Festa da Exaltação da Santa Cruz Texto – Jo 3,13-17 13 14 15 16 17 Ninguém subiu ao Céu a não ser aquele que desceu do Céu, Assim como Moisés ERGUEU assim também é necessário que SEJA ERGUIDO O FILHO DO HOMEM. a serpente no deserto, O FILHO DO HOMEM, a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna. DEUS amou tanto o mundo, que lhe entregou o seu FILHO UNIGÉNITO, a fim de que todo o que nele crê não se perca, mas tenha a vida eterna. De facto, DEUS não enviou o seu FILHO ao mundo para condenar o mas para que o mundo, mundo seja salvo por ELE. Breve comentário O texto evangélico da Festa da Exaltação da Santa Cruz é tirado do Evangelho de S. João, evangelista que apresenta o mistério da Cruz do Senhor como exaltação. Isto é claro no texto: «Assim como Moisés ergueu a serpente no deserto, assim também é necessário que seja erguido o Filho do Homem». João explica-nos o mistério do Verbo incarnado no movimento paradoxal de descida/subida (Jo 1,14.18; 3,13). De facto, é este mistério que oferece a chave de leitura para compreender o desenrolar da identidade e da missão de Jesus Cristo sofredor e glorioso. Jesus é o Filho de Deus que, tornando-se Filho do Homem (Jo 3,13), nos faz conhecer os mistérios de Deus (Jo 1,18). Só Ele o pode fazer, pois somente Ele viu o Pai (Jo 6,46). Podemos dizer que o mistério do Verbo que desce do céu responde ao desejo dos profetas: «Quem subirá ao céu para nos revelar este mistério?» (cf. Dt 30,12; Pr 30,4). Por outro lado, o IV evangelho está repleto de referências ao mistério daquele que é do céu (Jo 6,33.38.51.62; 8,42; 16,28-30; 17,5). A exaltação de Jesus está precisamente na sua descida até nós, descida até à morte e morte de Cruz, sobre a qual ele foi levantado como a serpente no deserto, e quem o contemplar terá a vida (Nm 21,7-9; Zc 12,10). Este ver Cristo levantado será recordado por João na cena da morte de Jesus: «Hão-de olhar para aquele que trespassaram» (Jo 19,37). No contexto do quarto evangelho, este olhar quer significar «conhecer», «compreender», «ver». Frequentemente, no evangelho de João, Jesus refere-se ao seu erguer: «Quando levantardes o Filho do Homem, então sabereis que Eu Sou (Jo 8,28); «quando eu for levantado da terra, atrairei todos a mim». «Falava assim para indicar de que morte devia morrer» (Jo 12,32-33). Embora a linguagem seja típica de João, a ideia é comum aos outros evangelhos onde Jesus anuncia aos seus discípulos o mistério da sua condenação e morte de cruz (ver Mt 20,17-19; Mc 10,32-34; Lc 18,31-33): Cristo devia «sofrer tudo isto e entrar na sua glória» (Lc 24,26). Este mistério revela o grande amor que Deus nos traz. Ele é o filho dado a nós, «para que quem nele crê não se perca mas tenha a vida eterna», este filho que nós recusámos e crucificámos. Mas precisamente nesta rejeição da nossa parte Deus manifestou a sua fidelidade e o seu amor que não fica imobilizado perante a dureza do nosso coração. Mesmo com a nossa rejeição e desprezo, ele realiza a nossa salvação (Act 4,27-28), permanecendo firme no cumprimento do seu plano de misericórdia: «De facto, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele». P. Franclim Pacheco Diocese de Aveiro