Sugestões para
Liturgia Dominical
14 de setembro de 2014| Exaltação da Santa Cruz – Ano A
A cruz é nossa vitória e redenção
Textos Bíblico-litúrgicos: Nm 21, 4b-9 // Sl 77 // Fl 2,6-11 // Jo 3,13-17
Antífona de Entrada: “A cruz de nosso Senhor Jesus Cristo deve ser a nossa glória: nele está nossa vida e ressurreição; foi ele
que nos salvou e libertou”.
Oração do dia: Ó Deus, reconhecendo, na terra, o mistério da morte de vosso Filho, dai-nos colher, no céu, os frutos da redenção.
Oração sobre as oferendas: Que o santo sacrifício oferecido no altar da cruz, que tirou o pecado do mundo, purifique-nos de
nossas faltas.
Antífona da comunhão: “Ó Pai, se este cálice não pode passar sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!”
Oração depois da comunhão: Ó Cristo, alimentados em vossa santa ceia, pedimos que leveis à glória os que salvastes pela
Cruz.
1.
Celebrando, hoje, a festa da Exaltação da Santa Cruz, somos chamados a olhar para o mistério que fundamenta a nossa fé: a Páscoa de Jesus. Pela morte de cruz, Jesus não tomba aniquilado e derrotado, mas se
oferece pela salvação do mundo, cumprindo, obedientemente, a vontade do Pai, que o ressuscita, como
primícias da ressurreição da humanidade. Esse mistério tão profundo, sobre o qual dedicamos a nossa fé, torna-se
para nós, os que a ele nos convertemos todos os dias de nossa existência, muito palpável, quando olhamos para o
modo como Jesus viveu a sua humana experiência em meio a nós. Em sua caminhada terrena, Jesus viveu inteiramente a experiência humana do sofrimento, da opressão e da perseguição, pelas mãos dos poderosos. Mas não se
curvou a eles, ao contrário, seguiu sua jornada e missão ensinando sobre o amor, a paz e a justiça; curando as dores
dos marginalizados, dos doentes, dos escravizados, até às últimas consequências. Com a vida dedicada a nos dar a
conhecer o Reino dos Céus, revelando-nos o projeto salvífico de Deus para os homens, Jesus nos fez compreender
o sentido da vida, a fim de que pudéssemos vivenciar, ainda agora, as alegrias desse Reino. Assim, caminhar no
seguimento de Jesus, renunciando a nós mesmos, e não nos furtando em passar pelo sofrimento da cruz (cf. Mt 16,
24 – texto que meditamos na liturgia, recentemente, no 22º domingo, do tempo comum), faz-nos penetrar, ainda
que parcialmente, na compreensão desse mistério pascal, que plenamente nos será revelado, quando subirmos à
casa do Pai. Assim nos confirma a Oração do Dia: “(…) a nós que conhecemos na terra este mistério, dai-nos colher
no céu os frutos da redenção.”.
2.
No texto do Evangelho de hoje, a redenção da humanidade é o assunto entre Jesus e Nicodemos, um fariseu (cf. Jo 3,1), contemporâneo de Jesus. Nicodemos tinha dúvidas, embora soubesse ser Jesus um enviado
de Deus (cf. Jo 3,2), por isso Jesus lhe diz: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para
que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna.” (Evangelho, v. 16). Com essas poucas palavras, Jesus
explicita a Nicodemos toda a sua compreensão da vontade do Pai para a sua vida de Filho, e a fidelidade com a qual
Ele cumpria essa vontade. E esclarece a sua missão redentora: “De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para
condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele.” (v. 17). Podemos depreender do texto evangélico,
que esse diálogo marca a relação de Nicodemos com Jesus, pois o mesmo Evangelho nos mostra, mais à frente, que
ele é o mesmo homem que ajudou José de Arimateia a envolver o corpo de Jesus com panos e perfume, depois da
crucificação (cf. Jo 19, 39-40). A compreensão das palavras de Jesus, também marca a nossa relação com Ele, pois
sustenta a nossa fé. A entrega de Jesus na cruz é a culminância de uma vida de doação à humanidade, que nos resgata da morte, e confirma a nossa participação definitiva no Reino de Deus.
3.
Como seguidores de Jesus, não podemos nos esquecer de que a nossa vida também caminha em vista
do projeto do Reino, portanto não há como desejar a salvação sem assumir a lógica do Reino. No deserto,
conforme nos diz a I Leitura, o povo se esqueceu de que para se alcançar a Terra Prometida não é possível
abandonar o projeto de Deus. Em uma narrativa curiosa, o Livro dos Números nos conta como Moisés intercede
pelo povo pecador, junto a Deus, e obtém dele o favor para o povo (cf. vv.7-8). Na metáfora da serpente que pica
e mata, está o sofrimento de se afastar de Deus, consumido pelo pecado da autossuficiência. Por isso, o texto nos
chama a atenção para olharmos os “sinais” que nos fazem lembrar de que estamos nos afastando da escolha, livre,
que fizemos pela pertença ao Reino, a fim de que possamos endireitar os rumos, que nos permitem alcançar a Terra
Prometida. Jesus, em sua conversa com Nicodemos, cita o episódio da serpente de bronze no deserto, para que ele
pudesse perceber que “é necessário que o Filho do Homem seja levantado, para que todos que nele crerem tenham
a vida eterna.” (Evangelho, vv.14-15). A serpente de bronze era a garantia de vida para o povo, no deserto; a cruz de
Jesus é nossa garantia de vida nova, nossa libertação dos poderes que escravizam, humilham, marginalizam.
4.
Exaltar a Cruz é ter a certeza de que ela não representa fracasso, mas glória. Passar pela cruz é acreditar na
salvação, não de forma mágica, mas pela ação de uma vida voltada e doada ao outro, de modo especial aos
que sofrem a dor da solidão, da marginalização, da pobreza e da doença, oferecendo-lhes a nós mesmos
em favor de lhes restituir vida e dignidade. Assim como fez Jesus que “humilhou-se a si mesmo, fazendo-se obediente até a morte” (cf. II Leitura, v.8), para nos resgatar do pecado e nos ofertar vida nova, em abundância, no Reino do
Pai. A nossa fé cristã, fundamentada no mistério da Páscoa de Jesus, deve nos levar a ter a certeza da nossa própria
páscoa. Não temer a cruz, mas exaltá-la é caminhar em sintonia com o mistério pascal de Jesus, na esperança da
nossa páscoa.
Sugestões litúrgicas
1. A cruz deve ser ornada com flores e, junto a ela, pode ser disposto um braseiro com incenso. Caso seja a cruz
processional, que ela seja colocada em local de destaque no Espaço Sagrado.
2. “Salve, ó Cruz libertadora!” é o grito que ecoa da voz da assembleia que se reúne para celebrar o mistério pascal de
Jesus. O canto de abertura pode ser encontrado no Cd Festas Litúrgicas IV, do Hinário Litúrgico da CNBB.
3. A saudação presidencial “f” é uma boa opção para esta celebração: “Irmãos, eleitos segundo a presciência de Deus Pai,
pela santificação do Espírito para obedecer a Jesus Cristo e participar da bênção da aspersão do seu sangue, graça e paz
vos sejam concedidas abundantemente”.
4. Para esta festa, o Missal traz um Prefácio próprio.
5. A assembleia pode ser convidada a professar sua fé de joelhos diante da cruz. Cuide-se para que não pareça uma imposição, que pode gerar constrangimento entre as pessoas com dificuldades físicas de se ajoelharem. O incenso ajudará
a enriquecer a dimensão simbólica do momento.
6. O canto para a procissão das oferendas é o “Nossa glória é a cruz”.
7. Ninguém pode se orgulhar a não ser pela cruz de Cristo, diz-nos o apóstolo. O canto de comunhão é o “Ninguém pode
se orgulhar”.
Homilia: Maria Lúcia Carvalho Alves| Sugestões litúrgicas: Felipe Magalhães Francisco
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