de execução do ProDeR, na sua globalidade, é extremamente baixa nos Eixos 1 e 3. A baixa execução às Medidas por parte dos beneficiários poderá retirar alguma eficácia ao Programa mas a Autoridade de Gestão espera que, com o cumprimento da regra n+2 haja margem para recuperar. A execução financeira global do ProDeR resulta, em parte (cerca de 25%), de compromissos do Quadro Comunitário Anterior, nomeadamente, Medidas Agroambientais e Indemnizações Compensatórias (cf. quadro seguinte). A execução financeira relativa a 2007, limitou-se aos compromissos transitados do Programa RURIS (note-se que o ProDeR foi aprovado pela Comissão Europeia apenas em Dezembro de 2007). O Programa teve o seu início efectivo em Maio de 2008, tendo admitido, a partir dessa data, candidaturas em resposta às diversas Medidas que foram sendo operacionalizadas. Como se pode observar no Quadro 10, a despesa realizada no Eixo 1, em 2008, decorreu de compromissos transitados do Programa RURIS e da execução da Medida 1.6.2. Regadio do Alqueva, aliás, a única Medida com aprovações, e execução, no âmbito do Eixo 1. Instituto Superior Técnico 73 5 Assistência Técnica 321.197.055 3.660.000 Fonte: Autoridade de Gestão, 2009. Total Pagamentos Silvo-Ambientais 225 116.377 35.432.205 Primeira Florestação de Terras Agrícolas - despesas transitórias em conformidade com o Reg.(CE) nº 1320/2006 221 76.565.415 205 25.330.395 5.488 40.501.645 Pagamentos Agro-Ambientais -Dos quais despesas transitórias em conformidade com o Reg.(CE) nº 1320/2006 Desvantagens Naturais Noutras Zonas -Dos quais despesas transitórias em conformidade com o Reg.(CE) nº 1320/2006 153.626.200 Desvantagens Naturais em Zonas de Montanha -Dos quais despesas transitórias em conformidade com o Reg.(CE) nº 1320/2006 214 212 211 291.070.592 22.265.035 4.201.428 26.466.463 Despesa Pública 298.152.919 2.745.000 116.377 33.565.024 40.501.645 76.565.415 205 23.198.672 5.488. 141.116.188 274.561.176 16.932.625 3.913.618 20.846.243 FEADER 429.325.975 4.540.000 116.377 69.511.000 103.281.796 139.345.566 1.723.376 27.053.565 4.102.702 157.723.413 393.749.921 22.265.035 8.771.019 31.036.054 Despesa Pública 406.061.839 3.405.000 116.377 67.643.819 103.281.796 139.345.566 1.723.376 24.921.842 4.102.702 145.213.401 377.240.005 16.932.625 8.483.209 25.415.834 FEADER 2007/2008 2008 Melhoria do ambiente e da paisagem rural Infra-estruturas Agrícolas e Florestais - despesas transitórias em conformidade com o Reg.(CE) nº 1320/2006 125 2 Reforma Antecipada – despesas transitórias em conformidade com o Reg.(CE) nº 1320/2006 Aumento da Competitividade do CAF Descrição 113 1 Eixos / Medidas Pagamentos Acumulados Pagamentos Anuais Quadro 10 – Execução financeira do ProDeR (2007 e 2008) Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 O ritmo de implementação do Programa e de aprovações nas principais Medidas do Programa, não viabiliza, ainda, a identificação de trajectórias efectivas de concretização de resultados e efeitos, sobretudo de dinâmicas que possam inibir o alcance dos objectivos e das metas previstas. Assim sendo, este exercício é mais um instrumento de medida de adequabilidade entre o regulamentado, os resultados esperados e o proposto (do lado dos beneficiários) do que um suporte à gestão e operacionalização das intervenções que permitirão corporizar essa visão em termos de resultados efectivos. Tendo em conta o exposto, nos pontos seguintes a presente Avaliação Contínua vai incidir na análise, não da estratégia definida mas de condições objectivas de operacionalização das diversas Medidas e potenciais dinâmicas de absorção dos recursos financeiros existentes. Todavia, será possível observar a execução de algumas Medidas do Eixo 2 as quais, mesmo num domínio sensível como a sustentabilidade ambiental, já têm associados indicadores de realização. 4.2. ANÁLISE EXTENSIVA DOS EIXOS E DAS MEDIDAS EIXO 1 O Eixo 1 – Aumentar a competitividade dos sectores agrícola e florestal, subdivide-se em dois Subprogramas, de acordo com a Figura 14. O Subprograma 1 – Promoção da Competitividade aposta na adequação dos apoios ao investimento aos objectivos para o sector agrícola nacional, p.e., através do apoio à organização das fileiras, do apoio à reestruturação fundiária florestal através do incentivo à criação das ZIF, do apoio ao desenvolvimento empresarial da indústria agro-alimentar; do apoio à participação em regimes de qualidade dos alimentos, do apoio a planos integrados de desenvolvimento de um território; e, O Subprograma 1 – Promoção do Conhecimento e Desenvolvimento de Competências, de natureza transversal, aposta no desenvolvimento do conhecimento e das competências dos agentes que actuam no território, os quais desempenham um papel determinante no sucesso da estratégia nacional adoptada, através do apoio a iniciativas empresariais de cooperação para o desenvolvimento, transferência e difusão de novos produtos, processos e tecnologias; do apoio à formação especializada; do apoio à criação e desenvolvimento da oferta de serviços de aconselhamento agrícola, etc. A estrutura financeira do Sub-programa 1 (representa cerca de 43% da despesa pública do ProDeR), bem como as linhas estratégicas definidas, consubstancia uma linha de continuidade com o período de programação anterior, que privilegia a promoção da competitividade, apostando numa lógica de fileira que se considera que terá repercussões positivas em termos de ganhos de competitividade. Nos pontos seguintes procede-se apenas à avaliação das Medidas que tiveram concursos abertos (Medida 1.1., Medida 1.3. e Medida 1.6.). Instituto Superior Técnico 75 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Sub-programa 4 Sub-programa 1 Medida 1.1. Inovação e desenvolvimento empresarial Medida 4.1 Cooperação para a inovação Medida 1.2. Redimensionamento e cooperação empresarial Medida 4.2. Informação e formação especializada Medida 1.3. Promoção da competitividade florestal Medida 4.3. Serviços de apoio ao desenvolvimento Medida 1.4. Valorização da produção de qualidade Medida 1.5. Instrumentos financeiros e de gestão de risco e de crises Medida 1.6. Regadios e outras infraestruturas colectivas Figura 14 – Medidas do Eixo 1 MEDIDA 1.1 – INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DA MEDIDA Os investimentos em modernização das empresas agrícolas e de transformação e comercialização e a instalação de jovens agricultores estão enquadrados na Medida 1.1. Inovação e Desenvolvimento Empresarial. A Medida 1.1. divide-se em três Acções distintas, no que se refere ao seu âmbito de actuação e à sua regulamentação. A Acção 1.1.1. Modernização e Capacitação das Empresas assenta, por um lado, numa lógica de modernização das empresas agrícolas e florestais fornecedoras de matéria prima e das empresas agro-alimentares, de transformação e comercialização e, por outro lado, numa lógica de interligação entre os diferentes agentes da fileira, sendo privilegiada a cooperação e a promoção de parcerias para criação de dimensão, de massa crítica e de sinergias necessárias; e numa lógica de qualificação e de desenvolvimento tecnológico, de gestão e de inovação, privilegiando o apoio a factores imateriais. Num outro contexto encontram-se os investimentos materiais de pequena dimensão de cariz pontual e necessários ao desenvolvimento da actividade agrícola, integrados na 76 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Acção 1.1.2. Investimentos de Pequena Dimensão, cuja aplicação, no final de 2008 não tinha sido, ainda, regulamentada. Pela sua natureza menos complexa, os investimentos vão ser abrangidos por processos de candidatura simplificados. Num terceiro patamar surge a Acção 1.1.3. Instalação de Jovens Agricultores que, como a designação indica, apoia a instalação de jovens agricultores, apoio esse imprescindível para permitir o rejuvenescimento da população agrícola e o desenvolvimento do sector e dos territórios rurais. Quadro 11 – Regulamentação da Medida 1.1 Acção Regulamento de Aplicação 1.1.1. Modernização e Capacitação das Empresas Portaria n.º 289-A/2008, de 11 de Abril Alterada pelas Portarias n.º 1229-C/2008, de 27 de Outubro, n.º 1553/2008, de 31 de Dezembro e n.º 165-A/2009, de 13 de Fevereiro) 1.1.2. Investimentos de Pequena Dimensão No final de 2008 não tinha sido, ainda, regulamentada 1.1.3. Instalação de Jovens Agricultores Portaria. n.º 357 -A/2008, de 9 de Maio Alterada pela Portaria nº 496-A/2008, de 23 de Junho e pela Portaria n.º 1229-A/2008, de 27 de Outubro Os objectivos da Medida inscrevem-se em cinco linhas, as quais se encontram sistematizadas nos pontos seguintes: Incentivar o desenvolvimento de sinergias e dimensão nos investimentos apoiados e o potencial de alavancagem da inovação e da orientação para o mercado; Promover o desenvolvimento da competitividade das fileiras, actuando de forma integrada sobre os factores tangíveis e intangíveis que a desenvolvem e consolidam; Contribuir para a valorização das empresas de produção agrícola e de transformação e comercialização de produtos agrícolas através do apoio à sua modernização e capacitação; Promover a renovação do tecido empresarial agrícola; Contribuir para a melhoria das condições de vida e de trabalho. No que se refere à intervenção sobre as áreas de actividade agrícola, os sectores prioritários/fileiras estratégicas mantêm-se relativamente ao período de programação anterior: fruticultura, horticultura, floricultura, olivicultura, viticultura e fileiras de produtos de qualidade reconhecida (note-se que os projectos de investimento nestes sectores são discriminados positivamente com um acréscimo de 5 ou 10 % no apoio ao investimento e, em todos os casos, são privilegiadas as empresas abrangidas por fileiras estratégicas e que integram planos de investimento com base em Planos Estratégico de Fileira – PEF). Instituto Superior Técnico 77 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Do trabalho empírico realizado, este é um aspecto que levanta dois tipos de percepção: por um lado, representa um sinal de firmeza da estratégia seguida, reafirmando os sectores a apostar mas, por outro lado, tem originado descontentamento na medida em que o Programa desconsiderou outras fileiras consideradas estratégicas pelos agentes do sector, p.e., leite e carne. No que se refere aos regimes de apoio, as três Acções têm regimes diferenciados, sendo que na Acção 1.1.1. existe ainda diferenciação entre Empresas Agrícolas e Empresas de Transformação e Comercialização (componente 1 e componente 2, respectivamente) e entre tipologias de investimento e a respectiva dimensão. Na Acção 1.1.1. os investimentos elegíveis abrangem investimentos materiais e imateriais que estejam relacionados com a modernização e a inovação das empresas agrícolas ou de transformação e comercialização. No âmbito desta Medida são, ainda, elegíveis os custos com acções de formação profissional específicas dos activos que desenvolvam a sua actividade no âmbito do projecto. Ainda no âmbito da Acção 1.1.1. existe a figura Projectos de Impacto Relevante (PIR) que pretende enquadrar os projectos de grande envergadura económica-financeira. Neste tipo de pedido de apoio as regras são ligeiramente diferentes: os pedidos de apoio podem ser efectuados durante todo o ano, ou seja, não estão limitados à abertura de concursos; os critérios de selecção são mais rigorosos e exigentes; e, estão sujeitos a uma avaliação adicional, nomeadamente ao nível dos potenciais impactes sobre o desenvolvimento regional, sendo realizada directamente pelo Secretariado Técnico da AG (com o devido apoio de técnicos especializados e das DRAP). Estes projectos são previstos em número extremamente limitado, no entanto, espera-se que surjam nas áreas prioritárias de intervenção e que, por isso, contribuam em larga medida para os objectivos definidos. Na Acção 1.1.2. os investimentos elegíveis contemplam investimentos materiais de pequena dimensão (5 a 25 mil Euros). Do trabalho empírico avultaram os comentários à concepção e implementação desta Medida, dos quais se salientam os seguintes: Aspectos positivos Foi concedida a oportunidade de considerar as despesas efectuadas após 1 de Janeiro de 2007 para os projectos que tivessem sido aprovados nos concursos cujos avisos de abertura foram publicados em 2008, e que não estivessem concluídos à data da aprovação do pedido de apoio. A formação profissional específica dos activos que desenvolvam a sua actividade no âmbito do projecto (Acção 1.1.3.) foi considerada uma inovação que terá efeitos positivos na melhoria da qualidade do exercício da actividade e da qualidade da formação. 78 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 A potencial melhoria da formação oferecida surge pelo facto de os produtores contemplarem, actualmente, uma alternativa à formação demasiado formatada, generalista e desactualizada que tem vindo a ser desenvolvida (neste contexto, as empresas e associações com componente dedicada à formação profissional agrícola terão de conceber cursos com qualidade e conduzidos para as necessidades específicas dos agricultores). Contudo, numa outra perspectiva, foi apontado um aspecto negativo: dificuldade em organizar acções de formação muito específicas dado ser necessário um número mínimo de formandos para a realização das acções de formação. A abordagem de fileira sustentada por Planos Estratégicos de Fileira (PEF) foi considerada um importante instrumento estratégico na medida em que incita à identificação de orientações e objectivos para as empresas. Contudo, há ainda incertezas no que respeita ao seu âmbito e aplicação, pelo que seria conveniente dispor uma definição objectiva dos seus objectivos e orientações para a sua concepção e aplicação. Possibilidade de acesso às ajudas mesmo que a actividade seja exercida a tempo parcial. Possibilidade de acesso às ajudas no âmbito da primeira instalação mesmo que se trate de uma pessoa colectiva (sociedade por quotas), neste caso os sócios gerentes têm de ter mais de 18 e menos de 40 anos e ser detentores da maioria do capital social. Aumento do limite máximo de investimento face ao anterior período de programação (no âmbito do POADR, o limite máximo de investimento era de 450 mil Euros e no PRoDeR o limite máximo de apoio é de 500 mil Euros), permitindo o estímulo à apresentação de projectos de maior dimensão (co-investimento total de cerca de 1 milhão de Euros). A viabilidade económico-financeira do projecto de investimento é avaliada através do Valor Actualizado Líquido (VAL), verificando-se uma alteração qualitativa na medida em que passa a ter um carácter plurianual, ao contrário dos quadros de apoio anteriores, em que eram utilizados orçamentos anuais de tipo global para as situações sem e com investimento e em que era considerado o valor acrescentado líquido a custo de factores (VALcf). Aspectos negativos Não foi concedida prioridade aos projectos de investimento e às candidaturas à instalação de Jovens agricultores arquivados no âmbito do POADR, no final do ano de 2005. Instituto Superior Técnico 79 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Os pedidos de apoio ao investimento que tenham sido objecto de parecer favorável no âmbito do POADR e que não foram aprovados por insuficiência orçamental não transitaram automaticamente para o ProDeR. Não foi concedido apoio excepcional para a Instalação de Jovens agricultores que completaram os 40 anos após a suspensão antecipada da Acção 1.2. do POADR e que tenham demonstrado a intenção de se candidatar antes dessa suspensão. Estes três aspectos negativos, recorrentemente referidos pelos interlocutores auscultados, não puderam ser ultrapassados porque são questões que decorrem da Regulamentação Comunitária., não dependendo assim da Autoridade de Gestão do ProDeR. Inexistência de apoio específico para o licenciamento da actividade pecuária, nomeadamente, para executar os necessários investimentos em matéria ambiental. Os projectos de investimento são seleccionados através da Valia global da operação (VGO) em detrimento da valia global da exploração. A VGO é obtida através da soma da valia técnico-económicaa (VTE), da Valia estratégicab (VE) e da Valia do beneficiárioc (VB). Esta questão coloca-se, sobretudo, nos casos em que o projecto de investimento consiste na substituição de máquinas e de equipamentos. DINÂMICA DE CANDIDATURAS E DE APROVAÇÃO No dia 20 de Dezembro de 2005 as medidas de investimento e modernização no âmbito do POADR foram suspensas, impedido a aprovação de novos projectos de investimento até ao início da vigência do ProDeR. Os projectos não seleccionados dos Programas anteriores não puderam passar, regulamentarmente, para o período de programação actual. A agravar a situação dos planos de investimento não enquadrados no período de programação anterior, a implementação do ProDeR tem sido alvo de atrasos significativos e, consequentemente, caracterizada pela não execução: até ao final de 2008 não foi aprovado qualquer projecto de investimento no âmbito das Medida 1.1., face às largas centenas de projectos que foram propostos. No ano de 2008, foram abertos cinco períodos para a apresentação de pedidos de apoio ao investimento (dois concursos no âmbito da Acção 1.1.1. e três períodos de candidatura a Valoriza a capacidade da operação em gerar riqueza, sendo que, nos casos de pedidos de apoio submetidos por concurso é calculada por comparação entre as RE (rentabilidade da operação) de todas as operações em concurso. b Valoriza a contribuição das operações para os objectivos estratégicos nacionais e regionais, nomeadamente os benefícios ambientais gerados. c Valoriza a sua sustentabilidade e o seu grau de integração na fileira. 80 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 para a instalação de jovens agricultores), como se pode constatar no quadro seguinte. Note-se que o 2º concurso teve início a 4 Novembro e esteve aberto até 31 de Janeiro 2009a 31 de Dezembro, no entanto, para efeitos do Relatório de Avaliação Contínua, foram contabilizadas apenas as candidaturas entradas até dia 31 de Dezembro de 2008. Em ambos os concursos, tal como referido atrás, foi possível enquadrar despesas efectuadas após 1 de Janeiro de 2007 para os projectos não estavam concluídos à data da aprovação do pedido de apoio. Como se pode observar no Quadro 12, no ano de 2008, houve cerca de 3.900 candidaturas à Medida 1.1. O número de candidaturas a esta Medida representou cerca de 95% do número total de candidaturas às Medidas de investimento do ProDeR (Eixo 1). Quadro 12 – Candidaturas da Medida 1.1., até 31/12/2008 Acções Data do Aviso/Período Nº Candidaturas Montante Proposto 02/05/08 a 25/07/08 1.497 1.096.884.274,43 04/11/08 a 31/12/08 164 72.336.449,22 12/05/08 a 25/07/08 246 55.245.564,90 01/09/08 a 31/10/08 340 62.191.854,63 01/11/08 a 31/12/08 Abriu a 27/10/2008 (apresentação em contínuo) 12/05/08 a 25/07/08 258 48.356.039,53 1.1.1. Modernização e capacitação das empresas – PIR 0 0 421 16.840.000,00 1.1.3. Instalação de jovens agricultores 01/09/08 a 31/10/08 527 21.080.000,00 01/11/08 a 31/12/08 386 3.839 15.440.000,00 1.388.374.182,71 1.1.1. Modernização e capacitação das empresas 1.1.1. Modernização e capacitação das empresas – Jovens Agricultores Total Fonte: Autoridade de Gestão do ProDeR, 2009. As 3.839 candidaturas foram apresentadas por 2.995 candidatos (844 potenciais jovens agricultores apresentaram, em simultâneo, pedidos de apoio ao investimento, no âmbito da Acção 1.1.1.). A distribuição regional dos pedidos de apoio apresentados encontra-se sistematizada no quadro seguinte. O volume de pedidos de apoio apresentados afigura-se relativamente equilibrado com a excepção das Regiões do Centro e do Algarve, em que houve um menor número de candidaturas apresentadas e um menor investimento proposto. Instituto Superior Técnico 81 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Quadro 13 – Distribuição regional projectos investimento Medida 1.1. (a 31.12.2008) Direcções Regionais de Agricultura e Pescas DRAP Alentejo DRAP Algarve DRAP Centro DRAP Lisboa e Vale do Tejo DRAP Norte Total Pedidos de apoio apresentados % N.º 605 24,2 126 5,0 370 14,8 656 26,2 748 29,9 2505 100,0 Investimento proposto € 465.692.959,11 42.732.479,55 168.370.933,81 368.492.654,78 289.725.155,46 1.335.014.182,71 % 35,2 3,1 12,5 27,6 21,6 35,2 Fonte: Autoridade de Gestão do ProDeR, 2009. Como se pode constatar, através do Quadro 14, houve um grande número de projectos que teve uma decisão ou um parecer desfavorável (43%), enquanto apenas 20,4% teve decisão ou parecer favorável. Quadro 14 – Situação pedidos apoio investimento na Acção 1.1.1. (a 31.12.2008) Número de Situação no processo de análise candidaturas total # % Recepcionado 1 0,0 Para análise, aguarda distribuição 11 0,4 Em análise 695 27,7 Para controlo documental 215 8,6 Em controlo documental 19 0,8 Para 1ª audiência prévia 61 2,4 Em reanálise 10 0,4 Parecer desfavorável 217 8,7 Decisão desfavorável 861 34,4 Parecer favorável 58 2,3 Decisão favorável 16 0,6 Para decisão, no Gestor 43 1,7 Para hierarquização regional 129 5,1 PA em contratação 33 1,3 PA Desistido 136 5,4 Total 2505 100,0 Fonte: Autoridade de Gestão do ProDeR, 2009. De acordo com a Autoridade de Gestão, o grande número de candidaturas com parecer e decisão desfavorável deveu-se à falta de qualidade das candidaturas. Esta falta de qualidade deveu-se, de acordo com a AG, à falta de experiência dos projectistas face aos novos procedimentos e à falta de conhecimento do modelo de avaliação das candidaturas, o que, de acordo com as Confederações, se deveu a falta de informação clara. A este efeito, acresceram os problemas com o software utilizado para submeter as candidaturas. 82 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Neste contexto, refira-se que houve a preocupação, por parte da Autoridade de Gestão, de organizar acções de formação para as Confederações relativas ao preenchimento dos formulários de candidatura e à forma de submissão dos mesmos e houve, igualmente, a disponibilização de documentação a projectistas e a potenciais beneficiários. No parecer das Confederações houve uma falha grave no fluxo de informação entre a Autoridade de Gestão e os potenciais beneficiários; de facto, apesar do esforço da AG no sentido de responder a todas as questões colocadas, houve perguntas que não foram respondidas o ou que foram respondidas de forma contraditória, podendo ter custado ou penalizado em termos de qualidade a candidatura de diversos potenciais beneficiários. Os principais motivos para os pareceres desfavoráveis foram os seguintes: questões na formalização das candidaturas e apresentação de um plano empresarial sem mérito e com Valor Actualizado Líquido negativo ,ou seja, projectos que não apresentavam qualquer sustentabilidade pós-investimento. O ProDeR, face ao Programa Operacional do anterior período de programação, é mais exigente e complexo, obrigando a uma abordagem mais integrada dos investimentos (produção, comercialização e valorização). No que respeita às dinâmicas de adesão, considera-se que é prematuro fazer uma leitura dado que, em consequência da grande percentagem de pedidos de apoio reprovados, muitos foram apresentados duas vezes, ou seja, aqueles que viram a sua candidatura reprovada no primeiro concurso, concorreram novamente o segundo concurso. Quadro 15 – Tipologia de beneficiários pedidos apoio Medida 1.1 (a 31.12.2008) Tipo do Beneficiário Projectos apresentados (n.º) 5 56 4 Agrupamento Complementar de Empresas - ACE Cooperativa Entidade privada de utilidade pública Estabelecimento individual de responsabilidade limitada Fundação Organização de produtores Produtor individual Sociedade anónima Sociedade em comandita Sociedade em nome colectivo Sociedade irregular Sociedade por quotas Sociedade unipessoal p/ quotas Total Fonte: Autoridade de Gestão do ProDeR, 2009. 3 1 1 1.279 213 1 10 4 796 132 2.505 Instituto Superior Técnico 83 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Os dados disponíveis não permitem o perfil dos projectos de investimento (p.e., componente, natureza do investimento) mas possibilitam uma caracterização elementar do perfil do potencial beneficiário (cf. Quadro 15). No que respeita à Acção 1.1.3., no caso de o jovem apresentar somente um projecto de instalação, associado ou não a um projecto de investimento, a apresentação do pedido não está sujeito a concurso, no entanto, se o jovem pretender apresentar um projecto de investimento integrado numa candidatura conjunta ou de fileira estratégica, em simultâneo à sua candidatura de primeira instalação terá de o fazer na modalidade de concurso. 51,3% 700 600 500 400 300 19,0% 12,8% 11,7% 200 Alentejo Algarve Centro Lisboa e Vale do Tejo Norte 4,9% 100 0 Figura 15 – Distribuição do número de candidaturas na Acção 1.1.3 Fonte: Autoridade de Gestão do ProDeR, 2009. No ano de 2008, de acordo com oQuadro 16, nos três períodos de candidatura, ocorreram 1.334 candidaturas à 1ª instalação de jovens agricultores, distribuídos regionalmente conforme os dados sistematizados na Figura 15. Como se pode observar, o predomínio em termos de número de candidaturas apresentadas verificou-se na Região Norte, uma tendência já registada no período de programação anterior. Refira-se que, do volume total de candidaturas, 63% dos potenciais beneficiários à 1ª instalação de jovens agricultores apresentou, em simultâneo, um projecto de investimento, no âmbito da Acção 1.1.1. À semelhança do que ocorreu na Acção 1.1.1., mas não com tão elevada expressão, há que ter em conta a existência de alguma duplicação na entrada de candidaturas à 1ª instalação, já que cerca de 13% teve parecer desfavorável. Contudo, é prematuro fazer este tipo de observação já que praticamente 2/3 dos projectos estavam, ainda, em análise no final de 2008. 84 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Quadro 16 – Situação das candidaturas apresentadas na Acção 1.1.3, (a 31.12.2008) Situação das candidaturas apresentadas N.º Recepcionado, a aguardar distribuição pelo SI % 2 0,1 824 61,6 Para controlo documental 56 4,2 Em controlo documental 2 0,1 Para 1ª audiência prévia 79 5,9 Em reanálise 13 1,0 Parecer desfavorável 3 0,2 Decisão desfavorável 172 12,9 Parecer favorável 5 0,4 Decisão favorável 20 1,5 Para decisão, no Gestor 21 1,6 PA em contratação 53 4,0 PA Desistido 84 6,3 1.334 100,0 Em análise Total Fonte: Autoridade de Gestão do ProDeR, 2009. No que respeita ao perfil dos potenciais beneficiários, os dados disponíveis referem-se, apenas, à tipologia do beneficiário. Neste âmbito refira-se que 86% dos potenciais beneficiários são produtores individuais, sendo as restantes candidaturas pertencentes a sociedades por quotas. MEDIDA 1.3 – PROMOÇÃO DA COMPETITIVIDADE FLORESTAL CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DA MEDIDA A Medida “Promoção da competitividade florestal” visa o incremento da competitividade do sector florestal, numa perspectiva valorizadora das sinergias das subfileiras florestais e, simultaneamente, consagradora do contributo da floresta para a coesão territorial. Esta medida é concretizada através de três Acções, que prosseguem os seguintes objectivos: Requalificação do tecido produtivo; Promoção do desenvolvimento de novos produtos e mercados; Optimização do potencial produtivo das estações; Acréscimo de valor das matérias-primas e dos produtos florestais; Potenciação da utilização económica de recursos associados às florestas. Os investimentos apoiados nesta medida decorrem segundo dois eixos principais. Por um lado, a intervenção nos espaços florestais e, por outro, a modernização das empresas de primeira transformação e do tecido produtivo florestal. Em Agosto de 2008 foram Instituto Superior Técnico 85 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR publicadas as portarias que regulamentam o acesso aos apoios previstos nas Acções 1.3.1 – Melhoria Produtiva dos Povoamentos, 1.3.2 – Gestão Multifuncional e 1.3.3 – Modernização e Capacitação das Empresas Florestais (Quadro 17). Quadro 17 – Regulamentos de aplicação das Acções da Medida 1.3. Acção Regulamento de aplicação 1.3.1. Melhoria produtiva dos povoamentos florestais Portaria n.º 828/2008, de 8 de Agosto, com as correcções introduzidas pela Declaração de Rectificação n.º 58/2008 e as alterações introduzidas pela Portaria n.º 147/2009, de 6 de Fevereiro. 1.3.2. Gestão multifuncional Portaria n.º 821/2008, de 8 de Agosto. 1.3.3. Modernização e capacitação das empresas florestais Portaria n.º 846/2008, de 12 de Agosto, com as correcções introduzidas pela Declaração de Rectificação n.º 59/2008. A Acção 1.3.1. assenta na promoção da gestão dos povoamentos florestais, baseada na gestão activa e profissional de acordo com um plano de gestão (PGF). O objectivo desta acção inscreve-se no aumento da produtividade dos povoamentos florestais e consequentemente do valor económico das explorações florestais, por via dos investimentos na beneficiação de povoamentos florestais (reconversão de povoamentos mal adaptados e melhoria de povoamentos florestais), sendo ainda previsto o apoio à instalação de parques de recolha de matérias-primas e a aquisição de equipamentos de corte, quando associados a outras despesas. É também preconizada nesta Acção a utilização de materiais florestais de reprodução de qualidade, prevendo-se o apoio ao investimento para a instalação de pomares de sementes, progenitores familiares, clones e mistura clonal. Em suma, trata-se de criar as condições necessárias para a gestão florestal sustentável numa óptica da sua certificação. Esta acção também prevê incentivos para a valorização económica de subprodutos e resíduos da exploração florestal, no quadro de desenvolvimento do mercado emergente da biomassa para a produção de energia. Numa perspectiva da promoção da gestão multifuncional dos espaços florestais, a Acção 1.3.3 apoia um conjunto vasto de investimentos que visam a diversificação das actividades nas explorações florestais, promovendo a utilização e a valorização económica dos recursos associados à floresta e aos espaços florestais, tais como a gestão cinegética em zonas de caça turísticas e associativas, a gestão de pesca nas águas interiores, a apicultura e a produção de cogumelos silvestres, de plantas aromáticas, condimentares e medicinais e de frutos silvestres. Num outro contexto, a jusante, surge a Acção 1.3.3, a qual enquadra os apoios para a requalificação do tecido empresarial ao nível da exploração, comercialização e primeira transformação das matérias-primas florestais. Neste quadro, são apoiados os investimentos apresentados por microempresas e PME (na sub-fileira da cortiça) para as 86 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 actividades de extracção ou abate, concentração e comercialização de cortiça e de material lenhoso (incluindo a biomassa florestal e a gema de pinheiro), bem como para os investimentos na modernização das indústrias de primeira transformação destas matériasprimas. Esta Acção apoia ainda a formação profissional dos colaboradores, na lógica da modernização do tecido empresarial para a competitividade do sector florestal. No que se refere aos regimes de apoio, as três Acções apresentam regimes diferenciados, embora com um denominador comum assente na modulação em função da localização geográfica da intervenção, que prevê a majoração de 10% dos níveis de apoio nas zonas desfavorecidas, em algumas situações. Na Acção 1.3.1 é feita uma diferenciação em função da tipologia do investimento, enquanto que na Acção 1.3.2 essa diferenciação tem lugar em função do tipo de beneficiário. No caso da Acção 1.3.3, o regime de apoios é diferenciado em função da tipologia do investimento e da política de coesão regional (classificação NUTSII do EUROSTAT e nos termos da Decisão n.º 2006/595/CE, da Comissão de 4 de Agosto – regiões de convergência). No caso concreto da componente 4 (primeira transformação de cortiça), existe ainda uma diferenciação positiva para os investimentos inseridos em zona de produção suberícola (zonagem de distribuição do sobreiro definida no anexo I da Portaria n.º 846/2008, de 12 de Agosto). Na Acção 1.3.1. são privilegiados os apoios a intervenções integradas, com prioridade para os projectos de melhoria da produtividade florestal localizados em zonas de intervenção florestal e em áreas agrupadas privadas ou de baldios, que tenham em conta a zonagem estabelecida pela Estratégia Nacional para as Florestas e correspondam às funções principais estabelecidas nos Planos Regionais de Ordenamento Florestal. Os investimentos elegíveis têm um limite máximo de 500 mil euros por beneficiário, com excepção para as áreas agrupadas, Órgãos de Administração dos Baldios ou suas associações, fundos de investimento imobiliário florestais e organismos da administração central e órgãos da administração local e suas associações, cujo limite estabelecido é de 1 milhão de euros. No caso especifico das ZIF, o limite máximo dos apoios cifra-se em 2,5 milhões de euros. Na Acção 1.3.2. os investimentos elegíveis visam a promoção do aproveitamento dos sistemas multifuncionais, por via da valorização dos recursos endógenos, numa lógica do desenvolvimento rural nas zonas desfavorecidas. Assim, o regime de apoios adoptado estabelece um limite de apoio cifrado em 75 mil euros por beneficiário, excepto para as Zonas de Intervenção Florestal, entidades gestoras de zonas de caça associativa e turísticas e de zonas de pesca desportiva cujo limite máximo ascende a 150 mil euros. Na Acção 1.3.3. as despesas elegíveis visam apoiar investimentos materiais e imateriais relacionados com a extracção ou abate das matérias-primas florestais e a sua concentração e comercialização (construção, adaptação e modernização de instalações e equipamentos), bem como a indústria de primeira transformação destas matérias-primas e com os respectivos processos de certificação, desde que reconhecidos. São ainda apoiadas as despesas com acções de formação profissional específicas dos activos das empresas Instituto Superior Técnico 87 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR que desenvolvam a sua actividade no âmbito do projecto. O montante mínimo de investimento proposto elegível deve ser superior ou igual a 25.000€, cujos limites máximos de apoio por projecto de investimento vão desde 275.000€ para as componentes 1 e 2 (extracção e colheita de matérias-primas florestais) até 2 M€ para a componente 4 (primeira transformação de cortiça). Refira-se que quando os investimentos estão localizados em região de convergência e região fora de convergência, considera-se para efeitos de determinação do valor dos apoios, que o nível de apoio seja determinado por rubrica de investimento em função da localização do mesmo. No que respeita aos trâmites processuais, a Autoridade de Gestão preparou as normas para Concurso, Recepção, Análise e Decisão dos Pedidos de Apoio e de Pagamento relativa às três Acções da Medida 1.3 (normas n.º N58/D2/131/2/2008, N64/D2/132/2/2008 e N51/D2/133/2/2008). Foram ainda preparadas as normas relativas à Análise dos Pedidos de Apoio - Utilização da Cartografia Digital (N59/D2/131/2/2008) para a Acção 1.3.1 e para a Análise dos Pedidos de Apoio - Até à determinação da VGO (N52/D2/133/4/2008) para a Acção 1.3.3. Do trabalho empírico avultaram os comentários à concepção e implementação desta Medida, dos quais se salientam os que são apresentados de seguida. Aspectos positivos A perspectiva de intervenção integrada por parte da medida 1.3, que permite intervenções a montante e a jusante da fileira florestal, consagrando todas as subfileiras do sector. A valorização do planeamento territorial no enquadramento das ajudas, quer por via da Estratégia Nacional para as Florestas e dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal, quer por via dos objectivos de convergência da política regional e das zonas desfavorecidas da política de desenvolvimento rural. A floresta e o sector florestal é, deste modo, encarada como um factor de coesão territorial. A formação profissional específica dos activos que desenvolvam a sua actividade no âmbito do projecto de investimento para a modernização e capacitação das empresas florestais foi considerada uma inovação que terá efeitos positivos na melhoria da qualidade do exercício da actividade laboral e consequentemente da produtividade da empresa. A valorização das Zonas de Intervenção Florestal como solução efectiva para a intervenção no território, por via da majoração das ajudas e dos limites máximos do apoio. A possibilidade de acesso às ajudas por parte das entidades gestoras de zonas de caça associativas e turísticas e de zonas de pesca desportiva na gestão multifuncional dos espaços florestais, é encarado como o reconhecimento da importância do papel destes parceiros sociais no desenvolvimento rural. 88 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 A obrigatoriedade de apresentação do Plano de Gestão Florestal para os investimentos dirigidos à melhoria dos povoamentos florestais é uma condição de garantia de sustentabilidade técnica das intervenções e constitui um passo importante com vista à certificação da gestão. Aspectos negativos As demoras na abertura dos concursos às candidaturas às acções 1.3.1 e 1.3.2, com as repercussões na capacidade de intervenção no terreno em 2009. As demoras na operacionalização dos Planos de Gestão Florestal motivaram a publicação de um regime de excepção para a sua apresentação no quadro da Acção 1.3.1, de acordo com a Portaria n.º 147/2009, de 6 de Fevereiro. Esta situação condicionou a admissão de candidaturas a esta Acção. Os projectos de investimento são seleccionados através da Valia Global da Operação (VGO) em detrimento da valia global da exploração. A VGO é obtida através da soma da valia técnico-económica (VTE), da Valia Estratégica (VE) e da Valia do Beneficiário (VB) (conceitos definidos acima na descrição da Acção 1.1). Papel pouco interventivo da Autoridade Florestal Nacional quer ao nível da avaliação e decisão dos projectos de investimento, quer ao nível do apoio técnico. A dispersão dos apoios à actividade florestal pelas múltiplas Acções do ProDeR. DINÂMICA DE APROVAÇÃO E DE EXECUÇÃO FÍSICA E FINANCEIRA Todas as Acções da Medida 1.3 foram objecto de abertura de candidaturas ainda durante 2008, conforme se apresenta no Quadro 18. Quadro 18 – Avisos de abertura de concurso da Medida 1.3. (2008) Acções Aviso Período Concurso Montante Concurso 1.3.1. Melhoria produtiva dos povoamentos 01-131-2008, de 31.10.2008 10/11/08 a 10/02/09 16.000.000,00€ 1.3.2. Gestão multifuncional 01-132-2008, de 14.11.2008 02/12/08 a 15/03/09 4.000.000,00€ 1.3.3. Modernização e capacitação das empresas florestais 01-133-2008, de 10.10.2008 23/10/08 a 15/12/08 10.000.000,00€ Foram ainda disponibilizadas as orientações técnicas específicas relativas aos pedidos de apoio que respeitam os concursos das três Acções da Medida 1.3. Como se pode observar no Quadro 19, no ano de 2008, na Medida 1.3, apenas a Acção 1.3.3. admitiu candidaturas. Esta Acção recolheu 155 candidaturas (tendo-se registado Instituto Superior Técnico 89 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR uma desistência, cujo valor de investimento proposto se cifrou em 462.070,00€) com um valor proposto de 80.170.325,67€ para uma dotação orçamental de 10 M€ (cf. Aviso para a apresentação de pedidos de apoio n.º 01/Acção 133/2008). Quadro 19 – Candidaturas à Medida 1.3. (2008) Acções 1.3.3. Modernização e capacitação das empresas florestais Data do Aviso/período Nº Candidaturas 23/10/08 a 15/12/08 155 Montante Proposto 80.170.325,67€ A análise que se segue respeita às 154 candidaturas que seguiram para análise nas Direcções Regionais de Agricultura e Pescas. Da análise das candidaturas admitidas a concurso em 2008, verifica-se que a grande maioria (78%) correspondem a sociedades por quotas, sendo que prevalecem as candidaturas com origem em micro-empresas (137 candidaturas, 89%). Refira-se que a maioria das empresas que apresentaram pedidos de apoio na Acção 1.3.3 tem como actividade principal a exploração florestal. Quadro 20 – Tipologia das entidades candidatas à Acção 1.3.3. Tipo de Entidade N.º Candidaturas Sociedade por quotas 120 77,9% Sociedade unipessoal por quotas 19 12,3% Sociedade anónima 8 5,2% Estabelecimento individual de responsabilidade limitada 5 3,2% Entidade privada de utilidade pública 2 1,3% Fonte: Autoridade de Gestão, 2009. A grande maioria das 154 candidaturas recepcionadas em 2008 incidiu sobre a Componente 1 – Colheita, recolha, concentração e triagem de material lenhoso (incluindo biomassa florestal e resina). Verificou-se que das 132 candidaturas desta componente (85,7% do total), 21 candidaturas (13,6% do total) também incluem a colheita, recolha, concentração e triagem de biomassa florestal, sendo que 13 (8,4% total) são específicas para a colheita, recolha, concentração e triagem de biomassa florestal. Ainda ao nível da recolha, a Componente 2 – Extracção, recolha e concentração de cortiça nas unidades de produção recebeu 5 candidaturas (3,2% do total). 90 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Quadro 21 – Dimensão das empresas candidatas à Acção 1.3.3. Tipo de Entidade N.º Candidaturas Micro-empresas 137 (89,0%) Pequenas empresas 14 (9,1%) Empresas médias 2 (1,3%) Não PME 1 (0,6%) Fonte: Autoridade de Gestão, 2009. Na transformação, a Componente 3 – Primeira transformação de material lenhoso (incluindo biomassa florestal e resina) recebeu 22 candidaturas (14,2% total), das quais 11 (7,1%) contemplam a primeira transformação de material lenhoso (inclui um pedido de apoio para a primeira transformação de biomassa florestal) e 10 são exclusivas para a primeira transformação de biomassa florestal. Quadro 22 – Distribuição regional dos pedidos de apoio à Acção 1.3.3. NUTSII PA Investimento C1 C1a C2 C3 C3a C4 Norte 29 13.819.926,04 € 21 7 - 3 4 3 Centro 97 37.776.421,03 € 84 19 2 6 4 1 Lisboa 3 9.127.863,47 € 1 - - - 1 1 Alentejo 21 15.136.586,81 € 13 6 2 2 1 3 Algarve 4 3.847.457,32 € 0 2 1 - 1 1 Total 154 79.708.254,67 € 119 34 5 11 11 9 Fonte: Autoridade de Gestão, 2009. Legenda: Acção 1.3.3 – Componentes de investimento PA – Pedidos de Apoio Investimento – Investimento proposto C1 – Colheita, recolha, concentração e triagem de material lenhoso (incluindo resina) C1a – Colheita, recolha, concentração e triagem de biomassa florestal C2 – Extracção, recolha e concentração de cortiça nas unidades de produção C3 – Primeira transformação de material lenhoso (incluindo resina) C3a – Primeira transformação de biomassa florestal C4 – Primeira transformação de cortiça No que respeita aos pedidos de apoio à primeira transformação de cortiça (Componente 4), foram recebidos 9 projectos de investimento (5,8% total), dos quais 5 estão localizados em região de produção suberícola, nos termos da Portaria n.º 846/2008. O regime de apoios desta Acção discrimina de forma positiva o nível de apoio dos projectos de investimento localização nas regiões de convergência (NUTS II – Norte, Centro, Alentejo e Algarve). A tabela seguinte apresenta a distribuição regional dos 154 pedidos de apoio recepcionados durante 2008, onde se pode verificar que 95% dos pedidos de apoio localizam-se nas Regiões de Convergência. Instituto Superior Técnico 91 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Quadro 23 – Distribuição regional dos pedidos de apoio na Acção 1.3.3 Tipologia T1 T2 T3 T4 T5 T6 T7 T8 T10 T11 T12 T13 T14 T16 T17 T18 T19 T20 Total Microempresa 1 10 4 2 1 16 5 20 2 9 133 124 8 35 2 1 7 8 388 Pequena Média 3 1 1 1 5 1 4 3 3 14 10 1 1 1 7 1 2 2 56 10 Não-PME 1 1 2 1 1 1 2 Total 1 14 4 4 2 22 7 26 6 12 149 136 8 43 2 1 9 10 456 Fonte: Autoridade de Gestão, 2009. T1 – Aquisição de patentes, licenças, seguros de construção e de incêndio; T2 – Certificação segundo norma NP EN ISO 14001:2004; T3 – Edifícios e outras construções afectos a investimentos para a utilização de energias renováveis e valorização/reutilização de sub-produtos; T4 – Edifícios e outras construções afectos a áreas não directamente produtivas (qualidade e outros); T5 – Edifícios e outras construções afectos ao cumprimento de novas normas ambientais e de higiene; T6 – Edifícios e outras construções afectos ao processo produtivo e a áreas administrativas essenciais; T7 – Equipamento administrativo e mobiliário incluindo equipamento informático; T8 – Equipamentos afectos a áreas não directamente produtivas (qualidade e outros); T10 – Equipamentos afectos ao cumprimento de novas normas ambientais e de higiene; T11 – Equipamentos de transporte interno: T12 – Equipamentos produtivos; T13 – Estudos e trabalhos de consultoria; T14 – Formação; T16 – Fundo de Maneio (Não elegíveis); T17 – Terrenos, prédios urbanos, despesas pré-financiamento, comissões, indemnizações e outras (Não elegíveis); T18 – Outras Certificações; T19 – Software; T20 – Vedação e preparação de terrenos. Constata-se que a Região Centro detém a maioria dos projectos de investimento apresentados (97 PA e 37.776.421,03€ de investimento proposto - 63% e 47% do total, respectivamente), com forte expressão na Componente 1, o que encontra explicação no facto de ser esta a região em que se encontram as principais áreas de exploração de pinheiro-bravo e eucalipto. Desta análise merece igualmente destaque o peso específico que a subfileira da biomassa florestal está a adquirir por todo o país, que apresenta um volume significativo de pedidos de apoio, quer na recolha quer na primeira transformação. De todo o modo, a região Centro lidera o volume de pedidos de apoio (C1a e C3a). Os pedidos de apoio relativos às componentes da sub-fileira da cortiça (Componentes 2 e 4) têm a sua área de incidência preferencial nos territórios de produção suberícola, sendo que na Componente 4 – Primeira transformação de cortiça, 1/3 dos projectos de 92 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 investimento localiza-se no pólo industrial de transformação de cortiça de Santa Maria da Feira, na região Norte. A base de dados disponibilizada pela Autoridade de Gestão do ProDeR à Equipa de Avaliação não permitiu quer a estimativa do investimento proposto por componente de investimento, quer a análise por tipo de despesa elegível. Este é um aspecto que deverá ser considerado na revisão do Sistema de Informação do ProDeR. Da análise da base de dados foi ainda possível constatar que prevalecem os pedidos de apoio para investimentos em “Equipamentos produtivos (investimento material)” (97% PA) e para os “Estudos e trabalhos de consultoria (investimento imaterial)” (88% PA). MEDIDA 1.6 – REGADIOS E OUTRAS INFRA-ESTRUTURAS COLECTIVAS CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DA MEDIDA A Medida 1.6. Regadios e outras infra-estruturas colectivas, vem dar resposta às dimensões-problema identificadas no Plano Estratégico Nacional, no âmbito do regadio: escassez de água com qualidade para rega; reduzida capacidade de armazenamento, infraestruturas obsoletas, factores que limitam o aumento da produtividade e da competitividade. Em suma, a Medida 1.6. vem, em termos gerais, reestruturar e modernizar as infra-estruturas de base (rede de rega incluída) ao sector agrícola, tendo em conta que a disponibilidade de água é um factor determinante para a competitividade do sector. Esta Medida, relativa aos Regadios e outras infra-estruturas colectivas contempla as seguintes acções: 1.6.1. Desenvolvimento do Regadio: disponibiliza apoios para a conclusão de projectos já iniciados e para a implementação de novas áreas de regadio, desde que considerados prioritários (com interesse relevante e que permitam desenvolver a competitividade, sobretudo, em produtos ligados às fileiras estratégicas). Para além do regadio propriamente dito, esta Acção apoia projectos que têm como objectivo melhorar a estrutura fundiária nas áreas de regadio (dotar de energia eléctrica, requalificar caminhos agrícolas, etc.). 1.6.2. Regadio de Alqueva: disponibiliza os apoios necessários à concretização do plano de infra-estruturação do regadio do Alqueva. Esse plano contempla intervenções quer ao nível das melhorias fundiárias, quer ao nível do fornecimento de água aos prédios rústicos incluídos nos blocos de rega. 1.6.3. Sustentabilidade dos Regadios Públicos: disponibiliza apoios para melhorar e modernizar os aproveitamentos hidroagrícolas existentes, de forma a promover uma melhor gestão da água e a sua utilização mais eficiente. 1.6.4. Modernização dos Regadios Colectivos Tradicionais: disponibiliza apoios, tal como o nome indica, para a preservação de sistemas tradicionais de rega, desde que demonstrado o seu interesse económico, social e ambiental. Instituto Superior Técnico 93 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR 1.6.5. Projectos Estruturantes: disponibiliza apoios para a construção/instalação de infra-estruturas (caminhos agrícolas, electrificação e requalificação ambiental) fundamentais à viabilização de projectos de investimento no âmbito de planos integrados de desenvolvimento de um território. Quadro 24 – Regulamentação da Medida 1.6. Acção Regulamento de aplicação 1.6.1. Desenvolvimento do Regadio Portaria n.º 964/2008 Rectificada pela Declaração de Rectificação nº 66/2008 1.6.2. Regadio de Alqueva Portaria n.º 820/2008 1.6.3. Sustentabilidade dos Regadios Públicos Portaria n.º 1137-A/2008 1.6.4. Modernização dos Regadios Colectivos Tradicionais Até ao final de 2008 não tinha sido regulamentada. 1.6.5. Projectos Estruturantes Até ao final de 2008 não tinha sido regulamentada. Os principais objectivos desta Medida, veiculados através das cinco Acções são os seguintes: Contribuir para o aumento da disponibilização de água, através do aumento das áreas equipadas, de forma a valorizar e racionalizar a utilização da água e, assim, assegurar o seu uso mais eficiente; Apoiar o desenvolvimento do regadio, incluindo a rede secundária de rega associada ao Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA); Melhorar a eficiência e a gestão das infra-estruturas hidro-agrícolas existentes, visando prioritariamente a sua modernização; Intervir sobre algumas barragens hidro-agrícolas tendo em vista o cumprimento de novas normas de segurança; Melhorar as infra-estruturas viárias e de electrificação, entre outras, e proceder à reorganização da propriedade e das explorações; Contribuir para a eco-eficiência e redução da poluição através do apoio à requalificação ambiental; Contribuir para o aumento da competitividade das explorações e para o desenvolvimento das fileiras estratégicas. Esta Medida actua, sobretudo, ao nível da competitividade da agricultura nacional, nomeadamente das fileiras estratégicas tendo subjacentes os princípios de salvaguarda dos valores naturais e da paisagem, de garantia de uma utilização adequada e sustentável 94 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 da água, das infra-estruturas e do solo, de garantia no cumprimento da Directiva Quadro da Água (DQA). Esta Medida assume particular importância porque a área total irrigável no Continente é muito baixa face ao seu potencial (16%), sendo necessário um esforço no investimento no aumento da área de regadio, bem como na racionalização da gestão e uso da água. O Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA), no âmbito desta Medida, é considerado como um dos instrumentos determinantes do desenvolvimento desses objectivos, destacando-se pela sua dimensão (área de rega projectada com 110 mil hectares). A sua concretização deverá duplicar a área de regadio de iniciativa estatal. Com os apoios definidos no âmbito das Acções da Medida 1.6., espera-se ganhos de rendimento e de competitividade agrícolas com base no desenvolvimento de infra-estruturas e na evolução diferenciada dos sistemas de agricultura, sobretudo, para os sistemas baseados em actividades de produção agrícola de regadio; e na interligação com projectos de inovação e de desenvolvimento empresarial, sobretudo, com carácter estruturante para o desenvolvimento económico e social. No tocante à apreciação da Medida, no trabalho empírico realizado foram levantados os seguinte três comentários-chave. Inexistência de um Plano Nacional de Regadios que defina prioridades em termos de reabilitação e implementação de perímetros de rega articulados com as produções, nomeadamente aquelas inseridas em fileiras estratégicas, numa lógica de aumento da área regada e de aumento da eficiência na utilização da água. Excessivo peso financeiro da Medida. O ProDeR prevê uma verba de, aproximadamente, 812 M€ para a aplicação desta Medida, sendo 534 M€ votados à Acção 1.6.2. – Regadio do Alqueva, valor que representa cerca de 65% e 12% da Despesa Pública disponível, respectivamente, na Medida e no Programa. Respeito pelos critérios de selecção dos projectos, designadamente, no âmbito da Acção 1.6.2., tendo em conta que há apenas um único beneficiário, embora esteja previsto em termos regulamentares que podem beneficiar dos apoios a EDIA Empresa de Desenvolvimento e Infra-Estruturas do Alqueva, S. A. e as Associações de beneficiários e regantes ou outras pessoas colectivas que, estatutariamente, visem actividades relacionadas com o regadio na área do Alqueva. O primeiro comentário surge em relação à evidente necessidade de reestruturação e modernização das infra-estruturas de apoio à actividade agrícola, designadamente, em termos de capacidade das redes de rega e uso eficiente da água. Neste contexto, era útil poder contar com um documento orientador que estabelecesse as prioridades de intervenção, complementando os critérios de selecção definidos nas diversas Acções. Neste sentido, ao abrigo do Regulamento da Acção 1.6.1. – Desenvolvimento do Regadio, deveria ser aberta a possibilidade de ser concedidas ajudas à elaboração do Instituto Superior Técnico 95 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Plano Nacional de Regadios pela Direcção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR), enquanto Autoridade Nacional do Regadio. Relativamente ao segundo comentário, há que ter em conta que o Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva tem uma relevância estruturante no desenvolvimento de algumas fileiras estratégicas que operam naquela zona e que trata de um projecto multisectorial (fornecimento de água para explorações agrícolas e florestais, agroindústria e outra indústria, turismo, abastecimento de água doméstica). No que se refere ao terceiro comentário, o Programa tem, neste período de programação, a oportunidade para sensibilizar e estimular as associações de regantes e outras entidades isoladas ou em parceria com os organismos da Administração Central ou local a apresentar projectos em várias vertentes dotadoras de factores de modernização e de competitividade (disponibilização de água, melhores acessibilidades, electrificação, etc.). DINÂMICA DE APROVAÇÃO E DE EXECUÇÃO FÍSICA E FINANCEIRA Das três Acções regulamentadas, apenas uma teve um período de candidatura aberto em 2008, a Acção 1.6.2. – Regadio do Alqueva. A apresentação dos pedidos de apoio teve início a 31 de Outubro de 2008 e processa-se em contínuo. Até ao final de 2008, foram apresentados e aprovados, pelo Secretariado Técnico da Autoridade de Gestão, 4 projectos no Concelho de Beja (Cuba Oeste e Vidigueira, Brinches, Ferreira, Figueirinha e Valbom e Orada Amoreira). Estes 4 projectos, que se encontravam em execução no final de 2008 (data de contrato em 26 de Dezembro de 2008), comprometeram cerca de 21% dos montantes disponíveis na Acção. Note-se que esta Acção foi a única que teve execução no ProDeR até ao final de 2008, no âmbito do Eixo 1. Quadro 25 – Aprovação de projectos na Acção 1.6.2. (2008) Beneficiário EDIA - Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva, S.A. Data do entrada Execução 2008 (€) Custo Total Custo Elegível Despesa Pública FEADER 2008-11-03 26.088.886 26.088.886 26.088.886 19.566.665 2008-11-05 33.054.872 32.676.123 32.676.123 24.507.092 2008-11-05 33.410.068 33.289.306 33.289.306 24.966.980 2008-11-17 19.270.859 19.270.859 19.270.859 14.453.144 Total 111.824.685 111.325.174 111.325.174 83.493.881 Fonte: Autoridade de Gestão do ProDeR, 2009 Relativamente ao grau de cumprimento dos objectivos fixados, a análise que se segue incide apenas sobre os indicadores de realização por não haver ainda nesta fase, elementos que permitam dar resposta aos indicadores de resultados. 96 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Como se pode observar no Quadro 26 foram, apenas, executados 4,17% e 4,23% do montante disponível, respectivamente em termos de despesa pública e FEADER. A execução financeira, no final de 2008, era bastante baixa. No entanto, deve ter-se em conta que os projectos foram contratados a dois meses do final do ano. Quadro 26 – Indicadores de execução financeira da Medida 1.6. (2008) Indicador Despesa Pública realizada (€) Total Medida FEADER (€) Total Medida Acção Candidaturas 2008 % Meta Meta 1.6.2. 22.265.034,91 4,17 533.795.052, 00 1.6. 22.265.034,91 2,74 812.035.723,00 1.6.2. 16.932.624,72 4,23 400.000000,00 1.6. 16.932.624,72 2,78 608.500.000,00 Fonte: Autoridade de Gestão do ProDeR, 2009 O Quadro 27 apresenta a realização física da Medida até ao final de 2008. Quadro 27 – Indicadores de realização física da Medida 1.6 (2008) Tipo de Indicador Realização (output) Indicador Medida/ Acção Candidaturas 2008 % Meta Meta N.º operações apoiadas (n.º de regadios) 1.6. 4 1,4-1,1 290 - 350 Volume total de investimento (M€) 1.6. 39 4,9-4,6 800 - 850 1.6.2. 39 32,5-26,0 120 - 150 Acção Fonte: Autoridade de Gestão do ProDeR, 2009 Os dados disponibilizados à Equipa de Avaliação não permitem a avaliação da concretização de outros indicadores de realização, nomeadamente, área e número de explorações agrícolas beneficiadas pelos 4 projectos em execução. EIXO 2 O Subprograma 2 – Gestão Sustentável do Espaço Rural, integra-se no Eixo temático do PENDR, Melhoria do Ambiente e da Paisagem Rural, designado por Eixo 2, e visa contribuir para os seguintes objectivos principais/estratégicos do PENDR: Proteger os valores ambientais e paisagísticos em zonas agrícolas e florestais da Rede Natura 2000 e outras; Proteger os recursos hídricos e do solo; Contribuir para a atenuação das alterações climáticas; Contribuir para o uso continuado e sustentável das terras agrícolas em zonas desfavorecidas. Instituto Superior Técnico 97 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Para a prossecução destes objectivos principais/estratégicos foi definido o conjunto de Medidas e Acções que se apresentam no Quadro 28 e que no seu conjunto permitem a definição dos objectivos operacionais apresentados na mesma. Quadro 28 – Eixo 2/ Subprograma 2 – Objectivos operacionais, Medidas/ Acções Objectivos operacionais Medida/Acção 2.1. Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas Acção 2.1.1. Manutenção da Actividade Agrícola fora da Rede Natura Acção 2.1.2. Manutenção da Actividade Agrícola em Rede Natura 1. Preservação da actividade agrícola e florestal nas zonas desfavorecidas; 2. Incentivo à opção por modos de produção sustentáveis no âmbito das actividades agrícola e florestal; 3. Protecção da diversidade genética e de sistemas de alto valor natural e paisagístico, associados aos sistemas de produção agrícola e florestal; 4. Melhorar a sustentabilidade dos povoamentos florestais; 5. Promoção de eco-eficiência e redução da poluição. 2.2. Valorização de Modos de Produção Acção 2.2.1. Alteração de Modos de Produção Agrícola Acção 2.2.2. Protecção da Biodiversidade Doméstica Acção 2.2.3. Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos 2.3. Gestão do Espaço Florestal e Agro-Florestal Acção 2.3.1. Minimização de riscos Acção 2.3.2. Ordenamento e Recuperação de Povoamentos Acção 2.3.3. Valorização Ambiental dos Espaços Florestais 2.4. Intervenções Territoriais Integradas (ITI) Acção 2.4.1. Apoio à Gestão das ITI Acção 2.4.2. Programas de Gestão para ITI Acção 2.4.3. ITI Douro Vinhateiro Acção 2.4.4. ITI Peneda – Gerês Acção 2.4.5. ITI Montesinho-Nogueira Acção 2.4.6. ITI Douro Internacional Acção 2.4.7 ITI Serra da Estrela Acção 2.4.8. ITI Tejo Internacional Acção 2.4.9. ITI Serras de Aire e Candeeiros Acção 2.4.10. ITI Castro Verde Acção 2.4.11. ITI Costa Sudoeste O Subprograma 2 inclui as novas medidas compensatórias tal como previstas no ProDeR e que correspondem às acções Manutenção da Actividade Agrícola fora da Rede Natura (2.1.1) e Manutenção da Actividade Agrícola em Rede Natura (2.1.2) que compõe a medida 2.1 Manutenção da Actividade Agrícola em Zona Desfavorecida. Este subprograma inclui ainda as novas medidas agro-ambientais consagradas no ProDeR e que correspondem às acções: Alterações de Modo de Produção Agrícola (2.2.1) e Protecção da Biodiversidade Doméstica (2.2.2) que integram a medida 2.2 do subprograma, Valorização de Modos de Produção, e as 10 intervenções territoriais integradas que compõem a medida 2.4 do subprograma, Intervenções Territoriais Integradas (Douro Vinhateiro, Peneda-Gerês, Montesinho-Nogueira, Douro Internacional, Serra da Estrela, Tejo Internacional, Serras de Aires e Candeeiros, Castro Verde, Costa Sudoeste). 98 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 A medida Valorização de Modos de Produção contém ainda uma Acção, para além das elencadas acima como as novas medidas agro-ambientais do ProDeR, que visa a Conservação e Melhoramento dos Recursos Genéticos. Todas as Acções da Medida 2.3. foram objecto de abertura de concurso para a apresentação de pedidos de apoio durante 2008, com a excepção das Sub-acções 2.3.1.2. e 2.3.3.1. Pese embora os concursos tenham aberto em finais de 2008, os primeiros pedidos de apoio foram recepcionados apenas em 2009, pelo que não se procede à análise dos mesmos. A dotação orçamental do subprograma representa cerca de 40% da despesa pública total a realizar no âmbito do programa, sendo que, dos 1 776 806 306 Euros de despesa pública a realizar, 81,5% resulta da contribuição FEADER (1 448 105 873 Euros). De um modo genérico verificou-se que na perspectiva dos beneficiários há um desequilíbrio orçamental entre o Eixo 1 e o Eixo 2, sendo referido que o primeiro tem um peso excessivo. Não foi, contudo, possível concluir a distribuição orçamental que correspondesse aos anseios dos beneficiários. Este desequilíbrio é ainda agravado, de acordo com os beneficiários, pelo montante que os compromissos transitados representam em termos da despesa pública a realizar no Eixo 2. MEDIDA 2.1 – MANUTENÇÃO DA ACTIVIDADE AGRÍCOLA EM ZONAS DESFAVORECIDAS CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DA MEDIDA Esta medida destina-se a desincentivar o abandono agrícola em zonas desfavorecidas, territórios com desvantagens naturais, na acepção do artigo 3º da directiva 75/268/CEE. O apoio às zonas desfavorecidas através da medida “Manutenção da Actividade agrícola em Zonas Desfavorecidas” aplica-se em zonas de montanha e restantes zonas desfavorecidas sendo majorado em territórios da Rede Natura 2000 inseridos nas mesmas. A medida integra as seguintes acções: Manutenção da Actividade Agrícola fora da Rede Natura (Acção 2.2.1) Manutenção da Actividade Agrícola em Rede Natura (Acção 2.1.2) Os principais objectivos desta medida são contribuir para a utilização continuada das terras agrícolas, a manutenção da paisagem rural e a conservação e promoção de sistemas de exploração agrícolas sustentáveis, atenuando os impactos ambientais e sociais decorrentes do abandono agrícola, cujo risco, as próprias desvantagens naturais ao condicionarem a pratica agrícola e o rendimento, potenciam. A aplicação da medida “Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas Desfavorecidas, do subprograma 2 do ProDeR, é regulamentada pela portaria nº 229- Instituto Superior Técnico 99 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR A/2008 de 06 de Março com as rectificações introduzidas pelas Declaração de Rectificação nº 24-A/2008 e pela Portaria nº 1479/2008. A medida Manutenção da Actividade Agrícola em Zonas desfavorecidas é, em linhas gerais da definição dos seus objectivos, uma medida de continuidade face ao anterior período de programação sendo que os níveis de ajuda foram aumentados e os níveis de modulação acentuados para os primeiros escalões. Os beneficiários comprometem-se a manter a actividade agrícola em zona desfavorecida durante um período de 5 anos a contar do ano a que respeita o primeiro pagamento compensatório. Os compromissos a que os beneficiários estão sujeitos são mais exigentes se a exploração se encontrar nos territórios da Rede Natura que não alvo de Intervenção Territorial Integrada (ITI). Assim a medida compreende compromissos base como sejam, a duração do compromisso, o cumprimento em toda a exploração dos requisitos relativos à condicionalidade e a manutenção de pontos de água acessíveis à fauna durante o período do verão, e quando a exploração se encontrar inserida no território Rede Natura 2000 – não alvo de intervenção ITI), fica o beneficiário ainda obrigado a: Manter a superfície agrícola em boas condições de produção e livre de infestantes arbustivas, não devendo estas representar mais de 5% da área de cada parcela ocupada com culturas temporárias, pastagens permanentes ou em pousio, sem prejuízo de normativo decorrente de regulamentação específica aplicável à Rede Natura 2000; Manter as árvores, os muros de pedra posta e as sebes arbustivas ou arbóreas de espécies autóctones localizadas entre as parcelas ou nas extremas das propriedades, não utilizando herbicidas; Manter a vegetação arbórea e arbustiva ao longo das linhas de água, sem prejuízo das limpezas e regularizações necessárias ao adequado escoamento. Sem prejuízo da assunção de continuidade que se expressou acima em relação aos objectivos da medida face ao período de programação anterior, o trabalho empírico realizado permitiu identificar a alteração introduzida na área mínima de SAU (Superfície Agrícola Útil) como factor de elegibilidade, de 0,5 hectares para 1 hectare, como um factor de discriminação no acesso ao apoio, na perspectiva dos beneficiários. No tocante à apreciação da Medida face aos seus objectivos e à operacionalização das acções que a integram, importa realçar um conjunto de aspectos que se enumeram de seguida. A estrutura das condições de acesso e dos compromissos ligam a medida principalmente à conservação da paisagem e à prevenção do abandono. 100 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Nas condições actuais em Portugal, evitar o abandono agrícola é em geral positivo para a biodiversidade (como se pode observar a partir da generalidade das ameaças à biodiversidade na Rede Natura 2000 identificadas em Santos et al., 2006, e considerando que os sistemas em que a biodiversidade está ameaçada pela intensificação não são os sistemas ameaçados de abandono). Existem no entanto algumas excepções, nomeadamente nas zonas de montanha, onde o abandono parcial que ocorreu nas últimas décadas foi benéfico para a biodiversidade; ainda assim, nesses casos a expansão do abandono seria agora provavelmente prejudicial para a biodiversidade, por via do aumento dos incêndios. Em termos de solo, a manutenção da actividade agrícola poderá ser prejudicial nomeadamente quando essa actividade não esteja adaptada às condições edafo-climáticas e/ou em situações onde essa actividade é realizada com mobilizações frequentes do solo (note-se que as Boas Condições Agronómicas e Ambientais só estabelecem restrições em parcelas com IQFP igual a 4 ou 5), como o que se passa em parcelas de culturas árboreas permanentes na região de Trás-os-Montes. Além disso, o encabeçamento previsto, nomeadamente em zonas de montanha, é muito elevado. O encabeçamento só deve atingir o valor máximo definido, especialmente em zonas de montanha (3 CN/ha SAU), caso seja, simultaneamente, adequado à capacidade forrageira. Caso contrário, o valor máximo tem que ser mais baixo. Realça-se a importância da recomendação constante da Avaliação ex-ante relativamente à definição do critério de elegibilidade “dimensão económica” e, que deve ser tida em conta na monitorização e acompanhamento da eficácia da medida ao longo do período de programação. Assim, a medida, tal como regulamentada, limita o acesso a unidades com dimensão económica inferior a 40 UDE, com pagamentos degressivos em função da superfície elegível, critério que pode obstar a desejáveis ganhos de escala. Do trabalho empírico realizado foi possível constatar alguns aspectos que condicionaram a operacionalização e eficácia das acções que integram a medida 2.1, nomeadamente a adesão dos beneficiários, nesta fase inicial do programa. Estes aspectos são abordados de seguida e a sua pertinência para a prossecução dos objectivos das acções analisada. O aumento da área da área mínima para o acesso às MZD´s (Manutenção da actividade agrícola em Zonas Desfavorecidas) de 0.5 para 1 hectare impediu cerca de 15 mil agricultores de se candidatarem a esta ajuda o que representa, em relação aos 125 111 agricultores pagos na campanha de 2005/2006, cerca de 12% dos agricultores que anualmente beneficiaram desta ajuda. Descontentamento face à condição de acesso relativa ao encabeçamento, sendo que na perspectiva de alguns beneficiários as explorações até 15 CN (cabeças normais) devam ser isentadas deste índice. Instituto Superior Técnico 101 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR O aumento do nível de apoio de um modo geral para todos os escalões relativamente a “outras zonas desfavorecidas” e nos escalões 3-7,5 a 7,5-30 hectares nas zonas de montanha foi igualmente sugerido pelos beneficiários. Ainda na perspectiva dos beneficiários, há necessidade de reconsiderar a definição de “Superfície Agrícola Utilizada” tal como constante na portaria que regulamenta a aplicação da medida. Tal como definido na portaria, o “espaço agro-florestal não arborizado com aproveitamento forrageiro”. Estas áreas, na acepção da Nomenclatura das Ocupações Culturais é entendida como a “superfície ocupada maioritariamente por formações lenhosas espontâneas de altura superior a 50 cm e utilizadas para alimentação animal através de pastoreio”, foram tradicionalmente designadas por pastagens pobres e consideradas pastagens permanentes. Enquanto pastagens permanentes deviam estas áreas ser contabilizadas na SAU e elegíveis para os “pagamentos para compensação de desvantagens naturais em zonas de montanha e pagamentos para a compensação de desvantagens noutras zonas”. Fazse notar que estas áreas eram elegíveis e pagas no âmbito da medida Manutenção da actividade agrícola em zonas desfavorecidas à semelhança, do que se verificou no RURIS. DINÂMICA DE CANDIDATURAS Os pedidos de apoio e de pagamento são apresentados em simultâneo, anualmente, junto do IFAP, ou das entidades designadas por este organismo. Com a apresentação do pedido, e tal como previsto no nº 3 do artigo 10º do decreto-lei nº 37-A/2008, de 5 de Março, é assinado o termo de aceitação das condições de atribuição do apoio. Este termo de aceitação torna-se definitivo, após comunicação da decisão ao candidato, que ocorre até 15 de Abril do ano de apresentação do pedido (Portaria 229-A/2008). O pagamento ocorre em calendário a definir pelo IFAP, sendo que o adiantamento de 75% do montante aprovado deve ocorrer até ao final do ano em que é apresentado o pedido e os restantes 25% ocorre, em regra no ano seguinte ao da apresentação do pedido, sendo que no caso das candidaturas em amostra de controlo, só é efectuado o pagamento desta fracção após o controlo de campo. Esta regra vai contudo ser alterada no futuro face aos resultados de auditoria comunitária. As candidaturas apresentadas em 2007 foram realizadas segundo as regras do RURIS e realizadas durante o período normal de apresentação do pedido único no ano de 2007 (cujo período de candidatura decorreu entre Abril e final de Maio). O pagamento dos montantes aprovados ocorreu apenas em 2008, e não no ano de 2007 como previsto. Este atraso ficou a dever-se a dificuldades do Ministério da Agricultura na disponibilização da contribuição nacional. Relativamente aos pedidos apresentados em 2008, o período de candidatura decorreu entre Fevereiro e meados de Março desse ano e o pagamento dos mesmos ocorreu no mesmo ano – adiantamento de 75%. 102 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 No período em análise foi apresentado um total de 235.708 pedidos de apoio. Destes foram pagos, todos no ano de 2008, 195.697 pedidos num total de 178.950.901€. (este montante representa 100% do montante devido em 2007 e 75% do montante devido em 2008). O número de pedidos de apoio pagos representa 83 % das candidaturas submetidas. A diferença verificada entre o número de candidaturas apresentadas e o número de pedidos de apoio pago (40.011) é explicada por casos de desistência da candidatura, não cumprimento dos critérios de elegibilidade, que resulta em recusa do pedido, faltas de confirmação entre o PES 2007 e o PU 2008 e, a situações cujo pagamento está pendente para verificação de campo (controlo in loco, que representa pelo menos 5% dos pedidos de apoio validados por controlo administrativo). A contabilização de cada uma das razões não é contudo integrada na análise por não ter sido disponibilizada em tempo útil à equipa de avaliação, tendo-se, contudo, verificado que há capacidade de a gerar. Quadro 29 – Manutenção da actividade agrícola em ZD (a 31.12.2008) Total de Pedidos Entrados Montante Pago (€) Pagos 2007 119.552 98.265 105.780.283 2008 116.156 97.432 73.170.618 Total 235.708 195.697 178.950.901 Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 .No Quadro 29 apresentam-se as dinâmicas de candidatura e pagamento relativas à medida Manutenção da Actividade Agrícola em zonas desfavorecidas. Faz-se notar que foi solicitado à Autoridade de Gestão informação desagregada que permitisse identificar as referidas dinâmicas para zonas de montanha e restantes áreas desfavorecidas, e no caso das zonas desfavorecidas em rede território Natura 2000, a sua desagregação para zonas integradas e não integradas em ITI’s, contudo esta informação não foi disponibilizada em tempo útil para ser integrada no presente relatório. Assim não é possível inferir sobre a incidência da medida nos vários territórios, o que dificulta a clara compreensão da eficácia da medida e do seu impacto territorial. De seguida analisa-se a execução financeira da Medida 2.1 desagregada por Acção (zonas de montanha e outras zonas desfavorecidas). DINÂMICA DE EXECUÇÃO FINANCEIRA E FÍSICA No Quadro 30 apresenta-se a execução financeira da medida diferenciada por Acção. Verifica-se que, face à meta de despesa pública, a execução financeira da medida foi à data de 31 de Dezembro de 2008 de 23,91%, a que corresponde um montante de 178.950.900,85€ .O montante pago nesta data corresponde a 100% dos pedidos de apoio apresentados no ano de 2007 e ao adiantamento de 75% relativo aos pedidos apresentados em 2008 (com as excepções referidas acima, desistências, não cumprimento dos critérios de elegibilidade e faltas de confirmação entre o PES 2007 e 2008). Instituto Superior Técnico 103 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Quadro 30 – Execução financeira da Medida 2.1 (a 31.12.2008) Meta (€) Despesa Pública Montante Pago % (€) Execução FEADER Zona de Montanha (Cod CE 211) 662.388.854,00 94.626.949,00 a 539.850.000,00 153.620.711,76 23,19% Outras Zonas desfavorecidas (Cod CE 212) 86.073.101,00 12.296.157,29 a 70.150.000,00 25.330.189,09 29,43% 748.461.955,00 610.000.000,00 178.950.900,85 23,91% 106.923.106,00 a a Valor anualizado calculado como o valor total previsto a dividir pelo período de execução (7 anos). Inserir nas 3 linhas inferiores da coluna. Total Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Quadro 31 – Execução financeira da Acção 2.1.1 (2007 e 2008) Acção 2.1.1 Fora da Rede Natura Meta Montante Pago % (€) Execução Despesa Pública FEADER (€) (€) 492.024.484,00 Zona de Montanha 401.002.373,00 130.802.359,23 26,58% 70.289.212,00a (Cod CE 211) 63.538.562,00 Outras Zonas desfavorecidas 51.784.240,00 19.384.078,72 30,51% 9.076.937,43a (Cod CE 212) 555.563.046,00 452.786.613,00 150.186.437,95 27,03% Total 79.366.149,43a a Valor anualizado calculado como o valor total previsto a dividir pelo período de execução (7 anos). Inserir nas 3 linhas inferiores da coluna. Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Do total de despesa efectuada, 150.186.437,95 € representam pagamentos para manutenção da actividade agrícola fora da Rede Natura 2000 (Quadro 31) e 28.764.462,90 representam despesa efectuada para manutenção da área agrícola em território Natura 2000. Quadro 32 – Execução financeira da Acção 2.1.2 (2007 e 2008) Acção 2.1.2 Em Rede Natura Meta Despesa Pública (€) Zona de Montanha (Cod CE 211) Outras Zonas desfavorecidas (Cod CE 212) Total 170.364.159,00 24.337.737,00 22.534.539,00 3.219.219,86 192.898.698,00 27.556.956,86 Montante Pago (€) FEADER (€) 138.847.627,00 22.818.352,53 13,39 18.365.760,00 5.946.110,37 26,39 157.213.387,00 28.764.462,90 14,91 Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 104 Instituto Superior Técnico % Execução Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Quadro 33 – Execução física da medida 2.1: Número de explorações (a 31.12.2008) Zona de Montanha (Cod. CE 211) Outras Zonas desfavorecidas (Cod. CE 212) 2.1 2.1.1 Fora Rede Natura 2.1.2 Dentro Rede Natura 2.1 2.1.1 Fora Rede Natura 2.1.2 Dentro Rede Natura Número de Explorações 179.091,00 155.952,00 23.139,00 37.502,00 29.907,00 7.595,00 Mínimos anuais 75 000 – 85 000 60 000 – 69 000 15 000 – 16 000 15 000 – 20 000 11 000 – 15 000 4 000 – 5 000 % Execução 119,39 129,96 77,13 125,01 135,94 94,94 Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 No Quadro 33, Quadro 34, Quadro 35, Quadro 36 e Quadro 37 apresenta-se as percentagens de cumprimento dos indicadores de realização física (comunitários), sempre que a informação disponível permitiu a sua estimação. A respeito das metas, designadas por mínimos nas tabelas correspondentes aos vários indicadores, importa esclarecer que representam valores existentes de área agrícola que se pretende manter anualmente, são portanto mínimos anuais. A percentagem de execução física foi estimada tendo em conta que se tratam de valores anuais, pelo que, a percentagem de execução foi calculada considerando os mínimos estimados para os 2 anos em análise e a área contratada nos 2 anos no âmbito da Medida. O número total de explorações agrícolas apoiadas no âmbito da medida foi de 216.593, superior ao valor mínimo estabelecido como meta para a medida (Quadro 33). A contratação de área no âmbito da Medida, em zonas de montanha, para além dos mínimos estabelecidos, teve um valor mais baixo em Rede Natura, sendo que, relativamente a outras zonas desfavorecidas, a percentagem de execução é semelhante em ambas as situações. (Quadro 34). Globalmente ao nível da medida os resultados são bastante positivos em termos do cumprimento das metas definidas. Esta ilação é válida para o indicador número de explorações (ver acima). Quadro 34 – Execução física da medida 2.1: área agrícola (2007 e 2008) Área Agrícola Zona de Montanha (Cod CE 211) Outras Zonas desfavorecidas (Cod CE 212) 2.1 2.1.1 Fora Rede Natura 2.1.2 Dentro Rede Natura 2.1 2.1.1 Fora Rede Natura 2.1.2 Dentro Rede Natura 960.015,65 809.484,28 150.531,37 555.767,51 429.177,19 126.590,32 Mínimos anuais (ha) 500 000 – 550 000 350 000 – 380 000 150 000 – 170 000 300 000 – 350 000 230 000 – 260 000 70 000 – 90 000 % Execução 96,00% 115,64% 50,18% 92,63% 93,30% 90,42% Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Não é apresentada a análise extensiva dos indicadores de resultado dado o momento de avaliação. Contudo, no que diz respeito ao indicador biodiversidade, qualidade dos solos e combate à marginalização, a percentagem de cumprimento é a mesma que se Instituto Superior Técnico 105 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR estimou para o indicador de realização “Área”, assumindo que o efeito sobre esses indicadores é igual em toda a área contratada, tal como sugere a natureza da meta. Quadro 35 – Execução física da Medida 2.1: biodiversidade e sistemas (a 31.12.2008) Superfície em que a gestão do espaço rural é praticada com êxito, contribuindo para: Biodiversidade e preservação de sistemas agrícolas/silvícolas de elevado valor natural Área (ha) Mínimos anuais % Execução Zona de Montanha (Cod. CE 211) 2.1.1 Fora Rede Natura 809.484,28 + N.a. 2.1.2 Dentro Rede Natura 150.531,37 150 000 – 170 000 50,18% Outras Zonas desfavorecidas (Cod. CE 212) 2.1.1 Fora Rede Natura 429.177,19 + N.a. 2.1.2 Dentro Rede Natura 126.590,32 70 000 – 90 000 90,43% Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Quadro 36 – Execução física da Medida 2.1: qualidade dos solos ( a 31.12.2008) Superfície em que a gestão do espaço rural é praticada com êxito, contribuindo para: Qualidade dos solos Área (ha) Mínimos (ha) anuais % Execução Zona de Montanha (Cod. CE 211) 2.1.1 Fora Rede Natura 809.484,28 350 000 – 380 000 115,64% 2.1.2 Dentro Rede Natura 150.531,37 150 000 – 170 000 50,18% Outras Zonas desfavorecidas (Cod. CE 212) 2.1.1 Fora Rede Natura 429.177,19 230 000 – 260 000 93,30% 2.1.2 Dentro Rede Natura 126.590,32 70 000 – 90 000 90,43% Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Em relação aos indicadores de resultado qualidade da água e combate às alterações climáticas considera-se que a medida “Manutenção da actividade agrícola em zonas desfavorecidas” considera-se que teve o efeito positivo esperado sobre estes indicadores dado os compromissos a que a medida obriga nomeadamente pela obrigatoriedade de cumprimento da condicionalidade. Quadro 37 – Execução física da Medida 2.1: abandono (a 31.12.2008) Superfície em que a gestão do espaço rural é praticada com êxito, contribuindo para: Combate à marginalização e ao abandono da terra Mínimos anuais Área (ha) % Execução (€) Zona de Montanha (Cod. CE 211) 2.1.1 Fora Rede Natura 809.484,28 350 000 – 380 000 115,64% 2.1.2 Dentro Rede Natura 150.531,37 150 000 – 170 000 50,18% Outras Zonas desfavorecidas (Cod. CE 212) 2.1.1 Fora Rede Natura 429.177,19 230 000 – 260 000 93,30% 2.1.2 Dentro Rede Natura 126.590,32 70 000 – 90 000 90,43% Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 106 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 MEDIDA 2.2 – VALORIZAÇÃO DE MODOS DE PRODUÇÃO CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DA MEDIDA A Medida “Valorização de Modos de Produção” (Medida 2.2) visa apoiar o desenvolvimento sustentável das zonas rurais, mobilizando os agricultores e outros intervenientes no espaço rural para adesão voluntária a métodos de produção específicos (modo de produção biológico - MPB, produção integrada - MPRODI) e à manutenção da biodiversidade, através dos pagamentos agro-ambientais. Os principais objectivos desta medida são: Incentivar práticas de gestão das explorações e de produção de bens agrícolas assentes em compromissos que contribuem para a protecção e melhoria do ambiente, da paisagem, dos recursos naturais e do solo que vão para além dos básicos exigidos nas Boas Condições Agrícolas e Ambientais (BCAA); Incentivar a conservação da diversidade genética animal e vegetal e o seu melhoramento; Contribuir para a produção de produtos de qualidade certificada. A medida “Valorização de Modos de Produção” integra três acções: Alteração de Modos de Produção Agrícola (Acção 2.2.1); Protecção da Biodiversidade Doméstica (Raças Autóctones) (Acção 2.2.2); Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos (Acção 2.2.3); o Componente Vegetal (Sub-Acção 2.2.3.1); o Componente Animal (Sub-Acção 2.2.3.2). A aplicação da Medida Valorização de Modos de Produção, no que diz respeito à Acção Alteração de Modos de Produção Agrícola (2.2.1) e à Acção Protecção da Biodiversidade Doméstica (2.2.2) é regulamentada pela Portaria n.º 229-B/2007 de 06 de Março com as rectificações introduzidas pela Declaração de Rectificação n.º 24-B/2008 de 05 Maio e alterações introduzidas pela Portaria n.º 1348/2008 de 26 de Novembro. A Acção Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos, componente animal (2.2.3.2), é regulamentada pela Portaria n.º 618/2008 de 14 de Julho. A acção Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos, componente vegetal (2.2.1.1) não se encontra regulamentada até à data. ACÇÃO 2.2.1 – ALTERAÇÃO DE MODOS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA A Acção 2.2.1 2 Alteração de Modos de Produção visa promover a adopção de formas de exploração das terras agrícolas com benefícios ambientais ao nível da água, do solo e Instituto Superior Técnico 107 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR do ar. Os apoios no âmbito desta acção são concedidos aos agricultores que pratiquem na sua unidade de produção o modo de produção integrada (MPRODI) ou o modo de produção biológico (MPB), sendo previstas ajudas à conversão e manutenção do modo de produção em causa. Os pagamentos agro-ambientais no âmbito da acção visam compensar os gastos adicionais resultantes dos novos patamares de exigência destes modos de produção (mais exigentes do que os do período 2000-2006). O apoio assume a forma de pagamento, a título compensatório, por hectare de área elegível, sendo atribuído anualmente, durante o período de compromisso, em função do modo de produção e do tipo de cultura. O apoio é concedido aos produtores que, de forma voluntária, se comprometam durante um período de cinco anos a respeitar compromissos de natureza agro -ambiental. São objectivos específicos desta acção: a) Promover a adopção de formas de exploração das terras agrícolas compatíveis com a protecção e a melhoria do ambiente, da paisagem e dos recursos naturais; b) Produção de bens agrícolas reconhecidos pela qualidade associada aos serviços ambientais que incorporam. Podem beneficiar do apoio agro-ambiental concedido no âmbito desta acção agricultores, em nome individual ou colectivo, incluindo órgãos de administração de baldios. A atribuição dos apoios agro-ambientais no âmbito desta acção obriga ao cumprimento em toda a área de exploração dos requisitos legais de gestão e boas práticas agrícolas, adequada formação do aplicador de produtos fitofarmacêuticos e cumprimento dos requisitos das zonas classificadas como de protecção às captações de água para abastecimento público. Para além destes compromissos os beneficiários são obrigados a cumprir durante todo o compromisso os critérios de elegibilidade e podem ainda os beneficiários assumir compromissos complementares. São definidos como compromissos complementares, nas áreas de rotação de culturas temporárias, a utilização de técnicas de sementeira directa ou mobilização na linha, de forma continuada durante o período do compromisso. ACÇÃO 2.2.2 – PROTECÇÃO DA BIODIVERSIDADE DOMÉSTICA (RAÇAS AUTÓCTONES) A acção 2.2.2. “Protecção da Biodiversidade Doméstica (Raças Autóctones)” estabelece um regime de ajudas destinado a apoiar os programas de melhoramento genético de raças autóctones ameaçadas. As raças autóctones ameaçadas e respectiva classificação quanto ao risco de extinção constam do anexo V da Portaria nº 229-B/2008, que regulamenta a acção. O apoio agro-ambiental no âmbito desta acção assume a forma de pagamento, a título compensatório, por cabeça normal elegível, sendo atribuído anualmente durante o período de compromisso. 108 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 São objectivos da acção “Protecção da Biodiversidade doméstica”: a) Garantir a utilização sustentada dos recursos genéticos assegurando, nomeadamente, a conservação in situ das raças ameaçadas e promovendo a sua utilização de forma a minimizar as perdas de variabilidade genética por acumulação de consanguinidade; b) Assegurar o fornecimento de material genético aos Bancos Portugueses de Germoplasma Animal, enquanto instrumento essencial dos programas de conservação ex situ. Podem beneficiar dos apoios no âmbito desta acção as pessoas singulares ou colectivas, de natureza pública ou privada, que sejam criadores de raças autóctones ameaçadas que cumpram os critérios de elegibilidade. São compromissos específicos dos beneficiários para além do cumprimento dos requisitos relativos à condicionalidade os constantes na portaria que regulamenta a acção. SUB-ACÇÃO 2.2.3.1 – CONSERVAÇÃO E MELHORAMENTO DE RECURSOS GENÉTICOS A acção “Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos” compreende duas subacções: conservação e melhoramento de recursos genéticos - componente vegetal, que não foi objecto de candidaturas no período em análise (2007-2008) e portanto não é integrada na presente análise e Conservação e melhoramento de recursos genéticos Componente Animal, esta sim com candidaturas e execução no período em análise. A subacção “Conservação e melhoramento de recursos genéticos - Componente Animal” visa contribuir, nomeadamente, para a manutenção e melhoria da biodiversidade animal através da conservação e desenvolvimento do seu património genético e, desta forma, para a sustentabilidade dos espaços rurais e dos seus recursos naturais. Os objectivos específicos desta acção, tal como definidos na portaria que a regulamenta, são os seguintes: a) Assegurar a continuidade da conservação e do melhoramento dos recursos genéticos animais, raças autóctones, exóticas e raça bovina Frísia, permitindo a selecção e disponibilização aos criadores dos melhores animais reprodutores; b) Promover o funcionamento regular dos livros genealógicos e registos zootécnicos; c) Assegurar os trabalhos de caracterização das raças abrangidas; d) Promover a avaliação genética como objectivo final dos programas de melhoramento. Os apoios no âmbito desta acção são concedidos sob a forma de montantes forfetários, equivalentes a subsídios não reembolsáveis. Os montantes forfetários são calculados com base nas despesas elegíveis correspondentes à média dos custos padrão das acções, com Instituto Superior Técnico 109 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR dispensa de apresentação de facturas ou documentos contabilísticos de valor probatório equivalente. Podem beneficiar do apoio no âmbito desta acção: a) Organizações associativas que tenham a seu cargo a gestão de livros genealógicos ou registos zootécnicos, no caso das espécies pecuárias das raças autóctones e das raças exóticas e, no caso da raça bovina Frísia, a base de dados nacional relativa ao melhoramento genético desta raça, com especial incidência nos dados de contraste leiteiro; b) Entidades públicas ou entidades privadas que estabeleçam parcerias com entidades públicas tendo em vista a prossecução dos objectivos referidos na alínea anterior. Os beneficiários dos apoios previstos no presente regulamento devem cumprir, além das obrigações enunciadas no Decreto-Lei nº 37-A/2008 de 5 de Março as obrigações constantes do artigo 10º da Portaria que regulamenta a Acção. No tocante à apreciação da Medida face aos seus objectivos e à operacionalização das Acções que a integram, importa realçar um conjunto de aspectos que se enumeram de seguida. A estrutura das condições de acesso e dos compromissos ligam a medida principalmente à conservação da biodiversidade, da paisagem e do solo sendo que os seus efeitos ambientais são em geral positivos, sem prejuízo da importância dos aspectos menos favoráveis ambientalmente que são igualmente abordados de seguida, dependendo os efeitos a observar essencialmente da adesão dos agricultores. Com base na Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) do ProDeR, são destacados de seguida de um modo mais pormenorizado ao nível da acção os aspectos ambientais que este documento identificou e cuja pertinência se analisa de seguida face ao contexto actual. Assim, em relação à acção 2.2.1, “Alteração de modos de Produção” e no tocante aos efeitos ambientais positivos esperados à priori, realça-se que os impactes ambientais desta Medida são, em geral positivos. O seu impacte depende em primeira linha da adesão, condicionada pela atractividade dos pagamentos compensatórios, que no âmbito desta acção decresce em relação aos últimos escalões da medida, devido à regressividade; este aspecto da adesão deve ser monitorizado ao nos momentos seguintes de implementação e avaliação do programa. A acção tal como está concebida consagra o alargamento dos apoios “culturas temporárias de sequeiro” e “culturas temporárias de regadio” permitindo nomeadamente o apoio a culturas forrageiras anuais. Subsiste porém uma ressalva quanto à pequena diferenciação entre pastagens permanentes e pastagens biodiversas; As maiores ameaças na prossecução dos seus objectivos ambientais nesta acção prendem-se, de acordo com o mesmo documento, com as barreiras à adesão, por via da 110 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 obrigatoriedade de submissão de toda a unidade de produção, e por via da obrigatoriedade da comercialização. No que diz respeito à Acção 2.2.2, “Protecção da Biodiversidade Doméstica”, os impactes ambientais esperados desta medida são em geral positivos, nomeadamente no que diz respeito à preservação da biodiversidade e paisagem, sendo que a AAE do programa destaca que os sistemas associados à biodiversidade doméstica, são, em geral, sistemas tradicionais de regadio, com baixa eficiência, nomeadamente por gravidade e associados a grandes mobilizações de solo. O mesmo documento destaca ainda, que o encabeçamento máximo previsto é elevado. No tocante à Acção 2.2.3 “Conservação e Melhoramento dos Recursos Genéticos” o impacte ambiental desta acção é essencialmente um impacte indirecto sobre a biodiversidade, por promoção da preservação de raças autóctones. A AAE não reconhece impactes negativos significativos, bem como realça que as condições de acesso e compromissos descritos para esta acção reflectem os objectivos especificados. No que diz respeito à operacionalização da medida e das acções que a integram cumpre destacar que a operacionalização das acções 2.2.1 e 2.2.2 no período em análise foi condicionada ao constrangimento genérico a que todos os apoios agro-ambientais foram sujeitos e que resultaram em primeira linha, da tardia aprovação do ProDeR e da abertura de candidaturas no seu âmbito. O primeiro período de candidatura às medidas agro-ambientais no âmbito do ProDeR, no qual se incluiu as candidaturas às acções 2.2.1 e 2.2.2, realizou-se no período de 28 de Setembro a 15 de Novembro 2007. Este período surge depois de um interregno de 2 anos agrícolas (2005-2006; 2006-2007), durante a vigência do programa RURIS, em que não houve candidaturas a estas medidas. A abertura do período especial de candidatura às medidas agro-ambientais surge condicionado à aprovação do ProDeR, que só veio a ser aprovado em Janeiro de 2008 e o processo de recepção das candidaturas complicou-se pelas dificuldades inerentes ao sistema de informação, ainda em fase de desenvolvimento à data. Nesta conjuntura o número de candidaturas às acções em referência pode ter sido afectado, sendo que foi indiscutivelmente inferior ao de períodos de candidatura anteriores (no âmbito do RURIS). A adesão dos agricultores, é em primeira análise determinada pelo carácter apelativo das mesmas e, na verdade, um factor determinante do seu sucesso e eficácia. Do trabalho empírico realizado, junto dos beneficiários e outros intervenientes, foi possível constatar outros aspectos que condicionaram a operacionalização e eficácia das acções que integram a medida 2.2, nomeadamente a adesão dos beneficiários, nesta fase inicial do programa. Estes aspectos são abordados de seguida e a sua pertinência para a prossecução dos objectivos das acções analisadas. Instituto Superior Técnico 111 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Exigência dos compromissos, extinção e/ou compactação do número de medidas: este aspecto foi identificado em particular relativamente à acção 2.2.1 “Alteração dos Modos de Produção”, da Medida 2.2 “Valorização dos Modos de Produção”. Constata-se, por um lado, que o vasto número de medidas existentes no anterior Programa de Desenvolvimento Rural surgem compactadas na acção “Alteração dos modos de Produção”. Esta compactação pode ser um factor adverso à adesão dos agricultores pela exigência da própria medida, que obriga a submeter toda a superfície agrícola e/ou florestal da unidade de produção ao modo integrado ou modo de produção biológico segundo os respectivos normativos; para além da exigência em termos de compromissos identificou-se que a adesão a esta medida é determinada pela própria natureza das explorações agrícolas onde em geral se praticam diferentes actividades agrícolas, algumas das quais marginais e cuja conversão na totalidade para um dos modos de produção - integrado ou biológico não é viável; Foi igualmente identificado o descontentamento dos beneficiários face ao desaparecimento da protecção integrada, cujas normas de produção são menos exigentes do que os modos de produção acima referenciados. Ainda em relação à acção 2.2.1 identificou-se alguma distorção entre aquilo que são os objectivos ambientais da acção e os efeitos que podem resultar da sua operacionalização. A forma como o apoio é atribuído às áreas forrageiras, em função do efectivo pecuário até ao limite de 1 ha/CN (com excepção dos equídeos), tipifica o efeito que se pretende demonstrar. Na verdade esta forma de cálculo é um incentivo ao aumento do encabeçamento, uma vez que quanto maior for o encabeçamento (dentro do limite estabelecido) maior será, para a mesma superfície proposta, o apoio recebido. Este aumento de encabeçamento pode ser ambientalmente indesejado em muitas regiões sendo que a forma de cálculo deve ser revista. Outro aspecto identificados durante o trabalho empírico e que se considera relevante para a operacionalização da medida e alcance dos seus objectivos é o facto de todas as culturas de Outono-Inverno estarem incluídas na categoria “Culturas Temporárias de Sequeiro” independentemente de serem de regadio ou não. A sugestão recolhida junto dos beneficiários é de que, quando regadas, sejam pagas como culturas temporárias de regadio. Importa referir que a Portaria 427-A de 23 de Abril de 2009 contempla esta situação, tendo sido criado um escalão de apoio intermédio; No que diz respeito às práticas culturais e de gestão relacionadas com a preservação dos recursos naturais, a que se refere a subalínea b) do nº 1 do artigo 9º da portaria 229-B/2008 de 6 Março, e em relação ao recurso Biodiversidade identificou-se que, quando se recorre à monda química, a obrigação de assegurar que pelo menos 5% da área da parcela não é sujeita a tal prática, é de difícil cumprimento no caso do regadio, considerando que esses 5% são área semeada. A monda química impõe-se no regadio como prática fitosanitária na ausência da qual 112 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 a colheita é praticamente inviabilizada. Assim, verificou-se que, quer ambientalmente, quer do ponto de vista económico, não há vantagem em impor esta obrigação no caso do regadio sobre área semeada. A mesma Portaria referida acima introduz alterações relativamente a este item; Ainda em relação ao recurso Biodiversidade, verificou-se que em relação à cultura de arroz, integrada na categoria “Culturas Temporárias de Regadio” a obrigação de assegurar, na envolvente dos canteiros com mais de 5 há vegetação ripícola numa área fixa não inferior a 5% da área do canteiro, não é muitas vezes exequível, devendo ser a sua adequação avaliada; De novo, as alterações introduzidas pela Portaria 427-A de 23 de Abril de 2009 permitem ultrapassar este constrangimento que foi identificado. Em relação ao compromisso “sementeira directa” complementar a ambas os modos e produção contemplados na acção 2.2.1 verificou-se que apenas um número relativamente pequeno de agricultores dentro do universo aderente a esta acção optou pela utilização de sementeira directa. Os valores são de 3 730 ha em 2007 e de 6 037 ha em 2008. As causas para esta curta adesão foram identificadas como sendo de três tipos: a) a percepção de que a sementeira directa é uma prática unicamente compensadora para terrenos de áreas consideráveis. Foram identificadas em relação a este aspecto as seguintes sugestões para diminuir a incidência desta causa: o aumento do valor da ajuda numa fase inicial (de adopção da prática), ocorrendo degressividade no tempo, o que serviria para demonstrar ao agricultor a competitividade da prática em qualquer escalão de área; alterar a percepção dos agricultores, mediante a realização de acções de promoção e demonstração da sementeira directa e, por último, promover a aquisição de equipamentos e maquinaria por cooperativas ou outras estruturas locais, permitindo o arrendamento de semeadores e eliminando a necessidade de aquisição de máquinas por agricultores de minifúndio; b) a estrutura da propriedade, uma vez que parte dos agricultores que praticam ou estariam interessados em praticar sementeira directa são arrendatários de terra com contratos orais, e portanto passíveis de serem quebrados a qualquer altura, ou então contratos de curta duração. Agricultores nestas circunstâncias não poderão assumir o compromisso de manter a prática durante o período de vigência do ProDeR; c) o facto da sementeira directa se encontrar integrada no MPRODI e MPB. Os agricultores que estariam potencialmente interessados em realizar sementeira directa podem não estar interessados em adoptar o MPRODI ou o MPB na totalidade da sua unidade produtiva. Como forma de ultrapassar esta última limitação, surgiu uma nova medida de sementeira directa não integrada em nenhum modo de produção. Esta medida encontra-se já regulamentada pela Portaria 427A-2009. Em relação à acção 2.2.2 identificou-se a pertinência do facto de as fêmeas reprodutoras de ovinos e caprinos estarem excluídas dos apoios à recria bem como a limitação deste apoio aos efectivos com menos de 10 CN. Em relação ao limite de Instituto Superior Técnico 113 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR encabeçamento imposto, e de acordo com a Autoridade de Gestão, este opção pretende discriminar positivamente o significado da perda de uma fêmea reprodutora de bovinos ou equídeos numa pequena exploração em relação a uma grande exploração, sendo o mesmo critério válido para a opção tomada em relação às raças. DINÂMICA DE CANDIDATURAS No Quadro 38 são apresentados os períodos de candidatura nos anos de 2007 e 2008 para as acções que integram a medida Valorização de Modos de Produção. O período de candidatura aberto em 2007, corresponde ao chamado período especial de candidaturas aos pagamentos/apoios agro-ambientais e silvo ambientais, estabelecido pelo Despacho normativo nº 35-A/2007, e que contemplou para além das acções 2.2.1 e 2.2.2 a medida Intervenções Territoriais Integradas nos termos apresentados na secção correspondente a esta medida. O prazo de candidatura estabelecido pelo despacho normativo nº 35- A/2007 foi alargado posteriormente até 15 de Novembro de 2008. Este alargamento foi definido pelo Gabinete do Ministro da Agricultura, em 31 de Outubro de 2007 conforme publicação no Diário da República, 2.ª série, n.º 217 de 12 de Novembro de 2007, tendo sido a extensão do período de candidatura justificada de acordo com a transcrição: “(…) considerando as dificuldades inerentes à instalação do novo sistema informático de recepção de candidaturas, o prazo concedido ao abrigo do citado diploma revelou-se insuficiente para garantir aos eventuais beneficiários a apresentação atempada das respectivas candidaturas, justificando-se a sua prorrogação”. Em relação às Acções 2.2.1”Alteração de Modos de Produção”e 2.2.2 “Protecção da Biodiversidade Doméstica” houve, no período em análise dois momentos de candidatura, um em 2007, que decorreu de 28 de Setembro a 15 de Novembro e, um segundo período de candidatura em 2008, entre 14 de Março e 15 de Maio. A Acção 2.2.3 “Conservação e Melhoramento dos Recursos Genéticos” contou apenas com um período de candidatura já no ano de 2008 e que decorreu de 1 a 23 de Setembro. Quadro 38 – Períodos de candidatura da Medida 2.2 Candidatura 2007 Candidatura 2008 Acção 2.2.1 – Alteração de Modos de Produção Agrícola 28/09 - 15 /11 14/03 - 15/05 Acção 2.2.2 – Protecção da Biodiversidade Doméstica 28/09 - 15 /11 14/03 - 15/05 - 1/09 - 23/09 2.2 – Valorização de Modos de Produção Acção 2.2.3 – Conservação e Melhoramento de Recursos Genéticos 2.2.3.2 Componente Animal No período de candidatura de 2007 foram apresentados à acção “Alteração de Modos de Produção” 5.520 pedidos de apoio e no segundo período, em 2008, deram entrada 3970, o 114 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 que totaliza, para o período em análise, 9.490 pedidos de apoio (Quadro 39). Relativamente à Acção “Protecção da Biodiversidade Doméstica” contabilizaram-se nos dois anos 7.236 pedidos de apoio, dos quais 5.140 entrados em 2007 e 2.096 em 2008. Note-se que, tendo em conta a própria dinâmica de candidatura, para ambas as medidas e, em relação ao ano de 2008, apenas é apresentada a informação relativa ao número de candidaturas (note-se que, em regra, a candidatura às medidas agro e silvo-ambientais, ocorre entre Fevereiro e 15 de Maio do ano X, o compromisso tem início em 1 de Outubro do ano da candidatura (ano X) e no ano seguinte (ano X+1) há lugar ao pagamento de 70% do montante devido. Os restantes 30% são pagos no ano X+2, sendo que no caso das candidatuars em amostra de controlo, só é efectuado o pagamento desta fracção após controlo de campo. No caso da Acção 2.2.1 e 2.2.2 e, em relação, ao ano de 2007, a diferença entre o número de pedidos de apoio que deram entrada e o número pedidos de apoio pagos é explicada por casos de desistências do pedido de apoio, não cumprimento dos critérios de elegibilidade, que resulta em recusa do pedido, e a situações cujo pagamento está pendente para verificação de campo (controlo in loco, que representa pelo menos 5% dos pedidos de apoio validados por controlo administrativo). O número de desistências do pedido de apoio foi, no ano de 2007, de 423 e 82 para as acções 2.2.1 e 2.2.2, respectivamente. O número de desistências devia ser objecto de uma leitura mais aprofundada que poderia ser conseguida após audição de uma amostra representativa dos requerentes que desistiram do pedido de apoio. Este diagnóstico não foi, contudo, possível de realizar, em tempo útil, para ser incluído no presente relatório. No caso da Acção 2.2.1 o montante de despesa associado à acção no período em análise corresponde a 18.977.838 Euros, que corresponde, a 100% do montante correspondente aos pedidos de 2007 e ao adiantamento de 70% do montante referente a 2008. O montantes de despesa correspondente à Acção 2.2.2 no período em análise é de 3.519.597 Euros, sendo a métrica de pagamento a descrita para a medida 2.2.1. Instituto Superior Técnico 115 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Quadro 39 – Medida 2.2 : Candidaturas submetidas e montantes pagos em 2008 Total de Pedidos Entrados Acção 2.2.1 Acção 2.2.2 Acção 2.2.3.2 Montante Pago (€) Pagos 2007 5.520 4.670 18.977.838 2008 3.970 NA NA Total 9.490 4.670 18.977.838 2007 5.140 4.244 3.519.597 2008 2.096 NA NA Total 7.236 4.244 3.519.597 2007 NA NA NA 2008 52 34a 8.957.858b Total 52 34 8.957.858 Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Por fim, em relação à Acção “ Conservação e Melhoramento dos Recursos Genéticos” não houve candidaturas em 2007 e, em 2008, foram apresentados 52 pedidos, sendo que em 31.12.2008, apenas 34 estavam contratados e pagos. O montante pago correspondente a estes pedidos de apoio no período em análise ascende a 8.957.858 €. Quadro 40 – Execução financeira global da Medida 2.2 (a 31.12. 2008) Medida 2.2 Valorização de modos de produção 2.2.1 Meta (€) Despesa Pública FEADER % Execução 165.888.570,00 135.200.000,00 18.977.399,86 11,44% 29.447.675,00 21.987.598,00 24.000.000,00 17.920.000,00 3.519.597,05 8.975.926,90 11,95% 40,82% 217.323.843,00 177.120.000,00 31.472.923,81 14,48% 2.2.2 2.2.3 (equivalente a 2.2.3.2) Total Montante Pago (€) Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 De seguida analisa-se a execução financeira da Medida 2.2 e das acções que a integram para o ano de 2007. a Valor correspondente ao número de candidaturas já contratadas. b Pagamentos efectuados aos pedidos contratatos a 31 de Dezembro de 2009 (34 pedidos). 116 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 DINÂMICAS DE EXECUÇÃO FINANCEIRA E FÍSICA No Quadro 40 apresenta-se a execução financeira da medida diferenciada por acções. Trata-se da execução financeira em 2008 das candidaturas apresentadas em 2007. À data de 31 de Dezembro de 2008 não existe execução financeira das candidaturas apresentadas em 2008 às acções 2.2.1. e 2.2.2. Verifica-se que face à meta de despesa pública a execução financeira foi à data de 31 de Dezembro de 2008 de 14,48%, sendo na acção 2.2.3 que se verificou a percentagem de execução mais elevada, na ordem dos 41%. No Quadro 41 e Quadro 42 apresentam-se as percentagens de execução dos indicadores de realização e resultado e adicionais específicos do programa, discriminadas por acção, sempre que a informação disponível permitiu o seu cálculo. Os valores apresentados nestes quadros referem-se, no caso da acção 2.2.1 e 2.2. a realização física em 2008 resultante das candidaturas do ano transacto. No caso da acção 2.2.3.2, a execução física e financeira reporta-se ao ano de 2008. Quadro 41 – Execução física da Acção 2.2.1 (a 31.12.2008) Acção 2.2.1 Indicador # de explorações MPB Realização Resultado MPRODI Área (ha) Valor Meta a % Execução 23 500 – 27 000 19,87% 983,00 3 250 - 4 050 27,89% 3976,00 20 250 - 22 950 19,90% 4.670,00 113.549,17 400 000 – 450 000 28,39% MPB 38.221,21 160 000 - 180 000 23,89% MPRODI 75.327,96 240 000 - 270 000 31,39% Biodiversidade 113.549,17 400 000 – 450 000 28,39% Qualidade da água 113.549,17 400 000 – 450 000 28,39% Combate às alt. clim. 79.772,62 150 000 – 190 000 53,18% Qualidade dos solos 113.549,17 400 000 – 450 000 28,39% a A diferença entre o total de explorações e a soma das explorações MPB e MPRODI resulta do facto de existirem explorações com os dois modos e por isso contabilizadas na linha MPB e na linha MPRODI, mas que são contabilizadas só uma vez na linha do n.º total de explorações. Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 A área total sobre apoio agro-ambiental no âmbito da acção 2.2.1, é estimada para o período em análise, em 113.549,17 hectares a que correspondem 4670 explorações agrícolas. Em termos de área o cumprimento da meta prevista para o programa é de 28,39 % e para o número de explorações de 19,87 % (Quadro 41). Não é apresentada a análise extensiva dos indicadores de resultado dado o momento de avaliação, contudo no que diz respeito ao indicador biodiversidade e qualidade dos solos, a percentagem de execução é a mesma que se estimou para o indicador de realização “Área”, uma vez que se considera que toda a área sobre apoio agro-ambiental contribui para esses resultados de igual modo (Quadro 42). O mesmo princípio aplica-se Instituto Superior Técnico 117 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR ao indicadores qualitativos em que se presume ter sido positivo o efeito da acção sobre a qualidade da água e ter a execução da acção contribuído para a manutenção da população de aves comuns em zonas agrícolas. De salientar que a percentagem de cumprimento do indicador “combate às alterações climáticas” face à meta estabelecida para o período de vigência do programa foi de 53,81% com base nas candidaturas de 2007 (Quadro 42). Em relação à acção 2.2.2 verifica-se que o número de explorações sobre apoio agroambiental representa, para o período em análise 47,16 % da meta prevista para o programa (Quadro 42). O número total de animais alvo das acções e programas desenvolvidos no âmbito desta acção e alvo de pagamento agro-ambiental foi de 27.528,88 CN, que representa 68,82 % da meta quantificada para o indicador comunitário de realização correspondente. Quadro 42 – Execução física da Acção 2.2.2 (a 31.12.2008) Acção 2.2.2 Realização Resultado Valor candidaturas 2007 4.244,00 9 000 – 10 000 47,16% Área (CN) 27.528,88 40 000 – 50 000 68,82% Biodiversidade (CN) 27.528,88 40 000 – 50 000 68,82% Indicador # de explorações Meta % Execução Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Os beneficiários do apoio no âmbito da sub-acção 2.2.3.2, no período em análise, foram 34, que são na totalidade associações de produtores, o que aproxima a realização da medida da meta quantificada para o indicador comunitário correspondente. Quadro 43 – Execução física da Sub-acção 2.2.3.2 (a 31.12.2008) Acção 2.2.3.2 Realização Indicador Valor (2008) # de explorações ou unidades com outras formas de gestão Área (CN) Meta % Execução 34,00 35-45 97,14% 160.382,84 150 000 CN 106,92% 34,00 250 - 280 13,60% # de candidaturas Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 MEDIDA 2.3 – GESTÃO DO ESPAÇO FLORESTAL E AGRO-FLORESTAL CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DA MEDIDA A Medida “Gestão do Espaço Florestal e Agro-florestal” visa a valorização económica, ambiental e social da floresta, através da redução dos riscos bióticos e abióticos que incidem sobre a floresta portuguesa e da promoção de uma gestão activa e profissional dos espaços florestais e agro-florestais, em coerência com a Estratégia Nacional para as Florestas e o Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios. Nesse sentido, a medida 2.3 compreende as seguintes intervenções: Primeira florestação de terras agrícolas, Primeira implantação de sistemas agro-florestais em terras 118 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 agrícolas, Primeira florestação de terras não-agrícolas, Restabelecimento do potencial produtivo silvícola, Introdução de medidas de prevenção florestal e a realização de investimentos não produtivos. Quadro 44 – Acções da Medida 2.3 Acção/Subacção 2.3.1 Minimização dos Riscos 2.3.1.1 Defesa da Floresta Contra Incêndios 2.3.1.2 Minimização de riscos bióticos após os incêndios 2.3.2 Ordenamento e Recuperação dos Povoamentos 2.3.2.1 Recuperação do potencial produtivo 2.3.2.2 Instalação do sistemas florestais e agro-florestais 2.3.3 Valorização Ambiental dos Espaços Florestais 2.3.3.1 Promoção do valor ambiental dos espaços florestais 2.3.3.2 Reconversão de povoamentos com fins ambientais 2.3.3.3 Protecção contra agentes bióticos nocivos Regulamento de aplicação Portaria n.º 1137-C/2008, de 9 de Outubro, com as correcções introduzidas pela Declaração de Rectificação n.º 73/2008. Portaria n.º 1137-B/2008, de 9 de Outubro, com as correcções introduzidas pela Declaração de Rectificação n.º 72/2008 e as alterações introduzidas pela Potaria n.º 147/2009, de 6 de Fevereiro. Portaria n.º 1137-D/2008, de 9 de Outubro, com as correcções introduzidas pela Declaração de Rectificação n.º 74/2008 e as alterações introduzidas pela Portaria n.º 147/2009, de 6 de Fevereiro. Esta medida é concretizada através de três Acções, que prosseguem os seguintes objectivos: • Aumentar a resiliência da floresta aos incêndios e ataques de agentes bióticos nocivos; • Valorizar as funções ambientais e sociais dos espaços florestais; • Aumentar a rentabilidade e a sustentabilidade económica do sector florestal, numa óptica multifuncional; • Contribuir para a coesão territorial. Os investimentos apoiados nesta medida decorrem segundo dois eixos principais. Por um lado a promoção da gestão profissional dos espaços florestais e por outro a valorização da gestão multifuncional dos espaços florestais e agro-florestais. Em Outubro de 2008 foram publicadas as portarias que regulamentam o acesso aos apoios previstos nas Acções 2.3.1. “Minimização dos Riscos”, 2.3.2 “Ordenamento e Recuperação dos Povoamentos” e 2.3.3. “Valorização Ambiental dos Espaços Florestais”. As intervenções a realizar com o apoio da medida 2.3 terão em linha de conta o zonamento das funções principais das sub-regiões homogéneas dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal e Instituto Superior Técnico 119 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR a cartografia estrutural de risco de incêndio, definida no âmbito do Sistema Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios. Importa ainda referir o contributo desta medida para o Programa Nacional para as Alterações Climáticas, por via da redução da emissão de carbono e também através do sequestro do carbono atmosférico. Nessa perspectiva, merecem destaque os apoios previstos nas Acções Minimização dos Riscos e Ordenamento e Recuperação dos Povoamentos (gestão de combustíveis, instalação de novos povoamento, reinstalação da floresta pós-incêndios, valorização ambiental dos espaços florestais e reconversão de povoamentos de eucalipto e pinheiro-bravo marginais). No quadro da intervenção da medida 2.3, são considerados prioritários os projectos que incidam em Zonas de Intervenção Florestal (ZIF) ou apresentados por entidades gestoras de áreas comunitárias (baldios), integrados num Plano de Gestão Florestal (PGF) e/ou com o Plano de Defesa da Floresta Contra Incêndios (Intermunicipal, Municipal ou local (ZIF)). A Acção 2.3.1. Minimização dos Riscos compreende duas subacções: 2.3.1.1 Defesa da Floresta Contra Incêndios e 2.3.1.2 Minimização de riscos bióticos após incêndios. Verifica-se que esta Acção tem o foco nos incêndios florestais, quer a montante, no plano preventivo, quer a jusante, na intervenção de controlo da incidência de pragas e doenças e de plantas invasoras lenhosas. Assim, ao nível da Defesa da Floresta Contra Incêndios são apoiadas os investimentos na prevenção estrutural (Sub-acção 2.3.1.1), na gestão estratégica dos combustíveis e na infra-estruturação do território (rede primária de faixas de gestão de combustível, mosaicos de parcelas de gestão de combustível, rede de pontos de água), tornando-o mais resiliente face aos incêndios florestais, em articulação com os planos municipais e intermunicipais de defesa da floresta (a Sub-acção 2.3.1.1 apoia ainda a criação e actualização de sistemas de informação em DFCI relativos a base de dados de redes regionais, quando complementares dos investimentos anteriores e em parceira com a AFN), enquanto que a Sub-acção 2.3.1.2 intervém após o incêndio, com o objectivo expresso da minimização dos impactes nas áreas ardidas e adjacentes quer por pragas e doenças nocivas, quer por espécies invasoras lenhosas exóticas, através da aplicação de operações silvícolas e medidas preventivas adequadas e do controlo/gestão do agente biótico nocivo. Numa perspectiva da promoção da arborização e também da multifuncionalidade dos espaços florestais e agro-florestais (p.e., contribuir para o cumprimento do Protocolo de Quioto), a Acção 2.3.2 Ordenamento e Recuperação dos Povoamentos visa o restabelecimento do potencial produtivo das áreas percorridas por incêndios ou por agentes bióticos nocivos na sequência dos incêndios, bem como a realização de intervenções de estabilização de emergência após incêndios, a qual exige como condição prévia que as operações têm que estar descritas em relatório de avaliação após incêndio e serem executadas num prazo de 6 meses após a ocorrência de incêndio (Subacção 2.3.2.1.). Esta Acção promove ainda a instalação de sistema florestais e agro-florestais, 120 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 por via da florestação de terras agrícolas e não agrícolas e a constituição de sistemas agro-florestais em terras agrícolas (Sub-acção 2.3.2.2), com ênfase para a instalação de folhosas produtoras de madeira de qualidade. Num outro contexto surge a valorização ambiental dos espaços florestais. Concretizada através da Acção 2.3.3, os objectivos são concretizados através de três Subacções, a saber: 2.3.3.1 Promoção do valor ambiental dos espaços florestais, 2.3.3.2 Reconversão de povoamentos com fins ambientais e 2.3.3.3 Protecção contra agentes bióticos nocivos. A Acção 2.3.3 Valorização Ambiental dos Espaços Florestais visa a maximização da oferta de bens e serviços intangíveis produzidos nos ecossistemas florestais, ou seja, a valorização das funções ambientais e sociais dos espaços florestais, designadamente através do controlo dos processos de erosão, da manutenção e recuperação de paisagens notáveis e de montados de azinho notáveis inseridos na Rede Natura 2000 e ainda de galerias ripícolas e corredores ecológicos. Esta Acção tem também como objecto a recuperação, com fins ambientais, de povoamentos florestais de eucalipto e pinheiro bravo ecologicamente desajustados e ainda o apoio financeiro ao controlo do nemátodo da madeira do pinheiro e à recuperação de montados de sobro e azinho e de povoamentos de castanheiro em declínio, bem como ao controlode espécies lenhosas não indígenas. No que se refere aos regimes de apoio, as três Acções têm regimes diferenciados, embora com um denominador comum assente na majoração dos apoios para as Zonas de Intervenção Florestal, entidades gestoras de Baldios e Organismos da Administração Central, cujo nível de apoio em determinadas circunstâncias pode atingir a totalidade do investimento elegível. Na Sub-acção 2.3.1.1 Defesa da Floresta Contra Incêndios não são elegíveis os investimentos referentes a actividades agrícolas, incluindo pastagens, em rede primária de faixas de gestão de combustível que beneficiem de apoio agro-ambiental. As intervenções no âmbito desta Sub-acção apenas são elegíveis quando respeitam a coerência dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal e outros instrumentos de planeamento e gestão (Planos de DFCI municipais e intermunicipais e das ZIF) e disponham de autorização dos titulares dos espaços onde incidam as operações de investimento. Esta Sub-acção preconiza uma diferenciação dos limites de apoio, com um máximo de 500 mil Euros para as ZIF, Fundos de Investimento Imobiliário Florestais e Organismos da Administração Central. Igualmente são estipulados níveis de apoio entre 50% e 100%, estes para as Entidades Gestoras de ZIF, Órgãos de Administração de Baldios e Organismos da Administração Central para a instalação da rede primária de faixas de gestão de combustíveis. A Sub-acção 2.3.1.2 Minimização de Riscos Bióticos Após Incêndios considera uma diferenciação dos limites de apoio idêntica à Sub-acção 2.3.1.1, contemplando níveis de apoio a 100% para as Entidades Gestoras de ZIF, Órgãos de Administração de Baldios e Instituto Superior Técnico 121 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Organismos da Administração Central para os projectos que incidam nas áreas de intervenção prioritárias indicadas no aviso de abertura do concurso. A Sub-acção 2.3.2.1 Recuperação do Potencial Produtivo, à semelhança das Sub-acções anteriores, estabelece uma diferenciação dos limites de apoio, com um máximo de 1.000.000€ para as ZIF, Fundos de Investimento Imobiliário Florestais e Organismos da Administração Central. Igualmente são estipulados níveis de apoio entre 50 e 70% para os investimentos de reabilitação e reflorestação, que ascendem a 100% para as Entidades Gestoras de ZIF, Órgãos de Administração de Baldios e Organismos da Administração Central e restantes beneficiários para intervenções de estabilização de emergência após incêndio e reabilitação de habitats florestais em áreas classificadas. A Sub-acção 2.3.2.2 Instalação de Sistemas Florestais e de Sistemas Agro-Florestais, também estabelece uma diferenciação dos limites de apoio, com um máximo de 700.000€ para as ZIF, Fundos de Investimento Imobiliário Florestais e Organismos da Administração Central. Igualmente são estipulados níveis de apoio entre 50 e 70%, modulados em função da natureza da espécie utilizada na florestação (folhosas/resinosas) e do tipo de beneficiário, para os investimentos de florestação de terras agrícolas e de terras não agrícolas, que ascendem a 70% para as Entidades Gestoras de ZIF, Órgãos de Administração de Baldios e Organismos da Administração Central, no caso da arborização com folhosas. Na instalação de sistemas agro-florestais, são concedidos apoios a 50%, independentemente do tipo de beneficiário. No que concerne aos prémios à perda de rendimento, cujo máximo são 15 anos, é aplicada uma modulação em função da dimensão da superfície arborizada e do tipo de beneficiário (agricultor/outros beneficiários), sendo estes prémios objecto de majoração (30%) quando utilizem na arborização espécies folhosas produtoras de madeiras de elevada qualidade. Na Sub-acção 2.3.3.1 os investimentos elegíveis visam apoiar as despesas relacionadas com o controlo de processos de erosão, em zonas degradadas ou em risco de erosão acentuada localizadas em áreas submetidas ao regime florestal ou com elevada susceptibilidade à desertificação, incluindo obras de restauração do ecossistema dunar, despesas com a manutenção e recuperação de paisagens notáveis (incluindo a instalação de equipamentos e infra-estruturas de carácter lúdico), as despesas de manutenção e recuperação de montados de azinho notáveis inseridos na Rede Natura 2000 e ainda a manutenção e recuperação de galerias ripícolas (representativas de etapas evoluídas ou climácias da bio-região onde estão inseridas) e corredores ecológicos. Aplica-se o nível de apoio máximo (100%) a todos os beneficiários para o investimento nesta Sub-acção, com um máximo de 100.000€ para as ZIF, Fundos de Investimento Imobiliário Florestais, Organismos da Administração Central e organismos da administração local e associação intermunicipal. Esta Sub-acção não se aplica aos territórios alvo da medida 2.4 Intervenções Territoriais Integrados. Na Sub-acção 2.3.3.2 são elegíveis as despesas relacionadas com a reconversão de povoamentos florestais ecologicamente desajustados com recurso a espécies autóctones, 122 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 de alto valor ecológico e ambiental, em respeito com os objectivos e metas dos PROF. São concedidos apoios entre 60 a 70% do total do investimento elegível, majorados em função do tipo de beneficiário (ZIF, Órgão de Administração de Baldios e Organismos da Administração Central). É estabelecido um tecto máximo 700.000€ para as ZIF, Fundos de Investimento Imobiliário Florestais e Organismos da Administração Central. Na Subação 2.3.3.3 são apoiadas as intervenções de controlo do nemátodo da madeira do pinheiro nas áreas definidas em concurso pela AFN, cujas despesas elegíveis são suportadas a 100% para todos os beneficiários. Esta Subacção apoia ainda os investimentos para a recuperação de montados de sobro e azinho e povoamentos de castanheiro em declínio, contemplando ajudas a 100% para as ZIF, Órgãos Administradores de Baldios e Organismos da Administração Central e de 80% para os restantes beneficiários. Nesta Sub-acção são também contemplados apoios para o controlo de espécies invasoras lenhosas, compreendidos entre 50 e 80% das despesas elegíveis. Os apoios a conceder são objecto de modulação em função do tipo de beneficiário e da localização da intervenção em áreas com problemas de estabilidade ecológica. A Subacção 2.3.3.3 estabelece um tecto máximo de 1.000.000€ para as ZIF, Fundos de Investimento Imobiliário Florestais, Organismos da Administração Central. No que se refere aos trâmites processuais, a Autoridade de Gestão preparou as normas para Concurso, Recepção, Análise e Decisão dos Pedidos de Apoio e de Pagamento relativa às três Acções da Medida 2.3 (respectivamente, normas n.º N68/D3/2.3.1/2/2008, N69/D3/2.3.2/2/2008 e N67/D3/2.3.3/2/2008). A norma relativa à aplicação da Acção 2.3.3 entrou em vigor em 14.11.2008 e as demais normas (Acção 2.3.1 e Acção 2.3.2) em 2.12.2008. Do trabalho empírico avultaram os comentários à concepção e implementação desta Medida, dos quais se salientam os que são apresentados de seguida. Aspectos positivos • O alargamento do espectro das intervenções susceptíveis de beneficiar de apoios comunitários no espaço florestal, nomeadamente ao nível da protecção da floresta e da valorização ambiental dos espaços florestais. • O princípio geral da priorização a investimentos agrupados e articulados, designadamente nas ZIF e áreas comunitárias (baldios), o que permite obter escala para as intervenções. • A valorização das ZIF como solução efectiva para a intervenção no território, por via da majoração das ajudas e dos limites máximos do apoio. • A valorização do planeamento territorial no enquadramento das ajudas, designadamente ao nível dos Planos Municipais e Intermunicipais de Defesa da Floresta e dos Planos Regionais de Ordenamento Florestal. Instituto Superior Técnico 123 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR • Nível de apoio a 100% para os investimentos não produtivos, tais como a abertura de faixas de gestão de combustível e para as acções de controlo do Nemátodo da madeira do pinheiro para as entidades gestoras de ZIF, Entidades Gestoras de Baldios e Organismos da Administração Central. • A efectiva intervenção da AFN na emissão de pareceres na Acção 2.3.1.1., na definição de critérios de elegibilidade e nas prioridades de intervenção na Acção 2.3.1.2. e na definição das orientações e zonas críticas de intervenção para a protecção da floresta contra os agentes bióticos na Sub-acção 2.3.3.3. (intervenções de controlo do nemátodo da madeira do pinheiro). • Alargamento do conceito de “terras agrícolas” para efeitos da aplicação da Medida de primeira florestação das terras agrícolas, que passa a incluir a constituição de cortinas de abrigo. • Criação de apoios à instalação de sistemas agro-florestais em terras agrícolas, o que será uma medida mais adequada à realidade dos espaços rurais nacionais de algumas regiões do país. • Obrigatoriedade do cumprimento de boas práticas florestais e da condicionalidade (só para terras agrícolas) nas acções de florestação e de gestão dos povoamentos florestais instalados. • Majoração em 30% dos prémios por perda de rendimento à primeira florestação de terras agrícolas com espécies folhosas produtoras de madeira de elevada qualidade. • Extensão do prémio à manutenção às terras agrícolas abandonadas, o que revela coerência com as dinâmicas do mundo rural. • Estabelecimento de critérios de coerência técnica, baseados no enquadramento dos investimentos com os objectivos e metas dos PROF. • Introdução de novos apoios, dirigidos à valorização ambiental dos espaços florestais e ao combate à desertificação, incluídos nas Subacções 2.3.3.1. e 2.3.3.2. • Exclusão dos apoios à reconversão de povoamentos florestais com recurso a espécies de rápido crescimento exploradas em rotações inferiores a 15 anos (Subacção 2.3.3.2). • Introdução de apoios específicos para fazer face a questões fitossanitárias de reconhecido impacte na floresta portuguesa, designadamente o nemátodo do pinheiro e o declínio do montado de sobro e azinho e dos povoamentos de castanheiro (Subacção 2.3.3.3). • A obrigatoriedade de apresentação do Plano de Gestão Florestal para os investimentos dirigidos à melhoria dos povoamentos florestais é uma condição de garantia de 124 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 sustentabilidade técnica das intervenções e constitui um passo importante com vista à certificação da gestão. Aspectos negativos • As demoras na abertura dos concursos às candidaturas às Acções 2.3.1, 2.3.2 e 2.3.3, com as repercussões na capacidade de intervenção no terreno em 2009. Refira-se que as Sub-acções 2.3.1.2 e 2.3.3.1 não chegaram a abrir concurso para a apresentação de pedidos de apoio em 2008. • As demoras na operacionalização dos Planos de Gestão Florestal motivaram a publicação de um regime de excepção para a sua apresentação no quadro das Acções 2.3.2 e 2.3.3, de acordo com a Portaria n.º 147/2009, de 6 de Fevereiro. • Os apoios à florestação de terras agrícolas não fazem uma diferenciação positiva aos agricultores a título principal. • A falta de conjugação dos territórios classificados (Matas Nacionais e outras áreas submetidas a regime florestal, rede nacional de áreas protegidas e rede natura 2000) com a zonagem do continente segundo a probabilidade de ocorrência de incêndio (classes média a muito alta) e zonas críticas, na Sub-acção 2.3.1.1. • Diminuição do período de vigência dos prémios por perda de rendimento de 20 anos no anterior QCA para 15 anos para a florestação de terras agrícolas (Sub-acção 2.3.2.2). • Desligamento da majoração das ajudas ao investimento e dos prémios por perda de rendimento para a florestação de terras agrícolas em zonas desfavorecidas – zonas de montanha e zonas susceptíveis à desertificação (Sub-acção 2.3.2.2). DINÂMICA DE CANDIDATURAS Todas as Acções da Medida 2.3 foram objecto de abertura de concurso para a apresentação de pedidos de apoio durante 2008, conforme se apresenta no Quadro 45. Verifica-se, contudo, que não foram abertos concursos para a Sub-acção 2.3.1.2. e a Subacção 2.3.3.1. Instituto Superior Técnico 125 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Quadro 45 – Avisos de abertura de concurso da Medida 2.3 (2008) Medidas / Acções / Subacções 2.3.1 Minimização dos riscos 2.3.1.1 Defesa da Floresta Contra Incêndios 2.3.2 Ordenamento e recuperação de povoamentos 2.3.2.1 Recuperação do potencial produtivo 2.3.2.2 Instalação de sistemas florestais e agro-florestais 2.3.3 Valorização ambiental dos espaços florestais 2.3.3.2 Reconversão de povoamentos com fins ambientais 2.3.3.3 Protecção Contra Agentes Bióticos Aviso 01-231-2008, de 14.11.2008 Periodo Concurso 02/12/08 a 15/03/09 Montante Concurso 9.000.000,00€ 19.000.000,00€* 01-232-2008, de 14.11.2008 02/12/08 a 31/03/09 10.000.000,00€ 9.000.000,00€ 13.000.000,00€* 01-233-2008, de 14.11.2008 24/11/08 a 28/02/09 6.000.000,00€ 24/11/08 a 15/01/09 7.000.000,00€ * No caso de não ocorrer o esgotamento da dotação orçamental de uma Sub-acção, o saldo pode reverter para a outra Sub-acção. Foram ainda disponibilizadas as orientações técnicas específicas relativas pedidos de apoio que respeitam os concursos abertos para as Acções da medida 2.3. Pese embora os concursos tenham aberto em finais de 2008, os primeiros pedidos de apoio apenas foram recepcionados já em 2009, pelo que não se procede à análise das candidaturas admitidas a concurso nas três Acções da medida 2.3. MEDIDA 2.4 – INTERVENÇÕES TERRITORIAIS INTEGRADAS CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE CRÍTICA DA MEDIDA As Intervenções Territoriais Integradas (ITI) constituem uma abordagem conjugada de vários instrumentos de política coerentemente aplicados num território condicionado a um objectivo dominante, a conservação de valores naturais ou paisagísticos. Cada ITI é específica do território para que foi criada, de acordo com as suas condições particulares. A medida n.º 2.4, “Intervenções Territoriais Integradas”, insere-se no Eixo 2, Melhoria do ambiente e da paisagem rural e no Eixo 3 – Qualidade de vida nas zonas rurais e diversificação da economia rural e visa promover uma gestão dos sistemas agrícolas e florestais adequada à conservação de valores de biodiversidade e de manutenção da paisagem em áreas designadas da Rede Natura e na Zona Demarcada do Douro. A medida “Intervenções Territoriais Integradas” compreende as seguintes acções: Acção 2.4.1 – Apoio à Gestão das ITI Acção 2.4.2 – Programas de Gestão para Intervenções Territoriais Integradas 126 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Acção 2.4.3 - Intervenção Territorial Integrada Douro Vinhateiro Acção 2.4.4 - Intervenção Territorial Integrada Peneda–Gerês Acção 2.4.5 - Intervenção Territorial Integrada Montesinho-Nogueira Acção 2.4.6 - Intervenção Territorial Integrada Douro Internacional Acção 2.4.7 - Intervenção Territorial Integrada Serra da Estrela Acção 2.4.8 - Intervenção Territorial Integrada Tejo Internacional Acção 2.4.9 - Intervenção Territorial Integrada Serras de Aire e Candeeiros Acção 2.4.10 - Intervenção Territorial Integrada Castro Verde Acção 2.4.11 - Intervenção Territorial Integrada Costa Sudoeste ACÇÃO 2.4.1 – APOIO À GESTÃO DAS ITI A acção, Acção 2.4.1 – Apoio à Gestão das ITI, é uma acção horizontal que se destina a apoiar as parcerias envolvidas na gestão local de cada uma das intervenções territoriais. A implementação das Intervenções Territoriais Integradas (ITI), exige a criação de competências locais para a sua dinamização e acompanhamento. Neste sentido, cada ITI será dinamizada por uma Estrutura Local de Apoio (ELA). A ELA tem como funções a preparação de uma estratégia para sensibilização da população alvo da intervenção para o ambiente e objectivos da intervenção, a emissão de normas subsidiárias e de pareceres sobre os investimentos não produtivos a executar nos respectivos territórios de intervenção, a preparação de informação e documentação relevante à boa execução da operação, o acompanhamento técnico dos beneficiários e a monitorização de impactos da operação, no âmbito dos compromissos agro e silvo ambientais contratados. Esta acção é regulamentada pela Portaria nº 596-B/2008 de 8 de Julho com as alterações introduzidas pela Portaria n.º 1229-B/2008 de 27 de Outubro. Assim são objectivos desta acção, que tem como beneficiários as ELA, constituídas em parceria público-privada nos termos a aprovar pela autoridade de gestão: a) Elaboração e implementação de normas técnicas e outras orientações para protecção e gestão dos sistemas agrícolas e florestais relacionados com os sítios «Natura 2000» e outros locais de elevado valor natural no quadro de intervenções territoriais integradas; b) Sensibilização das populações alvo das ITI e aconselhamento técnico aos seus beneficiários no âmbito dos compromissos agro -silvo -ambientais contratados. Instituto Superior Técnico 127 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR ACÇÃO 2.4.2 – PROGRAMAS DE GESTÃO PARA INTERVENÇÕES TERRITORIAIS INTEGRADAS Acção que se destina à preparação dos instrumentos de planeamento necessários para uma adequada gestão dos sistemas agrícolas e florestais relevantes para a conservação dos valores Natura 2000. Não se encontra regulamentada até à data, e portanto não é objecto de qualquer análise no presente relatório de avaliação). ACÇÕES 2.4.3 A 2.4.11 – INTERVENÇÕES TERRITORIAL INTEGRADAS As acções 2.4.3 a 2.4.11 compreendem uma componente agro e silvo-ambiental (unidades de produção e baldios) bem como investimentos não produtivos associados às mesmas. São objectivos destas acções contribuir para a preservação de habitas e de determinadas espécies florísticas e faunistícas ameaçadas através da gestão de: a) Espaços cultivados de grande valor natural, suporte de valores de biodiversidade e de manutenção da paisagem; b) Espaços florestais onde as espécies florestais autóctones, a diversidade específica e a riqueza florística e faunística fundamentais à biodiversidade e à preservação dos valores ecológicos e biológicos estejam presentes. A aplicação das componentes agro e silvo ambientais das acções 2.43 a 2.4.11 são regulamentadas pela portaria 232-A/2008 de 11 de Março, com as alterações introduzidas pela portaria nº 964-A/2008 de 28 de Agosto. Os investimentos não produtivos associados a estas componentes pretendem contribuir para a realização dos objectivos da ITI a que dizem respeito, através do financiamento de investimentos complementares, considerados não produtivos, indispensáveis à concretização dos respectivos compromissos agro-ambientais e silvo-ambientais e à preservação da paisagem. A aplicação destes investimentos não produtivos é regulamentada pela portaria 596-C/2008 de 8 de Julho. Cada ITI é específica do território para que foi criada, de acordo com as suas condições particulares. Os pagamentos agro-ambientais e silvo-ambientais aplicados em cada ITI são os discriminados no Quadro 46 e Quadro 47. Os beneficiários dos apoios (pagamentos agro e silvo ambientais e investimentos não produtivos associados) no âmbito desta acção podem ser agricultores que revistam a natureza privada, detentores de uma unidade de produção com parcelas agrícolas situadas, no todo ou em parte, na área de incidência da ITI ou órgãos de administração de baldios, nos termos definidos na portaria que regulamenta a sua aplicação. 128 Instituto Superior Técnico (9) Conservação dos soutos notáveis da Terra Fria (8) Gestão do pastoreio em formações arbustivas mediterrânicas (6) Manutenção de pastagens permanentes com alto valor natural (7) Manutenção de pastagens permanentes de sequeiro naturais ou melhoradas (5) Sementeira directa (3) Manutenção de Socalcos Montesinho Nogueira (4) Manutenção da rotação de sequeiro cereal-pousio (2) Ajuda à conservação da estrutura ecológica de base Peneda Gerês (1) Gestão do pastoreio em áreas de baldio Douro Vinhat. Douro Inter. Serra da Estrela Tejo Inter. Quadro 46– Tipo de aplicação e incidência dos pagamentos agro-ambientais Aire e Candeeiros Castro Verde Costa Sudoeste (5) Manutenção de maciços, bosquetes ou núcleos de espécies arbóreas ou arbustivas autóctones e de exemplares e formações reliquiais ou notáveis (6) Manutenção de galerias ripícolas (7) Conservação da rede de corredores ecológicos Instituto Superior Técnico (4) Requalificação de matagais estremes de baixo valor de conservação 130 (3) Conservação e recuperação da diversidade inter-específica nos povoamentos florestais (2) Renaturalização de montados de azinho (1) Renaturalização de manchasflorestais Peneda Gerês Montesinho Nogueira Douro Inter. Serra da Estrela Tejo Inter. Aire e Candeeiros Quadro 47 – Tipo de aplicação e incidência dos pagamentos silvo-ambientais Castro Verde Costa Sudoeste Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 As candidaturas aos investimentos não produtivos, não têm natureza forfetária, sendo a sua concessão condicionada à apresentação de projecto que, após parecer da ELA, será objecto de análise e decisão pela Autoridade de Gestão, havendo lugar à comprovação de todas as despesas efectuadas e previamente aprovadas. Para além do cumprimento dos requisitos relativos à condicionalidade, ao cumprimento dos requisitos mínimos relativos à utilização de adubos e produtos fitofarmacêuticos, para aceder a qualquer pagamento agro ou silvo ambiental, o beneficiário deverá cumprir ainda as condições gerais de acesso e respeitar os compromissos gerais na totalidade da área agrícola e agro-florestal declarada, no primeiro caso, e na totalidade da área florestal declarada, no segundo caso. Em qualquer dos casos deve o beneficiário ainda respeitar as condições específicas da área de incidência. No tocante à apreciação da medida face aos seus objectivos e à operacionalização das acções que a integram, importa realçar um conjunto de aspectos que se enumeram de seguida. A estrutura das condições de acesso e dos compromissos ligam a medida principalmente à conservação da biodiversidade e paisagem, sendo que os efeitos sobre o solo são, de forma directa ou indirecta, positivos. Uma componente particularmente positiva desta medida é a obrigatoriedade de declarar toda a Superfície Agrícola Útil e Superfície Florestal da unidade de produção situada na área geográfica de incidência. Evita-se assim que o cumprimento de compromissos numa componente da exploração seja feito à custa da transferência das actividades mais onerosas em termos ambientais para a área da exploração não sujeita a compromisso. O número de ITIs identificadas no PDR é ainda reduzido face ao número de Sítios e ZPE nos quais as actividades agrícolas e silvícolas se revestem de grande importância, conforme identificado em ICN (2006) e Santos et al. (2006). Entre as condições de acesso e compromissos agro e silvo-ambientais estabelecidos para as ITIs, reconhece-se o esforço de integração de grande parte das orientações de gestão delineadas para essas zonas em ICN (2006) e Santos et al. (2006), apesar de não terem sido incluídas algumas orientações de gestão importantes que potenciam os impactes positivos desta medida sobre a biodiversidade. Do trabalho empírico realizado foi possível constatar outros aspectos que condicionaram a operacionalização e eficácia das acções que integram a medida 2.4, que se enumeram de seguida: No caso da ITI da Costa Sudoeste foi identificado algum desajustamento entre as medidas propostas e à realidade agrícola local; Instituto Superior Técnico 131 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Identificou-se igualmente o carácter pouco atractivo dos pagamentos agro e silvoambientais face às condições de acesso e exigência dos compromissos, nomeadamente a existência de tectos (área). De acordo com o apurado junto da Autoridade de gestão estes tectos são definidos por orientação comunitária. Foi ainda identificado o atraso na implementação das ELA (Estruturas Locais de Apoio) como condicionante dos objectivos da medida; Ainda em relação às ELA verificou-se descontentamento face à sua composição, na medida em que, na perspectiva dos beneficiários, as associações de agricultores que as integram nem sempre são as mais representativas na área de intervenção das ELA respectivas. Nesta medida houve um atraso claro na implementação de várias componentes como sejam o apoio à gestão e os investimentos não produtivos; DINÂMICAS DE CANDIDATURA No Quadro 48 são apresentados os períodos de candidatura para as acções que integram a medida 2.4 “Intervenções Territoriais Integradas” no período em análise. Em relação à acção 2.4.1 “Apoio à gestão das ITI” o primeiro período de candidatura foi aberto em 2008 e decorreu de 5 a 11 de Novembro. Na sequência deste período de candidatura foram apresentados 9 candidaturas – uma candidatura por cada ITI, sendo que no período em análise não houve execução financeira desta acção. Quadro 48 – Períodos de candidatura Medida 2.4 2.4 – Intervenções Territoriais Integradas Acção 2.4.1 – Apoio à Gestão das ITI Acção 2.4.3 a 2.4.11 – Intervenções territoriais integradas Candidatura 2007 Candidatura 2008 - 05/11 - 14/11 28/09 - 15 /11 14/03 - 15/05 Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Em relação às acções 2.43 a 2.411 verificou-se que foram apresentados um total de 6.132 pedidos nos períodos de candidatura abertos no período em análise, sendo que no período especial de candidatura de 2007 foram apresentados 3929 e no período de candidatura de 2008 foram apresentados 2203 (Quadro 49). A execução financeira destas acções refere-se a pagamentos efectuados em 2008 e referentes a candidaturas de 2007. No período em análise foi pago o montante de 4.707.224 €. A diferença entre o número de pedidos de apoio que deram entrada e o número pedidos de apoio pagos é explicada por casos de desistências do pedido de apoio, não cumprimento dos critérios de elegibilidade, que resulta em recusa do pedido, faltas de confirmação, e a situações cujo pagamento está pendente para verificação de campo (controlo in loco, que representa pelo menos 5% dos pedidos de apoio validados por 132 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 controlo administrativo). O total de desistências registadas em 2007 foi de 127. O número de desistências devia ser objecto de uma leitura mais aprofundada que poderia ser conseguida após audição de uma amostra representativa dos beneficiários que desistiram do pedido de apoio. Este diagnóstico não foi, contudo, possível de realizar em tempo útil para ser incluído no presente relatório. Quadro 49 – Medida 2.4 Candidaturas submetidas e montante pago (a 31.12.2008) Montante Pago Total de Pedidos Entrados Acção 2.4.1 Acção 2.4.3 a 2.4.11 2007 2008 Total 2007 2008 Total em 2008 (€) Pagos 0 9 9 3.929 2.203 6.132 0 0 0 3.588 N.A 3.588 0 0 0 4.707.224 N.A 4.707.204 Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 De seguida analisa-se a execução financeira das acções 2.43 a 2.4.11, componentes agro- e silvo-ambientais para o ano de 2007. Faz-se notar que no período em análise não foram abertas candidaturas aos investimentos não produtivos associados a estas componentes, pelo que a analise que se apresenta diz respeito unicamente aos apoios agro- e silvo-ambientais. DINÂMICAS DE EXECUÇÃO FINANCEIRA E FÍSICA No Quadro 50 apresenta-se a execução financeira da acção, diferenciada por pagamentos agro e silvo ambientais. Verifica-se que face à meta de despesa pública a execução financeira foi à data de 31 de Dezembro de 2008 de 3,79%, sendo que foi substancialmente inferior no caso dos pagamentos silvo-ambientais, o que é reflectido nas tabelas relativas aos indicadores de realização. Quadro 50 – Execução financeira da Medida 2.4 Metas Medida 2.4 Intervenções Territoriais Integradas Despesa Pública (€) Montante Pago FEADER (€) 2008 (€) % Execução 214 – Pagamentos agro-ambientais 110.100.992,00 89.732.850,00 4.590.846,84 4,17% 225 – Pagamentos silvo-ambientais 14.110.344,00 11.500.000,00 116.377,00 0,82% 124.211.336,00 101.232.850,00 4.707.223,84 3,79% Total Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Instituto Superior Técnico 133 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Faz-se notar que a análise dos indicadores de realização que se segue reflecte a realização física em 2008 referente a candidaturas de 2007. Quadro 51 – Execução física componente agro-ambiental (a 31.12.2008) Indicador # de explorações Realização Resultado Valor (Candidaturas 2007) Meta % Execução 3.631,00 18 000 – 21 000 20,17 35.278,21 140 000 – 190 000 25,20 # de contratos 3.655,00 21 600 – 25 200 16,92 Biodiversidade 35.278,21 140 000 – 190 000 25,20 1.109,87 7 000 – 8 000 15,86 35.278,21 140.000 – 190.000 25,20 Área (ha) Combate às alt. clim. Combate à marginalização e abandono de terras Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 O número de explorações sobre apoio agro-ambiental foi de 3.631 a que correspondeu uma área de 35,278,21 hectares. As metas de execução são apresentadas no Quadro 51 tendo sido de 20,1%, 25,2% e 16,92% respectivamente para os indicadores “número de explorações”, “área” e “número de contratos”. Quadro 52 – Execução física componente silvo-ambiental (a 31.12.2008) Indicador # de explorações Realização Área de exploração (ha) # de contratos Valor Candidaturas 2007 Meta % Execução 13,00 500 – 1 000 2,60% 938,77 3 000 – 6 000 31,29% 13,00 750 – 1 500 1,73% Fonte: Autoridade de Gestão do Proder, 2009 Não é apresentada a análise extensiva dos indicadores de resultado dado o momento de avaliação, contudo no que diz respeito ao indicador biodiversidade e combate às alterações climáticas, a percentagem de execução é a mesma que se estimou para o indicador de realização “Área”, uma vez que se considera que toda a área sobre apoio agro-ambiental contribui para esses resultados de igual modo, tal como sugerem as metas definidas para esses indicadores. O mesmo princípio aplica-se ao indicadores qualitativos em que se presume ter sido positivo o efeito da acção sobre a qualidade da água e ter a 134 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 execução da acção contribuído para a manutenção da população de aves comuns em zonas agrícolas. Em relação ao apuramento do indicador combate às alterações climáticas, este reflecte, em princípio, a área em “sementeira directa” acrescida da área sobre o compromisso “Manutenção de pastagens permanentes com alto valor natural” e “Manutenção de pastagens permanentes de sequeiro naturais ou melhoradas”. Em relação ao indicador qualidade do solo não foi fornecido qualquer elemento informativo. O número de explorações sobre apoio silvo-ambiental foi de 13, a que corresponde uma área de 938,77 hectares. As metas de execução são apresentadas no Quadro 52 tendo sido de 2,6 %, 31,29 % e 1,73 % respectivamente para os indicadores “número de explorações”, “área” e “número de contratos”. EIXO 3 ACÇÃO 3.1.3 – Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de Lazer MEDIDA 3.2 – Melhoria da Qualidade de Vida EIXO 4 ACÇÃO 3.1.2 – Criação e Desenvol vimento de Microempresas ACÇÃO 3.2.1 – Conservação e V alorização do Património Rural ACÇÃO 3.2.2 – Serviços Básicos para a População Rural MEDIDA 3.4 – Cooperaç ão LEADER para o Desenvolvimento ACÇÃO 3.4.1 – Cooperação Intert erritorial MEDIDA 3.5 - Funcionamento dos Grupos de Acção Local (GAL), Aqui sição de Competências e Animaç ão ACÇÃO 3.5.1 – Funcionamento do GAL MEDIDA 3.3 – Implementação de Estratégias de Desenvolvimento Local MEDIDA 3.1 – Di versific ação da Economia e Criação de Emprego ACÇÃO 3.1.1 – Diversificação de Ac tivi dades na Exploração Agríc ola ACÇÃO 3.4.2 – Cooperação Transnac ional ACÇÃO 3.5.2 – Aquisi ção de Competências e Animação Figura 16 – Medidas e Acções dos Eixos 3 e 4 EIXO 3 O Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural, terminado o ciclo de vida da Iniciativa Comunitária LEADER reconhecida pela forma de governança de proximidade que motivou boas práticas de desenvolvimento local-rural, recuperou a sua Instituto Superior Técnico 135 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR visão atribuindo-lhe uma importância relevante no quadro dos Eixos 3 e 4 (Subprograma 3 – Dinamização das zonas rurais) do ProDeR. A dinamização das áreas rurais (Eixo 3 – Subprograma 3), entendidas como “territórios que apresentam índices de desenvolvimento económico e social inferiores ao restante território, baixa densidade de empresas na indústria e serviços e menor dinâmica de investimento” (ProDeR, pág. 293), continua a perseguir objectivos imprescindíveis para a coesão territorial como a fixação de população, a rendibilização dos recursos endógenos e a diversificação de actividades económicas não agrícolas criadoras de riqueza e de emprego, considerando que a abordagem LEADER é a estratégia mais eficiente e eficaz pela sua capacidade de trabalhar à escala local e pelas provas que os GAL LEADER têm dado. Quadro 53 – Metas quantificadas para os indicadores comunitários no Eixo 3 Tipo de Indicador Realização (output) Cod CE_ Medida Indicador Nº de beneficiários H/M /Classe Etária 311 Cod Acção PDRc 3.1 3.1.1 312 3.1 3.1.2 Nº de microempresas apoiadas/criadas /Estatuto /Classe Etária /Tipo de microempresa Nº de novas acções turísticas apoiadas 313 Volume total de investimentos (€) Resultado H/M /Classe Etária /Tipo de actividade não agrícola /Tipo de acção Aumento do VAB não agrícola das actividades apoiadas /Acção 311 311 313 3.1.1. 3.1.3. 3.1 311 312 313 3.1.1 3.1.2. 3.1.3. 3.1 3.1.1 3.1.2. 3.1.3. Nº bruto de empregos criados /Acção Na exploração/Fora da exploração H/M /Classe Etária Nº adicional de turistas 311 312 313 313 Impacto Valor Acrescentado adiconal (crescimento anula em %) (VABpb) /Acção Nº adicional de empregos líquidos criados (medido em Equivalente Tempo Inteiro – FTE) /Acção 3.1 3.1.3 3.1 3.1.1. 311 312 313 311 313 Meta 1.900-2300 50%M 15%<25 anos 4.000-5.000 20%<25 anos 30% novas empresas 1.500-2.000 50%M 15% <25 anos 124976967 138531832 0.91% 0,16% 0,56% 0,20% 1.500-2.000 4.000-5.000 2.500-3.000 60%M 20%<25 anos 3.1 3.1.3. 3.1 10-15% 1,0-2,0% 3.1.1. 3.1.2 3.1.3 3.1 7.000-8.000 3.1.1 3.1.3 Fonte: ProDeR, 2007. As preocupações são em si próprias recorrentes como se pode verificar na Figura 16, até o apoio à diversificação das actividades agrícolas para outras não agrícolas, ou a melhoria dos serviços básicos para aumentar a atractividade dos territórios. No entanto, tendo em conta o processo de decisão, considera-se que foi dada uma maior atenção 136 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 legislativa ao órgão de gestão do GAL, nomeadamente ao papel dos representantes privados que têm de estar em maioria para que possa deliberar (Artigo 7º - 3, Capítulo II, Portaria nº 392-A/2008, Diário da República, 1ª série, Nº 107, de 4 de Junho de 2008), enquanto anteriormente a grande preocupação era garantir que os privados (associações e outros parceiros económicos e sociais) representassem pelo menos 50% da parceria local. Diversificação de actividades na exploração agrícola (Acção 3.1.1.), criação e desenvolvimento de microempresas (Acção 3.1.2.) e desenvolvimento de actividades turísticas e de lazer (Acção 3.1.3.) são as três intervenções concebidas para a almejada dinamização que terá de ser comandada para atingir as metas constantes do quadro seguinte, particularmente ambiciosas no que concerne ao emprego a gerar, tendo em conta o tipo de território (baixa densidade). Diversificar as actividades e ser criativo, são dois aspectos comuns a muitas organizações que lutam por permanecer no espaço rural, nomeadamente as explorações agrícolas. tendo em conta o processo de decisão, considera-se que foi dada uma maior atenção legislativa ao órgão de gestão do GAL, nomeadamente ao papel dos representantes privados que têm de estar em maioria para que possa deliberar (Artigo 7º 3, Capítulo II, Portaria nº 392-A/2008, Diário da República, 1ª série, Nº 107, de 4 de Junho de 2008), enquanto anteriormente a grande preocupação era garantir que os privados (associações e outros parceiros económicos e sociais) representassem pelo menos 50% da parceria local. O trabalho empírico e a análise efectuada, permite destacar as seguintes observações: necessidade dos órgãos de decisão dos GAL terem uma maior igualdade de género; necessidade de promover o princípio da inovação, ainda pouco visível neste estádio de evolução das ELD; tornar mais ágil o modelo de governação, de forma a evitar atrasos no arranque dos projectos; reflectir se a formatação/normalização do Programa não está excessivamente construída numa lógica de top-down, o que à partida é contraditório com a defesa do Método LEADER e um factor limitativo da criatividade das intervenções possíveis; agilizar a entrada em funcionamento das acções, de forma a não desmotivar os potenciais promotores e a não criar constrangimentos ao nível do planeamento de tarefas por parte dos GAL; permitir um aprofundamento do diagnóstico e das análises SWOT e ajustes ao nível das ELD, para que todos os parceiros GAL se revejam nas mesmas; Instituto Superior Técnico 137 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR Quadro 54 – Actividades promotoras de desenvolvimento rural Cód. Designação da acção Actividades / Objectivos MEDIDA 3.1 – Diversificação da Economia e Criação de Emprego 3.1.1 Diversificação de Actividades na Exploração Agrícola Agro-turismo; parques de campismo rurais; centros de acolhimento; serviços de recreação e lazer; actividades pedagógicas; actividades associadas à caça e pesca em águas interiores; pontos de venda directa dos bens produzidos na exploração, etc. 3.1.2 Criação e desenvolvimento de microempresas Micro e PME cujo ramo de actividade poderá ser alvo de delimitação no âmbito dos PDL, de acordo com as necessidades das AI e ELD. Desenvolvimento de actividades turísticas e de lazer Criação ou desenvolvimento de produtos turísticos (ecoturismo, enoturismo, turismo associado a actividades de caça e pesca, turismo equestre, religioso, de saúde, cultural, alojamento turístico de pequena escala nas modalidades de Turismo em Espaço Rural (TER), turismo de natureza e infra-estruturas de pequena escala (centros de observação da natureza/paisagem, rotas/percursos, animação turística, …). 3.1.3 MEDIDA 3.2 – Melhoria da Qualidade de Vida 3.2.1 Conservação e valorização do património rural Preservação do património rural construído (excepto património histórico e monumental classificado, como moinhos ou espigueiros); refuncionalização de edifícios de traça tradicional para actividades associadas à preservação e valorização da cultura local; preservação e recuperação de práticas e tradições culturais (espólio documental e material, artes e ofícios, folclore, música, trajes, receituário gastronómico, …). 3.2.2 Serviços básicos para a população rural Serviços de apoio à infância; acompanhamento domiciliário a idosos e deficientes; serviços itinerantes de apoio social; serviços de animação cultural e recreativa de base local; serviços de apoio a novos residentes. Prioridade para os centros multiserviços. MEDIDA 3.3 – Implementação de Estratégias de Desenvolvimento Local - - Dinamização Económica dos Territórios Rurais (diversificação da economia, criação de emprego, melhoria da qualidade de vida, …). Reforço da Governança Local. MEDIDA 3.4 – Cooperação LEADER para o Desenvolvimento 3.4.1 3.4.2 Cooperação Interterritorial Promover o desenvolvimento de projectos de cooperação entre territórios rurais, situados no espaço nacional com criação de mais-valia para os territórios cooperantes. Entre GAL nacionais ou entre estes e outras entidades situadas em território nacional, através do estabelecimento de protocolos para projectos de cooperação que deverão incidir sobre actividades previstas no âmbito das medidas 3.1 e 3.2 do Subprograma 3. Cooperação Transnacional Promover o desenvolvimento de projectos de cooperação entre territórios rurais nacionais e de países terceiros, podendo estes não estar situados no espaço da UE. Para assegurar a implementação conjunta e coordenada do projecto de cooperação, haverá um GAL chefe de fila que pode encontrar-se em território nacional ou não, sendo necessário neste último caso a designação de um GAL nacional como interlocutor para a parte nacional do projecto. Os projectos de cooperação deverão incidir sobre a tipologia de actividades previstas no âmbito das medidas 3.1 e 3.2 do Subprograma 3. Fonte: ProDeR, 2007. 138 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 clarificar as formas de participação das entidades parceiras que constituem os GAL; motivar os GAL para operacionalizarem as ELD numa lógica de cooperação interterritorial; motivar os GAL para a cooperação transnacional, uma das falhas mais evidentes das Iniciativas Comunitárias LEADER; considerar o desenvolvimento local-rural na óptica das Estratégias de Eficiência Colectiva. DISTRIBUIÇÃO/CARACTERIZAÇÃO DAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO No sentido de obter uma radiografia abrangente das regiões, foram seleccionados 8 indicadores considerados representativos para a caracterização dos territórios NUTS II abrangidos pelo ProDeR, de forma a analisar diferentes dimensões transversais no que concerne à qualidade de vida e crescimento económicoa dos territórios. Quadro 55 – Indicadores gerais de caracterização por NUTS II INDICAD. NUTS II Condições de Vida e Cidadania Educação Saúde Actividade Económica População Proporção de Proporção de população agregados Índice de residente entre os Proporção de Ganho % Empresas Taxa domésticos Nº 25-64 anos que Médicos/ renovação da poder de Médio com actividades Crescimento privados com população participa em Empresas /1000 hab compra mensal (€) de inovação Efectivo ligação à activa actividades internet educação e formação Norte 45,50 30,22 785,20 5,1 3,3 37,2 352.463 0,02 128,1 Centro 39,60 18,91 779,10 6,3 3,1 45 237.907 0,00 114,7 Lisboa 54,10 36,11 1173,70 5,5 5,2 45,6 330.613 0,51 97,1 Alentejo 38,00 6,20 806,50 4,8 1,9 39,6 67.648 -0,44 107,8 Algarve 46,30 4,46 793,40 4,5 2,9 31,6 55.819 1,15 106,1 Continente 46,20 - 909,20 5,4 3,6 41 1.044.450 0,16 113,1 Regiões pior posicionadas na análise do indicador Regiões melhor posicionadas na análise do indicador Referência a Proporção de agregados domésticos privados com ligação à internet (%) por local de Residência (2008) | Proporação de poder de compra (% do total do país) por localização geográfica (2005) | Ganho Médio mensal (€) por localização geográfica (2005)| Proporção da população residente com idade entre 25 e 64 anos que participa em actividades de educação e formação (2008) | Médicos por 1000 habitantes (N.º) por Local de residência (2007) | Proporção de empresas com actividades de inovação (%) por Localização geográfica (2002-2004) | Empresas (N.º) por Localização geográfica (2006) | Taxa de crescimento efectivo (%) por Local de residência (2007) | Índice de renovação da população em idade activa (N.º) por Local de residência (2007). Instituto Superior Técnico 139 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR A análise global do quadro seguinte revela que a Região de Lisboa se encontra melhor posicionada em 6 dos 8 indicadores, ultrapassando a referência dos dados relativos ao Continente em 6 deles. A Região Alentejo apresenta-se com a posição mais desfavorável em 6 dos 8 indicadores, sendo claramente a que revela um menor dinamismo económico e crescimento efectivo negativo. Este retrato é bem revelador da dificuldade que tem existido na construção do “local sustentável”, entendido como um território ancorado no respeito inter-geracional, no património, na tradição, nos costumes e também na vontade de criar condições para que cada cidadão possa ser portador de sinais positivos do futuro, assente numa base de cooperação como via de afirmação da democracia participativa, da diversidade, da equidade, da integração social e obviamente do exercício da cidadania. A Iniciativa Comunitária LEADER muito fez para aproximar os “lugares”, atenuar assimetrias e melhorar a participação e o empreendedorismo local, mas como é reconhecido na Estratégia Nacional de Desenvolvimento Rural (PENDR 2007-2013) a tão ambicionada mudança e o concomitante desenvolvimento integrado deve assentar num mix de “qualificação – cooperação – co-responsabilização – eficiência – inovação – certificação”, ingredientes para melhorar a competitividade dos sectores que se complementam nos territórios rurais, dinâmica que a jusante se espera que contribua para a sua revitalização económica e social. Apesar de muito se ter feito pelo desenvolvimento local-rural desde a década de noventa do século XX, muito está ainda por fazer no sentido de tornar o interior mais atractivo. O ProDeR, interpretando o sentido do Plano Estratégico Nacional para o Desenvolvimento Rural, reforça a aposta na melhoria da qualidade de vida das áreas rurais e na diversificação da economia e do emprego, indicadores de atracção por excelência. A abordagem LEADER é o leitmotiv para a construção de parcerias público-privadas, umas já com experiência de intervenção nestes territórios e outras que necessariamente se instalarão, a quem caberá a construção do “novo mundo rural”. No sentido de se aprofundar estas novas linhas orientadoras para o desenvolvimento local-rural, proceder-se-á de seguida à análise da abrangência da intervenção e sua cobertura nacional, bem como à análise da distribuição dos GAL pelo território. No que concerne à distribuição das áreas de intervenção do ProDeR (Quadro 56) verifica-se um forte equilíbrio regional, quer no número de Concelhos quer no número de Freguesias abrangidas, destacando-se contudo a região Alentejo, onde praticamente 100% do território se encontra coberto pela intervenção do ProDeR. Refira-se, contudo, a excepção da região de Lisboa, onde 100% dos municípios que a compõem integram a respectiva Área Metropolitana, pelo que o número de municípios e freguesias abrangidos são substancialmente mais reduzidos do que nas restantes regiões. 140 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 Quadro 56 – Abrangência da intervenção ProDeR por NUTS II NUTS II % Municípios Abrangidos % Municípios Não Abrangidos que Integram Áreas Metropolitanas % Freguesias Abrangidas Norte 82,5 66,0 76,4 Centro 83,0 --- 81,1 Lisboa 33,3 100,0 10,9 Alentejo 100,0 --- 97,7 Algarve 87,5 --- 73,8 Relativamente à distribuição dos GAL por região, e atendendo à percentagem de território coberto e à população abrangida, verifica-se uma boa adequação no número de GAL aprovados, corroborada pelos indicadores apresentados no Quadro 57. No Algarve é onde se verificam níveis de cobertura mais elevados na percentagem de território abrangido, o que pode ser justificado pela pequena dimensão do território em análise, quando comparada com as restantes NUTS II e pelos baixo níveis de concentração da população residente em cidades. Quadro 57 – Peso relativo da distribuição dos GAL por NUTS II NUTS II Número de GAL aprovados % Território Coberto pela Intervenção ProDeRa % População Abrangida pela Intervenção ProDeRb Índice de Concentração da população residente em cidades (%)c Norte 14 85,94 35,75 41,56 Centro 16 82,30 49,01 36,04 Lisboa 1 2,49 5,19 43,36 Alentejo 10 80,97 98,53 25,88 Algarve 3 99,42 32,59 26,74 No que respeita à percentagem de população abrangida é no Alentejo que se verificam os níveis de cobertura mais elevados (98,53%), sendo também a NUT II onde o índice de concentração da população residente em cidades é o menos elevado (25,88%). Quanto a Superfície (km2) da intervenção dos GAL por localização geográfica/ superfície (km2) do território nacional por localização geográfica (Fonte INE). b População total abrangida pela intervenção ProDeR / População Total da Região (Fonte INE). c INE, 2002. Instituto Superior Técnico 141 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR aos concelhos da região de Lisboa, o seu cariz urbano está patente na percentagem de território coberto pela intervenção ProDeR, sendo este facto obviamente adequado. Do total de municípios portugueses, apenas 46 não são abrangidos pela intervenção ProDeR sendo que, deste número, cerca de metade pertence às áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Assim, a intervenção dos GAL aprovados, abrangerá um total de 3.542.845 indivíduos (cerca de 1/3 da população total portuguesa), dispersos numa superfície total de 77.408,60 km2 do território nacional (mais de 2/3 da superfície total) – conforme anexo A. Do universo dos territórios rurais cobertos por Estratégias Locais de Desenvolvimento (ELD) e de acordo com os requisitos de candidatura, todos satisfazem um ou mais dos requisitos seguintes: territórios constituídos por conjuntos de freguesias rurais que formem um todo coerente e apresentem massa crítica suficiente, em termos de recursos humanos, financeiros e económicos; territórios que respeitem a divisão NUT II; territórios com população igual ou superior a 20 mil habitantes e inferior a 150 mil habitantes; excepcionalmente, podem ser incluídos territórios contíguos não classificados como rurais se tal for relevante para a ELD. No que respeita à densidade populacional dos territórios envolvidos pela Intervenção dos GAL, verificam-se diferenças que merecem alguma atenção. Neste contexto, recomenda-se que sejam monitorizadas as diferentes estratégias de abordagem dos GAL, atendendo à diferenciação da concentração populacional. A região Norte é a região onde se verifica um maior equilíbrio dos territórios alvo de intervenção tendo em linha de conta a densidade populacional, abrangendo territórios de baixa (27,71-83,17 km2) e muito baixa densidade populacional (<27,71hab/km2) e de elevadas densidades (>193,97 hab/km2). Nesta região os territórios de muito baixa densidade representam apenas 12,5% do total dos territórios abrangidos, destacando-se os de baixa e de alta densidade (62% do território abrangido pelas duas tipologias). Na região Centro a intervenção também contempla diferentes densidades, mas não há intervenção em territórios com elevadas densidades, apenas de média (83,17138,55hab/km2), muito baixa e baixa densidade, sendo esta última a categoria dominante (50%). A região de Lisboa apresenta um relativo equilíbrio entre territórios de baixa e de média-alta densidade (138,55–193,97 hab/km2), enquanto as regiões Alentejo e Algarve têm um padrão semelhante na intensidade de povoamento, pelo que as categorias de 142 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 muito baixa e baixa densidade abrangem, respectivamente, 91,67% e 100% dos territórios de intervenção dos 13 GAL aprovados. Quadro 58 – Densidade populacional dos territórios alvo de intervenção pelos GAL NUTS II Norte Centro Lisboa Alentejo Algarve Densidade Populacional (hab/km2) Distribuição da Densidade Populacional dos Territórios de Intervenção abrangidos pelos GAL por região (%) < 27,71 12,5 [27,71 – 83,17 [ 31,25 [83,17 – 138,55 [ 25 [138,55 –193,97[ 0 > 193,97 31,25 < 27,71 25 [27,71 – 83,17 [ 50 [83,17 – 138,55 [ 25 [138,55 –193,97[ 0 > 193,97 0 < 27,71 50 [27,71 – 83,17 [ 0 [83,17 – 138,55 [ 0 [138,55 –193,97[ 50 > 193,97 0 < 27,71 66,67 [27,71 – 83,17 [ 25 [83,17 – 138,55 [ 8,33 [138,55 –193,97[ 0 > 193,97 0 < 27,71 25 [27,71 – 83,17 [ 75 [83,17 – 138,55 [ 0 [138,55 –193,97[ 0 > 193,97 0 DIAGNÓSTICOS TERRITORIAIS Com base nas matrizes SWOT incorporadas como peças das Estratégias Locais de Desenvolvimento, procedeu-se a uma tipificação da importância relativa de ameaças/debilidades, bem como de oportunidades/potencialidades dos territórios de intervenção, cuja análise se resume a partir dos gráficos e quadros que se seguem, Instituto Superior Técnico 143 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR suportando melhor a caracterização anterior e justificando a relação com os objectivos do ProDeR, nomeadamente os de diversificação da economia local e de intervenção ao nível do património rural ou nos serviços prestados à população. Foram consideradas as mesmas dimensões de avaliação para a criação de uma tipificação de ameaças e oportunidades, a fim de obter uma análise cruzada das mesmas e uma leitura comparativa que permitisse chegar a conclusões. As dimensões que abrangem todos os pontos fortes e fracos sintetizam-se em: Ambiente, Paisagem e Recursos Naturais | Cultura e Património | Cidadania e Participação; Igualdade de acesso a recursos, de género, etc. |Demografia | Economia| Educação | Finanças | Formação e Qualificação | Equipamentos; Infra-estruturas de Apoio e Serviços de Proximidade | Mobilidade, Redes de Comunicação e Transporte | Ordenamento do Território | Parcerias, Cooperação Institucional, Associativismo e Lobby | Social | Tecnologia e Inovação. Proceder-se-á à apresentação sumária das 3 dimensões de avaliação consideradas como maiores ameaças/debilidades e simultaneamente às dimensões que se apresentam como maiores oportunidades/potencialidades. A caracterização das áreas de intervenção fica mais enriquecida com estes diagnósticos, possibilitando uma intervenção mais concertada com as eventuais «doenças detectadas». A dimensão Económica (33%) é a que se revela com maior número de pontos fracos apontados, sendo que a título de exemplo evidenciamos: Densidades empresariais reduzidas | Taxas de desemprego elevadas | Iniciativas empresariais fracas | Economia assente em sectores tradicionais pouco produtivos e com fraca incorporação de I&D | Importância de processos da qualidade ISO reduzida | Níveis de competitividade reduzidos | Nível médio de remunerações baixo | Mercados locais reduzidos | Tecidos empresariais pouco diversificados | Produtividades Baixas | Dificuldades na distribuição e comercialização de produtos | Valorização comercial das produções locais baixa| Capacidade de fixação de mão-de-obra qualificada diminuta| Oferta de unidades de alojamento e restauração pouco qualificadas, entre outros. Também a dimensão de Ambiente, Paisagem e Recursos Naturais (13%) é considerada uma das mais relevantes quando analisamos ameaças/debilidades, destacando-se os seguintes pontos fracos: Acessibilidade interna muito condicionada pela orografia local | Edificação em solos de elevada aptidão agrícola | Fertilidade dos solos por escoamento de águas após ocorrência de fogos florestais diminuída | Contaminação de alguns cursos de água | Modo de produção biológico incipiente | Certificação de recursos autóctones insuficiente | Taxa monocultural de espécies florestais elevada | Áreas arborizadas abandonadas | Número de incêndios e áreas ardidas elevado | Desequilíbrios nos usos da paisagem | Desconhecimento do recurso florístico e da vegetação | Pedreiras e acessos às mesmas com impactes visuais na paisagem | Solos com risco de erosão | Aproveitamento diminuto do potencial turístico oferecido pelo património natural | Poucos percursos naturais sinalizados, entre outros. 144 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 A dimensão relativa aos Equipamentos, Infra-estruturas de apoio e Serviços de Proximidades (11%) é a terceira dimensão referenciada ao nível das ameaças/debilidades, sendo que se salientam os seguintes pontos fracos: Carência de estruturas sociais de apoio à infância | Carência de estruturas de apoio a jovens | Carência de estruturas de apoio a deficientes | Carência de estruturas de apoio à terceira idade | Difícil acesso a serviços de saúde | Baixos índices de cobertura ao nível de infraestruturas de saúde | Deficiente sinalética e identificação de rotas e percursos turísticos | Acesso a serviços de saúde especializados difícil | Cobertura da rede pré-escolar insuficiente | Baixo número de serviços fora das freguesias sede de concelho | Centros de Apoio temporário a crianças em risco insuficientes | Centros de apoio a toxicodependentes insuficientes | Centros de Apoio a Alcoólicos insuficientes | Redes escolares sobredimensionadas ou subdimensionadas | Redes escolares concentradas nas freguesias sede de concelho | Oferta de unidades turísticas de alojamento (TER ou tradicionais) insuficiente | Equipamentos e infra-estruturas de apoio a turistas insuficientes | Equipamento e infra-estruturas de apoio a empresas insuficientes. 100% 80% 60% % 40% 20% 0% T ip o d e A meaças/ D eb i li d ad es Muito Forte e Forte Média Fraca Nula Figura 17 – Tipologia de Ameaças/Debilidades das ELD As dimensões das análises SWOT que melhor evidenciam as oportunidades/potencialidades encontram-se sistematizadas nos pontos seguintes. A tipologia de Ameaças/Debilidades e de Oportunidades/Potencialidades constantes das Estratégias de Desenvolvimento Local estão definidas no Anexo D). A dimensão Ambiente, Paisagem e Recursos Naturais (31%) em que se relevam os seguintes pontos fortes: Património de Raças Autóctones | Índices de preservação ambiental elevados | Condições para promoção de turismo de natureza favoráveis | Boa qualidade ambiental e fracos índices de poluição | Património Natural e Paisagístico Diversificado | Condições edafo-climáticas propensas ao incremento de certo tipo de Instituto Superior Técnico 145 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR produções competitivas | Taxa de arborização elevada | Parques Naturais pertencentes à Rede Natura 2000 visitáveis | Equipamentos para interpretação da natureza e de educação ambiental disponíveis | Paisagem diversificada constituída por meio naturais e seminaturais | Exposição Solar Favorável | Diversidade de rochas e minerais | Cursos de água com apetência desportiva e de lazer | Biodiversidade e qualidade ambiental | Energias renováveis potenciáveis, entre outros. A dimensão Económica (30%) é a segunda mais referenciada nas ELD, destacando-se entre os pontos fortes referenciados: Produtos agro-alimentares passíveis de ser rentabilizados | Sectores economicamente viáveis | Saberes-fazer tradicionais | Reconhecimento de alguns produtos com qualidade única | Novas actividades na área do turismo, floresta e agricultura passíveis de serem criadas | Produtos passíveis de valorização em novos mercados | Importância elevada de iniciativas de valorização e recuperação do artesanato | Actividade económica diversificada | Crescimento acentuado da terciarização | Evolução positiva do número de microempresas e do emprego a elas associado | Aumento do número gradual de empresas e actividades de animação turística, entre outros. 100% 80% 60% % 40% 20% 0% T i p o d e O p o r t unid ad es/ Po t enci al id ad es Figura 18 – Tipologia de Oportunidades/Potencialidades das ELD Muito Forte e Forte Média Fraca Nula A dimensão Cultura e Património (21%) é a terceira referenciada, apresentando-se igualmente alguns dos pontos fortes enunciados: Produtos marcados por uma forte componente de tradições | Gastronomias de grande qualidade e tipicidade | Apetência forte para a valorização e recuperação do património histórico | Apetência forte para a valorização e recuperação do património arquitectónico | Vasto património históricocultural | Existência de museus e outros locais de visitação do património históricoarquitectónico | Apetência forte para valorização e recuperação do património arqueológico Diversidade elevada de manifestações socioculturais | Diversidade elevada de manifestações antropológicas | Territórios com identidade cultural forte | Rede de aldeias típicas visitáveis, entre outros. 146 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 PARCERIAS: COMPETÊNCIAS, MISSÃO E VALOR ACRESCENTADO Um aspecto muito importante a ter em conta, aquando da análise da intervenção num determinado território, é o das parcerias e redes envolvidas nessa intervenção, sendo imprescindível que a mudança socioeconómica que se espera para os territórios seja participada pelo maior número de organizações (de génese distinta) e pela comunidade local. As referências à importância do trabalho em rede ou à formulação de parcerias de ordem diversa tornaram-se uma constante nos documentos e directrizes comunitárias, bem como no discurso oficial sobre desenvolvimento local-rural. Considera-se que a articulação entre actores locais, regionais, nacionais e europeus, públicos privados ou da economia social, com competências, recursos e percepções diversificadas, poderão trazer uma importante mais-valia no desenvolvimento de intervenções mais adequadas e, nesse sentido, com maior eficácia. Algumas das vantagens genéricas deste tipo de envolvimento passam pela: possibilidade de desenvolver intervenções mais inovadoras, flexíveis e adequadas às situações particulares de cada território; potencialização das competências e recursos disponíveis nas várias instituições e possibilidade de articulação de competências diversificadas na resolução de problemas que são pluridimensionais; maior legitimação das intervenções, por via de uma maior participação dos agentes locais e dos próprios beneficiários nos processos de decisão e da negociação entre interesses e perspectivas diversificadas; redução das despesas directamente cobertas pelos fundos públicos, através da potencialização dos recursos locais e de novas formas de angariação de fundos; maior circulação de informação, difusão de novos modelos, troca de experiências e articulação de competências (em todos os casos com menores custos); oportunidade de criação de novos espaços de desenvolvimento de competências; e responsabilização e capacitação dos agentes, nos seus vários níveis e âmbito de intervenção e minimização do isolamento de determinadas instituições. Os conceitos de parceria, rede e projecto surgem frequentemente associados, sendo não raras vezes utilizados em sentido semelhante. Todavia, importa precisar os conceitos, uma vez que a lógica de intervenção que aqui analisamos tem como condição intrínseca associar uma parceria. Assim sendo, considera-se que a rede tende a remeter para todo o tipo de articulação entre diversos indivíduos, grupos ou instituições, de alguma forma interligados entre si, pressupondo que tal relação é tendencialmente horizontal. Uma parceria tende a remeter para acções deliberadas de articulação entre diversas entidades, regra geral de natureza diversa, constituindo nesse sentido a formalização de uma rede. Instituto Superior Técnico 147 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR A partir do enquadramento atrás explicitado efectuou-se uma análise da tipologia (para definição da tipologia de entidades parceiras que constituem os GAL não foi tido como critério a personalidade jurídica, uma vez que sendo esta mais restritiva, inibiria a compreensão da génese das entidades envolvidas.) das entidades que constituem os GAL (cf. Anexos), aprofundada por uma leitura comparativa de três dimensões: Diversificação de competências nos órgãos de gestão, uma vez que a tomada de decisão é uma dimensão importante na definição de uma parceria; Contributo dos parceiros para a Estratégia Local de Desenvolvimento, a partir da génese de entidades que compõe as redes de parceiros, sendo claro a importância da envolvência de uma diversidade de actores que complementam a visão e recursos de uma estratégia de intervenção; Número de parceiros envolvido no GAL, a fim de determinar o valor acrescentado da parceria, como garante de uma Estratégia Local de Desenvolvimento mais participada. Na generalidade, os GAL apresentam como parceiros entidades de génese distinta, não sendo todavia claro o seu papel, à excepção de casos raros em que se descreve efectivamente a sua forma de participação. Contudo, nesta fase da avaliação, este facto não deverá valorizado, uma vez que ainda terá de ser operacionalizada toda a estratégia de funcionamento da parceria, com distribuição de papéis activos pelos agentes envolvidos, garantindo que simultaneamente participam de forma activa nos processos de tomadas de decisão. Aliás, apenas um GAL – Margem Esquerda do Guadiana considerou como estratégia a rotatividade de entidades nos órgãos de gestão GAL durante o período total da intervenção, no sentido de abranger toda a rede de parceiros por eles indicada. A rede de parceiros envolvida é de 1.621 entidades, sendo que os municípios | associações de municípios | juntas de freguesia (enquanto entidades representativas do poder local), as associações representativas de sectores da economia ou de desenvolvimento local e as cooperativas são as entidades que se apresentam com maior relevância na constituição da rede de parceiros GAL, com percentagens de peso relativo superiores a 10%. Também se encontram muito representadas Empresas e Núcleos Empresariais, Universidades | Politécnicos | Escolas ou Agrupamentos, Administração Pública Nacional e Regional, Caixas de Crédito Agrícola e outras organizações (*). Contudo, analisando a participação nos órgãos de gestão percebemos que os municípios|associações de municípios|juntas de freguesia (enquanto entidades representativas do poder local) e as associações representativas de sectores da economia ou de desenvolvimento local apresentam uma variação positiva relativamente ao seu peso relativo de participação como parceiro no GAL, apresentando uma taxa que ronda 20% (cf. Quadro 59). Estas são na realidade as duas tipologias de organização que têm o mesmo sentido de variação positiva, sendo que na sua grande maioria a variação é negativa, ou seja, o seu 148 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 peso relativo no universo de entidades GAL é maior como parceiros do que como membros dos órgãos de gestão, relembrando-se que a única restrição existente no Regulamento constante da Portaria 392-A/2008 (Capítulo II, Artigo 7º - 1) é de que o “órgão de gestão é constituído por um número ímpar de membros, igual ou superior a 5, que reflecte de forma proporcional a composição da parceria”. Apenas as cooperativas, as universidades | politécnicos | escolas e agrupamentos e os centros sociais e paroquiais apresentam uma variação inexistente ou pouco significativa. Quadro 59 – Variação da representatividade no GAL e nos Órgãos de Gestão Tipologia Entidades Peso Relativo da sua participação nos GAL como Parceiros Peso Relativo da sua participação nos GAL em Órgãos de Gestão Variação positiva Variação negativa Variação inexistente ou pouco significativa Mun. (Assoc.) JF Coop. C.C.A Assoc. Ind. Fed./ Assoc. Nac./ Uniões Miseric. Univ./ Politéc/ Escolas Empresas e Núcleos Empres. Admin. Pública Nac. e Regional Centros Sociais e Paroquiais Outras (*) 12,6% 11,1% 7,5% 13,2% 4,4% 6,5% 5,7% 9,3% 9,3% 7,8% 3,3% 9,3% 19,6% 11,8% 6,2% 21,1% 3,1% 3,1% 2,6% 9,3% 6,2% 3,6% 3,1% 10,3% Neste contexto, a avaliação aconselha uma monitorização eficaz, a fim de garantir a constituição efectiva de parcerias em torno de cada intervenção, porque se entende que desta forma estarão salvaguardados os interesses dos parceiros e simultaneamente uma gestão mais ágil, mais difícil de assegurar com a participação demasiado alargada nos órgãos de gestão directos. Passando a uma análise mais pormenorizada das ELD no que concerne à constituição de parcerias estratégicas e diversificação de competências nos órgãos de gestão (cf. Quadro 59), procurou-se estabelecer um critério de análise que passa por verificar se integram nos referidos órgãos 5 tipologias gerais de entidades: Organizações da Economia Social | Poder Local | Organizações Públicas | Organizações de Ensino e Empresas. Corroborando a análise anteriormente apresentada de variações de peso relativo da representatividade das entidades parceiras nos órgãos de gestão, verifica-se que 59,1% dos GAL apresentam uma posição moderada no que concerne ao envolvimento de tipologias distintas de entidades e 40,9% não satisfaz o requisito mínimo de envolvimento de pelo menos 3 dos sectores acima referenciados. Para análise do valor acrescentado da rede global de parceiros alargada ao nível de envolvimento no GAL, garantindo uma Estratégia Local de Desenvolvimento mais Instituto Superior Técnico 149 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR participada, verifica-se que 45,4% dos GAL envolvem mais de 30 entidades parceiras, 52,3% entre 15 e 30 entidades e apenas 2,3% menos de 15 entidades. Atendendo à dimensão dos territórios de intervenção e ao total de indivíduos alvo da intervenção, o envolvimento de menos de 15 entidades parece, à partida, pouco adequado. Contudo, há obviamente que ter em consideração que em territórios mais desfavorecidos em termos de densidade populacional, como é o caso do Alentejo ou Algarve, proporcionalmente a intervenção associativa e participativa será sempre menor e de mais difícil operacionalização. As orientações estratégicas do ProDeR e a visão de desenvolvimento rural que lhes está subjacente, têm uma configuração que se aplica ao conjunto do território rural do continente, tendo em conta as necessidades amplamente diagnosticadas e consideradas prioritárias para a promoção dos territórios de média e baixa densidade. Do mesmo modo que há no Programa uma visão nacional do desenvolvimento rural, também as Estratégias Locais de Desenvolvimento não deveriam perder a noção do enquadramento regional e apontarem soluções suportadas numa visão de cooperação inter-territorial, promotora de economias de escala e mais racional na gestão de recursos. Todavia, as ELD em apreciação reproduzem uma visão territorial fechada nas suas áreas de intervenção, perdendo mais uma vez a possibilidade de pensar o desenvolvimento articulado na cooperação entre territórios contíguos. A vantagem da inter-municipalidade no planeamento estratégico, apesar de reconhecida, continua a ter muitas dificuldades na sua prática. Na verdade, o desenvolvimento não deve ser concebido como um somatório de desenvolvimentos, mas sim como uma conjugação de oportunidades que maximizem sinergias, pelo que seria mais adequado que cada GAL pensasse estrategicamente a sua área de intervenção na óptica da articulação inter-territorial, sem esquecer obviamente o contexto específico da sua área de intervenção. A recente dinâmica das candidaturas PROVERE foi um exemplo de que é possível, com mais ou menos dificuldade, concertar esforços entre territórios, de forma a desenhar Estratégias de Eficiência Colectiva, que também seriam de grande utilidade no quadro do desenvolvimento local-rural. Assim sendo, esta análise inicia-se com uma apreciação qualitativa da «eficácia» do contributo das 44 Estratégias Locais de Desenvolvimento para os resultados esperados e que se encontram expressos no ProDeR. A tipologia de actividades apresentada no Quadro 61 foi construída tendo em conta as matrizes de enquadramento lógico e as actividades propostas por Medida. 150 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 Quadro 60 – Importância estratégica das parcerias que constituem os GAL COD. AI GAL Diversificação de Competências nos Órgãos de Gestão Contributos da Rede de Parceiros para a ELD Valor acrescentado de uma rede de parceiros alargada ao nível de envolvimento no GAL AI1 AD ELO + + + AI2 ADAE + + + AI3 ADD - + ++ AI4 ADER-AL + + + AI5 ADERSOUSA - - + AI6 ADERE - ++ + AI7 ADIBER + ++ ++ AI8 ADICES + ++ ++ AI9 ADIRN - ++ + AI10 ADL + + + AI11 BEIRA INTERIOR SUL + ++ ++ AI12 ADRAT - + + AI13 ADREPES + ++ + AI14 ADRIL - + + AI15 ADRIMAG + ++ ++ AI16 ADRIMINHO + ++ + AI17 ADRITEM + ++ ++ AI18 ADRUSE - ++ + AI19 AL-SUD ESDIME + ++ ++ AI20 APRODER - + + AI21 ATAHCA - ++ ++ AI22 ATBG + ++ ++ AI23 BEIRA DOURO + ++ ++ AI24 CASTELOS DO CÔA - ++ ++ AI25 CHARNECA RIBATEJANA - ++ + AI26 CORANE + + + AI27 DESTEQUE - + + AI28 DOLMEN + ++ ++ AI29 DOURO HISTÓRICO + ++ ++ AI30 DOURO SUPERIOR - + ++ AI31 ELOZ + + ++ AI32 INTERIOR DO ALGARVE CENTRAL + ++ + AI33 LEADER OESTE + ++ ++ AI34 LEADERSOR - + + AI35 MARGEM ESQUERDA GUADIANA + ++ + Instituto Superior Técnico 151 2 de Junho de 2009 Avaliação Contínua do ProDeR COD. AI GAL Diversificação de Competências nos Órgãos de Gestão Contributos da Rede de Parceiros para a ELD Valor acrescentado de uma rede de parceiros alargada ao nível de envolvimento no GAL AI36 MONTE - - - AI37 PINHAL MAIOR + + + AI38 PROBASTO + ++ + AI39 PRORAIA + ++ + AI40 PRORURAL - ++ ++ AI41 SOL DO AVE - + ++ AI42 TAGUS - + + AI43 TERRAS DE SICÓ + + ++ AI44 TERRAS DENTRO + ++ ++ ESCALA DE ANÁLISE Elevada (++) Moderada (+ ) Baixa (- ) ESCALA DE ANÁLISE Elevada (++) Moderada (+ ) Baixa (- ) ESCALA DE ANÁLISE Elevada (++) Moderada (+ ) Baixa (- ) Critérios de definição de diversificação de tipologias de competências representadas nos órgãos de gestão: Integram os órgãos de gestão Organizações da Economia Social | Poder Local | Organizações Públicas | Organizações Ensino | Empresas Pelo menos 3 dos Sectores acima mencionados encontram-se representados Menos de 3 Sectores acima mencionados encontram-se representados Critérios de definição dos contributos para a ELD a partir da génese das entidades que compõe a rede de parceiros: Integram a listagem de parceiros GAL pelo menos 8 das 12 tipologias de entidades definidas do quadro 16 Integram a listagem de parceiros GAL pelo menos 5 das 12 tipologias de entidades definidas do quadro 16 Integram a listagem de parceiros GAL menos de 5 das tipologias de entidades definidas do quadro 16 Critérios de valor acrescentado de uma rede de parceiros alargada envolvida no GAL Integram a rede de parceiros GAL mais de 30 entidades Integram a rede de parceiros GAL entre 15 e 30 entidades Integram a rede de parceiros GAL menos de 15 entidades Apesar da normalização dos procedimentos de candidatura dar alguma homogeneidade processual às ELD, as especificidades das áreas de intervenção e as visões das parcerias que constituem os GAL permitiram alguma diversidade nos desenhos do desenvolvimento local-rural, que no entanto segue muito de perto as actividades referenciadas no ProDeR. Esta aparente normalização tem merecido alguns comentários por parte dos beneficiários. O Quadro 61 cruza uma amostragem das principais actividades propostas nas ELD com os resultados esperados para o desenvolvimento local-rural, expressos numa análise qualitativa em três níveis de relação: forte, média e fraca. 152 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho 2009 A “melhoria da competitividade territorial” (37,93%) e a “diversificação da economia” (34,48%) são os dois resultados esperados mais evidentes, apesar da importância da “melhoria das qualificações e competência” (27,59%). A melhoria da qualidade de vida, pela relação directa e indirecta que estabelece com a maioria das actividades, também tem obviamente relevância, apesar dos relacionamentos considerados focarem-se apenas nos aspectos directamente evidentes. Relacionando estes dados com os quatro grandes pilares do desenvolvimento rural para o continente, apenas a promoção da inovação se encontra claramente sub-representada, revelando como os GAL têm dificuldade em dar este salto qualitativo nas suas estratégias. Quanto às actividades que têm um maior número de relações com os resultados esperados seleccionados, destacam-se os serviços sociais e de proximidade, as diferentes modalidades de turismo, o micro empreendedorismo, os serviços às empresas, as parcerias económicas com sectores de I&D e a valorização de recursos endógenos, sendo a maioria recorrente no desenho das estratégias de desenvolvimento rural desde a última década do século XX. A análise dos recursos financeiros mobilizados, da «eficiência» da afectação enquanto condição de maximização de outputs, não se revelou nesta fase da avaliação contínua particularmente fácil, devido às diferenças existentes entre os valores propostos nos Planos Financeiros Globais apresentados pelos GAL nas ELD que serviram de base a esta avaliação e os dados posteriormente fornecidos e constantes do SIProDeR, cuja interpretação também colocou algumas dificuldades de avaliação, devido ao englobamento dos valores da Acção 3.5.1 na Medida 3.3, conforme informação da Autoridade de Gestão. Assim sendo e apesar de não ser o mais aconselhado para uma avaliação trabalhar em simultâneo com duas fontes, uma delas não aferida, optou-se por esta alternativa pelo facto dos dados do SIProDeR ainda não descerem ao nível da acção, exceptuando o caso da 3.5.1, pelo que recorremos aos referenciais inscritos nos Planos Financeiros Globais para uma leitura mais fina dos custos por acção (3.1.1, 3.1.2, 3.1.3, 3.2.1, 3.2.2). Esta opção dá pelo menos uma perspectiva mais sólida da visão do modelo de desenvolvimento local-rural equacionado pelos GALa. a Em anexo apresentam-se os quadros com toda a informação financeira compilada nas ELD (anexos 5 a 9) antes das correcções efectuadas pela Autoridade de Gestão. Instituto Superior Técnico 153 Infra-estruturas de suporto à actividade turística (construção de campos de golfe, kartódromo, paintball, …) Investigação e desenvolvimento de novos produtos e/ou actividades (apicultura, micologia, viticultura, plantas aromáticas, medicinais efarmacêuticas e especiarias, medidas de valorização florestal, …) Governança local Gastronomia tradicional Desenvolvimento de competências sociais e profissionais (actividades na exploração agrícola, animação local, animação turística, hotelaria, gestão, contabilidade, serviços de apoio a novos residentes, …) Conservação e valorização do património natural Conservação e valorização do património construído Comunitarismo e Potencial Humano Certificação de sistemas de qualidade Centros de observação e interpretação da natureza / paisagem, …) Centros de acolhimento turístico Campos de férias (construção e dinamização) Agro-indústria Agricultura social e eco sustentável Agricultura biológica Artes e ofícios tradicionais Tipologia de Actividades Diversificar a economia Fixar população nas áreas rurais Melhorar a auto-estima das populações Melhorar a competitividad e territorial Melhorar a criação de empregos Melhorar qualificações e competências Melhorar a qualidade de vida Preservar cultura, história, identidade e tradições Resultados Esperados para o DR Preservar o ambiente Quadro 61 – Contributo para o desenvolvimento local-rural das ELD Preservar saberes-fazer tradicionais Promover a certificação Promover a colaboração, cooperação e coresponsabilização Promover a inovação Relação Rotas / Percursos temáticos Forte Recursos endógenos (valorizar ambiente, energias renováveis, pequena indústria extractiva e transformadora, …) Redes de cooperação (institucionais, empresariais e territoriais). Produtos tradicionais de qualidade (valorizar azeite, enchidos, medronho, mel, queijo, …) Práticas e tradições culturais artísticas Pontos de venda directa para bens produzidos nas explorações (instalação de pontos específicos) Parcerias económicas com sectores de I&D TER, turismo cultural, enoturismo, de natureza, de saúde e bem-estar, parques de campismo, turismo religioso, … Serviços sociais e de proximidade (apoio psicossocial, apoio psicopedagógico, cuidados domiciliários, ludoteca, …), Serviços de apoio ao turismo (animação, eventos de divulgação, guias, massagens, criação de marcas,…) Serviços básicos para a população Serviços às empresas (marketing, gestão, organização, …) Microempreendedorismo (agro-alimentar, cinegética, energias alternativas, jardinagem, limpeza de matos, pesca, queijarias, restauração, serviço de máquinas, venda de lenhas, …) Tipologia de Actividades (continuação) Média Diversificar a economia Fraca Fixar população nas áreas rurais Melhorar a auto-estima das populações Melhorar a competitividade territorial Melhorar a criação de empregos Melhorar qualificações e competências Melhorar a qualidade de vida Preservar cultura, história, identidade e tradições Resultados Esperados para o DR Preservar o ambiente Preservar saberes-fazer tradicionais Promover a certificação Promover a colaboração, cooperação e coresponsabilização Promover a inovação Em termos da partilha do financiamento do desenvolvimento local-rural subjacente ao Eixo 3 (Implementação de Estratégias de Desenvolvimento Local – Medida 3.3) há uma considerável proximidade entre a iniciativa pública (53,03%) e a privada (46,97%), que se mantém no financiamento global do desenvolvimento local-rural em que se considera o funcionamento do GAL (Acção 3.5.1) como um custo inerente ao próprio processo de desenvolvimento (iniciativa pública - 56,30% e privada - 43,70%), o que acaba por revelar o empenho da participação dos privados na concretização das visões estratégicas do desenvolvimento local-rural. É evidente que no momento da avaliação contínua em que nos encontramos é impossível tecer considerações sobre a coerência e razoabilidade das candidaturas ou sobre o grau de maturidade das iniciativas propostas, mas consideramos adequado relevar o esforço da iniciativa privada. A promoção do desenvolvimento local-rural e da competitividade dos territórios de média e baixa densidade passa pelo estabelecimento de metas fundamentais, como a fixação de segmentos empresariais dinâmicos, a dinamização do empreendedorismo endógeno (jovens, mulheres, migrantes), a melhoria de competências técnicoprofissionais, bem como a imprescindível criação de emprego e obviamente o estabelecimento de atractivos para a fixação de cidadãos e empresas. A actual visão nacional de desenvolvimento local-rural ao centrar-se na tríade COMPETITIVIDADE – SUSTENTABILIDADE – REVITALIZAÇÃO, assumiu que a estratégia global deverá estar ancorada no aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal, na sustentabilidade dos espaços rurais e dos recursos naturais e na revitalização económica e social das áreas rurais, domínios a que o ProDeR irá dar resposta, nomeadamente através das medidas e acções do Eixo 3. Estando a Medida 3.5 vocacionada para o Funcionamento do GAL e a Medida 3.3 para a Implementação de Estratégias de Desenvolvimento Local, é natural a grande assimetria de financiamento existente. Todavia, só uma análise mais fina permite compreender o conceito de desenvolvimento local subjacente às propostas do GAL, cujos Planos de Financiamento dão claramente mais importância à Medida 3.1 – Diversificação da Economia e Criação de Emprego (superior a 60%) do que à Medida 3.2 – Melhoria da Qualidade de Vida, onde a par da “conservação e valorização do património rural” surgem os “serviços básicos para a população rural”. Salvaguardando a discrepância já anteriormente referida nas fontes de informação, a Figura 19 permite compreender, em termos de acções, as grandes apostas das parcerias que constituem os GAL, destacando-se por ordem decrescente a Criação e Desenvolvimento de Microempresas (Acção 3.1.2.), o Desenvolvimento de Actividades Turísticas e de Lazer (Acção 3.1.3.), a Conservação e Valorização do Património Rural (Acção 3.2.1.), os Serviços Básicos para a População Rural (Acção 3.2.2.) e a Diversificação de Actividades na Exploração Agrícola (Acção 3.1.1.), o que centra o modelo no micro empreendedorismo e nas actividades de turismo e lazer como forma de promover uma economia empresarial competitiva, uma das condições preconizadas no PENDR. 156 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 Contudo, se as micro empresas nem sempre têm sido devidamente valorizadas em Portugal como suporte da economia local e do combate ao desemprego (a actual conjuntura torna-as mais visíveis), já o turismo (activo/de aventura/de desporto; cinegético; cultural; de negócios; de lazer; de saúde; natureza/ecológico; religioso; TER; sénior) tem recebido inúmeros incentivos, continuando a ser encarado como uma âncora do desenvolvimento local e uma forma de aproveitar as diversas mais-valias patrimoniais existentes nos territórios rurais. Figura 19 – Financiamento do desenvolvimento rural por Acção Fonte: Estratégias Locais de Desenvolvimento – Planos Financeiros Globais No que concerne ao Plano Financeiro Geral (PFG), os quadros 20 a 22 apresentam a distribuição da afectação da despesa total, pública e privada (cf. discriminação por GAL no anexo A). O Plano Financeiro com o menor custo total de investimento é do GAL TAGUS - Associação de Desenvolvimento Integrado do Ribatejo Interior (9.604.325,32 euros) e o com a maior proposta pertence ao GAL MONTE - Desenvolvimento do Alentejo Central (22.156.700,14 euros). A distribuição do investimento total revela equilíbrio ente as primeiras classes consideradas, surgindo 20 GAL com propostas inferiores a 13,8 milhões de euros e outros 20 com propostas centradas entre este valor e os 17,9 milhões de euros. Acima deste limite encontram-se apenas 4 GAL, três deles na NUT II Alentejo: MONTE - Desenvolvimento do Alentejo Central; DOLMEN – Cooperação, Formação e Desenvolvimento do Baixo Tâmega, CRL; CHARNECA – Associação de Promoção Rural da Charneca Alentejana; ADL - Associação de Desenvolvimento do Litoral Alentejano. Instituto Superior Técnico 157 SÍNTESE No sentido de nortear globalmente as intervenções protagonizadas pelos GAL, reiterase a necessidade de considerar adequadamente os princípios transversais apresentados de seguida. Trabalho em Parceria O trabalho em parceria remete para os seguintes itens: Complementaridade e pertinência das competências/modos de abordagem | Participação nas diversas fases e actividades do projecto | Cooperação efectiva dos parceiros | Adequação da organização da parceria, nomeadamente do trabalho conjunto dos agentes | Eficácia dos mecanismos de comunicação | Oportunidades e efeitos da partilha de conhecimento. A organização das parcerias pressupõe uma transformação progressiva das estruturas organizacionais e uma redefinição dos papéis e dos poderes de cada função, com estruturas projecto-orientadas, o desenvolvimento da comunicação transversal, o pôr em causa os hermetismos, sistemas formais de informação, trocas e reencontros informais e frequentes, a partilha de informação, a continuidade das pessoas em contacto, um empowerment suficiente dos agentes, o respeito pela palavra e o estabelecimento de relações de confiança, fluxos de informação formais e informais, transparência suficiente e uma instância para as decisões importantes e as arbitragens. Empowerment A participação dos agentes e destinatários constitui uma mais-valia complementar às outras formas dos processos democráticos, permitindo por um lado, melhorar as decisões em matéria social e por outro o reforço das capacidades (empowerment) das pessoas que vivem em situação de pobreza e exclusão social. A participação melhora a qualidade do processo de decisão, conduzindo a medidas mais adequadas aos objectivos a atingir, necessitando de uma estrutura facilitadora, um quadro favorável, como seja: um ambiente seguro e digno de confiança; o reconhecimento das diferentes formas e níveis de comunicar; apoio para ultrapassar problemas pessoais e familiares; envolvimento em todas as fases, desde a concepção até à avaliação final, incluindo a implementação e monitorização. A participação é o elemento chave do método aberto de coordenação no domínio da inclusão social e desenvolvimento local, onde a mobilização de todos os actores, a participação e a voz das pessoas que sofrem diferentes níveis de exclusão, devem ser tidas em conta em paralelo com outras especificidades locais e também com as políticas de desenvolvimento local, regional e nacional. O ProDeR dá-lhe uma ampla valorização ao considerar que a Estratégia Local de Desenvolvimento (ELD) é “o modelo de desenvolvimento para um território de intervenção, sustentado na participação dos agentes locais, com vista a dar resposta às suas necessidades através da valorização dos seus recursos endógenos, assente num conjunto de prioridades e objectivos fixados a 158 Instituto Superior Técnico Avaliação Contínua do ProDeR 2 de Junho de 2009 partir de um diagnóstico, privilegiando uma abordagem integrada, inovadora e com efeitos multiplicadores” (Portaria 392-A/2008, Capítulo I, Artigo 2º). Cidadania e Igualdade de Género A cidadania, a igualdade de oportunidades entre mulheres e homens e a importância da integração da dimensão do Género na intervenção junto das populações e territórios excluídos ou com necessidades de desenvolvimento são um desafio para os parceiros implementadores das ELD, não apenas porque se trata de uma temática emergente que se vem cimentando numa perspectiva de mainstreaming, mas porque é um desafio à aprendizagem organizacional e à incorporação de uma nova cultura no seio das instituições, visando quer os públicos-alvo da intervenção propriamente dita, quer os/as seus/suas técnicos/as, dirigentes e colaboradores/as em geral. Não obstante os GAL e as suas redes de associados encararem o desenvolvimento numa perspectiva holística, entenda-se multi-dimensional, na convicção de que o desenvolvimento é um conceito indivisível em quaisquer dimensões prioritárias, facto é que, na prossecução desse mesmo objectivo, a consciência sobre a necessidade de criar iniciativas que promovam a igualdade de género muitas vezes dilui-se, quer nas necessidades mais imediatas de determinados grupos em risco de exclusão nos territórios de intervenção, quer na promoção de dinâmicas e processos de mudança social mais abrangentes e impessoais, ou menos específicos quanto aos grupos sociais envolvidos. Noutros casos ainda, a temática da Igualdade de Oportunidades é encarada de forma redutora na sua dimensão socioeconómica, tendo sido uma valência prioritária de algumas organizações de desenvolvimento local ou associadas a esta estratégia, a intervenção para a promoção da inclusão social por via da orientação, formação e inserção profissional, sendo o desemprego um problema de importância central na nossa sociedade. Sucede que o desemprego é um fenómeno estrutural, pois abrange determinados territórios com maior dificuldade em adaptarem-se às novas formas de produção, às novas necessidades de qualificações e critérios de competitividade e, sobretudo, à recomposição sectorial da economia e desaparecimento de antigos saberes e antigas profissões. Em segundo lugar, o desemprego é estruturado, querendo isto significar que abrange sistematicamente os mesmos grupos e categorias sociais, e a população feminina em idade activa é precisamente um dos principais, senão o principal grupo de risco nesse domínio, e de uma forma transversal aos diferentes territórios de abrangência do ProDeR. Pelo acima descrito, os GAL acabam, na maior parte das vezes, por dirigir os seus serviços ao universo feminino, mas por uma questão de representatividade e não tanto no sentido de uma discriminação positiva reflectida e racionalizada. A principal necessidade a que se pretende dar resposta é à integração da igualdade de género nas suas diferentes dimensões - socioeconómica, simbólica, organizacional e cívica – e às diferentes esferas de sociabilidade – a família, o trabalho, a sociedade. Instituto Superior Técnico 159 Se tivermos em atenção a questão da representação e da participação de mulheres em órgãos de decisão e analisando as ELD, a proporção é de 88% de elementos masculinos para 12% de elementos femininos, sendo um exemplo de que o princípio necessitará de ser entendido na sua abrangência mais global. Inovação A inovação é também um princípio muito relevante, na medida em que permitirá soluções inovadoras de resposta estratégica aos objectivos do ProDeR. Este princípio, atendendo à fase inicial da avaliação, não é ainda muito visível, pelo que se procurará uma maior reflexão sobre o mesmo numa etapa posterior da avaliação. Todavia, nesta fase, apontam-se algumas pistas interessantes levantadas a partir da análise das ELD, nomeadamente: Centros de Educação Rural; Incubadoras sociais com sistemas produtos de inovação social, criadoras de bemestar social e económico par idosos e famílias em situação de maior precariedade/fragilidade; Alojamentos turísticos na exploração agrícola; Aposta em produtos locais com elevado potencial de valor acrescentado; Criação/reforço de rotas de produtos locais, sejam elas de âmbito económico, ambiental ou do património; Reconhecimento da importância das políticas de solidariedade social pelas entidades públicas locais, numa lógica de cimentação do trabalho em parceria; Criação de grupos de activação local, de planeamento e acções de desenvolvimento social, reforçando a intervenção cívica; Relação da intervenção ProDeR com as Agendas21 Local e com as Redes Sociais; Criação de vasos comunicantes comunitários com recurso à internet; Apoio a acções de educação em contextos comunitários para o empreendedorismo; Planos de Comunicação e Divulgação da Estratégia local de desenvolvimento associadas a acções promocionais do território e dos seus produtos e serviços procurando alcançar mercados específicos. 160 Instituto Superior Técnico 5. LIGAÇÃO EM REDE DAS ENTIDADES INTERVENIENTES NA AVALIAÇÃO A Rede Europeia de Desenvolvimento Rural estipula, entre outros objectivos, a criação e funcionamento de uma rede de peritos, com vista a facilitar a transferência de informação e o intercâmbio de competências no âmbito da monitorização e avaliação, potenciando a inovação e a utilização de ferramentas adequadas para melhorar a programação e a implementação e apoiar a execução e a avaliação das políticas de Desenvolvimento Rural. No que se refere ao conjunto de actividades de ligação em rede das entidades intervenientes na Avaliação, requerido para a criação e funcionamento de uma Rede Europeia de Desenvolvimento Rural ao nível Comunitário, como parte da Assistência Técnica para as políticas de Desenvolvimento Rural, este não foi, ainda, operacionalizado, pelo que esta componente de avaliação não foi efectuada. Instituto Superior Técnico 161 ANEXO A – TIPOLOGIA DAS ENTIDADES PARCEIRAS QUE CONSTITUEM OS GAL Entidade Cód. GAL AI1 AI2 AI3 AI4 AI5 AI6 AI7 AI8 AI9 AI10 Designação do GAL Nº Assoc. GAL AD ELO ADAE ADD ADER-AL ADERSOUSA ADERE ADIBER ADICES ADIRN ADL BEIRA INTERIOR SUL ADRAT ADREPES ADRIL ADRIMAG ADRIMINHO ADRITEM ADRUSE AL-SUD ESDIME APRODER ATAHCA ATBG Beira Douro Castelos do Côa Charneca Ribatejana Corane Desteque Dolmen Douro Histórico Douro Superior ELOZ 24 21 28 32 20 124 24 49 15 54 49 34 55 18 15 16 66 74 36 111 AI32 Interior Alg. Central 25 AI33 AI34 AI35 AI36 AI37 AI38 AI39 AI40 AI41 AI42 AI43 AI44 81 24 25 4 21 21 24 49 35 22 34 43 AI11 AI12 AI13 AI14 AI15 AI16 AI17 AI18 AI19 AI20 AI21 AI22 AI23 AI24 AI25 AI26 AI27 AI28 AI29 AI30 AI31 LEADER OESTE LEADERSOR Marg. Esq. Guadiana MONTE Pinhal Maior PROBASTO PRORAIA PRORURAL Sol do Ave TAGUS Terras de Sicó Terras Dentro Total Mun. (Assoc.) JF Coop. C.C.A Assoc Fed./ Assoc. Nac./ Uniões Miseric. Univ./ Politéc/ Escolas Empresas e Núcleos Empres. Admin. Pública Centros Sociais e Paroquiais Outras (*) 17 15 33 29 17 25 79 52 25 26 30 1621 (*) Grupos Recreativos, Casas do Povo, Centros Culturais, Clubes, Confrarias, Fundações, Rádios, Agências de Desenvolvimento, Filarmónicas, Grupos Desportivos, Dioceses, Lares, Centros de Gestão Agrícola, Redes Sociais, Ranchos Folclóricos, Paróquias, Museus, IPSS, Matadouros e Centros de Estudos. Participam na parceria do GAL 162 Ind. Instituto Superior Técnico Participam nos Órgãos de Gestão do GAL PENDR (Objectivos Específicos / Medidas) EIXO I - Aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal I.1 - Melhorar a formação profissional e desenvolver serviços capacitando os activos para o desempenho da actividade. I.2 - Rejuvenescer o tecido empresarial. I.3 - Assegurar uma alteração estrutural significativa nas explorações transferidas. I.4 - Desenvolver novos produtos, processos e tecnologias através da cooperação. I.5 - Melhorar a competitividade das fileiras estratégicas. I.6 - Melhorar a competitividade das empresas do sector agro-florestal. I.7 - Desenvolver as infra-estruturas agrícolas e florestais de forma sustentável. I.8 - Promover a eco-eficiência e reduzir a poluição. I.9 - Valorizar os produtos de qualidade. EIXO II - Melhoria do ambiente e da paisagem rural II.1 - Promover a protecção da biodiversidade e de sistemas de alto valor natural e paisagístico, associados aos sistemas agrícolas e florestais. II.2 - Incentivar a introdução ou manutenção de modos de produção compatíveis com a protecção dos valores ambientais e dos recursos hídricos e do solo no âmbito da actividade agrícola e florestal. II.3 - Melhorar a sustentabilidade dos povoamentos florestais. II.4 - Promover a eco-eficiência e reduzir a poluição. II.5 - Preservar a actividade agrícola em áreas desfavorecidas. EIXO III - Qualidade de vida nas zonas rurais e diversificação da economia rural III.1 - Promover a diversificação da economia e do emprego em meio rural. III.2 - Promover a melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais. EIXO IV - Abordagem LEADER IV.1 - Promover a diversificação de actividades e a qualidade de vida nas áreas rurais. IV.2 - Promover a cooperação e as boas práticas. IV.3 - Aumentar a capacidade de execução da abordagem LEADER. AI1 AI2 AI3 AI5 AI6 AI7 AI8 AI9 AI10 AI11 AI12 AI13 Fonte: Estratégias Locais de Desenvolvimento. AI4 AI14 AI15 AI16 AI17 ANEXO B – CONFORMIDADE DAS ELD COM O PENDR E PRODER AI18 AI19 AI20 AI21 AI22 II.5 - Preservar a actividade agrícola em áreas desfavorecidas. EIXO III - Qualidade de vida nas zonas rurais e diversificação da economia rural III.1 - Promover a diversificação da economia e do emprego em meio rural. III.2 - Promover a melhoria da qualidade de vida nas áreas rurais. EIXO IV - Abordagem LEADER IV.1 - Promover a diversificação de actividades e a qualidade de vida nas áreas rurais. IV.2 - Promover a cooperação e as boas práticas. IV.3 - Aumentar a capacidade de execução da abordagem LEADER. PENDR (Objectivos Específicos / Medidas) EIXO I - Aumento da competitividade dos sectores agrícola e florestal I.1 - Melhorar a formação profissional e desenvolver serviços capacitando os activos para o desempenho da actividade. I.2 - Rejuvenescer o tecido empresarial. I.3 - Assegurar uma alteração estrutural significativa nas explorações transferidas. I.4 - Desenvolver novos produtos, processos e tecnologias através da cooperação. I.5 - Melhorar a competitividade das fileiras estratégicas. I.6 - Melhorar a competitividade das empresas do sector agro-florestal. I.7 - Desenvolver as infra-estruturas agrícolas e florestais de forma sustentável. I.8 - Promover a eco-eficiência e reduzir a poluição. I.9 - Valorizar os produtos de qualidade. EIXO II - Melhoria do ambiente e da paisagem rural II.1 - Promover a protecção da biodiversidade e de sistemas de alto valor natural e paisagístico, associados aos sistemas agrícolas e florestais. II.2 - Incentivar a introdução ou manutenção de modos de produção compatíveis com a protecção dos valores ambientais e dos recursos hídricos e do solo no âmbito da actividade agrícola e florestal. II.3 - Melhorar a sustentabilidade dos povoamentos florestais. II.4 - Promover a eco-eficiência e reduzir a poluição. (continuação) AI23 AI24 AI25 AI26 AI28 AI29 AI30 AI31 AI32 AI33 AI34 AI35 Relação directa Relação indirecta Fonte: Estratégias Locais de Desenvolvimento. AI27 AI36 AI37 AI38 AI39 AI40 AI41 AI42 AI43 AI44 2322 2321 2312 2311 2231 163 142 131 132 141 12 112 352 241 351 2333 2232 161 162 133 113 111 Cod. ProDeR Apoio aos regimes de Qualidade Informação e Promoção de Produtos de Qualidade Sustentabilidade Regadios Públicos Conservação e Melhoramento Recursos 165enéticos-Componente Vegetal Defesa da Floresta Contra Incêndios Minimização de Riscos Bióticos Após incêndios Recuperação do Potencial Produtivo Instalação de Sistemas Florestais e Sistemas Agro-floretais Gestão Multifuncional Cooperação Empresarial para o Mercado Internacionalização Melhoria Produtiva Povoamentos Investimentos de Pequena Dimensão Fase 2 Funcionamento GAL Aquisição de Competências e Animação Regadio Alqueva Conservação e Melhoramento Recursos 165enéticos-Componente Animal Protecção Contra Agentes Bióticos Nocivos Apoio à Gestão das ITI Instalação de Jovens Agricultores Modernização e capacitação das Empresas Florestais Desenvolvimento Regadio Modernização e Capacitação das Empresas Fase 1 Designação A A 2008 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Ano 2009 ANEXO C – IMPLEMENTAÇÃO DE MEDIDAS Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro 322 321 313 312 311 165 164 152 151 431 432 422 242 341 342 41 421 2332 2331 Cod ProDeR Legenda 2008 Abertura e Decisão de Pedidos Apoio Contratação Recepção de Pedidos de Pagamentos e Pagamentos Portarias Excepcionais (Catástrofes, Calamidades) Acções Acreditadas Desenvolvimento de Actividades Turisticas e de Lazer Conservação Valorização Patrimonio Rural Serviços Básicos População Rural Criação Desenvolvimento Microempresas Restabelecimento Potencial Produtivo Modernização Regadios Colectivos Tradicionais Projectos Estruturantes Diversificação Actividades Exploração Agrícola Instrumentos Financeiros Fase 3 Serviços Apoio às Empresas Formação Especializada Redes Temáticas Informação e Divulgação Serviços Aconselhamento Agrícola Cooperação para a Inovação Cooperação Transnacional Cooperação Interterritorial Promoção do Valor Ambiental dos espaços Florestais Reconversão de Povoamentos com Fins Ambientais Programas de Gestão das ITIs Fase 2 (cont.) Designação (continuação) A Janeiro Fevereiro Março Maio Junho Ano 2009 Total Julho Total de Acções e Sub-Acções Acções acreditadas Acções Protocoladas com IFAP Acções protocoladas com GAL Abril Agosto 54 15 13 5 18 Setembro Outubro Novembro Dezembro Ameaças/Debilidades AI1 AI2 AI3 Nula (0 pontos fracos expressos na SWOT) Fraca (1-2 pontos fracos expressos na SWOT) Média (3-5 pontos fracos expressos na SWOT) Forte (6-8 pontos fracos expressos na SWOT) Muito Forte (>8 pontos fracos expressos na SWOT) Legenda Tecnologia e Inovação Formação e Qualificação Equipamentos | Infra-estruturas de Apoio e Serviços de Proximidade Mobilidade | Redes Comunicação e Transporte Ordenamento do Território Parcerias e Cooperação Institucional | Associativismo e Lobby Social Finanças Educação Economia Ambiente | Paisagem e Recursos Naturais Cultura e Património Cidadania e Participação | lgualdade de acesso a recursos, de género, etc Demografia AI4 AI5 AI7 AI8 AI9 AI10 AI11 AI12 AI13 AI14 Fonte: Estratégias Locais de Desenvolvimento. AI6 AI15 AI16 AI17 AI18 ANEXO D – SÍNTESE DAS ANÁLISES SWOT CONSTANTES DAS ELD AI19 AI20 AI21 AI22 AI23 AI24 AI25 AI26 Nula (0 pontos fracos expressos na SWOT) Fraca (1-2 pontos fracos expressos na SWOT) Média (3-5 pontos fracos expressos na SWOT) Forte (6-8 pontos fracos expressos na SWOT) Muito Forte (>8 pontos fracos expressos na SWOT) Legenda Tecnologia e Inovação Parcerias e Cooperação Institucional | Associativismo e Lobby Social Equipamentos | infraestruturas de apoio e Serviços Proximidade Mobilidade | Redes Comunicação e Transporte Ordenamento do Território Formação e Qualificação Finanças Educação Economia Cidadania e Participação | lgualdade de acesso a recursos,de género, etc Demografia Ambiente | Paisagem e Recursos Naturais Cultura e Património Ameaças/Debilidades (continuação) AI27 AI28 AI30 AI31 AI32 AI33 AI34 AI35 Fonte: Estratégias Locais de Desenvolvimento. AI29 AI36 AI37 AI38 AI39 AI40 AI41 AI42 AI43 AI44 ANEXO E – MÓDULOS E PROCESSOS FUNCIONAIS DO SIPRODER Módulos e Processos funcionais Gestão Financeira Gestão Operacional Módulo Processo Funcionalidade Recepção de Pedidos de Apoio Distribuição de Pedidos de Apoio Atribuição para análise. Análise de Pedidos de Apoio Parecer do Organismo Registo do parecer do técnico; Formalização do parecer final; Decisão dos pedidos de apoio Hierarquização; Controlo administrativo; Decisão. Contratação Notificação ao beneficiário; Processo de contratação com o IFAP. Manutenção do Orçamento Orçamento global do ProDeR; Orçamento anual. Gestão Orçamental Execução Orçamental Controlo Financeiro Validação dos Pedidos de Apoio; Substituição de Pedidos de Apoio; Criação de agrupamentos; Desistência de Pedidos de Apoio. Modelo de Análise; Análise SIG; Análise técnico-financeira; Verificação de elegibilidade; Controlo cruzado com IFAP. Produção de quadros de gestão orçamental. Classificação financeira; Comparticipação FEADER. Definição de plafonds Previsão de despesa Recepção de informação do OP sobre Avaliação e Acompanhamento pagamentos efectuados. Tratamento de Dados Identificação dos dados; Estruturação e organização dos dados. Consultas e Relatórios Definição da estrutura da consulta; Definição dos períodos; Definição de agregações; Estruturação e organização da informação. Instituto Superior Técnico 169