Capítulo 12 Gêneros digitais e multimodalidade: oportunidades on-line para a escrita e a produção oral em inglês no contexto da educação básica Reinildes Dias A internet configura-se, hoje, como um espaço aberto para discussões compartilhadas, troca de experiências e co-construção de conhecimentos, oferecendo possibilidades de uso de ambientes virtuais de socialização da web 2.0, para propiciar a aprendizagem de inglês no meio on-line. Isso pode se dar pelo entendimento dos propósitos comunicativos e pela apropriação das características discursivas no processo de recepção e produção de gêneros digitais orais ou escritos, como, por exemplo, podcasts, youtube videos, blogs, wikis, facebooks, fóruns. Além de proporcionarem o aprimoramento das habilidades pessoais dos alunos para o “aprender a aprender”, potencializando suas capacidades de nativos digitais (Prensky, 2001), tais ambientes podem contribuir também para a competência de uso real do inglês em tempos de novas demandas sociais e culturais. Parto da premissa de que os alunos brasileiros da educação básica se socializam por meio dos mais variados gêneros digitais em seu cotidiano, o que favorece suas interações com múltiplas formas de linguagem, a linguística ou a verbal, a imagética, a sonora, ou, seja, códigos semióticos diversos (Bull e Anstey, 2010; Kress, 2003). Com isso, nossos alunos parecem se apropriar das capacidades necessárias à sobrevivência cidadã no mundo contemporâneo, embora as usem esporadicamente para fins de aprendizagem de inglês. Posiciono-me neste capítulo a favor da integração dos gêneros digitais às ações de ensino visando ao desenvolvimento da competência dos alunos no escrever e falar em inglês, tendo como suporte o seu letramento digital para o qual já se auto-capacitaram, pois são capazes de usar as mais variadas tecnologias e interpretar e criar textos multimodais online que envolvam diferentes códigos semióticos. Fazem uso de espaços sociais digitais com extrema desenvoltura para interagirem e colaborarem com colegas, amigos e até estranhos de várias partes do mundo. Primeiramente, pretendo discutir brevemente sobre dois construtos fundamentais neste trabalho, gêneros digitais e multimodalidade. Em seguida, coloco ênfase nas características principais dos blogs e sua integração às ações de ensino de escrita em inglês para, então, enfocar os podcasts e os benefícios do seu uso no desenvolvimento da fala em inglês. A fim de escrever, os alunos têm de ler – então leitura e escrita são vistos como processos indissociáveis. Para falar com desenvoltura, os alunos têm de, primeiro, aprender a ouvir. A compreensão oral serve como suporte ao desenvolvimento da fala em inglês. Subjacente está a noção de aprendizagem com foco no aprender colaborativo. Finalizo com algumas considerações a favor do uso mais frequente de espaços de aprendizagem on-line nas ações educativas virtuais, dirigidas ao ensino de inglês no contexto da educação básica. Gêneros digitais e multimodalidade As tecnologias da chamada web 2.0 (O’Railey, 2005) permitem que seus usuários assumam uma atitude agentiva (Bazerman, 2006) em suas interações on-line do cotidiano, exercendo, assim, um papel ativo ao criar espaços digitais, modificá-los e também ao colaborar e/ou receber colaboração de outros, às vezes muito distantes geograficamente, além de compartilhá-los com o mundo. De consumidores passivos de conteúdo, os usuários do espaço virtual de hoje passam a ser agentes efetivos (Bazerman, 2006) no processo de criação e de edição/editoração/produção de conteúdos em blogs, wikispaces, webquests (Dias, 2010), websites, podcasts etc. Tal perspectiva, estritamente ligada a interações on-line, os leva a defrontar com textos multimodais, os gêneros digitais por excelência, que são constituídos de diferentes semioses para expressarem sentidos (Bull e Anstey, 2010). Outra característica básica dos gêneros do espaço virtual é a possibilidade de inserção de hiperlinks que ampliam e enriquecem a leitura, a escrita, a compreensão oral e a fala em inglês de maneiras antes nunca imaginadas. Os hipertextos são formas dinâmicas e flexíveis que facilmente dialogam com outros códigos semióticos e que, “ao serem lançados na tela de um computador, conectado em rede, são disponibilizados aos navegantes do oceano digital” (Marcuschi e Xavier, 2005, p.171). Consensual entre nós é a ideia de que os gêneros textuais, incluindo também os da era digital, são potentes meios a serem trabalhados pedagogicamente no desenvolvimento da competência em L2 de alunos brasileiros, tanto na educação básica quanto na superior, tornando-se o nosso objeto de ensino na leitura e na escrita (Aguiar, 2008; Bambirra, 2004; Cristovão, 2002; Cristovão et al, 2006), assim como na compreensão oral e na fala em inglês. Colocado de uma maneira simples, gêneros são as nossas ações pela linguagem num contexto social de interações presenciais ou no meio virtual em ambas as modalidades, a escrita e a oral. Agimos para ler uma notícia de jornal, um anúncio publicitário, um conjunto de instruções, um site sobre esportes, um blog etc. Ouvimos um noticiário pela TV ou pelo rádio, uma música, um podcast, um jingle de propaganda eleitoral etc. Trocamos de estação ou de canal se o assunto não nos interessa. Em nossas interações orais pela linguagem, conversamos, passamos um recado ou um conjunto de instruções, assistimos a um filme pelo YouTube, contamos uma piada, criamos um podcast, debatemos sobre um tema. Podemos, ainda, assumir um papel agentivo ao escrever um bilhete, uma carta, um e-mail, um cartão postal, um ensaio, um relatório, um depoimento, um artigo acadêmico ou postar comentários em um blog. Assim, agimos, tanto na modalidade oral quanto na escrita, por meio de gêneros. Nas palavras de Bakhtin (2006, p. 283), “se os gêneros do discurso [gêneros textuais] não existissem e nós não os dominássemos, se tivéssemos de criá-los pela primeira vez no processo do discurso ...., a comunicação [verbal] seria quase impossível.” Parafraseando Bazerman (2006, p. 19), uma pedagogia dirigida ao ensino de L2 nos faz levar em conta que “gêneros são formas de vida e de ação”, devendo, assim, incluir gêneros diversificados, entre eles os da era digital, para serem trabalhados no âmbito da sala de aula visando ao desenvolvimento da competência dos alunos para ler, escrever, falar e ouvir em inglês. São os gêneros textuais os meios pelos quais o aluno tem a oportunidade de vivenciar situações reais de comunicação no âmbito da sala de aula e fora dela. Como afirma Marcuschi (2005, p. 35), “o trabalho com gêneros textuais é uma extraordinária oportunidade de se lidar com a língua em seus mais diversos usos autênticos no dia a dia”. Afirma ainda que “quando ensinamos a operar com um gênero, ensinamos um modo de atuação sócio-discursiva numa cultura e não um simples modo de produção textual” (Marcuschi; 2006, p. 25). Apoio-me nestes autores, dentre outros, para sugerir a inclusão dos gêneros digitais (blogs, fóruns, podcasts, YouTube videos etc.) como objeto de ensino em L2 devido, especialmente, às suas características multimodais com as quais os nossos alunos nativo-digitais lidam com desenvoltura no processo de recepção e produção de textos em língua materna. A noção de que todo texto é multimodal, constituído de pelo menos dois códigos semióticos, o verbal e o não-verbal, não é nova. Pesquisas sobre a semiótica do discurso vêm sendo realizadas a partir dos anos 70 (Bransford e Johnson, 1972; Dias, 1985; Widdowson, 1978) e evidenciam que textos impressos veiculam sentido por meio dos aspectos linguísticos (vocabulário, aspectos gramaticais e discursivos próprios de cada gênero) que tecem a lógica argumentativa, assim como pelos elementos imagéticos como, por exemplo, gráficos, tabelas, mapas, dentre outros, e que, juntos, em relações de complementação e/ou redundância, formam uma unidade de comunicação coesiva e coerente na página impressa. Em um clássico estudo experimental sobre a importância do código visual ou não-verbal, Bransford e Johnson (1972) usaram um texto sobre uma serenata feita pelo enamorado à sua amada, moradora em um andar longe do térreo, na qual fez uso de um conjunto de balões de gás para elevar as caixas acústicas até à janela para a qual se dirigiam as músicas em sua homenagem. Um grupo de alunos leu o texto sem a informação não-verbal e outro leu o mesmo texto com a presença da ilustração do cenário que retratava a serenata. O primeiro grupo não foi capaz de construir o sentido do texto, enquanto o outro o compreendeu perfeitamente, ao integrar os dois códigos semióticos, o verbal e o não-verbal. As lacunas, os vazios e os subentendidos deixados pelo texto escrito foram preenchidos nesta integração dos dois códigos no processo de construção de sentido. Widdowson (1978), de fato, enfatiza que o ato de compreensão envolve o processamento dos elementos não-verbais presentes na página impressa e a estratégia de reconhecer e interpretar suas relações com o texto verbal. Dias (1985) advoga, em sua dissertação de mestrado, a favor do uso dos elementos não-verbais dos textos de divulgação científica, em especial, visando a uma melhor compreensão de textos em inglês por alunos brasileiros que precisam ler com desenvoltura os seus trabalhos acadêmicos e profissionais. Recentemente, com o advento dos computadores de mesa e de meios facilitadores para a editoração (fontes e tamanhos variados, estilos diferentes pelo itálico, negrito, fontes espaçadas, inserção de imagens e cores, facilidade para a composição espacial da página), os textos passam a incorporar novos códigos semióticos, incluindo especialmente o espacial, para representar e criar seu sentido. Hoje, é possível a qualquer usuário do computador incluir as dimensões básicas da editoração eletrônica nos documentos que produz, aumentando sua qualidade estética e legibilidade (Dias, 2001; Parker, 1992; Williams, 2006). Em linhas gerais, tais dimensões referem-se a cinco ações de design: 1. A organização da página impressa que inclui decisões sobre a largura das margens, (superior, inferior, esquerda, direita); a largura e a posição da medianiz (espaço adicional para receber a encadernação); o tipo de impressão (frente e verso com margens espelhadas ou só de um lado sem margens espelhadas); a orientação do papel (retrato ou paisagem); o tamanho do papel a ser utilizado na impressão (A4, letter, legal etc.); a distância dos cabeçalhos e dos rodapés das bordas da página. 2. Os efeitos tipológicos que se referem à tipologia: desenho de letras, números e outros caracteres e diversos tipos ou fontes que estão disponíveis para serem combinados na produção de efeitos estéticos e funcionais. 3. Os recursos gráficos que se referem a tabelas, quadros (boxes), sombreados, retículas, molduras ou bordas, fios e cores. Quando combinados com fontes e estilos adequados, podem contribuir para aumentar a aparência estética e a funcionalidade da página. 4. Os efeitos visuais: Mapas, arte eletrônica (ilustrações e ícones), imagens digitalizadas (escaneadas), gráficos informativos, diagramas e telas capturadas, dentre outros, fazem parte do arsenal de recursos a serem inseridos na página impressa por meio da editoração eletrônica. 5. Os organizadores de texto referem-se aos títulos, aos subtítulos, às legendas, aos cabeçalhos e aos rodapés, aos créditos de continuação e à numeração de páginas. No meio profissional, por exemplo, capas de revistas, menus, guias turísticos, livros didáticos, anúncios publicitários, dentre outros, incorporam cada vez mais elementos que os transformam em textos multimodais, incluindo a sua editoração com base nas cinco ações de design descritas acima, para serem veiculados no meio impresso. Fazem uso de programas potentes como o in-design da ADOBE (http://www.adobe.com/products/indesign.html), embora os editores atuais que já são inseridos no computador pelo fabricante possam também ser utilizados para editoração eletrônica, especialmente pelos professores e alunos da educação básica. Todos os capítulos desta coletânea são multimodais, incluindo pelo menos dois códigos, o linguístico e o espacial pela sua composição na página por meio de títulos, sub-títulos, rodapés e a mancha gráfica1. Os gêneros da modalidade oral (programas de rádio e de televisão, vídeos, filmes etc.), também ganham, com mais frequência, apelos multimodais 1 mancha gráfica: o espaço que o texto ocupa na página sem considerar as margens. (edição técnica de movimento de lentes, sons, cores) em suas produções e, nas conversas informais, os gestos, a intonação e o sorriso, por exemplo, complementam o que é dito ou relatado, indicando que a multimodalidade também está presente nestas simples interações do cotidiano. Assim, pode ser dito que todo texto é multimodal e o que é escrito (ou falado) configura-se apenas como uma das partes da mensagem, nem sempre a mais dominante (Kress, 2003). Cabe salientar que “[t]odos os recursos utilizados na construção dos gêneros textuais exercem uma função retórica na construção de sentidos dos textos” (Dionísio, 2005). Textos multimodais são, então, aqueles que incluem diferentes semioses de maneira que o sentido é veiculado (ou comunicado) simultaneamente por meio de diferentes códigos. Os textos produzidos na tela do computador, os gêneros digitais, por exemplo, configuram-se como espaços onde a multimodalidade ganha excelência em blogs, wikis, websites etc., sendo que o escrito tende a se relacionar simultaneamente com outras semioses com fins a oferecer diferentes rotas de navegação ao leitor e pelo produtor de textos no espaço virtual, além daquelas que podem ser estabelecidas pelos hiperlinks. Nos gêneros digitais orais, como, por exemplo, podcasts, trailers de filmes, YouTube videos, dentre outros, a multimodalidade é expressa também por diferentes códigos, o som, o movimento, o visual para um apelo maior à interação entre ouvinte e falante. Para efeitos de exemplificação, tomo um YouTube video, que se encontra neste endereço http://www.commoncraft.com/podcasting. Nele, o locutor explica o que é a tecnologia podcasting e como pode ser utilizada, fazendo uso dos seguintes recursos semióticos: o som, sua voz, ilustrações esquemáticas que vai mostrando enquanto fala, movimentos e um tom de fala persuasivo para envolver seus ouvintes em sua apresentação, além do título do vídeo, seus sub-títulos e créditos à “commoncraft” na última tela. Todos estes recursos exercem uma função retórica na compreensão da mensagem. Em suma, é possível afirmar, com base em Kress (2003, p. 1), que a multimodalidade expressa em textos, especialmente nos digitais, está desenvolvendo novas maneiras de comunicação, onde a lógica da imagem e a lógica da tela sobrepõemse à lógica da escrita. O “mundo narrado ou contado é bem diferente do mundo mostrado”. Por tudo isso, advogo a integração dos gêneros digitais, ou seja, os gêneros multimodais do ciberespaço, em uma pedagogia para L2, afinada com os posicionamento crítico e a formação do aluno para a cidadania, no contexto da educação básica brasileira. O gênero digital Blog: características e integraçao ao ensino de inglês Blogs são gêneros digitais que podem ser criados livremente em ferramentas gratuitas da web 2.0, como nestas por exemplo, www.blogger.com; www.blogspot.com; www.wordexpress.com, entre várias outras. São diferentes de sites tradicionais por apresentarem uma composição espacial da tela com textos curtos, dispostos um abaixo do outro em uma ordem cronológica inversa, em que os mais recentes aparecem em primeiro lugar. Para ler as postagens mais antigas, o leitor tem de descer a barra de rolamento, à direita da tela, sendo também comuns os links para arquivos mais antigos (archives), identificados, por exemplo, pelos meses do ano. Como os sites tradicionais, possuem um endereço em URL2 que pode ser acessado por um computador conectado à rede internet para serem atualizados ou receberem comentários de qualquer parte do mundo. Em cada texto postado, há, na maiorida das vezes, um espaço para os comentários e qualquer usuário, conectado à rede virtual, pode contribuir com opiniões, ressalvas, sugestões. A popularidade dos blogs de diversos tipos e com funções comunicativas diferentes está ligada à facilidade de sua criação e postagem na web por meio de editores comuns e seus recursos não exigem do usuário conhecimento da linguagem típica utilizada na produção de sites, o html (Hyper Text Mark-up Language), por exemplo. Além disso, imagens, sons, movimentos podem ser facilmente neles inseridos (embedded), o que pode tornar estes gêneros espaços virtuais multimodais por excelência. A composição espacial da página pode ser facilmente editorada por meio das dimensões básicas da editoração eletrônica discutidas acima. Links para outros espaços da web podem também ser inseridos, incluindo os conhecidos como trackbacks (links de retorno), uma estratégia que permite ao autor do blog acompanhar a circulação de seus textos pela internet, sendo notificado sempre que ele for mencionado por outro autor ou for criado um link para ele em outro blog ou site. Com isso, a ligação entre vários saberes é estabelecida, formando uma rede de conhecimento virtual em diferentes campos. 2 URL- Uniform Resource Locator, um endereço de um recurso em uma rede de dispositivos como, por exemplo, computadores, notebooks, iphones etc. Pesquisas recentes evidenciam que as características dos blogs fazem deles ambientes propícios a serem facilmente explorados em diversos contextos de aprendizagem (Bell, 2009; Richardson, 2009; Gartner, 2011). Entre elas, estas podem ser citadas: os blogs promovem interações diretas entre seu criador e leitores numa escala global; criam possibilidades pedagógicas com foco na colaboração; podem ser alterados ou atualizados com muita rapidez; possibilitam a criação de espaços multimodais para as interações entre aqueles que os usam com fins de aprendizagem; possibilitam o feedback do professor, de colegas, de outros colaboradores e leitores de várias partes do mundo; possibilitam o desenvolvimento da autonomia dos alunos. Em termos da integração dos blogs ao ensino de escrita em inglês, inspirada no conceito de capacidades de linguagem de Dolz, Pasquier e Bronckart (1993), sem me aderir a todos os princípios do sociointeracionismo de Bronckart (2009) e ao procedimento de sequência didática de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), parto da premissa de que são quatro as etapas principais a serem consideradas nesse processo de ensino: (1) o estabelecimento das condições de produção por meio de respostas a estas perguntas: “Quem escreveu [...]? Sobre o quê? Para quem? Para quê? Quando? De que forma? Onde?” (PCN-LE 1998, p. 43) (2) a geração de ideias; (3) debates sobre as características discursivas, incluindo os vários códigos semióticos para compô-los, por meio da leitura, e o estabelecimento de um plano textual com os aspectos básicos de sua produção em um trabalho que envolve ciclos de escrita e reescritas (Dias, 2004). Esta etapa inclui também a revisão e estudo dos elementos léxico-gramaticais que vão ajudar a compor o encadeamento das ideias, sendo esta a fase que requer um maior número de aulas e (4) a publicação da versão final on-line. Apoio-me especialmente nas noções de gênero de Bazerman (2006) e Marcuschi (2005), além do suporte em aspectos de multimodalidade dos textos escritos com base em Kress (2003) e em Bull e Anstey (2010). Ao iniciar o ciclo do processo de ensino de escrita em inglês, professores e alunos devem discutir sobre o gênero digital blog e suas funções comunicativas básicas. Que ações sociais assume? Quem o escreve? Para quem? Onde será publicado? Em qual espaço virtual? Os alunos devem visitar blogs com finalidades sociais diferentes ao responder a estas questões e debatê-las em sala para, então, decidirem sobre as condições de produção de seus próprios blogs. É preciso que estejam claras para eles as características do autor ou do grupo autoral de cada blog que acessaram na web (idade, sexo, nível de escolaridade, de que país vem, afiliação); seu papel agentivo (profissão, ocupação; membro de uma organização a favor do meio ambiente, por exemplo); a quem destina o seu blog (adolescentes, crianças, educadores). Torna-se necessário ainda que estejam claras as relações com o seu tema principal (saúde, esportes, entretenimento), tendo em vista a internet como o meio escolhido para a circulação do blog e as implicações de interações possíveis com o mundo inteiro. Além disso, são importantes as considerações sobre o momento da produção (ano, dia e questões de atualização) e a ferramenta on-line que será utilizada, dentre estas, por exemplo, o blogger (www.blogger.com) e o blogspot (www.blogstop.com). Fundamentais também são os debates sobre o propósito comunicativo principal do autor ou do grupo autoral, incluindo tomadas de decisão sobre os diferentes códigos semióticos utilizados na veiculação da mensagem para facilitar a navegação de modo que os interlocutores (agentes sociais) não se percam no espaço virtual. Instruções sobre como criar um blog podem ser encontradas nestes sites: http://www.blogger.com/tour_start.g; http://www.youtube.com/BloggerHelp; http://www.siteground.com/tutorials/blog/. Por terem tido oportunidade de acessar vários blogs com propósitos comunicativos diferentes e debatarem sobre as suas condições de produção, espera-se que os alunos já tenham se apoderado de algumas características básicas desse gênero e se encontrem, então, preparados para a etapa de geração de ideias, uma das fases do ciclo da escrita vista como processo (Dias, 2004). Estas são, por exemplo, as características que os alunos já devem ter incorporarado: entendimento da organização interna dos blogs, com as seguintes partes: título, cabeçalho, um endereço URL, texto central e laterais com informações adicionais, presença de links e de recursos semióticos diversos, textos e comentários em sequência vertical, uns abaixo dos outros, em ordem cronológica inversa. O professor deve verificar se os alunos já dominam tais aspectos do plano textual desse gênero digital, durante o ciclo de geração de ideias para a produção de seus blogs. Recomendo que os alunos trabalhem em grupo visando não só propiciar a colaboração entre eles durante a produção de seus textos, mas também para terem oportunidades de aprender um com outro por meio de trocas significativas com fins a alcançar uma meta (Veado, 2008). Na primeira etapa do processo, os alunos se colocam como agentes produtores de textos e especificam o público-alvo, além de decidirem sobre o tema e o propósito social de suas produções. Como dito antes, leitura e escrita são processos indissociáveis. Os alunos devem, então, ser incentivados a ler blogs sobre o tema escolhido na internet de modo a se apropriarem do vocabulário a ele relacionado, além de consolidarem conhecimento das características principais presentes no plano textual, ou seja, a forma básica de apresentação de um blog. Após a escolha do tema, sugiro que os alunos ainda continuem discutindo sobre as condições de produção de seus gêneros textuais, durante do processo de geração de ideias, pois muitas decisões desta fase vão influenciar diretamente o plano discursivo, incluindo o encadeamento de ideias por meio de sequências linguísticas diferentes como a descritiva, a injuntiva, a narrativa, dentre outras (Marchuschi, 2002), além das decisões referentes aos códigos semióticos a serem usados. Por exemplo, um blog dirigido a adolescentes para conscientizá-los sobre as necessidades prementes dos cuidados com o meio ambiente pode conter sequências injuntivas pelas recomendações feitas aos leitores. Pode ainda conter sequências descritivas e narrativas, ao apresentar fatos relacionados à ecologia e à biodiversidade. Links para sites de celebridades que assumem a causa ambiental, como o do cantor americano Jack Johnson (http://jackjohnsonmusic.com/home), podem também ser inseridos, além do uso de recursos semióticos diferentes para a construção da mensagem sob o prisma da multimodalidade. Nesta fase, os alunos já devem ter feito a escolha pela ferramenta grátis de que vão fazer uso para a publicação de seus blogs. Importante também nesta fase são as discussões sobre a escolha de palavras-chave para constituírem os tags do blog com fins a facilitar as pesquisas que são usualmente feitas na internet ou mesmo em blogsearhers (buscadores de blogs). Os tags têm de refletir o assunto do blog, suas características, seu público-alvo, de modo a propiciar o sucesso daqueles que fazem buscas na internet. A etapa relativa à produção do texto, tendo por base as condições de produção estabelecidas e o que foi acordado durante a geração de ideias, requer o envolvimento de todos do grupo para que, juntos, e em colaboração, teçam a teia argumentativa por meio de sequências linguísticas diversas, fazendo uso dos conectivos e de outros elementos de coesão, além dos recursos semióticos no processo de textualização da mensagem a ser comunicada. Cabem aqui as discussões sobre as características discursivas de seus textos e o estudo dos aspectos gramaticais relativos ao encadeamento das ideias e ao propósito comunicativo dos textos que serão criados. Debates e decisões devem também centrar sobre os recursos de design da página a serem utilizados, como, por exemplo, as dimensões básicas descritas acima, para uma melhor legibilidade e aparência estética do blog. Cabe ao professor fornecer o suporte necessário e contribuir para que os grupos trabalhem em harmonia sob a perspectiva de que, pela colaboração entre eles, cada um se torne responsável pela criação dos próprios blogs e também pelo envolvimento dos outros colegas. Preferencialmente, este processo deve ser desenvolvido com o uso de um editor de texto ou mesmo no próprio espaço do blog dos alunos. Por meio das interações durante o processo de escrita de rascunhos e reescritas, até a versão que vai ser publicada on-line, os alunos passam a ensinar e a aprender uns com os outros colaborativamente, enquanto o professor fornece o apoio necessário aos grupos (Dias, 2004). Ao criarem e recriarem os seus textos com base em feedback, os alunos devem ser também incentivados a lerem textos discursivamente semelhantes aos que estão produzindo e a perceberem os elementos de textualização utilizados para fazerem o mesmo em seus textos. Por exemplo, se um grupo decidir criar um blog com o propósito de compartilhar seus trabalhos escolares, principalmente os de escrita, com adolescentes de várias partes do mundo, esse grupo terá de conhecer as características discursivas de perfis pessoais, de esquemas, organizados por datas ou por recursos gráficos, e de depoimentos, por exemplo, para compor o espaço virtual de seu blog. Na fase conclusiva e durante o processo de tomada das decisões finais para publicação definitiva no meio on-line, o professor deve incentivar um debate entre os alunos sobre o seu papel agentivo como autores do gênero digital blogs que serão acessados por pessoais que leem em inglês em várias partes do mundo, especialmente adolescentes de suas faixas etárias. Devem ter em mente que vão provocar reações diversas e que devem estar prontos para as interações. Aspectos sobre segurança na internet também devem ser discutidos, para que os alunos assumam com responsabilidade seus direitos e deveres frente ao processo de autoria on-line. Aspectos de copywright e plagiarismo têm também de ser discutidos tendo em vista que os alunos devem se conscientizar de sua responsabilidade cidadã quando levam ao público o que produzem. O professor, ao orquestrar um conjunto de atividades no desenvolvimento da capacidade dos alunos, visando à produção de textos em inglês, contribui para o empoderamento discursivo deles com fins ao exercício pleno da cidadania, em um mundo que depende cada vez mais de interações na modalidade escrita no espaço virtual. Em suma, este conjunto de atividades envolve quatro dimensões básicas: o estabelecimento das condições de produção, a geração de ideias, a criação colaborativa de textos, tendo em vista os seus aspectos discursivos para a sua textualização por meio de escritas e reescritas e, por último, a publicação on-line do que foi produzido de modo que seja lido e comentado por pessoas ligadas à rede, contribuindo, assim, para a interligação de saberes e a coconstrução do conhecimento. O gênero digital Podcast: características e integraçao ao ensino de inglês Podcasts são gêneros digitais orais que podem se configurar como arquivos digitais que veiculam sons, diferenciando-se dos blogs que são utilizados para a comunicação na modalidade escrita, embora possam conter links para um arquivo de áudio. Em linhas gerais, podcasting é uma forma de publicação de arquivos de mídia digital que pode também incluir vídeo, foto, PPS, entre outros, pela internet, através de um feed RSS3, que permite aos podcasters, ou seja, àqueles que produzem podcasts, manter seus usuários atualizados em relação a novas versões e episódios recentes de seus podcasts. Cabe aos usuários subscreverem via RSS aos podcasts de seu interesse. A palavra podcasting é uma junção de iPod, marca do aparelho de mídia digital da Apple, responsável pelos primeiros scripts de podcasting. Pode se referir também à junção da sigla POD (Personal On Demand, pessoal e sob demanda) e a palavra broadcasting, processo que indica transmissões de rádio ou televisão, formando assim a palavra podcasting. Como os blogs, os podcasts possuem um endereço em URL e podem ser ouvidos na própria interface da web, em um computador conectado à internet. Podem ser 3 Feed RSS (Really Simple Syndication): subconjunto de "dialetos" XML, que servem para agregar conteúdo ou "Web syndication" de uma ou mais páginas da internet. Pode ser acessado mediante programas ou sites agregadores. É usado principalmente em sites de notícias e blogs. “baixados” (downloaded) para equipamentos portáteis como os Ipods, tablets, Iphones, celulares ou dispositivos de mp34 e serão ouvidos no horário de conveniência de quem os “baixou”. A transferência é efetuada pelo uso de um software capaz de ler um feed RSS ou pelo Itunes (www.itunes.com), um software grátis que também pode ser “baixado” da internet. Para cada arquivo de áudio postado, existe, na maioria das vezes, um espaço para os comentários e qualquer usuário, conectado à rede virtual, pode fornecer suas opiniões ou colaborar com sugestões e ressalvas gravadas em áudio. Cada postagem recebe o nome de “episódio” e um mesmo programa de podcast pode oferecer vários episódios regularmente, em intervalos planejados, diariamente ou semanalmente, por exemplo. Criar e disponibilizar um podcast na web é uma tarefa relativamente fácil para os nossos alunos já familiarizados com esses espaços sociais em suas interações pela internet. Cabe ao professor fornecer o suporte necessário durante o processo de criação dos podcasts, especialmente em relação às características discursivas e léxico-gramaticais dos textos que vão criar em inglês. Deve também favorecer o trabalho colaborativo entre os alunos, durante todo o processo de criação dos scripts de seus podcasts. O equipamento necessário para uma produção pouco sofisticada inclui: um computador em rede, um microfone simples, um software gratuito como o audacity (www.audacity.com) para a gravação em mp3, além de um site de hospedagem gratuito como o www.mypodcast.com ou o www.podomatic.com e muita criatividade por parte de quem vai criá-los. Instruções sobre como criar um podcast podem ser encontradas em vários espaços, como estes, por exemplo: http://www.digitaltrends.com/how-to/how-to-make-apodcast/ e http://www.mypodcast.com/create.html. A popularidade de podcasts pode ser atribuída ao número cada vez maior de dispositivos de mp3 portáteis, incluindo os Ipods e muitos celulares, utilizados pelos nossos alunos nativos-digitais que fazem uso deles em seu cotidiano. Como os blogs, são também espaços multimodais por serem compostos pela voz e pelos sons colocados como background à mensagem. Em uma tarefa escolar, por exemplo, em que um grupo de alunos produz seu podcast em um parque de diversões, os sons de vozes de crianças, o barulho dos brinquedos ou de uma corneta de um palhaço podem servir de background 4 mp3 é um formato de áudio que permite o armazenamento de uma grande quantidade de som para dar mais autenticidade à comunicação da mensagem. Sons de chuva, trovões, freadas de carro, aplausos, dentre outros, podem ser facilmente obtidos na internet e inseridos nos episódios de um podcast. Uma página podcast, geralmente, contém as seguintes partes: cabeçalho, que inclui o título, um endereço URL, laterais, texto escrito com apresentação do autor e os objetivos da página, links para os arquivos de áudio (em vários episódios) e recursos semióticos. Assemelha-se muito a um blog, com as postagens e os espaços para comentários em uma ordem cronológica inversa. De maneira semelhante aos blogs, podcasts podem incorporar diversas funções comunicativas e ser criados para públicos diferentes, sendo comuns os dedicados ao entretenimento, à política, à academia e a educadores e alunos. São vários os podcasts para o ensino de inglês, como estes, por exemplo: http://a4esl.org/podcasts; www.eslpod.com; http://iteslj.org/links/ESL/Listening/Podcasts/; http://www.eltpodcast.com/; http://www.betteratenglish.com/be- episode-archives; http://www.manythings.org/jokes. Pesquisadores recentes evidenciam as características dos podcasts que fazem deles ambientes propícios a serem explorados em diversos contextos educacionais (Bell, 2009; Richardson, 2009; Soloman; Schrum, 2007). Entre tais características, estas podem ser citadas: os podcasts criam possibilidades de ensino com foco na colaboração; propiciam o desenvolvimento das habilidades orais, a compreensão e a fala; possibilitam a produção criativa de espaços multimodais com o uso da voz, trilhas sonoras e de sons digitais; possibilitam o feedback do professor, de colegas, de outros colaboradores e ouvintes de várias partes do mundo que se inscrevem neles; possibilitam o desenvolvimento da autonomia dos alunos. Cabe salientar que o processo de produção escrita é muito semelhante ao de produção oral, embora o desenvolvimento das habilidades orais demande mais esforço por parte de professores e alunos por vivermos em um país de língua portuguesa, onde as oportunidades de ouvir e falar inglês (o input na língua-alvo) são raras. Em termos da integração dos podcasts ao ensino da fala em inglês, sugiro também o encadeamento das aulas nas quatro etapas mencionadas anteriormente: (1) o estabelecimento das condições de produção (2) a geração de ideias (3) debate sobre as características discursivas de podcasts e o estabelecimento de um plano textual com os aspectos básicos de sua produção, incluindo a revisão e estudo dos elementos léxico-gramaticais que vão compor o encadeamento das ideias em seus scripts a serem gravados. (4) a publicação da versão final on-line. Durante a primeira etapa da produção de um podcast em inglês, professores e alunos devem discutir sobre esse gênero digital e suas funções comunicativas básicas. Os alunos devem, então, ser incentivados a acessar e ouvir podcasts para subsidiar este debate. Será, então, possível facilitar o estabelecimento das condições de produção de seus próprios podcasts. Devem estar conscientes da importância do uso dos sons como background à mensagem que será comunicada, pois sons diferentes e trilhas sonoras, bem integrados à fala, facilitam o entendimento e contribuem para o envolvimento dos ouvintes. Para o download de sons diferentes, este site pode ser recomendado: http://www.pacdv.com/sounds/. Para as trilhas sonoras, os alunos podem fazer uso de seus próprios CDs de música ou “baixá-las” da parte grátis do Itunes, por exempo (http://www.apple.com/itunes/charts/songs/) ou mesmo de seus próprios dispositivos de mp3. Cabe salientar que compreensão oral e fala são processos indissociáveis, em que um depende do outro nas interações orais do cotidiano. As condições de produção a serem estabecidas podem incluir exemplos como estes: os perfis dos alunos gravados por eles mesmos em um podcast para se apresentarem à comunidade escolar e a outros adolescentes brasileiros e de outras partes do mundo. Pode ainda ser um guia turístico breve sobre a cidade em que moram. Assim que estabelecerem o seu público-alvo, os propósitos comunicativos de suas falas e como vão veicular seus episódios, tem início a fase de geração de ideias. Em grupos, com a assistência do professor, os alunos fazem um levantamento dos pontos principais a serem desenvolvidos nos scripts para os seus podcasts. Na etapa de produção de seus scripts a serem gravados, o professor deve incentivar um debate sobre as características discursivas dos gêneros orais que incluem: maior informalidade do que no discurso escrito, uso de contrações e de expressões coloquiais, entonação e ritmo mostrados pelo tom de voz, enunciados curtos, repetições, uso de fillers como, por exemplo, uh .... , hum ... , well ..., say ..., you know, dentre outros. Eles devem ser incentivados a usarem estas marcas da oralidade em seus podcasts. Durante esta etapa, os alunos produzem seus scripts, na perspectiva cíclica de gravar, regravar, receber/fornecer feedback até a versão que será definitivamente disponibilizada on-line. Podem também usar seus próprios celulares ou Ipods para essas gravações e regravações. Na etapa da publicação, os alunos podem transferir as gravações que fizeram em seus dispositivos portáteis para o meio virtual ou gravar a mensagem a ser comunicada, a partir de seus scripts, por meio do software audacity (www.audacity.com)5 em sites que hospedam podcasts como os mencionados acima (www.mypodcast.com ou o www.podomatic.com). Recomendo que todos da sala sejam convidados a ouvir os podcasts produzidos pelos colegas, anotando pontos positivos e negativos para um debate em sala para a finalização do projeto. Todos devem ser incentivados a enviar os endereços de seus podcasts a professores de outras disciplinas, aos familiares, à comunidade escolar. É bem possível que as gravações não fiquem perfeitas, mas elas devem evidenciar o esforço coletivo de sua criação. Por meio desta experiência, os alunos (agentes sociais) têm a oportunidade de se apoderar das características do discurso oral para se comunicar em inglês, testar o seu letramento digital e compartilhar seus podcasts com os colegas de sala e de outros, ouvintes do espaço virtual, que vão acessá-los de várias partes do mundo. Feedback crítico e construtivo pode ser gravado em resposta à mensagem comunicada nos podcasts. Todos devem também estar conscientes de sua responsabilidade cidadã ao veicular um podcast para o mundo inteiro por meio da internet. Considerações finais O objetivo principal do meu trabalho foi sugerir a integração de dois gêneros digitais, blogs e podcasts, às ações de ensino da escrita e da fala em inglês, tendo por suporte pesquisas recentes sobre gêneros textuais e aspectos de multimodalidade. Parto da premissa de que tais gêneros digitais possam se transformar em ferramentas de agência altamente motivadoras para empoderar os nossos alunos em um agir efetivo nos 5 Em algumas versões para o Windows, é necessário obter o LAME MP3 encoder que é acoplado ao Audacity para gerar arquivos MP3. espaços sociais da Internet em L2. Espero que estas sugestões floresçam na sala de aula da educação básica, com fins à formação de nossos jovens para o exercício pleno da cidadania, conscientes de seus direitos e deveres. Espero também que o meu lema, less downloads and more uploads, torne-se o cerne da sala de aula de inglês em tempos de novas demandas sociais e culturais.