Actas da 1ª Conferência Ibérica de Sistemas e Tecnologias de Informação
Ofir, Portugal, 21 a 23 de Junho de 2006
ISBN 978-989-20-0271-2
Editores:
Maria Manuela Cunha,
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
Tel. 351 253 802 205, Fax 351 253 802 269, Email [email protected]
Álvaro Rocha
Universidade Fernando Pessoa
Tel 351 225074630, Fax 225074637, Email [email protected]
Capa/Composição:
Cláudio Ferreira
João Carlos Silva
Paulo Teixeira
Ricardo João Simões
Comissão Coordenadora:
Álvaro Rocha, Universidade Fernando Pessoa, Portugal
Carlos Ferrás Sexto, Universidad de Santiago de Compostela, España
Manuel Pérez Cota, Universidad de Vigo, España
Maria Manuela Cunha, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, Portugal
Comissão Organizadora:
António José Tavares
Bruno da Conceição Cortes
Eva Oliveira
João Carlos Silva
Joaquim Pereira Silva
Luís Ferreira
Maria Manuela Cunha
Patrícia Isabel Leite
Patrícia Sofia Gonçalves
Paulo Adriano Teixeira
Ricardo João Simões
Escola Superior de Tecnologia
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
Barcelos – Portugal
i
Volume 1
Modelos organizacionais
Informática para a saúde
iii
Comissão Científica Portuguesa
Álvaro Rocha, Universidade Fernando Pessoa
Adriano Moreira, Universidade do Minho
Alberto Sampaio, ISEP, Instituto Politécnico do Porto
Alcínia Sampaio,IST, Universidade Técnica de LIsboa
Altamiro da Costa Pereira, Fac. de Medicina da Univ. Porto, Pres. Ass. Port. Informática Médica
Américo Afonso, Fac. de Medicina Dentária da Un. do Porto
Américo Azevedo, FEUP, Universidade do Porto
Anabela Mesquita, ISCAP, Instituto Politécnico do Porto
André Ribeiro, Universidade de Calgary (Canada)
António Godinho, Inst. Sup. de Línguas e Administração (Gaia)
António Lucas Soares, Fac. de Engenharia da UP e INESC Porto
António Serrano, Universidade de Évora, Presidente do CA do Hospital de Évora
Armando Jorge Sousa, FEUP, Universidade do Porto
Ascensão Braga, Instituto Politécnico da Guarda
Carlos Costa, Universidade de Aveiro
Carlos Ferreira, Universidade de Aveiro
Cláudia Viana, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
David Lamas, Universidade Jean Piaget de Cabo Verde
Eurico Carrapatoso, Fac. de Engenharia da UP e INESC Porto
Feliz Ribeiro Gouveia, Universidade Fernando Pessoa
Fernando Bandeira, Universidade Fernando Pessoa
Fernando Moreira, Universidade Portucalense
Filipe Pinto, Instituto Politécnico de Leiria
Filipe Sousa, INESC Porto
Filomena Lopes, Universidade Portucalense
Flávio Ferreira, ESEIG, Instituto Politécnico do Porto
Guilhermina Miranda, FPCE, Universidade de Lisboa
Goran Putnik, Universidade do Minho
Henrique Santos, Universidade do Minho
Isabel Braga Sampaio, ISEP, Instituto Politécnico do Porto
Isabel Ramos, Universidade do Minho
Isaías Barreto da Rosa, Universidade Jean Piaget de Cabo Verde
Isaura Ribeiro, Universidade dos Açores
Ivo Antão, Administrador da Espírito Santo Saúde
Ivo Dias de Sousa, Universidade Aberta
João Álvaro Carvalho, Universidade do Minho, Presidente da APSI
João Barroso, Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro
João Manuel Brisson Lopes, IST, Universidade Técnica de Lisboa
João Pedro Couto, Universidade dos Açores
João Sarmento, Universidade do Minho
iv
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
João Manuel R. S. Tavares, FEUP, Universidade do Porto
João Varajão, Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro
Joaquim Madeira, Universidade de Aveiro
Joaquim Reis, Inst. Sup. Ciências do Trabalho e da Empresa
Joaquim Sousa Pinto, Universidade de Aveiro
Jorge Batista, Administrador da Primavera Software
Jorge Mamede, Instituto Politécnico do Porto e INESC Porto
José Adriano Pires, ESTIG, Instituto Politécnico de Bragança
José Braga de Vasconcelos, Universidade Fernando Pessoa
José Carlos Nascimento, Universidade do Minho
José Manuel Oliveira, Fac. de Economia da UP e INESC Porto
José Rascão, Instituto Politécnico de Setúbal
José Ribeiro, Universidade Aberta
José Torres, Universidade Fernando Pessoa
Leonel Santos, Universidade do Minho
Leonilde Reis, Instituto Politécnico de Setúbal
Lídia Oliveira Silva, Universidade de Aveiro
Luciana Ferreira, Universidade de Aveiro
Luís Amaral, Universidade do Minho
Luís Bernardo, FCT, Universidade Nova de Lisboa
Luís Borges Gouveia, Universidade Fernando Pessoa
Luís Carlos Bruno, Instituto Politécnico de Beja
Luís Paulo Reis, FEUP, Universidade do Porto
Luís Velez Lapão, Coordenador de Sistemas de Saúde, INA - Instituto Nacional de Administração
Luís Vieira, ISEG, Universidade Técnica de Lisboa
Manuel Filipe Santos, Universidade do Minho
Manuel João Pereira, Universidade Católica, Vice-Presidente do INA
Manuela Natário, Instituto Politécnico da Guarda
Maria João Castro, ISCAP, Instituto Politécnico do Porto
Maria João Ferreira, Universidade Portucalense
Maria José Fernandes, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
Maria Manuela Cunha, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
Maria do Rosário Oliveira Martins, ISEGI, Universidade Nova de Lisboa
Maribel Santos, Universidade do Minho
Mário Caldeira, ISEG, Universidade Técnica de Lisboa
Mário David, LIP Lisboa
Mário Freire, Universidade da Beira Interior
Mário Rui Gomes, IST, Universidade Técnica de Lisboa
Miguel Mira da Silva, IST, Universidade Técnica de Lisboa
Nuno Lau, Universidade de Aveiro
Nuno Magalhães Ribeiro, Universidade Fernando Pessoa
Paula Morais, Universidade Portucalense
v
Paulo Costa, FEUP, Universidade do Porto
Paulo Gomes, Universidade de Coimbra
Paulo Gomes, Instituto Politécnico de Portalegre
Paulo Martins, Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro
Paulo Pinto, FCT, Universidade Nova de Lisboa
Paulo Rupino, Universidade de Coimbra
Paulo dos Santos Silva, Universidade Jean Piaget de Cabo Verde
Pedro Antunes, FC, Universidade de Lisboa
Pedro Anunciação, Instituto Politécnico de Setúbal
Pedro Araújo, Universidade da Beira Interior
Pedro Nunes, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
Pedro Rangel Henriques, Universidade do Minho
Pedro Sobral, Universidade Fernando Pessoa
Ramiro Gonçalves, Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro
Ricardo Machado, Universidade do Minho
Ricardo Morla, INESC Porto
Ricardo Simões, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave
Rui Dinis Sousa, Universidade do Minho
Rui Gomes, Instituto Politécnico de Viana do Castelo
Rui Moreira, Universidade Fernando Pessoa
Sónia Sousa, Universidade Jean Piaget de Cabo Verde
Thomas Panagopoulos, Universidade do Algarve
Vítor Santos, Microsoft Portugal
vi
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Comissão Científica Espanhola
Carlos Ferrás Sexto, Universidad de Santiago de Compostela
Antonio Guevara Plaza, Universidad de Málaga
Antonio Moreno Jiménez, Universidad Autónoma de Madrid
Antonio Rodriguez del Corral, Director de Desarrollo de la Operadora R
Antonio Vaquero Sánchez, Universidad de Complutense de Madrid
Arturo Mendez Penín, Universidad de Vigo
Artur Serra i Hurtado, Universidad Politécnica de Cataluña
Belén Prieto, Universidad de Oviedo
Bernardo Bernal González, Centro de Innovación y Tecnologías Avanzadas
Carlos Macía Arce, Universidad de Santiago de Compostela
Carmen Fernández Morante, Universidad de Santiago de Compostela (Lugo)
Eduardo Paz Lloveras, Comercio Electrónico Global, Presidente de la AEDED
Emili Girault i Guarro, Generalitat de Cataluña-Innovad
F. Xosé Armas Quintá, Universidad de Santiago de Compostela
Fernando Garrido, Observatorio Cibersociedad
Francisco Carreras Riudavets, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria
Francisco Sanchís Marco, Universidad Politécnica de Madrid
Horacio Capel Sáez, Universidad de Barcelona
Isabel Ramos Ramón, Universidad de Sevilla
Jacinto González Dacosta, Universidad de Vigo
Javier Franco Tubío, Universidad de Santiago de Compostela, Secretario Ejecutivo CRUE-TIC,
Miembro de la Junta de Gobierno ISOC-ES
Javier García Tobío, Director CESGA, Centro de Supercomputación de Galicia
Jesús González Pérez, Universidad de les Illes Baleares
Joana María Seguí Pons, Universidad de les Illes Baleares
Joaquín Pinto Escribano, Director CITA (Madrid), Centro de Innovación y Tecnologías Avanzadas
Jörg Thomaschewski, Fachhoschule Oldenburg, Ostfriesland/Wilhemshaven
José Ayude Vázquez, Universidad de Vigo
José Baltazar García Pérez-Shofield, Universidad de Vigo
José Bravo, Universidad de Castilla-La Mancha
José Carlos Millán Calenti, Universidad da Coruña
José L.Garcia Cuesta, Universidad de Valladolid
José Luís Gurría Gascón, Universidad de Extremadura
José Manuel Molina, Universidad Carlos III de Madrid
José Maria Cavanillas, Atos Origin, Director - Atos Research & Innovation, Vice-Chairman - NESSI
Steering Committee
José María Feria Toribio, Universidad Pablo Olavide (Sevilla)
José Martín Brocos Fernández, Universidad San Pablo-CEU, Madrid
José Pérez Aguiar, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria
Josefina Domínguez Mujica, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria
Juan Manuel Cueva Lovelle, Universidad de Oviedo
vii
Juan Manuel López Zafra, Universidad Complutense de Madrid
Leopoldo Seijas Candelas, Universidad San Pablo-CEU, Madrid
Luciano Boquete Vázquez, Universidad de Alcalá
Manuel J. Maña López, Universidad de Huelva
Manuel Ortega Cantero, Universidad de Castilla-La Mancha, Presidente de ADIE
Manuel Pérez Cota, Universidad de Vigo
Manuel Rodríguez Victoriano, Universidad de Valencia
Maria Lado José Touriño, Universidad de Vigo
María Rosario González Rodríguez, Universidad de Sevilla
Mercedes Ruiz Carreira, Universidad de Cádiz
Montserrat Sebastià i Salat, Universidad de Barcelona
Octavio Santana Suarez, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria
Pedro Pérez Celis, Universidad Pontificia Comillas
Pedro Requés Velasco, Universidad de Cantabria
Rafael Crecente-Maseda, Universidad de Santiago de Compostela (Lugo)
Sergio Gálvez Rojas, Universidad de Málaga
Vicente Rodríguez Rodríguez, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, IEG (Madrid)
Xosé López García, Universidad de Santiago de Compostela
Yolanda García Vázquez, Universidad de Santiago de Compostela
viii
Prefácio
Sentimo-nos particularmente honrados, na Microsoft Portugal, pela
oportunidade de apoiar uma iniciativa como a 1ª Conferência Ibérica de Sistemas e
Tecnologias de Informação (CISTI).
Sendo a Microsoft uma empresa que, de há 30 anos a esta parte, tem vindo a
trabalhar na concepção e na democratização da Inovação, traduzindo-a em
tecnologia que impacte positivamente a vida dos utilizadores, quer em contextos
pessoais quer profissionais, é por demais evidente que o tema desta 1ª Conferência
nos diz muito.
O interesse e a vitalidade que a Comunidade Académica Portuguesa
demonstrou possuir com a organização desta 1ª CISTI constitui um sinal claro do
potencial da contribuição que os nossos académicos podem oferecer para
resolvermos com sucesso um dos maiores desafios que se colocam a Portugal: o
desafio da Inovação!
Ultimamente temos ouvido falar muito em Inovação. No entanto, nunca é
demais sublinhar a importância preponderante que a diferenciação qualitativa,
inaugurada por esta, poderá trazer para Portugal, em diversos sectores de
actividade, desde os sectores da economia mais tradicional, aos serviços mais
contemporâneos.
A Inovação em Portugal terá que acontecer em diversas áreas – a começar
pelas mentalidades e formas de fazer – e é aqui que os Sistemas de Informação e a
indústria de Software em particular, podem dar um contributo nada desprezável.
Um país que não inova tecnologicamente é um país morto, porque será facilmente
asfixiado nos palcos da feroz competição global. E, de entre todas as formas
simbióticas que a inovação tecnológica pode assumir, uma há que gostaria de
salientar, porque pode ser facilmente transposta para outras indústrias: a
importância da valorização da propriedade intelectual, que é o mesmo que dizer: da
assinatura, da marca.
A Tecnologia é um sector habituado a lidar com a frequência da obsolescência
e por isso o respeito pela propriedade intelectual de quem inova é chave para o
reconhecimento e muitas vezes para a sobrevivência comercial dos autores da
Inovação. Por esta razão, todas as iniciativas que se destinem a passar a mensagem
de que Portugal precisa de mais autoria só podem ter da Microsoft todo o apoio.
Estamos firmes na convicção de que as conclusões desta 1ª Conferência
constituem mais um passo para o desenvolvimento da investigação em Sistemas de
Informação em Portugal.
Lisboa, 30 de Maio de 2006
Nuno Duarte
ix
x
Índice
Nota Introdutória........................................................................................................... 1
Post-Project Effort Analysis Method ............................................................................ 3
Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de
Software ...................................................................................................................... 21
Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade,
baseado numa aplicação cliente-servidor .................................................................... 37
Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito
universitario ................................................................................................................ 47
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas .................. 63
Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de
Cabo Verde ................................................................................................................. 81
Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal..................................... 97
Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas
Empresas de Serviços Contábeis em Recife.............................................................. 115
Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes .................................. 127
Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills................................. 143
GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico
de Proyectos Software para PYMES y Emprendedores............................................ 157
Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in
Collaborative Networks Environments ..................................................................... 167
Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública ................. 179
Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de
Información Basándose en Interfaces de Usuario. .................................................... 195
Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações
Portuguesas ............................................................................................................... 211
Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil.............. 221
Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método
dos Cenários e no Método Delphi ............................................................................. 239
Monitorização remota do desempenho da empresa................................................... 257
xi
Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo
digital para e-learning ............................................................................................... 265
Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior..................................................................................................................... 281
Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade
“whiteboard” ............................................................................................................. 297
La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas ................................... 305
Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda ........... 319
La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha
desgatado el banner? ................................................................................................. 333
Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los
SGE. .......................................................................................................................... 351
Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios
Web ........................................................................................................................... 365
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil .................................................. 383
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo.................................................................... 401
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal ............ 421
Estratégias de e-procurement na Administração Pública: Uma revisão de
literatura .................................................................................................................... 439
An innovative approach in supporting the operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case .......................................................................... 455
Eficiência na Construção de Equipas Colaborativas Online ..................................... 471
Urbanismo organizacional – Instrumento para a gestão num contexto
relacional. O Caso Internet Banking ......................................................................... 489
Activos Intangíveis dos Sistemas de Informação ...................................................... 507
Sistema Dispensador de Píldoras Controlado por Telefonía Móvil. ......................... 523
TeleGerontología: Un nuevo recurso de Apoyo Gerontológico A Domicilio........... 533
Valoración de la calidad e-Health: El modelo @racne ............................................. 547
Informática Dentária: Sistemas de informação de suporte à prática clínica.............. 557
Intelligent Mechanisms for Early Detection of Cervix Cancer ................................. 571
Uma Abordagem à Gestão do Risco para os Sistemas de Informação das
Unidades de Saúde .................................................................................................... 589
xii
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
MAID – Multi Agent for the Integration of Data...................................................... 603
Descoberta de Padrões de Proteínas Utilizando um Algoritmo Genético ................. 615
Web.care – Gestão de acessos e recursos para estudos clínicos multicêntricos
on-line ....................................................................................................................... 631
O Data Mining na Compreensão do Fenómeno da Dor: Uma Proposta de
Aplicação .................................................................................................................. 641
Implementação de um Sistema de Monitorização de Sistemas de Informação
Clínicos indirecto ...................................................................................................... 657
Sistemas de Saúde e processos empresariais............................................................. 671
Automatic detection of patient data inconsistencies on integrated Health
Information Systems ................................................................................................. 689
Extracción y normalización de entidades genómicas en textos biomédicos: una
propuesta basada en transductores gráficos............................................................... 697
Caso de Estudo: Modelação e Verificação Formal de um Serviço de Urgência
Hospitalar .................................................................................................................. 711
O Tratamento de Dados na Saúde: Do enquadramento Jurídico à utilização de
Modelos de Gestão.................................................................................................... 727
Control y Mejora en la Producción de Software Hospitalario, Nuevas
Tecnologías ............................................................................................................... 741
Estruturação automática de informação de relatórios médicos: Um estudo de
caso ........................................................................................................................... 753
xiii
Nota Introdutória
No actual contexto económico e organizacional, caracterizado por uma
crescente importância da informação e do conhecimento, os Sistemas e Tecnologias
de Informação (STI) desempenham um papel cada vez mais preponderante
enquanto factor de competitividade das organizações e sociedades modernas,
facilitando a obtenção, transformação, armazenamento e disponibilização da
informação.
Não obstante as facilidades estarem ao dispor de todos, somente serão
conseguidas se as novas tecnologias de informação forem devidamente exploradas e
integradas nos sistemas de informação organizacionais e na sociedade em geral.
Assim, a génese da CISTI assentou na necessidade sentida de estimular este
desiderato e, simultânea e cumulativamente, na inexistência de um fórum anual que
promovesse de forma abrangente a partilha e discussão de experiências,
conhecimentos e inovações por pessoal das universidades, investigadores e
profissionais de STI do espaço ibérico.
A CISTI é uma iniciativa promovida e coordenada pelo grupo disciplinar de
Sistemas e Tecnologias de Informação da Escola Superior de Tecnologia do
Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, representado por Álvaro Rocha e Maria
Manuela Cunha, e pelo GIMED (Grupo de I&D em Informática Médica) da
Universidade Fernando Pessoa, representado por Álvaro Rocha. A iniciativa foi
alargada ao Grupo de Investigación Socio-Territorial da Universidade de Santiago
de Compostela, representado por Carlos Ferrás Sexto, e ao Departamento de
Informática da Universidade de Vigo, representado por Manuel Pérez Cota.
Da Comissão Científica da CISTI faz parte um leque pluridisciplinar de peritos
oriundos ou fortemente relacionados com a área dos STI do espaço ibérico, aos
quais cabe a responsabilidade de avaliar, num processo de revisão cega, os
trabalhos submetidos em cada uma das edições da conferência.
Tal como acontece nesta primeira edição, Junho será o mês preferencial para a
realização anual da CISTI, uma vez que não pretendemos sobrepor-nos, colidir ou
interferir com possíveis interesses de outros eventos, como, por exemplo, a
Conferência da Associação Portuguesa de Sistemas de Informação
(Outubro/Novembro) e as Jornadas Luso-Espanholas de Gestão Científica
(Fevereiro/Março).
Anualmente serão envidados esforços para que os melhores artigos da CISTI
possam integrar periódicos e livros ibéricos que abordem temáticas correlatas com
os sistemas e tecnologias de informação. Serão igualmente envidados esforços para
que todos os artigos publicados nas actas da CISTI venham a integrar bases de
dados de publicações científicas, como, por exemplo, a DBLP. E serão ainda
envidados esforços para o estabelecimento de um repositório on-line com todos os
artigos igualmente publicados na CISTI.
1
Reportando-nos a esta primeira edição, foram recebidos cerca de 250 artigos,
na sua maioria de elevadíssimo interesse e valor. Destes, cerca de 15% eram
provenientes de fora da Península Ibérica (alguns países da Europa e América
Latina). Contudo, mediante a impossibilidade de estender a duração da CISTI para
além de dois dias e meio, houve necessidade de estabelecer em 40% o número de
artigos a aceitar para apresentação na conferência e publicação nos respectivos
livros de actas.
As presentes actas, constituídas por dois volumes, organizam-se em torno das
grandes temáticas identificadas na chamada de trabalhos da CISTI. Assim, no
Volume I encontram-se os artigos relacionados com Modelos Organizacionais e
Sistemas de Informação e ainda Informática para a Saúde, e no Volume II
encontram-se os artigos relacionados com Gestão de Conhecimento e Sistemas de
Suporte à Decisão, Integração de Sistemas e Agentes de Computação e ainda
Interacção Homem-Máquina.
Mediante aquele que foi um desafio sério de criar um fórum ibérico nestes
domínios da actividade científica e empresarial, que fez mover uma vasta equipa
empenhada, estamos certos que os resultados justificaram plenamente o esforço e
que desta forma o desafio foi feito vitória. Tudo aponta para que a CISTI venha a
estar posicionada na rota dos eventos científicos de maior destaque no domínio dos
STI.
Lançada a CISTI, resta-nos agradecer a colaboração de todos os que directa e
indirectamente tiveram (ou venham a ter) algum envolvimento com este fórum,
deixando aqui o desafio de juntos contribuirmos para que venha efectivamente a ser
uma referência no espaço ibérico, cada vez mais uno.
Até breve!
Os Editores
2
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 3
Post-Project Effort Analysis Method
Topi Haapio 1, Anne Eerola 2
[email protected], [email protected]
1
2
TietoEnator Telecom & Media, P.O. Box 1779, FI-70601 Kuopio, Finland
University of Kuopio, Dept. Computer Science, P.O. Box 1627, FI-70211 Kuopio, Finland
Abstract: Rapid changes in IT business sets challenges to software project
effort estimation. Although the requirements for the effort estimation
accuracy vary in relation to the stakeholder, high accuracy is always pursued.
This paper proposes a stepwise post-project effort analysis method to
increase estimation accuracy by exploring realized project effort. The
proposed method can be used either independently or as a part of the whole
project post-mortem analysis to produce effort information for the project
final report, the annual projects report, and calibration input for the employed
effort estimation method. Furthermore, the method facilitates the evaluation
of both the existing effort and the cost estimation models’ effort factor and
driver weighting. The method was evaluated with a case study with a real
software development projects data sample supplied by TietoEnator Telecom
& Media.
Keywords:
Post-mortem
management.
analysis.
Effort
estimation.
MRE.
SPI.
Project
1. Introduction
One of the most crucial tasks for software suppliers in project management is
to estimate the effort as accurately as possible to ensure adherence to project’s
budget and schedules, and the success of resource allocation. Out of the numerous
estimation methods proposed, the two empirical estimation techniques: expert
judgment and Function Point Analysis (Albrecht, 1979; Albrecht & Gaffney, 1983),
and the regression-based composite estimation models COCOMO (Constructive
Cost Model) (Boehm, 1981) and COCOMO II (Boehm et al., 1995) are widely
known and used. The estimation methods and applications, however, produce
estimates with varying accuracy. A reason for the inaccuracy is the inadequacy of
previous project’s effort data collection when effort is collected without analyzing it
properly. The collected effort data is used for calibrating the weights that adjust the
factors and drivers which are used for the effort estimate derivation.
3
Post-Project Effort Analysis Method
This paper proposes a stepwise effort analysis method to decrease effort
estimation inaccuracy by exploring the project effort. The method is employed
either as part of project’s post-mortem analysis or independently in analyzing the
realized project effort after the project has been completed.
In effort analyses a same question set does not however apply in every
situation. For example, factors such as realized effort proportions and the estimate
error affect on the consideration. Hence, it is advantageous to analyze project
activities in separate sets, which in turns have to be grouped and equipped with
questions in a reasonable way. The method proposed in this paper assists in gaining
efficiently answers to questions related to a particular activity set’s effort in a
focused manner. To the best knowledge of the authors, a similar method is not
presented thus far in the context effort analysis.
The method can be applied to any set of project activities, for example, to
activities related to software testing. In the case study of this paper, the method is
applied to the non-construction activities (Haapio, 2004), i.e. the project activities
which are not directly related to software construction or project management.
These activities include various management and support activities such as
orientation, planning activities, quality management, configuration management,
customer support, and documentation, each carried out by several members of the
project. Effort estimation research has focused on software construction because the
majority of the total effort is software construction effort, and because the
customers are willing to pay for the construction work. However, even the best
estimate cannot be accurate if the employed method neglects or undervalues the
non-construction activities that are involved in the project. Furthermore, neglecting
the non-construction activities in project planning and effort estimation may result
in significant effort proportion deviation between projects. This study is a part of a
larger project aiming to improve effort estimation and effort management by
focusing also on activities other than the actual software construction and project
management, and the whole effort lifecycle of the project.
This paper is structured as follows. Section 2 describes the theoretical
background of post-project analyses and employed metrics, and the research
methodology. Section 3 outlines the post-project effort analysis method and shows
its practical feasibility with a case study evaluation, followed by discussion and
lessons learned in Section 4. Section 5 gives a short summary and suggestions for
further research.
2. Theoretical Background and Research Methodology
2.1. Post-Project Effort Analyses
In the software industry, it is customary to analyze a project after it has been
completed. A post-project analysis, also called the project closure or the post-
4
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
mortem analysis (Brady & DeMarco, 1994; Collier, DeMarco & Fearey, 1996;
Jalote, 2000), is a process of considering the project carefully in detail in order to
understand and explain it to learn from the experience, and improve the process
based on learning. A subprocess of the post-project analysis, the post-project effort
analysis, focuses on the project effort, both the estimated and the realized. Like the
post-project analysis, the post-project effort analysis is carried out as part of
software process improvement (SPI), which means understanding the existing
processes and improving them to achieve improved product quality, and to reduce
costs and development time. SPI is usually an activity that is specific to an
organization (Sommerville, 2001), but the post-project effort analysis method
proposed in this paper is generic and can be applied in different organizations and
situations.
Gathering data on a project’s actual effort and progress and compare these
with the estimates is essential for several reasons. As the effort estimating inputs
and techniques are imperfect, the completed project data are needed to improve
them. Moreover, not every project fits into the estimating model. Hence, the
employed formal effort estimation model requires a particular follow-up system.
This system both supports effective project management and benefits the longrange effort estimation capabilities. The data collected via control activities over
several projects can be analyzed to determine how the realized effort distribution
differs from the estimates. The differences are fed back to calibrate the model, e.g.
the COCOMO models. For a new project, data collection should be considered to
calibrate their estimating models (Boehm et al., 2000). Hence, the method proposed
in this paper supplements the research into effort estimation method calibration (e.g.
(Menzies et al., 2005)) by providing effort calibration information as a result to
populate the effort repository from which the effort estimation method’s factor
weights can be derived.
As the software engineering literature attempts to cover the whole spectrum of
software engineering (e.g. (Sommerville, 2001)), it provides understandably only
rough descriptions of post-mortem analyses. In 1990s, the interest in post-mortem
analysis increased in particular (Brady & DeMarco, 1994), moving from analyzing
the developed system (Kumar, 1990) to analyzing the process how the systems
were developed (Collier, DeMarco & Fearey, 1996), and from closing the project to
improving the software engineering process.
A defined process for the project post-mortem review was proposed in the
mid-1990s (Collier, DeMarco & Fearey, 1996). However, as the proposed process
describes post-mortem of the whole project, it provides general guidelines without a
detailed method to analyze effort. Furthermore, the proposed process requires rather
large resources (both time and personnel) which, in practice, are quite limited in the
software industry. Hence, companies usually use some proprietary analysis method.
5
Post-Project Effort Analysis Method
2.2. Effort Estimation Evaluation Metrics
Effort estimation and effort estimation methods are evaluated with criteria
metrics: established metrics include Prediction at Level l and Magnitude of Relative
Error. The Magnitude of Relative Error (Conte, Dunsmore & Shen, 1986), MRE, is
determined as follows:
MRE =
EE − ER
ER
where EE = estimated effort and ER = realized actual effort.
MRE considers both types of errors, overestimates and underestimates, which
are equally unfavorable since complete effort accuracy is pursued. The closer to
zero the MRE value is, the better the prediction (Kemerer, 1987). Usually an
organization sets a certain limit MRE value to project effort estimations and, if it is
exceeded, the reasons are explored and some actions taken to prevent further
excesses.
Prediction at Level l (PRED(l)) describes how many projects in a set of
projects have a MRE ≤ l (Conte, Dunsmore & Shen, 1986), e.g. PRED(0.25) is the
percentage of estimations that fall within 25% of the actual value (Shepperd &
Schofield, 1997). Since Conte et al. set l to 0.25 (1986) it has been established as
one of the most widely used evaluation criteria together with MRE. However, as the
choice of the accuracy measure depends on the objectives of the stakeholders
(Shepperd & Schofield, 1997), MRE values as high as 0.35 have also been
employed (Jalote, 2000). The accepted MRE value for project effort estimations in
organizations is usually set by the business and quality responsible.
2.3. Research Methodology
This study is based on constructive research (Iivari, 1991), also referred to as
design science (March & Smith, 1995) which consists of two basic activities:
building products (constructs, models, methods, and instantiations) and evaluating
them. The evaluation of the built product is based on user value or utility, i.e.
feasibility is demonstrated when the created artifact serves human and economical
purposes (Järvinen, 2001; March & Smith, 1995). Case studies can be used for
evaluation (Kitchenham, Pickard & Pfleeger, 1995). In this paper a method, namely
stepwise post-project effort analysis method, is proposed. The proposed method is
evaluated with a case study to demonstrate its feasibility in practical use.
3. Post-Project Effort Analysis
Effort analysis is conducted to produce input for a thorough, usually
qualitative, project analysis by an effort analyst. The effort analyst is a person, e.g.
a project manager, or a group of effort experts whose task is to analyze the project
effort after the project has been completed. In effort analysis the realized effort of a
6
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
specific project activity set is compared with the estimated, and the reasons for
accuracy or inaccuracy are analyzed and explained. In this paper, a project activity
set (AS) is a specific set of project activities, which comprises a set of activities that
are under examination. For example, the AS of testing can include unit testing,
integration testing, system testing, and customer acceptance testing. The activity set
effort (ASE) is the combined effort of the activities of the AS in question.
The post-project effort analysis method proposed in this paper is advantageous
to be used for individual projects and a set of multiple projects. A set of projects
can be analyzed for the annual projects report, for instance. The annual projects
report is usually a summary of project final reports. Hence, the same analysis
method both for one project (for producing the final report) and for a set of projects
(for producing the annual projects report) can be used. In addition, comparison
between projects is useful when dealing with annual projects reports.
3.1. Stepwise Post-Project Effort Analysis Method
The stepwise post-project effort analysis method (Figure 1) is used for
analyzing the effort of a specific set of project activities and their effort estimates
compared with those of other projects. Before employing the method the project
activity set in question has to be specified and composed. Another condition for
employing the analysis method is that an effort repository has been built. The effort
repository contains effort data of the completed projects. The effort analyst collects
project activities and their effort, and reorganizes the activities consistent into the
repository. These activities can be organized into specific default activity sets,
which represent a typical set of activities to be analyzed with the method. The
activities can be chosen for the set based on their frequency and significance in
projects, for instance. Hence, a particular granularity level of the project activities is
required, i.e. on how detailed level the activities are broken into.
7
Post-Project Effort Analysis Method
Step 1
Existing Effort Repository
and Suitable Default
Activity Set Confirmation
Step 2
Activity Set Extraction and
Activity Set Effort
Calculation
Activity Set and Default
Activity Set Comparison
Effort Repository
Default
Activity
Set
Step 3
Total Effort Estimation
Error Calculation
Step 4
Project Coordinate Setting
and Project Placement
Step 5
Project(s) Analysis with
Analysis Question
Matrix
Project(s) Analysis
without Analysis
Question Matrix
Figure 1 – Method steps and the effort repository
The post-project effort analysis method, described in details in the following
subsections, has five steps:
• Step 1: A preliminary step where the existence of the effort repository and
the usability of the default activity set is confirmed (and built, if
necessary).
• Step 2: Extraction of a specific set of project activities and the realized
effort calculation of those activities. The extracted set of project activities
is then compared with the default activity set.
• Step 3: Calculation of the total project effort estimation error.
• Step 4: Setting the project coordinate and placing projects into it.
• Step 5: Analysis of the project or projects.
8
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
As a result of these steps the effort repository is updated with new activities
belonging to the AS, and the effort information results are used for effort estimation
method calibration and project final and annual reporting.
Step 1: Confirming the Existence of the Effort Repository and a Suitable Default
Activity Set:
In step 1, the effort analyst confirms the existence of the effort repository and a
suitable default activity set. The effort repository is suitable for the method, if it has
effort data of the AS in focus. If a suitable effort repository does not exist, the effort
analyst creates one by extracting the activities and their effort in previous
completed projects, and organizing them into a default activity set. The set contains
all the project-generic activities whose frequencies and effort are significant in
projects. The default activity set is evaluated every time before being employed to
check that the set content is valid. Hence, the default activity set is dynamic. The
effort analyst removes outdated, discarded activities from the set and complements
it with new suitable ones identified in the analyses.
Full application of the method requires that significant activities and their
effort be registered from the project in analysis, otherwise the analysis method is
limited. The level of method applicability is determined using the default activity
set criterion, i.e. whether the registered activities of the AS in the project in
question include the ones defined in the default activity set. If the project involves
activities that are predefined in the default activity set but are not included as
registered project activities, the comprised effort of the AS cannot be used, and
these projects cannot be included in the effort repository to represent a typical
project, since activities and their effort are missing.
Step 2: Extracting an AS and its Effort, and Comparing the AS with the Default
Activity Set:
In step 2, the effort analyst calculates the proportion of realized effort of a
specific set of project activities. Although any effort categorization can be used, it is
essential that it is based on a particular reproducible method, otherwise the projects
will not be comparable.
At this point, the effort analyst decides whether the extracted project meets the
default activity set criterion, i.e. the analyst compares the activities of the extracted
AS with the default activity set. Based on the comparison, the analysis method is
applied either fully (all the following method steps) or partially (only a part of step
5) to the project in question.
Step 3: Calculating the Effort Estimation Error:
In step 3, the effort analyst calculates the effort estimation inaccuracy of the
project for analysis using the MRE. The MRE is calculated from the total project
activity effort, not from the ASE, to discover the relations between different activity
sets since they are not isolated and affect to each other.
9
Post-Project Effort Analysis Method
Step 4: Setting the Project Coordinate and Placing Projects:
In step 4, the effort analyst draws a coordinate and places the project or
projects to be analyzed into it. The axes represent the MRE value of total project
effort inaccuracy and the considered AS effort proportion of the total project effort.
The total project effort consists of the effort of all project activities. The coordinate
and set value lines form six different groups (the dotted line areas numbered 1-6 in
Figure 2). The three lines that form the six groups are the maximum allowed MRE
value and the high and low ASE proportion boundaries. The project or projects are
analyzed according to the specific group they fall into. Graphic presentation of the
coordinate is not, however, mandatory, although it assists in visualizing projects in
their groups, especially in multiple project analysis.
ASE of
Total Project Effort
(%)
100
3
6
1
4
2
5
ASEboundary(high)
ASEtarget
ASEboundary(low)
0
MREallowed(max)
MRE
Figure 2 – The six groups in the coordinate system of the post-project effort analysis method
The effort analyst sets a maximum allowed MRE value as a vertical line. There
are many ways to set the allowed MRE value, e.g. using the mean or median MRE
value from completed projects, a value determined by company management, or
using some PRED(l) value.
The ASE proportion boundaries are set as horizontal lines. The effort of the
AS should realize between these boundaries, otherwise the activities of the AS are
not sufficiently managed in the project. To calculate the boundary values, the effort
analyst needs a target ASE proportion (dashed horizontal line in Figure 2). There
are several ways to set the target ASE proportion, e.g. a mean ASE proportion and
an optimal ASE proportion. An optimal ASE proportion is set by the effort analyst.
It can be a fixed target value based on proprietary business criteria or, preferably, it
can be the result of a thorough study of the activity set in question and its effort.
Another approach, less sophisticated but easier to calculate, is the use of the mean
10
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
ASE value as the target value. The mean value is calculated from completed
projects that have met the default activity set criterion. If assumed that project effort
follows normal distribution, the effort analyst can determine the ASE proportion
boundaries using standard deviation (SD). Thus the projects out of line fall outside
the boundaries, to be analyzed as such.
Step 5: Analyzing Projects:
In step 5, the effort analyst analyzes the project or projects using an analysis
question matrix (Figure 3) by interviewing the project’s effort informants. The
questions in the analysis matrix can be applied in any project that meets the default
activity set criterion.
In addition to group-specific consideration, the realization of every planned
activity in the set should be analyzed. Furthermore, if new activities are identified
as belonging to the AS but are missing from the default activity set, they are
described in the final report with their effort proportions, and, if found significant,
complemented in the default activity set. As the method reveals the project
activities and their significance, it can be employed for evaluating a particular effort
estimation model, i.e. whether an activity is correctly emphasized in the effort
estimation model.
The analysis can be employed with a set of projects to produce an annual
report, which usually contains summaries of project final reports. In addition, a
comparison of projects on the whole project set is a useful perspective. In this case,
a drawn project coordinate is essential since comparison of effort estimation
accuracy (MRE values) and their relation to the activity set in question can be
derived intuitionally from the visualized presentation.
As the objective of the proposed method is to discover the reasons for the
realization of the ASE in the project, the matrix does not contain any suggestions
for solutions or actions which are usually project-specific. However, the project
final report should comment on the actions.
In the special case where the default activity set criterion is not fulfilled, the
analysis matrix cannot be applied since the project cannot be correctly placed in a
particular group. In this case, it is necessary to discover whether the project
involved these undefined activities and to what extent. Moreover, new activities
which include in the default activity set have to be identified as described above.
However, the effort information on particular activities can be used to calibrate the
effort estimation method if the activity’s effort proportion is calculated from the
project total effort and used as proportion of total project effort.
11
Post-Project Effort Analysis Method
ASE: Over
upper
boundary
MRE: Allowed
(total effort estimation is accurate)
MRE: Over limit
(total effort was misestimated)
Report input: For each underestimated activity in the set: why was
the actual effort higher than that estimated, i.e. why was the
planned activity effort not adequate? Is its higher proportion
necessary, i.e. could the activity have been performed more
efficient? How did this activity affect on other activities?
Report input: Were the exceeded ASE proportions the (primary)
reason for exceeding the set MRE value?
For each underestimated activity in the set: which ones in the set
caused MRE value to exceed and why? Why did the effort of an
activity realize higher? Is its higher proportion necessary, i.e. could
the activity have been performed more efficient? How did this activity
affect on other activities?
Pre-project effort estimation method calibration: The ASE is
most likely underestimated. If the other activities are estimated
accurately, then some of the ASE proportions should be increased.
3
ASE: Within
boundaries
Report input: How did the activities in the set promote project
success?
1
ASE: Under
lowest
boundary
Report input: For each overestimated activity in the set: why was
the actual effort lower than that estimated? Is its lower proportion
adequate? How did this activity affect on other activities?
2
6
Report input: What was the reason for exceeding the set MRE
value? If activities in the set were the reason, what were they and
why?
Pre-project effort estimation method calibration: The ASE is
most likely estimated accurately and the other activities are
misestimated. The effort proportion values of single activities can be
used for calibration.
4
Report input: Were the realized low ASE proportions a reason for
high MRE value?
For each overestimated activity in the set: which ones in the set
caused MRE value to exceed and why? Why did the effort of an
activity realize lower? Was its realized lower proportion adequate?
How did this activity affect on other activities?
Pre-project effort estimation method calibration: The ASE is
most likely overestimated. If the other activities are estimated
accurately, then some of the ASE proportions should be decreased.
5
Report input: Did the project content (extent and excellence)
remain as planned?
Report input: If effort was overestimated, was the project outcome
as extensive and quality as initially planned?
If effort was underestimated, what was especially difficult in the
project and did the change management fail?
Pre-project effort estimation method calibration: Initial effort
proportions should be correct, and they ought to be maintained.
The ASE estimate can be correct for two reasons: 1) Every activity
is estimated accurately, or 2) some activities are underestimated
but some are overestimated. In order to calibrate the method, every
activity and its effort estimation error should be examined.
Pre-project effort estimation method calibration: Initial effort
proportions are not correct, and they ought to be calibrated.
Figure 3 – The analysis question matrix
3.2. Application
The method was evaluated as suggested in (Järvinen, 2001): by showing its
feasibility in practical use. The method was applied in a case study with real
software development projects to analyze the non-construction activities (NCA) as
an activity set in two different cases representing the possible variations in applying
the method. In the first case, a set of multiple projects was analyzed. In the other
case, the method was applied to an individual project.
Data:
The data sample was extracted from real software development project data
supplied by TietoEnator Telecom & Media, a part of the largest IT services
company in the Nordic countries. The data sample consisted of 12 custom software
development projects which took place in 1999-2003. These projects were delivered
to five different Nordic customers operating mainly in the telecommunication
12
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
business domain. The delivered software systems were based on different technical
solutions, but the two most common technologies were based either on J2EE or on
transaction management based client/server technology. The duration of the
projects was between 2.5 and 31 months, and required between 738.0 and 21,104.5
hours of effort (mean 5,953.0). The projects’ effort estimations had been originally
made using the expert judgment estimation technique in every project. In some
projects, Function Point Analysis had been used as a secondary complementing
method to compare the estimation results. For this case study, the effort estimation
information was gathered from the tender proposal documents, the contract
documents, and the final report documents. The realized effort data were gathered
from the work time registry system into which the project personnel feed their work
hours for different project-specific activities with half-hour precision.
The data sample was gathered based on the following criteria: the chosen
projects were custom software development projects involving at least a design
phase before implementation, and delivered in 2002 or 2003. In this case study
projects delivered in 2002 (A-F) were used to form the initial effort repository and
the default activity set, and projects delivered in 2003 (G-L) were analyzed with the
proposed method.
Method Step 1:
As no effort repository existed, the repository was built with the extracted
effort data of the non-construction activities with projects delivered in 2002. The
NCA effort was extracted as described in (Haapio, 2004). The results for NCA
extraction are presented in Table 1.
Table 1 – The NCA effort proportions of total project effort for projects A-F
Project
A
B
C
D
E
F
NCA Effort (%)
25.5
23.0
22.6
22.3
20.8
19.9
The default activity set was created using the non-construction activities. The
activities were renamed generically since the naming in the work time registry
system was varied. The formed NCA default activity set included the following
activities: customer assistance (including customer support and training),
documentation, orientation, project group work (including meetings), quality
assurance (including reviews), and technical environment (including setup and
maintenance).
13
Post-Project Effort Analysis Method
The allowed MRE value was set to 0.25 according to the commonly used
PRED(0.25) measure. The mean value was used as the target activity set effort
proportion.
Case 1: Multiple Projects:
The method was applied to projects delivered in 2003 using the projects’ NCA
effort proportions. As the activities were known and the effort had been extracted,
the applicability of the method was determined with the default activity set
criterion. The results from steps 1-3 are presented in Table 2.
Table 2 – The NCA effort proportions, MRE value, and method applicability for projects GL
Project
G
H
I
J
K
L
NCA Effort
(%)
31.1
26.5
11.4
9.7
8.5
5.1
MRE
0.69
0.28
0.46
0.36
0.49
0.21
Method
Applicability
Full
Full
Limited
Limited
Limited
Full
The target NCA effort proportion and its boundaries were determined by
complementing the effort repository with projects G, H and L (step 4), since they
met the default activity set criterion. The mean NCA effort proportion of the
complemented repository was 21.9%. As the SD was 7.14, the boundaries were set
to 14.8% and 29.0%. The projects were placed in the coordinate, falling in the
groups presented in Figure 4.
14
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
50,0
A project with
full method
applicability
45,0
NCA Effort Proportion (%)
40,0
3
A project with
limited method
applicability
6
35,0
G
30,0
H
25,0
1
4
20,0
15,0
10,0
(J)
2
(K)
5
L
5,0
0,0
0,00
(I)
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
0,70
0,80
0,90
1,00
MRE
Figure 4 – Projects G-L in the project coordinate
In 2003, half of the projects, namely I, J and K, could not be used for a
complete analysis and the analysis results used for pre-project effort estimation
calibration, since one or more elementary default activity required by the analysis
was not recorded. Thus these projects did not meet the default activity set criterion
and would have given a skewed impression of their NCA effort proportion.
The projects with full method applicability (G, H, and L) were different, i.e. no
homogeneity could be found, as the projects were scattered. The questions in the
analysis matrix (Figure 3) were applied with these projects. The multiple project
analysis resulted for the annual projects report as follows:
Project analysis for annual projects report. A better preparation for nonconstruction activities is required in future for starting projects, e.g. by using project
activity set templates containing the default non-construction activities in the work
time registry system. Moreover, almost every project exceeded the set MRE value
(0.25) in 2003, meaning that their effort had been misestimated. In project G, one of
the main reasons for exceeding the set MRE value was the non-construction
activities.
Case 2: A Single Project (All Method Steps Applied):
Project G was chosen to represent how the method is applied to a single
project in practice. The project was chosen because it represents one in which nonconstruction activities had been given sufficient consideration at the beginning of
the project, i.e. the project met the default activity set criterion.
As shown in Table 2, project G’s NCA effort proportion was 31.1% (step 2)
and the MRE value was 0.69 (step 3). The target NCA effort proportion and its
boundaries were determined by complementing the NCA effort repository of
15
Post-Project Effort Analysis Method
projects A-F with project G (method step 4). The target (mean) NCA effort
proportion of the complemented repository was 23.6%. As the SD was 3.75, the
boundaries were set to 19.9% and 27.4%. Thus, project G fell into group 6 (step 4).
As project G met the default activity set criterion, the questions in the analysis
matrix (Figure 3) were applied (step 5). The realized NCA effort for project G was
above the upper ASE boundary. The single project analysis resulted as follows:
Project analysis for the project final report. Although the different activities
had been taken into consideration at the beginning of the project, one of them,
customer assistance, was heavily underestimated and constituted 20.5% of the total
effort. If the activity had been estimated correctly, the project MRE value would
have fallen from 0.69 to 0.48. Hence, customer assistance was one of the primary
reasons for the inaccurate effort estimation. The activity, however, did not have any
impact on the effort of other activities, although it had an impact on the schedule, as
time spent was away from other activities. The only NCA that was not taken into
consideration at the beginning of the project was version management.
Improvement and calibration of the pre-project effort estimation method. The
NCA effort sum proportion (31.1%) can be used for pre-project effort estimation
method calibration, like the individual proportions: documentation (2.5%),
orientation (0.9%), project group work (0.7%), quality assurance (0.8%), technical
environment activities (1.3%) and customer assistance (20.5%). Although the
customer assistance proportion seemed remarkably high and could be considered
specific to this project, it could be used for calibration since the realized effort
might be high in another project, too.
The effort repository default activity set was complemented with the project
start-up activity, since it could be considered project-generic, and the activity
represented a significant 3.4% of total effort.
4. Discussion
A comparison between the proposed stepwise post-project effort analysis
method and other methods is complicated by their differences, e.g. purpose. For
instance, the process definition for project post-mortem analysis (Collier, DeMarco
& Fearey, 1996) describes the process of capturing the whole project, whereas the
method proposed in this paper focuses on capturing the effort information related to
the project or projects. However, the feasibility of the proposed method is shown in
the case study of two variations: a multiple projects and a single project analysis.
First and foremost, the method assists in gathering selectively, based on quantitative
effort data, qualitative effort information from the informants to produce project
final and annual reports. Secondly, the method can be employed to collect
calibration input for the effort estimation method. Thirdly, as the results reveal the
significance of different project activities (their effort proportions), the results can
be utilized for the factor emphasis of a particular cost or effort estimation model.
16
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Based on this research, the following lessons were learned, and the following
limitations to the study were found. In general, the research revealed:
• It is as important to analyze successful as failed projects. Instead of
concentrating on the failed projects only, it is also fruitful to analyze the
successful projects, since they provide important effort information. A
neutral attitude to the projects in question makes also the organization
more willing to attend the analyses (Brady & DeMarco, 1994).
• A unified organizational procedure to enter effort in the work time registry
system is necessary. One concern relating to the data is the reliability of
the realized effort. As project group members feed their own work hours
into the work time registry system, there can be individual variations in the
inputs. To get reliable effort information, the procedure for entering work
hours as well as the default activities should be unified in the organization.
• Project activities have to be defined on a certain granularity level. A
certain granularity level of the project activities is required for the method.
The set level also supports effort reporting and the data collection for
future effort estimation.
• The use of project activity set templates is advantageous. The use of
project activity set templates in work time registry system ensures unified
common project activities among projects when the activities are inserted
into the system by different persons. In many cases, the work of undefined
activities is fed to another suitable activity, which skews the effort data.
Most likely a transition period will occur when the set of typical activities
is formed and the information is used systematically for new projects.
For the organization in question, the research revealed lessons concerning
project activities and effort related to be learned from:
• Significant project activities were missing. Several significant activities
were missing from projects in the work time registry system in order to
monitor effort on these activities and to benefit the data collection for
future effort estimations.
• The non-construction activities are important in effort estimation
consideration. The effort proportions of many non-construction activities
are significant and should be taken into consideration when future projects
are planned and effort estimated.
• Further reports and guides are needed. This research gave impulse to
further research on project activities within the organization as a part of
SPI to share information in the form of both research reports and internal
reports and guidelines.
However, the method has some limitations related to the number of projects:
• The number of delivered projects has to be sufficient. If the repository is
used for setting the ASE target value (mean or median value) or the ASE
boundaries (standard deviation), the number of projects in the effort
repository system has to be large enough.
17
Post-Project Effort Analysis Method
• A certain minimum number of projects is required for calibration. Using
the proposed method for calibrating an effort estimation method requires a
certain minimum number of projects before effort information can be used
for calibration. Literature has suggested different numbers, from 5 to 20,
depending on the used metric (Boehm et al., 2000; Menzies et al., 2005;
Shepperd & Schofield, 1997). However, a method’s factor weights can be
questioned from a lesser amount of projects.
• The method applicability is higher if projects have the default activity sets
predefined. The proposed effort analysis method’s grouping becomes
more precise as more projects are analyzed and complemented in the effort
repository.
5. Conclusions and Further Research
This paper proposes a post-project effort analysis method. The stepwise
method can be employed to produce effort information for project final and annual
reports, and pre-project effort estimation method. Moreover, the method can be
used to determine whether a particular effort or cost estimation model emphasizes
its effort factors and drivers correctly. In addition, this paper continues to analyze
the effort of the non-construction activities, which is one of the three main software
development project effort categories besides software construction and project
management. The authors are currently carrying out a deeper investigation into nonconstruction activities and their optimal effort proportions. Moreover, research is
needed to show how the project activities divided into three categories brings
stability into effort proportions and thus better predictability to effort estimation.
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UK.
19
Post-Project Effort Analysis Method
20
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 21
Medidas de Acompanhamento e Controle
Aplicadas ao Desenvolvimento de Software
Adriano C. Santana1, Fabrício A. Braz1, Humberto A. Junior1,
José D. Carvalho2, Luis F. R. Molinaro1
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
1
Universidade de Brasília, Campus Darcy Ribeiro, 70.910.900, Brasília, DF, Brasil
2
Universidade do Minho, DPS, Azurém, 4800-058, Guimarães, Portugual
Resumo: Este artigo propõe um conjunto de medidas aplicadas ao
acompanhamento e controle do desenvolvimento de software, tendo como
base as principais áreas de conhecimento do gerenciamento de projetos
recomendadas pelo Project Management Institute (PMI). Propõe também um
fluxo de atividades a ser aplicado em cada uma das iterações baseando-se nas
áreas de processo de Planejamento de Projeto (PP), Monitoração e Controle
de Projeto (MCP) e Medição e Análise (M&A) previstos no Capability
Maturity Model Integrated (CMMI), levando em consideração o processo de
desenvolvimento de software iterativo e incremental.
Palavras-chave: Gerenciamento de projetos;
Desenvolvimento de software iterativo e incremental.
Medidas
de
software;
1. Introdução
Atualmente, nas empresas de desenvolvimento de software, a demanda por
produtos cada vez maiores e mais complexos, robustos e confiáveis, tem exigido o
desenvolvimento de técnicas mais precisas para o acompanhamento e controle dos
projetos. No entanto, o cenário típico que geralmente se observa no ambiente das
organizações produtoras de software é marcado por problemas constantes, como
estimativas equivocadas de prazos e custos e produtos que apresentam baixa
qualidade.
Assim, esses problemas precisam ser contornados para que as empresas
consigam desenvolver uma gestão e um controle de projetos efetivo e eficiente. E
uma das maneiras de se implementar isso é implantar um Processo de
Desenvolvimento de Software (PDS) bem definido, pois ele apóia o planejamento e
o acompanhamento dos prazos e dos custos do desenvolvimento do software, além
dos atributos de qualidade do produto.
21
Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de
Software
Com isso, as medidas de software vêm tomando dimensões cada vez mais
proeminentes, pois são uma forma de se estimar prazos e custos, e controlar e
acompanhar a execução dos projetos. Assim, torna-se importante integrá-las ao
planejamento e ao acompanhamento e controle dos projetos, como forma de
viabilizar informações relevantes para as tomadas de decisões pertinentes ao
gerenciamento de projetos (Bechtold, 1999).
2. Medidas de Estimativa x Medidas de Controle
As medidas de controle, objeto de estudo deste artigo, têm como fundamento
informar o progresso e o desempenho do projeto ao longo de sua execução. Para
isso, é conveniente que a coleta, as análises e a comunicação dos resultados sejam
automatizadas. É fundamental a facilidade de obtenção das informações, pois o
período do recebimento das análises e da tomada de decisão pelo gerente do projeto
tem que ser otimizado ao máximo. Quanto menor for esse tempo, menores serão os
impactos decorrentes de algum problema existente no projeto.
As medidas de estimativas, ao contrário das medidas de controle, não precisam
estar disponíveis em tempo real, pois podem se originar de um estudo prévio,
cauteloso, pontual e fundamentado nas medidas de controle de projetos anteriores.
Sempre que se define um plano de projeto, o tempo para o levantamento de
estimativas tem que ser bastante hábil, pois elas poderão causar um impacto
negativo em todo o planejamento do projeto, caso não sejam analisadas com
profundidade e responsabilidade (Valeriano, 2000).
3. Desenvolvimento de Software Iterativo e Incremental
O conceito de desenvolvimento de software iterativo e incremental é utilizado
com o objetivo de permitir que os projetos sejam divididos em etapas ou iterações e
que a execução dessas evolua progressivamente, tornando-os mais fáceis de serem
planejados e controlados (ISO, 1999).
A referência (Borges, 2004) diz que algumas equipes de software ainda
utilizam o processo de desenvolvimento em cascata. Essa abordagem faz com que
os projetos completem cada uma das fases do processo de desenvolvimento sob
uma rígida seqüência, que começa pelo levantamento dos requisitos, passa pela
análise, design, implementação e, por fim, pelos testes no produto.
Na abordagem em cascata, os participantes do projeto não acompanham o
passo a passo da evolução do produto e isso faz com que problemas diversos só
sejam visualizados no final do ciclo de vida do projeto, quando as mudanças são
mais caras, difíceis de serem realizadas e mais demoradas.
Já o desenvolvimento iterativo e incremental divide a evolução do produto em
uma seqüência de subfases iterativas e incrementais. Cada uma dessas subfases
inclui todas as fases do desenvolvimento de software, começando pelo
22
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
levantamento dos requisitos, análise, design, implementação e finalizando na fase
de testes do produto daquela subfase ou iteração. Dessa forma, cada iteração deve
possuir um conjunto definido de objetivos e um produto, os quais vão evoluindo
incrementalmente a cada iteração até o final do ciclo de vida do projeto.
3.1. Abordagem para o Fluxo de Atividades Sugerido
A tabela 1 apresenta o fluxo de atividades que é dividido em duas fases
distintas: a fase de planejamento, que contempla as atividades da coluna Plano do
Projeto e a parte I da coluna Medição e Análise; e a fase de execução e controle,
que contempla as atividades da parte II da coluna Medição e Análise e a coluna
Monitoramento e Controle de Projetos. Em cada uma delas existem subconjuntos
relacionados de atividades acontecendo em paralelo, sob uma ordem de execução, a
qual permite o compartilhamento de conhecimento entre as atividades (Santana,
2004).
Esse fluxo de atividades, complementa o processo de desenvolvimento de
software iterativo e incremental, pois ele se fundamenta:
• Na aplicação deste fluxo de atividades em cada uma das iterações a serem
executadas ao longo do ciclo de vida do projeto.
• Nas lições aprendidas pela execução da iteração anterior, que orienta o
planejamento a partir da segunda iteração.
4. Conjunto de Medidas Sugerido
Em meio à comunidade de desenvolvimento de software, poucos temas
provocam tanta discussão quanto o assunto medidas. Existe uma percepção geral de
que medidas são necessárias, mas ao mesmo tempo são difíceis de coletar e a
recompensa não é imediata. Além disso, está sempre presente a sensação de que o
valor agregado pela coleta e análise das medidas ocorre só para projetos futuros
(Sate, Humprey & Ohlin, 2003).
A referência (Fenton & Pfleeger, 1997) mostra que as medidas não se tornam
aceitáveis apenas porque são relevantes. Não são valiosas simplesmente porque têm
algo a ver com o último objetivo da semana. Elas funcionam quando realmente se
relacionam com algo a que damos valor e quando os riscos associados a sua
obtenção, no contexto do escopo de utilização dessas medidas, são insignificantes
se comparados ao valor das informações obtidas a partir delas. Para compreender tal
valor, devemos entender o relacionamento subjacente entre a medida e o atributo
mensurado.
A referência (Pandian, 2004) diz que, a princípio, poderia parecer que as
realizações de medições e análises são evidentes por si mesmas. Afinal, a medição
capacita-nos a quantificar e, por conseguinte, a administrar mais efetivamente, mas
a realidade pode ser muito diferente. A medição, muitas vezes, leva a controvérsias
e a argumentações, como por exemplo: “Quais são as medidas apropriadas para o
23
Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de
Software
processo e para o produto?” “É justo usar medições para se comparar pessoas,
processos e produtos?”.
Tabela 1 – O fluxo de atividades sugerido.
Plano do Projeto
Estimar escopo do projeto
Medição e Análise
Parte I
Monitoramento e
Controle de Projetos
Monitorar parâmetros do
plano do projeto
Estimar produtos e atividades
Estabelecer objetivos das
medidas
Monitorar
compromentimento
Definir ciclo de vida do projeto
Especificar as medidas
Monitorar riscos do
projeto
Estimar esforço e custom
Especificar coleta e
procedimentos de análise
Monitorar gerenciamento
dos dados
Estabelecer cronograma e
orçamento
Especificar procedimentos
de análise
Monitorar o
envolvimento dos
interessados relevantes
Identificar riscos do projeto
Parte II
Conduzir verificações do
progresso
Plano para o gerenciamento
dos dados
Coletar dados para as
medidas
Conduzir verificações
dos marcos
Plano para os recursos do
projeto
Analisar dados das medidas
Analisar questões
Plano para as necessidades de
conhecimento e perfis
Armazenar dados e
resultados das medidas
Tomar as decisões
proativas
Plano do envolvimento dos
interessados relevantes
Comunicar resultados das
medidas
Gerenciar as decisões
proativas tomadas
Estabelecer o plano do projeto
Revisar planos que compõem o
projeto
Rever trabalho e níveis de
recursos
Obter o comprometimento com
os planos
24
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
4.1. As Sete Medidas Sugeridas
A referência (Champeaux, 1997) diz que não podemos desenvolver produto de
software com qualidade ou melhorar o processo sem medidas. Como diz Lord
Kelvin, na referência (Pressman, 1994), “quando você pode medir o que você está
falando e expressar isto em números, você sabe alguma coisa sobre isso; mas
quando você não pode medir nem expressar isto em números, seu conhecimento é
escasso e insatisfatório”.
O intuito deste conjunto de medidas é mostrar o estado atual do projeto e
do produto, subsidiando o gerente do projeto com informações para apoiá-lo nas
tomadas de decisões. Como o acompanhamento e controle dos projetos são feitos
com base em informações, uma vez que essas sejam coletadas, analisadas e
armazenadas, geram um histórico de conhecimento, o qual auxilia os gerentes de
projeto nas estimativas futuras, tornando-as mais objetivas e próximas do real
(Santana, 2004).
O conjunto de medidas sugerido tem como propósito não só apresentar as
medidas, mas também sugerir algo que seja realmente aplicável e utilizado em
nossos projetos. Assim, esse conjunto considera as atividades definidas para a
avaliação diferente do modo tradicional, pois, normalmente, existem medidas para
atividades e medidas para casos de uso. Isso acontece devido aos casos de uso
serem constituídos de atividades e por serem diferenciados entre si de acordo com a
sua complexidade de realização ao longo da implementação (Santana, 2004).
Com isso, e no intuito de tornar objetiva a aplicação, este artigo trata os casos
de uso como atividades, ou seja, não serão avaliadas cada uma das atividades que o
compõem, mas o conjunto como um todo. Com relação à complexidade de
implementação, esta será calculada com base no feeling dos gerentes de projeto,
como de costume, pois, independentemente da forma de avaliação do caso de uso,
as durações previstas são fundamentadas nela.
A tabela 2 apresenta as sete medidas sugeridas, bem como a área de
conhecimento abrangida e o atributo mensurável para cada uma (PMI, 2002).
Tabela 2 – As sete medidas sugeridas.
Medida
Área de
conhecimento
Atributo mensurável
Progresso
Escopo
Trabalho concluído
Desempenho
Escopo
Controle das variações
Impacto
Tempo
Novas atividades
Atraso médio
Tempo
Realizado comparado a planejado
Valor agregado
Custo
Verificação dos custos
Estabilidade
Qualidade
Solicitações de mudanças
Maturidade
Qualidade
Descoberta do defeito
25
Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de
Software
4.1.1.
Progresso
A medida de progresso se aplica à área de escopo do gerenciamento de
projetos, pois mostra, em percentual, o andamento do trabalho concluído na
realização de todo o conjunto de casos de uso escolhido para a avaliação (Ishigaki
& Jones, 2003).
Com isso, qualquer mudança realizada no escopo do projeto que não tenha
sido prevista anteriormente, pode ser apontada por meio da completude daquele
caso de uso. Além disso, a possibilidade de se detectar um novo caso de uso auxilia
também o gerenciamento das mudanças ocorridas.
µ progresso =
∑ (Percentual Realizado (x) × Peso (x))
∑ Peso (x)
(1)
Onde:
• Percentual Realizado (x) é a variável que define o percentual de realização
de cada caso de uso.
• Peso (x) é a variável que define a complexidade de cada caso de uso.
4.1.2.
Desempenho
A medida de desempenho se aplica à área de escopo do gerenciamento de
projetos, pois mostra, em percentual, por meio da comparação entre o trabalho
previsto e o trabalho realizado, como está o andamento da realização dos casos de
uso.
A medida de desempenho permite ao gerente do projeto controlar e
acompanhar as variações na realização dos casos de uso. Ela pode ser aplicada a um
caso de uso, a uma fase, a um projeto ou a um conjunto de casos de uso específicos
de um recurso, e permitirá o acompanhamento do desempenho individual. Os
relatórios de desempenho também são uma ferramenta de apoio ao gerenciamento
de projetos, pois ajudam no controle e no acompanhamento dos recursos (Kroll &
Kruchten, 2003).
µ desempenho = ∑
(Duração Prevista (x) × Percentual Realizado (x))
(2)
∑ Duração Real (x)
Onde:
• Duração Prevista (x) é a variável que indica a duração prevista de cada
caso de uso.
• Duração Real (x) é a variável que indica a duração real de cada caso de
uso até o momento da avaliação.
26
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
4.1.3.
Impacto
A medida de impacto dos novos casos de uso se aplica à área de tempo do
gerenciamento de projetos, pois mostra, em percentual, a parte do tempo total
consumida com os novos casos de uso não previstos no planejamento anterior e as
mudanças ocorridas no escopo do projeto. Com isso, qualquer mudança no conjunto
de casos de uso do projeto poderá ser percebida por meio da medida de impacto,
pois ela pode mensurar a diferença entre a duração prevista e real para cada caso de
uso avaliado (Champeaux, 1997).
Ao longo do ciclo de vida do projeto é comum o surgimento de novos casos de
uso, ou seja, casos de uso que não foram previstos durante a fase de planejamento
do projeto, decorrentes de mudanças nos requisitos ou devido ao atendimento às
necessidades específicas do projeto.
µ impacto = ∑
Tempo Gasto (x1 ) − ∑ Tempo Gasto (x 2 )
∑ Tempo Gasto (x1 )
(3)
Onde:
• Tempo Gasto (x1) é a variável que define a quantidade de tempo já
trabalhada na realização dos casos de uso participantes da avaliação, ou
seja, o tempo total gasto com os casos de uso que foram iniciados.
• Tempo Gasto (x2) é a variável que define a quantidade de tempo já
trabalhada na realização dos casos de uso que foram iniciados e que
estavam contemplados no planejamento anterior às mudanças.
4.1.4.
Atraso Médio
A medida de atraso médio se aplica à área de tempo do gerenciamento de
projetos, pois mostra, em percentual, quanto o conjunto de casos de uso
participantes da avaliação está atrasado em relação ao planejado.
Essa medida calcula o atraso médio total do projeto no momento da avaliação.
O cálculo desta medida é feito a partir da comparação da duração real dos casos de
uso com a duração prevista (Champeaux, 1997).
∑ (Duração Real (x)
µ atraso médio =
− Duração Prevista (x) )
Duração Real (x)
# Casos de Uso
(4)
Onde:
• Duração Real (x) é a variável que indica o tempo trabalhado para a
realização de cada caso de uso.
27
Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de
Software
• Duração Prevista (x) é a variável que indica o tempo planejado para a
realização de cada caso de uso.
• # Casos de uso é a variável que indica o número de casos de uso
participantes da avaliação.
4.1.5.
Valor Agregado
A medida de Valor Agregado ou Análise de Valor Agregado (AVA) se aplica
à área de custo do gerenciamento de projetos, pois mostra a evolução dos custos,
comparando-os com o que foi planejado, ou seja, a comparação das despesas ao
longo do tempo com o custo previsto (Mcgarry, Card & Jones, 2003).
Para a maioria dos projetos de software, onde é intenso o uso de serviço
intelectual, o perfil dos gastos geralmente segue o perfil de alocação de pessoal.
Portanto, exceto gastos pontuais, é possível criar uma curva de planejamento de
custos baseada na curva de alocação de pessoal.
A AVA é baseada no acompanhamento de três variáveis:
• Custo Orçado do Trabalho Agendado (COTA).
• Custo Orçado do Trabalho Realizado (COTR).
• Custo Real do Trabalho Realizado (CRTR).
Com esses valores calculados, podemos calcular outros três parâmetros
importantes (Munson, 2003):
• Variação do Custo (VC) – É a diferença entre COTR e o CRTR, ou seja, a
diferença entre o custo que foi planejado para o trabalho realizado e o
custo real do trabalho realizado.
• Variação do Agendamento (VA) – É a diferença entre o COTR e o COTA,
ou seja, a diferença entre o custo que foi planejado para o trabalho
realizado e o custo que foi planejado para o trabalho como um todo.
• Variação ao Término (VAT) – É a multiplicação de CRTR por 100 e da
divisão do resultado pelo Percentual Realizado, ou seja, é uma projeção ao
final para o término do conjunto de casos de uso avaliado, com base no
trabalho realizado.
4.1.6.
Estabilidade
A medida de estabilidade se aplica à área de qualidade do gerenciamento de
projetos, pois mostra, em percentual, a estabilidade do produto do projeto (Kroll &
Kruchten, 2003).
Podem existir medidas para verificação da qualidade dos mais variados tipos e
podem ser calculadas sob os mais variados pontos de vista. A estabilidade é uma
medida que indica o quanto está ou não estável o produto em desenvolvimento.
Para calcularmos a estabilidade de um produto, podemos nos fundamentar pelo
número de Solicitações de Mudanças (SMs) abertas durante o ciclo de vida do
projeto. Uma SMs aberta é qualquer solicitação de mudança realizada pelos
28
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
interessados relevantes do projeto. Já uma SMs fechada é o atendimento ou
implementação no projeto das SMs abertas.
Para tanto, foram definidos quatro tipos diferentes de SMs:
• SM0 – é a solicitação de mudança referente a defeito crítico.
• SM1 – é a solicitação de mudança referente a defeito normal.
• SM2 – é a solicitação de mudança referente a melhoria no sistema.
• SM3 – é a solicitação de mudança referente a novas características.
A equação (5) calcula a diferença entre o número de SMs realizadas pelos
interessados relevantes do projeto e o número de SMs atendidas ou implementadas,
com relação aos defeitos críticos e normais.
µ defeitos = ((SM0 + SM1)abertas) - ((SM0 + SM1)fechadas)
(5)
Onde:
• (SM0 + SM1)abertas é o somatório das SMs referentes a defeitos críticos e
normais.
• (SM0 + SM1)fechadas é o somatório do atendimento ou implementação
das SMs referentes a defeitos críticos e normais.
A equação (6) calcula a diferença entre o número de SMs realizadas pelos
interessados relevantes do projeto e o número de SMs atendidas ou implementadas,
com relação a melhorias.
µ melhorias = (SM2)abertas - (SM2)fechadas
(6)
Onde:
• (SM2)abertas é o somatório das SMs referentes a melhoria no sistema.
• (SM2)fechadas é o somatório do atendimento ou implementação das SMs
referentes a melhoria no sistema.
A equação (7) calcula a diferença entre o número de SMs realizadas pelos
interessados relevantes do projeto e o número de SMs atendidas ou implementadas,
com relação a novas características.
µ novas características = (SM3)abertas - (SM3)fechadas
(7)
Onde:
• (SM3)abertas é o somatório das SMs referentes a novas características.
• (SM3)fechadas é o somatório do atendimento ou implementação das SMs
referentes a novas características.
A evolução da estabilidade do produto do projeto é calculada por meio da
média aritmética entre as três medidas apresentadas anteriormente, ou seja, deve-se
29
Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de
Software
somar os resultados das medidas µ defeitos , µ melhorias e µ novas características , e dividir por
três.
µ estabilidade =
Onde:
•
µ defeitos + µ melhorias + µ novas características
3
(8)
•
µ defeitos é calculado por meio da equação (5).
µ melhorias é calculado por meio da equação (6).
•
µ novas caracterís ticas é calculado por meio da equação (7).
4.1.7.
Maturidade
A medida da maturidade se aplica à área de qualidade do gerenciamento de
projetos, pois mostra o tempo decorrido entre a descoberta de um defeito e outro.
Essa é a melhor maneira de se medir a maturidade de um produto (Kroll &
Kruchten, 2003).
A qualidade do produto do projeto pode ser verificada por meio do nível de
maturidade de seus subprodutos e do produto final, pois quanto maior o tempo entre
a descoberta de um defeito e outro ou entre uma falha e outra, podemos dizer que o
produto está cada vez mais maduro.
µ maturidade =
TO
N
(9)
Onde:
• TO é a variável que indica o tempo de operação (hora, dia, etc.) ou
exercício dos cenários sob condições realistas de operação.
• N é a variável que indica o número de defeitos encontrados no produto.
5. O Uso das Medidas de Software
A abordagem descrita para o fluxo de atividades do desenvolvimento de
software iterativo e incremental, atua como fundamento para a aplicação das
medidas de software sugeridas ao longo deste artigo.
Para a aplicação desse conjunto de medidas, foi utilizado o desenvolvimento
de um dos módulos de um projeto de software desenvolvido pelo Núcleo de
Multimídia e Internet (NMI), que é uma unidade acadêmica localizada na
Universidade de Brasília (UnB).
Esse projeto de software é composto por cinco módulos:
• Proposta de projeto de P&D.
30
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
• Análise do pleito de projeto.
• Prestação de contas.
• Análise da prestação de contas.
• Credenciamento das instituições de ensino.
O terceiro módulo, prestação de contas, é o objeto desta aplicação. Composto
por 124 casos de uso, foi desenvolvido pelo NMI no período de 02/01/2003 a
14/02/2004, correspondente a 56 semanas.
A estratégia utilizada para o desenvolvimento do módulo “prestação de
contas” permitiu que esses 124 casos de uso fossem divididos em 14 iterações, com
um período médio de 4 semanas de duração cada uma.
6. A Aplicação das Medidas de Software
Como descrito em (Fenton & Pfleeger, 1997) a adoção de um plano de
medidas e análises deve ser cuidadosa e progressiva, pois o manuseio das medidas é
um processo dispendioso e de considerável grau de complexidade, gerando
controvérsias e várias argumentações. Por essas razões, não se deve iniciar o
processo de aplicação do conjunto de medidas e análises com um grande número de
medidas .
Com base nessas premissas, será apresentado o uso de três medidas:
µ progresso , µ desempenho e µ maturidade . As medidas de progresso e desempenho
foram aplicadas em duas iterações intermediárias do projeto, pois é durante a fase
de implementação que o esforço despendido no desenvolvimento do software sofre
a maior demanda. Já a medida de maturidade foi aplicada em duas iterações finais,
pois a obtenção dos dados relacionados à maturidade do software deve ser realizada
durante a fase de testes no produto.
Contudo, foi definido que seria realizada uma medição ao final de cada
iteração avaliada, mas uma medição intermediária foi necessária em cada uma das
iterações, pois percebemos que uma avaliação no meio da iteração poderia apoiar o
planejamento da iteração seguinte. Por isso, foram realizadas quatro medições,
sendo duas em cada iteração.
6.1. O Histórico da Aplicação das Medidas de Software
A figura 1 apresenta, de forma resumida, a evolução dos 25 casos de uso, que
foram avaliados, ao longo das quatro medições realizadas.
31
Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de
Software
25
Número de casos de uso
20
11
11
11
17
15
10
11
14
14
5
8
3
0
Medição 1
Medição 2
Medição 3
Medição 4
Etapas de medição
Terminado
Em andamento
Não iniciado
Figura 1 – Os 25 casos de uso avaliados nas quatro medições.
Com base na figura 1, podemos observar que:
• Na primeira medição, dos 25 casos de uso, 14 estão em andamento e 11
não foram iniciados.
• Na segunda medição, dos 25 casos de uso, 3 foram concluídos, 11 estão
em andamento e 11 não foram iniciados.
• Na terceira medição, dos 25 casos de uso, 8 foram concluídos e 17 estão
em andamento.
• Na quarta medição, dos 25 casos de uso, 14 estão concluídos e 11 estão em
andamento.
6.2. Avaliação do Progresso
A tabela 3 apresenta os dados que indicam os valores para a medida de
progresso calculada em cada uma das quatro medições realizadas.
Tabela 3 - A coleta dos dados da medida de progresso.
Iteração
Iteração 1
Iteração 2
Medição
Data
Progresso
primeira
21/07/03
29 %
segunda
01/08/03
69 %
terceira
18/08/03
46 %
quarta
28/08/03
73 %
Com base nessas informações, podemos definir que:
• Na primeira medição não havia informações suficientes que servissem
como base para o planejamento dos valores esperados na avaliação. No
32
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
entanto, tinha-se a certeza de que esse progresso estava abaixo do
esperado.
• Na segunda medição os resultados mostraram que houve uma evolução
significativa, mas não foram satisfatórios, pois era esperado um resultado
mais expressivo, embora tivesse ocorrido um aumento de 138% com
relação à medição anterior.
• Na terceira medição o resultado mostrou um decréscimo de 50% com
relação à medição anterior.
• Na quarta medição o resultado indicou uma melhora de 59% em relação à
medição anterior.
Assim, ao final da segunda iteração, que corresponde à quarta medição, o
progresso apresentou uma evolução significativa de 152% em relação à primeira
medição.
6.3. Avaliação do Desempenho
A tabela 4 apresenta os dados que indicam os valores para a medida de
desempenho calculada em cada uma das quatro medições realizadas.
Tabela 4 – Os resultados da coleta dos dados da medida de desempenho.
Iteração
Iteração 1
Iteração 2
Medição
Data
Progresso
primeira
21/07/03
49 %
segunda
01/08/03
65 %
terceira
18/08/03
67 %
quarta
28/08/03
75 %
A medida de desempenho serve como certificadora da medida do progresso,
pois sozinha não dá a exata noção do processo como um todo. Por isso, a medida de
desempenho foi aplicada nos mesmos momentos que a medida de progresso.
Com base nessas informações, podemos observar que:
• Ao final da primeira iteração, na medição 2, a medida µ desempenho = 65%
mostra que, quando se planeja sem uma fundamentação histórica e se
conta somente com o feeling dos principais interessados relevantes,
normalmente, o resultado é insatisfatório, pois além de a tecnologia ser
uma novidade para grande parte dos desenvolvedores, a falta de um
referencial histórico contribui para o mau desempenho.
33
Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de
Software
• Ao final da segunda iteração, na medição 4, o desempenho apontava um
acréscimo de 180% em relação à medição 1, ou seja, µ desempenho = 75%,
o que mostra uma evolução na execução do projeto já na primeira iteração,
em que o planejamento foi fundamentado em dados históricos.
6.4. Avaliação da Maturidade
A tabela 5 apresenta os dados os quais indicam os valores para os tempos
encontrados entre um defeito e outro, após cada medição.
Tabela 5 – Tempos encontrados entre um defeito e outro.
Iteração
Iteração 1
Iteração 2
Medição
Data
Maturidade
(horas)
primeira
01/12/2003
2
segunda
15/12/2003
4,44
terceira
29/12/2003
7,65
quarta
12/01/2004
17,13
Como não foi definido pelos interessados relevantes, no início do projeto, um
conjunto de parâmetros, que serviria como fundamentação para a verificação da
qualidade do projeto, nos baseamos no conhecimento adquirido ao longo do
desenvolvimento do próprio projeto para definirmos se os dados coletados pela
medida atendiam às expectativas do cliente.
Com base nos valores encontrados pela medida
µ maturidade , podemos definir
que:
• O intervalo de tempo entre a descoberta de um defeito e outro cresce com
um incremento médio de, aproximadamente, 106%. Isso é indício de que o
produto está maturando rapidamente com o passar das iterações.
• O valor encontrado na medição 4 (17,13 horas) indica uma freqüência
média de defeitos; entretanto, esperamos que na próxima iteração essa
freqüência de defeitos diminua.
• Os erros encontrados a partir da segunda medição tinham duas origens
distintas: a primeira foram os novos erros; e a segunda foram os erros
detectados em testes anteriores, não corrigidos de forma adequada.
• O conjunto de parâmetros, para a verificação da qualidade, é relevante,
pois é importante que se defina a quantidade aceitável de erros tanto na
fase de testes do produto quanto na fase de pré-produção, ou seja, a fase
34
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
em que o sistema fica em produção por um período, no qual é aceitável
uma quantidade mínima de erros.
7. Conclusão
Com base nos conceitos apresentados, vimos que a adoção de um conjunto de
medidas de software requer que a organização tenha um processo de
desenvolvimento de software definido, pois para que essas medidas sejam efetivas e
eficientes, a organização precisa estar estruturada e pronta para recebê-las.
Neste contexto, propomos um fluxo de atividades a ser aplicado no processo
de desenvolvimento de software iterativo e incremental, bem como um conjunto de
medidas, para serem aplicadas no intuito de organizar e documentar as atividades, e
fundamentar as tomadas de decisões proativas ao longo do ciclo de vida do projeto.
Concluindo, este artigo apresentou e embasou a necessidade de se ter um
processo de desenvolvimento de software definido, suportado por um fluxo de
atividades que auxilie os gerentes de projetos tanto no planejamento e quanto no
gerenciamento dos projetos. Apresentou também, em detalhes, um conjunto de
medidas de software aplicáveis ao acompanhamento e controle dos projetos.
8. Referências
Bechtold, R. (1999), Essentials of software project management, Management
concepts.
Borges, E. P. (2004), Uma ferramenta de apoio à gestão de medidas para o praxis,
disponível em http://www.dcc.ufmg.br/pos/eborges.htm.
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Prentice Hall.
Fenton, N. E., Pfleeger, S. L. (1997), Software metrics – A rigorous & practical
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White Paper.
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Pandian, C. R. (2004), Software metrics: A guide to planning, Analysis and
application, Auerbach Publications, 2004.
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Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de
Software
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body of knowledge – PMBoK Guide 2000, Belo Horizonte, v. 1.0, n. 151,
2002.
Pressman, R. S. (1994), Software engineering: A practitioner’s approach. McGraw–
Hill book company Europe, 3. ed., European adaptation, 1994.
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desenvolvimento de software, Mestrado, Universidade de Brasília.
Sate, M., Humprey E. J., Ohlin M. (2003), Text for ISO/IEC WD 15443-3 –
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Paulo: Makron books.
36
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 37
Um sistema de apoio à decisão para
projecto e gestão de rega por gravidade,
baseado numa aplicação cliente-servidor
J. M. Gonçalves 1 e 2, A. Muga 2, L. S. Pereira2, J. Rolim2, M. G. Horst3
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
2
1
Escola Superior Agrária de Coimbra, IPC, 3040-316, Coimbra, Portugal
Centro de Estudos de Engenharia Rural, ISA, UTL, 1349-017, Lisboa, Portugal
3
SANIIRI, Kаrasu-4, 7000187, Таshkent, Uzbekistan
Resumo: Apresenta-se um sistema de apoio à decisão para o projecto e a
gestão da rega por gravidade, baseado numa aplicação cliente-servidor.
Descreve-se a arquitectura do sistema e as componentes de base de dados e
de modelos de simulação. O sistema foi aplicado na Ásia Central, na
formulação e avaliação de cenários para o desenvolvimento do regadio, num
contexto de escassez de água, demonstrando a utilidade desta aplicação
informática.
Palavras-chave: sistema de apoio à decisão; rega por gravidade; projecto de rega;
gestão da rega; Ásia Central.
1. Introdução
O desempenho dos sistemas de rega por gravidade depende basicamente das
características do projecto, em particular da adequação e precisão do nivelamento
de terras, da dimensão das parcelas, do sistema de distribuição e dos caudais
aplicados. Contudo, há factores de carácter operativo, na dependência directa do
agricultor, com grande influência naquele desempenho, tais como a conservação do
nivelamento de terras, a oportunidade e a duração das regas e a forma de ajustar o
esquema de programação das regas à variabilidade do abastecimento de água à
parcela. A metodologia dos sistemas de apoio à decisão (SAD) aplicada ao projecto
e à gestão permite melhorar a qualidade do processo de decisão, alargando o leque
de soluções e aprofundando a sua avaliação e comparação.
O SAD desenvolvido intitulado SADREG foi testado na sua função de
projecto em vários países e para uma variedade de métodos e práticas (Gonçalves,
Horst, Rolim & Muga 2005). Actualmente está a ser melhorado para considerar o
37
Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade,
baseado numa aplicação cliente-servidor
apoio a decisões de gestão da rega do agricultor, num contexto de curto prazo,
tendo em conta restrições nas condições de abastecimento à parcela, as
necessidades hídricas da cultura ou a prática de rega deficitária. A base de dados
tem a capacidade de se relacionar com modelos de gestão da água ao nível do
perímetro de rega, fornecendo informação para a optimização da distribuição da
água em redes colectivas.
2. Aplicação Informática
O software aplica uma arquitectura por camadas (Figura 1), incluindo i) a
interface com o utilizador, a qual está separada da aplicação lógica e apenas
responsável pela interacção com o utilizador; ii) a lógica e de simulação,
responsável pelos processos de lógica da aplicação, fazendo também a ligação com
o motor de simulação; iii) a base de dados, responsável pelo armazenamento e
consulta dos dados, concentrando toda a informação necessária e criada pela
aplicação.
1ª camada
2ª camada
interface com utilizador
Aplicação
1º
lógica
3ª camada
Motor de
simulação
Base de dados
Figura 1 – Arquitectura do SAD
A independência destas três camadas permite alterar a base e o motor de dados
sem alterar a aplicação. É utilizada tecnologia ODBC aplicando o Microsoft Access
sempre que o volume de dados seja reduzido, ou o Microsoft SqlServer quando este
volume for muito elevado, dependendo do nível de detalhes pretendido no registo
da simulação. A base de dados é relacional e foi normalizada até à terceira forma
normal, para impedir inconsistências nos dados, nada sendo mais necessário para
não introduzir latência no resto das operações.
Na codificação optou-se por uma metodologia de simulação orientada ao
evento. Em primeiro lugar faz-se a inicialização do motor de simulação. Após criarse uma lista de acções a realizar, entra-se num ciclo que irá ocorrer enquanto houver
eventos para tratar, ou até um instante preestabelecido para tal. O processo
38
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
terminará quando estiverem satisfeitas as condições de fecho do ciclo. É usado o
Microsoft Visual Basic 6 para o desenvolvimento da interface gráfico e do
simulador e o Microsoft Visual C++ 6 em alguns módulos de cálculo.
3. Modelo de Apoio à Decisão
O SADREG é aplicado a parcelas rectangulares, onde se assume válida a
uniformidade do tipo de solo e onde se pratica uma dada cultura. Foi desenvolvido
principalmente para apoiar o projecto de sistemas de rega ao nível da parcela.
Compreende uma componente de concepção (ver Figura 2), que aplica os dados de
base relativos à área de aplicação e gera alternativas segundo uma directriz
estabelecida pelo utilizador, através de opções de projecto e de nivelamento de
terras, e efectua a respectiva avaliação de impactes; e uma componente de selecção,
baseada numa análise multicritério, integrando diferentes pontos de vista na
apreciação das alternativas, nomeadamente socio-económicos e ambientais. O
utilizador, o agente de decisão, participa em todas as fases do processo, como um
projectista na fase de concepção, definindo opções de cálculo, e como gestor na de
selecção, expressando preferências e prioridades.
interface com utilizador
opções de
nivelamento
de terras
opções de projecto
método de rega
sistema de distribuição
alimentação e excedentes
base de dados
(parcela, solo,técnicos,
programação das regas)
gerar
alternativas
lista de
grupos e
alternativas
base de dados
(simulação hidráulica)
se faltam dados de
simulação hidráulica
insere
grava alternativas
grava
executa SIRMOD
termina
Figura 2 – Fluxograma do procedimento de projecto
Para o objectivo da gestão da rega, são registadas as características do sistema
de rega existente e o plano inicial da programação das regas, obtido pela aplicação
39
Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade,
baseado numa aplicação cliente-servidor
do modelo ISAREG (Cholponkulov, Inchenkova, Pereira & Paredes, 2005), em
particular a oportunidade e a dotação das regas (ver Figura 3).
sistema de
rega
PARCELA
modelo
ISAREG
cultura
sistema de
distribuição
programação
das regas
evento de rega
actualiza
programação fixa
programação dinâmica
simulação da rega
informação ao utilizador do modo
de gestão mais aconselhado
entrada de dados relativos às
condições actuais de campo
próxima rega
terminaram as
regas ?
indicadores de desempenho
Figura 3 – Fluxograma do procedimento de gestão da rega
O modelo aplicado considera duas opções de condução das regas: a)
programação fixa, a aplicar em sistemas de distribuição em que os calendários de
distribuição estão pré-fixados, havendo apenas alguma flexibilidade nos volumes a
aplicar; b) programação dinâmica, em que os calendários e os volumes são variáveis
de acordo com a gestão do sistema de distribuição, sendo necessário aplicar o
modelo ISAREG para actualizar, ao longo da campanha, os parâmetros da
condução da rega. O modelo considera várias restrições à operação do sistema de
rega, tais como o caudal, a duração e a oportunidade de abastecimento de água à
parcela, e a disponibilidade da mão-de-obra para operar o sistema. Para cada rega, o
modelo simula várias alternativas de gestão que satisfazem os requisitos impostos
pelas restrições preestabelecidas. Os parâmetros operativos que caracterizam cada
alternativa são o tempo de aplicação e respectivo caudal, a dimensão do sector de
rega e a modo de gerir o caudal excedente na extremidade da parcela. O modelo
calcula também os impactes da rega na produção, nas situações de défice ou de
excesso de água no solo. O utilizador escolhe a solução a adoptar apoiado na
avaliação, traduzida nos indicadores de desempenho.
A base de dados tem uma organização de acordo com a Figura 4. Refere-se às
características das parcelas (dimensão, topografia e infiltração e reserva do solo), da
cultura e informação técnica sobre equipamentos, armazenando também os
resultados produzidos.
40
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Base de dados
agronomicos
solo
simulação hidráulica
clima
projectos
culturas
programação
das regas
parcelas regadas
localização
topografia
técnicos
custos
concepção
distribuição
alternativas
operativos
outros
parâmetros
indicadores
Figura 4 – Esquemático da organização da base de dados, de acordo com a natureza dos
dados
O SAD compreende diversos modelos de simulação (Figura 5), constituindo
uma base que comunica directamente com a base de dados, de acordo com o
controlo da aplicação lógica.
Modelos
Projecto/Concepção
programação de regas
ISAREG
simulação da rega
SIRMOD
Selecção
funções de valor
prioridades
sistemas de distribuição
pré-análise
nivelamento terras
Projecto/Avaliação
produção
análise multicritério
SOMA LINEAR
ELECTRE
custos
ambiente
Figura 5 – Esquema da organização da base de modelos
A aplicação do SADREG segue os seguintes passos:
41
Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade,
baseado numa aplicação cliente-servidor
• Identificar as características da parcela de rega, objecto de estudo do
programa.
• Estabelecer o projecto a aplicar na parcela, de acordo as condições de
abastecimento de água, cultura, esquema de programação da rega e
método de rega.
• Estabelecer dados de base a aplicar naquele projecto.
• Definir opções no procedimento de concepção (ver Figura 6).
• Corre a aplicação para gerar alternativas.
• Seleccionar e ordenar as alternativas de acordo com as prioridades
expressas pelo utilizador.
As estruturas de diálogo do SAD (exemplificadas na Figura 7) têm um papel
determinante na eficácia da sua utilização.
Este SAD tem características particulares no que respeita à função de projecto
e gestão em rega por gravidade, com aplicação de análise multicritério, o que o
diferencia de outros sistemas desenvolvidos para esta área da engenharia, tais como
para a selecção de sistemas de rega (Lakhani, Stone, Yakawitz & Slack, 1996), para
a gestão da rega por gravidade em tempo real (Azevedo, Merckley & Walker, 1996)
ou para a programação das regas (Plauborg, Anderson, Heidman & Olesen, 1996).
nivelamento de terras
método de rega
canteiros
faixas
alimentação
contínua
contínua
extremidade
fechada
aberta sem reuso
lado da alimentação
comprimento
sistema de distribuição
sectores de rega
sulcos
canal de terra
intermitente
reuso gravidade
reuso bomba
lado Y
lado X
total
contínua
metade
canal revestido
1/3
manga PE
gerar grupo de alternativas
tubo PVC
0,5 l/s < caudal unitário < 4 l/s
Figura 6 – Diagrama representando leque de opções na geração de alternativas
42
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
4. Aplicação na Ásia Central: formulação de cenários para o
desenvolvimento do regadio
O SADREG foi aplicado na Bacia do Mar de Aral para efeito de formulação e
avaliação de cenários para o desenvolvimento do regadio, numa área onde a
escassez de água é muito grande e onde é prioritária a sua poupança na agricultura.
Foram desenvolvidos ensaios de campo no vale de Fergana, no Uzbequistão, o que
permitiu validar e parametrizar os modelos ISAREG e SIRMOD (ISED, 1989)
antes da sua aplicação (Horst, Shamutalov, Pereira & Gonçalves, 2005).
As parcelas de regadio mais representativas na área de estudo têm as
características das Tabela 1 e foram consideradas nove parcelas características com
base naquelas dimensões e nas classes de infiltrabilidade do solo.
43
Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade,
baseado numa aplicação cliente-servidor
Figura 7 – exemplos de estruturas de diálogo
Os cenários considerados referem-se à implementação de soluções técnicas
para resolver os problemas da rega ao nível da parcela, relacionados com a
programação das regas, o nivelamento dos terrenos, o controlo dos caudais de
alimentação e excedentes.
A situação actual (representada pelo projecto P1) é caracterizada por um
consumo excessivo de água, em virtude desta ser paga apenas em função da área
regada e não do volume efectivamente gasto. Esta política induz os agricultores a
não fazer investimentos em estruturas e equipamentos (tais como nivelamento de
terras e condutas) que potencializam a poupança de água e a adoptar práticas de uso
excessivo para garantir maior segurança em caso de escassez na distribuição.
Tabela 1 – Parcelas mais representativas, de acordo a dimensão
dimensão
área (ha)
comprimento
(m)
água utilizável
(mm/m)
largura
(m)
declive
(%)
grande
20
400
150
500
0.25
média
10
400
150
250
0.25
pequena
6
300
150
200
0.25
Tabela 2 – Síntese das características do cenários (projectos)
projecto
programação
das regas
espaçamento
de sulcos
regados (m)
nivelamento
de terras
regime da
alimentação
situação
P1
excessiva
0.90
não
contínua
actual
P2
óptima
0.90
sim
contínua
melhorada
P3
óptima
1.80
sim
contínua
melhorada
P4
deficitária
0.90
sim
contínua
melhorada
P5
deficitária
1.80
sim
contínua
melhorada
P6
óptima
0.90
sim
intermitente
melhorada
P7
óptima
1.80
sim
intermitente
melhorada
P8
deficitária
0.90
sim
intermitente
melhorada
P9
deficitária
1.80
sim
intermitente
melhorada
Estes cenários correspondem a projectos na aplicação do programa, os quais
são gerados pelo utilizador através da combinação conveniente das variáveis de
decisão, de acordo com a Tabela 2. Foi considerado em todo o estudo a cultura do
algodão. A ordenação dos projectos está relacionada com o seu nível de
44
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
complexidade, incluindo o da sua operacionalidade. A aplicação da rega
intermitente, deficitária e em sulcos alternados (espaçamento de 1.80m) aumenta o
potencial de poupança de água mas é mais exigente na forma de operar o sistema,
por tornar mais arriscado défices hídricos danosos para a produção da cultura. Por
este motivo, os agricultores têm tendência em aplicar doses excessivas, conduzindo
a perdas significativas de água.
A aplicação do SADREG às parcelas e projectos descritos gerou um muito
grande número de alternativas, tornando inviável a apreciação individualizada pelo
utilizador. O SAD faz a triagem destes resultados, seleccionando as alternativas que
são satisfatórias, de acordo com preferências expressas pelo utilizador, e procede à
sua selecção por análise multicritério. Exemplificam-se os resultados para a parcela
média (infiltrabilidade normal e dimensão 400x250m).
A análise de sensibilidade às prioridades do decisor considerou as três
situações seguintes:
• Balanço entre ponto de vista ambiental e económico.
• Prioridade ao ponto de vista ambiental, em particular à poupança de água.
• Prioridade ao ponto de vista económico.
Figura 8 – Utilidades globais dos projectos, de acordo com a atitude do decisor, expressa
pelas suas prioridades de decisão.
O desempenho dos projectos expressa pela utilidade global está expressa na
Figura 8.
Os resultados permitiram obter as seguintes conclusões:
• A solução correspondente ao nivelamento dos terrenos, rega contínua e
sulcos alternados foi a que obteve melhores resultados globais (P5).
• A situação actual (P1) tem um mau resultado ambiental mas um valor
global satisfatório, dado o baixo custo da água.
• A comparação entre rega contínua e intermitente depende do custo e
disponibilidade da mão-de-obra, sendo de prever a viabilidade da rega
intermitente à medida que este factor de produção se torne mais oneroso.
45
Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade,
baseado numa aplicação cliente-servidor
5. Conclusões
O sistema de apoio à decisão descrito nesta comunicação demonstra a boa
adequação desta metodologia na problemática do projecto e gestão da rega por
gravidade, permitindo melhorar a qualidade do processo de decisão, através do uso
integrado de dados, modelos de simulação e conhecimento do utilizador. Em
primeiro lugar porque aumenta o leque de soluções alternativas em análise e
melhora os procedimentos de avaliação de impactes; em segundo lugar, porque
facilita a aprendizagem e a participação do utilizador através das estruturas gráficas
de diálogo; finalmente porque facilita o processo de selecção através das
potencialidades da análise multicritério. A aplicação ao caso de estudo de Fergana,
Uzbequistão, serve de ilustração à valia deste instrumento informático.
Referências
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Real-Time Surface Irrigation DSS, 6th Intern. Conf. Computers in Agriculture,
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and validation of ISAREG model for cotton and winter wheat in Central Asia. In:
Pereira L.S., Dukhovny V.A. & Horst M. G. (Eds.) Irrigation Management for
Combating Desertification in the Aral Sea Basin. Assessment and Tools.
Tashkent: Vita Colour Publish.
Gonçalves J. M., Horst M., Rolim J. & Muga A. (2005). SADREG, a DSS for
surface irrigation. In: Pereira L. S., Dukhovny V. A. & Horst M. G. (Eds.).
Irrigation Management for Combating Desertification in the Aral Sea basin.
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Sea Basin. Agricultural Water Management 77: 210-231.
ISED (1989). SIRMOD, Surface Irrigation Simulation Software User’s Guide. Logan:
Utah St. Univ.
Lakhani M. B., Stone J., Yakawitz D. S. & Slack D. C. (1996). Decision Support
System for Irrigation System Selection, ASAE Paper nº 96-2018.
Plauborg, F., Anderson M. N., Heidman T. & Olesen J. E. (1996). MARKVAND: A
Decision Suport System for Irrigation Scheduling. In: Camp, C. R., Sadler E. J. &
Yoder R. E. (Eds) Evapotranspiration and Irrigation Scheduling. ASAE/IA/ICID,
San Antonio, pp. 527-535.
46
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 47
Sistema Integral para la Formación Online
(SIFO): Aplicación al ámbito universitario
Pedro Pérez Celis
[email protected]
Universidad Pontificia Comillas, STIC, C/Alberto Aguilera 23, 28015, Madrid, España.
Resumen: Nos encontramos ante un problema de índole global al
mundo universitario consistente en el diseño de un modelo optimizado de
sistema de información (SI/TI) para la formación a través de Internet, capaz
de utilizar las enormes posibilidades que ofrecen las TIC en los procesos de
enseñanza – aprendizaje, tanto en su modalidad presencial como virtual y
actuar como motor para avanzar en el cambio de paradigma de la educación
universitaria, en respuesta a los retos que se desprenden de la globalización
en la nueva sociedad del conocimiento y de la creación del nuevo Espacio
Europeo de Educación Superior. Nuestro objetivo consiste en abordar
primero este problema de forma teórica, desde una perspectiva general y
posteriormente poder probar su eficacia de forma empírica, aplicándolo a un
contexto específico como el de la Universidad Pontificia Comillas.
Palabras clave: e-Learning; LCMS; formación online; objetos de
aprendizaje.
1.
Introducción.
El impacto de las nuevas tecnologías sobre la formación es duradero, profundo
y perturbador, para todos los agentes de la formación. Conscientes de estos
cambios, las grandes empresas e instituciones dedicadas a la educación invierten,
crean y ponen en práctica nuevos enfoques y nuevos recursos apoyados en las TIC.
Es necesario acometer un proceso de reingeniería de la formación en todos los
sentidos, tanto a nivel técnico, como pedagógico y administrativo que permita, por
un lado, un posicionamiento en el nuevo mercado de la formación a distancia con
las mayores garantías posibles y por otro, un mejor aprovechamiento de las TIC en
los procesos educativos que se traduzca en una mejora en la calidad de la
enseñanza.
47
Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito
universitario
Este cambio en los procesos educativos se percibe de forma más intensa en el
momento actual que vive la Universidad Española en su conjunto, con el
nacimiento del nuevo Espacio Europeo de Educación Superior (EEES) [EEES03].
En esta compleja carrera institucional por parte de las universidades para
obtener la acreditación de las titulaciones que imparten y la obtención de la
mención de excelencia, entendemos que es imprescindible la incorporación de la
TIC a la metodología docente.
La unión de estos dos factores, el desarrollo del EEES y la incorporación y
extensión del uso de las TIC, nos conduce a la inexcusable reformulación del papel
y práctica pedagógica del docente, reorientándola hacia el pretendido desarrollo de
las destrezas y potencialidades cognitivas del alumno. En este sentido, las TIC
facilitan el desarrollo de una acción formativa flexible, centrada en el estudiante y
adaptada a sus características y necesidades, con un seguimiento individualizado y
continuo de los alumnos.
En el marco que se está planteando, el éxito de las TIC en la enseñanza
superior requiere, no solo una apuesta decidida desde el punto de vista institucional,
sino además un incuestionable esfuerzo de adaptación por parte del profesorado y
del alumnado a los nuevos modos de aprendizaje.
Si la problemática surgida hasta el momento la trasladamos al contexto
particular de la Universidad Pontificia Comillas (UPComillas), podemos evidenciar
de forma clara el problema a tratar, así como su relevancia y justificación.
Nos encontramos ante un problema de índole global al mundo universitario
consistente en el diseño de un modelo optimizado de sistema de información (SI/TI)
para la formación, capaz de utilizar las enormes posibilidades que ofrecen las TIC
en los procesos de enseñanza - aprendizaje tanto en su modalidad presencial como
virtual, y al mismo tiempo que permita integrarse con el resto de los procesos
existentes en el entorno académico, (gestión académica, recursos humanos, gestión
económica, etc.), convirtiéndose en una pieza clave del sistema de información
general de la universidad donde se implante.
Nuestro objetivo consiste en abordar primero este problema de forma teórica,
desde una perspectiva general y posteriormente poder probar su eficacia de forma
empírica, aplicándolo a un contexto específico como el de la Universidad Pontificia
Comillas.
2.
Definición del modelo
Después de realizar un amplio estudio de distintos sistemas y plataformas de
aprendizaje comerciales utilizadas en otros centros de educación y haber mantenido
relaciones con otras universidades y empresas relacionadas con el mundo del
elearning, se llegó a la conclusión de que debido al elevado coste de las licencias
comerciales, a la falta de definición de estándares, la dificultad de integración de
estas plataformas con los sistemas existentes y a los problemas de personalización y
adaptación, existía un gran riesgo a la hora de decantarse por una plataforma
48
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
comercial. Si a este problema le añadimos la circunstancia de que hoy por hoy, el
mercado del e-learning tiene un retorno de la inversión incierto, podemos casi
afirmar que actualmente es más recomendable, si se cuentan con los medios
técnicos y humanos necesarios, comenzar diseñando un modelo de sistema propio,
sencillo, capaz de adaptarse a nuestras necesidades reales de trabajo y que se integre
con el resto de servicios y tecnologías existentes. Una vez definido las
funcionalidades principales del modelo, suele ser recomendable complementar los
servicios ofrecidos por el sistema, incorporando nuevos módulos y herramientas
basadas en desarrollos comerciales o software libre, en todas aquellas áreas donde
se vea claro que el mercado puede ofrecer una solución más abierta y más
compatible que la desarrollada de forma particular.
De forma paralela al desarrollo propietario del sistema, es necesario
profundizar en el estudio de estándares que permitan la interconexión con otros
entornos semejantes al nuestro. Además, siempre hay que estar preparado para
poder asumir una futura migración a otros sistemas si el mercado llegara a exigirlo.
Con estas premisas, el esquema lógico del modelo de sistema de formación
propuesto se compone de tres módulos fundamentales (véase figura 1).
Figura 1 – Modelo lógico del Sistema de Formación online
El módulo central, consistente en el sistema e-learning propiamente dicho, se
compone de dos elementos básicos (Gil, 2001): la plataforma de aprendizaje
Learning Content Management Systems (LCMS), la plataforma de colaboración o
aplicación de trabajo en grupo (ATG).
La plataforma de aprendizaje, su objetivo es el permitir crear, gestionar y
distribuir los cursos a través de Internet, así como garantizar el seguimiento de estos
por parte de los alumnos. Para conseguir este fin, en nuestro modelo particular que
49
Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito
universitario
aquí estamos estudiando, la plataforma de aprendizaje dispone de varios módulos
relacionados entre sí:
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
50
Módulo gestor de datos: este módulo está formado por una base de
datos relacional en la que se guardan la relación de contenidos del
curso, el seguimiento personalizado de los alumnos, usuarios y
derechos, en definitiva todos aquellos datos que permiten la
administración propia del curso.
Repositorio de objetos de aprendizaje Learning Objects (LO). (Porto,
2004)
Módulo de autor: este módulo es el que utiliza el profesor o
administrador del curso para publicar y gestionar los materiales
educativos que componen el curso. Dispone de dos formas de
funcionamiento una libre y otra guiada que se adapta a los
conocimientos informáticos del creador del curso. Este módulo está
íntimamente relacionado con el repositorio de objetos.
Módulo de referencias y acceso a bases de datos: este módulo se
encarga de permitir el acceso a catálogos bibliotecarios, directorios,
bases documentales, etc., así como brindar la posibilidad de incluir
glosarios de términos, bibliografías, anexos, etc. en cada uno de los
cursos.
Módulo de evaluación: este módulo se encarga de permitir al profesor
gestionar todos los ejercicios y pruebas de evaluación, de permitir al
alumno presentar los ejercicios y ver su evolución en el curso y de
permitir al profesor gestionar todo lo referente a calificaciones, actas,
etc.
Módulo de comunicación: dentro de este apartado se incluyen las
herramientas asíncronas (correo, foros, tablones…) que permiten la
relación alumno-profesor. También este módulo es capaz de integrarse
con las herramientas síncronas disponibles en la plataforma de
colaboración.
Módulo de seguimiento: permite ver la evolución del alumno
(actividades realizadas, tiempos, etc.), durante la realización del curso.
Módulo de secretaría: en este módulo se engloban aquellas
herramientas que se utilizan para realizar los procesos de inscripción,
listas, gestión del expediente académico, horarios, planes de estudio,
etc.
Módulo de seguridad: permite gestionar usuarios, perfiles, derechos,
etc.
Módulo de estadísticas: permite generar informes de utilización de la
plataforma (número de accesos, servicios utilizados, tiempos, ...)
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
La plataforma de colaboración tiene por objetivo transferir al mundo de
Internet la lógica de la clase presencial. Permitir a un formador animar a distancia y
en tiempo real una clase de n alumnos repartidos por todo el mundo, con la
funcionalidad eficaz que permita aproximarse al máximo a las posibilidades de
animación existentes en un régimen presencial. En este campo nosotros incluimos
servicios tales como: chat, pizarras electrónicas, transferencia de ficheros,
compartición de aplicaciones, preguntas en línea, toma de decisiones, votaciones,
etc. En el mercado existen productos1 que tienen integradas estos servicios en
mayor o menor medida y que se pueden adaptar a nuestra plataforma de aprendizaje
(Marcelo, 2002).
Dentro de la plataforma de colaboración en nuestro sistema también se
incluyen todos los servicios necesarios para la emisión de eventos mediante
streaming de vídeo tanto en directo como en diferido.
Si volvemos a revisar el esquema lógico del sistema mostrado en la figura 1,
vemos que apoyando al sistema elearning aparecen dos módulos más: uno de
gestión y otro de estandarización. El primero de ellos es imprescindible en el
momento de implantar un sistema con estas características en un entorno tan amplio
y heterogéneo como el existente en una universidad con miles de alumnos y
profesores. Para conseguir una implantación exitosa que involucre a todo el
personal de la universidad: alumnos, profesores, personal administrativo y
responsables académicos, es necesario disponer de los mecanismos necesarios para
que nuestra plataforma se integre y sea capaz de interactuar de forma óptima con el
resto de los sistemas de información y procesos administrativos existentes en la
organización. Finalmente, si pretendemos que un sistema de formación basado en
Internet o Web based Training (WBT) sea capaz de ser competitivo y mantenerse
en el tiempo sin quedar obsoleto, es necesario que esté basado en tecnologías que se
apoyen en estándares. En el caso particular del sistema que aquí estamos
describiendo, los estándares que se ha seguido son (véase referencias LTSC/IEEE
1484.12.1, IMS 2004, McClelland, 2003 y SCORM 2004):
•
•
•
3.
1
IEEE 1484.12.1-2002, Learning Object Metadata Standard
(LOM)
ADL- Shareable Content Reference Model (SCORM)
IMS Global Learning Consortium, Inc
Organización de los contenidos
Herramientas de colaboración: BSCW (http://bscw.gmd.de ), PlaceWare (Live Meeting)
(http://www.placeware.com), Symposium CENTRA 7 (http://www.centra.com),
Macromedia Breeze (http://www.macromedia.com), Microsoft SharePoint Portal Server
2003.
51
Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito
universitario
Uno de los puntos más relevantes de la plataforma es la forma de organizar los
contenidos. Para ello se basa en tres conceptos básicos: el uso de objetos de
aprendizaje, la utilización de metadatos para favorecer la búsqueda y etiquetado de
objetos de aprendizaje y el uso de trayectorias modulares.
03.1. Contenidos granularizados y objetos de aprendizaje
Imaginemos una biblioteca de fichas en la que cada ficha señalara a un recurso
escrito, gráfico, visual, sonoro, etc. y a la vez fuera objeto de una indexación tan
rigurosa como la existente en una base de datos relacional. Supongamos también
que los recursos pudieran estar a disposición del usuario de forma
independientemente y que dependiendo de sus preferencias o de la naturaleza del
contenido, los recursos que componen el programa de formación pudieran ser
objeto de diversos modos de aprendizaje en cuanto a estrategias didácticas y en
cuanto a diversidad de soportes: Internet, Intranet, CD-ROM, impreso en papel, etc.
Este escenario es lo que caracteriza el concepto de granularización. En efecto,
una vez que un contenido de cualquier tipo concebido se encuentra organizado en
secuencias elementales, autónomas y coherentes, todo o parte de ese contenido
puede ser integrado en un gran número de combinaciones multiuso y multisoporte
tal y como se explica a través de la teoría de las 5Ms. (Gil, 2001).
Al establecer concretamente la lógica del acceso múltiple a la formación, la
granularización permite responder a las diversas demandas en un marco de
soluciones flexibles. El objetivo consiste en dar al usuario final los medios de
acceder al recurso en las mejores condiciones (espacio, tiempo, modo de
aprendizaje,…) sin preocuparse de la forma con que el proveedor ha elaborado y
tratado el contenido.
Resumiendo, podemos decir que el resultado final que se consigue con la
granularización de contenidos consiste en disponer de toda o parte de la materia de
un curso dividida en unidades elementales, denominadas objetos de aprendizaje LO
(Pitkanen, 2004), los cuales permiten un acceso individualizado. Estos objetos, con
el fin de poder reutilizarlos y acceder a ellos de forma más flexible, se encuentran
perfectamente etiquetados mediante el uso de metadatos (McClelland, 2003).
Además, al estar el contenido indexado, se puede agrupar en unidades mayores
(módulos y temas), que pueden combinarse entre sí dando origen a los distintos
programas y trayectorias de formación que mejor se adaptan a cada individuo.
El uso de objetos de aprendizaje facilita enormemente la reutilización de
material formativo (Koppi, 2004), siendo esto la base para la estandarización de
contenidos e interconexión entre distintos LCMS.
13.2. Trayectorias Modulares
Dentro del marco de la teleformación, tan importante como el propio contenido
a transmitir, es el método o métodos de aprendizaje y la actividad pedagógica que
permiten una fácil asimilación de ese contenido a través de trayectorias modulares y
diversificadas.
52
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
El objetivo de las trayectorias modulares consiste en un desglose del
contenido en secuencias elementales obtenidas mediante agrupación de objetos
(Agüera, 2002), basándose en unos principios generales que se pueden describir de
la siguiente manera:
• Definición de los requisitos previos para seguir esa secuencia.
• Definición de los recursos correspondientes (colección de objetos) que
componen la secuencia.
• Definición de los elementos de interactividad que se incorporarán en la
secuencia.
• Selección de las distintas estrategias pedagógicas y métodos de
comunicación que se emplearán durante la puesta en escena de la
secuencia.
• Control y validación de los conocimientos adquiridos en la secuencia.
Cada secuencia elemental corresponde a un objetivo pedagógico muy
preciso que contiene las actividades pedagógicas apropiadas y didácticamente
articuladas.
Un conjunto de secuencias elementales permite componer un módulo
coherente de formación. En este módulo, las secuencias están enlazadas unas con
otras mediante test y pruebas de evaluación y/o auto-evaluación que hacen posible
medir la progresión del aprendiz y evaluarla.
Por último, una combinación de módulos define una trayectoria completa e
individualizada de formación y la unión de las distintas trayectorias representan los
distintos cursos o asignaturas.
De una forma gráfica, los conceptos de granularización y uso de
trayectorias modulares en los que se base nuestro modelo, los podemos representar
a través de la siguiente figura:
Figura 2. Granularización y uso de trayectorias modulares
53
Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito
universitario
Unido a esta estructura de contenidos, el sistema permite la posibilidad de ir
incorporando otros elementos (esquemas, índices, glosarios, bibliografías, etc.) que
complementen la información del curso.
Desde el punto de vista pedagógico, los contenidos podemos ir integrándolos
con las estrategias didácticas, las técnicas de trabajo cooperativo y los servicios de
comunicación disponibles tanto síncronos como asíncronos.
En paralelo con esta organización de los contenidos, el sistema proporciona las
distintas herramientas encargadas de la gestión, administración y transmisión de
tales contenidos.
Finalmente, una vez comenzado a impartirse el curso, el sistema origina una
gran cantidad de información correspondiente al material curricular, seguimiento de
los alumnos, informes estadísticos, etc. La unión de estos elementos es lo que
denominamos espacio virtual del curso.
4.
•
•
•
Resumen de las características más relevantes del modelo.
El modelo planteado nos define un sistema LCMS (Learning Content
Management System.) basado en la granularización y en el uso de objetos de
aprendizaje.
El modelo propuesto está formado por cinco módulos fundamentales: la
plataforma de aprendizaje (LMS), la plataforma de colaboración (ATG), el
módulo de autor, el módulo de seguridad y gestión administrativa y el módulo
de estandarización.
Las funcionalidades que ofrece el sistema se han organizado en las siguientes
categorías o escenarios de aplicación:
1. Creación y gestión de materiales formativos.
2. Herramientas de publicación y planificación
contenidos.
3. Comunicación.
4. Trabajo cooperativo.
5. Evaluación y seguimiento del alumno.
6. Referencias, anexos, y bibliografía.
7. Gestión administrativa y estadísticas.
8. Estandarización e interconexión con otros sistemas.
•
•
de
La unión de todas estas funcionalidades permite definir un espacio virtual,
donde los contenidos del curso se integran fácilmente con las estrategias
didácticas, las técnicas de trabajo cooperativo y los procesos de evaluación y
seguimiento que requiera el profesor para impartir la materia a través de este
nuevo medio que es Internet.
Los contenidos se diseñan granularmente utilizando objetos de aprendizaje
organizados a través de trayectorias modulares. Pudiéndose reutilizar y
54
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
•
•
•
•
•
•
compartir los contenidos con otros profesores y otros cursos. (Repositorio de
contenidos u objetos de aprendizaje).
La seguridad y administración está basada en perfiles, quedando representados
en el sistema de una forma individualizada todos los actores que intervienen en
el proceso formativo: profesores, alumnos, tutores, administración, personal
técnico, etc.
El sistema ofrece la posibilidad de adecuarse a cualquier modalidad de
enseñanza - aprendizaje: presencial, semipresencial, blended elearning,
formación online, etc. Pudiéndose adecuar tanto las funcionalidades como el
diseño a las necesidades específicas de la modalidad seleccionada. Además, el
modelo está pensado para ser utilizado de forma gradual por parte de los
profesores. Es posible comenzar a usar el sistema sin la necesidad de tener
conocimientos técnicos y posteriormente, una vez formado, ampliar su uso
añadiendo progresivamente los distintos recursos ofrecidos.
La organización y disposición de los servicios se ha pensando siguiendo
rigurosos criterios de usabilidad tanto desde el punto de vista del diseño como
de la arquitectura de la información. Pensando en todo momento en los
usuarios a los que va dirigido el sistema, tanto desde el punto de vista del
docente como del alumno.
Desde el punto de vista técnico, el modelo es totalmente flexible pudiéndose
implementar utilizando cualquier arquitectura software basada en Internet. En
nuestro caso particular, por motivos de compatibilidad con el resto de sistemas
y aplicaciones con las que se tiene que integrar dentro de las instalaciones de la
UPComillas, se ha utilizado para su implementación tecnología Microsoft,
tanto a nivel de servidores (S.O., bases de datos,..) como a nivel de
programación.
Desde el punto de vista pedagógico, el diseño final del sistema y sus
funcionalidades se han ido reforzando progresivamente apoyándose en las
ideas y sugerencias propuestas por pedagogos y profesores que han ido
utilizando la plataforma a lo largo de las distintas fases de su desarrollo e
implantación. Esta circunstancia ha permitido adecuar el modelo a las
necesidades reales de alumnos y docentes dentro del entorno universitario.
Necesidades muy distintas a las del mundo empresarial.
Desde el punto de vista de gestión y administrativo. El sistema se ha diseñado
para permitir una integración total de la plataforma con el resto de los sistemas
existentes en la universidad, (gestión académica, gestión del personal y
recursos humanos, matriculación y facturación, etc.), y para ofrecer una
gestión distribuida en la que participen los distintos miembros de la comunidad
universitaria que intervienen en el proceso educativo (decanatos, directores
departamento, jefes de estudio, coordinadores, profesores, secretaría, STIC,
soporte técnico – pedagógico, etc.).
55
Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito
universitario
5. Implantación del sistema: resultados obtenidos.
5.1 Fases de la implantación.
El proceso de implantación y su posterior explotación del sistema que se
presenta en este artículo se lleva desarrollando en la UPComillas desde el curso
2001-02 dentro del proyecto Punto Omega (Hernández, 2002), pudiéndose
diferenciar varias fases:
•
Fase previa:
Se desarrolló durante el curso 2001-02 y en ella se analizaron aspectos como la
necesidad de potenciar el uso de las Tecnologías de la Información y la
Comunicación (TIC) en la UPComillas, su viabilidad y las acciones posteriores que
habría que llevar a cabo.
• Fase de inicio:
Como consecuencia, se iniciaron actividades que, principalmente fueron:
a) Acciones de tipo técnico-informático:
• Análisis de los recursos de que dispone o puede disponer la
UPComillas.
• Análisis de distintas plataformas que ofrece el mercado, de sus
ventajas y de sus inconvenientes.
• Análisis la viabilidad de crear una plataforma propia que cubriera
los requerimientos tanto de alumnos como de profesores.
b) Acciones de tipo formativo (de cara a los docentes):
• Se contempló la necesidad de formar a profesores y alumnos que
vayan a utilizar estos recursos.
•
Fase de diseño de la plataforma SIFO:
a) Se decidió la creación de una plataforma propia, que se denominó
Plataforma SIFO (Solución Integral para la Formación On-line).
b) Se realizó una primera versión de la Plataforma SIFO (Enero-Junio
2001); se lleva a cabo el curso “Enseñar para comprender”, en el que
participaron todos los miembros del Proyecto Punto Omega para
evaluar la Plataforma (Abril-Julio 2001); se realizó una auditoría
externa (empresa Icon MediaLab).
c) Esta fase concluyó con la presentación de la Plataforma SIFO como
recurso para la docencia universitaria.
•
Fase de puesta en práctica experimental de SIFO (curso 2002-03):
Una vez diseñada SIFO, se llevaron a cabo acciones para:
56
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
a)
Formar a un grupo reducido de profesores para el rediseño
instruccional inherente al cambio de metodología como el que se
proponía.
b) Analizar la viabilidad de la Plataforma SIFO.
c) Analizar los resultados desde el punto de vista pedagógico y de los
usuarios.
Estas acciones fueron:
a) Cursos formativos para los profesores de la UPComillas, a cargo del
Instituto de Ciencias de la Educación (ICE).
b) Puesta en práctica de acciones diseñadas expresamente y desde sus
inicios para usar la Plataforma SIFO. Para ello se contó con un Equipo
de Asesores Psicopedagógicos.
c) Adaptación del Master en Migraciones a distancia (que la UPComillas
desarrollaba en esos momentos) a la Plataforma SIFO.
d) Desarrollo de manuales que facilitaran el uso de SIFO.
•
Fase de consolidación (curso 2003-04):
a) Mejora de las dificultades detectadas y estudio de los estándares de elearning de plataformas comerciales para hacer compatible SIFO con
éstas y potenciar la exportación de los productos.
b) Establecimiento de estándares en relación con la imagen institucional
de la Universidad.
c) Análisis de las acciones de e-learning en otras universidades.
d) Proyectos conjuntos con otras universidades (FERE, Ausjal, UTA,
proyecto Decknowl , Master Erasmus Mundos EMIN, …)
e) Al finalizar el curso 2003-04 una vez conseguido el uso extensivo del
sistema por parte de toda la comunidad universitaria, se ve la
necesidad de definir dos líneas independientes de utilización de la
plataforma: formación on-line y/o semipresencial y apoyo a la
formación presencial.
•
Momento actual:
En la actualidad se ha conseguido que SIFO sea el sistema elearning
que da soporte a todas las actividades formativas de la UPComillas y
durante el curso académico actual más del 80% del personal es usuario
asiduo del sistema, valores muy superiores a los mostrados en la mayoría
de las universidades españolas. También actualmente se está trabajando en
los siguientes aspectos:
a) Elaboración de un manual de orientación pedagógica, para usuarios
SIFO.
b) Elaboración de criterios de evaluación técnicos y psicopedagógicos
comunes a todas las acciones en SIFO.
57
Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito
universitario
c)
Creación de un grupo de investigación en TIC, con carácter
multidepartamental e interfacultativo y cuyos resultados tengan
aplicabilidad tanto en la propia Universidad como fuera de ella.
5.2 Resultados obtenidos
Con el fin de evaluar los distintos aspectos de la plataforma se han utilizado
tres técnicas:
•
•
•
Análisis del diseño mediante un "Estudio de Usabilidad" (Nielsen, 2000)
Valoración de las funcionalidades por un “grupo de expertos” (Metodología
Delphi)
Análisis estadístico de la plataforma para ver su eficiencia y eficacia.
A continuación se muestra un resumen estadístico de la evolución de SIFO:
Si analizamos la evolución de la plataforma desde su implantación, vemos
claramente que se ha producido un comportamiento al alza en el uso de la misma.
Tabla 1 – Evolución del número de cursos y usuarios del sistema.
En el ámbito de apoyo a la formación presencial, se ha pasado de una
utilización exclusiva por parte de un grupo reducido de profesores y alumnos a una
utilización masiva, en la que participa prácticamente toda la universidad. En el área
de la formación totalmente a distancia o formación on-line el crecimiento ha sido
menor. A pesar de todo, siempre se ha ido incrementando tanto en el número de
usuarios como de cursos ofrecidos.
58
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figura 3 – Evolución en el número de conexiones
Analizando la evolución del número de conexiones vemos que cada año
duplicamos en promedio el número de conexiones con respecto al anterior. Esto nos
lleva a obtener unas conclusiones semejantes a las expuestas en la tabla 1. La
utilización de la plataforma ha evolucionado enormemente en los últimos tres años
y actualmente se ha consolidado como un sistema estable empleado de forma asidua
por la comunidad universitaria.
Figura 4 – Evolución del tiempo medio de conexión
Analizando los resultados de la figura 4 observamos que el tiempo medio de
conexión se mantiene a lo largo de todo el periodo cercano a los veinte minutos.
Este dato, unido a los resultados de la figura 3, representa un indicador muy bueno
del grado de utilización del sistema. El número de conexiones aumentó
progresivamente y sin embargo el tiempo medio de conexión se mantiene en una
cifra muy alta, no ha bajado en ningún momento. Esto nos indica que los usuarios
están haciendo un uso real de la plataforma; veinte minutos en Internet se considera
un tiempo de conexión bastante elevado. También podemos observar cómo el
tiempo medio de utilización de la plataforma es más elevado por parte del profesor
que de los alumnos, casi el doble. Este dato en principio es lógico, pues los
profesores en el modelo actual de enseñanza que se está utilizando en la
Universidad, en la mayoría de los casos, son los encargados de diseñar los
59
Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito
universitario
contenidos y de realizar el seguimiento de los mismos, necesitando para ello una
mayor dedicación. Por otro lado, los alumnos on-line permanecen más tiempo
conectados que los presenciales, datos que confirman la mayor utilización en
promedio de la plataforma por parte de los alumnos on-line.
Figura 5 - Comparativa del tiempo total utilizado por grupo de servicios y perfil de
alumno.
Si agrupamos los servicios por grupos o categorías y analizamos su utilización
en función del tipo de alumno, observamos que los alumnos a distancia utilizan
mucho más las herramientas de comunicación y evaluación que el resto, mientras
que los presenciales se dedican fundamentalmente a descargar materiales desde la
red y estudiar contenidos y a utilizar su zona personal.
6. Conclusiones.
Haciendo una valoración global de los resultados obtenidos, podemos concluir
diciendo que, el modelo propuesto está siendo un éxito en cuanto a utilización e
integración con los procesos de enseñanza de la Universidad. En menos de tres años
se ha conseguido que más del 80 % del personal sea usuario asiduo del sistema,
valores muy superiores a los mostrados en otras universidades españolas. Sin
embargo, si hacemos una valoración en términos del tipo de utilización que se hace
del sistema diseñado, observamos que en la mayoría de los casos la utilización
mayoritaria se basa en el uso del sistema como repositorio de documentos y como
forma básica de comunicación entre profesores y alumnos. Aún son pocas las
experiencias donde realmente se llegue a utilizar el potencial real de la plataforma.
Esto nos confirma la decisión anteriormente comentada, es preferible partir de un
sistema a medida, fácil de usar y que se integre con los procesos universitarios de
forma que sea útil para todos los miembros de la universidad. Y donde realmente
hay emplear los mayores esfuerzos es en conseguir que los materiales formativos y
los métodos empleados para elaborarlos y posteriormente transmitirlos sean cada
vez de mayor calidad y más usables. Esto nos obliga por un lado, a seguir
investigando en nuevas técnicas que mejoren el modelo inicial y que ayuden a
60
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
optimizar la enseñanza virtual, haciéndola cada vez más eficaz, y por otro, a poner
en marcha una campaña de formación del personal de la universidad que permita
paulatinamente que cada vez más miembros comiencen a utilizar las TIC y
participen de forma más activa en los procesos de enseñanza - aprendizaje a través
de la Web.
Fuentes de localización de información referentes a la plataforma SIFO:
• Acceso a la plataforma: http://www.upcomillas.es/sifo
• Manuales, FAQ, referencias y oferta educativa:
http://www.upcomillas.es/innovacioneducativa/
Referencias.
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de un sistema de capacitación en web basado en objetos reusables de
aprendizaje. Boletín IIE, enero-febrero 2002.
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[EEES03] “La integracion del Sistema Universitario Español en el Espacio Europeo
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y Deporte. Febrero 2003.
http://www.uc3m.es/uc3m/gral/IG/NOR/UNIV/documentomarco.html
Gil, Philippe (2001). E-Formación. Ediciones Deusto, S.A., Bilbao
Hernández Franco, V. (2002). Proyecto Punto Omega. Desarrollo de las
aplicaciones educativas de las TIC en la UPCO. Revista Miscelánea
Comillas. Vol. 60 nº 117, 787-817. Julio – diciembre 2002.
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Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito
universitario
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30 Aug.-1 Sept. 2004, 246- 250
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SCORM
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Distributed
http://www.adlnet.org/scorm/history/2004/documents.cfm
62
Learning.
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 63
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no
estudo da análise de sistemas
Paula Peres 1, Pedro Pimenta 2
[email protected], [email protected]
1
Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, Rua Jaime Lopes Amorim,
4465-004, S. Mamede Infesta, Portugal
2
Universidade do Minho, Guimarães, Portugal
Resumo: Este artigo descreve uma aplicação das teorias de Bloom e Kolb no
estudo da análise de sistemas. De acordo com a taxonomia de Bloom os
objectivos da aprendizagem devem ser organizados numa hierarquia de
complexidade. Os alunos podem ter um conhecimento sobre uma
determinada matéria em diferentes níveis. Neste trabalho desenvolveu-se uma
série de actividades, com recurso à plataforma de aprendizagem Moodle, que
pretenderam avaliar os conhecimentos dos alunos, de acordo com os
objectivos definidos para a disciplina e que estão classificados na hierarquia
de Bloom. A teoria do ciclo experimental de Kolb é utilizada como suporte à
implementação de um algoritmo para o progresso nos níveis da taxonomia de
Bloom. Com este trabalho pretendeu-se ainda avaliar a resposta das
tecnologias, especificamente do Moodle, para a implementação de estratégias
de aprendizagem. No final são apresentados os resultados obtidos, com as
forças e fraquezas inerentes às actividades desenvolvidas.
Palavras-chave: e-learning; b-learning; aprendizagem mediada por computador;
Learning Managment System; Moodle; Taxonomia Bloom; Ciclo aprendizagem
Kolb.
1. Contexto
A evolução tecnológica desafia constantemente a definição de novos processos de
ensino-aprendizagem no entanto assiste-se mais a uma mudança de equipamentos
do que de procedimentos. Emerge a necessidade de explorar as tecnologias no
sentido de criar propostas pedagógicas diferentes para contextos de aprendizagem
diferentes.
De acordo com a opinião de NOVA C., ALVES L. [2] a maior parte dos
projectos de integração das tecnologias no processo de aprendizagem realiza uma
mera transposição da educação presencial tradicional para ambientes de ensino on-
63
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas
line, comprometendo assim a qualidade da formação oferecida e desprezando o
potencial criativo que as tecnologias digitais acarretam para a construção do
conhecimento. ALMEIDA M. [3] reforça esta ideia afirmando que, mudar o meio
no qual se desenvolve a educação significa mudar a própria educação! Importa
reflectir sobre a formação que desejamos e as práticas a que recorremos para a
obter.
A taxonomia de BLOOM [1], (Bloom's Taxonomy of the Cognitive Domain),
determina objectivos educacionais no domínio cognitivo e identifica seis níveis de
aprendizagem: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese, e avaliação.
CARROL, ROBERT G. [4], sugere o estudo do impacto da tecnologia no ensino,
na aprendizagem e na avaliação visto dentro dessa estrutura, uma vez que os
modelos cognitivos examinam formas de “saber” e fornecem a base teórica para
aproximações educacionais. Estes níveis são considerados acumulativos em que a
construção de cada nível é baseada no sucesso do nível anterior. Muitas pesquisas
têm sido conduzidas sobre este modelo que tem transcendido o factor idade e modo
de formação em diferentes áreas de estudo.
Este artigo relata uma experiência de aprendizagem decorrida ao longo do
segundo semestre do ano lectivo de 2004/2005 e que envolveu duas turmas, num
total de 37 alunos. Os alunos foram solicitados a responder a um conjunto de 7
questões, inseridas na plataforma Moodle, que cobriam os seis níveis de Bloom e
que pretendiam avaliar os seus conhecimentos sobre a matéria a estudar nas
disciplina de Informática de Gestão I e Informática II que, de acordo com o plano
de estudos da licenciatura de que fazem parte, estudam os processos de modelação
de sistemas de informação procurando desenvolver a capacidade de criação de um
modelo abstracto de dados para situações reais.
1.2. Fundamentação teórica
Na taxonomia de Bloom, o conhecimento corresponde ao primeiro nível de
aprendizagem em que os alunos reconhecem os conceitos que aprenderam, podem
“recitar” a informação sem necessidade de demonstrar qualquer entendimento.
Neste nível os alunos conseguem identificar as fases de desenvolvimento dos
modelos de análise porque memorizaram. Conseguem, por exemplo, ordenar
cronologicamente uma lista de passos para a criação de um diagrama EntidadeRelação (ER). São capazes de reconhecer os vários modelos: Diagrama de fluxo de
Dados (DFD), ER, etc. Neste nível os estudantes não conseguem identificar ou
sumariar os pontos principais da descrição de um sistema de informação no
sentindo de distinguir os padrões de qualidade apropriados. Não são capazes de
interpretar um ER, reconhecer os erros ou omissões do modelo ou construir os seus
próprios modelos a partir de uma descrição ou de uma observação.
O segundo nível da taxonomia de Bloom corresponde à compreensão, os
alunos são capazes de entender o significado da matéria em estudo e descrevê-la
utilizando as suas próprias palavras. No contexto da análise de sistemas, conseguem
explicar os símbolos utilizados, no desenho dos diagramas lógicos, e interpretar
64
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
cada modelo. Não são capazes de detectar erros ou omissões nem construir os seus
próprios modelos a partir de uma descrição narrativa ou de uma observação.
No terceiro nível, aplicação, os alunos conseguem aplicar o conhecimento
aprendido em situações específicas e concretas. A aplicação envolve estender o
conhecimento num novo contexto, que inclui a aplicação de regras, métodos,
conceitos, princípios e/ou teorias absorvidas nos níveis mais baixos da
aprendizagem. No contexto da análise de sistemas os alunos são capazes de
construir os seus próprios diagramas baseados numa descrição de um sistema real
onde extraem os factos principais e os irrelevantes. Embora sejam capazes de criar
uma narração, por observação das actividades de um sistema, não conseguem
completar um diagrama lógico baseados nas suas próprias observações ou numa
narrativa. Isto por não serem capazes de distinguir os detalhes importantes dos
insignificantes. Além disso as suas próprias descrições de sistemas podem conter
detalhes irrelevantes e a falta de outros cruciais.
O quarto nível, análise, refere-se à capacidade de decompor a aprendizagem
em partes e identificar cada uma num todo, descobrindo as relações existentes e os
princípios da organização. Os alunos neste nível de conhecimento são capazes de
identificar a informação significante que corresponde aos requisitos dos
utilizadores. Conseguem distinguir o que é importante do irrelevante numa
explicação de um utilizador. São capazes de seleccionar a informação correcta para
cada diagrama numa extracção dos requisitos do sistema. Conseguem reconhecer
inconsistências ou anomalias entre as descrições dos utilizadores e detectar erros
sintácticos e semânticos nos modelos.
No quinto nível, síntese, os alunos são capazes de reunir as partes num todo
para formar um novo conjunto e combinar as peças num padrão ou sistema que não
existia. Os alunos produzem, integram e combinam ideias num produto, num plano
ou numa proposta. A este nível de aprendizagem os alunos são capazes de sugerir e
desenvolver significantes alternativas para resolver um dado problema. São capazes
de entender suficientemente os requisitos e restrições do utilizador no sentido de
proporem alternativas para um determinado problema ou interesse. Entendem
suficientemente bem os requisitos do sistema lógico para fornecer soluções físicas
alternativas. No nível de síntese os alunos são capazes de entender para além do que
lhes é fornecido. São capazes de organizar e relacionar as entradas/input dos
utilizadores, teorias, princípios, conceitos e experiências anteriores para a definição
de um novo sistema. Para além disso são capazes de utilizar a sua própria analise de
requisitos como base para a criação de modelos de informação e efectuar a
integração entre o modelo e os requisitos recolhidos e resolver inconsistências.
Conseguem interpretar documentos escritos e observações e integrar qualquer
conteúdo significante num novo requisito de sistema.
No sexto e último nível, avaliação, os alunos são capazes de julgar o valor do
material para um propósito determinado. Cada avaliação é baseada em critérios
definidos que são desenvolvidos individualmente ou providenciado através de
fontes externas. O nível de avaliação contém elementos dos níveis anteriores e
envolve consciências e independência dos valores de julgamento, baseados em
65
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas
critérios claramente definidos. Os alunos, neste nível, são capazes de criticar e
julgar a qualidade do material que produzem através da aplicação de regras,
heurísticas e critérios. Conseguem criticar e comparar diferentes modelos, que
representam um conjunto de requisitos do utilizador, baseados em critérios
estabelecidos como correcções técnicas ou de sintaxe e numa precisão com a qual
os requisitos explícitos e implicados são capturados. O alcance deste nível não
implica a obtenção do desempenho individual perfeito, mas antes que os alunos
possuem a capacidade para avaliar de acordo com standards.
Até agora foi esboçada a taxonomia de Bloom aplicada à análise de sistemas,
de seguida de irá ser explicado o ciclo de Kolb como uma técnica para a
movimentação nos níveis de aprendizagem de Bloom.
KOLB [5] propõe uma aprendizagem experimental em quatro fases.
Experiência concreta, observação reflexiva, conceptualização abstracta e
experimentação activa. Este modelo apresenta um ciclo de aprendizagem para
descrever como a experiência é transformada em conhecimento através da reflexão
de conceitos. Estes conceitos são então utilizados para conduzir a experimentação
activa e as escolhas em novas experiências. Os quatro passos derivam de dois
principais caminhos, com os quais os indivíduos aprendem: compreender a nova
informação e experiências e integrar ou transformar o que é percebido em
conceitos. Cada fase segue uma à outra num ciclo que providencia o feedback
permitindo a evolução da acção anterior e planos para nova acção. A movimentação
através destas fases é interactiva e pode iniciar-se em qualquer altura mas,
normalmente, começa na experiência concreta e segue pela reflexão do ocorrido no
sentindo de entender e integrar com conhecimentos prévios. A conceptualização
abstracta segue as tentativas individuais para extrapolar o entendimento para além
da sua concreta percepção. Finalmente o individuo aplica o que aprendeu numa
nova experiência testando os conceitos, refinando o seu entendimento, observando
o resultado integrando o feedback e talvez num novo ciclo para aprofundar a
aprendizagem.
A aplicação do ciclo de Kolb, no contexto concreto deste trabalho envolve a
identificação das entidades do sistema de informação e a construção de uma
variedade de experiências que são explicitamente dirigidas para promover a
compreensão e transformação de conceitos.
A secção seguinte descreve actividades que ilustram e aplicam as teorias
descritas. Apresenta uma forma concreta de contribuir para a evolução da
aprendizagem dos alunos, no contexto da análise de sistemas, que envolve mais do
que o conhecimento, a compreensão e a aplicação de conceitos teóricos. As
actividades efectuadas envolvem o aluno em todo o ciclo Kolb preparando-o para se
movimentar ao longo dos níveis da taxonomia de Bloom, numa evolução do
conhecimento para a análise. As actividades seguiram um algoritmo que permitiu a
deslocação por todas as fases do ciclo de Kolb.
Na fase de experiência concreta os alunos resolveram um exercício de
normalização e constaram o resultado.
66
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Na fase de reflexão, após a apresentação do resultado obtido, os alunos
reconheceram as suas incorrecções, reflectindo sobre a actividade anterior.
Mediante uma resposta incorrecta os alunos eram conduzidos numa reflexão que
invocava os erros detectados e os conduzia para a teoria subjacente.
Na fase de experimentação os alunos foram confrontados com um novo
problema para a qual, suportados nos modelos teóricos aprendidos, deveriam
encontrar uma solução e validar o aprendido. Foram desafiados a solucionar um
pequeno problema sobre a particularidade estudada. Se respondiam de forma
incorrecta, voltavam a repetir o ciclo de aprendizagem, se respondiam
correctamente regressavam ao ponto inicial tentando solucionar, mais uma vez, o
principal problema.
A experiência foi desenvolvida sobre a plataforma, Moodle na qual os alunos
trabalharam individualmente.
2. Planeamento
2.1. Objectivos da Aprendizagem
Segundo BLOOM [1] é importante a definição clara dos objectivos da
aprendizagem de forma a não conduzir a interpretações subjectivas.
Eis alguns dos objectivos educacionais definidos, de acordo com a taxonomia
de Bloom, para as disciplinas de Informática de Gestão I e Informática II, sobre o
capítulo da análise de sistemas:
ƒ Definir os principais termos no contexto da análise de sistemas (nível 1);
ƒ Explicar, por próprias palavras, os componentes do modelo lógico de ER
(nível 2);
ƒ Modificar uma relação de multiplicidade (nível 3);
ƒ Analisar um sistema de informação para desenhar e explicar um modelo
ER e uma estrutura normalizada. (nível 4);
ƒ Estabelecer as relações das entidades num sistema de informação. (nível
4);
ƒ Identificar as entidades num processo de normalização de dados. (nível 4);
ƒ Desenvolver uma descrição de um sistema de informação a partir de
representações lógicas. (nível 5);
ƒ Avaliar/corrigir a viabilidade de um modelo lógico de dados. (nível 6).
2.2. Intervenientes
Esta experiência envolveu os alunos inscritos na disciplina de Informática de
Gestão I (IGI), do 4 º ano da licenciatura em Contabilidade ramo de auditoria e na
disciplina de Informática II (InfII) do 1º ano do curso da licenciatura em Marketing
do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, no ano lectivo de
67
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas
2004-2005. As disciplinas foram leccionadas no segundo semestre e tiveram uma
carga horária semanal de 4 horas, distribuídas por 2 aulas teórica-prática.
2.3. Contexto tecnológico
O ambiente utilizado para a elaboração desta experiência foi a plataforma
Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment). É uma
ferramenta, desenhada por Martin Dougiamas, para criar cursos baseados na
Internet. É um software gratuito, disponível em 70 idiomas, incluindo o português,
e consiste numa plataforma de gestão e distribuição de conteúdos on-line - LMS
(Learning Managment System).
2.4. Calendário
Os trabalhos decorreram ao longo do segundo semestre do ano lectivo de
2004/2005.
3. Actividades
Actividade 1:
Na primeira aula do semestre foi planeada a formação dos alunos na utilização
da plataforma de aprendizagem Moodle.
Actividade 2:
Após terem sido leccionados os conteúdos programáticos, foi solicitado aos
alunos, numa aula presencial, que acedessem à plataforma Moodle e respondessem
às questões, apresentadas e classificadas de acordo com a taxonomia de Bloom:
Figura 1: Imagem da plataforma Moodle com os exercícios propostos.
Para a criação dos exercícios, foram utilizadas as ferramentas disponíveis na
plataforma Moodle de acordo com a tabela seguinte:
68
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Tabela 1: Actividades propostas e as ferramentas Moodle
Nível de
Exercício
Ferramenta
Descrição
Bloom
Moodle
1- Noções sobre o
modelo ER
1Conhecimento
(os alunos deveriam
definir um conjunto de
termos sobre o modelo
ER)
2- Componentes
diagrama ER
2Compreenssão
- Glossário
do
(os alunos deveriam
enumerar os diversos
componentes
do
modelo ER)
- Diário
3 - Relação muitos
para muitos
3 - Aplicação
(os alunos deveriam
modificar uma relação
múltipla)
- Diário
4.1- Exercício Modelo
ER
4 - Análise
(os alunos deveriam
analisar um sistema de
informação e desenhar
o modelo ER)
4.2- Exercício
Normalização
- Trabalho de
casa
Ferramenta Moodle
O glossário é uma
ferramenta que permite, ao
professor, criar e manter
uma lista de definições
como um dicionário.
Permite igualmente a
criação colaborativa com a
intervenção do professor e
dos alunos. As entradas
podem ser pesquisadas em
diferentes formatos, por
temas, por autores, etc.
O diário é uma actividade
que promove a reflexão
orientada
por
um
moderador.
O professor pede ao aluno
que reflicta sobre um
determinado tema e o
aluno
anota
progressivamente as suas
reflexões aperfeiçoando
assim a sua resposta. Estas
respostas são pessoais e
por isso não podem ser
visualizada pelos outros
alunos. O professor pode
adicionar comentários de
feedback e avaliações a
cada anotação no diário.
A actividade trabalho de
casa permite a descrição
de uma actividade para ser
desenvolvida pelos alunos
tais como
redacções,
criação
de
imagens,
relatórios, etc. O professor
submete os enunciados
dos trabalhos e os alunos
enviam as suas respostas.
Após
a
entrega,
o
professor poderá atribuir
(os alunos deveriam
analisar um sistema de
69
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas
informação e
apresentar a estrutura
normalizada)
um comentário e/ou uma
nota para cada trabalho.
5 - Enunciar o sistema
5 - Síntese
(os alunos, mediante
um modelo lógico ER,
deveriam desenvolver
uma possível descrição
do
sistema
de
informação
representado)
6 - Correcção
exercício
6 – Avaliação
do
(os alunos, mediante
um
sistema
de
informação descrito e
um
correspondente
modelo ER incorrecto
deveriam discutir a sua
correcção)
- Fórum
Os fóruns correspondem a
áreas de debate sobre
diferentes
temas.
Constituem
uma
ferramenta essencial de
comunicação
podendo
incluir ficheiros anexos de
suporte à intervenções.
Actividade 3:
Após a realização dos exercícios da Actividade 2, foi efectuada a respectiva
correcção e uma análise geral dos resultados obtidos. Os alunos apresentaram mais
dificuldades à medida que as questões subiam nos níveis de Bloom. Obteve-se uma
grande percentagem de incorrecções na determinação das estruturas normalizadas
(exercício 4.2), ponto essencial do programa em estudo.
Actividades 4:
Resolução de exercícios, inseridos na plataforma Moodle, disponibilizados de
acordo com uma estratégia de aprendizagem baseada no ciclo de Kolb. Pretendeuse colmatar as principais dificuldades sentidas na resolução de problemas sobre a
normalização de dados. Para a implementação destas actividades foram utilizadas a
ferramenta Lição disponível no Moodle:
Tabela 2: Estratégia de aprendizagem e a ferramenta Moodle
Estratégia
Exercício
Aprendizagem
Ciclo de Kolb
70
Normalização
de
uma
estrutura
de
dados
Recurso
Descrição
Moodle
Ferramenta Moodle
- Lição
Uma lição consiste num determinado número de
páginas onde cada uma termina com uma
pergunta e um número de respostas possíveis. O
avanço depende da resposta efectuada pelo aluno.
A navegação através das lições pode ser simples
ou complexa
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Descrição do algoritmo de implementação da estratégia de aprendizagem:
Aos alunos foi apresentada uma explicação da técnica de normalização de
dados com um exemplo prático. De seguida foi-lhes descrito um novo sistema de
informação para o qual deveriam apresentar a solução de normalização.
Se a opção estivesse correcta avançavam para o exercício seguinte, caso
contrário, de acordo com a resposta fornecida, era-lhes aprestado um nova página
que justificava o erro, fornecia um exemplo concreto e solicitava uma nova
resposta.
Algoritmo de implementação da estratégia de aprendizagem:
[1] Apresentar texto com questão
[2] Se solução certa então
[2.1] Próximo exercício
Senão
[2.2] Enquanto Erro tipo 1, 2 ou 3
[2.2.1] Ligar a uma estrutura cognitiva
[2.2.2] Apresentar habilidades
[2.2.3] Treinar habilidades e promover experiências positivas
[2.2.1] Fazer feedback – Voltar [1]
Fim Enquanto
Fim Se
Representação gráfica do algoritmo de aprendizagem ancorado no ciclo
de Kolb:
Figura 2: Algoritmo de aprendizagem baseado no ciclo Kolb
71
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas
Os alunos começam por resolver um primeiro exercício sobre a técnica de
normalização de dados E1 (determinação da estrutura não normalizada de um
sistema de informação). Se responderem correctamente, S1, passam para o
exercício seguinte, E2 (determinação da primeira forma normal). Caso contrário, de
acordo com o padrão do tipo de erro, são direccionados para a respectiva explicação
teórica. Neste exemplo foram classificados três tipos de erro: Err 1.1: -Dificuldade
em identificar os atributos de uma estrutura não normalizada. Err 1.2: - Dificuldade
em determinar as estruturas repetitivas Err 1.3: - Inexistência de elementos
essenciais na estrutura inicial. A justificação do tipo de erro, expõe os conceitos
teóricos, apresenta um exemplo real e que termina com um novo exercício, E1.1
que valida o seu entendimento. A resposta correcta a esta nova questão, S1.1,
conduz de novo ao exercício inicial, E1, e o ciclo é de novo executado.
Fase do algoritmo:
Fase 1. Os alunos recebem novas informações. Fase 2: Os alunos processam
novas informações. Fase 3: Os alunos generalizam a experiência Fase 4: Os alunos
aplicam a experiência numa nova situação de descrição de um sistema real
Actividade 5:
Resolução de um novo exercício, sobre a técnica de normalização de dados,
para avaliar o grau de evolução no entendimento da matéria após a implementação
da estratégia de aprendizagem.
4. Métricas
Tabela 3: Tabela dos resultados da actividade 2, por turma e por questão.
72
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Nome
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
Aluno
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
9
89
8
Número de exercicios resolvidos por actividades
4.2
5
4.1
Trabalho Trabalho Trabalho
2
3
casa
de casa
casa
Diário
Diário
89
89
8
8
8
9
9
9
9
8
9
9
89
89
8
9
9
9
9
9
89
9
89
9
89
9
89
9
8
8
9
9
9
89
8
9
9
9
9
9
89
89
8
8
89
9
9
89
9
8
9
89
89
89
8
9
89
8
8
8
89
89
89
8
8
9
89
89
89
9
9
9
89
89
8
89
89
89
9
9
9
9
89
8
8
9
8
8
89
8
89
9
8
9
8
9
89
8
8
8
Turma 2
89
8
8
8
89
89
9
9
89
89
8
9
89
8
8
9
89
8
8
8
89
8
8
8
9
89
9
8
9
89
9
89
8
8
8
89
8
8
8
8
8
8
8
8
8
9
9
8
89
89
8
89
89
89
8
9
9
89
89
8
9
9
89
8
8
89
89
8
8
89
89
89
89
89
8
9
89
89
8
89
9
9
9
89
89
31
21
17
7
8
5
4
13
15
15
12
9
2
3
5
15
17
23
1
Glossário
9
9
9
9
9
89
9
9
89
8
9
9
9
9
9
9
9
89
9
9
6
Fórum
8
8
8
9
89
8
8
9
8
8
8
8
8
9
8
8
9
8
8
8
9
9
9
9
89
9
9
9
9
9
8
9
9
9
9
9
9
8
89
8
89
8
8
8
8
8
8
8
8
8
89
8
89
8
4
5
28
Esta tabela apresenta as respostas correctas (9), incorrectas (8) e incompletas
(89) que cada aluno, de cada uma das turmas teve nos exercícios iniciais propostos
(Figura 1).
Figura 3: Resultados obtidos na actividade 2, de ambas as turmas.
73
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas
Figura 4: Resultados obtidos na actividade 2, da turma do 4º ano.
Figura 5: Resultados obtidos na actividade 2, da turma do 1º ano.
74
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figura 6: Número de acesso às paginas da actividade 4 da turma do 4º ano.
Na turma do 4º ano, 23 alunos responderam ao exercício (E1) sobre a
normalização, desses 8 responderam correctamente e prosseguiram para o exercício
2. Das respostas erradas 3 correspondem ao tipo de erro 1 (Err 1.1: -Dificuldade em
identificar os atributos de uma estrutura não normalizada.), 8 ao tipo de erro 2 (Err
1.2: - Dificuldade em determinar as estruturas repetitivas) e 4 ao tipo de erro 3 (Err
1.3: - Inexistência de elementos essenciais na estrutura inicial.). Dependendo do
tipo de erro os alunos foram direccionados para a respectiva explicação teórica, com
a apresentação de um exemplo e foram solicitados para responderem a uma questão
para verificar o entendimento especifico de acordo com o tipo de erro. (Err1.1,
Err1.2 ou Err1.3). Nessa questão obteve-se 3 respostas erradas (Err1.1.1) e 15
correctas (S1.1) e nesse caso deveriam voltar a tentar resolver o exercício
inicialmente proposto (E1).
75
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas
Figura 7: Número de acesso às paginas da actividade 4, da turma do 1º ano.
Actividade 5
Correctas
15%
Incorrectas
85%
Figura 8: Resultado da actividade 5 da turma do 4º ano
Actividade 5
Correctas
29%
Incorrectas
71%
Figura 9: Resultado da actividade 5 da turma do 1º ano
76
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
5. Avaliação/Caracterização da aprendizagem
Após a aula de apresentação das funcionalidades da plataforma Moodle, os
alunos não demonstraram grandes dificuldades no seu manuseamento.
A plataforma permitiu a introdução de questões pertencente a todos os níveis
da taxonomia de Bloom e consequentemente a avaliação dos alunos sobre os
sistemas de informação em diferentes níveis.
A análise das respostas aos exercícios propostos permitiu verificar que os
alunos têm mais dificuldade em atingir os objectivos classificados nos níveis mais
elevados da taxonomia de Bloom. As dificuldades apresentadas, em termos gerais
(Figura 3) não diferem muito das apresentadas particularmente em cada uma das
turmas (Figura 4 e 5). Foi na questão classificada no primeiro nível de Bloom que
se obteve os melhores resultados. Os alunos, em ambas as turmas, foram capazes de
construir colaborativamente, em tempo-real um dicionário sobre a temática da
análise de sistemas de informação. De uma forma geral, foram igualmente capazes
de enumerar e explicar, por próprias palavras, os componentes de um modelo lógico
de dados e de aplicar os conhecimentos na resolução de novas problemáticas de
relações múltiplas. Apresentaram no entanto bastantes dificuldades, em ambas a
turmas, figura 4 e 5, quando solicitados a corrigir uma resposta a um exercício.
Foi na questão classificada no nível mais elevado da taxonomia de Bloom, que
se obteve os piores resultados. Apesar disso, uma vez que a avaliação da disciplina
incide essencialmente numa exigência de nível quatro, da classificação de Bloom,
optou-se pelo desenvolvimento de uma estratégia de aprendizagem no sentido de
auxiliar os alunos a atingir este nível na abordagem da análise de sistemas. A
plataforma permitiu a implementação de actividades de aprendizagem para cada
uma das fases do ciclo de Kolb.
Pela análise do número de acessos às páginas na Actividade 4, em ambas as
turmas, o tipo de erro mais frequente diz respeito à identificação dos elementos
repetitivos numa estrutura (Figuras 6,7 - Erro 1.2). O segundo maior erro diz
respeito à identificação de elementos incorrectos numa estrutura de dados (Figuras
6,7 - Erro 1.3), também em ambas as turmas e por fim a falta de elementos
essenciais numa estrutura (Figuras 6,7 - Erro 1.1).
Após a execução das actividades de aprendizagem verifica-se que foram
poucos os alunos (3 na turma do 4º ano e 6 na turma do 1º ano – Figuras 6 e 7) que
ainda apresentavam dificuldades. A maioria dos alunos, conseguiu resolver de
imediato o novo exercício proposto.
Na última actividade os alunos, de ambas as turmas, apresentaram uma maior
facilidade na resolução deste tipo de problemas. (Figuras 8 e 9)
6. Conclusões e Recomendações
De uma forma geral assistiu-se a uma grande receptibilidade, por parte dos
alunos, na utilização das tecnologias na sala de aula. Os alunos estão motivados e
77
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas
aprendem com facilidade a utilizar as plataformas de aprendizagem baseadas na
Internet.
A construção de um dicionário de termos permitiu a criação de um repositório
de definições disponível para posterior consulta.
A implementação do processo foi morosa e exigiu grande esforço por parte do
professor, quer em termos de implementação do algoritmo quer em disponibilidade
de tempo, sendo no entanto positivos os resultados atingidos. A existência, na
plataforma, de ferramentas de extracção de resultados estatísticos, no que diz
respeito aos acessos às páginas, por parte dos alunos, teria evitando a consulta
morosa de cada acesso efectuado. Embora a plataforma tivesse permitido a criação
de questões classificadas nos diferentes níveis de Bloom e a execução de
actividades de aprendizagem segundo o ciclo de Kolb, a existência de uma
ferramenta própria, no Moodle, teria facilitado a criação deste tipo de estratégias.
No contexto da análise de sistemas, foi interessante verificar que os alunos,
independentemente da idade, apresentaram basicamente as mesmas dificuldades.
Verificou-se que os alunos aprendem quando integram e aplicam as novas
informações, alteram as suas percepções quando confrontados com as devidas
justificações.
A motivação, pelo carácter inovador da experiência, o envolvimento activo no
processo e a apresentação de problemas em contexto da vida real, promoveu a
aprendizagem. Os alunos solicitaram a criação de novas actividades semelhantes,
baseados em contextos da vida real que, de uma forma guiada, expliquem as
situações de erro e felicitavam as opções correctas incentivando a resolução de
novos problemas. Verificou-se que os alunos aprendem quando se criam
oportunidades para praticar e aplicar os novos conhecimentos e que é importante o
reforço positivo e o feedback construtivo, que os auxilia a aperfeiçoar os seus
conhecimentos e habilidade.
O algoritmo implementado, baseado no ciclo Kolb, mostrou-se bastante eficaz
para guiar a aprendizagem e poderá ser estendidos, pela sua natureza recursiva para
responder a situações de maior complexidade.
Referências
[1] Bloom, B. S., Krathohl, D. R., Furst. E. J., Engelhart, M. D. E Hill, W. H.
(1989) Taxonomy of Educational Objectives, Book 1: Cognitive Domain. New
York: Longman Publishing, 207 p. ISBN 0582280109.
[2] Nova C., Alves L. (2003) Estação online: a ciberescrita, as imagens e a EAD.
Educação On-line – Edições Loyola. São Paulo, ISBN Nº 85-15-0282-0??
[3] Almeida M. (2003) Educação, ambientes virtuais e interactividade. Educação
On-line – Edições Loyola. São Paulo, ISBN Nº 85-15-0282-0
78
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
[4] Robert G. Carroll (1998) Current and future impact of technology on physiology
education. Advances in Physiology Education, volume 20 : number 1 –
Dezembro.
[5] Kolb, D. A. (2003) Experiential Learning: Experience as the Source of Learning
and Development - in Kolb's Theory of Learning Styles, Wayne Vick - MAFN
2003 Facilitator’s Workshop
79
Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas
80
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 81
Um Sistema de Informação Académico
para a Universidade Jean Piaget de Cabo
Verde
Paulo dos Santos Silva 1, David Ribeiro Lamas 2
[email protected] , [email protected]
1
Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, Cidade da Praia, C.P 775 - Praia, Palmarejo
Grande, Cabo Verde
2
Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, Cidade da Praia, C.P 775 - Praia, Palmarejo
Grande, Cabo Verde
Resumo: Apresenta-se neste artigo, um Sistema de Informação para suportar
as actividades do processo ensino-aprendizagem na Universidade Jean Piaget
denominado SIAC. Analisa-se o SIAC tendo como ponto de partida,
conceitos de Sistemas e Tecnologias de Informação. Longe de estarem
reduzidos a “máquinas” para automatização de tarefas, as Tecnologias de
Informação(TIs) são elementos propulsores, factores de mudança e inovação
nas Organizações, desde que devidamente enquadradas com os Sistemas de
Informação. Porém, a implementação das TIs não constitui uma meta por si
só. Num contexto em que se generaliza a adopção de TIs como suporte aos
Sistemas de Informação, a principal questão que ainda se coloca é, como usar
os SI/TI eficazmente, e como alinhá-los com os objectivos da Organização.
Sendo um desafio constante este é ainda maior em meios
organizacionalmente complexos e heterogéneos como é o caso de uma
Universidade. Expomos as várias dimensões e a abordagem seguida
concepção do SIAC.
Palavras-chave : Desenvolvimento de sistemas de informação; Integração de
Sistemas; Organização virtual; Aspectos comportamentais de Sistemas de
informação
1. Sistemas de Informação: um enquadramento
É comum aceitarmos que as Tecnologias de Informação e os enquadramentos
que elas têm numa Organização, definem os principais aspectos que moldam o que
se designa de Sociedade de Informação. Em tal sociedade, a informação e os
artefactos tecnológicos usados no seu tratamento, estarão a definir a base material
de diversas Organizações.
81
Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo
Verde
Porém, se a informação é hoje vital para a Sociedade e as Organizações em
geral, ao ponto de afirmarmos que vivemos na Era ou Sociedade de Informação,
deveremos olhar um pouco mais de perto para os elementos que estruturam esta
Sociedade e reflectir sobre algumas questões, nomeadamente: o que faz da
Informação elemento basilar para as Organizações, o que determina a sua
importância e ainda porquê a importância de Sistemas de Informação neste
contexto?
A Informação é um conceito relacionado com a representação formal de
elementos do nosso meio envolvente. No caso concreto de uma Organização, a
Informação está relacionada com os elementos que definem os seus processos de
trabalho. Assim sendo, a importância dada a Informação estará no facto da
produtividade e competitividade (a execução dos processos de trabalho de maneira
eficiente) dependerem da capacidade de gerar, processar e aplicar de forma
eficiente a Informação.
Alguns autores discutem a importância da informação e os meios para o seu
tratamento, referindo à forma como a própria existência das Organizações é
afectada, as mudanças que acontecem, e os novos desafios identificados(Lopes,
Morais & Carvalho, 2005). Na mesma linha dessa relação organizações e
informação, Castells argumenta que estaremos numa Sociedade cuja a Economia é
dominado por um paradigma tecnológico em que a Informação é sua matéria-prima
(Castells,2002). Ou seja, a Informação torna-se fundamental para o dia à dia de uma
Organização nas mais diversas tarefas que definem os seus processos de trabalho.
Por outra lado, é de esperar que a quantidade de Informação gerada e processada
numa Organização seja elevada. Normalmente tem tendência a crescer com o
crescimento da Organização tornando complexo um adequado processamento, e a
sua disponibilização em tempo útil. Haverá então uma relação entre Organizações
que tenham uma gestão eficaz e a forma como a Informação dos seus processos é
tratada.
O valor subjacente à Informação estará portanto ligado à possibilidade de esta
trazer mais valias quando está devidamente enquadrada com os objectivos da
Organização.
No entanto hoje, além de se reconhecer a Informação como sendo um recurso
valioso, procuram-se cada vez mais, os meios para maximizar o valor desse recurso.
E neste contexto, maximizar o valor do recurso quer dizer procurar formas de
planear e gerir o fluxo de Informação numa Organização para minimizar dados
redundantes e inconsistentes e aumentar a correcção e qualidade da Informação
(Cassidy, 1998).
O fluxo de informação dentro de uma dada Organização qualquer que ela seja,
está definida nos seus vários processos de trabalho. Para gerir com eficácia a
Informação são necessários os meios humanos (conhecedores dos vários processos
geradores e consumidores de Informação) e meios Tecnológicos que auxiliam e
impulsionam a optimização do trabalho. Juntos, esses meios formam o que
designamos de um Sistema de Informação (SI).
82
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Laudon apresenta um conceito formal definindo SI com sendo um conjunto de
componentes interrelacionados que recolhe (ou retira) processa, armazena e
distribui informação para, suportar tomada de decisão, coordenar e controlar
processos de trabalho (Laudon & Laudon, 2005). Nesta perspectiva, numa dada
Organização, um Sistema de Informação é definido e concebido com base nos seus
processos de trabalho juntamente com as componentes Tecnológicas existindo uma
interdependência entre essas componentes (ver figura 1).
Tal como caracterizados em (Laudon & Laudon, 2005), não serão as
Tecnologias de Informação isoladamente que irão permitir a Organização gerir de
forma adequada a Informação. Ou seja mesmo atribuindo a importância que lhes é
devida as Tecnologias de Informação têm que estar devidamente adequadas às
necessidades do Sistema de Informação e em consonância com os objectivos e
estratégias deste.
A interdependência referida em (Laudon & Laudon, 2005) entre as várias
componentes de um SI, pressupões a existência de relações lógicas e devidamente
analisadas entre as mesmas. Nesse sentido Cook vai mais longe falando do conceito
de Arquitectura de informação. A autora refere à necessidade de olhar para os
Sistemas de Informação não do ponto de vista das Tecnologias em que uma
Organização investe, mas sim como parte de algo mais abrangente e mais
consistente na sua definição – a Arquitectura da Informação (Cook, 1996). Nesta
arquitectura as tecnologias são parte integrantes e importantes, porém só têm
alguma eficácia se devidamente enquadradas com as restantes componentes.
Figura 1 – Interdependência Organizações e Sistema de Informação (fonte:
Adaptado de (Laudon & Laudon, 2005) )
83
Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo
Verde
2. Sistemas de Informação nas Universidades como suporte do
processo ensino-aprendizagem
Ainda que, com mais ou menos acuidade, é facto que a Informação torna-se
um recurso valioso para Organizações de todos os sectores da Sociedade (Laudon &
Laudon, 2005). Em determinados contextos tal recurso é crítico ditando por vezes
casos de sucesso em termos organizacionais. Um desses sectores é aquele onde
nosso trabalho se insere: a Educação. Tradicionalmente, sector propulsor na
transmissão de saberes, de valores culturais, veículo para socialização e de
disseminação de conhecimentos que marcam indelevelmente cada sociedade em
diferentes épocas. Tido desde de sempre como ponto de onde partem as grandes
mudanças que introduzem reformas, sejam elas sociais, políticas e tecnológicas.
Essa estreita relação da Educação com os mais diversos sectores da sociedade
mostra diferentes facetas aos longo dos tempos. Com efeito, a Educação é ponto
fulcral das sociedades, interagindo com diversos sectores desta.
Actualmente nos chamados Países de Desenvolvimento Médio como é o caso
de Cabo Verde temos em evidência a relação Educação e Desenvolvimento. Sendo
um dos elementos sempre presente na questão do Desenvolvimento ela surge
associado à pergunta: a educação de qualidade conduz ao desenvolvimento, ou é o
desenvolvimento que trará uma educação de qualidade? Não é nossa pretensão
responder aqui a esta questão, pois estará fora do âmbito do nosso campo de estudo.
Porém, é pelo menos generalizada a convicção de que, as instituições que
activamente promovem o processo de ensino-aprendizagem, fazem-no numa
perspectiva e com objectivos claros de também promoverem, forjarem ambientes
próprios, criarem capacidades endógenas e dar passos em direcção a um
desenvolvimento das pessoas, das comunidades e do país. O destaque dado a esse
objectivo é sinal de que as Universidades sentem como importantes actores no
desenvolvimento, ao promoverem educação de qualidade.
O sistema apresentado neste trabalho está inserido na Universidade Jean Piaget
de Cabo Verde. Desde da sua criação propõe como um dos primeiros objectivos "a
participação de forma activa e inovadora no desenvolvimento humano, integral e
ecológico, dos diferentes grupos etários e sociais em Cabo Verde".
Na busca de novas estratégias que visam a persecução desse objectivo,
pensamos que estará sem dúvida a utilização de meios para:
• promoção da eficácia na gestão do processo de ensino
• realização de investigação enriquecedora
• produção de conhecimento endógeno e
• criação de uma força de trabalho bem qualificada.
Na nossa óptica ter meios para fazer isso vai na mesma linha das preocupações
com a Informação numa Organização: implementar soluções em que a
Universidade, enquanto Organização, procura formas de aumentar a eficácia dos
seus processos. Soluções que centrar-se-ão na implementação de Sistemas de
Informação cujo núcleo dos mesmos é baseado na recolha, armazenamento e
disseminação de informação com interesse directo ou indirecto para o processo de
84
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
ensino-aprendizagem - no caso da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde damoslhe o nome de Sistema de Informação Académico (SIAC).
A Universidade, assim como as demais Organizações, tem desafios perante os
seus ambientes interno e externo. Em relação ao último este aparece como
consequência da realidade que vivemos hoje: numa em que as chamadas fontes de
saber se diversificam, numa sociedade chamada de informacional no qual a
Instituição Universidade deve ter ferramentas para cumprir de forma inovadora a
sua missão e fim último que é criação e disseminação de conhecimento através da
actividade de docência e investigação. É esse mesmo ambiente externo, em
constante e acelerada mudança que deve ser devidamente acompanhada, que a
Universidade implanta-se.
No que refere ao ambiente interno, a Universidade caracteriza-se por uma
heterogeneidade em termos organizacionais, sendo cada vez mais complexa gerir
todos os intervenientes. Nesse ambiente interno, os actores estão perante um
conjuntos de informação de diversas fontes. Para cada uma das pessoas ou
entidades do ambiente interno da universidade, há preocupações operacionais
conforme o seu perfil, mas também são constantemente solicitados conforme os
diferentes papéis com que actuam em distintas situações por exemplo: docente,
investigador, em funções de gestão, cumprindo normas administrativas e
pedagógicas.
Em qualquer desses ambientes há importantes desafios e é necessário estudar
forma de implementar soluções que permitem ultrapassa-los. Os Sistemas de
Informação segundo (Ward e Peppard, 2004) tem potencialidades capazes de criar
valor para a Organização permitindo responder a tais desafios. Essas
potencialidades segundo os mesmo autores são baseadas em três pilares – fusão do
conhecimento organizacional e o Sistema de informação; adopção de uma infraestrutura de TIs flexível capaz de adaptar a mudanças de processo organizacionais;
uma efectiva ligação entre os recursos de SI/TI com obtenção de valor acrescentado
para as organizações.
O SIAC deverá assim proporcionar ganhos de eficiência na gestão dos
complexos processos da Universidade Jean Piaget nomeadamente: o de ensinoaprendizagem, os processos de suporte e fornecer informação aos órgãos de gestão
a nível do governo na Universidade.
A concepção de Sistemas de informação continua perante importantes desafios
a serem ultrapassados. São inúmeros os casos de Sistemas de informação que não
respondem às reais necessidades das Organizações que os adoptem. E isso apesar
dos avanços como nunca vistos em termos puramente tecnológicos. Facto é que na
sua maioria esses desafios, não são tecnológicos, mas sim a adequação e o
alinhamento entre Sistemas da Informação e a Organização. Poderemos destacar
factores que influenciam a concepção de Sistemas de informação como o meio
envolvente e a estrutura da Organização, a cultura Organizacional e seu tipo e
atitudes dos utilizadores que irão utilizar o Sistema (Laudon & Laudon, 2005).
Sendo no nosso caso a Organização uma Universidade, onde existem
processos de suporte á gestão organizacional, processos de suporte ao processo
85
Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo
Verde
ensino-aprendizagem, processos de apoio à decisão a nível dos órgãos do governo
da instituição, aumenta o grau de complexidade de um sistema de informação que
responda de forma adequada a todos os requisitos desses processos. Ou seja o
desafio de conseguirmos o Alinhamento entre os Processos da Organização com o
Sistema de Informação é ainda maior.
2.1. SIAC: contextualização, visão geral e objectivos
Contextualização
A Universidade Jean Piaget de Cabo Verde tem presentemente cerca de 1500
alunos, 107 docentes e 68 funcionários técnicos, administrativos e auxiliares. Em
fase de revisão da sua estrutura organizacional passará a ter, findo este processo de
reestruturação, uma estrutura departamental, organizando assim suas actividades de
ensino e investigação em Departamentos. Existem actualmente 27 cursos de
graduação, dos quais 19 estão activos.
Toda a comunidade académica tem acesso a recursos de Tecnologias de
Informação, estando permanentemente disponível ligação á Internet e outros
recursos partilhados na Intranet. Toda esta infra-estrutura é gerida por uma Unidade
organizacional especializada da Universidade. Esta unidade define políticas e
implementa soluções tecnológicas para dar suporte a todas as restantes unidades
organizacionais e a todos os diferentes membros da comunidade académica. Porém
faz isso a partir de uma perspectiva que se restringe ás necessidades de cada
unidade, ou de um grupo específico. Como forma de estudar as possibilidades de
optimizar a utilização por parte da comunidade académica, de toda a infra-estrutura
tecnológica existente, surge a ideia do projecto SIAC: implementar um sistema cujo
o objectivo geral é promover a gestão da informação académica com recurso a
meios de computação disponíveis para os docentes, alunos, funcionários, e órgãos
de governo da universidade
Objectivos
Os objectivos do Sistema de Informação Académico (SIAC) da Universidade
Jean Piaget de Cabo Verde são:
• Criar uma repositório de Informação que representa digitalmente toda a
informação relacionada com o funcionamento dos cursos Universidade.
• Fornecer ferramentas para exploração e navegação no espaço de
informação académica: alunos, cursos, disciplinas, áreas científicas,
departamentos, docentes, projectos de investigação, publicações, docentes.
• Promover a gestão académica assistida por computador e com recurso a
equipamentos de computação móvel (Telemóveis, PDAs) e distribuída
(Quiosques multimédia)
• Melhorar a comunicação dentro da Universidade
86
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
• Integração com Sistemas das Unidades Serviços Financeiros, Serviços de
Documentação e Plataforma de E-Learning.
Visão geral
Um dos aspectos que já foi referido sobre o projecto SIAC é a sua
complexidade devido a heterogeneidade dos diversos utilizadores no contexto
Organizacional da Universidade. Em inúmeros casos essa diversidade acaba
também por englobar entidades de diferentes unidades organizacionais; ou ainda
utilizadores com papéis bem distintos tal como docentes, alunos e por exemplo
pessoal afecto ao Serviços Académicos. Essa complexidade determinou que, por
um lado fosse necessário definir um modelo de como é produzido e de que modo é
acedido a informação representada digitalmente pelo SIAC. E por outro, como
integrar no SIAC subsistemas de Unidades Organizacionais diferentes mas com
ligação ao processo de ensino de modo que a informação produzida por cada
Unidade Organizacional seja disponibilizada e acessível a partir do SIAC.
Em relação a o que nós definimos como informação académico – informação
com interesse para o processo de ensino-aprendizagem na Unipiaget - há que
referir que existem entidades que nós designamos por produtores de informação e
entidades de designamos por utilizadores da informação. Naturalmente esses dois
grupos não serão mutuamente exclusivos. Servindo essa classificação para
definirmos aspectos que tem a ver com modularização do Sistema e perfis dos
utilizadores do mesmo.
Das Unidades cujos processos partilham informação ou dados com o SIAC,
temos o Serviços Financeiros e Sociais, responsável para implementação de todos
os processos organizacionais da área financeira na Universidade, tendo a referida
Unidade um Sistema autónomo denominado Primavera. Temos também os Serviços
de Documentação, responsáveis pela Mediateca da Universidade gerindo o acervo
bibliográfico com o Sistema denominado Bibliobase. Além disso a Universidade
utiliza um Sistema de Gestão de Aprendizagem através de Internet – Formare. Cada
um dos referidos Sistemas utilizam dados e informação de alunos, docentes e
funcionários, embora com perspectivas diferentes. De seguida, apresentamos
esquematicamente um visão geral do SIAC.
87
Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo
Verde
Figura 2 – SIAC, uma visão geral
O acesso e a partilha da Informação no SIAC é uma das questões que teve
alguma reflexão. Esta baseou-se no facto de se querer ter o máximo possível de
informação para toda a comunidade académica sem comprometer o formalismo, o
rigor e confidencialidade da informação quando necessários. Ou seja teríamos que
conjugar a acessibilidade, disponibilidade e distribuição de informação com
aspectos de segurança da mesma informação. Apresentava-se a Tecnologia Web
claras vantagens em relação aos aspectos referidos dai ter sido adoptado para a
implementação do SIAC.
2.2. SIAC, o estado actual
A Arquitectura do SIAC baseia-se no modelo da Arquitectura Three-Tier tal
como definido em (Williams e Lane, 2005), apresentando as componentes do
sistema em tês níveis:
1. Database-tier – Situado na base do sistema este nível contem o sistema de
gestão da base de dados adoptado bem como a Base de dados
propriamente dito.
2. Middle-tier. – Construído em cima do nível de dados, este nível contem a
implementação de toda a lógica computacional por detrás do SIAC.
3. Cliente-tier – Neste nível encontramos toda as componentes que definem a
interacção entre utilizadores os diferentes módulos aplicacionais
implementados.
88
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Pensamos ser esta a Arquitectura que melhor se adequa ao SIAC. Desde da sua
concepção que a questão de utilizadores diversificados, tanto em termos
organizacionais (alunos, funcionários, pessoal docente e investigador) bem como
em plataformas diversificadas como clientes do Sistema (Windows, Mac e Linux)
colocou-nos alguns desafios em termos da concepção do SIAC.
Em relação ao que constitui a lógica aplicacional do Sistema, também a
separação desta do Client-tier e Database-tier facilita a sua implementação de uma
forma modular e facilitará também a integração com outros sistemas. O Databasetier implementa o que é desejado num Sistema de informação, ou seja a separação e
independência completa dos dados, assegurando a possibilidade de resolver
questões da sua adaptação para novos Sistemas de Gestão de Base de Dados,
escalabilidade, e alteração nas características dos servidores sem comprometer todo
o sistema. Apresentamos na figura 3 esta Arquitectura.
Os dados do SIAC estão armazenados numa Base de Dados Relacional no
caso implementado com o SGBD MySQL.
Nesta base de dados estarão armazenados dados sobre:
• os planos curriculares dos cursos de graduação;
• as áreas científicas em que se agrupam as disciplinas dos cursos de
graduação;
• todo o corpo docente da universidade;
• alunos da universidade e respectiva evolução no curso;
• todos os espaços (e respectivas características) disponíveis para o
funcionamento dos cursos de graduação .
• o toda a informação inerente à organização e funcionamento dos cursos de
graduação (incluindo horários, turmas, pautas, etc…).
• distribuição de serviço docente
Figura 3 – Arquitectura do SIAC
89
Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo
Verde
A mesma informação é visualizada em Browsers como já foi referido, com a
parte dinâmica das páginas HTML produzidas com recurso à Linguagem PHP.
No estado actual do sistema é possível consultar toda a informação
relativamente a cursos de graduação. Nisso incluímos os planos curriculares de
todos os cursos de graduação disponibilizados pela Universidade. Essa consulta é
feita escolhendo o curso desejado a partir da qual é gerado o plano curricular do
respectivo curso podendo depois o utilizador navegar no espaço da informação
relacionado com o Curso: todas as disciplinas, descrição das mesmas incluindo
sinopse, número de horas, informação sobre a área científica á qual pertence, outros
cursos que a disciplina está. Para além disso informação sobre Coordenador do
Curso, Coordenador da Área Científica das disciplinas. Para os cursos activos
ligações para informação de horários de cada curso.
De referir que toda essa informação disponibilizada é utilizada actualmente
para por exemplo, planear a distribuição do Serviço docente, conceber os horários
de disciplinas para cada semestre.
Relacionado com a informação dos cursos e das respectivas disciplinas há
ainda um conjunto de dados resultantes da operacionalização dos mesmos. Ou seja
dados sobre aulas leccionadas tais como: sumários, planeamento de reposição de
aulas, alocação de salas e outros recursos para realização das mesmas aulas. Esses
elementos correspondem ao módulo actualmente em desenvolvimento que irão
disponibilizar todos os requisitos para suportar registos diversos tais como
sumários, momentos de avaliação de cada um das disciplinas dos cursos de
graduação, programas de disciplinas.
3. Dimensões Organizacional e Social do SIAC
Apresar de actualmente serem suportados pelas Tecnologias de Informação,
com as vantagens que dai se advém com uso de tecnologias avançadas nos Sistemas
de informação encontramos em autores como (Cook, 1996), (Laudon & Laundon,
2005) a preocupação em não dar atenção exclusiva às Tecnologias. Se em Cook
refere-se explicitamente à tendência de utilizar as TIs como panaceia para todos os
problemas do processamento de informação numa Organização; Laundon
argumenta que Sistemas de Informação são algo muito mais abrangentes que os
computadores e a Tecnologia em geral, preferindo falar em diferentes dimensões de
um Sistema de Informação. O autor refere mais concretamente a três dimensões de
um SI que segundo ele requerem um entendimento efectivo: dimensão
organizacional, dimensão tecnológica e dimensão de gestão. Aliás é como base
nesta sua visão multidimensional de SI que o mesmo autor propõe também
diferentes abordagens no estudo de um Sistema de Informação: a abordagem
técnica e a abordagem comportamental. A atenção dada de uma forma equilibrada
às duas abordagens permite que as tecnologias sejam úteis á Organização. Assim
90
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
sendo achamos necessário ter a perspectiva do SIAC baseado na Abordagem
comportamental, analisando aspectos que de certeza irão sofrer alterações ou
mesmo mudanças, em termos organizacionais.
Apoiado em estudos da Teoria Organizacional autores como Bilhim afirmam
que a introdução de um Sistema de Informação associa-se geralmente á mudanças:
na estrutura da organização; nos processos de trabalho; nas tarefas e nas pessoas
(Bilhim, 2004). Iremos portanto analisar aspectos do SIAC que poderão ser factores
que determinarão um uso efectivo pela comunidade académica da Universidade.
Dentro desses aspectos damos destaque a dois: Organização virtual e os aspectos
sociais relacionados com a utilização SAC.
Figura 4 – Diferentes Abordagens no estudo de um SI (fonte: Adaptado de
(Laudon & Laudon, 2005) )
3.1. Organização Virtual
Sendo os Sistemas de Informação á disposição das Organizações elementos
propulsores da nova forma de buscar eficácia na gestão das mesmas eles serão
também o que, á luz do conceitos de Sociedade de Informação, lhes permitem ter
uma dimensão que extravasa a existência real das mesmas Organizações. Este
conceito referido em (Laudon & Laudon, 2005) sublinha a ideia que os processos
de trabalho não estarão somente circunscritos á locais específicos, usando redes
para ligar pessoas, recursos e processos.
Referimos já à importância que actualmente é atribuída á Informação. Esta é
percebida não somente como tendo artefactos tecnológicos e soluções informáticas
que processam e armazenam dados, disponibilizado informação rapidamente, mas
também como sendo Sistemas capazes de adequarem os processos organizacionais
à forma como actualmente trabalhamos - cada vez mais baseando na informação
em-linha. Cada vez mais querendo ter a informação do local onde estamos e no
momento desejado tentando ignorar as distâncias e barreiras físicas. Entre esta
forma de trabalhar e o ambiente real de muitas Organizações por vezes há
desencontros.
No caso concreto da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde a forma como se
configuram certas tarefas administrativas e pedagógicas muitas vezes está desfasado
91
Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo
Verde
do meio Universitário. Neste, a rigidez dos processos burocráticos (muitas vezes
imprescindíveis) não acompanha, nem no tempo (processos demasiado lentos) nem
no espaço (necessidade de deslocações frequentes á diversos Serviços) à
perspectiva menos rígida que parte do pessoal afecto á Universidade (Pessoal
Docente e Investigador) propõe.
Pensamos pois que SIAC deverá ter um papel central na tentativa de
harmonizar o que é esperado da Organização como resposta ás necessidade dos
diferentes grupos (Pessoal Docente e Investigador, Funcionários, Discentes) com o
que se pode oferecer recorrendo aos meios tecnológicos disponíveis.
De facto isso só é possível nos casos em que toda a infra-estrutura tecnológica
de suporte abrange a extensão e as necessidades da Organização. No caso da
Universidade Piaget de Cabo Verde, pensamos que a infra-estrutura permite que
tenhamos essa percepção da Organização para além do que existe em termos
físicos.
Tal como está desenhado e planeado o SIAC irá dar á Universidade uma
dimensão virtual no sentido de que os vários processos organizacionais deixam de
ter somente um suporte físico ou de poderem ser realizados somente em presença
física das pessoas ou com deslocação aos respectivos Serviços. Desde tarefas
triviais do ponto de vista do docente (marcar uma aula extraordinária) mas com
implicações em termos de gestão de salas por exemplo. Passando por outras tarefas
administrativas como o registo formal de sumários até a processos mais delicados
(classificação de momentos de avaliação) pensamos que SIAC introduz a
possibilidade de harmonizar essa relação - centralização de processos versus
distribuição - sem pôr em causa as questões da rigidez formal muitas vezes
imprescindíveis.
3.2. Aspectos Sociais
Quando referimos à Sociedade de Informação devemos ter em conta também
os aspectos relacionados com o duplo efeito que as Tecnologias de Informação
podem ter. Os impactes em termos da sua adequação à uma utilização generalizada
dentro de uma Organização deverão ser analisados cuidadosamente. Aliás parte
importante de um Sistema de informação será sem dúvida as pessoas, que com o
seu mais ou menos compromisso com o sistema em questão podem determinar o
sucesso ou insucesso do mesmo.
Também é necessário ter em atenção as questões que se levantam em termos
das tecnologias que facilitam o aceso e utilização indevida à determinados dados
sensíveis em determinados contextos.
No caso concreto do SIAC a sua implementação traz também importantes
desafios, não só em termos tecnológicos mas também sociais e éticos. Talvez esses
desafios são ainda mais exigentes nesses aspectos (sociais e éticos) do que
puramente tecnológicos. Em termos de desafios sociais será importante estudar
como adequa-lo à tão diversificado número de utilizadores. Estaremos a falar de um
92
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
mesmo sistema para Pessoal Docente e Investigador, para Funcionários (onde se
inclui alguns especializados em determinadas áreas) e Discentes.
Em termos de questões de ética, se até agora por exemplo, todo o processo de
registo de sumários decorre em espaço físico próprio dos Serviços Académicos,
com o "controlo" feito por funcionários desse Serviço, com implementação do
SIAC propomos que o registo de sumário seja feita a partir de um qualquer
computador pessoal, teoricamente em qualquer espaço disponível para tal.
Em termos de registo de momentos de avaliação se até agora estes são
manuscritos, passarão a ser feitos por um módulo do SIAC, introduzindo um
aspecto novo: a possibilidade de má utilização do sistema, involuntariamente (por
deficiência de formação dos utilizadores por exemplo) ou não.
Embora conseguimos identificar esses aspectos e os vários desafios sociais que
SIAC traz porém não baseamos as nossas argumentações em estudos que possam
sustentar devidamente essas preocupações.
Portanto é necessário na nossa óptica dar atenção especial a este aspecto
tentando, por exemplo através de inquéritos, determinar quais seriam os vários
perfis de utilizadores do SIAC.
4. SIAC e a Integração com outros Sistemas
SIAC é um sistema que tem como foco suportar o principal processo
organizacional da Universidade: o processo ensino-apredizagem. Este directa ou
indirectamente está relacionado com todas as Unidades Organizacionais da
Universidade. Desde dos Órgãos de Governo da Universidade (Reitoria,
Administração) passando por diferentes Direcções de Serviços de Suporte (Serviços
Administrativos e Auxiliares, Serviços Financeiros e Sociais, Serviços de
Documentação), até aos Gabinetes autónomos para áreas específicas como Gabinete
de Estágios e Memória, Gabinete de Estudos e Planeamento. Vemos pois que SIAC
pretende suportar um dos processos da Universidade em que há responsabilidades
partilhadas por diferentes entidades. Logo em que será necessário troca e partilha de
informações, entre diferentes Unidades Organizacionais. Nestas, está implementado
Sistemas que suportam a gestão da Informação dos seus processos trabalho. Sendo
portanto vermos a concepção do SIAC de uma perspectiva de Integração de
diferentes Sistemas. No entanto qual o tipo de integração que mais se adequa á
Universidade Jean Piaget ? Pressupondo portanto diferenças entre os tipos de
integração que segundo (Mira da Silva, 2003), podem ser: integração orientado aos
dados, aos métodos; integração orientado aos processos, orientado ás interfaces,
integração orientado aos portais. O mesmo autor argumenta que a integração
orientada aos métodos é aquela que em termos tecnológicos é o mais correcto para
fazer qualquer integração.
Se atendermos que parte da informação académica em vários casos, é também
resultante de processos organizacionais de outras Unidades: por exemplo a forma
93
Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo
Verde
como os Serviços Administrativos e Auxiliares utilizam os dados de alunos, é parte
integrante da missão e objectivos desta Unidade Organizacional. Atendendo a esses
aspectos parece ser mais adequada a integração orientado aos métodos. Aquela em
que não pretendemos trocar dados entre os sistemas, mas sim obter remotamente
um serviço prestado por uma aplicação (Mira da Silva, 2003).
Querendo isso dizer, que haverá vários processos que não poderão ser
implementados no SIAC pois fazendo parte em termos organizacionais de uma
Unidades organizacional específica, só termos que ter meios para aceder á aplicação
que irá prestar o serviço pedido.
Figura 5 – Modelo de Integração SIAC e outros Sistemas
Assim sendo SIAC terá necessariamente uma vertente integradora de vários
Sistemas. Actualmente temos já exemplo de Sistemas como Formare, Bibliobase e
Primavera ambos trabalhando com a mesma entidade aluno sob diferentes
designações até, mas com os mesmos elementos de dados. Tentamos apresentar
com a figura 5 a ideia subjacente a tal vertente integradora do SIAC em termos da
informação académica na UniPiaget.
5. Conclusões
Não restam dúvidas que na Sociedade actual, com o avanço e desenvolvimento
continuo das Tecnologias de Informação, a adopção destas como suporte dos
processos organizacionais irá continuar nas mais diversas organizações incluindo as
Universidades. Tentamos apresentar com o artigo que há pontos chaves na adopção
de SI/TI no suporte à actividade académica que devem ser devidamente
identificadas.
A Universidade, enquanto Organização com necessidades e desafios em
termos do processamento de informação não deverá relegar para planos secundários
94
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
o estudo, concepção e implementação de um Sistema que se destina à gestão de um
importante processo organizacional - o processo de ensino-apredizagem. Este ao
contrário de um convencional processo tem uma abrangência que atravessa as
diferentes áreas funcionais da Universidade. Esta abrangência torna assim a
concepção de Sistemas de informação académico mais complexos.
No caso concreto da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde o Sistema de
Informação Académico (SIAC) constituirá uma ferramenta importante na
adequação dos recursos de TI aos objectivos e missão da Universidade. Porém a
informação académica tal como vimos tem diferentes intervenientes. Haverá
necessidade de envolver as diferentes Unidades Organizacionais e Órgãos do
governo da Universidade. Sem o compromisso destes últimos em fomentar a
utilização do Sistema e alterar em consonância os processos de trabalho poderá
haver sérios entraves à utilização efectiva do SIAC. Isso pelo facto de que grande
parte da informação académica fazer parte de processos administrativos que neste
momento só tem validade em papel muitos vezes manuscritos.
É necessário analisar devidamente os aspectos comportamentais que emergem
com a utilização generalizada do SIAC. Pensamos não só ser necessário sensibilizar
para a importância do Sistema, mas também fazer demonstrações e formação
específica para utilização do SIAC.
Referências
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Factores Determinantes na Adopção da
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Oliveira, Tiago 1, Fraga O. Martins, Maria do Rosário2
[email protected], [email protected]
1
Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação, Universidade Nova de Lisboa,
Campus de Campolide, 1070-312, Lisboa, Portugal
2
Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação, Universidade Nova de Lisboa,
Campus de Campolide, 1070-312, Lisboa, Portugal
Resumo: O objectivo deste estudo é o de explicar os factores determinantes
do período de adopção da Internet nas empresas portuguesas, usando dados
referentes a uma grande amostra de empresas. A análise é baseada no modelo
ordinal e epidémico de adopção de tecnologia. As variáveis explicativas
incluem: obstáculos à adopção de Tecnologias de Informação e Comunicação
(TIC), capital humano, experiência, efeitos epidémicos, dimensão da empresa
e sector de actividade. Os resultados da estimação revelam que as variáveis
são praticamente todas relevantes para explicar a adopção de TIC por parte
das empresas em Portugal.
Palavras-chave: determinantes na adopção; difusão da Internet; tecnologias de
informação e comunicação (TIC); probit ordenado.
1. Introdução
A difusão atempada de uma nova tecnologia e a sua adopção por parte das
empresas, é extremamente importante para promover o crescimento económico
(ver, por exemplo, Pilat & Lee, 2001)). Compreender os factores que determinam a
adopção de tecnologias é uma questão particularmente relevante, nomeadamente no
contexto da sociedade de informação.
O objectivo deste artigo é o de explicar empiricamente o timing de adopção de
Internet por parte de uma empresa.
Com esta finalidade, foi estimado um modelo de adopção de TIC com base nas
especificações mais usualmente utilizadas na literatura (Hollenstein, 2004).
Numa primeira fase, a análise é feita recorrendo a um modelo do tipo
hierárquico, que , ao explicar as diferenças no tempo de adopção, inter-empresas,
97
Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal
enfatiza as diferenças entre empresas relativamente à adopção da tecnologia que
resultam da heterogeneidade das empresas. Em segundo lugar, introduzimos o
factor ligado aos spillovers existentes entre utilizadores e não utilizadores. Este é o
elemento principal do “modelo epidémico” de difusão da tecnologia. De acordo
com a literatura empírica, os “efeitos hierárquicos” e os “efeitos epidémicos” são os
factores dominantes na explicação da adopção de novas tecnologias (ver, por
exemplo, Canepa & Stoneman, 2003).
Os dados utilizados neste trabalho referem-se ao inquérito sobre utilização de
TIC em Portugal. Temos ao nosso dispor informação específica das empresas sobre,
o período temporal de adopção de oito elementos tecnológicos, a proporção de
empregados que usa tecnologias específicas, o alcance de aplicação da Internet,
obstáculos à adopção de TIC, etc.. Além disso, temos informação referente a várias
características estruturais das empresas (dimensão, afiliação na indústria, etc.).
A organização do artigo é a seguinte: a Secção 2 é dedicada ao enquadramento
conceptual da análise empírica. A secção 3 fornece informação sobre a base de
dados, bem como uma descrição breve do percurso temporal de difusão das TIC no
sector empresarial português. A especificação do modelo e os resultados das
estimações são apresentados na Secção 4. Por fim, são tecidas algumas
considerações gerais e é feita uma conclusão.
2. Factores que Afectam a Adopção de TIC nas Empresas
Este capítulo irá basear-se nos estudos realizados por Hollenstein (2002, 2004)
onde é formulada uma equação explicativa da decisão de adoptar as TIC com base
num conjunto de factores que determinam a rentabilidade associada ao uso de uma
nova tecnologia.
De acordo com a organização conceptual geral proposta por Karshenas &
Stoneman (1995), a abordagem pertence à categoria de “modelos hierárquicos”,
enfatizando a heterogeneidade das empresas como determinante dos padrões de
difusão inter-empresa, apesar de levar também em conta, em certa medida, os
efeitos epidémicos.1
Ao longo das seguintes subsecções distinguimos alguns grupos de factores que
influenciam (positivamente ou negativamente) a decisão de uma empresa introduzir
TIC num determinado período de tempo e a intensidade da sua utilização.
2.1. Benefícios da Adopção
Uma primeira categoria de factores inclui um conjunto de benefícios ligados
ao uso da nova tecnologia, tais como: poupanças em input, ganhos gerais de
eficiência, maior flexibilidade, melhoria da qualidade do produto, etc..
1
Difusão de informação entre empresas.
98
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Benefícios que a adopção das TIC pode gerar:
• Redução das necessidades de capital (por exemplo, redução dos requisitos
de inventário);
• Poupança de trabalho em geral (através da automatização das transacções
internas) ou substituição de competências laborais especificas
(trabalhadores com qualificações baixas, pessoal das vendas, supervisores,
etc.);
• Aumento do uso eficiente de inputs em geral (acelerando processos
internos, facilitando a comunicação entre empregados e reduzindo os
custos de coordenação, etc.);
• Qualidade mais elevada do produto através da variedade do produto,
conveniência e serviços complementares.
Estas categorias de benefícios são enfatizadas, por exemplo, por Brynjolfsson
& Hitt (2000).
Esperamos que este conjunto de factores tenha um efeito positivo sobre a
decisão de adopção; o uso inicial e/ou intensivo de nova tecnologia é assim
favorecido.
2.2. Barreiras à Adopção
Uma segunda categoria de variáveis (que se relacionam negativamente com a
adopção) são as barreiras à adopção da nova tecnologia. Da literatura consultada,
identificamos cinco tipos principais de obstáculos:
• Custos de investimento e condições financeiras desfavoráveis (por
exemplo, preço elevado da tecnologia, limitações de liquidez, etc.);
• Restrições de capital humano (carência geral de trabalhadores altamente
qualificados, falta de especialistas em TIC, etc.);
• Barreiras de informação e conhecimento reflectindo, por exemplo,
incertezas relacionadas com o desempenho e o desenvolvimento das TIC;
• Barreiras organizacionais e administrativas (por exemplo, resistências à
nova tecnologia dentro da empresa; conhecimento insuficiente por parte
dos directores dos ganhos potenciais das TIC);
• Barreiras relacionadas com os custos de substituição suportados pelas
empresas para introduzir a nova tecnologia.
2.3. Capacidade de Absorver Conhecimento e Experiência
A capacidade da empresa para absorver conhecimento de fontes externas e
explorá-lo para as suas próprias actividades inovadoras é outra grande determinante
do desempenho (ligado à inovação) em geral, e da tecnologia em particular. Há
sobretudo dois aspectos a realçar relativamente à capacidade de uma empresa para
absorver novas tecnologias:
• A capacidade global da empresa para avaliar oportunidades tecnológicas
nos (ou à volta dos) seus campos de actividade em termos de produtos e
99
Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal
técnicas de produção, o que depende principalmente do capital humano e
cognitivo (Cohen & Levinthal, 1989).
• Os efeitos de aprendizagem podem surgir de utilizações anteriores das TIC
ou de um predecessor de um elemento específico das TIC. Provas da
importância dos efeitos de aprendizagem são apresentados, por exemplo,
por Colombo & Mosconi (1995), McWilliams & Zilberman (1996); para o
caso das TIC, ver por exemplo Yap, Soh & Raman (1992).
Ambos os elementos da capacidade de absorção devem estar relacionados
positivamente com o uso inicial e intensivo das TIC.
Hollenstein (2002) concluiu que o capital humano e cognitivo correlaciona-se
fortemente com a adopção das TIC. Gretton, Gali, & Parham (2002) concluíram que
o nível educacional do decisor apresentava uma correlação positiva e significativa
com a adopção de computadores.
2.4. Modelo Epidémico (spillovers)
Enquanto os aspectos da capacidade de absorção se relacionam
especificamente com condições internas, o modelo epidémico de difusão da
tecnologia enfatiza fugas de informação de utilizadores para não utilizadores
(“aprendizagem externa”) de uma forma mais geral; vários estigmas desta
abordagem são discutidos, por exemplo, em Geroski (2000). O modelo epidémico
afirma, basicamente, que a propensão de uma empresa para adoptar uma tecnologia,
num dado momento do tempo, é influenciada positivamente pelo grau presente (ou
retardado) da sua difusão na economia como um todo, ou pela proporção de
adoptantes na indústria ou sector aos quais a empresa específica pertence. Muitos
estudos empíricos mostram que os efeitos epidémicos são condutores poderosos da
adopção de tecnologia (por exemplo, o estudo comparativo transnacional de Canepa
& Stoneman, 2003).
Hollenstein (2002) concluiu que os efeitos epidémicos, isto é, as passagens de
informação entre empresas, são mais importantes no caso das pequenas empresas.
2.5. Dimensão e Idade da Empresa
A dimensão e a idade da empresa são duas variáveis explicativas usadas na
maioria dos estudos sobre o comportamento da adopção (vide Karshenas &
Stoneman, 1995 e Gretton, Gali, & Parham., 2002).
Quando à dimensão da empresa, é possível argumentar que as de grande
dimensão têm vantagens no que diz respeito à capacidade de absorver riscos
relacionados com o desenvolvimento de tecnologia, economias de escala, acesso
preferencial a mercados de capital, etc. (Davies, 1979). Desta forma, é de esperar
que a dimensão da empresa se relacione positivamente com a adopção inicial e com
a intensividade. Gretton, Gali & Parham (2002) concluiu que a dimensão das
empresas (número de empregados) e o uso de computadores apresentam uma
relação positiva e significativa em todos os sectores. Gretton, Gali, & Parham
100
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
(2004) concluiu para a Austrália que os utilizadores mais antigos e mais intensivos
de TIC e da Internet tendiam a ser grandes empresas com gestores e trabalhadores
competentes.
Relativamente à idade da empresa, os argumentos teóricos não são
conclusivos. Um impacto positivo na adopção, no caso de empresas mais antigas,
reflectindo experiência (tecnológica) específica, pode ser balançado por efeitos
negativos para esta categoria de empresas devido a custos de ajustamento mais
baixos em companhias mais recentes. Dunne (1994) concluiu que o impacto da
idade na probabilidade de adoptar tecnologias avançadas é bastante pequeno.
2.6. Competição
A adopção das TIC pode ser afectada por condições de mercado (do produto)
sob as quais as empresas estão a operar, particularmente a pressão competitiva a
que estão expostas. Nos mercados onde a competição é mais feroz, pode esperar-se
que as elasticidades de procura sejam mais elevadas devido à existência de
substitutos próximos, conduzindo assim as empresas à actividade inovadora ou à
adopção rápida da tecnologia (vide, por exemplo, Majumdar & Venkataraman,
1993; Arvanitis & Hollenstein, 1994; Arvanitis & Hollenstein, 2001).
2.7. Oportunidades Tecnológicas e Perspectivas de Mercado
Alguns trabalhos teóricos e empíricos mostraram que as perspectivas de
mercado e as oportunidades são factores importantes na determinação da actividade
inovadora (ver o inquérito de Cohen, 1995 e Arvanitis & Hollenstein, 1994)). Uma
vez que, do ponto de vista da empresa, a adopção das TIC é uma inovação,
esperamos que as perspectivas de mercado favoráveis e as oportunidades
tecnológicas elevadas exerçam um impacto positivo também no caso da adopção.
3. Dados e Difusão das TIC em Portugal
3.1. Dados
Os dados que vamos utilizar foram disponibilizados pelo INE e retratam as
empresas no ano de 2002. A base de dados empresarial utilizada na nossa análise
resulta do INQUÉRITO À UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS EMPRESAS (IUTICE), realizado pelo
Instituto Nacional de Estatística (INE) em colaboração com o Observatório da
Ciência e do Ensino Superior (OCES) e com a unidade de Missão Inovação e
Conhecimento (UMIC), e resulta informação relativa a 488 empresas.
A amostra é constituída por empresas do sector da indústria de transformação
(33,7%), do sector do comércio por grosso e retalho (32,4%), do sector de
101
Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal
alojamento e restauração (2,3%), do sector de transporte armazenagem e
comunicação (8,4%) e do sector de actividades imobiliárias, alugueres e serviços
(19,3%). A amostra não é representativa da população, como tal os resultados são
válidos para empresas com estas características.
Os nossos dados apresentam algumas limitações, pois não temos informação
para alguns tópicos com importância enfatizada na literatura, tais como: benefícios
de adopção, competição, oportunidades tecnológicas e perspectivas de mercado.
3.2. Difusão das TIC em Portugal
A Tabela 1 contém informação sobre o percurso temporal da adopção de oito
elementos das TIC nas empresas portuguesas. O nível de difusão em 2002
(percentagem de empresas que usam uma tecnologia no ano 2002) e a velocidade de
difusão (aumento de percentagem de empresas que usam um certo elemento das
TIC no período 1996-2002) variam enormemente entre estas tecnologias.
A Internet e o e-mail eram usados por uma pequena fracção de empresas em
1996, mas esta percentagem aumentou, apresentando em 2002 elevadas
percentagens de utilização (no entanto, abaixo da média europeia (Fraga & Oliveira,
2005)). A velocidade de difusão terá tendência a abrandar para estes elementos das
TIC, reflectindo principalmente o alto nível de difusão. Nos próximos anos, a
difusão tomará assim lugar principalmente dentro e não entre empresas (intensidade
de adopção).
Tabela 1. Difusão de tecnologias de informação e comunicação (TIC) (precentagem de
empresas que adoptaram elementos específicos de TIC
Nível de difusão (%)
102
1996
1999
2002
E-mail
6,5
35,2
68,9
Internet
5,9
34,5
71,8
Intranet
3,1
17,9
36,0
Extranet
1,0
6,9
15,0
EDI
2,7
8,0
13,5
Wap
0,1
0,1
0,9
LAN
12,1
21,4
27,4
WAN
3,3
7,8
10,7
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Fonte: INE, cálculos próprios
A caracterização dos vários elementos da tecnologia de acordo com os critérios
“nível de difusão” e “velocidade de difusão” leva ao mapeamento seguinte: as
tecnologias com um alto nível de difusão são: a Internet, o e-mail (velocidade muito
alta); os elementos das TIC com o nível de difusão médio baixo são a intranet
(velocidade muito alta) e LAN (velocidade alta); as tecnologias com um nível de
difusão baixo são Extranet, EDI (velocidade alta) e LAN (velocidade baixa); e,
finalmente, a tecnologia com um nível de difusão mais baixo é WAP.
Hollenstein (2004) apresentou um estudo análogo da difusão de TIC para as
empresas suíças. Comparando ambos os estudos, podemos concluir que o nível de
difusão das empresas suíças é muito superior ao das empresas portuguesas. Quanto
à velocidade de adopção, as empresas portuguesas em geral apresentam uma
velocidade superior. Isto deve-se ao facto de as empresas portuguesas começarem a
adoptarem elementos TIC posteriormente as empresas suíças.
Comparando com outros países, a difusão das TIC nas empresas portuguesas é
baixa: Portugal surge no grupo de países europeus de adopção mais lenta (OCDE,
2003).
Segundo Fraga & Oliveira (2005), existem 5 grupos distintos de empresas, com
características específicas no uso de TIC. Por um lado existe um conjunto de
pequenas empresas, essencialmente do sector da indústria, que não usam TIC e têm
uma baixa capacidade tecnológica. Por outro (em oposição), existe um grupo de
grandes empresas, essencialmente do sector financeiro, que têm elevada capacidade
tecnológica e fazem elevados investimentos em TIC. Ainda segundo Fraga &
Oliveira (2005), o uso de TIC em Portugal varia significativamente consoante o
sector económico.
4. Especificação do Modelo e Resultados Empíricos
4.1. Especificação do modelo
Para atingir as metas propostas neste estudo iremos estimar um modelo para o
período temporal de adopção da Internet (INTERNET).
Nos nossos dados temos informação sobre a difusão de oito elementos das TIC
(e-mail, Internet, Intranet, Extranet, EDI, Wap, LAN, WAN) (ver Tabela 1). Com
base nesta informação, construímos variáveis que retratam o tempo de adopção da
Internet (INTERNET). A variável INTERNET é especificada com quatro níveis de
resposta, que são: valor 3 (y=3), para o período de adopção mais antigo (até 1996),
valor 2 (y=2), quando a empresa adoptou entre 1997 e 1999; valor 1 (y=1), quando
103
Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal
a empresa adoptou entre 2000 a 2002; e, por último, valor 0 (y=0), para empresas
que não adoptaram a Internet até 2002.
A tabela 2 dá uma visão global sobre a escolha das variáveis que reflectem os
vários grupos de factores que se presumem determinar a difusão da Internet:
• O primeiro grupo de variáveis refere-se à percentagem de empresas que
respondem não sabe a 8 barreiras/dificuldades (BARR), no que respeita à
utilização de TIC em geral. O desconhecimento destas barreiras devem
levar a uma adopção tardia de Internet. A forma como especificámos
obstáculos de adopção envolve um problema. Os dados disponíveis para a
análise referem-se apenas a um ano, 2002. Como consequência, adopções
ocorridas antes desse período, numa interpretação estrita, são explicadas
por expectativas formadas posteriormente. Dada a natureza transversal dos
nossos dados, não há basicamente solução para este problema. Desta
forma, temos de pressupor que os objectivos e as barreiras à adopção têm
sido relativamente estáveis ao longo do tempo.
104
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Tabela 2. Modelo de adopção da Internet: especificação das variáveis explicativas
Variável
Favorece a
adopção
inicial de
Internet
Descrição
Obstáculos à adopção da Internet
BARR
Percentagem de respostas não sabe a 8
barreiras/dificuldades, no que respeita à utilização de
TIC em geral
Não
Capital humano, capacidade de absorção
EDUC
Percentagem de trabalhadores com habilitações
superiores (%)
Sim
NPS_DESE
NV
Pessoal ao serviço afecto
desenvolvimento em 2002
Sim
à
investigação
e
Experiência
EDI
EDI já utilizado em 1999
Sim
Efeitos epidémicos
EPIDINT
Percentagem de empresas (%) com uso de TIC acima
da média em 1999 no sector que a companhia
pertence
Sim
Dimensão e idade da empresa
NPS
Três variáveis dummy baseadas no número de
trabalhadores: 10-49, 50-249, mais de 249
trabalhadores (grupo de referência: empresas com
10-49 trabalhadores)
DATA_INI
C
Idade da Empresa em 2002
Sim
Não e sim
Tipo de indústria
CAE
5 variáveis dummy: indústria transformadora,
comércio por grosso e retalho, alojamento e
restauração, transporte armazenagem e comunicação
e actividades imobiliárias, alugueres e serviços
(grupo de referência: alugueres e serviços)
Não e sim
• Espera-se que a capacidade de absorver conhecimento externo esteja
positivamente relacionada com o período inicial de adopção. É
representada por duas variáveis que medem a disponibilidade de capital
humano e de conhecimento: a proporção de trabalhadores com
105
Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal
qualificações ao nível superior (EDUC) e o número de trabalhadores na
empresa que se dedicam à investigação e desenvolvimento
(NPS_DESENV). São medidas gerais da capacidade da empresa de avaliar
as oportunidades tecnológicas e usar conhecimento externo para
actividades inovativas próprias.
• Num enquadramento transversal, não é fácil encontrar variáveis adequadas
para medir a aprendizagem a partir do uso prévio de Internet. Assim
sendo, explorámos o papel da experiência apenas no caso específico em
que gerações antigas e modernas de tecnologia estão claramente ligadas.
Mais especificamente, é expectável que a experiência com “Trocas
Electrónicas de Dados” medida pela variável EDI (adopção de EDI até
1997 sim/não), favoreça a adopção inicial de Internet.
• Os efeitos epidémicos (EPIDINT) são representados pelo nível de difusão
das TIC ao nível do sector em 1997, ou seja, os efeitos epidémicos
referem-se à percentagem de empresas que usam TIC mais intensivamente
(medida pelo número de elementos das TIC usados) que a média das
empresas. Espera-se que esta variável favoreça a adopção inicial de
Internet.
• A dimensão da empresa (NPS), é representada por variáveis referentes a
três classes de dimensão baseadas no número de trabalhadores. As
pequenas empresas (10 a 49 trabalhadores) são usadas como grupo de
referência. Espera-se que empresas maiores adoptem mais cedo Internet.
• Os argumentos teóricos sobre a Idade da empresa em 2002 (DATA_INIC),
como vimos no capitulo 2.5., não são conclusivos quanto a esta variável
favorecer ou não a adopção inicial.
• O tipo de sector (CAE), é representado por seis variáveis qualitativas
referentes a: indústria transformadora, comércio por grosso e retalho,
alojamento e restauração, transporte armazenagem e comunicação e
actividades imobiliárias, alugueres e serviços. Como grupo de referência
utilizou-se o sector de alugueres e serviços.
Assim sendo, o modelo é especificado da seguinte forma: y é a variável
dependente que pode tomar os valores 0, 1, 2 e 3; x é o conjunto de variáveis
explicativas. Pretende-se saber qual o efeito de x sobre o comportamento de y e se
esse efeito é ou não estatisticamente significativo. Para tal utilizou-se um probit
ordenado2, que é um método apropriado quando as variáveis dependentes são
medidas numa escala ordinal (no caso presente: quatro níveis de resposta).
4.2. Resultados empíricos
Inicialmente estimámos o modelo com todas as variáveis explicativas.
Verificámos que a variável DATA_INIC, não era estatisticamente significativa.
Este resultado era de esperar, pois no capitulo 2.5. tínhamos visto que os
2
Para ver o probit ordenado em detalhe Long (1997)
106
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
argumentos teóricos não eram conclusivos quanto à inclusão desta variável no
modelo. Por estes motivos, resolvemos retirá-la do nosso modelo.
O modelo construído recorre a uma regressão latente, onde β apresenta sinal
negativo:
(4.1.)
y* = -β’x + ε. 3
Desta forma, as estimativas do efeito marginal têm sinal contrário às esperadas
do ponto de vista teórico.
Tabela 3. Período de adopção de INTERNET (estimação pelo probit ordenado)
Período temporal de adopção de Internet
Variáveis
Coeficiente
estimado (-β)
Desvio padrão
Termo constante 1
1,6781
0,1329
Termo constante 2
3,3938
0,1537
0,0061
0,0026
Obstáculos de adopção
BARR
Capital humano, capacidade de absorção
EDUC
-0,0211
0,0034
NPS_DESENV
-0,0375
0,0145
-0,2222
0,0621
-0,0364
0,0039
NPS_2
-0,2138
0,0838
NPS_3
-0,2855
0,0869
CAE1
0,1035
0,0702
CAE2
0,2555
0,0719
CAE3
0,1421
0,1544
CAE4
-0,012
0,0991
Experiência
EDI
Efeitos Epidémicos
EPIDINT
Dimensão da empresa
Sector de Actividade
N (488)
3
Este é o procedimento usualmente utilizado pelo software SAS.
107
Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal
Para um nível de significância de 5%, todas as variáveis são estatisticamente
significativas com excepção das variáveis: CAE1, CAE3 e CAE4.
Onde x é um matriz com 1’s na primeira coluna e β é um vector coluna dos
coeficientes estruturais em que o primeiro elemento é termo constante (β1). Como
y* não é observado (variável latente), a especificação do modelo é a seguinte:
⎧0, se -∞ = µ0 ≤ y* ≤ µ1
⎪
⎪1, se µ1 < y* ≤ µ2
y=⎨
⎪2, se µ2 < y* ≤ µ3
(4.2.)
⎪
⎩3, se µ3 ≤ y* ≤ µ4 = ∞
em que µ1, µ2 e µ3 são parâmetros de corte, que é uma forma de censurar os dados.
Assim se uma empresa ainda não adoptou Internet até 2002 (y=0), se uma empresa
adoptou Internet entre 2000 a 2002 (y=1), se uma empresa adoptou Internet entre
1997 e 1999 (y=2), se uma empresa adoptou Internet até 1996 (y=3).
Na tabela 3 apresentamos os resultados obtidos para o modelo período
temporal de adopção de Internet sem a variável DATA_INIC. Como podemos
constatar, quase todas as variáveis explicativas são estatisticamente significativas. O
ajuste global do modelo é satisfatório. O núcleo do nosso modelo empírico de
adopção é assim confirmado.
Com base na tabela 3, apenas podemos concluir se as variáveis explicativas
são ou não estatisticamente significativas, mas nada podemos afirmar sobre o
impacto destas para cada classe ordinal da variável dependente4. Para completar
esta análise, apresentamos seguidamente uma interpretação exaustiva para os
parâmetros estimados, com objectivo de compreender o impacto previsto de cada
variável explicativa na variável dependente.
Efeitos de cada variável na probabilidade prevista
Para cada uma das variáveis quantitativas foi estimado o seu efeito sobre as
probabilidades esperadas quando a empresa: não adoptou Internet até 2002 (y=0);
adoptou entre 2000 a 2002 (y=1); adoptou entre 1997 e 1999 (y=2); adoptou antes
de 1997 (y=3). Mantivemos constante a média para todas as variáveis com
excepção da variável em análise. Apresentamos esta análise para todas as variáveis
quantitativas, como podemos observar na figura 1:
• à medida que a percentagem de respostas não sabe a 8
barreiras/dificuldades (BARR) aumenta, maior é a probabilidade da
empresa não ter adoptado Internet até 2002 (y=0), ou ter adoptado de 2000
a 2002 (y=1). A probabilidade da empresa ter adoptado Internet de 1997 a
1999 (y=2) e ter adoptado até 1996 (y=3), está inversamente relacionado
Temos de ter muito cuidado com a interpretação de coeficientes neste modelo.
Para além disso, sem muitos cálculos auxiliares, é pouco claro se os coeficientes do
modelo probit ordenado poderão ser interpretados (Greene, 2000).
4
108
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
com o aumento de BARR. Podemos concluir que quanto maior for a
percentagem de respostas “não sabe classificar a importância de 8
obstáculos à adopção das TIC”, menor será a probabilidade de estas terem
adoptado a Internet numa fase inicial.
• quanto maior a percentagem de trabalhadores com formação superior
(EDUC) e maior número de pessoas que se dedicam à investigação e
desenvolvimento (NPS_DESENV), as probabilidades previstas
apresentam o seguinte comportamento: diminui ligeiramente a
probabilidade da empresa não ter adoptado Internet até 2002 (y=0);
diminui a probabilidade da empresa ter adoptado Internet de 2000 a 2002
(y=1); diminui a probabilidade da empresa ter adoptado Internet de 1997 a
1999 (y=2); aumenta a probabilidade da empresa ter adoptado Internet até
1996 (y=3). Podemos concluir que quanto mais qualificados forem os
trabalhadores de uma empresa maior a probabilidade dessa empresa ter
adoptado a Internet numa fase inicial (há mais tempo).
ED U
B ARR
0,8
0,8
0,6
0,6
0,4
0,4
0,2
0,2
0
0
0
10
20
30
y=0
40
50 6 0
(%)
y=1
70
80
90
10 0
0
10
20 30
40
50 60
70 80
90 100
(%)
y=2
y=0
y=3
N P S _ D ES EN V
y=1
y=2
y=3
E P ID IN T
1
0,8
0,8
0,6
0,6
0,4
0,4
0,2
0,2
0
0
0
10
y=0
20
30
y=1
40
(Nº)
50
y=2
60
y=3
70
37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59
y=0
(%)
y=1
y=2
y=3
Figura 1. Gráfico da probabilidade prevista, para as variáveis BARR, EDUC, NPS_DESENV
e EPIDINT sobre o período temporal de adopção de Internet
109
Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal
• quando maior for a difusão da informação dentro do sector (EPIDINT),
menor a probabilidade da empresa não ter adoptado Internet até 2002
(y=0), ou ter adoptado de 2000 a 2002 (y=1). A probabilidade da empresa
ter adoptado Internet de 1997 a 1999 (y=2) e ter adoptado até 1996 (y=3)
aumenta com o aumento dos EPIDINT. Podemos assim concluir que o
aumento dos EPIDINT favorece a adopção inicial de Internet, como seria
de esperar.
Efeitos de mudanças discretas
Na tabela 4 são apresentadas os efeitos de uma variação discreta de x sobre o
comportamento de P(y=0), P(y=1), P(y=2) e P(y=3). Como se pode facilmente
constatar:
• As empresas de maior dimensão exibem uma propensão mais elevada para
adoptar Internet, (uma análise aprofundada do papel que a dimensão da
empresa desempenha nas decisões de adopção é apresentada em
Hollenstein (2002)). Por exemplo, podemos constatar que uma empresa de
grande dimensão (NPS3) face a uma empresa de média dimensão (NPS2)
apresenta uma probabilidade superior em 0,016 de ter adoptado Internet
até 1996 (y=3);
• As empresas que têm maior experiência na utilização anterior de
tecnologias (EDI), face às que não têm, apresentam uma maior
probabilidade de adoptarem inicialmente Internet. Por exemplo, uma
empresa que tem EDI (EDI1), comparativamente a uma empresa que não
tem EDI (EDI2), apresenta uma probabilidade inferior em 0,006 de não ter
adoptado Internet até 2002 (y=0).
Podemos concluir que, as variáveis EDUC e NPS_DESENV apresentam maior
média em valor absoluto de efeitos marginais em mudanças discretas ( ∆ ). Estas
variáveis são claramente as que apresentam maiores efeitos no período temporal de
adopção de Internet.
Tabela 4. Mudanças discretas nas probabilidades previstas, no período temporal de adopção
de Internet
∆
y=0
y=1
y=2
y=3
NPS3 → NPS2
0,012
-0,002
-0,022
0,008
0,016
NPS3 → NPS1
0,050
-0,011
-0,089
0,045
0,055
NPS2 → NPS1
0,038
-0,008
-0,068
0,037
0,039
Variável
EDI1 → EDI2
0,037
-0,006
-0,067
0,025
0,048
BARR
∆Intervalo
0,114
0,036
0,192
-0,138
-0,090
EDUC
∆Intervalo
0,327
-0,025
-0,353
-0,276
0,655
110
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
NPS_DESENV
∆Intervalo
0,406
-0,014
-0,286
-0,513
0,813
EPIDINT
∆Intervalo
0,136
-0,034
-0,239
0,130
0,143
5. Conclusões
Recentemente, a nova Economia tem sido uma das áreas que mais se tem
desenvolvido no contexto da investigação económica. As três TIC que mais atenção
têm recebido na literatura são: os computadores pessoais, a Internet e o comércio
electrónico. Estas tecnologias apresentam 3 características que as distinguem de
outro tipo de tecnologias. Por um lado, a sua difusão é feita ao nível da economia
como um todo. Por outro, são tecnologias que apresentam um potencial elevado
para a inovação. E finalmente, estas proporcionam inovações em bens
complementares.
Estudos recentes tem demonstrado que a utilização de TIC (nomeadamente
Internet e computadores) melhora a performance das empresas.
Sendo Portugal um dos países com menor produtividade da UE, e verificandose que a adopção da Internet ainda é relativamente lenta, torna-se fundamental
avaliar os factores determinantes desta adopção. Só assim será possível delinear
politicas de incentivo à utilização da Internet por parte das empresas.
Este trabalho permitiu-nos identificar 4 factores cruciais, determinantes da
adopção da Internet em Portugal: o capital humano, os spillovers da informação, a
experiência com tecnologias e a dimensão da empresa.
Estas conclusões significam que não basta incentivar a instalação da Internet
nas empresas. É necessário que existam trabalhadores qualificados que saibam tirar
partido da sua utilização.
Finalmente, verificamos que, como seria de esperar, a experiência com
utilização anterior de tecnologias e a dimensão da empresa servem de alavanca e
proporcionam uma adopção atempada deste tipo de TIC.
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Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal
114
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 115
Uma Abordagem sobre a Utilização de
Tecnologia da Informação nas Empresas de
Serviços Contábeis em Recife
Prof. Dr. Aldemar de Araújo Santos1, Márcio Henrique Barbosa Maciel de Sousa2,
Mário Hermínio Girard3, Prof. Dr. Claus Kaldeich4
[email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
1
Centro de Ciências Sociais Aplicadas
Universidade Federal de Pernambuco
Av. dos Economistas, s/n
Cidade Universitária – Recife – Pernambuco – Brasil
Abstract: In the current days, more and more, applications of new
technologies play a significant role in the enterprises improving the
relationships with customers, suppliers and markets. The whole economy is
changing by applications of new technologies. In this context also the
accounting and auditing firms have to redefine their strategies to improve the
relationship with their customers, to reduce costs, to optimize business
processes, to provide important data to customers and so on. This paper will
present the results of a study aiming to achieve a overview (in sense of a
snapshot) of the IT structures, as well as the future IT needs, of these firms
(accounting firms). The achieved results are based on questionnaires applied
to the ten biggest accounting firms in Recife (Pernambuco, Brazil). These
questionnaires were made based on the theoretical references of the Brazilian
accounting standards and how these accounting firms applying the new
technologies were able to satisfy the requirements of their customers
concerning their structures and needs of information. Only five of the ten
accounting firms answered the questionnaire and the achieved results showed
that despite these firms apply the IT the use/application of database systems
and communications technologies are inadequate and insufficient.
Keywords: accounting systems, accounting services, information
technologies, information systems.
115
Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de
Serviços Contábeis em Recife
Resumo: Vivendo em um ambiente de mudança, concorrência e
desenvolvimento acelerado que novas tecnologias impõem às empresas,
ocorre fortes interações entre as organizações e seus clientes. Nesse contexto,
as empresas de serviços contábeis fornecem informações que são
fundamentais para a definição de cenários e estratégias. Portanto, as firmas de
serviços contábeis devem integrar-se com o novo ambiente dos negócios, o
que deve ocorrer, inicialmente, em seus procedimentos internos visto que a
informatização pode reduzir custos e tempo de resposta das inter-relações que
a empresa desenvolve no seu dia-a-dia. Desta forma, esta pesquisa procurou
mostrar qual será a estrutura de TI utilizada nas empresas de serviços
contábeis da cidade de Recife, estado de Pernambuco (Brasil), observada a
importância desta estrutura para o negócio e a utilidade da informação para
seus clientes. Foi elaborado um questionário baseado num referencial teórico
e encaminhado às dez maiores empresas de serviços contábeis de Recife, das
quais apenas cinco responderam. Os resultados evidenciaram que as empresas
contábeis utilizam recursos adequados de software e hardware, entretanto, há
necessidade de aperfeiçoar a utilização das tecnologias de banco de dados (:
bases de dados) e telecomunicações, para melhorar a integração com seus
sistemas de informação (SI), e assim atenderem melhor a seus clientes.
Palavras-chave: Serviços Contábeis; Sistemas de Informação,
Tecnologia da Informação.
1. Introdução
Vivemos num ambiente em constante mudança, concorrência, e
desenvolvimento acelerado de novas tecnologias, que impõem às empresas uma
interação forte entre mercado e conhecimento. Portanto, é necessário tomar
decisões ousadas e rápidas devido ao risco inerente à continuidade dos negócios.
Os prestadores de serviços de contabilidade fornecem informações às
empresas, as quais são fundamentais para definição de cenários e estratégias.
Laudon e Laudon (2004), alertam que as empresas sejam industriais, comerciais,
serviços ou empresas digitais, terão de ajustar-se ao novo ambiente dos negócios, e
tal integração deve ocorrer em seus procedimentos através das informações
compartilhadas entre estes, o que pode reduzir custos e tempo de resposta nas interrelações que a empresa desenvolve. As informações produzidas nas empresas de
serviços de contabilidade são matérias-primas essenciais para as organizações
(clientes), que desejam se inserir ou já se encontram instaladas no mercado.
Fornecedores de informações econômicas, financeiras e operacionais, as empresas
contábeis devem possuir uma estrutura de Tecnologia de Informação (TI) e
Sistemas de Informação (SI) adequadas para oferecer informações úteis e
oportunas. As organizações de grande porte que possuem estruturas próprias de SI,
são conhecedoras desta necessidade e tentam ao máximo, adquirir software, dotar
esses sistemas com o que existe de atual em termos das TI.
As empresas de pequeno e médio porte, em sua maioria, por questões de custo
não podem ter seus próprios sistemas informatizados e recorrem às prestadoras de
serviços de contabilidade. Há de se imaginar que as empresas de serviços de
contabilidade que dispuseram de maiores recursos de TI prestam serviços mais
116
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
adequados e de melhor qualidade aos seus clientes. Portanto, este estudo procura
responder ao questionamento: qual é a estrutura de TI utilizada nas empresas de
serviços contábeis situadas em Recife, observada a importância desta estrutura
para seu negócio e o fornecimento da informação a seus clientes?
2. Objetivos
Avaliar a estrutura de TI/SI utilizada pelas empresas de serviços contábeis na
cidade de Recife. Objetivos específicos:
• Identificar as bases conceituais de TI/SI nas empresas de serviços
contábeis;
• Identificar quais os elementos de TI/SI que dão suportes às empresas;
• Identificar a estrutura de TI/SI utilizada nas empresas de contabilidade.
3. Metodologia
Para melhor ilustrar esse questionamento foi necessário uma breve revisão
conceitual de TI e SI, bem como, elaborar uma pesquisa exploratória indutiva, com
a finalidade de indicar a estrutura de TI/SI utilizada pelos 10 maiores escritórios de
contabilidade, com relação à quantidade de clientes na cidade de Recife,
apresentado pelo SESCAP-PE (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das
Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estudo de
Pernambuco). Foi elaborado um questionário e enviado por fax para as empresas de
serviços contábeis responderem.
4. Referencial Teórico
A informática contribui muito para as ciências modernas, mas contribuiu
decisivamente com a ciência contábil, no sentido de estruturar as bases para o
tratamento automático e racional das informações através de computadores. Assim:
“Valendo-se das questões relacionadas com a informática e com a
cibernética é possível resgatar os elementos básicos e estruturais que permitem a
compreensão mais apropriada dos aspectos de tecnologia da informação.”
(CORNACHIONE Jr., 2001, p. 111).
Cornachione Jr (2001), acrescenta que a TI está relacionada à forma como o
homem reflete suas próprias potencialidades através de uma estrutura eletrônica de
processamento de dados (Computadores). Afirma ainda, que a TI é um domínio que
contém todo e qualquer recurso e solução computacional que visa suportar e
melhorar o processo de informação; seus objetos de estudo serão todos os
elementos disponíveis com a finalidade de corroborar e suportar as fases pelas quais
perpassa a informação.
117
Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de
Serviços Contábeis em Recife
Convêm ressaltar que a informação possui valor relativo, pois uma informação
pode ser saída para um sistema e dado para outro. Para Santos (2003) informação,
é o significado atribuído aos dados valendo-se de símbolos convencionados. Para
Furlan (1994), quando se fala em TI não se fala apenas em computadores, mas em
toda a forma de gerar, armazenar, veicular, processar e reproduzir a informação.
Desta forma, a tecnologia pode utilizar meios para:
• Armazenar informações: papel, arquivos, fichários, fitas magnéticas, CD e
DVD;
• Veicular informações: fax, telefone, jornal, correio, televisão, e-mail,
home-pages.
• Reproduzir informações: máquinas de foto-copiadora, projetores de slides,
datashow, são, entre outros.
Cotidianamente, as empresas utilizam as soluções de TI em seus negócios.
Uma reportagem da Revista Information Week (outubro/2005, p. 43), mostra como
a empresa capixaba Rodosol, concessionária que administra um trecho rodoviário
entre os municípios de Guarapari e Vitória, capital do Estado do Espírito Santo,
encontrou uma solução para auxiliar o controle orçamentário da companhia. Essa
empresa tem cerca de 200 funcionários e fatura 42 milhões de reais por ano e 4%
desse valor é aplicado na área de TI. Mesmo possuindo um sistema ERP (Logix,
Logocenter), necessitava de maior flexibilidade nos relatórios existentes para
melhorar a agilidade na tomada de decisão. Dessa forma, investiu considerável
valor em equipamentos e software de BI (Business Intelligence), que envolverá as
áreas de controladoria e operações. Inclui a implantação de o orçamento, controle
da receita-despesa e fluxo de caixa, bem como, o controle do fluxo de pedágio e o
atendimento aos usuários da rodovia. Segundo Waldeck Araújo Junior, diretor de
TI da Brasil Telecon, além de aperfeiçoar os seus serviços, a empresa pretende
investir em projetos de CRM, Data Warehouse e BI, plataformas de serviços e
integração de aplicações (Information Week, Jan/2005, p. 37).
5. Bases da TI nas Empresas de Serviços Contábeis
Segundo Laudon e Laudon (2004), uma das primeiras tarefas designadas aos
computadores foi à automatização dos cálculos financeiros e contábeis, e essas
funções ainda apresentam alta prioridade para suportar processos financeiros:
contabilidade, cálculo de imposto, folha de pagamento, planejamento de
investimentos.
Numa visão empresarial, a TI pode ser vista como a composição de quatro
elementos-chave (CORNACHIONE Jr., 2001), Figura 1: hardware, software,
banco de dados e telecomunicações. Apesar do elemento humano não ser
apresentado, deve ser considerado como agente principal da relação, cuja interação
impacta fortemente a modelagem e a estrutura dos SI.
118
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
5.1. Recursos de Hardware
Para Laudon e Laudon (2004), a empresa pode melhorar o desempenho de suas
funções utilizando hardware e software corretos. Investimentos hardware e
software estão intimamente ligados. Estes autores afirmam ainda que:
Embora gerentes e administradores não precisem ser especialista em
tecnologia de computador, devem ter um conhecimento básico dos papéis do
hardware e do software na infra-estrutura de tecnologia de informação (TI) da
empresa para poder tomar decisões tecnológicas que promovam o desempenho e
a produtividade organizacionais. (LAUDON e LAUDON, 2004, p. 184)
A estrutura de hardware comporta, portanto, as memórias de trabalho e de
armazenamento, a velocidade de processamento e os periféricos e impressoras
utilizadas para operacionalizar os sistemas de informações.
5.2. Recursos de Software
Os recursos de software podem ser divididos em (Cornachione Jr., 2001):
Software básico: software que interage entre a máquina e os outros
programas, pois controla a utilização dos recursos oferecidos pelo computador.
Exemplo: sistemas operacionais (Windows, Linux, OS2).
Software de apoio: auxilia no controle e a manutenção dos recursos
computacionais. Exemplo: gerenciadores de rede, antivírus, software de segurança,
entre outros.
Software aplicativo: são voltados para atender objetivos definidos. Exemplo:
editores de texto, planilhas eletrônicas de cálculo, gerenciadores de banco de dados,
gerenciamento e edição de gráficos.
Software aplicativo específico: são programas criados para atender a
objetivos específicos e especializados, como os sistemas de contabilidade, folha de
pagamento, controle de estoques, orçamento, preços.
119
Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de
Serviços Contábeis em Recife
Os softwares correspondem então ao elo de ligação entre o homem e a
máquina, como podemos deduzir na ilustração (Figura 1):
Observa-se a interface com o ser humano através da preocupação com a
interação do usuário, tanto na alimentação como no processamento dos dados,
através de telas e relatórios produzidos pelo software. As linguagens de
programação que privilegiam o aspecto visual são denominadas de alto nível devido
estarem mais próximas da interação com o homem.
Um recurso tecnológico importante são os sistemas integrados de gestão
empresarial ou sistemas ERP (Enterprise Resource Planning). São softwares
criados e comercializados por empresas de software house (SAP, Oracle,
PeopleSoft, Baan). Capacidade de processamento e escalabilidade são duas
características interessantes apontadas por Laudon e Laudon (2004), sobre a
utilização de hardware e software. Enquanto a capacidade de processamento deve
ser avaliada para evitar a saturação do sistema de hardware, a escalabilidade deve
garantir que o hardware e o software possam atender a um número maior de
usuários ao mesmo tempo.
5.3. Banco de Dados (: Bases de dados)
Falando-se de SI, deve-se ressaltar a importância dos recursos de banco de
dados, relativamente ao armazenamento e a recuperação de dados. Refere-se à
segurança, a capacidade de processamento e armazenamento, a velocidade de
processamento entre outros.
A segurança é uma preocupação constante do setor de TI, como pode ser
verificado numa pesquisa divulgada na Information Week (outubro/2005, p. 36),
realizada pela CSI (Computer Security Institute) e o FBI (Federal Bureau of
Investigation), sobre segurança da informação e crime cibernético, onde destacamse:
• Os ataques de vírus continuam sendo apontados com a principal fonte de
perdas financeiras;
120
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
•
•
•
•
O roubo de informações proprietárias e o acesso não autorizado estão
aumentando;
A ocorrência de incidentes em web cresceu dramaticamente;
O percentual de empresas que reportam a ocorrência de invasões em seus
sistemas e computadores continua diminuindo, devido ao medo da
publicidade negativa;
Os gastos com segurança vêm sendo suportados por análises econômicas
baseadas em: 38% ROI (Return on Investiment), 19% IRR (Internal Rate
of Return), e 18% NPV (Net Present Value).
5.4. Telecomunicação
Considerando que a informação deve ser útil e tempestiva aos usuários, para
Cornachione Jr. (2001), o sistema de telecomunicação, formado através da
combinação de hardware e software específicos, devem transmitir as informações
com rapidez e segurança, independentemente da distância. Para Laudon e Laudon
(2005), a TI permite às empresas coordenem suas atividades internas e se
comunicar de maneira mais eficiente com outras organizações. Hoje é praticamente
impossível se fazer negócios sem utilizar a tecnologia de comunicações.
As principais estruturas de comunicações são as redes internas ou locais
(LAN), que servem para interligar os computadores das diversas áreas de uma
empresa, e as redes que provêem a comunicação com o ambiente externo (redes
banda larga), permitem o comércio eletrônico e a comunicação com outras
empresas, cliente, governo entre outros.
6. Desenvolvimento da Pesquisa (: Investigação)
Para realizar a pesquisa, foram enviados os questionários via fax o anexo para
as dez maiores empresas de serviços contábeis na cidade de Recife, em quantidade
de clientes, segundo o SESCAP-PE (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis
e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estudo de
Pernambuco). Apenas 5 retornaram com as respostas, são analisadas a seguir.
6.1. Resultados
Constatou-se que as empresas de serviços contábeis pesquisadas possuem de
14 a 40 colaboradores (funcionários) e estão no mercado a mais de 20 anos. O
faturamento varia de 800.000,00 a 1.200.000,00 R$ anuais.
121
Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de
Serviços Contábeis em Recife
a) Hardware utilizado
Tabela 1: Hardware
%
4.
Utiliza computadores pessoais (PC)?
100
5.
Utiliza computadores portáteis? (Notebooks)
80
6.
Possui impressoras?
100
7.
Possuí no-break e/ou sistema de estabilização de energia?
100
8.
Possui copiadora?
100
Portanto, 100% das empresas dizem utilizar hardware considerados
compatíveis ao bom funcionamento da prestação de serviços de contabilidade.
(Tabela 1).
b) Software utilizado
Tabela 2: Software
9. Possuí pacote de automação de escritório? (Office)
10. Possuí pacote de software de contabilidade modular?
11. Possuí software de controle operacional?
12. Possuí pacote de software de contabilidade Integrado não
ERP?
13. Possui pacote de software integrado ERP?
14. Possui sistema de arquivo eletrônico de documentos?
15. Possui software de interface gráfica?
%
100
60
80
80
20
20
80
Nota-se que as empresas possuem um nível de software aceitável. Poderia ser
melhor, pois 80% das empresas contábeis utilizam software de contabilidade
integrados não ERP, contra apenas 20% ERP. Apenas 20% utilizam sistemas de
arquivamento eletrônico de documentos (Tabela 2).
c) Bancos de dados (: Bases de Dados) utilizados
Tabela 3: Banco de dados
%
16. Utiliza unidades de backup para confiabilidade dos dados?
17. Utiliza sistema seguro de armazenamentos de dados?
18. Utiliza apenas um banco de dados?
100
100
20
122
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
19. Utilizar mais de um banco de dados (comunicam e
interagem)?
20
20. O banco de dados atua de forma integrada e compartilhada
com mais de um aplicativo?
80
21. O banco de dados pode ser acessado por diversas tecnologias
de conectividade?
100
Observou-se que 100% das empresas realizam procedimentos de backup,
entretanto, mas 80% empresas utilizam mais de um banco de dados. Apenas a
empresa que utiliza o sistema ERP evidenciou a utilização de apenas um banco de
dados (Tabela 3).
d) Recursos de Telecomunicações utilizados
Tabela 4: Telecomunicação
%
22. Utiliza o papel como o principal veículo de comunicação?
23. Possui conexão com a internet via satélite?
24. Possui conexão com a internet via cabo?
25. Possui conexão com a internet via telefone?
26. Possuí rede interna de compartilhamento de dados?
27. Possuí rede externa de compartilhamento de dados?
28. Possui equipamentos de fax?
29. Utiliza conexão sem fios?
30. Possui home-page?
31. Utiliza processos de trabalho via internet?
60
0
20
80
100
0
100
0
80
80
Percebe-se que o papel ainda é muito utilizado para estabelecer a
comunicação, entretanto, o e-mail vem ganhando espaço nesse sentido. Os
entrevistados afirmaram durante que o papel está sendo utilizado atualmente mais
como protocolo, que uma necessidade de comunicação (Tabela 4).
A conexão com a internet através de telefone é a mais utilizada por 80% das
empresas de serviços contábeis. Todas as empresas utilizam computadores em rede
interna para compartilhamento de recursos de informática e comunicação, 80%
utilizam home-pages e possuem procedimentos operacionais via web (Tabela 4)
123
Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de
Serviços Contábeis em Recife
e) Recursos Humanos utilizados
Tabela 5: Recursos humanos
%
32. Possui pessoal especializado para trabalhar com informática?
33. Utiliza portal de acesso aos funcionários através da web?
34. Possui sistema de gerenciamento do conhecimento?
80
40
40
Notou-se que 80% das empresas pesquisadas apresentam pessoal especializado
em informática para suporte as atividades operacionais. Entretanto, o acesso dos
funcionários através da web ainda é pouco utilizado, bem como, apenas 40% das
empresas utilizam sistema de gerenciamento do conhecimento.
7. Conclusão
De acordo com os resultados da pesquisa, as empresas de serviços contábeis
pesquisadas utilizam adequadamente os recursos de TI nas suas atividades.
Entretanto, não utilizam todo o potencial que esse recursos possam trazer para o seu
negócio, visto que, pode-se observar nos resultados que as empresas utilizam ou
tem a sua disposição a tecnologia de hardware e software adequados, atualizados e
utilizam poucos recursos de banco de dados, apresentando pouca integração e
compartilhamento entre banco de dados diferentes.
Notou-se que um dos elementos mais importantes da TI é o próprio ser
humano. A interação entre o homem e os recursos tecnológicos, principalmente, os
relacionados aos SI são cada vez mais requeridos. No meio de tanta informação é
necessário criar sistemas ou procedimentos que facilitem gestão do conhecimento,
sob o risco de perder informações que são úteis para o negócio e para os clientes.
O presente estudo deve ser objeto de outros estudos, o presente trabalho apenas
abre caminho para a discussão da utilização dos recursos de TI nas empresas de
serviços contábeis de Recife. Como essas empresas têm em seu negócio a
transferência constante de informação para a tomada de decisão de outros negócios,
é fundamental desenvolver tecnologia que as auxiliem nessa tarefa, integrando
fornecedores e clientes a seus negócios.
124
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
8. Referências
CORNACHIONE Jr., Edgard Bruno. Sistemas Integrados de Gestão: uma
abordagem da tecnologia da informação aplicada à gestão econômica :
arquitetura, método, Implantação. Atlas : São Paulo, 2001.
FURLAN, José Davi. Reengenharia da Informação. Makron Books : São
Paulo, 1994.
Information Week. 13 de outubro de 2005. Rápida no Gatilho:
Concessionária Capixaba organiza informações para facilitar tomada de
decisão. p. 43. www.informationweek.com.br.
_______________ 13 de outubro de 2005. Segurança: Parâmetros dos EUA.
p.36. www.informationweek.com.br.
________________ . 20 de janeiro de 2005. TI se Dirige à Nova Era. p. 3435. www.informationweek.com.br.
______________ . 20 de janeiro de 2005. Maior controle de acesso será vital
em 2005. p. 37. www.informationweek.com.br.
LAUDON, Kenneth C. e LAUDON, Jane P.; Sistemas de Informação
Gerenciais: Administrando a empresa digital. São Paulo, Prentice Hall, 2004.
SANTOS, Aldemar de Araújo. Informática na Empresa. 3ª Ed. Atlas : São
Paulo, 2003.
SANTOS, Aldemar de Araújo; Cordeiro da Silva, Luiz Gustavo; Kaldeich,
Claus. Sistemas ERP: Um enfoque sobre a utilização do SAP R/3 em
contabilidade e custos, Proceedingd of the IX International Conference on
Industrial Engineering and Operations Management, Ouro Preto, Minas Gerais,
Brasil, 21-24 de Outubro de 2003.
125
Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de
Serviços Contábeis em Recife
126
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 127
Sociedade da Informação na Região de Alto
Trás-os-Montes
Filipa Teixeira, João Paulo Pereira, Adriana Dias, Victor Nunes
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança, Instituto Politécnico de Bragança,
Portugal
Resumo: Enquanto o debate sobre a chamada “digital divide” entre países é
abundante, muito menos atenção tem sido dada às disparidades de acesso às
TICs avançadas dentro das nações. Apesar de existirem claras evidências de
que estas disparidades internas podem levar à contínua marginalização das
pessoas e regiões “desligadas” das redes de informação globais, que suportam
a economia moderna e a vida social, provocando assim intensas
desigualdades a nível de rendimento e oportunidades. Os dados disponíveis
sobre a utilização e penetração das TIC reportam normalmente às regiões
centrais, enquanto para as regiões mais remotas e periféricas não existe esse
tipo de informação. Assim, esta falta de indicadores, sobre a sociedade da
informação, para região de Alto Trás-os-Montes não nos permite avaliar o
nível de penetração e utilização das TIC. Desta forma, este trabalho teve
como base principal a realização de um estudo estatístico sobre a utilização
das TIC pelos indivíduos e empresas na região de Alto Trás-os-Montes. O
objectivo central foi identificar qual o papel que essas tecnologias
desempenham no desenvolvimento individual e colectivo da região.
Palavras-chave: Tecnologias de Informação e Comunicação; Sociedade da
Informação; Regiões periféricas; Digital Divide.
1. Introdução
Existe um optimismo generalizado que a utilização das TIC permitirá superar
as barreiras tradicionais do espaço físico, e assim, permitirá o aumento da
competitividade das economias das regiões remotas e periféricas. As redes de
TIC’s, em relação a outros tipos de infra-estruturas, permitem obter uma maior
variedade de benefícios socio-económicos. Os benefícios não passam somente pela
acessibilidade das regiões, mas também pelos benefícios estruturais obtidos pela
necessidade de competências que permitam a utilização destas tecnologias (Pereira,
2005).
127
Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes
O investimento em TIC’s possibilita o aumento na produtividade e a redução
dos custos de transacção das empresas, contribuindo estruturalmente para o
crescimento económico. Uma das expectativas da utilização das TIC’s é o
“estreitamento” da distância física entre áreas remotas e os centros económicos
(Gillespie and Williams, 1988).
No entanto, a competitividade de uma região não é alterada pelo só pelo facto
de se disponibilizar TIC’s (supply side approach), dependendo também, da
qualidade organizacional e das atitudes de aprendizagem. A formação profissional
em informática e a preparação para a utilização das TIC’s continuam a ser um
importante desafio para estas regiões. A questão das barreiras linguísticas e da
complexidade do funcionamento dos PCs têm sido um obstáculo à difusão da
Internet. O êxito de qualquer aplicação nas regiões desfavorecidas ou periféricas
está cada vez mais dependente da disponibilização de conteúdos relevantes.
Existem fortes evidências que dois dos requisitos chave para o êxito das aplicações
de desenvolvimento comunitário e empresarial são o apoio linguístico e a
disponibilidade de conteúdos pertinentes.
A falta de indicadores, sobre a sociedade da informação, para região de Alto
Trás-os-Montes não nos permite avaliar o nível de penetração e utilização das TIC.
Assim, este trabalho teve como base principal a realização de um estudo estatístico
sobre a utilização das TIC pelos indivíduos e empresas na região de Alto Trás-osMontes. O objectivo central foi identificar qual o papel que essas tecnologias
desempenham no desenvolvimento individual e colectivo da região.
2. Contexto
De acordo com o Plano de Acção para a Sociedade da Informação (UMIC,
2003), a Sociedade da Informação é uma sociedade onde a componente da
informação e do conhecimento desempenham papéis nucleares em todos os tipos de
actividade humana, aliciando novas formas de organização, da economia e da
sociedade.
No processo de implementação e desenvolvimento de uma Sociedade da
Informação para todos, é ao governo a quem pertence o papel catalizador, no
sentido de promover e incentivar todo um conjunto de actividades. Convém
também realçar que os agentes mais relevantes neste processo devem ser os
cidadãos, as empresas, as associações e as demais organizações da sociedade civil.
Portanto, a Sociedade da Informação constitui um desafio que deve ser encarado de
frente, de modo a preparar os países para as profundas mudanças, visto que as suas
manifestações condicionam a conduta das organizações e influenciam o pensamento
estratégico das nações.
Digital Divide
“Digital Divide”, é o termo hoje mundialmente conhecido e adoptado pela
maioria das organizações mundiais para descrever as diferenças que existem na
128
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
utilização das TIC, nomeadamente a Internet e outros serviços de telecomunicações;
a assimetria de acesso entre as civilizações consideradas industrializadas e as
civilizações em vias de desenvolvimento como as diferenças existente dentro de
cada pais, entre aqueles que dificilmente tem acesso à informação e os que dele
usufruem em abundância, sem esquecer as diferenças entre aqueles que utilizam
meios ou vias digitais para se envolverem e participarem na vida pública e
melhorarem as suas condições de vida e os que a tal o acesso é negado.
Esta “divisão digital” representa a separação dos países, regiões, povos e
cidadãos em dois mundos. Um que compreende uma minoria com acesso à
tecnologia da informação, aos seus benefícios e às oportunidades decorrentes da
digitalização e que conta com altos índices de desenvolvimento humano, social e
económico e o outro que está excluído da espiral positiva de desenvolvimento e que
engloba a maioria da população mundial, que tão pouco têm hoje as suas
necessidades básicas de sobrevivência atendidas.
A divisão rural e urbana é sem dúvida uma das consequências que mais se
ressaltam à primeira vista. A experiência rural até então mostrou que as novas
tecnologias de informação estão a ser primeiramente adoptadas nas cidades
principais, e depois dispersando lentamente às cidades periféricas e às zonas rurais.
Alguns dos motivos apontados são: elevado custo das infra-estruturas; acesso á
Internet caro, inseguro e lento; falta de dinamismo; cultura orientada para os
serviços; um sector público sub-activo, etc. (OCDE, 2004).
3. As regiões Periféricas e as TIC
A actual realidade das zonas rurais é impeditiva de respostas satisfatórias às
expectativas de vida da sua população mais jovem. Os meios de informação e de
formação são restritivos e muito pouco direccionados para um futuro alternativo
quando comparados com o mundo Urbano.
O maior desafio da Sociedade da Informação é tentar igualar estes dois
mundos em termos de oportunidades criadas pelas TIC. As desigualdades culturais
e socio-económicas são alguns dos factores que fazem com que a “balança das
vantagens” pese mais para o lado dos urbanistas. Como por exemplo, os custos de
ligação à Internet aumentam muito à medida que nos vamos afastando dos centros.
O mapa dos acessos mais rápidos, das indústrias mais inovadoras coincide
naturalmente com o das disparidades quer seja do rendimento, do acesso ao ensino
ou à Saúde. A estrutura e a densidade populacional também têm uma grande
influência já que a maioria da população para além de envelhecida, analfabeta ou
com pouco grau de escolaridade, estão dispersas em várias aldeias que compõe a
região. É neste contexto económico, social e cultural que a região de Alto Trás-osMontes se enquadra.
Geralmente, o problema da desigualdade está intimamente relacionado com o
problema de acesso a recursos. No entanto, a experiência demonstra que, na maior
parte dos casos, a utilização das TIC e, pelo menos, a instalação das conexões de
129
Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes
base necessárias ao seu funcionamento, trazem vantagens muito reais ao processo
de desenvolvimento, sobretudo no que respeita aos programas de desenvolvimento
rural, reabilitação agrária, saúde e outros sectores de base.
As TIC, pelas oportunidades de desenvolvimento que oferecem, constituem
um factor incontornável na criação da política de desenvolvimento rural. Não
obstante a sua acrescente afirmação no plano regional, através de alguns projectos
que vão sendo implementados nas zonas rurais torna-se imperioso insistir nas
vantagens e benefícios que se podem tirar da sua utilização, para uma verdadeira
integração dos espaços rurais num novo tipo de sociedade, a que se convencionou
chamar sociedade da informação ou do conhecimento.
Dinamizar e sensibilizar as populações das zonas rurais para o uso e vantagens
das TIC, disponibilizar espaços que permitam o acesso livre e gratuito à Web,
intensificar o trabalho de assistência técnica e activar políticas que canalizem
financiamentos específicos para as zonas mais fragilizadas, são alguns dos
elementos que deverão ser levados em conta. Todavia, não se deve esquecer da
dimensão humana desta estratégia.
Benefícios
No meio urbano onde as apostas na evolução tecnológica é um desafio não só
dos investigadores mas também dos investidores e da população em geral
(tendência em acompanhar a moda), a forma como as TIC veio revolucionar o diaa-dia das pessoas demonstra que com uma boa política de implementação e de
acompanhamento das TIC nas zonas Rurais, podem também trazer grandes
benefícios às populações. Através das TIC as populações rurais podem ser
beneficiadas na forma como a informação circula entre outras comunidades rurais e
organizações agrícolas e outras organizações intermediárias que contribuem para o
desenvolvimento rural e agrícola (actividade de maior relevo nestas zonas).
As TIC, particularmente a Internet, oferecem novas fontes de informação que
podem abrir outros canais de comunicação às comunidades rurais. Podem fornecer
vantagens na área da educação através de projectos de aprendizagem a distância e
parcerias entre escolas. A Internet pode ajudar a fornecer as pessoas nas zonas
rurais acesso aos mesmos vastos campos de conhecimento das pessoas nos locais
mais desenvolvidos. Também na área da saúde as TIC têm uma palavra a dizer
através de conexões entre as várias institucionais de saúde, fornecendo acesso a
recursos de informações de saúde sobre uma variedade de temas de saúde pública.
Em suma, as TIC melhoram a qualidade de vida dos seus utilizadores aumentando a
qualidade e oportunidade das fontes de informação e dos canais de comunicação e
recursos à disposição da população rural (e não só), aumenta a qualidade das
decisões e acções que são levados a cabo pela população rural, e facilita a
participação directa da população no desenvolvimento rural.
130
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
4. Análise dos resultados obtidos
Para a recolha de dados procedeu-se a 80 entrevistas telefónicas a indivíduos
no universo de Alto Trás-os-Montes (ATM). O Inquérito realizado baseou-se no
utilizado pela UMIC (UMIC, 2004), para se poder comparar os resultados. O estudo
realizado pela UMIC é a nível nacional, baseado em 3000 entrevistas a indivíduos
com idade compreendida entre 15 e 64 anos.
3.1. Resultados do Inquérito à Utilização das TIC pela População da Região de
Alto Trás-os-Montes em 2005
Nota Técnica:
•
•
•
•
•
Universo de referência: Conjunto da população transmontana, a residir em
Trás-os-Montes em alojamentos não colectivos, com idades a partir dos
15.
Trabalho de campo: Recolha de dados efectuada no período de 27 de
Junho a 10 de Julho de 2005.
Método de recolha: Questionário realizado via telefone fixo.
Dimensão da amostra real: 80 Indivíduos.
Tipo de amostra: Amostra estratificada por sexo, escalão etário,
habilitações literárias, de acordo com a estrutura populacional apresentada
nos Censos de 2001.
a) Utilização do Computador
1.1. Utilizadores do computador (%)
Utilizadores do computador
1.2. Utilizadores do computador por sexo (%)
Masculino
Feminino
1.3. Utilizadores do computador por
escolaridade (%)
Sem habilitações
1º/2º Ciclo (1º ao 6º ano)
3º Ciclo e Ensino Secundário (7º ao 12º ano)
Curso Médio/ Superior
nível
de
1.4. Utilizadores do computador por escalão etário (%)
15-24 anos
25-49 anos
AT
M
2005
46
UMI
C
2004
54
2005
68
28
2004
57
51
2005
2004
0
23
94
100
0
46
87
96
2005
75
58
2004
92
76
131
Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes
>= 50 anos
14
23
Os resultados do inquérito à utilização das TIC pela região de Alto Trás-osMontes em 2005, demonstra que mais de metade, nomeadamente, 54% da
população não utilizam computadores no seu dia a dia. No universo das pessoas que
utilizam computadores 68% são homens contra os 28% das mulheres. Comparando
com os dados nacionais verificamos que existe alguma discrepância. Esta
discrepância é mais acentuada na utilização do computador por sexo (68 %
masculino e 28% feminino).
Um dos factores também a levar em conta será sem duvida a utilização dos
computadores e faixa etária dos inquiridos. A maioria, 75%, dos utilizadores estão
numa faixa etária entre os 15 e os 24 anos, enquanto que esse valor torna-se muito
menor quando os indivíduos se encontram numa faixa etária superior aos 50 anos.
2.1. Locais onde costuma utilizar o computador
ATM
2005
UMIC
2004
Casa
Trabalho
Casa de amigos e/ou familiares
Escola/ Universidade
Locais públicos gratuitos (Bibliotecas, museus,
89
65
24
22
3
71
47
26
20
16
Locais públicos pagos (CTT, Cibercafés, etc)
Outros Resposta Múltipla (não tem que somar
100%)
3
11
10
0
(%)
etc)
Da análise desta tabela podemos verificar que a principal diferença entre os
dois estudos se situa a nível dos locais públicos. Isto deve-se á inexistência de
locais públicos adequados na região de ATM.
b) Posse de Computador no Agregado Familiar
3.1. Posse de computador no agregado familiar (%)
Posse de computador no agregado familiar
3.2. Razão principal para adquirir computador (%)
É um instrumento importante na educação escolar dos filhos
É um instrumento profissional importante
Poupar tempo na realização de trabalhos
Vontade de se manter actualizado face às novas tecnologias
Fonte de lazer
Necessidade de dispor de Internet em casa
132
AT
M
2005
52,5
UMI
C
2004
49
2005
64
57
48
17
38
17
2004
35
22
21
9
6
3
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Influência de amigos ou familiares
Outros
NS/NR
Resposta Múltipla (não tem que somar 100%)
12
14
0
2
1
1
3.2. Razão principal para NÃO adquirir computador
2005
2004
Não tem qualquer utilidade para o Agregado familiar
É demasiado caro
Não é um bem de primeira necessidade
Desconhecimento de como se utiliza
Acesso a computadores noutros locais
Não existem filhos em idade escolar
Preferência pelos instrumentos tradicionais de trabalho
Falta de confiança nas novas tecnologias
Outros
NS/NR
Resposta Múltipla (não tem que somar 100%)
58
47
24
37
5
8
0
0
18
16
42
31
8
8
6
2
0
0
2
1
(%)
Embora a maioria das pessoas da região não utilizem computadores, o mesmo
não se pode dizer quanto à posse destes nos seus agregados. 53% admitem possuir
computadores em casa apontando como razão principal (64%) o facto de este ser
um instrumento importante na educação escolar dos seus filhos e 57% indicam
também o facto de os computadores serem um instrumento profissional importante.
Das pessoas que não possuem computadores nos seus agregados, 58% apresentam
como razão principal o facto destes não terem qualquer significado para o agregado
familiar e 47% argumentam o facto de não possuir computadores por ser ainda um
instrumento muito caro para as suas finanças.
c) Utilização da Internet
4.1. Utilizadores da Internet (%)
Utilizadores da Internet
ATM
2005
86
UMIC
2004
43
4.2. Utilizadores da Internet por sexo (%)
Masculino
Feminino
2005
88
83
2004
45
40
4.3. Utilizadores da Internet por nível de escolaridade
2005
2004
0
40
94
93
0
35
74
92
2005
92
86
2004
82
64
(%)
Sem habilitações
1º/2º Ciclo (1º ao 6º ano)
3º Ciclo e Ensino Secundário (7º ao 12º ano)
Curso Médio/ Superior
4.4. Utilizadores da Internet por escalão etário (%)
15-24 anos
25-49 anos
133
Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes
>= 50 anos
75
14
Os resultados do inquérito revelam que a maioria da população transmontana
utiliza a Internet. 86% admite aceder à maior rede de informação com os mais
variados objectivos. Os utilizadores foram caracterizados por sexo, idade e nível de
escolaridade. Na utilização da Internet relativamente ao sexo, os indivíduos de sexo
masculino revelam uma maior utilização com 88% em detrimento dos 83%
respeitante às mulheres. Essa diferença, embora não muito significativa, reflecte o
que já foi visto anteriormente sobre a utilização dos computadores. A utilização da
Internet também está intimamente relacionada com o nível de escolaridade dos
indivíduos. As pessoas sem habilitações não utilizam Internet muito porque
também não o sabem (20%), porque não têm interesse (60%) e também porque
consideram que a Internet tem ainda um custo muito elevado (20%). 94% dos
indivíduos que estão a frequentar ou já terminaram o 3º ciclo são utilizadores de
Internet contra os 93% dos que possuem ou estão a tirar um curso médio/superior.
5.1. Razão principal para NÃO utilizar a Internet (%)
Não tem interesse em utilizar a Internet
Não sabe utilizar a Internet
É muito dispendioso
Não tem acesso a computadores com ligação à Internet
Não tem tempo
Falta de segurança e privacidade
Outros
NS/NR
Resposta Múltipla (não tem que somar 100%)
AT
M
2005
60
20
20
20
40
0
40
20
UMI
C
2004
39
22
13
13
7
1
2
1
5.2. Locais onde costuma utilizar a Internet (%)
Casa
Trabalho
Casa de amigos e/ou familiares
Escola/ Universidade
Locais públicos gratuitos (Bibliotecas, museus, etc)
Locais públicos pagos (CTT, Cibercafés, etc)
Outros
Resposta Múltipla (não tem que somar 100%)
2005
69
66
22
22
22
13
19
2004
61
41
23
20
15
9
0
%
%
71,9
50
48
47
5.3. Actividades realizadas através da Internet (%)
Trabalho e Estudo
Actividades Profissionais
Actividades de Estudo/Formação
Procura de Informação Geral
%
%
Procura de Informação sobre bens e serviços
Procura de Informação sobre viagens e reserva de bilhetes
50
50
41
24
134
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Procura de Informação sobre espectáculo e reserva de
bilhetes
Procura de Informação e conselhos sobre saúde
Procura de Informação sobre emprego
Comércio
Serviços bancários e financeiros
12,5
24
12,5
18,8
24
22
%
%
31,3
24
%
%
Jogar/download de jogos, música, vídeos
Leitura de jornais e revistas on-line
Download de software/documentos
34,4
84,4
28,1
49
39
33
Comunicação
%
90,6
31,3
%
Entretenimento
Enviar/receber mensagens de email
Participação em forúns/chats/grupos de discussão
Contacto com a Administração Pública
Procura de Informação
Download de Informação
Pedidos por email
Submissão (entrega) de formulários/ declarações
Download de formulários/ declarações
Participação em fóruns de discussão de assuntos de interesse
público
Outros
Resposta Múltipla (não tem que somar
100%)
75
30
%
%
34,4
18,8
3,1
6,3
6,3
3,1
37
15
14
14
14
4
12,5
0
As actividades que mais são realizadas pelos os internautas é o envio e
recepção de e-mail com cerca de 91%, seguido da leitura de jornais e revistas online com 84%. A procura de informação sobre bens e serviços, viagens e reserva de
bilhetes ocupa um lugar aceitável com 50% de procura. 72% das actividades
realizadas têm a ver com as actividades profissionais dos inquiridos e
surpreendentemente apenas 19% dos inquiridos admitirem procurar emprego
através da Internet. Na relação com a administração pública a maioria dos
utilizadores (34%) apenas pretendem obter informação conta os 18% que façam
Download das mesmas informações.
Quanto mais novos forem os utilizadores, maior é a percentagem de utilização
da Internet com 92, 86, e 75% respectivamente. Convém realçar que estes
resultados terão uma interpretação diferente se analisarmos o resultado geral e não
discriminadamente. Assim os resultados seriam 34% para os indivíduos com idades
compreendidos entre [15-24] anos e 56% para os que estão entre [25-49] anos e 9%
para os maiores de 50 anos.
d) Posse de ligação à Internet no Agregado Familiar
ATM
UMIC
135
Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes
6.1. Posse de ligação à Internet no agregado familiar (%)
Posse de ligação à Internet no agregado familiar
2005
62
2004
31
6.2. Modalidade de ligação à Internet (%)
Linha Analógica
Linha RDIS
Telemóvel (Serviço WAP)
Serviço de transmissão por cabo
ADSL
Wireless
Telemóvel (Serviço UMTS) Resposta Múltipla (não tem que somar 100%)
2005
30,8
34,6
3,8
0
38,5
3,8
0
2004
10
1
1
12
6
0
0
6.3. Razão principal para ligar o computador à Internet (%)
Acompanhamento do desenvolvimento tecnológico da sociedade
Necessidade Profissional
Meio de pesquisa de informação mais importante
Influência de amigos ou familiares
Fonte de lazer
Comunicação mais fácil com amigos, familiares e instituições
Acesso a serviços sem necessidade de deslocação
Outros
NS/NR
Resposta Múltipla (não tem que somar 100%)
2005
42,3
57,7
73,1
11,5
38,5
26,9
30,8
15,4
0
2004
20
19
17
12
5
3
2
1
2
Embora a maioria da população transmontana não utilize computadores, 53%
possuem computador no seu agregado familiar. Neste universo (dos 53%), 62%
deles possuem ligação à Internet embora muitos não sabem, não têm interesse e
nem tempo para utilizar a Internet, alegando como motivo principal de possuírem
esta ligação o facto deste desempenhar um papel importantíssimo para a educação
dos seus filhos.
O ADSL é o modo preferido de aceder à Internet por cerca de 24% dos
indivíduos com ligação à Internet. A RDIS com 21% e as linhas analógicas com
19%, continuam a ter um peso significante também na forma como os serviços da
world wide web são acedidos. Tendo em conta a verba destinada (100.000.000 €)
ao investimento da banda larga nesta legislatura, prevê-se um crescimento
significativo na adesão à ligação desta banda nos próximos 4 anos.
e) Utilização do Comércio Electrónico
7.1. Utilizadores do comércio electrónico (%)
Utilizadores do comércio electrónico
ATM
2005
31
UMIC
2004
7
7.2. Utilizadores do Comércio Electrónico por sexo (%)
Masculino
Feminino
2005
27
40
2004
136
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
7.3. Utilizadores do Comércio Electrónico por escalão etário (%)
15-24 anos
25-49 anos
>= 50 anos
2005
18
39
33
2004
7.4. Modo de pagamento utilizado (%)
On-line com cartão de crédito
Reembolso postal
Multibanco
Pagamento no acto de entrega
E-banking
Outros
Resposta Múltipla (não tem que somar 100%)
2005
10
10
40
70
30
0
2004
44
34
7
13
1
1
7.5. Tipo de produtos adquiridos através do comércio electrónico
2005
2004
80
20
50
30
0
20
0
80
0
0
10
20
0
30
29
22
20
14
11
11
11
5
4
2
3
3
2005
90
30
50
60
30
20
30
0
10
20
10
20
0
2004
24
19
16
11
9
7
4
3
3
2
1
0
0
2005
36,4
2004
48
(%)
Livros, revistas, jornais
Música/filmes (vídeos, CD, DVD, Downloads)
Equipamento electrónico
Software de computador (exclui jogos)
Roupa, joalharia
Hardware de computador
Entretenimento (bilhetes de teatro, concertos)
Viagens (bilhetes, reserva de hotéis)
Jogos e brinquedos
Artigos para casa e jardim
Produtos Automóveis
Serviços financeiros e bancários
Artigos de supermercado
Resposta Múltipla (não tem que somar
100%)
7.6. Razões para utilizar o comércio electrónico (%)
Comodidade (evitar deslocações, etc.)
Acesso a produtos raros/indisponíveis no país
Variedade de produtos
Preços mais acessíveis
Bens e serviços disponíveis 24h/dia
Rapidez na compra
Facilidade na comparação de produtos
Privacidade na compra
Informação detalhada
Rapidez na entrega
Oferta de produtos de acordo com o perfil do comprador
Outros
NS/NR
Resposta Múltipla (não tem que somar 100%)
7.7. Razões para NÃO utilizar o comércio electrónico (%)
Preferência pelo Comércio Tradicional
137
Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes
Falta de confiança
Insegurança com a garantia, modo de entrega e devolução prod
danificados
Risco de alguém aceder e divulgar dados pessoais
O processo é mais complicado
Custo mais elevado
Dificuldade em encontrar os bens e serviços pretendidos
Comunicação dos dados é muito lenta
Demora na entrega
Não tem interesse
Outros
NS/NR
72,7
31,8
20
8
22,7
4,5
0
4,5
13,6
0
9,1
13,6
13,6
5
5
3
2
0
1
1
2
6
Actualmente o comércio electrónico esta a ser cada vez mais utilizado tanto
pelas empresas (para comercializar e adquirir bens e/ou serviços) como pelos
indivíduos. O desenvolvimento tecnológico e principalmente da Internet são os
factores críticos deste novo sucesso comercial. Porém, é essa mesma evolução que
leva muitas pessoas ou empresas a serem um pouco reticentes na sua utilização. Na
região dos Trás-os-Montes, apenas 31% dos utilizadores da Internet utilizam o
comércio electrónico para adquirir ou vender bens e/ou serviços. Como principais
barreiras os indivíduos apontam a falta de confiança neste processo com 73% e 36%
dizem preferir o comércio tradicional para fazer as suas compras. Ao contrário dos
resultados da utilização dos computadores e da Internet, os indivíduos do sexo
feminino são as que têm uma maior confiança na utilização do comércio electrónico
apresentado um valor de 40% contrapondo os 27% dos homens. Relativamente à
utilização do comércio electrónico por faixa etária, destaca-se o facto de os mais
jovens (15-24 anos) serem os que menos usam este tipo de serviço com 18%.
Curiosamente, 33% dos indivíduos com mais de 50 anos usam este serviço
apresentando como razão principal (em 90%) a comodidade do serviço (evitar
deslocações).
Para concluir, pode-se dizer que em certo modo os dados relativamente aos
indivíduos até são positivos tendo em conta alguns factores já descrito, todavia no
que diz respeito, por exemplo, a questões tão importantes como banda larga e o
comércio electrónico não sobram dúvidas que muito há ainda por fazer.
4. Conclusões
A utilização das TIC torna-se uma actividade normal para a maioria das
pessoas. Mas a taxa da população envelhecida, nomeadamente das zonas
periféricas, contribui para que a adesão em massa às tecnologias não seja
concretizada.
A região de Alto Trás-os-Montes tem um resultado bastante positivo em
relação a esta utilização 46% comparando com os 52,9% da previsão para Portugal
138
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
em 2005. Notamos que a região em estudo se encontra praticamente no mesmo
nível de crescimento que a nível nacional, ou seja, as proporções de crescimento são
concordantes entre elas.
No que diz respeito à posse do computador pelo agregado familiar a previsão
para 2005 a nível nacional é de 48,5%. Comparativamente ao ano de 2004 que tinha
uma taxa de 41,3% este valor subiu consideravelmente. Em relação à região em
estudo esta taxa é ligeiramente maior que a previsão para Portugal. Isto talvez esteja
relacionado sobre a principal razão para adquirirem computador: 64 % responderam
que o computador é um instrumento importante na educação escolar dos filhos.
A expressiva taxa de utilização da Internet nesta região (86%) poderá explicarse pelo facto de ser uma região periférica e ser a única forma de ter acesso á
infornação. Devido a estes factores a utilização da Internet tornou-se um “escape” e
uma solução à medida para que todos os cidadãos desta região possam estar
informados de tudo o que se passa no mundo.
Comparativamente com a faixa etária, a utilização da Internet aumenta
proporcionalmente ao nível de escolaridade, tanto a nível nacional como a nível da
região transmontana. Ou seja, quanto maior o grau maior é a taxa de utilização.
Compreende-se pelo facto de cada vez mais existirem licenciados em Portugal, o
que também abrange a região em causa e também porque a Internet influencia o
decorrer das actividades profissionais. A região transmontana cresce em proporção
ao crescimento nacional, seguindo a tendência de crescimento do país.
Salienta-se que a utilização da Internet a nível nacional está a crescer
linearmente. É de notar que a previsão para 2005 tem uma subida maior que os anos
anteriores. Isto porque, com o surgimento da Banda Larga para todas as regiões
(inclusive as regiões mais desfavorecidas) a tendência é que a sua utilização cresça
em larga escala.
No que concerne às actividades realizadas através da Internet elas têm variados
objectivos, podem ser pesquisas, compras, contacto com instituições, utilização do
correio electrónico, etc. Em 2005, de acordo com o resultado previsto, a maioria da
população transmontana utiliza a Internet para realizar actividades profissionais
(71,9%) em paralelo com os 44,5% da população portuguesa e cerca de 50% utilizaa para realizar trabalhos de estudo e/ou formação confrontando com os 38% dos
portugueses. A informação mais procurada pelos portugueses é sobre a saúde
(23%) enquanto que na população transmontana é sobre bens e serviços e viagens
(50%) que recai a preferência. É de salientar que só cerca de 20% da população,
tanto portuguesa como transmontana, escolha este meio para procurar informação
sobre emprego.
Relativamente à categoria da comunicação a utilização do correio electrónico é
a actividade mais usada tanto em Portugal (81%) como em Trás-os-Montes
(90,6%). O uso do correio electrónico é sem dúvida a actividade mais realizada na
Internet, porque vejamos, todas as pessoas têm uma morada para receber a
correspondência normal em casa, os internautas também necessitam de uma morada
virtual para receberem também a “correspondência” virtual. Logo, compreende-se
porque esta é a actividade mais realizada. Quanto ao entretenimento o mais usual é
139
Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes
a leitura de revistas e jornais online que ocupa também uma posição cimeira com
84,4% na região em estudo. As pessoas estão a mudar os seus hábitos, ou seja, a
transição do papel para o formato electrónico esta cada vez mais a ser efectuada.
No contacto com administração pública o que mais se procura é informação
(34,5) e de seguida a realização do download dessa informação (18,8%). Em
relação a esta categoria denota-se uma evolução, ainda que pequena, devido ao
facto de já existirem muitos serviços disponíveis em formato digital para os
cidadãos, assim evita-se as deslocações, as filas de espera e obtém-se a informação
em tempo real, imediata. Logo, isto traz vantagens tanto para os indivíduos como
para as instituições.
Apesar do crescimento da utilização da Internet ainda existem indivíduos que
resistem à utilização das novas tecnologias. As principais razões que os indivíduos
transmontanos apontam para a não utilização da Internet são o facto de não saberem
utilizar a Internet e de não terem tempo para a usar. Denota-se ainda uma
resistência à mudança por parte dos indivíduos, nomeadamente, das pessoas a partir
dos 50 anos. Esta resistência será devida aos factores culturais da sociedade
transmontana e também pelo facto de existir uma taxa elevada de analfabetismo
(15,8%) em relação directa com a população envelhecida (23%).
A posse de ligação à Internet aumenta de ano para ano. Em 2001 apenas 13%
dos agregados possuíam Internet ao passo que em 2004 já 26,2% possuíam Internet.
A nossa previsão é que em 2005 já existam pelo menos 30% de posse de ligação.
Este crescimento deve-se em parte ao facto das novas tecnologias, hoje em dia,
serem cruciais para a aprendizagem escolar como profissional.
Verificamos que para 2005, 62% dos agregados da região transmontana
possuem ligação à Internet. Esta diferença pode ser devido ao tamanho da amostra
não ser significativo como já foi explicado anteriormente.
Na modalidade de Internet que os Agregados transmontanos subscrevem a
preferida é a recente ligação ADSL (38,5%) seguida da linha RDIS (34,6). Apesar
da linha analógica (modem analógico) já não ser muito usada 30,8% dos
transmontanos ainda usam esta ligação.
A nível nacional o mais usado recentemente é a ligação ADSL (12%) seguida
da ligação analógica (10%). Os que usam a ligação analógica talvez sejam o que
têm maior resistência à mudança e não gostem de riscos.
O facto de se verificar uma grande discrepância na alteração dos dados de ano
para ano deve-se ao facto de serem dados de fontes diferentes e que não podem ser
comparados ao pormenor.
A utilização do Comércio Electrónico só se tornou possível, como sabemos,
através da forte expansão e adesão da Internet.
Esta utilização tem vindo a crescer gradualmente devido à forte presença na
Web das empresas publicitando os seus produtos de forma a dar a conhecer as suas
características aos utilizadores finais.
O Comércio Electrónico pela sua comodidade, rapidez que oferece está a ser
cada vez mais uma prática escolhida pelos indivíduos na sua generalidade. Para
Portugal, em 2005 prevê-se um resultado que ronda os 8,5% e 31% para Trás-os-
140
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Montes. Comparando os resultados, que podemos ver na figura abaixo, existe uma
grande diferença entre eles.
Esta diferença pode ser justificada mais uma vez pelo o tamanho da amostra,
mas mesmo assim esse resultado não seria muito diferente caso a amostra definida
fosse maior. A justificação é fácil. Tendo em conta a situação geográfica e para
evitar grandes deslocações os indivíduos escolhem este tipo de serviço para adquirir
o pretendido beneficiando assim da comodidade que este oferece.
Quando se procura razões para enunciar a utilização dos indivíduos quanto ao
Comércio Electrónico a razão de topo é a comodidade com 90% em comparação
com os 20% da população portuguesa. Esta diferença é bastante notória e temos
uma explicação muito simples para este facto existir realmente. A região
transmontana é considerada uma região periférica, desfavorecida e as
acessibilidades a esta não são as melhores levando a sua população a procurar
modos de colmatar estas dificuldades. Uma dessas formas é sem dúvida o Comércio
Electrónico. Contrariamente aos utilizadores deste serviço, os não utilizadores
elegem como principal razão para não utilizarem a falta de confiança no processo
(72,7%) e a preferência pelo comércio tradicional (36,4%). Podemos aliar a estas
razões a falta de conhecimento de como o processo se desenvolve para explicar esta
resistência à utilização.
5. Referências
Geenhuizen, M. van (2000) “Regional economic development and ICT: What about
the distance to the Randstad?”. In: Bouwman, H. (ed) Silicon alleys, cybercities and digital valleys.
Gillespie, A. and Williams, H. (1988) "Telecommunications and the reconstruction
of regional comparative advantage", Environment and Planning A 20: 13111321.
OECD (2004), “Seizing the benefits of ICT in Digital Economy”, OCDE.
Pereira, João Paulo (2005), “As Infra-estruturas de Telecomunicações nas Regiões
Periféricas: O Papel dos Fundos Públicos”, Proceedings of 6ª CAPSI,
Bragança, October 26-28.
Soete, Luc (1998). The European information society and regional cohesion. R.
Anderson et al. (eds.), Innovation Systems in a global Context, The North
American Experience, Montreal/Kingston, McGill-Queen's University, pp
194-202.
Tsipouris, L., (2002), “Final Report for the Thematic Evaluation of the Information
Society”, Technopolis.
UMIC (2004), “Inquérito à Utilização das TIC pela População Portuguesa”, UMIC.
141
Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes
142
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 143
Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of
knowledge and skills
Maria João Machado, Manon Van Leeuwen,
mjoao@fundecyt; [email protected]
Fundación para el Desarrollo de la Ciencia y Tecnología en Extremadura, Manuel Fdez.
Mejías s/n, 2ª planta, 06002 Badajoz, Spain
Tel: +34 924 014 600, Fax: +34 924 001 996,
Abstract: While open source is becoming a topic of mainstream
business, the level of awareness and depth of understanding of open
the source paradigm still varies considerably and represents a
significant barrier to broader adoption. FLOSS usage rates in the
public sector were above average, while in the business sector the
smaller organisations stay behind in comparison to larger ones. Even
though research and experiences shows there are advantages to the use
of FLOSS applications and solution, take up by SMEs is very slow.
They face generic barriers to adoption including trust and transaction
security and IPR concerns, and challenges in areas of management
skills, technological capabilities, productivity and competitiveness.
This paper addresses the reasons why smaller (and to some extent
medium) enterprises are reluctant to adopt FLOSS solutions and
applications, focussing mainly on the barriers related to competencies,
knowledge and management skills.
Key Words: TIC; FLOSS; SMES; TRAINING; E-LEARNING.
1. Introduction
"Excellent firms don't believe in excellence -- only in constant improvement
and constant change.” --Tom Peters
Open source software is becoming the most interesting ‘new’ phenomenon of
the entire information technology landscape, generating a level of interest similar to
that of the first moments of the Internet. However the open source software
143
Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills
phenomenon is not historically new, although in recent years it has reached a
critical mass, which has allowed it to enter the mainstream software market.
The impact of open source technology is expected to be quite noticeable in the
software industry, and in society as a whole. It allows for novel development
models, which have already been demonstrated to be especially well suited to
efficiently take advantage of the work of developers spread across all corners of the
planet. It also enables completely new business models, which are shaping a
network of groups and companies based on open source software development.
While open source is becoming a topic of mainstream business, the level of
awareness and depth of understanding of open the source paradigm still varies
considerably and represents a significant barrier to broader adoption.
Before looking into the issues related to the adoption and take up of Open
Source, it is necessary to have a look what is understood by this phenomenon.
There are many definitions, and even the terms vary, e.g. Open Source versus Free
Software. In general terms it is considered that the term “open source software”
tends to emphasize technical advantages (such as better reliability and security),
while the term “Free Software” tends to emphasize freedom from control by
another and/or ethical issues. This paper will not differentiate between the terms
mentioned above, and will use the following definition:
Exhibit 1: FLOSS Definition
FLOSS=Free (libre) Open Source Software
The concept refers to the unrestricted right to execute, copy, distribute,
study, change and improve software programme (developed with open source
code). It integrates the following freedoms:
- Freedom to execute the programme for any means
- Freedom to study how the programme functions and adapt it to the individual
needs
- Freedom to redistribute copies of the programme and in this way help others
- Freedom to improve the programme and liberate these improvements to the
public, beneficiating in this way the whole community.
144
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Or to put it in another way: the source code of the software (the instructions
that computers follow) is publicly available for anyone to change, improve and
distribute. This contrasts with most current software which is ‘proprietary’ – that is
to say, users have to pay for branded programs or products in which the source code
is kept hidden from the user.
Looking at the European software market, a survey by Audoin [1] shows a 31
billion Euro market for 2002 and predicts up to 45 billion in 2006, a growth rate of
9.1%. Within this market there is a growing share of FLOSS applications, a leading
type of is the Linux server, which is currently used on approximately 16% of server
worldwide, another example is apache, which is used over 60% of the internet web
servers all over the world.
2. FLOSS take up
The take up of FLOSS has been increasing in both in the business world as
well as in public administration. Motivations vary; for public administration, a
reason for using FLOSS is simply to reduce costs, taking into account a variety of
factors, such as reliability, performance, and so, posing in this sense no difference
with the reasons of a business organisation. Additional reasons for which public
administration adopts FLOSS can be related to advantages to users if they can
examine the source code, modify the software to suit them, or redistribute the
software at will. Other reasons that have been given are represented in table 1.
Table 1: Reasons for FLOSS adoption in Public Administration
Reason
Supporting
Explanation
Support FLOSS to encourage the
policy
development of local companies who can train,
support, and tailor products
Increasing competition /
Prevent any one company from completely
reducing dependence on, or controlling the computing infrastructure of the
control by, any one company
government or its country.
Public good
Promoting software use in the public sector
as a public good
industrial
145
Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills
Transparency
government data
Localization
of
Enables complete review of exactly what is
done and what data is stored, so that the public can
freely receive that data without being required to
buy products from any particular vendor.
Can also be trivially localized, a critical
advantage where there are languages with a
smaller number of speakers. Users do not need to
convince a vendor to support their language, they
can simply add that capability themselves
A very small, not representative survey done with 66 IT managers in the public
sector in different European Union countries, representing all together 1250 servers
and 18.540 clients, shows that 63% of them use some form of open source software,
mainly in the educational sector and for server applications. Overall approximately
27% of European companies and public administration use FLOSS.
FLOSS penetration in large enterprises is significant, and growing. A study
realised by Andago shows that 89% of the IT and general managers of Spain’s
mayor corporations had heard about FLOSS, and although only 25% stated that
their company uses these applications and solutions, 27% of those that do not use
FLOSS indicated that they planned to incorporate these technologies on the short
term, which would lead to a FLOSS penetration of 50% in large organisations in
Spain. The tendency is similar in Germany, where 44% of the large enterprises use
FLOSS, and with the United Kingdom, where the percentage is 32. FLOSS is most
used in internet server applications and databases.
The European study by Berlecon research confirms the above as it found that
FLOSS usage rates in the public sector were above average, while in the business
sector the smaller organisations stay behind in comparison to larger ones.
This paper addresses the reasons why smaller (and to some extent medium)
enterprises are reluctant to adopt FLOSS solutions and applications, focussing
mainly on the barriers related to competencies, knowledge and management skills.
146
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
3. SMEs and FLOSS
Small and Medium sized enterprises have been integrated more and more in
the information society, the use of Internet and related applications has increased
enormously. SMEs are facing strategic technological decisions on what type of
applications and solutions are to be installed, as the options are huge and very
varied. The choice for one technological solution or another, leads to an investment
of thousands of euros of technology related costs, which in many occasions are not
fully exploited or depreciated. FLOSS is becoming an alternative, showing an
interest comparable to the interest generated by the beginnings of internet. FLOSS
can enhance system interoperability and make it easier to introduce new
applications. It can also have the potential to develop applications specifically for
SMEs, which can be cost-saving for them, moreover its use and updating generate
costs which are easily controlled by an SME.
When analysing the reasons why
enterprises implement FLOSS solutions and
applications, the tendencies are similar all
throughout Europe. The main reasons seem
to be related stability, security and cost, as
shown in the research by Wichmann. It must
be said that no differentiation here is made for
larger and smaller enterprises.
Exhibit 2:
selection criteria:
1.
2.
3.
4.
Main
FLOSS
Higher stability, better access
protection and higher
performance
Low or zero license fees
Installation and administration
cost savings
Open and modifiable source
code
Even though research and experiences
shows there are advantages to the use of FLOSS applications and solution, take up
by SMEs is very slow. They face generic barriers to adoption including trust and
transaction security and IPR concerns, and challenges in areas of management
skills, technological capabilities, productivity and competitiveness.
Table 2:Open Source deficiencies as seen through the eyes of company managers
Informal support: FLOSS is not owned and sold by a single supplier, there
aren’t the handy manuals, installation guides and support helplines that come with
proprietary software. The issue is where to get support. There are a number of third
party support companies as well as the distribution vendors. However if your
attitude to IT is .But the question for many CEOs still is “Who do I sue when things
go wrong?.
147
Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills
Velocity of change: The fact that the open source community is constantly
tweaking its software is a concern, CEOs do not want to update every day their
software.
No roadmap: Many open source projects suffer from an informality that causes
CEOs anxiety. Most CEOs and IT executives want a clear roadmap for products so
that they can better plan for their future
Functional gaps : The current market for Linux is dominated by low-end edge
server applications, there is still a perceived lack in mainframe, data centers and
ERP applications
Licensing caveats: Confusion about the various open source licensing schemes
adds an element of uncertainty and risk
Independent Software Vendors endorsements: Endorsements from independent
software vendors (ISVs) aren't especially credible for CEOs, but those from peers in
other enterprises carry substantial weight (and they usually do not know many peers
that have used FLOSS)
One of the reasons for which the majority of the SMEs are not considering the
implementation, despite the clear benefits it can produce, is the lack of specific
knowledge about FLOSS. SME senior managers or managing directors usually
have worked their way up in the business, but are no specialists in ICT, and rely for
their decisions on the vendors of solutions. The market is currently dominated by
proprietary software vendors, thus reducing the access to professional knowledge
about FLOSS.
Another consequence of the lack of knowledge of FLOSS (at higher
management levels) reduces its consideration at the decision-making stage, ruling it
out in many cases and not considering it as one of the alternative solutions. Recent
research by Open Forum Europe, jointly funded with the DTI, highlights the need
for credible, comparative business models for FLOSS. Both users and non-users
point out that the primary challenge facing the market is in the perceived
availability of support and lack of business information on which to base decisions.
Many companies use technology to some extent. For the majority it is an “off
the shelf” approach. A PC comes with standard software in a “business bundle” or
some such special offer. For specific sectors, there will be added applications that
people will need and may have formal training in – or they may simply hire people
with the necessary skills. Acquisition of a pre-installed PC and an Internet
connection for email and browsing is what most small companies achieve. To move
148
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
them forward from there it is necessary to show who will benefit and how, with
examples if possible.
Generally, the use of FLOSS in SMEs is very scarce, almost exceptional. Very
few companies have introduced free software. In the majority of the times, the
initiative to use free software arises from some managers` personal interest in the
questions around new technologies and computing. In these cases, the training in
free software is product of an autodidactic process.
In some regions new technologies and expenditure related to ICT in SME’s is
in majority of cases limited to acquisition of computer and basic software for
communication, databases and invoicing. Full integration of software solutions into
company’s activities in limited primarily by the size of the companies itself.
Some companies have tried out Linux and open-office but gone no further.
They need to know more about open source, the real benefits, and some detail about
who is using it, where, and with what results. Business managers don’t take risks
except where big profits beckon.
Companies that have made a total switch to OSS as company policy are the
exception. These companies have made a company policy decision to only use OSS
where possible. Main reason for this switch often is the perceived arrogance of ICT
service providers when these companies used to work with proprietary software.
Open source is not seen as relevant.
There is a lack of technical support and training that would facilitate the
introduction of free software in small and medium enterprises. Moreover that they
emphasize the excess of subcontracting, both in public administration and in big
computing companies, that offer only non-free software because it turns out to be
more profitable for them.
Another barrier perceived for the introduction of free software is the
dependency that many web pages and applications have on Windows, since it is
impossible without this application to have an access to them. The main barriers to
introducing FLOSS in SMEs is the lack of knowledge on the existence and the
advantages of the free software. Other handicap is the lack of training between
managers and workers in Linux and other FLOSS applications and the lack of
technologic leadership in relation with free software. There are no companies
models of success which use free software and serve as example for other SMEs.
Many people complain the ignorance about free software between the technicians
and institutions responsible for the professional advising oriented to entrepreneurs.
Incompatibility with the owner software is the greatest barrier in the diffusion
of Open Source Software as is also the fear of not receiving suitable post sales
149
Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills
assistance. The problems connected to intellectual property rights do not worry
companies and the problems related to safety are a minor barrier. Other barriers
are a certain cultural delay in our SMEs on the strategic importance of ICT, as
regards competitiveness; the trend which is anything but favourable for new
investments; the continuing skill-shortage or lack of suitable skills and finally a
diffused dependence of SMEs for some regions on big companies for whom they
are often exclusive suppliers and, thus, also dependent of their technology.
The main question remains the overcoming of the main barrier: for Open
Source to be diffused suitably in SMEs, one needs to overcome the impossibility of
platform operability. One then needs to work on the evolution of management
software to computerise office work or rather support the imposing of strategies, it
needs to become a “Management Information System”. The strategic objective
remains that of raising the awareness of SMEs on the advantages that they may
obtain from ICT technologies. This also leads to the fact that even ICT technology
suppliers should be made aware of the need to facilitate access by SMEs to this type
of resource. This also means that suppliers should take note of the complexity and
notable diversification of the SME system in everywhwre. Meanwhile, the fact that
companies do not manifest any prejudice against Open source is very important.
3.1 Increasing FLOSS take up in SMEs
The strategy to promote the take up of FLOSS by SMEs in Extremadura, takes
as reference point that the low take up of FLOSS by SMEs is mainly related to the
lack of knowledge on its possibilities and how to use and implement it, and is based
on two mayor lines of activity:
1. Awareness creation and promotion
2. Training and support
These are conducted mainly through two specific projects, LinEX/Empresa, a
regional initiative, and Stratos2, a European funded project. LinEX
Empresa”
combines the development of a specific FLOSS solution for the SMEs in the region,
with a technological support service. The objective of the effort is support the
migration towards FLOSS. The users are companies, public administration and
other types of organizations of the region, that are interested in implementing
FLOSS and need information and support in the related decision-making processes.
The LinEX empresa application is based on the LinEX distribution and offers an
accounting and invoice management programme in FLOSS, specially developed for
small and micro enterprises.
150
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
During the realisation of the LinEX Empresa project, it became clear that, on
the one hand, other European countries were facing similar challenges, and on the
other, that the training action, which mainly focussed on the use of the software and
the technology, needed to be reinforced. This lead to the Stratos2 (SME training
methodology for technologies based on free open source software) project, which
addresses the challenges and problems faced by the SMEs through the development
of a training plan that will provide European SME managers with the competences
necessary for the assessment and evaluation of the suitability of FLOSS
applications and solutions for their organisations, and their posterior
implementation, including issues such as the full involvement of their human
capital in the whole process (vital to the success of the operation).
4. Where we are now
The first phase of the LinEX Empresa project has finalised, with an
overwhelming success of the LinEX Empresa application, as demonstrated by the
number of downloads in table 3.
Table 3:Downloads of LinEX Empresa application
Application
Downloads in 1
year
LinEx-FacturLinEx: application
invoice management
Linex-Contabilidad: application
basic accounting
Sources LinEx-FacturLinEx
Sources Linex-Contabilidad
for
13.567
for
8.006
1.724
1.357
The support platform, which contains information and knowledge about
FLOSS and how to migrate, has been accessed over 2 million times over the period
of one year.
The main lessons learned from the LinEX Empresa project can be summarised
as follows:
• Importance of access to cases close to the own reality and preferably in the
same geographical area thus helping to overcome one of the deficiencies
concerning independent vendor endorsement mentioned in table 2,
• Importance of easy accessible and localised support for those SMEs that
migrate, through specialised and independent consultants and FLOSS
companies backed or recognised by a larger organisation, e.g in Extremadura
151
Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills
the fact that a company is supported by the business incubator of Fundecyt
increases their perceived reliability,
• Migration to FLOSS by SMEs, more than a technological question, is a
business question, addressing them should be done from this point of view and
by experts in business, not in technology, which tends to confirm statements
from people such as Andy Mulholland, , chief technology officer for Cap
Gemini Ernst & Young. He argues that it is a question of attitude. "The
arguments for and against open-source software often get very trivialized. It's
not a technology issue; it's a business issue to do with externalization".
• Need for FLOSS training more focussed on the business aspects of migration
and support.
The experience in Extremadura shows the validity of the guidelines of the IDA
report on Open Source Migration Guidelines (even if these where written for
governmental institutions),
and the need to follow these
Exhibit 3: Open Source Migration Guidelines
steps in a well planned way.
by IDA
o
o
o
o
o
o
Before starting have a clear understanding of the
reasons to migrate;
Ensure that there is active support for the change
from it staff and users;
Make sure that there is a champion for change .
The higher up in the organisation the better;
Build up expertise and relationships with the
FLOSS movement;
Start with non critical systems;
Ensure that each step in the migration is
bl
The lack of knowledge,
skills and competencies of
SME managers to follow all
of these steps and migrate
their organisation to FLOSS
is being covered by the
STRATOS2 initiative.
First an inventory of
the current FLOSS related training in each of the countries was realised, followed
by a training needs analysis, with representatives of SMEs. The scope of the
analysis were SMEs, according to the definition of the EU, not belonging to the ICT
sector and preferable with low ICT experience. The questionnaires (semi-closed),
aimed at owners/managers and/or IT decision-makers, addressed three mayor
blocks:
1. ICT education and training of the respondent;
2. Introduction of ICT in the organisation; and
3. Knowledge and use of FLOSS.
A total of 140 questionnaires where recollected. Preliminary results [10]
indicate that the lack of ICT skills and business skills are widespread impediments
to effective uptake both during the decision making process, as well as once
adoption decisions are made. They also show that the awareness among SME
managers on FLOSS varies per region, with relatively high levels of awareness in
152
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Extremadura, and the Netherlands, which can be explained by importance of
FLOSS for the Information Society Policy in Extremadura, and the coverage
FLOSS is getting in the Dutch press. The results from the training needs analysis
confirm the research findings and experience in other projects. Specific training
(and support) is needed at three levels:
1. Decision-making process: it is necessary to provide the SME managers with
knowledge and skills to be able to consider FLOSS solutions, and evaluate and
assess their impact and value compared to proprietary software.
2. Implementation process: to provide them with the skills to plan and execute the
implementation of FLOSS within their organisations, taking into account both
the technological , as well as the organisational and people related aspects.
3. Development process: to give them the skills and competencies to lead the
development and/or adaptation of FLOSS solutions for their organisations,
including those that will allow them to select the most appropriate company (in
the case of acquisition), that will allow them to interact with the developer’s
community (in case of adaptation of a solution), or even to lead their own
development.
5. Conclusions
Using FLOSS offers various advantages, not only to large enterprises and
public administration, but also to SMEs, these are related to the ability to reduce
costs and development time and to avoid being dependent on a single software
provider. For these reasons there is an expectation that more and more
organisations, both public and private, will start using it. But the growth will
develop at a slow and steady pace.
Users are beginning to view many software applications as commodity
products with little differentiation between vendor offerings. FLOSS provides
organizations with another compelling choice that offers the flexibility, quality and
reliability necessary to implement many functional applications to run a business.
CEOs will become more receptive to open source over time, and enterprise
initiation, support, and participation in open source software development will
increase, especially to meet niche customization requirements.
FLOSS penetration is clearly above average in Public Administration, and has
high levels of acceptance among larger corporations, SMEs, and specially the
smaller enterprises, lack behind, both in awareness about FLOSS as well as in their
153
Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills
adoption levels. The barriers faced are not only of a technological nature, but are
more business related and are a consequence of the lack of knowledge and specific,
customised, support for these types of organisations. Although it is said that SMEs
are quicker in their take up of innovative solutions, these seems not to be the result
for FLOSS, as preliminary results from the STRATOS2 project show. It is clear
that the FLOSS community as a whole needs to pay special attention to needs of the
SMEs and address the barriers as perceived by the SME managers, not addressing
the underlying technological issues. In Extremadura, both the LinEX empresa, as
well as the STRATOS2 project pretend to address these issues mentioned.
The skill-shortage is the real challenge for the next few years. The professional
standards and the methods to identify the activities and competences of the same
ICT technologies should be the inevitable basis for any competitive and
development programmes. Companies should learn by themselves, to understand
the gap between what the market requires and their own global competences.
Obviously the main problem concerns human capital or rather professional skills.
One needs to overcome some basic delays in our educational and university systems
and in vocational training itself to specialise the system and to know how to
monitor needs or rather the difference between what is needed and what we have
available. This is especially true for our SMEs.
Some Public Administrations concerning are going to give full parity to
Open source is comforting; just as interesting, are recent special projects which
provide resources for some regions as regards ICT investments. However, one
needs to work on the medium term. It isn’t possible see substantial changes to the
existing situation in the short term.
There is not enough training in FLOSS in all the regions at present. And
it is not enough offering training if managers don’t know about FLOSS. So
previously to training activities, a good and effective diffusion of its characteristics
and advantages for business is needed, as well as a diffusion of success stories. The
best type of training for the entrepreneurs’ needs is an intensive training,
154
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
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Survey and StudyEvidence from Germany, Sweden and UK. Use of Open
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155
Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills
156
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 157
GASP: Definición de una Plataforma para
la Gestión y el Análisis Estadístico de
Proyectos Software para PYMES y
Emprendedores .
1
June Amillo1, Jose A. Calvo-Manzano1, Jose D. Carrillo1, Gonzalo Cuevas1,
Paloma Gómez1, Rafael Guadalupe1, Tomás San Feliu1, Edmundo Tovar1
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected],
[email protected]
1
Facultad de Informática – Universidad Politécnica de Madrid, Campus de
Montegancedo, 28660, Boadilla del Monte, España.
Resumen: En este artículo se presenta la definición de una plataforma
de soporte en la gestión de un proyecto software, con objeto de cumplir con
las “mejores prácticas”, tal y como las han definido organismos de
reconocido prestigio a nivel internacional como el SEI (Software Engineering
Institute), ISO (International Standard Organisation) o PMI (Project
Management Institute). Para ello, se propone un conjunto de herramientas
integradas que sean capaces de llevar a una organización a un nivel de
capacidad 4 de CMMI en la gestión de proyectos. Para ello, la plataforma
será capaz de generar planes de proyecto (con sus riesgos asociados y realizar
el seguimiento de ambos), recoger las medidas necesarias para el control y
seguimiento del proyecto, permitir la extracción de la experiencia de
proyectos anteriores (aplicando técnicas de control estadístico) y definir,
almacenar y compartir la información de los proyectos y procesos utilizados
en toda la organización.
Palabras clave: Gestión de Proyectos, Gestión de Procesos, Definición de
Procesos, Ciclo de Vida, Métricas, Rendimiento de Procesos, Gestión de la Calidad.
3.
1
Introducción.
Este trabajo está patrocinado por las empresas Endesa y DMR Consulting Foundation a
través de la “Cátedra de Mejora de Procesos Software en el Espacio Iberoamericano”.
157
GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de
Proyectos Software para PYMES y Emprendedores .
En los últimos años se ha producido un crecimiento de la demanda de software
[Pressman, 2004], y la industria del software se plantea la pregunta de si está
preparada para desarrollar el software que se necesitarán en los próximos años, con
los niveles de calidad adecuados. Los estudios realizados por [Carreira, 2002]
indican que el proceso de software no es un proceso maduro. Además, para
desarrollar software se requiere un proceso de gestión que permita predecir de
forma efectiva los niveles de calidad del producto software realizado [Newman,
1996].
En el estudio realizado por el Centro de Soporte de Tecnología Software
(STSC, Software Technology Support Center) [STSC, 2000] sobre más de
doscientas empresas se muestra que un 14% de los fracasos se puede atribuir a la
imposibilidad de manejar una nueva tecnología y el restante 86% se debe a
problemas en la definición de los objetivos del proyecto, a problemas relacionados
con el alcance del proyecto, a la ausencia de una adecuada comunicación y, en
general, a la ausencia de habilidades en el área de “gestión de proyectos”.
Esta carencia de gestión también se confirma en los sucesivos estudios
CHAOS (Los resultados de los estudios CHAOS proporcionan una visión global de
las estadísticas de los proyectos en Europa y EEUU. 58% de los encuestados son
americanos, 27% son europeos y el 15% restante representan al resto del mundo. El
45% de estas compañías son consideradas grandes; otro 35% se consideran de
tamaño medio y el 20% son pequeñas) donde analistas del Standish Group muestran
que las principales causas del fracaso de los proyectos es la falta de una gestión
eficiente de los proyectos. De acuerdo al Informe CHAOS del Tercer Cuatrimestre,
sólo el 28% de las aplicaciones software son completadas dentro del calendario y
presupuesto establecidos, y el 48% de los proyectos no poseen las características
requeridas para su entrega [Standish 2004].
Por tanto, el fracaso de los proyectos reside en el enfoque de gestión utilizado.
Un informe reciente del Departamento de Defensa de los EEUU sobre este
problema dice: “Después de dos décadas de promesas incumplidas sobre el aumento
de la productividad y la calidad con el uso de nuevas metodologías y tecnologías,
las industrias y las organizaciones gubernamentales se han dado cuenta de que el
problema fundamental es la incapacidad de gestionar el proceso software”.
Particularizando el problema, Jones [Jones, 2003], ha identificado tres causas
de fracaso en los proyectos: una estimación inexacta, la comunicación del estado
del proyecto y la falta de información histórica. Estas tres causas son actividades
claves de la planificación y el seguimiento de los proyectos. Jones también indica
que estas causas pueden eliminarse estableciendo una gestión de los proyectos.
Existen una amplia diversidad de modelos relacionados con la gestión de
proyectos software [PMBOK, 1996], [OGC, 2001], [METRICA3], [CMMI, 2002].
Estos modelos han sido desarrollados con el objetivo de establecer la gestión de
proyectos, entre otros procesos, en grandes organizaciones tales como
administraciones públicas, sector militar y aeroespacial. Teniendo en cuenta que en
enero del 2003 en España existían tres millones de PYMEs que representaban el
99,87 % del total de empresas, existe la oportunidad de introducir estas prácticas
158
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
efectivas en las PYMEs siempre que se proporcionen mecanismos de soporte para
establecer la gestión de proyectos a partir de las mejores prácticas de los modelos,
métodos y/o estándares existentes. Además, particularmente en España el 15,53%
de estas empresas se dedican a las TI y Telecomunicaciones.
El problema que se manifiesta en las PYMEs, es que aunque conocen los
fundamentos de la gestión de proyectos, no los ponen en práctica. En el informe de
Norman realizado durante 2002-2004 en PYMEs también indica que: no existe
coordinación o esfuerzo entre los desarrolladores; se utilizan muy pocos, si es que
existen, planes, procesos y procedimientos; no existe una responsabilidad de
gestión; y no existe un calendario para el desarrollo.
Entre las PYMEs el conocimiento de estos modelos ha sido débil e incluso sí
una empresa pequeña conoce los modelos y reconoce las necesidades de mejorar
sus procesos, sus recursos -financieros y de personal- son limitados. Usualmente las
PYMEs también carecen de formación y experiencia sobre el establecimiento de
planes y acciones para definir e implementar procesos apropiados [Saastamoinen,
2004]. Kuvaja [Kuvaja, 1996] y Kilpi [Kilpi, 1997] atribuyeron como principal
obstáculo el tamaño de las inversiones que las PYMEs pueden asumir al intentar
adoptar un modelo.
4.
Enfoque.
El objetivo principal de la plataforma es implantar el proceso de Gestión de
Proyectos en el nivel 4 de capacidad basándose en el modelo de madurez de
capacidad (CMMI), definiendo los componentes adecuados (definición del proceso
con actividades, medidas de proceso y producto, aspectos de calidad, técnicas a
emplear, documentos de proceso y herramientas a emplear).
Las hipótesis de partida en las cuales se sustenta la plataforma de gestión y
análisis estadístico de proyectos software son las siguientes:
• Es una necesidad de la industria software española obtener
certificaciones internacionales (CMMI) para acceder a los
mercados internacionales. Para poder certificarse es necesario
dotar a las mismas de las herramientas de soporte en las áreas de
proceso objeto de la certificación.
• El modelo de procesos CMMI indica que la gestión de proyectos
es un elemento básico para avanzar en la mejora de las
organizaciones. Las áreas de proceso correspondientes a la
gestión de proyectos se ubican en los niveles de madurez 2, 3 y 4.
• Las investigaciones realizadas indican que la gestión de proyectos
es un área (proceso) problemática tanto en grandes empresas
como en PYMEs.
• El coste de la mejora de procesos es muy elevado y hace que la
propia mejora sea difícilmente accesible para las PYMEs.
159
GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de
Proyectos Software para PYMES y Emprendedores .
•
Actualmente, si bien existen herramientas que implementen las
características del nivel de capacidad 2, sin embargo no abordan
las características de los niveles de capacidad superiores, siendo
además su implantación muy costosa.
Para ello, se pretende conseguir los siguientes objetivos parciales:
• Desde el punto de vista de la planificación de proyectos, se
pretende que la plataforma sea capaz de establecer y mantener los
planes que definan las actividades de sus proyectos.
• Desde el punto de vista del seguimiento y control de proyectos, se
pretende que la plataforma sea capaz de proporcionar una
comprensión del progreso del proyecto de forma que se puedan
tomar las acciones correctivas adecuadas cuando los parámetros
del proyecto se desvíen del plan de manera significativa.
• Desde el punto de vista del aseguramiento de la calidad, se
pretende que la plataforma sea capaz de proporcionar al personal
y a la dirección de una visión interna objetiva de los procesos y de
los productos de trabajo. Asimismo, permitirá la elaboración del
plan calidad adecuado a las características del proyecto
soportando su gestión documental. Por otro lado, deberá permitir
la realización de las actividades de auditoría en cada una de las
fases del proyecto.
• Desde el punto de vista de la gestión de los riesgos del proyecto,
se pretende que la plataforma sea capaz de identificar los
problemas potenciales antes de que ocurran, de forma que se
puedan planificar y ejecutar las actividades de tratamiento de
riesgos según se necesite durante la vida del proyecto, con objeto
de reducir los impactos negativos que pudieran afectar a los
objetivos del proyecto.
• Desde el punto de vista de la medición, se pretende que la
plataforma sea capaz de desarrollar y sostener la capacidad de
medida que se sustenta en las necesidades de información de
gestión. Se pretende investigar y desarrollar nuevos indicadores
de proceso y producto que nos permitan tener un mayor grado de
visibilidad sobre los mismos.
• Desde el punto de vista de la organización de proceso, se pretende
que la plataforma sea capaz de establecer y mantener un conjunto
válido de activos de proceso de la organización: proceso de
gestión de proyectos estándar, descripciones de modelos de ciclo
de vida, pautas y criterios de adaptación del proceso de gestión de
proyectos estándar, repositorio de medidas de la organización, y
biblioteca de activos.
• Desde el punto de vista de la gestión estadística de proyecto, se
pretende investigar en la obtención de los indicadores que puedan
ser de utilidad para el establecimiento de los objetivos de calidad
160
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
y rendimiento del proceso y del producto, definiendo modelos
cuantitativos que permitan predecir el comportamiento futuro de
los proyectos.
5.
Definición de la plataforma.
El desarrollo de la plataforma se divide en tres componentes:
• Herramienta básica de planificación y seguimiento de proyectos.
• Herramienta financiera y de activos de proceso.
• Herramienta de control estadístico.
A continuación se detallan las actividades de cada uno de los componentes.
5.2. Herramienta básica de planificación y seguimiento.
Este componente desarrollará una herramienta que permitirá la planificación y
seguimiento de proyectos. Asimismo, se deberá investigar sobre el conjunto de
medidas y procedimientos necesarios para la recogida de datos. Este componente
incluirá los siguientes módulos (véase Figura 1).
Calidad
Defectos
Eficacia
Eficiencia
Estimación
Mediciones
Tarea
Fecha inicio
Producto
Fecha Fin
Ciclo de Vida
Esfuerzo
Programación, y Seguimiento y Control
Figura 1 – Herramienta de Planificación y Seguimiento.
•
Módulo de estimación. Durante este módulo se definirán la
estimación de productos y tareas, así como la selección del ciclo
de vida a seguir.
161
GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de
Proyectos Software para PYMES y Emprendedores .
•
•
•
•
Módulo de programación. Este módulo se encargará de definir la
fecha de inicio y de fin de proyecto así como el esfuerzo que se
dedicará semanalmente.
Módulo de seguimiento y control. Este módulo se encargará de
almacenar los datos recogidos durante la ejecución y para ello
será necesario definir los indicadores, los parámetros de
seguimiento y los umbrales de los mismos. Asimismo permitirá
actualizaciones al plan cuando se produzcan desviaciones sobre
los objetivos.
Módulo de evaluación de calidad. Para realizar la evaluación de la
calidad del proceso y del producto, este módulo calculará los
índices de calidad permitiendo el almacenamiento de los mismos
para seguir su evolución. Los índices de calidad serán calculados
a partir de los datos de defectos capturados a lo largo del proceso
de desarrollo. Este módulo analizará: la eficiencia de las
revisiones y de los métodos de inspección; y la estimación de las
tasas de inyección y eliminación de defectos con objeto de
verificar si el plan cumple los objetivos de calidad que se han
requerido.
Módulo de mediciones básicas. Este módulo se encargará de
definir aquellas medidas que serán requeridas por el resto de
módulos.
5.3. Herramienta financiera y de activos de proceso.
Mediante esta herramienta se posibilitará disponer del control financiero sobre
el proyecto y de la gestión del conocimiento de la organización. Este componente
incluirá los siguientes módulos (véase Figura 2).
Proyecto
Costes
Riesgos
Análisis
estadístico
preliminar
Plantillas
Técnicas
Proceso
162
Ciclos vida
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figura 2 – Herramienta Financiera y de Activos de Proceso.
•
•
•
•
Módulo de repositorio de activos. Este módulo permitirá
almacenar las definiciones de los diferentes ciclos de vida que
puedan utilizarse por los proyectos.
Módulo de costes. Este módulo permitirá tener un control sobre
los costes incurridos por el proyecto, así como evaluar el
rendimiento económico de la organización.
Módulo de análisis estadístico preliminar. Este módulo permitirá
obtener una visión del proyecto de manera que se puedan tomar
las decisiones que correspondan según los resultados obtenidos.
Módulo de riesgos. Durante este módulo se llevará a cabo la
definición de las categorías de riesgos que puedan afectar al
proyecto de manera que se puedan adoptar las decisiones
adecuadas en la herramienta de planificación y seguimiento.
5.4. Herramienta de control estadístico.
Al finalizar este componente, se pretende obtener el control estadístico de la
cartera de proyectos de la organización. Este componente incluirá los siguientes
módulos (véase Figura 3).
163
GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de
Proyectos Software para PYMES y Emprendedores .
Cuadro de Mando
Rendimiento de
productos
Rendimiento de
procesos
Control estadístico
Ciclo de Vida 1
Productos
Proyecto
Productos
Ciclo de Vida 2
Productos
Control de productos
Figura 3 – Herramienta de Control Estadístico.
•
•
•
6.
164
Módulo de cuadro de mando. Mediante este módulo se permite la
gestión integrada de la cartera de proyectos de una organización.
De esta forma los resultados del rendimiento de los procesos y
productos podrán utilizarse de referencia en subsiguientes
proyectos.
Módulo de control estadístico. Mediante este módulo se permite
comparar los resultados obtenidos de los diferentes procesos de
los ciclos de vida que se hayan utilizado. El análisis estadístico
permitirá calcular los umbrales de los diferentes parámetros de
gestión.
Módulo de control de productos. Mediante este módulo se permite
comparar los resultados obtenidos de los diferentes productos de
los ciclo de vida que se hayan utilizado.
Conclusiones.
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
A partir de nuestra experiencia en la gestión de proyectos, un sistema que
maneje la información de los proyectos de manera integrada será de utilidad sobre
todo en el sector de las PYMEs.
Es importante resaltar que esta plataforma servirá para introducir e
institucionalizar prácticas efectivas de gestión de proyectos. La plataforma
permitirá utilizar los procesos de desarrollo más utilizados y seguidos en la
actualidad como por ejemplo, el TSP –Team Software Process, del Software
Engineering Institute –SEI, y PMBOK, del Project Management Institute –PMI.
Es de destacar que la herramienta soportará el conjunto de actividades
siguiente, que permitirá tener éxito en el proyecto.
• La planificación de tiempos y recursos necesarios para cada una
de las actividades del proceso.
• El seguimiento y control de cada actividad, para lo cual se
deberán introducir los esfuerzos reales y estimados de cada
actividad a lo largo del tiempo.
• El control de la evolución del proceso y se contrastarán con las
expectativas de tiempos y costes de la planificación.
• La identificación y registro de los riesgos del proyecto y se
realizará el posterior análisis de la evolución de los mismos
basándose en su probabilidad de ocurrencia y posible impacto.
• El repositorio de información para poder realizar un
benchmarking del proyecto frente a los proyectos almacenados.
Además, y con el fin de acceder a la información gestionada por la
herramienta, se pretende el desarrollo de un conjunto de interfaces web que
permitan a los usuarios de la herramienta el acceso a la información a través de
Internet, lo que posibilitará el acceso a las mejores prácticas por parte de las
PYMEs, independientemente de donde se encuentren.
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de la Simulación del Proceso de Desarrollo”. Revista Colombiana de
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166
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 167
Emerging Technologies and Standards on
Business Process Management in
Collaborative Networks Environments
Cláudio Miguel Sapateiro, Patricia Macedo
[email protected], [email protected]
Escola Superior de Tecnologia de Setúbal, Campus do IPS, Estefanilha
2914-508 Setúbal, Portugal
Abstract: The number of initiatives in Business Process Management (BPM)
has increased significantly in the last 15 years. In spite of the large number
of contributions to attempt to achieve better BPM, difficulties occur in the
selection of “standards” to implement. The emerging of new organizational
forms as Networked Production, Clusters and Virtual Organizations, where
several organizational entities have to share the management of distributed
processes, brings several challenges to BPM scientific area.The main goal of
this paper is to analyse the applicability of distinct initiatives in BPM to
collaborative network organisations. We analyse and compare their
weaknesses and strengths focused in agility, distribution and interoperability
characteristics. Emerging standards and technologies on BPM are presented
follow by the mapping of them to the different domain areas. Future research
issues on BPM on the scope of collaborative networks are discussed.
Keywords: Business Process Management, Service Oriented Architecture, Virtual
Organizations, Enterprise Architecture Integration
1. Introduction
In recent years architecture approaches for Information Systems have changed.
Data centric architectures have evolved to shared services and from that to the
actual shared processes/centric approaches. Two issues lead to the actual shared
processes/ centric approach: one is the agility required due to market demand, the
other is the increasing dynamic experienced in business processes requirements. So,
the actual trend in Business Processes Management (BPM) relies on process centric
approaches borrowed from a number of disciplines (Chang, 2005).
167
Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in
Collaborative Networks Environments
As stated in (Naidoo, 2005), the number of initiatives in BPM has increased
significantly in the last 15 years. In 90’s there was one standardization group from
workflow initiative, with one reference model plus five interfaces, with
specifications with an average size of 40 pages. Today, there are more then 10
standardization groups, more then seven standards for process modeling alone, with
an average specification size of 120 pages. It worth to question if there is a possible
convergence among these initiatives. If we thought about Transport Protocols, Data
Format, Messages Formats we assist to a relatively accepted convergence to
TCP/HTTP, XML, SOAP respectively. But, on other hand, at the Business Process
modeling/definition we still have many choices in hands (Smith, 2005). Several of
the existing initiatives aim to describe processes in a way that they can be converted
to execution languages reducing the gap between business and IT.
In spite of the large number of contributions to attempt to achieve better BPM,
difficulties occur in the selection of “standards” to implement. In this selection
process several questions arise, like: What’s my partner choice? What’s my
competitor choice? Which choice will lead to a better/faster ROI? Is this option
becoming an effective standard?
In order to manage its processes efficiently, any organization should have its
processes well defined and documented. Efficient decision-making, performance
measurements, assessment and improvement are relevant issues supported in
process definition: Other important motivation to have a well defined/established
business process layer/orientation is the desirable need of separate business logics
from specific implementations/platforms issues. Business analysts must have
supporting tools to manage processes without need to rely on technical
personal/staff the business logic aspects.
Networked organizations have evolved from traditional organizations,
although they differ in several relevant aspects. Gunasekeren et al. (2005) have
summarized these differences and grouped them by the follow areas: strategy
formulation, tactical decision, operational controls, purchasing and logistics,
knowledge management and information technology. From this summary we can
underline the follow common issues in all areas of networked organizations.
• Everything is more distributed
• Narrow Market vs. Global Market on Strategy area.
• Aggregate Production Planning vs. Enterprise Resource Planning in
tactical decisions.
• Central inventory control vs. Distributed inventory control in
operational decisions.
• Investment in Information technology has not just internal but also
external focus
• Pull/Push scheduling has evolved to Scheduling of delivery with
Partners.
• Everything changes fast (agility and adaptability is a requirement)
• Purchasing and logistics is now based in Agility and e-Market.
168
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
•
•
Agile Manufacturing and/or agile services are a characteristics of
operations in networked organizations
A Stable Master Production Scheduling is not any more a
characteristic of planning on a network organization.
From the above, we concluded that distribution and agility are attributes that
any paradigm, standard or technology applied to Collaborative Networks should
have.
Business process (BP) definition has even more significance in a collaborative
environment where partner’s assessment/selection, processes interoperability,
technological independence are crucial items to support. Allowing this way a more
flexible management of BP, in order to respond to dynamic changes/demand and
distributed characteristics.
Nowadays, the BPM aims: flexible management of BP, support to dynamic
BPs, abstraction from technology, and a control and visibility over any type of BP.
According to BPM (2005) organizations face problems like: heterogeneous IT, lack
of process definitions, mix between automate and human tasks, lack of feedback
within the right metric, measure and time (BAM, KPI’s, real-time), manage docs.
Scalability and heterogeneous IT are also crucial issues to be addressed in
Collaborative Networked Environments.
In (BPM, 2005) it is identified a set of specific needs for BPM as: a unified
process model, a direct model execution and manipulations management, a time
based exception management, a robust problem monitoring and analysis, a
standards based, a high scalability and a high reliability.
In this paper some of the disciplines used by BPM are identified in order to
discuss their contribution to Business Process Management in Collaborative
Networks. In section two we present the main initiatives areas to BPM and their
weakness and strengths focused on agility and distribution characteristics. In
section three emerging standards and technologies on BPM are presented follow by
the mapping of them to the different domain areas. Section four discusses future
research issues on BPM on the scope of collaborative networks. In section five we
present the conclusions and future work directions.
2. Main Initiatives
There are currently three main initiative areas for Business Process
Management Systems (BPMS): Workflow, Enterprise Application Integration
(EAI) and Service Oriented Architectures (SOA).
The workflow line of thought sees organizations structured as associated roles
and responsibilities, it consider both human and systems as resources (Fujitsu,
2005). Processes are sequence of activities (or in some cases sequences of other
169
Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in
Collaborative Networks Environments
processes) governed by business rules in which each have a responsibility role
associated as well as resources.
Workflow systems tend to be centralized and hard coded and typically present
limited connectivity to other Workflow Management Systems (WfMS) or BPMS.
So, they are becoming not as suitable for dynamic business processes as required in
collaborative environments.
Table 1 – The main strengths and weaknesses focused in agility, distribution and
interoperability characteristics. in the BPM main initiatives
Main Initiatives Areas in Business Processes Management
•
•
•
•
Agility
Workflow
Hardly
permit
process
decomposition in order to support
a more dynamic and agile
composition/choreography
Organizations is structured as
associated
roles
and
responsibilities
Distinguish of internal and
external views of processes
fragments promotes flexibility
Robust description/specification
of business tasks and their
interdependency
Distribution
• Based on a centralized
architecture
• Many problems in distributed
execution environments
Inter-Organizational Workflow
• Public (virtual activities) to private • Proposed 3rd party to act as
(particular) ones in a view based
certification (of trust) entity to
approach increase agility
deal
with
lack
of
confidentiality
• Lack of Flexibility due the lack of
• Lack of model for interlocal autonomy
organisations
SOA
• Address management services • Adequate for
distributed
functionality
processes
• Breaks
down
discrete, • Service Orientation
independent
and
reusable
components: services (reduce
time to market and development
costs)
• Loosely coupled systems
• BP as services composition
• High Scalability
• Promotes Business integration
170
Interoperability
• Many
difficulties
in
dealing
with
heterogeneous
environments
• Separation
between
processes logic and
technical implementation
• Services
may
be
developed
in
any
technology
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
WS-based
• XML-based document describing
WS orchestration
• XML-based
document
describing
WS
orchestration/Coordination
• Needs complementary
protocols
initiatives
(under standardization):
e.g. WS-Transaction, …
EAI
• Lack of semantics in BP
• Poor human activities concerning
• Focused
automation
• Applications
focus
in
process
integration
The Inter-Organizational branch of workflow addresses some issues related
with relationships between partners (Chebbi, 2004) (Chebbi, 2004a) like public and
private views of the shared processes, but still misses flexibility in processes and
local autonomy of participants.
Enterprise Applications Integrations (EAI) addresses a key requirement of
Distributed Business Process Management Systems (DBPMS) interoperability
(Smith, 2004) however the EAI approach focus on technical issues in order to
achieve activities/processes automation which is not so interesting in the human
involvement/interactions characterization.
In a Service Oriented Architecture (SOA) perspective a process can be
composed by a set of exposed services on the network that can be executed in a
highly distributed manner (BEA, 2005). SOA aims increasing business agility
(Srinivasan, 2005) by enabling IT departments to reuse services that have known
scalability and quality of service characteristics. Such reuse can help reduce time to
market as well as development costs. SOA may be implemented in different
technologies but the most popular (and supported by standards) is Web Services
(WS) based (Papazolou, 2004). SOA addresses the lack of connectivity experienced
in the workflow systems and the lack of management services in EAI.
Although the pointed advantages, not all the existing and legacy systems are
organized in service oriented architecture.
Nowadays, BPMS use a unified vision of the SOA and Workflow process
definition, this process centric approach aims to formally describe processes in
order to translate them to a level of direct execution in process execution engines.
(Silver, 2005) Business Rules Engines (BRE) in addition process engines can
provide extra separation between business rules and process logic. In this way we
can have a process owner focus on efficiency and rules owner focus on decision
logic in order to efficiently manage the flow of information and activities
In Table 1 are summarized the main strengths and weaknesses focused in
agility, distribution and interoperability characteristics of the above mentioned areas
in collaborative environments.
171
Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in
Collaborative Networks Environments
3. Emerging technologies and standards
The emerging technologies and standards on BPM for the main areas described
above are summarized.
ebXML CPA – OASIS ebXML Collaborative Profile Agreement objectives
the definition of the “rules of engagement” in a collaboration. It propose a standard
method to exchange business messages, conduct trading relationships, communicate
data in common terms and define and register business processes based in ebXML
services (Bernauer, 2003) (www.ebXML.org).
BPEL – Or BPEL4WS is the OASIS Business Process Execution Language
based on former IBM WFSL and MS XLANG. It’s primarily designed to support
automated business processes based on web services orchestration. (Oracle, 2004)
(Shapiro, 2002)
BPMN – Initially proposed by BPMI, was later merged with OMG and
approved as a standard in 2005. It allows practitioners to more easily exchange
business process models between different business process languages using a
standardized graphical notation. BPMN allows different XML-based process
languages, e.g., BPEL and BPML, to be visualized using common elements.
(www.bpmi.org) (http://xml.coverpages.org)
BPML – is proposed by BPMI as a meta-language to modelling BP. BPML
provides an abstracted execution model for collaborative and transactional business
processes that span multiple applications and business partners. (Shapiro, 2002)
(www.bpmi.org)
ebXML BPSS – Oasis and UN/CEFACT suggests a standard framework by
which business systems may be configured to support execution of business
collaborations consisting of business transactions. The Specification Schema
supports the specification of Business Transactions and the choreography of
Business Transactions into Business Collaborations. Each Business Transaction can
be implemented using one of many available standard patterns. These patterns
determine the actual exchange of Business Documents and business signals
between the partners to achieve the required electronic commerce transaction.
(Bernauer, 2003) (www.ebXML.org)
MDA – Model Driven Architecture provides an open, vendor-neutral based on
OMG’s established standards (like UML) aiming the separation of business
application logic from the underlying platform technology (www.omg.org).
Rosetta Net - Had its origin in a self-founded, non-profit, private consortium
aiming the development of an interface that companies should apply to their legacy
172
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
systems in order to
(www.rosettanet.org)
participate
in
a
wide
supply
chain
e-Business.
UMM - The UN/CEFACT Modelling Methodology (UMM) based on UML
defines a structured business processes modelling aiming the reuse of process
models that are technology and protocol insensitive. (Huemer, 2005)
WS-CDL - W3C’s WS-Choreography Description is a multi-participant
contract that describes from a global viewpoint the common observable behavior of
the collaborating WS participants defining how different components may act
together and in what sequence, giving a flexible systemic view of a process. WSCDL complements BPEL providing the collaboration model needed to ensure endpoint behaviour. (Talbot, 2004) (Oracle, 2004) (http://xml.coverpages.org)
WfXML – The Work flow XML from WfMC addresses the interface 4 of the
workflow reference model related with WFMS/BPMS communications.
(www.wfmc.org)
XPDL –XML Process Definition Language address from the WfMC addresses
the interface 1 of the workflow reference model that concerns with processes
definition, import and export. This process description is intended to execute in any
WfMS. (Shapiro, 2002) (www.wfmc.org)
Naidoo (Naidoo, 2005) as a member of the board of directors of BPMI.org
classify domain areas of BPM in Process Modelling, Process Integration and
Process Execution. These domain areas were used in order to map the emerging
technologies and standards describe above, as it is shown on Figure 1.
In respect to the modeling domain it is desirable to have a common notation
describing the processes preferentially with a visual/graphic capability. MDA,
UML, BPMN and BPML promote the communication between interested
participants without the need of specialized technical skills focusing in the
efficiency of the (collaboration) processes (although BPML doesn’t have visual
capabilities).
In what concerns to collaboration specification the above described WS-CDL
and ebXML CPA focus on the definition of roles/partners/responsibilities, messages
exchanged , services parameters and endpoints invocation.
One the other hand, yet in collaboration domain, the WfXML focus on process
definitions that are loaded into the process engine, and retrieved for a particular
process execution. In this way WfXML complements process execution languages
such as e.g. BPEL or XPDL which engines are expected to have installed the
required definitions for process execution.
173
Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in
Collaborative Networks Environments
The collaboration based on the Rosetta Net initiative obligate that partners
adopt the same proprietary interface missing the agility and interoperability
requirements of CNOs. Collaborations will be restricted to partners that have
adopted the specified interface.
Related with the processes execution domain we have the XPDL, BPEL and
ebXML BPSS initiatives. Due the background from workflow school XPDL
initiative contemplates user’s interactions with processes. It is also the only
specification that addresses process statistics like durations and costs. In contrast
BPEL is primarily designed to support automated business processes based on web
services. To overcame this issue IBM and SAP propose an extension of BPEL:
Business Process Execution Language for People (BPL4People) (IBM&SAP,
2005).
The interoperability requirement of CNOs is satisfied since BEPL relies on the
WS standards. The agility requirement of CNOs at the execution level is well
addressed by BPEL due to the fact it’s based on the WS orchestration. In fact BPEL
may act as the execution language of a WS-CDL description.
174
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Domain
XPDL
WfXML
Process
Execution
WS-CDL
BPEL
WS-based
Integration/
Collaboration
workflow
Process
Modelling
Technologies and
Standards
ebXML BPSS
others
ebXML CPA;
RosettaNet
MDA (UML, …)
BPMN;
BPML
UMM
Figure 1 - Mapping between the emerging technologies and standards in BPM
and the modelling, integration and execution domain.
4. Future research issues
There are several initiatives in each of the areas described in section two at
different domains of business processes management like the ones pointed in
section three: Modeling, Collaboration/Integration and execution.
Although all of these initiatives claim that they are the standard for its
respective domain, no single standard has been able to convince everyone to adopt
175
Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in
Collaborative Networks Environments
it. As a result, process model interchange, reuse and instances management in
distributed systems has not been very successful.
Several issues on BPM need to be carefully study and developed in order to
support model interchange and reuse in distributed systems.
The standard XML although has been adopted among several of this initiatives
does not standardize process semantics definitions; different approaches such as
block-based or graph-based (Marsh, 2005) representations yield different XMLbased standards. So a standardization of process semantic definition it’s an
important research issue. A properly designed eXtensible Stylesheet Language
(XSL) style sheet for transforming an XML process model from one standard to
another can be a feasible way to achieve the heterogeneous system integration.
The existence of formal standard based processes models and their availability
to reutilization, addresses collaborative environment requirements like partners
selection, allowing also the establishment of assessment metrics to processes and/or
partners is needed
Technologies and standards for process integration should not obligate that
network partners adopt the same proprietary technology. The agility and
interoperability requirements of CNOs should be address by process integration
technologies, in order that collaboration won’t be restricted to partners that have
adopted a specific technology.
5. Conclusions
This paper provided an overview of emerging technologies and standards on
BPM that may serve as the enablers for the development of the required support
infrastructure for CNOs. We have identified and analyzed the domains of
applicability of several initiatives in business processes modeling from the
collaborative point of view and identify some relevant research issues. This study
were focus specifically in the in the agility and interoperability requirements.
From this study, we conclude that large number of different initiative difficult
seriously the interoperability among different partners on a collaborative network.
This difficulty comes from the lack of standardization of process semantic. The
standardization among this several initiatives and the interoperability between them
is a requirement to provide agility to the set-up of Virtual Organizations. It is
desirable that if no convergence is achieved at least conversions between most
relevant/prominent initiatives should be part of their specifications.
It’s also desirable in order to achieve the mentioned agility and interoperability
that ones may use any combination of the initiatives described across the pointed
domains.
176
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
We conclude yet, that all the initiatives presented focus in formal definition of
processes, but lacks in the (informal) social interactions between participants in
collaborative environment.
In future, a similar work is needed in enumerating other CNOs specific
requirements (e.g. negotiating and contract representation) and possible
contribution areas (e.g. Agents) to address them, as well as the state of the related
initiatives.
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178
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 179
Proposta de uma plataforma de integração
para a administração pública
Gonçalo Paiva Dias 1, José Alberto Rafael 2
[email protected], [email protected]
1
Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, Universidade de Aveiro,
Zona Industrial da Alagoa, Apartado 473, 3754-909, Águeda, Portugal
2
Departamento de Electrónica e Telecomunicações, Universidade de Aveiro,
Campus Universitário de Santiago, 3810-193, Aveiro, Portugal
Resumo: Neste artigo propomos uma plataforma genérica para a integração
de serviços na administração pública. Trata-se de uma plataforma simples,
versátil e segura, que se baseia em tecnologias normalizadas e facilmente
disponíveis, como sejam o XML (Extensible Markup Language), o HTTP
(Hypertext Transfer Protocol), o SSL (Secure Sockets Layer) e o PKI.
(Public Key Infrastructure). A plataforma facilita a integração na
administração pública tanto por via da coordenação de serviços no frontoffice como por via da integração de processos no back-office; suporta o
desenvolvimento de balcões únicos de acesso, reais ou virtuais; e permite a
prestação concorrente de serviços, a organização por acontecimentos da vida,
a existência de prestadores concorrentes e a integração de diferentes canais de
atendimento.
Palavras-chave: e-governo; administração pública; integração de serviços.
1. Introdução
A administração pública caracteriza-se, entre outros aspectos, por uma
organização vertical extraordinariamente rígida em que cada subdivisão tende a
concentrar-se nos assuntos que lhe dizem directamente respeito e onde dificilmente
se encontra uma visão holística do governo. Deste tipo de organização decorre
geralmente uma prestação compartimentada de serviços que segue a lógica orgânica
do estado e não a lógica das necessidades dos cidadãos ou das empresas. No fundo,
a administração pública transpõe para os clientes a sua própria organização
funcional. Como resultado, estes necessitam muitas vezes de se deslocar a
diferentes departamentos, interagindo com diferentes interlocutores, para resolver
um único assunto.
179
Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública
Uma das principais promessas do governo electrónico consiste em
revolucionar a forma como a administração pública se relaciona com os cidadãos,
as empresas e outras organizações da sociedade. Para além de basear a prestação de
serviços nas novas tecnologias, trata-se de integrar os diferentes serviços que,
actualmente, são prestados de uma forma dispersa. Trata-se, portanto, de promover
a integração de serviços através das novas tecnologias da informação e da
comunicação.
Nos últimos anos têm existido, a nível internacional, diversas propostas de
arquitecturas e plataformas de suporte ao governo electrónico, incluindo, por
exemplo, (Greunz, Schopp & Haes, 2001), (Arcieri, et al., 2002), (Wimmer, 2003),
(F. Steimke & Hagen, 2003), (Medjahed, et al., 2003) e (Kaliotzogloua, et al.,
2005). No entanto, estas propostas não satisfazem todos os requisitos que
consideramos relevantes para garantir uma completa integração de serviços na
administração pública (Dias & Rafael, 2006):
• A coordenação de serviços no front-office, entendida enquanto capacidade
de integrar, do ponto de vista dos clientes finais, a prestação dos diferentes
serviços da administração pública, apesar de esses serviços poderem
continuar a ser tratados de forma dispersa ao nível do back-office.
• A integração de processos no back-office, entendida enquanto capacidade
de integrar o fluxo dos processos transversais da administração pública,
independentemente da fronteira dos diferentes organismos.
• A multiplicidade de canais, entendida enquanto capacidade de integrar
diferentes canais de atendimento, incluindo tanto os canais tradicionais
como os canais baseados nas novas tecnologias;
• A prestação concorrente, entendida enquanto capacidade de permitir a
concorrência na prestação de serviços, quer ao nível do front-office, quer
ao nível do back-office;
• A versatilidade, entendida enquanto capacidade de permitir a interligação
de uma grande diversidade de organismos com diferentes culturas, práticas
de gestão e níveis de maturidade tecnológica;
• A segurança, entendida enquanto capacidade de assegurar a autenticação,
a autorização, a confidencialidade, a integridade, a disponibilidade e o não
repúdio da informação e das comunicações.
O facto de as plataformas existentes não satisfazerem a totalidade dos
requisitos enunciados justifica a existência de propostas alternativas que satisfaçam
esses mesmos requisitos. A plataforma descrita neste artigo satisfaz os requisitos
enunciados. Ela baseia-se em ideias originalmente desenvolvidas como parte de
uma tese de doutoramento (Dias, 2006). Uma descrição genérica da arquitectura de
base e do respectivo processo de validação foi publicada anteriormente em (Dias &
Rafael, 2005).
180
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
3. Plataforma Proposta
A plataforma que propomos segue um paradigma simples e universal: a
administração pública é constituída por uma rede não estruturada de entidades que
prestam serviços integrados aos clientes trocando requerimentos electrónicos entre
si. Uma entidade é um conceito abstracto que abrange todos os organismos ou
departamentos que colaboram na prestação de serviços aos utilizadores. Os
utilizadores são os cidadãos, as empresas ou os funcionários públicos que requerem
serviços às diversas entidades. Assim, sempre que recebe um requerimento de um
utilizador, uma entidade satisfaz ela própria esse pedido ou procura uma outra
entidade que seja capaz de o fazer e, encontrando-a, encaminha-lhe o requerimento
do utilizador. Adicionalmente, sempre que possível, as entidades requisitam umas
às outras os documentos oficiais que permitem instruir os processos, em vez de
pedirem aos utilizadores que o façam por elas.
Genericamente, uma entidade possui a capacidade de receber requerimentos
dos clientes, de requerer serviços a outras entidades e de prestar serviços que lhe
sejam requeridos por utilizadores ou por outras entidades. O estado de satisfação
dos pedidos é mantido pelas entidades que, em última análise, são capazes de
satisfazer os requerimentos que lhes dão origem. Sempre que necessário, essas
entidades emitem relatórios que traduzem o estado dos pedidos recebidos e que
podem conter resultados parciais ou finais relacionados com a sua satisfação. Nada
impede que uma entidade receba um requerimento de um utilizador ou de uma outra
entidade e, por meios que lhe sejam próprios, decomponha esse requerimento,
preste ela própria algumas das partes e encaminhe as restantes para outras
entidades. No entanto, ao fazê-lo, essa entidade deverá ser igualmente capaz de
integrar os respectivos resultados e de, a qualquer momento, informar sobre o
respectivo estado de satisfação. Para tal, sempre que necessário, ela solicita a
emissão de relatórios às entidades para as quais encaminhou partes do
requerimento.
Dependendo da função que desempenham, as entidades classificam-se em
entidades de front-office e em entidades de back-office. Os utilizadores requerem
serviços, consultam o respectivo estado de execução e recebem resultados através
de entidades de front-office. Um portal do cidadão, uma loja de cidadão ou o frontoffice de uma autarquia local constituem exemplos deste tipo de entidades. No
entanto, a natureza destas entidades é propositadamente deixada abstracta ao nível
da especificação da plataforma. Na prática, elas podem ser implementadas usando
diferentes abordagens: um portal Web totalmente automatizado que, baseando-se
em agentes de software, é capaz de decompor e reencaminhar as solicitações dos
utilizadores; um portal configurado manualmente para oferecer um conjunto prédefinido de serviços; ou um balcão de atendimento presencial em que os
funcionários actuam como intermediários entre os clientes e o sistema.
As entidades de back-office prestam serviços às entidades de front-office e,
através delas, aos utilizadores. Elas aceitam e processam os requerimentos
submetidos pelas entidades de front-office, mantêm um registo dos sucessivos
181
Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública
estados dos processos internos que lhes correspondem, e devolvem os resultados
desses processos de forma a que os mesmos possam ser reencaminhados para os
utilizadores. Tal como no caso das entidades de front-office, também a natureza das
entidades de back-office é deixada abstracta ao nível da especificação da
plataforma. Isto permite abarcar graus muito diferentes de maturidade tecnológica
do lado do back-office. Em princípio, nada impede que uma entidade possa ser,
simultaneamente, uma entidade de front-office e uma entidade de back-office. Da
mesma forma, nada impede que uma entidade de back-office, ainda que não preste
serviços directamente aos utilizadores, possa requerer serviços a outras entidades.
Este é o caso que se verifica, por exemplo, quando uma entidade de back-office
decompõe um requerimento e submete a execução de algumas das suas partes a
outra entidade de back-office. A Figura 1 ilustra parcialmente a organização
conceptual descrita: a entidade representada à esquerda é exemplo de uma entidade
de front-office, enquanto que a entidade representada à direita é exemplo de uma
entidade de back-office.
3.1. Requerentes e Prestadores
Quanto ao tipo de interacção que têm com outras entidades, as entidades
classificam-se em entidades requerentes, entidades prestadoras e entidades híbridas.
As entidades requerentes são aquelas que requerem serviços a outras entidades, as
entidades prestadoras são aquelas que prestam serviços a outras entidades, e as
entidades híbridas são aquelas que, simultaneamente, requerem e prestam serviços a
outras entidades. As entidades de front-office são sempre entidades requerentes. As
entidades de back-office são entidades híbridas ou entidades prestadoras consoante
requisitem ou não os serviços de outras entidades. Quaisquer entidades que
executem tanto as funções de front-office como as funções de back-office são
necessariamente híbridas.
182
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Entidade
Requerente
repositório
de serviços
ser
o
viç
iço
rv
se
sistemas de
front-office
requerimento
Utilizador
requerente
prestador
relatório
do
fica
ce
rti
fic
ad
o
ti
cer
autoridade
certificadora
sistemas de
back-office
Entidade
Prestadora
Back-Office
Figura 1 – Organização conceptual da plataforma
Na Figura 1, a entidade requerente está associada a um módulo requerente e a
entidade prestadora a um módulo prestador. A plataforma impõe que a
comunicação entre entidades se faça através destes módulos. Na prática,
requerentes e prestadores não são mais do que caixas negras que isolam os sistemas
locais da complexidade da rede e a rede da complexidade dos sistemas locais.
Requerentes e prestadores sabem comunicar entre si e devem ser configurados para
interagir com os sistemas locais das entidades em que são instalados.
3.2. Repositórios de Serviços
As entidades prestadoras devem ser capazes de descrever pormenorizadamente
os serviços que prestam e de, através dos respectivos prestadores, publicar as
descrições resultantes em repositórios pesquisáveis pelos requerentes de outras
entidades (Figura 1). Assim, um repositório de serviços é uma colecção de
descrições que inclui toda a informação necessária para que as entidades que
dependem de serviços externos os possam encontrar e requisitar, através dos seus
requerentes. No entanto, a plataforma não estabelece como é que, na prática, as
entidades requerentes beneficiam dos repositórios de serviços. Eles podem ser
usados para pesquisar e requisitar serviços dinamicamente, quer de forma
automática quer por intervenção humana, ou podem ser usados para obter a
informação que permita configurar estaticamente, do lado das entidades
requerentes, os serviços disponíveis. Os prestadores e os requerentes usam formatos
normalizados para, respectivamente, publicar e pesquisar serviços nos repositórios.
O nosso conceito de repositório de serviços baseia-se no conceito originalmente
proposto no âmbito do projecto eGOV (Wimmer, 2002).
183
Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública
Podem existir vários repositórios de serviços na mesma rede de entidades: as
mesmas descrições de serviços podem ser publicadas em vários repositórios e os
requerentes possuem a capacidade de combinar as pesquisas feitas em mais do que
um repositório. Um repositório de serviços pode ser instalado numa entidade
participante ou num nó autónomo (tal com é representado na Figura 1). Onde um
repositório se deve localizar e que tipo de serviços deve armazenar são questões que
dependem da aplicação em concreto. No caso de um portal do cidadão, por
exemplo, pode ser conveniente ter um repositório de serviços associado à entidade
que gere o portal, de forma que todos os prestadores que contribuem com serviços
aí possam publicar as respectivas descrições. Já no caso de um departamento central
da administração pública que disponibilize um conjunto alargado de serviços a
muitos requerentes, pode ser conveniente associar o repositório de serviços à
própria entidade prestadora, de forma a que os requerentes aí possam encontrar as
descrições dos serviços disponíveis. Podem igualmente revelar-se úteis repositórios
de serviços temáticos que sejam partilhados por vários requerentes e por vários
prestadores: serviços para as autarquias locais, serviços relacionados com a saúde,
serviços relacionados com o sector da construção, etc.
Os repositórios de serviços são, na sua essência, componentes passivos. Eles
limitam-se a aceitar pedidos de publicação, actualização ou remoção de serviços,
recebidos dos prestadores, e a responder a pesquisas, recebidas dos requerentes. A
correcção da informação presente nos repositórios é, assim, uma responsabilidade
de cada um dos prestadores que aí publica descrições de serviços. A plataforma não
inclui quaisquer mecanismos independentes de actualização, sincronização,
hierarquização e verificação da informação presente nos repositórios. Tal não
impede, no entanto, que possam ser adoptadas estratégias de mais alto nível que
facilitem a gestão de cada repositório e mesmo a gestão integrada de diferentes
repositórios.
3.3. Serviços, Requerimentos e Relatórios
Os requerentes e os prestadores comunicam entre si e com os repositórios
trocando três tipos de objectos: serviços, requerimentos e relatórios (Figura 1). Os
serviços são descrições do que pode ser requisitado e de como pode ser requisitado.
São publicados pelos prestadores nos repositórios de serviços e são transferidos a
partir daí pelos requerentes.
Os requerimentos são objectos que os requerentes criam e enviam para os
prestadores como forma de solicitar a prestação de um serviço concreto. Assim,
estes objectos agregam toda a informação necessária para despoletar a prestação de
um serviço, incluindo, nomeadamente, informação sobre o utilizador, a entidade
requerente e as opções de pagamento e entrega de resultados. Podem ainda incluir
formulários e outros documentos anexos que informem o pedido. Os serviços
incluem informação sobre que formulários e outros documentos podem ser
anexados aos requerimentos e sobre quais os formatos admissíveis para tal.
184
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Os relatórios são descrições do estado da prestação de um determinado serviço
num determinado momento. São emitidos pelos prestadores sempre que para isso
solicitados pelos requerentes. Opcionalmente, podem ser enviados por iniciativa
dos próprios prestadores como forma de notificar os requerentes da ocorrência de
um determinado evento. Incluem informação recolhida durante o processo de
requisição e prestação de um serviço concreto. Podem incluir igualmente uma lista
de resultados parciais e/ou finais: recibos, notificações, certificados, etc. Os
serviços incluem informação sobre os resultados que deles podem ser esperados e
em que formatos.
Como vimos, os requerimentos incluem todos os formulários e documentos
anexos necessários para despoletar a prestação de um serviço. Assim, para serem
universais, estes objectos devem ser capazes de incorporar virtualmente qualquer
tipo de documento digital. O mesmo é verdade no que diz respeito aos resultados
incorporados nos relatórios e às definições de formulários incorporadas nos
serviços. Consequentemente, a plataforma prevê a incorporação, nos objectos
descritos, de dados binários não estruturados.
Embora a plataforma não dependa intrinsecamente dos formatos usados para
transferir os documentos binários, a necessidade de utilizar formatos normalizados
para o efeito não pode ser ignorada. Em última análise, se não fossem capazes de
interpretar os documentos transferidos, as entidades seriam incapazes de prestar os
próprios serviços. Assim, a existência de formatos normalizados que possam ser
utilizados para este efeito constitui uma das asserções da plataforma. Os objectos
que descrevem os serviços incluem informação sobre que formatos devem ser
utilizados ou são admissíveis em cada situação particular.
3.4. Codificação e Transporte
Antes de serem transferidos entre requerentes, prestadores e repositórios, os
objectos são codificados usando a linguagem XML (Bray et al., 2004) e
incorporados em contentores XML seguros. A estrutura dos contentores é baseada
na originalmente proposta pelo projecto SeCo (Greunz, Schopp & Haes, 2001),
incluindo um bloco de conteúdo e um bloco de assinatura. O bloco de conteúdo é o
recipiente onde serviços, requerimentos e relatórios são inseridos, depois de
devidamente codificados. O bloco de assinatura contém a assinatura digital que
assina o bloco de conteúdo, juntamente com o certificado digital que contém a
chave pública do signatário. Os objectos são assinados digitalmente usando a norma
XML Signature (Eastlake, Reagle & Solo, 2002). Para tal, requerentes e prestadores
utilizam certificados digitais X509v3 (Housley et al., 2002) emitidos previamente
por uma ou mais autoridades certificadoras (Figura 1) que, de acordo com a norma
XML Signature, são incorporados na própria assinatura digital. Esta organização
permite garantir, por si só, a integridade e a não repudiação dos objectos.
Como vimos, os serviços, requerimentos e relatórios podem incluir
documentos binários. Nestes casos, a incorporação destes documentos na estrutura
XML que resulta da codificação dos objectos faz-se de uma de duas formas: os
185
Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública
documentos são codificados usando a norma BASE64 (Josefsson, 2003) e
embebidos na estrutura XML que resulta da codificação do próprio objecto, ou os
documentos são referenciados a partir dessa estrutura e são enviados usando meios
alternativos. No último caso, no entanto, os documentos devem ser assinados
individualmente pelas entidades emissoras, sob pena de não poder ser garantida a
respectiva integridade e não repudiação.
Os contentores são transferidos entre requerentes, prestadores e repositórios
usando um protocolo de transporte que garanta a respectiva privacidade. Quatro
alternativas estão disponíveis para tal: HTTP (Fielding, et al., 1999) sobre SSL
(Frier, Karlton & Kocher, 1996), HTTP sobre TLS (Dierks & Allen, 1999), SOAP
sobre SSL, ou SOAP sobre TLS (Newcomer, 2002). Nos primeiros dois casos, os
contentores e quaisquer documentos anexos são transferidos usando o comando
POST do HTTP. Nos dois últimos casos, o protocolo SOAP com anexos é utilizado
para transferir os contentores e os documentos associados. Note-se, no entanto, que
a interoperabilidade só é garantida desde que a mesma pilha protocolar de
transporte seja utilizada por todos os requerentes, prestadores e repositórios
envolvidos.
4. Discussão
4.1. Coordenação de serviços e integração de processos
A plataforma proposta suporta a integração de serviços tanto por via da
coordenação de serviços no front-office como por via da integração de processos no
back-office. A coordenação de serviços no front-office é suportada pela
possibilidade de uma entidade de front-office poder basear a prestação de um
serviço ao utilizador em vários serviços parcelares oferecidos por outras entidades,
tal como é ilustrado no exemplo da Figura 2. No exemplo representado, a entidade
A é uma entidade de front-office que, para prestar um determinado serviço, recorre a
serviços parcelares das entidades de back-office B, C e D. Acresce que, ainda no
exemplo, o serviço prestado pela entidade D depende de resultados gerados
previamente pelas entidades B e C. Assim, como resposta a uma solicitação do
utilizador, a entidade A envia requerimentos às entidades B e C e aguarda que as
mesmas lhe remetam os relatórios finais relativos a esses mesmos requerimentos.
Uma vez recebidos os relatórios finais de B e C, a entidade A incorpora os
resultados neles contidos num novo requerimento, que envia à entidade D. Quando
recebe o relatório final da entidade D, a entidade A está pronta a entregar os
resultados finais do serviço ao utilizador. Sempre que necessário, a entidade A pode
solicitar a emissão de relatórios parciais por parte das entidades B, C e D, com base
nos quais pode apurar, com precisão, o estado de satisfação global do pedido do
utilizador.
186
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Entidade A
(requerente)
Entidade B
(prestadora)
Entidade C
(prestadora)
Entidade D
(prestadora)
requerimento
requerimento
relat ório
relatório
requerimento
relatório
Figura 2 – Exemplo de coordenação de serviços no front-office.
Note-se que a coordenação de serviços no front-office pode ser feita tanto de
forma estática como de forma dinâmica. Com efeito, os sistemas locais destas
entidades podem compor serviços com base em planos preestabelecidos, ou definir
esses planos dinamicamente em função das necessidades do utilizador, tendo por
base a informação presente nos repositórios.
Na plataforma, a integração de processos é permitida pela possibilidade de
criação de entidades de back-office que façam a gestão do fluxo de um conjunto de
processos parcelares a que têm acesso enquanto serviços oferecidos por outras
entidades. O diagrama de sequência da Figura 3 ilustra o mesmo caso da Figura 2,
agora implementado recorrendo à integração de processos. O papel de gestão de
fluxo, que antes era desempenhado pela própria entidade de front-office, é agora
desempenhado por uma entidade híbrida, localizada no back-office. Assim, a
entidade E comporta-se neste exemplo tal como se comportava a entidade A no
exemplo anterior, apenas com duas diferenças pertinentes: a entidade E deve ser
capaz de integrar os anexos relevantes do requerimento que recebe da entidade A
nos requerimentos que envia às entidades B, C e D; e a entidade E deve ser capaz
de incorporar os resultados relevantes obtidos das entidades B, C e D no relatório
final que envia à entidade A. Note-se ainda que, a qualquer momento, a entidade E
poder ser solicitada para emitir relatórios que descrevam o estado de satisfação do
pedido original. Para compor esses relatórios, ela pode, por sua vez, solicitar a
187
Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública
emissão de relatórios por parte das entidades B, C e D. Uma vez que a plataforma
não prevê a existência, ao nível dos módulos requerentes e prestadores, de
quaisquer mecanismos que suportem a gestão de fluxo, a decomposição de
requerimentos ou a composição de relatórios, estas são capacidades que deverão
ser asseguradas pelos sistemas locais das entidades que desempenham essas
funções. Para tal, eles deverão ser tipicamente implementados recorrendo a sistemas
de gestão de workflow.
Um serviço pode ser prestado recorrendo, simultaneamente, à composição de
serviços no front-office e à integração de processos no back-office. Com efeito, essa
seria a situação se, por exemplo, o serviço oferecido pela entidade E da Figura 2
fosse usado por uma qualquer entidade de front-office para compor um novo
serviço. Da mesma forma, nada impede que o serviço oferecido pela entidade E
possa ser usado por uma qualquer outra entidade híbrida no âmbito de um novo
processo, caso em que estamos em presença da integração de processos com base
em processos parcelares previamente integrados.
4.2. Prestação concorrente e integração de canais
Na sua essência, a plataforma proposta permite tanto a prestação concorrente
de serviços como a integração de canais. Em relação à prestação concorrente de
serviços, são admissíveis as organizações entre entidades que permitem a oferta se
um serviço da responsabilidade de uma entidade de back-office por mais do que
uma entidade de front-office; a oferta através de uma única entidade de front-office
de serviços prestados por várias entidades de back-office, eventualmente
concorrentes entre si; e a oferta de serviços concorrentes através de diferentes
conjuntos de entidades de front-office e de back-office. Os três tipos de organização
podem coexistir na mesma rede e para as mesmas entidades.
188
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Entidade A
(requerente)
Entidade E
(híbrida)
Entidade B
(prestadora)
Entidade C
(prestadora)
Entidade D
(prest adora)
requerimento
requerimento
requerimento
relatório
relatório
requerimento
relatório
relatório
Figura 3 – Exemplo de integração de processos no back-office.
A integração de canais pode ser conseguida usando uma de duas abordagens
alternativas: os diferentes canais são oferecidos por uma única entidade de frontoffice, que permite o acesso a serviços prestados por uma ou mais entidades de
back-office; e os diferentes canais são oferecidos por diferentes entidades de frontoffice que, em conjunto, permitem o acesso a serviços prestados por uma ou mais
entidades de back-office. Em qualquer dos casos, a disponibilização de canais
alternativos pode ser feita sem duplicação de meios ou de esforços, tanto no frontoffice, como no back-office. Note-se, no entanto, que a primeira abordagem permite
uma maior integração entre diferentes canais, pela possível utilização de sistemas
CRM (Customer Relationship Management) ao nível dos sistemas locais de cada
entidade de front-office. Ambas as abordagens podem coexistir na mesma rede.
Apesar de, como vimos, a plataforma permitir a integração de canais pela
combinação de diferentes entidades de front-office, ela não suporta uma verdadeira
integração entre essas diferentes entidades. Com efeito, o que permite ao utilizador
usar diferentes front-offices para aceder, em fases subsequentes e usando canais
alternativos, ao mesmo serviço, é o facto de o conhecimento acerca do estado de
prestação desse mesmo serviço residir numa entidade de back-office comum.
Assim, a plataforma, por si só, não suporta operações típicas dos sistemas CRM
como sejam, por exemplo, o conhecimento prévio dos dados e das preferências do
189
Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública
utilizador ou o conhecimento do teor dos diversos contactos que, no âmbito de um
determinado processo, tenham sido feitos por esse mesmo utilizador. O suporte de
operações deste género exigiria a partilha, entre os diferentes front-offices, de
informação relativa ao utilizador e ao próprio processo de atendimento, facilidade
essa que não é directamente suportada pela plataforma.
4.3. Versatilidade e normalização
A plataforma proposta estabelece um nível básico e relativamente leve de
interoperabilidade com base no qual podem ser encetadas novas iniciativas de
normalização, nomeadamente ao nível semântico. Com efeito, a plataforma define
os mecanismos que permitem a troca de serviços, requerimentos e relatórios, mas
não define quaisquer normas em relação aos formulários, anexos e resultados que
são incluídos nesses objectos. Isto permite que qualquer entidade de back-office,
desde que utilize formatos reconhecíveis pelos utilizadores, possa prestar serviços
através de outras entidades, independentemente de as mesmas reconhecerem ou não
os formatos utilizados. Ao mesmo tempo, nada impede que estes mesmos
documentos possam ser objecto de normalização, tanto ao nível semântico como ao
nível dos formatos utilizados, no âmbito de iniciativas globais, regionais ou
sectoriais. Quaisquer normas podem ser adoptadas gradualmente, sem ser para
todos os serviços e para todas as entidades ao mesmo tempo, e a coexistência de
diferentes normas é plenamente suportada pela plataforma. A existência de
repositórios de serviços pode mesmo facilitar o processo de normalização.
A alteração da morada dos cidadãos constitui um bom exemplo da necessidade
de normalização dos documentos anexos a requerimentos e relatórios. Com efeito,
se os formulários e anexos necessários para requerer um serviço deste género
variarem com a entidade de back-office que efectivamente os presta, o cidadão, ou
alguém por ele, é obrigado a submeter diferentes requerimentos para as diferentes
entidades. Se a mesma descrição de serviço e, consequentemente, os mesmos
formulários e anexos forem utilizados por todas as entidades, o processo de
alteração de morada torna-se muito mais simples: a menos dos detalhes relativos à
entidade de destino, os diversos requerimentos são exactamente iguais e,
consequentemente, passíveis de serem gerados de forma totalmente automática por
uma entidade de front-office ou, eventualmente, por uma entidade híbrida. A
normalização de formulários, documentos anexos e resultados pode ser igualmente
relevante quando está em causa a integração de processos, pela necessidade de
composição automática de requerimentos e relatórios.
A plataforma proposta não depende de quaisquer outras capacidades dos
sistemas locais das entidades participantes que não as de saberem como comunicar
com requerentes e prestadores e respeitarem um conjunto de regras de segurança.
Isto permite uma grande flexibilidade ao nível das entidades e dos seus sistemas
locais. No entanto, não é despiciendo o facto de tanto requerentes como prestadores
poderem ser utilizados em diferentes ambientes computacionais, o que pode
implicar o desenvolvimento de versões adaptadas a diferentes ambientes
190
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
distribuídos, diferentes sistemas operativos e diferentes arquitecturas de
computadores.
4.4. Segurança e pagamento de serviços
A plataforma descrita define os mecanismos que permitem garantir os
requisitos de autenticação, autorização, confidencialidade, integridade e não
repudiação. Importa notar, no entanto, que o cumprimento de alguns desses
requisitos se baseia no estabelecimento de um conjunto de regras a que devem
obedecer os sistemas locais das entidades participantes. Assim, além da confiança
nos mecanismos de transferência de informação e nos requerentes e prestadores, a
confiança na segurança oferecida por uma rede de entidades depende também da
confiança depositada na segurança de cada uma dessas mesmas entidades.
Consequentemente, a utilidade prática da plataforma proposta depende da
existência de um processo de certificação de entidades que permita aferir a
respectiva obediência às regras de segurança estabelecidas. A plataforma prevê os
mecanismos que permitem classificar entidades de acordo com a obediência a essas
regras, mas não define os procedimentos administrativos que devem estar na base
dessa mesma classificação. Esses procedimentos devem ser estabelecidos em
função do caso concreto.
Do ponto de vista da segurança, merece ainda discussão a forma como, com a
plataforma proposta, pode ser resolvida a questão do pagamento de serviços. Uma
vez que a plataforma define que os utilizadores acedem aos serviços através de
entidades de front-office, o passo lógico é aceitar que os utilizadores pagam os
serviços directamente às entidades de front-office e que estas transferem os
pagamentos para as entidades de back-office sempre que requerem os seus serviços.
Esta abordagem tem três importantes vantagens: o pagamento integrado de serviços
é plenamente suportado; o dinheiro e os cheques permanecem meios válidos de
pagamento quando está em causa o atendimento presencial; e eventuais dados
financeiros dos utilizadores permanecem contidos dentro das entidades com as
quais eles interagem directamente. A transferência de fundos entre entidades pode
basear-se na infra-estrutura bancária existente. Se for este o caso, o relatório que
confirma a aceitação de cada requerimento inclui informação sobre a conta bancária
a creditar pela entidade que requer o serviço, assim como sobre a descrição de
movimento a usar para a creditar. As entidades prestadoras confirmam a recepção
dos pagamentos analisando os movimentos de crédito nas suas próprias contas
bancárias e, se necessário, incluem recibos em relatórios posteriores.
Apesar de a abordagem descrita ser a que melhor se adequa à plataforma
proposta, subsistem duas formas alternativas de implementar o pagamento de
serviços. A primeira consiste na transferência para o utilizador da informação
relativa ao pagamento, de maneira que este o possa efectuar através do seu próprio
banco. O pagamento pode ser feito usando um cartão de débito e um PIN (Personal
Identification Number), através da Web ou de uma ATM (Automatic Teller
Machine). A segunda baseia-se na utilização de um cartão de crédito pelo
191
Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública
utilizador: a informação relevante do cartão é incluída no requerimento e, assim, é
transferida da entidade de front-office para as entidades de back-office relevantes.
No entanto, neste caso, embora a confidencialidade esteja assegurada, o utilizador
não controla a que entidades a informação do cartão é enviada nem qual o uso que
aí é feito da mesma. O método de pagamento a utilizar em cada ocasião pode ser
seleccionado pelas entidades requerentes preenchendo campos apropriados do
requerimento. As opções de pagamento disponíveis para cada serviço são descritas
nos objectos serviço.
4.5. Evolução e limitações da plataforma
A plataforma proposta baseia-se em normas como o HTTP ou o SOAP, o SSL
ou o TLS, o XML, o XML Signature, o BASE64 e o X509v3. Assim, é importante
analisar até que ponto quaisquer futuras evoluções destas normas afectam a
funcionalidade da plataforma e com que facilidade ela pode beneficiar dessas
mesmas evoluções. A primeira consideração a fazer é a de que as tecnologias
referidas são de uso generalizado e, consequentemente, elegíveis para importantes
inovações mas, simultaneamente, pouco susceptíveis a grandes roturas. Se a retrocompatibilidade for assegurada, a adopção de normas melhoradas não deverá ter
quaisquer consequências relevantes para a funcionalidade da plataforma. Se não, o
esforço de remodelação dos sistemas deverá poder ser contido no âmbito de
requerentes e prestadores, não devendo implicar a alteração dos sistemas locais das
entidades. A ser este o caso, o custo de reformulação depende essencialmente da
modularidade desses componentes e, assim, é essencialmente um problema de
engenharia de software.
De qualquer forma, a plataforma proposta parece poder permanecer válida
independentemente das tecnologias que sejam utilizadas para o implementar. Este é
seguramente o caso da plataforma Web Services (Newcomer, 2002) e,
nomeadamente, da norma WS Security. Note-se, a este propósito, que o protocolo
UDDI pode ser utilizado para permitir que os repositórios de serviços sejam
automaticamente descobertos, tanto por requerentes como por prestadores.
Note-se ainda que, devido à sua natureza intrinsecamente distribuída, a
plataforma não impõe a existência de um conhecimento centralizado sobre o fluxo
total dos processos que correspondem às solicitações dos utilizadores. Assim, esse
conhecimento pode ser distribuído pelas diferentes entidades intervenientes no
processo: uma entidade de front-office e várias entidades de back-office, no caso da
composição de serviços; e várias entidades de back-office, no caso da integração de
processos. Embora a informação sobre o estado de satisfação de um pedido possa
sempre ser obtida recorrendo à emissão de relatórios, esta situação configura uma
limitação da plataforma no que respeita às possibilidades de monitorização dos
processos.
A plataforma proposta segue uma abordagem de integração de processos em
detrimento de uma abordagem de integração de informação (Klishchewski, 2004).
Consequentemente, ela não responde a questões como, por exemplo, a procura de
192
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
documentos, a manipulação remota de dados ou a realização de pesquisas ad hoc.
Embora a composição dinâmica de serviços possa ser suportada, a plataforma
proposta é especialmente adequada para suportar processos bem estruturados e
predefinidos. Uma vez que a utilidade da plataforma depende do estabelecimento de
redes de confiança entre entidades, ela é também mais adequada para utilização no
âmbito de grupos estáveis de entidades do que em parcerias abertas. Note-se ainda
que, tal como proposta, a plataforma não suporta conexões assíncronas.
5. Conclusões
A plataforma proposta estabelece as condições básicas que permitem aos
organismos da administração pública colaborarem entre si em benefício dos
cidadãos e das empresas. Suporta a implementação de eventos da vida, pontos
únicos de acesso, prestadores concorrentes e integração de canais de atendimento.
Baseia-se em tecnologias bastante divulgadas e consolidadas, incorporando
soluções que permitem garantir a autenticação, a autorização, a confidencialidade, a
integridade e a não repudiação. É uma plataforma totalmente distribuída, onde o
conhecimento acerca da rede é distribuído entre os nós participantes, sem
necessidade de recurso a quaisquer unidades centralizadas. Finalmente, permite
estabelecer uma camada de comunicação relativamente leve à qual pode ser ligado
virtualmente qualquer tipo de organismo e com base na qual podem ser
estabelecidos novos níveis de normalização.
A plataforma proposta tem ainda alguma margem de progressão e
melhoramento. Ela não constitui ainda uma norma completamente estabilizada que
possa ser objecto de adopção alargada e imediata no domínio do governo
electrónico. Entre os assuntos que podem ser objecto de maior aprofundamento
encontram-se o suporte da normalização de formulários, anexos e relatórios; a
definição de critérios de pesquisa para serviços e relatórios; a hierarquização e a
gestão integrada de repositórios de serviços; a partilha de informação entre frontoffices; a monitorização de processos distribuídos; a distribuição e gestão dos
certificados digitais e das listas de revogação de certificados; os métodos de
pagamento; e a especificação de interfaces.
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194
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 195
Aplicación del Modelado Workflow a la
Reingeniería de Sistemas de Información
Basándose en Interfaces de Usuario.
José L.Leiva Olivencia , José L. Caro Herrero, A.Guevara Plaza.
[email protected], [email protected], [email protected].
Grupo SICUMA1. Departamento de Lenguajes y Ciencias de la Computación.
Universidad de Málaga, España
Resumen: La evolución constante del desarrollo de sistemas de
información, obliga a afrontar nuevos métodos de trabajo. La complejidad y
coste de comenzar a diseñar un sistema nuevo, pueden evitarse si se
modifican y mejoran los aspectos necesarios del sistema anterior. La
ingeniería inversa es un elemento fundamental en todo proceso de
reingeniería, ya que debe recuperar las especificaciones de diseño y de flujos
de trabado, creando una representación de alto nivel de abstracción. Nosotros
proponemos un método de trabajo cooperativo en el que implicamos al
usuario en la tarea de análisis y diseño, suministrándole para ello
herramientas de fácil utilización e interacción para lograr el objetivo de
obtener unas especificaciones con un alto grado de coherencia con las
exigencias finales de los usuarios. En este trabajo se pretende establecer un
marco que permita obtener especificaciones de calidad sobre las interfaces
del sistema, así como modelar los flujos de trabajo presentes y futuros de un
sistema de información basándonos en la aplicación de tecnologías workflow.
Palabras clave: Reingeniería; Ingeniería Inversa; Workflow; Interacción
persona-ordenador; CSCW, BPR.
7.
Introducción.
En muchas ocasiones es necesario realizar mejoras en un sistema de
información introduciendo procesos nuevos o modificando los ya existentes. Es
muy frecuente que un porcentaje bastante elevado de esas mejoras esté relacionado
con el aspecto externo. El desarrollo de un nuevo software para mejorar estas
1
www.sicuma.uma.es
195
Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información
Basándose en Interfaces de Usuario.
características, así como para añadirle nuevas funciones, es un proceso costoso, ya
que prácticamente toda la funcionalidad del antiguo sistema se va a conservar y
debe ser implementada. Por tanto, reutilizar lo ya construido parece una buena
alternativa para conseguir reducir costes.
En este trabajo, proponemos una metodología, que partiendo de la aplicación
inicial, y con la participación activa de los usuarios que la manejan, seamos capaces
de obtener unas especificaciones satisfactorias, tanto del aspecto externo del nuevo
sistema, como de los flujos de trabajo y objetivos existentes. El aspecto
fundamental en el que vamos a basarnos es el convencimiento efectivo de la
importancia que tienen los usuarios que utilizan el sistema, ya que tienen una gran
experiencia en los diferentes procesos que se desarrollan, conociendo las ventajas e
inconvenientes actuales, las funcionalidades que habría que añadir, eliminar,
modificar, etc.
Para obtener unas especificaciones de un sistema interactivo se requiere un
gran esfuerzo, el cual será proporcional a la complejidad del propio sistema (Leiva.,
2004). Aunque nuestra propuesta se sustenta en el importante papel que tienen los
usuarios; se deben tener en cuenta aspectos como son la usabilidad, adaptabilidad,
etc., ya que son factores a considerar para abordar por completo el estudio del
nuevo sistema.
Como ya hemos expresado anteriormente, nuestra propuesta para Reingeniería
de Sistemas se sustenta en la participación de usuarios, para los cuáles se diseñan
herramientas cuyo objetivo fundamental debe ser la facilidad de uso, para que de
esta forma el usuario no se sienta forzado a participar, sino que se vea como el
protagonista principal en el proceso a realizar (Guevara, et al., 1995).
Para ser capaz de obtener unas especificaciones del sistema vamos a
desarrollar una metodología workflow capaz de obtener requerimientos a partir de
una descripción de interfaces a través de modelos de flujo de trabajo, basándose en
los procesos de negocios desarrollados en el sistema. Así, la propuesta se basa en
tres pilares: metodología, especificación de modelos y herramienta de captura de
requerimientos (EXINUS) que lleva a la realidad los aspectos anteriores.
En el presente trabajo expondremos inicialmente un conjunto de fundamentos
teóricos necesarios en la metodología propuesta (sección 2), describiendo dicha
metodología (sección 3) y conceptos básicos de las misma basándonos en la
tecnología workflow (sección 4), para más tarde estudiar la forma de participación
del usuario en nuestra metodología (sección 5). Posteriormente, estudiaremos la
forma de especificar las transacciones de las distintas interfaces (sección 6),
exponiendo (sección 7) como conclusión nuestro trabajo futuro.
8.
Fundamentos Básicos.
Nuestro trabajo se fundamenta en la aplicación de la especificación en forma
de flujos de trabajo (workflow) (Caro, 2004) a la ingeniería inversa.
196
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Entendemos por ingeniería inversa (Pressman, 2002) al proceso que permite
construir unas especificaciones de un sistema heredado, de manera que estas
especificaciones puedan ser utilizadas en un futuro para construir una nueva
implementación. Al proceso que modifica un sistema a partir de unas
especificaciones obtenidas mediante técnicas de ingeniería inversa se le denomina
reingeniería.
Workflow es una tecnología que permite modelar los flujos de trabajo de un
sistema proporcionando un marco para su ejecución y control. Asimismo, una de
sus áreas más importantes de investigación es la del modelado o especificación
workflow (Reijers, 2002). La WfMC (Workflow Management Coalition) define
workflow como la automatización de un proceso de negocios, en su totalidad o en
parte, en la que se describen los documentos, información y tareas que son enviados
de un participante a otro, de acuerdo con un conjunto de reglas procedurales
(WfMC,1996).
Nuestro trabajo se centrará en la captura de requerimientos partiendo de las
interfaces y procesos subyacentes que cada uno de los usuarios tiene presentes, para
así obtener, mediante este proceso de ingeniería inversa, unos requisitos
satisfactorios.
En concreto, nos basaremos en la definición de interfaces, objetos y diseños en
el ámbito de los procesos en mapas workflow. Todos estos aspectos los detallamos
en los siguientes párrafos:
Una Interfaz (Ii) del sistema de información (S): está formado por un conjunto
de componentes que permiten al usuario acceder a las prestaciones y servicios
previstos por el sistema, permitiendo el intercambio observable y bidireccional de
información en forma de símbolos y acciones (Rocheter, 1991). Como el usuario
percibe todos los resultados a través de la interfaz, la usabilidad estará ligada a la
calidad de la interfaz.
n
S=
UI
i
i =1
Entendemos por Objetos( Ok ∈ Ci ) cada uno de los elementos que componen
la interfaz que se está describiendo. Los objetos se agrupan en clases (C). Toda
interfaz se compone de un conjunto finito y variable de objetos.
m
I i = U Ok
donde Ok ∈ Ci ∈ O , siendo O el conjunto de clases Ci
k =1
una clase.
Los conjuntos de objetos, que pueden encontrarse en una interfaz, serán
catalogados independientemente de la clase a la que pertenezcan en dos subgrupos:
los permanentes (Opi∈Ci∈O) que permanecen durante toda la vida de la interfaz Ii y
197
Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información
Basándose en Interfaces de Usuario.
los condicionales (Oci∈Ci∈O) que aparecen o desaparecen de la interfaz Ii cuando
se dan ciertos condicionantes2.
Para que el usuario pueda realizar la descripción de las distintas interfaces, se
le suministra una aplicación que contará con una barra de herramientas con distintas
clases de objetos. Una clasificación que consideramos adecuada de los distintos
tipos de objetos es propuesta por Falgueras (Falgueras y Guevara, 2001), donde se
describen los elementos interactivos más comunes en los sistemas de información
actuales. Otra categorización que el usuario realizará en la descripción de interfaz,
será la distinción entre objeto propio (aquel que aparece en la interfaz original y que
va a continuar en el nuevo sistema aunque pudiendo tener nuevas características) y
proporcionado (aquel que aparecerá en el nuevo sistema de información).
Un Diseño(∂i), representa la estructura especificada por un usuario de una
interfaz. En su estructura interna se incluye la distribución completa de los objetos
que la componen y la descripción de los procesos que en ella se llevan a cabo.
Como puede haber distintos usuarios que realicen una descripción de la misma
interfaz, podemos tener más de un diseño de una misma interfaz, lo cual puede
provocar situaciones en las que habrá que distinguir elementos comunes y distintos.
Se trata este último punto de un problema importante, al que actualmente nuestro
grupo de investigación SICUMA trabaja mediante el desarrollo de métodos que
permitan la detección automática de redundancias.
Por último, definimos el concepto de mapa Workflow(Mwfi). Un mapa
workflow recoge la especificación de las tareas de la interfaz Ii. Cada mapa
workflow está compuesto por todos los modelos de todas las tareas que se realizan
en la interfaz Ii. Cada uno de éstos está compuesto por los siguientes atributos:
nombre, objetivo, usuario o cliente y disparador que provoca el evento.
Entenderemos por Proceso(℘i), cada uno de los distintos flujos de trabajo que
se llevan a cabo para conseguir un objetivo. Todo proceso para llevarse a cabo
requiere un disparador que es la señal que activa el inicio de un flujo de trabajo.
Dichas señales pueden clasificarse en (Aalst, 1996):
• Manual (m): la actividad se inicia de forma manual por la acción
de un agente.
• Automático (a): la actividad se inicia de forma automática, por
ejemplo como consecuencia de la finalización de otra actividad.
• Temporal (t): la actividad se inicia de forma temporal.
• Predicado (p): la actividad comienza al cumplirse un predicado p.
• Externo (e): la actividad se inicia por medio de un evento externo
ajeno al sistema.
9.
2
Método General de Reingeniería de Sistemas.
La condición de aparición u ocultación de un objeto vendrá definido por el usuario en el
proceso de descripción llevado a cabo por éste.
198
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
El desarrollo del software se planteó inicialmente como una tarea vagamente
metodológica (Rochester, 1991), ante esta idea, surgieron metodologías de
desarrollo, que apoyaban las actividades inmediatamente anteriores a la
codificación. Sin embargo, podemos encontrarnos actualmente gran cantidad de
sistemas que funcionan correctamente, pero que carecen de documentación correcta
por diversos motivos.
La metodología propuesta es inicialmente genérica y sobre todo pretende
estimular la participación y la creatividad de los usuarios. Existen fases opcionales,
cuya realización depende en gran medida de que el proceso que se lleve a cabo sea
exclusivamente del aspecto externos del sistema o no. Las fases de las que se
compone la metodología (Ver Figura 1) son:
• Fase 0: Definición del problema. En esta etapa se identificarán
objetivos, límites, beneficios, riesgos, estimaciones de tiempos,
etc. del proceso de reingeniería, estableciendo una imagen real de
lo que existe realmente ahora, y lo que se quiere obtener en el
futuro. En esta fase, intervienen los usuarios que manejan la
aplicación actual y los ‘reingenieros’ o técnicos que van a llevar a
cabo la tarea de reingeniería.
• Fase 1: Ingeniería inversa. En esta fase se obtiene documentación
que representa el sistema original (Piattini et al.., 1996,2005).
Entre la documentación que puede obtenerse, destacan los
diagramas de estructuras de datos, diagramas de procesos, matrizdiagrama de cruces (estudia el control del flujo de los distintos
módulos y sus relaciones), diccionario de datos, diagramas de
flujo de interfaces, mapa workflow, etc. En esta etapa la
participación del usuario está basada en la utilización de una
herramienta que se le suministra para que pueda describir el
sistema original(Guevara et al.., 1995).
• Fase 2: Aceptación del proyecto. En esta etapa se realiza un
estudio de la documentación obtenida en la fase anterior, para
poder detectar posibles errores. Se trata de una etapa en la que los
técnicos evalúan la calidad de las especificaciones obtenidas así
como las posibilidades de éxito del proceso de reingeniería.
• Fase 3: Reingeniería. En esta etapa se permite al usuario realizar
modificaciones del sistema actual, para que pueda definir nuevas
funcionalidades, estructuras de datos, características, etc. De
nuevo se utilizará la herramienta utilizada en la fase 1, por lo que
la salida de esta etapa son el conjunto de especificaciones que
represente de forma real la visión futura del sistema. Esta fase
podemos considerarla cíclica, pues una vez realizado el trabajo
por los usuarios, los técnicos intervienen para aprobar las
modificaciones hechas. En aquellos casos, que se considere
necesario, puede requerirse de nuevo la participación del usuario
para realizar nuevas modificaciones.
199
Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información
Basándose en Interfaces de Usuario.
•
•
Fase 4: Prototipado. En aquellas partes del sistema que se
considere que puedan haber dificultades, o aquellas que cambien
sustancialmente de la original, pueden realizarse prototipos que
permitirán garantizar en posteriores fases que el resultado final
será el correcto.
Fase 5: Planificación de la implementación. En esta etapa se
diseña la forma y modo mediante el cual se llevará a cabo el
cambio del sistema actual al futuro, así como la implementación
del nuevo sistema.
Figura 1 — Fases en las que se compone la metodología
La metodología propone el trabajo cooperativo entre los usuarios, ya que el
sistema al cual se va a aplicar el proceso de reingeniería puede ser utilizado por
varios usuarios, siendo cada uno de ellos un especialista en la parte que manejan,
existiendo elementos del sistema comunes donde pueden participar varios usuarios
(Caro, et al. 2003). Esto ocurre sobre todo en la Fase 1 en la que se obtienen
procesos e interfaces por cada uno de los usuarios del sistema para obtener la
especificación completa de la aplicación Además, dicho trabajo debe ser
supervisado en todo momento por los técnicos, con los que deben participar de
forma intensa. Una característica novedosa del método propuesto es la gran
importancia que se le da al usuario, al que consideramos un activo que debe ser
tenido en cuenta en el proceso de reingeniería, por el gran conocimiento que tiene
de los objetivos del sistema, flujos de trabajo, etc.
200
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
10. Método General de Reingeniería de Sistemas Basado en Modelos
Workflow.
En este apartado definimos los componentes de una especificación workflow a
nivel de diseño, que serán obtenidos a partir de la información suministrada por los
usuarios mediante la herramienta en la que se basa el modelo propuesto.
Nuestra metodología está basada en 3 niveles de trabajo (Caro,2004), aunque
abordaremos el de más alto nivel por ser éste el que tiene como elemento central el
usuario. Los distintos niveles son:
• Nivel de diseño: se trata de un nivel utilizado por los usuarios que
participan en el proceso de ingeniería inversa y reingeniería, en la
que pueden participar usuarios de mayor nivel o gestores en casos
necesarios. En este nivel se indicará la especificación del sistema
tanto respecto al aspecto externo del sistema como de los procesos
o transacciones externas del mismo.
• Nivel de automatización: se representará los flujos de trabajo
mediante un lenguaje de especificación workflow (Fischer, 2005).
• Nivel de demostración: traducción a una lógica para la
demostración de las propiedades.
Panel de especificación workflow: se indica el flujo de trabajo que se está
describiendo. Cada flujo de trabajo corresponde con un proceso ℘i.
Figura 2 — Especificación workflow
Cada panel de especificación workflow posee los siguientes atributos:
• Nombre: Nombre o identificador del flujo de trabajo. Sirve para
registrar el proceso que el usuario describe.
• Interfaz: Nombre de la interfaz donde aparece el flujo de trabajo.
• Usuario: Agente que describe el flujo de trabajo.
• Disparador: tipo de evento que produce el inicio del flujo de
trabajo, además del objeto y agente que lo provoca.
• Descripción: información que describe el flujo de trabajo.
• Objetivos: información relativa al objeto del flujo de trabajo.
201
Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información
Basándose en Interfaces de Usuario.
•
Transacciones: información de los cambios3 que se producen en la
interfaz después de realizar el flujo de trabajo y a las interfaces a
las que pudiera ir como efecto de la ejecución del flujo de trabajo.
En el proceso de descripción de los flujos de trabajo podemos distinguir entre
flujos de trabajo existentes (los que existen en el sistema de información actual4),
así como flujos de trabajo deseables (aquellos que no existen en el sistema actual,
pero se considera oportuno aportar al nuevo sistema5). En la especificación gráfica
se pueden diferenciar fácilmente debido a que los flujos descritos en la fase de
reingeniería, aparecen con líneas discontinuas.
Figura 3 — Especificación workflow de reingeniería
Workflow: representa una subtarea o subproceso que forma parte de un flujo
de trabajo. Se representa por una caja de línea contínua o discontínua si es un flujo
de trabajo detectado en el sistema actual o futuro (a y b). En su interior se indica el
nombre de la tarea. Aquellos workflow que tengan doble línea indica que se trata de
una tarea primitiva que no puede descomponerse más (c y d).
Figura 4 — Workflow
Transición de interfaz: este componente se utiliza cuando al describir un flujo
de trabajo presente en una interfaz i se produce una transición a otra interfaz j. Es
posible que la transición de interfaz, conlleve además el paso de datos o parámetros
3
Cambios visibles por parte del usuario que describe (aparición, modificación o eliminación
de objetos…..)
4 Flujo de trabajo obtenido en fase de Ingeniería Inversa
5 Flujo de trabajo obtenido en fase de Reingeniería
202
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
de una interfaz a otra. Dichos parámetros pueden ser de entrada (E), salida (S) y
entrada/salida (E/S).
Figura 5 — Transición de Interfaz
Objeto: Cada objeto que aparece en una interfaz tiene un nombre, tipo y
descripción. La descripción del objeto puede acarrear un listado de precondiciones
y/o postcondiciones que deben cumplirse antes y/o después de la utilización o
aparición de dicho objeto en la interfaz. Nunca debe haber incoherencias en
aquellas situaciones de descripción del mismo objeto por distintos usuarios.
Figura 6 — Objeto.
Para representar aquellos flujos de trabajo propios de un objeto (validación de
datos, elección de opciones, etc.), utilizaremos la misma representación que los
flujos de trabajos descritos anteriormente, con la única diferencia que en vez de
utilizar la representación en forma de caja, será de forma ovalada.
Figura 7 — Workflow de objetos.
Inicio y fin de workflow: son las dos marcas que nos indican el comienzo y
final de la especificación del flujo de trabajo.
Figura 8 — Inicio y fin de workflow
203
Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información
Basándose en Interfaces de Usuario.
Alternancia/Unión de flujos de trabajo: estos constructores se refieren a la
posible ejecución paralela de flujo de trabajos, es decir debe ejecutarse como
mínimo una de las ramas existentes. A partir del flujo de trabajo base ξ aparece la
descomposición en varios subflujos ξ1, ξ2, … ξn, donde se puede ejecutar uno solo
de esos flujos o más de uno de forma paralela.
Figura 9 — Alternancia y unión de flujos de trabajo
Bifurcación/reunión de flujos: estos constructores se refieren a la ejecución
paralela de flujos de trabajo, creando nuevos subflujos nuevos de longitud temporal
indeterminada que en algún momento, mediante el constructor reunión se
sincronizarán (Wayne, 1991).
Figura 10 — Bifurcación y reunión de flujos
Opcionabilidad de flujos: mediante este constructor y dependiendo del
resultado lógico de un predicado P se ejecuta una especificación u otra.
Figura 11 — Opcionabilidad de flujos
Bloque de repetición: mediante este constructor se genera la repetición de un
flujo de trabajo hasta que se cumpla una determinada condición. En ese momento
deja de repetirse ese flujo de trabajo continuando con el flujo de trabajo principal.
Figura 12 — Bloque de repetición
204
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
11. Participación del Usuario.
Un elemento fundamental en el proceso de reingeniería corresponde al aspecto
externo de las aplicaciones, es decir, las interfaces. El usuario sabe qué es lo que
hace la aplicación, y por tanto su conocimiento será importante en el proceso de
reingeniería a realizar. Por tanto, existen muchos aspectos en los cuáles los usuarios
pueden ayudar, pero tampoco podemos pensar que todo debe basarse en la
aportación de los usuarios. Así, por ejemplo, el usuario puede conocer una gran
cantidad de datos que maneja el sistema, pero no todos, ya que en un código fuente
existen multitud de variables que son invisibles al usuario que usa la aplicación, y
solo los programadores pueden llegar a saber cuantos datos hay.
El proceso de modelado y prototipado de las interfaces conlleva el conjunto de
actividades que se detallan en la figura 13. En la etapa de análisis de interfaces, el
usuario realiza una identificación de las interfaces con las que trabaja, identificando
el orden, participantes, orden de invocación entre ellas, etc. construyendo un
modelo de interfaces gráfico (en forma de grafo) y textual (en forma de
especificaciones).
En la fase de modelado de interfaz, se realiza un estudio de la interfaz de
usuario actual, generando un prototipo que pueda servir para ver lo cerca que se está
del sistema real. Se trata de una etapa iterativa, pues pueden añadirse elementos
correspondientes a la etapa de reingeniería. Se obtendrá un modelo XML donde se
define convenientemente los diferentes elementos que aparecen en la interfaz.
Figura 13 — Diagrama de actividades del proceso de modelado y prototipado.
Posteriormente se identifican los procesos de negocio, flujos de trabajo y
actividades que dan lugar en dicha interfaz obteniendo un modelo del proceso de
negocio y un modelo workflow utilizando XPDL (WfMC, 2002). Se utilizan en esta
etapa técnicas específicas de Ingeniería de requisitos como son los Casos de Uso,
los cuales capturan los requisitos del proceso y facilitan la obtención de un modelo
del mismo. A partir del modelo construido, se obtiene un prototipo que permite
simular la ejecución del flujo de trabajo para detectar y corregir errores en el
modelado.
205
Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información
Basándose en Interfaces de Usuario.
Por tanto, sería deseable que el motor de trabajo de la aplicación tenga que ser
reutilizado totalmente o en las partes no modificadas en el nuevo entorno. En otras
palabras, la nueva aplicación debe disponer, dentro de lo posible, procesos de
reutilización de código fuente, pues lo que se desea, no es solo cambiar el aspecto y
la funcionalidad, sino conservar mucho de los procesos existentes (Csaba Lászlo,
1997). Muchos de los programas que hemos utilizado para probar nuestra
metodología, son programas que realizan procesos típicos de negocio, los cuáles
suelen mostrar un menú multinivel, donde cada nivel es mostrado en interfaces
distintas.
La herramienta que suministramos al usuario se denomina EXINUS6 y permite
que los usuarios puedan describir la aplicación (interfaces y procesos de negocio).
Se trata de una aplicación lo suficientemente sencilla, para que los usuarios se vean
implicados en el proceso no de una forma forzada, sino convencidos de las mejoras
que se van a conseguir con la aportación que ellos realicen. Además de la facilidad,
una característica de la herramienta será su carácter cooperativo y participativo, ya
que se permite a cada usuario trabajar de forma independiente, pero compartiendo
su información con el resto de los usuarios para evitar situaciones contradictorias.
La función del usuario en nuestra metodología, es realizar un proceso de
descripción/replicación atendiendo a las interfaces que utiliza, así como las mejoras
deseadas en el mismo. Por tanto, hará un diseño de las interfaces de la aplicación e
indicará las relaciones entre ellas. Cada usuario tiene su propio conocimiento de la
aplicación que coincidirá con su visión de la parte de la aplicación con la que
trabaja. Se permitirá al usuario consultar y visualizar el diseño realizado por los
demás.
El funcionamiento básico de la herramienta consiste en solicitarle inicialmente
al usuario que se identifique para así, cargarle la información recopilada por él hasta
el momento. Existe un banco de imágenes de la antigua aplicación, pudiendo el
usuario ver si la interfaz que va a definir se encuentra ya descrita por algún otro
usuario.
Una vez identificado el usuario, aparecerá una ventana llamada 'Pantalla
central de definición de interfaces', donde el usuario podrá realizar las siguientes
tareas7:
• Crear nueva interfaz: se va a definir una interfaz nueva, por lo que
deberá suministrarle un código, nombre, aplicación a la que
pertenece, e indicar desde el punto de vista de el usuario que
define, qué interfaces pueden llevar a la que se está definiendo
(Proviene), y a qué interfaces pueden transicionar después de ésta
(Va). Este último apartado se realiza al definir los procesos de una
interfaz, pues si se transiciona a una interfaz, debe estar motivado
por alguna acción o proceso. En caso de indicar un código que no
corresponde a ninguna interfaz, se le indicará al usuario la
6
7
EXtracción de INformación del USuario
Descripción general con un bajo nivel de detalle de las tareas que puede realizar el usuario
206
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
inconsistencia de la información. También puede solicitarse que
se ejecute la aplicación original, y que se sitúe en la interfaz que
se está definiendo, para que la imagen de dicha interfaz quede
almacenada y pueda servir de ayuda a la hora de describirla
correctamente. Una vez creada la interfaz, se describen los objetos
y procesos existentes en ella mediante diversas herramientas que
se le suministra.
• Modificar/Editar interfaz: se permite modificar el diseño.
• Eliminar interfaz: elimina una interfaz de la aplicación.
• Compartir Interfaz: si el usuario indica que la interfaz es
compartida, dicha interfaz puede ser modificada por otro usuario.
• Consultar interfaces otros usuarios: esta opción muestra una lista
de las interfaces de la aplicación ya definidas, siendo algunas de
solo lectura, y otras pueden ser modificables.
Cuando se crea un interfaz, al usuario le aparece un formulario en blanco y una
barra de herramientas en la que definirá los objetos que aparecen en la interfaz,
siempre desde su percepción. La barra de herramientas tiene el siguiente aspecto:
Figura 14 — Barra de herramientas de Exinus
Una vez que ha realizado el diseño de la interfaz, se pasa a la etapa de
descripción de flujos de trabajo existentes en dicha interfaz que son visibles, que
serán modelados mediante tecnologías workflow especificadas en el apartado
anterior. Se trata por tanto, de que el usuario informe de todas los flujos de trabajo
que se llevan en cabo en dicha interfaz. Lógicamente, el usuario después de utilizar
durante tanto tiempo la aplicación, debería conocer aspectos actuales que no
contemplaba la aplicación original y que son necesarios modificar. El usuario a la
vez que describe una interfaz de la aplicación original, puede ir indicando cambios
respecto al aspecto de la interfaz futura. Por tanto, la participación del usuario es
activa mediante la herramienta 'Exinus' en muchas fases de la metodología.
12. Especificaciones de Transacciones entre Interfaces.
La utilización de técnicas de especificación formales debe partir de un modelo
conceptual del sistema en el que se describan los elementos importantes que en él
aparecen (Gutierrez, 2002). Los modelos tradicionales pueden clasificarse en dos
grupos: modelos arquitectónicos y modelos de tareas (centrados en el usuario).
Los modelos basados en tareas parten de la percepción que el usuario posee del
sistema, centrándose en la representación de las distintas tareas que el usuario puede
realizar, describiendo los objetivos del usuario (goals) como una descomposición de
207
Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información
Basándose en Interfaces de Usuario.
tareas. En los sistemas donde varios usuarios comparten el mismo escenario,
permite analizar la participación de varios usuarios y las interelaciones entre ellos.
El estudio de técnicas de desarrollo de interfaces, es un campo todavía en
expansión, donde existen distintos tipos de categorías, teniendo muchas de ellas
características comunes. Nosotros nos basamos en un modelo práctico como es el
modelo predictivo, donde los usuarios se encargan de modelar el diseño y las tareas.
Cuando se han diseñado todas las interfaces, estamos en condiciones de crear
una estructura que represente las relaciones arbitrarias entre dichas interfaces. La
estructura que proponemos para representar estas relaciones es un grafo dirigido
(Baburin, 2002), donde los nodos de dicho grafo serán las distintas interfaces de la
aplicación, y los arcos que relacionan los nodos indican transiciones entre ellas.
Las distintas interfaces que forman la aplicación Ia, Ib, Ic,,.. In, forman un grafo
de n nodos, donde los arcos de dicho grafo forman una terna ordenada (Ix, Iy, (℘1,
℘2,... ℘n)) donde Ix, es la interfaz origen y Iy es la interfaz destino. El tercer
parámetro ℘i, nos indica los nombres de los procesos que producen la transición.
Cuando Ix y Iy son la misma interfaz, diremos que ℘ es un proceso interno de la
interfaz Ix.
Un forma de representar el grafo es utilizar una matriz de adyacencia A, que
tendrá una dimensión igual al número de interfaces, donde el elemento A[i,j]
representa una estructura formada por dos valores, un valor verdadero si, y sólo si,
existe un arco que vaya de la interfaz i a la interfaz j; los valores 0 la ausencia de
transición entre esas pantallas, y un segundo valor existente cuando haya transición,
que será el proceso o procesos que provoca la transición entre la interfaz i y la j.
A continuación, vamos a centrarnos en los tipos de relaciones que habrá entre
las interfaces y los procesos, dando lugar a reglas que engloban todos los casos
generales. Para ello habrá que describir una forma de representar el comportamiento
que posee el usuario en la realización de una tarea. La realización de una tarea
puede provocar que la interfaz cambie, por lo que podemos clasificar las interfaces
en:
• Interfaces que no transicionan: Se trata de interfaces, en las que
los procesos que pudiera tener no transicionan a ninguna interfaz,
por tanto se tratan de interfaces finales.
• Interfaces con una única transición. Se trata de una interfaz en la
que sea cual sea el proceso que provoca transición, siempre
transicionan a la misma interfaz.
• Interfaces en las que se puede transicionar a varias interfaces
mediante procesos distintos.
• Interfaces en las que se puede transicionar a varias interfaces
mediante el mismo proceso.
• Interfaces que tiene procesos que no transiciona a otra interfaz,
pero que tiene otros procesos que si transicionan a otras
interfaces.
• Combinaciones de los casos anteriores.
208
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
13. Conclusiones.
La utilización de la tecnología workflow nos permite obtener una
especificación formal del proceso de ingeniería inversa y reingeniería que estamos
estudiando. Además, se trata de un soporte adecuado para el trabajo de los usuarios
dentro de la metodología que intentamos implantar. En este trabajo hemos
presentado una aplicación del modelado workflow dentro de una metodología
general para la reingeniería de sistemas basándonos como elemento central en la
descripción del usuario, obteniendo distintos tipos de especificaciones tanto de las
interfaces, transacciones entre ellas y las tareas que se llevan a cabo en ellas.
El manejo de una herramienta que permita que el usuario vuelque información
sobre la aplicación original, es de vital importancia en el proceso de reingeniería
expuesto, pues no solo se obtienen unas especificaciones formales de las interfaces,
sino que además ofrece un soporte mediante el cual toda la información aportada
por el usuario se puede aprovechar en el diseño de la futura aplicación. Pensamos,
que el trabajo basado en la participación de los usuarios puede ser un elemento de
gran trascendencia, pues conlleva muchas ventajas, entre las que destacamos:
• Modelado formal de interfaces, procesos u transacciones entre
interfaces, que permitirá una reingeniería de las interfaces y los
procesos descritos.
• Simulación de los procesos e interfaces.
• Aumento de la calidad y disminución de costes.
• Incremento en el cumplimiento de los requisitos de los clientes.
Una importante dificultad que nos encontramos es la posibilidad de que sobre
una misma interfaz puedan existir dos visiones distintas en algún elemento debido a
la diferente percepción que pueden tener dos usuarios distintos, o que aparezcan
duplicados elementos u objetos.
Actualmente el grupo SICUMA del departamento de Lenguajes y Ciencias de
la Computación de la Universidad de Málaga, desarrolla y mejora la herramienta
EXINUS y la especificación de los niveles de automatización y demostración.
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210
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 211
Modelo Explicativo das Iniciativas de
Comércio Electrónico em Organizações
Portuguesas
Ramiro Gonçalves 1, João Barroso 2, João Varajão 3, José Bulas Cruz 4
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
1
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Apt. 1014, 5000-801, Vila Real, Portugal
2
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro , Centro de Estudos Tecnológicos do
Ambiente e da Vida, Apt. 1014, 5000-801, Vila Real, Portugal
3
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Apt. 1014, 5000-801, Vila Real, Portugal
4
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro , Centro de Estudos Tecnológicos do
Ambiente e da Vida, Apt. 1014, 5000-801, Vila Real, Portugal
Resumo: O comércio electrónico (CE) é hoje um fenómeno mundial, com
múltiplos impactos no sucesso e evolução de organizações das mais variadas
áreas de negócio, dadas as suas características únicas que em simultâneo
desafiam e revolucionam o pensamento empresarial tradicional.
Reconhecendo a importância de uma compreensão abrangente e profunda dos
múltiplos aspectos facilitadores e condicionadores do comércio electrónico,
apresentamos neste trabalho um modelo teórico explicativo das iniciativas de
comércio electrónico, desenvolvido segundo a abordagem qualitativa
Grounded Theory (Strauss & Corbin, 1990). O trabalho realizado conduziu à
identificação e descrição de factores que influenciam a adopção e exploração
do CE nas organizações.
Palavras-chave: Comércio electrónico, negócio electrónico, modelo.
1. Introdução
Os avanços tecnológicos das últimas décadas originaram um ambiente no qual
as organizações são forçadas a procurar activamente novas opções para competir
mais eficazmente nos seus mercados. Num contexto de permanente e rápida
evolução, a Internet tem um papel absolutamente central como importante canal de
comunicação e comercialização de bens e serviços, dado que, frequentemente, as
iniciativas de negócio e de comércio electrónico permitem transformar
definitivamente a condução de um negócio aos mais diversos níveis e abrangências.
211
Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações
Portuguesas
Utilizada actualmente por pessoas e organizações em todo o mundo, a Internet
coloca ao alcance de praticamente qualquer empresa, desde as gigantes
multinacionais até às micro-empresas, a entrada facilitada em novos mercados, a
conquista de novos clientes, o estabelecimento de relações com novos fornecedores,
a celebração de novas alianças e parcerias, a exploração de novos produtos e
serviços, tudo isto sem os limites materiais, geográficos e temporais, que a forma
“convencional” de conduzir os negócios impõe.
Apesar das tecnologias de informação, e nomeadamente a Internet,
constituírem reconhecidamente instrumentos poderosos e imprescindíveis para a
sobrevivência e evolução de qualquer organização, a sua simples adopção não é
garante da obtenção de resultados positivos ou de vantagens competitivas, não
havendo uma relação directa entre a sua adopção e a obtenção de retorno,
dependendo a concretização deste último do modo como são utilizadas as
tecnologias disponíveis (Li, 1995; Strassmann, 1997).
As iniciativas de Comércio Electrónico (CE) não são uma excepção a esta
realidade. Apesar da atenção que nos últimos anos tem sido dedicada ao CE, os
resultados dos investimentos nem sempre têm correspondido às expectativas,
revelando-se mesmo em alguns casos francamente decepcionantes. Grande parte
dos problemas recorrentemente verificados nas iniciativas de CE deve-se ao facto
de muitas organizações, na sua avidez de replicar os ganhos reportados na
imprensa, se deixarem levar pela vaga de entusiasmo sem considerar
sistematicamente as vantagens e as desvantagens associadas aos diferentes cenários
de acção possíveis.
O comércio electrónico não é uma solução para todas as organizações. Se for
um processo mal conduzido, pode inclusivamente criar mais problemas do que
trazer benefícios de negócio. Tal como muitas outras práticas, mal utilizado pode
ser um desastre estratégico e financeiro, não sendo uma opção que se possa seguir
levianamente. Existem diversos riscos associados e a falta da sua compreensão pode
facilmente comprometer os benefícios potenciais.
O processo de decisão relativo a uma iniciativa de comércio electrónico é
complexo. Existem diversos aspectos fundamentais que uma organização necessita
de considerar antes de definir o caminho a seguir. Quaisquer que sejam as opções
da organização deverão ser cuidadosamente ponderadas com sensatez e prudência e
com um conhecimento abrangente das diversas implicações subjacentes.
O presente trabalho oferece uma explicação para a realidade das iniciativas de
CE, através da apresentação de um modelo que identifica um conjunto de factores
envolvidos no processo de adopção, implementação e utilização do comércio
electrónico. O modelo apresentado, é resultado de um estudo Grounded Theory, no
decorrer do qual foram analisados seis casos recentes de iniciativas de comércio
electrónico em Portugal.
212
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
2. Perspectiva Actual do Comércio Electrónico
As definições de comércio electrónico são inúmeras e têm variado ao longo do
tempo (ITS, 1996; Scherckenbach, 1997; Price Waterhouse, 1998; Ernest & Young,
1999). A definição mais comummente aceite reconhece o comércio electrónico
como a compra ou venda de bens e/ou serviços através de redes electrónicas de
dados, como a Internet, podendo as transacções ocorrer entre empresas, entre
empresas e consumidores finais ou ainda entre a administração pública e o sector
privado (UE, 2004). O CE é um dos componentes do negócio electrónico, sendo
este definido pela IBM como “uma proposta segura, flexível e integrada, para
distribuir valores de negócio diferenciados através da combinação de sistemas e
processos que dirigem as operações centrais do negócio com a simplicidade e
alcance tornados possíveis pela tecnologia da Internet” (Amor, 2000).
O período compreendido entre o ano de 1995 a 2000, constituiu um dos
tempos mais eufóricos da história comercial mundial. Foi também um tempo em
que os conceitos fundamentais do CE foram desenvolvidos e explorados. Foram
formadas milhares de empresas dot.com, apoiadas por mais de 125 biliões de
dólares americanos em capital financeiro – uma das maiores expansões de capital
de risco na história mundial (PriceWaterhouseCoopers, 2002).
Para estas empresas, o CE representava uma oportunidade extraordinária para
ganhar muito acima da receita normal sobre o investimento e muito acima do custo
do capital. A queda acentuada dos mercados de valores internacionais que começou
em Março de 2000 e o abrandamento económico que se seguiu, levantou várias
questões sobre os benefícios a longo prazo das TIC e da Internet e reduziu
temporariamente o nível de capital de risco e outro capital de investimento
disponível, constituindo então um ponto de viragem na forma de ver o CE.
O desapontamento ocorrido nos anos 2000 e 2001 devido ao fracasso de
muitas empresas dot.com parece ter dado lugar nos anos seguintes a uma
perspectiva mais positiva do impacto da Internet no desempenho das empresas
(UNCTAD, 2003). No entanto, esta renovada confiança na capacidade da
tecnologia em melhorar as operações de negócio é manifestada de várias formas
distintas, ao contrário da visão única e demasiado optimista de uma mudança
revolucionária, que prevaleceu no final da década de 1990.
Na actualidade o CE continua a crescer a um ritmo extremamente rápido no
respeitante a clientes e receitas e, apesar de muitas das visões para o CE
desenvolvidas durante o período de 1995 a 2000 não terem sido cumpridas, as
vendas continuam a crescer por ano e, além disso, os consumidores aprenderam a
usar a Web como uma fonte poderosa de informação sobre produtos que eles, na
verdade, compram através de outros canais, como a empresa tradicional.
213
Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações
Portuguesas
3. Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico
em Organizações Portuguesas
A turbulência, a mudança constante das envolventes do negócio e a
especificidade de cada organização em particular, inviabiliza a formulação de
receitas universais para as iniciativas de CE. Assim, a estratégia de CE tem de ser
definida de acordo com a situação de cada empresa. Não obstante, todos os casos
passam sensivelmente pelos mesmos problemas e as questões críticas também são
as mesmas (UERN, 2002). Segundo Ludescher e Usrey (Ludescher & Usrey, 2000),
"um modelo que identificasse os elementos críticos das iniciativas de CE ajudaria
os negócios a tirar o máximo de vantagem das mesmas”.
Tendo por finalidade procurar contribuir para a melhoria da compreensão dos
diversos factores relevantes para o sucesso da adopção, desenvolvimento e
utilização do CE, propomos neste trabalho um modelo teórico explicativo das
iniciativas de comércio electrónico. O modelo proposto, apresentado na figura 1,
pretende ilustrar as influências directas e indirectas que conjuntos de factores de
entrada, factores de processo e factores de saída exercem sobre as iniciativas de CE.
Factores de
processo
Factores de
entrada
Iniciativas de
Comércio
Electrónico
Factores de
saída
Influência directa
influência indirecta
Figura 1. Modelo explicativo das iniciativas de comércio electrónico.
Factores de entrada são entendidos como o conjunto de elementos que são
relevantes e exercem influência à entrada das iniciativas de CE. Factores de
processo são elementos que são relevantes no processo de desenvolvimento do
negócio e das soluções tecnológicas no contexto do CE. Factores de saída são
elementos resultantes do processo de desenvolvimento e exploração do CE, sob a
214
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
perspectiva do impacto que este tem aos mais diversos níveis da organização e do
seu meio envolvente.
O modelo apresentado é, fundamentalmente, uma forma expedita de articular
os aspectos da realidade, teórica e experimental, que se aceitam e acreditam como
relevantes para o estudo e prática do CE. Na análise dos seis estudos de caso de
organizações portuguesas bem sucedidas nas suas iniciativas de CE, foram
realizadas diversas entrevistas semi-estruturadas e fez-se uma revisão exaustiva da
literatura actual e academicamente acreditada nas áreas das tecnologias e sistemas
de informação, CE e da Gestão. As entrevistas foram posteriormente codificadas e
tratadas, conduzindo a diferentes versões do modelo. Demos por concluído o
trabalho quando obtivemos um nível de corroboração satisfatório para os factores
envolvidos. No modelo são identificados conjuntos de factores que se encontram
detalhados na tabela 1.
Factores
de Entrada
Tabela 1. Factores de entrada, factores de processo e factores de saída das
iniciativas de comércio electrónico.
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Factores
de Processo
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Modelo de negócio
Natureza dos produtos/serviços
Visão de negócio
Facilitadores e inibidores de negócio
Objectivos de negócio
Estratégias de negócio
Conjuntura organizacional interna
Conjuntura organizacional externa
Motivações para o CE
Forças, fraquezas, oportunidades, ameaças e obstáculos do
CE
Soluções de CE
Logística
Público-alvo
Parcerias
Investimento e financiamento
Comprometimento da gestão
Adequação da estrutura do negócio para as iniciativas de
CE
Estrutura
Abordagem e método
Ciclo de vida da solução
Gestão de projectos
Factores críticos de sucesso
Exploração da solução de CE
Características da solução de CE
Solução tecnológica
Facilitadores e inibidores do processo
215
Factores
de Saída
Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações
Portuguesas
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Impactos estratégicos
Impactos tácticos
Impactos operacionais
Impactos no meio envolvente
Impactos transversais no ambiente interno
Os diversos factores identificados são aqueles que se apresentam como
fortemente condicionadores e orientadores do CE, de acordo com prática observada.
É óbvio que, perante um caso específico, estes factores terão uma importância
relativa e, eventualmente, poderão inclusivamente surgir outros que nessas
circunstâncias sejam relevantes. Defende-se assim, que o Modelo Explicativo das
Iniciativas de CE deve ser perspectivado como um conjunto de factores de
referência para o CE e não como um modelo rígido.
A identificação de cada um dos factores teve em conta os diferentes aspectos
relevantes para esse factor que se destacaram nos casos estudados. Nas tabelas 2, 3
e 4 em anexo são detalhados os diferentes factores, fazendo-se o relacionamento
destes com os casos que deram origem à sua identificação.
4. Conclusão
O CE desafiou e continua a desafiar muito do pensamento empresarial
tradicional. As dimensões únicas das tecnologias de CE (ubiquidade; alcance
global; normas universais; riqueza; interactividade; densidade de informação e
personalização), sugerem novas e variadas potencialidades para a forma de conduzir
os negócios (Varian, 2000).
Procurando contribuir para a melhoria dos níveis de sucesso dos investimentos
em CE, propusemos um modelo explicativo para as iniciativas de comércio
electrónico nas organizações. O modelo apresentado assume que existem três tipos
de factores (entrada, processo e saída) que exercem influência directa sobre as
iniciativas de CE, havendo ainda a realçar a influência indirecta entre si. As
influências particulares que cada um dos factores tem na actividade de CE, bem
como as influências que têm entre si, não são expressas neste modelo. A
complexidade e o elevado número dessas influências, torna a sua identificação
exaustiva muito difícil (e porventura mesmo impossível).
A grande diversidade de opções e os múltiplos casos de sucesso e de insucesso
sugerem-nos que será a combinação adequada dos diferentes factores que conduzirá
ao sucesso.
Não existe uma forma correcta ou razão universal para prosseguir uma
iniciativa de CE e, mesmo que existisse, seria de esperar que mudasse com o tempo,
com as pressões do negócio, com as políticas ou com a tecnologia por si só. As
organizações devem prosseguir as iniciativas de CE de acordo com o conjunto dos
seus factores circunstanciais, ou seja, em consonância com os aspectos que
condicionam e potenciam o sucesso da sua decisão.
216
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
O modelo proposto, é, fundamentalmente, uma forma expedita de articular os
aspectos da realidade, teórica e experimental, que se aceitam e acreditam como
relevantes para o estudo e prática do CE, devendo permitir às organizações um
instrumento que deve permitir, entre outros: facilitar e promover a definição de um
plano de acção e estratégia para as iniciativas de CE; identificar riscos e
implicações organizacionais dos diferentes tipos de iniciativas de CE e melhorar o
retorno do investimento.
5. Referências
Amor, D. (2000). The e-business (r)evolution, Hewlett-Packard Professional Books.
Ernest & Young, (1999). eCommerce in New Zealand – First Annual Study Results,
Wellington, United Nations Center for Facilitation of Procedures and Practices
for Acquisition, Commerce and Transport.
ITS - Institute for Telecommunication Sciences (1996), Federal Standard 1037C:
Glossary
of
Telecommunications
Terms,
Boulder,
National
Telecommunications and Information Administration.
Li, F. (1995). The Geography of Business Information, Wiley.
Ludescher, G. & Usrey M. (2000). Towards an ECMM (E-Commerce Maturity
Model), Proceedings of the First International Research Conference on
Organizational Excellence in the Third Millennium, Estes Park, Colorado State
University.
Price Waterhouse (1998). Technology Forecast 1998, Price Waterhouse, Califórnia.
Price WaterHouse Coopers (2002). MoneyTree Survey 2002,
http://www.pwcmoneytree.com/moneytree/nav.jsp?page=historical (acedido em 15
de Março de 2003).
Scheckenbach, R. (1997). Semantische Geschaeftsprozessintegration, Gabler
Verlag, Deutscher Universitaets – Verlag, Wiesbaden.
Strassmann, P. (1997). The Squandered Computer – Evaluating the Business
Alignment of Information Technologies, Information Economics Press.
Strauss, A. & Corbin J. (1990). Basics of qualitative research, Thousand Oaks, CA:
Sage (1990)
UE
(2004).
http://www.ukonlineforbusiness.gov.uk/cms/template/popupcontent2.jsp?id=310439 (acedido em 5 de Janeiro de 2004).
UERN (2002). Projecto Microsite – Estudo Norte.Com, Estudo elaborado para a
União das Associações Empresariais da Região Norte, co-financiado pelo
Programa Operacional da Região Norte (ON), Medida 1.4 (Dezembro, 2002)
http://www.uern.pt/microsite (acedido em 10 de Janeiro de 2004).
UNCTAD (2003). E-Commerce And Development Report 2003, United Nations
Conference on Trade and Development,.
Varian, R. (2002) When Commerce Moves On, Competition Can Work in Strange
Ways. New York Times (Agosto, 2000).
217
Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações
Portuguesas
Anexos
Modelo de negócio
Natureza dos produtos/serviços
Visão de negócio
Facilitadores e inibidores de negócio
Oportunidades
Ameaças
Pontos fortes
Pontos fracos
Necessidades/requisitos do negócio
Factores críticos de sucesso
Contratos existentes
Objectivos de negócio
Estratégias de negócio
Conjuntura organizacional Interna
Características da organização
Conhecimento do negócio
Recursos Humanos
Estrutura
Cultura e Conhecimento organizacional
Infra-estrutura tecnológica
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CASO 6
CASO 5
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CASO 4
CASO 3
CASO 2
CASO 1
Tabela 2. Factores de entrada identificados por caso de comércio electrónico estudado.
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Conjuntura organizacional externa
Mercado
Concorrência
Aspectos jurídicos e fiscalidade
Maturidade dos modelos de negócio
Ambiente geral e ambiente de tarefa
Confiança e segurança
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9
Motivações para o CE
Impacto perspectivado
Riscos/constrangimentos das iniciativas de CE
Forças, fraquezas, oportunidades, ameaças e
obstáculos do CE
Soluções de CE
Tipos e Modelos de e-commerce
Maturidade de tecnologias
Características das soluções
Fornecedores de serviço
Contratos
Segurança e meios de pagamento
Logística
Público-alvo
Parcerias
Investimento e financiamento
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9
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Comprometimento da gestão
Adequação da estrutura do negócio para as
iniciativas de CE
Estrutura
Abordagem e método
Ciclo de vida da solução
Gestão de projectos
Plano de desenvolvimento
Características contratos fornecedores tecnológicos
Custos
Factores críticos de sucesso
Exploração da solução de CE
CRM, Promoção e Marketing
Logística
Produção e actualização de conteúdos
9
CASO 6
CASO 5
CASO 4
CASO 3
CASO 2
CASO 1
Tabela 3. Factores de processo identificados por caso de comércio electrónico estudado.
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Características da solução de CE
Fórum
Catalogo produtos e serviços
Registo de utilizadores
Resposta às solicitações
Idiomas
Tracking encomendas
Processamento pagamentos
Integração com sistemas backoffice
Conteúdos
Segurança e meios de pagamento
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Solução tecnológica
Infra-estrutura tecnológica
Arquitectura tecnológica
Tecnologia
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Facilitadores e inibidores do processo
Pontos fracos
Pontos fortes
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Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações
Portuguesas
CASO 6
CASO 5
CASO 4
CASO 3
CASO 2
CASO 1
Tabela 4. Factores de saída identificados por caso de comércio electrónico estudado.
Impactos estratégicos
Vantagens competitivas
Novas oportunidades
Evolução do negócio
Novos facilitadores e inibidores de negócio
Imagem
Notoriedade
Crescimento de negócio e quota de mercado
Impactos tácticos
Mercado atingido
Promoção
Business Intelligence
Fidelização de clientes/comunidade
Sinergias internas
Maior oferta de produtos/serviços
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Impactos operacionais
Visitas
Audiências
Vendas on-line e físicas
Rapidez
Melhor serviço para o cliente
Pedidos de informação
Redução custos e aumento de rentabilidade
Logística
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Impactos no meio envolvente
Aculturação do mercado
Concorrência
Confiança dos agentes de mercado
Fornecedores de logística
Parcerias
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Impactos transversais no ambiente interno
Estrutura de recursos humanos
Impactos na cultura organizacional
Impactos no conhecimento organizacional
Arquitectura tecnológica
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CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 221
Integração de Empresas Virtuais: Um caso
de aplicação á Indústria Têxtil
Armando Manuel Gomes Mota
[email protected]
Rua da Igreja, 4750-Vila F. S. Martinho, Barcelos, Portugal
Resumo: Os objectivos a que se propõe este trabalho são numa primeira
fase, determinar até que ponto podemos relacionar o novo paradigma que é a
Integração de Empresas Virtuais com a realidade actual da indústria Têxtil, e numa
segunda fase, seleccionar os meios tecnológicos mais adequados a essa integração.
Constatando em termos históricos uma evolução da organização das
indústrias Têxteis, deixando de ser tão verticais (na perspectiva do produto) para
serem indústrias horizontais cada vez mais ágeis, devido á necessidade permanente
de se reconfigurarem para se manterem alinhadas com a elevada exigência de um
mercado global e dinâmico. Ao nível da integração das EV, deparamos com um
emaranhado de soluções existentes no mercado, que ao filtrar de acordo com as
necessidades da indústria Têxtil, nos levam a ponderar entre as soluções mais
teóricas e sofisticadas e as mais simples, tendo encontrado nas tecnologias de
suporte aos Web Services a resposta às necessidades que pretendíamos. Uma base
simples e flexível que não compromete em termos de evolução futura.
Palavras-chave: Empresa Virtual, Indústria Têxtil, Integração, Web Service
1. Evolução histórica da indústria Têxtil
A indústria Têxtil, tal como muitas outras empresas indústriais começaram por
conquistar o mercado no sentido da massificação da oferta, centrando os seus
objectivos na produção de grandes quantidades de um mesmo produto ao melhor
preço, tendo investido em grandes linhas de produção, no sentido de produzir mais
em menos tempo.
Para se tornar mais eficiente e rentável, e uma vez que o produto se
mantinha inalterado durante um longo período de tempo, as empresas foram-se
verticalizando, ou seja, agregaram o máximo de processos possíveis dentro da
própria empresa, integrando todos os processos de fabrico, desde as matérias primas
até ao produto acabado.
221
Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil
Sendo muito frequente encontrar-se as grandes marcas de vestuário como
proprietárias de enormes indústrias Têxteis que desenvolviam e produziam
exclusivamente para essa marca.
Este tipo de indústria mais tradicional foi-se mantendo até por volta dos
anos 80 no sentido da Verticalização, tendo-se iniciado nesta década uma tendência
de globalização dos mercados, diversificando a procura e aumentando o nível de
exigência dos consumidores, com a Moda a dominar as tendências do mercado,
surgindo uma enorme gama de novos materiais, de cores e de estilos que
provocaram uma diminuição progressiva das quantidades a produzir de um mesmo
artigo.
A grande exigência deste novo mercado global e dinâmico veio exigir uma
reconfiguração desta indústria no sentido de dar uma resposta rápida às
necessidades que iam surgindo, optando por subcontratar parte dos processos de
fabrico para poder fazer face aos ciclos de procura cada vez mais acentuados e a
uma diversidade que tornava quase impossível de manter dentro de portas todos os
processos, iniciando-se assim o processo inverso, ou seja, no sentido horizontal, o
da especialização e da colaboração.
Esta necessidade de adaptação foi seleccionando naturalmente as empresas
mais ágeis e flexíveis, tendo dado vantagem competitiva às PME (Pequenas e
Medias Empresas) mais dinâmicas em relação às grandes empresas verticais, que
não foram capazes de se reconfigurar e de se manter actualizadas tecnologicamente
em todas as frentes, ficando deficitárias em alguns sectores e com excesso de
capacidade em áreas cuja procura ia oscilando rapidamente.
É neste contexto de agilidade, de capacidade de adaptação da sua estrutura
interna e externa para ir de encontro às oportunidades de negócio que o mercado ia
criando, que podemos dizer que a indústria Têxtil, em especial as PME podem ser
vistas como Empresas Virtuais, recorrendo actualmente às novas tecnologias,
utilizando a Internet como o meio mais rápido e eficiente de colaboração.
2. Empresas Virtuais
2.1. O que são Empresas Virtuais
Antes de podermos evoluir para a integração das Empresas Virtuais,
devemos fazer uma pequena reflexão sobre o conceito de “Virtual Enterprise” e
vamos verificar que embora não exista um conceito aceite por todos, talvez devido
ao facto da utilização banalizada que é feita actualmente do termo virtual, existe
uma definição lançada pela (SME 1993) que reúne bastante consenso: “ Uma
Empresa Virtual é uma rede temporária de empresas independentes, instituições e
especialistas individuais que, através do uso da Tecnologia de Informação (TI),
reúnem-se espontaneamente para aproveitar uma visível oportunidade de mercado.
222
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Cada empresa traz suas competências principais e associam-se para criar e
adicionar valor a sociedade.”. Em termos mais definidos, uma Empresa Virtual
pode ser considerada como uma nova forma de organização, com a cooperação de
diferentes companhias ou “parceiros” para tirar vantagem de uma oportunidade de
negócios que é conseguida com o estabelecimento da cooperação entre os parceiros
e que seria muito difícil de ser atingir por uma única empresa agindo por seus
próprios meios. Assim como compartilham os recursos, a tecnologia, a informação
e o mercado como uma forma estratégica de aumentar a competitividade, também
partilham os riscos e os custos através da Tecnologia da Informação (Pithon e
Putnik, 2002).
Nota-se que a virtualidade conforme é descrita por estes autores, não é
mais do que uma forma de oferecer ao consumidor um produto ou serviço onde a
empresa propriamente dita possui somente uma porção da competência. As outras
competências necessárias são adquiridas através da cooperação que cada empresa
fornece ao conjunto. O que, realmente, existe são os recursos materiais e humanos
e, normalmente, neste tipo de empresa, não existe um espaço físico comum.
A empresa virtual dura o tempo necessário para cumprir com os seus
objectivos, não assumindo compromissos futuros após o seu término. Em cada
missão, as responsabilidades, as competências e os lucros são estabelecidos e
compartilhados e, quando a missão terminar, ela poderá ser desfeita ou reconstituída
a fim de atender a uma nova necessidade do mercado.
As TI(Tecnologia de Informação) é que sustentam esta virtualidade,
permitindo às empresas unirem-se mais eficientemente para adquirir a flexibilidade
e a rapidez necessárias para atingirem os seus objectivos.
Figura1: (Putnik ECCON2004) Virtual Enterprise as a “flow” enterprise
2.2. Alguns modelos de Empresas Virtuais
Ao tratar o conceito de EV, os vários autores definem vários modelos
organizacionais que podemos analisar e comparar quanto á sua virtualidade,
223
Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil
seleccionando para isso os modelos mais relevantes nessa ordem: Empresa
Estendida, Empresa Ágil, OPIM e BM_VERAM.
A Empresa Estendida amplia-se além das tradicionais fronteiras
organizacionais. Ela inclui os relacionamentos que uma empresa tem com seus
clientes, fornecedores e sócios nos negócios (Browne 1995). A Empresa estendida é
responsável por todo o ciclo de vida do produto, desde a obtenção de material à
produção e fabricação de componentes, até a montagem final, incluindo a
distribuição e serviço ao cliente, e em um número crescente de casos, onde possível
à reciclagem dos produtos em fim de vida. Neste sentido, a Empresa Estendida pode
ser considerada como representada por todas aquelas organizações ou partes de
organizações, clientes, fornecedores e empreiteiros, integrados de forma
colaborativa no projecto, desenvolvimento, fabricação e entrega de um produto ao
consumidor. É portanto um modelo baseado em relações mais estáveis.
O conceito de Empresa Ágil surge num relatório apresentado por (Nagel and
Dove 1993) Quando um grupo da indústria observou que o crescente índice de
mudança no ambiente dos negócios estava ultrapassando a adaptabilidade das
tradicionais organizações de produção: “embora algumas dessas organizações
simplesmente demorassem a acordar, muitas puderam ver uma necessidade, mas
foram incapazes de instituir uma mudança interna suficientemente rápida.
Agilidade é a palavra que descreve a característica que faltava nessas
organizações; elas não puderam adaptar-se á mesma velocidade a que os
ambientes mudavam.”
A agilidade é considerada por muitos como uma vantagem competitiva. O
Fórum da Agilidade (Agility _ International 2002) menciona várias razões, tais
como a fragmentação do mercado, o encolhimento do tempo de vida dos produtos e
a concorrência global, para uma organização aumentar a sua agilidade.
O Conceito OPIM “One-Product-Integrated-Manufacturing” Foi desenvolvido
por Putnik em 1997 na Universidade do Minho. OPIM é um modelo especial de EV
para o fabrico de um produto específico e é concebido como um sistema de
produção optimizado com o propósito de fabricar um único produto, integrado
através de um conjunto universal de recursos primitivos, numa estrutura física
substituível em tempo-real. O projecto (síntese) e o controle do sistema são
executados num ambiente abstracto e virtual. De acordo com seus autores, os
sistemas de fabrico concebidos para produzir vários produtos são tecnicamente
menos eficientes, quando comparados com sistemas dedicados, e este nível de
eficiência ou de desempenho atinge seu máximo, quando os sistemas de fabrico são
dedicados a um único produto, o qual corresponde à existência de uma estrutura
produtiva para cada novo produto. Desta forma, este conceito corresponde a um
sistema de produção distribuído ao mais alto nível e a uma estrutura altamente
dinâmica. O que o torna bastante teórico, mas não deixa de representar o extremo
em termos de agilidade e virtualidade.
BM_Virtual Enterprise (BM_VE) é um tipo de Empresa Virtual (EV) total
ou parcialmente de acordo com o modelo BM_Virtual Enterprise Architecture
Model (BM_VERAM) definido por (Putnik 2001). É caracterizado como uma rede
224
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
de Organizações com capacidade de se reconfiguram dinamicamente, integradas
num domínio global, satisfazendo requisitos de Integrabilidade, Distributividade,
Agilidade e Virtualidade como factores de competitividade.
• Integrabilidade: capacidade de acesso a recursos dentro e fora da empresa;
• Distributividade: a performance da empresa ou do sistema de produção
independentemente da distância física entre os elementos da empresa;
• Agilidade: resposta rápida às mudanças de mercado;
• Virtualidade: rede dinâmica de empresas suportadas pela TI.
As BM_VE utilizam três tipos de mecanismos ou ferramentas: Mercado de
recursos, Broker e Virtualidade.
Um recurso representa uma entidade que pode contribuir ou agregar valor,
fornecendo um produto (componente, montagem) ou uma operação, um recurso é
um objecto da empresa, o qual é usado para realizar, ou para apoiar a execução de
um ou mais processos.
O Broker é uma entidade externa, ou agente que têm dois papeis fundamentais.
O primeiro como Gestor dos recursos, seleccionando, integrando e reconfigurando
dinamicamente a rede. O segundo como agente da virtualidade, fazendo de
intermediário nas operações entre o cliente e o servidor, escondendo o cliente e o
servidor um do outro.
Sendo assim, os modelos de Empresas Virtuais, representam uma solução para
os produtos cada vez mais customizados, com séries de produção muito pequenas
em ambientes altamente competitivos e em constante mudança, onde é exigido um
alinhamento permanente do negócio. A estabilidade das parcerias é baixa e a
dependência entre os parceiros é frágil, onde deve ser possível uma reconfiguração
dinâmica ao mais alto nível, permitindo uma monitorização constante sobre a rede,
permitindo encontrar a solução mais competitiva em cada momento do ciclo de vida
do produto.
3. Integração de Empresas
3.1. Engenharia Concorrente
No mesmo sentido em que as organizações se tornaram mais ágeis e mais
distribuídas, as Tecnologias de Informação foram criando meios que permitissem
uma colaboração cada vez mais eficiente entre estas. Surge então o conceito de
engenharia concorrente, que visa integrar através de meios informáticos o trabalho
paralelo desenvolvido por várias entidades, desde a fase do projecto de um produto,
passando pela produção até ao acompanhamento pós-venda.
Esta integração visa sobretudo a melhoria da qualidade do produto, na óptica
do cliente, a diminuição do ciclo de fabrico e a diminuição dos custos.
225
Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil
São vários os meios que promovem este trabalho colaborativo através dos
meios informáticos, começando pelo software utilizado pelos elementos do grupo
(groupware), passando pelo caracterização do fluxo dos documentos através das
entidades (Workflow) e terminando com os meios de comunicação que suportam
esses dados.
Como meios de comunicação assíncrona vemos uma utilização praticamente
generalizada do e-mail e dos grupos de discussão a permitir a troca de informação
em diferido. Na comunicação síncrona (em directo) vemos muitas vezes utilizar a
vídeo conferencia, os “Chat” ou agendas de grupo para troca de mensagens em
simultâneo.
Foram surgindo sistemas de Workflow cada vez mais complexos como o Lótus
Notes que permitem o trabalho colaborativa entre entidades dentro e fora de uma
organização ou mesmo o BSCW (Suporte Básico para Trabalho Colaborativo) que
permite a partilha de um ‘Workspace’ entre grupos e trabalho utilizando a Internet
como infra-estrutura de comunicação.
Este conceito não consegue contudo dar uma resposta eficiente á rápida
transformação a que se tem assistido, principalmente nas PME, onde o ciclo de vida
dos produtos é cada vez menor e a complexidade cada vez maior. Traduzindo-se
numa perda de flexibilidade e eficiência na organização. Estando mais preparados
para colaborações ocasionais, com uma grande participação humana, ou seja, não
atingem um nível de integração suficientemente ágil e autónomo para fazer face às
necessidades da integração das Empresas Virtuais.
3.2. Outros Conceitos e Tecnologias de Integração
Enterprise Aplication Integration (EAI)
Conjunto de Ferramentas e Tecnologias utilizadas para Integração de várias
Aplicações dentro de uma Organização (Transacções) , envio e recepção de
mensagens ordenadas. É muito similar a Integração de Aplicações com os
BPM(Business Process Management), sendo que os BPM complementam as EAI
criando novos processos e Serviços que as EAI estão preparadas para Integrar.
Workflow Management
São um conjunto de ferramentas de gestão desenhadas para assistir á execução
de um trabalho, considerando actualmente também o envolvimento das aplicações
como capazes de executar tarefas, tal como os humanos.
Os workflow são tecnologias que vem facilitar a fluidez das actividades,
principalmente através de documentos que são executadas tanto por humanos como
por aplicações. Por sua vez os BPM definem de uma forma refinada os conceitos de
um processo dando a inteligência necessária para poderem agir de uma forma
autónoma, podendo descrever alguns workflow que poderão completar alguns
passos manuais dentro do processo.
226
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
B2B Systems
O comercio B2B é uma extensão dos processos empresariais para fora da
empresa partilhando-os com os seus parceiros, Clientes e Fornecedores.
Podemos ver a integração B2B como um BPM porque os documentos são
transmitidos e integrados por motores de EAI.
Compreende-se perfeitamente que o conceito chave para a unificação dentro
de uma Empresa Virtual é a integração dos processos. Essa integração é muito
difícil e os conceitos mais complexos têm falhado, mas essa situação tem-se vindo a
alterar graças ao aparecimento dos Web Services que utilizam tecnologias como o
http, soap e xml, que são standards disponíveis em várias plataformas, que
combinados com a eficiência e autonomia dos Software Agents (SA), podemos criar
uma framework robusta e realmente unificadora.
4. Web Services
Muito resumidamente, podemos dizer que os Web Services são um modo
através do qual as empresas podem disponibilizar e divulgar os seus serviços de
modo a que possam ser invocados programaticamente através da Internet por outros
sistemas. Utilizam protocolos de troca de documentos em formatos standards,
baseados em XML, que permitem a execução de transacções on-line entre sistemas
heterogéneos utilizando o protocolo HTTP para transporte dos dados .
Devido á simplicidade de implementação e utilização, os Web Services são a
actualmente a mais popular representação da arquitectura SOA (Service Oriented
Architecture). É ainda uma tecnologia muito recente, Estando a verificar-se muitas
melhorias e a antever-se o aparecimento de novas especificações que irão
certamente dar resposta a alguns problemas de segurança que ainda se verificam.
Reúnem contudo um conjunto de protocolos que contêm todas as tecnologias
necessárias para que as empresas partam para uma integração de um serviço, que
informaticamente podemos ver como uma função ou Classe alojada num servidor
Web com os respectivos métodos expostos.
Muito resumidamente podemos identificar os seguintes protocolos como a
base desta tecnologia:
• XML(eXtended Markup Language) : Metalinguagem de anotação na qual
estão definidas todas as outras normas que servem de base aos Web
Services(meio de suporte para todos os outros protocolos).
• SOAP (Simple Object Access Protocol): Linguagem de anotação com a
qual se pode descrever o protocolo de comunicação, responsável pela troca
de mensagens de e para os Web Services (uma mensagem SOAP é um
documento XML).
227
Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil
• WSDL (Web Service Definition Language) : Linguagem de anotação
definida em XML e que tem como objectivo descrever a API (Application
programming interface) de um Web Service (divulgar os métodos da
Classe).
• UDDI (Universal Description Discovery and Integration): Linguagem de
anotação definida em XML com a qual se cria a metainformação
característica de um Web Service; vários registos UDDI são agrupados em
repositórios; estes repositórios possuem uma interface/API de pesquisa
para permitir a uma aplicação cliente pesquisar e localizar um serviço
[UDD].
O ciclo de vida de um Web Service compreende quatro fases distintas:
Publicação, Descoberta, Descrição e Invocação, correspondendo a cada uma fase
uma das normas descritas anteriormente:
• Publicação: Processo opcional, através do qual o fornecedor do Web
Service dá a conhecer a existência do seu serviço, efectuando o registo do
mesmo no repositório de Web Services (UDDI).
• Descoberta: Processo opcional, através do qual uma aplicação cliente toma
conhecimento da existência do Web Service pretendido pesquisando num
repositório (UDDI).
• Descrição: Processo pelo qual o Web Service apresenta a sua API
(WSDL); desta maneira a aplicação cliente tem acesso a toda a interface
do Web Service, onde se encontram descritas todas as funcionalidades por
ele disponibilizadas, assim como os tipos de mensagens que permitem
aceder às ditas funcionalidades.
• Invocação: Processo pelo qual cliente e servidor interagem, através do
envio de mensagens que vão servir de Input e da eventual recepção da
mensagem de Output (SOAP).
Ao reunirmos estas 4 fases podemos constituir o ciclo de vida de um Web
Service, que podemos visualizar da seguinte forma:
1. O fornecedor constrói o serviço (Classe) utilizando a linguagem de
programação e o sistema operativo que entender, colocando-o num
Servidor Web;
2. De seguida, especifica a interface do serviço (Métodos da Classe) para
ficar visível por todos os clientes que pretenderem utilizar esse serviço
recorrendo a WSDL;
3. Após a conclusão dos dois primeiros passos, o fornecedor pode registar o
serviço no UDDI para que este possa ser divulgado;
4. Do lado do utilizador cliente (aplicação cliente) é feita uma pesquisa num
repositório UDDI e encontrado o serviço pretendido, ou se já conhece o
serviço, pode passar directamente para a fase seguinte;
228
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
5. A aplicação cliente estabelece a ligação com o Web Service e estabelece
um diálogo com este, via mensagens SOAP que vão circular pela Internet
sobre o protocolo HTTP.
Figura 2: Ciclo de vida de um Web Service
6. Modelos de Processos de Negocio: Business Process Models
(BPM)
6.1. Introdução aos BPM
Um Processo de Negocio é uma colecção de actividades desenhadas para
produzir um determinado Output para um cliente particular. Dá uma grande ênfase
á forma como o trabalho é feito dentro da organização em contraste com a
perspectiva do produto, ou seja do que é feito. Um processo representa uma ordem
especifica de actividades executadas ao longo do tempo em determinados locais
(Workflow e Dataflow), com um principio e um fim e com Input e Output
claramente definidos.
O papel dos BPM é principalmente gerir a ordem pela qual é feita a integração
dos processos entre os diferentes recursos, podendo recorrer a vários meios
informáticos para levar a cabo esse trabalho.
Existem vários conceitos de modelação dos processos de negócio actualmente
disponíveis no mercado, alguns como a RosettaNet que utilizam protocolos
proprietários, e outros como o ebXML , DARPA e BPEL4WS que utilizem os Web
Services como meio de suporte tecnológico para efectuar essa integração.
Em todos os modelos os conceitos misturam-se um pouco e nem sempre é fácil
distinguir as funções que competem ao BPM e as que competem aos Web Services,
vamos contudo tentar ver de que forma se define um BPM, através do exemplo de
um standard: BPEL4WS para entender até que ponto podemos avançar com estes
229
Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil
conceitos no caso da integração de PME, mais concretamente das indústrias Têxteis
virtuais.
6.2. Business Process Execution Language for Web Services (BPEL4WS)
Este standard é o resultado da investigação conjunta da IBM, Microsoft, BEA,
SAP e Siebel no sentido de encontrar uma notação para definir o comportamento
dos processos de negócio baseados em Web Services. Os processos definidos nos
BPEL4WS exportam e Importam as suas funções recorrendo exclusivamente aos
interfaces disponibilizados pelos Web Services.
Os BPEL4WS disponibilizam um linguagem para a especificação formal dos
processos de negócio e dos protocolos que permitem essa interacção, ao faze-lo
estendem o modelo de interacção dos Web Services, dando o suporte para as
transacções negociais.
A Integração de sistemas requer mais do que a simples habilidade em
estabelecer simples interacções através de protocolos standard, só se consegue tirar
todo o potencial dos Web Services quando as aplicações e os processos de negócio
conseguirem integrar as suas interacções mais complexas utilizando modelos de
interacção standards. A WSDL utilizada nos Web Services representa de uma forma
estática a forma como é feita a interacção síncrona ou assíncrona com esse serviço,
enquanto que os BPM tipicamente assumem sequencias dessas interacções ponto a
ponto entre uma ou mais entidades.
A descrição da execução dos processo é feita recorrendo a vários tipos de
actividades que permitem Receber “Receive”, Responder “Reply”, Atribuir
“Assign”, criar ciclos “While” e outras técnicas para aceder aos dados, definir os
atributos, a lógica do processo e a reacção às falhas.
Este linguagem de descrição dos BP, tal como as outras ainda não estão
suficientemente desenvolvidas para garantir uma aplicação simples e eficiente para
todos os processos de negócio com que deparamos nas indústrias têxteis, tornandose muito difícil por enquanto, a sua aplicação, ficando para uma segunda fase em
que as empresas dominem um pouco melhor esses conceitos e que surjam no
mercado ferramentas simples e económicas que lhes permitam avançar no sentido
de uma integração total.
6.3. Esforços a ser desenvolvidos na área dos BPM
Tal como se referiu, a situação actual em que se encontram os BPM ainda não
estão suficientemente acessíveis á maioria das PME, verificando-se contudo, o
desenvolvimento de grandes esforços por parte das organizações mundiais como a
OMG e OASIS em desenvolver novos standard, assentes nas tecnologias dos Web
Services, que possibilitem a qualquer pessoa com pouca formação na área de
informática, criar graficamente os diagramas de uma forma intuitiva sem ter de se
230
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
preocupar com a forma como é estabelecida a conexão entre os diferentes sistemas
ou mesmo como é estruturado o conteúdo da mensagem.
Em conjunto com essas organizações, tem estado as principais empresas de
software como a Microsoft , IBM, SUN e outras que vão integrando nas suas
plataformas de desenvolvimento essas novidades, sendo de esperar grandes
novidades nos próximos tempos.
Noutro patamar temos as empresas de TI mais pequenas que são as que lidam
directamente com as empresas, e vão em conjunto ter de definir e implementar
essas regras do negócio. Este é sem duvida a fase que me parece mais atrasada, com
os empresários pouco virados para investir numa área que não apresenta resultados
imediatos, com grandes dificuldades em conseguir sistematizar de uma forma lógica
os seus processos de negócio e do outro lado vemos empresas de TI com algumas
dificuldades em lidar com estas novas tecnologias a terem de fazer um grande
esforço para se actualizarem sem terem ainda um mercado suficientemente grande
que justifique esse investimento.
7. Exemplo prático
O cenário que nos deparamos mais tipicamente na indústria têxtil, é o de uma
pequena ou média empresa ser subcontratada por uma marca para colaborar numa
primeira fase no desenvolvimento de um protótipo, e numa 2ª fase para planear e
gerir a sua produção. É nesta fase que a integração se torna mais difícil, porque esta
PME vai ter necessidade de encontrar dentro de um conjunto de potenciais
fornecedores para cada processo, aquele que oferece melhores condições,
seleccionando muitas vezes micro empresas bastante especializadas mas com
poucos recursos humanos, financeiros e técnicos (a nível do Sistema de
Informação) o que dificulta muito o processo de integração, uma vez que estas não
estão normalmente preparadas para fazer um trabalho de análise e caracterização
dos Processos de Negócio (BP) a ponto de os divulgar e tornar abertos á integração.
Esta integração inicialmente vai se fazer entre um grupo de empresas que já
mantêm algum tipo de relação comercial ou estão já inseridas no mesmo meio, ou
seja, a empresa responsável (Empresa A) numa primeira fase vai ter de desenvolver
esforços junto dessas pequenas empresas, para que em conjunto, caracterizem,
descrevam de uma forma normalizada os processos de negócio que normalmente
estabelecem entre elas. No fundo este inicio vai ser um primeiro passo no sentido de
uma integração mais global, criando-se os meios técnicos e humanos (Know-How)
necessários nessas pequenas empresas, para que possam caminhar para um meio
mais complexo que é o mercado global.
Vamos então desenvolver um cenário de integração entre um ERP (Enterprise
Resource Planning) de uma empresa pequena ou média (Empresa A) responsável
pela produção de um determinado artigo para uma marca X, com uma aplicação de
231
Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil
gestão mais simples de uma pequena indústria especializada de confecção (Empresa
B).
Neste cenário, tendo em conta a dimensão de cada empresa vamos analisar os
pontos de integração a definir em de cada sistema para integrarem o processo de
confecção.
Vamos assim criar um cenário dividido em 5 fases:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Pesquisa dos potenciais colaboradores pelo melhor preço /qualidade
Planeamento das quantidades, preços e prazos de entrega
Envio das peças para confeccionar (A para B).
Recepção das peças confeccionadas (B para A)
Recepção das facturas para pagamento (B para A)
Emissão da liquidação (A para B)
Empresa A
1.Pesquisar
junto
dos
potenciais
fornecedores, aquele ou aqueles que
apresenta melhor condições de preço e
qualidade dentro dessa área específica para
colaborar no desenvolvimento do protótipo,
enviando as características técnicas da peça a
confeccionar, as operações e os respectivos
tempos para obter assim um preço estimado
para a quantidade pretendida.
2.Na fase de planeamento vai agendar as
datas de produção junto da empresa B e se
necessário ajustar o seu planeamento ou
mesmo recorrer a outras empresas para
conseguir satisfazer os prazos estipulados
pelo seu cliente.
3.Emissão do documento ou documentos de
suporte ao envio das peças para confeccionar
(Guia de Transporte) com as quantidades
reais a serem produzidas.
Empresa B
Vai referenciar o pedido da Empresa A,
analisar as características técnicas, o
tempo necessário para confeccionar a
peça e determinar o seu preço e
devolver essa cotação á Empresa A.
Vai analisar o seu planeamento e
determinar para que datas pode
executar o serviço.
Se não poder cumprir os prazos
apresentados pelo cliente, poderá
ajustar o planeamento, rejeitar o
serviço, ou apresentar outra proposta.
Recepção e conferência das quantidades
a produzir.
Registo da encomenda no seu sistema
informático
4.Conferencia das quantidades entregues
pelos confeccionadores.
Introdução do documento no seu sistema
informático.
5.Recepção e conferência da factura(s)
(quantidades e preços)
Emissão de documento com
quantidades
enviadas
(Guia
Remessa)
6.Emissão do pagamento (nota de liquidação)
Conferencia da liquidação e emissão do
respectivo recibo..
232
as
de
Emissão da factura relativa às guias
emitidas.
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
1. Quando se refere a selecção pelo nível de qualidade do fornecedor
(confeccionador) parte-se do suposto que a empresa A têm um sistema de
gestão de qualidade que lhe permite avaliar os seus fornecedores pelas falhas
nos prazos de entrega e os defeitos produzidos.
2. O preço indicado deve incluir o custo de transporte entre a empresa A e a
empresa B, de maneira que o factor distância também seja considerado.
3. Estamos a partir do princípio que a empresa A têm um dimensão maior que a
empresa B, e como tal têm um sistema informático que abrange a gestão
comercial (facturação e contas correntes) e a gestão da produção (stocks,
calculo de necessidades e planeamento), enquanto que a empresa B têm
unicamente um software de gestão comercial, sendo necessário criar algumas
funcionalidades para que possa responder á questão do preço e prazo de
Entrega.
4. Outro principio mais básico a ter em conta é que ambos os sistemas permitem
a utilização de WebServices, estando conectados permanentemente á Internet.
Tecnologias que podem ser utilizadas:
Nas duas primeiras fases, como a empresa B não têm um software de gestão de
produção que lhe permita dar as respostas necessárias, e caso esta não pretenda criar
as condições mínimas necessárias a uma integração mais eficiente, poderá recorrer
a ferramentas colaborativas, como o e-mail, uma ferramenta bastante simples que
permite a troca de dados e ficheiros de uma forma assíncrona entre as duas partes.
Iniciando-se o processo com o sistema informático da empresa A a seleccionar
os potenciais colaboradores e a enviar os pedidos de cotação via e-mail, onde vai
disponibilizar um Link, que vai abrir uma página no seu servidor Web que por sua
vez vai permitir às empresas colaboradoras introduzir o seu melhor preço e a poder
consultar e actualizar outros pormenores técnicos relativos ao processo. Na segunda
fase, a empresa B vai da mesma forma colocar o prazo de entrega directamente no
sistema informático da empresa A.
Opcionalmente ao envio de email’s nas duas primeiras fases (que seria sempre
uma opção de recurso) estando neste cenário, a empresa B disponível a rever os
seus processos, a tentar definir as regras com que gere o seu negócio, poderíamos
criar dois WebServices muito simples, capazes de responder ao pedido de cotação e
ao prazo de entrega de uma forma automática ao SI da empresa A.
Sendo assim, para conseguir definir essas regras, seria necessário começar por
fazer uma análise para determinar as variáveis que servem de base para definir o
preço de confecção, como por exemplo:
• Os custos com pessoal produtivo
• Os custos com pessoal não produtivo
• Os custos fixos com o aluguer, agua, luz e outros gastos gerais de fabrico.
• A capacidade de produção normal (percentagem de tempo útil)
233
Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil
• O custo por minuto de laboração baseado nos elementos anteriores.
• Estabelecer a margem de lucro bruta pretendida e determinar a variação
por cliente de acordo com as condições de pagamento e risco que este
apresenta.
Depois de identificar as variáveis, deverá desenvolver as formulas que lhe
permitam determinar os resultados pretendidos, que de uma forma bastante
simplicista, poderiam ser:
Pedido de cotação
• PreçoCusto = Custo/Minuto * Tempo
• PreçoVenda = PreçoCusto /(1-margem cliente)
Calculo do prazo de entrega
• Desenvolver uma base de dados simples que mantenha actualizado o
estado das encomendas ordenadas por data e a quantidade que falta
produzir.
• TempoTotal=(Quantidade*TempoUnitario)/Nº Funcionários
Estas formulas poderão ser bastante diferentes de empresa para empresa e
poderão vir a ser optimizadas ao longo do tempo, ajustando-as o melhor possível a
cada realidade.
Nas fases 3 em diante, como os procedimentos são mais standard (simples
troca de documentos ), será mais fácil a integração entre os sistemas, recorrendo
aos Web Services que tal como tínhamos pressuposto, é uma tecnologia que já
deverá fazer parte do software de gestão da empresa B, que deverá ser capaz de
enviar via Internet um documento formatado em XML de uma forma legível para o
SI da empresa A e ser capaz de Integrar os documentos enviados por esta no seu
próprio Sistema.
Note-se que neste exemplo a única preocupação é demonstrar que já se torna
bastante simples fazer passar uma mensagem (SOAP) com um esquema standard
(XML) via Internet (HTTP) entre dois sistemas, recaindo a maior dificuldade na
definição das classes com as regras que suportam cada processo, de forma a serem
facilmente acedidas por terceiros (WSDL). Sem esquecer contudo que nesta fase
estamos unicamente preocupados com um processo de cada vez (SOA) ficando a
cargo destes grande parte das validações e gestão de erros, quando deveria haver
uma camada responsável pela orquestração destes serviços (BPM) que definiria a
ordem lógica de todo o negócio.
234
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
8. Conclusão
O facto de ser ainda complexo e dispendioso para uma PME definir os seus
processos de negócio, de não existir ainda uma feramente simples e universal, faz
com que a necessidade de melhorar e optimizar a integração dos sistemas de
informação seja vista com um interesse tanto maior, quanto maior for o nº de
interacções que a empresa efectua. Ou seja, uma grande empresa que faz milhares
de movimentos mensais se conseguir poupar uns segundos na introdução de cada
processo no o seu ERP pode poupar muito tempo e diminuir o numero de falhas, ou
seja, pode poupar muito dinheiro, estando por isso certamente disponível a investir
um valor considerável num sistema que garanta melhorias na integração de
processos com os seus colaboradores. Por outro lado, uma PME tem por vezes
muitas dificuldades em conseguir compensar os custos de implementação de um
projecto desta natureza com os proveitos dessa integração. Ainda mais tendo em
conta a grande diversidade de processos e a diminuição progressiva das quantidades
a produzir de cada artigo.
Talvez por esta razão o nº de standards que foi surgindo no mercado tenha sido
patrocinado por essas grandes empresas, que foram criando e promovendo esses
meios no seu próprio interesse, existindo hoje dezenas de protocolos e métodos de
integração de processos muito complexos, com pouca flexibilidade para se
adaptarem às necessidades das PME.
Neste emaranhado de normas standard e protocolos que foram sendo
desenvolvidas por diversos organismos internacionais no sentido de encontrar uma
linguagem universal que colocasse a comunicar todas as empresas, com a sua
grande heterogeneidade em termos de sistemas de informação e de processos,
vamos deparar com os Web Services como uma das bases tecnológicas de
compatibilidade para esses protocolos mais elaborados, que embora não sendo a
solução que evidencia melhores características técnicas, inclui um conjunto de
protocolos abertos que nos garantem as condições necessárias para estabelecer a
integração entre os processos empresariais numa empresa virtual.
A participação das maiores empresas mundiais a nível do desenvolvimento das
TI como a Microsoft , a SUN, a IBM e outras no desenvolvimento e melhoramento
de novas versões desses standard bem como a integração a todos os níveis dos Web
Services com os seus produtos, dotando os sistemas operativos (Windows e Linux),
as ferramentas de desenvolvimento de software (Java e .Net) e até mesmo as suas
ferramentas de produtividade (Office e Openoffice) com esses protocolos de raiz,
vieram facilitar o acesso a todas as PME a essas novas tecnologias.
A nível do mercado do software de gestão mais utilizado nas pequenas e micro
empresas, começamos a ver as maiores software houses nacionais e internacionais a
integrarem nos seus produtos de base a possibilidade de utilização dos Web
Services, abrindo assim o horizonte á grande maioria das pequenas e médias
empresas que são o grosso da indústria têxtil no sentido da integração,
proporcionando-lhes os meios necessários para esse fim.
235
Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil
Neste cenário, com todas as dificuldades em avançar para uma integração a
todos os níveis, parece lógico que o caminho a percorrer no sentido da integração
das indústrias têxteis virtuais passe pela adopção dos Web Services como o meio
tecnológico a utilizar para integrar cada processo, porque permitem não só a
integração entre as PME a custos reduzidos, como a integração destas com as
grandes empresas, através da compatibilidade com as plataformas mais evoluídas, e
mais caras como o SAP, Ariba, IBM Websphere, etc. Para alem de cria as
condições tecnológicas necessária a uma integração, vão ajudar as empresas a
progredir nesse sentido, obrigando-as a uma reflexão sobre os seus processos
produtivos, a definir muito bem de que forma vão interagir com os seus clientes e
fornecedores, com que regras vão trabalhar o seu negócio.
Como se costuma dizer: “O óptimo é inimigo do bom”, e mesmo que não seja
rentável implementar uma integração total entre os processos que vão ser
desenvolvidos por uma empresa virtual (conjunto de empresas que vão unir
esforços para tirar partido da oportunidade de negócio que representa o fabrico do
produto X), Pode-se sempre começar pelos processos mais simples, com menores
custos, para ir evoluindo progressivamente para processos mais complexos.
Apresenta-se assim um cenário que deverá evoluir bastante nos próximos anos,
sendo necessário um grande empenho das empresas de TI para adquirirem a
formação e experiência que lhes permita implementar este tipo de serviços
(WebServices) junto das PME e da parte dos empresários em ultrapassar os
preconceitos que os mantêm presos a uma perspectiva errada em relação a esta
abertura, considerando ainda o segredo como a alma do negócio, não conseguindo
ver as vantagens que poderão vir a ter com esse tipo de investimento.
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CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 239
Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo
Prospectivo com base no Método dos
Cenários e no Método Delphi
Sónia Godinho Barroso
[email protected]
Praceta José Maria Veloso, n.º 3 1.º Dt.º Paivas
2845-535 Amoral
Resumo: O teletrebalho é uma nova forma alternativa ao trabalho
“tradicional”, que remete para o local e o tempo de trabalho flexíveis e é
suportado por tecnologias de informação e comunicação. Em torno desta
nova forma de trabalho giram grandes incertezas, sobretudo quando se
questiona o futuro.
A prospectiva é uma metodologia que permite reduzir essas incertezas,
deste modo tendo por base o método dos cenários em complemento com o
método Delphi, foi possível identificar dois possíveis cenários sobre o futuro
do teletrabalho. Estes cenários são distintos, prevendo-se que o teletrabalho
poderá seguir tendências ou trajectórias diferentes no futuro. No entanto,
podem servir de base para a elaboração de recomendações e para a
implementação de medidas políticas adequadas.
Palavras-chave: teletrabalho; prospectiva; método dos cenários; método Delphi;
clusters
1.
Introdução
Num contexto sócio-económico marcado pelo processo de globalização e de
efeitos decorrentes da sociedade de informação, o teletrabalho emerge como uma
forma de trabalho alternativa ao trabalho “tradicional”.
Esta é uma temática que tem sido alvo de estudos e investigações em vários
domínios científicos, sendo diversas as abordagens sobre este conceito. Apesar de
não haver uma definição concreta, é consensual que se trata de uma forma de
trabalho, com características próprias, como o local e o tempo de trabalho flexíveis
e a utilização de novas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s).
Quando reportada ao futuro, esta nova forma de trabalho é portadora de muitas
incertezas. Contudo, uma análise e reflexão prospectiva sobre o fenómeno do
teletrabalho e das suas futuras implicações, permite identificar eventuais cenários
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Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos
Cenários e no Método Delphi
que poderão localizar-se em horizontes temporais precisos, poderão-se tomar
decisões estratégicas e elaborar recomendações, pois as opções tomadas
actualmente irão influenciar no futuro as formas de trabalho, a própria organização
do trabalho e as relações laborais.
O projecto de investigação TeleRisk – Relações Laborais e Riscos
Profissionais no(s) contexto(s) do teletrabalho em Portugal, desenvolvido pela
Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa entre 2001 e
2003, enquanto um estudo de reflexão teórica sobre a problemática do teletrabalho e
com uma forte componente empírica (visão histórica e actual), constitui a base e o
ponto de partida para o desenvolvimento de uma metodologia prospectiva em torno
do fenómeno do teletrabalho (visão futura).
2.
Análise prospectiva do teletrabalho: processo metodológico
O futuro é uma incerteza que inquieta há muito tempo as civilizações, tendo
sido várias as preocupações ao longo do tempo em desvendar o que o futuro nos
reserva.
Uma das metodologias que se centra no futuro é a prospectiva, a qual não
pretende ser determinista, pois não é mais do que uma reflexão para esclarecer a
acção do presente à luz dos futuros possíveis de modo a reduzir as incertezas, tendo
por base o conhecimento que determinados especialistas ou peritos detém dos
fenómenos a serem analisados e “prospectados”.
Na prospectiva os métodos utilizados são sobretudo a construção de cenários e
os painéis de peritos, como o método Delphi. Geralmente, utiliza-se a combinação
destes dois métodos, uma vez que os resultados do método Delphi servem de base
para o processo de construção de cenários.
O processo metodológico adoptado seguiu algumas das directrizes do que foi
desenvolvido no projecto TeleRisK, tendo por base determinadas fases do método
dos cenários definidas por Godet (1993), bem como pelo manual “Prospectiva e
Cenários – uma breve introdução metodológica” (Ribeiro et al, 1997). O método
dos cenários consiste em organizar a informação em futuros possíveis, descrevendo
as várias alternativas ou trajectórias (Cuhls et al, 2002).
No entanto, apenas procedeu-se a uma adaptação de tais metodologias não se
seguindo criteriosamente os seus princípios, aplicando-se o método dos cenários à
problemática do teletrabalho de uma forma flexível e enquanto fio condutor na
lógica de elaboração de eventuais cenários ou tendências, complementando com
outra metodologia prospectiva, o método Delphi.
O processo metodológico adoptado na construção de eventuais cenários sobre
o futuro do teletrabalho assenta em duas etapas centrais, a construção da base
analítica sobre a problemática do teletrabalho e a exploração e identificação de
eventuais tendências sobre o futuro do teletrabalho, cada uma delas constituída por
várias fases.
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Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Construção da Base Analítica
- Enquadramento teórico sobre o
fenómeno de teletrabalho
- Modalidades / práticas de
teletrabalho
Identificação do objecto de
estudo
Modelo de análise:
delimitação do objecto de estudo
Exploração e Identificação de
Eventuais Tendências
Enquadramento contextual:
análise estrutural
2
Identificação de dimensões de
análise do teletrabalho:
- Espaço – Localização do
trabalho e dispersão geográfica
- Tempo – Horários de trabalho
- Comunicação – Suporte
tecnológico
de
informação
e
comunicação
- Relação contratual
Análise de:
- Indicadores estatísticos gerais
- Resultados de um questionário
sobre práticas de teletrabalho aplicado a
empresas
Resultados
de
estudos
prospectivos sobre teletrabalho
Elaboração de hipóteses de
cenarização (suposições relativas a cada
dimensão de análise)
3Análise Conjectural
4
Método Delphi:
Aplicação de um questionário a
um painel de peritos
5Método Pericial
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Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos
Cenários e no Método Delphi
Análises estatísticas para a
identificação
de
consensos
e
divergências de opiniões entre os peritos
Análise Pericial
Identificação e caracterização de
eventuais cenários do teletrabalho
Eventuais Cenários
Adaptação de: Godet, M., (1993), Manual de Prospectiva Estratégica, Lisboa, Publicações
Dom Quixote; Ribeiro J.M. et al, (1997), Prospectiva e cenários: uma breve introdução
metodológica, Lisboa, DPP – MEPAT.
FIGURA 1 – PROCESSO METODOLÓGICO
3.
Construção da base analítica sobre a problemática do teletrabalho
Esta etapa consiste em enquadrar teoricamente o fenómeno do teletrabalho e
delimitá-lo a áreas-chave pertinentes de análise, tendo por base resultados de
estudos já desenvolvidos neste âmbito e indicadores estatísticos que forneçam
informações que permitam construir toda a base histórica e analítica deste
fenómeno.
3.1. Identificação do objecto de estudo
A tradicional organização do trabalho, ou seja, os indivíduos a trabalharem a
tempo inteiro, no mesmo local e com o mesmo horário de trabalho e com um
contrato de trabalho permanente, tende, segundo Di Martino (2001), a desaparecer,
começando a emergir uma “nova” organização assente em três grandes mudanças:
• Mudança de uma única relação de emprego para diversas relações de
emprego, bem como de contratos padronizados para contratos não
padronizados;
• Mudança de horários fixos para horários flexíveis de trabalho e de
agendas colectivas para agendas individuais de trabalho;
242
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
• Mudança de lugares centralizados de trabalho para situações de
teletrabalho, ou seja, de um único local de trabalho para vários locais de
trabalho e passagem de um trabalho estático para um trabalho móvel.
A problemática do teletrabalho tem sido alvo de várias perspectivas e
abordagens de profissionais de diferentes áreas científicas e têm sido vários os
autores que se têm debruçado sobre esta problemática, embora esteja longe de se
encontrar um consenso em torno deste conceito.
O conceito de teletrabalho surgiu em 1973, sendo inicialmente desenvolvido
por Jack Nilles. Para este autor, considerado um dos fundadores do conceito de
teletrabalho, as tecnologias de informação podem substituir as viagens pendulares
(casa-trabalho-casa).
Para Huws et al (1990), a definição enunciada por Nilles não é suficientemente
clara, uma vez que na perspectiva destes autores o teletrabalho não se trata de um
fenómeno monodimensional, isto é, o facto dos trabalhadores desenvolverem o seu
trabalho a partir de casa utilizando as TIC’S, não é determinante para designá-los de
teletrabalhadores. Para estes autores, o conceito de teletrabalho fundamenta-se
sobretudo em três dimensões: o local do trabalho, o qual é independente do
empregador, a utilização de equipamento electrónico, podendo os resultados do
trabalho ser transferidos remotamente para o empregador ou cliente, e a
comunicação entre o trabalhador e o empregador, que pode ser directa ou indirecta.
Ao nível da Comunidade Europeia o teletrabalho é definido como “o trabalho
executado por um teletrabalhador (trabalhador por conta de outrém ou por conta
própria), principalmente ou em grande parte do tempo, noutro sítio que não o
tradicional local de trabalho, para um empregador ou cliente, envolvendo o uso de
tecnologias de informação avançadas como elemento central e essencial do
trabalho.” (Sousa, 1999)
Em Portugal, esta problemática também tem sido alvo de reflexão e no Livro
Verde para a Sociedade da Informação (1997), o teletrabalho é definido como “um
modo flexível de trabalho, cobrindo várias áreas de actividade, em que os
trabalhadores podem desempenhar as suas funções remotamente a partir de casa
ou de um local de trabalho (telecentro), numa determinada percentagem dos seus
horários de trabalho. As telecomunicações e as tecnologias de informação
constituirão cada vez mais ferramentas indispensáveis no desempenho do trabalho
remoto, quebrando barreiras geográficas e permitindo a partilha de informação
num ambiente electrónico disperso.” (1997: 45)
Tendo por base estas definições e a conceptualização em torno deste conceito
no projecto TeleRisK (Urze et al, 2001), considera-se o teletrabalho como o
trabalho desenvolvido num local geograficamente distante, por um trabalhador (por
conta de outrem ou por conta própria), numa determinada percentagem dos seus
horários de trabalho, utilizando tecnologias de informação e da comunicação como
ferramentas de suporte ao seu trabalho e como um meio de comunicação, partilha
de informação e transferência de resultados.
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Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos
Cenários e no Método Delphi
O teletrabalho configura-se em diferentes formas ou modalidades, consoante
as situações e ambientes organizacionais. Também são vários os autores que
constróem tipologias de teletrabalho adaptadas às realidades que estudam, entre eles
destaca-se Di Martino (2001). Segundo este autor, o teletrabalho é um fenómeno
em “movimento” e em constante mutação, tendo assim evoluído do teletrabalho no
domicílio para uma variedade de formas de teletrabalho móvel, sobretudo devido à
dispersão geográfica das empresas, ao processo de globalização e aos novos
ambientes tecnológicos, proporcionando condições ao surgimento de práticas em
offshore ou transfronteiriças, o que torna o teletrabalho um fenómeno cada vez mais
global.
Seguindo a perspectiva deste autor, bem como a abordagem inerente ao
projecto TeleRisK (Urze et al, 2001), destacam-se as seguintes modalidades ou
formas de teletrabalho:
• Trabalho no Domicílio ou em Casa - trabalho realizado a partir de casa
do próprio trabalhador, podendo ser uma opção temporária ou permanente.
• Trabalho Móvel - os trabalhadores desenvolvem o seu trabalho em
qualquer lugar geograficamente distante da empresa para a qual trabalham,
mas sem terem um local fixo de trabalho.
• Trabalho a Distância - os trabalhadores desenvolvem o seu trabalho
num local fixo, mas geograficamente distante da empresa para a qual
trabalham (ex: clientes).
• Trabalho Transfronteiriço ou Offshore - situações em que as
actividades da empresa são divididas ou o trabalho é transferido para vários
locais geograficamente distantes.
3.2. Modelo de análise: Delimitação do objecto de estudo
O modelo de análise permite delimitar o objecto de estudo. Neste
sentido, tendo em consideração a definição de teletrabalho, as dimensões
de análise que permitem vislumbrar e caracterizar diferentes práticas de
teletrabalho são:
• Espaço ou localização do trabalho
Perante o fenómeno de globalização e um ambiente extremamente
competitivo, as empresas tendem a dispersar-se geograficamente surgindo novas
formas de organização do trabalho que se traduzem em formas flexíveis de
organização dos trabalhadores, como as práticas de teletrabalho.
• Tempo de trabalho
A flexibilidade inerente às práticas de teletrabalho conduzem à reconfiguração
do tempo de trabalho, deixa de existir horário de trabalho mas tempo, ou seja,
existem tarefas e objectivos que têm de ser alcançados durante um prazo temporal,
independentemente, da carga horária de trabalho.
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Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
• Relação contratual
Uma vez que o teletrabalho pode assumir várias formas ou modalidades, é
fundamental estabelecer contratos ou acordos de (tele)trabalho flexíveis, isto é,
adaptados a cada um dos contextos, pois cada situação é uma realidade devendo ser
analisada e estudada cada cláusula em pormenor.
• Suporte tecnológico de informação e comunicação
As TIC’s têm tido repercussões na organização do trabalho e tendem a ter cada
vez mais um papel preponderante, na medida em que permitem que as diferentes
formas de teletrabalho sejam praticáveis.
As potencialidades inerentes às novas tecnologias não se concentram apenas
num sector ou área específicos, são aproveitadas e aplicadas nos vários sectores da
actividade económica, pois o processo de globalização e os processos inerentes à
sociedade de informação têm repercussões na economia enquanto um todo.
Segundo Di Martino (1996), ao considerarem-se determinadas funções ou
actividades, o teletrabalho, para além do sector dos serviços, tem também
atravessado sectores industriais, nomeadamente sectores ‘ditos’ tradicionais.
Neste sentido, considera-se o sector da indústria de software, enquanto sector
emergente, pois tem sido potenciador de várias formas de teletrabalho. Porém,
como as práticas de teletrabalho têm vindo a disseminar-se para outros sectores de
actividade, considera-se igualmente sectores “ditos” tradicionais, como o sector do
têxtil e calçado e o sector da metalomecânica, nos quais as práticas de teletrabalho
manifestam-se em actividades a montante e a jusante do processo de transformação.
3.3. Enquadramento contextual: análise estrutural
Nesta fase da base analítica do método de construção dos cenários enquadrouse contextualmente o objecto de estudo no espaço e no tempo, tendo em
consideração variáveis-chave, permitindo desta forma obter um retracto detalhado e
abrangente do objecto de estudo e da envolvente na sua evolução histórica, na
actualidade e eventualmente no futuro.
Deste modo, realizou-se uma análise extensiva partindo de indicadores
estatísticos sobre a sociedade da informação e sobre a estrutura do emprego.
Em termos de indicadores que remetem para a sociedade de informação,
constata-se que, a aplicação das TIC’s, como a utilização de computadores, o acesso
à internet e às transacções por via do comércio electrónico têm-se expandido ao
longo do tempo, prevendo-se que esta tendência se mantenha. Este cenário da
sociedade da informação tende a ser propício a práticas de teletrabalho, na medida
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Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos
Cenários e no Método Delphi
em que estas são suportadas por TIC’s, as quais são ferramentas ou meios
essenciais em contextos de teletrabalho. (Urze et al, 2002)
Ao nível da estrutura do emprego, esta tem vindo a caracterizar-se pela
predominância de contratos permanentes, embora os contratos não permanentes
tenham vindo a sofrer um acréscimo, nomeadamente a situação dos trabalhadores
independentes. Segundo Urze et al (2002), este cenário também poderá ser um
indicador do aparecimento de novas formas de trabalho, como o teletrabalho, na
medida em que alguns dos teletrabalhadores são trabalhadores por conta própria,
sem uma situação contratual definida e adequada a um contexto laboral de
teletrabalho.
Embora o tempo semanal de trabalho tenha vindo a diminuir, o trabalho
extraordinário tem vindo a aumentar ligeiramente, o que supostamente poderá ser
um factor de impulsão a novas formas de trabalho, uma vez que o trabalhador deixa
de trabalhar somente durante o seu horário normal de trabalho passando também a
utilizar o seu tempo pessoal, familiar ou de lazer para fins profissionais.
No enquadramento do objecto de estudo foram cruciais os dados recolhidos de
um inquérito por questionário sobre as práticas de teletrabalho, o qual foi aplicado
no âmbito do projecto TeleRisK a empresas dos sectores do têxtil e calçado,
metalomecânica e software. Dos dados obtidos, concluiu-se que, as práticas de
teletrabalho embora sejam mais visíveis no sector do software, vislumbram-se
algumas tendências nos sectores “ditos” tradicionais, devido à rede dos actores
estratégicos (clientes, entidades subcontratadas e trabalhadores móveis) e
descentralização geográfica dessa rede.
Em termos de indicadores que remetem para o futuro, analisaram-se os
resultados qualitativos obtidos do projecto IS-EMP - A influência da sociedade de
informação no emprego - os quais tiveram por base uma análise prospectiva,
fornecendo uma visão a longo prazo de vários cenários sobre a sociedade de
informação e as novas formas de trabalho. Ainda a nível prospectivo consideraramse os cenários sobre o teletrabalho delineados no estudo desenvolvido pelo
FUNDETEC (Silva et al,1998). Ambos os estudos prevêem que o teletrabalho é um
fenómeno em expansão no tecido empresarial português, embora possa assumir
diferentes configurações.
Desde os finais dos anos 90 que tem-se assistido em Portugal à implementação
do teletrabalho, embora de forma lenta, pois têm sido poucas as empresas
portuguesas que adoptam esta nova forma de trabalho. A implementação do
teletrabalho apesar de atravessar vários sectores de actividade económica tem-se
registado, sobretudo, no sector dos serviços, bem como em actividades relacionadas
com a informática e com as TIC’s. Portugal tem tentado acompanhar os
desenvolvimentos registados a nível internacional, contudo, o tecido empresarial
português é caracterizado sobretudo por PME’s, as quais são na maioria empresas
clássicas e burocráticas, que condicionam a autonomia e flexibilidade dos
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Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
trabalhadores. Porém, o maior problema na implementação do teletrabalho é a
ausência de um suporte legislativo e regulamentar.
Toda a análise temporal subjacente ao fenómeno do teletrabalho permitiu
especificar acontecimentos passados, identificar padrões e fenómenos no presente,
bem como identificar tendências e comportamentos no futuro.
4.
Exploração e identificação de eventuais tendências sobre o futuro do
teletrabalho
A segunda etapa do processo metodológico reporta à abordagem empírica, ou
seja, à exploração e identificação de tendências sobre o futuro do teletrabalho,
através do desenho de configurações ou hipóteses, da aplicação do método Delphi e
da análise estatística dos respectivos resultados que permitiram identificar eventuais
cenários.
4.1. Análise Conjectural
A base analítica permitiu a construção de hipóteses de cenarização sobre o
teletrabalho. Como refere Godet (1993), a exploração do campo das possíveis
evoluções tem como objectivo preparar os elementos que irão constituir a base de
elaboração dos cenários.
Neste sentido, elaborou-se um conjunto de 22 hipóteses tendo por base as
várias áreas-chave ou dimensões de análise do fenómeno do teletrabalho (espaço e
tempo de trabalho, relação laboral, suporte tecnológico de informação e
comunicação). Estas hipóteses não são mais do que suposições, as quais assentam
em várias configurações possíveis que podem suceder no futuro e que constituem o
espaço de manobra ou de análise para a construção de eventuais cenários sobre o
teletrabalho.
4.2. Método Pericial: Delphi
Dos vários métodos prospectivos optou-se pelos métodos periciais que
consistem na consulta de peritos. Este tipo de métodos assenta no pressuposto,
segundo o qual, a realização ou não de hipóteses num dado horizonte temporal é
objecto de uma incerteza que pode ser reduzida com probabilidades subjectivas
expressas por um grupo de indivíduos (Godet, 1993). De entre os tipos de métodos
periciais aplicou-se o método Delphi, o qual fundamenta-se na opinião de peritos ou
especialistas sobre determinadas temáticas.
ParaGodet, “o método Delphi processa-se por interrogações aos peritos com a
ajuda de questionários sucessivos, a fim de pôr em evidência convergência de
opiniões e destacar consensos” (Godet,1993: 181).
O princípio deste método assenta assim num processo de comunicação por
meio do feedback dos peritos nas diferentes fases ou rodadas de questionários,
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Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos
Cenários e no Método Delphi
conduzindo à convergência de opiniões em direcção a um consenso (Cuhls et al,
2002). Em cada fase de envio do questionário são apresentados os resultados da
fase anterior existindo a possibilidade de serem revistas, reconsideradas e
reavaliadas as respostas anteriormente dadas pelos próprios peritos. Este processo
repete-se sucessivamente, até que a divergência de opiniões entre peritos seja
reduzida a um nível satisfatório e obtenha-se um consenso.
No entanto, devido à exigência e exaustividade associada à sucessão de fases
de envio de questionários a um grupo numeroso de peritos, têm surgido abordagens
mais flexíveis como a técnica do mini-delphi. Esta técnica surgiu nos anos 70 e
consiste em reunir o painel de especialistas num mesmo local, onde debatem cada
questão antes de responderem individualmente ao questionário (Godet, 1993).
O método Delphi tem sido aplicado em várias dimensões da realidade social,
nomeadamente no estabelecimento de políticas a nível tecnológico, por diferentes
países, como o Japão, a Alemanha, a França e o Reino Unido. Em Portugal têm
existido algumas experiências de prospectiva, sobretudo sobre necessidades de
formação em vários sectores de actividade. Contudo, as primeiras iniciativas Delphi
foram ao nível do sistema sócio–económico das pescas desenvolvido no âmbito do
projecto MARHE – Recursos Humanos e Emprego na Fileira das Pescas, bem
como ao nível das repercussões da sociedade de informação no emprego e no
trabalho, no âmbito do projecto IS-EMP – Estudo da influência da sociedade de
informação no emprego (Moniz et al, 2001).
Como em qualquer metodologia, para aplicar o método Delphi é fundamental
delinear adequadamente o processo de amostragem. A população alvo são peritos
ou especialistas que detém conhecimentos sobre a problemática do teletrabalho e de
novas formas de trabalho, sobre a sociedade de informação e sobre os sectores de
actividade em análise. Devido à impossibilidade em obter uma base de sondagem
de peritos com as características pré-definidas, elaborou-se uma listagem de peritos
sobre os quais se conhecia à partida que possuíam os conhecimentos adequados de
forma a integrar o referido painel. Desta forma a amostra é não aleatória, uma vez
que a selecção dos peritos é baseada meramente num julgamento pessoal.
Como ao longo do processo de aplicação e recolha dos questionários a taxa de
resposta estava a ser reduzida, recorreu-se à técnica de amostragem snowball ou
“bola-de-neve”, a qual consistiu em pedir a alguns peritos que responderam ao
questionário que indicassem o nome de eventuais peritos também a ser inquiridos.
Neste sentido, a listagem inicial de 103 peritos aumentou para 121, dos quais
compõem a amostra 46 peritos, correspondendo a uma taxa de resposta de 40.7%.
Segundo Cortezo (2001), os resultados de um Delphi são considerados válidos
quando têm por base uma amostra com pelo menos 30 peritos, sendo considerada
satisfatória uma taxa de resposta entre os 30% e os 35%.
O instrumento de recolha de informação foi um questionário electrónico (online), o qual para além de questões de caracterização socio-profissional apresenta as
várias hipóteses de cenarização ou possíveis configurações, perante as quais os
peritos expressaram a sua opinião em função de determinados indicadores, como o
seu nível de conhecimento, o grau de importância atribuída às hipóteses, o período
248
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
provável de realização das diferentes hipóteses e eventuais obstáculos na sua
concretização.
Apesar do método Delphi recomendar a aplicação do questionário em quatro
fases ou rodadas, apenas se procedeu a uma fase de envio do questionário, devido à
dificuldade de comprometer os peritos em responderem às várias fases por forma a
manter o mesmo painel e, sobretudo, a constrangimentos temporais, na medida em
que as várias fases exigem um horizonte temporal alargado de aplicação.
4.3. Análise Pericial
A análise pericial é toda a fase que precede e visa a elaboração de eventuais
cenários sobre o futuro do teletrabalho, ou seja, consiste na análise dos dados do
questionário de forma a caracterizar o painel e as suas opiniões, bem como construir
as imagens que permitem delinear todo o encaminhamento entre a situação actual e
o horizonte temporal escolhido (até 2020).
Em termos sócio-profissionais, o painel caracteriza-se como um grupo
maioritariamente masculino (74.9%), na faixa etário dos 30 aos 50 anos (média de
idade de 41 anos) e com um nível de escolaridade superior (50% têm a licenciatura
e 50% possuem o mestrado ou o doutoramento). As mulheres são um pouco mais
novas do que os homens (média de idade de 38 anos), embora essa diferença de
idades não seja estatisticamente significativa, e possuem um nível de escolaridade
ligeiramente inferior (58.3% possuem a licenciatura). Os peritos, no geral, são
docentes e investigadores (60.9%) trabalhando, essencialmente, em
estabelecimentos de I&D e do Ensino Superior (59%).
Para a construção dos cenários partiu-se das hipóteses de cenarização, todavia,
do conjunto inicial das 22 hipóteses reteve-se 11, relativamente às quais os peritos
referiam deter um maior conhecimento, uma vez que ao deterem conhecimentos
consistentes sobre determinada hipótese, as suas respostas em relação ao grau de
importância, período provável de realização e eventuais obstáculos tornam-se mais
válidas e fidedignas.
Relativamente à localização do trabalho, as hipóteses retidas incidem sobre a
mobilidade dos trabalhadores no desempenho das suas actividades, sobretudo dos
trabalhadores do sector de software, remetendo desta forma para o posto de trabalho
“móvel”, contrapondo ao tradicional posto de trabalho “fixo”.
As hipóteses de cenarização sobre o tempo de trabalho reportam,
nomeadamente, ao tempo “ilimitado” de trabalho, isto é, às horas de trabalho
extraordinárias, na medida em que o que começa a ser valorizado não é o tempo de
trabalho mas os objectivos e os resultados alcançados num prazo de tempo
estipulado.
O suporte tecnológico de informação e comunicação é a área temática que
comporta um maior número de hipóteses de cenarização, devido a ser uma área de
grande conhecimento dos peritos. As hipóteses reportam a vários tipos de
tecnologias de informação e comunicação de suporte ao trabalho desenvolvido,
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Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos
Cenários e no Método Delphi
como os computadores fixos, os computadores portáteis, a internet, o e-mail, o
comércio electrónico, os telemóveis, entre outros.
Pelo contrário, os peritos têm um conhecimento escasso sobre a relação
contratual, sendo assim, da triagem realizada não se reteve nenhuma das hipóteses
de cenarização sobre esta área. Perante este facto, o futuro do teletrabalho será
analisado tendo apenas em consideração como áreas-chave a localização do
trabalho, o tempo de trabalho e o suporte tecnológico de informação e
comunicação.
A cada configuração do conjunto de hipóteses retidas, construída a partir da
opinião dos peritos, corresponde um cenário que pode construir-se e cuja realização
poderá ser mais ou menos provável. Para identificar eventuais cenários sobre o
teletrabalho aplicou-se uma técnica de estatística multivariada, a análise de clusters,
de forma a classificar ou agrupar os peritos num número restrito de grupos
homogéneos segundo a sua opinião em relação às várias hipóteses de cenarização,
tendo em consideração a importância atribuída a cada uma delas, o seu período
provável de realização e os principais obstáculos. A distribuição e o agrupamento
dos peritos em clusters ou grupos pressupõe a construção e identificação de
eventuais cenários sobre o teletrabalho.
No método hierárquico da análise de clusters, o critério seleccionado de
agregação dos peritos em grupos, por ser o mais adequado segundo os seus
resultados e após validação com os resultados do método não hierárquico k-means,
foi o critério do vizinho mais afastado com a solução de 2 clusters, um deles
constituído por 35 peritos e outro com 11 peritos.
Reportando os resultados da análise de clusters à identificação de eventuais
cenários sobre o futuro do teletrabalho, poder-se-á concluir que, tendo por base a
opinião dos peritos sobre as várias hipóteses de cenarização, estão eventualmente
previstos dois cenários para o futuro do teletrabalho.
4.4. Eventuais cenários sobre o teletrabalho
Ao comparar as características de ambos os cenários, analisando para cada um
dos grupos de peritos a sua opinião sobre as hipóteses de cenarização tendo em
consideração os vários indicadores de análise, depreende-se que o futuro do
teletrabalho tende a seguir directrizes e tendências diferentes.
Num dos cenários previstos (cenário 1) a flexibilidade do local de trabalho é
um fenómeno de grande importância, o qual tenderá a ocorrer num futuro próximo
(2006/2007), mas tendo como resistência a cultura empresarial conservadora. A
implementação da flexibilidade do horário de trabalho tende a ser uma realidade de
menor importância, embora também se preveja que ocorra a curto prazo (2006),
sendo igualmente a cultura empresarial conservadora e a legislação e
regulamentação desadequada os principais entraves. A adesão das empresas e dos
trabalhadores às TIC’s, como os computadores, a internet e o e-mail, e às TIC’s
móveis, como telemóveis e computadores portáteis, é um fenómeno de extrema
importância que tende a afirmar-se, igualmente, no futuro próximo (2007/2008),
250
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
sendo os principais obstáculos sobretudo a cultura empresarial conservadora e a
qualificação e formação insuficientes, embora a falta de capitais e os problemas
técnicos tendam também a ser entraves.
No outro cenário previsto sobre o futuro do teletrabalho (cenário 2), a
flexibilidade do local de trabalho é um fenómeno de menor relevância que ocorrerá
a longo prazo (2010/2013), sendo a cultura empresarial conservadora e a
qualificação e formação insuficientes dos trabalhadores os principais obstáculos. A
flexibilidade do horário de trabalho é um fenómeno de grande importância, apesar
de também vir a acentuar-se a longo prazo (2009/2011), sendo uma resistência a
cultura empresarial conservadora. A adopção de TIC’s no apoio ao trabalho
desenvolvido, como os computadores, a internet, o e-mail, o audio e o video
conferência, embora de extrema relevância, tenderá a afirmar-se num futuro
longínquo (2012/2015), em que o principal entrave tenderá a ser a qualificação e
formação insuficientes, embora a cultura empresarial e a falta de capitais e
investimento tendam igualmente a ser obstáculos.
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Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos
Cenários e no Método Delphi
Cenário 2
Cenário 1
Futuro Próximo
Flexibilidade
do Local de Trabalho
Áreas de Análise
Flexibilidade do
Tempo de Trabalho
(2006/2007)
Grande relevância
Cultura empresarial
conservadora
Futuro
Próximo
(2006)
Relevante
Cultura empresarial
conservadora;
Legislação
e
regulamentação
desadequadas
Futuro Próximo
TIC’s
Previsão / Visão
252
Futuro
Longínquo
(2010/2013)
Relevante
Cultura empresarial
conservadora; qualificação e
formação insuficientes
(2007/2008)
Grande relevância
Cultura empresarial
conservadora; qualificação e
formação insuficientes
Optimista
Futuro
Longínquo
(2009/2011)
Grande relevância
Cultura empresarial
conservadora
Futuro
Longínquo
(2012/2015)
Grande Relevância
Qualificação
e
formação insuficientes
Pessimista
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Implementação de
Novas Formas de Trabalho
Futuras Modalidades
de
Teletrabalho
Num futuro próximo
pela flexibilidade do local
de trabalho e mobilidade
dos trabalhadores e pela
adesão das empresas e dos
trabalhadores às TIC’s
versus estrutura organização
rígida e cultura empresarial
conservadora
Trabalho móvel
Trabalho
transfronteiriço ou
offshore
Num futuro longínquo
pela
flexibilidade
dos
horários de trabalho e pela
adesão das empresas e dos
trabalhadores às TIC’s
enquanto
suporte
ao
trabalho versus falta de
formação e desqualificação
profissional
Trabalho a distância
Trabalho no
domicílio
Figura 2 – Eventuais cenários sobre o futuro do teletrabalho
Um dos eventuais cenários (cenário 1) assenta, assim, na implementação de
novas formas de trabalho num futuro próximo (entre 2006 e 2008) pela
flexibilidade do local de trabalho e mobilidade dos trabalhadores, decorrente da
globalização, deslocalização geográfica das empresas e descentralização das
actividades, bem como pela adesão das empresas e dos trabalhadores às TIC’s
versus uma cultura empresarial conservadora, burocrática e hierarquizada. Esta é
uma visão optimista do futuro do teletrabalho que reúne, eventualmente, as
condições à implementação do trabalho móvel, em que os trabalhadores
desenvolvem o seu trabalho em qualquer lugar geograficamente distante da empresa
sem terem um local fixo de trabalho recorrendo a TIC’s móveis, como por exemplo,
computadores portáteis, e-mail, internet, telemóvel, entre outras. Este cenário
também é propício à implementação do trabalho transfronteiriço ou offshore, ou
seja, situações em que as actividades das empresas estão divididas por vários locais
geograficamente distantes, estando desta forma os trabalhadores a desenvolverem o
seu trabalho em locais diferentes para um único fim, utilizando para tal TIC’s que
permitem a partilha de informações, como diversos tipos de redes, internet, e-mail e
comércio electrónico.
Este cenário vai de encontro à perspectiva de Di Martino (2001), segundo a
qual tem vindo a desenvolver-se o teletrabalho móvel, devido à dispersão
geográfica das empresas, ao processo de globalização e aos novos ambientes
tecnológicos, proporcionando práticas de offshore e práticas transfronteiriças.
O outro cenário (cenário 2) traduz-se na implementação de novas formas de
trabalho num futuro longínquo (entre 2009 e 2015), pela flexibilidade dos horários
de trabalho, decorrente de uma gestão diferente do tempo em que o fundamental é
alcançar determinados objectivos durante um prazo temporal, e pela adesão às
TIC’s enquanto suporte ao trabalho desenvolvido versus falta de formação e
qualificação profissional. Esta é uma visão pessimista com tendência, em princípio,
ao desenvolvimento do trabalho a distância, em que os trabalhadores desenvolvem
o seu trabalho num local fixo mas geograficamente distante da empresa (ex:
253
Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos
Cenários e no Método Delphi
clientes) recorrendo a TIC’s, como computadores fixos ou portáteis, internet, e-mail
e até mesmo audio e video conferência. Este cenário é igualmente propício ao
desenvolvimento do trabalho no domicílio, isto é, o trabalho realizado a partir de
casa do próprio trabalhador apoiado também por algumas TIC’s, como por
exemplo, computadores fixos, internet e e-mail.
Este cenário tende a ser semelhante aos resultados obtidos no projecto IS-EMP
(Moniz et al, 2001), segundo os quais o teletrabalho ocorrerá a longo prazo (até
2015) e em que a receptividade das empresas ocorrerá num futuro ainda mais
longínquo (após 2015), sendo os principais obstáculos a qualificação e formação
insuficientes e a falta de organização e cooperação.
5.
Conclusão
Perante a questão inicialmente colocada, “Qual o futuro do teletrabalho?”, e as
hipóteses formuladas decorrentes do enquadramento teórico e da conceptualização
em torno do conceito de teletrabalho, desenvolveu-se um processo metodológico
prospectivo tendo por base o método dos cenários em complemento com o método
Delphi, a partir do qual se identificaram e se caracterizaram, através de técnicas
estatísticas adequadas, dois cenários possíveis sobre o futuro do teletrabalho no
nosso país.
Os cenários previstos são distintos entre si, indicando que o teletrabalho
poderá seguir tendências ou trajectórias diferentes no futuro. O cenário optimista é
propício a práticas de teletrabalho móvel e trabalho transfronteiriço ou offshore, na
medida em que assenta na implementação de novas formas de trabalho num futuro
próximo (entre 2006 e 2008) pela mobilidade dos trabalhadores e adesão das
empresas e dos trabalhadores às TIC’s versus estrutura organizacional rígida e
cultura empresarial conservadora. O cenário pessimista reúne as condições à
expansão do trabalho a distância e do trabalho no domicílio, pois traduz-se na
implementação de novas formas de trabalho num futuro longínquo (entre 2009 e
2015), pela flexibilidade dos horários de trabalho e adesão às TIC’s enquanto
suporte ao trabalho versus falta de formação e desqualificação profissional.
Apesar da identificação destes cenários, o futuro do teletrabalho em Portugal
não está pré-determinado podendo futuramente a realidade revelar-se noutro
sentido, sobretudo porque o teletrabalho é um fenómeno activo e em constante
movimento devido às suas dinâmicas em termos tecnológicos, tempo e local de
trabalho (Di Martino, 2001). Os cenários identificados são, assim, apenas eventuais
tendências que ajudam a compreender o que pode vir a ocorrer em torno do
fenómeno do teletrabalho, não o que vai ocorrer, nem o que deve ocorrer, nem o
que se pretende que ocorra (Cortezo, 2001).
Uma vez que o objectivo de um estudo prospectivo é reduzir as incertezas,
antecipando e intervindo, estes cenários, mesmo que rudimentares, poderão servir
de base para uma reflexão estratégica entre os principais actores ou intervenientes,
com vista à elaboração de recomendações e orientações para serem implementadas
254
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
antecipadamente medidas políticas, económicas e sociais de forma a evitar as
implicações negativas de uma eventual mudança no futuro.
6.
Referências
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Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos
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teletrabalho em Portugal - Relatório final (fase 2). Lisboa: FCT-UNL / IDICT.
256
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 257
Monitorização remota do desempenho da
empresa
Pedro José Guerra de Araújo
[email protected]
IT – Instituto de Telecomunicações
Departamento de Informática, Universidade da Beira Interior,
Av. Marquês d´Àvila e Bolama 1, 6200 Covilhã, Portugal
Resumo: As empresas industriais enfrentam cerrada concorrência a nível
mundial. Inseridas num mercado global em permanente mudança, as
empresas são forçadas a melhorar permanentemente o seu nível de
desempenho por forma a manterem-se competitivas. Essas melhorias já não
são tanto a nível de equipamentos ou de pessoal, mas sim em termos de
ganhos de gestão, nomeadamente pela melhoria da organização interna. Este
é um aspecto deficitário na indústria nacional e em particular na indústria
têxtil e do vestuário. A utilização dos sistemas e tecnologias da informação,
complementados pelos serviços disponibilizados pela Internet e pelas
comunicações móveis, apresenta-se como uma ferramenta importante para
apoiar estes ganhos. Nesta comunicação apresenta-se um exemplo de um
sistema de informação da produção, com a capacidade de comunicação de
dados via SMS(Short Messages System) para os telemóveis dos empresários
ou responsáveis da produção. O sistema está em fase de testes numa empresa
industrial do ramo da confecção de vestuário e os resultados até agora obtidos
apontam no sentido de confirmar a sua importância para a gestão da
empresa.
Palavras-chave: produção, desempenho, desenvolvimento de SI/TI, gestão remota
1. Contexto
A indústria nacional é caracterizada pela existência de um grande número de
PME (pequenas e médias empresas). Em particular, a indústria têxtil e do vestuário
(ITV) assume ainda uma grande importância para a economia do país, conforme
mostra a tabela 1.
Portugal é o país da CE em que a ITV mais contribui para o PIB. Ao mesmo
tempo esta indústria caracteriza-se pelo seu baixo índice de produtividade,
conforme pode observar-se na fig.1, baseada num estudo da Comissão Europeia
(Stengg, 2001).
257
Monitorização remota do desempenho da empresa
A ITV nacional, a exemplo de outros sectores industriais, encontra-se
ameaçada quer por factores externos, quer por factores resultantes da sua própria
dinâmica interna. Em termos externos o factor mais importante que afecta o sector é
a crescente liberalização das trocas comerciais, incluindo a eliminação das
limitações à importação e também a entrada em cena de países com capacidade de
P r o d u tiv id a d e d o tr a b a lh o e m 1 9 9 8
(v a lo r a c r e s c e n ta d o /tr a b a lh a d o r )
50
45
40
1000€ / employee
35
30
25
20
15
10
5
T e x t ile s
Portugal
Greece
Spain
Ireland
France
Italy
0
C lo t h in g
produção a preços muito baixos. Em termos de organização interna, a crescente
falta de competitividade das empresas nacionais é um dos principais problemas
(ANIVEC, 2000).
Figura 1 – Produtividade do trabalho
Tabela 1 – Importância da ITV para Portugal
Nº de Empresas
Trabalhadores
Negócios (milhares de contos)
Trabalhadores por Empresa
Exportações Nacionais
258
1997
2000
8 484
não disponível
271 975
234 258
1 749 280
1 607 518
32
não disponível
22%
21%
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
2. Organização Empresarial e Tecnologias da Informação
Para melhor enfrentarem estas ameaças, as empresas nacionais precisam de,
primeiro que tudo, melhorar a sua organização interna. Organização significa todo
um conjunto de actividades relacionadas com o marketing, a comercialização, a
qualidade e a produção. Significa também a tomada de decisões atempadas,
apoiadas por dados actualizados e fiáveis. Neste contexto, os sistemas de
informação constituem um factor importante para a produtividade da empresa
(Figueiredo & Gil, 2004).
Exemplos destes sistemas são os ERP(Enterprise Resource Planning), os quais
são cada vez mais utilizados pelas empresas portuguesas (Marques, 2004). Eles
possibilitam a tomada de decisões em tempo real por reacção aos desvios entre o
planeado e o executado. Porém, estes sistemas apresentam alguns problemas, entre
eles o preço e o grau de complexidade, fazendo com que as empresas não os
instalem ou não obtenham deles os melhores resultados.
O acesso aos dados impõe a utilização dos recursos disponibilizados pelas
tecnologias da informação (TI). No entanto, estudos efectuados por entidades
ligadas ao sector mostram que a utilização destas tecnologias na ITV é muito
deficitária. A situação das empresas em termos de controlo da produção e da
qualidade é caracterizada por (CITEVE, 2001):
• falta de sistemas de controlo da produção individual e colectivo, precisos e
eficazes;
• inexistência de controlo e registo dos tempos improdutivos;
• inexistência de métodos precisos e rigorosos para o controlo da qualidade;
• desconhecimento da verdadeira capacidade produtiva e do rendimento;
• em geral não existem sistemas de informação e organização adequados.
Para colmatar estas dificuldades foi desenvolvido um sistema de controlo de
produção em tempo real, composto por hardware para recolha de dados e um pacote
de software para os processar e apresentar, fig.2.
Gestão do Sistema
Concentrador de Terminais
Modem GSM
Terminais de Recolha de Dados
259
Monitorização remota do desempenho da empresa
Figura 2 – Sistema de Informação da Produção
3. Características do sistema
A importância do acesso à informação em tempo real é cada vez maior na
sociedade actual e na indústria em particular, uma vez que permite responder
adequadamente às diversas solicitações que se apresentam (Sapateiro et al, 2004).
Uma das empresas em que o sistema desenvolvido se encontra instalado
sugeriu que seria importante que o sistema permitisse o envio de um conjunto de
informações directamente para o telemóvel do responsável da produção. Essa
importância resulta do facto de que esse responsável se encontra frequentemente
ausente das instalações da empresa.
O tipo de informações a transmitir inclui parâmetros como o “índice de
desorganização”(id), o qual é uma medida de desempenho que permite detectar
irregularidades no funcionamento da linha de produção. Quando num determinado
posto-chave é detectado que este índice ultrapassa um valor limite, isso significa
que esse posto está a funcionar deficientemente podendo pôr em causa o
funcionamento de toda a linha. Uma situação destas pode, por exemplo,
comprometer os prazos de entrega. Nesse caso é gerado um alerta que é enviado ao
responsável para que tome as medidas adequadas. Para além de dados que são
enviados automaticamente, o sistema é ainda capaz de responder a consultas às
bases de dados efectuadas também via telemóvel.
A solução adoptada para tratar estes requisitos passou pela integração no
sistema existente, de um módulo de comunicações baseado na utilização de um
modem GSM, de modo a permitir o envio/recepção de SMS. O modelo resultante
para o sistema está representado na fig. 3.
Sistema de informação da produção
• registos de tempos e quantidades
• cálculos de desempenho
• consultas e apresentação de dados
Sistema de comunicações por SMS
(modem GSM)
• emissão de avisos e de alertas
Outras funções
• controlo da rede de energia eléctrica
• detecção de incêndio e intrusão
• detecção de avarias
260
• consultas às bases de dados
• envio/recepção de sinais de controlo
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figura 3 – Modelo do Sistema
Uma vez que o modem utilizado dispõe de um conjunto de sinais de entrada e
saída, acrescentou-se ao sistema a capacidade de tratar dados não directamente
relacionados com a produção. Entre eles incluem-se a detecção de problemas na
rede eléctrica como sejam falhas de energia, a detecção de incêndios, de intrusão e
de avarias, principalmente no período nocturno.
Apresentam-se em seguida alguns exemplos de mensagens que são trocadas
entre o sistema e os telemóveis dos responsáveis da produção.
Fig. 4 – Exemplo 1 : alerta automático
Neste exemplo, o valor do “índice de desorganização” (id=0.33), despoletou
uma mensagem automática de alerta, pois o funcionário 278 que ocupa um posto
chave está a provocar um constrangimento à produção.
261
Monitorização remota do desempenho da empresa
consulta
eresposta
Fig. 5 – Exemplo 2 : consulta à base de dados
Este exemplo mostra a resposta do sistema a uma consulta à base de dados do
desempenho. Aqui pretendia-se conhecer os parâmetros percentuais
Eficiência(Efic), Rendimento(Rend), Tempo de Faltas(Falta) e Tempos
Perdidos(Perd). Para efectuar a consulta o responsável enviou ao sistema uma
mensagem contendo o comando “PDG” (Parâmetros de Desempenho Gerais),
obtendo como resposta os valores pretendidos. Neste caso, os valores muito baixos
de Rend(73%) e de Efic(75%), indicam a existência de problemas na produção.
4. Conclusões
Do ponto de vista da empresa a implementação do sistema representa uma
preocupação real com a problemática da produtividade e competitividade da
indústria, num sector tão fortemente ameaçado como é o da ITV. As tecnologias da
informação são uma arma estratégica por excelência, já largamente usada para
apoiar nesta luta. Se os grandes desafios colocados às TI estão em grande parte já
resolvidos, subsistem áreas em que podem ser melhorados ou complementados. Um
exemplo é o acesso aos dados operacionais quando os responsáveis estão fora da
empresa (por exemplo, quando estão em viagem). O seu desconhecimento pode
levar a que não sejam tomadas decisões que seriam necessárias para manter o
desempenho da empresa. Actualmente é cada vez mais importante a capacidade de
resposta rápida assim que surgem os problemas, afim de evitar que estes se
avolumem.
Do ponto de vista informático o desenvolvimento do sistema representa uma
oportunidade de realização de experimentação no terreno tal como defendido por
alguns autores (Tichy, 1998). Possibilita também a demonstração do valor das TI
262
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
junto das empresas e do modo como estas podem usar as tecnologias para melhorar
o seu desempenho (Mahmood & Mann, 2000). Representa também uma excelente
oportunidade para fomentar a ligação universidade-empresa em que o país é tão
deficitário.
Determinar o valor económico para a empresa resultante do uso do sistema, é
uma tarefa assaz difícil. No entanto, uma medida possível é dada pela taxa de
utilização do mesmo, quer através do número de consultas efectuadas pelos
utilizadores, quer através das inúmeras sugestões que estes apresentam para que
sejam incorporadas novas funcionalidades. Embora ainda em fase experimental, os
resultados obtidos tomando por base aqueles critérios permitem confirmar a
importância do sistema.
Referências
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263
Monitorização remota do desempenho da empresa
264
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 265
Metodologia de gerenciamento de projetos
aplicado à produção de conteúdo digital
para e-learning
Daniela Fávaro Garrossini 1, Cristiane Arakaki 1, Luis Fernando Ramos
Molinaro 1, Humberto Abdalla Junior 1, José Dinis de Araújo Carvalho 2
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
1
Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia – Departamento de Engenharia
Elétrica, Campus Universitário Darcy Ribeiro – Prédio SG11 – NMI – 1º andar, 70.910-900,
Brasília-DF, Brasil
2
Universidade do Minho– Escola de Engenharia -Departamento de Produção e
Sistemas, Campus de Azurém, Guimarães, Portugal, 4800-058
Resumo: O objetivo deste trabalho é propor uma metodologia para produção
de cursos Web, possibilitando a melhoria do processo de construção.
Esta proposta tem embasamento em experiências práticas realizadas no
NMI - Núcleo de Multimídia e Internet e fundamenta-se teoricamente em três
aspectos principais: o método escolhido na produção do conteúdo, a forma
como será estruturada esta produção - a qual definimos como o ciclo de vida
do produto, e como gerenciá-la, aplicando para isto os conceitos de
gerenciamento de projetos.
Para o entendimento desta proposta são abordados os temas: e-learning,
modelos instrucionais para a construção de cursos, gerenciamento de projetos
e produção de conteúdo digital.
Finalmente, é apresentada a proposta de metodologia para a construção
de cursos Web, bem como um estudo de caso ilustrando sua aplicação.
Palavras-chave: e-Learning; Conteúdo digital; Gerenciamento de projetos;
Web
1. Introdução
Este artigo tem por objetivo propor uma metodologia que apóie a produção de
cursos disponibilizados via web, utilizando como base as novas metodologias
propostas para o e-learning, o design instrucional e o gerenciamento de projetos.
265
Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital
para e-learning
O trabalho baseou-se na primeira experiência na construção e aplicação de um
curso web para os atendentes das agências postais da Empresa Brasileira de
Correios e Telégrafos. Durante esta experiência, foram identificados problemas no
planejamento, execução e aplicação do curso. Os principais foram: ausência de um
processo sistemático que guiasse o projeto, escopo do projeto pouco documentado,
falta de controle, falhas na comunicação e falhas na mensuração do projeto.
A partir da análise deste trabalho, propôs-se uma nova concepção para o curso
aplicando o gerenciamento de projetos sob a ótica do e-learning, pressupondo a
utilização de simulações baseadas em recursos multimídia.
Tal estudo resultou em uma metodologia para produção de cursos web que será
apresentada neste artigo. Será apresentada, também, uma aplicação que resultou em
melhorias na construção e efetividade do treinamento.
A metodologia é composta por quatro etapas, divididas em duas partes que se
inter-relacionam, são simultâneas e interdependentes: o gerenciamento de projetos e
os processos de desenvolvimento de um curso, ao qual nos referimos neste artigo
como sendo o ciclo de vida do produto.
Para cada uma das etapas do gerenciamento do projeto, que são: definição do
projeto, planejamento, controle e revisão; tem-se um processo correspondente ao
ciclo de vida do produto: levantamento de requisitos, produção do plano do projeto,
execução do projeto e avaliação. Para cada uma das etapas são gerados produtos
que apoiarão as etapas subseqüentes, desta forma apoiando toda a metodologia,
Figura 1.
Figura 1- Estrutura da metodologia
2. Descrição da metodologia
266
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
2.1. Etapa 1 – Definição do projeto - Levantamento de requisitos
A definição é o processo de reconhecimento formal do início de um novo
projeto. Em algumas organizações um projeto é formalmente iniciado após a
conclusão de uma avaliação de requisitos, de um estudo de viabilidade, de um plano
preliminar ou de qualquer forma equivalente de análise que tenha sido iniciada.
Durante a etapa de definição do projeto, executa-se o levantamento de
requisitos por meio de instrumentos, que são questionários, formulários, mapas e
gráficos. Estes instrumentos são: definição dos objetivos da organização,
identificação do perfil do público-alvo e definição dos objetivos de aprendizagem,
resultando como produto final desta etapa o documento: projeto básico.
Este documento autoriza e guia formalmente o projeto. Ele deve conter,
diretamente ou por referência, outros documentos como:
• Definição dos objetivos da organização reunindo a descrição das
necessidades ligadas ao projeto.
• Análise da audiência identificando o perfil do público-alvo e também a
metodologia a ser utilizada para desenvolver o treinamento.
• Os objetivos de aprendizagem descritos.
• A descrição completa do produto a ser desenvolvido, incluindo os
subprodutos.
• Estimativa do prazo para se desenvolver o projeto.
• Estimativa de número de pessoas na equipe desenvolvedora do projeto.
• Estimativa dos custos.
Na tabela 1 estão relacionadas as questões mais importantes a serem
considerados nesta etapa do projeto, bem como os instrumentos a serem utilizados
para auxiliar neste processo.
É importante destacarmos que a definição dos objetivos da organização, e a
identificação do perfil do público-alvo podem ser coletadas em paralelo, para que se
faça uma análise completa, constando as informações necessárias para a definição
dos objetivos de aprendizagem.
267
Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital
para e-learning
Tabela 1 – Definição do projeto e levantamento de requisitos
Identificação do perfil do
público-alvo
Definição dos objetivos da organização
1- Resumo executivo que ofereça uma visão geral da
organização sobre todo o projeto.
2- Descrição detalhada da necessidade ou problema
que a organização ou instituição precisa resolver,
incluindo os problemas comerciais e desempenho
que se espera após o treinamento, bem como
informações a respeito das partes da empresa que
são envolvidas direta e indiretamente com o projeto.
O documento deve ter informações suficientes para
que se estruture o plano básico (proposta inicial) do
projeto.
3- Deve constar na definição dos objetivos da
organização quais são os requisitos técnicos a
respeito da execução do projeto.
4- Realização de entrevistas com o corpo gerencial
da organização que participará do projeto.
1- O perfil de quem utilizará a solução de e-learning
(público-alvo).
2- Necessidade de treinamentos auxiliares para
desenvolver alguma habilidade do público-alvo.
3- Nível de escolaridade dos participantes.
4- Nível de experiência em tecnologia.
5- Formas de treinamento que os usuários tenham
participado anteriormente.
6- Realização de entrevistas com possíveis alunos.
Instrumentos
para a
produção do
projeto básico
Instrumento 1 – Descrição dos objetivos da
organização
Principais informações a serem captadas
Instrumento 2- Análise da
audiência
Metas
Ao desenvolver os objetivos de aprendizagem
devemos especificar sempre a audiência e o
comportamento esperado após o encerramento do
curso ou qualquer evento de e-learning.
- O que o estudante será capaz de fazer de diferente
após o treinamento, e como?
-Como o tutor saberá do aproveitamento do aluno
durante o curso?
- Como a organização saberá?
Condição
- Em que condições será requerida a aprendizagem?
1- Definição dos assuntos principais a serem
desenvolvidos para o treinamento.
2- Verificar a existência de conteúdo para este
evento de aprendizagem, que tenha sido formulado
previamente pela organização.
268
-A duração do projeto
-Critérios de avaliação/ sucesso que
a organização espera com o
desenvolvimento do projeto
- Especificações técnicas a respeito
do desenvolvimento do projeto.
- Equipe
- Custos do projeto.
- A partir deste resultado são
definidos o tipo de evento de
aprendizagem
e
algumas
características que o mesmo deve
possuir.
- Será definido se há a neces-sidade
de treinamentos complementares.
- Apresentação dos objetivos de
aprendizagem.
Instrumento 3- Definição dos objetivos de
aprendizagem
Definição dos objetivos de aprendizagem
Comportamento
- As metas e objetivos gerais do
projeto
- Proposta da metodologia a ser
utilizada.
Audiência
- Para quem serão formulados os objetivos de
aprendizagem?
Resultados
- É definida a metodologia para o
desenvolvimento e aplicação do
curso.
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
A reunião das informações captadas e analisadas nesta etapa de levantamento
de requisitos gera um documento: o plano básico do projeto. Este documento deve
ser analisado, entre a equipe desenvolvedora do projeto e os clientes, para
realizarmos o fechamento de uma proposta para o evento de aprendizagem.
2.2. Etapa 2 – Planejamento – Plano do projeto
É desenvolvida nesta etapa a estruturação do curso e também das atividades
que ocorrerão durante a construção do mesmo. São identificadas e descritas as
funções e tarefas da equipe executora, bem como as atividades gerenciais, as
habilidades, conhecimentos e atitudes requeridas para a devida execução dessas
tarefas e estabelecidos os padrões de desempenho do trabalho.
A etapa de planejamento tem o maior número de processos envolvidos. É a
etapa de maior importância, na construção de um projeto desta natureza, quando são
organizadas todas as informações e descritos todos os planos auxiliares ao
gerenciamento, minimizando os problemas na etapa de execução.
O resultado da etapa de planejamento é o documento “plano do projeto”, que
engloba todas as informações necessárias para a execução do mesmo. Este
documento tem como informações iniciais o “projeto básico”, desenvolvido na
etapa de definição, além de outros planos gerenciais essenciais para a etapa
seguinte, a de execução do projeto.
O plano do projeto é constituído por uma coleção de documentos utilizados
para controlar e gerenciar a execução do projeto. O desenvolvimento do plano do
projeto utiliza as saídas da etapa de definição, o projeto básico, gerando um
documento consistente que pode ser usado para guiar tanto a execução quanto o
controle do projeto.
Para desenvolvimento de cursos, o plano do projeto pode conter:
• A declaração de escopo do projeto
• A estrutura do curso definida
• WBS –Work Breakdown Structure
• As datas estimadas para início e fim das atividades e atribuições de
responsabilidades para cada subproduto da WBS
• A descrição da equipe e sua expectativa de custo/esforço
• A estimativa de custos
• Planos auxiliares de gerenciamento, tais como comunicação, riscos e
restrições, controle, etc.
Detalharemos cada item do plano do projeto, bem como os instrumentos
produzidos para auxiliar no desenvolvimento do mesmo na tabela 2.
269
Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital
para e-learning
Tabela 2 – Tabela de detalhamento do plano do projeto
Produto
Descrição
Instrumentos
Especificações a respeito do projeto. É neste documento que
constam as seguintes definições:
- Descrição do produto
- Objetivos do projeto
Documento
de
escopo do projeto
- Justificativas do projeto
- Expectativas
Instrumento 4- Declaração
de escopo do projeto
- fatores de sucesso do projeto
- Restrições
- Marcos do projeto
Estrutura do curso a ser produzido, e suas subdivisões.
Estrutura
curso
do
WBS
Datas estimadas
para início e fim
das atividades e
atribuições
de
responsabilidades
para
cada
subproduto
da
WBS
Descrição
da
equipe e sua
expectativa
de
custo/esforço
Estimativa
custos
Plano
comunicação
de
de
Como para cada curso podemos ter subdivisões diferenciadas,
isto deve ser feito a partir da metodologia definida no projeto
básico e o assunto a ser tratado durante o curso.
Instrumento 5- Modelo de
subdivisões de curso
Subdivisão do projeto em tarefas. Propomos para o
desenvolvimento de cursos alguns tipos de subdivisões que
podem ser utilizadas em qualquer situação de curso.
Instrumento 6- Modelo de
estrutura
As definições do calendário do projeto e das datas estimadas
para as atividades, vão depender do projeto de curso a ser
desenvolvido. Apresentamos aqui uma estimativa de tempo de
desenvolvimento para atividades-chave em projetos de curso.
Estas atividades podem ser ampliadas dependendo do tipo de
projeto.
Instrumento 7 - Tabela de
estimativa
de
tempo/
atividade
Descrição da equipe de trabalho, qual a função de cada
componente e o custo de cada um para o desenvolvimento do
projeto.
Instrumento 8 - Tabela
Recursos/ Custo/ Esforço
Baseados nos itens citados acima: escopo, WBS, datas, equipe
de trabalho, é possível fazermos neste momento a estimativa
de custos do projeto próximo ao real.
Instrumento 9 - Planilha de
custos do projeto
Identificamos aqui todos os envolvidos no projeto, cada
membro da equipe, os stakeholders, os fornecedores, enfim
qualquer pessoa que participe de forma direta ou indireta no
projeto.
Instrumento 10- Plano de
comunicação
Fazemos as ligações entre essas pessoas e como se dará a
comunicação entre elas.
Plano de riscos e
restrições
Ë realizado com base nos riscos identificados durante a fase de
definição e planejamento do projeto. É um documento que
descreve os possíveis problemas que podem ocorrer durante o
projeto.
Instrumento 11- Documento
de riscos/ restrições
Plano de controle
Definição dos pontos que devem ser controlados durante a
construção do curso.
Instrumento
12
Documento de controle
-
O principal documento a ser utilizado durante a etapa de execução do projeto é
a WBS. A WBS – Work Breakdown Structure ou estrutura analítica de divisão do
270
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
trabalho é um agrupamento dos elementos gerados na etapa de planejamento. Esta
estrutura organiza e define o escopo global do projeto e auxilia a execução e
controle. É representada por níveis de atividades e tarefas, podendo ser de dois tipos
(produto ou serviço), sendo os níveis inferiores uma representação detalhada de um
nível superior a eles.
Figura 2 – Estrutura de divisão para a construção de um curso
Iniciamos a montagem pelas menores tarefas. Construímos os objetos (texto,
imagens, vídeos, áudio, animações) separadamente, estes são integrados gerando
uma cena, após a conclusão da etapa de integração a cena é testada e revisada. Esta
seqüência é aplicada em todas as cenas, que ao final de suas execuções são
integradas, testadas, revisadas, gerando um módulo. Essa seqüência se repete para a
montagem de todos os módulos, finalizando então com a integração, teste e revisão
do curso completo.
Abaixo apresentamos a seqüência de montagem da WBS, bem como dos
objetos a serem utilizados na montagem de um curso (Figura 3).
271
Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital
para e-learning
Figura 3 – Seqüenciamento das atividades propostas para a cena
Para facilitar a organização e execução das atividades, a WBS proposta foi
construída levando-se em consideração a estrutura de curso adotada para este
modelo: uma estrutura mista, na qual parte da estrutura é hierárquica e parte em
rede.
Apresentamos então, uma estrutura de curso subdividida em módulos, estes
módulos, em cenas e estas em objetos (roteiros, story-boards, textos, áudios, vídeos,
animações e imagens). Temos ainda a repetição de algumas tarefas durante todas as
fases do projeto, são elas: integração, teste e revisão.
O módulo do curso representa a maior unidade de informação a ser construída.
Já a cena representa a menor unidade de informação de um curso, sendo estruturada
como uma seqüência de conteúdo, avaliações e atividades interativas ou não.
Com o planejamento concluído, é realizada a execução do projeto, que é
controlada a partir de métricas definidas no planejamento, gerando como produto
final desta etapa o curso.
2.3. Etapa 3 – Controle – Execução
O controle em um projeto assegura que os objetivos do mesmo estão sendo
atingidos, por meio da monitoração regular do seu progresso. É importante também
para identificar as variações do plano do projeto, gerando ações corretivas a serem
tomadas quando necessário.
O desempenho do trabalho durante a execução do projeto, deve ser monitorado
e medido regularmente para identificar as variações no plano do projeto e em todos
os planos auxiliares. Quando houver desvios, estes são analisados durante o
desenvolvimento do projeto. Na medida em que são identificados desvios
significativos (aqueles que colocam em risco os objetivos do projeto) realizam-se
ajustes por meio da repetição dos processos de planejamento adequados àquele
caso. Por exemplo: ultrapassar a data de término de uma atividade, pode requerer
ajustes nos recursos humanos, na necessidade ou não de horas extras, ou no
balanceamento entre o orçamento e os objetivos de prazo do projeto. Controlar
também inclui tomar ações preventivas, antecipando-se aos problemas.
• O controle de mudanças do escopo – controla as mudanças no escopo do
projeto.
• O controle do cronograma – controla as mudanças no cronograma do
projeto.
• O controle dos custos – controla as mudanças no orçamento do projeto.
• O controle do desempenho – coleta e divulga informações de desempenho.
Isto inclui relatórios de status, medidas de progresso, e novas estimativas
para o projeto.
• O controle e monitoração de riscos – Acompanha os riscos identificados,
monitora os existentes e identifica novos pontos críticos, garantindo a
272
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
execução dos planos de risco. Por fim avalia sua efetividade em reduzir
riscos.
O processo de execução de um curso torna palpável o planejamento, gerando
como produto final a montagem completa do curso. A execução do projeto deve ser
constantemente acompanhada pelo gerente, juntamente com os clientes. Portanto
gerentes bem informados e sintonizados com os requisitos e definições do projeto
são fundamentais para que o resultado da execução – o curso finalizado – seja
condizente com a expectativa traçada.
Figura 4 – Ilustração apresentando a montagem do curso.
2.4. Etapa 4 – Revisão – Avaliação
O desenvolvimento de um curso, não é apenas um processo com início, meio e
fim, mas um ciclo contínuo de desenvolvimento. São constantes em projetos de
curso, analise, projeto, construção, avaliação e redesenho, buscando sempre a maior
efetividade. Em geral, quanto mais ciclos empregarmos na construção de um curso,
melhor será o resultado final.
Adotamos como solução para a melhoria dos cursos a abordagem de
prototipação rápida, construindo uma única cena ou um módulo menor e testando
imediatamente.
Então, a partir dos problemas identificados e solucionados, aplicamos as
soluções no restante dos componentes do curso ou, se for adequado, em todo o
curso.
Quanto antes testarmos os componentes menores, maior será a rapidez na
resolução dos problemas durante o desenvolvimento do curso.
Para a realização da avaliação, partimos do pressuposto de que nenhum curso é
perfeito em sua primeira versão, e todo curso pode ser melhorado. Portanto após a
construção de um curso, avaliamos sua efetividade. Tal avaliação guiar-nos-á a
avanços que podem ser implementados para a melhoraria contínua de um curso.
A avaliação de um curso pode ser feita por meio da aplicação de um curso
piloto, onde avaliaremos sua efetividade. Os resultados deverão constar em um
relatório conciso e efetivo, apresentando os pontos de sucesso, de tensão e as
possíveis soluções para os problemas identificados durante a aplicação. O produto
desta etapa é a implementação de melhorias, gerando novas versões para este curso.
Um projeto bem estruturado de e-learning, requer uma avaliação constante,
não apenas do produto final, o curso, mas também dos resultados obtidos pela
273
Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital
para e-learning
organização. Para isto as primeiras aplicações do curso devem ser acompanhadas e
a revisão se faz necessária até que se tenha uma estabilidade do produto e a
organização obtenha os resultados esperados, descritos no projeto básico.
Para a aplicação de uma avaliação efetiva, sugerimos a aplicação de um piloto
do curso, tantas vezes quanto necessário. O planejamento de um piloto deve ser
com antecedência, e deve-se oferecê-lo cedo o suficiente para que tenhamos tempo
para correções antes que o curso seja ofertado para um público maior.
O piloto de um curso não precisa abarcar todo o conteúdo, mas o suficiente
para termos uma amostra abrangente e testemos todas as possibilidades que serão
oferecidas durante o curso completo.
Os passos para se oferecer um piloto do curso e avaliar os resultados são os
seguintes:
• Recrutar os alunos: selecionar pessoas que pertençam ao grupo maior que
será treinado. É importante que montemos um grupo numeroso o bastante
para que os resultados sejam significativos, porém de quantidade que
facilite a observação das reações e resultados.
• Preparar os alunos: devemos sempre, na aplicação do piloto, explicar o
propósito do teste e prover os alunos de toda informação importante às
quais devem atentar-se.
• Monitorar o desempenho: o desempenho do trabalho, o conhecimento em
tecnologia e as atitudes do grupo de teste devem ser medidos. Para isto
devem ser estabelecidos pontos, pelos quais, poderemos medir os
problemas e executar as melhorias.
• Administrar o treinamento: devemos aplicar o piloto nas mesmas
condições que o curso finalizado será aplicado, no mesmo tipo de local,
utilizando as definições estipuladas para o treinamento.
• Medir os resultados: após o término da aplicação do piloto, devemos
comparar o desempenho, atitudes, e conhecimento do grupo àquelas
medidas definidas antes do início do treinamento.
• Analisar os resultados: nesta etapa comparamos os resultados obtidos com
o piloto aos objetivos de aprendizagem que foram desenvolvidos para este
curso.
Outro aspecto importante durante a aplicação do piloto é avaliar se o material
apresentado é suficiente para o entendimento do aluno, se houve custos inesperados
neste teste e também avaliar se o espaço de tempo em que foi aplicado é apropriado
ao treinamento finalizado.
Ao final resumimos a avaliação em um relatório conciso e efetivo,
apresentando os pontos de sucesso, de tensão e as possíveis soluções para os
problemas identificados durante o piloto. Este relatório é voltado à apresentação de
melhorias, portanto, este deve ser o foco em sua elaboração.
Após a oferta, avaliação e revisão de um curso, são distribuídas novas versões,
ou seja, melhorias contínuas no processo de desenvolvimento. Uma grande
vantagem na oferta de um curso web é o de podermos distribuir o curso ao término
274
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
de sua conclusão, com praticamente nenhum tempo ou gasto adicional. As novas
versões buscam melhorias contínuas no processo de desenvolvimento, Figura 5.
Figura 5 – Fases de revisão de um curso.
As revisões são feitas sempre que necessário, para atualizar ou melhorar o
curso oferecido.
3. Estudo de Caso – Desenvolvimento de um Protótipo para o
Treinamento do Banco Postal da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos
(ECT)
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT desenvolveu um plano
educacional cujo objetivo principal era difundir o e-learning na empresa, para
substituir o treinamento da forma tradicional utilizado até então. Neste sentido, a
primeira ação educacional implantada foi a estruturação, o desenvolvimento e a
aplicação de um curso a distância, via web.
Este consistiu num treinamento para capacitação de 6.000 atendentes postais
em atendimento bancário. A demanda surgiu em função da implantação do Banco
Postal dos Correios, o qual oferece uma série de produtos e serviços para seus
clientes, como: pagamentos e recebimentos, abertura de contas, linhas de crédito,
serviços de controle etc.
Coletamos as necessidades da empresa em relação a este curso, quais sejam:
- divulgar a implantação do e-learning na ECT.
- promover a adesão dos funcionários pela aplicação do treinamento.
- treinar em 04 meses, três mil atendentes, de um total de seis mil.
- economizar nos gastos com o treinamento, pois a ECT possui aproximadamente
100.000 funcionários em todo o Brasil , além de agências franquiadas.
- desenvolver competências, transformando atendentes de agências postais em
atendentes bancários.
- realizar rapidamente a construção do curso, já que o prazo para a primeira
aplicação após o término do levantamento de requisitos e planejamento, era de dois
meses.
Durante a análise do público-alvo, identificamos principalmente que:
- aproximadamente 70% dos atendentes postais nunca tinham operado um
computador com mouse;
275
Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital
para e-learning
- os futuros alunos deste curso não possuíam conhecimentos básicos de Internet;
- a maior parte dos atendentes tinha o segundo grau completo e idade entre 20 e 45
anos;
- estava localizado em todos os estados brasileiros;
Observamos ainda que o curso do Banco Postal, já vinha sendo aplicado de
forma tradicional, em sala de aula, e levava 40 horas por semana para ser concluído.
Além da preparação do curso, houve a preocupação com as estratégias de
transição do ensino presencial para o e-learning. Para tanto, foram propostos e
montados laboratórios com acesso a Internet, chamados info-salas, para aplicação
das primeiras turmas. As info-salas foram estruturadas em várias capitais brasileiras
como São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Campo Grande, Fortaleza, Curitiba e
outras. Todas possuíam de 10 a 15 microcomputadores conectados à Internet.
Dentro da sala, ficariam apenas os alunos, e a comunicação com o tutor seria feita
por ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas, como chat, fórum, e-mail.
Durante a execução do curso em sua primeira versão, que previa apenas
conteúdo seqüencial, foi planejada a aplicação de um piloto para avaliarmos a
receptividade do público em relação à forma de treinamento. Para tal, foi montada
uma info-sala no prédio da Universidade Correios, localizada em Brasília, e foram
escolhidos 10 atendentes de agência postal para a realização dos testes. E mais tarde
outro piloto aplicado em Curitiba e Fortaleza.
]Concluídas as avaliações sobre este protótipo, analisamos as informações
obtidas dos alunos. Os resultados foram:
- É necessário um guia, ou material auxiliar após o treinamento;
- É necessário que haja formulários e mais imagens ilustrativas, disponíveis para
conhecimento;
- Houve dificuldade na navegação durante o curso;
- Os alunos gostaram da forma do treinamento, mas ficaram inseguros sem um
professor próximo;
- Os alunos ficaram constrangidos em escrever para o tutor, pois poderiam errar na
digitação.
Após a análise da avaliação pela equipe do projeto e pela ECT, fizemos
alterações no conteúdo web. Produzimos ainda um manual explicativo, auxiliar no
entendimento da navegação pelo curso, elaborado tanto para alunos quanto para
tutores. As alterações efetuadas comprometeram significativamente o prazo de
execução do projeto.
Durante a fase de oferta do curso, iniciamos então a análise completa da
primeira versão do projeto, na tentativa de identificar os motivos das falhas
ocorridas, buscando saná-las em projetos futuros. Como resultado desta análise,
identificamos que o projeto não foi executado a contento, devido à ausência de um
processo sistemático durante o planejamento, controle e execução do mesmo. O
escopo do projeto foi mal documentado, causando problemas quanto à
profundidade e extensão do conteúdo a ser trabalhado. Novas tarefas eram incluídas
durante o projeto, contribuindo para a sobrecarga da equipe e para a perda de
qualidade do conteúdo produzido.
276
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Por não termos definido procedimentos durante a primeira versão do curso,
ocorreram vários problemas na execução das tarefas. Exemplo: o roteiro, que é o
ponto de partida para a produção de textos, imagens, entre outros, foi executado de
forma inadequada, atrasando o projeto e aplicação do primeiro protótipo. Além
disso, não havia definições que apoiassem a formalização do planejamento, como
planos de comunicação e controle, entre outros.
Partindo de tais resultados, entendemos que era imprescindível a aplicação
de processos mais bem definidos, para suprimir as possíveis falhas durante a
construção de um curso. Estruturamos então a metodologia apresentada e aplicamos
na construção de uma parte do curso para treinamento dos atendentes do Banco
Postal
Para exemplificar a aplicação dos processos descritos, foi escolhida a primeira
parte do curso, a “Abertura de Contas” do curso do Banco Postal, por ser uma
célula bastante representativa do treinamento. Não pretendemos demonstrar todas
as etapas para chegarmos ao produto final, o curso completo, mas sim alguns
procedimentos que julgamos importantes, uma vez que partimos de um produto já
definido e parcialmente planejado.
Definimos como ponto de partida uma nova abordagem para o conteúdo
utilizando as metodologias abordadas no aprendizado utilizando simulações.
Durante estas, inserimos conceito de aprendizado a partir dos erros, modelos de
especialistas e histórias e, ainda, a reutilização do material após o aprendizado.
Além da mudança metodológica, do ponto de vista do aprendizado, reformulamos
alguns processos do planejamento: foi efetuada a reconstrução da WBS, bem como
o seqüenciamento das atividades, com base no modelo apresentado neste artigo, e,
também, foram realizadas as estimativas de duração das principais atividades.
Para o cálculo da duração das atividades utilizamos o instrumento 7 (vide
tabela 2), proposto durante o plano do projeto.
Com o material da versão anterior em mãos, para iniciarmos a execução do
trabalho não foi necessária uma equipe completa para desenvolver as tarefas
previstas na WBS.
Após a divisão do trabalho definimos, em conjunto, as ferramentas que seriam
utilizadas para a execução do projeto.
A partir destas definições, reestruturamos o roteiro. Anteriormente o roteiro
geral era dividido em disciplinas e já continha o texto final do conteúdo. Desta
forma, levávamos muito tempo para dar início à execução dos objetos que
compunham cada tela.
Decidimos, então, optar por um roteiro do módulo separado por cenas,
descrevendo, assim, forma a navegação a ser seguida, os objetos (Figuras 9, 10, 11,
12) a serem construídos e suas funções.
O curso foi reestruturado para que o aluno vivenciasse situações reais de um
atendimento bancário, aprendendo a partir de seus erros e acertos. É importante
ressaltarmos que uma experiência que utilize simulações, não exclui a necessidade
do acompanhamento de um tutor durante todo o treinamento.
277
Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital
para e-learning
Figura 9 – Objetos interativos onde o aluno escolhe a partir do clique em um “cliente”,
qual situação vivenciará.
Figura 10 – Objetos
interativos e reutilizáveis
Figura 11 – Objetos
interativos que fazem parte
da rotina do aluno
Figura 12 –
Vídeos de ajuda ao
aluno durante a
realização da tarefa.
Após o término, foram montados todos os objetos separadamente e em
paralelo, reduzindo o tempo de execução das figuras e integração das cenas, figuras
e os objetos de interação. Apresentamos abaixo uma cena do novo módulo (Figura
13) construído e do antigo módulo(Figura 14), onde as diferenças já podem ser
percebidas a partir do projeto gráfico aplicado.
Figura 13 – Módulo abertura de
contas – nova versão
278
Figura 14 – Módulo abertura de
contas – primeira versão
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
4. Conclusões
Os resultados obtidos por meio desta aplicação parcial foram os seguintes:
• Por meio da execução sistemática, conseguimos realizar as tarefas como
foram propostas na WBS, incluindo o seu seqüenciamento.
• Verificamos que as tarefas tiveram duração muito próxima às estimadas.
Para esta cena do curso, observamos que a equipe conseguiu cumprir o
que foi proposto no planejamento. Contudo, para a realização do curso
completo, precisaríamos reformular o tamanho da equipe e tempo de
execução do projeto.
• Conseguimos, a partir da elaboração do roteiro e do story-board, identificar
todos os objetos necessários à construção do curso.
• Pudemos atender à necessidade de construção de simulações nas quais o
aluno pudesse interagir com o curso.
• Observamos que para algumas animações havia a necessidade de quadros
intermediários, fazendo que os movimentos não ficassem tão rígidos.
• A partir de objetos construídos, poderíamos reutilizar estes objetos para
consultas posteriores, construindo uma rede de conhecimentos que não se
resumem ao curso.
• Observamos, a partir do execício do método proposto e pelo que foi
exposto no corpo deste trabalho, que a utilização de métodos organizados,
direcionados à produção de cursos, apresenta-se como alternativa viável ao
atendimento da crescente demanda das organizações por projetos bem
estruturados. Desta maneira, são solucionados problemas tão habituais
como atraso, aumento do custo ou não atendimento do escopo.
É importante ressaltarmos a utilização de prototipação rápida para a construção
de cursos, pois esta aplicação vem colaborar com a diminuição de tempo de
execução do projeto, pois possibilita a identificação e correção de erros já no início
do projeto. Esta metodologia foi aplicada à reconstrução do curso para a Empresa
Brasileira de Correios e Telégrafos, apresentando-se como uma alternativa viável,
minimizando problemas como organização, atraso, aumento do custo, atendimento
do escopo; facilitando a construção de outros cursos web que também utilizem
recursos multimídia.
Referências
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Institute.
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digital para cursos via web. 217f.. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) –
Faculdade de Tecnologia – Universidade de Brasília, Brasília.
Project Management Institute. PMBOK – Project management body of knowledge. Belo
Horizonte. Tradução livre do PMBOK edição 1996 – v. 1.0 disponibilizada pelo
PMI/MG em maio de 2000 através da World Wide Web:
<http://www.pmimg.org.br/pmbok.html> Acesso em: 7 set. 2001.
279
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para e-learning
Howes, Norman R. Modern Project Management. New York: Amacom,2001. 262 p.
Meredith, Jack R. & Mantel JR., Samuel J. Project Management: A managerial approach.
New York: John Wiley and Sons, 1995.
Silva, Marco. Um convite à interatividade e à complexidade: novas perspectivas
comunicacionais para a sala de aula. In: GONÇALVES, Maria Alice Rezende (org.).
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Reigeluth, C.M. (Ed.) . Instructional-Design Theories and Models, Volume II: A New
Paradigm of Instructional Theory. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Assoc. 1999
Rosenberg, Mark J. e-Learning: Estratégias para transmissão do conhecimento na era digital.
São Paulo: Makron Books, 2002.
Russell, Lou. Project Management for Trainers. Virginia (USA): ASTD, 2000.
280
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 281
Novas Tecnologias para uma Nova
Aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior
Eduardo Luís Cardoso 1, Pedro Pimenta 2 , Duarte da Costa Pereira 3
[email protected], [email protected], [email protected]
1
Universidade Católica Portuguesa – CRPorto-ESB, Rua Dr.António Bernardino de Almeida,
4200-072, Porto, Portugal
2
Universidade do Minho - Departamento de Sistemas de Informação, Campus de
Azurém, 4800-058, Guimarães, Portugal
3
Universidade do Porto – Faculdade de Ciências, Rua do Campo Alegre, 4169-007,
Porto, Portugal
Às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) tem sido associado um
enorme potencial de aplicação em educação suportando abordagens
pedagógicas contemporâneas que não têm, no entanto, correspondência na
realidade dos processos de ensino e aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior (IES). Neste contexto os ambientes de aprendizagem construtivista
representam um abrangente modelo de referência para a concepção e o
desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem nas IES. As IES
têm, responsabilidades acrescidas na resposta a um novo modelo de
aprendizagem que pode ser potenciado por um papel para as TIC que vai para
além de possibilitarem o acesso a conhecimento explícito, crescentemente
representado em formato digital, e constituem ferramentas cognitivas que
apoiam o aluno na interpretação, organização e construção de conhecimento.
Este novo modelo de aprendizagem e estas novas formas de usar as
tecnologias colocam desafios de mudança que propomos devem ser
analisados numa perspectiva institucional.
Palavras-chave: TIC; Ambientes de Aprendizagem; e-Learning Mudança; Ensino
Superior.
1.
A Educação Contemporânea
A educação contemporânea pode ser compreendida como determinada por
quatro elementos polarizadores, o indivíduo aprendiz que é o educado, a sociedade
em nome da qual a educação se desenvolve, os conteúdos por intermédio dos quais
281
Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior
a educação se realiza e a interacção entre estes três aspectos que concretiza o acto
educativo (Figura 1). Estes pólos estão presentes, com diferentes importâncias
relativas, nas várias teorias da educação e nas teorias do ensino e da aprendizagem
associadas e são essenciais à análise, à reflexão e a propostas de mudança na área
(Pereira, 2004).
Conteúdos
Interacção
Indivíduo
Sociedade
Figura 1 – Pólos das teorias contemporâneas em educação (adaptado de Bertrand, 1998)
Ao pólo Conteúdos estão associadas as teorias académicas, mais tradicionais
no ensino superior, para as quais os conhecimentos a ensinar têm uma estrutura
objectiva e independente do aluno ou da sociedade.
Ao pólo Sociedade estão associadas teorias que definem como objectivo da
educação a transformação da sociedade e a resolução de problemas sociais,
culturais e ambientais.
Ao pólo Indíviduo estão associadas teorias espirituais que valorizam aspectos
do ser humano na sua relação transcendental com o universo ou teorias
personalistas que valorizam aspectos da dinâmica interna da pessoa humana
relacionada com as suas necessidades, aspirações e intenções.
Ao pólo Interacção estão associadas, de acordo com influências dos outros três
pólos, teorias psicocognitivas, tecnológicas e sociocognitivas, com objectivos
didácticos e centrados nos processos de ensino e aprendizagem (Bertrand, 1998).
As teorias psicocognitivas preocupam-se com o desenvolvimento dos
processos cognitivos no aluno e em particular com os processos mentais associados
à construção de conhecimento. As teorias sociocognitivas valorizam os factores e as
interacções sociais e culturais no ensino e aprendizagem e no processo de
construção de conhecimento. As teorias tecnológicas procuram com recurso a
tecnologias apropriadas melhorar o ensino e a aprendizagem.
Na interacção didáctica será relevante considerar a comunicação educativa
(síncrona e assíncrona, presencial, a distância e multimédia), a mediação humana da
aprendizagem e também a mediação tecnológica, nomeadamente através de
ambientes de aprendizagem, os processos de ensino e aprendizagem que constituem
282
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
o acto educativo em sentido estrito e as organizações que os enquadram, como é o
caso das Instituições de Ensino Superior (IES).
Se cada um destes pólos encerra princípios inspiradores das teorias
contemporâneas em educação, também os binómios Conteúdos-Indivíduo,
Conteúdos-Sociedade e Indivíduo-Sociedade, representam domínios de
conhecimento relevantes numa pedagogia para o ensino superior (Pereira, 2004).
1.1. Conteúdos-Indivíduo
A relação Conteúdos-Indivíduo pode ser caracterizada de acordo com Pereira
(2004) pelo conceito da psicologia cognitiva designado por cognição distribuída,
que representa um mecanismo em que a agência dos processos cognitivos pode ser
distribuída entre o indivíduo, outros actores do processo de aprendizagem, em
particular docentes e alunos e os artefactos utilizados na produção de conhecimento,
incluindo as tecnologias de informação e comunicação (TIC) (Giere, 2003). E, no
sentido contrário, estes oferecem ao sujeito aprendiz um andaimamento cognitivo
de suporte ao processo de aprendizagem. O andaimamento pode ser implementado
para motivar os alunos, reduzir a complexidade de tarefas e estruturar o processo de
ensino e aprendizagem, através do fornecimento de feed-back, de exemplos, do
apoio e comunicação entre colegas e pela clarificação de papéis e de expectativas
dos alunos, contribuindo para o processo de aprendizagem (McLoughlin &
Marshall, 2000).
1.2. Conteúdos-Sociedade
As explicações da relação Conteúdos-Sociedade podem ser inspiradas de
acordo com Pereira (2004) no construtivismo social assente na tendência de
evolução da ciência e tecnologia focada nos conteúdos para uma ciência e
tecnologia focada nos contextos e sustentada socialmente, com reflexo na
pedagogia associada à sua aprendizagem que inclui aspectos que podem ser
potenciados pela tecnologia. A base metodológica desse construtivismo social é o
postulado da simetria que não confere excessiva importância ao conhecimento
iluminista científico mas considera, com igual peso, o conhecimento histórico.
Ainda, segundo Pereira (2004), as exigências de uma crescente
contextualização e socialização do conhecimento estão na origem das propostas de
Gibbons et al. (1994) que defendem um novo modo de produção de conhecimento
científico e tecnológico, designado Modo 2, caracterizado por se basear nas pessoas
em rede, mais do que nas instituições, por considerar mais a multidisciplinaridade, a
heterogeneidade de contributos e a transdisciplinaridade, por contemplar mais a
relevância e a responsabilidade externas e por ser mais condicionado pelos
utilizadores e pela sociedade que pelas fronteiras disciplinares e pelos contextos
académicos e organizacionais característicos do modo convencional, designado
Modo 1. O Modo 1, correspondendo à produção de conhecimento factual e
sistemático, conhecimento codificado de todos os tipos, fundamentalmente na
283
Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior
forma de escrita, impressa, mas também, e cada vez mais, na forma de filme,
fotografia e todas as formas de memória digital. A principal característica apontada
para este tipo de conhecimento é a sua tendência para crescer de forma continuada e
fragmentada conduzindo a mais e mais especializações. No designado Modo 2
trata-se da produção de conhecimento implícito, tácito, orientado pelo contexto e
não pelo assunto, originando conhecimento holístico, multidisciplinar, envolvendo
bases de conhecimento heterogéneo. Neste modo de produção de conhecimento são
valorizadas competências pessoais e de personalidade, competências intelectuais,
profissionais e manuais.
O conhecimento codificado tem tido um crescimento exponencial e uma
enorme especialização de domínios, para além da sua difusão e utilização ser
facilitada e a baixo custo, através do uso de TIC e da Internet em particular. Já o
desenvolvimento de conhecimentos tácitos, de capacidades para aplicar
conhecimento codificado exige processos contínuos de aprendizagem para suportar
uma economia e uma sociedade baseada no conhecimento. Estas perspectivas
suportam uma necessária mudança de paradigma de ensino e aprendizagem nas
IES, de um ensino baseado nos conteúdos e dedicado à explicação, Modo 1, para
uma aprendizagem baseada na aplicação contextualizada de conteúdos e dedicada à
resolução de problemas, Modo 2, segundo Hills e Tedford (2003) e Hills (2003).
1.3. Sociedade-Indivíduo
A transição para uma sociedade do conhecimento, pós-industrial, implica uma
nova relação entre Sociedade e Indivíduo que, em termos de aprendizagem,
acontece ao longo de toda a vida, devido à crescente importância da formação
contínua necessária, pelo menos, para a actualização dos sistemas de codificação de
conhecimento e valoriza competências transversais em detrimento de competências
específicas de um dado domínio de conhecimento. A aprendizagem ao longo da
vida pode ser muito potenciada pelo desenvolvimento e generalização das TIC que
suportam, em particular, novos modelos de comunicação tendencialmente mais
personalizada, global e interactiva e alargam a capacidade de conhecimento e de
acção do homem.
Com a relação entre o Indivíduo e a Sociedade caracterizada por ser sistémica
e aberta, a aprendizagem dos indivíduos passa a ser determinante ao longo da vida
na sociedade, bem como a aprendizagem organizacional continuada, indispensável
a nível das organizações que se querem aprendentes e, portanto, também a nível das
escolas e das IES (Senge et al., 2000; Duke, 1992). As IES, como organizações
aprendentes, com o duplo sentido – organizações que simultaneamente aprendem e
promovem a aprendizagem (Duke, 1992). Com aspectos individuais presentes nas
disciplinas de mestria pessoal e modelos mentais, aspectos sociais presentes nas
disciplinas de aprendizagem em equipa e visão partilhada, conduzindo à quinta
disciplina, a visão sistémica aberta entre o indivíduo e a sociedade preconizada por
Senge (1990). As aprendizagens necessárias para competir nesta sociedade do
conhecimento são caracterizadas mais pelo desenvolvimento de competências
284
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
transversais, transferíveis entre actividades produtivas e menos pela aquisição de
conteúdos. Competências transferíveis representando um conjunto de competências
cognitivas e sociais de ordem elevada tais como a resolução de problemas, a
colaboração e o trabalho em equipa, a flexibilidade e agilidade, a capacidade de
adquirir recursos, o empreendorismo e em geral o saber aprender, como
sistematizado por Haddad e Drexler (2002).
A educação contemporânea apresenta-se, pois, com uma complexidade, em
parte derivada da complexidade do mundo contemporâneo (Morin, 1990), da qual a
diversidade de teorias associadas é um reflexo.
De uma outra forma o relatório Delors para a Unesco condensa a relevância
destes pólos na educação ao considerar que os novos objectivos para a
aprendizagem ao longo de todo o processo educativo têm que incluir a
aprendizagem de saberes ou de conhecimentos, a aprendizagem do saber fazer, a
aprendizagem do saber ser, na sociedade e na relação com os outros e a
aprendizagem do aprender continuamente e ao longo da vida (Delors et al., 1996),
sendo que este aprender a aprender pode ser visto como essencial e transversal à
educação na sociedade contemporânea.
2.
As TIC no Ensino Superior
Às tecnologias de informação e comunicação está associado um grande
potencial de aplicação em educação e uma expectativa de incorporação nos sistemas
educativos que contribua para estes responderem adequadamente aos desafios que
lhes estão colocados pela sociedade. Em particular, o potencial das plataformas de
e-learning (PeL) na construção de ambientes de ensino e aprendizagem
distribuídos, de suporte aos cursos de ensino superior e, na sua generalização, ao
nível da pré-graduação, constituem oportunidades de inovação e desenvolvimento
para as instituições de ensino superior.
Há um grande interesse na, por vezes designada, educação virtual, baseada na
ideia da generalização de uma aplicação significativa de TIC nas actividades
centrais à educação. No entanto, embora haja uma grande valorização, porventura
exagerada do potencial das TIC em educação, o crescimento real da sua aplicação
tem sido lento e as mudanças verificadas marginais (Bates, 2001b). Não obstante
todas as possibilidades e todo o potencial de exploração, a sua utilização na prática
lectiva está longe de ser generalizada nas IES (Collis & Pals, 2000). À data, a maior
parte das IES tem reagido à mudança tecnológica no ensino e aprendizagem, de
uma forma que pode ser descrita como oscilante (Garrison & Kanuka, 2004).
Os exemplos existentes levam Harasim (2000) a considerar que a
aprendizagem online deixou de ser periférica e tornou-se relevante na sociedade,
embora com uma evolução limitada dos modelos organizacionais e pedagógicos
subjacentes. “Houve um mar de mudança de atitudes, um nível enorme de
investimento, grandes expectativas (em geral irrealistas), apesar do progresso
limitado (muitas vezes glacial) das mudanças institucionais e pedagógicas”
285
Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior
(Harasim, 2000, p. 59). Paulsen (2003a) considera, que em termos da oferta
educativa global, muitas IES estão a implementar serviços educacionais online, o
que considera ser uma ilustração de que a megatendência actual na educação online
é a transição de uma escala experimental para operações em larga escala. Embora,
também, considere que poucas IES podem apresentar exemplos de sucesso
económico e que muita da educação online oferecida tem sido transitória, sem
sucesso e longe de ser sustentada.
É, em geral, aceite que o maior potencial para o e-learning é no
desenvolvimento de uma educação e formação contínua, ao longo da vida e
interligada com o desenvolvimento pessoal e profissional dos indivíduos (Ryan,
2001). Mas um dos maiores impactos das TIC poderá acontecer no ensino
tradicional, com as tecnologias a suportar um modelo combinado de ensino e
aprendizagem com componentes presenciais e a distância. As TIC no apoio ao
aluno têm associada a promessa de acesso aos recursos significativos disponíveis no
campus de uma IES (Ryan, 2001). Muitas IES tradicionais estão, de facto, no
processo de integração de tecnologias avançadas nos seus métodos regulares de
ensino on-campus (Bonk, 2001; AFT, 2001). A convergência entre educação
presencial e e-learning é mesmo identificada como a maior tendência, não
reconhecida, no ensino superior (Garrison & Kanuka, 2004).
Por outro lado, a rápida generalização de soluções tecnológicas podem impedir
a implementação de boas práticas pedagógicas, pois a utilização destas tecnologias
de informação e comunicação não implica, necessariamente, a adopção das
melhores aproximações ao processo de ensino e aprendizagem (Chaloupka &
Koppi, 1999). Um levantamento realizado pela associação Educause, em 1999,
indicava que apenas 3 % dos sites com fins educacionais propunha algum tipo de
interactividade que suportasse actividades ou alguma forma de participação em
objectivos pedagógicos. Os sites analisados foram considerados essencialmente
passivos, apenas repositórios de informação (Katz & Rudy, 1999). A maior parte
dos docentes usa email para comunicar com os seus alunos e cerca de um terço das
disciplinas usam recursos na Web ou têm uma página da disciplina na Web (CCP,
2000). Mas a mera colocação de materiais na Web pode não conduzir à utilização
pelos alunos e a uma melhoria na sua aprendizagem e compreensão (Bonk et al.,
1999).
A exploração do potencial dos ambientes de ensino distribuído nas disciplinas
dos cursos de ensino superior envolve a necessidade de adaptação e mudança dos
métodos de ensino, um processo de inovação que implica um «enriquecimento
pedagógico» ou uma «reengenharia pedagógica» das disciplinas (Collis, 1997). De
outra forma, a utilização da tecnologia associada a métodos escolares mais
tradicionais, pode representar simplesmente um acrescentar de custos ao sistema
actual (Bates, 2001b).
E, no entanto, “olhando para a história da educação […] apesar das
capacidades das tecnologias de informação e comunicação, o que é comum
encontrar na oferta educativa são os mesmos métodos tradicionais de ensino
baseados em métodos expositivos” (Miller, 2000, p. 8).
286
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
3.
Ambientes de aprendizagem
Ambientes de aprendizagem podem ser implementados de forma produtiva
baseados em plataformas de e-learning, incorporando uma diversidade de
ferramentas cognitivas e suportando, com várias dimensões de flexibilidade,
processos distribuídos de ensino e aprendizagem que permitem perspectivar novas
formas de funcionamento para a IES. O princípio da aprendizagem colaborativa na
concepção dos ambientes de ensino distribuído poderá ser o mais importante
conceito elementar a enformar a aprendizagem online em rede, tirando partido de
todo o potencial das TIC (Harasim, 2000).
Os ambientes de aprendizagem baseados em tecnologias e integrando
aproximações construtivistas aos processos de ensino e aprendizagem, são
considerados particularmente adequados para o ensino superior onde o objectivo é a
aquisição de conhecimento avançado, em particular nas fases intermédias e finais
dos programas de pré-graduação, como defendido por Jonassen et al. (1993) num
“Manifesto para uma aproximação construtivista ao uso de tecnologia no ensino
superior”.
Jonassen (1997) sistematiza as qualidades que o processo de ensino e
aprendizagem deve possuir de forma a fomentar uma aprendizagem significante
(meaningful) e que, portanto, podem fornecer orientações para a prática pedagógica
no ensino superior e para a concepção de ambientes de aprendizagem. O processo
de ensino e aprendizagerm deve possuir as seguintes qualidades que se interligam:
- Colaborativo
Criando condições e estimulando, contribuições, naturalmente
diferenciadas, de cada membro da comunidade em aprendizagem de forma
observável e partilhada, constituindo contributos eficazes para as
aprendizagens a nível individual. Trata-se de facilitar a exploração de
capacidades entre os alunos como uma forma natural de aprender em
comunidade de aprendizagem e de construção de conhecimento.
- Conversacional
Promovendo e facilitando um processo social e dialógico de construção de
sentido e de conhecimento, promovendo a participação dos alunos numa
comunidade de construção de conhecimento e o desenvolvimento de
múltiplas perspectivas sobre a realidade e de múltiplas soluções para a
resolução de tarefas e problemas.
- Reflexivo
Promovendo a auto-avaliação, a confrontação com os resultados dos
membros da comunidade e a articulação com as decisões tomadas e as
estratégias seguidas, conduzindo a uma melhor compreensão da realidade
estudada e tornando o que se aprende mais adaptável a outras situações.
- Contextualizado
Situando as actividades de aprendizagem a desenvolver em relação a
tarefas reais ou simuladas com base em casos, problemas ou questões e
proporcionar uma aprendizagem melhorada e mais transferível para outras
287
Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior
situações. Contextos úteis e diversos oferecem a base para os alunos
praticarem o desenvolvimento de conhecimento e de competências
relevantes no mundo real.
- Complexo
Confrontando os alunos com a natureza complexa e pouco estruturada de
problemas reais, de forma a evitar o desenvolvimento de visões simplistas
da realidade e proporcionando uma compreensão de múltiplas perspectivas
sobre os problemas e soluções no mundo real.
- Intencional
Articulando os objectivos dos alunos com o processo de aprendizagem,
contribuindo para um comprometimento activo e intencional dos alunos no
cumprimento de objectivos cognitivos. O processo deve explicitar,
clarificar e articular finalidades para as tarefas, actividades e em geral para
todo o processo de aprendizagem em que participam os alunos.
- Activo e Manipulativo
Envolvendo os alunos em processos mentais de processamento de
informação, de cujo resultado são responsáveis e que incluem a
possibilidade de construir um produto, de tomar decisões, de modificar
parâmetros e de utilizar ferramentas que de alguma forma simulem
experiências do mundo real.
- Construtivo
Confrontando os alunos com experiências de aprendizagem, apoiados
pelos docentes e/ou pelo grupo em aprendizagem, que lhes exijam a
construção de conhecimento, integrando novas ideias em conhecimento
anterior (considerando e valorizando a experiência prévia), acrescentando
sentido e desenvolvendo representações mais complexas da realidade.
A concepção de ambientes de ensino e aprendizagem pode ser inspirada e
concretizada tendo por base referências conceptuais que determinem os seus
requisitos no quadro da educação contemporânea. Uma proposta abrangente e
detalhada que constitui um importante referencial teórico para a concepção de
ambientes de ensino e aprendizagem distribuídos são os ambientes construtivistas
de aprendizagem – ACA (ou constructive learning enviroments - CLE) (Jonassen,
1997).
Os ACA são baseados em princípios construtivistas da aprendizagem que
contrastam com princípios comportamentalistas e objectivistas que pressupõem que
o conhecimento relevante pode ser embebido no processo de ensino e transferido
para o aluno em qualquer contexto (Jonassen & Rohrer-Murphy, 1999).
Os ACA podem ser definidos como sendo ambientes que proporcionam uma
intervenção do sujeito em aprendizagem em processos envolvendo uma interacção
com outros actores do processo de aprendizagem, docentes, alunos ou outros
actores, e, através do desenvolvimento de actividades e da interacção com
conteúdos num contexto credível e partilhável, os ACA são orientados à actividade
como geradora de aprendizagens (Jonassen & Rohrer-Murphy, 1999).
288
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Os ambientes de aprendizagem devem, de acordo com este referencial,
suportar processos de aprendizagem com as qualidades, já apresentadas, de serem
colaborativos, conversacionais, reflexivos, contextualizados, complexos,
intencionais, activos e manipulativos e construtivos.
Os ACA devem integrar componentes, estruturar actividades e disponibilizar
ferramentas de apoio ao processo de aprendizagem. Devem proporcionar
experiências de aprendizagem baseadas em problemas ou projectos e para tal serem
constituídos pelos seguintes componentes:
- Contexto
- Representação / Simulação
- Espaço de Manipulação
As principais actividades instrucionais associadas a estes ambientes são a
modelagem (modelling), o treino (coaching), o andaimamento (scaffolding) e a
autonomização (fadying).
A modelagem tem como principal função mostrar ao aluno como conseguir
praticar as actividades necessárias para levar a cabo uma tarefa ou objectivo. A
ideia é ajudá-lo a articular o raciocínio com as tomadas de decisão envolvidas em
cada passo do processo.
O treino tem como principal função intervir nos pontos críticos da instrução
para fornecer ao aluno encorajamento, diagnóstico, direcção e feedback. Varia entre
a simplicidade do fornecimento apropriado de sugestões pré-programadas e a
complexidade de proporcionar aos indivíduos ferramentas para a análise da sua
actividade e ajuda na sua orientação.
O andaimamento tem como principal função ajudar o aluno ao nível do seu
desempenho em tarefas. O andaimamento tem que tomar em conta os aspectos
sistémicos que podem afectar o desempenho e focar-se na tarefa, no ambiente, no
docente e principalmente no aluno.
A autonomização tem como principal função assegurar que o ambiente de
aprendizagem proporciona, a prazo, aos alunos, um desempenho autónomo.
As principais ferramentas de construção de conhecimento associadas aos ACA
são:
- Ferramentas de representação do problema
- Ferramentas de modelagem estática ou dinâmica
- Ferramentas de suporte do desempenho
- Ferramentas de recolha de informação
- Ferramentas de conversação e colaboração
Os ambientes de aprendizagem podem oferecer condições para o processo de
ensino e aprendizagem ocorrer num contexto social através de colaboração,
negociação, debate, avaliação, interacção e mentoring. A colaboração, em
particular, ajuda os alunos a validarem as experiências de aprendizagem e exige um
nível de articulação que promove uma construção colectiva de conhecimento e uma
compreensão aprofundada do que está a ser estudado (Grabinger & Dunlap, 2000).
A implementação de programas educacionais baseados nos princípios do
ensino e da aprendizagem distribuída é pressuposta basear-se em ambientes
289
Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior
tecnológicos em rede, nomeadamente na Internet, mas compreender, no entanto,
outras situações, dispositivos e meios de suporte. A relevância de um ambiente
online não deve ser redutora da concepção pedagógica embora “um dos mais óbvios
equívocos sobre cursos online é a que eles devem acontecer em frente a um
computador” (Paulsen, 2003b, p. 4).
4.
Novo modelo de aprendizagem
Sendo a organização do ensino superior e as IES, portadoras de uma
concepção essencialmente mecanicista dos sistemas de ensino, com origens na
sociedade industrial e nas perspectivas de base tayloristas da organização da
produção, estamos actualmente num quadro de reconhecimento e valorização de
outras concepções do processo de ensino e aprendizagem em que a metáfora
representativa é a rede e em que, em oposição à tradicional ênfase na transmissão,
na memorização, nos conteúdos e numa aprendizagem isolada, se contrapõe uma
aprendizagem construída, situada num contexto, em interacção e em comunidade
(Hills & Tedford, 2003). Estamos, pois, num quadro de mudança de paradigma e de
referências, com implicações na organização do sistema de ensino e na prática dos
processos de ensino e aprendizagem, também extensíveis ao subsistema de ensino
superior.
Transpondo os conceitos de Modo 1 e Modo 2 de produção de conhecimento
propostos (Gibbons et al., 1994), para o ensino e aprendizagem, Hills e Tedford
(2003) argumentam que as TIC e a Internet, em particular, oferecem crescentes
capacidades de representar conhecimento explícito, Modo 1 e de facilitar e
massificar a sua disponibilização, potenciando a necessidade de uma transição de
paradigma de ensino e aprendizagem para o Modo 2, mais dependente da
intervenção dos docentes, com aproximações pedagógicas adequadas como sejam a
aprendizagem por casos, pela resolução de problemas ou por projectos.
Embora não questionando a importância e o valor da aprendizagem Modo 1, o
Modo 2 é defendido como a base para uma proposta de mudança de paradigma de
ensino e aprendizagem no ensino superior (Hills & Tedford, 2003). As
características apresentadas para este novo paradigma estão sistematizadas na
Figura 2.
290
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figura 2 – Evolução de paradigma para a aprendizagem no ensino superior, do tradicional,
modo 1, para o novo, modo 2 (Hills & Tedford, 2003)
As tecnologias educativas são também defendidas como podendo suportar, de
forma mais efectiva, a construção de conhecimento no ensino superior e a
promoção de aprendizagens relevantes, com sentido, se utilizadas como ferramentas
cognitivas de amplificação das capacidades mentais, apoiando a interpretação e a
organização do conhecimento pessoal do aluno e não, como tradicionalmente
acontece, apenas como meios de envio de informação, como comunicadores de
conhecimento ou tutores de alunos (Jonassen et al., 1998; Jonassen, 1994).
Estas ferramentas cognitivas com as quais o aluno aprende (e não a partir das
quais aprende) são, pois, aplicações de TIC que, quando usadas pelos alunos para
representar o que eles conhecem, envolvem os alunos necessariamente em
pensamento crítico e reflexivo sobre os conteúdos em estudo. Constituem-se como
soluções de andaimamento cognitivo que suportam diferentes formas de raciocínio
sobre os conteúdos e exigem que os alunos pensem sobre o que conhecem de
diferentes formas relevantes. Podem ser consideradas várias classes de aplicações
que podem ser utilizadas como ferramentas cognitivas e suportar aproximações
pedagógicas, incluindo: ferramentas para organização semântica, como bases de
291
Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior
dados e mapas de conceitos; ferramentas de modelação dinâmica, como folhas de
cálculo, sistemas periciais e ambientes de modelação de sistemas; ferramentas de
interpretação de informação; ferramentas de construção de conhecimento, como
sistemas hipermedia, hipertexto e de gestão de conhecimento; e ferramentas de
conversação e colaboração, síncronas e assíncronas.
A necessidade de um novo modelo de referência para os processos de ensino e
aprendizagem é sistematicamente associado à utilização de TIC em educação que
deve ser acompanhada do repensar e redesenhar desses processos (Garrison &
Kanuka, 2004; Collis & Nijhuis, 2000; Brown, 1998). A mudança de paradigma
necessária é, muitas vezes, apresentada como a mudança para uma abordagem
colaborativa no processo de ensino e aprendizagem, também designada como
aprendizagem colaborativa em rede ou simplesmente aprendizagem em rede
(Harasim, 2000).
Jonassen (1994) argumenta, com razões empíricas e filosóficas, que o melhor
uso das TIC em educação será não como mediadoras do processo de ensino e
aprendizagem, transportando a informação e o conhecimento, mas antes como
ferramentas cognitivas com as quais o aluno aprende.
5.
Desafios e Oportunidades
A utilização de TIC no ensino superior tem sido caracterizada pelo facto das
aplicações serem mais conduzidas pela tecnologia que pelos utilizadores, aplicações
que têm suportado fundamentalmente as abordagens académicas tradicionais (Dirr,
1999). O que ilustra bem as dificuldades das IES em aproveitar todo o potencial das
tecnologias e dos recursos disponíveis quer para alunos quer para docentes.
Em Portugal, a nível da formação inicial de professores, em que o uso de
novas tecnologias e metodologias devia ser particularmente pertinente, são também
identificados níveis ainda reduzidos de incorporação das TIC. “As TIC
desempenham um papel real, embora ainda modesto, nos cursos de formação inicial
de professores em Portugal” (Ponte & Serrazina, 1998, p. 46). Num estudo mais
recente, realizado por Matos (2004), também relativo à utilização de TIC na
formação inicial de professores em Portugal, conclui-se que apesar da presença das
TIC nos currículos, quer, de modo explícito, em disciplinas dedicadas, quer, de
modo implícito, em disciplinas que utilizam as TIC de forma intensa ou reflectem
sobre o seu uso em educação, continua a registar-se um défice de integração real
das TIC em muitas das disciplinas dos cursos de pré-graduação nos currículos de
formação.
Os rápidos desenvolvimentos tecnológicos criam dificuldades às IES em
responder às oportunidades e desafios que lhes são colocadas. As TIC, como a
Internet ou as comunicações sem fios, tiveram em vários sectores de actividade um
papel de ruptura, no sentido que provocaram alterações radicais nas formas de
funcionamento das organizações envolvidas e dos próprios sectores. Estas mesmas
292
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
tecnologias têm o potencial de provocar mudanças similares no sector da educação
(Bates, 2001b).
A compreensão dos processos de inovação associados às TIC pode ajudar a
promover este tipo de mudanças, contribuindo para a necessidade de diferenciar o
sistema educativo nacional como forma de evolução e desenvolvimento (Carneiro,
2000). A nível nacional é ainda referenciada a necessidade de estudos sobre o
ensino superior que perspectivem uma reorganização do sistema, contemplando os
desafios da sociedade do conhecimento, já que as IES precisam de redefinir a sua
missão e funções (Simão, 2003). Na perspectiva de que as IES têm um papel central
a desempenhar no desenvolvimento de uma sociedade baseada no conhecimento, a
exacta natureza desse papel e as consequentes necessidades de adaptação não são,
no entanto, suficientemente claras (Amaral & Maassen, 2002). A mudança nos
processos de ensino e aprendizagem nas IES adquire particular actualidade com o
desenvolvimento do processo de Bolonha (CME EECM?)
No estudo da adopção de PeL nas IES, a consideração do papel institucional
(Figura 3) deverá ser particularmente determinante quando está em causa a adopção
de sistemas que permitem o desenvolvimento de ambientes ensino e aprendizagem
que podem ser adequados para suportar qualquer tipo de disciplina, cuja exploração
é melhorada quando integrados com outros sistemas como os de gestão académica,
que implicam, em geral, uma exigente gestão de tecnologia e serviços de suporte
adequados, que requerem uma articulação entre diferentes serviços das IES e que
produzem resultados muito dependentes do tipo e nível de utilização pelos
docentes.
Por outro lado, neste quadro de mudança tecnológica que envolve a adopção
de sistemas altamente configuráveis pelos docentes para atingir aplicações finais,
num ambiente organizacional complexo, com múltiplos contextos disciplinares de
exploração, e em que a mudança significa a redefinição de actividades centrais à
organização, o ensino a nível das licenciaturas, parece pertinente compreender o
papel institucional como necessariamente condicionante das mudanças pedagógicas
desejáveis e do sucesso do processo de inovação.
293
Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino
Superior
Figura 3 – Modelo do processo de mudança associado à adopção de Ambientes de
Aprendizagem nas IES (adaptado de Orlikowski, 1993)
A adopção e utilização de tecnologias de informação nos locais de trabalho
mantêm-se como uma preocupação central da investigação e prática em sistemas de
informação (Venkatesh & Davis, 2000). Os desenvolvimentos nas capacidades do
equipamento e das aplicações têm sido significativos mas, mesmo quando
adoptados, prevalece o problema da subutilização dos sistemas instalados. A
compreensão e a criação das condições sob as quais os sistemas de informação são
incorporados pelas organizações humanas constitui, ainda de acordo com estes
autores, um domínio de investigação prioritário.
6.
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296
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 297
Um Sistema de Informação Criativo
baseado na técnica de criatividade
“whiteboard”
Henrique S. Mamede1, Vitor Santos2
[email protected], [email protected]
1
Universidade Aberta, Lisboa, Portugal
2
Microsoft, Lisboa, Portugal
Resumo: A capacidade de inovar é um factor decisivo na concorrência entre
empresas. Por esta razão o estudo e concepção de sistemas que ajudem ao
nascimento de novas ideias, produtos e soluções tem crescente importância.
Uma via potencialmente atractiva é a de construir sistemas de informação
inspirados em técnicas de criatividades existentes e de utilidade comprovada.
Neste artigo, os autores apresentam uma proposta de arquitectura para um
Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade
“whiteboard”
Palavras-chave: Inovação, Sistemas de Informação, Pensamento Criativo,
Arquitectura
Introdução
Existe uma grande variedade de técnicas de criatividade que ajudam ao
pensamento criativo e uma vasta panóplia de ferramentas de suporte a algumas
dessas técnicas [1] [2] [6].
Todas as técnicas de criatividade têm pontos fortes e pontos fracos e são mais
ou menos úteis conforme o problema concreto. Considerando que a capacidade de
inovar é cada vez mais um factor decisivo na competição empresarial e, até,
pessoal, o estudo e concepção de sistemas que ajudem à criação e inovação têm
crescente importância [3].
Neste contexto, a hipótese de recorrer à capacidade dos sistemas informáticos,
baseados em técnicas de criatividade conhecidas ou em adaptações das mesmas,
para ajudar a produzir novas combinações, dar respostas inesperadas, originais,
297
Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade
“whiteboard”
úteis e satisfatórios, dirigidas a uma determinado contexto apresenta-se como algo
de extremamente desafiante.
Neste artigo, retomamos o conceito de “Sistema de Informação Criativo”,
mostrando que à arquitectura genérica podem ser aplicadas outras técnicas de
criatividade [4]. Desta forma, neste artigo apresentamos uma proposta de
arquitectura concreta para um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica
de criatividade denominada por whiteboard [5].
O Sistema de Informação criativo
Entende-se por “Sistema de Informação Criativo” (SIC) um sistema
informático que, perante um problema concreto, num dado contexto e aplicando
uma técnica de criatividade adequada, gera automaticamente um conjunto de
respostas, para solução desse problema, potencialmente inovadoras [4]. Este tipo de
sistemas de informação propostos não cobrem todo o ciclo de desenvolvimento do
processo criativo, mas permitem a automatização de toda a parte de aplicação
directa das técnicas de criatividade, com maior ou menor grau de sofisticação. Num
sistema medianamente sofisticado a parte final será realizada por um utilizador
humano, pois carecerá de uma análise que permita determinar, de entre as soluções
geradas, aquelas que efectivamente podem ser utilizadas como soluções para o
problema ou possam constituir-se mesmo como novas oportunidades. Em sistemas
mais sofisticados a intervenção humana na análise das respostas poderá ser
progressivamente substituida por processo automáticos.
298
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Definição e Input
Problema e Contexto
Motor de Aplicação de
Técnica Criativa
Geração de Respostas
Output Soluções ou
Respostas para Análise
Figura 1 – Esquema genérico de um SIC
Assim, para poder funcionar, um tal sistema de informação tem de receber
como ponto de partida os inputs mínimos necessários, nomeadamente a
especificação do problema, o contexto e as restrições às soluções geradas.
As respostas são geradas com recurso a uma ou mais técnicas de criatividade
ou pela combinação das mesmas adaptadas de forma a poderem ser implementadas
através de aplicações informáticas, com maior ou menor grau de sofisticação.
Em princípio, todas as técnicas de criatividade conhecidas podem ser
implementadas com maior ou menor dificuldade de adaptação, sem condicionantes.
As respostas ou soluções geradas pelo sistema podem ser propostas de solução
directas ou indirectas. Entendemos por solução directa aquela que possui uma
aplicabilidade imediata na resolução do problema. Entendemos por solução
indirecta aquela que não pode ser imediatamente aplicada mas que tem potencial
para conduzir ao aparecimento de uma solução directa. O grau de sofisticação do
sistema pode ser medido pelo tipo de resposta que fornece ser mais ou menos
directo.
299
Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade
“whiteboard”
Uma arquitectura de um SIC baseado na técnica whiteboard
A arquitectura para um sistema de informação criativo que propomos neste
artigo baseia-se na técnica whiteboard [5] Esta técnica, muito simples, tem por base
um processo de associação de palavras, num determinado contexto, para a geração
de questões que conduzam a novas ideias. A forma de realizar este processo
consiste em reunir um grupo de pessoas que entendem o contexto e que escrevem
palavras em pequenos papéis que afixam num quadro, todos em simultâneo. Após
todos terem terminado, o quadro conterá imensas palavras relacionadas com o
contexto. Estas podem depois ser agrupadas, formando frases com 2 ou mais
palavras, até que algumas possuam algum sentido, sendo potencialmente ideias
novas ou questões que despoletem novas ideias. A implementação que propomos
para esta técnica desenvolve-se em três passos, como se referem:
Passo 1 – escolher várias palavras de forma aleatória
Passo 2 – forçar ligações entre as palavras obtidas
Passo 3 – listar as ideias obtidas e analisá-las.
A estratégia de construção de um SIC baseado nesta técnica passa pela
concepção de um sistema automático, auxiliado por um certo número de
ferramentas, capaz gerar um conjunto de frases que, depois de analisadas por um
utilizador, possam conduzir à criação de uma nova ideia. Muitas das frases obtidas
serão descartáveis simplesmente por não terem sentido. Estarão sintacticamente
correctas, mas carecem de significado, pelo que a intervenção do utilizador humano
é, aqui, fundamental.
Para que tal venha a ser possível, é fornecido ao sistema um contexto, pelo
utilizador. Este contexto será depois utilizado mais tarde, na fase de composição
final das frases, na tentativa de gerar uma nova ideia baseada no contexto do
utilizador.
Simultaneamente, é gerado um conjunto de palavras de forma perfeitamente
aleatória, mas tomando por base o contexto fornecido. O conjunto gerado pode ter
uma cardinalidade maior ou menor, sabendo-se à partida que quantos mais
elementos existirem no conjunto, maior será a hipótese de serem geradas ideias que
poderão ser aproveitadas.
300
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figura 2 – Arquitectura global de um sistema de informação criativo baseado
em whiteboard
Uma vez na posse de todos estes elementos, o sistema está em condições de
poder passar à geração das frases que terão, também elas, uma estrutura
predeterminada. São, então, constituídas pelo contexto, e combinações com
palavras de entre as que foram determinadas. As frases irão sendo geradas e
apresentadas ao utilizador para análise, estimando-se que apenas uma muito
pequena percentagem das mesmas possa ter algum significado para o mesmo. No
entanto, essas serão fruto de combinações exclusivamente aleatórias, sem qualquer
base em outras ideias previamente existentes e que condicionem a geração.
Para a implementação desta arquitectura, torna-se assim possível determinar
quais os elementos que terão de constituir o cerne do nosso sistema de informação
criativo. Iremos necessitar de um gerador aleatório de palavras, de um elemento
capaz de determinar características dos objectos e um módulo com capacidade de
combinar todos esses elementos com as palavras-chave que descrevem o contexto,
gerando as frases.
301
Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade
“whiteboard”
Os elementos que constituem a arquitectura proposta neste documento estão
representados na figura 2. O elemento central do sistema é um módulo capaz de
combinar os objectos e suas características com as palavras que descrevem o
contexto em que se pretende a geração de novas ideias e um verbo, dando assim
origem a uma frase que propõe uma nova ideia, ou não. Para a determinação das
características a utilizar, o sistema efectua a geração de objectos, baseado num
dicionário. Para cada um desses objectos, são depois determinadas características
dos mesmos, tendo por base um dicionário que pesquisa na Internet e armazena
para posterior referência, as referidas características.
Figura 3 – Arquitectura detalhada de um sistema de informação criativo
Estas são transferidas para o combinador que as conjuga com as palavraschave que descrevem o contexto do utilizador e com um verbo, que é obtido, por
302
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
sua vez, num dicionário próprio. Com a capacidade de combinar estes elementos, é
gerado um conjunto de frases que são depois analisadas pelo utilizador, sendo que
recolherá aquelas que sejam capazes de representar efectivamente uma nova ideia
ou proposta e descartará todas as restantes.
Conclusão e Trabalho Futuro
Já tinha sido referido que é possível utilizar um sistema de informação que
suporte as funções mais automáticas do processo criativo, implementando
diferentes técnicas ligadas ao mesmo. Neste artigo demonstrámos que é possível
essa implementação, com a aplicação de uma técnica de criatividade denominada
por whiteboard. Outras técnicas concretas poderão ser aplicadas, reforçando a
demonstração prática da aplicabilidade deste tipo de sistema de informação.
Apontamos a construção efectiva de um sistema que implemente a arquitectura
agora proposta como trabalho a desenvolver no futuro
Coloca-se também a possibilidade do desenvolvimento de novos sistemas de
informação criativos com base em novas ideias que possam surgir com esta
proposta.
Referências
[1]
Lista
de
técnicas
http://www.mycoted.com/creativity/techniques/
de
criatividade,
[2]
Técnicas
de
pensamento
criativo
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Participação e o Comprometimento do Corpo Gerencial de uma Empresa com
o Planejamento Estratégico. Tese de Mestrado em Criatividade Aplicada
Total, Universidade de Santiago de Compostela.
[4] Mamede, H. S., Santos, V. (2005). Uma Arquitectura para um Sistema de
Informação Criativo. 6ª Conferência da Associação Portuguesa de Sistemas de
Informação, Bragança, Portugal
[6]
[5] Clegg, B., Birch, P. (1999). Instant Creativity. Kogan Page, London, UK
Técnicas
para
pensamento
criativo,
http://members.optusnet.com.au/~charles57/Creative/Techniques/
303
Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade
“whiteboard”
304
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 305
La Formación a Distancia y las
Organizaciones Portuguesas
Maria do Rosário Alves de Almeida
[email protected]
Universidade Aberta, Lisboa
Resumen: Se destaca la importancia determinante de la Formación a
Distancia (FaD) para las empresas y para los trabajadores en el contexto
actual de internacionalización del mercado de trabajo y de fuerte agresividad
del mercado global.
Se han sintetizado algunos datos estadísticos recopilados de un trabajo de
investigación desarrollado y destinado a conocer la realidad y el impacto de
las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TICs) en las
organizaciones portuguesas, principalmente en lo que concierne a FaD.
Se ha verificado también que las expectativas para la adopción de FaD por las
organizaciones portuguesas son muy bajas.
Palabras-clave: Formación a Distancia; Tecnologías de la Información y la
Comunicación; Recursos Humanos.
1. Introducción
La globalización de la economía y el rápido avance de las Tecnologías de la
Información y la Comunicación (TICs) han modificado y exigido más y mejores
competencias y capacidades de la fuerza de trabajo, centrando la atención en la
mejora de la formación a través de la implementación de programas y contenidos
innovadores. El desarrollo y consecución de esos programas ha comportado y
creado ventajas añadidas, tanto a los trabajadores de las empresas, que adquieren
potencialidades profesionales para enfrentar las fluctuaciones del mercado de
trabajo, como a las empresas, que generan ventajas competitivas en el agresivo
mercado global donde se incluyen.
El conocimiento es factor determinante de ventaja competitiva para las
empresas, desempeña un papel creciente en la creación de valor y de riqueza
(Stewart, 1998). En esta perspectiva, reviste primordial importancia proceder a una
buena gestión del capital intelectual, a través de la optimización de la inversión en
capital humano y racionalización de los costes.
305
La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas
Invertir en capital humano significa equipar a las empresas con talentos,
capacidades, conocimientos e ideas que se pueden obtener por la vía del
reclutamiento externo y fundamentalmente por el activo intangible “formación
continua”, adecuada a la empresa e impartida a los trabajadores, los cuales se
convertirán en valiosos stocks de conocimiento.
2. La Importancia de la Formación a Distancia
En todo el mundo se están verificando cambios significativos en el mercado de
trabajo, con fuertes implicaciones para todos los participantes. Particularmente las
empresas cada vez exigen más de la formación de sus trabajadores y tienden a
atribuir importancia decisiva al conocimiento. Tofler (1980) considera el
conocimiento definido en sentido lato (incluyendo la información, símbolos, datos,
cultura, ideología, valores) como el recurso central de la Tercera Era. Por su lado,
Kearmally (1999) considera como nuevos recursos económicos y factores de
producción no sólo el conocimiento sino también las “competencias centrales” de
cada área de negocio y los propios clientes. Este contexto cambiante presupone
transformaciones significativas en las formas de estar y de enfrentar el mercado
global en el que trabajadores y empresas están incluidos.
Son múltiples y diferenciadas las variables que están influyendo en el
desarrollo de la Formación a Distancia (FaD). Podremos destacar variables de
características eminentemente tecnológicas, económicas, sociales y también
preocupaciones de carácter pedagógico.
Las variables tecnológicas están transformando de manera decisiva los
caminos de la FaD, mediante la utilización de las nuevas tecnologías de la
información, de las comunicaciones y de la informática. La FaD, a través de las
TICs, articula el desafío de relanzar nuevos canales y oportunidades de formación y
aprendizaje, individualizado o no, desde la edad escolar y durante todo el ciclo vital
del individuo.
Desde un punto de vista económico, el conocimiento se considera cada vez
más como un factor de producción. De esta manera, a los tres factores tradicionales
de producción (tierra, mano de obra y capital) habría que añadir un cuarto, que es el
conocimiento. Este aspecto presupone que la importancia del conocimiento
continuará creciendo y que tener acceso a fuentes de información determinará el
grado de competitividad, la riqueza de las naciones, de las empresas y de los
individuos (Moore, 2001).
En el contexto altamente competitivo del mercado, urge que la FaD se adapte a
todos los parámetros de naturaleza cultural, económica, financiera y social que
caracterizan el medio envolvente, teniendo en cuenta las interligaciones al mundo
global. La escuela tradicional también se va adaptando, utiliza cada vez más las
TICs y camina, paralelamente, hacia el desarrollo de áreas de FaD para cumplir los
objetivos de proveer a la sociedad, principalmente al mundo empresarial, el capital
306
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
humano adecuado y competente en la lógica del saber hacer y de enseñar a
comprender (Stone, 2001).
Reflexionando en términos de mercado, podremos mencionar cuatro públicosobjetivo con mayor probabilidad de adhesión a la FaD:
• Los individuos, con cualquier nivel de enseñanza, que deseen
complementar sus estudios tradicionales con cursos que mejoren su
preparación al mercado de trabajo;
• Los trabajadores de las empresas que deseen individualmente progresar en
sus carreras;
• Los cuadros directivos, no sólo para asegurar el puesto de trabajo sino
también para tener mayor flexibilidad en la rotación profesional interna y
externa;
• En el ámbito empresarial, considerando la formación enfocada al cliente,
el target puede ser los trabajadores, los clientes y los propios proveedores.
Se añade también que, en el momento actual, en que la escasez de tiempo y la
minimización de los costes son preocupaciones dominantes de los gestores, la vía
más rápida y menos dispendiosa para conseguir mejores resultados formativos
podrá ser la FaD, materializada en el mundo conectado a ciberespacios, a proyectos
de intercambio del saber, utilizando herramientas como el correo electrónico, la
videoconferencia, el groupware, las redes de datos, las plataformas de e-learning y
los portales de formación.
Por otro lado, los productos y los servicios disponibles en el mercado son
tecnológicamente cada vez más sofisticados, con múltiples funciones que podrán
ser comprendidas y entendidas a través de acciones de formación impartidas a los
clientes para optimizarlas. No es probable que las empresas inviertan elevados
montantes en acciones de formación presencial a los clientes, pero podrán utilizar
las potencialidades, la accesibilidad, los costes más bajos y todas las otras ventajas
ofrecidas por la utilización de la WEB, como seminarios virtuales y formación
asincrónica.
Si consideramos aún que, en el mercado global, los lazos que unen a
trabajadores y empresas y la seguridad del puesto de trabajo se vuelven cada vez
más frágiles, es evidente que existen objetivos de mercado potenciales en
trabajadores de diversos niveles que necesitan no sólo un reciclaje corriente y
tecnológico, sino también un aumento de habilitaciones académicas en sus CV –
postgraduación, especializaciones, MBAs, doctorados y postdoctorados.
Para satisfacer esos mercados, el proceso de FaD podrá constituir un factor
crítico de éxito en la diseminación del conocimiento, a través de contenidos
innovadores y de los diferentes “micro contextos educativos, configurados por las
diversas relaciones que pueden establecerse entre los elementos educativos, la
naturaleza de diferentes mediadores (el profesor y el soporte tecnológico), el
proceso de creación de estos contextos virtuales o las dimensiones que puede
adquirir un contexto de enseñanza y de aprendizaje virtual” (Barberà et al, 2001).
307
La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas
Otros aspectos de carácter social, transformaciones demográficas,
modificaciones climáticas y ambientales han ejercido y podrán ejercer en el futuro
influencias dinámicas al desarrollo de la FaD.
3. Investigación Empírica
3.1. Marco General
A efectos de conocer el impacto de las TICs en la Dirección de los Recursos
Humanos (DRH) en las organizaciones portuguesas, se elaboró el Cuestionario “La
Dirección de Recursos Humanos – Impacto del as Tecnologías de Información y
Comunicación” que fue remitido a una muestra representativa de organizaciones, en
la que se integraron empresas e instituciones de muy diversos sectores de actividad,
así como de diferente dimensión y titularidad. La información recopilada fue tratada
mediante la aplicación de diversas técnicas estadísticas a efectos de garantizar la
validez y fiabilidad de los resultados, con el objetivo de garantizar la solidez de las
conclusiones.
La unidad estadística de la Muestra-Objetivo es la organización económica o
socioeconómica con actividad en Portugal.
El trabajo de campo se efectuó durante los 5 meses transcurridos entre 1 de
noviembre de 2003 y 30 de marzo de 2004.
De las 1.200 organizaciones a la que se remitió el Cuestionario se obtuvieron
224 respuestas, correspondiendo una tasa respuestas de 18,6%.
Todos los cuestionarios recibidos han sido analizados uno a uno y, en caso de
dudas o de respuestas incompletas, se contactó por teléfono para completar la
información recogida. A pesar de este esfuerzo, 32 cuestionarios fueron anulados
debido a la precariedad de la información y la omisión de un contacto. Con lo que el
número de cuestionarios válidos quedó finalmente establecido en 192.
De los resultados del trabajo empírico serán destacados sólo los que tienen
mayor relevancia en el universo de la FaD.
De las organizaciones que contestaron, apenas 41 (21% de la muestra)
desarrollaron FaD y, de éstas, la mayor parte (49%) pertenece al grupo de Grandes
Empresas, siendo su frecuencia (20) superior a lo esperado. Las PYMEs tienen 39%
y las Microempresas 12% de respuestas afirmativas. La distribución de las
organizaciones por sectores de actividad se traduce de forma equilibrada,
destacándose las “Actividades Inmobiliarias, Alquileres y Servicios Prestados a las
Empresas” con 29,3%.
Analizando la significación del test Chi-cuadrado de Pearson (inferior a 5%),
se verifica que existe correlación entre la Formación a Distancia observada y la
308
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
dimensión de las organizaciones; o con otras palabras, las Grandes Empresas
presentan mayor propensión a suministrar FaD.
3.2. Expectativas de la Formación a Distancia a Corto Plazo
Con respecto a las expectativas para la adopción de FaD por parte de las
organizaciones, se destaca que, de las 141 entidades que respondieron, 66,7% no
tienen planes y 14,9% manifestó no tener necesidad. En este contexto, si no se dan
acciones de información y sensibilización destinadas a las organizaciones sobre las
ventajas esenciales del proceso de FaD, no se espera un crecimiento significativo
(Gráfico 1).
Gráfico 1.
Expectativas de FaD
160
120,0%
140
100,0%
120
66,7%
100
80,0%
N. 80
60,0%
60
40
20
Frecuencia
40,0%
12,8%
14,9%
5,7%
20,0%
0
Porcentaje
0,0%
En 2004 o 2005 A partir de
2006
No tiene
No tiene
planes
necesidad
Total
Fuente: Elaboración propia
3.2. Empleados que Participaron en Acciones de Formación a Distancia
Sobre el número de empleados participantes en acciones de Formación a
Distancia, respondieron apenas 36 organizaciones con una media de 588 empleados
y con elevada dispersión (Desviación típica = 1.776,86 y Coeficiente de Variación
= 302%). Estos valores indican la existencia de fuerte desigualdad y diversidad
entre las organizaciones.
“Índice de Participación en Acciones de Formación a Distancia” y “Tipo de
Organización: Microempresa, PYME y Gran Empresa”
Para intentar la uniformización de las variables se ha procedido al cálculo de
los porcentajes a partir del cociente “Número de empleados participantes en
309
La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas
acciones de Formación a Distancia / Total de empleados de la organización”. Esta
variable ha sido designada “Índice de participación en acciones de Formación a
Distancia” y traduce el esfuerzo de las organizaciones en proporcionar acciones de
Formación a Distancia a sus empleados.
En el Gráfico 2 se pueden observar los “Índices de participación en acciones
de Formación a Distancia”, repartidos por Microempresas, PYMEs y Grandes
Empresas.
Gráfico 2.
Fuente: Elaboración propia
Las medias del “Índice de participación en acciones de Formación a Distancia”
son muy semejantes en las Microempresas y en las PYMEs (cerca de 46%) e
inferiores en las Grandes Empresas (cerca de 31%). Sin embargo, la mediana es
superior en las PYMEs (cerca de 37%), ligeramente inferior en las Microempresas
(cerca de 31%) y menor en las Grandes Empresas (cerca de 16%). Esto quiere decir
que en la mitad de las 13 PYMEs el Índice es igual o superior a 37%.
La distancia Intercuartílica es menor en las Grandes Empresas (cerca de 34%)
que en las Microempresas o PYMEs (cerca de 60%). Pero en la desviación típica
ocurre lo contrario: es mayor en las Grandes Empresas (cerca de 45%) que en las
Microempresas (cerca de 36%) o PYMEs (cerca de 34%). Esto se debe a la
existencia de algunos valores extremos (outliers) muy altos en las Grandes
Empresas.
310
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
“Índice de Participación en Acciones de Formación a Distancia” y “Tipo de
Organización: Pública o Privada”
El Cuadro 1 ilustra el “Índice de participación en acciones de Formación a
Distancia” distribuido por tipo de organización: Pública o Privada.
En este análisis se han apreciado 36 casos válidos, cuya distribución se
presenta en el Cuadro 1: 5 organizaciones públicas y 31 privadas.
Cuadro 1. Resumen de los Casos Procesados
Tipo de
Organización
Válidos
N.
Índice de
participación en
acciones de
Formación a
Distancia
Pública
Privada
(%)
Casos
Valores en
Falta
N.
(%)
Total
N.
(%)
5
17,2
24
82,8
29
100,0
31
19,0
132
81,0
163
100,0
Fuente: Elaboración propia
Hay que subrayar que las instituciones públicas integradas en este estudio casi
no facultan acciones de FaD a sus empleados.
Una posible explicación para que el “Índice de participación en acciones de
Formación a Distancia” sea muy bajo recae en la fuerte restricción del Gasto Público en
Portugal, motivada por el cumplimiento de los criterios del Pacto de Estabilidad y
Crecimiento de la UE.
Tipo y Tiempo de Formación a Distancia
Prosiguiendo el análisis, hay que referir que 51,4% de las organizaciones de la
muestra suministran FaD del tipo mixta (sincrónica y asincrónica) y 48,6%
practican FaD asincrónica.
De las organizaciones que respondieron positivamente a la FaD, 40 desarrollan
acciones de FaD en media hace 3,2 años, presentando una dispersión relativamente
baja. La implementación de acciones de FaD hace poco tiempo puede ser debida a
la generalización reciente de Internet en Portugal.
En el Gráfico 3 puede observarse la frecuencia y la distribución de las
organizaciones en los períodos de tiempo considerados.
311
La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas
Gráfico 3.
Fuente: Elaboración propia
Tiempo de FaD en las Organizaciones
14
35,0%
12
30,0%
22,5%
10
N.
8
25,0%
17,5%
Frecuencia
20,0%
15,0%
6
12,5%
15,0%
4
10,0%
2
5,0%
0
0,0%
Porcentaje
Menos de De 1 a 2 De 2 a 3 De 3 a 4 De 4 o más
1 año
años
años
años
años
“La Organización Desarrolla Formación a Distancia” y TICs
Todavía con la intención de profundizar en el diagnóstico relativo a la
inserción de FaD en las organizaciones que han respondido al Cuestionario, se han
efectuado cruces de la variable “La organización desarrolla Formación a Distancia”
con otras variables relacionadas con las TICs.
En primer lugar se cruzan las variables “La organización desarrolla Formación
a Distancia” y “Porcentaje de empleados que usan ordenadores personales” por
niveles de utilización. Los resultados se pueden observar en el Cuadro 2.
Cuadro 2. La Organización Desarrolla Formación a Distancia y Porcentaje de Empleados que
Usan Ordenadores Personales
0-25% 26%-50% 51%-75% 76%-100% Total
La organización desarrolla
Formación a Distancia
Total
Fuente: Elaboración propia
312
Sí
6
5
2
25
38
No
36
24
10
69
139
42
29
12
94
177
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Este cuadro es esclarecedor, pudiendo concluirse que es en el intervalo de
porcentajes más elevados de los empleados que usan ordenadores personales donde
se concentra el mayor número de organizaciones que desarrollan Formación a
Distancia.
Se cruzan a continuación las variables “La organización desarrolla Formación
a Distancia” y “Porcentaje de empleados que usan Internet” (Cuadro 3).
Cuadro 3. La Organización Desarrolla Formación a Distancia y Porcentaje de Empleados que
Usan Internet
0-25% 26%-50% 51%-75% 76%-100%
La organización desarrolla
Formación a Distancia
Total
Sí
6
2
1
28
37
No
43
15
6
68
132
49
17
7
96
169
Total
Fuente: Elaboración propia
Los resultados se han revelado interesantes por ser similares a los verificados
en el cruce de variables efectuado anteriormente. Es decir, el mayor número de
organizaciones que suministra FaD está también situado en el intervalo de los
porcentajes más elevados de empleados que usan Internet.
Se ha efectuado también el cruce de la variable “La organización desarrolla
Formación a Distancia” con la variable designada “Nivel tecnológico agregado”1.
Los resultados se presentan en el Cuadro 4, destacándose que el mayor número
de organizaciones (35) que desarrollan Formación a Distancia se sitúa en el “Nivel
Tecnológico Muy Elevado + Elevado”, y que las organizaciones que tienen “Nivel
Tecnológico Bajo + Muy Bajo” no desarrollan acciones de Formación a Distancia.
Cuadro 4. La Organización Desarrolla Formación a Distancia y Nivel Tecnológico Agregado
La organización desarrolla
Formación a Distancia
Nivel tecnológico agregado
Total
Muy Elevado + Elevado
35
Medio
6
41
1
Se ha creado una variable designada “Nivel tecnológico agregado” construida a
partir de la pregunta 8 del Cuestionario, “Nivel Tecnológico de la Organización”. En esta
nueva variable el primer nivel ha sido construido a partir de la suma de ”Nivel tecnológico
Muy Elevado” y “Nivel tecnológico Elevado”, el segundo nivel corresponde al “Medio” y
el tercer nivel resulta de juntar “Nivel tecnológico Bajo” y “Nivel tecnológico Muy Bajo”.
313
La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas
Fuente: Elaboración propia
A continuación se evalúa la relación entre la variable “La organización
desarrolla Formación a Distancia” y la variable agregada “Nivel tecnológico
Elevado + Muy Elevado”, una recodificación de la variable “Nivel tecnológico
agregado”. Los resultados conseguidos en las pruebas, del SPSS, se sintetizan en
los Cuadros 5 y 6.
Cuadro 5. La Organización Desarrolla FaD y Nivel Tecnológico Elevado + Muy Elevado
Nivel tecnológico elevado
+ muy elevado
No
Sí
La organización
desarrolla
Formación
Distancia
Observado
Esperado
a
No
Observado
Esperado
Total
Total
Sí
6
35
41
16,7
24,3
41,0
72
78
150
61,3
88,7
150,0
Observado
Esperado
113
191
113,0
191,0
Sig. Exacta
(2-colas)
Sig. Exacta
(1-cola)
,000
,000
Fuente: Elaboración propia
Cuadro 6. Prueba de Asociación Chi-cuadrado
Valor
Chi-cuadrado
de
Pearson
Corrección
de
continuidad(a)
Razón de verosimilitud
Sig. Asint.
(2-colas)
gl
14,837(b)
1
,000
13,488
1
,000
16,491
1
,000
Prueba Exacta de Fisher
Asociación Lineal x
Lineal
N. de Casos Válidos
14,759
1
,000
191
a Calculado apenas para tablas de 2x2
b 0 células (,0%) tiene un número esperado inferior a 5. El n. mínimo esperado es 16,74.
Fuente: Elaboración propia
314
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Con el valor del Chi-cuadrado de Pearson = 14,837 y el P-value asociado
inferior a 0,0005, la prueba es significativa al nivel de 0,01. Así, las variables “La
organización desarrolla Formación a Distancia” y “Nivel tecnológico agregado” no
son independientes. O sea, con base en los resultados del Cuadro 6, se puede inferir
que cuanto más elevado sea el nivel tecnológico de la organización, mayor la
propensión a proporcionar acciones de FaD a sus empleados.
“Índice de Participación en Acciones de Formación a Distancia” y “Nivel
Tecnológico Agregado”
Se ha hecho el cruce de la variable “Índice de participación en acciones de
Formación a Distancia” con el “Nivel tecnológico agregado”.
En este análisis se han considerado apenas 36 organizaciones en dos niveles:
30 dentro del grupo de nivel tecnológico “Muy Elevado + Elevado”, y 6 en el grupo
de nivel tecnológico “Medio”. No se encuentra el nivel “Bajo + Muy Bajo”, porque
en esta encuesta no hay organizaciones en este nivel que desarrollen Formación a
Distancia.
Cuadro 7. Resumen de los Casos Procesados
Nivel tecnológico
agregado
Válidos
N.
Índice de
participación en
acciones de
Formación a
Distancia
Muy Elevado
Elevado
Medio
Casos
Valores en
Falta
(%)
N.
Total
(%)
N.
(%)
+
30
26,3
84
73,7
114
100,0
6
9,7
56
90,3
62
100,0
Fuente: Elaboración propia
A través del Cuadro 8 se verifica que en el grupo de nivel tecnológico "Muy
Elevado + Elevado" la media (41,5) de la variable “Índice de participación en
acciones de Formación a Distancia” es superior a la que existe en el grupo de nivel
tecnológico "Medio" (23,3).
La mediana, en cambio, es inferior en el grupo de nivel tecnológico "Muy
Elevado + Elevado" (23,5) y superior en el grupo de nivel tecnológico "Medio"
(33,1). Como se puede constatar a través del diagrama de cajas, Gráfico 4, esta
transformación se explica por la presencia de un valor extremo de 169,4 en la
categoría "Muy Elevado + Elevado".
315
La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas
Cuadro 8. Estadísticas Descriptivas(a)
Nivel tecnológico
agregado
Índice de participación
en acciones de
Formación a Distancia
Muy Elevado
Elevado
+
Estadísticas
Media
Mediana
Desviación típica
Medio
41,460836
23,453188
,1532
Máximo
169,4915
Mediana
Desviación típica
7,8321762
42,8985960
Mínimo
Distancia
Intercuartílica
Media
Error
Típico
66,8714
23,281161
6,7657969
33,095238
16,5727501
Mínimo
1,0000
Máximo
35,3982
Distancia
Intercuartílica
32,1375
a No hay casos válidos para: Índice de participación en acciones de Formación a Distancia en
Nivel tecnológico agregado Bajo + Muy Bajo
Fuente: Elaboración propia
316
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Gráfico 4.
Fuente: Elaboración propia
Subráyese nuevamente que la categoría Nivel tecnológico “Bajo + Muy Bajo”
no ha sido contemplada en el análisis, ya que las organizaciones pertenecientes a
esta categoría no poseen empleados que hayan frecuentado cursos de Formación a
Distancia.
4. Conclusiones
Son las Grandes Empresas las que suministran el mayor número de acciones
de FaD. Este aspecto podrá relacionarse, por un lado, con la mayor disponibilidad
de recursos tecnológicos y de por otro, con la posibilidad de conseguir costes más
bajos en la formación profesional de sus empleados, que muchas veces están
dispersos geográficamente.
A través del análisis del cruce de variables puede mencionarse que cuanto más
alto sea el nivel tecnológico de la organización, mayor la propensión a la adopción
de FaD.
Los niveles de FaD (21%) practicados por las organizaciones que han
respondido al cuestionario son aún muy bajos, y sin perspectivas de mejora en los
próximos años.
Las instituciones públicas de la muestra revelan niveles más bajos en la
adopción de FaD que las privadas, factores que podrían estar motivados por
procesos de gestión excesivamente centralizados, burocratizados y obsoletos.
317
La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas
En resumen, puede afirmarse que uno de los mayores problemas de las
organizaciones portuguesas detectados en esta investigación parece no residir en la
inversión en tecnología, sino en la inversión en las competencias de los Recursos
Humanos. Sin personas cualificadas, difícilmente las herramientas tecnológicas
podrán ser optimizadas en beneficio de la productividad y de la competitividad de
las organizaciones. Por consiguiente, sin formación profesional y personal
habilitado tampoco será viable la implementación de acciones de FaD en las
organizaciones.
Referencias
Barberà, E., Badia, A., Mominó, J. (2001). La incógnita de la Educación a
Distancia. Barcelona: I.C.E. Universitat Barcelona, Editorial Horsori.
Kearmally, S. (1999). When economics means business. London: Financial Times
Management.
Moore, M. (2001). La educación a distancia en los Estados Unidos estado de la
cuestión, [en línea], http://www.uoc.es.
Stewart, T. (1998). Capital Intelectual – A Nova Vantagem Competitiva das
Empresas. Rio de Janeiro: Editora Campus.
Stone, M. (2001). Llegar a la comprensión mediante el uso de las TIC. Universidad
de Harvard, [en línea], http://www.uoc.es.
Tofler, A. (1980). The Third Wave. New York: William Morrow.
318
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 319
Information Web Audit. Estudio de caso
comparado entre Galicia e Irlanda
Xosé Carlos Macía Arce1
[email protected]
1
Investigador social GIS-T IDEGA, Universidade de Santiago de Compostela,
Avenida das Ciencias s/n, 15782, Santiago de Compostela, España.
Resumen: En el marco del proyecto “Sociedad de la Información y
Desarrollo Urbano Regional. Fundamentos teóricos y análisis de impacto en
regiones periféricas” (Proyecto SINDUR, Referencia SEC2002-01874), el
Grupo de Investigación Socio-Territorial (GIS-T IDEGA) de la Universidade
de Santiago de Compostela desarrolló un producto tecnológico para localizar
y analizar, cuantitativa y cualitativamente, la producción Web en espacios
concretos que se conoce como Information Web Audit. No obstante, la
presente comunicación no tiene por objeto explicar las cuestiones técnicas o
metodológicas para aplicar una Information Web Audit; la intención es
presentar los resultados de un caso de estudio comparado en la Europa
Atlántica, concretamente entre Galicia e Irlanda.
Palabras clave: Sociedad de la Información; Internet; Auditoria producción
Web; Galicia; Irlanda.
1.
Introducción.
En el año 2002, el Grupo de Investigación Socio-Territorial (GIS-T IDEGA)
de la Universidade de Santiago de Compostela recibía la aceptación del Ministerio
de Ciencia y Tecnología, con el nuevo gobierno socialista Ministerio de Educación
y Ciencia, para llevar a cabo los objetivos descriptos en el proyecto “Sociedad de la
Información y Desarrollo Urbano Regional. Fundamentos teóricos y análisis de
impacto en regiones periféricas” (Proyecto SINDUR, Referencia SEC2002-01874).
Este proyecto, dirigido por el Doctor Ferrás Sexto, se centra en el estudio teórico y
empírico de los efectos sociales y territoriales vinculados al desarrollo de la
Sociedad de la Información y a la implantación de las Nuevas Tecnologías de la
Información y la Comunicación en regiones periféricas. Uno de los objetivos de la
investigación es convertir el proyecto en una herramienta técnica de auditoria
territorial en Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación,
319
Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda
respondiendo firmemente a las expectativas del grupo de investigación GIS-T
IDEGA que suele desarrollar metodologías de aplicación en otros territorios.
Precisamente, una de estas metodologías, derivada del proyecto SINDUR, se
centra en analizar la producción y calidad de páginas Web en un territorio concreto,
es decir, se busca la relación entre espacio y producción de contenidos en Internet.
Esta metodología, conocida como Information Web Audit, fue aplicada por primera
vez en el año 2004. En aquella ocasión, el grupo de investigación publicó como
capitulo de libro un informe muy completo sobre la calidad de las páginas Web de
la administración pública local en los 18 municipios principales del Eixo Atlántico1.
Este estudio se conoce como “Sociedade do Coñecemento e Novas Tecnoloxías da
Información no Eixo Atlántico” y fue presentado en Ourense, coincidiendo con la
celebración de los Segundos Estudos Estratéxicos do Eixo Atlántico. Para realizar el
análisis se diseñó una base de datos con múltiples variables, con la finalidad de
poder sintetizar estadísticamente la estructura, los elementos de comunicación, las
transacciones interactivas y los contenidos de cualquier página Web.
Un año después, Carlos Macía, investigador del GIS-T IDEGA, iniciaba en el
marco del proyecto SINDUR una nueva Information Web Audit comparada entre
Galicia e Irlanda2. La presente comunicación trata de reflejar varios aspectos y
conclusiones derivados de dicha investigación, relacionados con la producción, la
comunicación y la interactividad en Internet.
2.
Análisis cuantitativo del volumen y calidad de las páginas Web en
Galicia e Irlanda.
La Information Web Audit comparada seleccionó como casos de estudio las
comarcas gallegas de Santiago de Compostela y Tabeirós-Terra de Montes y los
condados irlandeses de Cork y Clare que actuaron como referencias espaciales de la
producción Web en Galicia e Irlanda. Una Information Web Audit detallada
descansa sobre una carga de trabajo muy importante y se nos antojaba muy
complicado analizar más espacios de los previstos inicialmente. Además,
considerábamos que las muestras de población analizadas resultaban muy
significativas, así como los espacios que combinaban las distintas realidades urbana
y rural.
La primera variable analizada se inclinó por conocer el volumen de producción
de páginas Web en Galicia e Irlanda. Partiendo de 19 palabras clave, asociadas a la
1
2
Los 18 municipios rectores del Eixo Atlántico son: A Coruña, Braga, Bragança, Chaves,
Ferrol, Guimaraes, Lugo, Monforte de Lemos, Ourense, Peso da Règua, Pontevedra, Porto,
Santiago de Compostela, Viana do Castelo, Vigo, Vilagarcía de Arousa, Vilanova de Gaia
e Vila Real.
Esta investigación se corresponde con uno de los capítulos de la Tesis Doctoral de Carlos
Macía; una investigación dirigida por el Doctor Ferrás Sexto que se encuadra en el
proyecto SINDUR.
320
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
toponimia local, se localizaron 205 páginas en Google, en concreto 66 en Galicia y
139 en Irlanda. Sabiendo que se partía de muestras de población muy similares, y
que 14 palabras clave estaban asociadas con Galicia, las diferencias entre la realidad
gallega e irlandesa son ciertamente significativas. Galicia representa un 32,2% e
Irlanda un 68,2% del total de páginas Web localizadas.
Las cifras resultan todavía más perturbadoras si se detallan las realidades
urbana y rural de forma independiente. La producción en la Comarca de Santiago
de Compostela, un área urbana de 148.979 habitantes, es de 54 páginas Web. La
producción en la ciudad de Cork, en el suburbio de Douglas y en el enclave
portuario de Cobh, entre los tres asentamientos totalizan 148.872 habitantes, es de
92 páginas Web. Para poblaciones idénticas la estadística desvela que en la
Comarca de Santiago de Compostela la producción de páginas Web por cada 1.000
habitantes es de 0,36 páginas, o bien, que por cada 2.759 ciudadanos del área de
Santiago de Compostela se produce una página Web. En el caso irlandés, las cifras
respectivas son 0,62 y 1.618. En este caso, la comparación urbana parece aminorar
ligeramente las diferencias entre Galicia e Irlanda, pero, es necesario puntualizar
que para el análisis de Galicia se ha escogido una ciudad distinguida, con presencia
universitaria y sede de múltiples instituciones y organismos oficiales que responden
al papel protagonista de Santiago de Compostela como capital de Galicia. Así,
muchas de las páginas Web producidas en Santiago de Compostela están asociadas
a organismos públicos gallegos, como la Xunta de Galicia o la Compañía de Radio
e Televisión de Galicia. Por el contrario, la ciudad de Cork es simplemente una
capital de condado, ni tan siquiera es capital de provincia, figura que por otra parte
no se contempla en la administración territorial irlandesa. Todos los organismos
oficiales a nivel estatal se concentran en Dublín, por tanto, la producción de páginas
Web en la ciudad de Cork responde básicamente a la iniciativa local. El 42,6% de la
producción de páginas Web en la Comarca de Santiago de Compostela está
promovida por la administración pública, mientras que en Cork sólo una de cada
cuatro páginas procede de los organismos oficiales.
Dos conclusiones importantes son que la producción de páginas Web en
Irlanda es mayor que en Galicia y que la iniciativa local y privada irlandesa está
más involucrada que su homónima gallega en las Nuevas Tecnologías de la
Información y la Comunicación.
Comprobar la realidad suburbana en las proximidades de las ciudades de
Santiago de Compostela y Cork resulta también muy interesante. El Concello de
Ames tiene 20.016 habitantes, la municipalidad de Cobh 9.811 habitantes. Para
localizar páginas Web en estos asentamientos de población se utilizaron tres
palabras clave en el caso del Concello de Ames y una palabra clave en el pueblo de
Cobh. El resultado de la búsqueda finalizó con ocho páginas Web en el Concello de
Ames, es decir, 0,4 páginas Web por cada 1.000 habitantes, y 30 en el pueblo de
Cobh, es decir, 3,06 páginas Web por cada 1.000 habitantes. Por tanto, el análisis
comparado entre espacios suburbanos vislumbra una mayor diferencia en la
producción de páginas Web, tal vez más representativa de la realidad gallegoirlandesa porque en el caso del Concello de Ames, a diferencia del Concello de
321
Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda
Santiago de Compostela, las instituciones oficiales son todas de carácter local, no
hay instituciones de ámbito autonómico, lo que evidentemente merma la aparición
de páginas Web en este concello de la periferia compostelana.
Por último, el contexto rural manifiesta también unas cifras muy elocuentes.
Para la muestra se escogieron dos espacios rurales con poblaciones similares, en el
caso gallego se contabilizan 29.379 habitantes y en el caso irlandés 33.311
habitantes. Además, los espacios seleccionados están o estuvieron liderados por
proyectos punteros en Sociedad de la Información, en el caso de la Comarca de
Tabeirós-Terra de Montes el Concello da Estrada participa en la iniciativa estatal
Ciudades Digitales; en el Condado de Clare el pueblo de Ennis disfrutó de la
experiencia Ennis Information Age Town que ahora pervive en Ennis Information
Age Services. En estas condiciones, la Information Web Audit localizó 12 páginas
Web en la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes y 47 páginas Web en las
localidades de Ennis, Kilrush y Shannon en el Condado de Clare. Esto quiere decir
que en la comarca gallega hay 0,4 páginas Web por cada 1.000 habitantes, y que en
el condado irlandés esa producción se multiplica casi por 4. Es cierto que el pueblo
de Ennis parte con ventaja porque su proyecto ya ha sido desarrollado, pero no es
menos cierto que el Condado de Clare se encuentra en la costa Oeste de Irlanda, un
espacio atrasado históricamente que en los últimos años gracias al impulso de las
Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación parece reivindicarse
como un enclave importante en la economía del país. En contraposición, en la
Comarca de Tabeirós-Terra de Montes, el Concello da Estrada no se percibe como
el prototipo del rural más atrasado de Galicia, al contrario, su imagen se relaciona
con la producción de muebles y su núcleo urbano podría incluso considerarse como
parte del área de influencia de Santiago de Compostela. Así pues, la comparación
no está descompensada, simplemente es una muestra más de las diferencias entre
Galicia e Irlanda en Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación.
Por otra parte, son muy loables las influencias proyectadas por el pueblo de
Ennis en el uso de las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación,
supuestamente adoptadas en los espacios próximos del Condado de Clare. En
concreto, el pueblo de Kilrush con sólo 2.699 habitantes representa un caso de
estudio espectacular. La búsqueda en Google determinó que existe una página Web
por cada 208 habitantes, o lo que es lo mismo, 4,82 páginas Web por cada 1.000
habitantes. Si se compara con su homónimo poblacional en la Comarca de
Tabeirós-Terra de Montes, el Concello de Cerdedo con 2.313 habitantes tiene una
sola página Web, evidentemente la de la corporación municipal, es decir, no hay
iniciativa local en Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación.
Se observa, pues, una trayectoria lineal que va acrecentando las diferencias
entre Galicia e Irlanda a medida que se experimenta la comparación entre espacios
urbanos, suburbanos y rurales. En Irlanda, la penetración de las Nuevas Tecnologías
de la Información y la Comunicación en los espacios rurales está incidiendo en el
desarrollo socioeconómico local y, al mismo tiempo, está sirviendo para sostener e
incrementar la población en las áreas no urbanas. Esta realidad podría estar
relacionada con los fenómenos de suburbanización y contraurbanización percibidos
322
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
por Ferrás Sexto en la década de los ochenta en el Condado de Cork (ver Ferrás
Sexto, 1996).
Conocida la producción de páginas Web, el análisis cuantitativo encauza una
comparación de la calidad de las páginas Web de Galicia e Irlanda a partir de una
serie de variables seleccionadas: identidad, lengua, comunicación e interactividad.
El bloque identidad relaciona el espacio geográfico vinculado con la página
Web. En este caso, por motivos metodológicos, todas las páginas Web están
localizadas en espacios concretos seleccionados previamente y en las proporciones
porcentuales señaladas con anterioridad. En este mismo bloque se analiza el origen
de la Web, es decir, se especifica el tipo de persona física o jurídica que impulsa la
creación de la página Web.
El 42% de las páginas Web de Galicia tiene su origen en la administración
pública, un porcentaje muy elevado que constata la escasa iniciativa privada gallega
en la producción de páginas Web. En el caso de Irlanda, el tejido empresarial está
presente en Internet con algo más de la mitad de las páginas Web producidas en el
país. En total, en los espacios irlandeses se localizaron 72 páginas Web asociadas
con empresas, por tan sólo 19 en la comarca gallega de Santiago de Compostela y
una en la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes. Estas cifras anuncian la ausencia
empresarial gallega en Internet, sobre todo en los espacios rurales, lo que impide el
desarrollo socioeconómico local a partir de la introducción y uso de las Nuevas
Tecnologías de la Información y la Comunicación. En el Condado de Clare, el
análisis demostró que dos de cada cinco páginas Web proceden de la iniciativa
empresarial, condición que está determinando la entrada del mundo empresarial
irlandés en nuevos mercados internacionales a través de Internet. Apenas 30.000
ciudadanos del Condado de Clare disponen de más páginas Web de origen
empresarial que toda la Comarca de Santiago de Compostela.
Por otra parte, las páginas Web asociadas con la educación no universitaria, la
cultura y la religión totalizan nueve y diez portales respectivamente en Galicia e
Irlanda. Son cifras similares que en el caso de Santiago de Compostela se antojan
escasas si se toma en consideración la relevancia de la ciudad como símbolo del
cristianismo y la riqueza cultural insuflada por el Camino de Santiago.
Mención especial merece el tratamiento del deporte en Irlanda que en términos
porcentuales está representado por un 8,6% de la producción total de páginas Web,
manteniendo portales activos tanto en los espacios urbanos como en los rurales. En
Galicia, contrariamente, la dedicación al deporte en Internet es mucho menor, y en
el caso de la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes no es posible encontrar ni tan
siquiera una sola referencia.
Todas estas cifras y porcentajes indican una vez más la clara desventaja de
Galicia en la Sociedad de la Información, sobre todo en los espacios rurales que no
están sabiendo aprovechar acertadamente todas las ventajas que ofrecen las Nuevas
Tecnologías de la Información y la Comunicación. El proyecto SINDUR aboga por
eliminar de la geografía gallega los espacios apagados o desenganchados de la
Sociedad de la Información, partiendo del conocimiento previo de que son los
espacios rurales, precisamente, los más perjudicados por la escasa impronta de las
323
Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda
TIC en sus dominios. Es necesario actuar con urgencia y concienciar a la población
local de la necesidad de incluir las TIC en sus quehaceres habituales.
Un dato que alienta al optimismo se puede vislumbrar en los porcentajes de
páginas Web de origen personal. En Galicia las páginas personales representan el
4,5% de la producción total de páginas Web, en Irlanda tan sólo el 0,7%. El dato
más curioso en el análisis seleccionado es la concentración de todas las páginas
personales gallegas en la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes, de tal forma que
entraríamos en la posibilidad de intuir un interés especial de la población rural
gallega por adentrarse en la Sociedad de la Información.
Una cualidad muy importante en las páginas Web se relaciona con la oferta de
idiomas. Los contenidos de Internet llegan a todos los países del mundo, por lo
tanto, la disposición de toda la información de una página Web en varias lenguas o
idiomas incidirá probablemente en un aumento potencial del número de visitas y
visitantes al portal. Evidentemente, este precepto hay que entenderlo en su justa
medida, dado que, en Internet nos podemos encontrar con muchas páginas Web que
en principio no tienen la intención de hacer extensibles sus contenidos
mundialmente, al contrario, los mismos suelen estar orientados hacia espacios o
colectivos muy concretos. Es el caso, por ejemplo, de la iniciativa InfoBrion, un
portal escrito en gallego orientado al Concello de Brión y por extensión a toda la
comunidad cultural gallega, tanto a la población residente en Galicia como a la
población emigrada. Los objetivos de InfoBrion se concentran en la defensa de la
cultura local y en el desarrollo socio-económico rural y urbano en Galicia, por lo
tanto, InfoBrion no necesita incluir otros idiomas en su página Web para aumentar
la calidad de la misma.
Los datos del análisis comparado manifiestan en general un mejor tratamiento
de las páginas Web gallegas en el uso y en la disposición de los idiomas. En
Galicia, el gallego y el castellano se reparten, casi en exclusividad, la presencia en
todos los portales. Como idioma por defecto, es decir, como idioma principal al
entrar en la página Web, el gallego figura en el 51,5% de las Webs y el castellano
en el 45,5% de los portales indagados. Sólo la lengua inglesa, con un 3% del total,
rompe la primacía de las dos lenguas oficiales en Galicia.
Como lenguas secundarias o alternativas en la navegación, el idioma más
recurrido es el castellano, ofrecido como segunda lengua en el 28,8% de las Webs,
le sigue el inglés con un destacado 27,3% y, en tercera posición, aparece el gallego
con un flojo o escaso 7,6%. El gallego es el idioma favorito para iniciar una Web,
sin embargo, está poco presente en las páginas que no lo consideran idioma
principal o por defecto. Las páginas Web que se inician en castellano no tienen la
costumbre de incluir el gallego como lengua alternativa, es decir, suelen ser páginas
Web excluyentes en términos idiomáticos.
Por otra parte, llama la atención la escasa aparición del portugués en la
producción de páginas Web en Galicia. La proximidad geográfica, los lazos
históricos y las nuevas relaciones comerciales y culturales deberían de ser una razón
de peso para divulgar la información en la lengua de nuestros vecinos, sin embargo,
sólo se expone como lengua alternativa en el 3% de las páginas Web y nunca como
324
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
lengua principal o por defecto. Otras lenguas de la península Ibérica, como el vasco
y el catalán, tienen una representación simplemente anecdótica.
Con todos estos porcentajes se deduce que, en principio, el 74,3% de los
contenidos de las páginas Web de Galicia están disponibles en castellano, el 59,1%
en gallego y el 30,3% en inglés. Pero, también es importante reseñar que estos
porcentajes no se corresponden del todo con la auténtica realidad. En el análisis
tuvimos la ocasión de descubrir todas las Webs que ofrecen idiomas alternativos de
inicio y que después no tienen un fiel reflejo en sus contenidos. Incluso, dejamos en
evidencia algunas Webs que ofertan navegar en idiomas que sólo encuentran su
correcta traducción en los títulos de las secciones. En Galicia, sólo el 42,8% de los
idiomas alternativos mantienen un servicio correcto de traducción.
Las diferencias urbano-rural en Galicia son bastante apreciables. Básicamente,
los datos constatan la hegemonía del gallego en los espacios rurales y la ventaja del
castellano en las áreas urbanas. En la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes el
gallego es la lengua principal en el 75% de las páginas Web y el castellano en el
25% restante. En la Comarca de Santiago de Compostela se puede consultar en
castellano el 79,6% de las páginas Web, por un escaso 60% en gallego. La tercera
lengua en discordia en los espacios urbanos es el inglés, utilizable en el 35,2% de
las páginas Web.
En Irlanda el análisis se puede resumir en un dominio total y absoluto del
inglés como lengua principal en toda la producción de páginas Web, a pesar de que
la primera lengua oficial de Irlanda sea el irlandés, conocido popularmente como
gaélico3. En el estudio de caso en los condados de Cork y Clare, el idioma inglés,
como segunda lengua oficial del país, es el idioma de inicio en todas las páginas
Web. No hay ninguna Web que utilice el irlandés o gaélico como lengua principal.
Además, las páginas Web que incluyen el gaélico como lengua alternativa son sólo
el 5,6% del total.
La conclusión evidente anuncia la escasa notoriedad de la primera lengua
oficial irlandesa en Internet. Quizás la respuesta a esta ausencia habría que buscarla
en la propia comunidad lingüística irlandesa. Por motivos históricos, el gaélico ha
sufrido mucho con la presencia del idioma inglés en la isla, que paulatinamente se
ha ido erigiendo como la primera lengua hablada de Irlanda. De todas formas,
páginas públicas e institucionales relacionadas con la administración y con la
universidad tendrían que hacer un esfuerzo por incorporar los contenidos en
gaélico, al menos como lengua alternativa o secundaria.
El francés, el italiano, el alemán y el japonés son los únicos idiomas escogidos
a mayores como lenguas alternativas en Irlanda, en unos porcentajes muy bajos, a
excepción del alemán que figura en el 3,6% de las páginas Web. No obstante, los
idiomas secundarios o alternativos sólo se reflejan en los contenidos en un
3
En la presente investigación, estos dos términos son usados por igual, aunque,
contrariamente a lo que se cree, no son sinónimos. El gaélico es el término que se aplica a
la lengua de los hablantes célticos de Irlanda y Escocia, el irlandés está referido
exclusivamente a los hablantes célticos de Irlanda.
325
Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda
porcentaje muy pobre del 5,8%, factor que resta imagen y credibilidad a las páginas
Web.
La hegemonía del inglés, incluso en las páginas Web del Condado de Clare,
uno de los condados con mayor presencia de hablantes de gaélico, impide encontrar
diferencias claras entre los espacios urbanos y rurales. El gaélico se mantiene muy
ensombrecido en ambos casos, y el uso de otras lenguas extranjeras se reduce a
casos muy puntuales. Por poner un ejemplo, todos los contenidos de la University
College Cork están escritos en inglés. Si bien el inglés se mantiene como la primera
lengua del mundo en función de su uso, no es menos cierto que Irlanda posee un
idioma propio, el gaélico, y que son más de 1.000 los alumnos extranjeros
matriculados anualmente en la University College Cork, sin embargo, estas razones
no son consideradas lo suficientemente importantes como para incluir otras lenguas
o idiomas en la Web.
La comunicación digital se configura como uno de los aspectos más valorados
en Internet. Sin duda, Internet es información y comunicación. Toda la información
depositada en la Red puede ser consultada en cualquier punto del planeta con
conexión a Internet. Las posibles relaciones comerciales, sociales, culturales e
incluso particulares derivadas de dicha información, podrán ser materializadas a
través de la comunicación digital. Con este motivo, Internet pone a disposición un
conjunto de herramientas vinculadas con la comunicación digital y en línea,
cristalizadas principalmente a través del uso del correo electrónico, que también
incluye servicios de boletines y publicidad, y mediante la participación activa de los
usuarios en los foros de debate, en los chats o conversaciones simultáneas y en las
encuestas o sondeos de opinión. A todos estos servicios, presentes en muchas
páginas Web, podrían sumarse las posibilidades que ofrecen las modernas sesiones
de videoconferencias compartidas entre varios puntos del planeta.
Al igual que sucedía con otras herramientas, previamente analizadas, en
Internet nos podemos encontrar con muchas páginas Web que no tienen la
necesidad imperiosa de incluir todas las variables que integran la comunicación
digital para aumentar su calidad. Una vez más, en función de la temática habrá
determinadas páginas que no precisen insertar en su estructura ciertos servicios de
comunicación digital. Por ejemplo, las páginas relacionadas con la hostelería no
requieren precisamente un servicio de chat o conversación en línea. No obstante,
todas las funciones derivadas de la comunicación digital tienen su importancia y en
principio nunca sobran o restan calidad a la página Web. Incuso, el servicio de
correo electrónico se convierte en imprescindible en cualquier página Web, como
elemento de comunicación directa entre los usuarios de Internet y los responsables
de la Web.
Básicamente, todas las páginas Web analizadas en los espacios gallegos e
irlandeses disponen de un servicio de correo electrónico, en porcentajes muy
próximos al 100%. No existen pues diferencias claras a este respecto, con la
pequeña excepción de la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes que mantiene cerca
de un 10% de sus páginas Web desprovistas de este servicio. Una pequeña variable,
relacionada con este mismo servicio o prestación, vislumbra el número total de
326
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
correos electrónicos puestos a disposición del visitante de la página Web. La oferta
de un correo personalizado, dirigido a personas concretas, humaniza la
comunicación y aumenta, por lo general, la confianza del usuario para iniciar y
mantener contactos. En la Comarca de Santiago de Compostela destaca el 5,6% de
páginas Web que ofrecen más de 100 correos electrónicos personalizados, por un
escaso 2,2% en el Condado de Clare. Sin duda, las diferencias rurales son las más
marcadas en el análisis comparativo. En la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes
ninguna página ofrece el contacto personal con más de cinco correos y sólo un 25%
de las Webs permiten la comunicación con más de dos correos electrónicos. En el
Condado de Clare son mayoría las páginas que ofrecen más de un correo
electrónico.
El servicio de boletín, haciendo uso del correo electrónico, ofrece al usuario la
posibilidad de recibir periódicamente noticias de interés solicitadas previamente.
Por su parte, la publicidad selectiva, también haciendo uso del correo electrónico,
propone la recepción periódica de publicidad selectiva solicitada previamente por el
usuario. Se trata, pues, de dos servicios relacionados con el correo electrónico que
reavivan la comunicación digital. Estos servicios suelen vincularse, sobre todo, con
la prensa, con la administración pública y con las empresas que utilizan las listas de
correo o de distribución para enviar información sobre sus actividades y productos.
El primero de estos servicios se utiliza en 19 páginas irlandesas por sólo 6 gallegas.
En el segundo, la diferencia es de 10 a 3, dando muestras de la mayor presencia
comercial irlandesa en Internet. Además, en Irlanda estos servicios son utilizados
por igual en los espacios urbanos y rurales, despuntando incluso ligeramente el
Condado de Clare, en un intento claro de potenciar el desarrollo socioeconómico
rural partiendo de la incursión de las Nuevas Tecnologías de la Información y la
Comunicación. En el lado opuesto, sin la presencia de estos servicios, se sitúa la
Comarca de Tabeirós-Terra de Montes.
Los foros de debate, los chats y las encuestas constituyen instrumentos
inmejorables para conocer las opiniones e inquietudes de los ciudadanos que visitan
las distintas páginas de Internet. La administración pública, las asociaciones civiles
y culturales, así como las empresas tienen en estas herramientas una oportunidad
única para sondear las impresiones de los ciudadanos y clientes. Incluso, en foros
públicos de interés local pueden determinar el futuro de las intervenciones o, como
mínimo, actuar como referencias válidas a considerar que expresan el sentir general
de una parte de la ciudadanía.
En total, el número de páginas irlandesas que utilizan los foros de debate como
herramienta de comunicación son más que las gallegas, sin embargo, en términos
porcentuales se sitúan 3,5 puntos por debajo de Galicia. Por otra parte, las páginas
irlandesas que escogen este tipo de servicio suelen desplegar un mayor número de
foros, siendo muy equilibrada la media de participación por foro de debate en
Galicia e Irlanda.
El servicio de chat o de conversación en línea tiene, en ambos casos, menor
presencia que los foros de debate, sobre todo en Irlanda, donde sólo figura en el
2,2% de sus páginas Web. Incluso, la comarca rural de Tabeirós-Terra de Montes
327
Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda
presenta unos números más favorables que el Condado de Clare, espacio este
último en el que no se localizó ninguna página con servicio de chat.
Las encuestas constituyen un canal de comunicación muy valorado. A través
de las mismas, tanto la administración pública como las empresas privadas tienen la
posibilidad de sondear la opinión del ciudadano y actuar en consideración. No
obstante, su presencia es poco estimada en las páginas Web de Galicia e Irlanda,
donde sólo el 7,6% y el 3,5% de las páginas Web ofrecen el servicio.
En definitiva, tanto Galicia como Irlanda mantienen, en general, la presencia
del correo electrónico en la totalidad de sus páginas Web, introduciendo en casos
puntuales los servicios de boletines y publicidad selectiva. Sin embargo, los foros
de debate, los chats y las encuestas necesitan aumentar su protagonismo, dada su
gran importancia como elementos de comunicación digital en la Sociedad de la
Información.
Sin duda, Internet se ha consolidado como una nueva plataforma comercial,
donde tienen cabida millones de transacciones clave para miles de empresas que
obtienen grandes volúmenes de facturación a través de la Red. Así, las grandes
empresas multinacionales han sabido encontrar en Internet una nueva vía para hacer
llegar sus productos al consumidor. También, muchas compañías nacionales y
pequeñas y medianas empresas utilizan las ventajas de Internet para expandir su
presencia comercial. Internet se convierte de este modo en un escaparate virtual que
no conoce fronteras, un espacio que alberga negocios de todo el mundo y que suele
ofrecer grandes márgenes de beneficio.
Por otra parte, Internet también se ha convertido en una oficina virtual para
todos los servicios administrativos. Con Internet, la administración pública entra en
los espacios laborales, así como en nuestros hogares. Las Nuevas Tecnologías de la
Información y la Comunicación han hecho posible que los ciudadanos pueden
tramitar gestiones públicas a distancia, sin necesidad de visitar personalmente las
oficinas físicas de la administración pública.
En el análisis comparativo se aprecia el equilibrio irlandés entre las
transacciones interactivas de tipo administrativo y comercial, representando unos
porcentajes aproximados del 43,6% y del 41,5% respectivamente. En Galicia la
situación es muy distinta, sobresaliendo en exceso los servicios ofrecidos por la
administración pública, que en términos absolutos son de menor entidad que los
irlandeses, y la escasa presencia del mundo empresarial. En total, en Galicia sólo se
localizaron nueve servicios interactivos entre empresa y consumidor, una cifra que
apenas cubre la cuarta parte de los servicios prestados por las empresas de los
condados de Clare y Cork. Además, la situación es más grave si comparamos las
situaciones rurales. En la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes todas las gestiones
en línea se relacionan con la administración pública. Por el contrario, en el Condado
de Clare las actuaciones interactivas con la administración pública sextuplican en
números reales a la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes, sin embargo, las
mismas sólo representan en términos porcentuales el 51,5% de las relaciones
interactivas. En el Condado de Clare la tercera parte de las transacciones
interactivas son impulsadas por empresas, y un 15,2% por organizaciones sociales.
328
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Estas cifras y porcentajes inciden en las diferencias que siguen manteniendo Galicia
e Irlanda en la Sociedad de la Información, especialmente en el ámbito rural.
Por otra parte, las empresas gallegas que posibilitan el uso de Internet para
realizar operaciones comerciales con el consumidor, siguen manteniendo en un
porcentaje muy elevado los métodos de pago tradicionales que perjudican de forma
notable el dinamismo de las operaciones mercantiles. En el análisis espacial
propuesto para Galicia sólo se localizó una operación comercial que admitía el pago
con tarjeta, por 25 en el caso de estudio irlandés. Estas diferencias indican no sólo
una mayor presencia del tejido empresarial irlandés en Internet, sino que, también
son indicativas de las diferencias logísticas que mantienen Galicia e Irlanda en la
producción de páginas Web.
3.
Conclusiones.
En resumen, la producción de contenidos en Internet en Irlanda supera
ampliamente la producción gallega. Gran parte del éxito responde a que el gobierno
irlandés es consciente de la gran importancia que adquiere la llegada de la Sociedad
de la Información y sabe transmitir sus inquietudes a la población local, tanto de la
costa oriental, más urbanizada y desarrollada, como de la costa occidental, más
rural e históricamente con deficiencias económicas serias. Además, la producción
irlandesa en Internet viene impulsada por promotores públicos y privados, muchos
de los cuales se relacionan con el sector empresarial e inciden en el desarrollo social
y económico.
La Sociedad de la Información en Galicia avanza a un ritmo muy modesto y el
ciudadano gallego, en general, no aprecia el nuevo valor que aportan las
Tecnologías de la Información y la Comunicación. Consecuentemente, la
visibilidad de Galicia en la Red es casi nula. Por el contrario, aventaja a Irlanda en
que ha sabido mantener en cierta medida la presencia de la lengua gallega en
Internet, algo que los irlandeses no han sabido hacer con su lengua.
4.
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331
Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda
332
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 333
La eficacia del formato y la animación en la
publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el
banner?
Format and animation effectiveness on web
advertisements: Banner has worn out?
Belinda de Frutos-Torres1 ,María Sánchez-Valle1
[email protected] [email protected]
1
Departamento de Publicidad y Comunicación Institucional. Facultad de Humanidades
y Ciencias de la Comunicación. Universidad San Pablo CEU.
C/ Paseo Juan XXIII, nº 6 Madrid 28040 ESPAÑA
Resumen/Abstract:
La eficacia de la publicidad en Internet es una cuestión de interés para académicos y
profesionales del sector. La inversión de publicidad en Internet ha incrementado su inversión
en todos los países desarrollados, asimismo la tecnología “rich media” ha revolucionado las
tendencias creativas de los anuncios. De ahí la necesidad de estudiar la respuestas de los
usuarios a estos recursos creativos. El estudio se basa en las respuestas cognitivas de los
usuarios, para evitar las limitaciones de la tasa de clic. Se pone a prueba la eficacia de la
posición y de la animación de 8 campañas en Internet con una muestra de 79 usuarios en una
situación experimental de navegación controlada. Los resultados muestran que la proporción
de recuerdo del banner es significativamente inferior al rascacielos y el botón; entre el
rascacielos y los botones no hay diferencias estadísticamente significativas. Por otra parte, la
animación no ha mostrado ser más eficaz que las inserciones publicitarias estáticas, al
contrario el recuerdo de estas es significativamente superior. Implicaciones de este resultado
tienen bastante trascendencia para el ámbito profesional como académico.
Palabras clave /Key words: advertising effectiveness; on line advertisement; user´s
response to internet , format ad effectiveness.
Nota de los autores: Esta investigación ha sido realizada en el proyecto de
investigación con referencia 06/HSE0105/04 financiado por la Consejería de Educación de la
Comunidad de Madrid. Las autoras quieren agradecer la colaboración de Nielsen/ Net-Rating
Spain en el desarrollo de este trabajo.
333
La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha
desgatado el banner?
1. Introducción
Internet es un medio en plena expansión y en muchos aspectos se trata de un
nuevo fenómeno. El crecimiento de la actividad publicitaria en este medio es una
realidad en los países desarrollados. En España durante el primer semestre de 2005
la inversión se duplicó respecto al mismo semestre del año anterior alcanzando 65,9
millones de euros (IAB -PriceWaterhouseCoopers, 2005). A pesar de que Internet
sólo representa un 1,8% de la inversión en medios convencionales, las expectativas
de crecimiento se mantienen para el próximo año (Infoadex, 2006)1.
Una de las cuestiones que más interesa a académicos y profesionales
del sector es la eficacia de la publicidad en Internet y conocer la respuesta
de los usuarios ante la publicidad (Dahlén, 2001; Docuffe, 1996; Hoffman y
Novack, 1997). Los primeros trabajos de investigación publicados han
utilizado medidas de eficacia vinculadas al comportamiento del usuario
durante la navegación, en concreto la tasa de clic. Esta medida tiene serias
limitaciones debidas al descenso en la tasa de clic de los usuarios y a la
imposibilidad de detectar efectos ligados al conocimiento, a la actitud hacia
el producto y a la creación de imagen de marca (Briggs y Hollis, 1997;
Briggs y Stipp, 1999; Dahlén, Rasch y Rosengren, 2003).
Internet como medio ha supuesto algunos cambios en la relación con los
usuarios que son necesarios entender para evaluar su eficacia. El medio pone a
disposición más información al usuario y es más accesible que los medios
tradicionales, de hecho la búsqueda de información activa se revela como un
elemento prioritario en el uso de Internet (Frutos y Gutiérrez, 2005). En general la
visita a una página web supone la utilización de recursos cognitivos por las
características de la tarea y del medio. Dicho de otro modo, requiere la implicación
del usuario. El ELM (Modelo de la Probabilidad de Elaboración) de Petty,
Cacioppo y Schumman (1983) y la revisión realizada por Cho (1999) ayuda a
comprender mejor la relación entre el usuario y el medio. Según esta teoría, el nivel
de implicación del receptor mientras está procesando la información es muy
relevante para determinar la ruta que va a seguir la persuasión. Cuando el nivel de
implicación es alto, los usuarios siguen la ruta central y basa sus actitudes o
decisiones en los argumentos del mensaje. En cambio, en niveles de implicación
bajos los elementos adyacentes al mensaje cobran mayor relevancia. Aunque el
nivel de implicación del usuario en el medio depende del tipo de contenidos (San
José, Gutiérrez y Gutiérrez, 2002) y del tipo de productos (Ratchford, 1987;
Dahlén, 2003), en general, se plantea que el medio genera alta implicación. Según
Cho (1999) en este medio el usuario tiene mayor control sobre los contenidos, la
exposición es voluntaria y, por tanto, hay mayor probabilidad de que el mensaje sea
1 Informe inversión publicitaria. Infoadex(2006). URL:www.infoadex.es
334
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
procesado en comparación con los medios pasivos en los que la exposición al
mensaje es involuntaria. Este hecho explicaría la mayor eficacia de Internet,
particularmente en los contenidos de alta implicación frente a los de baja
implicación (San José, Gutiérrez y Gutiérrez, 2002) y en los productos funcionales
frente los expresivos (Dahlén; 2002; Dahlén, Rash y Rosengren, 2003; Gong y
Maddox, 2003).
Otros aspectos que influyen en la eficacia de la publicidad en Internet
es la experiencia previa de los usuarios, junto a la familiaridad de la marca.
Ambos han mostrado tener un papel moderador de los efectos de la
publicidad e Internet. Los usuarios con poca experiencia en Internet se
muestran más influenciados por la exposición a la publicidad que los que
cuentan mayor experiencia Dahlén (2001). Igualmente, la exposición a
publicidad de marcas no familiares incrementaba el conocimiento y la
actitud positiva hacia la marca, pero no en las marcas muy familiares
Dahlén (2001).
1.1 Formato y creatividad de la publicidad en internet
Uno de los rasgos de la publicidad en Internet ha sido la versatilidad del
medio en cuanto a los formatos que integra y la posibilidad de incluir
recursos creativos de audio, imágenes, movimiento, video, etc. Tal y como
se indica en la IAB Spain nos encontramos ante el soporte más joven del
panorama mediático y en el que mayor número de formatos publicitarios
coexisten, una contradicción que no beneficia a ninguno de los actores
implicados en el proceso. La notable flexibilidad ha generado algunos
inconvenientes, entre ellos la dificultad para estandarizar los formatos
particularmente si se trata de medir eficacia de los mismos. A pesar de la
abundancia de formatos hay cierto consenso en la estandarización del
banner, el botón, el rascacielos y los formatos flotantes: pop-up, pop-under,
lyers y cortinillas; no obstante, en cada uno de estos formatos se pueden
encontrar distintos tamaños (IAB, 2004). Además de dichos formatos coexisten otros recursos publicitarios como los enlaces patrocinados, los espots, el patrocinio de contenidos o páginas concretas. Desde el comienzo el
banner ha sido el formato dominante y el estándar por excelencia (Cho, Lee
y Tharp, 2001; Meland, 2000). De hecho, los usuarios mencionan el banner
para referirse a cualquier formato publicitario de la web (Frutos y Gutiérrez,
2005). La cuestión que se plantea es en que medida influye el formato en su
eficacia. En un reciente estudio realizado por AIMC2 (2005) con la técnica
del eye-tracking se constató que el banner y el rascacielos fueron los
2
AIMC (2005). Estudio Eyetrack medios España.
335
La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha
desgatado el banner?
formatos que más miradas atrajeron. No obstante, en este mismo estudio se
identificó un patrón de navegación guiado por los contenidos que
comenzaba en la parte superior izquierda de la página y seguía una línea
descendente de arriba abajo o en zigzag AIMC (2005). Según este resultado
el marco de la página banner se verían fuera del patrón de navegación. Es
más, los usuarios perciben que el banner forma parte de la página web como
si se tratara de un marco en la composición de la misma (Frutos y Gutiérrez,
2005), e inevitablemente genera cierta desventaja sobre otros formatos sobre
los que existen menos expectativas.
Por otra parte, la creatividad en las campañas publicitarias realizadas on
line han evolucionado muy rápidamente, particularmente con la
incorporación del “rich media”. Esta tecnología ha revolucionado la
creatividad incorporando numerosas posibilidades: la interacción,
ejecuciones con animación, la incorporación de vídeo, imágenes
(DoubleClick, 2005). Prácticamente tres de cada cuatro campañas utiliza la
animación como recurso creativo (Sánchez y Frutos, en prensa). De nuevo
surge la misma cuestión si estos recursos creativos son más eficaces.
El interés por conocer la eficacia de la publicidad en Internet frente a otros
medios tradicionales y otras formas de promoción como el sponsorship ha sido
objeto de estudio en varios trabajos de investigación (Leong, Huang y Stanners
1998; Gallagher, Foster y Parsons, 2001; Becker-Olsen, 2003). Algunos trabajos
incluso han estudiado la eficacia de algunos recursos creativos utilizados
frecuentemente en la publicidad on line mostrando que el tamaño influye
positivamente en las medidas de eficacia (Lothia, Donthu & Hershberger, 2003;
Chandon, Chtourou y Fortin 2003; Baltas, 2003). Los recursos del tipo “haz clic” o
“pulsa aquí”, resultaron eficaces en un primer momento (Chandon et al. 2003), no
obstante parece que con el tiempo ha dejado de ser eficaz (Lees & Healy, 2005)
movimiento en los anuncios resultaron eficaces, mientras que incluir una imagen o
mencionar el nombre de la marca no arroja diferencias estadísticamente
significativas. En este trabajo se utilizó la tasa de clic como medida de eficacia,
cabe preguntarse si estas diferencias se mantienen utilizando medidas más cercanas
a las respuestas cognitivas de los usuarios. En el trabajo realizado por Rae y
Brennan (1998) encontró que la proporción de recuerdo de los visitantes de una
página web era mayor en los banners estáticos y en los que incluían sonido, no
obstante el estudio fue realizado con sólo una campaña. Posteriormente Baltas
(2003) comprobó que la presencia de elementos dinámicos en las campañas influyó
negativamente en la tasa de clic. En este sentido, parece interesante abordar de una
forma sistemática la eficacia de recursos creativos y de los formatos más utilizados
en la publicidad on line en un amplio grupo de campañas.
2. Hipótesis
336
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
1) La posición del anuncio influye en las medidas de recuerdo espontáneo,
sugerido y reconocimiento del anuncio. Según los estudios realizados
mediante la técnica de eye tracking las posiciones más cercanas al
recorrido natural en una página tendrán mayor probabilidad de ser
atendidas y por tanto tendrán mayor nivel de recuerdo que las posiciones
ubicadas en la visión periférica. En concreto el banner tendrá un nivel de
recuerdo inferior a rascacielos y los botones ambos más integrados en la
página.
2) La presencia de movimiento atraerá la atención del usuario y, por tanto, la
publicidad dinámica tendrá niveles de recuerdo superiores a la publicidad
estática.
3. Metodologia
3.1 Procedimiento
Para llevar a cabo el estudio se creó un sitio web sobre contenidos culturales
de actualidad, denominado Spare ubicadas en cuatro páginas de moda, música, cine
y tecnología. En la composición de las páginas se insertaron los anuncios de 4
campañas. Los participantes navegaron libremente en este sitio web durante 7
minutos. En las instrucciones se les pidió que buscaran información sobre
contenidos concretos de las noticias incluidas en las páginas visitadas. Durante la
sesión de navegación no se permitió tomar notas. La navegación en la página duró 7
minutos. La recogida de datos se realizó inmediatamente después de finalizar la
navegación.
Selección de campañas
Tendiendo en cuenta que los participantes del estudio son jóvenes de clase
media, media alta se seleccionaron productos dirigidos a este público objetivo. Para
evitar que el tipo de producto influyera sobre los resultados obtenidos se eligieron
cuatro tipos de productos siguiendo la clasificación FBC de Ratchford (1987). En la
categoría de producto funcional se eligió el terminal de telefonía móvil y el servicio
bancario; en la de productos expresivos se seleccionaron las zapatillas deportivas y
la cerveza. Así mismo se consideró que la terminal de telefonía móvil y el calzado
deportivo representan productos de alta implicación, mientras que los servicios
bancarios y la cerveza son de baja implicación.
Como paso previo a la selección se hizo un seguimiento de las campañas en
Internet de Enero a Noviembre de 2005 mediante la herramienta de Ad relevante de
Nielsen/Net-Rating. Se analizaron en total 442 campañas en 4 sectores elegidos
previamente. En el análisis de las campañas se excluyó la autopromoción. A partir
de la selección de campañas se preseleccionaron 15 compañías cuya publicidad se
337
La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha
desgatado el banner?
consideraba representativa, se excluyeron acciones específicas o promociones
puntuales y se buscó que los recursos creativos fueran equivalentes entre las marcas
del mismo tipo de producto.
Antes de realizar el experimento se hizo un estudio previo de actitud hacia las
marcas pre-seleccionadas, con el fin de identificar las marcas con actitudes
extremas (alta o baja) y elegir dos marcas de cada categoría de productos
equivalentes en actitud. Un grupo de 83 estudiantes de últimos cursos de la Facultad
de Humanidades y Ciencias de la Comunicación respondieron a un breve
cuestionario donde le preguntábamos si conocían la marca y en caso positivo le
pedíamos que evaluaran 16 marcas en una escala de actitud tipo likert de 5 puntos.
En la tabla 1 se muestran los resultados obtenidos. A partir de este análisis se
eliminaron las marcas poco conocidas y las marcas con valoraciones extremas (ver
tabla 1).
Se comprobó que no había diferencias estadísticamente significativas en la
actitud media en las dos marcas elegidas para cada categoría de producto (ver tabla
2). Las marcas seleccionadas en telefonía móvil fueron: Siemens y Motorola; en
zapatillas deportivas: Adidas y Nike; en servicios bancarios: BBVA y Caja Madrid;
y en cerveza: Amstel y Estrella de Galicia. Las campañas elegidas habían estado
activas entre los meses de mayo y junio y habían tenido una duración entre dos
semanas y un mes aproximadamente.
Tabla 1. Conocimiento, valoración media y desviación típica de la actitud
hacia las marcas pre-seleccionadas
MARCAS
Conocen
la marca
MEDI
A
SD
MARCAS
Conocen
la marca
MEDIA
SD
98,9%
2,66
,946
ADIDAS
SPRINGFIEL
D
100%
3,76
,798
Servicio
bancario
LA CAIXA
100%
3,62
,785
UNICAJA
96,6%
2,97
,702
H&M
88%
3,53
BBVA
100%
3,43
1,056
NIKE
85%
3,82
CAJA DUERO
CAJA
MADRID
Terminal
móvil
MOTOROLA
94,3%
2,97
,827
98,9%
3,49
1,135
100%
3,25
,782
NOKIA
100%
4,38
,866
SIEMENS
100%
3,20
,931
Moda
1,11
4
,978
Bebidas
IVERUS
2,2%
2,60
,913
HEINEKEN
ESTRELLA
DE GALICIA
AMSTEL
100%
3,81
64,8%
3,33
97,8%
3,31
,957
1,04
4
,973
Tabla 2. Comparación de actitud hacia la marcas Anova medidas
repetidas
338
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
MARCAS
Moda
ADIDAS - NIKE
Bebidas
ESTRELLA DE GALICIA – AMSTEL
Servicio bancario
CAJA MADRID - BBVA
Terminal móvil
MOTOROLA- SIEMENS
F
Sig.
n
0,180
0,672
85
0,179
,674
59
0,154
0,696
83
0,053
0,819
50
Selección de formatos
A partir del estudio descriptivo realizado sobre las campañas en internet se
eligieron los formatos más frecuentes encontrados en el análisis descriptivo de estos
cuatro sectores: banner superior, rascacielos (skyrapert) y botón. Las cortinillas no
fueron incluidas por su baja frecuencia en los sectores seleccionados (Sánchez y
Frutos, en prensa). Los formatos flotantes (layers) se descartaron en el estudio por
las connotaciones negativas que tienen para el usuario. Se ha constatado que las
ventanas que se abren sin la autorización del usuario y las acciones que interfieren
con la actividad del usuario se valoran negativamente (Frutos y Gutiérrez, 2004).
Por otra parte, cada vez más usuarios frecuentes de Internet instalan programas que
evitan la aparición de pop-ups y otros elementos emergentes en la navegación. De
hecho la inversión en este tipo de formatos se ha reducido a la mitad en el primer
semestre de 2005 (IAB y PriceWaterhouseCoopers, 2005).
Diseño experimental
En primer factor objeto de estudio es el formato publicitario con 4 niveles:
banner, rascacielos, botón parte inferior-derecha y botón parte inferior izquierdo. La
distribución de las 8 campañas en las cuatro posiciones fue balanceada, de forma
que todos los productos aparecieron al menos una vez en los cuatro formatos. El
segundo factor bajo estudio es la incorporación de la animación en la campaña. Se
establecieron dos niveles estático y dinámico. En el diseño se equipararon las
inserciones, de modo que en cada página la mitad de las inserciones tenían
animación y la otra mitad eran estáticas. De igual modo, cada formato tenía el
mismo número de inserciones dinámicas y estáticas. Para que se cumplieran las
condiciones del diseño fue necesario convertir en estáticas algunas creatividades
que originalmente contenían animación. Finalmente, se establecieron dos
condiciones experimentales cada una con una combinación de inserciones
determinada que se muestra en el Cuadro 1. De esta forma todos los usuarios vieron
una vez cada campaña en la forma A o en la forma B y cada inserción publicitaria
fue visualizada al menos en dos ocasiones puesto que aparecía en dos páginas. Los
usuarios se asignaron de forma aleatoria a la condición experimental dentro de la
misma sesión. En resumen, en el estudio se ha manipulado un factor inter-sujetos
339
La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha
desgatado el banner?
con dos niveles, un factor intra-sujetos con cuatro niveles (formato) y un factor
intrasujetos con dos niveles (movimiento).
Cuadro 1. Composición de la página web
Baner
Botón
Derecho
Botón
Izquierdo
Rascacielos
Página
Forma
BBVA
Estático
Estrella de
Galicia
Dinámico
Amstel
Estático
Adidas
Dinámico
Nike
Estático
Siemens
Estático
Adidas
Estático
1y3
A
Motorola
Estático
BBVA
estático
Caja Madrid
Dinámico
Caja Madrid
Dinámico
Siemens
Dinámico
Amstel
Estático
2y4
A
1y3
B
2y4
B
Nike
Dinámico
Estrella de Galicia
Estático
Motorola
Dinámico
Muestra
La muestra estaba formada por 79 estudiantes de los últimos cursos de la
Facultad de Humanidades y Ciencias de la Comunicación que participaron de forma
voluntaria en el estudio. Su perfil se responde al de internautas frecuentes que en
promedio navegan 5 días a la semana, durante dos horas diarias. La edad media se
sitúa en 22 años, el 70% son mujeres y la mayoría pertenece a la clase social media,
media-alta. En la condición experimental A se asignaron 34 personas y las 45
restantes fueron asignadas a la condición B. Los datos se recogieron en cuatro
sesiones durante el mes de diciembre de 2005.
Variables de medida
A diferencia de otros estudios basados en la tasa de clic, en el trabajo se
recogieron diversas medidas basadas en el recuerdo. En primer lugar se hizo una
pregunta de recuerdo espontáneo. La pregunta se formuló de la siguiente manera:
“Enumera todos los contenidos publicitarios de las páginas webs por las que
acabas de navegar”. En segundo lugar se realizó una pregunta de recuerdo
sugerido, en la que tenían que identificar si habían visto publicidad en una lista de
12 marcas, donde sólo 8 se correspondían con la publicidad de la página web. En
tercer lugar, se preguntó por la posición en la que se ubicaba la publicidad
indicándose tres posiciones: banner superior, rascacielos y botón.
4. Resultados
Antes de presentar los resultados se realizaron una serie de controles previos.
Como se señaló en el procedimiento, las marcas elegidas estaban equiparadas
previamente en cuanto al nivel de familiaridad, por lo tanto el nivel de recuerdo no
340
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
se puede atribuir al conocimiento previo de la marca. En la sesión de navegación se
controló si los participantes habían sido usuarios de las marcas recogidas en el
estudio. Posteriormente se comprobó que las dos marcas elegidas dentro de cada
categoría de producto son equivalentes en este aspecto según se puede apreciar en la
tabla 3. Asimismo se comprobó que los usuarios de cada marca no tuvieron niveles
de recuerdo superiores a los no usuarios (ver tabla 4). Por último se comprobó que
los usuarios que habían visto cada campaña con anterioridad no obtuvieron niveles
de recuerdo significativamente superiores a los que no lo habían visto como se
puede ver en la tabla 4.
341
La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha
desgatado el banner?
Tabla 3. Porcentaje de usuarios de cada marca y contrate estadístico entre
las marcas del mismo tipo de producto
Marcas
ADIDAS
Usuarios
χ22
Sig.
Marcas
81%
0,59
,467
BBVA
NIKE
88,6%
AMSTEL
7,6%
ESTRELLA DE
GALICIA
8,9%
0,91
,763
Usuario
s
38%
CAJA MADRID
44,3%
SIEMEMS
48,1%
MOTOROLA
42,9%
χ22
Sig.
,400
,527
1,286
,257
Después de llevar a cabo estros controles se puede afirmar que los análisis que
se efectúan a continuación no se pueden atribuir a la familiaridad de la marca, a ser
usuario de la marca o a haber estado expuesto a la campaña anteriormente.
Para poner a prueba la influencia del formato y la posición se utilizó el
estadístico W de Kendall (chi-cuadrado) para muestras relacionadas. El diseño se
planteó de modo que los cuatro tipos de productos están presentes en los cuatro
formatos publicitarios; igualmente están equiparados los anuncios dinámicos y
estáticos, por lo tanto, las diferencias en el recuerdo debería atribuirse únicamente
al formato.
Tabla 4. Contraste Chi-square sobre la proporción de recuerdo en
usuarios de la marca y en los que han visto la campaña previamente
Vista la campaña
frente no vista
ADIDAS
R. Espontáneo
R. Sugerido
R. Posición
NIKE
R. Espontáneo
R. Sugerido
R. Posición
AMSTEL
R. Espontáneo
R. Sugerido
R. Posición
ESTRELLA
DE GALICIA
R. Espontáneo
R. Sugerido
R. Posición
342
Usuarios frente a no
usuarios
χ 22
Sig.
χ 22
Sig.
4,320
1,432
,253
,086
,231
,613
,148
,118
,113
,701
,731
,731
1,464
,267
,060
,226
,605
,806
1,402
,003
4,983
,236
,956
,026
,022
,130
,341
,883
,718
,559
,301
,095
,668
,583
,758
,414
,866
,508
,003
,352
,476
,957
1,168
,109
,212
,280
,741
,645
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
BBVA
R. Espontáneo
R. Sugerido
R. Posición
CAJA MADRID
R. Espontáneo
R. Sugerido
R. Posición
SIEMENS
R. Espontáneo
R. Sugerido
R. Posición
MOTOROLA
R. Espontáneo
R. Sugerido
R. Posición
Vista la campaña
frente no vista
Usuarios frente a no
usuarios
,241
1,366
,459
,623
,243
,498
2,345
,569
3,181
,126
,451
,204
,090
1,090
,251
,764
,296
,616
,790
2,074
2,222
,374
,150
,136
,320
,220
,631
,565
,639
,427
,067
1, 763
,067
,329
,184
,796
,150
,002
,127
,698
,962
,721
1,872
,019
,050
,171
,890
,824
Los resultados muestran que hay diferencias significativas en el recuerdo
espontáneo atribuibles a esta variable (χ23= 33,00 sig. ,000). Se confirma la primera
hipótesis, puesto que el banner tiene un nivel de recuerdo significativamente
inferior al de las otras tres posiciones. No obstante, las diferencias entre las otras
tres posiciones no son estadísticamente significativas (χ23= 3,85 sig. ,145). Es decir,
no hay diferencias en el nivel de recuerdo espontáneo entre el rascacielos y el
botón. Este mismo resultado se mantiene al examinar el recuerdo sugerido (χ23=
39,193 sig. ,000) y el recuerdo de la posición donde estaba ubicada la publicidad
(χ22= 42,081 sig. ,000). En el recuerdo de la posición es donde más se marcan las
diferencias, como se puede ver en la tabla 5, sólo el 24% identifica correctamente
alguno de los anuncios ubicados en el banner, la mitad que en el resto de las
posiciones. Si comparamos el nivel de recuerdo sugerido y de la posición entre
rascacielos, botón derecho y botón izquierdo, encontramos de nuevo que no hay
diferencias significativas entre estas tres posiciones (χ22= 0,182 sig. ,666 y χ22= 1,5
sig. ,472).
El segundo factor intra-sujetos que se analiza es el movimiento, según se
plantea en la hipótesis los elementos dinámicos del anuncio captan la atención del
usuario y por lo tanto se incrementará la probabilidad de procesamiento y de
recuerdo posterior. El diseño experimental está equilibrado en cuanto al tipo de
producto y la posición del mismo, de modo que la comparación entre ambas se
deberá únicamente al efecto de la animación.
Tabla 5. Porcentaje de recuerdo por posición y moviemiento
POSICIÓN
Recuerdo
espontáneo
Recuerdo
sugerido
Recuerdo
posición
343
La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha
desgatado el banner?
Banner
Rascacielos
Botón dcho
Botón izq.
30,4%
67,1%
67,1%
55,7%
45,6%
84,8%
79,7%
83,5%
24,3%
58,2%
62,0%
65,85
χ23
33,00
,000
3,85
,145
39,193
,000
0,182
,666
42,081
,000
1,5
,472
84,8%
97,5%
χ22
68,4%
78,5%
2,467
63,3%
75,9%
4,167
Sig.
,117
Sig.
χ22 (sin banner)
Sig.
MOVIMIENTO
Dinámico
Estático
8,33
,004
,041
Según se muestra en la tabla 5 la hipótesis planteada no se confirma en
ninguna de las medidas de recuerdo. En el recuerdo espontáneo encontramos que es
mayor la proporción de recuerdo en los anuncios estáticos que en los dinámicos, no
obstante estas diferencias no son estadísticamente significativas (χ22= 2,467 sig.
,177). En el recuerdo sugerido encontramos que contrariamente a lo que se había
hipotetizado la proporción de recuerdo es significativamente mayor para los
anuncios estáticos que para los dinámicos (χ22= 8,33 sig. ,004). Este mismo
resultado se confirma para el recuerdo de la posición (χ22= 4,167 sig. ,041). Este
resultado viene a confirmar el hallazgo de Rae y Brennan (1998) y Baltas (2003)
sobre la superioridad de las campañas estáticas.
En tercer lugar se examina la influencia de la forma experimental A o B en el
recuerdo. Mediante la prueba del chi-cuadrado se compara la proporción de
recuerdo inter-grupos. Los dos grupos han visto la misma campaña en diferente
forma, de modo que las diferencias entre las dos condiciones sólo son atribuibles al
formato/movimiento puesto que el resto de las condiciones se han mantenido
constante.
En la tabla 6 se muestra el nivel de recuerdo por campaña. Encontramos dos
campañas con un nivel de recuerdo espontáneo bastante bajo comparamos con el
resto que son Estrella de Galicia (12,7%) y BBVA (13%). Atendiendo el contenido
del anuncio encontramos que en ambos casos no figura el nombre de la marca, y el
contenido sólo hace referencia al producto objeto de la campaña. En el caso de
Estrella de Galicia el mensaje se centra en la cerveza denominada 1096 y no
aparece ningún signo distintivo que se asocie con el fabricante. Igualmente, en el
anuncio de BBVA el producto anunciado se denomina Blue Joven, y el resto del
contenido no hace ninguna referencia a la entidad bancaria. En las campañas
restantes se identifica bien el logotipo o el nombre del anunciante. La proporción de
recuerdo espontáneo para el resto de las marcas está entre el 35% y el 52%. El
porcentaje de recuerdo sugerido es bastante mayor, así encontramos valores que van
desde el 76,9% de Amstel al 46,8% de Motorola y Caja Madrid, si exceptuamos las
dos campañas anteriormente mencionadas. El recuerdo de la posición dónde se
344
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
ubica el anuncio es más difícil de evocar con exactitud, como se puede apreciar la
proporción de acierto es inferior al recuerdo espontáneo en todas las marcas salvo
para la cerveza Amstel.
Tabla 6. Proporción de recuerdo espontáneo, sugerido y posición por
campaña
Recuerdo
espontáneo
45,6%
51,9%
41,8%
12,7%
Recuerdo
sugerido
53,2%
56,4%
76,9%
32,9%
Recuerdo
posición
24,1%
32,9%
49,4%
20,3%
χ 27
13,0%
40,5%
48,1%
36,7%
69,256
30,8%
46,8%
61,5%
46,8%
46,755
19%
35,4%
38%
33%
18,343
Sig.
,000
,000
,011
ADIDAS
NIKE
AMSTEL
ESTRELLA DE
GALICIA
BBVA
CAJA MADRID
SIEMEMS
MOTOROLA
El análisis de cada campaña ratifica los resultados obtenidos en los factores del
formato y el movimiento, que se muestran en la tabla 7. Cuando se compara el
banner con el botón las todas las campañas arrojan diferencias en el nivel de
recuerdo estadísticamente significativas, excepto en el caso de BBVA donde el
nivel de recuerdo es más bajo y las diferencias no llegan al nivel de significación.
En la campaña de Nike el recuerdo espontáneo del banner dinámico es del 32,4% y
esta proporción se duplica cuando los usuarios han visto el botón estático (66,7%),
siendo la diferencia es estadísticamente significativa (χ21= 9,135 sig. ,003). Este
mismo resultado se obtiene al analizar la medida de recuerdo sugerido (χ21= 9,348
sig. ,002) e incluso se acentúa más al examinar el recuerdo de la posición. Así el
11,8% recuerda el banner frente al 48,5% que recuerda el botón (χ21= 12,089 sig.
,000).
En la campaña de la cerveza de Estrella de Galicia el resultado es similar, en
este caso se compara el banner estático y el botón dinámico y la superioridad del
botón sigue poniéndose de manifiesto. El nivel de recuerdo espontáneo del botón
dinámico es del 23,5% frente al 4,4% del banner estático (χ21= 6,380 sig. ,012). Las
diferencias son significativas para el recuerdo sugerido (χ21= 5,411 sig. ,020) y se
acentúan en el recuerdo de la posición (χ21= 11,950 sig. ,001). En resumen, en las
dos campañas se confirma la hipótesis de que el nivel de recuerdo de los botones es
significativamente mayor al banner.
En la campaña de Motorola se contrasta la hipótesis del movimiento, puesto
que se compara el banner estático frente al banner dinámico. De nuevo se confirma
con las tres medidas de recuerdo que el nivel de recuerdo es mayor en el banner
estático (χ21= 9,445 sig. ,002; χ21= 10,383 sig. ,001; χ21= 10,846 sig. ,0010).
345
La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha
desgatado el banner?
Tabla 7. Comparación de campañas por condición (posición y
movimiento)
Banner
estático
Banner
dinámic
o
Botón
estático
χ21
Sig.
55,9%
2,559
,110
58,8%
,768
,381
44,1%
1,410
,235
Botón
dinámic
o
Rascacielos
estático
R. Espontáneo
37,8%
R. Sugerido
48,9 %
R. Posición
31,1%
Rascacielos
dinámic
o
ADIDAS
NIKE
R. Espontáneo
32,4%
66,7%
9,135
,003
R. Sugerido
35,3%
71,1%
9,348
,002
R. Posición
11,8%
48,9%
12,089
,001
AMSTEL
R. Espontáneo
50,0%
35,6%
1,661
,197
R. Sugerido
91,2%
64,4%
9,330
,002
R. Posición
67,6%
35,6%
7,797
,005
ESTRELLA
GALICIA
R. Espontáneo
4,4%
23,5%
6,380
,012
R. Sugerido
22,2%
47,1%
5,411
,020
R. Posición
6,7%
38,2%
11,950
,001
BBVA
R. Espontáneo
11,8%
11,1%
,426
,928
R. Sugerido
26,5%
33,3%
,051
,567
R. Posición
20,6%
17,8%
14,377
,001
CAJA MADRID
R. Espontáneo
40,0%
41,2%
,011
,916
R. Sugerido
46,7%
47,1%
,001
,972
R. Posición
35,6%
35,3%
,001
,981
SIEMENS
R. Espontáneo
50,0%
46,7%
,086
,769
R. Sugerido
64,7%
57,8%
,636
,425
R. Posición
50,0%
38,9%
3,665
,056
MOTOROLA
R. Espontáneo
22,2%
55,9%
9,945
,002
R. Sugerido
31,1%
67,6%
10,383
,001
R. Posición
17,8%
53,9%
10,846
,000
Respecto a la comparación entre el rascacielos y el botón, se han encontrado
diferencias estadísticamente significativas en la campaña de Amstel en el recuerdo
espontáneo y sugerido entre ambas posiciones (χ21= 9,330 sig. ,002; χ21= 7,797 sig.
,001). Según el estudio el recuerdo sugerido del botón fue del 91,3%, frente al
64,4% del rascacielos. Si examinamos el recuerdo de la posición encontramos que
el recuerdo del botón casi duplica al del rascacielos (67,6% frente al 35,6%). No
346
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
obstante este resultado ha de tomarse con cautela, en primer lugar, porque en el
recuerdo espontáneo las diferencias no llegan a la significación estadística. En
segundo lugar, porque ni en la campaña de Caja Madrid, ni en la campaña de
Siemens, en las que también se comparan estas dos posiciones, se hallaron
diferencias estadísticamente significativas entre estas dos posiciones.
5. Conclusiones
El objetivo de este trabajo ha sido estudiar la eficacia del formato y el
movimiento en la publicidad en Internet en una muestra de ocho campañas que se
pueden considerar representativas de la actividad publicitaria en la web de cuatro
sectores. La primera de nuestras hipótesis se ha visto confirmada en el estudio,
quedando demostrado que el recuerdo del banner es significativamente inferior a los
botones y rascacielos. Esta diferencia es todavía mayor cuando se analiza el
recuerdo de la posición donde estaba ubicada la publicidad. El diseño experimental
del estudio ha controlado la influencia de posibles variables en las medidas de
eficacia como es la familiaridad, el conocimiento previo de la campaña, el tipo de
producto o la creatividad de la propia campaña. Las implicaciones de este resultado
son muy importantes para el sector, puesto que el banner ha sido el formato
publicitario por excelencia. Cabe preguntarse que es lo que ha desgatado al banner.
Una posible explicación es la tesis del marco. Los usuarios en su búsqueda guiada
de información han aprendido a no fijar su atención en la parte superior de la
página. Por lo tanto, es más probable que dirijan su atención a cualquier otro
elemento publicitario situado en patrón de recorrido visual y por tanto, sea
procesado con mayor probabilidad y posteriormente recordado. Queda por
comprobar si la superioridad del botón es mayor a la del rascacielos, que en este
trabajo sólo se ha sido confirmado en una campaña, pero que de ratificarse en otros
trabajos abundaría en la tesis del marco. Otra posible explicación puede encontrarse
en la habituación a este formato, como consecuencia los usuarios responden con
menos frecuencia e incide en el decremento del recuerdo.
La segunda hipótesis del estudio que planteaba la mayor eficacia de los
anuncios con animación no ha sido confirmada Al contrario, los resultados han
apuntado de manera consistente que los anuncios estáticos consiguen mayor nivel
de recuerdo que los anuncios dinámicos. De hecho este resultado se ha confirmado
comparando la misma campaña y el mismo formato y variando únicamente el
elemento dinámico. Aventurando una posible explicación a este resultado, se puede
plantear que el anuncio estático se ve favorecido cuando la medida de eficacia es el
recuerdo, no obstante, si valoramos otros aspectos del anuncio como puede ser la
actitud hacia el anuncio, podríamos encontrar otros resultados. Es posible que la
animación suponga un incremento en el contenido del anuncio, es decir, incrementa
su complejidad y por ello resulte más difícil de evocar y sean necesarios más
contactos para que sea efectivo.
347
La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha
desgatado el banner?
En general los niveles de recuerdo de las campañas han sido bastante altos,
excepto para las dos campañas centradas en el producto que no incluyeron ninguna
referencia hacia la identidad de la compañía. Este resultado se podría ratificar en
futuros trabajos de investigación.
Por último cabe señalar algunas limitaciones de este estudio y
recomendaciones para la investigación posterior. Se trata de un estudio
experimental, por lo tanto, el control de la situación de navegación garantiza la
validez de los resultados obtenidos. El sitio web y las condiciones de navegación
simularon bastante bien una situación real de navegación. Sería deseable realizar un
estudio similar en una situación real de navegación. Igualmente, somos conscientes
de que sólo se ha puesto a prueba dos variables dentro del amplio abanico de
recursos creativos que ofrece la publicidad en Internet, por lo que parece muy
interesante ampliar el estudio con otros recursos creativos. Finalmente, el estudio se
puede completar utilizando otras medidas de eficacia como la actitud hacia el
anuncio o la actitud hacia la marca.
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350
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 351
Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de
información automatizados de los SGE.
Gloria Areitio, Ixone Alonso
[email protected], [email protected]
Profs. del Laboratorio de Informática Aplicada (LIA/IAL). Dpto. Economía Aplicada
V. Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales. Universidad del País Vasco UPV/EHU, Avda. Lehendakari Agirre - 83, Bilbao, España.
Resumen: Si un blog nos permite compartir intereses con personas de
todo el mundo, por que no aplicarlo entre usuarios próximos, en una
organización, el conocimiento tácito es muy importante. Ese conocimiento
puede ahora hacerse público y compartido gracias a herramientas tales como:
blogs, wikis, sindicación, folksonomías, etc... Las empresas están acumulando
información propia de sus contextos de actuación. Pero, además, ahora
quienes componen esas organizaciones van a poseer competencias y
experiencia real en herramientas que pueden manejar la información de
maneras óptimas haciéndola usable y combinándola con el conocimiento de
los propios usuarios, o nuevas iniciativas internas o externas que utilicen
tecnologías Web 2.0.
Palabras clave: herramientas colaborativas; web 2.0; sistemas de información
automatizados; Sociedad de la información y el Conocimiento.
1.
Introducción.
En la actual Sociedad de la Información, la masa de información ha llegado a
ser asfixiante, así que las Tecnologías de la Información y de la Comunicación
(TIC) se han puesto en marcha, sino para reducirla, si para poder manejarla y
parametrizarla, para obtener de ella conocimiento que pueda ser utilizado de una
manera inmediata y con mínima ocupación de espacio.
“...Tras los notables progresos tecnológicos conseguidos en los últimos
tiempos, las TIC entran en una fase de despliegue a gran escala que podría
transformar radicalmente nuestra manera de trabajar, vivir e interactuar... En
términos técnicos, las redes de comunicación, los medios audiovisuales, los
contenidos, los servicios y los equipos están en plena convergencia digital. La
mejora de las redes, asociada a las nuevas técnicas de compresión, crea canales de
351
Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE.
distribución nuevos y más rápidos, y hace posibles nuevos formatos y servicios de
contenidos...”. (COM.2005).
Las TIC1, cuyo exponente más popular es Internet, son tecnologías cuyo
potencial está ligado a la creatividad humana que, además, puede transformarlas
con su uso y posterior banalización.
Mucho se ha hablado de Internet en cualquiera de sus dimensiones, en el
aspecto tecnológico, en el aspecto socioeconómico, cultural etc. Podríamos decir
que Internet es una nueva forma de organización de la actividad humana. Internet es
el conglomerado de organizaciones que funcionan “con”, “a semejanza de” y “a
través” de esta Red; y por tanto, el conjunto de usuarios humanos que se lucran de
la conectividad que les aporta este entramado tecnológico.
Las empresas o sistemas de gestión económica (SGE), especialmente las
grandes corporaciones que tienen una gran red de influencia económica y una
extensa actividad comercial, administrativa y financiera, han tenido que acudir a la
Informática y a la ciencia de los Sistemas de Información para remediar la
avalancha de información en soportes distintos y con procedencias muy diversas.
Nuevas arquitecturas operativas tales como las de soporte al trabajo cooperativo o
las de soporte al Comercio electrónico (e-commerce) forman clusters de agentes
que intercambian datos continuamente para realizar sus funciones y sus
intervenciones.
El actual proceso de digitalización se construye sobre un soporte
socioeconómico en el que podemos distinguir tres dimensiones principales que se
ínter-alimentan entre sí (Rincón, Areitio & Areitio, 2005):
• Dimensión horizontal, constituida por los sectores económicos
horizontales encargados de desarrollar:
o la infraestructura física y las redes (infraestructura de
telecomunicaciones: la red de banda ancha terrestre y móvil, la
red de televisión digital, etc.).
o los servicios genéricos que permiten el uso de la infraestructura
física.
• Dimensión vertical, donde se desarrollan los sectores que da
soporte a los servicios de valor añadido que se han venido a
englobar bajo los conceptos de e-empresas, e-comercio, e-salud,
e-gobierno, e-educación, etc.
• Dimensión transversal, que se nutre de elementos de los sectores
horizontales y verticales, tales como:
o los marcos de regulación vigentes, que consolidan el
ámbito de las nuevas formas de organización.
o los mecanismos de financiación, que sustentan el
funcionamiento de las TIC.
1
Las TIC son producto de la convergencia de las tecnologías de la información y las
tecnologías de la comunicación. Así que van más allá de aspectos meramente tecnológicos
e informáticos abarcando cuestiones relativas a la información y la comunicación.
352
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
o
o
2.
el capital humano asociado, que constituye la fuerza
motriz de la tecnología.
etc.
Algunas cifras sobre la penetración del comercio electrónico por áreas
geográficas y sectores de actividad como indicador del avance de la
Sociedad de la Información.
Es innegable que las tecnologías de la información y de la comunicación están
generando un nuevo espacio social, en el que pueden desarrollarse las más diversas
actividades humanas. Sin embargo, aún estamos experimentando lo que “dan de sí”
estas tecnologías. La construcción de escenarios específicos y el estudio de la traza
de penetración de la actividad mediante indicadores son unas buenas herramientas
para analizar dichas actividades, y pueden permitir impulsar a los ciudadanos a ser
activos en dichos escenarios.
Como se muestra a continuación, la posición actual de Europa en cuanto a
número de usuarios de Internet y al uso de tecnologías móviles, presenta cifras que
adelantan las posiciones de Norte América (figura 1).
Figura 1 – Informe Global Technology / Internet Trends (Morgan Stanley. 2006)
Concretamente, para ilustrar la posición de partida de los usuarios españoles,
vamos a utilizar como indicador, el estado de penetración del comercio electrónico,
dado que este indicador pertenece a la, ya mencionada, dimensión vertical de
soporte a la Sociedad de la Información. Nos centraremos en el volumen de negocio
del comercio electrónico dentro de España y desde España con el resto de áreas
geográficas, así como la penetración de dicho comercio por sectores de actividad.
353
Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE.
Se puede observar como el volumen de negocio del comercio electrónico desde
España con el resto de áreas geográficas (UE, EEUU, América Latina, Asia
Pacífico y C.E.M.E.A, países de Europa Central, Oriente Medio y Africa), se ha
incrementado significativamente a lo largo del periodo 2001-2004. Los incrementos
más significativos se han producido en la Unión Europea, situándose el volumen de
negocio de comercio electrónico de España hacia esta área geográfica en el año
2004, en una cifra que supera los 403 millones de euros. A continuación le sigue
EEUU, aunque con una diferencia apreciable, con respecto a la UE, dado que se
sitúa en torno a los 71 millones de euros, los países del C.E.M.E.A (13 millones),
América Latina (en torno a 7 millones) y por último Asia Pacífico. (ver Figura 2).
Figura 2 – Informe sobre el Comercio Electrónico en España a través de las entidades
de medios de pago. Comisión del Mercado de las Telecomunicaciones. 4º trimestre de 2004.
En cuanto al volumen de negocio del comercio electrónico dentro de España,
se puede observar la tendencia al alza del mismo en el periodo comprendido entre el
año 2001 y 2005, indicativo de la rapidez de crecimiento de este tipo de comercio.
(ver Figura 3). En cuanto a los sectores de actividad, el transporte aéreo es el sector
donde el volumen de negocio de comercio electrónico es mayor, con un 27%,
seguido por el marketing directo (11,80%) y los juegos de azar y apuestas, con un
6,8% para el último trimestre del año 2004. (ver figura 4).
Para concluir, destacar, que el volumen de negocio de comercio
electrónico dentro de España y desde España hacia el resto de zonas geográficas es
cada vez mayor, siendo la UE, por el momento, el objetivo prioritario de España
354
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
para la realización de operaciones de comercio on-line. Asimismo, se está
produciendo un avance significativo del comercio electrónico, en general, en todos
los sectores de actividad, y particularmente en el transporte aéreo, que alcanza
porcentajes muy superiores al resto de sectores, a pesar del retroceso sufrido en el
segundo trimestre de 2005 (Com. del Mercado de las Telecom., 2005).
Figura 3 - Informe sobre el Comercio Electrónico en España a través de las entidades
de medios de pago. Comisión del Mercado de las Telecomunicaciones. 2º trimestre de 2005.
355
Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE.
Figura 4 - Informe sobre el Comercio Electrónico en España a través de las entidades de
medios de pago. Comisión del Mercado de las Telecomunicaciones. 4º trimestre de 2004.
3.
El fenómeno web 2.0.
La Sociedad va construyendo y aprendiendo lo que “es y puede llegar a ser” la
era de la información. El valor de la información depende específicamente del
contexto en el que ésta se presente y analice. La misma información puede
presentar valores diferentes para personas y momentos distintos. Del mismo modo,
los servicios asociados a la información y las aplicaciones de las TIC van
definiéndose e inventándose (tabla 1), a medida que la oportunidad tecnológica se
presenta como propicia, desde el punto de vista económico y social, y, muy a
menudo, empujada por la “madurez” de los usuarios en la asimilación de
competencias referidas a tecnologías afines. El proceso de “madurez” que sufre un
usuario ha sido objeto de múltiples estudios, que se escapan del ámbito de esta
comunicación.
El hecho es que la llegada de los ordenadores y la incorporación del fenómeno
web en los ámbitos profesionales y domésticos están proyectando la innovación en
todo lo relativo al acceso y manipulación de la información, mas allá de lo que
cualquiera de nosotros podríamos haber imaginado hace tan sólo veinte años.
356
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Tabla 1 – Ejemplo de evolución de las aplicaciones de la tecnología emergente RFiD (radio
frequency identification).
Aplicaciones tradicionales de RFID
Aplicaciones emergentes de RFID
Control de acceso/seguridad personal
Gestión de stocks
Artículos de vigilancia electrónica
Gestión de la cadena logística
Identificación de animales
Seguimiento de envíos postales
Control de
bibliotecas
los
volúmenes
Gestión de flotas (autobuses, etc.)
en
Seguimiento de equipajes en las líneas
aéreas
Seguimiento de documentos
Aplicaciones sanitarias
Antifalsificación
Los expertos de Morgan Stanley (Morgan Stanley, 2005) reivindican lo que
ellos consideran el “momento Internet”. Los parámetros clave de lo que constituyen
las tendencias descritas en este informe son: el auge de la electrónica de consumo,
la generalización de la banda ancha y el crecimiento sostenido no sólo del número
de usuarios de Internet, sino también de la frecuencia de uso de este medio por parte
de cada uno de estos usuarios.
Asimismo, el SFO (Search-Find-Obtain -busque-encuentre-obtenga-) se está
convirtiendo en una realidad global y está llamado a ser la próxima “estrella” de
Internet. Asociado al éxito del SFO2 está también el de la publicidad por la
búsqueda de palabras clave y, por tanto, el despegue de los ingresos por enlaces
patrocinados.
Por su parte, el momento actual supone un punto de inflexión en la evolución
de la web: surge la web 2.03 con un gran potencial para el uso y desarrollo de
herramientas colaborativas que facilitarán el trabajo de los equipos. No existen una
definición universalmente aceptada del concepto “web 2.0”, y de la tecnología que
se esconde tras este término, sin embargo, puede decirse que un sitio web está
construido usando esta tecnología si emplea (tomado de Wikipedia):
•
CSS, marcado XHTML válido semánticamente y Microformatos
•
Técnicas de aplicaciones ricas no intrusivas (como AJAX Asynchronous JavaScript And XM.)
2
3
Actualmente, empresas de servicios tales como Google, Amazon.com, Yahoo!, Expedia o
Overture, utilizan SFO en sus estrategias de negocio.
El termino web 2.0 identifica la transición de las web estáticas basadas en el uso exclusivo
del HTML, a las web “actuales” o hacia las que se tiende, basadas en el uso de este entorno
orientándolo hacia la interacción humana virtual y a las redes sociales. Los blogs, los
wikis, las folksonomías, la sindicación, etc... son, entre otras, herramientas asociadas al
concepto web 2.0.
357
Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE.
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Java Web Start
Flex/Laszlo/Flash
XUL
Sindicación de datos en RSS/ATOM4
Agregación de datos en RSS/ATOM
URLs sencillas y con significado
Soporte para “postear” en un blog
APIs REST o XML
Algunos aspectos de redes sociales
Una red social es una representación gráfica de tipo grafo, en la que los nodos
representan individuos (actores) y los enlaces las relaciones entre ellos. Este
término se emplea para describir las relaciones que se desarrollan en las
comunidades virtuales, y se hizo popular hacia el 2003.
Como soporte a las redes sociales, mencionemos, por ejemplo, a Orkut de
Google (ver figura 5), o a Flickr. Este ultimo sitio se ha convertido en una cita
ineludible al hablar de redes sociales ya que su pretensión es conseguir integrar las
comunidades y redes sociales interesadas en la fotografía online. Este sitio aparece
en la literatura como una nueva forma de comunicarse a través de la fotografía. En
todo caso, y aunque los usuarios de flickr pueden elegir en qué condiciones quieren
compartir sus fotos: utilizando un copyright tradicional o bien utilizando una de las
licencias abiertas o diferentes tipos de copyleft que creative commons proporciona,
en pocos meses flickr se ha convertido en la mayor base de datos mundial de
fotografías libres existentes hoy en día. Los portales de soporte a redes sociales
disponen de las herramientas que se están popularizando en Internet, para la
interacción y colaboración social: los webblogs, los wikis, las folksonomías, la
sindicación, etc...
4
“...La primera y más importante evolución de la Web 2.0 se refiere a la sindicación del
contenido de una Web, usando protocolos estandarizados que permitan a los usuarios
finales usar el contenido de la web en otro contexto, ya sea en otra web, un plug-in de
navegador, o en una aplicación de escritorio…”.Tomado de Wikipedia.
358
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figura 5 – Ejemplo de un sitio de soporte a redes sociales: Google lanzó Orkut, el
22/01/2004.
Existen otras herramientas que permiten ordenar información de una manera
visual. Por ejemplo, los mapas mentales permiten generar diagramas representando
piezas de información en una estructura de árbol (ver figura 6). Son especialmente
útiles para esbozar ideas y darles forma gradualmente, de manera muy similar a la
mecánica que se sigue en los WikiWikiWeb. Pero a diferencia de éstos, además de
no haber nacido como herramienta colaborativa, su estructura responde concepto de
“árbol jerárquico”.
La facilidad de uso, que se nos ofrece en el uso de sitios que incorporen las
tecnologías asociadas a esta nueva versión de la Web, genera un nuevo reto para el
usuario final: el contenido. Un contenido o recurso digital debe entenderse como
información digitalizada, desarrollada o adquirida, con el objetivo de resultar
accesible e intercambiable para la comunidad global.
Los contenidos pasan a ser los protagonistas, robando espacio a los aspectos
tecnológicos o de diseño de los sitios web. El negocio de la distribución de
contenidos se presenta, a su vez como una idea de negocio emergente, que
aparentemente comienza a arrastrar a un importante número de empresas asociadas
de una manera u otra con la Red (figura 7).
359
Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE.
Figura 6 – Ejemplo de mapa mental realizado con soporte software.
producen el
contenido
integran+ “envasan”
+resumen+transportan
Aportan la “cartera”
de clientes
- intermediarios
- ventaja competitiva:
• agregan, resumen e
integran contenidos (a veces
aportando valor)
Productor/es de
contenidos
- enfoque: especialización
- ventaja competitiva:
• fiabilidad,
• time-to-market
• calidad del contenido
Distribuidor/es
de contenido
Disponibilidad en tiempo y forma
Agregador/es de
contenido
Consumidor/es
de contenido
-ventaja competitiva:
• disponer de la más amplia
oferta de contenidos
• ofrecer contenidos de alto
interés (modelo 'pay-perview')
Figura 7 – Esquema de la cadena logística de la distribución de contenidos en Internet.
360
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
4.
Efecto de las tecnologías web 2.0 en los actuales SGE
Una organización puede definirse como un conjunto de actores o agentes –
factor humano-, de elementos físicos –factor técnico- y procedimientos de acción y
decisión –procesos operativos- que pretenden conseguir unos objetivos –finalidad-.
Esta definición representa la expresión física de un concepto más abstracto que es el
Sistema de Gestión Económica (SGE) cuya misión principal es crear el marco
institucional y normativo en el que se reúnen y organizan los recursos humanos,
físicos, monetarios e informacionales que son asignados a cada representación
concreta del SGE.
La informatización integral de empresas está originando una nueva estructura
productiva y está creando un estilo de trabajo y control de la producción diferente.
Es posible afirmar que se está consiguiendo construir un entramado informacional.
Por todo ello, el manejo y acceso eficaz y veloz de la información (ó en su caso del
conocimiento) se ha convertido en un factor decisivo para aumentar la
competitividad económica de un sistema de gestión económica. Así pues, una
formación complementaria, para el futuro especialista en administración y dirección
de empresas, sobre competencias que le permitan abordar y conocer los
fundamentos y la aplicación de soluciones basadas en los avances en Informática en
general y en las TICs en particular, no sólo les proporcionan las herramientas para
integrarse profesionalmente en la Sociedad de la Información como agentes activos
que favorezcan su construcción; sino que, a corto y medio plazo, está alterando las
bases mismas de los sistemas de información de las organización donde se integren.
El paso de la empresa convencional a la empresa “extendida” (García, 2001)
supone la aparición de tres problemas que inciden de manera importante sobre la
organización del SGE, sobre los procesos transaccionales de su actividad comercial,
financiera y contable y sobre los procedimientos decisoriales estratégicos y de
control. Deben por lo tanto ser conocidos, analizados y resueltos. Estos tres
problemas son:
• La integración de los sistemas gestionarios de la empresa con el
resto de las empresas de su Extranet, o con sus partners, o con sus
clientes del entorno e-Commerce. En el caso de los partners la
integración supone que los ERP de ambos extremos deben poder
«verse» no sólo para intercambiar información, sino también para
compartir procesos.
• La formación de un espacio Intranet fuertemente securizado.
• La extensión del espacio informacional de la empresa hacia el
ciberespacio , lo que conllevan procesos en ese nuevo entorno.
Las metodologías de integración de aplicaciones y subsistemas operativos
(ERP -Enterprise Resource Planning-) son conocidas y su grado de implantación es
muy alto en las grandes corporaciones y aceptable en las PYMES.
Asimismo, la tarea de creación de una Intranet constituye una actividad muy
banalizada en el entorno del diseño de los sistemas de información corporativos
361
Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE.
(Rincón, Areitio, Areitio & Aldaz, 2001). Los usuarios de una red corporativa con
un ordenador fijo y suficientemente protegido con los mecanismos software y
hardware básicos, permiten a los administradores de sistemas o a los técnicos de la
red, implementar políticas de seguridad de una manera muy rápida. Por el contrario,
los usuarios cuya actividad profesional se desarrolla entera o parcialmente en el
domicilio, requieren soluciones algo más sofisticadas. Así, la verificación del nivel
de seguridad del equipo remoto, que desea conectarse a la red corporativa, debe ser
lo más amplia posible. En estos casos, se estilan soluciones como la conexión a
través de una VPN.
Finalmente, la integración y colaboración de las empresas dentro del espacio
Internet debe solventarse con sus propias herramientas de diseño y programación
(web services, XML, PHP, etc.).
En cualquier caso, y como consecuencia inmediata, el SI (sistema de
información) y su correspondiente SIA (sistema de información automatizado),
deberán rediseñarse y en su caso puede, incluso, que se requiera una reingeniería de
procesos.
Las organizaciones empresariales no pueden escapar de esta compleja espiral
de cambio y de su aceleración. Los usuarios desean para su entorno de trabajo,
aquello que encuentran en su vida privada, es decir entornos que:
• dispongan de sistemas de búsqueda que cubran un amplio
universo, al estilo Google.
• sistemas que proporcionen asistencia “inteligente” ante los
problemas que le puedan surgir.
• ayudas automáticas de diversos tipos (corrección ortográfica,
traducción, clasificación por relevancia de la respuesta, mapas de
navegación, personalización del entorno de trabajo etc.)
• disponibilidad de múltiples de formatos para los objetos de
información (texto, multimedia).
• disponibilidad de aquellos objetos que se localicen en formato de
objeto completo.
• sistemas que permitan y den soporte a redes sociales.
• metadatos.
• seguridad y privacidad.
• etc.
La pregunta que subyace a esta realidad es, si los administradores de sistemas
podrán abordar el reto e implantar en la siguiente generación de sistemas de
información automatizados (SIA) de los sistemas de gestión económica (SGE), los
elementos que estos nuevos usuarios van a demandar. Desde luego, la organización
para poder responder adecuadamente a las expectativas de los usuarios, deberá
disponer de un sistema de información fuerte con objetivos y misiones bien
definidos, orientados al usuario, además de plantear como prioritario:
• el conocimiento profundo de las necesidades de información de
los usuarios y del medio en el que desarrollan su actividad.
362
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
•
•
•
•
la capacidad de maniobra necesaria para modificar y perfeccionar,
en forma dinámica, pero en estrecha colaboración con el usuario
final, aquello que se tiene y considerar el entorno donde se aplica
el producto o servicio que ha perdido su valor.
el establecimiento de revisiones sistemáticas de cada una de las
etapas de preparación de los productos o servicios, con el objetivo
de asegurar el cumplimiento de los requerimientos del usuario y
la calidad que se exige.
disponer de una infraestructura tecnológica y recursos necesarios
para satisfacer las especificidades de los productos o de los
servicios de información y su accesibilidad a los usuarios.
asegurar la formación profesional y técnica de los especialistas
que participan, tanto en la preparación, como en la entrega de los
productos y servicios de información.
La próxima revolución en el uso de las TIC en el entorno empresarial no será la
Web 2.0 en Internet, sino el uso de la web 2.0 en la red corporativa. Si un blog nos
permite compartir intereses con personas de todo el mundo, por que no aplicarlo
entre usuarios próximos, en una organización, el conocimiento tácito es muy
importante. Ese conocimiento puede ahora hacerse público y compartido gracias a
herramientas tales como: blogs, wikis, sindicación, etc...
En realidad se trata de resucitar los viejos conceptos asociados a las
herramientas groupware propietario, que en su momento, y en organizaciones de
gran tamaño, tuvieron bastante implantación; y de adaptar tales tendencias en las
organizaciones actuales, sea cual fuere su tamaño, empleando herramientas
groupweb o colaborativas, a imagen y semejanza de Internet.
5. Conclusiones.
Las empresas están acumulando información propia de sus contextos de
actuación. Pero, además, ahora quienes componen esas organizaciones van a poseer
competencias y experiencia real en herramientas que pueden hacerla usable y
combinarla con el conocimiento de los propios usuarios, o nuevas iniciativas
internas o externas que utilicen tecnologías Web 2.0. La pregunta que subyace a
esta realidad es ¿cómo abordarán los administradores de sistemas el reto de
implantar en la siguiente generación de sistemas de información automatizados de
los SGE, los elementos que estos nuevos usuarios van a demandar?.
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364
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 365
Solución Metodológica Genérica para la
Evaluación de la Calidad de Sitios Web
Asier Perallos Ruiz1, Rebeca Cortazar Goicoechea1
[email protected], [email protected]
1
Universidad de Deusto, Facultad de Ingeniería, Apdo. 1, 48080, Bilbao, España.
Resumen: En este artículo se presenta una solución metodológica
(QVAL) para la evaluación y validación de sitios web, que se caracteriza por
introducir un enfoque sistemático, integral y ágil de validar distintos aspectos
de calidad web. El aspecto más relevante del método presentado es que ha
sido desarrollado de manera que sea fácilmente adaptable a cualquier tipo de
sitio web; esto se ha conseguido gracias al uso de requisitos y/o pautas de
diseño que previamente han sido contextualizadas en base a las
características o facetas que presenta la aplicación a evaluar. Inicialmente se
presentan las características y elementos que componen la metodología,
seguidamente se ofrece una visión superficial de una herramienta software
que permite dar soporte a la aplicación del método de validación y por último
se exponen los resultados y conclusiones de los primeros experimentos de
uso de la misma.
Palabras clave: Calidad Web; Metodología; Contextualización de Pautas;
Facetas.
1.
Introducción
El aseguramiento de la calidad en la web es un asunto de creciente interés y
preocupación, máxime si tenemos en cuenta el auge que este medio ha
experimentado en los últimos años (InternetWorldStats, 2005) y las repercusiones
económicas negativas que la puesta en producción de sistemas web deficitarios (en
lo que a calidad se refiere) puede acarrear, muy especialmente cuando nos referimos
al sector del comercio electrónico (Forrester Research, 1999).
Existen multitud de trabajos encaminados a la medición o chequeo de distintos
aspectos de la calidad web de una forma un tanto aislada. La medición o evaluación
de la usabilidad (Nielsen, 1994a), la accesibilidad (W3C/WAI), el rendimiento
(Banga & Druschel, 1999), la seguridad (Splaine, 2002) o la funcionalidad
(Nguyen, Johnson & Hackett, 2003), por citar los más relevantes, son por tanto
campos muy estudiados y para los que existen documentadas multitud de técnicas
365
Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web
de testeo cuya validez ha sido demostrada empíricamente (aunque esta afirmación
quizás deba ser menos categórica dentro del área de la usabilidad, donde las
técnicas de evaluación y las pautas de buenas prácticas se encuentran más
cuestionadas (DialogDesign) y en muchos casos no han sido probadas ni validada
su eficacia (Scapin et al., 2000).
Sin embargo, no abundan en la misma medida los enfoques metodológicos que
vayan más allá de esta mera descripción de técnicas de testeo y que aporten un valor
añadido, materializado normalmente en una organización y contextualización de las
mismas. Existen algunos, pocos, enfoques metodológicos de este tipo asociados
nuevamente a áreas de calidad concretas. Por citar algunos, tenemos dentro del área
de la usabilidad el propuesto en (Ivory, 2001) y en el área de la seguridad el descrito
en (Herzog, 2003).
Como decimos, estos últimos enfoques se encuentran ubicados en áreas muy
concretas y no afrontan la evaluación de la calidad de los sitios web de una forma
integral (es decir, tanto usabilidad, como seguridad, como rendimiento, etc.). Este
último planteamiento realmente escasea en el campo de la calidad web y se reduce a
unas pocas iniciativas como las expuestas en (Olsina, 2000; Gerrard & Thompson,
2002; Mich, Franch & Gaio, 2003).
Concluimos por tanto que se requieren métodos de evaluación de la calidad
web que indiquen no sólo cómo medir, sino también qué medir y en qué casos. Es
decir, es preciso una puesta en contexto de todas las técnicas de medición y
recomendaciones de calidad que existen documentadas, así como la definición de
un proceso sistemático de evaluación que pueda ser aplicado uniformemente sobre
cualquier tipo de sitio web y que permita obtener unos indicadores de la calidad
global del sitio. El problema de la contextualización, vinculado en este caso al área
de las pautas de usabilidad, pero extrapolable al resto de ámbitos, junto con otros
problemas tales como la falta de rigor o la escasa aplicabilidad práctica de muchas
de las recomendaciones existentes, se encuentra recogido en (Scapin et al., 2000;
Vanderdonckt, 1999).
En este artículo se presenta un enfoque metodológico para la evaluación y
validación de sitios web acorde con los requisitos y necesidades expuestas
anteriormente. Las bondades generales de este método, las cuales se irán haciendo
palpables a lo largo de la explicación del mismo, son las siguientes:
• Evaluación y validación integral de la calidad. Es decir, que la
evaluación contempla todos los aspectos de calidad de un sistema software
(o al menos los más representativos). No limitándose por tanto únicamente
al chequeo de pautas de usabilidad o accesibilidad, o únicamente a la
comprobación de la corrección funcional del sistema, o únicamente a la
medición de los tiempos de respuesta con el fin de determinar el
rendimiento, sino que aborda todos estos aspectos y otros más (seguridad,
fiabilidad, mantenimiento, etc.) de una forma integrada.
• Aplicable sobre cualquier tipo de sitio web. El método se ha diseñado de
manera que sea fácilmente adaptable a cualquier tipo de sitio web. Por
tanto, podrá ser ejecutado de una manera sistemática en todos los casos.
366
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Esto se consigue gracias a la contextualización de cada una de las
actividades en función de las características del sitio web sobre el que se
deba actuar, siendo estas características (denominadas más adelante como
facetas) quienes determinen qué aspectos y pruebas son aplicables a ese
sitio web y cuáles no.
• Agilidad. Con el objetivo de proveer una estrategia de validación que se
adapte a las necesidades que priman en los desarrollos web actuales (ciclos
cortos y requisitos temporales muy fuertes) se ha diseñado un método que
sea rápido de aplicar. Esta agilidad se materializa de dos maneras: por una
parte al tener predefinidos los procesos de prueba y el conjunto de
acciones a llevar a cabo, el proceso de validación consume menos tiempo,
puesto que este trabajo inicial de diseño del plan de pruebas ya se
encuentra realizado; y por otra parte el fijarse como objetivo la garantía de
unos mínimos de calidad por parte de las aplicaciones hace que la
cobertura de la evaluación se vea reducida y se eviten los exhaustivos
controles.
2.
Ámbito de actuación de la metodología
Como se ha comentado anteriormente, la medición de los distintos
aspectos de calidad de las aplicaciones web es un campo ya muy trabajado para el
que existen multitud de técnicas de testeo que se han revelado como válidas. éste es
por tanto un área que, desde nuestra perspectiva, hay que explotar y valerse de él
para poder seguir progresando en la línea del aseguramiento de la calidad web. Sin
embargo, sí existe una carencia de métodos que, partiendo de las técnicas de testeo
ya existentes, sean capaces de organizarlas y de determinar qué aspectos deben
medirse en cada situación y de qué manera deben interpretarse los resultados
obtenidos con vistas a extraer una serie de conclusiones acerca del sistema web
chequeado. Éste es precisamente el espacio que trata de llenar la metodología
(QVAL) que se presenta en este artículo.
367
Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web
Sitio Web
1
Conclusiones
5
Análisis de las
características
Metodología QVAL
Requisitos
a chequear
2
4
3
Captura
de datos
Resultados de
las mediciones
Mantenibilidad
Seguridad
Funcionalidad
Rendimiento
Usabilidad
Accesibilidad
Técnicas de Testeo Web
Figura 1 - Ámbito de actuación de la metodología
La Figura 1 muestra cómo la metodología conceptualmente puede
representarse como una capa metodológica que descansa sobre las técnicas de testeo
web ya existentes para los distintos ámbitos de calidad y que al mismo tiempo las
enriquece. Así, la metodología QVAL, tras un análisis de las características del sitio
web a chequear, es capaz de determinar qué requisitos mínimos de calidad debe
cumplir ese sitio y por tanto qué es necesario medir y qué técnicas de testeo
(materializado en la ejecución de procedimientos de prueba) hay que emplear. Estos
procedimientos de prueba chequearán diversos aspectos de la aplicación web y
arrojaran una serie de resultados (en forma de número de enlaces rotos, errores
funcionales, tiempos de respuesta, tiempo medio entre fallos, etc., en función de la
naturaleza de cada tipo de prueba). La metodología presentada será capaz de
analizar estos resultados y en base a una serie de reglas y umbrales de aceptación
aportar una conclusión sobre la calidad del sitio web.
3.
Metodología QVAL
En este apartado de describirán las distintas actividades que se han ido
realizando durante el proceso de definición de la metodología, así como los
distintos elementos que se han ido generando y que constituyen la base del método
de validación.
3.1. Definición de un modelo de calidad
Como paso previo al desarrollo del método se establecerá un marco de calidad
sobre el cual ubicar los distintos tipos de requisitos de calidad que las aplicaciones
web deben cumplir y que por tanto es preciso chequear. Este marco representará por
tanto el modelo de calidad contra el cual la metodología chequeará las aplicaciones
368
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
web. Además, las características y subcaracterísticas en él representadas nos
servirán posteriormente como esquema de clasificación de los requisitos de calidad
que se vayan identificando en el apartado 3.2.
La Figura 2 muestra el modelo de calidad definido, que como se puede
apreciar esta compuesto de 7 categorías o características de primer nivel, algunas de
las cuales han sido inspiradas en el modelo de calidad ISO9126-1 (ISO/IEC 9126-1,
2001), y dentro de éstas por características de segundo nivel. Cabe recalcar en este
punto el hecho de que el modelo incorpora los aspectos de calidad más importantes
de los sitios web: usabilidad, accesibilidad, rendimiento, seguridad, funcionalidad,
fiabilidad y mantenibilidad; lo que demuestra que el método desarrollado, tal y
como se adelantó anteriormente, persigue la validación integral del producto.
3.2. Identificación de requisitos
El objetivo de esta fase es determinar cuáles son los requisitos más importantes
y que de una forma genérica un amplio espectro de aplicaciones web deberían
cumplir, y por tanto cuáles son los requisitos que el método de validación deberá
estar preparado para chequear. Los resultados de esta fase constituyen por tanto la
base sobre la que se sustentará el método de validación.
Pese a existir multitud de guías (Koyani, Bailey & Nall, 2003; Thatcher et al.,
2002; Tracy, Jansen & McLarnon, 2002) que documentan requisitos a cumplir por
las aplicaciones web, la definición del conjunto concreto de los mismos no resulta
una tarea sencilla por los siguiente motivos: en primer lugar debido al gran volumen
de información existente y a que en ciertas ocasiones ésta presenta contradicciones
(Ratner, Grose & Forsythe, 1996); y en segundo lugar a la dificultad existente para
fijar los límites a la hora de establecer tal conjunto de requisitos, es decir, qué
incluir dentro y cuáles excluir. La solución al primer problema (o al menos en
ciertos casos), consiste en contextualizar los requisitos, es decir, en establecer
cuándo un requisito es aplicable de una determinada forma y cuándo no, de manera
que es posible que existan requisitos contradictorios pero que sean ambos válidos al
ser aplicables en distintas circunstancias (este aspecto se abordará cuando se
introduzca el concepto de las facetas en el apartado 3.3). La solución al segundo
problema, en el caso que nos ocupa, pasa por establecer unos criterios claros que
determinen qué mínimos de calidad el método de validación deberá garantizar;
siendo éste un aspecto crucial además para garantizar la agilidad esperada del
mismo. En cualquier caso la completitud y la adecuación del conjunto de requisitos
incluidos en el método siempre será un aspecto cuestionable (Vanderdonckt, 1999).
Una vez establecido el conjunto de requisitos, se ha procedido a su
clasificación en base a las características del modelo de calidad expuesto en el
apartado 3.1, el cual, por realimentación, ha sido adaptado también en gran medida
a la tipología del conjunto de requisitos identificados.
3.3. Definición de las facetas
369
Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web
Anteriormente se ha introducido de una forma superficial el problema de la
contextualización de los requisitos, es decir, el saber qué requisitos son aplicables
en cada caso en función del contexto, o traducido a nuestro caso concreto, en
función de las características de la aplicación web que debamos validar. La
metodología desarrollada logra dicha contextualización a través de lo que nosotros
denominamos facetas. Una faceta puede definirse como una característica de una
aplicación web que implica el cumplimiento de una serie de requisitos (Perallos &
Cortazar, 2003). El uso de las facetas como elemento director del método de
validación aporta las siguientes propiedades o beneficios:
• Generalizable y adaptable a cualquier tipo de sitio web. Las facetas
permiten filtrar los requisitos que deben ser cumplidos por una
determinada web, ya que en base a las facetas que incorpora esa web le
corresponderán unos u otros requisitos. Este esquema convierte al método
de validación en una solución genérica, que es adaptable y aplicable de
manera sistemática a cualquier tipo de sitio web, siendo precisamente las
facetas quienes proporcionan esa capacidad de adaptación al actuar como
elemento diferenciador de los distintos tipos de sitios web.
• Facilidad de uso y comprensión. Las facetas constituyen términos de un
nivel de abstracción superior a los requisitos y que por tanto resultan más
comprensibles (incluso para los propios usuarios) y manejables.
El objetivo por tanto de esta fase es identificar las facetas más comunes que
pueden darse en las aplicaciones web y establecer los vínculos entre éstas y los
requisitos identificados en el apartado 3.2.
Clasificación de facetas
Las facetas pueden ser de múltiples categorías. Con el propósito de manejar
esta diversidad, se ha creado una clasificación de facetas. Ésta se muestra en la
figura 2.
370
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
FACETAS
MODELO DE
CALIDAD
Características Generales (CG)
Capacidades de Navegación (CN)
Características que prácticamente el 100%
de los sitios web poseerán. Por ejemplo ser
legibles, navegables, accesibles, etc.
Características y elementos que influyen en
la navegación por el sitio. Por ejemplo, uso
de menús, mapas de sitio, etc.
Características Específicas (CE)
Servicios de Valor Añadido (SVA)
Características que son específicas de
ciertos tipos de sitios. Por ejemplo tener
refrescos automáticos, marca de fecha y
hora, guardar información confidencial, etc.
Características accesorias y no relacionadas
directamente con el objetivo primario del
sitio. Por ejemplo, animaciones iniciales,
múltiples lenguajes, páginas de error
personalizadas, etc.
Servicios Comunes (SC)
USABILIDAD
Diseño gráfico
Facilidad de uso, comprensión y aprendizaje
Eficiencia, productividad y operabilidad
Corrección y ausencia de errores
Estándares y prácticas de uso común
Información al usuario
Funcionalidades, secciones y presentaciones
Satisfacción del usuario
ACCESIBILIDAD
General
Discapacitados
RENDIMIENTO
Tiempo de respuesta
Errores
FUNCIONALIDAD
Adecuación
Exactitud
FIABILIDAD
Robustez
Disponibilidad
SEGURIDAD
Física
Configuración
Desarrollo
MANTENIMIENTO
Flexibilidad ante cambios
Facilidad de comprensión
Portabilidad
Funciones y características que son muy
populares en los sitios web e indispensables
para cumplir con su objetivo primario. Por
ejemplo, opción de búsqueda, registro de
usuarios, inicio de sesiones, etc.
Tipología de Web (TW)
Facetas que determinan el tipo de sitio web
del que se trata. Por ejemplo, buscador,
banca electrónica, periódicos digitales, etc.
Secciones y Contenidos (SC)
Secciones del sitio, forma en que están
organizadas y tipos de contenidos. Por
ejemplo, libros de visitas, foros, etc.
Elementos de Página Presentes (EPP)
Diferentes tipos de elementos que pueden
aparecer en las páginas del sitio y que son
fácilmente perceptibles por el usuario. Por
ejemplo, tablas, imágenes,...
Decisión Estratégica (DE)
Ámbito de Ejecución (AE)
Facetas que definen el ámbito de acceso a
los contenidos. Por ejemplo, una intranet,
extranet, internacional, regional, local, etc.
Decisiones del propietario del sitio y que
pueden afectar a su futuro. Por ejemplo, la
disponibilidad demandada, la intención de
migrar a otro proveedor de tecnología,...
Tecnologías y Estrategias de
Desarrollo (TED)
Infraestructura Hard y Soft (IHS)
Facetas que indican las tecnologías o las
estrategias usadas para el desarrollo del
sitio. Por ejemplo, uso de applets, cookies,
bases de datos, etc.
Aspectos relativos al hardware y software
del sitio web, así como a su configuración.
Por ejemplo, la necesidad de plugins en los
clientes, conexiones de red lentas,
expiración de sesiones, etc.
Figura 2 - Modelo de calidad (a la izquierda) y categorización de facetas (a la derecha)
Las prioridades de los requisitos
Con el fin de aumentar la flexibilidad del método y afinar más en la relación
entre las facetas y sus requisitos asociados, se ha establecido un rango de
prioridades para los requisitos de tres niveles (alta, media y baja). Así, podremos
tener requisitos que resulten imprescindibles y que posean una prioridad alta, otros
que sean accesorios y que tengan una prioridad media o baja, e incluso podremos
tener requisitos que frente a una faceta adopten una prioridad alta y frente a otra
tengan una prioridad baja.
3.4. Desarrollo de los procedimientos de medida
Una vez identificados los requisitos que el método debe comprobar, es
necesario establecer la manera en la que éstos serán medidos. Es en este punto
donde se hará uso de las distintas técnicas de testeo web ya existentes (como por
ejemplo la evaluación heurística (Nielsen, 1994b) y el chequeo de pautas de
usabilidad (Nielsen & Mack, 1994), las pruebas con usuarios (Rubin, 1994), los
cuestionarios (HFRG), las pruebas de carga y stress (Dustin, Rashka & McDiarmid,
2001), el análisis de puertos (Splaine, 2002), etc.), tal y como quedó representado
en la Figura 1. La selección concreta de las técnicas de testeo no es relevante y éstas
371
Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web
podrían cambiar a lo largo del tiempo, pero sí lo es la existencia de un marco común
de trabajo que permita aplicarlas y organizarlas de una forma estandarizada y que
permita tratar, agrupar e interpretar los resultados obtenidos, de modo que la
solución resulte sistemática y flexible. A continuación se describen los principales
elementos que componen este framework metodológico.
Categorías de procedimientos
Se han establecido dos criterios de clasificación de los procedimientos de
prueba. El primero de los criterios determina su grado de automatización,
estableciéndose tres niveles:
• No automático, que se da cuando no se usa ninguna herramienta software
para obtener los resultados de la medición.
• Semiautomático, que se da cuando parte de los resultados finales o bien
algunos de los resultados intermedios necesarios para obtener los finales se
obtienen mediante la ayuda de una herramienta.
• Automático, que se da cuando una herramienta (Brajnik, 2000) es capaz
de proporcionar todos los resultados de la medición.
El segundo criterio establece los mecanismos o artefactos empleados como
soporte a la medición, estableciéndose cuatro niveles: tabla, checklist,
cuestionario y faceta. En el siguiente apartado se incluye una descripción del
significado de cada uno de ellos.
Mecanismos o artefactos de soporte
Como ya se ha indicado, independientemente de las técnicas de testeo que se
empleen en cada caso, deberá existir una estrategia de trabajo homogénea en todos
los procedimientos. Esta estrategia se materializa en el uso de un conjunto finito de
artefactos, mecanismos o ayudas al proceso de medición. Así, todos los
procedimientos de medición que se definan estarán basados en alguno de los
siguientes mecanismos:
• Tablas. En cuyo caso la estrategia consistirá en ir anotando los resultados
de la medición que se vayan extrayendo en una tabla con el fin de poder
procesarlos posteriormente de una forma conjunta.
• Checklist. En este caso los datos obtenidos en la medición permitirán al
evaluador dar respuesta a una serie de cuestiones planteadas en un
checklist. Estas respuestas serán analizadas posteriormente de una forma
conjunta con el fin de determinar si se cumple o no el requisito evaluado.
• Cuestionario. La evaluación en este caso se llevará a cabo a través de una
serie de cuestiones que el usuario, después de interactuar con el sistema,
deberá responder. Los cuestionarios usados han sido diseñados en base a
adaptaciones y simplificaciones de cuestionarios ampliamente conocidos y
extendidos como WAMMI (WAMMI, 1997) o QUIS (HCIL, 1988). Un
análisis posterior de las respuestas dadas por el usuario permitirá
determinar si se cumple o no el requisito.
372
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
• Faceta. En este caso la evaluación del requisito se corresponde con la
presencia o no de una faceta en la aplicación web, con lo que la evaluación
se reduce únicamente a comprobar si en la selección de facetas esa faceta
fue seleccionada o no.
Reglas, medidas y umbrales
En base a los datos recogidos en las tablas, en los checklist y en los
cuestionarios deberá concluirse si el requisito que se está validando se cumple o no.
Con este fin, asociado a cada procedimiento de medición, se han incluido una serie
de reglas que determinan la lógica de aceptación del requisito. La Figura 3 muestra
un ejemplo de una regla que hace referencia a los valores introducidos en una tabla
(se han diseñado para ello algunas expresiones que faciliten la manera en la que
referirse a las filas, celdas y datos de las tablas, tales como rowcount, cvalue,
ccondvalue, etc.). De manera análoga existirán reglas que harán referencia a las
respuestas de los checklist y los cuestionarios.
MEDIDA = 2
IF (COUNTROW(CVALUE(“IMAGEN FONDO”,”S”)==0)
THEN MEDIDA = MEDIDA – 1
IF (COUNTROW(CCONDVALUE(“COLORES”,>4,TRUE))==0)
THEN MEDIDA = MEDIDA - 1
Figura 3 - Regla que referencia valores de tablas
El consecuente de estas reglas siempre es una medida representada con un
valor numérico. Esta medida podrá adoptar un rango de valores distintos en función
de cada tipo de requisito, de los cuales algunos valores serán considerados como
válidos y otros no. El conjunto de valores positivos y negativos será fijado a medida
para cada requisito dentro de su procedimiento de medición. Por convenio se ha
optado por elegir los valores más bajos para los casos positivos y los más altos para
los negativos. Así, si un determinado requisito posee un rango de valores binario
(0,1), el cero se corresponderá con el valor que determina que el requisito se cumple
y el uno con el que no se cumple.
Estrategias de exploración comunes
Durante la elaboración de los procedimientos de medición, se ha observado
que muchas de las acciones preliminares que hay que realizar para la validación de
un requisito se repiten en los procedimientos de medición de otros muchos
requisitos (por ejemplo, observar las imágenes del sitio, entrevistarse con los
desarrolladores, acceder al código fuente de una página, etc.). Con el objetivo de
proporcionar un esquema lógico de validación, es decir, la definición de un camino
u orden de evaluación de requisitos que evite al evaluador el tener que repetir
acciones que ya ha realizado previamente, se ha optado por factorizar estas acciones
comunes en lo que hemos denominado estrategias de exploración. Así, una
estrategia de exploración representa un conjunto de acciones que serán comunes a
373
Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web
varios procedimientos de medición. Las estrategias de exploración han sido
clasificadas en dos categorías: estrategias de exploración de sitio, que son aquellas
que incluyen acciones que afectan a la globalidad del sitio web, y estrategias de
exploración de página, que son aquellas que incluyen acciones a realizar sobre una
única página del sitio.
3.5. Establecimiento del método
Una vez fijados e identificados los elementos principales que componen la
metodología es necesario combinarlos y establecer el conjunto de pasos
sistemáticos que compondrán el método de validación. La Figura 4 muestra la
secuencia de pasos que forman el método de validación. El proceso de validación
comienza con un estudio por parte del evaluador de las características generales del
sitio web y la posterior selección de las facetas que éste cumple. En base a las
facetas seleccionadas se habilitarán los requisitos que son exigibles para ese sitio
web y la prioridad de cada uno. Asociado a cada requisito existirá el
correspondiente procedimiento de medición (dirigido por sus estrategias de
exploración asociadas), que mediante los artefactos o mecanismos comentados con
anterioridad permitirá ir recogiendo los resultados de las mediciones. Por último, la
lógica de validación asociada a cada procedimiento, será capaz de dictaminar en
base a los datos recogidos si el requisito se cumple o no. En base a los requisitos
cumplidos y no cumplidos, y a la categoría y prioridad de cada uno, será posible
generar una analítica de la calidad global del sitio web.
1
Selección de Facetas
Identificación de los
Requisitos
Presentación de los
Procedimientos de Medida
2
7
Presentación de Resultados
3
4
Ejecución de los
Procedimientos según las
Estrategias de Exploración
Aplicación de Reglas de
Aceptación de Requisitos
6
Medición, adquisición de 5
datos y relleno de tablas,
preguntas de checklist, etc.
Figura 4 - Secuencia de pasos (manuales y automáticos) del proceso de validación
3.6. Alcance cuantitativo del método
374
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
En este apartado se presentan algunos datos numéricos relativos al alcance del
proyecto en lo que a volumen de facetas y requisitos identificados se refiere, así
como la distribución de éstos a lo largo de las distintas categorías.
La Tabla 1 (parte izquierda) muestra el número de facetas identificadas de
cada categoría (los acrónimos de las categorías se corresponden con los usados en la
Figura 2). Puede observarse como hay una distribución relativamente uniforme
entre todas las categorías.
Tabla 1 - Volumen de facetas (parte izquierda) y requisitos (parte derecha) identificados en
cada categoría
Grupo Facetas (%) Grupo Facetas (%)
Categoría
GC
4
6%
SC
9
CS
WT
Requisitos (%)
8
12%
Usabilidad
199
69%
13% ES
2
3%
Accesibilidad
36
13%
4
6%
DTS
6
9%
Rendimiento
8
3%
VAS
9
13% PPE
4
6%
Funcionalidad
2
1%
NC
5
7%
5
7%
Seguridad
34
12%
SCo
8
12% SD
5
7%
Fiabilidad
2
1%
Mantenimiento
6
2%
HSI
Total: 69 facetas
Total
287 requisitos
Por otra parte, en la Tabla 1 (parte derecha) se muestra la misma información
pero relativa a los requisitos. Como se puede apreciar la mayoría de los requisitos se
encuentran ubicados en la categoría de usabilidad, seguida de lejos por la
accesibilidad y la seguridad. Cabe decir que en muchos casos la pertenencia de un
requisito a una categoría u otra puede ser discutible, pero en cualquier caso, estos
datos demuestran claramente el hecho de que con la llegada de las aplicaciones
web, factores de calidad y riesgo fundamentales en el software tradicional como por
ejemplo la funcionalidad, han pasado a un segundo plano en las aplicaciones web, a
favor de otros factores como la usabilidad, la accesibilidad y la seguridad (Gerrard
& Thompson, 2002; Stout, 2000).
4.
Herramienta de validación
Una vez establecido el marco teórico sobre el que se sustenta la metodología
de validación, se ha procedido a la construcción de una herramienta software basada
en web que dé soporte a la aplicación de la misma. El propósito de esta herramienta
es automatizar, en la medida de lo posible, los pasos sistemáticos definidos en el
método de validación, agilizando de esta manera su uso. Una de sus prestaciones
375
Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web
principales es la de actuar como un organizador de los contenidos y elementos que
constituyen el método de validación (facetas, estrategias de exploración, requisitos,
procedimientos de medición, etc.), mostrándolos de una forma lógica, clasificada y
ordenada (en base al uso de diferentes tipos de vistas), lanzándolos en el orden más
eficiente para su ejecución (basado en estrategias de exploración) y permitiendo la
ejecución de filtros, búsquedas, etc. La Figura 5 muestra cuál es el aspecto de la
interfaz de usuario de la herramienta.
La herramienta opera en todo momento en torno al concepto de proyecto de
validación, es decir, permite al evaluador crear nuevos proyectos (en principio uno
por cada sitio web a validar), alimentarlos con los datos extraídos en la medición
del sitio, salvarlos y retomarlos cuando se desee. Dentro de un proyecto de
validación la herramienta es capaz de llevar un seguimiento de qué requisitos han
sido ya validados y cuáles no, para finalmente, y en base a la lógica de aceptación
definida para los diferentes requisitos, generar unas conclusiones referentes a la
calidad del sitio web que se está validando. La Figura 6 muestra la forma en la que
se muestran estos resultados.
5.
Aplicación práctica de la metodología
Una vez definida la metodología y construida la herramienta se ha procedido a
su utilización en la validación de un sitio web que, en tamaño y complejidad,
podríamos considerar de categoría media-baja. La figura 5 muestra un ejemplo con
algunas de las facetas que presenta este sitio web, los requisitos activados como
consecuencia de éstas, sus prioridades y su estado de cumplimiento.
Aun cuando de momento únicamente se ha puesto en práctica la metodología
con un único sitio web y serán necesarias en el futuro más pruebas para obtener
unas conclusiones más fiables sobre la corrección y la efectividad del método, esta
práctica nos ha reportado los resultados y conclusiones que se describen a
continuación:
• Del total de facetas identificadas en la metodología (69) solamente 25 han
sido aplicables al sitio web, lo que ha derivado en la activación de 136
requisitos a cumplir, representando este número alrededor del 47% de los
requisitos totales. Estos datos, aun cuando deberán contrastarse con
futuros experimentos, constituyen un buen síntoma de la capacidad de
adaptación del método a las características del sitio, ya que para una
aplicación de tamaño y complejidad media-baja el número de facetas
aplicables y de requisitos activados también es relativamente bajo,
pareciendo por tanto existir una correspondencia entre ambas realidades.
Es previsible que para aplicativos de mayor envergadura este número se
vea incrementado.
• De todos los requisitos activados, tan sólo cinco han resultado carentes de
sentido para el sitio web seleccionado. Este hecho revela que deberán
realizarse algunos pequeños ajustes en los mecanismos de derivación de
376
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
requisitos a partir de las facetas, pero también permite dictaminar que en
términos generales la efectividad y la adecuación del mecanismo actual es
muy alta.
• El proceso de selección de las facetas presentes en el sitio web ha
resultado muy simple, rápido y carente de subjetividades. Esta experiencia
nos indica que efectivamente la estrategia de validación basada en facetas
constituye, como se pretendía, un proceso ágil y simple de usar (lo cual
representa un avance con respecto a otras metodologías (Olsina, 2000)
donde la derivación de los requisitos aplicables a los sitios web representa
un proceso costoso y que debe realizarse a medida para cada ámbito o
dominio web, resultando en cambio en nuestro caso un proceso automático
consistente en la extracción de requisitos de entre un conjunto global
preestablecido en función de cuáles son las facetas seleccionadas). Por otra
parte, aun cuando la selección de las facetas constituye un proceso que
requiere la participación humana en cuanto a que es necesario un análisis
de las características del sitio web, esta actividad ha resultado objetiva y
carente de dudas por lo que no parece que vaya a ser dependiente de la
persona que aplique el método.
• En cuanto a las categorías a las que pertenecen los requisitos activados, el
resultado es en términos generales coherente y esperable para una
aplicación con las características de la seleccionada (intranet corporativa,
no crítica, sin requisitos especiales de accesibilidad, etc.).
Todos los datos aportados anteriormente nos hacen pensar que el conocimiento
expresado en el catálogo de facetas de la metodología resulta adecuado para
describir las características de los sitios web y que el mecanismo de activación de
requisitos a partir de las facetas también lo es.
377
Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web
Figura 5 – Facetas y requisitos aplicables al experimento (extraído de la herramienta QVAL)
Por otra parte y con el fin de contrastar los resultados del proceso de
validación, se ha contratado un servicio externo (llevado a cabo por una empresa
independiente al equipo de trabajo creador de la metodología QVAL) y paralelo de
testing para la misma aplicación web. Nuevamente deberán llevarse a cabo más
experiencias similares en un futuro para obtener unas conclusiones más fiables,
pero los resultados obtenidos en esta experiencia son los siguientes:
• La cobertura de los requisitos chequeados en nuestra evaluación ha sido
muy superior a la de la evaluación externa, estando además éstos mucho
más estructurados que en la validación llevada a cabo por terceros, la cuál
se encontraba basada fundamentalmente en valoraciones generales. Esto
provoca que la comparativa de resultados y el contraste de los requisitos
no haya resultado sencillo de hacer, sin embargo sí podemos concluir que
la mayoría de las áreas problemáticas identificadas por el servicio externo
de testing también habían sido identificadas en la evaluación realizada
usando QVAL, lo que induce a pensar en la corrección de los resultados
aportados por nuestro método. De momento no ha sido posible establecer
una relación entre los requisitos chequeados en la evaluación externa y las
prioridades de QVAL. Los resultados obtenidos se muestran en la Figura
6.
378
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figura 6 - Requisitos cumplidos y no cumplidos organizados por prioridades y por categorías
(extraídos de la herramienta QVAL)
• En cuanto al tiempo invertido en una y otra evaluación indicar que, a pesar
de que el equipo de trabajo seleccionado para la realización de la
evaluación en base al método QVAL no tenía una amplia experiencia en
técnicas de web testing web, el tiempo invertido (unas 50 horas) ha sido
inferior al requerido por la empresa externa (aproximadamente unas 90
horas). Esto permite hablar de un proceso de evaluación ágil y de alta
productividad. Estos resultados son atribuibles al hecho de disponer de
requisitos y procedimientos de medición previamente identificados
(pudiendo llegar a constituir el método una modalidad mejorada de
enfoques clásicos de medición como la inspección heurística (Nielsen,
1994b) y un repositorio de conocimiento accesible a cualquier evaluador)
y al mecanismo ágil (basado en facetas) elegido para determinar los
requisitos aplicables al sitio web.
• Por último, los resultados relativos a la calidad global del sitio web (tipos
de requisitos cumplidos y no cumplidos) son bastante acordes a la forma
en la que se ha implementado el sitio web. Por ejemplo, no se tuvieron en
cuenta aspectos de accesibilidad ni de seguridad lógica avanzada en su
desarrollo, habiendo obtenido unos resultados bastante negativos en estas
categorías y sí se tuvieron en cuenta aspectos como la calidad del código,
documentación, etc. de cara al mantenimiento o la usabilidad del mismo,
habiendo obtenido en cambio una valoración más aceptable en estos otros
aspectos.
6.
Conclusiones
En este artículo se ha presentado una metodología para la evaluación y
validación de la calidad de sitios web que presenta como bondades y aportaciones
principales al campo de la calidad web su agilidad, completitud y adaptabilidad a
diferentes tipos de sitios web. Se han expuesto las actividades llevadas a cabo
379
Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web
durante el proceso de construcción del marco teórico sobre el que se sustenta el
método, explicando los elementos que lo componen y la manera en la que éstos se
relacionan para la consecución de los objetivos expuestos. Además se ha aportado
una visión superficial de una herramienta que permitirá dar soporte al uso de la
metodología. Finalmente, se ha descrito el primer experimento práctico de
aplicación de la metodología que se ha llevado a cabo, el cual ha aportado
resultados esperanzadores en cuanto a la validez, corrección y agilidad del método
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Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web
382
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 383
Governo Eletrônico: uma avaliação dos
websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste
do Brasil
Aldemar Araújo dos Santos1, Juliene Tenório2, Sebastião Campelo3, Claus Kaldeich
4
, Mario Girard 5
[email protected], [email protected], [email protected],
[email protected], [email protected]
1
Prof° do Mestrado Multinacional e Inter-Regional em Ciências Contábeis da Unb, UFPE,
UFPB, UFRN – Av. dos Economistas s/n – Cidade Universitária – Recife-Pernambuco –
Brasil
Abstract: The technological evolution of the last years brought for
public sector the phenomenon of the electronic government (e-government)
that consists basically to a set of activity that the state agencies carry through
using modern technologies of the information, in order to supply services and
to offer information. This research objectified to identify if the ”Secretarias
da Receita Estadual” of the northeast region of Brazil are adjusted to the this
technological evolution, through the offering of services and information in
the Internet, searching in accordance with to set them in the evolution stage
of e-government proposed by the recent study carried through for the United
Nations. We conclude that the searched websites are developed sufficiently
in relation to the stage of e-government.
Key Words: E-government, electronic government, public sector
Resumo: A evolução tecnológica dos últimos anos trouxe para esfera pública
o fenômeno do governo eletrônico, que consiste, basicamente, a um conjunto
de atividade que os órgãos estatais realizam utilizando modernas tecnologias
da informação, a fim de fornecer serviços e disponibilizar informações. Esta
pesquisa objetivou identificar se as Secretarias da Receita Estadual da região
nordeste estão adequadas à esta evolução tecnológica, através da
disponibilização de serviços e informações via Internet, buscando classificálas de acordo com os estágios evolutivos de governo eletrônico apresentados
em recente estudo realizado pelas Nações Unidas. A pesquisa identificou que
383
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil
os websites pesquisados encontram-se bastante desenvolvidos em relação aos
estágios de desenvolvimento do governo eletrônico.
Palavras-chave: e-government, governo eletrônico, Secretaria da Fazenda.
1. Introdução
Assiste-se à criação progressiva de uma nova realidade de prestação de
informações e serviços públicos baseada em Tecnologia da Informação e
Comunicações (TI/TIC), que sem dúvida, tem revolucionado as formas de
relacionamento entre governo, cidadãos, contribuintes, funcionários e fornecedores.
Há uma crescente expectativa em relação às melhorias no atendimento aos
cidadãos e empresas, bem como o senso comum da necessidade de criação de
canais alternativos de atendimento.
No Brasil, esse novo contexto está transformando as instituições públicas
significativamente, provocando discussões sobre a reformulação do papel do
Estado. Estas questões, conseqüentemente, possivelmente provocarão expressivas
mudanças na forma de atuação dos agentes públicos nacionais.
Diante do grande impacto e da amplitude do uso das modernas tecnologias de
informática e de telecomunicação, em especial da Internet, vinculados ao
desenvolvimento da eficácia e eficiência da gestão pública e ao aperfeiçoamento
das relações entre cidadãos e governo, surge a seguinte indagação: Os órgãos
Estaduais da Fazenda estão adequados à evolução provocada pelo governo
eletrônico, através da disponibilização de serviços de utilidade pública nos sites da
Internet?
O objetivo Geral deste trabalho consiste em identificar se os websites da
secretarias da fazenda dos estados da região nordeste estão adequados à evolução
tecnológica do governo eletrônico, utilizando as potencialidades da Internet e
viabilizando a execução de serviços interativos, promovendo troca e o
compartilhamento de informações.
Para atingir o objetivo proposto neste trabalho foi utilizado o método de
pesquisa dedutivo, aplicando enunciados universais a particulares, acompanhado de
revisão bibliográfica, através de livros, revistas e sites da internet, e pesquisa
descritiva com análise direta dos dados, buscando identificar as características do
fenômeno em estudo.
A relevância da pesquisa se evidencia em razão de sua atualidade temática,
decorrente da gradativa consolidação do governo eletrônico como instrumento de
gestão pública e de interação Estado-Cidadão, assim como da acentuada velocidade
na implementação de aplicações tecnológicas nos processos da administração
pública, o que confere um sentido de urgência à produção de conhecimento sobre o
governo eletrônico.
384
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Por se tratar de um fenômeno relativamente recente, a produção acadêmica
sobre o assunto é ainda reduzida, particularmente no Brasil, o que torna desejável a
ampliação da produção científica sobre governo eletrônico, que venha a se somar
aos estudos governamentais e privados que predominam nessa área.
2. Referencial Teórico
À medida que o uso da Tecnologia da Informação se expandia dentro das
administrações públicas, principalmente a partir da segunda metade da década de
90, com a rápida evolução tecnológica associada à Internet, muitos autores
começaram a desenvolver trabalhos nas áreas de Economia, Administração Pública
e Ciência Política, tentando entender o novo fenômeno (SANCHEZ, 2003).
A expressão Governo Eletrônico ou e-governo começou a ser utilizado por
esses autores para designar “um conjunto de atividades que os órgãos estatais
realizavam através da moderna tecnologia de informação e comunicação”,
principalmente a Internet. Estas atividades não possuíam o objetivo de apenas
fornecer eficiência e eficácia às ações do governo, mas também buscavam criar
valores democráticos, criando uma relação mais direta, transparente e participativa
entre as instituições estatais e o cidadão (SANCHEZ, 2003).
Para garantir a comodidade e igualdades para os beneficiados, o projeto de
governo eletrônico considera, além da Internet, uma multiplicidade de canais de
relacionamento que garantam a participação da comunidade, em soluções que
funcionam 24 horas em sete dias da semana. Essa estrutura é formada por centrais
de atendimento telefônico, postos de atendimento integrado, quiosques de autoatendimento, etc. (FERREIRA, 2003).
2.1. Pespectivas do governo eletrônico
Lenk & Traunmüller apud Jardim e Marcondes (2003) afirmam que o governo
eletrônico pode ser analisado sob as quatro perspectivas ilustradas abaixo e
descritas na tabela I :
Tabela 1 : Perspectivas do e-governo
Perspectiva
Definição
Cidadão
Busca o oferecimento de serviços de utilidade pública
aos cidadãos.
Processo
Consiste em repensar o modo de operação dos processos
administrativos existentes no governo, o que alguns
autores chamam de ”reengenharia com tecnologia”.
Cooperação
Busca a integração dos órgãos governamentais e destes
com organizações privadas e não governamentais, a fim
385
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil
de agilizar o processo decisório, sem perda da qualidade
e evitando retrabalho e redundância de informações.
Gestão
de Tem como objetivo permitir ao Governo, em suas várias
conhecimento
esferas, a criação, o gerenciamento e a disponibilização
em repositórios adequados, do conhecimento tanto
gerado quanto acumulado por seus vários órgãos.
Fonte: adaptado de Lenk & Traunmüller apud Jardim e Marcondes (2003)
2.2. Tipos de transações
A United Nations (2003) e o BNDES (2000) classificam as transações do
governo eletrônico em três tipos de acordo com as esferas envolvidas no processo,
conforme demonstrado na tabela 2:
Tabela 2: Tipos de transações do e-governo
Transação
Definição
G2G
Da expressão em inglês Government to Government,
representa as relações intra ou inter-governos, tanto no
âmbito federal como nos âmbitos estaduais e
municipais.
G2B
Da expressão em inglês Government to Business,
contemplando as relações entre a esfera governamental
e de empresas fornecedoras de insumos para o estado.
G2C
Da expressão em inglês Government to Costume,
contempla as transações realizadas entre o governo e o
cidadão.
Fonte: adaptado de United Nation (2003) e BNDES (2000).
2.3. Estágio evolutivo
De acordo com estudo realizado pela United Nations (2003) o governo
eletrônico possui 5 estágios evolutivos, classificados como estágio da presença
emergente; presença aprimorada; presença interativa; presença transacional, cujas
definições são apresentadas na tabela 3.
Tabela 3: Estágio evolutivo do e-governo
Etapa
Descrição
Estágio I – Presença Fornecimento de informações básicas e limitadas, possuindo
386
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
emergente
links com outros órgãos do governo.
Estágio II – Presença Informações relativas à políticas públicas e governança, trazendo
aprimorada
leis, normas, relatórios, base de dados, estratégias do governo e
etc. para download. Possui funções de ajuda e mapa do site, é
unidirecional, com informações que fluem do governo para o
cidadão.
Estágio III – Presença A interação acontece em uma única via: governo para cidadão.
interativa
Permite realização de download de formulários, pagamento de
impostos, solicitação para renovação de licenças. Pode haver
utilização de ferramentas de áudio e vídeo para informações
públicas e relevantes. Fornece informações para contatar agentes
oficiais do governo através de email, fax , telefone ou carta.
Estágio IV – Presença As interações acontecem em dois sentidos: cidadão e governo,
transacional
incluindo pagamento de impostos, cartões de identificações,
certidões, renovação de licenças e outras interações C2G, que
podem ser submetidas 24 horas por dia, 7 dias na semana. Possui
também atendimento on line para fornecedores de bens e
serviços.
Estágio V – Presença Representa o nível mais sofisticado do governo eletrônico.
networking
Promovendo integrações G2C, G2B e G2G e no sentido reverso
(agora as interações são realizadas em três vias). O governo
incentiva participações interativas na sociedade, com diálogo
aberto nos dois sentidos, através de formulário e comentários
interativos, solicitação ativa de percepções de cidadãos nas
decisões nas políticas públicas, através de uma participação
democrática.
2.4. As Secretarias de Fazenda Estaduais e o Governo Eletrônico
As Secretarias de Fazenda Estaduais no Brasil são responsáveis pela gestão
tributária dos Estados, que entre outras atividades engloba a administração
tributária, financeira, orçamentária, contabilidade, auditoria, programação
financeira, administração da dívida pública, identificação e análise de recursos, e a
arrecadação de um dos principais impostos brasileiros, o ICMS (Imposto sobre
Circulação de Mercadorias e Serviços).
De acordo com informações obtidas nos próprios websites dos Estados, a
União negociou com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) um
empréstimo de US$ 500 milhões para apoiar a modernização fiscal. Essa
negociação possibilitou, entre outras coisas, o desenvolvimento do Sintegra
(Sistema Integrado sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços)
que visa à transcrição das operações interestaduais de entrada e de saída realizadas
por contribuintes do ICMS em meio magnético. De acordo com o Sintegra, o
contribuinte de ICMS deve entregar mensalmente à autoridade fiscal do estado,
onde se localiza, um único arquivo magnético com informações sobre todas as
387
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil
transações interestaduais efetuadas no período. Esses dados são entregues
regularmente desde 1995, mas a elevada incidência de erros nos arquivos e a falta
de comunicação entre sistemas de computador de diferentes estados impediam a
troca de informação. Este sistema hoje é utilizado por todas as Secretarias de
Fazenda Estaduais, e encontra-se disponível nos websites das mesmas.
3. Desenvolvimento e Resultados
Para identificar o nível de desenvolvimento do governo eletrônico nas
Secretarias Estaduais da Fazenda da região Nordeste, com relação a
disponibilização da prestação de serviços para os cidadãos, isto é as transações do
tipo G2C para campos de integrações da e-administração, buscamos analisar os
sites da internet de cada um dos 09 estados componentes da região nordeste
(Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do
Norte e Sergipe).
Primeiramente selecionamos as informações e serviços essenciais a serem
prestados pela secretaria da fazenda e verificamos se estes estavam disponibilizados
na Internet. O Apêndice 1 – critério utilizados da pesquisa apresenta os critérios de
avaliação dos websites utilizados na pesquisa. O número “1” indica que o serviço
ou a informação foi localizado no site, o “0” o serviço está ausente.
3.1. Análise de Resultados por Estados
Secretaria Executiva de Fazenda do Estado de Alagoas (www.sefaz.al.gov.br)
O website da SEFAZ-AL em relação ao estágio I (Presença Emergente) está
praticamente consolidado. Não foi encontrado informações referentes ao
planejamento estratégico do órgão, nem há um mapa do site que serve de orientação
para a navegação e ainda falta um mecanismo de busca de informações do conteúdo
do próprio website. Apesar de já haver um alto grau de interatividade com vários
serviços disponíveis, não foi localizado nenhum link para um contato via e-mail,
nem para um serviço bastante útil a população denominado de “Denúncia On-line”,
onde a empresa ou o cidadão, poderão oferecer denuncia de irregularidades sem a
necessidade de identificação.
388
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Website SEFAZ - AL
120%
100%
100%
83%
71%
80%
71%
65%
60%
40%
20%
0%
0%
Estágio I
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
Figura 1 – Resultado SEFAZ - AL
O website também oferece a possibilidade de impressão de diversas guias de
recolhimento de tributos, além de downloads de diversos aplicativos para
transferência eletrônica de documentos e informações. Há um alto grau de
interatividade, o que pode ser evidenciado no Estágio IV, com a apresentação de
diversos serviços.
Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (www.sefaz.ba.gov.br)
O destaque deste website fica por conta do layout simples e eficiente, onde na
página inicial é possível já ir direto para o assunto desejado.
Outro destaque do website é sua forte presença transacional, evidenciado no
estágio IV que alcançou 100% em relação aos itens pesquisados.
Website SEFAZ - BA
120%
100%
100%
86%
83%
71%
80%
68%
60%
40%
20%
0%
0%
Estágio I
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
Figura 2 – Resultado SEFAZ - BA
389
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil
Há também uma boa presença interativa, com a oferta de diversos serviços,
como a emissão de guiar e boletos de diversos impostos e taxas, denuncia on-line,
contato via e-mail, consulta a Certidão Negativa de Débito (CND), entre outros.
O website apresenta diversas informações relevantes, entre elas é possível
monitorar as contas públicas e a execução orçamentária e financeira, além dos
demonstrativos de despesas exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (www.sefaz.ce.gov.br)
Além do layout prático deste website, onde há uma barra de menu do lado
direito da tela, com todos os assuntos disponíveis, destaca-se o designer moderno e
inovador. Outro serviço interessante é a possibilidade de personalização do menu,
onde o cidadão ou as empresas poderão adaptar as suas necessidades de utilização.
A navegabilidade poderia ser melhor ainda se houvesse o mapa do website,
recurso que possibilita a visualização de todos os links da página. Não foi
localizado informações referentes a licitações e contratos, nem tampouco uma
consulta para as empresas da sua regularidade fiscal, através da Certidão Negativa
de Débito (CND). Para a utilização de alguns serviços é preciso fazer um cadastro
e também, não foi localizado nenhum item referente a transferência eletrônica de
documentos e informações.
Website SEFAZ - CE
120%
100%
100%
83%
71%
80%
71%
65%
60%
40%
20%
0%
0%
Estágio I
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
Figura 3 – Resultado SEFAZ - CE
E finalmente, há de se destacar a Ouvidoria On-line, serviço pelo qual o
cidadão pode fazer reclamações dos níveis de serviços prestados e também solicitar
novos serviços.
Secretaria de Estado da Fazenda do Maranhão (www.gere.ma.gov.br)
O destaque deste website fica por conta de ser o único que apresenta na sua
página principal uma pesquisa de opinião, onde os usuários (empresas, cidadãos)
390
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
podem opinar sobre a qualidade do atendimento, o tempo dos serviços prestados,
sobre o horário, o nível dos serviços prestados, além de diversos outros itens.
Há algumas ausências de serviços, principalmente referentes ao Estágio III
(Presença Realçada) onde não foi localizado informações referentes a licitações e
contratos, gestão orçamentária e financeira, nem também um mecanismo de busca
no conteúdo do website.
Em relação a Presença Transacional (Estágio IV), o website apresenta um
índice de 100%, pois além dos tradicionais pagamentos de taxas on-line e
downloads de diversos aplicativos há também sistemas de Transmissão Eletrônica
de Documentos, o que facilita a vida de contadores e por conseguinte, das
empresas.
Website SEFAZ - MA
120%
100%
100%
100%
86%
72%
80%
57%
60%
40%
17%
20%
0%
Estágio I
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
Figura 4 – Resultado SEFAZ - MA
Secretaria de Estado da Receita da Paraíba (www.sre.pb.gov.br)
O website para a Secretaria de Estado da Receita da Paraíba é um link dentro
do Portal do Estado da Paraíba. Nesse caso, há uma grande integração, onde todas
as Secretarias de Estado são acessadas através de um único portal do Governo do
Estado. Do lado direito do website, há um menu de links, onde é possível ir para
qualquer Secretaria de Estado, diretamente de qualquer lugar do portal que se
esteja.
391
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil
Website SEFAZ - PB
120%
100%
100%
83%
80%
60%
57%
60%
43%
40%
17%
20%
0%
Estágio I
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
Figura 5 – Resultado SEFAZ - PB
O Estágio II (Presença Realçada) é o item mais pobre do website. Não há
informações básicas como área de licitações e contratos, demonstrativos da Lei de
Responsabilidade Fiscal, Gestão Orçamentária e Financeira, mapa do website nem
mecanismo de busca de conteúdo no próprio endereço eletrônico.
No Estágio da Presença Interativa (III), o tradicional serviço de Denuncia online não existe, nem tampouco a Consulta a regularidade fiscal das empresas,
através da Certidão Negativa de Débito.
Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco (www.sefaz.pe.gov.br)
O presente website foi o que apresentou a maior quantidade de itens atendidos
em relação às características pesquisadas. Na pagina inicial é possível encontrar
links para a maioria dos serviços prestados, divididos por categorias tais como:
Institucional, Finanças, Serviços, Informativos, Legislação, Ouvidoria e
Publicações, além dos serviços mais acessados.
É o único website que atende 100% dos itens pesquisados nos estágios de I a
IV, quem medem o grau de desenvolvimento do governo eletrônico.
Website SEFAZ - PE
120%
100%
100%
100%
100%
100%
80%
80%
60%
40%
20%
0%
0%
Estágio I
392
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figura 6 – Resultado SEFAZ - PE
Além da prestação de informações virtuais e da prestação de contas públicas, o
website apresenta um link de publicações, onde há diversas informações úteis aos
usuários, com normativos e orientações para diversos serviços.
Secretaria da Fazenda do Estado do Piauí (www.sefaz.pi.gov.br)
A página inicial deste website á bastante intuitiva. Pode-se encontrar links
diretos para o assunto que se deseja pesquisar. É possível acompanhar a arrecadação
do Tesouro Estadual, por tipo de imposto mês a mês, inclusive, com informações
comparadas com anos anteriores.
Apesar de não apresentar o Planejamento Estratégico do órgão, o website
disponibiliza um bom conteúdo de informações institucionais, além de apresentar
uma área específica para o contribuinte, onde há serviços de consultas, Denuncia
On-line, Certidão Negativa de Débito (CND), emissão de diversos comprovantes,
etc.
Website SEFAZ - PI
120%
100%
100%
80%
86%
86%
68%
67%
60%
40%
20%
0%
0%
Estágio I
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
Figura 7 – Resultado SEFAZ - PI
Destaca-se no website a Presença Transacional (estágio IV), com o pagamento
de taxas on-line, downloads de diversos aplicativos e transferência eletrônica de
documentos.
Secretaria de Estado da Tributação/RN (www.set.rn.gov.br)
O destaque deste website fica por conta do link “Serviços On-line”, que
concentra em um único local, e de fácil localização, downloads de aplicativos,
consultas, emissão de certidões e outros serviços.
O website apresenta também um link para a campanha “Cidadão nota 10”,
onde há uma série de informações educativas para o cidadão e para as empresas,
além de notícias de eventos, links para o Diário Oficial do Estado, legislação, etc.
393
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil
Website SEFAZ - RN
120%
100%
100%
86%
71%
80%
60%
61%
50%
40%
20%
0%
0%
Estágio I
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
Figura 8 – Resultado SEFAZ - RN
O endereço eletrônico, como todos os outros, alcançou a plenitude na
prestação de serviços Transacional, o estágio IV, e ainda, há o acesso a diversos
sistemas corporativos através da Internet, tanto sistemas de acesso exclusivo aos
servidores quanto sistemas de acesso ao público em geral.
Secretaria do Estado da Fazenda de Sergipe (www.sefaz.se.gov.br)
Igualmente aos outros, este website apresenta uma forte presença transacional
(estágio IV) e uma variedade de serviços on-line disponíveis para as empresas,
cidadãos e sociedade em geral. Os destaques deste website fica por conta da
disponbililização da Revista de Administração Fazendária, contribuindo para a
disseminação do conhecimento e melhores práticas na administração pública.
Em relação aos serviços prestados, há disponível para downloads, além dos
tradicionais aplicativos para transmissão eletrônica de documentos, uma série de
planilhas com índices e outras informações úteis ao comércio e a industria. Há que
se destacar ainda que a página principal contem links para os principais serviços
acessados pelas empresas e contadores, tais como emissão de guias, certidão
negativa de débitos, tabelas de cálculos, etc.
394
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Website SEFAZ - SE
120%
100%
100%
83%
71%
80%
62%
57%
60%
40%
20%
0%
0%
Estágio I
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
Figura 9 – Resultado SEFAZ - SE
7.2. A Média da Região Nordeste
O gráfico 10 apresenta a média dos estágios de desenvolvimento do governo
eletrônico, de todos os websites das Secretarias de Fazenda dos 9 estados que
compõem a região Nordeste.
Evidencia-se que em relação aos estágios de desenvolvimento de governo
eletrônico, proposto pela United Nations em 2003, que as Secretarias de Fazenda
Estadual que foram pesquisadas apresentam níveis satisfatórios de prestação de
serviços e disponibilização de informações.
O destaque dos websites fica por conta do alto nível atingido no Estágio
Transacional (IV), onde todos os estados oferecem serviços de transmissão
eletrônica de documentos para a prestação de contas das empresas.
Média da Região Nordeste
120%
100%
100%
81%
80%
67%
71%
65%
60%
40%
20%
4%
0%
Estágio I
Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V
Média
395
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil
Figura 10 – Média região NE
Evidencia-se, de acordo com os níveis alcançados, que a utilização intensiva
das novas Tecnologias da Informação e Comunicação, sintetizadas na expressão
“era digital”, estão modificando a forma de produção, de comunicação e de
relacionamento entre os agentes sociais, nesse caso, entre o Estado e a sociedade.
O gráfico 11, apresenta o ranking dos Estados pesquisados, liderados pelo
website da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco, que obteve a melhor
média de acordo com os critérios pesquisados. Entretanto, todos os websites
apresentam uma grande quantidade de serviços ofertados pela Internet, tais como
pagamentos de taxas e impostos on-line, emissão de guias de arrecadação,
downloads de softwares corporativos, contatos via e-mail, e diversas outras
transações.
Ranking dos Websites da Região Nordeste
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
80%
72%
PE
MA
68%
BA
68%
PI
65%
65%
AL
CE
60%
60%
59%
PB
SE
RN
Figura 11 – Ranking dos websites da região nordeste
4. Conclusão
Os websites pesquisados apresentaram desenvolvimento significativo nos
estágios iniciais e intermediários, de presença, realçada, interativa e transacional.
Em relação ao estágio V, que representa uma integração total entre a prestação de
serviços e informações, entre todos os níveis de governo, nenhum website atingiu
níveis altos como nos outros estágios, não uma liderança em termos de governo
eletrônico.
Foi possível comprovar a prestação eletrônica de informações e serviços,
principalmente através da emissão de documentos oficiais, transmissão eletrônica
de documentos e consulta a cadastros e situações fiscais, fatos que comprovam
mudanças na forma como o Estado atua e se relaciona com a sociedade.
396
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Na maior parte dos websites pesquisados observa-se um esforço para
intensificar o uso das Tecnologias da Informação (TI’s) na administração pública.
Através da comparação entre os serviços prestados pela Internet, evidencia-se o
dinamismo do governo eletrônico, com a gradual transformação das páginas do
governo em verdadeiros centros de informação virtual, fazendo com que o Governo
funcione com mais eficiência, mas, principalmente, colaborando para diminuir a
distância que separa Estado e cidadãos.
Há de se observar, que mesmo utilizando-se os critérios de uma pesquisa
realizada pela ONU, para a avaliação dos níveis serviços e informações prestadas
pelos websites, o ranking e o nível de desenvolvimento podem induzir a avaliações
errôneas, haja vista que não foram observados a qualidade nem a quantidade dos
serviços prestados, apenas se havia ou não o serviço ou informação. Outra
observação importante, é que a classificação de governo eletrônico no estágio de
presença transacional indica um Estado suficientemente competente a ponto de
articular a presença governamental na Internet.
Portanto, nos encontramos frente a um desafio, produto da grande novidade
que são as ferramentas tecnológicas que hoje temos a nosso alcance. A Tecnologia
de Informação é um instrumento que possibilita um salto qualitativo na gestão
administrativa e nos níveis de serviços prestados a sociedade, devendo ser utilizada
pelos governos, em todos os níveis, para a aproximação do Estado e a sociedade.
5. Referencial
BNDES - Secretaria para Assuntos Fiscais. E-governo: o que já fazem Estados e
Municípios. outubro/2000. Disponível em <www.bndes.gov.br> Acessado: 20
out 2005.
FERREIRA, Marcus Vinicius Anátocles da Silva. O que as iniciativas bemsucedidas de governo eletrônico tem em comum? VIII Congreso Internacional
del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública,
Panamá, 2003.
GOVERNO
ELETRÔNICO.
Disponível
em
http://www.governoeletronico.e.gov.br. Acesso em 20/10/2005.
JARDIM, José Maria; MARCONDES, Carlos Henrique. Políticas de Informação
Governamental: a construção de Governo Eletrônico na Administração Federal
do Brasil. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, v.4, n.2.
abr.2003. Disponível em <http://www.dgzero.org> Acesso em 25/10/ 2005.
SANCHEZ, Oscar Rodolfo. O Governo Eletrônico no Estado de São Paulo.
CEDEC – Centro de Estudo de Cultura Contemporânea, 2003.
TAVARES, Martus. o impacto do governo eletrônico na reforma da administração
pública. Disponível em <http://www.planejamento.gov.br>, acesso
em:25/10/05.
UNITED Nations. UN Global E-Government Readiness Report 2004: Towards
Access for Opportunity.
397
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil
ZWEERS, K. e PLANQUÉ, K. Electronic Government: from a Organizational
Based Perspective Towards a Client Oriented Approach. In: Designing EGovernment, Prins J.E.J. (ed.), Kluwer Law International.
398
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
RN SE
3
5
0
1
0
1
1
1
1
1
1
1
0
0
Estágio II
PI
4
1
0
1
1
1
0
Enhanced Presence (Presença Realçada)
Legislação
Notícias
Gestão Orçamentária/LRF
Licitações/Contratos
Cartilhas de Orientação
Mapa do Site
Pesquisa no site
5
1
1
1
1
1
0
0
5
1
1
1
1
1
0
0
5
1
1
1
0
1
0
1
4
1
1
0
0
1
1
0
3
1
1
0
0
1
0
0
7
1
1
1
1
1
1
1
6
1
1
1
1
1
0
1
4
1
1
0
1
1
0
0
3
1
1
0
0
1
0
0
Estágio III
AL BA CE M A PB PE
5
5
5
6
5
6
1
0
0
1
1
1
0
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
1
0
1
Interactive Presence (Presença Interativa)
Consulta Autenticidade de NF/Documentos
Planilhas de Softwares de Trabalho
Contato via e-mail
Denúncia Online
Emissão de Guias de Arrecadação
Consulta Certidão Negativa
Consulta Processual
5
1
1
0
0
1
1
1
6
0
1
1
1
1
1
1
5
0
1
1
1
1
0
1
6
0
1
1
1
1
1
1
4
0
1
1
0
1
0
1
7
1
1
1
1
1
1
1
6
0
1
1
1
1
1
1
6
1
1
1
1
1
1
0
5
0
1
1
1
1
1
0
Estágio IV
EST ADOS
Emerging Presence (Presença Emergente)
Histórico
Missão, Visão
Telefones
Links
Postos Fiscais/Unidades
Regimento Interno
T ransactional Presence (presença T ransacion
Pagamento de Taxas
Download Aplicativos p/ Inastalação
Trabalho Online (TED)
3
1
1
1
3
1
1
1
3
1
1
1
3
1
1
1
3
1
1
1
3
1
1
1
3
1
1
1
3
1
1
1
3
1
1
1
Estágio V
Estágio I
Apêndice 1: Critérios para realização da pesquisa
Networked Presence.
Consulta Interativa
Pesquisa de Satisfação dos Serviços Prestados
Forum de Discussão
Integração com os serviços da União
Integração com os serviços do Estado
Integração com os serviços dos Municípios
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
1
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
1
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
0
T OT AL
18
19
18
20
16
23
19
16
16
399
Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita
Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil
400
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 401
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
Rosa Granja 1, Susana Freitas 1
[email protected], [email protected]
1
EST – Escola Superior de Tecnologia, Instituto Politécnico do Cavado e do Ave, Barcelos,
4750-117 Arcozelo, Barcelos, Portugal
Resumo: O e-Government corresponde à utilização das tecnologias de
informação e comunicação para melhorar a eficiência, a eficácia, a
transparência e a responsabilidade do Governo. Não obstante, das várias
áreas funcionais do Governo, o e-Urbanismo é um dos factores que tem
melhorado ao longo dos últimos anos. Assim, o tópico e-Urbanismo em eGovernment tem vindo a ser melhorados pelas diferentes câmaras do distrito
de Braga. O presente trabalho apresenta uma súmula dos principais
contributos do e-Urbanismo para a sociedade em geral, assim como a
situação actual ao nível do e-Urbanismo das câmaras municipais do distrito
de Braga, estes resultados podem ajudar as câmaras a melhorarem os serviços
disponibilizados aos cidadãos, com benefícios para estes e para as próprias
autarquias.
Palavras-chave: e-Government, e-Urbanismo, câmaras municipais, administração local
1. Introdução
Há cerca de 15 anos que os governos nacionais, regionais e locais, têm
impulsionado projectos de governo electrónico (e-Government) cujo propósito é
fornecer informações e serviços digitais para os cidadãos e para as empresas,
(Santos & Amaral, 2003).
Quando falamos de e-Government referimo-nos à utilização que os organismos
públicos fazem das tecnologias de informação e da comunicação. Estas tecnologias
podem melhorar os serviços prestados aos cidadãos, melhorar as relações com as
empresas, melhorar a informação fornecida aos cidadãos, e a tomada de decisão da
gestão.
O aparecimento e o rápido desenvolvimento das tecnologias de informação
descobrem novas possibilidades para a renovação da governação e para a
modernização administrativa.
A Internet é uma das tecnologias da sociedade da informação mais utilizadas e
vulgarizadas hoje em dia. A forma como a administração pública central e local,
401
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
está a lidar com a Internet na sua relação com o cidadão foi o ponto de partida para
este estudo, principalmente a administração local – as câmaras municipais.
O objectivo mais elementar do e-Urbanismo é de facilitar a vida dos cidadãos
na relação com a Câmara Municipal no que diz respeito à secção do urbanismo.
O e-Urbanismo representa uma forma inovadora de contribuir para a eficiência
e eficácia dos serviços prestados e, fundamentalmente, de impor transparência nas
decisões tomadas pelo departamento de Planeamento e Gestão Urbanística
O artigo discute a relevância deste tipo de iniciativas, relata o estado do
desenvolvimento do e-Urbanismo nas Câmaras do Distrito de Braga, os seus
factores críticos de sucesso e, obviamente, os resultados alcançados até ao
momento, o que permitirá aferir o impacto da iniciativa sobre o relacionamento dos
utentes com os serviços prestados pelas Câmaras.
2. A era do e-Government
O e-Government pode ser considerado como o assunto do momento, por ser
um dos mecanismos que permite melhorar a eficiências dos organismos públicos
entre si, e desta forma responder melhor ás exigências dos cidadãos.
De seguida referimos as suas necessidades, conceito, maturidade e interacções,
referenciando também o local e-Government.
2.1. A necessidade do e-Government
Habitualmente, a interacção entre os organismos públicos, nomeadamente as
câmaras municipais, os cidadãos, as empresas ou outros organismos, eram feitas ao
balcão de atendimento do organismo local.
Actualmente, os cidadãos têm mais exigências e mais expectativas
relativamente ao Governo do que em qualquer outra época na história da
humanidade.
Exigem informação especificamente direccionada e serviços personalizados e
individualizados. Exigem uma administração pública que os trate como indivíduos,
respondendo de forma eficiente ao seu caso em particular e não querem saber qual
repartição ou nível de Governo (Central, Regional ou Local) que é responsável por
fornecer um determinado serviço; querem interagir com o Governo da sua própria
forma.
A criação de serviços que, suportados pelas tecnologias de informação e de
comunicação permitam uma melhor interacção entre o cidadão e a Administração
Pública Local, é uma das várias preocupações do programa Cidades e Regiões
Digitais (do Programa Operacional Sociedade da Informação), (UMIC, 2003).
Os munícipes desejam ter acesso ao tipo certo de informação e serviços, no
momento, hora e lugar que melhor lhes convier. Acontece, muitas vezes, que as
informações do Governo respeitantes a qualquer indivíduo costumam estar
dispersas pelas bases de dados das diversas repartições. Por isso, o Governo e os
402
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
funcionários não conseguem, com frequência, aceder a essa informação de forma
atempada e útil.
As Administrações Públicas modernas precisam de intervir entre as diversas
estruturas organizativas para aceder e manipular dados de forma a obter um quadro
mais completo do comportamento e necessidades dos munícipes. Precisam de
responder às necessidades e expectativas dos munícipes, colocando-os no centro das
suas preocupações, em lugar de mantermos a administração fechada em si própria.
Precisam de identificar as necessidades individuais de cada munícipe e fornecer
uma única fonte de resposta a todos os inquéritos numa única visita ou contacto
telefónico, no menor número de iterações possível. Para conseguirmos este
objectivo precisamos de saber explorar o potencial que as tecnologias da Sociedade
da Informação nos reservam, isto é promover uma verdadeira Sociedade aberta,
inclusiva, para todos.
A mudança tem por base uma nova perspectiva que considera a informação,
tanto como necessidade, como recurso. Aliados a novos ou renovados instrumentos
e aplicações, com destaque para o computador e para as relações em rede entre
pessoas e instituições, importa analisar e caracterizar os aspectos essenciais dos
novos paradigmas que se avizinham para trabalhar, aprender, divertir e interagir em
sociedade e na comunidade local.
Como o objectivo é tornar mais simples e fácil toda a interacção do munícipe
com a Autarquia, então a criação de sistemas robustos para gerir e responder de
forma eficiente e eficaz às necessidades dos munícipes é de facto uma necessidade e
não apenas uma opção, desta forma surge o e-Government.
2.2. O e-Government
O e-Government não é mais que a utilização das novas tecnologias da
informação e comunicação por parte da Administração Pública em geral.
O conceito de e-Government engloba o recurso a novas formas de fazer o que
o poder central e a Administração Pública produzem, mas adoptando práticas de
base digital que permitem ganhos substanciais em termos de eficiência, acesso à
informação, tempos de resposta e proximidade ao cidadão, (Gouveia, 2004).
Com o uso das novas tecnologias, como as redes locais e a Internet, as câmaras
municipais podem melhorar todo o tipo de serviços disponibilizados aos cidadãos,
quer a nível social e cultural, (Santos, Amaral, & Rodrigues, 2005)
Para que a acção do e-Government seja consistente e consequente, terá que
existir uma liderança politica clara e assumida desde o governo central atá ao nível
das autarquias, assente numa visão estratégica que estabeleça claramente os
objectos e os meios necessários ao desenvolvimento sustentado do e-Government
em Portugal e que se traduz a curto prazo em benefícios efectivos para a sociedade
no seu todo.
A maturidade do e-Government avalia-se pelo grau de digitalização e
integração dos serviços disponibilizados ao cidadão, os quais devem estar
403
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
direccionado ás necessidades dos cidadãos, das empresas e outros organismos
públicos nacionais e estrangeiros, (Gouveia, 2004).
Para a realização da avaliação do e-Government é utilizado o modelo dos 4
estágios:
1. Publicação de informação on-line acerca do organismo público;
2. Interacção entre o organismo público e o cidadão: downloads de
formulários;
3. Interacção nos dois sentidos: processamento de formulários incluindo
autenticação;
4. Transacção: tratamento, decisão e entrega (pagamento).
Os principais problemas identificados prendem-se a questões de privacidade,
segurança e falta de resposta dos organismos públicos ás mensagens de correio
electrónico recebidas. Estes aspectos são fundamentais para aumentar a confiança
do cidadão nos organismos públicos, sem a qual o e-Government terá um
desenvolvimento muito mais lento que o desejado.
Segundo (Gouveia, 2004), o e-Government interage com diferentes tipos de
organismos, tais como:
• Government to government (G2G): inclui a partilha de dados e a troca de
informação electrónica entre actores do sector público (Governo e
Administração Pública). Estão incluídas as diferentes instituições do
sector público, bem como a Administração Pública local e o poder local;
• Government to business (G2B): inclui as transacções comerciais e as
compras do Estado, bem como as aquisições de serviços por via
electrónica. Inclui ainda as interacções resultantes das obrigações legais a
que estão sujeitas as organizações;
• Government to citizen (G2C): inclui iniciativas desenvolvidas para
facilitar a interacção de pessoas entre o Governo e a Administração
Pública, enquanto consumidores de serviços públicos e na qualidade de
cidadãos. Este tipo de interacção inclui ainda a participação do cidadão
por consulta e o processo de tomada de decisão.
• Government to employee (G2E): inclui as relações entre os funcionários
públicos associados à Administração Pública e o suporte aos
responsáveis de cargos políticos. Este tipo de interacção está orientado
para a comunicação interna com os recursos humanos.
Em suma, podemos referir que o sucesso para o desenvolvimento do eGovernment é fundamental para o desenvolvimento económico e social do país,
para a modernização, desburocratização e transparência da Administração Pública
e, principalmente para a qualidade de vida do cidadão.
2.3. O local-Government
O conceito de local e-Government dá continuação aos princípios enunciados
para o e-Government, contudo com uma maior proximidade ao cidadão, tomando
este a vertente de munícipe, (Gouveia, 2004)
404
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Para um desenvolvimento estruturado do local e-Government, é necessário
considerar a existência da e-Autarquia e das iniciativas das cidades digitais,
definindo o âmbito de cada um destes conceitos e enquadrando os seus objectivos.
O conceito de autarquia digital (e-Autarquia) é, relativamente aos anteriores,
mais localizado. A autarquia digital, enquanto conceito, prepara o funcionamento
orgânico e quotidiano de uma autarquia para o suporte do digital, alterando práticas
de forma mais profunda que a simples inclusão da Internet ou a agilízação e
racionalização de processos, (Gouveia, 2004).
O poder local é o responsável pela condução e administração do local eGovernment. Em Portugal, as Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesia
asseguram essa responsabilidade, repartindo um conjunto de serviços que gerem o
território e as suas necessidades e a relação com as comunidades que neles vivem.
As funções do local e-Government variam de acordo com as estratégias
seguidas. Desta forma, é possível considerar para um determinado organismo
específico da Administração Pública local um conjunto de funções como:
• publicar informação;
• interagir com o cidadão;
• efectuar transacções com o cidadão e restante Administração Pública local;
• integrar informação com a restante Administração Pública local;
• transformar informação.
“e-Government versus local e-Government
Ambos têm por objectivo assegurar uma maior proximidade ao cidadão, mas enquanto o eGovernment se propõe como um servidor e regulador para o indivíduo e sociedade, o local
e-Government proporciona um enquadramento do indivíduo e das organizações com o
território e com a comunidade.”
Fonte: (Gouveia, 2004)
405
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
Figura 1 - Alcançar a mudança através do local e-Government
Fonte: (Gouveia, 2004)
Um grande número de iniciativas, projectos e acções associados ao local eGovernment ocorrem um pouco por todo o mundo, e Portugal não é excepção.
As suas ocorrências vão desde uma simples presença na Web, com afixação de
informação geral, até uma revisão profunda de hábitos e formas de trabalho com
impacto no dia a dia de todos os munícipes. No entanto as promessas do local eGovernment são bem maiores e a sua prática pode ser bem mais ambiciosa.
3. O e-Urbanismo no distrito de Braga
Nesta secção abordamos o desenvolvimento do e-Government e do eUrbanismo e apresentamos alguns dos resultados obtidos até ao momento.
3.1. Implementação do e-Government no distrito de Braga
Após uma análise pormenorizadas das câmaras do distrito de Braga,
concluímos que todas as 14 câmaras afectas a este distrito possuem página web a
funcionar. De todas as câmaras utilizadas para este estudo, 5 possuem uma secção
dedicada ao e-Urbanismo, não obstante, das 5 que possuem essa secção só 4 é que
406
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
permitem fazer a consulta de processos on-line, mas perfazendo um total de 5 visto
que se pode consultar processo on-line na câmara de Esposende.
3.2. Apresentação das câmaras que contemplam o e-Urbanismo
Após uma pesquisa detalhada sobre a informação existente nos web-sites das
câmaras municipais em estudo, sobre o e-Urbanismo, apresentamos de seguida os
resultados obtidos de acordo com as suas funcionalidades a este nível.
Quadro 1 – Câmaras Municipais e o e-Urbanismo
Câmara Municipal
Requerimentos
Consulta de Processo online
Amares
Barcelos
Braga
Cabeceiras de Basto
Celorico de Bastos
Esposende
Fafe
Famalicão
Guimarães
Póvoa de Lanhoso
Terras de Bouro
Vieira do Minho
Vila Verde
Vizela
Existe
Existe
Existe
Existe
Existe
Existe
Não existe
Existe
Existe
Não Existe
Existe
Existe
Existe
Existe
Não existe
Existe
Não existe
Existe
Existe
Existe
Não existe
Existe
Não existe
Não existe
Não existe
Não existe
Não existe
Não existe
407
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
Figura 1 - Câmara Municipal de Amares
Esta câmara contempla uma secção dedicada ao urbanismo onde nos dá a
informações importante relativas com este departamento, nomeadamente as
competências e projectos em curso, os procedimentos necessários para a realização
de obras particulares, requerimentos e fichas estatísticas, o plano directos municipal
e por fim a informação geográfica. Contudo, constamos que esta câmara não
contempla na sua informação disponibilizada ao munícipe, os modelos necessários
para a realização de qualquer pedido relacionado com o urbanismo.
Figura 2 - Câmara Municipal de Barcelos
Na Câmara de Barcelos também contem uma sessão de urbanismo onde
disponibiliza fichas normativas relacionadas com o desenvolvimento,
nomeadamente, sobre as novas tecnologias de informação geográfica, as novas
tecnologias no planeamento e gestão urbanística, o Plano Director Municipal
(PDM), o património, o plano estratégicos de desenvolvimento do concelho e a
qualidade física do ambiente, contudo nesta secção, não contempla informação
relacionada com licenciamento de obras particulares.
408
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
É de salientar que esta câmara disponibiliza aos seus munícipes a consulta de
processos on-line, mediante uma autenticação prévia, indicando o número de
contribuinte e a senha se acesso.
Figura 3 - Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
Esta secção é subdividida, com podemos constatar na imagem supra
apresentada, em atendimento ao público, consulta de processos on-line, estatísticas,
notas de serviços e deliberações e em pareceres jurídicos. É de salientar que o item
de atendimento ao público assim como o de legislação se encontram em construção
à data deste artigo, relativamente à consulta de processos on-line o munícipe tem
que se autenticar no sistemas introduzindo o se número de contribuinte e uma
password.
Figura 4 - Câmara Municipal de Guimarães
Na Câmara de Guimarães contem uma secção de urbanismo onde disponibiliza
a informação correspondente ao planeamento urbanístico, projectos, concursos,
noções e esclarecimentos sobre urbanismo e quais os documentos que se podem
consultar no urbanismo.
409
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
Figura 5 - Câmara Municipal de Vizela
Esta secção é subdividida, com podemos constatar na imagem supra
apresentada, em Gestão da Operações Urbanísticas, Sector do Sistema de
Informação Geográfica que se encontra em construção bem como a do Sector de
Apoio Administrativo e Arquivo.
Na subsecção de Gestão de Operações Urbanísticas podemos ainda encontrar
informação sobre:
PDM
- Resolução do Conselho de Ministros n.º 72/2002 - Limites de Vizela
Regulamentos
- Regulamento Municipal de Edificação (PDF)
http://www.cm-vizela.pt/documentos/Regulamento
Municipal
Edifica%E7%E3o.docRegulamento Municipal de Urbanização (PDF)
Elementos necessários à Instrução de Processos
- LICENÇA ADMINISTRATIVA
- AUTORIZAÇÃO ADMINISTRATIVA
- VIABILIDADE DE CONSTRUÇÃO
- RESTAURAÇÃO E BEBIDAS
- CERTIDÃO DE ISENÇÃO DE LICENÇA DE UTILIZAÇÃO
- OBRAS DE CONSERVAÇÃO
- LOTEAMENTOS
- ALTERAÇÕES AO LOTEAMENTO
Informações Úteis:
Contactos e marcações
410
de
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
4. Estudo empírico das soluções de e-Urbanismo
Neste capítulo apresentamos as metodologias seguidas para a realização do
nosso estudo, assim como, a discussão dos resultados obtidos relativamente aos
sites das câmaras do distrito de Braga.
4.1. Metodologia
A metodologia seguida para a avaliação deste estudo foi baseada na norma
definida pela Resolução do Conselho de Ministros nº 22/2001 de 27 de Fevereiro.
(Oliveira, Santos, & Amaral, 2003)
De acordo com esta norma foram utilizadas duas vertentes de avaliação:
quanto á qualidade, onde avaliamos a qualidade dos web sites, e quanto à
maturidade, onde avaliamos o estado de desenvolvimento do web site tendo como
base o grau de interactividade.
Quanto à qualidade foram avaliados os seguintes critérios:
• Conteúdos;
• Actualização dos conteúdos;
• Acessibilidade;
• Navegabilidade.
Quanto à maturidade foram avaliados os seguintes estágios:
• Informação;
• Interacção;
• Interacção bidimensional;
• Transacções.
O método utilizado no nosso estudo baseia-se numa grelha de avaliação dos
sítios web, na qual a classificação de cada critério é obtida com base na soma das
classificações dos vários indicadores (recomendações) que o integram. Cada um
destes indicadores possui um peso específico no valor total do critério. O método
seguido determinou que, para cada critério analisado, os indicadores possuem o
mesmo peso entre si, (peso do indicador = 100% / número de indicadores), como se
pode ver no Quadro 2.
411
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
Quadro 2 – Pesos equitativos dos indicadores dentro de um critério
Critério
Peso
Conteúdos
15%
Acessibilidade
Navegabilidade
Maturidade
20%
25%
40%
Indicadores
Peso
A web site apresenta toda a informação pretendida
33,33%
Dá a conhecer a sua última actualização
33,33%
A apresentação dos conteúdos está bem estruturada
33,33%
O nome do endereço de e-mail é perceptível
25%
Existe o registo da web site em motores de pesquisa
25%
Existe links em outros web sites
25%
A página abre facilmente
25%
Existem ligações na primeira página
20%
Existe barra de navegação
20%
Existe rapidez no download das páginas
20%
É fácil encontrar os conteúdos ou serviços que pretende da Web
Site
20%
Disponibiliza link para software adicional, para ler ficheiros
especifico (*.pdf)
20%
Possui declarações/ formulários on-line para download
12,5%
Permite preencher e entregar on-line
12,5%
Sugestões e reclamações on-line
12,5%
Pagamentos on-line
12,5%
Resposta aos e-mail recebidos
12,5%
Segurança nos pagamentos on-line
12,5%
Newsletter, fórum, e chat on-line
12,5%
E-mail, telefone, fax, chat on-line com acesso help-desk
dedicado a apoio aos utilizadores
12,5%
Por sua vez, cada critério é constituído por vários indicadores de avaliação, e
que com base no método seguido, determinou para todos eles o mesmo peso
percentual na pontuação.
Os indicadores são pontuados com base em dois tipos de medidas: sim/não ou
na escala de 1 a 5 valores. Em relação ao método original disponibilizado pela
UMIC, utilizou-se o tipo de medida sim/não (a verificação do indicador é pontuada
com 100% e a sua não verificação é pontuada com 0%), mas não se utilizou a
medida designada por semáforo. Esta medida pressupõe a existência de três valores
possíveis de pontuação para o indicador: verde (100%), amarelo (50%) e vermelho
(0%). Numa primeira análise a certos indicadores verificou-se uma grande
diversidade de valores, e que assim, estaria melhor representada numa escala com
mais valores percentuais. Daí se ter optado por classificar o tipo de medida
semáforo numa escala de 5 diferentes valores (1 a 5 valores).
412
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
C. M. Amares
C. M. Barcelos
C. M. Braga
C. M. Cabeceiras de Basto
C. M. Celorico de Bastos
C.M. Esposende
C. M. Fafe
C. M. Famalicão
C. M. Guimarães
C. M. Póvoa de Lanhoso
C. M. Terras de Bouro
C. M. Vieira do Minho
C. M. Vila Verde
C. M. Vizela
Quadro 3 – Classificação por Câmara Municipal
Conteúdo
7
6
6
7
14
9
3
8
10
5
6
5
9
7
Acessibilidade
13
16
16
13
20
14
10
15
20
12
13
15
13
15
Navegabilidade
23
19
21
12
21
24
12
17
15
10
15
17
21
13
Maturidade
9
11
15
14
28
18
12
17
25
11
16
13
17
15
Total por
Câmara
52
52
58
46
83
65
37
38
50
57
70
50
50
60
A classificação mais elevada foi de 83 pontos, dividindo esse valor por cinco,
obtém-se os diferentes grupos de web sites:
1.
2.
3.
4.
5.
Web sites com classificação relativa de Insuficiente [0; 16,6] pontos);
Web sites com classificação relativa de Regular [16,7; 33,2] pontos);
Web sites com classificação relativa de Bom [33,3; 49,8] pontos;
Web sites com classificação relativa de Muito Bom [49,9; 66,4] pontos);
Web sites com classificação relativa de Excelente [66,5; 83] pontos);
Os resultados obtidos permitem observar que apenas uma web site se encontra
na categoria Regular (11,1%) e 8 situam-se na categoria Insuficiente (88,9%).
413
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
Quadro 4 – Ordenação Decrescente das Câmaras Municipais
Classificação
Câmara
Pontos
1
Câmara Municipal de Celorico de
Bastos
83
2
Câmara Municipal de Guimarães
70
3
Câmara Municipal de Esposende
65
4
Câmara Municipal de Vila Verde
60
5
Câmara Municipal de Braga
58
6
Câmara Municipal de Famalicão
57
7
Câmara Municipal de Amares
52
7
Câmara Municipal de Barcelos
52
8
Câmara Municipal de Terras de Bouro
50
8
Câmara Municipal de Vieira do Minho
50
8
Câmara Municipal de Vizela
50
9
Câmara Municipal de Cabeceiras de
Basto
46
10
Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso
38
11
Câmara Municipal de Fafe
37
4.2. Discussão dos resultados
Após uma análise dos resultados obtidos no nosso estudo, constatamos, como
se pode observar no quadro supra citado, que praticamente todas as câmaras
obtiveram uma classificação de insuficiente. Apenas a Câmara de Celorico de
Bastos conseguiu ter uma classificação de regular, pois de todas as câmaras em
estudo, esta é a que possui um web-site mais completo, quer em termos de
qualidade, conteúdo, acessibilidade e navegabilidade, apesar de não possuir no seu
web-site um link que permita ao utilizador fazer o download de software adicional,
para ler ficheiros específicos.
Quanto à maturidade constatamos que ainda há muito para fazer, pois
nenhuma das câmaras permite o preenchimento e entrega on-line dos requerimentos
disponíveis, relativamente aos pagamentos como não existem on-line também não é
possível verificar se são seguros.
Relativamente às outras câmaras envolvidas no estudo verificasse que quanto à
qualidade e maturidade ainda há muito para fazer como nos demonstram os
414
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
resultados, para podemos considerar que contemplam um web-site de qualidade
razoável.
Apesar de existe um empate na classificação das câmaras de Barcelos e
Amares, verificamos que a Câmara Municipal de Amares tem melhor classificação
relativamente aos conteúdos e à qualidade, mas no que diz respeito à acessibilidade
e à maturidade a Câmara Municipal de Barcelos supera muito a Câmara Municipal
de Amares.
Em suma, podemos concluir que no que diz respeito à maturidade, a Câmara
Municipal de Barcelos tem uma classificação muito boa, apesar de em termos
gerais todas as câmaras têm muito para fazer para que os cidadãos possam interagir
via on-line com as câmaras.
4.3. Recomendações
Câmara Municipal de Amares
Quanto à qualidade do web-site, a Câmara Municipal de Amares, do nosso
ponto de vista, deve melhorar os conteúdos, assim como a sua estruturação, pois
não possui toda a informação que um munícipe necessita, deve também dar a
conhecer a data da última actualização do site.
Quanto à maturidade temos muito para dizer, ou seja, melhorar os formulários
disponíveis e implementar os restantes itens, pois esses nem existem. Deve também,
implementar um mecanismo que permita a consulta de processos on-line.
Câmara Municipal de Barcelos
Quanto à qualidade do web-site esta câmara está melhor em termos da
informação disponibilizada, mas deveria disponibilizar a data da última
actualização do site, assim como estruturar melhor os conteúdos. Na navegabilidade
as recomendações são para melhorar a barra de navegação de forma a se poder
encontrar os conteúdos ou serviços que se pretende mais facilmente.
Em relação à maturidade recomendamos que disponibilize os modelos dos
requerimentos necessários para quaisquer procedimentos relativo a processos de
obras particulares, e que implemente os restantes itens. Na nossa opinião, as
informações referentes ao licenciamento de obras particulares, que é o ponto vital
deste departamento, deviriam estar contempladas na sessão do urbanismo e não na
sessão de apoio ao munícipe, deveria também disponibilizar uma tabela de
emolumentos.
Câmara Municipal de Braga
Do nosso ponto de vista, esta câmara precisa de melhorar a apresentação de
toda a informação, dar a conhecer a ultima actualização do web-site e estruturar
melhor a apresentação dos conteúdos.
Quanto à maturidade deverá melhorar os formulários, permitir o seu
preenchimento, entrega e pagamentos on-line. Deve contemplar as reclamações, dar
415
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
respostas aos e-mails recebidos, criar newsletter, fórum, e chat on-line. Deve
também implementar um mecanismo que permita a consulta de processos on-line.
Câmara Municipal de Cabeceiras de Bastos
Quanto à qualidade do web-site deve melhorar a apresentação da informação
disponibilizada, assim como informar a data da sua última actualização.
Quanto à acessibilidade deve conter o nome de endereço de e-mail perceptível,
no que diz respeito à navegabilidade deve melhorar muito quanto à rapidez dos
download das paginas, melhorar a pesquisa dos conteúdos ou serviços que se
pretende do web-site e por ultimo em termos de qualidade conter software adicional
para ler ficheiros específicos.
Quanto à maturidade está muito aquém de se considerar uma câmara com
maturidade suficiente, logo terá que melhorar em tudo.
Câmara Municipal de Celorico de Bastos
Nesta Câmara apenas recomendamos que no que diz respeito à navegabilidade
deve disponibilizar um link que permita aos munícipes fazer o download de
software adicional que permita a leitura de ficheiros (*.pdf).
Quanto à maturidade recomendamos que deveria permitir o preenchimento,
entrega de requerimentos on-line, assim como permitir pagamentos on-line.
Câmara Municipal de Esposende
Quanto à qualidade do web-site esta câmara está melhor em termos da
informação disponibilizada, mas deveria disponibilizar a data da última
actualização do site, assim como uma secção especifica de urbanismo que
contemplasse toda esta informação.
Quanto à maturidade recomendamos que deveria permitir o preenchimento,
entrega de requerimentos on-line, assim como permitir pagamentos on-line. Deve
responder os e-mails recebidos, criar uma newsletter, fórum e chat on-line.
Câmara Municipal de Fafe
Quanto à qualidade do web-site, a Câmara Municipal de Fafe, do nosso ponto
de vista, deve melhorar os conteúdos, assim como a sua estruturação, pois não
possui informação que um munícipe necessita em relação ao urbanismo, deve
também dar a conhecer a data da última actualização do site.
Quanto à maturidade temos muito para dizer, ou seja, deve disponibilizar
formulários, pois esses nem existem. Deve também, implementar um mecanismo
que permita a consulta de processos on-line e chat on-line.
Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão
Quanto à qualidade deve melhorar a apresentação dos conteúdos e a sua
estruturação, deve dar a conhecer a sua última actualização. Na acessibilidade deve
aligeirar o carregamento da página.
416
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Quanto à navegabilidade deve incluir nas suas diferentes páginas um link que
permita o regresso à primeira página de maneira fácil e rápida, deve também
aumentar a rapidez do download das páginas, e ainda melhorar os serviços que
disponibiliza.
Quanto à maturidade deve melhorar os formulários disponibilizados, permitir o
preenchimento e entrega on-line, assim como os pagamentos. Deve responder aos
e-mails recebidos, criar uma newsletter, fórum e chat on-line.
Câmara Municipal de Guimarães
Nesta Câmara apenas recomendamos que deveria disponibilizar a data da
última actualização do site.
Quanto à maturidade recomendamos que deveria permitir o preenchimento,
entrega de requerimentos on-line, assim como permitir pagamentos on-line.
Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso
Quanto à qualidade deve melhorar a reestruturação e a apresentação dos
conteúdos. Quanto à acessibilidade necessita de mudar o nome do email para um
nome mais perceptível, assim como criar links em outros sites.
Quanto à maturidade deve melhorar os formulários disponibilizados, permitir o
preenchimento e entrega on-line, assim como os pagamentos. Deve responder os emails recebidos, criar uma newsletter, fórum e chat on-line. Deve implementar um
sistema que permita aos munícipes consultar os seus processos on-line.
Câmara Municipal de Terras de Bouro
Quanto à qualidade é aconselhável que melhore os seus conteúdos e dar a
conhecer a data da última actualização do site. Na acessibilidade deve implementar
links em outra web sites.
Quanto à navegabilidade necessita de criar ligações na primeira página,
melhorar a barra de navegação e reorganizar melhor os conteúdos e serviços de
forma a serem mais fáceis de encontrar.
Câmara Municipal de Vieira do Minho
Quanto à qualidade deve melhorar a reestruturação e a apresentação dos
conteúdos e dar a conhecer a data da sua última actualização.
Quanto à maturidade, deve disponibilizar formulários, pois esses nem existem,
bem como permitir o preenchimento, entrega de requerimentos on-line, assim como
os pagamentos on-line.
Deve também, implementar um mecanismo que permita a consulta de
processos on-line e chat on-line.
Câmara Municipal de Vila Verde
Quanto à qualidade deve dar a conhecer a data da sua última actualização. Na
acessibilidade deve disponibilizar o link da câmara em outros sites.
417
Avaliação de Soluções de e-Urbanismo
Quanto à maturidade deve permitir o preenchimento e entrega dos
requerimentos on-line, assim como o seu pagamento. Pode melhorar a newsletter,
fórum e chat, bem como todos os contactos disponibilizados aos utilizadores.
Câmara Municipal de Vizela
Do nosso ponto de vista, esta câmara precisa de dar a conhecer a ultima
actualização do web-site e estruturar melhor a apresentação dos conteúdos.
Quanto à maturidade deverá melhorar os formulários, permitir o seu
preenchimento, entrega e pagamentos on-line. Deve contemplar as reclamações, dar
respostas aos e-mails recebidos, criar newsletter, fórum, e chat on-line. Deve
também implementar um mecanismo que permita a consulta de processos on-line.
5. Conclusão
Com este artigo, estudamos os sites das câmaras municipais do distrito de
Braga, em particular a sua situação relativamente ao e-Urbanismo. Constatamos
que embora já tenham muita coisa desenvolvida ainda há muito para fazer, quer a
nível da qualidade, quer a nível da maturidade.
Concluímos também, que as câmaras municipais já dominam as novas
tecnologias, embora ainda não dominem grande parte do seu enorme potencial,
desta forma não conseguem aproveitar as mais valias que estas oferecem quer para
benefício do cidadão, quer para a modernização da própria autarquia.
Por muitos estudos que se tenham feito há cerca desta rubrica, na nossa
opinião, ainda não houve um empenhamento verdadeiro ao nível das autarquias
para ver o e-Urbanismo na perspectiva do cidadão, de forma a sentir as suas
verdadeiras necessidades. Quando isso acontecer talvez se consiga dar um passo de
gigante e interagir de facto com os cidadãos.
Com este estudo pretendemos demonstrar que se um vulgar cidadão necessitar
de saber qualquer informação sobre o e-Urbanismo ou de requisitar algum dos seus
serviços não o pode fazer sem que para isso tenha que se deslocar ao espaço físico
da autarquia.
Esta análise tem como objectivo contribuir para um maior conhecimento da
realidade do distrito de Braga relativamente ao e-Urbanismo e permitir uma acção
consequente que impulsione as autarquias para uma mudança na administração
local do distrito, através das potencialidades das novas tecnologias da sociedade de
informação e do conhecimento.
Este objectivo só estará completamente cumprido, quando um vulgar cidadão
que precise de enviar um requerimento, ou pedir qualquer tipo de informação à
autarquia, o consiga fazer sem que para isso tenha que se deslocar do local onde se
encontra, e o consiga fazer de qualquer parte e a qualquer hora, aí sim podemos
dizer que haverá um empenhamento por parte das autarquias em satisfazer as
necessidades dos cidadãos.
418
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
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O Governo Electrónico e os Sistemas de
Informação Públicos em Portugal
Ricardo Campos 1, 2, Célio Marques 2
[email protected], [email protected]
1
Universidade da Beira Interior, Rua Marques d´Ávila e Bolama, 6200-001 Covilhã,
Portugal
2
Instituto Politécnico de Tomar, Quinta do Contador, 2300-317 Tomar, Portugal
Resumo: As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), à medida que
a sua utilização se tornou generalizada, têm vindo a assumir-se como um
importante factor de excelência no desenvolvimento da economia e um
determinante factor de criação de valor, potenciando o surgimento de novos
produtos e negócios associados à produção de conteúdos e serviços. Em
Portugal, o progressivo aumento da utilização da Internet por parte dos
cidadãos, serviu para que o Governo no âmbito da estratégia de Lisboa,
definisse o Governo Electrónico (e-Gov) como um vector estratégico de
intervenção do Estado, na forma como os cidadãos interagem com a
Administração Pública (AP). A mobilização da sociedade de informação em
torno deste conceito, permite desburocratizar processos, aproximar cidadãos
do Estado, em suma, dinamizar a economia. Neste contexto, este artigo tem
por objectivo analisar a situação actual do e-Gov em Portugal e na Europa,
apresentar as suas potencialidades, limitações e processos de reorganização
estrutural.
Palavras-chave: Governo Electrónico; Tecnologias de Informação e Comunicação;
Internet; Sociedade da Informação; Sistemas de Informação Públicos.
1. Introdução
As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) assumem actualmente
um papel de relevo na economia de quase todos os países. Desconsiderar este facto,
pode significar um atraso irreversível e avultados prejuízos, entendê-lo como uma
oportunidade pode trazer óbvias vantagens, mas torná-lo uma mais valia está
dependente do uso que dele fazem as organizações. De facto, para tornar as
tecnologias um factor de excelência e de desenvolvimento da economia de um país,
é necessário que as organizações produzam conteúdos e serviços que potenciem a
criação de valor, partilha de conhecimento, aumento de produtividade e
421
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal
transparência. São as infra-estruturas ao serviço da sociedade de informação,
estimulando a produção de novos produtos e negócios e superando obstáculos como
a geografia.
Em Portugal, o crescente aumento da utilização da Internet1 por parte dos
cidadãos sustenta a linha de orientação do Governo que no âmbito da estratégia de
Lisboa2, definiu o Governo Electrónico (e-Gov) como um vector estratégico de
intervenção do Estado, dinamizador da relação entre os cidadãos e a Administração
Pública (AP). De facto, a definição do Plano de Acção eEurope2005, compreende,
para além da expansão de infra-estruturas e equipamentos de acesso (incluindo
telemóveis, televisão e computadores) o desenvolvimento de novos serviços que
aproximem os cidadãos da AP.
Não obstante o sucesso de algumas iniciativas3 com forte adesão, assentes
numa mobilização da sociedade de informação em torno deste conceito, verifica-se
que Portugal continua a apresentar um nível de serviços comparativamente inferior
a alguns países da União Europeia (UE), como teremos oportunidade de ver mais à
frente. Neste contexto, o Governo deve procurar alargar o seu campo de intervenção
a outras áreas e potenciar o e-Gov como um factor de modernização dos seus
serviços, garantindo o cumprimento dos requisitos definidos em Novembro de
2004, no Programa Operacional da Administração Pública (“a prestação de um
serviço mais eficaz, mais eficiente, mais célere, mais transparente e com maior
qualidade”).
O papel do e-Gov não se deve no entanto restringir apenas à disponibilização
de informação baseada na utilização de emails e sites (West, 2003). O e-Gov deve
potenciar também o surgimento de novos paradigmas de funcionamento das
instituições baseado na oferta on-line de serviços, anteriormente apenas
disponibilizados de forma presencial (Rocha, Silva, Lamas, Castro & Silva, 2005).
Com a adopção desta estratégia o Governo tem a oportunidade de se reorganizar
internamente, criando um centro de atendimento ao cidadão, centralizado e
integrado, que responda a uma só voz através de múltiplos canais (quiosques
electrónicos, SMS4, portais, call-centers, telemóveis 3G, televisão digital, etc…). A
utilização destes canais deve constituir uma mais valia na forma como os cidadãos
interagem com a AP, permitindo que estes deixem de estar em fila para passarem a
estar em linha.
O objectivo deste trabalho passa por definir, no âmbito da anunciada reforma
da AP, o e-Gov nas suas vertentes de back-office e front-office, analisar um
1
Crescimento de 23% nos últimos 5 anos, atingindo 43% da população portuguesa (UMIC,
2004).
2
Em Junho de 2000 no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia, foi definido o
Plano de Acção eEurope2002, posteriormente designado por eEurope2005
(http://europa.eu.int/information_society/eeurope/2005/index_en.htm), no seguimento de
uma revisão efectuada em Sevilha em Junho de 2002.
3 Exemplo das declarações electrónicas no website da DGCI (Direcção Geral de
Contribuições e Impostos, http://www.e-financas.gov.pt).
4 Short Message Service.
422
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
conjunto de práticas internacionais, contextualizar Portugal no conjunto de 28
Estados da Europa (UE25+3), apresentar os seus serviços, analisar as dificuldades e
potencialidades de implementação de uma plataforma e-Gov e por fim apresentar as
conclusões.
2. e-Gov
Ao longo dos anos os diversos Governos foram criando sucessivamente novos
organismos e novas repartições de serviços. Estas repartições, assentes numa
estrutura vertical, procedem à recolha de papéis de forma dispersa alimentando uma
administração centralizada e dificil de gerir.
Várias têm sido as tentativas de dinamizar estes serviços utilizando as TIC
como factor propulsor de uma transformação organizacional. As potencialidades
proporcionadas pelo uso mais intensivo das TIC, como é possível observar na
Figura , criaram novas oportunidades para o surgimento do e-Gov simplificando o
acesso dos cidadãos aos serviços públicos. A tecnologia no entanto não transforma
por si só maus em bons procedimentos. O sucesso de uma plataforma e-Gov
depende do uso que as pessoas dão às tecnologias e do impulso e inovação que os
organismos lhe conferem. A tecnologia não é portanto a solução, é apenas parte
dela.
Figura 1– Posse de computador e ligação à Internet dos agregados domésticos, 2002-2004
(em percentagem). (INE, 2004)
A outra parte da solução assenta, por um lado, na redefinição dos
relacionamentos internos das organizações públicas (Rocha, Silva, Lamas, Castro &
Silva, 2005) e por outro, na utilização adequada e vantajosa das TIC por parte dos
organismos governamentais (particularmente nos seus relacionamentos com os
cidadãos e empresas através da optimização e prestação dos serviços públicos).
De facto o e-Gov é a oportunidade que os Governos têm de impulsionar a
reforma dos serviços em duas vertentes principais, provocando uma relação causaefeito: por uma lado a reorganização de todo o back-office que sustenta o conjunto
de serviços, potenciando o surgimento de novos paradigmas de funcionamento e
organização das instituições; por outro, a definição de um novo front-office com a
423
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal
implementação de novos serviços e adaptação de antigos, disponibilizando aos
cidadãos novas formas de acesso à AP5.
Para o sucesso de ambas as vertentes o Governo deve promover, mediante
políticas e estratégias, a restruturação da sua orgânica bem como a disponibilização
on-line dos serviços públicos, incentivando os cidadãos a participar. Os Organismos
Públicos por sua vez devem implementar o conjunto de serviços centrados no
cliente e finalmente os Cidadãos e as Empresas devem adoptar uma nova atitude
aproveitando as capacidades deste novo conceito (UMIC, 2002). Nas duas subsecções seguintes validamos as vantagens de cada uma das duas vertentes: BackOffice e Front-Office.
2.1. Reorganização do Back-Office (e-transformação)
A forma como hoje encaramos e lidamos com a AP pode estar à beira de
mudar nos próximos anos. Neste processo as TIC são apenas um ingrediente do eGov, devendo a sua implementação ser acompanhada pelo redesenho dos
processos administrativos. De facto, as mudanças não deverão passar unicamente
pela forma como acedemos à informação, mas também pela forma como a
informação é processada e organizada na rectaguarda. Neste particular, a introdução
do e-Gov implica diferenças significativas por parte das diversas organizações
públicas no que concerne à forma como os sistemas de informação (SI) adquirem,
armazenam, recuperam, manipulam, transmitem e utilizam a informação (Lopes &
Amaral, 2000). Como referem Lopes & Amaral (2000) os SI não são apenas um
artefacto tecnológico que automatiza trabalho organizacional. Eles são trabalho
organizacional e a intervenção num SI, através da reformulação de um sistema
existente ou da definição de um novo, permite a alteração da organização. Os
sistemas de informação desempenham hoje um papel fundamental na mudança
organizacional, surgindo como um modelo integrador.
Esta alteração profunda na forma como os sistemas de informação se
reorganizam traz, no estado actual da Administração Pública, outro tipo de
problemas. É necessária uma grande coordenação para gerir a partilha de
informação entre organismos dispersos mas necessariamente inter-relacionados
(Punia & Saxena, 2004). De facto, a disponibilização de um serviço ao cidadão
pode exigir a partilha de um processo (composto por diferentes tarefas/subprocessos) entre diferentes organizações. Um exemplo concreto é o processo de
requerer um passaporte: este processo involve a participação de duas organizações6
que precisam trocar informações entre si e involve várias tarefas/sub-processos na
medida em que pode ser feito pessoalmente e via Internet, etc… A combinação de
todas estes sub-processos e a partilha deles entre diferentes organizações, representa
o workflow do processo de requisição de passaporte.
5
6
Deixando ao critério do cidadão a escolha do canal que pretende utilizar.
Departamento de Polícia e Governo Cívil.
424
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
O surgimento do e-Gov potencia desta forma a reforma dos serviços públicos,
reorganizando e automatizando o conjunto de processos7 e em consequência as
próprias organizações que, assentes numa filosofia de BPM (Business Process
Management) deverão, com o recurso às TIC, reduzir custos e ajudar a aumentar a
eficiência das organizações através da análise, redesenho, automatização e
optimização dos processos e organismos.
Punia & Saxena (2004), referem que existem actualmente duas propostas de
modelização de workflows inter-organizacionais: (1) Integração de sub-processos,
os quais requerem que as várias organizações involvidas no processo tenham
conhecimento dos sub-processos internos uns dos outros; (2) Processos públicos,
que preservam a autonomia das diferentes organizações, com cada processo
pertencendo à respectiva organização. Assim, a troca de informação existe sem a
necessidade da partilha de sub-processos de ambas as organizações.
A adopção por parte do Governo por uma destas duas propostas deve permitir
que os cidadãos e empresas lidem com a AP sem terem necessidade, por um lado,
de saber como o Estado se organiza e por outro, de prestar a mesma informação
mais do que uma vez a diferentes organizações, função essa que deve caber aos
diferentes organismos. O Estado deve funcionar para o utente como uma camada de
abstracção (um só ponto, entre vários canais), isolando a complexidade interna e
disponibilizando de uma forma segura e eficiente serviços de qualidade orientados
para o cidadão (Figura 2).
Figura 2– Um só ponto de entrega, vários canais de acesso
Uma reorganização tal da estrutura a nível de back-office traz, como referem
(Millard, Iversen, Kubicek, Westholm & Cimande, 2004), óbvias vantagens:
definição de uma estrutura organizacional mais simples; modernização do conjunto
de serviços ao dispor do cidadão; maior transparência; afectação dos recursos para
outro tipo de tarefas que não sejam rotineiras; optimização/automatização de
processos internos; maior grau de interoperabilidade entre os diferentes serviços;
integração de dados; melhor informação (consistência de dados); garantia da
7
A automatização de um processo designada por WorkFlow, é um procedimento através do
qual, documentos, tarefas ou informações passam de um interveniente para outro, através
de regras funcionais.
425
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal
recuperação de informação (backups); aumento de produtividade; decisões tomadas
com base em factos e não em suposições (sistemas de suporte à decisão).
2.2. Definição de um novo Front-Office
Também ao nível do relacionamento externo com os cidadãos e empresas, no
que se designa por front-office, o Governo desempenha papel fundamental através
da disponibilização de serviços on-line. O e-Gov não se deve no entanto restringir a
disponibilizar informação baseada na utilização de emails e sites (West, 2003),
devendo criar as condições para o surgimento de novos serviços on-line (Millard,
Iversen, Kubicek, Westholm & Cimande, 2004).
A implementação de uma plataforma orientada a serviços, assenta
essencialmente em 4 fases (Figura 3): (1) Informação: presença na Internet através
da disponibilização de informação básica ao público; (2) Interacção Simples:
presença na Internet oferecendo ao utente a possibilidade de obter formulários para
iníciar o procedimento de obtenção do serviço em causa; (3) Interacção
Bidireccional: presença na Internet, aceitando a submissão de formulários para
iníciar o procedimento de obtenção do serviço em causa (este passo implica a
autenticação da pessoa); (4) Transacção: presença na Internet permitindo que a
efectivação do serviço, decisão e pagamento, seja tratada com recurso ao website,
não sendo necessário nenhum procedimento via papel.
A completa efectivação destes serviços traz óbvias vantagens: maior
comodidade; maior rapidez nos tempos de resposta aos pedidos; maior
transparência; melhores serviços; disponibilidade permamente, 24 x 7 x 365;
satisfação dos cidadãos; redução de erros e redução de custos.
Figura 3– Fases de desenvolvimento do e-Gov. Adaptada de (Capgemini, 2004)
Para que seja possível avaliar o nível de implementação on-line e qualitativo
dos serviços públicos disponíveis, a Capgemini definiu, com base nas 4 etapas da
Figura 3, duas medidas: sofisticação on-line e serviços totalmente disponíveis. O
estudo realizado desde Outubro de 2001 e actualmente com base anual, contempla
426
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
desde o ano de 2004, 28 países (UE25 + Noruega, Islândia e Suíça) e a análise de
20 serviços (12 relativos a cidadãos e 8 relativos a empresas).
A sofisticação on-line, uma das medidas, determina em termos médios,
tomando em consideração todos os países e os 20 serviços analisados, o nível dos
serviços públicos em termos de desenvolvimento (considerando as 4 etapas da
Figura 3). A medida serviços totalmente disponíveis, determina em termos médios,
tomando em consideração todos os países e os 20 serviços analisados, o nível dos
serviços públicos em termos de desenvolvimento pleno, ou seja, avalia a
percentagem de serviços totalmente disponíveis (considera apenas como serviços
totalmente disponíveis, serviços que estejam na etapa 4).
Com o e-Gov, os Governos têm uma oportunidade única de impulsionar a sua
economia e reformar os seus serviços. Para capitalizar melhor os seus esforços
devem, no entanto, ter em atenção as melhores práticas a nível internacional.
3. e-Gov na Europa
O e-Gov é hoje uma política importante na maioria das agendas dos países
europeus, mas de acordo com Heeks (2004) apenas 15% dos projectos de e-Gov
são um sucesso, sendo que 35% constituem um total fracasso e 50% um fracasso
parcial.
Não obstante estes valores, o estudo desenvolvido pela Capgemini (2004)
revela, a nível de implementação dos serviços, 65% de média para o indicador de
sofisticação on-line, tomando em consideração todos os países e os 20 serviços
analisados. Este valor coloca o nível dos serviços públicos em termos de
sofisticação, entre a interacção simples e a interacção bidireccional (a sofisticação
on-line atinge o seu valor máximo na etapa 4, como é possível observar na Figura
3). Na Figura 4 é possível observar que o país mais avançado é a Suécia (89%) e
que apenas 4 países (Letónia, Polónia, Eslováquia e Hungria) permanecem com
valores inferiores a 50%. Portugal aparece a meio da tabela (14ª posição) com uma
percentagem ligeiramente acima dos 65%.
2001
2004
Letónia
Polónia
Eslováquia
Chipre
Hungria
República
Luxemburgo
Suíça
Lituânia
Grécia
Alemanha
Malta
Bélgica
Portugal
Eslóvenia
Itália
Holanda
França
Espanha
Islândia
Estónia
Noruega
Dinamarca
Irlanda
Finlândia
Reino Unido
Suécia
Áustria
100,00%
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Média
427
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal
Figura 4 – Resultados da sofisticação on-line dos serviços públicos. Adaptada de
(Capgemini, 2004)
100,00%
90,00%
80,00%
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
10,00%
0,00%
Suécia
Áustria
Finlândia
Estónia
Reino Unido
Dinamarca
Noruega
Espanha
Itália
Irlanda
Islândia
França
Alemanha
Eslóvenia
Portugal
Malta
Lituânia
Bélgica
Holanda
Grécia
República
Chipre
Luxemburgo
Hungria
Eslováquia
Polónia
Suíça
Letónia
No mesmo estudo são revelados os valores para o 2.º indicador que avalia em
termos médios, tomando em consideração todos os países e os 20 serviços
analisados, a percentagem de serviços totalmente disponíveis (etapa 4 da Figura 3).
A percentagem média obtida é de 41%, sendo uma vez mais a Suécia a aparecer na
frente com uma percentagem de 74%. Portugal cai da 14.ª posição para a 16.ª,
comparativamente ao indicador de sofisticação on-line, com um valor de 40% e a
Irlanda perde neste particular 8 posições. Da observação da Figura 5 é possível
aferir a existência de 5 países com valores inferiores a 20% (Hungria, Eslováquia,
Polónia, Suiça e Letónia).
2001
2004
Média
Figura 5–Resultados por país de serviços públicos totalmente disponíveis. Adaptada de
(Capgemini, 2004)
Não obstante o sucesso de algumas boas aplicações desenvolvidas neste
domínio, o crescimento de Portugal tem sido relativamente pequeno, observando-se
uma perda nos últimos anos face à média europeia. De facto, a situação de Portugal
em 2001, altura em que eram considerados apenas 18 países, era bem mais positiva,
apresentando 51% ao nível da sofisticação on-line contra 45% da média europeia e
32% em serviços totalmente interactivos contra 20% da média europeia. Desde
então foi possível observar um crescimento médio, em termos europeus, de 27
pontos percentuais a nível de sofisticação on-line e de apenas 17 pontos percentuais
no que diz respeito a Portugal, tendo a Áustria (+46%) e a Bélgica (+44%) obtido as
maiores evoluções. O crescimento de Portugal em serviços totalmente interactivos é
ainda mais reduzido (apenas 8%), quando comparado com o progresso médio na
Europa (+26%), sendo que a Suécia cresce (+46%) e Áustria (+57%).
O estudo revela que mais de 90% dos serviços públicos estão disponíveis online, não existindo nenhum país que não tenha um website relevante, sendo que os
serviços mais desenvolvidos dizem respeito à entrega de Declarações de Impostos e
às contribuições para a Segurança Social. O mesmo estudo revela também que
428
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
existe maior nível de sofisticação de serviços públicos para empresas (G2B,
Government to Business) do que para cidadãos (G2C, Government to Citizens),
excepção feita a Chipre, Letónia, Eslovénia e Reino Unido.
São vários os exemplos de sucesso de aplicações de e-Gov na Europa: na
Áustria foi implementado um portal que permite a realização de transacções on-line
com os departamentos administrativos e um outro que permite aos cidadãos
obterem o passaporte em menos de 20 minutos. Em Espanha foi implementado um
projecto de Gestão de Compras. Na Alemanha existe um website onde é possível
efectuar declarações à polícia federal. Na Holanda, desde 1 de Janeiro de 2005, os
empregados são obrigados a declarar as respectivas taxas com recurso à via
electrónica. Na Bélgica existe um serviço que informa o utente sobre ofertas de
trabalho correspondentes ao seu perfil. A Bélgica foi também um dos primeiros
países a implementar smart social cards com intuito de automaticamente os utentes
serem resarcidos de certos custos médicos. Na Noruega são automaticamente
emitidos os certificados de nascimento com base em informação recebida dos
hospitais. Na Itália, o registro de carros é feito directamente pelos vendedores os
quais estão conectados, através de uma rede privada, ao Ministério dos Transportes
e Registro Público de Carros. Na República Checa está em preparação um serviço
para efectuar na totalidade o registo de uma empresa.
Uma outra iniciativa de interesse veio por parte da Comissão Europeia, que
através da Direcção Geral para a Sociedade de Informação e Media, criou o
eGovernment Good Practice Framework (http://www.egov-goodpractice.org), um
website de partilha de informação e documentos sobre o que de melhor se faz em
cada um dos países no domínio do e-Gov. Portugal está presente neste website
como um caso de excelência nos projectos voto electrónico, portal do cidadão,
campos universitários e compras electrónicas.
O e-Gov está aí como nova forma de governar e exercer a cidadania.
4. e-Gov em Portugal
Também em Portugal os diversos Governos têm procurado estar na primeira
linha da inovação, através de exemplos de excelência e de sucesso que consigam
gerar um efeito mobilizador. A visão do e-Gov para Portugal consiste em colocar o
sector público entre os melhores prestadores de serviços do País, garantindo
serviços públicos de qualidade, transparentes e eficientes, suportados por soluções
tecnológicas racionalizadas (UMIC, 2002).
Em 2002, o XV Governo Constitucional português8 definiu no seu programa
de Governo9, no seguimento da estratégia de Lisboa, uma estratégia de e-Gov
através da definição de um plano de acção, com o intuito de reinventar a
organização do estado e definir novas relações entre este e os cidadãos,
8
9
Presidido pelo Primeiro-Ministro José Manuel Durão Barroso, no período 2002 - 2004.
Capítulo 6 (Sociedade de Informação), Eixo 3 (Investir na Qualificação dos Portugueses).
429
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal
promovendo assim, os benefícios da sociedade de informação na AP. Surge nessa
altura sob a dependência directa do Primeiro-Ministro, a UMIC (Unidade de Missão
para a Inovação e o Conhecimento, posteriomente Agência para a Sociedade do
Conhecimento, http://www.umic.pt) como orgão propulsor desta mudança, com o
intuito de definir uma estratégia de desenvolvimento da sociedade de informação e
Governo Electrónico em Portugal.
Desde então, surgiram um conjunto de projectos dos quais se destacam o
Portal do Cidadão, o Programa Nacional de Compras Electrónicas, o acesso a
artigos científicos através da Biblioteca do Conhecimento On-line, o acesso ao
Diário da República, o projecto piloto de voto electrónico, o lançamento dos
campos virtuais no Ensino Superior, etc..
Na Tabela 1 é possível verificar o nível de desenvolvimento dos sites
portugueses, para cada um dos serviços públicos básicos definidos pelo Conselho
da União Europeia, aparecendo entre parêntesis o estágio de sofisticação dos
mesmos.
Tabela 1– Serviços públicos básicos em Portugal (Chevallerau, 2005)
Cidadãos
Impostos
http://www-e-finanças.gov.pt/ (4/4)
Procura de emprego
http://www.iefp.pt:8081/IEFP (3/3)
Benefícios da segurança social
http://www.seg-social.pt/ (2/4)
http://www.asocialensinosuperior.pt/ (2/4)
Documentos pessoais
http://www.portaldocidadao.pt (3/3)
http://www.dgv.pt/condutores/modelo_b.asp
(2/3)
Registo de carros
http://www.dgrn.mj.pt/autom/infauto.asp
(2/4)
Formulários para autorização de construção
http://www.portaldocidadao.pt (1/4)
Documentos para a polícia
http://www.psp.pt (1/3)
Bibliotecas públicas
http://www.porbase.org (1/3)
Certificados de nascimento e casamento
http://certidoes.portaldocidadao.pt (3/3)
Inscrições nas Escolas superiores
http://www.acessoensinosuperior.pt (1/4)
Informações sobre mudança de residência
430
Empresas
Contribuições sociais dos trabalhadores
http://www.seg-social.pt/ (4/4)
Imposto das empresas
http://www-e-finanças.gov.pt/ (4/4)
Imposto sobre o Valor Acrescentado
http://www-e-finanças.gov.pt/ (4/4)
Registos de novas empresas
http://www.cfe.iapmei.pt (4/4)
Submissão de dados para o organismo
responsável pelas estatísticas
http://www.ine.pt (0/3)
Declarações de clientes
http://www-e-finanças.gov.pt/de/jspdgaiec/main.jsp (4/4)
Autorizações relacionadas com o ambiente
http://www.iambiente.pt/ (2/4)
Outros documentos públicos
http://www.compras.gov.pt/ (3/4)
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
http://www.portaldocidadao.pt (2/3)
Serviços ligados à saúde
http://www.portaldocidadao.pt (3/4)
O Portal do Cidadão (http://www.portaldocidadao.pt) existe desde Dezembro
de 2003 e permite que os cidadãos acedam aos serviços públicos em qualquer
momento, em qualquer lugar, de forma simples e segura. Integrado numa estratégia
global de portais da AP denominada de “Portugal.gov.pt”, o Portal do Cidadão,
enquadrado numa plataforma multi-canal (permite acessos através de SMS e WAP)
tem por objectivos: colocar os serviços públicos próximos do cidadão, tornar a AP
mais eficiente e mais transparente, funcionando, no âmbito da estratégia do e-Gov,
como o principal ponto de acesso aos serviços da AP (UMIC, 2002). O Portal
disponibiliza mais de 700 serviços, dos quais 50%, são de natureza informativa,
30% interactiva e 20% transaccional. Este portal é regularmente classificado entre
os 10 melhores sites portugueses sendo utilizado principalmente para efectuar
declarações de rendimentos, alteração de morada, pedidos de informação e
certidões. Fazem parte do “Portugal.gov.pt” outros portais temáticos que agregam a
informação
dos
vários
ministérios
e
o
Portal
do
Governo
(http://www.portugal.gov.pt).
Relacionado com a administração central e local, o projecto das Compras
Públicas Electrónicas (http://compras.gov.pt), é uma iniciativa iniciada em 2003 e
tem por objectivo a racionalização dos custos e o aumento da tranparência e da
eficiência no sector público possibilitando a participação de grandes e pequenas
empresas no mercado de compras públicas (UMIC, 2002). Estão envolvidos
actualmente neste projecto 8 ministérios e 132 organismos com expectativas de
poupança de 250 milhões de euros por ano.
Outros portais como o portal da DGRN (Direcção Geral dos Registos e
Notariados, http://ww.djrn.mj.pt) permitem a obtenção de formulários de pedido de
bilhete de identidade, passaporte, de registo de automóveis, de registo comercial e
registo predial, de certidão de casamento, de certidão de nascimento ou certidão de
óbito, bem como obter informações sobre escrituras, testamentos, alterar moradas,
etc… O acesso a este site, bem como ao site da Segurança Social (http://www.segsocial.pt), Diário da República Electrónico (http://dre.pt) e criação de empresas na
hora (registaram-se em Portugal entre 14 de Julho e 30 de Novembro 1383
empresas, http://www.empresanahora.pt) pode ser feito directamente a partir do
Portal do Cidadão onde é possível encontrar o conjunto de serviços disponíveis
divididos na categoria de cidadãos e empresas. Para facilitar o acesso a este tipo de
serviços existem também, as lojas do cidadão (http://www.lojadocidadao.pt). Com
recurso a este site é possível a monitorização em tempo real das filas de espera dos
actuais 10 postos de atendimento.
Para além destes serviços, que integram o conjunto de serviços públicos
básicos disponíveis em Portugal, existem outros de grande relevo. A Biblioteca do
Conhecimento On-Line (http://www.b-on.pt) foi lançada em Março de 2004 com o
objectivo de possibilitar o acesso electrónico às principais fontes de conhecimento
(UMIC, 2005). Possibilitando actualmente o acesso integral a mais de 12000
431
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal
publicações de 16 editoras das principais áreas de investigação. Esta plataforma
permitiu, só até ao final do ano de 2004, o download de 2 milhões de artigos.
Também a Biblioteca Nacional disponibilizou um arquivo digital disponível em
http://bdn.bn.pt.
No mesmo âmbito, o da partilha do conhecimento, foi implementado o
projecto e-U também designado por Campus Virtuais (http://www.e-u.pt), uma
iniciativa dirigida a estudantes e professores do ensino superior que envolve
conteúdos (aulas, trabalhos, artigos, notas), serviços e mobilidade através da
implementação de um conjunto de rede sem fios com mais de 5000 pontos de
acesso (a maior rede wireless académica do mundo) (UMIC, 2005).
Associado ao Programa Operacional da Sociedade de Informação, desde 2000
o principal instrumento financeiro do desenvolvimento da sociedade de informação
em Portugal, a iniciativa cidades e regiões digitais (http://www.cidadesdigitais.pt),
integrada no combate à interioridade do país e à exclusão social e no melhoramento
da vida urbana e da competetividade de sectores económicos, tem como principal
objectivo estabelecer um plano de acção no contexto da sociedade de informação
para os municípios portugueses (http://www.anmp.pt) (UMIC, 2005). Foram até ao
momento lançados um conjunto de projectos, por forma a cumprir as 4 vertentes
principais de actuação: dinamização regional (através da criação de um portal
regional), Governo local em banda larga (através da disponibilização de serviços de
banda larga nos municípios), pontos municipais de banda larga (através da criação
de pontos de acesso grátis à Internet) e infra-estruturas.
De um modo geral, como referem Pereira, Jerónimo & Sousa (2005), os
recursos de informação, como sejam sites, disponibilizados ao nível das instituições
(administração central, regional ou local), são escassos, em alguns casos inúteis por
estarem de tal forma desactualizados. Note-se que segundo um estudo desenvolvido
pelo INE (2004), a procura de informação nos sites da AP é referida por apenas
35,1% dos utilizadores da Internet, com percentagens ainda mais baixas (26%) para
serviços que não são apenas de consulta (como sejam o download de
impressos/formulários e o preenchimento e envio on-line dos mesmos).
No que diz respeito à disponibilização de endereço de correio electrónico,
referido nos últimos anos como de primordial importância no acto de agilizar
processos expresso inclusivé em forma de lei10, todas as câmaras municipais
facultam este novo canal de comunicação (Santos & Amaral, 2002). Se do ponto de
vista quantitativo, como referem Santos & Amaral (2002), estes dados são
excelentes, a nível de gestão deste novo canal, os resultados mostram que dois
terços das câmaras municipais não respondem às mensagens ou não mantêm as
caixas de correio.
A votação electrónica (http://www.votoelectronico.pt) designada por e-Vote e
desenvolvida em parceria com o STAPE (Secretariado Técnico dos Assuntos para o
Processo Eleitoral, http://www.stape.pt), sob supervisão da CNE (Comissão
Nacional de Eleições, http://www.cne.pt) e da CNPD (Comissão Nacional de
10
Decreto Lei 1999, art.º 14º – 1, art.º 26º - 1, art.º 26º - 2 e art.º 39º - 1
432
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Protecção de Dados, http://www.cnpd.pt) tem como principais objectivos facilitar o
acesso ao voto, combater a abstenção e simplificar o processo eleitoral, permitindo
ao leitor que vote em qualquer assembleia (http://www.anafre.pt) do país (cerca de
11000) ou opcionalmente através da Internet (UMIC, 2005). Este projecto conta já
com 2 testes piloto, o primeiro realizado em 2004 aquando da eleições europeias e o
segundo realizado em 2005 aquando das legislativas. As duas experiências de voto
foram satisfatórias mas é necessário garantir a acessibilidade a todos,
confidencialidade dos votos e redifinição da lei eleitoral. De facto, a implementação
de um sistema de votação pela Internet traz dificuldades acrescidas e representa no
entender de Pereira & Santos (2005) um dos maiores desafios à segurança em
sistemas de informação e computação distribuída. Países como França, Irlanda e
Grã-Bretanha abandonaram recentemente a intenção de introduzirem este processo
nos sistemas eleitorais. Já o Brasil é um caso de sucesso.
O Parlamento português (http://www.parlamento.pt) optou recentemente pelo
sistema de contagem electrónica de votos constituído por 230 consolas individuais,
através das quais os deputados se identificam com recurso a um smart card.
O uso das TIC por parte do comum cidadão é um facto incontornável na
sociedade de informação, mas o desenvolvimento de plataformas no âmbito do eGov, não tem sido igual em todos os domínios. Na saúde, o desenvolvimento de
simples sites tem sido feito com recurso a iniciativas particulares, não havendo
preocupação de utilizar uma mesma interface. Rocha, Campos, Rodrigues &
Simões (2005) referem, que apenas 2,65% da totalidade dos Centros de Saúde
existentes em Portugal (414) possuem sites na Internet. O conceito de e-Saúde deve
ir no entanto, muito mais além do que a simples disponibilização de dados com
recurso a sites estáticos. As TIC devem implicar todas as entidades (pacientes,
médicos, administrativos, fornecedores, etc…) relacionadas com a saúde e todos os
actos (registo electrónico de pacientes e respectivo historial, monitorização da
saúde, prevenção, etc…). Para isso, devem ser desenvolvidos portais de saúde em
contraponto com os actuais sites estáticos, permitindo que muitas tarefas
administrativas passem para o lado do utente e implementados serviços de
telemedicina (dos hospitais que têm ligação à Internet, apenas 27% desenvolvem
actividades de telemedicina (INE, 2004a)), que melhorem o acesso aos cuidados de
saúde e garantam a qualidade, eficácia e eficiência na prestação dos mesmos.
Como é evidente, matérias como a reforma da Administração Pública são
objecto de programas específicos, como é o exemplo da UCMA (Unidade de
Coordenação da Modernização Administrativa, http://www.ucma.gov.pt), mas no
contexto da sua esfera de actuação, outros planos, como é o caso do Plano
Tecnológico
(http://www.planotecnologico.pt)
desempenham
um
papel
fundamental no desenvolvimento destas áreas. Assim, este plano indica a adopção
da factura electrónica por todos os serviços da administração do Estado, como
obrigatória até ao final de 2007 e um conjunto de iniciativas para o ano de 2006, das
quais se destacam a implementação do cartão do cidadão (documento físico e
digital que vai agregar e susbtituir os cartões actualmente existentes: Bilhete de
433
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal
Identidade e os cartões de contribuinte, segurança social, saúde e de eleitor), o
documento único do automóvel designado de certificado de matrícula (agregação
num só documento da informação actualmente constante do livrete e do título de
registo de propriedade), a desmaterialização dos processos em Tribunal através da
gestão de todos os passos do processo desde a sua entrada em tribunal até à
Sentença e respectivo arquivo, bem como a interactividade com os cidadãos,
empresas, advogados e funcionários de justiça através de correio electrónico
certificado e Portal da Justiça.
5. Dificuldades e Potencialidades na Implementação de uma
Plataforma e-Gov
Implementar uma plataforma de e-Gov altera o nosso conceito de lidar com a
informação: os originais de papel passam a ser bits, as facturas passam a ser
electrónicas, as assinaturas passam a ser digitais, os relatórios deixam ser impressos
para serem guardados fisicamente em minúsculos dispositivos magnéticos ou
ópticos, a informação passa a ser transmitida através de rápidas redes de
computadores e até as reuniões são feitas com recurso à vídeo-conferência.
O processo não é no entanto de todo linear: a não aceitação do formato digital
por parte de alguns intervenientes, que continuam a considerar o papel como
verdadeiro original e o formato digital uma simples cópia, traz óbvias desvantagens
implicando a existência de duas realidades paralelas: o formato analógico e o
digital. Esta quebra no processo de workflow, tem reflexos por outro lado na
partilha de informação por entre todos os departamentos e os seus diferentes níveis.
Para resolver este problema o Governo deve no nosso entender concentrar os seus
esforços na formação dos seus quadros, tendo por base a reengenharia de processos.
De facto, o desenvolvimento de sistemas de informação passou inicialmente
por introduzir tecnologias de forma a melhorar o desempenho das organizações,
mas actualmente, como referem Lopes & Amaral (2000), já se atribui, no contexto
dos sistemas de informação, maior destaque às pessoas, reconhecendo-se a
importância da sua acção na mudança organizacional.
Assim, o sector público deve aproveitar a ocasião para adaptar a sua
organização. Existem no entanto algumas barreiras difíceis de ultrapassar. A
mudança de processos em termos de organização e cultura do conceito de AP leva o
seu tempo. Serão precisos anos até que os investimentos em TIC, a reorganização
dos processos e a aquisição de conhecimentos produza todos os benefícios.
A implementação de uma plataforma de e-Gov deve também considerar a
existência de cidadãos que preferem ou estão limitados a utilizar os canais
tradicionais. Neste campo o Governo tem um papel fundamental a desempenhar,
garantindo em termos tecnológicos a existência das duas plataformas e em termos
434
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
sociais a igualdade de oportunidades11 potenciando um movimento tecnológico de
infra-estruturas de acesso à Internet12 e o aparecimento de novos canais de acesso
(via telemóvel 3G, TV digital, terminais públicos, call-centers, correio electrónico,
etc..).
Por outro lado o aparecimento de novos canais de acesso que complementem
ou substituam os canais tradicionais exige como referem Santos e Amaral (2002)
preocupações especiais e estratégias adequadas. De facto, muitos organismos já
dominam as tecnologias, mas não as aproveitam em benefício do cidadão e da
modernização administrativa.
Cada nova tecnologia traz associada a si um elevado poder de inclusão ou
exclusão. As novas tecnologias permitem ultrapassar barreiras, mas podem elas
próprias constituir uma barreira em especial para pessoas com deficiência. Nesse
sentido o Governo deve procurar apoiar o desenvolvimento de novos produtos e
serviços que facilitem a utilização de novas tecnologias por parte de cidadãos com
necessidades especiais.
A nova forma de aceder às instituições públicas através de serviços On-line,
exige o estabelecimento de uma relação de confiança entre o cidadão e este tipo de
serviço. Garanti-lo, passa por desenvolver soluções de segurança da informação,
dos dados pessoais e da autenticação.
Não obstante estas garantias, a passagem dos processos tradicionais para uma
AP electrónica levanta questões do foro jurídico e enquadramento legal para a
utilização deste tipo de plataformas. A título de exemplo para efeitos legais os
documentos electrónicos não podem sequer ser considerados quando existe
incerteza relativamente a dados tão importantes como a identificação do cidadão.
Neste sentido, as entidades competentes devem procurar promover um quadro
jurídico favorável à plena utilização destes serviços.
6. Conclusões
A modernização da AP é um tema central no desenvolvimento da sociedade de
informação. Neste contexto, as TIC desempenham um papel fundamental dando
origem a um novo conceito de relacionamento entre a AP, os cidadãos e as
empresas, permitindo a reorganização dos processos e a definição de uma nova
forma de relacionamento com o exterior através da disponibilização de múltiplos
canais. A utilização da Internet como novo canal de acesso do utente perante a AP
tem tido elevada penetração no que diz respeito à entrega de declarações fiscais,
mas revela-se noutros domínios bastante reduzida, limitando-se muitas das vezes à
simples consulta de informação. O programa do XVII Governo, presidido pelo
11
O Governo pretende garantir até 2006 o acesso livre e gratuito a serviços de interesse
público disponibilizados pela Internet.
12 O preço de ligação é o entrave mais significativo na difusão do acesso à Internet (UMIC,
2004). No âmbito do plano tecnológico o governo pretende duplicar os utilizadores
regulares da Internet, que até 2010 deverão ultrapassar 60% da população portuguesa.
435
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal
Primeiro-Ministro José Sócrates e aprovado na AR em Março de 2005, é disso
reflexo, apontando para progressos insuficientes, sublinhando uma evolução débil
da Sociedade de Informação em Portugal, nomeadamente quando enquadrada no
contexto internacional, assistindo-se a uma divergência da média europeia e de
países como a Suécia e a Áustria que lideram destacadamente na prestação de
serviços On-line.
Em Portugal, segundo a Capgemini (2004) os cidadãos ainda não conseguem
completar a maioria dos processos sem terem de se dirigir pessoalmente aos
serviços públicos, existindo uma maior sofisticação dos serviços para as empresas
do que para os cidadãos. Neste sentido o Governo tem procurado lançar um
conjunto de medidas, como o portal do cidadão, criação da empresa na hora, etc…,
esperando até ao final do ano disponibilizar em local único da Internet todos os
concursos da AP (central ou local) para a contratação de pessoal e aquisição de bens
e serviços, bem como o uso da factura electrónica nas transacções comerciais por
todos os serviços da AP. A mobilização da sociedade civil em torno do e-Gov visa
estimular o uso deste novo conceito, o aparecimento de novas plataformas,
assegurando a segurança e a privacidade, e ultrapassando as dificuldades de
implementação através da formação dos seus quadros e reorganização das
estruturas, garantindo a participação de todos os cidadãos e potenciando um
movimento tecnológico para o aparecimento de novos serviços e conteúdos.
A implementação do e-Gov deverá facilitar, desburocratizar, simplificar,
reorganizar, integrar e acelerar os processos, contribuindo para uma maior
transparência da AP e aumento da produtividade e competitividade da economia.
Agradecimentos
Trabalho
financiado
POSC/EIA//58367/2004).
pela
FCT
(projecto
SITE-O-MATIC
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437
O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal
438
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 439
Estratégias de e-procurement na
Administração Pública:
Uma revisão de literatura
Ercília Rosa Correia Ribeiro Lopes, Departamento de Sistemas de Informação,
Escola de Engenharia, Universidade do Minho, Azurém, 4800-058 Guimarães,
Portugal, Leonel Duarte dos Santos, Departamento de Sistemas de Informação,
Escola de Engenharia, Universidade do Minho, Azurém, 4800-058 Guimarães,
Portugal
[email protected], [email protected]
Resumo: A prova mais aparente das mudanças no sector público devido às
modernas tecnologias de informação e comunicação são os serviços
electrónicos como informação genérica on-line acerca do procurement ou
várias possibilidades de inquérito que estão disponíveis aos cidadãos por
autoridades administrativas e instituições políticas. O Governo electrónico
contribui para uma melhoria na relação entre administração, cidadãos e
empresas. Inclui todas as medidas governamentais, a níveis administrativos,
para uma melhoria qualitativa nos diferentes assuntos da vida dos cidadãos e
na optimização dos processos de negócio entre a administração. Os possíveis
parceiros de interacção na área do Governo electrónico são o Governo, os
cidadãos / clientes e as empresas. Neste artigo faz-se uma revisão do eprocurement, quais os seus riscos e benefícios e que estratégias adoptar na
sua implementação.
Palavras-chave: e-procurement; e-Business; Strategy; Procurement; e-Government.
1. Introdução
A Internet criou um novo mercado. As trocas entre empresas ocorriam e ainda
ocorrem em mercados físicos, onde as mercadorias podem ser observadas e tocadas.
Entretanto, com a evolução tecnológica, surgiu um mercado virtual, possibilitando a
realização de transacções independentemente da presença física de vendedores,
compradores e, até mesmo, das mercadorias. A Internet abriu novos canais de
vendas, melhorou a comunicação com fornecedores e clientes, além de ter
aumentado a produtividade das empresas (Violino, 2001).
439
Estratégias de e-procurement na Administração Pública:
Uma revisão de literatura
Os e-marketplaces, mercados virtuais utilizados para as transacções do
comércio electrónico, tornaram-se o ponto de encontro de compradores e
vendedores. Esta modalidade de comércio envolve as transacções de bens tangíveis
e intangíveis através da Internet ou de outra tecnologia digital (Turton, 1999).
O B2B (business to business) é o conjunto de transacções comerciais entre
empresas utilizando meios electrónicos, em especial a Internet. A Internet é um
mecanismo facilitador e suficientemente difundido entre as empresas para alterar as
relações de mercado. Ela reestruturou o relacionamento entre as empresas causando
mais impacto do que qualquer outra inovação desde a revolução industrial (Meisler,
2001).
A utilização do B2B é fundamental para reduzir os custos de transacção e
remover ou minimizar a ineficiência na cadeia de fornecimento (Kerringan et al.,
2001). A contribuição essencial do B2B é constituir uma cadeia de fornecimento
mais eficiente, proporcionando menores custos nos processos e nos consumos
internos utilizados pela empresa, sejam eles parte do processo produtivo ou ligados
a tarefas de apoio. Mayer-Guell (2001) afirma esta posição ao escrever que o “B2B
é usado para coordenar todas as facetas da cadeia de fornecimento. Organizações
podem efectivamente gerir os stocks, agendar a produção e entregar os seus
produtos no prazo certo através de uma ligação electrónica entre fornecedores de
matérias-primas, produtores, distribuidores, comerciantes e, finalmente, os
consumidores”.
Tal conectividade também intensificou a competição, pressionando a redução
dos custos, aumentando a produtividade e diminuindo o time-to-market” (Meisler,
2001). A Internet permite a integração de dados a tempo real a um baixo custo
(Netessine et al., 2000).
O e-procurement é uma forma electrónica de conduzir os processos de compra
de uma organização, objectivando, entre outros, a redução dos custos, através da
eficiência operacional, e a integração da cadeia de fornecimentos, através das
facilidades de comunicação de dados. O aparecimento da Internet e a sua
divulgação na empresa permite movimentar todo o processo de compras para o
meio virtual, através do e-procurement (Dai, Qizhi e Kauffman, Robert J., 2000).
2. Caracterização do e-procurement
2.1. e-procurement
Existem várias definições de e-procurement, sugeridas nas diferentes
literaturas:
ƒ e-procurement é uma aplicação de compras baseada na Internet/Intranet ou
um serviço alojado que dinamiza as compras dos parceiros de comércio,
maximiza a eficiência de comércio ao longo da cadeia de fornecimentos e
440
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
fornece capacidades estratégicas de e-commerce na Internet (Info-Tech
Research Group, doravante ITRG, 2002).
ƒ A tecnologia de e-procurement é definida como uma tecnologia projectada
para facilitar a aquisição dos bens por organizações comerciais ou
governamentais usando a Internet como suporte (Brunnelli, 1999).
ƒ e-procurement é uma solução tecnológica para facilitar as compras
cooperativas usando a Internet. Tem o poder de transformar o processo de
compra porque se propaga em todos os passos identificados pelo gestor de
fornecimento (Presutti, 2002).
ƒ e-procurement é o termo usado para descrever o uso dos métodos
electrónicos em todas as etapas do processo de compras desde a
identificação dos requerimentos, acordos, pagamentos e potencialmente a
gestão dos contratos (International Organization of Supreme Audit
Institutions, 2005).
ƒ O e-procurement é o aspecto mais revolucionário do B2B e que irá
permanentemente e fundamentalmente reformar a maneira como as
empresas fazem negócio (Neef, 2001).
Em suma, o e-procurement serve para adquirir bens e serviços, usando meios
electrónicos, tendo como objectivo um maior controlo nos processos de aquisição e
redução de custos uma vez que os produtos são licitados por diferentes
fornecedores.
De acordo com o Aberdeen (2001), “e-procurement permite às companhias
automatizar processos e workflows associados às compras. Os gestores das
compras, através do e-procurement, são capazes de evitar quantidades massivas de
documentos e dar passos críticos em eficiência”. As voltas iniciais na tecnologia de
e-procurement são quase usadas exclusivamente para compras que já estão em
contacto com um conjunto de fornecedores. ITRG (2002) e Knudsen (2002),
afirmam que o e-procurement inclui aspectos da funcionalidade do procurement
suportado por várias formas de comunicação electrónica, e é usado por ambos os
sectores públicos e privados, tomando diversas formas incluindo:
ƒ Electronic Data Interchange (EDI) - sistema de informação interorganizacional usando protocolos de intercâmbio de dados estruturados
frequentemente através de redes de valor acrescentado.
ƒ e-MRO (Manutenção, reparação e operação) – mecanismo para
encomendar itens indirectos de um catalogo on-line.
ƒ Enterprise Resource Planning (ERP) - automatização de Workflows
relacionados com procurement incluindo auto-faxing, auto-emailing e
outras formas de trocar mensagens directamente com os fornecedores.
ƒ Web-Based Enterprise Resource Planning - automatização de
procurement baseados na Web.
ƒ e-Sourcing - forma de identificação de novas fontes de fornecimento
utilizando tecnologias da Internet.
ƒ e-Tendering - processo de convite de ofertas dos fornecedores e recepção
das suas respostas de forma electrónica.
441
Estratégias de e-procurement na Administração Pública:
Uma revisão de literatura
ƒ e-Reverse Auctioning (leilão invertido) - usando tecnologias da Internet,
os licitadores vão apresentando propostas de preços cada vez mais baixas
até não ser possível baixar mais os preços.
ƒ e-Auction For Disposals - usa-se tecnologias da Internet para realizar um
leilão on-line com a finalidade de vender itens que são abatidos.
ƒ e-Informing - uso de tecnologias da Internet para recolher e distribuir
informação relativa a procurement.
ƒ e-Collaboration - uso de tecnologias facilitadoras ao planeamento e
concepção de colaboração relacionada com o procurement.
Benefícios associados à tecnologia de e-procurement
Uma solução e-procurement fornece acesso a uma forma fácil de compra, a
catálogos de diferentes fornecedores, à eliminação de documentação em papel, à
automatização do processo de aprovação e à aplicação de politicas de compras que
se aplicam aos compradores (ITRG, 2002). Tipicamente a poupança de custos é o
principal motivador para as empresas implementarem o e-procurement.
Como o custo-por-transacção é reduzido em 65% usando o e-procurement
quando comparado com as transacções do procurement tradicional. Em contraste a
fonte de poupança em leilões B2B provêm do acesso a uma ampla base de dados de
fornecedores para as necessidades de compra da empresa, onde a poupança deriva
do poder de negociação conjunta que se traduz em descontos mais agressivos para
os membros do consórcio (Davila, et al., 2002).
Muitas empresas encontram imensos benefícios dos seus projectos do eprocurement, incluindo os seguintes:
ƒ A eficiência de processos é somada às poupanças anuais.
ƒ Possibilidade de ligação aos sistemas existentes, como por exemplo ERP.
ƒ Redução do tempo do ciclo (inicio do processo até ao pagamento) podendo
atingir em alguns dos casos reduções de 50%.
ƒ Auto facturação por parte dos clientes.
ƒ Reconciliação no fim do mês pode acabar com o problema de encomendar
itens errados ou ofertas erradas de preços uma vez que o processo de
negócio e todo o trabalho provem do mesmo catálogo.
ƒ Comprador está envolvido numa gestão mais estratégica de produtos,
conduzindo-o a uma melhor negociação de contratos.
ƒ Despesas individualistas são reduzidas.
ƒ Reduções dos níveis de stock conduzem a enormes poupanças.
Empresas que experimentaram estes benefícios reduziram os tempos de ciclo
do processo e tiveram uma melhor relação com os seus fornecedores globais (ITRG,
2002).
O comércio electrónico no procurement poderá não resultar em redução de
custos nas aquisições em certos mercados, (Lee, 1998), no entanto varias reduções
de custos e benefícios foram identificados (De Boer et al., 2002). Estes incluem
algumas implicações no e-procurement:
442
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
ƒ O custo da despesa em bens/serviços relacionado directamente com a
entrega da produção/serviço.
ƒ O custo de bens e serviços não contribuem para a produção.
ƒ O custo das actividades de compras operacionais - ex: requisição,
encomenda, expedição e suporte administrativo.
ƒ O custo das actividades tácticas de procurement - ex: formulação das
especificações, selecção de fornecedores, negociação com fornecedores,
contratação, etc.
ƒ O custo das actividades estratégicas de procurement - ex: análise de custos,
análise de transacção, análise de mercado, planeamento, desenvolvimento
de politicas de compra, etc.
ƒ Benefícios internos que surgem dos investimentos em particulares relações
inter organizacionais.
ƒ Contribuição dos investimentos em particulares relações inter
organizacionais para as receitas.
Existem poucos estudos que avaliam sistematicamente os actuais custos e
benefícios associados ao movimento das várias formas de e-procurement (Tonkin,
2003).
Riscos associados ao e-procurement
As empresas têm evitado a adopção do e-procurement devido ao risco
associado (Davila et al., 2002). Um estudo efectuado em 2001 pela Conference
Board aponta o problema pelo lado da implementação e concluiu que as
“organizações verificam que a implementação é mais complexa, mais cara e mais
demorada do que originalmente se tinha visionado” e que os consultores foram
“amplamente criticados por exagerar o caso de negócio do e-procurement”
(Conference Board, 2001). As empresas estão entrar no mundo do e-procurement
sem compreender totalmente os efeitos de rede e colaboração inter-organizacional
associada a estes modelos de tecnologia e sem compreender o investimento
necessário envolvido no movimento de informação certa dos fornecedores aos
empregados e a complexidade de integrar estas tecnologias no sistema de
planeamento de recursos da empresa. A análise indicou que o crescimento mais
lento que o previsto não é consequência de um só problema.
Certos riscos ligados com a adopção do e-procurement necessitam de ser
indicados antes das tecnologias serem largamente aceites.
Estes riscos incluem (Davila et al., 2002):
ƒ Riscos internos ao negócio: empresas não têm a certeza se possuem os
recursos apropriados à implementação com sucesso de uma solução eprocurement. Implementação de uma solução e-procurement não requer
apenas que o próprio sistema desempenhe com sucesso os processos de
compras, mas mais importante, que ele se integre com a infra-estrutura de
informação existente.
ƒ Riscos externos ao negócio: as soluções e-procurement não têm apenas de
comunicar com o sistema de informação interno, também necessitam de
443
Estratégias de e-procurement na Administração Pública:
Uma revisão de literatura
cooperar com constituintes externos, principalmente consumidores e
fornecedores. Esses constituintes externos necessitam de desenvolver
sistemas internos que facilitem a comunicação através de meios
electrónicos, uma questão que também necessita de investimentos
tecnológicos como incentivos a estes constituintes. Para que as tecnologias
do e-procurement tenham sucesso, os fornecedores têm que estar
acessíveis via Internet e fornecer escolhas de catálogo suficientes para
satisfazer as necessidades dos seus clientes. Fornecedores, especialmente
os de baixa margem de lucro, podem mostrar alguma relutância ou até
mesmo impossibilidade de cumprir tais exigências sem garantias de
futuras receitas. E uma vez que alguns dos modelos de negócio associados
com as tecnologias de e-procurement focam claramente o uso de
fornecedores com os quais o comprador nunca realizou negócio, as
empresas necessitam de desenvolver mecanismos que forneçam ao
comprador garantias que o fornecedor preenche ou exceda os padrões
impostos pela industria relacionados à qualidade do serviço e capacidade
de entrega.
ƒ Riscos tecnológicos: as empresas também temem a falta de um padrão
amplamente aceite e um conhecimento claro sobre qual das tecnologias eprocurement melhor se enquadra nas necessidades de cada empresa. A
significância deste factor de risco parece sugerir da necessidade de
standards claros e abertos que facilitem as tecnologias de e-procurement
inter-organizacionais. Sem padrões largamente aceites a adopção da
tecnologia e-procurement será lenta e falhará no fornecimento de alguns
dos benefícios esperados.
ƒ Riscos no processo de e-procurement: outro conjunto de riscos estão
relacionados com as questões de segurança e controlo do próprio processo
e-procurement. Por exemplo, as organizações devem de estar confiantes,
que as acções não autorizadas não interrompam a produção ou outras
actividades da cadeia de fornecimento quando se comprometem com as
tecnologias e-procurement.
2.2. Estratégias no desenvolvimento do e-procurement
A recente evolução do mercado indica que a adopção e integração das
tecnologias e-procurement, no seio dos negócios está a ocorrer a um passo muito
mais lento que o esperado. As tecnologias do e-procurement ainda se encontram
nos primeiros estados mas em franca evolução. Este processo é particularmente
complexo porque o produto final pode ser diferente mediante cada segmento de
mercado e ser adoptadas soluções de diferentes tecnologias. Apesar da actual
atenção nos bens indirectos como forma de experimentar as tecnologias espera-se
que estas evoluam em processos procurement que facilitem a gestão de inventário e
a compra da maioria dos bens (Davila et al., 2002).
444
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Modelos do e-procurement
Existem aproximadamente sete tipos básicos de modelos de comércio eprocurement em uso no cenário do mercado actual. Estes sete modelos para trocas
comerciais podem ser categorizados em trocas públicas e privadas. As trocas
públicas referem-se a portais onde a empresa ou grupos de empresas listam
produtos e serviços para consumo público variando o seu grau de valor, catálogo de
produtos, processamento de encomendas e aprovação até à satisfação do
consumidor. As trocas privadas podem ser variadas em tamanho abrangendo, desde
a automatização das funções de procurement de uma empresa com os seus
fornecedores até uma grande e complexa troca (Kalakota and Robinson, 2000).
O mercado e-procurement ainda é muito jovem, no entanto os novos modelos
de negócio necessários para servir este mercado estão a evoluir rapidamente. A
tabela seguinte lista os sete tipos básicos de modelos de comércio e-procurement
em uso e as suas diferenças chave (Kalakota and Robinson, 2000).
Tabela 2 – Comparação dos vários modelos do e-procurement (Kalakota and Robinson,
2000).
Modelos de
comércio
Características
Conjunto de pareceres comerciais e clientes.
Redes EDI
Capacidades de transaccionais simples.
(intercambio de
Processamento em série.
dados electrónicos)
Mudança para redes de valor acrescentado de forma reactiva e dispendiosa.
Aplicações de
Compras rápidas para os funcionários das empresas.
requisição
Automatização da aprovação e padronização do processo de requisição.
Business-toProporciona ao comprador ferramentas de gestão de fornecedores.
Employee (B2E)
Melhor controlo sobre o processo de procurement e permite que sejam
Portais de
implementadas regras de negócio das empresas de forma mais consistente.
procurement
Personaliza com preços negociados num catálogo multi-fornecedor.
empresarial
Gestão da análise de custos.
Trocas comerciais Conteúdo industrial, ofertas de emprego e notícias.
de primeira
Novo canal de vendas para distribuidores e fabricantes.
geração
Serviços de agregação de produtos e catálogos.
Trocas comerciais Automatização do processo de requisição e transacções de encomenda.
de segunda
Descoberta de fornecedores, preços e produtos/serviços.
geração
Gestão de catálogo e crédito.
Operações sincronizadas e satisfação em tempo real.
Trocas comerciais Transparência no processo resultando na restrição de procura e cadeia de
de terceira geração fornecimento.
Informação alternativa para inventário.
Consórcios
Próximo passo na evolução de portais de procurement empresariais.
industriais
445
Estratégias de e-procurement na Administração Pública:
Uma revisão de literatura
Arquitecturas do e-procurement
Antes de considerar as fases de implementação de um sistema de eprocurement, é necessário definir a sua arquitectura. A arquitectura não é apenas
uma consideração tecnológica. Ela está relacionada com as capacidades e os
objectivos da empresa. Pontos como a complexidade e a especificidade dos
produtos a serem comprados, as diferentes abordagens nas compras de materiais
directos e indirectos (incluindo o ORM e MRO), nível de confiança nas soluções de
segurança das transacções e na parceria com outras empresas definem a escolha.
Questões como a disponibilidade financeira para o projecto e a capacidade do
desenvolvimento interno da solução, podem levar as empresas a adoptarem
diferentes arquitecturas de e-procurement.
Neef (2001), apresenta três arquitecturas distintas do e-procurement:
Foco
Tabela 2 - Arquitecturas do e-procurement (Neef, 2001)
Vendedor
Comprador
Relacionamentos
Um para vários
Vários para vários
Um vendedor para vários compradores
Vários compradores
para vários vendedores
Um comprador para vários vendedores
(e-marktplaces)
Um vendedor para vários compradores. Nesta arquitectura o vendedor
mantém o seu próprio site, onde os seus compradores podem visitá-lo, e efectuar a
pesquisa dos produtos a comprar on-line. A criação e a manutenção deste sistema
pode ser realizada pelo próprio vendedor ou por uma empresa especializada. A
principal vantagem desta arquitectura é que o vendedor pode manter os seus
catálogos electrónicos. Essa manutenção é facilitada pela integração esperada entre
o sistema interno do vendedor e pelo contacto com o comprador. Em alguns casos
pode ser difícil esta integração devido a incompatibilidades dos sistemas o que
origina a reintrodução dos dados. Caso o comprador tenha centenas de
fornecedores, ele terá que aceder a centenas de diferentes sites para realizar as suas
compras. Esta falta de integração entre os sistemas ocasionará um trabalho muito
parecido com o processo tradicional, baseado em ligações telefónicas e
transmissões de faxes.
Um comprador para vários vendedores. Neste caso o comprador mantém o
próprio sistema electrónico. A principal vantagem para o comprador é a facilidade
de integração com o gerente do sistema interno. A desvantagem é o custo de
manutenção. Pode existir duas variações nesta arquitectura: A primeira é o uso da
central de compras. Só a central de compras é que efectua todas as etapas da
compra através do sistema e-procurement. A segunda é quando os funcionários
efectuam compras sem recorrer à central de compras. Eles utilizam o sistema de eprocurement que por sua vez já tem embutido as regras de compras, isto é, como e
quem pode comprar determinados produtos, qual a quantidade máxima permitida, o
preço e o prazo de entrega.
A última arquitectura é usada quando vários compradores se relacionam
com vários vendedores. Normalmente é possível através de mercados electrónicos
446
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
(e-marktplaces) onde os vendedores e compradores se reúnem para realizar as
transacções.
Funcionalidades do sistema de e-procurement
Abordando o e-procurement de uma forma mais técnica, um sistema prevê
algumas funcionalidade básicas para atingir os seus objectivos. As funcionalidades
de um sistema são as operações que ele executa e as informações que ele fornece
aos seus utilizadores.
Neef (2001) aponta sete funcionalidades:
ƒ Oferta de catálogos electrónicos dos produtos - Os fornecedores, em vez
de confeccionarem catálogos em papel, que podem ficar obsoletos em
pouco tempo, mantêm um catálogo electrónico actualizado e disponível 24
horas por dia aos compradores.
ƒ Procura electrónica por produtos – os compradores podem pesquisar
electronicamente as opções do produto, facilitando e tornando mais rápido
este processo.
ƒ Comparação de preços, características e disponibilidades dos produtos
disponíveis.
ƒ Diferentes tipos de pagamento – podem ser disponibilizados aos
compradores através do sistema de e-procurement. Como clientes
diferentes têm capacidades e procedimentos diferentes de pagamento,
quanto mais opções o sistema tiver, mais adequada será a solução. Além
disso, deve ser possível efectuar pagamentos por meio electrónico, para
que todo o procedimento ocorra digitalmente, com o mínimo de
interferências.
ƒ Requisição de materiais – ao contrário do sistema manual, onde as
encomendas são enviadas por via fax, por telefone ou formulários
preenchidos por algum funcionário do fornecedor, estas são enviadas de
forma electrónica, já integrada no sistema.
ƒ Acompanhamento e recepção dos produtos – para evitar comunicação com
o fornecedor ou com a empresa que irá entregar os produtos, o sistema
pode fornecer a localização exacta do produto e a data prevista de entrega.
ƒ Apoio à decisão e à previsão da exigência – o sistema não deve ser apenas
uma forma de conduzir o processo de compra. Ele pode ir além e fornecer
apoio completo à gestão da cadeia de fornecimentos.
3. e-procurement público
O procurement privado e o procurement público têm uma diferença
fundamental. Enquanto uma empresa privada pode desejar ter um processo justo e
aberto na obtenção do melhor preço possível, o sector público tem o dever para com
447
Estratégias de e-procurement na Administração Pública:
Uma revisão de literatura
os cidadãos de usar procedimentos abertos e transparentes que permitem o
escrutínio da justiça.
Consequentemente, um processo aberto de procurement público deverá
procurar assegurar que todos os fornecedores interessados estejam conscientes das
propostas, e que nenhum concorrente tenha nenhum tipo de vantagem, como por
exemplo, informação interna. A transparência necessita de requerimentos claros e
sem ambiguidade para que a submissão de propostas seja considerada e que a
avaliação e atribuição de contratos siga um procedimento consistente e documental.
Os requerimentos devem de ser razoáveis e capazes de ir ao encontro de qualquer
candidato qualificado e que os indivíduos responsáveis pela avaliação não tenham
nenhum interesse pessoal ou pecuniário no resultado. Adicionalmente, os processos
de procurement devem empenhar-se em ser responsáveis na entrega de decisões
imediatas e comunicando-as a todas as partes interessadas em tempo razoável.
Fornecer feedback acerca dos orçamentos vencedores, é um indicador importante de
mercado que possibilita o ajuste contínuo dos preços e assegura o mercado
competitivo.
O e-procurement é uma das primeiras áreas na qual os Governos que estão a
entrar numa fase transaccional de e-Government tendem a arriscar. A fase
transaccional é quando o Governo é capaz de realizar serviços disponíveis online e
transaccionar com outras partes (World Bank, 2002).
O potencial do e-procurement no seio de uma estratégia de Governo
electrónico é enorme, o que faz dele uma aposta quase segura (Talero, E., 2001):
ƒ Redução dos custos associados à aquisição dos bens e serviços, quer dos
valores de aquisição, quer do custo do processamento da informação
associada.
ƒ Aumento da transparência do Estado nas relações com o tecido
empresarial, pela redução das oportunidades de fraude proporcionada pela
maior exposição ao exterior das suas actividades de compra.
ƒ Pode ser um early-winner, pois as suas vantagens e ganhos são claros, o
que proporciona projectos mais objectivos e uma maior adesão dos agentes
intervenientes. Será uma força motora de e-Government.
ƒ Será a força que impulsionará o Estado a uma maior integração entre os
seus sistemas.
ƒ Constituirá o catalisador necessário para aumentar as práticas de comércio
electrónico no país.
ƒ É um programa que produz resultados mesmo nas suas fases iniciais. Algo
simples como a publicação de todos os concursos ou intenções de compra
do Estado e das entidades adjudicadas é algo que tem impacto positivo no
Estado e na sociedade.
Existem vários problemas que estão associados aos projectos de e-procurement
público (Lebaube, 2001):
ƒ Inexistência de standards europeus para troca de informação relacionada
com o e-procurement. Esta questão é um entrave ao e-procurement
448
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
ƒ
público de âmbito europeu, no qual uma empresa de um qualquer país
europeu pode participar em concursos públicos de outro país.
Os procedimentos associados às compras que são realizados no seio da
Administração Pública estão ainda baseados em papel.
As ferramentas existentes não suportam todo o conjunto de actividades que
compõem o e-procurement.
Utilização de vários sistemas de classificação.
A interoperabilidade entre sistemas ainda não é uma realidade.
Não há sistemas de autenticação e de segurança uniformes para os vários
sistemas de e-procurement.
3.1. Benefícios do e-procurement no sector público
Tem sido sugerido que o sector público provavelmente beneficia mais do uso
do comercio electrónico com o propósito do fornecimento do que a gestão de
transacções e que o comercio electrónico promove uma eficiência económica no
procurement do sector público. Pensa-se que o uso do e-procurement traz
implicações nas assimetrias de informação nas relações inter-organizacionais em
particular na procura e monitorização de custos. Explicações alternativas para os
benefícios do e-procurement surgem da perspectiva baseada nos recursos, através
da qual, os recursos das empresas poderão ser equilibrados para alcançar vantagem
competitiva com o uso do comércio electrónico, apresentando oportunidades para
os aperfeiçoar.
3.2. Desenvolvendo uma estratégia para o e-procurement público
No que diz respeito às dificuldades relacionadas com a implementação do eprocurement público, deve ser notado que o sucesso é sempre resultado de uma
ampla consulta com representantes das agências governamentais e do sector
privado. O objectivo chave de uma estratégia para todos os países é assegurar que o
e-procurement é aproximado de forma consistente através de todas as esferas do
Governo e que os custos a fornecedores sejam minimizados. Além disso, o processo
do desenvolvimento de uma estratégia e-procurement deve passar através de uma
série de fases, onde cada uma requer consideração cuidada (United Nations
Conference on Trade and Development, 2004).
Fase 1 – Objectivos e visão. Uma estratégia para o e-procurement público
precisa de estabelecer os seus objectivos principais, os quais poderão aproximar-se
dos seguintes:
ƒ Automatizar o processo de procurement do Governo e reduzir duplicação
nas compras;
ƒ Alcançar um procurement transparente e responsável a partir de um
sistema aberto;
ƒ Reduzir os custos do procurement e assegurar que o Governo obtém um
melhor valor monetário dos seus fornecedores;
449
Estratégias de e-procurement na Administração Pública:
Uma revisão de literatura
ƒ Aumento do número dos fornecedores (e consequentemente das opções de
escolha) do Governo;
ƒ Fornecer a todas as empresas, incluindo pequenas e médias empresas,
igual acesso à informação de procurement governamental e igual
oportunidade de participação;
A formulação de objectivos assegura que as estratégias de e-procurement
tenham um fundamento lógico e válido, clarificando o estabelecimento dos casos de
negócio “business case” e irá ajudar a identificar os benefícios esperados.
Objectivos explícitos determinam o âmbito e a natureza da estratégia de eprocurement assim como o seu desenvolvimento e implementação.
Fase 2 – Regras de conduta reguladoras. Uma vez que os objectivos e visão de
uma estratégia e-procurement são claros, existe necessidade de inventariar as regras
de condutas reguladoras do procurement, incluindo estatutos, leis de caso e leis
administrativas (Steinberg, 2003). A identificação e análise das regras de conduta
reguladoras irá identificar qualquer impedimento burocrático para o e-procurement
ou conflitos com as leis de compra do sector público.
Fase 3 – Análise dos processos existentes. Uma revisão dos processos de
procurement existentes deve incluir uma avaliação das necessidades de
procurement do Governo e determinar a sua prontidão para implementar o eprocurement. Deve também incluir uma auditoria das despesas do Governo, uma
análise dos itens obtidos, uma análise do perfil dos fornecedores e uma avaliação
das capacidades e competências do pessoal.
Fase 4 – Reengenharia de processos. Seguindo uma revisão dos processos de
procurement existentes e identificando os impedimentos e ineficiências, um plano
de reengenharia deve ser traçado, com vista a alcançar os objectivos e a visão
definidos na fase 1. Tal plano requer uma decisão nas áreas ou processos que
podem ou devem ser automatizados como prioritários, assim como as categorias
dos itens que são adequadas para o e-procurement.
Fase 5 – Escolhendo uma solução e plataforma. Escolhendo a solução correcta
e plataforma para requer um custo-benefício e/ou análise de risco para comparar
várias soluções e-procurement e o seu impacto. Os países em desenvolvimento
poderão beneficiar da exploração de soluções sistema aberto e software nãoproprietário, nos quais são interoperaveis e escaláveis através de todas as agências
governamentais. Um caso de negócio deve acompanhar a solução escolhida e deve
considerar entre outras coisas as implicações da cobrança de uma taxa a
fornecedores que queiram aceder ao sistema e-procurement.
Fase 6 – Formulação e implementação de um plano. A formulação e
implementação da solução de e-procurement escolhida irá incluir a alocação e a
gestão dos recursos adequados (recursos financeiros e humanos). Em adição ao
treino técnico dos recursos humanos, a implementação frequentemente implica dar
poder à gestão de baixo nível para tomar decisões (é necessário treino para novas
responsabilidades). O treino é particularmente importante para que os utilizadores
do Governo entendam os benefícios do sistema e alterem as culturas de gestão
relacionadas com processos de procurement anteriores. As poupanças de custos
450
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
podem ser indeterminadas se um sistema não for utilizado ao seu potencial máximo.
A solução deve ser promovida entre potenciais fornecedores e concorrentes.
3.3. Mecanismos de e-procurement público
Existem 4 elementos básicos para o e-procurement (United Nations
Conference on Trade and Developement, 2004):
ƒ Propostas on-line – potenciais licitadores deverão ser capazes de procurar
e identificar as propostas facilmente. As propostas on-line permitem que
os fornecedores tenham acesso em tempo real e que o Governo reduza
custos de impressão e papel. Formulários das propostas podem estar
também disponíveis on-line e ser submetidos electronicamente ou através
de um processo automatizado.
ƒ Facturas Electrónicas – As facturas podem ser enviadas electronicamente
quando os regulamentos e os recursos assim o permitam.
ƒ Pagamentos electrónicos – Transferências de fundos electrónicas podem
requerer a aprovação de pagamentos através de assinaturas digitais
autenticadas e um sistema de gestão de processos.
ƒ Integração de processos automatizados – e-procurement End-to-End
(fim a fim ou extremo a extremo) requer automatização electrónica de
todos os elementos acima descritos.
A comunicação electrónica pode ajudar a assegurar que todos os fornecedores
interessados tomem conhecimento das propostas. Os avisos das propostas podem
ser colocadas num website (ao contrario de as afixar num local público ou de as
publicar num jornal) que está acessível a qualquer momento, sem a necessidade de
uma visita física a um escritório governamental ou subscrever uma publicação. Os
avisos das propostas podem ser organizados por categorias nos tais websites para
ajudar potenciais licitadores a encontrar as propostas que mais lhes interessa. Mais
ainda, os avisos de notícias podem ser enviados por e-mail a fornecedores
registados que previamente exprimiram o interesse (e provaram ser capazes) em
categorias específicas de propostas – construção, formação ou consultadoria, por
exemplo. As propostas devem facilitar o registo de licitadores, incluindo aqueles
que se encontram geograficamente distantes. Os métodos de comunicação
electrónica também podem ser usados para distribuir os documentos das propostas,
tornando-os disponíveis para descarga (download) e instantaneamente reduzindo o
tempo de espera dos licitadores na recepção desses documentos. Os websites para
avisos de propostas e documentos devem fornecer informação acerca de
procedimentos, de maneira a que todos estejam seguros que serão tratados de forma
igual. A submissão das propostas pode ser mais complexa uma vez que o licitador
deve incluir certificados e outra documentação provando competência ou
conformidade com os requerimentos, como por exemplo, declaração impostos
actualizada. Este potencial problema pode ser reduzido requerendo que os
licitadores se registem como fornecedores aprovados de forma a que não necessitem
de provar as suas competências todas as vezes que submeterem uma proposta. Uma
451
Estratégias de e-procurement na Administração Pública:
Uma revisão de literatura
vez feito isto, as submissões de propostas podem ser feitas digitalmente.
Providenciando que estejam no formato requerido (de preferência não-proprietário),
isto não apresenta problemas técnicos além do uso competente do e-mail e de um
sistema de preenchimento electrónico.
4. Conclusão
Após esta revisão de literatura, conclui que através de um sistema de eprocurement as empresas podem gerir melhor as despesas criando poupanças
significativas no processo e uma redução do custo absoluto de bens e serviços.
Em resumo apresento cinco das principais vantagens do e-procurement:
ƒ Produtividade - Com o e-procurement, não é necessário perder tempo a
comunicar os pedidos por telefone ou Fax e de seguida manualmente. Os
pedidos podem ser colocados on-line em segundos.
ƒ Controlo - Uma vez que toda a informação acerca das compras on-line é
centralizada, o e-procurement permite um melhor controlo. Em particular
evita-se duplicação dos pedidos, erros de preço, excesso de inventário e
faltas de inventário resultantes de omissões.
ƒ Poder de compra - O e-procurement permite facilmente manter os dados
entre as relações com cada fornecedor. Com essa informação pode-se
negociar descontos sobre volume de forma mais eficiente.
ƒ Inventário actualizado - O processo e-procurement ajuda a fortalecer as
relações com os fornecedores, facilitando a gestão e procedimentos de
inventário actualizado.
ƒ Menos erros - Os métodos do e-procurement permitem o
acompanhamento das compras desde o momento em que é feito o pedido
até que este é satisfeito. Por processos manuais, os pedidos podem ser
extraviados. Estes erros nem sempre são detectados, o que significa que se
estava a pagar por bens que não se iriam usar.
Como desvantagens temos que a introdução do e-procurement pode encontrar
alguma resistência, uma vez que vai contra a cultura empresarial. Em muitas
organizações, é dado poder às unidades de negócio locais. Portanto, um processo de
procurement centralizado não será bem-vindo pelos gestores de negócio se sentirem
que lhes será retirado o poder. Só quando eles tomarem consciência que existirá um
retorno financeiro é que ficarão convencidos que o e-procurement pode funcionar.
Outra desvantagem, inclui a motivação dos utilizadores finais para a adopção de o
novo sistema e a formação dos fornecedores.
Esta revisão de literatura ajudou-me a ter um conhecimento geral sobre o tema,
visto que o meu trabalho futuro será uma pesquisa sobre as estratégias e o
funcionamento de e-procurement na Administração Pública Portuguesa.
452
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
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454
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 455
An innovative approach in supporting the
operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case
Paula Silva 1, Américo Azevedo 1,2, César Toscano1, João Cardoso1,2
[email protected], [email protected], [email protected], [email protected]
1
2
INESC Porto, Rua Dr. Roberto Frias nº 378,4200-465, Porto, Portugal
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Rua Dr. Roberto Frias, 4200-465,
Porto, Portugal
Abstract: This paper presents an innovative approach in supporting the
operation of complex equipment. The concept was developed in the context
of the KoBaS project (Knowledge Based Customized Services for Traditional
Manufacturing Sectors Provided by a Network of High Tech SMEs) whose
main objectives are the development of new knowledge based tools for an
intelligent use and management of more sophisticated manufacturing
machines; and the creation of an innovative extended network of high-tech
SMEs for use, customize, support and make business out of the new
development tools. As a concrete example the paper presents a KoBaS
solution based on the machine Maintenance. This solution allows one to
know the machine condition, to detect and diagnose machine failures, to
manage ordinary and extraordinary maintenance plans and maintenance work
orders and to provide training support for maintenance interventions.
Keywords: manufacturing machines, manufacturing knowledge, maintenance,
predictive maintenance.
Introduction
The companies that build, sell and install equipment are increasingly facing the
need to develop technologically advanced and consequently more complex
equipment, in order to satisfy the demands of high customization of the products
processed by them, with low costs, low manufacturing time and high quality levels.
The KoBaS Project (Knowledge Based Customized Services for Traditional
Manufacturing Sectors Provided by a Network of High Tech SMEs) is an European
project under the Sixth Framework Programme that tends towards a substantial
improvement in equipment and industrial machinery, through the development of a
455
An innovative approach in supporting the operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case
set of software components, integrated in their own equipment and functionally
directed at the creation of equipment operation programmes (numerical control
programmes), analysis and simulation of operation and movement, sequencing of
generation operations, configuration of parameters of functioning, maintenance,
formation and support to the operation. The project aims also the development of a
network business model, made of technology-based SMEs. The main objective is to
foster the development and customization of specific solutions required by the
equipment manufacturers according to the requisites demanded by the market they
wish to satisfy.
One of the developing components under the KoBaS project is destined to
support, in an innovative way, the maintenance activities inherent to the equipment
itself. The integration of several black-boxes fully integrated and resulting from the
customization of the respective components in the equipment itself, makes it
possible to reduce substantially the preparation and operation time and to
simultaneously reduce the associated costs.
The manufacturers of equipment goods with the developing technology under
KoBaS project, can, therefore, offer more complex products regarding their
functionalities, but at the same time easier to operate, which noticeably increases
the added value to the client.
The aim of this paper is to address the design of an advanced software solution
for maintenance management in the scope of a large on-going European Project
(KoBaS Consortium, 2006).
The reminder of this paper is organized as follows. After this introduction,
next section presents the project in which the system here described is being
developed. The third section presents in particular one of the components in
development: the maintenance component. The fourth section addresses the
technology and development framework selected for the implementation phase. The
fifth and last section concludes the paper.
Overview of KoBaS Project Approach
The concepts and component architecture presented in this paper have been
conceived within the European Project KoBaS (Knowledge Based Customized
Services for Traditional Manufacturing Sectors Provided by a Network of High
Tech SMEs) (KoBaS Consortium, 2006).
The project consortium involves 21 partners from 10 countries, in which 6
partners are European Institutions of R&D: RPK (Germany), INESC Porto
(Portugal), ITIA-CNR (Italy), EPFL and ETH Zurich (Switzerland), and Tekniker
(Spain).
The project will make use of techniques such as Virtual Reality, 3D & Discrete
Events Simulation, Knowledge Based System and Finite Element Analysis,
evolved, combined and optimized in their interaction thanks to a new brand of
innovative technologies that are developed in the KoBaS project.
456
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
The project vision
The project vision (see Figure 1) is to provide a breakthrough in the current
practices in the use of manufacturing machines, through the development of a set of
generic tools of new conception. This will enable the quick customization of
software solutions providing thus new advanced and powerful functionality,
machine embedded, and supporting task and process planning, machine
maintenance, training, and management. Thanks to this innovative platform, it will
be possible for machine-tools and other production equipment to become
intelligent, capable to communicate their environment and characteristics, to
understand and work with digital models of the parts to produce and to enable an
efficient dialog with their operators (KoBaS Consortium, 2004).
Figure 1 – The KoBaS vision (KoBaS Consortium, 2004).
These generic tools will be published in a network of High-Tech SMEs (HTSME). The manufacturing machine builder, confronted with the difficulty of the
task and process planning of his equipment and willing to provide a new brand of
powerful services to his customer, asks to the Network of High Tech SMEs for a
customized software solution for his machine. The KoBaS Network thus provides,
thanks to the new instruments and approaches developed within the project, a
customized solution that will be embedded in the machine by the Machine Builder
allowing him to sell an “intelligent machine” to the end user (KoBaS Consortium,
2004).
The framework of the project is depicted in Figure 2. In this context, a
Component (development tool) is a collection of methodologies, software tools and
457
An innovative approach in supporting the operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case
libraries that will be used by the Network of HT-SMEs to generate a KoBaS
Customized Solution. A Kobas Customized Solution is an integrated set of BlackBoxes (software components).
Figure 2 – The KoBaS framework.
The KoBaS components
The basic components reflect the main aspects covered by the KoBaS
approach in the use of a manufacturing machine, namely (KoBaS Consortium,
2004):
1. Graphical User Interface Construction Component: with this component the
Network will be able to build and promptly configure a customized Man-Machine
interface, based on low cost Virtual Reality, in order to make easily and naturally
accessible all the functionalities and services to the end-user. The Interface will be
capable of learning and adapting to the user environment and characteristic.
2. Rule-Based Knowledge Core Construction Component: this component is
meant to provide the Network with the possibility to customize, for every
458
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
manufacturing sector/machine confronted, a Rule-based Knowledge Base (process
and geometry related), in order to support the machine task programming,
configuration, maintenance and training through a knowledge based system.
3. Experience Data Base Construction Component: this component is used by
the High Tech SMEs to build a Knowledge DB of past experience related with the
Process handled. Once the cases are acquired and formalized, this module provides
the methods for knowledge access and reuse. This module operates in strict
connection with the Rule-Based Knowledge Core Construction Component.
4. Part Program Creator Component: with this module, the High Tech SMEs
Network will be able to quickly provide a customized solution for the offline
programming of the machine. For the part program creation, this module relies on
the information provided by the knowledge base.
5. 3D Simulation Construction Component: This component is used to create a
customized simulation environment. It is meant to move the machine into the
virtual environment as it would do in the real world, providing the framework to
display the machine tasks or the training and maintenance procedures.
6. Finite Element Analysis (FEM) Component: with this Component, the
Network builds a customized FEM analysis. It provides pre and post processing
analysis for the process performed by the manufacturing machine under
consideration, giving a feedback on the performance of the Production Process.
7. Maintenance and Diagnosis Component: with this component, the Network
will be able to build a customized maintenance service for the specific machine.
The solution provided is meant to prevent failures, to suggest intelligent
maintenance, to demonstrate maintenance procedures. This module should grow
wiser (as the rule related modules) as it’s used.
8. Training module Construction Component: the Network will use this
component to develop a training module for the machine studied, intended to
provide training support for the end-user of the machine. The component will also
use the other components capabilities (such as simulation) to provide a training
virtual environment for the machine end-user
9. Machine Configuration and Mechatronics Construction Component: this
component will allow the SMEs Network to develop solutions for the configuration
of the machine studied, according to final user needs.
10. Build-in Management Functions Construction Component: this component
is meant to provide the network with the ability to develop customized solutions for
the management function of the machine. (cost planning, scheduling and
optimization)
11. Integration Component: this component is used to build the framework for
the solutions proposed, ensuring that all the other modules can communicate,
establishing standards for the methods and classes for every customized solution
realized. Within this Component also the data structure and data model for the
specific solution will be defined.
Every component is intended to provide the proper instruments and
methodology in order to enable an easy customization of machinery according the
459
An innovative approach in supporting the operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case
specific requirements to fulfill in the scope of KoBaS. As an example, the
component related to maintenance functionalities, should allow the customization
of a specific maintenance solution based on machine monitorization (by sensors),
relevant signal analysis, automatic failure detection and diagnosis, alarms and
ordinary and extraordinary maintenance plan.
The next section describes in particular the Maintenance Customization
Solution.
The KoBaS Maintenance Solution
High maintenance costs and production losses due to machine breakdowns are
pressing problems for today’s manufacturers. In order to increase the reliability and
availability of machines it is urgent to shift from scheduled maintenance to the new
technology of constantly observing machine condition and predicting its working
condition in advance. This is one of the main objectives of the KoBaS Maintenance
Solution).
The great majority of the machines produced by European manufacturers do
not have built-in monitoring, diagnosis, simulation and analysis abilities that would
help the user to identify the proper course of actions nor do they have an intelligent
machine capable of assuring its service.
Furthermore, new technologies in sensors recently under development will
bring an added dimension to the machine “intelligence” that will need to be dealt
with.
Also, the openness, the suitability to the manufacturing equipments and the
integration with other KoBaS components, will allow an easy adaptation to new
machines and will provide a more natural and intuitive interaction with the operator
namely, 3D simulation to machine tests and diagnosis, maintenance tasks supported
by training, and dynamic and adaptable behaviour through experiences learned from
past situations.
This openness will facilitate the management of shorter lifecycles for machine
producers and will make these advanced maintenance concepts reachable to smaller
machine producers.
Functionality
The following fundamental functions are envisaged for the Maintenance
Customized Solution:
• Automatic failures detection;
• Failures diagnostic;
• Predictive maintenance based on condition monitoring;
• Failure alarms and failure tendency warnings;
• Simulation of the machine behaviours;
460
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
• Intelligent Preventive maintenance planning based on condition
monitoring;
• Maintenance Work Orders management;
• Heterogeneous data acquisition concerning maintenance interventions,
maintenance operator’s work, spare parts replacement and equipment
condition monitoring;
• Indicators extraction (performance, costs, management and others);
• On-line information supporting work, training and security.
Creation of a Maintenance Customized Solution
As depicted on Figure 3, the Maintenance Construction Component is used by
the HT-SMEs to create the Maintenance Black-Box (BB). The main propose of this
BB is to implement a customized maintenance management solution supporting the
machine‘s maintenance operations (see above sub-section).
KoBaS Customization
KoBaS Customized Solution
GUI BB
XML Config. Data
Maintenance
Black-Box
Training BB
Maintenance
Construction
Component
...
Sensors Data
MySQL
Figure 3: Creation of a Maintenance Customized Solution.
The Maintenance Black-Box is created through a set of XML configuration
files and it is integrated with other KoBaS BB as a solution. This solution will be
embedded in the machine.
The customization phase of the Maintenance BB involves the specification of
the following information (XML configuration files):
• Characterization of the machine, its modules, components and hierarchy.
• Characterization of the machine/components failures. This includes the
identification and characterization of the failure, the specification of
461
An innovative approach in supporting the operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
breakdown parameters, the identification of maintenance tools to repair the
failure, of spare parts and components to replace and the specification of
the maintenance training procedures to help the maintenance intervention.
Characterization of the preventive maintenance works, including the
identification of the maintenance tools to do the work, the spare parts and
components to replace and the maintenance training procedures to help the
maintenance preventive intervention.
Characterization of the spare parts and tools.
Characterization of the training modules (group of maintenance
intervention procedures).
Characterization of machine parameters. For each parameter, the tolerance
values and the nominal value are defined as parameters specification and
the acceptability limits as monitoring specification. The monitorization
sample interval is also defined.
Characterization of sensors. Each monitorization parameter has an
associated sensor that will support the extraction of the values of the
parameter during the machine operation. Depending on the type of sensor,
this can provide more than one parameter.
Definition of the short and long term sample interval and the prediction
interval for each monitorization parameter.
Characterization of machine processes and relation with the monitorization
parameters.
Characterization of the products to be processed in the machine and
relation with the monitorization parameters.
Characterization of the environment where the machine works and relation
with the monitorization parameters.
Planning of Systematic Maintenance Work Orders.
Characterization of alarms and warnings. These events are configured with
a priority (defined according to the type of maintenance and the criticality
of the failure), a type of visualization (sound or visual signal), a time-out
(duration of the alarm), a repetition time period and a frequency (number
of repetitions).
Identification of components that should be replaced in a maintenance
intervention (MWO).
The Maintenance BB
Figure 4 presents the architecture overview of the Maintenance BB. This
architecture comprises several modules reflecting the set of functionalities
considered in the component.
462
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figure 4: Architecture overview of Maintenance Component.
Interaction with the machine controllers
The Maintenance BB must have a tight interaction with sensors and
transducers embedded on the machine in order to receive real-time data and thus
provide functionalities related to detection and prediction of machine failures. The
approach followed was to design a solution that will act as a client accessing the
equipment main controller through a standard interface. The use of a standard
interface enables the interoperability between automation/control applications, field
systems/devices and business/office applications. It provides a standard method for
exchanging information between the machine controllers and the KoBaS
Maintenance BB across a wide range of platforms and involving different
technologies. One of the main requirements is the assurance that software is written
independently of the type of controller considered.
In this context, the OPC XML-DA standard specification was selected. This
non-proprietary technical specification defines a set of standard interfaces originally
based upon Microsoft’s OLE/COM/DCOM technology specification (OPC
Foundation Website).
Concerning the physical infrastructure, the approach should support two
different scenarios:
463
An innovative approach in supporting the operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case
• OPC Client(s) and Server(s) in the same node – in this situation OPC
clients and servers run as concurrent processes in the same computer
(node);
• OPC Client and Server in different nodes - in this situation OPC clients
and servers run in different computer platforms. The same equipment
(machine) can involve more than one OPC server running in the same
node or in different nodes (physically located in the machine). Moreover,
it is possible to have a direct connection between OPC Server and devices
as well as an indirect connection through one or several fieldbus (devices
and controllers networks).
The Predictive Maintenance module
The Predictive Maintenance Module, which is condition monitoring based,
will support monitoring, trigger conditions, and short and long term forecasting for
slowly changing sensors.
To perform the monitorization the OPC client will make data requests to the
Industrial Machine for a specific sensor at specified time intervals. The read value
is then appended to a history buffer and applied to the Trigger Condition and
Forecast sub-modules.
In the Trigger Condition sub-module the read value is compared with
predefined threshold that (if exceeded) can trigger warnings or failures. In this submodule the values from multiple sensors are also conjunctly evaluated using a
Knowledge Base Rules Engine, looking for conditions that can indicate a possible
machine or sensor failure, or help diagnose an existing problem. The recent history
of the sensor values can also be graphically displayed against the target and
threshold limits.
The recent history (minutes) of the sensor values form the basis of a non-linear
adaptive ANN-based prediction sub-module, whose function is to predict the sensor
value in the very near future and compare the predicted values with predefined
thresholds. This module makes it possible to avoid failures originated from punctual
and otherwise unexpected situation, such as a suddenly clogged coolant or pressure
line.
A similar technique will monitor the long-term trends of a machine component
or sub-system monitored by a given sensor. Past sensor values in the range of
weeks to months will reveal any long-term trend and, through interaction with the
Maintenance scheduler, anticipate or delay a planned Maintenance operation,
eliminating unnecessary downtimes and unnecessary parts replacement. Seasonal
trends must be detected if possible and not deploy Maintenance operations.
The earlier warnings will be integrated into the Trigger Condition sub-module
where, together with other sensor values, it will help to diagnose the problem in
advance.
464
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
The above described techniques are used for slowly changing data, such as
temperature, pressure, etc, but for rapidly changing data sensors, such as
accelerometers, instantaneous motor current, etc., further pre-processing steps are
needed. This kind of sensors is more effective in the frequency domain, forming the
basis of Vibration Analysis Techniques, and for this reason its values will be
acquired and process in accordance. Depending on the sensor and techniques to use,
the acquired signal will undergo a Fast Fourier or Wavelet Transforms and a
Feature Selection/Extraction step before being applied to the Trigger or Forecast
sub-module.
As with slowly changing sensors, rapidly changing sensors will be acquired at
specified time intervals, but a burst of hundreds of equally and rapidly sampled
values will be read instead. The relevant model of the OPC Data Access protocol
must thus be invoked for this kind of sensors.
The Warnings and Alarms modules
The Maintenance BB generates a warning when the monitorization detects one
or more parameter value over the warning limits previously configured. The
Predictive Maintenance (short or long-term forecast) also generates a warning when
it predicts that one or more parameters will come over the warnings limits
previously configured. If both monitorization and forecast detect a warning in the
same prediction interval only one warning is generated.
The Maintenance BB generates an alarm each time a machine failure occurs (a
Corrective MWO or a Predictive MWO is created) or near the planed date of the
Systematic Maintenance intervention.
Upon the occurrence of an alarm or warning the system waits by the operator
acknowledge. The event remains active during the configured time-out. The event
will be repeated a number of times according to the configured frequency if there is
no the operator acknowledge. When the operator acknowledges the event the
acknowledge date is recorded on the system. The system will provide different
views over the alarms and warnings data.
The Maintenance Orders Management module
The system allows the management of Corrective MWO, Systematic MWO
and Predictive MWO. The machine typical failures should be configured first by the
Machine Builder during the KoBaS customization phase and completed later by the
End User, according to his experience, during the machine runtime. The same
configuration procedure should be made for the maintenance jobs. The Corrective
MWO is created by the system when a failure occurs in the machine. The
Systematic MWO could be created by the Knowledge Engineer in the KoBaS
customization phase or by the End User during the machine operation. The
Predictive MWO is created by the system when it predicts the failure occurrence.
465
An innovative approach in supporting the operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case
When the MWO is created it includes all the information that will be necessary
to repair the machine, namely the failure identification or the work to be done if it is
a Systematic MWO, the failure diagnostic (except in the Systematic MWO), the
maintenance tools that should be used, the spare parts and the components that
should be replaced, etc. After the maintenance intervention (according to the End
User records and updates) it also includes all the information related with the
intervention, namely the maintenance time, the repair time and the components
replaced.
The Maintenance Plan module
The Systematic MWO are planned (ordinary maintenance plan) according to
the knowledge of the Machine Builder, in the KoBaS customization phase, and in
the runtime, according to the experience of the End User. These MWO are periodic
and generated automatically by the system according to the maintenance period.
The Predictive MWO are planned (extraordinary maintenance plan) by the system
according to the failure estimation. The ordinary and the extraordinary maintenance
plan are validated by the machine scheduler.
The History and Logs module
The system will allow the extraction of historic information and maintenance
indicators, namely MWO made, machine maintenance time, machine maintenance
repair, number of failures and others.
Interaction with other KoBaS Black-Boxes
The Maintenance BB interacts with other Black-Boxes using its services
(represented by interfaces) in order to obtain essential data necessary to process
information to be presented by the graphical user interface (Figure 5).
466
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
Figure 5: Interactions with KoBaS Black-Boxes.
The GUI BB allows the creation of the graphical user interface.
During the maintenance intervention the End User could ask the system about
the best procedures to make the intervention. The Training BB is the front end for
the end user offering all functionalities to search for maintenance requested training
and managing the execution.
Before or during the maintenance intervention the End User could access to
the Simulation function to test and to underline situations related with the failure,
like "put this object in this position", "change the colour of this body" and others.
The Simulation BB offers a virtual environment representing the manufacturing
machine helping the end user on the failure diagnosis.
The Rule Based BB provides rule based knowledge for the other black-boxes
namely the Maintenance BB, in order to allow the detection and diagnosis of
machine abnormalities and failures.
The Maintenance BB extracts cases related with the maintenance history in
order to help in the failure diagnoses. The Experience Data Base BB is an easy-touse tool for the creation of a customized case base reasoning expert system.
The Built-in management BB generates production schedules. The
Maintenance BB interacts with it to inform and to validate the dates of planned
maintenance.
Development and Implementation
By definition, a KoBaS maintenance solution is an integrated set of blackboxes (software components) targeted to implement maintenance related
functionality. Two approaches have been considered to deploy such a KoBaS
solution in an equipment machinery: installation of the software in the computer
467
An innovative approach in supporting the operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case
embedded in the equipment machinery itself (and responsible for controlling the
machine); installation of the software in a separate computer with a communication
channel with the machine’s control computer (see the OPC based mechanism
described in a previous section).
Despite the approach taken by the Machine Builder, the software must run in
several computational platforms, being the Linux and Windows operating system
the minimum requirement. In this context, the Java programming language and the
Java 2 Standard Edition constituted the basic ingredients to build a KoBaS solution.
A KoBaS solution is then an integrated set of Black Boxes doing their work within
a Java virtual machine.
On the other hand, Open Source software constituted another major choice.
The development of a KoBaS solution should make use of Open Source software
whenever possible. In this context, several tools and frameworks were selected to
ease the software development. The MySQL database management system
(MySQL, 2005) is being used in the Maintenance solution in order to assure the
required data persistency functionality. Access to the data base is implemented by
the JDBC API and, on top of it, by the Hybernate framework (Hibernate, 2005).
This framework maps Java objects in the object-oriented world to data records in
the relational data base world facilitating thus the development of the Maintenance
persistency function.
The major development tool is the Eclipse IDE (Eclipse Website).
Conclusions
The KoBaS Project (Knowledge Based Customized Services for Traditional
Manufacturing Sectors Provided by a Network of High Tech SMEs) is an European
project under the Sixth Framework Programme that tends towards a substantial
improvement in equipment and industrial machinery.
The customization of specific solutions required by the equipment
manufacturers according to the requisites demanded by the market will be supplied
by a network business model, made of technology-based SMEs. Each KoBaS
customized solution is an integrated set of Black-Boxes generated from software
components by the Network of HT-SMEs.
The Maintenance Solution is one of the KoBaS solutions that allow an easy
adaptation to new machines and provides a more and intuitive interaction with the
operator. It was conceived to provide, machine monitorization, failures detection,
failures prediction, alarms, maintenance simulation, training, ordinary and
extraordinary maintenance plan and Work Orders management. To fulfil these
functions the solution includes the Maintenance BB, based on prediction
maintenance condition, and other KoBaS BB, on one hand, to help in the failures
468
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
diagnostic, and on the other hand, to supply to the end user maintenance training,
simulation, and maintenance plan.
The innovative concept presented on this paper allows a greater integration
between the machine performances and the related process parameters and
promotes the evolution of SMEs operating in traditional industrial sectors,
reinforcing and integrating competitiveness, innovation and sustainability.
References
•
•
•
•
•
•
Eclipse Website, http://www.eclipse.org
Hibernate. Hibernate Open Source Project, http://www.hibernate.org/,
accessed 10.1.2006.
KoBaS Consortium (2004). KoBaS Description of Work. Technical
Report. KoBaS European project 505339-1.
KoBaS
Consortium
(2006).
KoBaS
Web
site,
http://www.kobasproject.com, accessed 10.1.2006.
MySQL. MySQL Project, http://java.sun.com/jdbc, accessed 10.1.2006.
The OPC Foundation Website, www.opcfoundation.org
469
An innovative approach in supporting the operation of complex equipment
machinery: the KoBaS Project case
470
CISTI 2006
ISBN: 978-989-20-0271-2
Volume I, pág. 471
Eficiência na Construção de Equipas
Colaborativas Online
Maria João Cotter1, Hélder Fanha Martins2
[email protected], [email protected]
Instituto Politécnico de Lisboa, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de
Lisboa (ISCAL), Av. Miguel Bombarda nº 20, 1069-035, Lisboa, Portugal
2
Instituto Politécnico de Lisboa, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de
Lisboa (ISCAL), Av. Miguel Bombarda nº 20, 1069-035, Lisboa, Portugal
1
Resumo: Pretendemos com este artigo contribuir para uma melhor
compreensão dos factores que podem tornar as Equipas Colaborativas Online
(ECO) mais eficientes. Para tal identificámos as melhores práticas para
membros das equipas, as melhores práticas para líderes de ECO e as
melhores práticas para as organizações às quais as equipas pertencem. As
melhores práticas nestas categorias foram identificadas a partir de: (1) a
literatura existente relativamente às equipas online; e (2) a literatura existente
relativa ao trabalho colaborativo. O artigo conclui com as implicações para as
organizações e possíveis caminhos de investigação.
Palavras-chave: equipas online; colaboração online; trabalho colaborativo; práticas
organizacionais; comunicação online.
Abstract: This paper aims at contributing to improve the understanding of
what can make Online Collaborative Teams (OCT) effective. This is done by
identifying what can be considered best practices for individual team
members, best practices for leaders of OCT, and best practices for the
organizations that the teams are a part of. Best practices in these categories
were identified from: (1) the existing literature related to online teams; and,
(2) collaborative work literature. The paper concludes with implications for
organizations and potential research directions.
Key-words: online teams, online collaboration, collaborative work, management and
organizational practices, online communication.
471
Eficiência na Construção de Equipas Colaborativas Online
1. Introdução
Nos últimos anos, as equipas têm vindo a ser encaradas cada vez mais como
peças fundamentais nas organizações (Furst, Blackburn, & Rosen, 1999), tal como
também tem vindo a crescer a frequência das equipas distribuídas geograficamente,
às quais chamamos Equipas Colaborativas Online (ECO). Muitas organizações
começaram a ver nas ECO uma forma de aumentarem a produtividade dos seus
colaboradores e alcançarem uma grande diversidade em termos de capacidades e
recursos. As ECO são grupos de indivíduos que desempenham tarefas
interdependentes, partilham a responsabilidade pelos resultados das suas actividades
e trabalham em conjunto a partir de locais geograficamente dispersos. As
tecnologias da informação servem de suporte às suas actividades, reduzindo as
despesas de deslocação e acelerando a comunicação entre os membros da equipa e a
coordenação. Infelizmente, estas equipas distribuídas geograficamente nem sempre
são produtivas. Os membros da equipa podem, por exemplo, sentir dificuldades ao
nível da coordenação do seu trabalho com o dos seus colegas à distância, ou podem
não se sentir à vontade com a tecnologia.
Embora o trabalho em equipas distribuídas geograficamente se esteja a tornar
cada vez mais comum nas organizações, a forma de fazê-lo eficazmente ainda não
está bem estudada. O objectivo deste artigo é aprofundar o conhecimento
relativamente aos factores que tornam as ECO eficientes. Para tal, iremos identificar
três conjuntos de melhores práticas centradas nos intervenientes fundamentais: os
indivíduos que compõem as ECO, os líderes das ECO e as organizações às quais as
equipas pertencem.
2. Algumas notas relativamente às fontes
Existem diversos manuais que versam a temática do trabalho em equipas
virtuais e a colaboração online, por exemplo, Duarte & Snyder (2001), Fisher &
Fisher (2001), Grenier & Metes (1995), Haywood (1998), Lipnack & Stamps
(1997), O'Hara-Devereaux & Johansen (1994). Investigámos também a literatura
académica em busca de artigos que lidassem com as melhores práticas para as ECO.
Há mais de meio século que se estuda a dinâmica dos grupos dentro das
organizações, pelo que existem hoje milhares de estudos e uma vasta bibliografia
sobre o assunto (Guzzo & Shea, 1992). Felizmente, existem também várias revisões
da literatura neste campo (por exemplo, Bettenhausen, 1991; Cohen, 1994; Cohen
& Bailey, 1997; Goodman, Ravlin, & Schminke, 1987; Guzzo & Shea, 1992;
Holland, Gaston, & Gomes, 2000), revisões essas que serviram de base à nossa
concepção das melhores práticas relativamente às equipas tradicionais.
472
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
3. Práticas das Organizações
Nesta secção, apresentamos uma descrição das práticas que devem ser
seguidas pelas organizações para criar, desenvolver e apoiar as ECO com sucesso.
Identificámos seis categorias principais: assegurar a diversidade na selecção dos
membros, fornecer recursos e apoio, fomentar políticas de recursos humanos
adequadas, dar autonomia à equipa, instituir processos e procedimentos
padronizados e promover uma cultura organizacional que fomente a comunicação e
a partilha de informação.
3.1. Diversidade na Selecção dos Membros da Equipa
A diversidade é um elemento importante para o sucesso das ECO e uma das
suas maiores vantagens. Ao seleccionarem os membros das ECO, as organizações
devem fomentar a diversidade ao nível de formações, experiências, ideias,
pensamentos, competências, perspectivas e visões. As ECO podem também
envolver membros de diferentes áreas funcionais. Será vantajoso os membros das
ECO estarem próximos dos clientes ou das estruturas de poder. A diversidade
estimula o interesse e faz com que seja mais compensador e mais divertido trabalhar
numa equipa geograficamente dispersa, porque haverá oportunidade de contacto
com novas culturas e interacção com pessoas que não se encontram no mesmo local
de trabalho.
A importância da criação de equipas com o equilíbrio adequado de
capacidades e traços individuais tem sido extensivamente identificada na literatura
relacionada com as equipas tradicionais. Virtualmente, todos os modelos de eficácia
incluem a composição da equipa como uma variável importante (Bettenhausen,
1991; Cohen, 1994). O conhecimento e as capacidades colectivas de uma equipa
terão um grande impacto na capacidade que a equipa irá demonstrar para
desempenhar as suas tarefas.
3.2. Recursos e Apoio
As organizações têm de fornecer às ECO os recursos necessários para o seu
funcionamento, tais como recursos financeiros, tempo, instalações, hardware,
software, canais de comunicação, equipamento técnico e formação adequada.
Dada a necessidade de comunicar electronicamente, é essencial que os
membros das ECO disponham de recursos e apoio técnico para trabalharem
virtualmente. Devem ser implementadas políticas que forneçam à equipa o apoio
técnico necessário e todos os membros devem ter acesso à comunicação electrónica
e à tecnologia colaborativa (Duarte & Snyder, 2001). Fisher e Fisher (2001)
também defendem que os membros das ECO necessitam de bons sistemas de
informação e de comunicação para interagirem com eficiência entre si e com o líder
da equipa.
473
Eficiência na Construção de Equipas Colaborativas Online
A literatura existente sobre o trabalho virtual reforça a importância de um bom
apoio ao nível da tecnologia da informação (TI). As organizações devem fornecer o
equipamento de TI adequado e o suporte e a formação necessários para a sua
utilização (Pinsonneault & Boisvert, 2001). Além dos sistemas que facilitam a
colaboração, a comunicação e a partilha de informação, devem existir também as
condições adequadas para facilitar o seu uso. É importante que os membros da
equipa tenham acesso a formação online e suporte técnico contínuo para que
possam desenvolver a capacidade de usar os sistemas eficazmente (Duarte &
Snyder, 2001; O'Hara-Devereaux & Johansen, 1994). A formação e a aprendizagem
contínuas podem ser conseguidas através de lições partilhadas, bases de dados,
repositórios de conhecimento e salas de conversação.
As organizações devem certificar-se de que os membros das ECO são capazes
de manter reuniões utilizando métodos técnicos e não técnicos (Duarte & Snyder,
2001). Além disso, O'Hara-Devereaux e Johansen (1994) acreditam que a formação
em TI é muito mais do que simplesmente ensinar os utilizadores a utilizar as
aplicações; significa apoiar os utilizadores continuamente à medida que as
aplicações evoluem, se tornam mais complexas, são integradas com outras
aplicações, e os problemas que envolvem plataformas diferentes são resolvidos. Os
utilizadores, por seu turno, devem compreender e aceitar os novos processos de
trabalho.
No entanto, a formação em TI por si só não é suficiente. As organizações
também têm de dar formação adequada em termos do trabalho de equipa e fomentar
actividades de constituição de equipas. A formação e a constituição de equipas são
importantes porque asseguram que os membros desenvolvam o conhecimento
necessário para contribuir para o desempenho organizacional (Cohen, 1994).
As organizações influenciam ainda os recursos disponibilizados às ECO
controlando o número de pessoas que fazem parte da equipa. É importante ter um
número de membros equilibrado de modo a que a equipa disponha dos recursos
necessários para o desempenho das suas tarefas. Em situações nas quais o líder da
equipa selecciona os membros, as organizações devem disponibilizar-lhe os
recursos necessários para que possa seleccionar os melhores elementos possíveis
para a equipa, garantindo os níveis adequados de diversidade de habilidades e
acesso aos recursos.
3.3. Políticas de Recursos Humanos
O impacto do contexto organizacional na eficácia da equipa foi identificado na
investigação sobre equipas tradicionais (Cohen, 1994) e equipas online (Duarte &
Snyder, 2001). As políticas que instituem sistemas de recompensas para as
actividades da equipa podem afectar positivamente a coesão, a motivação e a
eficácia das equipas tradicionais (Cohen, 1994). Relativamente às equipas
tradicionais, vários estudos encontraram relações positivas entre as recompensas
atribuídas aos membros das equipas e a eficiência geral dessas equipas. Cohen,
Ledford e Spreitzer (1996) descobriram que o reconhecimento por parte das chefias
474
Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico
estava positivamente associado a elevados níveis de desempenho da equipa, à
confiança nas chefias, ao empenho na organização e à satisfação de grupos autodirigidos e geridos de forma tradicional numa empresa de telecomunicações. Lawler
(1986, 1992) sugeriu que a organização deveria fornecer aos funcionários
recompensas relacionadas com os resultados do seu desempenho, com o
desenvolvimento de competências e com a sua contribuição, de modo a motivá-los
para alcançarem os seus objectivos.
Além das recompensas propriamente ditas, o próprio sistema de recompensas
tem também um efeito no desempenho da equipa. Num estudo de Wageman (1995),
descobriu-se que os grupos tradicionais de técnicos de manutenção com melhor
desempenho eram aqueles nos quais a estrutura das tarefas estava reflectida no
sistema de recompensas. As recompensas atribuídas aos grupos destinavam-se a
motivar as tarefas interdependentes, enquanto as recompensas individuais
motivavam as tarefas individuais e independentes.
A literatura sobre equipas online também sugere que as práticas
organizacionais e as políticas moldam a eficácia das ECO. Ao nível organizacional,
políticas de recursos humanos bem estruturadas e que garantem apoio aos membros
da equipa são uma chave para o sucesso das ECO. Segundo Duarte e Snyder
(2001), as políticas de recursos humanos devem ser planeadas e integradas de forma
a que os membros de equipas online sejam reconhecidos, apoiados e
recompensados pelo seu trabalho. Como tal, é importante implementar um sistema
eficiente de recompensas que tenha em conta o desempenho para recompensar os
resultados. Grenier e Metes (1995) e Lurey e Raisinghani (2001) também sugerem
que é importante para a organização recompensar elevados níveis de desempenho
das equipas.
3.4.
Autonomia
Além de fornecerem os recursos adequados, as organizações devem também
dar autonomia ao líder e aos membros da equipa para intervirem no processo de
tomada de decisão.
Segundo Cohen e Bailey (1997), a organização tem de dar aos membros da
equipa autonomia no seu trabalho, já que tal trará benefícios claros ao nível da
atitude, do comportamento e do desempenho dos funcionários (quer medidos
objectivamente, quer avaliados subjectivamente pelos membros da equipa). As
organizações devem dar aos membros da equipa o poder de tomarem decisões
acerca do trabalho e do desempenho do projecto (Cohen, 1994). A organização tem
de partilhar informação com os membros da equipa acerca dos processos, da
qualidade, dos resultados do projecto, do desempenho da concorrência, e das
alterações na organização. Se os membros da equipa recebem recompensas
baseadas no desempenho da equipa mas não têm a autonomia necessária para
influenciá-lo, então o dinheiro terá sido desperdiçado. As equipas terão recebido
uma recompensa que não têm o poder, a informação ou o conhecimento necessários
para tentar atingir.
475
Eficiência na Construção de Equipas Colaborativas Online
3.5.
Processos e Procedimentos Padronizados
As organizações podem contribuir para aumentar a eficiência das ECO
implementando processos padronizados e planeando os procedimentos. Na
literatura relativa às ECO encontramos provas para corroborar esta ideia.
A utilização de processos padronizados pode reduzir o tempo necessário para o
arranque do trabalho da equipa e pode eliminar a necessidade de reinvenção
desnecessária de
Download

Actas da 1ª Conferência Ibérica de Sistemas e Tecnologias de