5. A Virgem Maria
A Santa Virgem é essa bela criatura que nunca
desagradou ao bom Deus.
O Pai adora contemplar o coração da Santíssima
Virgem Maria, como a obra-prima de suas mãos.
Jesus Cristo, depois de ter-nos dado tudo o que nos
podia dar, quis ainda fazer-nos herdeiros do que tem
de mais precioso, sua Santa Mãe.
A Santa Virgem nos gerou duas vezes: na
encarnação e aos pés da Cruz; logo, é nossa Mãe
duas vezes.
Não entramos numa casa sem falar com o porteiro!
Pois bem: a Santa Virgem é a porteira do Céu!
A ave-maria é uma oração que não cansa nunca.
Tudo o que o Filho pede ao Pai lhe é concedido.
Tudo o que a Mãe pede ao Filho também lhe é
deferido.
O meio mais seguro de conhecer a vontade de Deus
é rezar a nossa boa Mãe.
Quando nossas mãos tocaram um aroma, perfumam
tudo o que tocam. Façamos nossas orações passarem pelas mãos da Santa Virgem: ela as perfumará.
Creio que, no fim do mundo, a Santa Virgem ficará
muito tranquila, mas, enquanto durar o mundo, ela é
puxada de todos os lados...
J
S ÃO
1786
MARIA V
O
IA
OÃ
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4. O sacerdote
A ordem: é um sacramento que não parece dizer
nada a nenhum de vocês, mas diz respeito a todos.
É o sacerdote quem continua a obra da Ressurreição
na terra.
Quando vocês vêem o sacerdote, pensem em Nosso
Senhor Jesus Cristo.
O sacerdote não é sacerdote para si mesmo, mas por
vocês.
Tentem se confessar com a Santa Virgem ou com
um anjo. Eles os absolverão? Darão o corpo e o
sangue de Nosso Senhor a vocês? Não, a Santa
Virgem não pode trazer seu divino Filho na hóstia.
Ainda que vocês tivessem duzentos anjos a sua
disposição, eles não poderiam absolvêlos.
Um sacerdote, por mais simples que seja, pode fazer
isso. Ele pode lhes dizer: vão em paz, eu os perdôo.
Oh, o sacerdote é algo realmente grande!
Um bom pastor, um pastor de acordo com o coração
de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode
conceder a uma paróquia, e um dos dons mais
preciosos da misericórdia divina.
O Sacerdócio é o amor do coração de Jesus.
Deixem uma paróquia vinte anos sem sacerdote: ali
os animais serão adorados.
NN
3. A oração
A oração nada mais é que a união com Deus.
A oração é uma doce amizade, uma familiaridade
surpreendente; [...] é um doce colóquio de uma
criança com seu Pai.
Quanto mais rezamos, mais queremos rezar.
Vocês têm um coração pequeno, mas a oração o
alarga e o torna capaz de amar a Deus.
Não é para as longas nem para as belas orações que o
bom Deus olha, mas para as que vêm do fundo do
coração, com grande respeito e verdadeiro desejo de
agradar a Deus.
Como um pequeno quarto de hora que roubamos a
nossas ocupações, a uma série de coisas inúteis, para
rezar, lhe dá prazer!
A oração particular assemelha-se à palha espalhada
aqui e ali num campo. Se lhe ateamos fogo, a chama
tem pouco ardor, mas, se reunimos a palha
espalhada, a chama se torna abundante e se eleva
para o alto do céu: o mesmo se dá com a oração
pública.
O homem é um pobre que precisa pedir tudo a Deus.
O homem tem uma bela função: rezar e amar. [...]
Essa é a felicidade do homem na terra.
Vamos, minh’alma, vai conversar com o bom Deus,
trabalhar com Ele, caminhar com Ele, lutar e sofrer
com Ele. Trabalharás, mas Ele abençoará teu
trabalho; caminharás, mas Ele abençoará teus
passos; sofrerás, mas Ele abençoará tuas lágrimas.
Como é grande, como é nobre, como é consolador
fazer tudo em companhia e sob o olhar do bom
Deus, e pensar que Ele tudo vê, tudo enumera!...
1859
Uma vida sob o olhar de Deus
19.06.2009 - 2010
Vida do Santo Cura
– Principais biografias do Cura d’Ars
Nascido a 8 de maio de 1786 em Dardilly,
próximo de Lyon, numa família de lavradores, João
Maria Vianney tem uma infância marcada pelo
fervor e pelo amor de seus pais. O contexto da
Revolução Francesa exercerá forte influência sobre
sua juventude: fará sua primeira confissão aos pés
do grande relógio da sala de estar de sua casa, e não
na igreja do povoado, e receberá a absolvição de um
sacerdote clandestino.
Dois anos mais tarde, faz sua primeira comunhão
num celeiro, durante uma Missa clandestina
celebrada por um sacerdote rebelde. Aos 17 anos,
decide responder ao chamado de Deus: “Gostaria de
ganhar almas para o Bom Deus”, dirá a sua mãe,
Marie Béluze. Seu pai, porém, se opõe a esse projeto
durante dois anos, pois faltavam braços na lavoura
familiar.
Aos 20 anos, começa a se preparar para o
sacerdócio com o abade Balley, pároco de Écully. As
dificuldades o farão crescer: passa rapidamente do
abatimento à esperança, vai em peregrinação ao
sepulcro de São François Régis, em Louvesc. Vê-se
obrigado a desertar, quando chamado a entrar para o
exército para lutar na guerra na Espanha. Mas o
abade Balley saberá ajudá-lo nesses anos
caracterizados por uma série de provações.
Ordenado sacerdote, em 1815, passa uma primeira
temporada como vigário de Écully.
Em 1818, é enviado a Ars. Ali, desperta a fé de
seus paroquianos com suas pregações, mas,
sobretudo, com sua oração e seu estilo de vida.
Sente-se pobre diante da missão que tem a realizar,
mas se deixa envolver pela misericórdia de Deus.
Restaura e decora a igreja, funda um orfanato, a que
dá o nome de “A Providência”, e cuida dos mais
pobres.
Muito rapidamente, sua reputação de confessor
atrai muitos peregrinos, que vêm buscar com ele o
perdão de Deus e a paz do coração. Assaltado por
provações e lutas interiores, mantém seu coração
bem arraigado no amor a Deus e aos irmãos; sua
única preocupação é a salvação das almas. Suas
aulas de catecismo e suas homilias falam sobretudo
da bondade e da misericórdia de Deus. Sacerdote
que se consome de amor diante do Santíssimo
Sacramento, doado inteiramente a Deus, a seus
paroquianos e aos peregrinos, morre em 4 de agosto
de 1859, depois de uma entrega até o extremo do
Amor. Sua pobreza não era simulada. Sabia que
estava fadado a morrer como “prisioneiro do
confessionário”. Três vezes tentara fugir de sua
paróquia, acreditando-se indigno da missão de
pároco e pensando ser mais um obstáculo à bondade
de Deus que um condutor de seu Amor. A última
tentativa de fuga ocorreu menos de seis anos antes
de morrer.
Foi interceptado por seus paroquianos, que
tinham feito soar o alarme no meio da noite. Voltou,
então, a sua igreja e pôs-se a confessar até a uma da
manhã. No dia seguinte, diria: “Comportei-me
como uma criança”. Em seu funeral, havia mais de
mil pessoas, entre as quais o bispo e todos os
sacerdotes da diocese, que vinham abraçar aquele
que já era seu modelo.
Beatificado em 8 de janeiro de 1905, foi
declarado no mesmo ano “padroeiro dos sacerdotes
da França”. Canonizado por Pio XI em 1925,
mesmo ano da canonização de Santa Teresa do
Menino Jesus, será proclamado em 1929 “padroeiro
de todos os párocos do universo”. O papa João
Paulo II visitou Ars em 1986.
Hoje, Ars recebe 450 mil peregrinos todos os
anos, e o Santuário organiza diversas atividades.
Em 1986, lá foi aberto um seminário para formar
futuros sacerdotes na escola do “Sr. Vianney”.
Afinal, por onde passam os santos, Deus passa
com eles!
Nossos erros são grãozinhos de areia em
comparação com a grande montanha da
misericórdia de Deus.
Quando o sacerdote dá a absolvição, precisamos
pensar apenas numa coisa: que o sangue do bom
Deus se derrama sobre nossa alma para lavá-la,
purificá-la e torná-la bela como era depois do
batismo.
O bom Deus, no momento da absolvição, joga
nossos pecados para trás das costas, ou seja,
esquece-os, apaga-os: não reaparecerão nunca mais.
Já não há o que falar dos pecados perdoados. Foram
apagados, não existem mais!
Palavras do Santo Cura d’Ars
2. A Eucaristia e a comunhão
Todas as boas obras, juntas, não se equivalem ao
sacrifício da Missa, pois são obras dos homens,
enquanto a Santa Missa é obra de Deus.
Nada há tão grande quanto a Eucaristia.
Oh, filhos meus, o que faz Nosso Senhor no
Sacramento de seu amor? Toma seu coração bom
para nos amar, e extrai desse coração uma
transpiração de ternura e misericórdia, para sufocar
os pecados do mundo.
Aí está aquele que tanto nos ama! Por que não amálo?
O alimento da alma é o corpo e o sangue de um Deus.
Se pensarmos nisso, havemos de nos perder
eternamente nesse abismo de amor!
Venham à comunhão, venham a Jesus, venham viver
d’Ele, para viver para Ele.
O bom Deus, querendo oferecer-se a nós no
sacramento de seu amor, deu-nos um desejo grande
e profundo, que só Ele pode satisfazer.
A comunhão produz na alma uma espécie de lufada
de ar num fogo que começa a se apagar, mas em que
ainda ardem muitas brasas!
Depois que comungamos, se alguém nos dissesse:
“O que você leva para casa?”, poderíamos
responder: “Eu levo o céu”.
Não digam que não são dignos disso. É verdade:
vocês não são dignos, mas precisam disso.
Excertos das palavras do Santo Cura d’Ars
Com suas palavras, João Maria Vianney
soube tocar os corações e guiá-los para Deus
1. Misericórdia e sacramento do perdão
Se compreendêssemos bem o que significa ser filho
de Deus, não poderíamos fazer o mal [...]; ser filho
de Deus, oh, que bela dignidade!
A misericórdia de Deus é como um rio que
transbordou. Ao passar, arrebata os corações.
Não é o pecador que retorna a Deus para lhe pedir
perdão, é Deus que corre atrás do pecador e o faz
voltar para Ele.
Demos, portanto, esta alegria a esse Pai tão bom:
voltemos a Ele... e seremos felizes.
O bom Deus está sempre disposto a nos receber. Sua
paciência nos espera!
Há quem volte ao Pai Eterno um coração duro. Oh,
como essas pessoas se enganam! O Pai
Eterno, para desarmar sua justiça, deu a seu Filho
um coração excessivamente bom: não damos o que
não temos...
Há quem diga: “Agi mal demais; Deus não pode me
perdoar”. Trata-se de uma grande blasfêmia.
Equivale a impor um limite à misericórdia de Deus,
que não tem limites: é infinita.
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São João Maria Vianney