Actas da 1ª Conferência Ibérica de Sistemas e Tecnologias de Informação Ofir, Portugal, 21 a 23 de Junho de 2006 ISBN 978-989-20-0271-2 Editores: Maria Manuela Cunha, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave Tel. 351 253 802 205, Fax 351 253 802 269, Email [email protected] Álvaro Rocha Universidade Fernando Pessoa Tel 351 225074630, Fax 225074637, Email [email protected] Capa/Composição: Cláudio Ferreira João Carlos Silva Paulo Teixeira Ricardo João Simões Comissão Coordenadora: Álvaro Rocha, Universidade Fernando Pessoa, Portugal Carlos Ferrás Sexto, Universidad de Santiago de Compostela, España Manuel Pérez Cota, Universidad de Vigo, España Maria Manuela Cunha, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, Portugal Comissão Organizadora: António José Tavares Bruno da Conceição Cortes Eva Oliveira João Carlos Silva Joaquim Pereira Silva Luís Ferreira Maria Manuela Cunha Patrícia Isabel Leite Patrícia Sofia Gonçalves Paulo Adriano Teixeira Ricardo João Simões Escola Superior de Tecnologia Instituto Politécnico do Cávado e do Ave Barcelos – Portugal i Volume 1 Modelos organizacionais Informática para a saúde iii Comissão Científica Portuguesa Álvaro Rocha, Universidade Fernando Pessoa Adriano Moreira, Universidade do Minho Alberto Sampaio, ISEP, Instituto Politécnico do Porto Alcínia Sampaio,IST, Universidade Técnica de LIsboa Altamiro da Costa Pereira, Fac. de Medicina da Univ. Porto, Pres. Ass. Port. Informática Médica Américo Afonso, Fac. de Medicina Dentária da Un. do Porto Américo Azevedo, FEUP, Universidade do Porto Anabela Mesquita, ISCAP, Instituto Politécnico do Porto André Ribeiro, Universidade de Calgary (Canada) António Godinho, Inst. Sup. de Línguas e Administração (Gaia) António Lucas Soares, Fac. de Engenharia da UP e INESC Porto António Serrano, Universidade de Évora, Presidente do CA do Hospital de Évora Armando Jorge Sousa, FEUP, Universidade do Porto Ascensão Braga, Instituto Politécnico da Guarda Carlos Costa, Universidade de Aveiro Carlos Ferreira, Universidade de Aveiro Cláudia Viana, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave David Lamas, Universidade Jean Piaget de Cabo Verde Eurico Carrapatoso, Fac. de Engenharia da UP e INESC Porto Feliz Ribeiro Gouveia, Universidade Fernando Pessoa Fernando Bandeira, Universidade Fernando Pessoa Fernando Moreira, Universidade Portucalense Filipe Pinto, Instituto Politécnico de Leiria Filipe Sousa, INESC Porto Filomena Lopes, Universidade Portucalense Flávio Ferreira, ESEIG, Instituto Politécnico do Porto Guilhermina Miranda, FPCE, Universidade de Lisboa Goran Putnik, Universidade do Minho Henrique Santos, Universidade do Minho Isabel Braga Sampaio, ISEP, Instituto Politécnico do Porto Isabel Ramos, Universidade do Minho Isaías Barreto da Rosa, Universidade Jean Piaget de Cabo Verde Isaura Ribeiro, Universidade dos Açores Ivo Antão, Administrador da Espírito Santo Saúde Ivo Dias de Sousa, Universidade Aberta João Álvaro Carvalho, Universidade do Minho, Presidente da APSI João Barroso, Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro João Manuel Brisson Lopes, IST, Universidade Técnica de Lisboa João Pedro Couto, Universidade dos Açores João Sarmento, Universidade do Minho iv Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico João Manuel R. S. Tavares, FEUP, Universidade do Porto João Varajão, Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro Joaquim Madeira, Universidade de Aveiro Joaquim Reis, Inst. Sup. Ciências do Trabalho e da Empresa Joaquim Sousa Pinto, Universidade de Aveiro Jorge Batista, Administrador da Primavera Software Jorge Mamede, Instituto Politécnico do Porto e INESC Porto José Adriano Pires, ESTIG, Instituto Politécnico de Bragança José Braga de Vasconcelos, Universidade Fernando Pessoa José Carlos Nascimento, Universidade do Minho José Manuel Oliveira, Fac. de Economia da UP e INESC Porto José Rascão, Instituto Politécnico de Setúbal José Ribeiro, Universidade Aberta José Torres, Universidade Fernando Pessoa Leonel Santos, Universidade do Minho Leonilde Reis, Instituto Politécnico de Setúbal Lídia Oliveira Silva, Universidade de Aveiro Luciana Ferreira, Universidade de Aveiro Luís Amaral, Universidade do Minho Luís Bernardo, FCT, Universidade Nova de Lisboa Luís Borges Gouveia, Universidade Fernando Pessoa Luís Carlos Bruno, Instituto Politécnico de Beja Luís Paulo Reis, FEUP, Universidade do Porto Luís Velez Lapão, Coordenador de Sistemas de Saúde, INA - Instituto Nacional de Administração Luís Vieira, ISEG, Universidade Técnica de Lisboa Manuel Filipe Santos, Universidade do Minho Manuel João Pereira, Universidade Católica, Vice-Presidente do INA Manuela Natário, Instituto Politécnico da Guarda Maria João Castro, ISCAP, Instituto Politécnico do Porto Maria João Ferreira, Universidade Portucalense Maria José Fernandes, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave Maria Manuela Cunha, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave Maria do Rosário Oliveira Martins, ISEGI, Universidade Nova de Lisboa Maribel Santos, Universidade do Minho Mário Caldeira, ISEG, Universidade Técnica de Lisboa Mário David, LIP Lisboa Mário Freire, Universidade da Beira Interior Mário Rui Gomes, IST, Universidade Técnica de Lisboa Miguel Mira da Silva, IST, Universidade Técnica de Lisboa Nuno Lau, Universidade de Aveiro Nuno Magalhães Ribeiro, Universidade Fernando Pessoa Paula Morais, Universidade Portucalense v Paulo Costa, FEUP, Universidade do Porto Paulo Gomes, Universidade de Coimbra Paulo Gomes, Instituto Politécnico de Portalegre Paulo Martins, Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro Paulo Pinto, FCT, Universidade Nova de Lisboa Paulo Rupino, Universidade de Coimbra Paulo dos Santos Silva, Universidade Jean Piaget de Cabo Verde Pedro Antunes, FC, Universidade de Lisboa Pedro Anunciação, Instituto Politécnico de Setúbal Pedro Araújo, Universidade da Beira Interior Pedro Nunes, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave Pedro Rangel Henriques, Universidade do Minho Pedro Sobral, Universidade Fernando Pessoa Ramiro Gonçalves, Universidade de Trás-os-Montes e Alto-Douro Ricardo Machado, Universidade do Minho Ricardo Morla, INESC Porto Ricardo Simões, Instituto Politécnico do Cávado e do Ave Rui Dinis Sousa, Universidade do Minho Rui Gomes, Instituto Politécnico de Viana do Castelo Rui Moreira, Universidade Fernando Pessoa Sónia Sousa, Universidade Jean Piaget de Cabo Verde Thomas Panagopoulos, Universidade do Algarve Vítor Santos, Microsoft Portugal vi Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Comissão Científica Espanhola Carlos Ferrás Sexto, Universidad de Santiago de Compostela Antonio Guevara Plaza, Universidad de Málaga Antonio Moreno Jiménez, Universidad Autónoma de Madrid Antonio Rodriguez del Corral, Director de Desarrollo de la Operadora R Antonio Vaquero Sánchez, Universidad de Complutense de Madrid Arturo Mendez Penín, Universidad de Vigo Artur Serra i Hurtado, Universidad Politécnica de Cataluña Belén Prieto, Universidad de Oviedo Bernardo Bernal González, Centro de Innovación y Tecnologías Avanzadas Carlos Macía Arce, Universidad de Santiago de Compostela Carmen Fernández Morante, Universidad de Santiago de Compostela (Lugo) Eduardo Paz Lloveras, Comercio Electrónico Global, Presidente de la AEDED Emili Girault i Guarro, Generalitat de Cataluña-Innovad F. Xosé Armas Quintá, Universidad de Santiago de Compostela Fernando Garrido, Observatorio Cibersociedad Francisco Carreras Riudavets, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria Francisco Sanchís Marco, Universidad Politécnica de Madrid Horacio Capel Sáez, Universidad de Barcelona Isabel Ramos Ramón, Universidad de Sevilla Jacinto González Dacosta, Universidad de Vigo Javier Franco Tubío, Universidad de Santiago de Compostela, Secretario Ejecutivo CRUE-TIC, Miembro de la Junta de Gobierno ISOC-ES Javier García Tobío, Director CESGA, Centro de Supercomputación de Galicia Jesús González Pérez, Universidad de les Illes Baleares Joana María Seguí Pons, Universidad de les Illes Baleares Joaquín Pinto Escribano, Director CITA (Madrid), Centro de Innovación y Tecnologías Avanzadas Jörg Thomaschewski, Fachhoschule Oldenburg, Ostfriesland/Wilhemshaven José Ayude Vázquez, Universidad de Vigo José Baltazar García Pérez-Shofield, Universidad de Vigo José Bravo, Universidad de Castilla-La Mancha José Carlos Millán Calenti, Universidad da Coruña José L.Garcia Cuesta, Universidad de Valladolid José Luís Gurría Gascón, Universidad de Extremadura José Manuel Molina, Universidad Carlos III de Madrid José Maria Cavanillas, Atos Origin, Director - Atos Research & Innovation, Vice-Chairman - NESSI Steering Committee José María Feria Toribio, Universidad Pablo Olavide (Sevilla) José Martín Brocos Fernández, Universidad San Pablo-CEU, Madrid José Pérez Aguiar, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria Josefina Domínguez Mujica, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria Juan Manuel Cueva Lovelle, Universidad de Oviedo vii Juan Manuel López Zafra, Universidad Complutense de Madrid Leopoldo Seijas Candelas, Universidad San Pablo-CEU, Madrid Luciano Boquete Vázquez, Universidad de Alcalá Manuel J. Maña López, Universidad de Huelva Manuel Ortega Cantero, Universidad de Castilla-La Mancha, Presidente de ADIE Manuel Pérez Cota, Universidad de Vigo Manuel Rodríguez Victoriano, Universidad de Valencia Maria Lado José Touriño, Universidad de Vigo María Rosario González Rodríguez, Universidad de Sevilla Mercedes Ruiz Carreira, Universidad de Cádiz Montserrat Sebastià i Salat, Universidad de Barcelona Octavio Santana Suarez, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria Pedro Pérez Celis, Universidad Pontificia Comillas Pedro Requés Velasco, Universidad de Cantabria Rafael Crecente-Maseda, Universidad de Santiago de Compostela (Lugo) Sergio Gálvez Rojas, Universidad de Málaga Vicente Rodríguez Rodríguez, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, IEG (Madrid) Xosé López García, Universidad de Santiago de Compostela Yolanda García Vázquez, Universidad de Santiago de Compostela viii Prefácio Sentimo-nos particularmente honrados, na Microsoft Portugal, pela oportunidade de apoiar uma iniciativa como a 1ª Conferência Ibérica de Sistemas e Tecnologias de Informação (CISTI). Sendo a Microsoft uma empresa que, de há 30 anos a esta parte, tem vindo a trabalhar na concepção e na democratização da Inovação, traduzindo-a em tecnologia que impacte positivamente a vida dos utilizadores, quer em contextos pessoais quer profissionais, é por demais evidente que o tema desta 1ª Conferência nos diz muito. O interesse e a vitalidade que a Comunidade Académica Portuguesa demonstrou possuir com a organização desta 1ª CISTI constitui um sinal claro do potencial da contribuição que os nossos académicos podem oferecer para resolvermos com sucesso um dos maiores desafios que se colocam a Portugal: o desafio da Inovação! Ultimamente temos ouvido falar muito em Inovação. No entanto, nunca é demais sublinhar a importância preponderante que a diferenciação qualitativa, inaugurada por esta, poderá trazer para Portugal, em diversos sectores de actividade, desde os sectores da economia mais tradicional, aos serviços mais contemporâneos. A Inovação em Portugal terá que acontecer em diversas áreas – a começar pelas mentalidades e formas de fazer – e é aqui que os Sistemas de Informação e a indústria de Software em particular, podem dar um contributo nada desprezável. Um país que não inova tecnologicamente é um país morto, porque será facilmente asfixiado nos palcos da feroz competição global. E, de entre todas as formas simbióticas que a inovação tecnológica pode assumir, uma há que gostaria de salientar, porque pode ser facilmente transposta para outras indústrias: a importância da valorização da propriedade intelectual, que é o mesmo que dizer: da assinatura, da marca. A Tecnologia é um sector habituado a lidar com a frequência da obsolescência e por isso o respeito pela propriedade intelectual de quem inova é chave para o reconhecimento e muitas vezes para a sobrevivência comercial dos autores da Inovação. Por esta razão, todas as iniciativas que se destinem a passar a mensagem de que Portugal precisa de mais autoria só podem ter da Microsoft todo o apoio. Estamos firmes na convicção de que as conclusões desta 1ª Conferência constituem mais um passo para o desenvolvimento da investigação em Sistemas de Informação em Portugal. Lisboa, 30 de Maio de 2006 Nuno Duarte ix x Índice Nota Introdutória........................................................................................................... 1 Post-Project Effort Analysis Method ............................................................................ 3 Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de Software ...................................................................................................................... 21 Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade, baseado numa aplicação cliente-servidor .................................................................... 37 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario ................................................................................................................ 47 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas .................. 63 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde ................................................................................................................. 81 Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal..................................... 97 Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de Serviços Contábeis em Recife.............................................................. 115 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes .................................. 127 Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills................................. 143 GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de Proyectos Software para PYMES y Emprendedores............................................ 157 Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in Collaborative Networks Environments ..................................................................... 167 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública ................. 179 Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información Basándose en Interfaces de Usuario. .................................................... 195 Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações Portuguesas ............................................................................................................... 211 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil.............. 221 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi ............................................................................. 239 Monitorização remota do desempenho da empresa................................................... 257 xi Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning ............................................................................................... 265 Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior..................................................................................................................... 281 Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade “whiteboard” ............................................................................................................. 297 La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas ................................... 305 Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda ........... 319 La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el banner? ................................................................................................. 333 Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE. .......................................................................................................................... 351 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web ........................................................................................................................... 365 Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil .................................................. 383 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo.................................................................... 401 O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal ............ 421 Estratégias de e-procurement na Administração Pública: Uma revisão de literatura .................................................................................................................... 439 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case .......................................................................... 455 Eficiência na Construção de Equipas Colaborativas Online ..................................... 471 Urbanismo organizacional – Instrumento para a gestão num contexto relacional. O Caso Internet Banking ......................................................................... 489 Activos Intangíveis dos Sistemas de Informação ...................................................... 507 Sistema Dispensador de Píldoras Controlado por Telefonía Móvil. ......................... 523 TeleGerontología: Un nuevo recurso de Apoyo Gerontológico A Domicilio........... 533 Valoración de la calidad e-Health: El modelo @racne ............................................. 547 Informática Dentária: Sistemas de informação de suporte à prática clínica.............. 557 Intelligent Mechanisms for Early Detection of Cervix Cancer ................................. 571 Uma Abordagem à Gestão do Risco para os Sistemas de Informação das Unidades de Saúde .................................................................................................... 589 xii Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico MAID – Multi Agent for the Integration of Data...................................................... 603 Descoberta de Padrões de Proteínas Utilizando um Algoritmo Genético ................. 615 Web.care – Gestão de acessos e recursos para estudos clínicos multicêntricos on-line ....................................................................................................................... 631 O Data Mining na Compreensão do Fenómeno da Dor: Uma Proposta de Aplicação .................................................................................................................. 641 Implementação de um Sistema de Monitorização de Sistemas de Informação Clínicos indirecto ...................................................................................................... 657 Sistemas de Saúde e processos empresariais............................................................. 671 Automatic detection of patient data inconsistencies on integrated Health Information Systems ................................................................................................. 689 Extracción y normalización de entidades genómicas en textos biomédicos: una propuesta basada en transductores gráficos............................................................... 697 Caso de Estudo: Modelação e Verificação Formal de um Serviço de Urgência Hospitalar .................................................................................................................. 711 O Tratamento de Dados na Saúde: Do enquadramento Jurídico à utilização de Modelos de Gestão.................................................................................................... 727 Control y Mejora en la Producción de Software Hospitalario, Nuevas Tecnologías ............................................................................................................... 741 Estruturação automática de informação de relatórios médicos: Um estudo de caso ........................................................................................................................... 753 xiii Nota Introdutória No actual contexto económico e organizacional, caracterizado por uma crescente importância da informação e do conhecimento, os Sistemas e Tecnologias de Informação (STI) desempenham um papel cada vez mais preponderante enquanto factor de competitividade das organizações e sociedades modernas, facilitando a obtenção, transformação, armazenamento e disponibilização da informação. Não obstante as facilidades estarem ao dispor de todos, somente serão conseguidas se as novas tecnologias de informação forem devidamente exploradas e integradas nos sistemas de informação organizacionais e na sociedade em geral. Assim, a génese da CISTI assentou na necessidade sentida de estimular este desiderato e, simultânea e cumulativamente, na inexistência de um fórum anual que promovesse de forma abrangente a partilha e discussão de experiências, conhecimentos e inovações por pessoal das universidades, investigadores e profissionais de STI do espaço ibérico. A CISTI é uma iniciativa promovida e coordenada pelo grupo disciplinar de Sistemas e Tecnologias de Informação da Escola Superior de Tecnologia do Instituto Politécnico do Cávado e do Ave, representado por Álvaro Rocha e Maria Manuela Cunha, e pelo GIMED (Grupo de I&D em Informática Médica) da Universidade Fernando Pessoa, representado por Álvaro Rocha. A iniciativa foi alargada ao Grupo de Investigación Socio-Territorial da Universidade de Santiago de Compostela, representado por Carlos Ferrás Sexto, e ao Departamento de Informática da Universidade de Vigo, representado por Manuel Pérez Cota. Da Comissão Científica da CISTI faz parte um leque pluridisciplinar de peritos oriundos ou fortemente relacionados com a área dos STI do espaço ibérico, aos quais cabe a responsabilidade de avaliar, num processo de revisão cega, os trabalhos submetidos em cada uma das edições da conferência. Tal como acontece nesta primeira edição, Junho será o mês preferencial para a realização anual da CISTI, uma vez que não pretendemos sobrepor-nos, colidir ou interferir com possíveis interesses de outros eventos, como, por exemplo, a Conferência da Associação Portuguesa de Sistemas de Informação (Outubro/Novembro) e as Jornadas Luso-Espanholas de Gestão Científica (Fevereiro/Março). Anualmente serão envidados esforços para que os melhores artigos da CISTI possam integrar periódicos e livros ibéricos que abordem temáticas correlatas com os sistemas e tecnologias de informação. Serão igualmente envidados esforços para que todos os artigos publicados nas actas da CISTI venham a integrar bases de dados de publicações científicas, como, por exemplo, a DBLP. E serão ainda envidados esforços para o estabelecimento de um repositório on-line com todos os artigos igualmente publicados na CISTI. 1 Reportando-nos a esta primeira edição, foram recebidos cerca de 250 artigos, na sua maioria de elevadíssimo interesse e valor. Destes, cerca de 15% eram provenientes de fora da Península Ibérica (alguns países da Europa e América Latina). Contudo, mediante a impossibilidade de estender a duração da CISTI para além de dois dias e meio, houve necessidade de estabelecer em 40% o número de artigos a aceitar para apresentação na conferência e publicação nos respectivos livros de actas. As presentes actas, constituídas por dois volumes, organizam-se em torno das grandes temáticas identificadas na chamada de trabalhos da CISTI. Assim, no Volume I encontram-se os artigos relacionados com Modelos Organizacionais e Sistemas de Informação e ainda Informática para a Saúde, e no Volume II encontram-se os artigos relacionados com Gestão de Conhecimento e Sistemas de Suporte à Decisão, Integração de Sistemas e Agentes de Computação e ainda Interacção Homem-Máquina. Mediante aquele que foi um desafio sério de criar um fórum ibérico nestes domínios da actividade científica e empresarial, que fez mover uma vasta equipa empenhada, estamos certos que os resultados justificaram plenamente o esforço e que desta forma o desafio foi feito vitória. Tudo aponta para que a CISTI venha a estar posicionada na rota dos eventos científicos de maior destaque no domínio dos STI. Lançada a CISTI, resta-nos agradecer a colaboração de todos os que directa e indirectamente tiveram (ou venham a ter) algum envolvimento com este fórum, deixando aqui o desafio de juntos contribuirmos para que venha efectivamente a ser uma referência no espaço ibérico, cada vez mais uno. Até breve! Os Editores 2 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 3 Post-Project Effort Analysis Method Topi Haapio 1, Anne Eerola 2 [email protected], [email protected] 1 2 TietoEnator Telecom & Media, P.O. Box 1779, FI-70601 Kuopio, Finland University of Kuopio, Dept. Computer Science, P.O. Box 1627, FI-70211 Kuopio, Finland Abstract: Rapid changes in IT business sets challenges to software project effort estimation. Although the requirements for the effort estimation accuracy vary in relation to the stakeholder, high accuracy is always pursued. This paper proposes a stepwise post-project effort analysis method to increase estimation accuracy by exploring realized project effort. The proposed method can be used either independently or as a part of the whole project post-mortem analysis to produce effort information for the project final report, the annual projects report, and calibration input for the employed effort estimation method. Furthermore, the method facilitates the evaluation of both the existing effort and the cost estimation models’ effort factor and driver weighting. The method was evaluated with a case study with a real software development projects data sample supplied by TietoEnator Telecom & Media. Keywords: Post-mortem management. analysis. Effort estimation. MRE. SPI. Project 1. Introduction One of the most crucial tasks for software suppliers in project management is to estimate the effort as accurately as possible to ensure adherence to project’s budget and schedules, and the success of resource allocation. Out of the numerous estimation methods proposed, the two empirical estimation techniques: expert judgment and Function Point Analysis (Albrecht, 1979; Albrecht & Gaffney, 1983), and the regression-based composite estimation models COCOMO (Constructive Cost Model) (Boehm, 1981) and COCOMO II (Boehm et al., 1995) are widely known and used. The estimation methods and applications, however, produce estimates with varying accuracy. A reason for the inaccuracy is the inadequacy of previous project’s effort data collection when effort is collected without analyzing it properly. The collected effort data is used for calibrating the weights that adjust the factors and drivers which are used for the effort estimate derivation. 3 Post-Project Effort Analysis Method This paper proposes a stepwise effort analysis method to decrease effort estimation inaccuracy by exploring the project effort. The method is employed either as part of project’s post-mortem analysis or independently in analyzing the realized project effort after the project has been completed. In effort analyses a same question set does not however apply in every situation. For example, factors such as realized effort proportions and the estimate error affect on the consideration. Hence, it is advantageous to analyze project activities in separate sets, which in turns have to be grouped and equipped with questions in a reasonable way. The method proposed in this paper assists in gaining efficiently answers to questions related to a particular activity set’s effort in a focused manner. To the best knowledge of the authors, a similar method is not presented thus far in the context effort analysis. The method can be applied to any set of project activities, for example, to activities related to software testing. In the case study of this paper, the method is applied to the non-construction activities (Haapio, 2004), i.e. the project activities which are not directly related to software construction or project management. These activities include various management and support activities such as orientation, planning activities, quality management, configuration management, customer support, and documentation, each carried out by several members of the project. Effort estimation research has focused on software construction because the majority of the total effort is software construction effort, and because the customers are willing to pay for the construction work. However, even the best estimate cannot be accurate if the employed method neglects or undervalues the non-construction activities that are involved in the project. Furthermore, neglecting the non-construction activities in project planning and effort estimation may result in significant effort proportion deviation between projects. This study is a part of a larger project aiming to improve effort estimation and effort management by focusing also on activities other than the actual software construction and project management, and the whole effort lifecycle of the project. This paper is structured as follows. Section 2 describes the theoretical background of post-project analyses and employed metrics, and the research methodology. Section 3 outlines the post-project effort analysis method and shows its practical feasibility with a case study evaluation, followed by discussion and lessons learned in Section 4. Section 5 gives a short summary and suggestions for further research. 2. Theoretical Background and Research Methodology 2.1. Post-Project Effort Analyses In the software industry, it is customary to analyze a project after it has been completed. A post-project analysis, also called the project closure or the post- 4 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico mortem analysis (Brady & DeMarco, 1994; Collier, DeMarco & Fearey, 1996; Jalote, 2000), is a process of considering the project carefully in detail in order to understand and explain it to learn from the experience, and improve the process based on learning. A subprocess of the post-project analysis, the post-project effort analysis, focuses on the project effort, both the estimated and the realized. Like the post-project analysis, the post-project effort analysis is carried out as part of software process improvement (SPI), which means understanding the existing processes and improving them to achieve improved product quality, and to reduce costs and development time. SPI is usually an activity that is specific to an organization (Sommerville, 2001), but the post-project effort analysis method proposed in this paper is generic and can be applied in different organizations and situations. Gathering data on a project’s actual effort and progress and compare these with the estimates is essential for several reasons. As the effort estimating inputs and techniques are imperfect, the completed project data are needed to improve them. Moreover, not every project fits into the estimating model. Hence, the employed formal effort estimation model requires a particular follow-up system. This system both supports effective project management and benefits the longrange effort estimation capabilities. The data collected via control activities over several projects can be analyzed to determine how the realized effort distribution differs from the estimates. The differences are fed back to calibrate the model, e.g. the COCOMO models. For a new project, data collection should be considered to calibrate their estimating models (Boehm et al., 2000). Hence, the method proposed in this paper supplements the research into effort estimation method calibration (e.g. (Menzies et al., 2005)) by providing effort calibration information as a result to populate the effort repository from which the effort estimation method’s factor weights can be derived. As the software engineering literature attempts to cover the whole spectrum of software engineering (e.g. (Sommerville, 2001)), it provides understandably only rough descriptions of post-mortem analyses. In 1990s, the interest in post-mortem analysis increased in particular (Brady & DeMarco, 1994), moving from analyzing the developed system (Kumar, 1990) to analyzing the process how the systems were developed (Collier, DeMarco & Fearey, 1996), and from closing the project to improving the software engineering process. A defined process for the project post-mortem review was proposed in the mid-1990s (Collier, DeMarco & Fearey, 1996). However, as the proposed process describes post-mortem of the whole project, it provides general guidelines without a detailed method to analyze effort. Furthermore, the proposed process requires rather large resources (both time and personnel) which, in practice, are quite limited in the software industry. Hence, companies usually use some proprietary analysis method. 5 Post-Project Effort Analysis Method 2.2. Effort Estimation Evaluation Metrics Effort estimation and effort estimation methods are evaluated with criteria metrics: established metrics include Prediction at Level l and Magnitude of Relative Error. The Magnitude of Relative Error (Conte, Dunsmore & Shen, 1986), MRE, is determined as follows: MRE = EE − ER ER where EE = estimated effort and ER = realized actual effort. MRE considers both types of errors, overestimates and underestimates, which are equally unfavorable since complete effort accuracy is pursued. The closer to zero the MRE value is, the better the prediction (Kemerer, 1987). Usually an organization sets a certain limit MRE value to project effort estimations and, if it is exceeded, the reasons are explored and some actions taken to prevent further excesses. Prediction at Level l (PRED(l)) describes how many projects in a set of projects have a MRE ≤ l (Conte, Dunsmore & Shen, 1986), e.g. PRED(0.25) is the percentage of estimations that fall within 25% of the actual value (Shepperd & Schofield, 1997). Since Conte et al. set l to 0.25 (1986) it has been established as one of the most widely used evaluation criteria together with MRE. However, as the choice of the accuracy measure depends on the objectives of the stakeholders (Shepperd & Schofield, 1997), MRE values as high as 0.35 have also been employed (Jalote, 2000). The accepted MRE value for project effort estimations in organizations is usually set by the business and quality responsible. 2.3. Research Methodology This study is based on constructive research (Iivari, 1991), also referred to as design science (March & Smith, 1995) which consists of two basic activities: building products (constructs, models, methods, and instantiations) and evaluating them. The evaluation of the built product is based on user value or utility, i.e. feasibility is demonstrated when the created artifact serves human and economical purposes (Järvinen, 2001; March & Smith, 1995). Case studies can be used for evaluation (Kitchenham, Pickard & Pfleeger, 1995). In this paper a method, namely stepwise post-project effort analysis method, is proposed. The proposed method is evaluated with a case study to demonstrate its feasibility in practical use. 3. Post-Project Effort Analysis Effort analysis is conducted to produce input for a thorough, usually qualitative, project analysis by an effort analyst. The effort analyst is a person, e.g. a project manager, or a group of effort experts whose task is to analyze the project effort after the project has been completed. In effort analysis the realized effort of a 6 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico specific project activity set is compared with the estimated, and the reasons for accuracy or inaccuracy are analyzed and explained. In this paper, a project activity set (AS) is a specific set of project activities, which comprises a set of activities that are under examination. For example, the AS of testing can include unit testing, integration testing, system testing, and customer acceptance testing. The activity set effort (ASE) is the combined effort of the activities of the AS in question. The post-project effort analysis method proposed in this paper is advantageous to be used for individual projects and a set of multiple projects. A set of projects can be analyzed for the annual projects report, for instance. The annual projects report is usually a summary of project final reports. Hence, the same analysis method both for one project (for producing the final report) and for a set of projects (for producing the annual projects report) can be used. In addition, comparison between projects is useful when dealing with annual projects reports. 3.1. Stepwise Post-Project Effort Analysis Method The stepwise post-project effort analysis method (Figure 1) is used for analyzing the effort of a specific set of project activities and their effort estimates compared with those of other projects. Before employing the method the project activity set in question has to be specified and composed. Another condition for employing the analysis method is that an effort repository has been built. The effort repository contains effort data of the completed projects. The effort analyst collects project activities and their effort, and reorganizes the activities consistent into the repository. These activities can be organized into specific default activity sets, which represent a typical set of activities to be analyzed with the method. The activities can be chosen for the set based on their frequency and significance in projects, for instance. Hence, a particular granularity level of the project activities is required, i.e. on how detailed level the activities are broken into. 7 Post-Project Effort Analysis Method Step 1 Existing Effort Repository and Suitable Default Activity Set Confirmation Step 2 Activity Set Extraction and Activity Set Effort Calculation Activity Set and Default Activity Set Comparison Effort Repository Default Activity Set Step 3 Total Effort Estimation Error Calculation Step 4 Project Coordinate Setting and Project Placement Step 5 Project(s) Analysis with Analysis Question Matrix Project(s) Analysis without Analysis Question Matrix Figure 1 – Method steps and the effort repository The post-project effort analysis method, described in details in the following subsections, has five steps: • Step 1: A preliminary step where the existence of the effort repository and the usability of the default activity set is confirmed (and built, if necessary). • Step 2: Extraction of a specific set of project activities and the realized effort calculation of those activities. The extracted set of project activities is then compared with the default activity set. • Step 3: Calculation of the total project effort estimation error. • Step 4: Setting the project coordinate and placing projects into it. • Step 5: Analysis of the project or projects. 8 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico As a result of these steps the effort repository is updated with new activities belonging to the AS, and the effort information results are used for effort estimation method calibration and project final and annual reporting. Step 1: Confirming the Existence of the Effort Repository and a Suitable Default Activity Set: In step 1, the effort analyst confirms the existence of the effort repository and a suitable default activity set. The effort repository is suitable for the method, if it has effort data of the AS in focus. If a suitable effort repository does not exist, the effort analyst creates one by extracting the activities and their effort in previous completed projects, and organizing them into a default activity set. The set contains all the project-generic activities whose frequencies and effort are significant in projects. The default activity set is evaluated every time before being employed to check that the set content is valid. Hence, the default activity set is dynamic. The effort analyst removes outdated, discarded activities from the set and complements it with new suitable ones identified in the analyses. Full application of the method requires that significant activities and their effort be registered from the project in analysis, otherwise the analysis method is limited. The level of method applicability is determined using the default activity set criterion, i.e. whether the registered activities of the AS in the project in question include the ones defined in the default activity set. If the project involves activities that are predefined in the default activity set but are not included as registered project activities, the comprised effort of the AS cannot be used, and these projects cannot be included in the effort repository to represent a typical project, since activities and their effort are missing. Step 2: Extracting an AS and its Effort, and Comparing the AS with the Default Activity Set: In step 2, the effort analyst calculates the proportion of realized effort of a specific set of project activities. Although any effort categorization can be used, it is essential that it is based on a particular reproducible method, otherwise the projects will not be comparable. At this point, the effort analyst decides whether the extracted project meets the default activity set criterion, i.e. the analyst compares the activities of the extracted AS with the default activity set. Based on the comparison, the analysis method is applied either fully (all the following method steps) or partially (only a part of step 5) to the project in question. Step 3: Calculating the Effort Estimation Error: In step 3, the effort analyst calculates the effort estimation inaccuracy of the project for analysis using the MRE. The MRE is calculated from the total project activity effort, not from the ASE, to discover the relations between different activity sets since they are not isolated and affect to each other. 9 Post-Project Effort Analysis Method Step 4: Setting the Project Coordinate and Placing Projects: In step 4, the effort analyst draws a coordinate and places the project or projects to be analyzed into it. The axes represent the MRE value of total project effort inaccuracy and the considered AS effort proportion of the total project effort. The total project effort consists of the effort of all project activities. The coordinate and set value lines form six different groups (the dotted line areas numbered 1-6 in Figure 2). The three lines that form the six groups are the maximum allowed MRE value and the high and low ASE proportion boundaries. The project or projects are analyzed according to the specific group they fall into. Graphic presentation of the coordinate is not, however, mandatory, although it assists in visualizing projects in their groups, especially in multiple project analysis. ASE of Total Project Effort (%) 100 3 6 1 4 2 5 ASEboundary(high) ASEtarget ASEboundary(low) 0 MREallowed(max) MRE Figure 2 – The six groups in the coordinate system of the post-project effort analysis method The effort analyst sets a maximum allowed MRE value as a vertical line. There are many ways to set the allowed MRE value, e.g. using the mean or median MRE value from completed projects, a value determined by company management, or using some PRED(l) value. The ASE proportion boundaries are set as horizontal lines. The effort of the AS should realize between these boundaries, otherwise the activities of the AS are not sufficiently managed in the project. To calculate the boundary values, the effort analyst needs a target ASE proportion (dashed horizontal line in Figure 2). There are several ways to set the target ASE proportion, e.g. a mean ASE proportion and an optimal ASE proportion. An optimal ASE proportion is set by the effort analyst. It can be a fixed target value based on proprietary business criteria or, preferably, it can be the result of a thorough study of the activity set in question and its effort. Another approach, less sophisticated but easier to calculate, is the use of the mean 10 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico ASE value as the target value. The mean value is calculated from completed projects that have met the default activity set criterion. If assumed that project effort follows normal distribution, the effort analyst can determine the ASE proportion boundaries using standard deviation (SD). Thus the projects out of line fall outside the boundaries, to be analyzed as such. Step 5: Analyzing Projects: In step 5, the effort analyst analyzes the project or projects using an analysis question matrix (Figure 3) by interviewing the project’s effort informants. The questions in the analysis matrix can be applied in any project that meets the default activity set criterion. In addition to group-specific consideration, the realization of every planned activity in the set should be analyzed. Furthermore, if new activities are identified as belonging to the AS but are missing from the default activity set, they are described in the final report with their effort proportions, and, if found significant, complemented in the default activity set. As the method reveals the project activities and their significance, it can be employed for evaluating a particular effort estimation model, i.e. whether an activity is correctly emphasized in the effort estimation model. The analysis can be employed with a set of projects to produce an annual report, which usually contains summaries of project final reports. In addition, a comparison of projects on the whole project set is a useful perspective. In this case, a drawn project coordinate is essential since comparison of effort estimation accuracy (MRE values) and their relation to the activity set in question can be derived intuitionally from the visualized presentation. As the objective of the proposed method is to discover the reasons for the realization of the ASE in the project, the matrix does not contain any suggestions for solutions or actions which are usually project-specific. However, the project final report should comment on the actions. In the special case where the default activity set criterion is not fulfilled, the analysis matrix cannot be applied since the project cannot be correctly placed in a particular group. In this case, it is necessary to discover whether the project involved these undefined activities and to what extent. Moreover, new activities which include in the default activity set have to be identified as described above. However, the effort information on particular activities can be used to calibrate the effort estimation method if the activity’s effort proportion is calculated from the project total effort and used as proportion of total project effort. 11 Post-Project Effort Analysis Method ASE: Over upper boundary MRE: Allowed (total effort estimation is accurate) MRE: Over limit (total effort was misestimated) Report input: For each underestimated activity in the set: why was the actual effort higher than that estimated, i.e. why was the planned activity effort not adequate? Is its higher proportion necessary, i.e. could the activity have been performed more efficient? How did this activity affect on other activities? Report input: Were the exceeded ASE proportions the (primary) reason for exceeding the set MRE value? For each underestimated activity in the set: which ones in the set caused MRE value to exceed and why? Why did the effort of an activity realize higher? Is its higher proportion necessary, i.e. could the activity have been performed more efficient? How did this activity affect on other activities? Pre-project effort estimation method calibration: The ASE is most likely underestimated. If the other activities are estimated accurately, then some of the ASE proportions should be increased. 3 ASE: Within boundaries Report input: How did the activities in the set promote project success? 1 ASE: Under lowest boundary Report input: For each overestimated activity in the set: why was the actual effort lower than that estimated? Is its lower proportion adequate? How did this activity affect on other activities? 2 6 Report input: What was the reason for exceeding the set MRE value? If activities in the set were the reason, what were they and why? Pre-project effort estimation method calibration: The ASE is most likely estimated accurately and the other activities are misestimated. The effort proportion values of single activities can be used for calibration. 4 Report input: Were the realized low ASE proportions a reason for high MRE value? For each overestimated activity in the set: which ones in the set caused MRE value to exceed and why? Why did the effort of an activity realize lower? Was its realized lower proportion adequate? How did this activity affect on other activities? Pre-project effort estimation method calibration: The ASE is most likely overestimated. If the other activities are estimated accurately, then some of the ASE proportions should be decreased. 5 Report input: Did the project content (extent and excellence) remain as planned? Report input: If effort was overestimated, was the project outcome as extensive and quality as initially planned? If effort was underestimated, what was especially difficult in the project and did the change management fail? Pre-project effort estimation method calibration: Initial effort proportions should be correct, and they ought to be maintained. The ASE estimate can be correct for two reasons: 1) Every activity is estimated accurately, or 2) some activities are underestimated but some are overestimated. In order to calibrate the method, every activity and its effort estimation error should be examined. Pre-project effort estimation method calibration: Initial effort proportions are not correct, and they ought to be calibrated. Figure 3 – The analysis question matrix 3.2. Application The method was evaluated as suggested in (Järvinen, 2001): by showing its feasibility in practical use. The method was applied in a case study with real software development projects to analyze the non-construction activities (NCA) as an activity set in two different cases representing the possible variations in applying the method. In the first case, a set of multiple projects was analyzed. In the other case, the method was applied to an individual project. Data: The data sample was extracted from real software development project data supplied by TietoEnator Telecom & Media, a part of the largest IT services company in the Nordic countries. The data sample consisted of 12 custom software development projects which took place in 1999-2003. These projects were delivered to five different Nordic customers operating mainly in the telecommunication 12 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico business domain. The delivered software systems were based on different technical solutions, but the two most common technologies were based either on J2EE or on transaction management based client/server technology. The duration of the projects was between 2.5 and 31 months, and required between 738.0 and 21,104.5 hours of effort (mean 5,953.0). The projects’ effort estimations had been originally made using the expert judgment estimation technique in every project. In some projects, Function Point Analysis had been used as a secondary complementing method to compare the estimation results. For this case study, the effort estimation information was gathered from the tender proposal documents, the contract documents, and the final report documents. The realized effort data were gathered from the work time registry system into which the project personnel feed their work hours for different project-specific activities with half-hour precision. The data sample was gathered based on the following criteria: the chosen projects were custom software development projects involving at least a design phase before implementation, and delivered in 2002 or 2003. In this case study projects delivered in 2002 (A-F) were used to form the initial effort repository and the default activity set, and projects delivered in 2003 (G-L) were analyzed with the proposed method. Method Step 1: As no effort repository existed, the repository was built with the extracted effort data of the non-construction activities with projects delivered in 2002. The NCA effort was extracted as described in (Haapio, 2004). The results for NCA extraction are presented in Table 1. Table 1 – The NCA effort proportions of total project effort for projects A-F Project A B C D E F NCA Effort (%) 25.5 23.0 22.6 22.3 20.8 19.9 The default activity set was created using the non-construction activities. The activities were renamed generically since the naming in the work time registry system was varied. The formed NCA default activity set included the following activities: customer assistance (including customer support and training), documentation, orientation, project group work (including meetings), quality assurance (including reviews), and technical environment (including setup and maintenance). 13 Post-Project Effort Analysis Method The allowed MRE value was set to 0.25 according to the commonly used PRED(0.25) measure. The mean value was used as the target activity set effort proportion. Case 1: Multiple Projects: The method was applied to projects delivered in 2003 using the projects’ NCA effort proportions. As the activities were known and the effort had been extracted, the applicability of the method was determined with the default activity set criterion. The results from steps 1-3 are presented in Table 2. Table 2 – The NCA effort proportions, MRE value, and method applicability for projects GL Project G H I J K L NCA Effort (%) 31.1 26.5 11.4 9.7 8.5 5.1 MRE 0.69 0.28 0.46 0.36 0.49 0.21 Method Applicability Full Full Limited Limited Limited Full The target NCA effort proportion and its boundaries were determined by complementing the effort repository with projects G, H and L (step 4), since they met the default activity set criterion. The mean NCA effort proportion of the complemented repository was 21.9%. As the SD was 7.14, the boundaries were set to 14.8% and 29.0%. The projects were placed in the coordinate, falling in the groups presented in Figure 4. 14 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 50,0 A project with full method applicability 45,0 NCA Effort Proportion (%) 40,0 3 A project with limited method applicability 6 35,0 G 30,0 H 25,0 1 4 20,0 15,0 10,0 (J) 2 (K) 5 L 5,0 0,0 0,00 (I) 0,10 0,20 0,30 0,40 0,50 0,60 0,70 0,80 0,90 1,00 MRE Figure 4 – Projects G-L in the project coordinate In 2003, half of the projects, namely I, J and K, could not be used for a complete analysis and the analysis results used for pre-project effort estimation calibration, since one or more elementary default activity required by the analysis was not recorded. Thus these projects did not meet the default activity set criterion and would have given a skewed impression of their NCA effort proportion. The projects with full method applicability (G, H, and L) were different, i.e. no homogeneity could be found, as the projects were scattered. The questions in the analysis matrix (Figure 3) were applied with these projects. The multiple project analysis resulted for the annual projects report as follows: Project analysis for annual projects report. A better preparation for nonconstruction activities is required in future for starting projects, e.g. by using project activity set templates containing the default non-construction activities in the work time registry system. Moreover, almost every project exceeded the set MRE value (0.25) in 2003, meaning that their effort had been misestimated. In project G, one of the main reasons for exceeding the set MRE value was the non-construction activities. Case 2: A Single Project (All Method Steps Applied): Project G was chosen to represent how the method is applied to a single project in practice. The project was chosen because it represents one in which nonconstruction activities had been given sufficient consideration at the beginning of the project, i.e. the project met the default activity set criterion. As shown in Table 2, project G’s NCA effort proportion was 31.1% (step 2) and the MRE value was 0.69 (step 3). The target NCA effort proportion and its boundaries were determined by complementing the NCA effort repository of 15 Post-Project Effort Analysis Method projects A-F with project G (method step 4). The target (mean) NCA effort proportion of the complemented repository was 23.6%. As the SD was 3.75, the boundaries were set to 19.9% and 27.4%. Thus, project G fell into group 6 (step 4). As project G met the default activity set criterion, the questions in the analysis matrix (Figure 3) were applied (step 5). The realized NCA effort for project G was above the upper ASE boundary. The single project analysis resulted as follows: Project analysis for the project final report. Although the different activities had been taken into consideration at the beginning of the project, one of them, customer assistance, was heavily underestimated and constituted 20.5% of the total effort. If the activity had been estimated correctly, the project MRE value would have fallen from 0.69 to 0.48. Hence, customer assistance was one of the primary reasons for the inaccurate effort estimation. The activity, however, did not have any impact on the effort of other activities, although it had an impact on the schedule, as time spent was away from other activities. The only NCA that was not taken into consideration at the beginning of the project was version management. Improvement and calibration of the pre-project effort estimation method. The NCA effort sum proportion (31.1%) can be used for pre-project effort estimation method calibration, like the individual proportions: documentation (2.5%), orientation (0.9%), project group work (0.7%), quality assurance (0.8%), technical environment activities (1.3%) and customer assistance (20.5%). Although the customer assistance proportion seemed remarkably high and could be considered specific to this project, it could be used for calibration since the realized effort might be high in another project, too. The effort repository default activity set was complemented with the project start-up activity, since it could be considered project-generic, and the activity represented a significant 3.4% of total effort. 4. Discussion A comparison between the proposed stepwise post-project effort analysis method and other methods is complicated by their differences, e.g. purpose. For instance, the process definition for project post-mortem analysis (Collier, DeMarco & Fearey, 1996) describes the process of capturing the whole project, whereas the method proposed in this paper focuses on capturing the effort information related to the project or projects. However, the feasibility of the proposed method is shown in the case study of two variations: a multiple projects and a single project analysis. First and foremost, the method assists in gathering selectively, based on quantitative effort data, qualitative effort information from the informants to produce project final and annual reports. Secondly, the method can be employed to collect calibration input for the effort estimation method. Thirdly, as the results reveal the significance of different project activities (their effort proportions), the results can be utilized for the factor emphasis of a particular cost or effort estimation model. 16 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Based on this research, the following lessons were learned, and the following limitations to the study were found. In general, the research revealed: • It is as important to analyze successful as failed projects. Instead of concentrating on the failed projects only, it is also fruitful to analyze the successful projects, since they provide important effort information. A neutral attitude to the projects in question makes also the organization more willing to attend the analyses (Brady & DeMarco, 1994). • A unified organizational procedure to enter effort in the work time registry system is necessary. One concern relating to the data is the reliability of the realized effort. As project group members feed their own work hours into the work time registry system, there can be individual variations in the inputs. To get reliable effort information, the procedure for entering work hours as well as the default activities should be unified in the organization. • Project activities have to be defined on a certain granularity level. A certain granularity level of the project activities is required for the method. The set level also supports effort reporting and the data collection for future effort estimation. • The use of project activity set templates is advantageous. The use of project activity set templates in work time registry system ensures unified common project activities among projects when the activities are inserted into the system by different persons. In many cases, the work of undefined activities is fed to another suitable activity, which skews the effort data. Most likely a transition period will occur when the set of typical activities is formed and the information is used systematically for new projects. For the organization in question, the research revealed lessons concerning project activities and effort related to be learned from: • Significant project activities were missing. Several significant activities were missing from projects in the work time registry system in order to monitor effort on these activities and to benefit the data collection for future effort estimations. • The non-construction activities are important in effort estimation consideration. The effort proportions of many non-construction activities are significant and should be taken into consideration when future projects are planned and effort estimated. • Further reports and guides are needed. This research gave impulse to further research on project activities within the organization as a part of SPI to share information in the form of both research reports and internal reports and guidelines. However, the method has some limitations related to the number of projects: • The number of delivered projects has to be sufficient. If the repository is used for setting the ASE target value (mean or median value) or the ASE boundaries (standard deviation), the number of projects in the effort repository system has to be large enough. 17 Post-Project Effort Analysis Method • A certain minimum number of projects is required for calibration. Using the proposed method for calibrating an effort estimation method requires a certain minimum number of projects before effort information can be used for calibration. Literature has suggested different numbers, from 5 to 20, depending on the used metric (Boehm et al., 2000; Menzies et al., 2005; Shepperd & Schofield, 1997). However, a method’s factor weights can be questioned from a lesser amount of projects. • The method applicability is higher if projects have the default activity sets predefined. The proposed effort analysis method’s grouping becomes more precise as more projects are analyzed and complemented in the effort repository. 5. Conclusions and Further Research This paper proposes a post-project effort analysis method. The stepwise method can be employed to produce effort information for project final and annual reports, and pre-project effort estimation method. Moreover, the method can be used to determine whether a particular effort or cost estimation model emphasizes its effort factors and drivers correctly. In addition, this paper continues to analyze the effort of the non-construction activities, which is one of the three main software development project effort categories besides software construction and project management. The authors are currently carrying out a deeper investigation into nonconstruction activities and their optimal effort proportions. Moreover, research is needed to show how the project activities divided into three categories brings stability into effort proportions and thus better predictability to effort estimation. References Albrecht, A. J. (1979). Measuring Application Development Productivity. In Proceedings of the Joint SHARE, GUIDE and IBM Application Development Symposium (Monterey, California, 1979). IBM, 83-92. Albrecht, A. J. & Gaffney, J. E. (1983). Software Function, Source Lines of Code, and Development Effort Prediction: A Software Science Validation. IEEE Trans. on Software Eng., 9(6), 639-648. Boehm, B. W. (1981). Software Engineering Economics. Prentice-Hall, Englewood Cliffs, NJ. Boehm, B. W. et al. (1995). Cost Models for Future Life Cycle Processes: COCOMO 2. Annals of Software Engineering, 1, 57-94. Boehm, B. W. et al. (2000). 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Propõe também um fluxo de atividades a ser aplicado em cada uma das iterações baseando-se nas áreas de processo de Planejamento de Projeto (PP), Monitoração e Controle de Projeto (MCP) e Medição e Análise (M&A) previstos no Capability Maturity Model Integrated (CMMI), levando em consideração o processo de desenvolvimento de software iterativo e incremental. Palavras-chave: Gerenciamento de projetos; Desenvolvimento de software iterativo e incremental. Medidas de software; 1. Introdução Atualmente, nas empresas de desenvolvimento de software, a demanda por produtos cada vez maiores e mais complexos, robustos e confiáveis, tem exigido o desenvolvimento de técnicas mais precisas para o acompanhamento e controle dos projetos. No entanto, o cenário típico que geralmente se observa no ambiente das organizações produtoras de software é marcado por problemas constantes, como estimativas equivocadas de prazos e custos e produtos que apresentam baixa qualidade. Assim, esses problemas precisam ser contornados para que as empresas consigam desenvolver uma gestão e um controle de projetos efetivo e eficiente. E uma das maneiras de se implementar isso é implantar um Processo de Desenvolvimento de Software (PDS) bem definido, pois ele apóia o planejamento e o acompanhamento dos prazos e dos custos do desenvolvimento do software, além dos atributos de qualidade do produto. 21 Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de Software Com isso, as medidas de software vêm tomando dimensões cada vez mais proeminentes, pois são uma forma de se estimar prazos e custos, e controlar e acompanhar a execução dos projetos. Assim, torna-se importante integrá-las ao planejamento e ao acompanhamento e controle dos projetos, como forma de viabilizar informações relevantes para as tomadas de decisões pertinentes ao gerenciamento de projetos (Bechtold, 1999). 2. Medidas de Estimativa x Medidas de Controle As medidas de controle, objeto de estudo deste artigo, têm como fundamento informar o progresso e o desempenho do projeto ao longo de sua execução. Para isso, é conveniente que a coleta, as análises e a comunicação dos resultados sejam automatizadas. É fundamental a facilidade de obtenção das informações, pois o período do recebimento das análises e da tomada de decisão pelo gerente do projeto tem que ser otimizado ao máximo. Quanto menor for esse tempo, menores serão os impactos decorrentes de algum problema existente no projeto. As medidas de estimativas, ao contrário das medidas de controle, não precisam estar disponíveis em tempo real, pois podem se originar de um estudo prévio, cauteloso, pontual e fundamentado nas medidas de controle de projetos anteriores. Sempre que se define um plano de projeto, o tempo para o levantamento de estimativas tem que ser bastante hábil, pois elas poderão causar um impacto negativo em todo o planejamento do projeto, caso não sejam analisadas com profundidade e responsabilidade (Valeriano, 2000). 3. Desenvolvimento de Software Iterativo e Incremental O conceito de desenvolvimento de software iterativo e incremental é utilizado com o objetivo de permitir que os projetos sejam divididos em etapas ou iterações e que a execução dessas evolua progressivamente, tornando-os mais fáceis de serem planejados e controlados (ISO, 1999). A referência (Borges, 2004) diz que algumas equipes de software ainda utilizam o processo de desenvolvimento em cascata. Essa abordagem faz com que os projetos completem cada uma das fases do processo de desenvolvimento sob uma rígida seqüência, que começa pelo levantamento dos requisitos, passa pela análise, design, implementação e, por fim, pelos testes no produto. Na abordagem em cascata, os participantes do projeto não acompanham o passo a passo da evolução do produto e isso faz com que problemas diversos só sejam visualizados no final do ciclo de vida do projeto, quando as mudanças são mais caras, difíceis de serem realizadas e mais demoradas. Já o desenvolvimento iterativo e incremental divide a evolução do produto em uma seqüência de subfases iterativas e incrementais. Cada uma dessas subfases inclui todas as fases do desenvolvimento de software, começando pelo 22 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico levantamento dos requisitos, análise, design, implementação e finalizando na fase de testes do produto daquela subfase ou iteração. Dessa forma, cada iteração deve possuir um conjunto definido de objetivos e um produto, os quais vão evoluindo incrementalmente a cada iteração até o final do ciclo de vida do projeto. 3.1. Abordagem para o Fluxo de Atividades Sugerido A tabela 1 apresenta o fluxo de atividades que é dividido em duas fases distintas: a fase de planejamento, que contempla as atividades da coluna Plano do Projeto e a parte I da coluna Medição e Análise; e a fase de execução e controle, que contempla as atividades da parte II da coluna Medição e Análise e a coluna Monitoramento e Controle de Projetos. Em cada uma delas existem subconjuntos relacionados de atividades acontecendo em paralelo, sob uma ordem de execução, a qual permite o compartilhamento de conhecimento entre as atividades (Santana, 2004). Esse fluxo de atividades, complementa o processo de desenvolvimento de software iterativo e incremental, pois ele se fundamenta: • Na aplicação deste fluxo de atividades em cada uma das iterações a serem executadas ao longo do ciclo de vida do projeto. • Nas lições aprendidas pela execução da iteração anterior, que orienta o planejamento a partir da segunda iteração. 4. Conjunto de Medidas Sugerido Em meio à comunidade de desenvolvimento de software, poucos temas provocam tanta discussão quanto o assunto medidas. Existe uma percepção geral de que medidas são necessárias, mas ao mesmo tempo são difíceis de coletar e a recompensa não é imediata. Além disso, está sempre presente a sensação de que o valor agregado pela coleta e análise das medidas ocorre só para projetos futuros (Sate, Humprey & Ohlin, 2003). A referência (Fenton & Pfleeger, 1997) mostra que as medidas não se tornam aceitáveis apenas porque são relevantes. Não são valiosas simplesmente porque têm algo a ver com o último objetivo da semana. Elas funcionam quando realmente se relacionam com algo a que damos valor e quando os riscos associados a sua obtenção, no contexto do escopo de utilização dessas medidas, são insignificantes se comparados ao valor das informações obtidas a partir delas. Para compreender tal valor, devemos entender o relacionamento subjacente entre a medida e o atributo mensurado. A referência (Pandian, 2004) diz que, a princípio, poderia parecer que as realizações de medições e análises são evidentes por si mesmas. Afinal, a medição capacita-nos a quantificar e, por conseguinte, a administrar mais efetivamente, mas a realidade pode ser muito diferente. A medição, muitas vezes, leva a controvérsias e a argumentações, como por exemplo: “Quais são as medidas apropriadas para o 23 Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de Software processo e para o produto?” “É justo usar medições para se comparar pessoas, processos e produtos?”. Tabela 1 – O fluxo de atividades sugerido. Plano do Projeto Estimar escopo do projeto Medição e Análise Parte I Monitoramento e Controle de Projetos Monitorar parâmetros do plano do projeto Estimar produtos e atividades Estabelecer objetivos das medidas Monitorar compromentimento Definir ciclo de vida do projeto Especificar as medidas Monitorar riscos do projeto Estimar esforço e custom Especificar coleta e procedimentos de análise Monitorar gerenciamento dos dados Estabelecer cronograma e orçamento Especificar procedimentos de análise Monitorar o envolvimento dos interessados relevantes Identificar riscos do projeto Parte II Conduzir verificações do progresso Plano para o gerenciamento dos dados Coletar dados para as medidas Conduzir verificações dos marcos Plano para os recursos do projeto Analisar dados das medidas Analisar questões Plano para as necessidades de conhecimento e perfis Armazenar dados e resultados das medidas Tomar as decisões proativas Plano do envolvimento dos interessados relevantes Comunicar resultados das medidas Gerenciar as decisões proativas tomadas Estabelecer o plano do projeto Revisar planos que compõem o projeto Rever trabalho e níveis de recursos Obter o comprometimento com os planos 24 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 4.1. As Sete Medidas Sugeridas A referência (Champeaux, 1997) diz que não podemos desenvolver produto de software com qualidade ou melhorar o processo sem medidas. Como diz Lord Kelvin, na referência (Pressman, 1994), “quando você pode medir o que você está falando e expressar isto em números, você sabe alguma coisa sobre isso; mas quando você não pode medir nem expressar isto em números, seu conhecimento é escasso e insatisfatório”. O intuito deste conjunto de medidas é mostrar o estado atual do projeto e do produto, subsidiando o gerente do projeto com informações para apoiá-lo nas tomadas de decisões. Como o acompanhamento e controle dos projetos são feitos com base em informações, uma vez que essas sejam coletadas, analisadas e armazenadas, geram um histórico de conhecimento, o qual auxilia os gerentes de projeto nas estimativas futuras, tornando-as mais objetivas e próximas do real (Santana, 2004). O conjunto de medidas sugerido tem como propósito não só apresentar as medidas, mas também sugerir algo que seja realmente aplicável e utilizado em nossos projetos. Assim, esse conjunto considera as atividades definidas para a avaliação diferente do modo tradicional, pois, normalmente, existem medidas para atividades e medidas para casos de uso. Isso acontece devido aos casos de uso serem constituídos de atividades e por serem diferenciados entre si de acordo com a sua complexidade de realização ao longo da implementação (Santana, 2004). Com isso, e no intuito de tornar objetiva a aplicação, este artigo trata os casos de uso como atividades, ou seja, não serão avaliadas cada uma das atividades que o compõem, mas o conjunto como um todo. Com relação à complexidade de implementação, esta será calculada com base no feeling dos gerentes de projeto, como de costume, pois, independentemente da forma de avaliação do caso de uso, as durações previstas são fundamentadas nela. A tabela 2 apresenta as sete medidas sugeridas, bem como a área de conhecimento abrangida e o atributo mensurável para cada uma (PMI, 2002). Tabela 2 – As sete medidas sugeridas. Medida Área de conhecimento Atributo mensurável Progresso Escopo Trabalho concluído Desempenho Escopo Controle das variações Impacto Tempo Novas atividades Atraso médio Tempo Realizado comparado a planejado Valor agregado Custo Verificação dos custos Estabilidade Qualidade Solicitações de mudanças Maturidade Qualidade Descoberta do defeito 25 Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de Software 4.1.1. Progresso A medida de progresso se aplica à área de escopo do gerenciamento de projetos, pois mostra, em percentual, o andamento do trabalho concluído na realização de todo o conjunto de casos de uso escolhido para a avaliação (Ishigaki & Jones, 2003). Com isso, qualquer mudança realizada no escopo do projeto que não tenha sido prevista anteriormente, pode ser apontada por meio da completude daquele caso de uso. Além disso, a possibilidade de se detectar um novo caso de uso auxilia também o gerenciamento das mudanças ocorridas. µ progresso = ∑ (Percentual Realizado (x) × Peso (x)) ∑ Peso (x) (1) Onde: • Percentual Realizado (x) é a variável que define o percentual de realização de cada caso de uso. • Peso (x) é a variável que define a complexidade de cada caso de uso. 4.1.2. Desempenho A medida de desempenho se aplica à área de escopo do gerenciamento de projetos, pois mostra, em percentual, por meio da comparação entre o trabalho previsto e o trabalho realizado, como está o andamento da realização dos casos de uso. A medida de desempenho permite ao gerente do projeto controlar e acompanhar as variações na realização dos casos de uso. Ela pode ser aplicada a um caso de uso, a uma fase, a um projeto ou a um conjunto de casos de uso específicos de um recurso, e permitirá o acompanhamento do desempenho individual. Os relatórios de desempenho também são uma ferramenta de apoio ao gerenciamento de projetos, pois ajudam no controle e no acompanhamento dos recursos (Kroll & Kruchten, 2003). µ desempenho = ∑ (Duração Prevista (x) × Percentual Realizado (x)) (2) ∑ Duração Real (x) Onde: • Duração Prevista (x) é a variável que indica a duração prevista de cada caso de uso. • Duração Real (x) é a variável que indica a duração real de cada caso de uso até o momento da avaliação. 26 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 4.1.3. Impacto A medida de impacto dos novos casos de uso se aplica à área de tempo do gerenciamento de projetos, pois mostra, em percentual, a parte do tempo total consumida com os novos casos de uso não previstos no planejamento anterior e as mudanças ocorridas no escopo do projeto. Com isso, qualquer mudança no conjunto de casos de uso do projeto poderá ser percebida por meio da medida de impacto, pois ela pode mensurar a diferença entre a duração prevista e real para cada caso de uso avaliado (Champeaux, 1997). Ao longo do ciclo de vida do projeto é comum o surgimento de novos casos de uso, ou seja, casos de uso que não foram previstos durante a fase de planejamento do projeto, decorrentes de mudanças nos requisitos ou devido ao atendimento às necessidades específicas do projeto. µ impacto = ∑ Tempo Gasto (x1 ) − ∑ Tempo Gasto (x 2 ) ∑ Tempo Gasto (x1 ) (3) Onde: • Tempo Gasto (x1) é a variável que define a quantidade de tempo já trabalhada na realização dos casos de uso participantes da avaliação, ou seja, o tempo total gasto com os casos de uso que foram iniciados. • Tempo Gasto (x2) é a variável que define a quantidade de tempo já trabalhada na realização dos casos de uso que foram iniciados e que estavam contemplados no planejamento anterior às mudanças. 4.1.4. Atraso Médio A medida de atraso médio se aplica à área de tempo do gerenciamento de projetos, pois mostra, em percentual, quanto o conjunto de casos de uso participantes da avaliação está atrasado em relação ao planejado. Essa medida calcula o atraso médio total do projeto no momento da avaliação. O cálculo desta medida é feito a partir da comparação da duração real dos casos de uso com a duração prevista (Champeaux, 1997). ∑ (Duração Real (x) µ atraso médio = − Duração Prevista (x) ) Duração Real (x) # Casos de Uso (4) Onde: • Duração Real (x) é a variável que indica o tempo trabalhado para a realização de cada caso de uso. 27 Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de Software • Duração Prevista (x) é a variável que indica o tempo planejado para a realização de cada caso de uso. • # Casos de uso é a variável que indica o número de casos de uso participantes da avaliação. 4.1.5. Valor Agregado A medida de Valor Agregado ou Análise de Valor Agregado (AVA) se aplica à área de custo do gerenciamento de projetos, pois mostra a evolução dos custos, comparando-os com o que foi planejado, ou seja, a comparação das despesas ao longo do tempo com o custo previsto (Mcgarry, Card & Jones, 2003). Para a maioria dos projetos de software, onde é intenso o uso de serviço intelectual, o perfil dos gastos geralmente segue o perfil de alocação de pessoal. Portanto, exceto gastos pontuais, é possível criar uma curva de planejamento de custos baseada na curva de alocação de pessoal. A AVA é baseada no acompanhamento de três variáveis: • Custo Orçado do Trabalho Agendado (COTA). • Custo Orçado do Trabalho Realizado (COTR). • Custo Real do Trabalho Realizado (CRTR). Com esses valores calculados, podemos calcular outros três parâmetros importantes (Munson, 2003): • Variação do Custo (VC) – É a diferença entre COTR e o CRTR, ou seja, a diferença entre o custo que foi planejado para o trabalho realizado e o custo real do trabalho realizado. • Variação do Agendamento (VA) – É a diferença entre o COTR e o COTA, ou seja, a diferença entre o custo que foi planejado para o trabalho realizado e o custo que foi planejado para o trabalho como um todo. • Variação ao Término (VAT) – É a multiplicação de CRTR por 100 e da divisão do resultado pelo Percentual Realizado, ou seja, é uma projeção ao final para o término do conjunto de casos de uso avaliado, com base no trabalho realizado. 4.1.6. Estabilidade A medida de estabilidade se aplica à área de qualidade do gerenciamento de projetos, pois mostra, em percentual, a estabilidade do produto do projeto (Kroll & Kruchten, 2003). Podem existir medidas para verificação da qualidade dos mais variados tipos e podem ser calculadas sob os mais variados pontos de vista. A estabilidade é uma medida que indica o quanto está ou não estável o produto em desenvolvimento. Para calcularmos a estabilidade de um produto, podemos nos fundamentar pelo número de Solicitações de Mudanças (SMs) abertas durante o ciclo de vida do projeto. Uma SMs aberta é qualquer solicitação de mudança realizada pelos 28 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico interessados relevantes do projeto. Já uma SMs fechada é o atendimento ou implementação no projeto das SMs abertas. Para tanto, foram definidos quatro tipos diferentes de SMs: • SM0 – é a solicitação de mudança referente a defeito crítico. • SM1 – é a solicitação de mudança referente a defeito normal. • SM2 – é a solicitação de mudança referente a melhoria no sistema. • SM3 – é a solicitação de mudança referente a novas características. A equação (5) calcula a diferença entre o número de SMs realizadas pelos interessados relevantes do projeto e o número de SMs atendidas ou implementadas, com relação aos defeitos críticos e normais. µ defeitos = ((SM0 + SM1)abertas) - ((SM0 + SM1)fechadas) (5) Onde: • (SM0 + SM1)abertas é o somatório das SMs referentes a defeitos críticos e normais. • (SM0 + SM1)fechadas é o somatório do atendimento ou implementação das SMs referentes a defeitos críticos e normais. A equação (6) calcula a diferença entre o número de SMs realizadas pelos interessados relevantes do projeto e o número de SMs atendidas ou implementadas, com relação a melhorias. µ melhorias = (SM2)abertas - (SM2)fechadas (6) Onde: • (SM2)abertas é o somatório das SMs referentes a melhoria no sistema. • (SM2)fechadas é o somatório do atendimento ou implementação das SMs referentes a melhoria no sistema. A equação (7) calcula a diferença entre o número de SMs realizadas pelos interessados relevantes do projeto e o número de SMs atendidas ou implementadas, com relação a novas características. µ novas características = (SM3)abertas - (SM3)fechadas (7) Onde: • (SM3)abertas é o somatório das SMs referentes a novas características. • (SM3)fechadas é o somatório do atendimento ou implementação das SMs referentes a novas características. A evolução da estabilidade do produto do projeto é calculada por meio da média aritmética entre as três medidas apresentadas anteriormente, ou seja, deve-se 29 Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de Software somar os resultados das medidas µ defeitos , µ melhorias e µ novas características , e dividir por três. µ estabilidade = Onde: • µ defeitos + µ melhorias + µ novas características 3 (8) • µ defeitos é calculado por meio da equação (5). µ melhorias é calculado por meio da equação (6). • µ novas caracterís ticas é calculado por meio da equação (7). 4.1.7. Maturidade A medida da maturidade se aplica à área de qualidade do gerenciamento de projetos, pois mostra o tempo decorrido entre a descoberta de um defeito e outro. Essa é a melhor maneira de se medir a maturidade de um produto (Kroll & Kruchten, 2003). A qualidade do produto do projeto pode ser verificada por meio do nível de maturidade de seus subprodutos e do produto final, pois quanto maior o tempo entre a descoberta de um defeito e outro ou entre uma falha e outra, podemos dizer que o produto está cada vez mais maduro. µ maturidade = TO N (9) Onde: • TO é a variável que indica o tempo de operação (hora, dia, etc.) ou exercício dos cenários sob condições realistas de operação. • N é a variável que indica o número de defeitos encontrados no produto. 5. O Uso das Medidas de Software A abordagem descrita para o fluxo de atividades do desenvolvimento de software iterativo e incremental, atua como fundamento para a aplicação das medidas de software sugeridas ao longo deste artigo. Para a aplicação desse conjunto de medidas, foi utilizado o desenvolvimento de um dos módulos de um projeto de software desenvolvido pelo Núcleo de Multimídia e Internet (NMI), que é uma unidade acadêmica localizada na Universidade de Brasília (UnB). Esse projeto de software é composto por cinco módulos: • Proposta de projeto de P&D. 30 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • Análise do pleito de projeto. • Prestação de contas. • Análise da prestação de contas. • Credenciamento das instituições de ensino. O terceiro módulo, prestação de contas, é o objeto desta aplicação. Composto por 124 casos de uso, foi desenvolvido pelo NMI no período de 02/01/2003 a 14/02/2004, correspondente a 56 semanas. A estratégia utilizada para o desenvolvimento do módulo “prestação de contas” permitiu que esses 124 casos de uso fossem divididos em 14 iterações, com um período médio de 4 semanas de duração cada uma. 6. A Aplicação das Medidas de Software Como descrito em (Fenton & Pfleeger, 1997) a adoção de um plano de medidas e análises deve ser cuidadosa e progressiva, pois o manuseio das medidas é um processo dispendioso e de considerável grau de complexidade, gerando controvérsias e várias argumentações. Por essas razões, não se deve iniciar o processo de aplicação do conjunto de medidas e análises com um grande número de medidas . Com base nessas premissas, será apresentado o uso de três medidas: µ progresso , µ desempenho e µ maturidade . As medidas de progresso e desempenho foram aplicadas em duas iterações intermediárias do projeto, pois é durante a fase de implementação que o esforço despendido no desenvolvimento do software sofre a maior demanda. Já a medida de maturidade foi aplicada em duas iterações finais, pois a obtenção dos dados relacionados à maturidade do software deve ser realizada durante a fase de testes no produto. Contudo, foi definido que seria realizada uma medição ao final de cada iteração avaliada, mas uma medição intermediária foi necessária em cada uma das iterações, pois percebemos que uma avaliação no meio da iteração poderia apoiar o planejamento da iteração seguinte. Por isso, foram realizadas quatro medições, sendo duas em cada iteração. 6.1. O Histórico da Aplicação das Medidas de Software A figura 1 apresenta, de forma resumida, a evolução dos 25 casos de uso, que foram avaliados, ao longo das quatro medições realizadas. 31 Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de Software 25 Número de casos de uso 20 11 11 11 17 15 10 11 14 14 5 8 3 0 Medição 1 Medição 2 Medição 3 Medição 4 Etapas de medição Terminado Em andamento Não iniciado Figura 1 – Os 25 casos de uso avaliados nas quatro medições. Com base na figura 1, podemos observar que: • Na primeira medição, dos 25 casos de uso, 14 estão em andamento e 11 não foram iniciados. • Na segunda medição, dos 25 casos de uso, 3 foram concluídos, 11 estão em andamento e 11 não foram iniciados. • Na terceira medição, dos 25 casos de uso, 8 foram concluídos e 17 estão em andamento. • Na quarta medição, dos 25 casos de uso, 14 estão concluídos e 11 estão em andamento. 6.2. Avaliação do Progresso A tabela 3 apresenta os dados que indicam os valores para a medida de progresso calculada em cada uma das quatro medições realizadas. Tabela 3 - A coleta dos dados da medida de progresso. Iteração Iteração 1 Iteração 2 Medição Data Progresso primeira 21/07/03 29 % segunda 01/08/03 69 % terceira 18/08/03 46 % quarta 28/08/03 73 % Com base nessas informações, podemos definir que: • Na primeira medição não havia informações suficientes que servissem como base para o planejamento dos valores esperados na avaliação. No 32 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico entanto, tinha-se a certeza de que esse progresso estava abaixo do esperado. • Na segunda medição os resultados mostraram que houve uma evolução significativa, mas não foram satisfatórios, pois era esperado um resultado mais expressivo, embora tivesse ocorrido um aumento de 138% com relação à medição anterior. • Na terceira medição o resultado mostrou um decréscimo de 50% com relação à medição anterior. • Na quarta medição o resultado indicou uma melhora de 59% em relação à medição anterior. Assim, ao final da segunda iteração, que corresponde à quarta medição, o progresso apresentou uma evolução significativa de 152% em relação à primeira medição. 6.3. Avaliação do Desempenho A tabela 4 apresenta os dados que indicam os valores para a medida de desempenho calculada em cada uma das quatro medições realizadas. Tabela 4 – Os resultados da coleta dos dados da medida de desempenho. Iteração Iteração 1 Iteração 2 Medição Data Progresso primeira 21/07/03 49 % segunda 01/08/03 65 % terceira 18/08/03 67 % quarta 28/08/03 75 % A medida de desempenho serve como certificadora da medida do progresso, pois sozinha não dá a exata noção do processo como um todo. Por isso, a medida de desempenho foi aplicada nos mesmos momentos que a medida de progresso. Com base nessas informações, podemos observar que: • Ao final da primeira iteração, na medição 2, a medida µ desempenho = 65% mostra que, quando se planeja sem uma fundamentação histórica e se conta somente com o feeling dos principais interessados relevantes, normalmente, o resultado é insatisfatório, pois além de a tecnologia ser uma novidade para grande parte dos desenvolvedores, a falta de um referencial histórico contribui para o mau desempenho. 33 Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de Software • Ao final da segunda iteração, na medição 4, o desempenho apontava um acréscimo de 180% em relação à medição 1, ou seja, µ desempenho = 75%, o que mostra uma evolução na execução do projeto já na primeira iteração, em que o planejamento foi fundamentado em dados históricos. 6.4. Avaliação da Maturidade A tabela 5 apresenta os dados os quais indicam os valores para os tempos encontrados entre um defeito e outro, após cada medição. Tabela 5 – Tempos encontrados entre um defeito e outro. Iteração Iteração 1 Iteração 2 Medição Data Maturidade (horas) primeira 01/12/2003 2 segunda 15/12/2003 4,44 terceira 29/12/2003 7,65 quarta 12/01/2004 17,13 Como não foi definido pelos interessados relevantes, no início do projeto, um conjunto de parâmetros, que serviria como fundamentação para a verificação da qualidade do projeto, nos baseamos no conhecimento adquirido ao longo do desenvolvimento do próprio projeto para definirmos se os dados coletados pela medida atendiam às expectativas do cliente. Com base nos valores encontrados pela medida µ maturidade , podemos definir que: • O intervalo de tempo entre a descoberta de um defeito e outro cresce com um incremento médio de, aproximadamente, 106%. Isso é indício de que o produto está maturando rapidamente com o passar das iterações. • O valor encontrado na medição 4 (17,13 horas) indica uma freqüência média de defeitos; entretanto, esperamos que na próxima iteração essa freqüência de defeitos diminua. • Os erros encontrados a partir da segunda medição tinham duas origens distintas: a primeira foram os novos erros; e a segunda foram os erros detectados em testes anteriores, não corrigidos de forma adequada. • O conjunto de parâmetros, para a verificação da qualidade, é relevante, pois é importante que se defina a quantidade aceitável de erros tanto na fase de testes do produto quanto na fase de pré-produção, ou seja, a fase 34 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico em que o sistema fica em produção por um período, no qual é aceitável uma quantidade mínima de erros. 7. Conclusão Com base nos conceitos apresentados, vimos que a adoção de um conjunto de medidas de software requer que a organização tenha um processo de desenvolvimento de software definido, pois para que essas medidas sejam efetivas e eficientes, a organização precisa estar estruturada e pronta para recebê-las. Neste contexto, propomos um fluxo de atividades a ser aplicado no processo de desenvolvimento de software iterativo e incremental, bem como um conjunto de medidas, para serem aplicadas no intuito de organizar e documentar as atividades, e fundamentar as tomadas de decisões proativas ao longo do ciclo de vida do projeto. Concluindo, este artigo apresentou e embasou a necessidade de se ter um processo de desenvolvimento de software definido, suportado por um fluxo de atividades que auxilie os gerentes de projetos tanto no planejamento e quanto no gerenciamento dos projetos. Apresentou também, em detalhes, um conjunto de medidas de software aplicáveis ao acompanhamento e controle dos projetos. 8. Referências Bechtold, R. (1999), Essentials of software project management, Management concepts. Borges, E. P. (2004), Uma ferramenta de apoio à gestão de medidas para o praxis, disponível em http://www.dcc.ufmg.br/pos/eborges.htm. Champeaux, D. (1997), Object-Oriented Development Process and Metrics, Prentice Hall. Fenton, N. E., Pfleeger, S. L. (1997), Software metrics – A rigorous & practical approach, Thomson publications. Ishigaki, D., Jones, C. (2003), Practical measurement in the rational unified process. White Paper. ISO/IEC JTC1/SC7 12207/PDAM1 – (1999), Software engineering – Life cycle process, Canada, Julho. Kroll, P., Kruchten, P. (2003), The rational unified process made easy, Addison– Wesley. Mcgarry, J., Card, D., Jones, C. et al. (2003), Practical software measurement – Objective information for decision makers, Addison–Wesley. Munson, J. C. (2003), Software engineering measurement, Auerbach publications. Pandian, C. R. (2004), Software metrics: A guide to planning, Analysis and application, Auerbach Publications, 2004. 35 Medidas de Acompanhamento e Controle Aplicadas ao Desenvolvimento de Software PMI – Project Management Institute, (2002), A guide to the project management body of knowledge – PMBoK Guide 2000, Belo Horizonte, v. 1.0, n. 151, 2002. Pressman, R. S. (1994), Software engineering: A practitioner’s approach. McGraw– Hill book company Europe, 3. ed., European adaptation, 1994. Santana, A.C. (2004), Medidas de controle e acompanhamento aplicadas ao desenvolvimento de software, Mestrado, Universidade de Brasília. Sate, M., Humprey E. J., Ohlin M. (2003), Text for ISO/IEC WD 15443-3 – Information technology – Security techniques. Valeriano. D. (2000), Gerenciamento estratégico e administração por projetos. São Paulo: Makron books. 36 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 37 Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade, baseado numa aplicação cliente-servidor J. M. Gonçalves 1 e 2, A. Muga 2, L. S. Pereira2, J. Rolim2, M. G. Horst3 [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 2 1 Escola Superior Agrária de Coimbra, IPC, 3040-316, Coimbra, Portugal Centro de Estudos de Engenharia Rural, ISA, UTL, 1349-017, Lisboa, Portugal 3 SANIIRI, Kаrasu-4, 7000187, Таshkent, Uzbekistan Resumo: Apresenta-se um sistema de apoio à decisão para o projecto e a gestão da rega por gravidade, baseado numa aplicação cliente-servidor. Descreve-se a arquitectura do sistema e as componentes de base de dados e de modelos de simulação. O sistema foi aplicado na Ásia Central, na formulação e avaliação de cenários para o desenvolvimento do regadio, num contexto de escassez de água, demonstrando a utilidade desta aplicação informática. Palavras-chave: sistema de apoio à decisão; rega por gravidade; projecto de rega; gestão da rega; Ásia Central. 1. Introdução O desempenho dos sistemas de rega por gravidade depende basicamente das características do projecto, em particular da adequação e precisão do nivelamento de terras, da dimensão das parcelas, do sistema de distribuição e dos caudais aplicados. Contudo, há factores de carácter operativo, na dependência directa do agricultor, com grande influência naquele desempenho, tais como a conservação do nivelamento de terras, a oportunidade e a duração das regas e a forma de ajustar o esquema de programação das regas à variabilidade do abastecimento de água à parcela. A metodologia dos sistemas de apoio à decisão (SAD) aplicada ao projecto e à gestão permite melhorar a qualidade do processo de decisão, alargando o leque de soluções e aprofundando a sua avaliação e comparação. O SAD desenvolvido intitulado SADREG foi testado na sua função de projecto em vários países e para uma variedade de métodos e práticas (Gonçalves, Horst, Rolim & Muga 2005). Actualmente está a ser melhorado para considerar o 37 Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade, baseado numa aplicação cliente-servidor apoio a decisões de gestão da rega do agricultor, num contexto de curto prazo, tendo em conta restrições nas condições de abastecimento à parcela, as necessidades hídricas da cultura ou a prática de rega deficitária. A base de dados tem a capacidade de se relacionar com modelos de gestão da água ao nível do perímetro de rega, fornecendo informação para a optimização da distribuição da água em redes colectivas. 2. Aplicação Informática O software aplica uma arquitectura por camadas (Figura 1), incluindo i) a interface com o utilizador, a qual está separada da aplicação lógica e apenas responsável pela interacção com o utilizador; ii) a lógica e de simulação, responsável pelos processos de lógica da aplicação, fazendo também a ligação com o motor de simulação; iii) a base de dados, responsável pelo armazenamento e consulta dos dados, concentrando toda a informação necessária e criada pela aplicação. 1ª camada 2ª camada interface com utilizador Aplicação 1º lógica 3ª camada Motor de simulação Base de dados Figura 1 – Arquitectura do SAD A independência destas três camadas permite alterar a base e o motor de dados sem alterar a aplicação. É utilizada tecnologia ODBC aplicando o Microsoft Access sempre que o volume de dados seja reduzido, ou o Microsoft SqlServer quando este volume for muito elevado, dependendo do nível de detalhes pretendido no registo da simulação. A base de dados é relacional e foi normalizada até à terceira forma normal, para impedir inconsistências nos dados, nada sendo mais necessário para não introduzir latência no resto das operações. Na codificação optou-se por uma metodologia de simulação orientada ao evento. Em primeiro lugar faz-se a inicialização do motor de simulação. Após criarse uma lista de acções a realizar, entra-se num ciclo que irá ocorrer enquanto houver eventos para tratar, ou até um instante preestabelecido para tal. O processo 38 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico terminará quando estiverem satisfeitas as condições de fecho do ciclo. É usado o Microsoft Visual Basic 6 para o desenvolvimento da interface gráfico e do simulador e o Microsoft Visual C++ 6 em alguns módulos de cálculo. 3. Modelo de Apoio à Decisão O SADREG é aplicado a parcelas rectangulares, onde se assume válida a uniformidade do tipo de solo e onde se pratica uma dada cultura. Foi desenvolvido principalmente para apoiar o projecto de sistemas de rega ao nível da parcela. Compreende uma componente de concepção (ver Figura 2), que aplica os dados de base relativos à área de aplicação e gera alternativas segundo uma directriz estabelecida pelo utilizador, através de opções de projecto e de nivelamento de terras, e efectua a respectiva avaliação de impactes; e uma componente de selecção, baseada numa análise multicritério, integrando diferentes pontos de vista na apreciação das alternativas, nomeadamente socio-económicos e ambientais. O utilizador, o agente de decisão, participa em todas as fases do processo, como um projectista na fase de concepção, definindo opções de cálculo, e como gestor na de selecção, expressando preferências e prioridades. interface com utilizador opções de nivelamento de terras opções de projecto método de rega sistema de distribuição alimentação e excedentes base de dados (parcela, solo,técnicos, programação das regas) gerar alternativas lista de grupos e alternativas base de dados (simulação hidráulica) se faltam dados de simulação hidráulica insere grava alternativas grava executa SIRMOD termina Figura 2 – Fluxograma do procedimento de projecto Para o objectivo da gestão da rega, são registadas as características do sistema de rega existente e o plano inicial da programação das regas, obtido pela aplicação 39 Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade, baseado numa aplicação cliente-servidor do modelo ISAREG (Cholponkulov, Inchenkova, Pereira & Paredes, 2005), em particular a oportunidade e a dotação das regas (ver Figura 3). sistema de rega PARCELA modelo ISAREG cultura sistema de distribuição programação das regas evento de rega actualiza programação fixa programação dinâmica simulação da rega informação ao utilizador do modo de gestão mais aconselhado entrada de dados relativos às condições actuais de campo próxima rega terminaram as regas ? indicadores de desempenho Figura 3 – Fluxograma do procedimento de gestão da rega O modelo aplicado considera duas opções de condução das regas: a) programação fixa, a aplicar em sistemas de distribuição em que os calendários de distribuição estão pré-fixados, havendo apenas alguma flexibilidade nos volumes a aplicar; b) programação dinâmica, em que os calendários e os volumes são variáveis de acordo com a gestão do sistema de distribuição, sendo necessário aplicar o modelo ISAREG para actualizar, ao longo da campanha, os parâmetros da condução da rega. O modelo considera várias restrições à operação do sistema de rega, tais como o caudal, a duração e a oportunidade de abastecimento de água à parcela, e a disponibilidade da mão-de-obra para operar o sistema. Para cada rega, o modelo simula várias alternativas de gestão que satisfazem os requisitos impostos pelas restrições preestabelecidas. Os parâmetros operativos que caracterizam cada alternativa são o tempo de aplicação e respectivo caudal, a dimensão do sector de rega e a modo de gerir o caudal excedente na extremidade da parcela. O modelo calcula também os impactes da rega na produção, nas situações de défice ou de excesso de água no solo. O utilizador escolhe a solução a adoptar apoiado na avaliação, traduzida nos indicadores de desempenho. A base de dados tem uma organização de acordo com a Figura 4. Refere-se às características das parcelas (dimensão, topografia e infiltração e reserva do solo), da cultura e informação técnica sobre equipamentos, armazenando também os resultados produzidos. 40 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Base de dados agronomicos solo simulação hidráulica clima projectos culturas programação das regas parcelas regadas localização topografia técnicos custos concepção distribuição alternativas operativos outros parâmetros indicadores Figura 4 – Esquemático da organização da base de dados, de acordo com a natureza dos dados O SAD compreende diversos modelos de simulação (Figura 5), constituindo uma base que comunica directamente com a base de dados, de acordo com o controlo da aplicação lógica. Modelos Projecto/Concepção programação de regas ISAREG simulação da rega SIRMOD Selecção funções de valor prioridades sistemas de distribuição pré-análise nivelamento terras Projecto/Avaliação produção análise multicritério SOMA LINEAR ELECTRE custos ambiente Figura 5 – Esquema da organização da base de modelos A aplicação do SADREG segue os seguintes passos: 41 Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade, baseado numa aplicação cliente-servidor • Identificar as características da parcela de rega, objecto de estudo do programa. • Estabelecer o projecto a aplicar na parcela, de acordo as condições de abastecimento de água, cultura, esquema de programação da rega e método de rega. • Estabelecer dados de base a aplicar naquele projecto. • Definir opções no procedimento de concepção (ver Figura 6). • Corre a aplicação para gerar alternativas. • Seleccionar e ordenar as alternativas de acordo com as prioridades expressas pelo utilizador. As estruturas de diálogo do SAD (exemplificadas na Figura 7) têm um papel determinante na eficácia da sua utilização. Este SAD tem características particulares no que respeita à função de projecto e gestão em rega por gravidade, com aplicação de análise multicritério, o que o diferencia de outros sistemas desenvolvidos para esta área da engenharia, tais como para a selecção de sistemas de rega (Lakhani, Stone, Yakawitz & Slack, 1996), para a gestão da rega por gravidade em tempo real (Azevedo, Merckley & Walker, 1996) ou para a programação das regas (Plauborg, Anderson, Heidman & Olesen, 1996). nivelamento de terras método de rega canteiros faixas alimentação contínua contínua extremidade fechada aberta sem reuso lado da alimentação comprimento sistema de distribuição sectores de rega sulcos canal de terra intermitente reuso gravidade reuso bomba lado Y lado X total contínua metade canal revestido 1/3 manga PE gerar grupo de alternativas tubo PVC 0,5 l/s < caudal unitário < 4 l/s Figura 6 – Diagrama representando leque de opções na geração de alternativas 42 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 4. Aplicação na Ásia Central: formulação de cenários para o desenvolvimento do regadio O SADREG foi aplicado na Bacia do Mar de Aral para efeito de formulação e avaliação de cenários para o desenvolvimento do regadio, numa área onde a escassez de água é muito grande e onde é prioritária a sua poupança na agricultura. Foram desenvolvidos ensaios de campo no vale de Fergana, no Uzbequistão, o que permitiu validar e parametrizar os modelos ISAREG e SIRMOD (ISED, 1989) antes da sua aplicação (Horst, Shamutalov, Pereira & Gonçalves, 2005). As parcelas de regadio mais representativas na área de estudo têm as características das Tabela 1 e foram consideradas nove parcelas características com base naquelas dimensões e nas classes de infiltrabilidade do solo. 43 Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade, baseado numa aplicação cliente-servidor Figura 7 – exemplos de estruturas de diálogo Os cenários considerados referem-se à implementação de soluções técnicas para resolver os problemas da rega ao nível da parcela, relacionados com a programação das regas, o nivelamento dos terrenos, o controlo dos caudais de alimentação e excedentes. A situação actual (representada pelo projecto P1) é caracterizada por um consumo excessivo de água, em virtude desta ser paga apenas em função da área regada e não do volume efectivamente gasto. Esta política induz os agricultores a não fazer investimentos em estruturas e equipamentos (tais como nivelamento de terras e condutas) que potencializam a poupança de água e a adoptar práticas de uso excessivo para garantir maior segurança em caso de escassez na distribuição. Tabela 1 – Parcelas mais representativas, de acordo a dimensão dimensão área (ha) comprimento (m) água utilizável (mm/m) largura (m) declive (%) grande 20 400 150 500 0.25 média 10 400 150 250 0.25 pequena 6 300 150 200 0.25 Tabela 2 – Síntese das características do cenários (projectos) projecto programação das regas espaçamento de sulcos regados (m) nivelamento de terras regime da alimentação situação P1 excessiva 0.90 não contínua actual P2 óptima 0.90 sim contínua melhorada P3 óptima 1.80 sim contínua melhorada P4 deficitária 0.90 sim contínua melhorada P5 deficitária 1.80 sim contínua melhorada P6 óptima 0.90 sim intermitente melhorada P7 óptima 1.80 sim intermitente melhorada P8 deficitária 0.90 sim intermitente melhorada P9 deficitária 1.80 sim intermitente melhorada Estes cenários correspondem a projectos na aplicação do programa, os quais são gerados pelo utilizador através da combinação conveniente das variáveis de decisão, de acordo com a Tabela 2. Foi considerado em todo o estudo a cultura do algodão. A ordenação dos projectos está relacionada com o seu nível de 44 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico complexidade, incluindo o da sua operacionalidade. A aplicação da rega intermitente, deficitária e em sulcos alternados (espaçamento de 1.80m) aumenta o potencial de poupança de água mas é mais exigente na forma de operar o sistema, por tornar mais arriscado défices hídricos danosos para a produção da cultura. Por este motivo, os agricultores têm tendência em aplicar doses excessivas, conduzindo a perdas significativas de água. A aplicação do SADREG às parcelas e projectos descritos gerou um muito grande número de alternativas, tornando inviável a apreciação individualizada pelo utilizador. O SAD faz a triagem destes resultados, seleccionando as alternativas que são satisfatórias, de acordo com preferências expressas pelo utilizador, e procede à sua selecção por análise multicritério. Exemplificam-se os resultados para a parcela média (infiltrabilidade normal e dimensão 400x250m). A análise de sensibilidade às prioridades do decisor considerou as três situações seguintes: • Balanço entre ponto de vista ambiental e económico. • Prioridade ao ponto de vista ambiental, em particular à poupança de água. • Prioridade ao ponto de vista económico. Figura 8 – Utilidades globais dos projectos, de acordo com a atitude do decisor, expressa pelas suas prioridades de decisão. O desempenho dos projectos expressa pela utilidade global está expressa na Figura 8. Os resultados permitiram obter as seguintes conclusões: • A solução correspondente ao nivelamento dos terrenos, rega contínua e sulcos alternados foi a que obteve melhores resultados globais (P5). • A situação actual (P1) tem um mau resultado ambiental mas um valor global satisfatório, dado o baixo custo da água. • A comparação entre rega contínua e intermitente depende do custo e disponibilidade da mão-de-obra, sendo de prever a viabilidade da rega intermitente à medida que este factor de produção se torne mais oneroso. 45 Um sistema de apoio à decisão para projecto e gestão de rega por gravidade, baseado numa aplicação cliente-servidor 5. Conclusões O sistema de apoio à decisão descrito nesta comunicação demonstra a boa adequação desta metodologia na problemática do projecto e gestão da rega por gravidade, permitindo melhorar a qualidade do processo de decisão, através do uso integrado de dados, modelos de simulação e conhecimento do utilizador. Em primeiro lugar porque aumenta o leque de soluções alternativas em análise e melhora os procedimentos de avaliação de impactes; em segundo lugar, porque facilita a aprendizagem e a participação do utilizador através das estruturas gráficas de diálogo; finalmente porque facilita o processo de selecção através das potencialidades da análise multicritério. A aplicação ao caso de estudo de Fergana, Uzbequistão, serve de ilustração à valia deste instrumento informático. Referências Azevedo, C. V., Merckley G. P. & Walker W. R. (1996). The SIRTOM Software: A Real-Time Surface Irrigation DSS, 6th Intern. Conf. Computers in Agriculture, ASAE, St. Joseph, pp.872-884. Cholponkulov E. D., Inchenkova O. P., Pereira L. S. & Paredes P. (2005). Calibration and validation of ISAREG model for cotton and winter wheat in Central Asia. In: Pereira L.S., Dukhovny V.A. & Horst M. G. (Eds.) Irrigation Management for Combating Desertification in the Aral Sea Basin. Assessment and Tools. Tashkent: Vita Colour Publish. Gonçalves J. M., Horst M., Rolim J. & Muga A. (2005). SADREG, a DSS for surface irrigation. In: Pereira L. S., Dukhovny V. A. & Horst M. G. (Eds.). Irrigation Management for Combating Desertification in the Aral Sea basin. Assessment and Tools. Tashkent: Vita Color Publisher. Horst M.G., Shamutalov, Sh.S., Pereira L.S. & Gonçalves J.M. (2005). Field assessment of the water saving potential with furrow irrigation in Fergana, Aral Sea Basin. Agricultural Water Management 77: 210-231. ISED (1989). SIRMOD, Surface Irrigation Simulation Software User’s Guide. Logan: Utah St. Univ. Lakhani M. B., Stone J., Yakawitz D. S. & Slack D. C. (1996). Decision Support System for Irrigation System Selection, ASAE Paper nº 96-2018. Plauborg, F., Anderson M. N., Heidman T. & Olesen J. E. (1996). MARKVAND: A Decision Suport System for Irrigation Scheduling. In: Camp, C. R., Sadler E. J. & Yoder R. E. (Eds) Evapotranspiration and Irrigation Scheduling. ASAE/IA/ICID, San Antonio, pp. 527-535. 46 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 47 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario Pedro Pérez Celis [email protected] Universidad Pontificia Comillas, STIC, C/Alberto Aguilera 23, 28015, Madrid, España. Resumen: Nos encontramos ante un problema de índole global al mundo universitario consistente en el diseño de un modelo optimizado de sistema de información (SI/TI) para la formación a través de Internet, capaz de utilizar las enormes posibilidades que ofrecen las TIC en los procesos de enseñanza – aprendizaje, tanto en su modalidad presencial como virtual y actuar como motor para avanzar en el cambio de paradigma de la educación universitaria, en respuesta a los retos que se desprenden de la globalización en la nueva sociedad del conocimiento y de la creación del nuevo Espacio Europeo de Educación Superior. Nuestro objetivo consiste en abordar primero este problema de forma teórica, desde una perspectiva general y posteriormente poder probar su eficacia de forma empírica, aplicándolo a un contexto específico como el de la Universidad Pontificia Comillas. Palabras clave: e-Learning; LCMS; formación online; objetos de aprendizaje. 1. Introducción. El impacto de las nuevas tecnologías sobre la formación es duradero, profundo y perturbador, para todos los agentes de la formación. Conscientes de estos cambios, las grandes empresas e instituciones dedicadas a la educación invierten, crean y ponen en práctica nuevos enfoques y nuevos recursos apoyados en las TIC. Es necesario acometer un proceso de reingeniería de la formación en todos los sentidos, tanto a nivel técnico, como pedagógico y administrativo que permita, por un lado, un posicionamiento en el nuevo mercado de la formación a distancia con las mayores garantías posibles y por otro, un mejor aprovechamiento de las TIC en los procesos educativos que se traduzca en una mejora en la calidad de la enseñanza. 47 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario Este cambio en los procesos educativos se percibe de forma más intensa en el momento actual que vive la Universidad Española en su conjunto, con el nacimiento del nuevo Espacio Europeo de Educación Superior (EEES) [EEES03]. En esta compleja carrera institucional por parte de las universidades para obtener la acreditación de las titulaciones que imparten y la obtención de la mención de excelencia, entendemos que es imprescindible la incorporación de la TIC a la metodología docente. La unión de estos dos factores, el desarrollo del EEES y la incorporación y extensión del uso de las TIC, nos conduce a la inexcusable reformulación del papel y práctica pedagógica del docente, reorientándola hacia el pretendido desarrollo de las destrezas y potencialidades cognitivas del alumno. En este sentido, las TIC facilitan el desarrollo de una acción formativa flexible, centrada en el estudiante y adaptada a sus características y necesidades, con un seguimiento individualizado y continuo de los alumnos. En el marco que se está planteando, el éxito de las TIC en la enseñanza superior requiere, no solo una apuesta decidida desde el punto de vista institucional, sino además un incuestionable esfuerzo de adaptación por parte del profesorado y del alumnado a los nuevos modos de aprendizaje. Si la problemática surgida hasta el momento la trasladamos al contexto particular de la Universidad Pontificia Comillas (UPComillas), podemos evidenciar de forma clara el problema a tratar, así como su relevancia y justificación. Nos encontramos ante un problema de índole global al mundo universitario consistente en el diseño de un modelo optimizado de sistema de información (SI/TI) para la formación, capaz de utilizar las enormes posibilidades que ofrecen las TIC en los procesos de enseñanza - aprendizaje tanto en su modalidad presencial como virtual, y al mismo tiempo que permita integrarse con el resto de los procesos existentes en el entorno académico, (gestión académica, recursos humanos, gestión económica, etc.), convirtiéndose en una pieza clave del sistema de información general de la universidad donde se implante. Nuestro objetivo consiste en abordar primero este problema de forma teórica, desde una perspectiva general y posteriormente poder probar su eficacia de forma empírica, aplicándolo a un contexto específico como el de la Universidad Pontificia Comillas. 2. Definición del modelo Después de realizar un amplio estudio de distintos sistemas y plataformas de aprendizaje comerciales utilizadas en otros centros de educación y haber mantenido relaciones con otras universidades y empresas relacionadas con el mundo del elearning, se llegó a la conclusión de que debido al elevado coste de las licencias comerciales, a la falta de definición de estándares, la dificultad de integración de estas plataformas con los sistemas existentes y a los problemas de personalización y adaptación, existía un gran riesgo a la hora de decantarse por una plataforma 48 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico comercial. Si a este problema le añadimos la circunstancia de que hoy por hoy, el mercado del e-learning tiene un retorno de la inversión incierto, podemos casi afirmar que actualmente es más recomendable, si se cuentan con los medios técnicos y humanos necesarios, comenzar diseñando un modelo de sistema propio, sencillo, capaz de adaptarse a nuestras necesidades reales de trabajo y que se integre con el resto de servicios y tecnologías existentes. Una vez definido las funcionalidades principales del modelo, suele ser recomendable complementar los servicios ofrecidos por el sistema, incorporando nuevos módulos y herramientas basadas en desarrollos comerciales o software libre, en todas aquellas áreas donde se vea claro que el mercado puede ofrecer una solución más abierta y más compatible que la desarrollada de forma particular. De forma paralela al desarrollo propietario del sistema, es necesario profundizar en el estudio de estándares que permitan la interconexión con otros entornos semejantes al nuestro. Además, siempre hay que estar preparado para poder asumir una futura migración a otros sistemas si el mercado llegara a exigirlo. Con estas premisas, el esquema lógico del modelo de sistema de formación propuesto se compone de tres módulos fundamentales (véase figura 1). Figura 1 – Modelo lógico del Sistema de Formación online El módulo central, consistente en el sistema e-learning propiamente dicho, se compone de dos elementos básicos (Gil, 2001): la plataforma de aprendizaje Learning Content Management Systems (LCMS), la plataforma de colaboración o aplicación de trabajo en grupo (ATG). La plataforma de aprendizaje, su objetivo es el permitir crear, gestionar y distribuir los cursos a través de Internet, así como garantizar el seguimiento de estos por parte de los alumnos. Para conseguir este fin, en nuestro modelo particular que 49 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario aquí estamos estudiando, la plataforma de aprendizaje dispone de varios módulos relacionados entre sí: • • • • • • • • • • 50 Módulo gestor de datos: este módulo está formado por una base de datos relacional en la que se guardan la relación de contenidos del curso, el seguimiento personalizado de los alumnos, usuarios y derechos, en definitiva todos aquellos datos que permiten la administración propia del curso. Repositorio de objetos de aprendizaje Learning Objects (LO). (Porto, 2004) Módulo de autor: este módulo es el que utiliza el profesor o administrador del curso para publicar y gestionar los materiales educativos que componen el curso. Dispone de dos formas de funcionamiento una libre y otra guiada que se adapta a los conocimientos informáticos del creador del curso. Este módulo está íntimamente relacionado con el repositorio de objetos. Módulo de referencias y acceso a bases de datos: este módulo se encarga de permitir el acceso a catálogos bibliotecarios, directorios, bases documentales, etc., así como brindar la posibilidad de incluir glosarios de términos, bibliografías, anexos, etc. en cada uno de los cursos. Módulo de evaluación: este módulo se encarga de permitir al profesor gestionar todos los ejercicios y pruebas de evaluación, de permitir al alumno presentar los ejercicios y ver su evolución en el curso y de permitir al profesor gestionar todo lo referente a calificaciones, actas, etc. Módulo de comunicación: dentro de este apartado se incluyen las herramientas asíncronas (correo, foros, tablones…) que permiten la relación alumno-profesor. También este módulo es capaz de integrarse con las herramientas síncronas disponibles en la plataforma de colaboración. Módulo de seguimiento: permite ver la evolución del alumno (actividades realizadas, tiempos, etc.), durante la realización del curso. Módulo de secretaría: en este módulo se engloban aquellas herramientas que se utilizan para realizar los procesos de inscripción, listas, gestión del expediente académico, horarios, planes de estudio, etc. Módulo de seguridad: permite gestionar usuarios, perfiles, derechos, etc. Módulo de estadísticas: permite generar informes de utilización de la plataforma (número de accesos, servicios utilizados, tiempos, ...) Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico La plataforma de colaboración tiene por objetivo transferir al mundo de Internet la lógica de la clase presencial. Permitir a un formador animar a distancia y en tiempo real una clase de n alumnos repartidos por todo el mundo, con la funcionalidad eficaz que permita aproximarse al máximo a las posibilidades de animación existentes en un régimen presencial. En este campo nosotros incluimos servicios tales como: chat, pizarras electrónicas, transferencia de ficheros, compartición de aplicaciones, preguntas en línea, toma de decisiones, votaciones, etc. En el mercado existen productos1 que tienen integradas estos servicios en mayor o menor medida y que se pueden adaptar a nuestra plataforma de aprendizaje (Marcelo, 2002). Dentro de la plataforma de colaboración en nuestro sistema también se incluyen todos los servicios necesarios para la emisión de eventos mediante streaming de vídeo tanto en directo como en diferido. Si volvemos a revisar el esquema lógico del sistema mostrado en la figura 1, vemos que apoyando al sistema elearning aparecen dos módulos más: uno de gestión y otro de estandarización. El primero de ellos es imprescindible en el momento de implantar un sistema con estas características en un entorno tan amplio y heterogéneo como el existente en una universidad con miles de alumnos y profesores. Para conseguir una implantación exitosa que involucre a todo el personal de la universidad: alumnos, profesores, personal administrativo y responsables académicos, es necesario disponer de los mecanismos necesarios para que nuestra plataforma se integre y sea capaz de interactuar de forma óptima con el resto de los sistemas de información y procesos administrativos existentes en la organización. Finalmente, si pretendemos que un sistema de formación basado en Internet o Web based Training (WBT) sea capaz de ser competitivo y mantenerse en el tiempo sin quedar obsoleto, es necesario que esté basado en tecnologías que se apoyen en estándares. En el caso particular del sistema que aquí estamos describiendo, los estándares que se ha seguido son (véase referencias LTSC/IEEE 1484.12.1, IMS 2004, McClelland, 2003 y SCORM 2004): • • • 3. 1 IEEE 1484.12.1-2002, Learning Object Metadata Standard (LOM) ADL- Shareable Content Reference Model (SCORM) IMS Global Learning Consortium, Inc Organización de los contenidos Herramientas de colaboración: BSCW (http://bscw.gmd.de ), PlaceWare (Live Meeting) (http://www.placeware.com), Symposium CENTRA 7 (http://www.centra.com), Macromedia Breeze (http://www.macromedia.com), Microsoft SharePoint Portal Server 2003. 51 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario Uno de los puntos más relevantes de la plataforma es la forma de organizar los contenidos. Para ello se basa en tres conceptos básicos: el uso de objetos de aprendizaje, la utilización de metadatos para favorecer la búsqueda y etiquetado de objetos de aprendizaje y el uso de trayectorias modulares. 03.1. Contenidos granularizados y objetos de aprendizaje Imaginemos una biblioteca de fichas en la que cada ficha señalara a un recurso escrito, gráfico, visual, sonoro, etc. y a la vez fuera objeto de una indexación tan rigurosa como la existente en una base de datos relacional. Supongamos también que los recursos pudieran estar a disposición del usuario de forma independientemente y que dependiendo de sus preferencias o de la naturaleza del contenido, los recursos que componen el programa de formación pudieran ser objeto de diversos modos de aprendizaje en cuanto a estrategias didácticas y en cuanto a diversidad de soportes: Internet, Intranet, CD-ROM, impreso en papel, etc. Este escenario es lo que caracteriza el concepto de granularización. En efecto, una vez que un contenido de cualquier tipo concebido se encuentra organizado en secuencias elementales, autónomas y coherentes, todo o parte de ese contenido puede ser integrado en un gran número de combinaciones multiuso y multisoporte tal y como se explica a través de la teoría de las 5Ms. (Gil, 2001). Al establecer concretamente la lógica del acceso múltiple a la formación, la granularización permite responder a las diversas demandas en un marco de soluciones flexibles. El objetivo consiste en dar al usuario final los medios de acceder al recurso en las mejores condiciones (espacio, tiempo, modo de aprendizaje,…) sin preocuparse de la forma con que el proveedor ha elaborado y tratado el contenido. Resumiendo, podemos decir que el resultado final que se consigue con la granularización de contenidos consiste en disponer de toda o parte de la materia de un curso dividida en unidades elementales, denominadas objetos de aprendizaje LO (Pitkanen, 2004), los cuales permiten un acceso individualizado. Estos objetos, con el fin de poder reutilizarlos y acceder a ellos de forma más flexible, se encuentran perfectamente etiquetados mediante el uso de metadatos (McClelland, 2003). Además, al estar el contenido indexado, se puede agrupar en unidades mayores (módulos y temas), que pueden combinarse entre sí dando origen a los distintos programas y trayectorias de formación que mejor se adaptan a cada individuo. El uso de objetos de aprendizaje facilita enormemente la reutilización de material formativo (Koppi, 2004), siendo esto la base para la estandarización de contenidos e interconexión entre distintos LCMS. 13.2. Trayectorias Modulares Dentro del marco de la teleformación, tan importante como el propio contenido a transmitir, es el método o métodos de aprendizaje y la actividad pedagógica que permiten una fácil asimilación de ese contenido a través de trayectorias modulares y diversificadas. 52 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico El objetivo de las trayectorias modulares consiste en un desglose del contenido en secuencias elementales obtenidas mediante agrupación de objetos (Agüera, 2002), basándose en unos principios generales que se pueden describir de la siguiente manera: • Definición de los requisitos previos para seguir esa secuencia. • Definición de los recursos correspondientes (colección de objetos) que componen la secuencia. • Definición de los elementos de interactividad que se incorporarán en la secuencia. • Selección de las distintas estrategias pedagógicas y métodos de comunicación que se emplearán durante la puesta en escena de la secuencia. • Control y validación de los conocimientos adquiridos en la secuencia. Cada secuencia elemental corresponde a un objetivo pedagógico muy preciso que contiene las actividades pedagógicas apropiadas y didácticamente articuladas. Un conjunto de secuencias elementales permite componer un módulo coherente de formación. En este módulo, las secuencias están enlazadas unas con otras mediante test y pruebas de evaluación y/o auto-evaluación que hacen posible medir la progresión del aprendiz y evaluarla. Por último, una combinación de módulos define una trayectoria completa e individualizada de formación y la unión de las distintas trayectorias representan los distintos cursos o asignaturas. De una forma gráfica, los conceptos de granularización y uso de trayectorias modulares en los que se base nuestro modelo, los podemos representar a través de la siguiente figura: Figura 2. Granularización y uso de trayectorias modulares 53 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario Unido a esta estructura de contenidos, el sistema permite la posibilidad de ir incorporando otros elementos (esquemas, índices, glosarios, bibliografías, etc.) que complementen la información del curso. Desde el punto de vista pedagógico, los contenidos podemos ir integrándolos con las estrategias didácticas, las técnicas de trabajo cooperativo y los servicios de comunicación disponibles tanto síncronos como asíncronos. En paralelo con esta organización de los contenidos, el sistema proporciona las distintas herramientas encargadas de la gestión, administración y transmisión de tales contenidos. Finalmente, una vez comenzado a impartirse el curso, el sistema origina una gran cantidad de información correspondiente al material curricular, seguimiento de los alumnos, informes estadísticos, etc. La unión de estos elementos es lo que denominamos espacio virtual del curso. 4. • • • Resumen de las características más relevantes del modelo. El modelo planteado nos define un sistema LCMS (Learning Content Management System.) basado en la granularización y en el uso de objetos de aprendizaje. El modelo propuesto está formado por cinco módulos fundamentales: la plataforma de aprendizaje (LMS), la plataforma de colaboración (ATG), el módulo de autor, el módulo de seguridad y gestión administrativa y el módulo de estandarización. Las funcionalidades que ofrece el sistema se han organizado en las siguientes categorías o escenarios de aplicación: 1. Creación y gestión de materiales formativos. 2. Herramientas de publicación y planificación contenidos. 3. Comunicación. 4. Trabajo cooperativo. 5. Evaluación y seguimiento del alumno. 6. Referencias, anexos, y bibliografía. 7. Gestión administrativa y estadísticas. 8. Estandarización e interconexión con otros sistemas. • • de La unión de todas estas funcionalidades permite definir un espacio virtual, donde los contenidos del curso se integran fácilmente con las estrategias didácticas, las técnicas de trabajo cooperativo y los procesos de evaluación y seguimiento que requiera el profesor para impartir la materia a través de este nuevo medio que es Internet. Los contenidos se diseñan granularmente utilizando objetos de aprendizaje organizados a través de trayectorias modulares. Pudiéndose reutilizar y 54 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • • • • • • compartir los contenidos con otros profesores y otros cursos. (Repositorio de contenidos u objetos de aprendizaje). La seguridad y administración está basada en perfiles, quedando representados en el sistema de una forma individualizada todos los actores que intervienen en el proceso formativo: profesores, alumnos, tutores, administración, personal técnico, etc. El sistema ofrece la posibilidad de adecuarse a cualquier modalidad de enseñanza - aprendizaje: presencial, semipresencial, blended elearning, formación online, etc. Pudiéndose adecuar tanto las funcionalidades como el diseño a las necesidades específicas de la modalidad seleccionada. Además, el modelo está pensado para ser utilizado de forma gradual por parte de los profesores. Es posible comenzar a usar el sistema sin la necesidad de tener conocimientos técnicos y posteriormente, una vez formado, ampliar su uso añadiendo progresivamente los distintos recursos ofrecidos. La organización y disposición de los servicios se ha pensando siguiendo rigurosos criterios de usabilidad tanto desde el punto de vista del diseño como de la arquitectura de la información. Pensando en todo momento en los usuarios a los que va dirigido el sistema, tanto desde el punto de vista del docente como del alumno. Desde el punto de vista técnico, el modelo es totalmente flexible pudiéndose implementar utilizando cualquier arquitectura software basada en Internet. En nuestro caso particular, por motivos de compatibilidad con el resto de sistemas y aplicaciones con las que se tiene que integrar dentro de las instalaciones de la UPComillas, se ha utilizado para su implementación tecnología Microsoft, tanto a nivel de servidores (S.O., bases de datos,..) como a nivel de programación. Desde el punto de vista pedagógico, el diseño final del sistema y sus funcionalidades se han ido reforzando progresivamente apoyándose en las ideas y sugerencias propuestas por pedagogos y profesores que han ido utilizando la plataforma a lo largo de las distintas fases de su desarrollo e implantación. Esta circunstancia ha permitido adecuar el modelo a las necesidades reales de alumnos y docentes dentro del entorno universitario. Necesidades muy distintas a las del mundo empresarial. Desde el punto de vista de gestión y administrativo. El sistema se ha diseñado para permitir una integración total de la plataforma con el resto de los sistemas existentes en la universidad, (gestión académica, gestión del personal y recursos humanos, matriculación y facturación, etc.), y para ofrecer una gestión distribuida en la que participen los distintos miembros de la comunidad universitaria que intervienen en el proceso educativo (decanatos, directores departamento, jefes de estudio, coordinadores, profesores, secretaría, STIC, soporte técnico – pedagógico, etc.). 55 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario 5. Implantación del sistema: resultados obtenidos. 5.1 Fases de la implantación. El proceso de implantación y su posterior explotación del sistema que se presenta en este artículo se lleva desarrollando en la UPComillas desde el curso 2001-02 dentro del proyecto Punto Omega (Hernández, 2002), pudiéndose diferenciar varias fases: • Fase previa: Se desarrolló durante el curso 2001-02 y en ella se analizaron aspectos como la necesidad de potenciar el uso de las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TIC) en la UPComillas, su viabilidad y las acciones posteriores que habría que llevar a cabo. • Fase de inicio: Como consecuencia, se iniciaron actividades que, principalmente fueron: a) Acciones de tipo técnico-informático: • Análisis de los recursos de que dispone o puede disponer la UPComillas. • Análisis de distintas plataformas que ofrece el mercado, de sus ventajas y de sus inconvenientes. • Análisis la viabilidad de crear una plataforma propia que cubriera los requerimientos tanto de alumnos como de profesores. b) Acciones de tipo formativo (de cara a los docentes): • Se contempló la necesidad de formar a profesores y alumnos que vayan a utilizar estos recursos. • Fase de diseño de la plataforma SIFO: a) Se decidió la creación de una plataforma propia, que se denominó Plataforma SIFO (Solución Integral para la Formación On-line). b) Se realizó una primera versión de la Plataforma SIFO (Enero-Junio 2001); se lleva a cabo el curso “Enseñar para comprender”, en el que participaron todos los miembros del Proyecto Punto Omega para evaluar la Plataforma (Abril-Julio 2001); se realizó una auditoría externa (empresa Icon MediaLab). c) Esta fase concluyó con la presentación de la Plataforma SIFO como recurso para la docencia universitaria. • Fase de puesta en práctica experimental de SIFO (curso 2002-03): Una vez diseñada SIFO, se llevaron a cabo acciones para: 56 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico a) Formar a un grupo reducido de profesores para el rediseño instruccional inherente al cambio de metodología como el que se proponía. b) Analizar la viabilidad de la Plataforma SIFO. c) Analizar los resultados desde el punto de vista pedagógico y de los usuarios. Estas acciones fueron: a) Cursos formativos para los profesores de la UPComillas, a cargo del Instituto de Ciencias de la Educación (ICE). b) Puesta en práctica de acciones diseñadas expresamente y desde sus inicios para usar la Plataforma SIFO. Para ello se contó con un Equipo de Asesores Psicopedagógicos. c) Adaptación del Master en Migraciones a distancia (que la UPComillas desarrollaba en esos momentos) a la Plataforma SIFO. d) Desarrollo de manuales que facilitaran el uso de SIFO. • Fase de consolidación (curso 2003-04): a) Mejora de las dificultades detectadas y estudio de los estándares de elearning de plataformas comerciales para hacer compatible SIFO con éstas y potenciar la exportación de los productos. b) Establecimiento de estándares en relación con la imagen institucional de la Universidad. c) Análisis de las acciones de e-learning en otras universidades. d) Proyectos conjuntos con otras universidades (FERE, Ausjal, UTA, proyecto Decknowl , Master Erasmus Mundos EMIN, …) e) Al finalizar el curso 2003-04 una vez conseguido el uso extensivo del sistema por parte de toda la comunidad universitaria, se ve la necesidad de definir dos líneas independientes de utilización de la plataforma: formación on-line y/o semipresencial y apoyo a la formación presencial. • Momento actual: En la actualidad se ha conseguido que SIFO sea el sistema elearning que da soporte a todas las actividades formativas de la UPComillas y durante el curso académico actual más del 80% del personal es usuario asiduo del sistema, valores muy superiores a los mostrados en la mayoría de las universidades españolas. También actualmente se está trabajando en los siguientes aspectos: a) Elaboración de un manual de orientación pedagógica, para usuarios SIFO. b) Elaboración de criterios de evaluación técnicos y psicopedagógicos comunes a todas las acciones en SIFO. 57 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario c) Creación de un grupo de investigación en TIC, con carácter multidepartamental e interfacultativo y cuyos resultados tengan aplicabilidad tanto en la propia Universidad como fuera de ella. 5.2 Resultados obtenidos Con el fin de evaluar los distintos aspectos de la plataforma se han utilizado tres técnicas: • • • Análisis del diseño mediante un "Estudio de Usabilidad" (Nielsen, 2000) Valoración de las funcionalidades por un “grupo de expertos” (Metodología Delphi) Análisis estadístico de la plataforma para ver su eficiencia y eficacia. A continuación se muestra un resumen estadístico de la evolución de SIFO: Si analizamos la evolución de la plataforma desde su implantación, vemos claramente que se ha producido un comportamiento al alza en el uso de la misma. Tabla 1 – Evolución del número de cursos y usuarios del sistema. En el ámbito de apoyo a la formación presencial, se ha pasado de una utilización exclusiva por parte de un grupo reducido de profesores y alumnos a una utilización masiva, en la que participa prácticamente toda la universidad. En el área de la formación totalmente a distancia o formación on-line el crecimiento ha sido menor. A pesar de todo, siempre se ha ido incrementando tanto en el número de usuarios como de cursos ofrecidos. 58 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figura 3 – Evolución en el número de conexiones Analizando la evolución del número de conexiones vemos que cada año duplicamos en promedio el número de conexiones con respecto al anterior. Esto nos lleva a obtener unas conclusiones semejantes a las expuestas en la tabla 1. La utilización de la plataforma ha evolucionado enormemente en los últimos tres años y actualmente se ha consolidado como un sistema estable empleado de forma asidua por la comunidad universitaria. Figura 4 – Evolución del tiempo medio de conexión Analizando los resultados de la figura 4 observamos que el tiempo medio de conexión se mantiene a lo largo de todo el periodo cercano a los veinte minutos. Este dato, unido a los resultados de la figura 3, representa un indicador muy bueno del grado de utilización del sistema. El número de conexiones aumentó progresivamente y sin embargo el tiempo medio de conexión se mantiene en una cifra muy alta, no ha bajado en ningún momento. Esto nos indica que los usuarios están haciendo un uso real de la plataforma; veinte minutos en Internet se considera un tiempo de conexión bastante elevado. También podemos observar cómo el tiempo medio de utilización de la plataforma es más elevado por parte del profesor que de los alumnos, casi el doble. Este dato en principio es lógico, pues los profesores en el modelo actual de enseñanza que se está utilizando en la Universidad, en la mayoría de los casos, son los encargados de diseñar los 59 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario contenidos y de realizar el seguimiento de los mismos, necesitando para ello una mayor dedicación. Por otro lado, los alumnos on-line permanecen más tiempo conectados que los presenciales, datos que confirman la mayor utilización en promedio de la plataforma por parte de los alumnos on-line. Figura 5 - Comparativa del tiempo total utilizado por grupo de servicios y perfil de alumno. Si agrupamos los servicios por grupos o categorías y analizamos su utilización en función del tipo de alumno, observamos que los alumnos a distancia utilizan mucho más las herramientas de comunicación y evaluación que el resto, mientras que los presenciales se dedican fundamentalmente a descargar materiales desde la red y estudiar contenidos y a utilizar su zona personal. 6. Conclusiones. Haciendo una valoración global de los resultados obtenidos, podemos concluir diciendo que, el modelo propuesto está siendo un éxito en cuanto a utilización e integración con los procesos de enseñanza de la Universidad. En menos de tres años se ha conseguido que más del 80 % del personal sea usuario asiduo del sistema, valores muy superiores a los mostrados en otras universidades españolas. Sin embargo, si hacemos una valoración en términos del tipo de utilización que se hace del sistema diseñado, observamos que en la mayoría de los casos la utilización mayoritaria se basa en el uso del sistema como repositorio de documentos y como forma básica de comunicación entre profesores y alumnos. Aún son pocas las experiencias donde realmente se llegue a utilizar el potencial real de la plataforma. Esto nos confirma la decisión anteriormente comentada, es preferible partir de un sistema a medida, fácil de usar y que se integre con los procesos universitarios de forma que sea útil para todos los miembros de la universidad. Y donde realmente hay emplear los mayores esfuerzos es en conseguir que los materiales formativos y los métodos empleados para elaborarlos y posteriormente transmitirlos sean cada vez de mayor calidad y más usables. Esto nos obliga por un lado, a seguir investigando en nuevas técnicas que mejoren el modelo inicial y que ayuden a 60 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico optimizar la enseñanza virtual, haciéndola cada vez más eficaz, y por otro, a poner en marcha una campaña de formación del personal de la universidad que permita paulatinamente que cada vez más miembros comiencen a utilizar las TIC y participen de forma más activa en los procesos de enseñanza - aprendizaje a través de la Web. Fuentes de localización de información referentes a la plataforma SIFO: • Acceso a la plataforma: http://www.upcomillas.es/sifo • Manuales, FAQ, referencias y oferta educativa: http://www.upcomillas.es/innovacioneducativa/ Referencias. Agüera, A. S., Morales, R., Díaz, A., Zarate C. y Quintana, G.(2002) Arquitectura de un sistema de capacitación en web basado en objetos reusables de aprendizaje. Boletín IIE, enero-febrero 2002. Bou, G., Trinidad, C. y Huguet, Ll. (2004). e-learning. ANAYA Multimedia, Madrid. [EEES03] “La integracion del Sistema Universitario Español en el Espacio Europeo de Enseñanza Superior. Documento-Marco.” Ministerio de Educación, Cultura y Deporte. Febrero 2003. http://www.uc3m.es/uc3m/gral/IG/NOR/UNIV/documentomarco.html Gil, Philippe (2001). E-Formación. Ediciones Deusto, S.A., Bilbao Hernández Franco, V. (2002). Proyecto Punto Omega. Desarrollo de las aplicaciones educativas de las TIC en la UPCO. Revista Miscelánea Comillas. Vol. 60 nº 117, 787-817. Julio – diciembre 2002. IMS Learning Resource Meta-Data Specification: Versión 1.3 Final Specification. IMS Global Learning Consortium, 2004. http://www.imsproject.org/metadata/index.html Koppi, T., Boggle,L. y Boogle,M. (2004). Learning objects, repositories, sharing and reusability. Open Learning; Feb2005, Vol. 20 Issue 1, p83-91, 9p LTSC/IEEE 1484.12.1 LOM data model Standard Draft Standard for Learning Technology—Learning Technology Systems Architecture (LTSA). Learning Technology Standards Committee. IEEE Computer Society, 2002. http://ltsc.ieee.org/doc/wg12/LOM_1484_12_1_v1_Final_Draft.pdf 61 Sistema Integral para la Formación Online (SIFO): Aplicación al ámbito universitario Marcelo, C.; Puente, D.; Ballesteros, M.A. y Palazón, A (2002). e-Learning Teleform@ción. Diseño, desarrollo y evaluación de la formación a través de Internet. Ediciones Gestión 2000, S.A. Barcelona. McClelland, M. (2003). Metadata standards for educational resources. Computer , vol.36, no.11 pp. 107- 109, Nov. 2003 Nielsen, J.(2000). Usabilidad. Diseños de sitios web. Prentice Hall. Madrid. Pitkanen, S.H. y Silander, P. (2004). Criteria for pedagogical reusability of learning objects enabling adaptation and individualised learning processes. Advanced Learning Technologies, 2004. Proceedings. IEEE International Conference on 30 Aug.-1 Sept. 2004, 246- 250 Porto, F.; Moura, A.Md.C.; da Silva, F.J.C.(2004). ROSA: a repository of objects with semantic access for e-learning. Database Engineering and Applications Symposium, 2004. IDEAS '04. Proceedings. International 7-9 July 2004, 486488 SCORM 2004 Documentation. Advanced Distributed http://www.adlnet.org/scorm/history/2004/documents.cfm 62 Learning. CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 63 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas Paula Peres 1, Pedro Pimenta 2 [email protected], [email protected] 1 Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, Rua Jaime Lopes Amorim, 4465-004, S. Mamede Infesta, Portugal 2 Universidade do Minho, Guimarães, Portugal Resumo: Este artigo descreve uma aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas. De acordo com a taxonomia de Bloom os objectivos da aprendizagem devem ser organizados numa hierarquia de complexidade. Os alunos podem ter um conhecimento sobre uma determinada matéria em diferentes níveis. Neste trabalho desenvolveu-se uma série de actividades, com recurso à plataforma de aprendizagem Moodle, que pretenderam avaliar os conhecimentos dos alunos, de acordo com os objectivos definidos para a disciplina e que estão classificados na hierarquia de Bloom. A teoria do ciclo experimental de Kolb é utilizada como suporte à implementação de um algoritmo para o progresso nos níveis da taxonomia de Bloom. Com este trabalho pretendeu-se ainda avaliar a resposta das tecnologias, especificamente do Moodle, para a implementação de estratégias de aprendizagem. No final são apresentados os resultados obtidos, com as forças e fraquezas inerentes às actividades desenvolvidas. Palavras-chave: e-learning; b-learning; aprendizagem mediada por computador; Learning Managment System; Moodle; Taxonomia Bloom; Ciclo aprendizagem Kolb. 1. Contexto A evolução tecnológica desafia constantemente a definição de novos processos de ensino-aprendizagem no entanto assiste-se mais a uma mudança de equipamentos do que de procedimentos. Emerge a necessidade de explorar as tecnologias no sentido de criar propostas pedagógicas diferentes para contextos de aprendizagem diferentes. De acordo com a opinião de NOVA C., ALVES L. [2] a maior parte dos projectos de integração das tecnologias no processo de aprendizagem realiza uma mera transposição da educação presencial tradicional para ambientes de ensino on- 63 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas line, comprometendo assim a qualidade da formação oferecida e desprezando o potencial criativo que as tecnologias digitais acarretam para a construção do conhecimento. ALMEIDA M. [3] reforça esta ideia afirmando que, mudar o meio no qual se desenvolve a educação significa mudar a própria educação! Importa reflectir sobre a formação que desejamos e as práticas a que recorremos para a obter. A taxonomia de BLOOM [1], (Bloom's Taxonomy of the Cognitive Domain), determina objectivos educacionais no domínio cognitivo e identifica seis níveis de aprendizagem: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese, e avaliação. CARROL, ROBERT G. [4], sugere o estudo do impacto da tecnologia no ensino, na aprendizagem e na avaliação visto dentro dessa estrutura, uma vez que os modelos cognitivos examinam formas de “saber” e fornecem a base teórica para aproximações educacionais. Estes níveis são considerados acumulativos em que a construção de cada nível é baseada no sucesso do nível anterior. Muitas pesquisas têm sido conduzidas sobre este modelo que tem transcendido o factor idade e modo de formação em diferentes áreas de estudo. Este artigo relata uma experiência de aprendizagem decorrida ao longo do segundo semestre do ano lectivo de 2004/2005 e que envolveu duas turmas, num total de 37 alunos. Os alunos foram solicitados a responder a um conjunto de 7 questões, inseridas na plataforma Moodle, que cobriam os seis níveis de Bloom e que pretendiam avaliar os seus conhecimentos sobre a matéria a estudar nas disciplina de Informática de Gestão I e Informática II que, de acordo com o plano de estudos da licenciatura de que fazem parte, estudam os processos de modelação de sistemas de informação procurando desenvolver a capacidade de criação de um modelo abstracto de dados para situações reais. 1.2. Fundamentação teórica Na taxonomia de Bloom, o conhecimento corresponde ao primeiro nível de aprendizagem em que os alunos reconhecem os conceitos que aprenderam, podem “recitar” a informação sem necessidade de demonstrar qualquer entendimento. Neste nível os alunos conseguem identificar as fases de desenvolvimento dos modelos de análise porque memorizaram. Conseguem, por exemplo, ordenar cronologicamente uma lista de passos para a criação de um diagrama EntidadeRelação (ER). São capazes de reconhecer os vários modelos: Diagrama de fluxo de Dados (DFD), ER, etc. Neste nível os estudantes não conseguem identificar ou sumariar os pontos principais da descrição de um sistema de informação no sentindo de distinguir os padrões de qualidade apropriados. Não são capazes de interpretar um ER, reconhecer os erros ou omissões do modelo ou construir os seus próprios modelos a partir de uma descrição ou de uma observação. O segundo nível da taxonomia de Bloom corresponde à compreensão, os alunos são capazes de entender o significado da matéria em estudo e descrevê-la utilizando as suas próprias palavras. No contexto da análise de sistemas, conseguem explicar os símbolos utilizados, no desenho dos diagramas lógicos, e interpretar 64 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico cada modelo. Não são capazes de detectar erros ou omissões nem construir os seus próprios modelos a partir de uma descrição narrativa ou de uma observação. No terceiro nível, aplicação, os alunos conseguem aplicar o conhecimento aprendido em situações específicas e concretas. A aplicação envolve estender o conhecimento num novo contexto, que inclui a aplicação de regras, métodos, conceitos, princípios e/ou teorias absorvidas nos níveis mais baixos da aprendizagem. No contexto da análise de sistemas os alunos são capazes de construir os seus próprios diagramas baseados numa descrição de um sistema real onde extraem os factos principais e os irrelevantes. Embora sejam capazes de criar uma narração, por observação das actividades de um sistema, não conseguem completar um diagrama lógico baseados nas suas próprias observações ou numa narrativa. Isto por não serem capazes de distinguir os detalhes importantes dos insignificantes. Além disso as suas próprias descrições de sistemas podem conter detalhes irrelevantes e a falta de outros cruciais. O quarto nível, análise, refere-se à capacidade de decompor a aprendizagem em partes e identificar cada uma num todo, descobrindo as relações existentes e os princípios da organização. Os alunos neste nível de conhecimento são capazes de identificar a informação significante que corresponde aos requisitos dos utilizadores. Conseguem distinguir o que é importante do irrelevante numa explicação de um utilizador. São capazes de seleccionar a informação correcta para cada diagrama numa extracção dos requisitos do sistema. Conseguem reconhecer inconsistências ou anomalias entre as descrições dos utilizadores e detectar erros sintácticos e semânticos nos modelos. No quinto nível, síntese, os alunos são capazes de reunir as partes num todo para formar um novo conjunto e combinar as peças num padrão ou sistema que não existia. Os alunos produzem, integram e combinam ideias num produto, num plano ou numa proposta. A este nível de aprendizagem os alunos são capazes de sugerir e desenvolver significantes alternativas para resolver um dado problema. São capazes de entender suficientemente os requisitos e restrições do utilizador no sentido de proporem alternativas para um determinado problema ou interesse. Entendem suficientemente bem os requisitos do sistema lógico para fornecer soluções físicas alternativas. No nível de síntese os alunos são capazes de entender para além do que lhes é fornecido. São capazes de organizar e relacionar as entradas/input dos utilizadores, teorias, princípios, conceitos e experiências anteriores para a definição de um novo sistema. Para além disso são capazes de utilizar a sua própria analise de requisitos como base para a criação de modelos de informação e efectuar a integração entre o modelo e os requisitos recolhidos e resolver inconsistências. Conseguem interpretar documentos escritos e observações e integrar qualquer conteúdo significante num novo requisito de sistema. No sexto e último nível, avaliação, os alunos são capazes de julgar o valor do material para um propósito determinado. Cada avaliação é baseada em critérios definidos que são desenvolvidos individualmente ou providenciado através de fontes externas. O nível de avaliação contém elementos dos níveis anteriores e envolve consciências e independência dos valores de julgamento, baseados em 65 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas critérios claramente definidos. Os alunos, neste nível, são capazes de criticar e julgar a qualidade do material que produzem através da aplicação de regras, heurísticas e critérios. Conseguem criticar e comparar diferentes modelos, que representam um conjunto de requisitos do utilizador, baseados em critérios estabelecidos como correcções técnicas ou de sintaxe e numa precisão com a qual os requisitos explícitos e implicados são capturados. O alcance deste nível não implica a obtenção do desempenho individual perfeito, mas antes que os alunos possuem a capacidade para avaliar de acordo com standards. Até agora foi esboçada a taxonomia de Bloom aplicada à análise de sistemas, de seguida de irá ser explicado o ciclo de Kolb como uma técnica para a movimentação nos níveis de aprendizagem de Bloom. KOLB [5] propõe uma aprendizagem experimental em quatro fases. Experiência concreta, observação reflexiva, conceptualização abstracta e experimentação activa. Este modelo apresenta um ciclo de aprendizagem para descrever como a experiência é transformada em conhecimento através da reflexão de conceitos. Estes conceitos são então utilizados para conduzir a experimentação activa e as escolhas em novas experiências. Os quatro passos derivam de dois principais caminhos, com os quais os indivíduos aprendem: compreender a nova informação e experiências e integrar ou transformar o que é percebido em conceitos. Cada fase segue uma à outra num ciclo que providencia o feedback permitindo a evolução da acção anterior e planos para nova acção. A movimentação através destas fases é interactiva e pode iniciar-se em qualquer altura mas, normalmente, começa na experiência concreta e segue pela reflexão do ocorrido no sentindo de entender e integrar com conhecimentos prévios. A conceptualização abstracta segue as tentativas individuais para extrapolar o entendimento para além da sua concreta percepção. Finalmente o individuo aplica o que aprendeu numa nova experiência testando os conceitos, refinando o seu entendimento, observando o resultado integrando o feedback e talvez num novo ciclo para aprofundar a aprendizagem. A aplicação do ciclo de Kolb, no contexto concreto deste trabalho envolve a identificação das entidades do sistema de informação e a construção de uma variedade de experiências que são explicitamente dirigidas para promover a compreensão e transformação de conceitos. A secção seguinte descreve actividades que ilustram e aplicam as teorias descritas. Apresenta uma forma concreta de contribuir para a evolução da aprendizagem dos alunos, no contexto da análise de sistemas, que envolve mais do que o conhecimento, a compreensão e a aplicação de conceitos teóricos. As actividades efectuadas envolvem o aluno em todo o ciclo Kolb preparando-o para se movimentar ao longo dos níveis da taxonomia de Bloom, numa evolução do conhecimento para a análise. As actividades seguiram um algoritmo que permitiu a deslocação por todas as fases do ciclo de Kolb. Na fase de experiência concreta os alunos resolveram um exercício de normalização e constaram o resultado. 66 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Na fase de reflexão, após a apresentação do resultado obtido, os alunos reconheceram as suas incorrecções, reflectindo sobre a actividade anterior. Mediante uma resposta incorrecta os alunos eram conduzidos numa reflexão que invocava os erros detectados e os conduzia para a teoria subjacente. Na fase de experimentação os alunos foram confrontados com um novo problema para a qual, suportados nos modelos teóricos aprendidos, deveriam encontrar uma solução e validar o aprendido. Foram desafiados a solucionar um pequeno problema sobre a particularidade estudada. Se respondiam de forma incorrecta, voltavam a repetir o ciclo de aprendizagem, se respondiam correctamente regressavam ao ponto inicial tentando solucionar, mais uma vez, o principal problema. A experiência foi desenvolvida sobre a plataforma, Moodle na qual os alunos trabalharam individualmente. 2. Planeamento 2.1. Objectivos da Aprendizagem Segundo BLOOM [1] é importante a definição clara dos objectivos da aprendizagem de forma a não conduzir a interpretações subjectivas. Eis alguns dos objectivos educacionais definidos, de acordo com a taxonomia de Bloom, para as disciplinas de Informática de Gestão I e Informática II, sobre o capítulo da análise de sistemas: Definir os principais termos no contexto da análise de sistemas (nível 1); Explicar, por próprias palavras, os componentes do modelo lógico de ER (nível 2); Modificar uma relação de multiplicidade (nível 3); Analisar um sistema de informação para desenhar e explicar um modelo ER e uma estrutura normalizada. (nível 4); Estabelecer as relações das entidades num sistema de informação. (nível 4); Identificar as entidades num processo de normalização de dados. (nível 4); Desenvolver uma descrição de um sistema de informação a partir de representações lógicas. (nível 5); Avaliar/corrigir a viabilidade de um modelo lógico de dados. (nível 6). 2.2. Intervenientes Esta experiência envolveu os alunos inscritos na disciplina de Informática de Gestão I (IGI), do 4 º ano da licenciatura em Contabilidade ramo de auditoria e na disciplina de Informática II (InfII) do 1º ano do curso da licenciatura em Marketing do Instituto Superior de Contabilidade e Administração do Porto, no ano lectivo de 67 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas 2004-2005. As disciplinas foram leccionadas no segundo semestre e tiveram uma carga horária semanal de 4 horas, distribuídas por 2 aulas teórica-prática. 2.3. Contexto tecnológico O ambiente utilizado para a elaboração desta experiência foi a plataforma Moodle (Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment). É uma ferramenta, desenhada por Martin Dougiamas, para criar cursos baseados na Internet. É um software gratuito, disponível em 70 idiomas, incluindo o português, e consiste numa plataforma de gestão e distribuição de conteúdos on-line - LMS (Learning Managment System). 2.4. Calendário Os trabalhos decorreram ao longo do segundo semestre do ano lectivo de 2004/2005. 3. Actividades Actividade 1: Na primeira aula do semestre foi planeada a formação dos alunos na utilização da plataforma de aprendizagem Moodle. Actividade 2: Após terem sido leccionados os conteúdos programáticos, foi solicitado aos alunos, numa aula presencial, que acedessem à plataforma Moodle e respondessem às questões, apresentadas e classificadas de acordo com a taxonomia de Bloom: Figura 1: Imagem da plataforma Moodle com os exercícios propostos. Para a criação dos exercícios, foram utilizadas as ferramentas disponíveis na plataforma Moodle de acordo com a tabela seguinte: 68 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Tabela 1: Actividades propostas e as ferramentas Moodle Nível de Exercício Ferramenta Descrição Bloom Moodle 1- Noções sobre o modelo ER 1Conhecimento (os alunos deveriam definir um conjunto de termos sobre o modelo ER) 2- Componentes diagrama ER 2Compreenssão - Glossário do (os alunos deveriam enumerar os diversos componentes do modelo ER) - Diário 3 - Relação muitos para muitos 3 - Aplicação (os alunos deveriam modificar uma relação múltipla) - Diário 4.1- Exercício Modelo ER 4 - Análise (os alunos deveriam analisar um sistema de informação e desenhar o modelo ER) 4.2- Exercício Normalização - Trabalho de casa Ferramenta Moodle O glossário é uma ferramenta que permite, ao professor, criar e manter uma lista de definições como um dicionário. Permite igualmente a criação colaborativa com a intervenção do professor e dos alunos. As entradas podem ser pesquisadas em diferentes formatos, por temas, por autores, etc. O diário é uma actividade que promove a reflexão orientada por um moderador. O professor pede ao aluno que reflicta sobre um determinado tema e o aluno anota progressivamente as suas reflexões aperfeiçoando assim a sua resposta. Estas respostas são pessoais e por isso não podem ser visualizada pelos outros alunos. O professor pode adicionar comentários de feedback e avaliações a cada anotação no diário. A actividade trabalho de casa permite a descrição de uma actividade para ser desenvolvida pelos alunos tais como redacções, criação de imagens, relatórios, etc. O professor submete os enunciados dos trabalhos e os alunos enviam as suas respostas. Após a entrega, o professor poderá atribuir (os alunos deveriam analisar um sistema de 69 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas informação e apresentar a estrutura normalizada) um comentário e/ou uma nota para cada trabalho. 5 - Enunciar o sistema 5 - Síntese (os alunos, mediante um modelo lógico ER, deveriam desenvolver uma possível descrição do sistema de informação representado) 6 - Correcção exercício 6 – Avaliação do (os alunos, mediante um sistema de informação descrito e um correspondente modelo ER incorrecto deveriam discutir a sua correcção) - Fórum Os fóruns correspondem a áreas de debate sobre diferentes temas. Constituem uma ferramenta essencial de comunicação podendo incluir ficheiros anexos de suporte à intervenções. Actividade 3: Após a realização dos exercícios da Actividade 2, foi efectuada a respectiva correcção e uma análise geral dos resultados obtidos. Os alunos apresentaram mais dificuldades à medida que as questões subiam nos níveis de Bloom. Obteve-se uma grande percentagem de incorrecções na determinação das estruturas normalizadas (exercício 4.2), ponto essencial do programa em estudo. Actividades 4: Resolução de exercícios, inseridos na plataforma Moodle, disponibilizados de acordo com uma estratégia de aprendizagem baseada no ciclo de Kolb. Pretendeuse colmatar as principais dificuldades sentidas na resolução de problemas sobre a normalização de dados. Para a implementação destas actividades foram utilizadas a ferramenta Lição disponível no Moodle: Tabela 2: Estratégia de aprendizagem e a ferramenta Moodle Estratégia Exercício Aprendizagem Ciclo de Kolb 70 Normalização de uma estrutura de dados Recurso Descrição Moodle Ferramenta Moodle - Lição Uma lição consiste num determinado número de páginas onde cada uma termina com uma pergunta e um número de respostas possíveis. O avanço depende da resposta efectuada pelo aluno. A navegação através das lições pode ser simples ou complexa Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Descrição do algoritmo de implementação da estratégia de aprendizagem: Aos alunos foi apresentada uma explicação da técnica de normalização de dados com um exemplo prático. De seguida foi-lhes descrito um novo sistema de informação para o qual deveriam apresentar a solução de normalização. Se a opção estivesse correcta avançavam para o exercício seguinte, caso contrário, de acordo com a resposta fornecida, era-lhes aprestado um nova página que justificava o erro, fornecia um exemplo concreto e solicitava uma nova resposta. Algoritmo de implementação da estratégia de aprendizagem: [1] Apresentar texto com questão [2] Se solução certa então [2.1] Próximo exercício Senão [2.2] Enquanto Erro tipo 1, 2 ou 3 [2.2.1] Ligar a uma estrutura cognitiva [2.2.2] Apresentar habilidades [2.2.3] Treinar habilidades e promover experiências positivas [2.2.1] Fazer feedback – Voltar [1] Fim Enquanto Fim Se Representação gráfica do algoritmo de aprendizagem ancorado no ciclo de Kolb: Figura 2: Algoritmo de aprendizagem baseado no ciclo Kolb 71 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas Os alunos começam por resolver um primeiro exercício sobre a técnica de normalização de dados E1 (determinação da estrutura não normalizada de um sistema de informação). Se responderem correctamente, S1, passam para o exercício seguinte, E2 (determinação da primeira forma normal). Caso contrário, de acordo com o padrão do tipo de erro, são direccionados para a respectiva explicação teórica. Neste exemplo foram classificados três tipos de erro: Err 1.1: -Dificuldade em identificar os atributos de uma estrutura não normalizada. Err 1.2: - Dificuldade em determinar as estruturas repetitivas Err 1.3: - Inexistência de elementos essenciais na estrutura inicial. A justificação do tipo de erro, expõe os conceitos teóricos, apresenta um exemplo real e que termina com um novo exercício, E1.1 que valida o seu entendimento. A resposta correcta a esta nova questão, S1.1, conduz de novo ao exercício inicial, E1, e o ciclo é de novo executado. Fase do algoritmo: Fase 1. Os alunos recebem novas informações. Fase 2: Os alunos processam novas informações. Fase 3: Os alunos generalizam a experiência Fase 4: Os alunos aplicam a experiência numa nova situação de descrição de um sistema real Actividade 5: Resolução de um novo exercício, sobre a técnica de normalização de dados, para avaliar o grau de evolução no entendimento da matéria após a implementação da estratégia de aprendizagem. 4. Métricas Tabela 3: Tabela dos resultados da actividade 2, por turma e por questão. 72 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Nome Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno Aluno 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 9 89 8 Número de exercicios resolvidos por actividades 4.2 5 4.1 Trabalho Trabalho Trabalho 2 3 casa de casa casa Diário Diário 89 89 8 8 8 9 9 9 9 8 9 9 89 89 8 9 9 9 9 9 89 9 89 9 89 9 89 9 8 8 9 9 9 89 8 9 9 9 9 9 89 89 8 8 89 9 9 89 9 8 9 89 89 89 8 9 89 8 8 8 89 89 89 8 8 9 89 89 89 9 9 9 89 89 8 89 89 89 9 9 9 9 89 8 8 9 8 8 89 8 89 9 8 9 8 9 89 8 8 8 Turma 2 89 8 8 8 89 89 9 9 89 89 8 9 89 8 8 9 89 8 8 8 89 8 8 8 9 89 9 8 9 89 9 89 8 8 8 89 8 8 8 8 8 8 8 8 8 9 9 8 89 89 8 89 89 89 8 9 9 89 89 8 9 9 89 8 8 89 89 8 8 89 89 89 89 89 8 9 89 89 8 89 9 9 9 89 89 31 21 17 7 8 5 4 13 15 15 12 9 2 3 5 15 17 23 1 Glossário 9 9 9 9 9 89 9 9 89 8 9 9 9 9 9 9 9 89 9 9 6 Fórum 8 8 8 9 89 8 8 9 8 8 8 8 8 9 8 8 9 8 8 8 9 9 9 9 89 9 9 9 9 9 8 9 9 9 9 9 9 8 89 8 89 8 8 8 8 8 8 8 8 8 89 8 89 8 4 5 28 Esta tabela apresenta as respostas correctas (9), incorrectas (8) e incompletas (89) que cada aluno, de cada uma das turmas teve nos exercícios iniciais propostos (Figura 1). Figura 3: Resultados obtidos na actividade 2, de ambas as turmas. 73 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas Figura 4: Resultados obtidos na actividade 2, da turma do 4º ano. Figura 5: Resultados obtidos na actividade 2, da turma do 1º ano. 74 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figura 6: Número de acesso às paginas da actividade 4 da turma do 4º ano. Na turma do 4º ano, 23 alunos responderam ao exercício (E1) sobre a normalização, desses 8 responderam correctamente e prosseguiram para o exercício 2. Das respostas erradas 3 correspondem ao tipo de erro 1 (Err 1.1: -Dificuldade em identificar os atributos de uma estrutura não normalizada.), 8 ao tipo de erro 2 (Err 1.2: - Dificuldade em determinar as estruturas repetitivas) e 4 ao tipo de erro 3 (Err 1.3: - Inexistência de elementos essenciais na estrutura inicial.). Dependendo do tipo de erro os alunos foram direccionados para a respectiva explicação teórica, com a apresentação de um exemplo e foram solicitados para responderem a uma questão para verificar o entendimento especifico de acordo com o tipo de erro. (Err1.1, Err1.2 ou Err1.3). Nessa questão obteve-se 3 respostas erradas (Err1.1.1) e 15 correctas (S1.1) e nesse caso deveriam voltar a tentar resolver o exercício inicialmente proposto (E1). 75 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas Figura 7: Número de acesso às paginas da actividade 4, da turma do 1º ano. Actividade 5 Correctas 15% Incorrectas 85% Figura 8: Resultado da actividade 5 da turma do 4º ano Actividade 5 Correctas 29% Incorrectas 71% Figura 9: Resultado da actividade 5 da turma do 1º ano 76 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 5. Avaliação/Caracterização da aprendizagem Após a aula de apresentação das funcionalidades da plataforma Moodle, os alunos não demonstraram grandes dificuldades no seu manuseamento. A plataforma permitiu a introdução de questões pertencente a todos os níveis da taxonomia de Bloom e consequentemente a avaliação dos alunos sobre os sistemas de informação em diferentes níveis. A análise das respostas aos exercícios propostos permitiu verificar que os alunos têm mais dificuldade em atingir os objectivos classificados nos níveis mais elevados da taxonomia de Bloom. As dificuldades apresentadas, em termos gerais (Figura 3) não diferem muito das apresentadas particularmente em cada uma das turmas (Figura 4 e 5). Foi na questão classificada no primeiro nível de Bloom que se obteve os melhores resultados. Os alunos, em ambas as turmas, foram capazes de construir colaborativamente, em tempo-real um dicionário sobre a temática da análise de sistemas de informação. De uma forma geral, foram igualmente capazes de enumerar e explicar, por próprias palavras, os componentes de um modelo lógico de dados e de aplicar os conhecimentos na resolução de novas problemáticas de relações múltiplas. Apresentaram no entanto bastantes dificuldades, em ambas a turmas, figura 4 e 5, quando solicitados a corrigir uma resposta a um exercício. Foi na questão classificada no nível mais elevado da taxonomia de Bloom, que se obteve os piores resultados. Apesar disso, uma vez que a avaliação da disciplina incide essencialmente numa exigência de nível quatro, da classificação de Bloom, optou-se pelo desenvolvimento de uma estratégia de aprendizagem no sentido de auxiliar os alunos a atingir este nível na abordagem da análise de sistemas. A plataforma permitiu a implementação de actividades de aprendizagem para cada uma das fases do ciclo de Kolb. Pela análise do número de acessos às páginas na Actividade 4, em ambas as turmas, o tipo de erro mais frequente diz respeito à identificação dos elementos repetitivos numa estrutura (Figuras 6,7 - Erro 1.2). O segundo maior erro diz respeito à identificação de elementos incorrectos numa estrutura de dados (Figuras 6,7 - Erro 1.3), também em ambas as turmas e por fim a falta de elementos essenciais numa estrutura (Figuras 6,7 - Erro 1.1). Após a execução das actividades de aprendizagem verifica-se que foram poucos os alunos (3 na turma do 4º ano e 6 na turma do 1º ano – Figuras 6 e 7) que ainda apresentavam dificuldades. A maioria dos alunos, conseguiu resolver de imediato o novo exercício proposto. Na última actividade os alunos, de ambas as turmas, apresentaram uma maior facilidade na resolução deste tipo de problemas. (Figuras 8 e 9) 6. Conclusões e Recomendações De uma forma geral assistiu-se a uma grande receptibilidade, por parte dos alunos, na utilização das tecnologias na sala de aula. Os alunos estão motivados e 77 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas aprendem com facilidade a utilizar as plataformas de aprendizagem baseadas na Internet. A construção de um dicionário de termos permitiu a criação de um repositório de definições disponível para posterior consulta. A implementação do processo foi morosa e exigiu grande esforço por parte do professor, quer em termos de implementação do algoritmo quer em disponibilidade de tempo, sendo no entanto positivos os resultados atingidos. A existência, na plataforma, de ferramentas de extracção de resultados estatísticos, no que diz respeito aos acessos às páginas, por parte dos alunos, teria evitando a consulta morosa de cada acesso efectuado. Embora a plataforma tivesse permitido a criação de questões classificadas nos diferentes níveis de Bloom e a execução de actividades de aprendizagem segundo o ciclo de Kolb, a existência de uma ferramenta própria, no Moodle, teria facilitado a criação deste tipo de estratégias. No contexto da análise de sistemas, foi interessante verificar que os alunos, independentemente da idade, apresentaram basicamente as mesmas dificuldades. Verificou-se que os alunos aprendem quando integram e aplicam as novas informações, alteram as suas percepções quando confrontados com as devidas justificações. A motivação, pelo carácter inovador da experiência, o envolvimento activo no processo e a apresentação de problemas em contexto da vida real, promoveu a aprendizagem. Os alunos solicitaram a criação de novas actividades semelhantes, baseados em contextos da vida real que, de uma forma guiada, expliquem as situações de erro e felicitavam as opções correctas incentivando a resolução de novos problemas. Verificou-se que os alunos aprendem quando se criam oportunidades para praticar e aplicar os novos conhecimentos e que é importante o reforço positivo e o feedback construtivo, que os auxilia a aperfeiçoar os seus conhecimentos e habilidade. O algoritmo implementado, baseado no ciclo Kolb, mostrou-se bastante eficaz para guiar a aprendizagem e poderá ser estendidos, pela sua natureza recursiva para responder a situações de maior complexidade. Referências [1] Bloom, B. S., Krathohl, D. R., Furst. E. J., Engelhart, M. D. E Hill, W. H. (1989) Taxonomy of Educational Objectives, Book 1: Cognitive Domain. New York: Longman Publishing, 207 p. ISBN 0582280109. [2] Nova C., Alves L. (2003) Estação online: a ciberescrita, as imagens e a EAD. Educação On-line – Edições Loyola. São Paulo, ISBN Nº 85-15-0282-0?? [3] Almeida M. (2003) Educação, ambientes virtuais e interactividade. Educação On-line – Edições Loyola. São Paulo, ISBN Nº 85-15-0282-0 78 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico [4] Robert G. Carroll (1998) Current and future impact of technology on physiology education. Advances in Physiology Education, volume 20 : number 1 – Dezembro. [5] Kolb, D. A. (2003) Experiential Learning: Experience as the Source of Learning and Development - in Kolb's Theory of Learning Styles, Wayne Vick - MAFN 2003 Facilitator’s Workshop 79 Aplicação das teorias de Bloom e Kolb no estudo da análise de sistemas 80 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 81 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde Paulo dos Santos Silva 1, David Ribeiro Lamas 2 [email protected] , [email protected] 1 Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, Cidade da Praia, C.P 775 - Praia, Palmarejo Grande, Cabo Verde 2 Universidade Jean Piaget de Cabo Verde, Cidade da Praia, C.P 775 - Praia, Palmarejo Grande, Cabo Verde Resumo: Apresenta-se neste artigo, um Sistema de Informação para suportar as actividades do processo ensino-aprendizagem na Universidade Jean Piaget denominado SIAC. Analisa-se o SIAC tendo como ponto de partida, conceitos de Sistemas e Tecnologias de Informação. Longe de estarem reduzidos a “máquinas” para automatização de tarefas, as Tecnologias de Informação(TIs) são elementos propulsores, factores de mudança e inovação nas Organizações, desde que devidamente enquadradas com os Sistemas de Informação. Porém, a implementação das TIs não constitui uma meta por si só. Num contexto em que se generaliza a adopção de TIs como suporte aos Sistemas de Informação, a principal questão que ainda se coloca é, como usar os SI/TI eficazmente, e como alinhá-los com os objectivos da Organização. Sendo um desafio constante este é ainda maior em meios organizacionalmente complexos e heterogéneos como é o caso de uma Universidade. Expomos as várias dimensões e a abordagem seguida concepção do SIAC. Palavras-chave : Desenvolvimento de sistemas de informação; Integração de Sistemas; Organização virtual; Aspectos comportamentais de Sistemas de informação 1. Sistemas de Informação: um enquadramento É comum aceitarmos que as Tecnologias de Informação e os enquadramentos que elas têm numa Organização, definem os principais aspectos que moldam o que se designa de Sociedade de Informação. Em tal sociedade, a informação e os artefactos tecnológicos usados no seu tratamento, estarão a definir a base material de diversas Organizações. 81 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde Porém, se a informação é hoje vital para a Sociedade e as Organizações em geral, ao ponto de afirmarmos que vivemos na Era ou Sociedade de Informação, deveremos olhar um pouco mais de perto para os elementos que estruturam esta Sociedade e reflectir sobre algumas questões, nomeadamente: o que faz da Informação elemento basilar para as Organizações, o que determina a sua importância e ainda porquê a importância de Sistemas de Informação neste contexto? A Informação é um conceito relacionado com a representação formal de elementos do nosso meio envolvente. No caso concreto de uma Organização, a Informação está relacionada com os elementos que definem os seus processos de trabalho. Assim sendo, a importância dada a Informação estará no facto da produtividade e competitividade (a execução dos processos de trabalho de maneira eficiente) dependerem da capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a Informação. Alguns autores discutem a importância da informação e os meios para o seu tratamento, referindo à forma como a própria existência das Organizações é afectada, as mudanças que acontecem, e os novos desafios identificados(Lopes, Morais & Carvalho, 2005). Na mesma linha dessa relação organizações e informação, Castells argumenta que estaremos numa Sociedade cuja a Economia é dominado por um paradigma tecnológico em que a Informação é sua matéria-prima (Castells,2002). Ou seja, a Informação torna-se fundamental para o dia à dia de uma Organização nas mais diversas tarefas que definem os seus processos de trabalho. Por outra lado, é de esperar que a quantidade de Informação gerada e processada numa Organização seja elevada. Normalmente tem tendência a crescer com o crescimento da Organização tornando complexo um adequado processamento, e a sua disponibilização em tempo útil. Haverá então uma relação entre Organizações que tenham uma gestão eficaz e a forma como a Informação dos seus processos é tratada. O valor subjacente à Informação estará portanto ligado à possibilidade de esta trazer mais valias quando está devidamente enquadrada com os objectivos da Organização. No entanto hoje, além de se reconhecer a Informação como sendo um recurso valioso, procuram-se cada vez mais, os meios para maximizar o valor desse recurso. E neste contexto, maximizar o valor do recurso quer dizer procurar formas de planear e gerir o fluxo de Informação numa Organização para minimizar dados redundantes e inconsistentes e aumentar a correcção e qualidade da Informação (Cassidy, 1998). O fluxo de informação dentro de uma dada Organização qualquer que ela seja, está definida nos seus vários processos de trabalho. Para gerir com eficácia a Informação são necessários os meios humanos (conhecedores dos vários processos geradores e consumidores de Informação) e meios Tecnológicos que auxiliam e impulsionam a optimização do trabalho. Juntos, esses meios formam o que designamos de um Sistema de Informação (SI). 82 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Laudon apresenta um conceito formal definindo SI com sendo um conjunto de componentes interrelacionados que recolhe (ou retira) processa, armazena e distribui informação para, suportar tomada de decisão, coordenar e controlar processos de trabalho (Laudon & Laudon, 2005). Nesta perspectiva, numa dada Organização, um Sistema de Informação é definido e concebido com base nos seus processos de trabalho juntamente com as componentes Tecnológicas existindo uma interdependência entre essas componentes (ver figura 1). Tal como caracterizados em (Laudon & Laudon, 2005), não serão as Tecnologias de Informação isoladamente que irão permitir a Organização gerir de forma adequada a Informação. Ou seja mesmo atribuindo a importância que lhes é devida as Tecnologias de Informação têm que estar devidamente adequadas às necessidades do Sistema de Informação e em consonância com os objectivos e estratégias deste. A interdependência referida em (Laudon & Laudon, 2005) entre as várias componentes de um SI, pressupões a existência de relações lógicas e devidamente analisadas entre as mesmas. Nesse sentido Cook vai mais longe falando do conceito de Arquitectura de informação. A autora refere à necessidade de olhar para os Sistemas de Informação não do ponto de vista das Tecnologias em que uma Organização investe, mas sim como parte de algo mais abrangente e mais consistente na sua definição – a Arquitectura da Informação (Cook, 1996). Nesta arquitectura as tecnologias são parte integrantes e importantes, porém só têm alguma eficácia se devidamente enquadradas com as restantes componentes. Figura 1 – Interdependência Organizações e Sistema de Informação (fonte: Adaptado de (Laudon & Laudon, 2005) ) 83 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde 2. Sistemas de Informação nas Universidades como suporte do processo ensino-aprendizagem Ainda que, com mais ou menos acuidade, é facto que a Informação torna-se um recurso valioso para Organizações de todos os sectores da Sociedade (Laudon & Laudon, 2005). Em determinados contextos tal recurso é crítico ditando por vezes casos de sucesso em termos organizacionais. Um desses sectores é aquele onde nosso trabalho se insere: a Educação. Tradicionalmente, sector propulsor na transmissão de saberes, de valores culturais, veículo para socialização e de disseminação de conhecimentos que marcam indelevelmente cada sociedade em diferentes épocas. Tido desde de sempre como ponto de onde partem as grandes mudanças que introduzem reformas, sejam elas sociais, políticas e tecnológicas. Essa estreita relação da Educação com os mais diversos sectores da sociedade mostra diferentes facetas aos longo dos tempos. Com efeito, a Educação é ponto fulcral das sociedades, interagindo com diversos sectores desta. Actualmente nos chamados Países de Desenvolvimento Médio como é o caso de Cabo Verde temos em evidência a relação Educação e Desenvolvimento. Sendo um dos elementos sempre presente na questão do Desenvolvimento ela surge associado à pergunta: a educação de qualidade conduz ao desenvolvimento, ou é o desenvolvimento que trará uma educação de qualidade? Não é nossa pretensão responder aqui a esta questão, pois estará fora do âmbito do nosso campo de estudo. Porém, é pelo menos generalizada a convicção de que, as instituições que activamente promovem o processo de ensino-aprendizagem, fazem-no numa perspectiva e com objectivos claros de também promoverem, forjarem ambientes próprios, criarem capacidades endógenas e dar passos em direcção a um desenvolvimento das pessoas, das comunidades e do país. O destaque dado a esse objectivo é sinal de que as Universidades sentem como importantes actores no desenvolvimento, ao promoverem educação de qualidade. O sistema apresentado neste trabalho está inserido na Universidade Jean Piaget de Cabo Verde. Desde da sua criação propõe como um dos primeiros objectivos "a participação de forma activa e inovadora no desenvolvimento humano, integral e ecológico, dos diferentes grupos etários e sociais em Cabo Verde". Na busca de novas estratégias que visam a persecução desse objectivo, pensamos que estará sem dúvida a utilização de meios para: • promoção da eficácia na gestão do processo de ensino • realização de investigação enriquecedora • produção de conhecimento endógeno e • criação de uma força de trabalho bem qualificada. Na nossa óptica ter meios para fazer isso vai na mesma linha das preocupações com a Informação numa Organização: implementar soluções em que a Universidade, enquanto Organização, procura formas de aumentar a eficácia dos seus processos. Soluções que centrar-se-ão na implementação de Sistemas de Informação cujo núcleo dos mesmos é baseado na recolha, armazenamento e disseminação de informação com interesse directo ou indirecto para o processo de 84 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico ensino-aprendizagem - no caso da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde damoslhe o nome de Sistema de Informação Académico (SIAC). A Universidade, assim como as demais Organizações, tem desafios perante os seus ambientes interno e externo. Em relação ao último este aparece como consequência da realidade que vivemos hoje: numa em que as chamadas fontes de saber se diversificam, numa sociedade chamada de informacional no qual a Instituição Universidade deve ter ferramentas para cumprir de forma inovadora a sua missão e fim último que é criação e disseminação de conhecimento através da actividade de docência e investigação. É esse mesmo ambiente externo, em constante e acelerada mudança que deve ser devidamente acompanhada, que a Universidade implanta-se. No que refere ao ambiente interno, a Universidade caracteriza-se por uma heterogeneidade em termos organizacionais, sendo cada vez mais complexa gerir todos os intervenientes. Nesse ambiente interno, os actores estão perante um conjuntos de informação de diversas fontes. Para cada uma das pessoas ou entidades do ambiente interno da universidade, há preocupações operacionais conforme o seu perfil, mas também são constantemente solicitados conforme os diferentes papéis com que actuam em distintas situações por exemplo: docente, investigador, em funções de gestão, cumprindo normas administrativas e pedagógicas. Em qualquer desses ambientes há importantes desafios e é necessário estudar forma de implementar soluções que permitem ultrapassa-los. Os Sistemas de Informação segundo (Ward e Peppard, 2004) tem potencialidades capazes de criar valor para a Organização permitindo responder a tais desafios. Essas potencialidades segundo os mesmo autores são baseadas em três pilares – fusão do conhecimento organizacional e o Sistema de informação; adopção de uma infraestrutura de TIs flexível capaz de adaptar a mudanças de processo organizacionais; uma efectiva ligação entre os recursos de SI/TI com obtenção de valor acrescentado para as organizações. O SIAC deverá assim proporcionar ganhos de eficiência na gestão dos complexos processos da Universidade Jean Piaget nomeadamente: o de ensinoaprendizagem, os processos de suporte e fornecer informação aos órgãos de gestão a nível do governo na Universidade. A concepção de Sistemas de informação continua perante importantes desafios a serem ultrapassados. São inúmeros os casos de Sistemas de informação que não respondem às reais necessidades das Organizações que os adoptem. E isso apesar dos avanços como nunca vistos em termos puramente tecnológicos. Facto é que na sua maioria esses desafios, não são tecnológicos, mas sim a adequação e o alinhamento entre Sistemas da Informação e a Organização. Poderemos destacar factores que influenciam a concepção de Sistemas de informação como o meio envolvente e a estrutura da Organização, a cultura Organizacional e seu tipo e atitudes dos utilizadores que irão utilizar o Sistema (Laudon & Laudon, 2005). Sendo no nosso caso a Organização uma Universidade, onde existem processos de suporte á gestão organizacional, processos de suporte ao processo 85 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde ensino-aprendizagem, processos de apoio à decisão a nível dos órgãos do governo da instituição, aumenta o grau de complexidade de um sistema de informação que responda de forma adequada a todos os requisitos desses processos. Ou seja o desafio de conseguirmos o Alinhamento entre os Processos da Organização com o Sistema de Informação é ainda maior. 2.1. SIAC: contextualização, visão geral e objectivos Contextualização A Universidade Jean Piaget de Cabo Verde tem presentemente cerca de 1500 alunos, 107 docentes e 68 funcionários técnicos, administrativos e auxiliares. Em fase de revisão da sua estrutura organizacional passará a ter, findo este processo de reestruturação, uma estrutura departamental, organizando assim suas actividades de ensino e investigação em Departamentos. Existem actualmente 27 cursos de graduação, dos quais 19 estão activos. Toda a comunidade académica tem acesso a recursos de Tecnologias de Informação, estando permanentemente disponível ligação á Internet e outros recursos partilhados na Intranet. Toda esta infra-estrutura é gerida por uma Unidade organizacional especializada da Universidade. Esta unidade define políticas e implementa soluções tecnológicas para dar suporte a todas as restantes unidades organizacionais e a todos os diferentes membros da comunidade académica. Porém faz isso a partir de uma perspectiva que se restringe ás necessidades de cada unidade, ou de um grupo específico. Como forma de estudar as possibilidades de optimizar a utilização por parte da comunidade académica, de toda a infra-estrutura tecnológica existente, surge a ideia do projecto SIAC: implementar um sistema cujo o objectivo geral é promover a gestão da informação académica com recurso a meios de computação disponíveis para os docentes, alunos, funcionários, e órgãos de governo da universidade Objectivos Os objectivos do Sistema de Informação Académico (SIAC) da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde são: • Criar uma repositório de Informação que representa digitalmente toda a informação relacionada com o funcionamento dos cursos Universidade. • Fornecer ferramentas para exploração e navegação no espaço de informação académica: alunos, cursos, disciplinas, áreas científicas, departamentos, docentes, projectos de investigação, publicações, docentes. • Promover a gestão académica assistida por computador e com recurso a equipamentos de computação móvel (Telemóveis, PDAs) e distribuída (Quiosques multimédia) • Melhorar a comunicação dentro da Universidade 86 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • Integração com Sistemas das Unidades Serviços Financeiros, Serviços de Documentação e Plataforma de E-Learning. Visão geral Um dos aspectos que já foi referido sobre o projecto SIAC é a sua complexidade devido a heterogeneidade dos diversos utilizadores no contexto Organizacional da Universidade. Em inúmeros casos essa diversidade acaba também por englobar entidades de diferentes unidades organizacionais; ou ainda utilizadores com papéis bem distintos tal como docentes, alunos e por exemplo pessoal afecto ao Serviços Académicos. Essa complexidade determinou que, por um lado fosse necessário definir um modelo de como é produzido e de que modo é acedido a informação representada digitalmente pelo SIAC. E por outro, como integrar no SIAC subsistemas de Unidades Organizacionais diferentes mas com ligação ao processo de ensino de modo que a informação produzida por cada Unidade Organizacional seja disponibilizada e acessível a partir do SIAC. Em relação a o que nós definimos como informação académico – informação com interesse para o processo de ensino-aprendizagem na Unipiaget - há que referir que existem entidades que nós designamos por produtores de informação e entidades de designamos por utilizadores da informação. Naturalmente esses dois grupos não serão mutuamente exclusivos. Servindo essa classificação para definirmos aspectos que tem a ver com modularização do Sistema e perfis dos utilizadores do mesmo. Das Unidades cujos processos partilham informação ou dados com o SIAC, temos o Serviços Financeiros e Sociais, responsável para implementação de todos os processos organizacionais da área financeira na Universidade, tendo a referida Unidade um Sistema autónomo denominado Primavera. Temos também os Serviços de Documentação, responsáveis pela Mediateca da Universidade gerindo o acervo bibliográfico com o Sistema denominado Bibliobase. Além disso a Universidade utiliza um Sistema de Gestão de Aprendizagem através de Internet – Formare. Cada um dos referidos Sistemas utilizam dados e informação de alunos, docentes e funcionários, embora com perspectivas diferentes. De seguida, apresentamos esquematicamente um visão geral do SIAC. 87 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde Figura 2 – SIAC, uma visão geral O acesso e a partilha da Informação no SIAC é uma das questões que teve alguma reflexão. Esta baseou-se no facto de se querer ter o máximo possível de informação para toda a comunidade académica sem comprometer o formalismo, o rigor e confidencialidade da informação quando necessários. Ou seja teríamos que conjugar a acessibilidade, disponibilidade e distribuição de informação com aspectos de segurança da mesma informação. Apresentava-se a Tecnologia Web claras vantagens em relação aos aspectos referidos dai ter sido adoptado para a implementação do SIAC. 2.2. SIAC, o estado actual A Arquitectura do SIAC baseia-se no modelo da Arquitectura Three-Tier tal como definido em (Williams e Lane, 2005), apresentando as componentes do sistema em tês níveis: 1. Database-tier – Situado na base do sistema este nível contem o sistema de gestão da base de dados adoptado bem como a Base de dados propriamente dito. 2. Middle-tier. – Construído em cima do nível de dados, este nível contem a implementação de toda a lógica computacional por detrás do SIAC. 3. Cliente-tier – Neste nível encontramos toda as componentes que definem a interacção entre utilizadores os diferentes módulos aplicacionais implementados. 88 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Pensamos ser esta a Arquitectura que melhor se adequa ao SIAC. Desde da sua concepção que a questão de utilizadores diversificados, tanto em termos organizacionais (alunos, funcionários, pessoal docente e investigador) bem como em plataformas diversificadas como clientes do Sistema (Windows, Mac e Linux) colocou-nos alguns desafios em termos da concepção do SIAC. Em relação ao que constitui a lógica aplicacional do Sistema, também a separação desta do Client-tier e Database-tier facilita a sua implementação de uma forma modular e facilitará também a integração com outros sistemas. O Databasetier implementa o que é desejado num Sistema de informação, ou seja a separação e independência completa dos dados, assegurando a possibilidade de resolver questões da sua adaptação para novos Sistemas de Gestão de Base de Dados, escalabilidade, e alteração nas características dos servidores sem comprometer todo o sistema. Apresentamos na figura 3 esta Arquitectura. Os dados do SIAC estão armazenados numa Base de Dados Relacional no caso implementado com o SGBD MySQL. Nesta base de dados estarão armazenados dados sobre: • os planos curriculares dos cursos de graduação; • as áreas científicas em que se agrupam as disciplinas dos cursos de graduação; • todo o corpo docente da universidade; • alunos da universidade e respectiva evolução no curso; • todos os espaços (e respectivas características) disponíveis para o funcionamento dos cursos de graduação . • o toda a informação inerente à organização e funcionamento dos cursos de graduação (incluindo horários, turmas, pautas, etc…). • distribuição de serviço docente Figura 3 – Arquitectura do SIAC 89 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde A mesma informação é visualizada em Browsers como já foi referido, com a parte dinâmica das páginas HTML produzidas com recurso à Linguagem PHP. No estado actual do sistema é possível consultar toda a informação relativamente a cursos de graduação. Nisso incluímos os planos curriculares de todos os cursos de graduação disponibilizados pela Universidade. Essa consulta é feita escolhendo o curso desejado a partir da qual é gerado o plano curricular do respectivo curso podendo depois o utilizador navegar no espaço da informação relacionado com o Curso: todas as disciplinas, descrição das mesmas incluindo sinopse, número de horas, informação sobre a área científica á qual pertence, outros cursos que a disciplina está. Para além disso informação sobre Coordenador do Curso, Coordenador da Área Científica das disciplinas. Para os cursos activos ligações para informação de horários de cada curso. De referir que toda essa informação disponibilizada é utilizada actualmente para por exemplo, planear a distribuição do Serviço docente, conceber os horários de disciplinas para cada semestre. Relacionado com a informação dos cursos e das respectivas disciplinas há ainda um conjunto de dados resultantes da operacionalização dos mesmos. Ou seja dados sobre aulas leccionadas tais como: sumários, planeamento de reposição de aulas, alocação de salas e outros recursos para realização das mesmas aulas. Esses elementos correspondem ao módulo actualmente em desenvolvimento que irão disponibilizar todos os requisitos para suportar registos diversos tais como sumários, momentos de avaliação de cada um das disciplinas dos cursos de graduação, programas de disciplinas. 3. Dimensões Organizacional e Social do SIAC Apresar de actualmente serem suportados pelas Tecnologias de Informação, com as vantagens que dai se advém com uso de tecnologias avançadas nos Sistemas de informação encontramos em autores como (Cook, 1996), (Laudon & Laundon, 2005) a preocupação em não dar atenção exclusiva às Tecnologias. Se em Cook refere-se explicitamente à tendência de utilizar as TIs como panaceia para todos os problemas do processamento de informação numa Organização; Laundon argumenta que Sistemas de Informação são algo muito mais abrangentes que os computadores e a Tecnologia em geral, preferindo falar em diferentes dimensões de um Sistema de Informação. O autor refere mais concretamente a três dimensões de um SI que segundo ele requerem um entendimento efectivo: dimensão organizacional, dimensão tecnológica e dimensão de gestão. Aliás é como base nesta sua visão multidimensional de SI que o mesmo autor propõe também diferentes abordagens no estudo de um Sistema de Informação: a abordagem técnica e a abordagem comportamental. A atenção dada de uma forma equilibrada às duas abordagens permite que as tecnologias sejam úteis á Organização. Assim 90 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico sendo achamos necessário ter a perspectiva do SIAC baseado na Abordagem comportamental, analisando aspectos que de certeza irão sofrer alterações ou mesmo mudanças, em termos organizacionais. Apoiado em estudos da Teoria Organizacional autores como Bilhim afirmam que a introdução de um Sistema de Informação associa-se geralmente á mudanças: na estrutura da organização; nos processos de trabalho; nas tarefas e nas pessoas (Bilhim, 2004). Iremos portanto analisar aspectos do SIAC que poderão ser factores que determinarão um uso efectivo pela comunidade académica da Universidade. Dentro desses aspectos damos destaque a dois: Organização virtual e os aspectos sociais relacionados com a utilização SAC. Figura 4 – Diferentes Abordagens no estudo de um SI (fonte: Adaptado de (Laudon & Laudon, 2005) ) 3.1. Organização Virtual Sendo os Sistemas de Informação á disposição das Organizações elementos propulsores da nova forma de buscar eficácia na gestão das mesmas eles serão também o que, á luz do conceitos de Sociedade de Informação, lhes permitem ter uma dimensão que extravasa a existência real das mesmas Organizações. Este conceito referido em (Laudon & Laudon, 2005) sublinha a ideia que os processos de trabalho não estarão somente circunscritos á locais específicos, usando redes para ligar pessoas, recursos e processos. Referimos já à importância que actualmente é atribuída á Informação. Esta é percebida não somente como tendo artefactos tecnológicos e soluções informáticas que processam e armazenam dados, disponibilizado informação rapidamente, mas também como sendo Sistemas capazes de adequarem os processos organizacionais à forma como actualmente trabalhamos - cada vez mais baseando na informação em-linha. Cada vez mais querendo ter a informação do local onde estamos e no momento desejado tentando ignorar as distâncias e barreiras físicas. Entre esta forma de trabalhar e o ambiente real de muitas Organizações por vezes há desencontros. No caso concreto da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde a forma como se configuram certas tarefas administrativas e pedagógicas muitas vezes está desfasado 91 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde do meio Universitário. Neste, a rigidez dos processos burocráticos (muitas vezes imprescindíveis) não acompanha, nem no tempo (processos demasiado lentos) nem no espaço (necessidade de deslocações frequentes á diversos Serviços) à perspectiva menos rígida que parte do pessoal afecto á Universidade (Pessoal Docente e Investigador) propõe. Pensamos pois que SIAC deverá ter um papel central na tentativa de harmonizar o que é esperado da Organização como resposta ás necessidade dos diferentes grupos (Pessoal Docente e Investigador, Funcionários, Discentes) com o que se pode oferecer recorrendo aos meios tecnológicos disponíveis. De facto isso só é possível nos casos em que toda a infra-estrutura tecnológica de suporte abrange a extensão e as necessidades da Organização. No caso da Universidade Piaget de Cabo Verde, pensamos que a infra-estrutura permite que tenhamos essa percepção da Organização para além do que existe em termos físicos. Tal como está desenhado e planeado o SIAC irá dar á Universidade uma dimensão virtual no sentido de que os vários processos organizacionais deixam de ter somente um suporte físico ou de poderem ser realizados somente em presença física das pessoas ou com deslocação aos respectivos Serviços. Desde tarefas triviais do ponto de vista do docente (marcar uma aula extraordinária) mas com implicações em termos de gestão de salas por exemplo. Passando por outras tarefas administrativas como o registo formal de sumários até a processos mais delicados (classificação de momentos de avaliação) pensamos que SIAC introduz a possibilidade de harmonizar essa relação - centralização de processos versus distribuição - sem pôr em causa as questões da rigidez formal muitas vezes imprescindíveis. 3.2. Aspectos Sociais Quando referimos à Sociedade de Informação devemos ter em conta também os aspectos relacionados com o duplo efeito que as Tecnologias de Informação podem ter. Os impactes em termos da sua adequação à uma utilização generalizada dentro de uma Organização deverão ser analisados cuidadosamente. Aliás parte importante de um Sistema de informação será sem dúvida as pessoas, que com o seu mais ou menos compromisso com o sistema em questão podem determinar o sucesso ou insucesso do mesmo. Também é necessário ter em atenção as questões que se levantam em termos das tecnologias que facilitam o aceso e utilização indevida à determinados dados sensíveis em determinados contextos. No caso concreto do SIAC a sua implementação traz também importantes desafios, não só em termos tecnológicos mas também sociais e éticos. Talvez esses desafios são ainda mais exigentes nesses aspectos (sociais e éticos) do que puramente tecnológicos. Em termos de desafios sociais será importante estudar como adequa-lo à tão diversificado número de utilizadores. Estaremos a falar de um 92 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico mesmo sistema para Pessoal Docente e Investigador, para Funcionários (onde se inclui alguns especializados em determinadas áreas) e Discentes. Em termos de questões de ética, se até agora por exemplo, todo o processo de registo de sumários decorre em espaço físico próprio dos Serviços Académicos, com o "controlo" feito por funcionários desse Serviço, com implementação do SIAC propomos que o registo de sumário seja feita a partir de um qualquer computador pessoal, teoricamente em qualquer espaço disponível para tal. Em termos de registo de momentos de avaliação se até agora estes são manuscritos, passarão a ser feitos por um módulo do SIAC, introduzindo um aspecto novo: a possibilidade de má utilização do sistema, involuntariamente (por deficiência de formação dos utilizadores por exemplo) ou não. Embora conseguimos identificar esses aspectos e os vários desafios sociais que SIAC traz porém não baseamos as nossas argumentações em estudos que possam sustentar devidamente essas preocupações. Portanto é necessário na nossa óptica dar atenção especial a este aspecto tentando, por exemplo através de inquéritos, determinar quais seriam os vários perfis de utilizadores do SIAC. 4. SIAC e a Integração com outros Sistemas SIAC é um sistema que tem como foco suportar o principal processo organizacional da Universidade: o processo ensino-apredizagem. Este directa ou indirectamente está relacionado com todas as Unidades Organizacionais da Universidade. Desde dos Órgãos de Governo da Universidade (Reitoria, Administração) passando por diferentes Direcções de Serviços de Suporte (Serviços Administrativos e Auxiliares, Serviços Financeiros e Sociais, Serviços de Documentação), até aos Gabinetes autónomos para áreas específicas como Gabinete de Estágios e Memória, Gabinete de Estudos e Planeamento. Vemos pois que SIAC pretende suportar um dos processos da Universidade em que há responsabilidades partilhadas por diferentes entidades. Logo em que será necessário troca e partilha de informações, entre diferentes Unidades Organizacionais. Nestas, está implementado Sistemas que suportam a gestão da Informação dos seus processos trabalho. Sendo portanto vermos a concepção do SIAC de uma perspectiva de Integração de diferentes Sistemas. No entanto qual o tipo de integração que mais se adequa á Universidade Jean Piaget ? Pressupondo portanto diferenças entre os tipos de integração que segundo (Mira da Silva, 2003), podem ser: integração orientado aos dados, aos métodos; integração orientado aos processos, orientado ás interfaces, integração orientado aos portais. O mesmo autor argumenta que a integração orientada aos métodos é aquela que em termos tecnológicos é o mais correcto para fazer qualquer integração. Se atendermos que parte da informação académica em vários casos, é também resultante de processos organizacionais de outras Unidades: por exemplo a forma 93 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde como os Serviços Administrativos e Auxiliares utilizam os dados de alunos, é parte integrante da missão e objectivos desta Unidade Organizacional. Atendendo a esses aspectos parece ser mais adequada a integração orientado aos métodos. Aquela em que não pretendemos trocar dados entre os sistemas, mas sim obter remotamente um serviço prestado por uma aplicação (Mira da Silva, 2003). Querendo isso dizer, que haverá vários processos que não poderão ser implementados no SIAC pois fazendo parte em termos organizacionais de uma Unidades organizacional específica, só termos que ter meios para aceder á aplicação que irá prestar o serviço pedido. Figura 5 – Modelo de Integração SIAC e outros Sistemas Assim sendo SIAC terá necessariamente uma vertente integradora de vários Sistemas. Actualmente temos já exemplo de Sistemas como Formare, Bibliobase e Primavera ambos trabalhando com a mesma entidade aluno sob diferentes designações até, mas com os mesmos elementos de dados. Tentamos apresentar com a figura 5 a ideia subjacente a tal vertente integradora do SIAC em termos da informação académica na UniPiaget. 5. Conclusões Não restam dúvidas que na Sociedade actual, com o avanço e desenvolvimento continuo das Tecnologias de Informação, a adopção destas como suporte dos processos organizacionais irá continuar nas mais diversas organizações incluindo as Universidades. Tentamos apresentar com o artigo que há pontos chaves na adopção de SI/TI no suporte à actividade académica que devem ser devidamente identificadas. A Universidade, enquanto Organização com necessidades e desafios em termos do processamento de informação não deverá relegar para planos secundários 94 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico o estudo, concepção e implementação de um Sistema que se destina à gestão de um importante processo organizacional - o processo de ensino-apredizagem. Este ao contrário de um convencional processo tem uma abrangência que atravessa as diferentes áreas funcionais da Universidade. Esta abrangência torna assim a concepção de Sistemas de informação académico mais complexos. No caso concreto da Universidade Jean Piaget de Cabo Verde o Sistema de Informação Académico (SIAC) constituirá uma ferramenta importante na adequação dos recursos de TI aos objectivos e missão da Universidade. Porém a informação académica tal como vimos tem diferentes intervenientes. Haverá necessidade de envolver as diferentes Unidades Organizacionais e Órgãos do governo da Universidade. Sem o compromisso destes últimos em fomentar a utilização do Sistema e alterar em consonância os processos de trabalho poderá haver sérios entraves à utilização efectiva do SIAC. Isso pelo facto de que grande parte da informação académica fazer parte de processos administrativos que neste momento só tem validade em papel muitos vezes manuscritos. É necessário analisar devidamente os aspectos comportamentais que emergem com a utilização generalizada do SIAC. Pensamos não só ser necessário sensibilizar para a importância do Sistema, mas também fazer demonstrações e formação específica para utilização do SIAC. Referências Bilhim, J.A. de Faria (2004) Teoria Organizacional, Estrutura e Pessoas. Lisboa: ISCPS Cassidy, A. (1998). A Pratical Guide To Information Systems Strategic Planning. St. Lucie Press. Castells, M. (2002). A Era da Informação: Economia, Sociedade e Cultura. A Sociedade em Rede (Volume I). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. Cook, M. (1996). Building Enterprise Information Architectures: reengineering information systems. Laudon, K. C., Laudon, J. P. (2004). Management Information Systems: managing the digital firm (9ª ed.). New Jersey: Person Prentice Hall. Lopes, F. C. , Morais, M. P. , Carvalho, A. J. (2005) Desenvolvimento de Sistemas de informação. Lisboa: FCA. Mira da Silva, M. (2003) Integração de Sistemas de Informação. Lisboa: FCA Ward, J. , Peppard, J. (2004). Strategic Planning for Information Systems. New Jersey: Wiley Editorial Williams, H. , Lane, D. (2002). Web Database Applications with PHP & MySQL. Sebastopol: O’Reilly & Associates 95 Um Sistema de Informação Académico para a Universidade Jean Piaget de Cabo Verde 96 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 97 Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal Oliveira, Tiago 1, Fraga O. Martins, Maria do Rosário2 [email protected], [email protected] 1 Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação, Universidade Nova de Lisboa, Campus de Campolide, 1070-312, Lisboa, Portugal 2 Instituto Superior de Estatística e Gestão de Informação, Universidade Nova de Lisboa, Campus de Campolide, 1070-312, Lisboa, Portugal Resumo: O objectivo deste estudo é o de explicar os factores determinantes do período de adopção da Internet nas empresas portuguesas, usando dados referentes a uma grande amostra de empresas. A análise é baseada no modelo ordinal e epidémico de adopção de tecnologia. As variáveis explicativas incluem: obstáculos à adopção de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), capital humano, experiência, efeitos epidémicos, dimensão da empresa e sector de actividade. Os resultados da estimação revelam que as variáveis são praticamente todas relevantes para explicar a adopção de TIC por parte das empresas em Portugal. Palavras-chave: determinantes na adopção; difusão da Internet; tecnologias de informação e comunicação (TIC); probit ordenado. 1. Introdução A difusão atempada de uma nova tecnologia e a sua adopção por parte das empresas, é extremamente importante para promover o crescimento económico (ver, por exemplo, Pilat & Lee, 2001)). Compreender os factores que determinam a adopção de tecnologias é uma questão particularmente relevante, nomeadamente no contexto da sociedade de informação. O objectivo deste artigo é o de explicar empiricamente o timing de adopção de Internet por parte de uma empresa. Com esta finalidade, foi estimado um modelo de adopção de TIC com base nas especificações mais usualmente utilizadas na literatura (Hollenstein, 2004). Numa primeira fase, a análise é feita recorrendo a um modelo do tipo hierárquico, que , ao explicar as diferenças no tempo de adopção, inter-empresas, 97 Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal enfatiza as diferenças entre empresas relativamente à adopção da tecnologia que resultam da heterogeneidade das empresas. Em segundo lugar, introduzimos o factor ligado aos spillovers existentes entre utilizadores e não utilizadores. Este é o elemento principal do “modelo epidémico” de difusão da tecnologia. De acordo com a literatura empírica, os “efeitos hierárquicos” e os “efeitos epidémicos” são os factores dominantes na explicação da adopção de novas tecnologias (ver, por exemplo, Canepa & Stoneman, 2003). Os dados utilizados neste trabalho referem-se ao inquérito sobre utilização de TIC em Portugal. Temos ao nosso dispor informação específica das empresas sobre, o período temporal de adopção de oito elementos tecnológicos, a proporção de empregados que usa tecnologias específicas, o alcance de aplicação da Internet, obstáculos à adopção de TIC, etc.. Além disso, temos informação referente a várias características estruturais das empresas (dimensão, afiliação na indústria, etc.). A organização do artigo é a seguinte: a Secção 2 é dedicada ao enquadramento conceptual da análise empírica. A secção 3 fornece informação sobre a base de dados, bem como uma descrição breve do percurso temporal de difusão das TIC no sector empresarial português. A especificação do modelo e os resultados das estimações são apresentados na Secção 4. Por fim, são tecidas algumas considerações gerais e é feita uma conclusão. 2. Factores que Afectam a Adopção de TIC nas Empresas Este capítulo irá basear-se nos estudos realizados por Hollenstein (2002, 2004) onde é formulada uma equação explicativa da decisão de adoptar as TIC com base num conjunto de factores que determinam a rentabilidade associada ao uso de uma nova tecnologia. De acordo com a organização conceptual geral proposta por Karshenas & Stoneman (1995), a abordagem pertence à categoria de “modelos hierárquicos”, enfatizando a heterogeneidade das empresas como determinante dos padrões de difusão inter-empresa, apesar de levar também em conta, em certa medida, os efeitos epidémicos.1 Ao longo das seguintes subsecções distinguimos alguns grupos de factores que influenciam (positivamente ou negativamente) a decisão de uma empresa introduzir TIC num determinado período de tempo e a intensidade da sua utilização. 2.1. Benefícios da Adopção Uma primeira categoria de factores inclui um conjunto de benefícios ligados ao uso da nova tecnologia, tais como: poupanças em input, ganhos gerais de eficiência, maior flexibilidade, melhoria da qualidade do produto, etc.. 1 Difusão de informação entre empresas. 98 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Benefícios que a adopção das TIC pode gerar: • Redução das necessidades de capital (por exemplo, redução dos requisitos de inventário); • Poupança de trabalho em geral (através da automatização das transacções internas) ou substituição de competências laborais especificas (trabalhadores com qualificações baixas, pessoal das vendas, supervisores, etc.); • Aumento do uso eficiente de inputs em geral (acelerando processos internos, facilitando a comunicação entre empregados e reduzindo os custos de coordenação, etc.); • Qualidade mais elevada do produto através da variedade do produto, conveniência e serviços complementares. Estas categorias de benefícios são enfatizadas, por exemplo, por Brynjolfsson & Hitt (2000). Esperamos que este conjunto de factores tenha um efeito positivo sobre a decisão de adopção; o uso inicial e/ou intensivo de nova tecnologia é assim favorecido. 2.2. Barreiras à Adopção Uma segunda categoria de variáveis (que se relacionam negativamente com a adopção) são as barreiras à adopção da nova tecnologia. Da literatura consultada, identificamos cinco tipos principais de obstáculos: • Custos de investimento e condições financeiras desfavoráveis (por exemplo, preço elevado da tecnologia, limitações de liquidez, etc.); • Restrições de capital humano (carência geral de trabalhadores altamente qualificados, falta de especialistas em TIC, etc.); • Barreiras de informação e conhecimento reflectindo, por exemplo, incertezas relacionadas com o desempenho e o desenvolvimento das TIC; • Barreiras organizacionais e administrativas (por exemplo, resistências à nova tecnologia dentro da empresa; conhecimento insuficiente por parte dos directores dos ganhos potenciais das TIC); • Barreiras relacionadas com os custos de substituição suportados pelas empresas para introduzir a nova tecnologia. 2.3. Capacidade de Absorver Conhecimento e Experiência A capacidade da empresa para absorver conhecimento de fontes externas e explorá-lo para as suas próprias actividades inovadoras é outra grande determinante do desempenho (ligado à inovação) em geral, e da tecnologia em particular. Há sobretudo dois aspectos a realçar relativamente à capacidade de uma empresa para absorver novas tecnologias: • A capacidade global da empresa para avaliar oportunidades tecnológicas nos (ou à volta dos) seus campos de actividade em termos de produtos e 99 Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal técnicas de produção, o que depende principalmente do capital humano e cognitivo (Cohen & Levinthal, 1989). • Os efeitos de aprendizagem podem surgir de utilizações anteriores das TIC ou de um predecessor de um elemento específico das TIC. Provas da importância dos efeitos de aprendizagem são apresentados, por exemplo, por Colombo & Mosconi (1995), McWilliams & Zilberman (1996); para o caso das TIC, ver por exemplo Yap, Soh & Raman (1992). Ambos os elementos da capacidade de absorção devem estar relacionados positivamente com o uso inicial e intensivo das TIC. Hollenstein (2002) concluiu que o capital humano e cognitivo correlaciona-se fortemente com a adopção das TIC. Gretton, Gali, & Parham (2002) concluíram que o nível educacional do decisor apresentava uma correlação positiva e significativa com a adopção de computadores. 2.4. Modelo Epidémico (spillovers) Enquanto os aspectos da capacidade de absorção se relacionam especificamente com condições internas, o modelo epidémico de difusão da tecnologia enfatiza fugas de informação de utilizadores para não utilizadores (“aprendizagem externa”) de uma forma mais geral; vários estigmas desta abordagem são discutidos, por exemplo, em Geroski (2000). O modelo epidémico afirma, basicamente, que a propensão de uma empresa para adoptar uma tecnologia, num dado momento do tempo, é influenciada positivamente pelo grau presente (ou retardado) da sua difusão na economia como um todo, ou pela proporção de adoptantes na indústria ou sector aos quais a empresa específica pertence. Muitos estudos empíricos mostram que os efeitos epidémicos são condutores poderosos da adopção de tecnologia (por exemplo, o estudo comparativo transnacional de Canepa & Stoneman, 2003). Hollenstein (2002) concluiu que os efeitos epidémicos, isto é, as passagens de informação entre empresas, são mais importantes no caso das pequenas empresas. 2.5. Dimensão e Idade da Empresa A dimensão e a idade da empresa são duas variáveis explicativas usadas na maioria dos estudos sobre o comportamento da adopção (vide Karshenas & Stoneman, 1995 e Gretton, Gali, & Parham., 2002). Quando à dimensão da empresa, é possível argumentar que as de grande dimensão têm vantagens no que diz respeito à capacidade de absorver riscos relacionados com o desenvolvimento de tecnologia, economias de escala, acesso preferencial a mercados de capital, etc. (Davies, 1979). Desta forma, é de esperar que a dimensão da empresa se relacione positivamente com a adopção inicial e com a intensividade. Gretton, Gali & Parham (2002) concluiu que a dimensão das empresas (número de empregados) e o uso de computadores apresentam uma relação positiva e significativa em todos os sectores. Gretton, Gali, & Parham 100 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico (2004) concluiu para a Austrália que os utilizadores mais antigos e mais intensivos de TIC e da Internet tendiam a ser grandes empresas com gestores e trabalhadores competentes. Relativamente à idade da empresa, os argumentos teóricos não são conclusivos. Um impacto positivo na adopção, no caso de empresas mais antigas, reflectindo experiência (tecnológica) específica, pode ser balançado por efeitos negativos para esta categoria de empresas devido a custos de ajustamento mais baixos em companhias mais recentes. Dunne (1994) concluiu que o impacto da idade na probabilidade de adoptar tecnologias avançadas é bastante pequeno. 2.6. Competição A adopção das TIC pode ser afectada por condições de mercado (do produto) sob as quais as empresas estão a operar, particularmente a pressão competitiva a que estão expostas. Nos mercados onde a competição é mais feroz, pode esperar-se que as elasticidades de procura sejam mais elevadas devido à existência de substitutos próximos, conduzindo assim as empresas à actividade inovadora ou à adopção rápida da tecnologia (vide, por exemplo, Majumdar & Venkataraman, 1993; Arvanitis & Hollenstein, 1994; Arvanitis & Hollenstein, 2001). 2.7. Oportunidades Tecnológicas e Perspectivas de Mercado Alguns trabalhos teóricos e empíricos mostraram que as perspectivas de mercado e as oportunidades são factores importantes na determinação da actividade inovadora (ver o inquérito de Cohen, 1995 e Arvanitis & Hollenstein, 1994)). Uma vez que, do ponto de vista da empresa, a adopção das TIC é uma inovação, esperamos que as perspectivas de mercado favoráveis e as oportunidades tecnológicas elevadas exerçam um impacto positivo também no caso da adopção. 3. Dados e Difusão das TIC em Portugal 3.1. Dados Os dados que vamos utilizar foram disponibilizados pelo INE e retratam as empresas no ano de 2002. A base de dados empresarial utilizada na nossa análise resulta do INQUÉRITO À UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO NAS EMPRESAS (IUTICE), realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em colaboração com o Observatório da Ciência e do Ensino Superior (OCES) e com a unidade de Missão Inovação e Conhecimento (UMIC), e resulta informação relativa a 488 empresas. A amostra é constituída por empresas do sector da indústria de transformação (33,7%), do sector do comércio por grosso e retalho (32,4%), do sector de 101 Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal alojamento e restauração (2,3%), do sector de transporte armazenagem e comunicação (8,4%) e do sector de actividades imobiliárias, alugueres e serviços (19,3%). A amostra não é representativa da população, como tal os resultados são válidos para empresas com estas características. Os nossos dados apresentam algumas limitações, pois não temos informação para alguns tópicos com importância enfatizada na literatura, tais como: benefícios de adopção, competição, oportunidades tecnológicas e perspectivas de mercado. 3.2. Difusão das TIC em Portugal A Tabela 1 contém informação sobre o percurso temporal da adopção de oito elementos das TIC nas empresas portuguesas. O nível de difusão em 2002 (percentagem de empresas que usam uma tecnologia no ano 2002) e a velocidade de difusão (aumento de percentagem de empresas que usam um certo elemento das TIC no período 1996-2002) variam enormemente entre estas tecnologias. A Internet e o e-mail eram usados por uma pequena fracção de empresas em 1996, mas esta percentagem aumentou, apresentando em 2002 elevadas percentagens de utilização (no entanto, abaixo da média europeia (Fraga & Oliveira, 2005)). A velocidade de difusão terá tendência a abrandar para estes elementos das TIC, reflectindo principalmente o alto nível de difusão. Nos próximos anos, a difusão tomará assim lugar principalmente dentro e não entre empresas (intensidade de adopção). Tabela 1. Difusão de tecnologias de informação e comunicação (TIC) (precentagem de empresas que adoptaram elementos específicos de TIC Nível de difusão (%) 102 1996 1999 2002 E-mail 6,5 35,2 68,9 Internet 5,9 34,5 71,8 Intranet 3,1 17,9 36,0 Extranet 1,0 6,9 15,0 EDI 2,7 8,0 13,5 Wap 0,1 0,1 0,9 LAN 12,1 21,4 27,4 WAN 3,3 7,8 10,7 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Fonte: INE, cálculos próprios A caracterização dos vários elementos da tecnologia de acordo com os critérios “nível de difusão” e “velocidade de difusão” leva ao mapeamento seguinte: as tecnologias com um alto nível de difusão são: a Internet, o e-mail (velocidade muito alta); os elementos das TIC com o nível de difusão médio baixo são a intranet (velocidade muito alta) e LAN (velocidade alta); as tecnologias com um nível de difusão baixo são Extranet, EDI (velocidade alta) e LAN (velocidade baixa); e, finalmente, a tecnologia com um nível de difusão mais baixo é WAP. Hollenstein (2004) apresentou um estudo análogo da difusão de TIC para as empresas suíças. Comparando ambos os estudos, podemos concluir que o nível de difusão das empresas suíças é muito superior ao das empresas portuguesas. Quanto à velocidade de adopção, as empresas portuguesas em geral apresentam uma velocidade superior. Isto deve-se ao facto de as empresas portuguesas começarem a adoptarem elementos TIC posteriormente as empresas suíças. Comparando com outros países, a difusão das TIC nas empresas portuguesas é baixa: Portugal surge no grupo de países europeus de adopção mais lenta (OCDE, 2003). Segundo Fraga & Oliveira (2005), existem 5 grupos distintos de empresas, com características específicas no uso de TIC. Por um lado existe um conjunto de pequenas empresas, essencialmente do sector da indústria, que não usam TIC e têm uma baixa capacidade tecnológica. Por outro (em oposição), existe um grupo de grandes empresas, essencialmente do sector financeiro, que têm elevada capacidade tecnológica e fazem elevados investimentos em TIC. Ainda segundo Fraga & Oliveira (2005), o uso de TIC em Portugal varia significativamente consoante o sector económico. 4. Especificação do Modelo e Resultados Empíricos 4.1. Especificação do modelo Para atingir as metas propostas neste estudo iremos estimar um modelo para o período temporal de adopção da Internet (INTERNET). Nos nossos dados temos informação sobre a difusão de oito elementos das TIC (e-mail, Internet, Intranet, Extranet, EDI, Wap, LAN, WAN) (ver Tabela 1). Com base nesta informação, construímos variáveis que retratam o tempo de adopção da Internet (INTERNET). A variável INTERNET é especificada com quatro níveis de resposta, que são: valor 3 (y=3), para o período de adopção mais antigo (até 1996), valor 2 (y=2), quando a empresa adoptou entre 1997 e 1999; valor 1 (y=1), quando 103 Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal a empresa adoptou entre 2000 a 2002; e, por último, valor 0 (y=0), para empresas que não adoptaram a Internet até 2002. A tabela 2 dá uma visão global sobre a escolha das variáveis que reflectem os vários grupos de factores que se presumem determinar a difusão da Internet: • O primeiro grupo de variáveis refere-se à percentagem de empresas que respondem não sabe a 8 barreiras/dificuldades (BARR), no que respeita à utilização de TIC em geral. O desconhecimento destas barreiras devem levar a uma adopção tardia de Internet. A forma como especificámos obstáculos de adopção envolve um problema. Os dados disponíveis para a análise referem-se apenas a um ano, 2002. Como consequência, adopções ocorridas antes desse período, numa interpretação estrita, são explicadas por expectativas formadas posteriormente. Dada a natureza transversal dos nossos dados, não há basicamente solução para este problema. Desta forma, temos de pressupor que os objectivos e as barreiras à adopção têm sido relativamente estáveis ao longo do tempo. 104 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Tabela 2. Modelo de adopção da Internet: especificação das variáveis explicativas Variável Favorece a adopção inicial de Internet Descrição Obstáculos à adopção da Internet BARR Percentagem de respostas não sabe a 8 barreiras/dificuldades, no que respeita à utilização de TIC em geral Não Capital humano, capacidade de absorção EDUC Percentagem de trabalhadores com habilitações superiores (%) Sim NPS_DESE NV Pessoal ao serviço afecto desenvolvimento em 2002 Sim à investigação e Experiência EDI EDI já utilizado em 1999 Sim Efeitos epidémicos EPIDINT Percentagem de empresas (%) com uso de TIC acima da média em 1999 no sector que a companhia pertence Sim Dimensão e idade da empresa NPS Três variáveis dummy baseadas no número de trabalhadores: 10-49, 50-249, mais de 249 trabalhadores (grupo de referência: empresas com 10-49 trabalhadores) DATA_INI C Idade da Empresa em 2002 Sim Não e sim Tipo de indústria CAE 5 variáveis dummy: indústria transformadora, comércio por grosso e retalho, alojamento e restauração, transporte armazenagem e comunicação e actividades imobiliárias, alugueres e serviços (grupo de referência: alugueres e serviços) Não e sim • Espera-se que a capacidade de absorver conhecimento externo esteja positivamente relacionada com o período inicial de adopção. É representada por duas variáveis que medem a disponibilidade de capital humano e de conhecimento: a proporção de trabalhadores com 105 Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal qualificações ao nível superior (EDUC) e o número de trabalhadores na empresa que se dedicam à investigação e desenvolvimento (NPS_DESENV). São medidas gerais da capacidade da empresa de avaliar as oportunidades tecnológicas e usar conhecimento externo para actividades inovativas próprias. • Num enquadramento transversal, não é fácil encontrar variáveis adequadas para medir a aprendizagem a partir do uso prévio de Internet. Assim sendo, explorámos o papel da experiência apenas no caso específico em que gerações antigas e modernas de tecnologia estão claramente ligadas. Mais especificamente, é expectável que a experiência com “Trocas Electrónicas de Dados” medida pela variável EDI (adopção de EDI até 1997 sim/não), favoreça a adopção inicial de Internet. • Os efeitos epidémicos (EPIDINT) são representados pelo nível de difusão das TIC ao nível do sector em 1997, ou seja, os efeitos epidémicos referem-se à percentagem de empresas que usam TIC mais intensivamente (medida pelo número de elementos das TIC usados) que a média das empresas. Espera-se que esta variável favoreça a adopção inicial de Internet. • A dimensão da empresa (NPS), é representada por variáveis referentes a três classes de dimensão baseadas no número de trabalhadores. As pequenas empresas (10 a 49 trabalhadores) são usadas como grupo de referência. Espera-se que empresas maiores adoptem mais cedo Internet. • Os argumentos teóricos sobre a Idade da empresa em 2002 (DATA_INIC), como vimos no capitulo 2.5., não são conclusivos quanto a esta variável favorecer ou não a adopção inicial. • O tipo de sector (CAE), é representado por seis variáveis qualitativas referentes a: indústria transformadora, comércio por grosso e retalho, alojamento e restauração, transporte armazenagem e comunicação e actividades imobiliárias, alugueres e serviços. Como grupo de referência utilizou-se o sector de alugueres e serviços. Assim sendo, o modelo é especificado da seguinte forma: y é a variável dependente que pode tomar os valores 0, 1, 2 e 3; x é o conjunto de variáveis explicativas. Pretende-se saber qual o efeito de x sobre o comportamento de y e se esse efeito é ou não estatisticamente significativo. Para tal utilizou-se um probit ordenado2, que é um método apropriado quando as variáveis dependentes são medidas numa escala ordinal (no caso presente: quatro níveis de resposta). 4.2. Resultados empíricos Inicialmente estimámos o modelo com todas as variáveis explicativas. Verificámos que a variável DATA_INIC, não era estatisticamente significativa. Este resultado era de esperar, pois no capitulo 2.5. tínhamos visto que os 2 Para ver o probit ordenado em detalhe Long (1997) 106 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico argumentos teóricos não eram conclusivos quanto à inclusão desta variável no modelo. Por estes motivos, resolvemos retirá-la do nosso modelo. O modelo construído recorre a uma regressão latente, onde β apresenta sinal negativo: (4.1.) y* = -β’x + ε. 3 Desta forma, as estimativas do efeito marginal têm sinal contrário às esperadas do ponto de vista teórico. Tabela 3. Período de adopção de INTERNET (estimação pelo probit ordenado) Período temporal de adopção de Internet Variáveis Coeficiente estimado (-β) Desvio padrão Termo constante 1 1,6781 0,1329 Termo constante 2 3,3938 0,1537 0,0061 0,0026 Obstáculos de adopção BARR Capital humano, capacidade de absorção EDUC -0,0211 0,0034 NPS_DESENV -0,0375 0,0145 -0,2222 0,0621 -0,0364 0,0039 NPS_2 -0,2138 0,0838 NPS_3 -0,2855 0,0869 CAE1 0,1035 0,0702 CAE2 0,2555 0,0719 CAE3 0,1421 0,1544 CAE4 -0,012 0,0991 Experiência EDI Efeitos Epidémicos EPIDINT Dimensão da empresa Sector de Actividade N (488) 3 Este é o procedimento usualmente utilizado pelo software SAS. 107 Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal Para um nível de significância de 5%, todas as variáveis são estatisticamente significativas com excepção das variáveis: CAE1, CAE3 e CAE4. Onde x é um matriz com 1’s na primeira coluna e β é um vector coluna dos coeficientes estruturais em que o primeiro elemento é termo constante (β1). Como y* não é observado (variável latente), a especificação do modelo é a seguinte: ⎧0, se -∞ = µ0 ≤ y* ≤ µ1 ⎪ ⎪1, se µ1 < y* ≤ µ2 y=⎨ ⎪2, se µ2 < y* ≤ µ3 (4.2.) ⎪ ⎩3, se µ3 ≤ y* ≤ µ4 = ∞ em que µ1, µ2 e µ3 são parâmetros de corte, que é uma forma de censurar os dados. Assim se uma empresa ainda não adoptou Internet até 2002 (y=0), se uma empresa adoptou Internet entre 2000 a 2002 (y=1), se uma empresa adoptou Internet entre 1997 e 1999 (y=2), se uma empresa adoptou Internet até 1996 (y=3). Na tabela 3 apresentamos os resultados obtidos para o modelo período temporal de adopção de Internet sem a variável DATA_INIC. Como podemos constatar, quase todas as variáveis explicativas são estatisticamente significativas. O ajuste global do modelo é satisfatório. O núcleo do nosso modelo empírico de adopção é assim confirmado. Com base na tabela 3, apenas podemos concluir se as variáveis explicativas são ou não estatisticamente significativas, mas nada podemos afirmar sobre o impacto destas para cada classe ordinal da variável dependente4. Para completar esta análise, apresentamos seguidamente uma interpretação exaustiva para os parâmetros estimados, com objectivo de compreender o impacto previsto de cada variável explicativa na variável dependente. Efeitos de cada variável na probabilidade prevista Para cada uma das variáveis quantitativas foi estimado o seu efeito sobre as probabilidades esperadas quando a empresa: não adoptou Internet até 2002 (y=0); adoptou entre 2000 a 2002 (y=1); adoptou entre 1997 e 1999 (y=2); adoptou antes de 1997 (y=3). Mantivemos constante a média para todas as variáveis com excepção da variável em análise. Apresentamos esta análise para todas as variáveis quantitativas, como podemos observar na figura 1: • à medida que a percentagem de respostas não sabe a 8 barreiras/dificuldades (BARR) aumenta, maior é a probabilidade da empresa não ter adoptado Internet até 2002 (y=0), ou ter adoptado de 2000 a 2002 (y=1). A probabilidade da empresa ter adoptado Internet de 1997 a 1999 (y=2) e ter adoptado até 1996 (y=3), está inversamente relacionado Temos de ter muito cuidado com a interpretação de coeficientes neste modelo. Para além disso, sem muitos cálculos auxiliares, é pouco claro se os coeficientes do modelo probit ordenado poderão ser interpretados (Greene, 2000). 4 108 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico com o aumento de BARR. Podemos concluir que quanto maior for a percentagem de respostas “não sabe classificar a importância de 8 obstáculos à adopção das TIC”, menor será a probabilidade de estas terem adoptado a Internet numa fase inicial. • quanto maior a percentagem de trabalhadores com formação superior (EDUC) e maior número de pessoas que se dedicam à investigação e desenvolvimento (NPS_DESENV), as probabilidades previstas apresentam o seguinte comportamento: diminui ligeiramente a probabilidade da empresa não ter adoptado Internet até 2002 (y=0); diminui a probabilidade da empresa ter adoptado Internet de 2000 a 2002 (y=1); diminui a probabilidade da empresa ter adoptado Internet de 1997 a 1999 (y=2); aumenta a probabilidade da empresa ter adoptado Internet até 1996 (y=3). Podemos concluir que quanto mais qualificados forem os trabalhadores de uma empresa maior a probabilidade dessa empresa ter adoptado a Internet numa fase inicial (há mais tempo). ED U B ARR 0,8 0,8 0,6 0,6 0,4 0,4 0,2 0,2 0 0 0 10 20 30 y=0 40 50 6 0 (%) y=1 70 80 90 10 0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 (%) y=2 y=0 y=3 N P S _ D ES EN V y=1 y=2 y=3 E P ID IN T 1 0,8 0,8 0,6 0,6 0,4 0,4 0,2 0,2 0 0 0 10 y=0 20 30 y=1 40 (Nº) 50 y=2 60 y=3 70 37 39 41 43 45 47 49 51 53 55 57 59 y=0 (%) y=1 y=2 y=3 Figura 1. Gráfico da probabilidade prevista, para as variáveis BARR, EDUC, NPS_DESENV e EPIDINT sobre o período temporal de adopção de Internet 109 Factores Determinantes na Adopção da Internet em Portugal • quando maior for a difusão da informação dentro do sector (EPIDINT), menor a probabilidade da empresa não ter adoptado Internet até 2002 (y=0), ou ter adoptado de 2000 a 2002 (y=1). A probabilidade da empresa ter adoptado Internet de 1997 a 1999 (y=2) e ter adoptado até 1996 (y=3) aumenta com o aumento dos EPIDINT. Podemos assim concluir que o aumento dos EPIDINT favorece a adopção inicial de Internet, como seria de esperar. Efeitos de mudanças discretas Na tabela 4 são apresentadas os efeitos de uma variação discreta de x sobre o comportamento de P(y=0), P(y=1), P(y=2) e P(y=3). Como se pode facilmente constatar: • As empresas de maior dimensão exibem uma propensão mais elevada para adoptar Internet, (uma análise aprofundada do papel que a dimensão da empresa desempenha nas decisões de adopção é apresentada em Hollenstein (2002)). Por exemplo, podemos constatar que uma empresa de grande dimensão (NPS3) face a uma empresa de média dimensão (NPS2) apresenta uma probabilidade superior em 0,016 de ter adoptado Internet até 1996 (y=3); • As empresas que têm maior experiência na utilização anterior de tecnologias (EDI), face às que não têm, apresentam uma maior probabilidade de adoptarem inicialmente Internet. Por exemplo, uma empresa que tem EDI (EDI1), comparativamente a uma empresa que não tem EDI (EDI2), apresenta uma probabilidade inferior em 0,006 de não ter adoptado Internet até 2002 (y=0). Podemos concluir que, as variáveis EDUC e NPS_DESENV apresentam maior média em valor absoluto de efeitos marginais em mudanças discretas ( ∆ ). Estas variáveis são claramente as que apresentam maiores efeitos no período temporal de adopção de Internet. Tabela 4. Mudanças discretas nas probabilidades previstas, no período temporal de adopção de Internet ∆ y=0 y=1 y=2 y=3 NPS3 → NPS2 0,012 -0,002 -0,022 0,008 0,016 NPS3 → NPS1 0,050 -0,011 -0,089 0,045 0,055 NPS2 → NPS1 0,038 -0,008 -0,068 0,037 0,039 Variável EDI1 → EDI2 0,037 -0,006 -0,067 0,025 0,048 BARR ∆Intervalo 0,114 0,036 0,192 -0,138 -0,090 EDUC ∆Intervalo 0,327 -0,025 -0,353 -0,276 0,655 110 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico NPS_DESENV ∆Intervalo 0,406 -0,014 -0,286 -0,513 0,813 EPIDINT ∆Intervalo 0,136 -0,034 -0,239 0,130 0,143 5. Conclusões Recentemente, a nova Economia tem sido uma das áreas que mais se tem desenvolvido no contexto da investigação económica. As três TIC que mais atenção têm recebido na literatura são: os computadores pessoais, a Internet e o comércio electrónico. Estas tecnologias apresentam 3 características que as distinguem de outro tipo de tecnologias. Por um lado, a sua difusão é feita ao nível da economia como um todo. Por outro, são tecnologias que apresentam um potencial elevado para a inovação. E finalmente, estas proporcionam inovações em bens complementares. Estudos recentes tem demonstrado que a utilização de TIC (nomeadamente Internet e computadores) melhora a performance das empresas. Sendo Portugal um dos países com menor produtividade da UE, e verificandose que a adopção da Internet ainda é relativamente lenta, torna-se fundamental avaliar os factores determinantes desta adopção. Só assim será possível delinear politicas de incentivo à utilização da Internet por parte das empresas. Este trabalho permitiu-nos identificar 4 factores cruciais, determinantes da adopção da Internet em Portugal: o capital humano, os spillovers da informação, a experiência com tecnologias e a dimensão da empresa. Estas conclusões significam que não basta incentivar a instalação da Internet nas empresas. É necessário que existam trabalhadores qualificados que saibam tirar partido da sua utilização. Finalmente, verificamos que, como seria de esperar, a experiência com utilização anterior de tecnologias e a dimensão da empresa servem de alavanca e proporcionam uma adopção atempada deste tipo de TIC. Referências Arvanitis, S., & Hollenstein H. (1994). Demand and Supply Factors in Explaining the Innovative Activity of Swiss Manufacturing Firms. An analysis based on input-, output- and market-oriented innovation indicators. Economics of Innovation and New Technology, 3, 15-30. Arvanitis, S., & Hollenstein, H. (2001). The Determinants of the Adoption of Advanced Manufacturing Technology. 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In this context also the accounting and auditing firms have to redefine their strategies to improve the relationship with their customers, to reduce costs, to optimize business processes, to provide important data to customers and so on. This paper will present the results of a study aiming to achieve a overview (in sense of a snapshot) of the IT structures, as well as the future IT needs, of these firms (accounting firms). The achieved results are based on questionnaires applied to the ten biggest accounting firms in Recife (Pernambuco, Brazil). These questionnaires were made based on the theoretical references of the Brazilian accounting standards and how these accounting firms applying the new technologies were able to satisfy the requirements of their customers concerning their structures and needs of information. Only five of the ten accounting firms answered the questionnaire and the achieved results showed that despite these firms apply the IT the use/application of database systems and communications technologies are inadequate and insufficient. Keywords: accounting systems, accounting services, information technologies, information systems. 115 Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de Serviços Contábeis em Recife Resumo: Vivendo em um ambiente de mudança, concorrência e desenvolvimento acelerado que novas tecnologias impõem às empresas, ocorre fortes interações entre as organizações e seus clientes. Nesse contexto, as empresas de serviços contábeis fornecem informações que são fundamentais para a definição de cenários e estratégias. Portanto, as firmas de serviços contábeis devem integrar-se com o novo ambiente dos negócios, o que deve ocorrer, inicialmente, em seus procedimentos internos visto que a informatização pode reduzir custos e tempo de resposta das inter-relações que a empresa desenvolve no seu dia-a-dia. Desta forma, esta pesquisa procurou mostrar qual será a estrutura de TI utilizada nas empresas de serviços contábeis da cidade de Recife, estado de Pernambuco (Brasil), observada a importância desta estrutura para o negócio e a utilidade da informação para seus clientes. Foi elaborado um questionário baseado num referencial teórico e encaminhado às dez maiores empresas de serviços contábeis de Recife, das quais apenas cinco responderam. Os resultados evidenciaram que as empresas contábeis utilizam recursos adequados de software e hardware, entretanto, há necessidade de aperfeiçoar a utilização das tecnologias de banco de dados (: bases de dados) e telecomunicações, para melhorar a integração com seus sistemas de informação (SI), e assim atenderem melhor a seus clientes. Palavras-chave: Serviços Contábeis; Sistemas de Informação, Tecnologia da Informação. 1. Introdução Vivemos num ambiente em constante mudança, concorrência, e desenvolvimento acelerado de novas tecnologias, que impõem às empresas uma interação forte entre mercado e conhecimento. Portanto, é necessário tomar decisões ousadas e rápidas devido ao risco inerente à continuidade dos negócios. Os prestadores de serviços de contabilidade fornecem informações às empresas, as quais são fundamentais para definição de cenários e estratégias. Laudon e Laudon (2004), alertam que as empresas sejam industriais, comerciais, serviços ou empresas digitais, terão de ajustar-se ao novo ambiente dos negócios, e tal integração deve ocorrer em seus procedimentos através das informações compartilhadas entre estes, o que pode reduzir custos e tempo de resposta nas interrelações que a empresa desenvolve. As informações produzidas nas empresas de serviços de contabilidade são matérias-primas essenciais para as organizações (clientes), que desejam se inserir ou já se encontram instaladas no mercado. Fornecedores de informações econômicas, financeiras e operacionais, as empresas contábeis devem possuir uma estrutura de Tecnologia de Informação (TI) e Sistemas de Informação (SI) adequadas para oferecer informações úteis e oportunas. As organizações de grande porte que possuem estruturas próprias de SI, são conhecedoras desta necessidade e tentam ao máximo, adquirir software, dotar esses sistemas com o que existe de atual em termos das TI. As empresas de pequeno e médio porte, em sua maioria, por questões de custo não podem ter seus próprios sistemas informatizados e recorrem às prestadoras de serviços de contabilidade. Há de se imaginar que as empresas de serviços de contabilidade que dispuseram de maiores recursos de TI prestam serviços mais 116 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico adequados e de melhor qualidade aos seus clientes. Portanto, este estudo procura responder ao questionamento: qual é a estrutura de TI utilizada nas empresas de serviços contábeis situadas em Recife, observada a importância desta estrutura para seu negócio e o fornecimento da informação a seus clientes? 2. Objetivos Avaliar a estrutura de TI/SI utilizada pelas empresas de serviços contábeis na cidade de Recife. Objetivos específicos: • Identificar as bases conceituais de TI/SI nas empresas de serviços contábeis; • Identificar quais os elementos de TI/SI que dão suportes às empresas; • Identificar a estrutura de TI/SI utilizada nas empresas de contabilidade. 3. Metodologia Para melhor ilustrar esse questionamento foi necessário uma breve revisão conceitual de TI e SI, bem como, elaborar uma pesquisa exploratória indutiva, com a finalidade de indicar a estrutura de TI/SI utilizada pelos 10 maiores escritórios de contabilidade, com relação à quantidade de clientes na cidade de Recife, apresentado pelo SESCAP-PE (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estudo de Pernambuco). Foi elaborado um questionário e enviado por fax para as empresas de serviços contábeis responderem. 4. Referencial Teórico A informática contribui muito para as ciências modernas, mas contribuiu decisivamente com a ciência contábil, no sentido de estruturar as bases para o tratamento automático e racional das informações através de computadores. Assim: “Valendo-se das questões relacionadas com a informática e com a cibernética é possível resgatar os elementos básicos e estruturais que permitem a compreensão mais apropriada dos aspectos de tecnologia da informação.” (CORNACHIONE Jr., 2001, p. 111). Cornachione Jr (2001), acrescenta que a TI está relacionada à forma como o homem reflete suas próprias potencialidades através de uma estrutura eletrônica de processamento de dados (Computadores). Afirma ainda, que a TI é um domínio que contém todo e qualquer recurso e solução computacional que visa suportar e melhorar o processo de informação; seus objetos de estudo serão todos os elementos disponíveis com a finalidade de corroborar e suportar as fases pelas quais perpassa a informação. 117 Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de Serviços Contábeis em Recife Convêm ressaltar que a informação possui valor relativo, pois uma informação pode ser saída para um sistema e dado para outro. Para Santos (2003) informação, é o significado atribuído aos dados valendo-se de símbolos convencionados. Para Furlan (1994), quando se fala em TI não se fala apenas em computadores, mas em toda a forma de gerar, armazenar, veicular, processar e reproduzir a informação. Desta forma, a tecnologia pode utilizar meios para: • Armazenar informações: papel, arquivos, fichários, fitas magnéticas, CD e DVD; • Veicular informações: fax, telefone, jornal, correio, televisão, e-mail, home-pages. • Reproduzir informações: máquinas de foto-copiadora, projetores de slides, datashow, são, entre outros. Cotidianamente, as empresas utilizam as soluções de TI em seus negócios. Uma reportagem da Revista Information Week (outubro/2005, p. 43), mostra como a empresa capixaba Rodosol, concessionária que administra um trecho rodoviário entre os municípios de Guarapari e Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, encontrou uma solução para auxiliar o controle orçamentário da companhia. Essa empresa tem cerca de 200 funcionários e fatura 42 milhões de reais por ano e 4% desse valor é aplicado na área de TI. Mesmo possuindo um sistema ERP (Logix, Logocenter), necessitava de maior flexibilidade nos relatórios existentes para melhorar a agilidade na tomada de decisão. Dessa forma, investiu considerável valor em equipamentos e software de BI (Business Intelligence), que envolverá as áreas de controladoria e operações. Inclui a implantação de o orçamento, controle da receita-despesa e fluxo de caixa, bem como, o controle do fluxo de pedágio e o atendimento aos usuários da rodovia. Segundo Waldeck Araújo Junior, diretor de TI da Brasil Telecon, além de aperfeiçoar os seus serviços, a empresa pretende investir em projetos de CRM, Data Warehouse e BI, plataformas de serviços e integração de aplicações (Information Week, Jan/2005, p. 37). 5. Bases da TI nas Empresas de Serviços Contábeis Segundo Laudon e Laudon (2004), uma das primeiras tarefas designadas aos computadores foi à automatização dos cálculos financeiros e contábeis, e essas funções ainda apresentam alta prioridade para suportar processos financeiros: contabilidade, cálculo de imposto, folha de pagamento, planejamento de investimentos. Numa visão empresarial, a TI pode ser vista como a composição de quatro elementos-chave (CORNACHIONE Jr., 2001), Figura 1: hardware, software, banco de dados e telecomunicações. Apesar do elemento humano não ser apresentado, deve ser considerado como agente principal da relação, cuja interação impacta fortemente a modelagem e a estrutura dos SI. 118 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 5.1. Recursos de Hardware Para Laudon e Laudon (2004), a empresa pode melhorar o desempenho de suas funções utilizando hardware e software corretos. Investimentos hardware e software estão intimamente ligados. Estes autores afirmam ainda que: Embora gerentes e administradores não precisem ser especialista em tecnologia de computador, devem ter um conhecimento básico dos papéis do hardware e do software na infra-estrutura de tecnologia de informação (TI) da empresa para poder tomar decisões tecnológicas que promovam o desempenho e a produtividade organizacionais. (LAUDON e LAUDON, 2004, p. 184) A estrutura de hardware comporta, portanto, as memórias de trabalho e de armazenamento, a velocidade de processamento e os periféricos e impressoras utilizadas para operacionalizar os sistemas de informações. 5.2. Recursos de Software Os recursos de software podem ser divididos em (Cornachione Jr., 2001): Software básico: software que interage entre a máquina e os outros programas, pois controla a utilização dos recursos oferecidos pelo computador. Exemplo: sistemas operacionais (Windows, Linux, OS2). Software de apoio: auxilia no controle e a manutenção dos recursos computacionais. Exemplo: gerenciadores de rede, antivírus, software de segurança, entre outros. Software aplicativo: são voltados para atender objetivos definidos. Exemplo: editores de texto, planilhas eletrônicas de cálculo, gerenciadores de banco de dados, gerenciamento e edição de gráficos. Software aplicativo específico: são programas criados para atender a objetivos específicos e especializados, como os sistemas de contabilidade, folha de pagamento, controle de estoques, orçamento, preços. 119 Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de Serviços Contábeis em Recife Os softwares correspondem então ao elo de ligação entre o homem e a máquina, como podemos deduzir na ilustração (Figura 1): Observa-se a interface com o ser humano através da preocupação com a interação do usuário, tanto na alimentação como no processamento dos dados, através de telas e relatórios produzidos pelo software. As linguagens de programação que privilegiam o aspecto visual são denominadas de alto nível devido estarem mais próximas da interação com o homem. Um recurso tecnológico importante são os sistemas integrados de gestão empresarial ou sistemas ERP (Enterprise Resource Planning). São softwares criados e comercializados por empresas de software house (SAP, Oracle, PeopleSoft, Baan). Capacidade de processamento e escalabilidade são duas características interessantes apontadas por Laudon e Laudon (2004), sobre a utilização de hardware e software. Enquanto a capacidade de processamento deve ser avaliada para evitar a saturação do sistema de hardware, a escalabilidade deve garantir que o hardware e o software possam atender a um número maior de usuários ao mesmo tempo. 5.3. Banco de Dados (: Bases de dados) Falando-se de SI, deve-se ressaltar a importância dos recursos de banco de dados, relativamente ao armazenamento e a recuperação de dados. Refere-se à segurança, a capacidade de processamento e armazenamento, a velocidade de processamento entre outros. A segurança é uma preocupação constante do setor de TI, como pode ser verificado numa pesquisa divulgada na Information Week (outubro/2005, p. 36), realizada pela CSI (Computer Security Institute) e o FBI (Federal Bureau of Investigation), sobre segurança da informação e crime cibernético, onde destacamse: • Os ataques de vírus continuam sendo apontados com a principal fonte de perdas financeiras; 120 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • • • • O roubo de informações proprietárias e o acesso não autorizado estão aumentando; A ocorrência de incidentes em web cresceu dramaticamente; O percentual de empresas que reportam a ocorrência de invasões em seus sistemas e computadores continua diminuindo, devido ao medo da publicidade negativa; Os gastos com segurança vêm sendo suportados por análises econômicas baseadas em: 38% ROI (Return on Investiment), 19% IRR (Internal Rate of Return), e 18% NPV (Net Present Value). 5.4. Telecomunicação Considerando que a informação deve ser útil e tempestiva aos usuários, para Cornachione Jr. (2001), o sistema de telecomunicação, formado através da combinação de hardware e software específicos, devem transmitir as informações com rapidez e segurança, independentemente da distância. Para Laudon e Laudon (2005), a TI permite às empresas coordenem suas atividades internas e se comunicar de maneira mais eficiente com outras organizações. Hoje é praticamente impossível se fazer negócios sem utilizar a tecnologia de comunicações. As principais estruturas de comunicações são as redes internas ou locais (LAN), que servem para interligar os computadores das diversas áreas de uma empresa, e as redes que provêem a comunicação com o ambiente externo (redes banda larga), permitem o comércio eletrônico e a comunicação com outras empresas, cliente, governo entre outros. 6. Desenvolvimento da Pesquisa (: Investigação) Para realizar a pesquisa, foram enviados os questionários via fax o anexo para as dez maiores empresas de serviços contábeis na cidade de Recife, em quantidade de clientes, segundo o SESCAP-PE (Sindicato das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estudo de Pernambuco). Apenas 5 retornaram com as respostas, são analisadas a seguir. 6.1. Resultados Constatou-se que as empresas de serviços contábeis pesquisadas possuem de 14 a 40 colaboradores (funcionários) e estão no mercado a mais de 20 anos. O faturamento varia de 800.000,00 a 1.200.000,00 R$ anuais. 121 Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de Serviços Contábeis em Recife a) Hardware utilizado Tabela 1: Hardware % 4. Utiliza computadores pessoais (PC)? 100 5. Utiliza computadores portáteis? (Notebooks) 80 6. Possui impressoras? 100 7. Possuí no-break e/ou sistema de estabilização de energia? 100 8. Possui copiadora? 100 Portanto, 100% das empresas dizem utilizar hardware considerados compatíveis ao bom funcionamento da prestação de serviços de contabilidade. (Tabela 1). b) Software utilizado Tabela 2: Software 9. Possuí pacote de automação de escritório? (Office) 10. Possuí pacote de software de contabilidade modular? 11. Possuí software de controle operacional? 12. Possuí pacote de software de contabilidade Integrado não ERP? 13. Possui pacote de software integrado ERP? 14. Possui sistema de arquivo eletrônico de documentos? 15. Possui software de interface gráfica? % 100 60 80 80 20 20 80 Nota-se que as empresas possuem um nível de software aceitável. Poderia ser melhor, pois 80% das empresas contábeis utilizam software de contabilidade integrados não ERP, contra apenas 20% ERP. Apenas 20% utilizam sistemas de arquivamento eletrônico de documentos (Tabela 2). c) Bancos de dados (: Bases de Dados) utilizados Tabela 3: Banco de dados % 16. Utiliza unidades de backup para confiabilidade dos dados? 17. Utiliza sistema seguro de armazenamentos de dados? 18. Utiliza apenas um banco de dados? 100 100 20 122 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 19. Utilizar mais de um banco de dados (comunicam e interagem)? 20 20. O banco de dados atua de forma integrada e compartilhada com mais de um aplicativo? 80 21. O banco de dados pode ser acessado por diversas tecnologias de conectividade? 100 Observou-se que 100% das empresas realizam procedimentos de backup, entretanto, mas 80% empresas utilizam mais de um banco de dados. Apenas a empresa que utiliza o sistema ERP evidenciou a utilização de apenas um banco de dados (Tabela 3). d) Recursos de Telecomunicações utilizados Tabela 4: Telecomunicação % 22. Utiliza o papel como o principal veículo de comunicação? 23. Possui conexão com a internet via satélite? 24. Possui conexão com a internet via cabo? 25. Possui conexão com a internet via telefone? 26. Possuí rede interna de compartilhamento de dados? 27. Possuí rede externa de compartilhamento de dados? 28. Possui equipamentos de fax? 29. Utiliza conexão sem fios? 30. Possui home-page? 31. Utiliza processos de trabalho via internet? 60 0 20 80 100 0 100 0 80 80 Percebe-se que o papel ainda é muito utilizado para estabelecer a comunicação, entretanto, o e-mail vem ganhando espaço nesse sentido. Os entrevistados afirmaram durante que o papel está sendo utilizado atualmente mais como protocolo, que uma necessidade de comunicação (Tabela 4). A conexão com a internet através de telefone é a mais utilizada por 80% das empresas de serviços contábeis. Todas as empresas utilizam computadores em rede interna para compartilhamento de recursos de informática e comunicação, 80% utilizam home-pages e possuem procedimentos operacionais via web (Tabela 4) 123 Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de Serviços Contábeis em Recife e) Recursos Humanos utilizados Tabela 5: Recursos humanos % 32. Possui pessoal especializado para trabalhar com informática? 33. Utiliza portal de acesso aos funcionários através da web? 34. Possui sistema de gerenciamento do conhecimento? 80 40 40 Notou-se que 80% das empresas pesquisadas apresentam pessoal especializado em informática para suporte as atividades operacionais. Entretanto, o acesso dos funcionários através da web ainda é pouco utilizado, bem como, apenas 40% das empresas utilizam sistema de gerenciamento do conhecimento. 7. Conclusão De acordo com os resultados da pesquisa, as empresas de serviços contábeis pesquisadas utilizam adequadamente os recursos de TI nas suas atividades. Entretanto, não utilizam todo o potencial que esse recursos possam trazer para o seu negócio, visto que, pode-se observar nos resultados que as empresas utilizam ou tem a sua disposição a tecnologia de hardware e software adequados, atualizados e utilizam poucos recursos de banco de dados, apresentando pouca integração e compartilhamento entre banco de dados diferentes. Notou-se que um dos elementos mais importantes da TI é o próprio ser humano. A interação entre o homem e os recursos tecnológicos, principalmente, os relacionados aos SI são cada vez mais requeridos. No meio de tanta informação é necessário criar sistemas ou procedimentos que facilitem gestão do conhecimento, sob o risco de perder informações que são úteis para o negócio e para os clientes. O presente estudo deve ser objeto de outros estudos, o presente trabalho apenas abre caminho para a discussão da utilização dos recursos de TI nas empresas de serviços contábeis de Recife. Como essas empresas têm em seu negócio a transferência constante de informação para a tomada de decisão de outros negócios, é fundamental desenvolver tecnologia que as auxiliem nessa tarefa, integrando fornecedores e clientes a seus negócios. 124 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 8. Referências CORNACHIONE Jr., Edgard Bruno. Sistemas Integrados de Gestão: uma abordagem da tecnologia da informação aplicada à gestão econômica : arquitetura, método, Implantação. Atlas : São Paulo, 2001. FURLAN, José Davi. Reengenharia da Informação. Makron Books : São Paulo, 1994. Information Week. 13 de outubro de 2005. Rápida no Gatilho: Concessionária Capixaba organiza informações para facilitar tomada de decisão. p. 43. www.informationweek.com.br. _______________ 13 de outubro de 2005. Segurança: Parâmetros dos EUA. p.36. www.informationweek.com.br. ________________ . 20 de janeiro de 2005. TI se Dirige à Nova Era. p. 3435. www.informationweek.com.br. ______________ . 20 de janeiro de 2005. Maior controle de acesso será vital em 2005. p. 37. www.informationweek.com.br. LAUDON, Kenneth C. e LAUDON, Jane P.; Sistemas de Informação Gerenciais: Administrando a empresa digital. São Paulo, Prentice Hall, 2004. SANTOS, Aldemar de Araújo. Informática na Empresa. 3ª Ed. Atlas : São Paulo, 2003. SANTOS, Aldemar de Araújo; Cordeiro da Silva, Luiz Gustavo; Kaldeich, Claus. Sistemas ERP: Um enfoque sobre a utilização do SAP R/3 em contabilidade e custos, Proceedingd of the IX International Conference on Industrial Engineering and Operations Management, Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil, 21-24 de Outubro de 2003. 125 Uma Abordagem sobre a Utilização de Tecnologia da Informação nas Empresas de Serviços Contábeis em Recife 126 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 127 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes Filipa Teixeira, João Paulo Pereira, Adriana Dias, Victor Nunes [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] Escola Superior de Tecnologia e de Gestão de Bragança, Instituto Politécnico de Bragança, Portugal Resumo: Enquanto o debate sobre a chamada “digital divide” entre países é abundante, muito menos atenção tem sido dada às disparidades de acesso às TICs avançadas dentro das nações. Apesar de existirem claras evidências de que estas disparidades internas podem levar à contínua marginalização das pessoas e regiões “desligadas” das redes de informação globais, que suportam a economia moderna e a vida social, provocando assim intensas desigualdades a nível de rendimento e oportunidades. Os dados disponíveis sobre a utilização e penetração das TIC reportam normalmente às regiões centrais, enquanto para as regiões mais remotas e periféricas não existe esse tipo de informação. Assim, esta falta de indicadores, sobre a sociedade da informação, para região de Alto Trás-os-Montes não nos permite avaliar o nível de penetração e utilização das TIC. Desta forma, este trabalho teve como base principal a realização de um estudo estatístico sobre a utilização das TIC pelos indivíduos e empresas na região de Alto Trás-os-Montes. O objectivo central foi identificar qual o papel que essas tecnologias desempenham no desenvolvimento individual e colectivo da região. Palavras-chave: Tecnologias de Informação e Comunicação; Sociedade da Informação; Regiões periféricas; Digital Divide. 1. Introdução Existe um optimismo generalizado que a utilização das TIC permitirá superar as barreiras tradicionais do espaço físico, e assim, permitirá o aumento da competitividade das economias das regiões remotas e periféricas. As redes de TIC’s, em relação a outros tipos de infra-estruturas, permitem obter uma maior variedade de benefícios socio-económicos. Os benefícios não passam somente pela acessibilidade das regiões, mas também pelos benefícios estruturais obtidos pela necessidade de competências que permitam a utilização destas tecnologias (Pereira, 2005). 127 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes O investimento em TIC’s possibilita o aumento na produtividade e a redução dos custos de transacção das empresas, contribuindo estruturalmente para o crescimento económico. Uma das expectativas da utilização das TIC’s é o “estreitamento” da distância física entre áreas remotas e os centros económicos (Gillespie and Williams, 1988). No entanto, a competitividade de uma região não é alterada pelo só pelo facto de se disponibilizar TIC’s (supply side approach), dependendo também, da qualidade organizacional e das atitudes de aprendizagem. A formação profissional em informática e a preparação para a utilização das TIC’s continuam a ser um importante desafio para estas regiões. A questão das barreiras linguísticas e da complexidade do funcionamento dos PCs têm sido um obstáculo à difusão da Internet. O êxito de qualquer aplicação nas regiões desfavorecidas ou periféricas está cada vez mais dependente da disponibilização de conteúdos relevantes. Existem fortes evidências que dois dos requisitos chave para o êxito das aplicações de desenvolvimento comunitário e empresarial são o apoio linguístico e a disponibilidade de conteúdos pertinentes. A falta de indicadores, sobre a sociedade da informação, para região de Alto Trás-os-Montes não nos permite avaliar o nível de penetração e utilização das TIC. Assim, este trabalho teve como base principal a realização de um estudo estatístico sobre a utilização das TIC pelos indivíduos e empresas na região de Alto Trás-osMontes. O objectivo central foi identificar qual o papel que essas tecnologias desempenham no desenvolvimento individual e colectivo da região. 2. Contexto De acordo com o Plano de Acção para a Sociedade da Informação (UMIC, 2003), a Sociedade da Informação é uma sociedade onde a componente da informação e do conhecimento desempenham papéis nucleares em todos os tipos de actividade humana, aliciando novas formas de organização, da economia e da sociedade. No processo de implementação e desenvolvimento de uma Sociedade da Informação para todos, é ao governo a quem pertence o papel catalizador, no sentido de promover e incentivar todo um conjunto de actividades. Convém também realçar que os agentes mais relevantes neste processo devem ser os cidadãos, as empresas, as associações e as demais organizações da sociedade civil. Portanto, a Sociedade da Informação constitui um desafio que deve ser encarado de frente, de modo a preparar os países para as profundas mudanças, visto que as suas manifestações condicionam a conduta das organizações e influenciam o pensamento estratégico das nações. Digital Divide “Digital Divide”, é o termo hoje mundialmente conhecido e adoptado pela maioria das organizações mundiais para descrever as diferenças que existem na 128 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico utilização das TIC, nomeadamente a Internet e outros serviços de telecomunicações; a assimetria de acesso entre as civilizações consideradas industrializadas e as civilizações em vias de desenvolvimento como as diferenças existente dentro de cada pais, entre aqueles que dificilmente tem acesso à informação e os que dele usufruem em abundância, sem esquecer as diferenças entre aqueles que utilizam meios ou vias digitais para se envolverem e participarem na vida pública e melhorarem as suas condições de vida e os que a tal o acesso é negado. Esta “divisão digital” representa a separação dos países, regiões, povos e cidadãos em dois mundos. Um que compreende uma minoria com acesso à tecnologia da informação, aos seus benefícios e às oportunidades decorrentes da digitalização e que conta com altos índices de desenvolvimento humano, social e económico e o outro que está excluído da espiral positiva de desenvolvimento e que engloba a maioria da população mundial, que tão pouco têm hoje as suas necessidades básicas de sobrevivência atendidas. A divisão rural e urbana é sem dúvida uma das consequências que mais se ressaltam à primeira vista. A experiência rural até então mostrou que as novas tecnologias de informação estão a ser primeiramente adoptadas nas cidades principais, e depois dispersando lentamente às cidades periféricas e às zonas rurais. Alguns dos motivos apontados são: elevado custo das infra-estruturas; acesso á Internet caro, inseguro e lento; falta de dinamismo; cultura orientada para os serviços; um sector público sub-activo, etc. (OCDE, 2004). 3. As regiões Periféricas e as TIC A actual realidade das zonas rurais é impeditiva de respostas satisfatórias às expectativas de vida da sua população mais jovem. Os meios de informação e de formação são restritivos e muito pouco direccionados para um futuro alternativo quando comparados com o mundo Urbano. O maior desafio da Sociedade da Informação é tentar igualar estes dois mundos em termos de oportunidades criadas pelas TIC. As desigualdades culturais e socio-económicas são alguns dos factores que fazem com que a “balança das vantagens” pese mais para o lado dos urbanistas. Como por exemplo, os custos de ligação à Internet aumentam muito à medida que nos vamos afastando dos centros. O mapa dos acessos mais rápidos, das indústrias mais inovadoras coincide naturalmente com o das disparidades quer seja do rendimento, do acesso ao ensino ou à Saúde. A estrutura e a densidade populacional também têm uma grande influência já que a maioria da população para além de envelhecida, analfabeta ou com pouco grau de escolaridade, estão dispersas em várias aldeias que compõe a região. É neste contexto económico, social e cultural que a região de Alto Trás-osMontes se enquadra. Geralmente, o problema da desigualdade está intimamente relacionado com o problema de acesso a recursos. No entanto, a experiência demonstra que, na maior parte dos casos, a utilização das TIC e, pelo menos, a instalação das conexões de 129 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes base necessárias ao seu funcionamento, trazem vantagens muito reais ao processo de desenvolvimento, sobretudo no que respeita aos programas de desenvolvimento rural, reabilitação agrária, saúde e outros sectores de base. As TIC, pelas oportunidades de desenvolvimento que oferecem, constituem um factor incontornável na criação da política de desenvolvimento rural. Não obstante a sua acrescente afirmação no plano regional, através de alguns projectos que vão sendo implementados nas zonas rurais torna-se imperioso insistir nas vantagens e benefícios que se podem tirar da sua utilização, para uma verdadeira integração dos espaços rurais num novo tipo de sociedade, a que se convencionou chamar sociedade da informação ou do conhecimento. Dinamizar e sensibilizar as populações das zonas rurais para o uso e vantagens das TIC, disponibilizar espaços que permitam o acesso livre e gratuito à Web, intensificar o trabalho de assistência técnica e activar políticas que canalizem financiamentos específicos para as zonas mais fragilizadas, são alguns dos elementos que deverão ser levados em conta. Todavia, não se deve esquecer da dimensão humana desta estratégia. Benefícios No meio urbano onde as apostas na evolução tecnológica é um desafio não só dos investigadores mas também dos investidores e da população em geral (tendência em acompanhar a moda), a forma como as TIC veio revolucionar o diaa-dia das pessoas demonstra que com uma boa política de implementação e de acompanhamento das TIC nas zonas Rurais, podem também trazer grandes benefícios às populações. Através das TIC as populações rurais podem ser beneficiadas na forma como a informação circula entre outras comunidades rurais e organizações agrícolas e outras organizações intermediárias que contribuem para o desenvolvimento rural e agrícola (actividade de maior relevo nestas zonas). As TIC, particularmente a Internet, oferecem novas fontes de informação que podem abrir outros canais de comunicação às comunidades rurais. Podem fornecer vantagens na área da educação através de projectos de aprendizagem a distância e parcerias entre escolas. A Internet pode ajudar a fornecer as pessoas nas zonas rurais acesso aos mesmos vastos campos de conhecimento das pessoas nos locais mais desenvolvidos. Também na área da saúde as TIC têm uma palavra a dizer através de conexões entre as várias institucionais de saúde, fornecendo acesso a recursos de informações de saúde sobre uma variedade de temas de saúde pública. Em suma, as TIC melhoram a qualidade de vida dos seus utilizadores aumentando a qualidade e oportunidade das fontes de informação e dos canais de comunicação e recursos à disposição da população rural (e não só), aumenta a qualidade das decisões e acções que são levados a cabo pela população rural, e facilita a participação directa da população no desenvolvimento rural. 130 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 4. Análise dos resultados obtidos Para a recolha de dados procedeu-se a 80 entrevistas telefónicas a indivíduos no universo de Alto Trás-os-Montes (ATM). O Inquérito realizado baseou-se no utilizado pela UMIC (UMIC, 2004), para se poder comparar os resultados. O estudo realizado pela UMIC é a nível nacional, baseado em 3000 entrevistas a indivíduos com idade compreendida entre 15 e 64 anos. 3.1. Resultados do Inquérito à Utilização das TIC pela População da Região de Alto Trás-os-Montes em 2005 Nota Técnica: • • • • • Universo de referência: Conjunto da população transmontana, a residir em Trás-os-Montes em alojamentos não colectivos, com idades a partir dos 15. Trabalho de campo: Recolha de dados efectuada no período de 27 de Junho a 10 de Julho de 2005. Método de recolha: Questionário realizado via telefone fixo. Dimensão da amostra real: 80 Indivíduos. Tipo de amostra: Amostra estratificada por sexo, escalão etário, habilitações literárias, de acordo com a estrutura populacional apresentada nos Censos de 2001. a) Utilização do Computador 1.1. Utilizadores do computador (%) Utilizadores do computador 1.2. Utilizadores do computador por sexo (%) Masculino Feminino 1.3. Utilizadores do computador por escolaridade (%) Sem habilitações 1º/2º Ciclo (1º ao 6º ano) 3º Ciclo e Ensino Secundário (7º ao 12º ano) Curso Médio/ Superior nível de 1.4. Utilizadores do computador por escalão etário (%) 15-24 anos 25-49 anos AT M 2005 46 UMI C 2004 54 2005 68 28 2004 57 51 2005 2004 0 23 94 100 0 46 87 96 2005 75 58 2004 92 76 131 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes >= 50 anos 14 23 Os resultados do inquérito à utilização das TIC pela região de Alto Trás-osMontes em 2005, demonstra que mais de metade, nomeadamente, 54% da população não utilizam computadores no seu dia a dia. No universo das pessoas que utilizam computadores 68% são homens contra os 28% das mulheres. Comparando com os dados nacionais verificamos que existe alguma discrepância. Esta discrepância é mais acentuada na utilização do computador por sexo (68 % masculino e 28% feminino). Um dos factores também a levar em conta será sem duvida a utilização dos computadores e faixa etária dos inquiridos. A maioria, 75%, dos utilizadores estão numa faixa etária entre os 15 e os 24 anos, enquanto que esse valor torna-se muito menor quando os indivíduos se encontram numa faixa etária superior aos 50 anos. 2.1. Locais onde costuma utilizar o computador ATM 2005 UMIC 2004 Casa Trabalho Casa de amigos e/ou familiares Escola/ Universidade Locais públicos gratuitos (Bibliotecas, museus, 89 65 24 22 3 71 47 26 20 16 Locais públicos pagos (CTT, Cibercafés, etc) Outros Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 3 11 10 0 (%) etc) Da análise desta tabela podemos verificar que a principal diferença entre os dois estudos se situa a nível dos locais públicos. Isto deve-se á inexistência de locais públicos adequados na região de ATM. b) Posse de Computador no Agregado Familiar 3.1. Posse de computador no agregado familiar (%) Posse de computador no agregado familiar 3.2. Razão principal para adquirir computador (%) É um instrumento importante na educação escolar dos filhos É um instrumento profissional importante Poupar tempo na realização de trabalhos Vontade de se manter actualizado face às novas tecnologias Fonte de lazer Necessidade de dispor de Internet em casa 132 AT M 2005 52,5 UMI C 2004 49 2005 64 57 48 17 38 17 2004 35 22 21 9 6 3 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Influência de amigos ou familiares Outros NS/NR Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 12 14 0 2 1 1 3.2. Razão principal para NÃO adquirir computador 2005 2004 Não tem qualquer utilidade para o Agregado familiar É demasiado caro Não é um bem de primeira necessidade Desconhecimento de como se utiliza Acesso a computadores noutros locais Não existem filhos em idade escolar Preferência pelos instrumentos tradicionais de trabalho Falta de confiança nas novas tecnologias Outros NS/NR Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 58 47 24 37 5 8 0 0 18 16 42 31 8 8 6 2 0 0 2 1 (%) Embora a maioria das pessoas da região não utilizem computadores, o mesmo não se pode dizer quanto à posse destes nos seus agregados. 53% admitem possuir computadores em casa apontando como razão principal (64%) o facto de este ser um instrumento importante na educação escolar dos seus filhos e 57% indicam também o facto de os computadores serem um instrumento profissional importante. Das pessoas que não possuem computadores nos seus agregados, 58% apresentam como razão principal o facto destes não terem qualquer significado para o agregado familiar e 47% argumentam o facto de não possuir computadores por ser ainda um instrumento muito caro para as suas finanças. c) Utilização da Internet 4.1. Utilizadores da Internet (%) Utilizadores da Internet ATM 2005 86 UMIC 2004 43 4.2. Utilizadores da Internet por sexo (%) Masculino Feminino 2005 88 83 2004 45 40 4.3. Utilizadores da Internet por nível de escolaridade 2005 2004 0 40 94 93 0 35 74 92 2005 92 86 2004 82 64 (%) Sem habilitações 1º/2º Ciclo (1º ao 6º ano) 3º Ciclo e Ensino Secundário (7º ao 12º ano) Curso Médio/ Superior 4.4. Utilizadores da Internet por escalão etário (%) 15-24 anos 25-49 anos 133 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes >= 50 anos 75 14 Os resultados do inquérito revelam que a maioria da população transmontana utiliza a Internet. 86% admite aceder à maior rede de informação com os mais variados objectivos. Os utilizadores foram caracterizados por sexo, idade e nível de escolaridade. Na utilização da Internet relativamente ao sexo, os indivíduos de sexo masculino revelam uma maior utilização com 88% em detrimento dos 83% respeitante às mulheres. Essa diferença, embora não muito significativa, reflecte o que já foi visto anteriormente sobre a utilização dos computadores. A utilização da Internet também está intimamente relacionada com o nível de escolaridade dos indivíduos. As pessoas sem habilitações não utilizam Internet muito porque também não o sabem (20%), porque não têm interesse (60%) e também porque consideram que a Internet tem ainda um custo muito elevado (20%). 94% dos indivíduos que estão a frequentar ou já terminaram o 3º ciclo são utilizadores de Internet contra os 93% dos que possuem ou estão a tirar um curso médio/superior. 5.1. Razão principal para NÃO utilizar a Internet (%) Não tem interesse em utilizar a Internet Não sabe utilizar a Internet É muito dispendioso Não tem acesso a computadores com ligação à Internet Não tem tempo Falta de segurança e privacidade Outros NS/NR Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) AT M 2005 60 20 20 20 40 0 40 20 UMI C 2004 39 22 13 13 7 1 2 1 5.2. Locais onde costuma utilizar a Internet (%) Casa Trabalho Casa de amigos e/ou familiares Escola/ Universidade Locais públicos gratuitos (Bibliotecas, museus, etc) Locais públicos pagos (CTT, Cibercafés, etc) Outros Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 2005 69 66 22 22 22 13 19 2004 61 41 23 20 15 9 0 % % 71,9 50 48 47 5.3. Actividades realizadas através da Internet (%) Trabalho e Estudo Actividades Profissionais Actividades de Estudo/Formação Procura de Informação Geral % % Procura de Informação sobre bens e serviços Procura de Informação sobre viagens e reserva de bilhetes 50 50 41 24 134 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Procura de Informação sobre espectáculo e reserva de bilhetes Procura de Informação e conselhos sobre saúde Procura de Informação sobre emprego Comércio Serviços bancários e financeiros 12,5 24 12,5 18,8 24 22 % % 31,3 24 % % Jogar/download de jogos, música, vídeos Leitura de jornais e revistas on-line Download de software/documentos 34,4 84,4 28,1 49 39 33 Comunicação % 90,6 31,3 % Entretenimento Enviar/receber mensagens de email Participação em forúns/chats/grupos de discussão Contacto com a Administração Pública Procura de Informação Download de Informação Pedidos por email Submissão (entrega) de formulários/ declarações Download de formulários/ declarações Participação em fóruns de discussão de assuntos de interesse público Outros Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 75 30 % % 34,4 18,8 3,1 6,3 6,3 3,1 37 15 14 14 14 4 12,5 0 As actividades que mais são realizadas pelos os internautas é o envio e recepção de e-mail com cerca de 91%, seguido da leitura de jornais e revistas online com 84%. A procura de informação sobre bens e serviços, viagens e reserva de bilhetes ocupa um lugar aceitável com 50% de procura. 72% das actividades realizadas têm a ver com as actividades profissionais dos inquiridos e surpreendentemente apenas 19% dos inquiridos admitirem procurar emprego através da Internet. Na relação com a administração pública a maioria dos utilizadores (34%) apenas pretendem obter informação conta os 18% que façam Download das mesmas informações. Quanto mais novos forem os utilizadores, maior é a percentagem de utilização da Internet com 92, 86, e 75% respectivamente. Convém realçar que estes resultados terão uma interpretação diferente se analisarmos o resultado geral e não discriminadamente. Assim os resultados seriam 34% para os indivíduos com idades compreendidos entre [15-24] anos e 56% para os que estão entre [25-49] anos e 9% para os maiores de 50 anos. d) Posse de ligação à Internet no Agregado Familiar ATM UMIC 135 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes 6.1. Posse de ligação à Internet no agregado familiar (%) Posse de ligação à Internet no agregado familiar 2005 62 2004 31 6.2. Modalidade de ligação à Internet (%) Linha Analógica Linha RDIS Telemóvel (Serviço WAP) Serviço de transmissão por cabo ADSL Wireless Telemóvel (Serviço UMTS) Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 2005 30,8 34,6 3,8 0 38,5 3,8 0 2004 10 1 1 12 6 0 0 6.3. Razão principal para ligar o computador à Internet (%) Acompanhamento do desenvolvimento tecnológico da sociedade Necessidade Profissional Meio de pesquisa de informação mais importante Influência de amigos ou familiares Fonte de lazer Comunicação mais fácil com amigos, familiares e instituições Acesso a serviços sem necessidade de deslocação Outros NS/NR Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 2005 42,3 57,7 73,1 11,5 38,5 26,9 30,8 15,4 0 2004 20 19 17 12 5 3 2 1 2 Embora a maioria da população transmontana não utilize computadores, 53% possuem computador no seu agregado familiar. Neste universo (dos 53%), 62% deles possuem ligação à Internet embora muitos não sabem, não têm interesse e nem tempo para utilizar a Internet, alegando como motivo principal de possuírem esta ligação o facto deste desempenhar um papel importantíssimo para a educação dos seus filhos. O ADSL é o modo preferido de aceder à Internet por cerca de 24% dos indivíduos com ligação à Internet. A RDIS com 21% e as linhas analógicas com 19%, continuam a ter um peso significante também na forma como os serviços da world wide web são acedidos. Tendo em conta a verba destinada (100.000.000 €) ao investimento da banda larga nesta legislatura, prevê-se um crescimento significativo na adesão à ligação desta banda nos próximos 4 anos. e) Utilização do Comércio Electrónico 7.1. Utilizadores do comércio electrónico (%) Utilizadores do comércio electrónico ATM 2005 31 UMIC 2004 7 7.2. Utilizadores do Comércio Electrónico por sexo (%) Masculino Feminino 2005 27 40 2004 136 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 7.3. Utilizadores do Comércio Electrónico por escalão etário (%) 15-24 anos 25-49 anos >= 50 anos 2005 18 39 33 2004 7.4. Modo de pagamento utilizado (%) On-line com cartão de crédito Reembolso postal Multibanco Pagamento no acto de entrega E-banking Outros Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 2005 10 10 40 70 30 0 2004 44 34 7 13 1 1 7.5. Tipo de produtos adquiridos através do comércio electrónico 2005 2004 80 20 50 30 0 20 0 80 0 0 10 20 0 30 29 22 20 14 11 11 11 5 4 2 3 3 2005 90 30 50 60 30 20 30 0 10 20 10 20 0 2004 24 19 16 11 9 7 4 3 3 2 1 0 0 2005 36,4 2004 48 (%) Livros, revistas, jornais Música/filmes (vídeos, CD, DVD, Downloads) Equipamento electrónico Software de computador (exclui jogos) Roupa, joalharia Hardware de computador Entretenimento (bilhetes de teatro, concertos) Viagens (bilhetes, reserva de hotéis) Jogos e brinquedos Artigos para casa e jardim Produtos Automóveis Serviços financeiros e bancários Artigos de supermercado Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 7.6. Razões para utilizar o comércio electrónico (%) Comodidade (evitar deslocações, etc.) Acesso a produtos raros/indisponíveis no país Variedade de produtos Preços mais acessíveis Bens e serviços disponíveis 24h/dia Rapidez na compra Facilidade na comparação de produtos Privacidade na compra Informação detalhada Rapidez na entrega Oferta de produtos de acordo com o perfil do comprador Outros NS/NR Resposta Múltipla (não tem que somar 100%) 7.7. Razões para NÃO utilizar o comércio electrónico (%) Preferência pelo Comércio Tradicional 137 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes Falta de confiança Insegurança com a garantia, modo de entrega e devolução prod danificados Risco de alguém aceder e divulgar dados pessoais O processo é mais complicado Custo mais elevado Dificuldade em encontrar os bens e serviços pretendidos Comunicação dos dados é muito lenta Demora na entrega Não tem interesse Outros NS/NR 72,7 31,8 20 8 22,7 4,5 0 4,5 13,6 0 9,1 13,6 13,6 5 5 3 2 0 1 1 2 6 Actualmente o comércio electrónico esta a ser cada vez mais utilizado tanto pelas empresas (para comercializar e adquirir bens e/ou serviços) como pelos indivíduos. O desenvolvimento tecnológico e principalmente da Internet são os factores críticos deste novo sucesso comercial. Porém, é essa mesma evolução que leva muitas pessoas ou empresas a serem um pouco reticentes na sua utilização. Na região dos Trás-os-Montes, apenas 31% dos utilizadores da Internet utilizam o comércio electrónico para adquirir ou vender bens e/ou serviços. Como principais barreiras os indivíduos apontam a falta de confiança neste processo com 73% e 36% dizem preferir o comércio tradicional para fazer as suas compras. Ao contrário dos resultados da utilização dos computadores e da Internet, os indivíduos do sexo feminino são as que têm uma maior confiança na utilização do comércio electrónico apresentado um valor de 40% contrapondo os 27% dos homens. Relativamente à utilização do comércio electrónico por faixa etária, destaca-se o facto de os mais jovens (15-24 anos) serem os que menos usam este tipo de serviço com 18%. Curiosamente, 33% dos indivíduos com mais de 50 anos usam este serviço apresentando como razão principal (em 90%) a comodidade do serviço (evitar deslocações). Para concluir, pode-se dizer que em certo modo os dados relativamente aos indivíduos até são positivos tendo em conta alguns factores já descrito, todavia no que diz respeito, por exemplo, a questões tão importantes como banda larga e o comércio electrónico não sobram dúvidas que muito há ainda por fazer. 4. Conclusões A utilização das TIC torna-se uma actividade normal para a maioria das pessoas. Mas a taxa da população envelhecida, nomeadamente das zonas periféricas, contribui para que a adesão em massa às tecnologias não seja concretizada. A região de Alto Trás-os-Montes tem um resultado bastante positivo em relação a esta utilização 46% comparando com os 52,9% da previsão para Portugal 138 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico em 2005. Notamos que a região em estudo se encontra praticamente no mesmo nível de crescimento que a nível nacional, ou seja, as proporções de crescimento são concordantes entre elas. No que diz respeito à posse do computador pelo agregado familiar a previsão para 2005 a nível nacional é de 48,5%. Comparativamente ao ano de 2004 que tinha uma taxa de 41,3% este valor subiu consideravelmente. Em relação à região em estudo esta taxa é ligeiramente maior que a previsão para Portugal. Isto talvez esteja relacionado sobre a principal razão para adquirirem computador: 64 % responderam que o computador é um instrumento importante na educação escolar dos filhos. A expressiva taxa de utilização da Internet nesta região (86%) poderá explicarse pelo facto de ser uma região periférica e ser a única forma de ter acesso á infornação. Devido a estes factores a utilização da Internet tornou-se um “escape” e uma solução à medida para que todos os cidadãos desta região possam estar informados de tudo o que se passa no mundo. Comparativamente com a faixa etária, a utilização da Internet aumenta proporcionalmente ao nível de escolaridade, tanto a nível nacional como a nível da região transmontana. Ou seja, quanto maior o grau maior é a taxa de utilização. Compreende-se pelo facto de cada vez mais existirem licenciados em Portugal, o que também abrange a região em causa e também porque a Internet influencia o decorrer das actividades profissionais. A região transmontana cresce em proporção ao crescimento nacional, seguindo a tendência de crescimento do país. Salienta-se que a utilização da Internet a nível nacional está a crescer linearmente. É de notar que a previsão para 2005 tem uma subida maior que os anos anteriores. Isto porque, com o surgimento da Banda Larga para todas as regiões (inclusive as regiões mais desfavorecidas) a tendência é que a sua utilização cresça em larga escala. No que concerne às actividades realizadas através da Internet elas têm variados objectivos, podem ser pesquisas, compras, contacto com instituições, utilização do correio electrónico, etc. Em 2005, de acordo com o resultado previsto, a maioria da população transmontana utiliza a Internet para realizar actividades profissionais (71,9%) em paralelo com os 44,5% da população portuguesa e cerca de 50% utilizaa para realizar trabalhos de estudo e/ou formação confrontando com os 38% dos portugueses. A informação mais procurada pelos portugueses é sobre a saúde (23%) enquanto que na população transmontana é sobre bens e serviços e viagens (50%) que recai a preferência. É de salientar que só cerca de 20% da população, tanto portuguesa como transmontana, escolha este meio para procurar informação sobre emprego. Relativamente à categoria da comunicação a utilização do correio electrónico é a actividade mais usada tanto em Portugal (81%) como em Trás-os-Montes (90,6%). O uso do correio electrónico é sem dúvida a actividade mais realizada na Internet, porque vejamos, todas as pessoas têm uma morada para receber a correspondência normal em casa, os internautas também necessitam de uma morada virtual para receberem também a “correspondência” virtual. Logo, compreende-se porque esta é a actividade mais realizada. Quanto ao entretenimento o mais usual é 139 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes a leitura de revistas e jornais online que ocupa também uma posição cimeira com 84,4% na região em estudo. As pessoas estão a mudar os seus hábitos, ou seja, a transição do papel para o formato electrónico esta cada vez mais a ser efectuada. No contacto com administração pública o que mais se procura é informação (34,5) e de seguida a realização do download dessa informação (18,8%). Em relação a esta categoria denota-se uma evolução, ainda que pequena, devido ao facto de já existirem muitos serviços disponíveis em formato digital para os cidadãos, assim evita-se as deslocações, as filas de espera e obtém-se a informação em tempo real, imediata. Logo, isto traz vantagens tanto para os indivíduos como para as instituições. Apesar do crescimento da utilização da Internet ainda existem indivíduos que resistem à utilização das novas tecnologias. As principais razões que os indivíduos transmontanos apontam para a não utilização da Internet são o facto de não saberem utilizar a Internet e de não terem tempo para a usar. Denota-se ainda uma resistência à mudança por parte dos indivíduos, nomeadamente, das pessoas a partir dos 50 anos. Esta resistência será devida aos factores culturais da sociedade transmontana e também pelo facto de existir uma taxa elevada de analfabetismo (15,8%) em relação directa com a população envelhecida (23%). A posse de ligação à Internet aumenta de ano para ano. Em 2001 apenas 13% dos agregados possuíam Internet ao passo que em 2004 já 26,2% possuíam Internet. A nossa previsão é que em 2005 já existam pelo menos 30% de posse de ligação. Este crescimento deve-se em parte ao facto das novas tecnologias, hoje em dia, serem cruciais para a aprendizagem escolar como profissional. Verificamos que para 2005, 62% dos agregados da região transmontana possuem ligação à Internet. Esta diferença pode ser devido ao tamanho da amostra não ser significativo como já foi explicado anteriormente. Na modalidade de Internet que os Agregados transmontanos subscrevem a preferida é a recente ligação ADSL (38,5%) seguida da linha RDIS (34,6). Apesar da linha analógica (modem analógico) já não ser muito usada 30,8% dos transmontanos ainda usam esta ligação. A nível nacional o mais usado recentemente é a ligação ADSL (12%) seguida da ligação analógica (10%). Os que usam a ligação analógica talvez sejam o que têm maior resistência à mudança e não gostem de riscos. O facto de se verificar uma grande discrepância na alteração dos dados de ano para ano deve-se ao facto de serem dados de fontes diferentes e que não podem ser comparados ao pormenor. A utilização do Comércio Electrónico só se tornou possível, como sabemos, através da forte expansão e adesão da Internet. Esta utilização tem vindo a crescer gradualmente devido à forte presença na Web das empresas publicitando os seus produtos de forma a dar a conhecer as suas características aos utilizadores finais. O Comércio Electrónico pela sua comodidade, rapidez que oferece está a ser cada vez mais uma prática escolhida pelos indivíduos na sua generalidade. Para Portugal, em 2005 prevê-se um resultado que ronda os 8,5% e 31% para Trás-os- 140 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Montes. Comparando os resultados, que podemos ver na figura abaixo, existe uma grande diferença entre eles. Esta diferença pode ser justificada mais uma vez pelo o tamanho da amostra, mas mesmo assim esse resultado não seria muito diferente caso a amostra definida fosse maior. A justificação é fácil. Tendo em conta a situação geográfica e para evitar grandes deslocações os indivíduos escolhem este tipo de serviço para adquirir o pretendido beneficiando assim da comodidade que este oferece. Quando se procura razões para enunciar a utilização dos indivíduos quanto ao Comércio Electrónico a razão de topo é a comodidade com 90% em comparação com os 20% da população portuguesa. Esta diferença é bastante notória e temos uma explicação muito simples para este facto existir realmente. A região transmontana é considerada uma região periférica, desfavorecida e as acessibilidades a esta não são as melhores levando a sua população a procurar modos de colmatar estas dificuldades. Uma dessas formas é sem dúvida o Comércio Electrónico. Contrariamente aos utilizadores deste serviço, os não utilizadores elegem como principal razão para não utilizarem a falta de confiança no processo (72,7%) e a preferência pelo comércio tradicional (36,4%). Podemos aliar a estas razões a falta de conhecimento de como o processo se desenvolve para explicar esta resistência à utilização. 5. Referências Geenhuizen, M. van (2000) “Regional economic development and ICT: What about the distance to the Randstad?”. In: Bouwman, H. (ed) Silicon alleys, cybercities and digital valleys. Gillespie, A. and Williams, H. (1988) "Telecommunications and the reconstruction of regional comparative advantage", Environment and Planning A 20: 13111321. OECD (2004), “Seizing the benefits of ICT in Digital Economy”, OCDE. Pereira, João Paulo (2005), “As Infra-estruturas de Telecomunicações nas Regiões Periféricas: O Papel dos Fundos Públicos”, Proceedings of 6ª CAPSI, Bragança, October 26-28. Soete, Luc (1998). The European information society and regional cohesion. R. Anderson et al. (eds.), Innovation Systems in a global Context, The North American Experience, Montreal/Kingston, McGill-Queen's University, pp 194-202. Tsipouris, L., (2002), “Final Report for the Thematic Evaluation of the Information Society”, Technopolis. UMIC (2004), “Inquérito à Utilização das TIC pela População Portuguesa”, UMIC. 141 Sociedade da Informação na Região de Alto Trás-os-Montes 142 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 143 Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills Maria João Machado, Manon Van Leeuwen, mjoao@fundecyt; [email protected] Fundación para el Desarrollo de la Ciencia y Tecnología en Extremadura, Manuel Fdez. Mejías s/n, 2ª planta, 06002 Badajoz, Spain Tel: +34 924 014 600, Fax: +34 924 001 996, Abstract: While open source is becoming a topic of mainstream business, the level of awareness and depth of understanding of open the source paradigm still varies considerably and represents a significant barrier to broader adoption. FLOSS usage rates in the public sector were above average, while in the business sector the smaller organisations stay behind in comparison to larger ones. Even though research and experiences shows there are advantages to the use of FLOSS applications and solution, take up by SMEs is very slow. They face generic barriers to adoption including trust and transaction security and IPR concerns, and challenges in areas of management skills, technological capabilities, productivity and competitiveness. This paper addresses the reasons why smaller (and to some extent medium) enterprises are reluctant to adopt FLOSS solutions and applications, focussing mainly on the barriers related to competencies, knowledge and management skills. Key Words: TIC; FLOSS; SMES; TRAINING; E-LEARNING. 1. Introduction "Excellent firms don't believe in excellence -- only in constant improvement and constant change.” --Tom Peters Open source software is becoming the most interesting ‘new’ phenomenon of the entire information technology landscape, generating a level of interest similar to that of the first moments of the Internet. However the open source software 143 Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills phenomenon is not historically new, although in recent years it has reached a critical mass, which has allowed it to enter the mainstream software market. The impact of open source technology is expected to be quite noticeable in the software industry, and in society as a whole. It allows for novel development models, which have already been demonstrated to be especially well suited to efficiently take advantage of the work of developers spread across all corners of the planet. It also enables completely new business models, which are shaping a network of groups and companies based on open source software development. While open source is becoming a topic of mainstream business, the level of awareness and depth of understanding of open the source paradigm still varies considerably and represents a significant barrier to broader adoption. Before looking into the issues related to the adoption and take up of Open Source, it is necessary to have a look what is understood by this phenomenon. There are many definitions, and even the terms vary, e.g. Open Source versus Free Software. In general terms it is considered that the term “open source software” tends to emphasize technical advantages (such as better reliability and security), while the term “Free Software” tends to emphasize freedom from control by another and/or ethical issues. This paper will not differentiate between the terms mentioned above, and will use the following definition: Exhibit 1: FLOSS Definition FLOSS=Free (libre) Open Source Software The concept refers to the unrestricted right to execute, copy, distribute, study, change and improve software programme (developed with open source code). It integrates the following freedoms: - Freedom to execute the programme for any means - Freedom to study how the programme functions and adapt it to the individual needs - Freedom to redistribute copies of the programme and in this way help others - Freedom to improve the programme and liberate these improvements to the public, beneficiating in this way the whole community. 144 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Or to put it in another way: the source code of the software (the instructions that computers follow) is publicly available for anyone to change, improve and distribute. This contrasts with most current software which is ‘proprietary’ – that is to say, users have to pay for branded programs or products in which the source code is kept hidden from the user. Looking at the European software market, a survey by Audoin [1] shows a 31 billion Euro market for 2002 and predicts up to 45 billion in 2006, a growth rate of 9.1%. Within this market there is a growing share of FLOSS applications, a leading type of is the Linux server, which is currently used on approximately 16% of server worldwide, another example is apache, which is used over 60% of the internet web servers all over the world. 2. FLOSS take up The take up of FLOSS has been increasing in both in the business world as well as in public administration. Motivations vary; for public administration, a reason for using FLOSS is simply to reduce costs, taking into account a variety of factors, such as reliability, performance, and so, posing in this sense no difference with the reasons of a business organisation. Additional reasons for which public administration adopts FLOSS can be related to advantages to users if they can examine the source code, modify the software to suit them, or redistribute the software at will. Other reasons that have been given are represented in table 1. Table 1: Reasons for FLOSS adoption in Public Administration Reason Supporting Explanation Support FLOSS to encourage the policy development of local companies who can train, support, and tailor products Increasing competition / Prevent any one company from completely reducing dependence on, or controlling the computing infrastructure of the control by, any one company government or its country. Public good Promoting software use in the public sector as a public good industrial 145 Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills Transparency government data Localization of Enables complete review of exactly what is done and what data is stored, so that the public can freely receive that data without being required to buy products from any particular vendor. Can also be trivially localized, a critical advantage where there are languages with a smaller number of speakers. Users do not need to convince a vendor to support their language, they can simply add that capability themselves A very small, not representative survey done with 66 IT managers in the public sector in different European Union countries, representing all together 1250 servers and 18.540 clients, shows that 63% of them use some form of open source software, mainly in the educational sector and for server applications. Overall approximately 27% of European companies and public administration use FLOSS. FLOSS penetration in large enterprises is significant, and growing. A study realised by Andago shows that 89% of the IT and general managers of Spain’s mayor corporations had heard about FLOSS, and although only 25% stated that their company uses these applications and solutions, 27% of those that do not use FLOSS indicated that they planned to incorporate these technologies on the short term, which would lead to a FLOSS penetration of 50% in large organisations in Spain. The tendency is similar in Germany, where 44% of the large enterprises use FLOSS, and with the United Kingdom, where the percentage is 32. FLOSS is most used in internet server applications and databases. The European study by Berlecon research confirms the above as it found that FLOSS usage rates in the public sector were above average, while in the business sector the smaller organisations stay behind in comparison to larger ones. This paper addresses the reasons why smaller (and to some extent medium) enterprises are reluctant to adopt FLOSS solutions and applications, focussing mainly on the barriers related to competencies, knowledge and management skills. 146 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 3. SMEs and FLOSS Small and Medium sized enterprises have been integrated more and more in the information society, the use of Internet and related applications has increased enormously. SMEs are facing strategic technological decisions on what type of applications and solutions are to be installed, as the options are huge and very varied. The choice for one technological solution or another, leads to an investment of thousands of euros of technology related costs, which in many occasions are not fully exploited or depreciated. FLOSS is becoming an alternative, showing an interest comparable to the interest generated by the beginnings of internet. FLOSS can enhance system interoperability and make it easier to introduce new applications. It can also have the potential to develop applications specifically for SMEs, which can be cost-saving for them, moreover its use and updating generate costs which are easily controlled by an SME. When analysing the reasons why enterprises implement FLOSS solutions and applications, the tendencies are similar all throughout Europe. The main reasons seem to be related stability, security and cost, as shown in the research by Wichmann. It must be said that no differentiation here is made for larger and smaller enterprises. Exhibit 2: selection criteria: 1. 2. 3. 4. Main FLOSS Higher stability, better access protection and higher performance Low or zero license fees Installation and administration cost savings Open and modifiable source code Even though research and experiences shows there are advantages to the use of FLOSS applications and solution, take up by SMEs is very slow. They face generic barriers to adoption including trust and transaction security and IPR concerns, and challenges in areas of management skills, technological capabilities, productivity and competitiveness. Table 2:Open Source deficiencies as seen through the eyes of company managers Informal support: FLOSS is not owned and sold by a single supplier, there aren’t the handy manuals, installation guides and support helplines that come with proprietary software. The issue is where to get support. There are a number of third party support companies as well as the distribution vendors. However if your attitude to IT is .But the question for many CEOs still is “Who do I sue when things go wrong?. 147 Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills Velocity of change: The fact that the open source community is constantly tweaking its software is a concern, CEOs do not want to update every day their software. No roadmap: Many open source projects suffer from an informality that causes CEOs anxiety. Most CEOs and IT executives want a clear roadmap for products so that they can better plan for their future Functional gaps : The current market for Linux is dominated by low-end edge server applications, there is still a perceived lack in mainframe, data centers and ERP applications Licensing caveats: Confusion about the various open source licensing schemes adds an element of uncertainty and risk Independent Software Vendors endorsements: Endorsements from independent software vendors (ISVs) aren't especially credible for CEOs, but those from peers in other enterprises carry substantial weight (and they usually do not know many peers that have used FLOSS) One of the reasons for which the majority of the SMEs are not considering the implementation, despite the clear benefits it can produce, is the lack of specific knowledge about FLOSS. SME senior managers or managing directors usually have worked their way up in the business, but are no specialists in ICT, and rely for their decisions on the vendors of solutions. The market is currently dominated by proprietary software vendors, thus reducing the access to professional knowledge about FLOSS. Another consequence of the lack of knowledge of FLOSS (at higher management levels) reduces its consideration at the decision-making stage, ruling it out in many cases and not considering it as one of the alternative solutions. Recent research by Open Forum Europe, jointly funded with the DTI, highlights the need for credible, comparative business models for FLOSS. Both users and non-users point out that the primary challenge facing the market is in the perceived availability of support and lack of business information on which to base decisions. Many companies use technology to some extent. For the majority it is an “off the shelf” approach. A PC comes with standard software in a “business bundle” or some such special offer. For specific sectors, there will be added applications that people will need and may have formal training in – or they may simply hire people with the necessary skills. Acquisition of a pre-installed PC and an Internet connection for email and browsing is what most small companies achieve. To move 148 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico them forward from there it is necessary to show who will benefit and how, with examples if possible. Generally, the use of FLOSS in SMEs is very scarce, almost exceptional. Very few companies have introduced free software. In the majority of the times, the initiative to use free software arises from some managers` personal interest in the questions around new technologies and computing. In these cases, the training in free software is product of an autodidactic process. In some regions new technologies and expenditure related to ICT in SME’s is in majority of cases limited to acquisition of computer and basic software for communication, databases and invoicing. Full integration of software solutions into company’s activities in limited primarily by the size of the companies itself. Some companies have tried out Linux and open-office but gone no further. They need to know more about open source, the real benefits, and some detail about who is using it, where, and with what results. Business managers don’t take risks except where big profits beckon. Companies that have made a total switch to OSS as company policy are the exception. These companies have made a company policy decision to only use OSS where possible. Main reason for this switch often is the perceived arrogance of ICT service providers when these companies used to work with proprietary software. Open source is not seen as relevant. There is a lack of technical support and training that would facilitate the introduction of free software in small and medium enterprises. Moreover that they emphasize the excess of subcontracting, both in public administration and in big computing companies, that offer only non-free software because it turns out to be more profitable for them. Another barrier perceived for the introduction of free software is the dependency that many web pages and applications have on Windows, since it is impossible without this application to have an access to them. The main barriers to introducing FLOSS in SMEs is the lack of knowledge on the existence and the advantages of the free software. Other handicap is the lack of training between managers and workers in Linux and other FLOSS applications and the lack of technologic leadership in relation with free software. There are no companies models of success which use free software and serve as example for other SMEs. Many people complain the ignorance about free software between the technicians and institutions responsible for the professional advising oriented to entrepreneurs. Incompatibility with the owner software is the greatest barrier in the diffusion of Open Source Software as is also the fear of not receiving suitable post sales 149 Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills assistance. The problems connected to intellectual property rights do not worry companies and the problems related to safety are a minor barrier. Other barriers are a certain cultural delay in our SMEs on the strategic importance of ICT, as regards competitiveness; the trend which is anything but favourable for new investments; the continuing skill-shortage or lack of suitable skills and finally a diffused dependence of SMEs for some regions on big companies for whom they are often exclusive suppliers and, thus, also dependent of their technology. The main question remains the overcoming of the main barrier: for Open Source to be diffused suitably in SMEs, one needs to overcome the impossibility of platform operability. One then needs to work on the evolution of management software to computerise office work or rather support the imposing of strategies, it needs to become a “Management Information System”. The strategic objective remains that of raising the awareness of SMEs on the advantages that they may obtain from ICT technologies. This also leads to the fact that even ICT technology suppliers should be made aware of the need to facilitate access by SMEs to this type of resource. This also means that suppliers should take note of the complexity and notable diversification of the SME system in everywhwre. Meanwhile, the fact that companies do not manifest any prejudice against Open source is very important. 3.1 Increasing FLOSS take up in SMEs The strategy to promote the take up of FLOSS by SMEs in Extremadura, takes as reference point that the low take up of FLOSS by SMEs is mainly related to the lack of knowledge on its possibilities and how to use and implement it, and is based on two mayor lines of activity: 1. Awareness creation and promotion 2. Training and support These are conducted mainly through two specific projects, LinEX/Empresa, a regional initiative, and Stratos2, a European funded project. LinEX Empresa” combines the development of a specific FLOSS solution for the SMEs in the region, with a technological support service. The objective of the effort is support the migration towards FLOSS. The users are companies, public administration and other types of organizations of the region, that are interested in implementing FLOSS and need information and support in the related decision-making processes. The LinEX empresa application is based on the LinEX distribution and offers an accounting and invoice management programme in FLOSS, specially developed for small and micro enterprises. 150 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico During the realisation of the LinEX Empresa project, it became clear that, on the one hand, other European countries were facing similar challenges, and on the other, that the training action, which mainly focussed on the use of the software and the technology, needed to be reinforced. This lead to the Stratos2 (SME training methodology for technologies based on free open source software) project, which addresses the challenges and problems faced by the SMEs through the development of a training plan that will provide European SME managers with the competences necessary for the assessment and evaluation of the suitability of FLOSS applications and solutions for their organisations, and their posterior implementation, including issues such as the full involvement of their human capital in the whole process (vital to the success of the operation). 4. Where we are now The first phase of the LinEX Empresa project has finalised, with an overwhelming success of the LinEX Empresa application, as demonstrated by the number of downloads in table 3. Table 3:Downloads of LinEX Empresa application Application Downloads in 1 year LinEx-FacturLinEx: application invoice management Linex-Contabilidad: application basic accounting Sources LinEx-FacturLinEx Sources Linex-Contabilidad for 13.567 for 8.006 1.724 1.357 The support platform, which contains information and knowledge about FLOSS and how to migrate, has been accessed over 2 million times over the period of one year. The main lessons learned from the LinEX Empresa project can be summarised as follows: • Importance of access to cases close to the own reality and preferably in the same geographical area thus helping to overcome one of the deficiencies concerning independent vendor endorsement mentioned in table 2, • Importance of easy accessible and localised support for those SMEs that migrate, through specialised and independent consultants and FLOSS companies backed or recognised by a larger organisation, e.g in Extremadura 151 Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills the fact that a company is supported by the business incubator of Fundecyt increases their perceived reliability, • Migration to FLOSS by SMEs, more than a technological question, is a business question, addressing them should be done from this point of view and by experts in business, not in technology, which tends to confirm statements from people such as Andy Mulholland, , chief technology officer for Cap Gemini Ernst & Young. He argues that it is a question of attitude. "The arguments for and against open-source software often get very trivialized. It's not a technology issue; it's a business issue to do with externalization". • Need for FLOSS training more focussed on the business aspects of migration and support. The experience in Extremadura shows the validity of the guidelines of the IDA report on Open Source Migration Guidelines (even if these where written for governmental institutions), and the need to follow these Exhibit 3: Open Source Migration Guidelines steps in a well planned way. by IDA o o o o o o Before starting have a clear understanding of the reasons to migrate; Ensure that there is active support for the change from it staff and users; Make sure that there is a champion for change . The higher up in the organisation the better; Build up expertise and relationships with the FLOSS movement; Start with non critical systems; Ensure that each step in the migration is bl The lack of knowledge, skills and competencies of SME managers to follow all of these steps and migrate their organisation to FLOSS is being covered by the STRATOS2 initiative. First an inventory of the current FLOSS related training in each of the countries was realised, followed by a training needs analysis, with representatives of SMEs. The scope of the analysis were SMEs, according to the definition of the EU, not belonging to the ICT sector and preferable with low ICT experience. The questionnaires (semi-closed), aimed at owners/managers and/or IT decision-makers, addressed three mayor blocks: 1. ICT education and training of the respondent; 2. Introduction of ICT in the organisation; and 3. Knowledge and use of FLOSS. A total of 140 questionnaires where recollected. Preliminary results [10] indicate that the lack of ICT skills and business skills are widespread impediments to effective uptake both during the decision making process, as well as once adoption decisions are made. They also show that the awareness among SME managers on FLOSS varies per region, with relatively high levels of awareness in 152 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Extremadura, and the Netherlands, which can be explained by importance of FLOSS for the Information Society Policy in Extremadura, and the coverage FLOSS is getting in the Dutch press. The results from the training needs analysis confirm the research findings and experience in other projects. Specific training (and support) is needed at three levels: 1. Decision-making process: it is necessary to provide the SME managers with knowledge and skills to be able to consider FLOSS solutions, and evaluate and assess their impact and value compared to proprietary software. 2. Implementation process: to provide them with the skills to plan and execute the implementation of FLOSS within their organisations, taking into account both the technological , as well as the organisational and people related aspects. 3. Development process: to give them the skills and competencies to lead the development and/or adaptation of FLOSS solutions for their organisations, including those that will allow them to select the most appropriate company (in the case of acquisition), that will allow them to interact with the developer’s community (in case of adaptation of a solution), or even to lead their own development. 5. Conclusions Using FLOSS offers various advantages, not only to large enterprises and public administration, but also to SMEs, these are related to the ability to reduce costs and development time and to avoid being dependent on a single software provider. For these reasons there is an expectation that more and more organisations, both public and private, will start using it. But the growth will develop at a slow and steady pace. Users are beginning to view many software applications as commodity products with little differentiation between vendor offerings. FLOSS provides organizations with another compelling choice that offers the flexibility, quality and reliability necessary to implement many functional applications to run a business. CEOs will become more receptive to open source over time, and enterprise initiation, support, and participation in open source software development will increase, especially to meet niche customization requirements. FLOSS penetration is clearly above average in Public Administration, and has high levels of acceptance among larger corporations, SMEs, and specially the smaller enterprises, lack behind, both in awareness about FLOSS as well as in their 153 Barriers to FLOSS in SMEs: the lack of knowledge and skills adoption levels. The barriers faced are not only of a technological nature, but are more business related and are a consequence of the lack of knowledge and specific, customised, support for these types of organisations. Although it is said that SMEs are quicker in their take up of innovative solutions, these seems not to be the result for FLOSS, as preliminary results from the STRATOS2 project show. It is clear that the FLOSS community as a whole needs to pay special attention to needs of the SMEs and address the barriers as perceived by the SME managers, not addressing the underlying technological issues. In Extremadura, both the LinEX empresa, as well as the STRATOS2 project pretend to address these issues mentioned. The skill-shortage is the real challenge for the next few years. The professional standards and the methods to identify the activities and competences of the same ICT technologies should be the inevitable basis for any competitive and development programmes. Companies should learn by themselves, to understand the gap between what the market requires and their own global competences. Obviously the main problem concerns human capital or rather professional skills. One needs to overcome some basic delays in our educational and university systems and in vocational training itself to specialise the system and to know how to monitor needs or rather the difference between what is needed and what we have available. This is especially true for our SMEs. Some Public Administrations concerning are going to give full parity to Open source is comforting; just as interesting, are recent special projects which provide resources for some regions as regards ICT investments. However, one needs to work on the medium term. It isn’t possible see substantial changes to the existing situation in the short term. There is not enough training in FLOSS in all the regions at present. And it is not enough offering training if managers don’t know about FLOSS. So previously to training activities, a good and effective diffusion of its characteristics and advantages for business is needed, as well as a diffusion of success stories. The best type of training for the entrepreneurs’ needs is an intensive training, 154 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico References Wichmann, T.(ed); Final Report – Part 1, Free/Libre Open Source Software: Survey and StudyEvidence from Germany, Sweden and UK. 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Resumen: En este artículo se presenta la definición de una plataforma de soporte en la gestión de un proyecto software, con objeto de cumplir con las “mejores prácticas”, tal y como las han definido organismos de reconocido prestigio a nivel internacional como el SEI (Software Engineering Institute), ISO (International Standard Organisation) o PMI (Project Management Institute). Para ello, se propone un conjunto de herramientas integradas que sean capaces de llevar a una organización a un nivel de capacidad 4 de CMMI en la gestión de proyectos. Para ello, la plataforma será capaz de generar planes de proyecto (con sus riesgos asociados y realizar el seguimiento de ambos), recoger las medidas necesarias para el control y seguimiento del proyecto, permitir la extracción de la experiencia de proyectos anteriores (aplicando técnicas de control estadístico) y definir, almacenar y compartir la información de los proyectos y procesos utilizados en toda la organización. Palabras clave: Gestión de Proyectos, Gestión de Procesos, Definición de Procesos, Ciclo de Vida, Métricas, Rendimiento de Procesos, Gestión de la Calidad. 3. 1 Introducción. Este trabajo está patrocinado por las empresas Endesa y DMR Consulting Foundation a través de la “Cátedra de Mejora de Procesos Software en el Espacio Iberoamericano”. 157 GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de Proyectos Software para PYMES y Emprendedores . En los últimos años se ha producido un crecimiento de la demanda de software [Pressman, 2004], y la industria del software se plantea la pregunta de si está preparada para desarrollar el software que se necesitarán en los próximos años, con los niveles de calidad adecuados. Los estudios realizados por [Carreira, 2002] indican que el proceso de software no es un proceso maduro. Además, para desarrollar software se requiere un proceso de gestión que permita predecir de forma efectiva los niveles de calidad del producto software realizado [Newman, 1996]. En el estudio realizado por el Centro de Soporte de Tecnología Software (STSC, Software Technology Support Center) [STSC, 2000] sobre más de doscientas empresas se muestra que un 14% de los fracasos se puede atribuir a la imposibilidad de manejar una nueva tecnología y el restante 86% se debe a problemas en la definición de los objetivos del proyecto, a problemas relacionados con el alcance del proyecto, a la ausencia de una adecuada comunicación y, en general, a la ausencia de habilidades en el área de “gestión de proyectos”. Esta carencia de gestión también se confirma en los sucesivos estudios CHAOS (Los resultados de los estudios CHAOS proporcionan una visión global de las estadísticas de los proyectos en Europa y EEUU. 58% de los encuestados son americanos, 27% son europeos y el 15% restante representan al resto del mundo. El 45% de estas compañías son consideradas grandes; otro 35% se consideran de tamaño medio y el 20% son pequeñas) donde analistas del Standish Group muestran que las principales causas del fracaso de los proyectos es la falta de una gestión eficiente de los proyectos. De acuerdo al Informe CHAOS del Tercer Cuatrimestre, sólo el 28% de las aplicaciones software son completadas dentro del calendario y presupuesto establecidos, y el 48% de los proyectos no poseen las características requeridas para su entrega [Standish 2004]. Por tanto, el fracaso de los proyectos reside en el enfoque de gestión utilizado. Un informe reciente del Departamento de Defensa de los EEUU sobre este problema dice: “Después de dos décadas de promesas incumplidas sobre el aumento de la productividad y la calidad con el uso de nuevas metodologías y tecnologías, las industrias y las organizaciones gubernamentales se han dado cuenta de que el problema fundamental es la incapacidad de gestionar el proceso software”. Particularizando el problema, Jones [Jones, 2003], ha identificado tres causas de fracaso en los proyectos: una estimación inexacta, la comunicación del estado del proyecto y la falta de información histórica. Estas tres causas son actividades claves de la planificación y el seguimiento de los proyectos. Jones también indica que estas causas pueden eliminarse estableciendo una gestión de los proyectos. Existen una amplia diversidad de modelos relacionados con la gestión de proyectos software [PMBOK, 1996], [OGC, 2001], [METRICA3], [CMMI, 2002]. Estos modelos han sido desarrollados con el objetivo de establecer la gestión de proyectos, entre otros procesos, en grandes organizaciones tales como administraciones públicas, sector militar y aeroespacial. Teniendo en cuenta que en enero del 2003 en España existían tres millones de PYMEs que representaban el 99,87 % del total de empresas, existe la oportunidad de introducir estas prácticas 158 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico efectivas en las PYMEs siempre que se proporcionen mecanismos de soporte para establecer la gestión de proyectos a partir de las mejores prácticas de los modelos, métodos y/o estándares existentes. Además, particularmente en España el 15,53% de estas empresas se dedican a las TI y Telecomunicaciones. El problema que se manifiesta en las PYMEs, es que aunque conocen los fundamentos de la gestión de proyectos, no los ponen en práctica. En el informe de Norman realizado durante 2002-2004 en PYMEs también indica que: no existe coordinación o esfuerzo entre los desarrolladores; se utilizan muy pocos, si es que existen, planes, procesos y procedimientos; no existe una responsabilidad de gestión; y no existe un calendario para el desarrollo. Entre las PYMEs el conocimiento de estos modelos ha sido débil e incluso sí una empresa pequeña conoce los modelos y reconoce las necesidades de mejorar sus procesos, sus recursos -financieros y de personal- son limitados. Usualmente las PYMEs también carecen de formación y experiencia sobre el establecimiento de planes y acciones para definir e implementar procesos apropiados [Saastamoinen, 2004]. Kuvaja [Kuvaja, 1996] y Kilpi [Kilpi, 1997] atribuyeron como principal obstáculo el tamaño de las inversiones que las PYMEs pueden asumir al intentar adoptar un modelo. 4. Enfoque. El objetivo principal de la plataforma es implantar el proceso de Gestión de Proyectos en el nivel 4 de capacidad basándose en el modelo de madurez de capacidad (CMMI), definiendo los componentes adecuados (definición del proceso con actividades, medidas de proceso y producto, aspectos de calidad, técnicas a emplear, documentos de proceso y herramientas a emplear). Las hipótesis de partida en las cuales se sustenta la plataforma de gestión y análisis estadístico de proyectos software son las siguientes: • Es una necesidad de la industria software española obtener certificaciones internacionales (CMMI) para acceder a los mercados internacionales. Para poder certificarse es necesario dotar a las mismas de las herramientas de soporte en las áreas de proceso objeto de la certificación. • El modelo de procesos CMMI indica que la gestión de proyectos es un elemento básico para avanzar en la mejora de las organizaciones. Las áreas de proceso correspondientes a la gestión de proyectos se ubican en los niveles de madurez 2, 3 y 4. • Las investigaciones realizadas indican que la gestión de proyectos es un área (proceso) problemática tanto en grandes empresas como en PYMEs. • El coste de la mejora de procesos es muy elevado y hace que la propia mejora sea difícilmente accesible para las PYMEs. 159 GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de Proyectos Software para PYMES y Emprendedores . • Actualmente, si bien existen herramientas que implementen las características del nivel de capacidad 2, sin embargo no abordan las características de los niveles de capacidad superiores, siendo además su implantación muy costosa. Para ello, se pretende conseguir los siguientes objetivos parciales: • Desde el punto de vista de la planificación de proyectos, se pretende que la plataforma sea capaz de establecer y mantener los planes que definan las actividades de sus proyectos. • Desde el punto de vista del seguimiento y control de proyectos, se pretende que la plataforma sea capaz de proporcionar una comprensión del progreso del proyecto de forma que se puedan tomar las acciones correctivas adecuadas cuando los parámetros del proyecto se desvíen del plan de manera significativa. • Desde el punto de vista del aseguramiento de la calidad, se pretende que la plataforma sea capaz de proporcionar al personal y a la dirección de una visión interna objetiva de los procesos y de los productos de trabajo. Asimismo, permitirá la elaboración del plan calidad adecuado a las características del proyecto soportando su gestión documental. Por otro lado, deberá permitir la realización de las actividades de auditoría en cada una de las fases del proyecto. • Desde el punto de vista de la gestión de los riesgos del proyecto, se pretende que la plataforma sea capaz de identificar los problemas potenciales antes de que ocurran, de forma que se puedan planificar y ejecutar las actividades de tratamiento de riesgos según se necesite durante la vida del proyecto, con objeto de reducir los impactos negativos que pudieran afectar a los objetivos del proyecto. • Desde el punto de vista de la medición, se pretende que la plataforma sea capaz de desarrollar y sostener la capacidad de medida que se sustenta en las necesidades de información de gestión. Se pretende investigar y desarrollar nuevos indicadores de proceso y producto que nos permitan tener un mayor grado de visibilidad sobre los mismos. • Desde el punto de vista de la organización de proceso, se pretende que la plataforma sea capaz de establecer y mantener un conjunto válido de activos de proceso de la organización: proceso de gestión de proyectos estándar, descripciones de modelos de ciclo de vida, pautas y criterios de adaptación del proceso de gestión de proyectos estándar, repositorio de medidas de la organización, y biblioteca de activos. • Desde el punto de vista de la gestión estadística de proyecto, se pretende investigar en la obtención de los indicadores que puedan ser de utilidad para el establecimiento de los objetivos de calidad 160 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico y rendimiento del proceso y del producto, definiendo modelos cuantitativos que permitan predecir el comportamiento futuro de los proyectos. 5. Definición de la plataforma. El desarrollo de la plataforma se divide en tres componentes: • Herramienta básica de planificación y seguimiento de proyectos. • Herramienta financiera y de activos de proceso. • Herramienta de control estadístico. A continuación se detallan las actividades de cada uno de los componentes. 5.2. Herramienta básica de planificación y seguimiento. Este componente desarrollará una herramienta que permitirá la planificación y seguimiento de proyectos. Asimismo, se deberá investigar sobre el conjunto de medidas y procedimientos necesarios para la recogida de datos. Este componente incluirá los siguientes módulos (véase Figura 1). Calidad Defectos Eficacia Eficiencia Estimación Mediciones Tarea Fecha inicio Producto Fecha Fin Ciclo de Vida Esfuerzo Programación, y Seguimiento y Control Figura 1 – Herramienta de Planificación y Seguimiento. • Módulo de estimación. Durante este módulo se definirán la estimación de productos y tareas, así como la selección del ciclo de vida a seguir. 161 GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de Proyectos Software para PYMES y Emprendedores . • • • • Módulo de programación. Este módulo se encargará de definir la fecha de inicio y de fin de proyecto así como el esfuerzo que se dedicará semanalmente. Módulo de seguimiento y control. Este módulo se encargará de almacenar los datos recogidos durante la ejecución y para ello será necesario definir los indicadores, los parámetros de seguimiento y los umbrales de los mismos. Asimismo permitirá actualizaciones al plan cuando se produzcan desviaciones sobre los objetivos. Módulo de evaluación de calidad. Para realizar la evaluación de la calidad del proceso y del producto, este módulo calculará los índices de calidad permitiendo el almacenamiento de los mismos para seguir su evolución. Los índices de calidad serán calculados a partir de los datos de defectos capturados a lo largo del proceso de desarrollo. Este módulo analizará: la eficiencia de las revisiones y de los métodos de inspección; y la estimación de las tasas de inyección y eliminación de defectos con objeto de verificar si el plan cumple los objetivos de calidad que se han requerido. Módulo de mediciones básicas. Este módulo se encargará de definir aquellas medidas que serán requeridas por el resto de módulos. 5.3. Herramienta financiera y de activos de proceso. Mediante esta herramienta se posibilitará disponer del control financiero sobre el proyecto y de la gestión del conocimiento de la organización. Este componente incluirá los siguientes módulos (véase Figura 2). Proyecto Costes Riesgos Análisis estadístico preliminar Plantillas Técnicas Proceso 162 Ciclos vida Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figura 2 – Herramienta Financiera y de Activos de Proceso. • • • • Módulo de repositorio de activos. Este módulo permitirá almacenar las definiciones de los diferentes ciclos de vida que puedan utilizarse por los proyectos. Módulo de costes. Este módulo permitirá tener un control sobre los costes incurridos por el proyecto, así como evaluar el rendimiento económico de la organización. Módulo de análisis estadístico preliminar. Este módulo permitirá obtener una visión del proyecto de manera que se puedan tomar las decisiones que correspondan según los resultados obtenidos. Módulo de riesgos. Durante este módulo se llevará a cabo la definición de las categorías de riesgos que puedan afectar al proyecto de manera que se puedan adoptar las decisiones adecuadas en la herramienta de planificación y seguimiento. 5.4. Herramienta de control estadístico. Al finalizar este componente, se pretende obtener el control estadístico de la cartera de proyectos de la organización. Este componente incluirá los siguientes módulos (véase Figura 3). 163 GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de Proyectos Software para PYMES y Emprendedores . Cuadro de Mando Rendimiento de productos Rendimiento de procesos Control estadístico Ciclo de Vida 1 Productos Proyecto Productos Ciclo de Vida 2 Productos Control de productos Figura 3 – Herramienta de Control Estadístico. • • • 6. 164 Módulo de cuadro de mando. Mediante este módulo se permite la gestión integrada de la cartera de proyectos de una organización. De esta forma los resultados del rendimiento de los procesos y productos podrán utilizarse de referencia en subsiguientes proyectos. Módulo de control estadístico. Mediante este módulo se permite comparar los resultados obtenidos de los diferentes procesos de los ciclos de vida que se hayan utilizado. El análisis estadístico permitirá calcular los umbrales de los diferentes parámetros de gestión. Módulo de control de productos. Mediante este módulo se permite comparar los resultados obtenidos de los diferentes productos de los ciclo de vida que se hayan utilizado. Conclusiones. Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico A partir de nuestra experiencia en la gestión de proyectos, un sistema que maneje la información de los proyectos de manera integrada será de utilidad sobre todo en el sector de las PYMEs. Es importante resaltar que esta plataforma servirá para introducir e institucionalizar prácticas efectivas de gestión de proyectos. La plataforma permitirá utilizar los procesos de desarrollo más utilizados y seguidos en la actualidad como por ejemplo, el TSP –Team Software Process, del Software Engineering Institute –SEI, y PMBOK, del Project Management Institute –PMI. Es de destacar que la herramienta soportará el conjunto de actividades siguiente, que permitirá tener éxito en el proyecto. • La planificación de tiempos y recursos necesarios para cada una de las actividades del proceso. • El seguimiento y control de cada actividad, para lo cual se deberán introducir los esfuerzos reales y estimados de cada actividad a lo largo del tiempo. • El control de la evolución del proceso y se contrastarán con las expectativas de tiempos y costes de la planificación. • La identificación y registro de los riesgos del proyecto y se realizará el posterior análisis de la evolución de los mismos basándose en su probabilidad de ocurrencia y posible impacto. • El repositorio de información para poder realizar un benchmarking del proyecto frente a los proyectos almacenados. Además, y con el fin de acceder a la información gestionada por la herramienta, se pretende el desarrollo de un conjunto de interfaces web que permitan a los usuarios de la herramienta el acceso a la información a través de Internet, lo que posibilitará el acceso a las mejores prácticas por parte de las PYMEs, independientemente de donde se encuentren. Referencias. Carreira, M. & Román, I. “Estimación del Coste de la Calidad del Software a través de la Simulación del Proceso de Desarrollo”. Revista Colombiana de Computación, 2 (1) pp. 75-87. 2002. CMMI Product Team, “CMMI for Systems Engineering, Software Engineering, Integrated Product and Process Development, and Supplier Sourcing (CMMISE/SW/IPPD/SS, V1.1). Continuous Representation”. CMU/SEI-2002-TR011, Software Engineering Institute, Carnegie Mellon University. 2002. Jones, C. “Why Flawed Software Projects Are Not Cancelled in Time” Cutter IT Journal. 16 (12) pp. 12-17. 2003. Kilpi, T. “Product Management Challenge to Software Change Process: Preliminary Results from Three SMEs Experiment”. Software Process: Improvement and Practice. 3 (3) pp. 194-207. 1997. 165 GASP: Definición de una Plataforma para la Gestión y el Análisis Estadístico de Proyectos Software para PYMES y Emprendedores . Kuvaja, P. & Messnarz, R., “BootStrap - A Modern Software Process Assessment and Improvement Methodology”. Proceedings of the Fifth European Conference on Software Quality. 1996. MÉTRICA Versión 3: Metodología de Planificación, Desarrollo y Mantenimiento de Sistemas de Información, Guías de Estructura Principal, de Interfaces y de Técnicas. Ministerio de Administraciones Públicas. 2000. Newman, M. “Determinants of Commitment to Information Systems Development: A Longitudinal Investigation”. MIS Quarterly, 20 (1) pp. 23-54. 1996. Office of Commerce Government. “Best Practice for Service Delivery - ITIL The Key to Managing IT Services”. The Stationery Office, UK. 2001. 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The emerging of new organizational forms as Networked Production, Clusters and Virtual Organizations, where several organizational entities have to share the management of distributed processes, brings several challenges to BPM scientific area.The main goal of this paper is to analyse the applicability of distinct initiatives in BPM to collaborative network organisations. We analyse and compare their weaknesses and strengths focused in agility, distribution and interoperability characteristics. Emerging standards and technologies on BPM are presented follow by the mapping of them to the different domain areas. Future research issues on BPM on the scope of collaborative networks are discussed. Keywords: Business Process Management, Service Oriented Architecture, Virtual Organizations, Enterprise Architecture Integration 1. Introduction In recent years architecture approaches for Information Systems have changed. Data centric architectures have evolved to shared services and from that to the actual shared processes/centric approaches. Two issues lead to the actual shared processes/ centric approach: one is the agility required due to market demand, the other is the increasing dynamic experienced in business processes requirements. So, the actual trend in Business Processes Management (BPM) relies on process centric approaches borrowed from a number of disciplines (Chang, 2005). 167 Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in Collaborative Networks Environments As stated in (Naidoo, 2005), the number of initiatives in BPM has increased significantly in the last 15 years. In 90’s there was one standardization group from workflow initiative, with one reference model plus five interfaces, with specifications with an average size of 40 pages. Today, there are more then 10 standardization groups, more then seven standards for process modeling alone, with an average specification size of 120 pages. It worth to question if there is a possible convergence among these initiatives. If we thought about Transport Protocols, Data Format, Messages Formats we assist to a relatively accepted convergence to TCP/HTTP, XML, SOAP respectively. But, on other hand, at the Business Process modeling/definition we still have many choices in hands (Smith, 2005). Several of the existing initiatives aim to describe processes in a way that they can be converted to execution languages reducing the gap between business and IT. In spite of the large number of contributions to attempt to achieve better BPM, difficulties occur in the selection of “standards” to implement. In this selection process several questions arise, like: What’s my partner choice? What’s my competitor choice? Which choice will lead to a better/faster ROI? Is this option becoming an effective standard? In order to manage its processes efficiently, any organization should have its processes well defined and documented. Efficient decision-making, performance measurements, assessment and improvement are relevant issues supported in process definition: Other important motivation to have a well defined/established business process layer/orientation is the desirable need of separate business logics from specific implementations/platforms issues. Business analysts must have supporting tools to manage processes without need to rely on technical personal/staff the business logic aspects. Networked organizations have evolved from traditional organizations, although they differ in several relevant aspects. Gunasekeren et al. (2005) have summarized these differences and grouped them by the follow areas: strategy formulation, tactical decision, operational controls, purchasing and logistics, knowledge management and information technology. From this summary we can underline the follow common issues in all areas of networked organizations. • Everything is more distributed • Narrow Market vs. Global Market on Strategy area. • Aggregate Production Planning vs. Enterprise Resource Planning in tactical decisions. • Central inventory control vs. Distributed inventory control in operational decisions. • Investment in Information technology has not just internal but also external focus • Pull/Push scheduling has evolved to Scheduling of delivery with Partners. • Everything changes fast (agility and adaptability is a requirement) • Purchasing and logistics is now based in Agility and e-Market. 168 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • • Agile Manufacturing and/or agile services are a characteristics of operations in networked organizations A Stable Master Production Scheduling is not any more a characteristic of planning on a network organization. From the above, we concluded that distribution and agility are attributes that any paradigm, standard or technology applied to Collaborative Networks should have. Business process (BP) definition has even more significance in a collaborative environment where partner’s assessment/selection, processes interoperability, technological independence are crucial items to support. Allowing this way a more flexible management of BP, in order to respond to dynamic changes/demand and distributed characteristics. Nowadays, the BPM aims: flexible management of BP, support to dynamic BPs, abstraction from technology, and a control and visibility over any type of BP. According to BPM (2005) organizations face problems like: heterogeneous IT, lack of process definitions, mix between automate and human tasks, lack of feedback within the right metric, measure and time (BAM, KPI’s, real-time), manage docs. Scalability and heterogeneous IT are also crucial issues to be addressed in Collaborative Networked Environments. In (BPM, 2005) it is identified a set of specific needs for BPM as: a unified process model, a direct model execution and manipulations management, a time based exception management, a robust problem monitoring and analysis, a standards based, a high scalability and a high reliability. In this paper some of the disciplines used by BPM are identified in order to discuss their contribution to Business Process Management in Collaborative Networks. In section two we present the main initiatives areas to BPM and their weakness and strengths focused on agility and distribution characteristics. In section three emerging standards and technologies on BPM are presented follow by the mapping of them to the different domain areas. Section four discusses future research issues on BPM on the scope of collaborative networks. In section five we present the conclusions and future work directions. 2. Main Initiatives There are currently three main initiative areas for Business Process Management Systems (BPMS): Workflow, Enterprise Application Integration (EAI) and Service Oriented Architectures (SOA). The workflow line of thought sees organizations structured as associated roles and responsibilities, it consider both human and systems as resources (Fujitsu, 2005). Processes are sequence of activities (or in some cases sequences of other 169 Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in Collaborative Networks Environments processes) governed by business rules in which each have a responsibility role associated as well as resources. Workflow systems tend to be centralized and hard coded and typically present limited connectivity to other Workflow Management Systems (WfMS) or BPMS. So, they are becoming not as suitable for dynamic business processes as required in collaborative environments. Table 1 – The main strengths and weaknesses focused in agility, distribution and interoperability characteristics. in the BPM main initiatives Main Initiatives Areas in Business Processes Management • • • • Agility Workflow Hardly permit process decomposition in order to support a more dynamic and agile composition/choreography Organizations is structured as associated roles and responsibilities Distinguish of internal and external views of processes fragments promotes flexibility Robust description/specification of business tasks and their interdependency Distribution • Based on a centralized architecture • Many problems in distributed execution environments Inter-Organizational Workflow • Public (virtual activities) to private • Proposed 3rd party to act as (particular) ones in a view based certification (of trust) entity to approach increase agility deal with lack of confidentiality • Lack of Flexibility due the lack of • Lack of model for interlocal autonomy organisations SOA • Address management services • Adequate for distributed functionality processes • Breaks down discrete, • Service Orientation independent and reusable components: services (reduce time to market and development costs) • Loosely coupled systems • BP as services composition • High Scalability • Promotes Business integration 170 Interoperability • Many difficulties in dealing with heterogeneous environments • Separation between processes logic and technical implementation • Services may be developed in any technology Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico WS-based • XML-based document describing WS orchestration • XML-based document describing WS orchestration/Coordination • Needs complementary protocols initiatives (under standardization): e.g. WS-Transaction, … EAI • Lack of semantics in BP • Poor human activities concerning • Focused automation • Applications focus in process integration The Inter-Organizational branch of workflow addresses some issues related with relationships between partners (Chebbi, 2004) (Chebbi, 2004a) like public and private views of the shared processes, but still misses flexibility in processes and local autonomy of participants. Enterprise Applications Integrations (EAI) addresses a key requirement of Distributed Business Process Management Systems (DBPMS) interoperability (Smith, 2004) however the EAI approach focus on technical issues in order to achieve activities/processes automation which is not so interesting in the human involvement/interactions characterization. In a Service Oriented Architecture (SOA) perspective a process can be composed by a set of exposed services on the network that can be executed in a highly distributed manner (BEA, 2005). SOA aims increasing business agility (Srinivasan, 2005) by enabling IT departments to reuse services that have known scalability and quality of service characteristics. Such reuse can help reduce time to market as well as development costs. SOA may be implemented in different technologies but the most popular (and supported by standards) is Web Services (WS) based (Papazolou, 2004). SOA addresses the lack of connectivity experienced in the workflow systems and the lack of management services in EAI. Although the pointed advantages, not all the existing and legacy systems are organized in service oriented architecture. Nowadays, BPMS use a unified vision of the SOA and Workflow process definition, this process centric approach aims to formally describe processes in order to translate them to a level of direct execution in process execution engines. (Silver, 2005) Business Rules Engines (BRE) in addition process engines can provide extra separation between business rules and process logic. In this way we can have a process owner focus on efficiency and rules owner focus on decision logic in order to efficiently manage the flow of information and activities In Table 1 are summarized the main strengths and weaknesses focused in agility, distribution and interoperability characteristics of the above mentioned areas in collaborative environments. 171 Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in Collaborative Networks Environments 3. Emerging technologies and standards The emerging technologies and standards on BPM for the main areas described above are summarized. ebXML CPA – OASIS ebXML Collaborative Profile Agreement objectives the definition of the “rules of engagement” in a collaboration. It propose a standard method to exchange business messages, conduct trading relationships, communicate data in common terms and define and register business processes based in ebXML services (Bernauer, 2003) (www.ebXML.org). BPEL – Or BPEL4WS is the OASIS Business Process Execution Language based on former IBM WFSL and MS XLANG. It’s primarily designed to support automated business processes based on web services orchestration. (Oracle, 2004) (Shapiro, 2002) BPMN – Initially proposed by BPMI, was later merged with OMG and approved as a standard in 2005. It allows practitioners to more easily exchange business process models between different business process languages using a standardized graphical notation. BPMN allows different XML-based process languages, e.g., BPEL and BPML, to be visualized using common elements. (www.bpmi.org) (http://xml.coverpages.org) BPML – is proposed by BPMI as a meta-language to modelling BP. BPML provides an abstracted execution model for collaborative and transactional business processes that span multiple applications and business partners. (Shapiro, 2002) (www.bpmi.org) ebXML BPSS – Oasis and UN/CEFACT suggests a standard framework by which business systems may be configured to support execution of business collaborations consisting of business transactions. The Specification Schema supports the specification of Business Transactions and the choreography of Business Transactions into Business Collaborations. Each Business Transaction can be implemented using one of many available standard patterns. These patterns determine the actual exchange of Business Documents and business signals between the partners to achieve the required electronic commerce transaction. (Bernauer, 2003) (www.ebXML.org) MDA – Model Driven Architecture provides an open, vendor-neutral based on OMG’s established standards (like UML) aiming the separation of business application logic from the underlying platform technology (www.omg.org). Rosetta Net - Had its origin in a self-founded, non-profit, private consortium aiming the development of an interface that companies should apply to their legacy 172 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico systems in order to (www.rosettanet.org) participate in a wide supply chain e-Business. UMM - The UN/CEFACT Modelling Methodology (UMM) based on UML defines a structured business processes modelling aiming the reuse of process models that are technology and protocol insensitive. (Huemer, 2005) WS-CDL - W3C’s WS-Choreography Description is a multi-participant contract that describes from a global viewpoint the common observable behavior of the collaborating WS participants defining how different components may act together and in what sequence, giving a flexible systemic view of a process. WSCDL complements BPEL providing the collaboration model needed to ensure endpoint behaviour. (Talbot, 2004) (Oracle, 2004) (http://xml.coverpages.org) WfXML – The Work flow XML from WfMC addresses the interface 4 of the workflow reference model related with WFMS/BPMS communications. (www.wfmc.org) XPDL –XML Process Definition Language address from the WfMC addresses the interface 1 of the workflow reference model that concerns with processes definition, import and export. This process description is intended to execute in any WfMS. (Shapiro, 2002) (www.wfmc.org) Naidoo (Naidoo, 2005) as a member of the board of directors of BPMI.org classify domain areas of BPM in Process Modelling, Process Integration and Process Execution. These domain areas were used in order to map the emerging technologies and standards describe above, as it is shown on Figure 1. In respect to the modeling domain it is desirable to have a common notation describing the processes preferentially with a visual/graphic capability. MDA, UML, BPMN and BPML promote the communication between interested participants without the need of specialized technical skills focusing in the efficiency of the (collaboration) processes (although BPML doesn’t have visual capabilities). In what concerns to collaboration specification the above described WS-CDL and ebXML CPA focus on the definition of roles/partners/responsibilities, messages exchanged , services parameters and endpoints invocation. One the other hand, yet in collaboration domain, the WfXML focus on process definitions that are loaded into the process engine, and retrieved for a particular process execution. In this way WfXML complements process execution languages such as e.g. BPEL or XPDL which engines are expected to have installed the required definitions for process execution. 173 Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in Collaborative Networks Environments The collaboration based on the Rosetta Net initiative obligate that partners adopt the same proprietary interface missing the agility and interoperability requirements of CNOs. Collaborations will be restricted to partners that have adopted the specified interface. Related with the processes execution domain we have the XPDL, BPEL and ebXML BPSS initiatives. Due the background from workflow school XPDL initiative contemplates user’s interactions with processes. It is also the only specification that addresses process statistics like durations and costs. In contrast BPEL is primarily designed to support automated business processes based on web services. To overcame this issue IBM and SAP propose an extension of BPEL: Business Process Execution Language for People (BPL4People) (IBM&SAP, 2005). The interoperability requirement of CNOs is satisfied since BEPL relies on the WS standards. The agility requirement of CNOs at the execution level is well addressed by BPEL due to the fact it’s based on the WS orchestration. In fact BPEL may act as the execution language of a WS-CDL description. 174 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Domain XPDL WfXML Process Execution WS-CDL BPEL WS-based Integration/ Collaboration workflow Process Modelling Technologies and Standards ebXML BPSS others ebXML CPA; RosettaNet MDA (UML, …) BPMN; BPML UMM Figure 1 - Mapping between the emerging technologies and standards in BPM and the modelling, integration and execution domain. 4. Future research issues There are several initiatives in each of the areas described in section two at different domains of business processes management like the ones pointed in section three: Modeling, Collaboration/Integration and execution. Although all of these initiatives claim that they are the standard for its respective domain, no single standard has been able to convince everyone to adopt 175 Emerging Technologies and Standards on Business Process Management in Collaborative Networks Environments it. As a result, process model interchange, reuse and instances management in distributed systems has not been very successful. Several issues on BPM need to be carefully study and developed in order to support model interchange and reuse in distributed systems. The standard XML although has been adopted among several of this initiatives does not standardize process semantics definitions; different approaches such as block-based or graph-based (Marsh, 2005) representations yield different XMLbased standards. So a standardization of process semantic definition it’s an important research issue. A properly designed eXtensible Stylesheet Language (XSL) style sheet for transforming an XML process model from one standard to another can be a feasible way to achieve the heterogeneous system integration. The existence of formal standard based processes models and their availability to reutilization, addresses collaborative environment requirements like partners selection, allowing also the establishment of assessment metrics to processes and/or partners is needed Technologies and standards for process integration should not obligate that network partners adopt the same proprietary technology. The agility and interoperability requirements of CNOs should be address by process integration technologies, in order that collaboration won’t be restricted to partners that have adopted a specific technology. 5. Conclusions This paper provided an overview of emerging technologies and standards on BPM that may serve as the enablers for the development of the required support infrastructure for CNOs. We have identified and analyzed the domains of applicability of several initiatives in business processes modeling from the collaborative point of view and identify some relevant research issues. This study were focus specifically in the in the agility and interoperability requirements. From this study, we conclude that large number of different initiative difficult seriously the interoperability among different partners on a collaborative network. This difficulty comes from the lack of standardization of process semantic. The standardization among this several initiatives and the interoperability between them is a requirement to provide agility to the set-up of Virtual Organizations. It is desirable that if no convergence is achieved at least conversions between most relevant/prominent initiatives should be part of their specifications. It’s also desirable in order to achieve the mentioned agility and interoperability that ones may use any combination of the initiatives described across the pointed domains. 176 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico We conclude yet, that all the initiatives presented focus in formal definition of processes, but lacks in the (informal) social interactions between participants in collaborative environment. In future, a similar work is needed in enumerating other CNOs specific requirements (e.g. negotiating and contract representation) and possible contribution areas (e.g. Agents) to address them, as well as the state of the related initiatives. References BEA, (2005) Domain Model For SOA Realizing the Business Benefit of Service-Oriented Architecture, BEA white paper Bernauer M., Gerti Kappel (2003) Comparing Comparing WSDL-based and ebXML Approaches for B2B Protocol Specification ICSOC'03, Trento, December 2003 BPM KIT, (2005), retrieve from www.bpmbasics.com Business Process Execution Language for Web Services (specs), Version 1.1 Chang, J.(2005) The current state of BPM Technologies”;, BPM.com Chebbi I. (2004) Samir Tata, Schahram Dustdar “Cooperation policies for inter organisational workflow” Chebbi I., Samir Tata (2004) The view based approach to dynamic inter organisational workflow cooperation,, Schahram Dustdar. Fujitsu, (2005) The Workflow Reference 10 Years On, David Hollingsworth”, Technical Committee, WfMC, Fujitsu Services, United Kingdom Chair, Green, Richard Available BPEL runtime environments, evaluation criteria and evaluation results, Deliverable D-D1, RepoMMan Project, Gunasekaran, A.;H. James, Ronald McGaughey, (2005). Performance measurment and costing system in new enterprise, Technovation 25 (523-533) retrieve from www.wlasevier.com/locate/technovation Huemer C. (2005) UMM - Consistent B2B Analysis & Design on Top of ebXML and Web Services Marsh, R., (2005) Guidelines for Adapting web services for system Integration”, Business Integration Journal Naidoo, T. , Michael zur Muehlen (2005) The State of Standards and their Practical Application, (member of the board of directors of BPMI.org, AIIM Conference May 2005 Oracle (2004) BPEL: Building Standards-Based Business Processes with Web Services Papazolou, Michael P. , Jean-jacques Dubray (2004) A survey of web service technologies, Shapiro, R. 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(2004) Web Services choreography and Process Algebra IBM & SAP (2005) WS-BPEL Extension for People – BPEL4People, A Joint White Paper by IBM and SAP 178 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 179 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública Gonçalo Paiva Dias 1, José Alberto Rafael 2 [email protected], [email protected] 1 Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Águeda, Universidade de Aveiro, Zona Industrial da Alagoa, Apartado 473, 3754-909, Águeda, Portugal 2 Departamento de Electrónica e Telecomunicações, Universidade de Aveiro, Campus Universitário de Santiago, 3810-193, Aveiro, Portugal Resumo: Neste artigo propomos uma plataforma genérica para a integração de serviços na administração pública. Trata-se de uma plataforma simples, versátil e segura, que se baseia em tecnologias normalizadas e facilmente disponíveis, como sejam o XML (Extensible Markup Language), o HTTP (Hypertext Transfer Protocol), o SSL (Secure Sockets Layer) e o PKI. (Public Key Infrastructure). A plataforma facilita a integração na administração pública tanto por via da coordenação de serviços no frontoffice como por via da integração de processos no back-office; suporta o desenvolvimento de balcões únicos de acesso, reais ou virtuais; e permite a prestação concorrente de serviços, a organização por acontecimentos da vida, a existência de prestadores concorrentes e a integração de diferentes canais de atendimento. Palavras-chave: e-governo; administração pública; integração de serviços. 1. Introdução A administração pública caracteriza-se, entre outros aspectos, por uma organização vertical extraordinariamente rígida em que cada subdivisão tende a concentrar-se nos assuntos que lhe dizem directamente respeito e onde dificilmente se encontra uma visão holística do governo. Deste tipo de organização decorre geralmente uma prestação compartimentada de serviços que segue a lógica orgânica do estado e não a lógica das necessidades dos cidadãos ou das empresas. No fundo, a administração pública transpõe para os clientes a sua própria organização funcional. Como resultado, estes necessitam muitas vezes de se deslocar a diferentes departamentos, interagindo com diferentes interlocutores, para resolver um único assunto. 179 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública Uma das principais promessas do governo electrónico consiste em revolucionar a forma como a administração pública se relaciona com os cidadãos, as empresas e outras organizações da sociedade. Para além de basear a prestação de serviços nas novas tecnologias, trata-se de integrar os diferentes serviços que, actualmente, são prestados de uma forma dispersa. Trata-se, portanto, de promover a integração de serviços através das novas tecnologias da informação e da comunicação. Nos últimos anos têm existido, a nível internacional, diversas propostas de arquitecturas e plataformas de suporte ao governo electrónico, incluindo, por exemplo, (Greunz, Schopp & Haes, 2001), (Arcieri, et al., 2002), (Wimmer, 2003), (F. Steimke & Hagen, 2003), (Medjahed, et al., 2003) e (Kaliotzogloua, et al., 2005). No entanto, estas propostas não satisfazem todos os requisitos que consideramos relevantes para garantir uma completa integração de serviços na administração pública (Dias & Rafael, 2006): • A coordenação de serviços no front-office, entendida enquanto capacidade de integrar, do ponto de vista dos clientes finais, a prestação dos diferentes serviços da administração pública, apesar de esses serviços poderem continuar a ser tratados de forma dispersa ao nível do back-office. • A integração de processos no back-office, entendida enquanto capacidade de integrar o fluxo dos processos transversais da administração pública, independentemente da fronteira dos diferentes organismos. • A multiplicidade de canais, entendida enquanto capacidade de integrar diferentes canais de atendimento, incluindo tanto os canais tradicionais como os canais baseados nas novas tecnologias; • A prestação concorrente, entendida enquanto capacidade de permitir a concorrência na prestação de serviços, quer ao nível do front-office, quer ao nível do back-office; • A versatilidade, entendida enquanto capacidade de permitir a interligação de uma grande diversidade de organismos com diferentes culturas, práticas de gestão e níveis de maturidade tecnológica; • A segurança, entendida enquanto capacidade de assegurar a autenticação, a autorização, a confidencialidade, a integridade, a disponibilidade e o não repúdio da informação e das comunicações. O facto de as plataformas existentes não satisfazerem a totalidade dos requisitos enunciados justifica a existência de propostas alternativas que satisfaçam esses mesmos requisitos. A plataforma descrita neste artigo satisfaz os requisitos enunciados. Ela baseia-se em ideias originalmente desenvolvidas como parte de uma tese de doutoramento (Dias, 2006). Uma descrição genérica da arquitectura de base e do respectivo processo de validação foi publicada anteriormente em (Dias & Rafael, 2005). 180 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 3. Plataforma Proposta A plataforma que propomos segue um paradigma simples e universal: a administração pública é constituída por uma rede não estruturada de entidades que prestam serviços integrados aos clientes trocando requerimentos electrónicos entre si. Uma entidade é um conceito abstracto que abrange todos os organismos ou departamentos que colaboram na prestação de serviços aos utilizadores. Os utilizadores são os cidadãos, as empresas ou os funcionários públicos que requerem serviços às diversas entidades. Assim, sempre que recebe um requerimento de um utilizador, uma entidade satisfaz ela própria esse pedido ou procura uma outra entidade que seja capaz de o fazer e, encontrando-a, encaminha-lhe o requerimento do utilizador. Adicionalmente, sempre que possível, as entidades requisitam umas às outras os documentos oficiais que permitem instruir os processos, em vez de pedirem aos utilizadores que o façam por elas. Genericamente, uma entidade possui a capacidade de receber requerimentos dos clientes, de requerer serviços a outras entidades e de prestar serviços que lhe sejam requeridos por utilizadores ou por outras entidades. O estado de satisfação dos pedidos é mantido pelas entidades que, em última análise, são capazes de satisfazer os requerimentos que lhes dão origem. Sempre que necessário, essas entidades emitem relatórios que traduzem o estado dos pedidos recebidos e que podem conter resultados parciais ou finais relacionados com a sua satisfação. Nada impede que uma entidade receba um requerimento de um utilizador ou de uma outra entidade e, por meios que lhe sejam próprios, decomponha esse requerimento, preste ela própria algumas das partes e encaminhe as restantes para outras entidades. No entanto, ao fazê-lo, essa entidade deverá ser igualmente capaz de integrar os respectivos resultados e de, a qualquer momento, informar sobre o respectivo estado de satisfação. Para tal, sempre que necessário, ela solicita a emissão de relatórios às entidades para as quais encaminhou partes do requerimento. Dependendo da função que desempenham, as entidades classificam-se em entidades de front-office e em entidades de back-office. Os utilizadores requerem serviços, consultam o respectivo estado de execução e recebem resultados através de entidades de front-office. Um portal do cidadão, uma loja de cidadão ou o frontoffice de uma autarquia local constituem exemplos deste tipo de entidades. No entanto, a natureza destas entidades é propositadamente deixada abstracta ao nível da especificação da plataforma. Na prática, elas podem ser implementadas usando diferentes abordagens: um portal Web totalmente automatizado que, baseando-se em agentes de software, é capaz de decompor e reencaminhar as solicitações dos utilizadores; um portal configurado manualmente para oferecer um conjunto prédefinido de serviços; ou um balcão de atendimento presencial em que os funcionários actuam como intermediários entre os clientes e o sistema. As entidades de back-office prestam serviços às entidades de front-office e, através delas, aos utilizadores. Elas aceitam e processam os requerimentos submetidos pelas entidades de front-office, mantêm um registo dos sucessivos 181 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública estados dos processos internos que lhes correspondem, e devolvem os resultados desses processos de forma a que os mesmos possam ser reencaminhados para os utilizadores. Tal como no caso das entidades de front-office, também a natureza das entidades de back-office é deixada abstracta ao nível da especificação da plataforma. Isto permite abarcar graus muito diferentes de maturidade tecnológica do lado do back-office. Em princípio, nada impede que uma entidade possa ser, simultaneamente, uma entidade de front-office e uma entidade de back-office. Da mesma forma, nada impede que uma entidade de back-office, ainda que não preste serviços directamente aos utilizadores, possa requerer serviços a outras entidades. Este é o caso que se verifica, por exemplo, quando uma entidade de back-office decompõe um requerimento e submete a execução de algumas das suas partes a outra entidade de back-office. A Figura 1 ilustra parcialmente a organização conceptual descrita: a entidade representada à esquerda é exemplo de uma entidade de front-office, enquanto que a entidade representada à direita é exemplo de uma entidade de back-office. 3.1. Requerentes e Prestadores Quanto ao tipo de interacção que têm com outras entidades, as entidades classificam-se em entidades requerentes, entidades prestadoras e entidades híbridas. As entidades requerentes são aquelas que requerem serviços a outras entidades, as entidades prestadoras são aquelas que prestam serviços a outras entidades, e as entidades híbridas são aquelas que, simultaneamente, requerem e prestam serviços a outras entidades. As entidades de front-office são sempre entidades requerentes. As entidades de back-office são entidades híbridas ou entidades prestadoras consoante requisitem ou não os serviços de outras entidades. Quaisquer entidades que executem tanto as funções de front-office como as funções de back-office são necessariamente híbridas. 182 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Entidade Requerente repositório de serviços ser o viç iço rv se sistemas de front-office requerimento Utilizador requerente prestador relatório do fica ce rti fic ad o ti cer autoridade certificadora sistemas de back-office Entidade Prestadora Back-Office Figura 1 – Organização conceptual da plataforma Na Figura 1, a entidade requerente está associada a um módulo requerente e a entidade prestadora a um módulo prestador. A plataforma impõe que a comunicação entre entidades se faça através destes módulos. Na prática, requerentes e prestadores não são mais do que caixas negras que isolam os sistemas locais da complexidade da rede e a rede da complexidade dos sistemas locais. Requerentes e prestadores sabem comunicar entre si e devem ser configurados para interagir com os sistemas locais das entidades em que são instalados. 3.2. Repositórios de Serviços As entidades prestadoras devem ser capazes de descrever pormenorizadamente os serviços que prestam e de, através dos respectivos prestadores, publicar as descrições resultantes em repositórios pesquisáveis pelos requerentes de outras entidades (Figura 1). Assim, um repositório de serviços é uma colecção de descrições que inclui toda a informação necessária para que as entidades que dependem de serviços externos os possam encontrar e requisitar, através dos seus requerentes. No entanto, a plataforma não estabelece como é que, na prática, as entidades requerentes beneficiam dos repositórios de serviços. Eles podem ser usados para pesquisar e requisitar serviços dinamicamente, quer de forma automática quer por intervenção humana, ou podem ser usados para obter a informação que permita configurar estaticamente, do lado das entidades requerentes, os serviços disponíveis. Os prestadores e os requerentes usam formatos normalizados para, respectivamente, publicar e pesquisar serviços nos repositórios. O nosso conceito de repositório de serviços baseia-se no conceito originalmente proposto no âmbito do projecto eGOV (Wimmer, 2002). 183 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública Podem existir vários repositórios de serviços na mesma rede de entidades: as mesmas descrições de serviços podem ser publicadas em vários repositórios e os requerentes possuem a capacidade de combinar as pesquisas feitas em mais do que um repositório. Um repositório de serviços pode ser instalado numa entidade participante ou num nó autónomo (tal com é representado na Figura 1). Onde um repositório se deve localizar e que tipo de serviços deve armazenar são questões que dependem da aplicação em concreto. No caso de um portal do cidadão, por exemplo, pode ser conveniente ter um repositório de serviços associado à entidade que gere o portal, de forma que todos os prestadores que contribuem com serviços aí possam publicar as respectivas descrições. Já no caso de um departamento central da administração pública que disponibilize um conjunto alargado de serviços a muitos requerentes, pode ser conveniente associar o repositório de serviços à própria entidade prestadora, de forma a que os requerentes aí possam encontrar as descrições dos serviços disponíveis. Podem igualmente revelar-se úteis repositórios de serviços temáticos que sejam partilhados por vários requerentes e por vários prestadores: serviços para as autarquias locais, serviços relacionados com a saúde, serviços relacionados com o sector da construção, etc. Os repositórios de serviços são, na sua essência, componentes passivos. Eles limitam-se a aceitar pedidos de publicação, actualização ou remoção de serviços, recebidos dos prestadores, e a responder a pesquisas, recebidas dos requerentes. A correcção da informação presente nos repositórios é, assim, uma responsabilidade de cada um dos prestadores que aí publica descrições de serviços. A plataforma não inclui quaisquer mecanismos independentes de actualização, sincronização, hierarquização e verificação da informação presente nos repositórios. Tal não impede, no entanto, que possam ser adoptadas estratégias de mais alto nível que facilitem a gestão de cada repositório e mesmo a gestão integrada de diferentes repositórios. 3.3. Serviços, Requerimentos e Relatórios Os requerentes e os prestadores comunicam entre si e com os repositórios trocando três tipos de objectos: serviços, requerimentos e relatórios (Figura 1). Os serviços são descrições do que pode ser requisitado e de como pode ser requisitado. São publicados pelos prestadores nos repositórios de serviços e são transferidos a partir daí pelos requerentes. Os requerimentos são objectos que os requerentes criam e enviam para os prestadores como forma de solicitar a prestação de um serviço concreto. Assim, estes objectos agregam toda a informação necessária para despoletar a prestação de um serviço, incluindo, nomeadamente, informação sobre o utilizador, a entidade requerente e as opções de pagamento e entrega de resultados. Podem ainda incluir formulários e outros documentos anexos que informem o pedido. Os serviços incluem informação sobre que formulários e outros documentos podem ser anexados aos requerimentos e sobre quais os formatos admissíveis para tal. 184 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Os relatórios são descrições do estado da prestação de um determinado serviço num determinado momento. São emitidos pelos prestadores sempre que para isso solicitados pelos requerentes. Opcionalmente, podem ser enviados por iniciativa dos próprios prestadores como forma de notificar os requerentes da ocorrência de um determinado evento. Incluem informação recolhida durante o processo de requisição e prestação de um serviço concreto. Podem incluir igualmente uma lista de resultados parciais e/ou finais: recibos, notificações, certificados, etc. Os serviços incluem informação sobre os resultados que deles podem ser esperados e em que formatos. Como vimos, os requerimentos incluem todos os formulários e documentos anexos necessários para despoletar a prestação de um serviço. Assim, para serem universais, estes objectos devem ser capazes de incorporar virtualmente qualquer tipo de documento digital. O mesmo é verdade no que diz respeito aos resultados incorporados nos relatórios e às definições de formulários incorporadas nos serviços. Consequentemente, a plataforma prevê a incorporação, nos objectos descritos, de dados binários não estruturados. Embora a plataforma não dependa intrinsecamente dos formatos usados para transferir os documentos binários, a necessidade de utilizar formatos normalizados para o efeito não pode ser ignorada. Em última análise, se não fossem capazes de interpretar os documentos transferidos, as entidades seriam incapazes de prestar os próprios serviços. Assim, a existência de formatos normalizados que possam ser utilizados para este efeito constitui uma das asserções da plataforma. Os objectos que descrevem os serviços incluem informação sobre que formatos devem ser utilizados ou são admissíveis em cada situação particular. 3.4. Codificação e Transporte Antes de serem transferidos entre requerentes, prestadores e repositórios, os objectos são codificados usando a linguagem XML (Bray et al., 2004) e incorporados em contentores XML seguros. A estrutura dos contentores é baseada na originalmente proposta pelo projecto SeCo (Greunz, Schopp & Haes, 2001), incluindo um bloco de conteúdo e um bloco de assinatura. O bloco de conteúdo é o recipiente onde serviços, requerimentos e relatórios são inseridos, depois de devidamente codificados. O bloco de assinatura contém a assinatura digital que assina o bloco de conteúdo, juntamente com o certificado digital que contém a chave pública do signatário. Os objectos são assinados digitalmente usando a norma XML Signature (Eastlake, Reagle & Solo, 2002). Para tal, requerentes e prestadores utilizam certificados digitais X509v3 (Housley et al., 2002) emitidos previamente por uma ou mais autoridades certificadoras (Figura 1) que, de acordo com a norma XML Signature, são incorporados na própria assinatura digital. Esta organização permite garantir, por si só, a integridade e a não repudiação dos objectos. Como vimos, os serviços, requerimentos e relatórios podem incluir documentos binários. Nestes casos, a incorporação destes documentos na estrutura XML que resulta da codificação dos objectos faz-se de uma de duas formas: os 185 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública documentos são codificados usando a norma BASE64 (Josefsson, 2003) e embebidos na estrutura XML que resulta da codificação do próprio objecto, ou os documentos são referenciados a partir dessa estrutura e são enviados usando meios alternativos. No último caso, no entanto, os documentos devem ser assinados individualmente pelas entidades emissoras, sob pena de não poder ser garantida a respectiva integridade e não repudiação. Os contentores são transferidos entre requerentes, prestadores e repositórios usando um protocolo de transporte que garanta a respectiva privacidade. Quatro alternativas estão disponíveis para tal: HTTP (Fielding, et al., 1999) sobre SSL (Frier, Karlton & Kocher, 1996), HTTP sobre TLS (Dierks & Allen, 1999), SOAP sobre SSL, ou SOAP sobre TLS (Newcomer, 2002). Nos primeiros dois casos, os contentores e quaisquer documentos anexos são transferidos usando o comando POST do HTTP. Nos dois últimos casos, o protocolo SOAP com anexos é utilizado para transferir os contentores e os documentos associados. Note-se, no entanto, que a interoperabilidade só é garantida desde que a mesma pilha protocolar de transporte seja utilizada por todos os requerentes, prestadores e repositórios envolvidos. 4. Discussão 4.1. Coordenação de serviços e integração de processos A plataforma proposta suporta a integração de serviços tanto por via da coordenação de serviços no front-office como por via da integração de processos no back-office. A coordenação de serviços no front-office é suportada pela possibilidade de uma entidade de front-office poder basear a prestação de um serviço ao utilizador em vários serviços parcelares oferecidos por outras entidades, tal como é ilustrado no exemplo da Figura 2. No exemplo representado, a entidade A é uma entidade de front-office que, para prestar um determinado serviço, recorre a serviços parcelares das entidades de back-office B, C e D. Acresce que, ainda no exemplo, o serviço prestado pela entidade D depende de resultados gerados previamente pelas entidades B e C. Assim, como resposta a uma solicitação do utilizador, a entidade A envia requerimentos às entidades B e C e aguarda que as mesmas lhe remetam os relatórios finais relativos a esses mesmos requerimentos. Uma vez recebidos os relatórios finais de B e C, a entidade A incorpora os resultados neles contidos num novo requerimento, que envia à entidade D. Quando recebe o relatório final da entidade D, a entidade A está pronta a entregar os resultados finais do serviço ao utilizador. Sempre que necessário, a entidade A pode solicitar a emissão de relatórios parciais por parte das entidades B, C e D, com base nos quais pode apurar, com precisão, o estado de satisfação global do pedido do utilizador. 186 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Entidade A (requerente) Entidade B (prestadora) Entidade C (prestadora) Entidade D (prestadora) requerimento requerimento relat ório relatório requerimento relatório Figura 2 – Exemplo de coordenação de serviços no front-office. Note-se que a coordenação de serviços no front-office pode ser feita tanto de forma estática como de forma dinâmica. Com efeito, os sistemas locais destas entidades podem compor serviços com base em planos preestabelecidos, ou definir esses planos dinamicamente em função das necessidades do utilizador, tendo por base a informação presente nos repositórios. Na plataforma, a integração de processos é permitida pela possibilidade de criação de entidades de back-office que façam a gestão do fluxo de um conjunto de processos parcelares a que têm acesso enquanto serviços oferecidos por outras entidades. O diagrama de sequência da Figura 3 ilustra o mesmo caso da Figura 2, agora implementado recorrendo à integração de processos. O papel de gestão de fluxo, que antes era desempenhado pela própria entidade de front-office, é agora desempenhado por uma entidade híbrida, localizada no back-office. Assim, a entidade E comporta-se neste exemplo tal como se comportava a entidade A no exemplo anterior, apenas com duas diferenças pertinentes: a entidade E deve ser capaz de integrar os anexos relevantes do requerimento que recebe da entidade A nos requerimentos que envia às entidades B, C e D; e a entidade E deve ser capaz de incorporar os resultados relevantes obtidos das entidades B, C e D no relatório final que envia à entidade A. Note-se ainda que, a qualquer momento, a entidade E poder ser solicitada para emitir relatórios que descrevam o estado de satisfação do pedido original. Para compor esses relatórios, ela pode, por sua vez, solicitar a 187 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública emissão de relatórios por parte das entidades B, C e D. Uma vez que a plataforma não prevê a existência, ao nível dos módulos requerentes e prestadores, de quaisquer mecanismos que suportem a gestão de fluxo, a decomposição de requerimentos ou a composição de relatórios, estas são capacidades que deverão ser asseguradas pelos sistemas locais das entidades que desempenham essas funções. Para tal, eles deverão ser tipicamente implementados recorrendo a sistemas de gestão de workflow. Um serviço pode ser prestado recorrendo, simultaneamente, à composição de serviços no front-office e à integração de processos no back-office. Com efeito, essa seria a situação se, por exemplo, o serviço oferecido pela entidade E da Figura 2 fosse usado por uma qualquer entidade de front-office para compor um novo serviço. Da mesma forma, nada impede que o serviço oferecido pela entidade E possa ser usado por uma qualquer outra entidade híbrida no âmbito de um novo processo, caso em que estamos em presença da integração de processos com base em processos parcelares previamente integrados. 4.2. Prestação concorrente e integração de canais Na sua essência, a plataforma proposta permite tanto a prestação concorrente de serviços como a integração de canais. Em relação à prestação concorrente de serviços, são admissíveis as organizações entre entidades que permitem a oferta se um serviço da responsabilidade de uma entidade de back-office por mais do que uma entidade de front-office; a oferta através de uma única entidade de front-office de serviços prestados por várias entidades de back-office, eventualmente concorrentes entre si; e a oferta de serviços concorrentes através de diferentes conjuntos de entidades de front-office e de back-office. Os três tipos de organização podem coexistir na mesma rede e para as mesmas entidades. 188 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Entidade A (requerente) Entidade E (híbrida) Entidade B (prestadora) Entidade C (prestadora) Entidade D (prest adora) requerimento requerimento requerimento relatório relatório requerimento relatório relatório Figura 3 – Exemplo de integração de processos no back-office. A integração de canais pode ser conseguida usando uma de duas abordagens alternativas: os diferentes canais são oferecidos por uma única entidade de frontoffice, que permite o acesso a serviços prestados por uma ou mais entidades de back-office; e os diferentes canais são oferecidos por diferentes entidades de frontoffice que, em conjunto, permitem o acesso a serviços prestados por uma ou mais entidades de back-office. Em qualquer dos casos, a disponibilização de canais alternativos pode ser feita sem duplicação de meios ou de esforços, tanto no frontoffice, como no back-office. Note-se, no entanto, que a primeira abordagem permite uma maior integração entre diferentes canais, pela possível utilização de sistemas CRM (Customer Relationship Management) ao nível dos sistemas locais de cada entidade de front-office. Ambas as abordagens podem coexistir na mesma rede. Apesar de, como vimos, a plataforma permitir a integração de canais pela combinação de diferentes entidades de front-office, ela não suporta uma verdadeira integração entre essas diferentes entidades. Com efeito, o que permite ao utilizador usar diferentes front-offices para aceder, em fases subsequentes e usando canais alternativos, ao mesmo serviço, é o facto de o conhecimento acerca do estado de prestação desse mesmo serviço residir numa entidade de back-office comum. Assim, a plataforma, por si só, não suporta operações típicas dos sistemas CRM como sejam, por exemplo, o conhecimento prévio dos dados e das preferências do 189 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública utilizador ou o conhecimento do teor dos diversos contactos que, no âmbito de um determinado processo, tenham sido feitos por esse mesmo utilizador. O suporte de operações deste género exigiria a partilha, entre os diferentes front-offices, de informação relativa ao utilizador e ao próprio processo de atendimento, facilidade essa que não é directamente suportada pela plataforma. 4.3. Versatilidade e normalização A plataforma proposta estabelece um nível básico e relativamente leve de interoperabilidade com base no qual podem ser encetadas novas iniciativas de normalização, nomeadamente ao nível semântico. Com efeito, a plataforma define os mecanismos que permitem a troca de serviços, requerimentos e relatórios, mas não define quaisquer normas em relação aos formulários, anexos e resultados que são incluídos nesses objectos. Isto permite que qualquer entidade de back-office, desde que utilize formatos reconhecíveis pelos utilizadores, possa prestar serviços através de outras entidades, independentemente de as mesmas reconhecerem ou não os formatos utilizados. Ao mesmo tempo, nada impede que estes mesmos documentos possam ser objecto de normalização, tanto ao nível semântico como ao nível dos formatos utilizados, no âmbito de iniciativas globais, regionais ou sectoriais. Quaisquer normas podem ser adoptadas gradualmente, sem ser para todos os serviços e para todas as entidades ao mesmo tempo, e a coexistência de diferentes normas é plenamente suportada pela plataforma. A existência de repositórios de serviços pode mesmo facilitar o processo de normalização. A alteração da morada dos cidadãos constitui um bom exemplo da necessidade de normalização dos documentos anexos a requerimentos e relatórios. Com efeito, se os formulários e anexos necessários para requerer um serviço deste género variarem com a entidade de back-office que efectivamente os presta, o cidadão, ou alguém por ele, é obrigado a submeter diferentes requerimentos para as diferentes entidades. Se a mesma descrição de serviço e, consequentemente, os mesmos formulários e anexos forem utilizados por todas as entidades, o processo de alteração de morada torna-se muito mais simples: a menos dos detalhes relativos à entidade de destino, os diversos requerimentos são exactamente iguais e, consequentemente, passíveis de serem gerados de forma totalmente automática por uma entidade de front-office ou, eventualmente, por uma entidade híbrida. A normalização de formulários, documentos anexos e resultados pode ser igualmente relevante quando está em causa a integração de processos, pela necessidade de composição automática de requerimentos e relatórios. A plataforma proposta não depende de quaisquer outras capacidades dos sistemas locais das entidades participantes que não as de saberem como comunicar com requerentes e prestadores e respeitarem um conjunto de regras de segurança. Isto permite uma grande flexibilidade ao nível das entidades e dos seus sistemas locais. No entanto, não é despiciendo o facto de tanto requerentes como prestadores poderem ser utilizados em diferentes ambientes computacionais, o que pode implicar o desenvolvimento de versões adaptadas a diferentes ambientes 190 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico distribuídos, diferentes sistemas operativos e diferentes arquitecturas de computadores. 4.4. Segurança e pagamento de serviços A plataforma descrita define os mecanismos que permitem garantir os requisitos de autenticação, autorização, confidencialidade, integridade e não repudiação. Importa notar, no entanto, que o cumprimento de alguns desses requisitos se baseia no estabelecimento de um conjunto de regras a que devem obedecer os sistemas locais das entidades participantes. Assim, além da confiança nos mecanismos de transferência de informação e nos requerentes e prestadores, a confiança na segurança oferecida por uma rede de entidades depende também da confiança depositada na segurança de cada uma dessas mesmas entidades. Consequentemente, a utilidade prática da plataforma proposta depende da existência de um processo de certificação de entidades que permita aferir a respectiva obediência às regras de segurança estabelecidas. A plataforma prevê os mecanismos que permitem classificar entidades de acordo com a obediência a essas regras, mas não define os procedimentos administrativos que devem estar na base dessa mesma classificação. Esses procedimentos devem ser estabelecidos em função do caso concreto. Do ponto de vista da segurança, merece ainda discussão a forma como, com a plataforma proposta, pode ser resolvida a questão do pagamento de serviços. Uma vez que a plataforma define que os utilizadores acedem aos serviços através de entidades de front-office, o passo lógico é aceitar que os utilizadores pagam os serviços directamente às entidades de front-office e que estas transferem os pagamentos para as entidades de back-office sempre que requerem os seus serviços. Esta abordagem tem três importantes vantagens: o pagamento integrado de serviços é plenamente suportado; o dinheiro e os cheques permanecem meios válidos de pagamento quando está em causa o atendimento presencial; e eventuais dados financeiros dos utilizadores permanecem contidos dentro das entidades com as quais eles interagem directamente. A transferência de fundos entre entidades pode basear-se na infra-estrutura bancária existente. Se for este o caso, o relatório que confirma a aceitação de cada requerimento inclui informação sobre a conta bancária a creditar pela entidade que requer o serviço, assim como sobre a descrição de movimento a usar para a creditar. As entidades prestadoras confirmam a recepção dos pagamentos analisando os movimentos de crédito nas suas próprias contas bancárias e, se necessário, incluem recibos em relatórios posteriores. Apesar de a abordagem descrita ser a que melhor se adequa à plataforma proposta, subsistem duas formas alternativas de implementar o pagamento de serviços. A primeira consiste na transferência para o utilizador da informação relativa ao pagamento, de maneira que este o possa efectuar através do seu próprio banco. O pagamento pode ser feito usando um cartão de débito e um PIN (Personal Identification Number), através da Web ou de uma ATM (Automatic Teller Machine). A segunda baseia-se na utilização de um cartão de crédito pelo 191 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública utilizador: a informação relevante do cartão é incluída no requerimento e, assim, é transferida da entidade de front-office para as entidades de back-office relevantes. No entanto, neste caso, embora a confidencialidade esteja assegurada, o utilizador não controla a que entidades a informação do cartão é enviada nem qual o uso que aí é feito da mesma. O método de pagamento a utilizar em cada ocasião pode ser seleccionado pelas entidades requerentes preenchendo campos apropriados do requerimento. As opções de pagamento disponíveis para cada serviço são descritas nos objectos serviço. 4.5. Evolução e limitações da plataforma A plataforma proposta baseia-se em normas como o HTTP ou o SOAP, o SSL ou o TLS, o XML, o XML Signature, o BASE64 e o X509v3. Assim, é importante analisar até que ponto quaisquer futuras evoluções destas normas afectam a funcionalidade da plataforma e com que facilidade ela pode beneficiar dessas mesmas evoluções. A primeira consideração a fazer é a de que as tecnologias referidas são de uso generalizado e, consequentemente, elegíveis para importantes inovações mas, simultaneamente, pouco susceptíveis a grandes roturas. Se a retrocompatibilidade for assegurada, a adopção de normas melhoradas não deverá ter quaisquer consequências relevantes para a funcionalidade da plataforma. Se não, o esforço de remodelação dos sistemas deverá poder ser contido no âmbito de requerentes e prestadores, não devendo implicar a alteração dos sistemas locais das entidades. A ser este o caso, o custo de reformulação depende essencialmente da modularidade desses componentes e, assim, é essencialmente um problema de engenharia de software. De qualquer forma, a plataforma proposta parece poder permanecer válida independentemente das tecnologias que sejam utilizadas para o implementar. Este é seguramente o caso da plataforma Web Services (Newcomer, 2002) e, nomeadamente, da norma WS Security. Note-se, a este propósito, que o protocolo UDDI pode ser utilizado para permitir que os repositórios de serviços sejam automaticamente descobertos, tanto por requerentes como por prestadores. Note-se ainda que, devido à sua natureza intrinsecamente distribuída, a plataforma não impõe a existência de um conhecimento centralizado sobre o fluxo total dos processos que correspondem às solicitações dos utilizadores. Assim, esse conhecimento pode ser distribuído pelas diferentes entidades intervenientes no processo: uma entidade de front-office e várias entidades de back-office, no caso da composição de serviços; e várias entidades de back-office, no caso da integração de processos. Embora a informação sobre o estado de satisfação de um pedido possa sempre ser obtida recorrendo à emissão de relatórios, esta situação configura uma limitação da plataforma no que respeita às possibilidades de monitorização dos processos. A plataforma proposta segue uma abordagem de integração de processos em detrimento de uma abordagem de integração de informação (Klishchewski, 2004). Consequentemente, ela não responde a questões como, por exemplo, a procura de 192 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico documentos, a manipulação remota de dados ou a realização de pesquisas ad hoc. Embora a composição dinâmica de serviços possa ser suportada, a plataforma proposta é especialmente adequada para suportar processos bem estruturados e predefinidos. Uma vez que a utilidade da plataforma depende do estabelecimento de redes de confiança entre entidades, ela é também mais adequada para utilização no âmbito de grupos estáveis de entidades do que em parcerias abertas. Note-se ainda que, tal como proposta, a plataforma não suporta conexões assíncronas. 5. Conclusões A plataforma proposta estabelece as condições básicas que permitem aos organismos da administração pública colaborarem entre si em benefício dos cidadãos e das empresas. Suporta a implementação de eventos da vida, pontos únicos de acesso, prestadores concorrentes e integração de canais de atendimento. Baseia-se em tecnologias bastante divulgadas e consolidadas, incorporando soluções que permitem garantir a autenticação, a autorização, a confidencialidade, a integridade e a não repudiação. É uma plataforma totalmente distribuída, onde o conhecimento acerca da rede é distribuído entre os nós participantes, sem necessidade de recurso a quaisquer unidades centralizadas. Finalmente, permite estabelecer uma camada de comunicação relativamente leve à qual pode ser ligado virtualmente qualquer tipo de organismo e com base na qual podem ser estabelecidos novos níveis de normalização. A plataforma proposta tem ainda alguma margem de progressão e melhoramento. Ela não constitui ainda uma norma completamente estabilizada que possa ser objecto de adopção alargada e imediata no domínio do governo electrónico. Entre os assuntos que podem ser objecto de maior aprofundamento encontram-se o suporte da normalização de formulários, anexos e relatórios; a definição de critérios de pesquisa para serviços e relatórios; a hierarquização e a gestão integrada de repositórios de serviços; a partilha de informação entre frontoffices; a monitorização de processos distribuídos; a distribuição e gestão dos certificados digitais e das listas de revogação de certificados; os métodos de pagamento; e a especificação de interfaces. Referências Arcieri, F., et al. (2002). Experiences and issues in the realization of e-government services. Proc.of the 12th International Workshop on Research Issues in Data Engineering (RIDE’02), 143. Bray, T. et al., Eds (2004). Extensible Markup Language (XML) 1.0 (Third Edition). Recommendation, W3C. (http://www.w3.org/TR/REC-xml) [15/09/2005]. 193 Proposta de uma plataforma de integração para a administração pública Dias, G. P. (2006). 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Departamento de Lenguajes y Ciencias de la Computación. Universidad de Málaga, España Resumen: La evolución constante del desarrollo de sistemas de información, obliga a afrontar nuevos métodos de trabajo. La complejidad y coste de comenzar a diseñar un sistema nuevo, pueden evitarse si se modifican y mejoran los aspectos necesarios del sistema anterior. La ingeniería inversa es un elemento fundamental en todo proceso de reingeniería, ya que debe recuperar las especificaciones de diseño y de flujos de trabado, creando una representación de alto nivel de abstracción. Nosotros proponemos un método de trabajo cooperativo en el que implicamos al usuario en la tarea de análisis y diseño, suministrándole para ello herramientas de fácil utilización e interacción para lograr el objetivo de obtener unas especificaciones con un alto grado de coherencia con las exigencias finales de los usuarios. En este trabajo se pretende establecer un marco que permita obtener especificaciones de calidad sobre las interfaces del sistema, así como modelar los flujos de trabajo presentes y futuros de un sistema de información basándonos en la aplicación de tecnologías workflow. Palabras clave: Reingeniería; Ingeniería Inversa; Workflow; Interacción persona-ordenador; CSCW, BPR. 7. Introducción. En muchas ocasiones es necesario realizar mejoras en un sistema de información introduciendo procesos nuevos o modificando los ya existentes. Es muy frecuente que un porcentaje bastante elevado de esas mejoras esté relacionado con el aspecto externo. El desarrollo de un nuevo software para mejorar estas 1 www.sicuma.uma.es 195 Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información Basándose en Interfaces de Usuario. características, así como para añadirle nuevas funciones, es un proceso costoso, ya que prácticamente toda la funcionalidad del antiguo sistema se va a conservar y debe ser implementada. Por tanto, reutilizar lo ya construido parece una buena alternativa para conseguir reducir costes. En este trabajo, proponemos una metodología, que partiendo de la aplicación inicial, y con la participación activa de los usuarios que la manejan, seamos capaces de obtener unas especificaciones satisfactorias, tanto del aspecto externo del nuevo sistema, como de los flujos de trabajo y objetivos existentes. El aspecto fundamental en el que vamos a basarnos es el convencimiento efectivo de la importancia que tienen los usuarios que utilizan el sistema, ya que tienen una gran experiencia en los diferentes procesos que se desarrollan, conociendo las ventajas e inconvenientes actuales, las funcionalidades que habría que añadir, eliminar, modificar, etc. Para obtener unas especificaciones de un sistema interactivo se requiere un gran esfuerzo, el cual será proporcional a la complejidad del propio sistema (Leiva., 2004). Aunque nuestra propuesta se sustenta en el importante papel que tienen los usuarios; se deben tener en cuenta aspectos como son la usabilidad, adaptabilidad, etc., ya que son factores a considerar para abordar por completo el estudio del nuevo sistema. Como ya hemos expresado anteriormente, nuestra propuesta para Reingeniería de Sistemas se sustenta en la participación de usuarios, para los cuáles se diseñan herramientas cuyo objetivo fundamental debe ser la facilidad de uso, para que de esta forma el usuario no se sienta forzado a participar, sino que se vea como el protagonista principal en el proceso a realizar (Guevara, et al., 1995). Para ser capaz de obtener unas especificaciones del sistema vamos a desarrollar una metodología workflow capaz de obtener requerimientos a partir de una descripción de interfaces a través de modelos de flujo de trabajo, basándose en los procesos de negocios desarrollados en el sistema. Así, la propuesta se basa en tres pilares: metodología, especificación de modelos y herramienta de captura de requerimientos (EXINUS) que lleva a la realidad los aspectos anteriores. En el presente trabajo expondremos inicialmente un conjunto de fundamentos teóricos necesarios en la metodología propuesta (sección 2), describiendo dicha metodología (sección 3) y conceptos básicos de las misma basándonos en la tecnología workflow (sección 4), para más tarde estudiar la forma de participación del usuario en nuestra metodología (sección 5). Posteriormente, estudiaremos la forma de especificar las transacciones de las distintas interfaces (sección 6), exponiendo (sección 7) como conclusión nuestro trabajo futuro. 8. Fundamentos Básicos. Nuestro trabajo se fundamenta en la aplicación de la especificación en forma de flujos de trabajo (workflow) (Caro, 2004) a la ingeniería inversa. 196 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Entendemos por ingeniería inversa (Pressman, 2002) al proceso que permite construir unas especificaciones de un sistema heredado, de manera que estas especificaciones puedan ser utilizadas en un futuro para construir una nueva implementación. Al proceso que modifica un sistema a partir de unas especificaciones obtenidas mediante técnicas de ingeniería inversa se le denomina reingeniería. Workflow es una tecnología que permite modelar los flujos de trabajo de un sistema proporcionando un marco para su ejecución y control. Asimismo, una de sus áreas más importantes de investigación es la del modelado o especificación workflow (Reijers, 2002). La WfMC (Workflow Management Coalition) define workflow como la automatización de un proceso de negocios, en su totalidad o en parte, en la que se describen los documentos, información y tareas que son enviados de un participante a otro, de acuerdo con un conjunto de reglas procedurales (WfMC,1996). Nuestro trabajo se centrará en la captura de requerimientos partiendo de las interfaces y procesos subyacentes que cada uno de los usuarios tiene presentes, para así obtener, mediante este proceso de ingeniería inversa, unos requisitos satisfactorios. En concreto, nos basaremos en la definición de interfaces, objetos y diseños en el ámbito de los procesos en mapas workflow. Todos estos aspectos los detallamos en los siguientes párrafos: Una Interfaz (Ii) del sistema de información (S): está formado por un conjunto de componentes que permiten al usuario acceder a las prestaciones y servicios previstos por el sistema, permitiendo el intercambio observable y bidireccional de información en forma de símbolos y acciones (Rocheter, 1991). Como el usuario percibe todos los resultados a través de la interfaz, la usabilidad estará ligada a la calidad de la interfaz. n S= UI i i =1 Entendemos por Objetos( Ok ∈ Ci ) cada uno de los elementos que componen la interfaz que se está describiendo. Los objetos se agrupan en clases (C). Toda interfaz se compone de un conjunto finito y variable de objetos. m I i = U Ok donde Ok ∈ Ci ∈ O , siendo O el conjunto de clases Ci k =1 una clase. Los conjuntos de objetos, que pueden encontrarse en una interfaz, serán catalogados independientemente de la clase a la que pertenezcan en dos subgrupos: los permanentes (Opi∈Ci∈O) que permanecen durante toda la vida de la interfaz Ii y 197 Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información Basándose en Interfaces de Usuario. los condicionales (Oci∈Ci∈O) que aparecen o desaparecen de la interfaz Ii cuando se dan ciertos condicionantes2. Para que el usuario pueda realizar la descripción de las distintas interfaces, se le suministra una aplicación que contará con una barra de herramientas con distintas clases de objetos. Una clasificación que consideramos adecuada de los distintos tipos de objetos es propuesta por Falgueras (Falgueras y Guevara, 2001), donde se describen los elementos interactivos más comunes en los sistemas de información actuales. Otra categorización que el usuario realizará en la descripción de interfaz, será la distinción entre objeto propio (aquel que aparece en la interfaz original y que va a continuar en el nuevo sistema aunque pudiendo tener nuevas características) y proporcionado (aquel que aparecerá en el nuevo sistema de información). Un Diseño(∂i), representa la estructura especificada por un usuario de una interfaz. En su estructura interna se incluye la distribución completa de los objetos que la componen y la descripción de los procesos que en ella se llevan a cabo. Como puede haber distintos usuarios que realicen una descripción de la misma interfaz, podemos tener más de un diseño de una misma interfaz, lo cual puede provocar situaciones en las que habrá que distinguir elementos comunes y distintos. Se trata este último punto de un problema importante, al que actualmente nuestro grupo de investigación SICUMA trabaja mediante el desarrollo de métodos que permitan la detección automática de redundancias. Por último, definimos el concepto de mapa Workflow(Mwfi). Un mapa workflow recoge la especificación de las tareas de la interfaz Ii. Cada mapa workflow está compuesto por todos los modelos de todas las tareas que se realizan en la interfaz Ii. Cada uno de éstos está compuesto por los siguientes atributos: nombre, objetivo, usuario o cliente y disparador que provoca el evento. Entenderemos por Proceso(℘i), cada uno de los distintos flujos de trabajo que se llevan a cabo para conseguir un objetivo. Todo proceso para llevarse a cabo requiere un disparador que es la señal que activa el inicio de un flujo de trabajo. Dichas señales pueden clasificarse en (Aalst, 1996): • Manual (m): la actividad se inicia de forma manual por la acción de un agente. • Automático (a): la actividad se inicia de forma automática, por ejemplo como consecuencia de la finalización de otra actividad. • Temporal (t): la actividad se inicia de forma temporal. • Predicado (p): la actividad comienza al cumplirse un predicado p. • Externo (e): la actividad se inicia por medio de un evento externo ajeno al sistema. 9. 2 Método General de Reingeniería de Sistemas. La condición de aparición u ocultación de un objeto vendrá definido por el usuario en el proceso de descripción llevado a cabo por éste. 198 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico El desarrollo del software se planteó inicialmente como una tarea vagamente metodológica (Rochester, 1991), ante esta idea, surgieron metodologías de desarrollo, que apoyaban las actividades inmediatamente anteriores a la codificación. Sin embargo, podemos encontrarnos actualmente gran cantidad de sistemas que funcionan correctamente, pero que carecen de documentación correcta por diversos motivos. La metodología propuesta es inicialmente genérica y sobre todo pretende estimular la participación y la creatividad de los usuarios. Existen fases opcionales, cuya realización depende en gran medida de que el proceso que se lleve a cabo sea exclusivamente del aspecto externos del sistema o no. Las fases de las que se compone la metodología (Ver Figura 1) son: • Fase 0: Definición del problema. En esta etapa se identificarán objetivos, límites, beneficios, riesgos, estimaciones de tiempos, etc. del proceso de reingeniería, estableciendo una imagen real de lo que existe realmente ahora, y lo que se quiere obtener en el futuro. En esta fase, intervienen los usuarios que manejan la aplicación actual y los ‘reingenieros’ o técnicos que van a llevar a cabo la tarea de reingeniería. • Fase 1: Ingeniería inversa. En esta fase se obtiene documentación que representa el sistema original (Piattini et al.., 1996,2005). Entre la documentación que puede obtenerse, destacan los diagramas de estructuras de datos, diagramas de procesos, matrizdiagrama de cruces (estudia el control del flujo de los distintos módulos y sus relaciones), diccionario de datos, diagramas de flujo de interfaces, mapa workflow, etc. En esta etapa la participación del usuario está basada en la utilización de una herramienta que se le suministra para que pueda describir el sistema original(Guevara et al.., 1995). • Fase 2: Aceptación del proyecto. En esta etapa se realiza un estudio de la documentación obtenida en la fase anterior, para poder detectar posibles errores. Se trata de una etapa en la que los técnicos evalúan la calidad de las especificaciones obtenidas así como las posibilidades de éxito del proceso de reingeniería. • Fase 3: Reingeniería. En esta etapa se permite al usuario realizar modificaciones del sistema actual, para que pueda definir nuevas funcionalidades, estructuras de datos, características, etc. De nuevo se utilizará la herramienta utilizada en la fase 1, por lo que la salida de esta etapa son el conjunto de especificaciones que represente de forma real la visión futura del sistema. Esta fase podemos considerarla cíclica, pues una vez realizado el trabajo por los usuarios, los técnicos intervienen para aprobar las modificaciones hechas. En aquellos casos, que se considere necesario, puede requerirse de nuevo la participación del usuario para realizar nuevas modificaciones. 199 Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información Basándose en Interfaces de Usuario. • • Fase 4: Prototipado. En aquellas partes del sistema que se considere que puedan haber dificultades, o aquellas que cambien sustancialmente de la original, pueden realizarse prototipos que permitirán garantizar en posteriores fases que el resultado final será el correcto. Fase 5: Planificación de la implementación. En esta etapa se diseña la forma y modo mediante el cual se llevará a cabo el cambio del sistema actual al futuro, así como la implementación del nuevo sistema. Figura 1 — Fases en las que se compone la metodología La metodología propone el trabajo cooperativo entre los usuarios, ya que el sistema al cual se va a aplicar el proceso de reingeniería puede ser utilizado por varios usuarios, siendo cada uno de ellos un especialista en la parte que manejan, existiendo elementos del sistema comunes donde pueden participar varios usuarios (Caro, et al. 2003). Esto ocurre sobre todo en la Fase 1 en la que se obtienen procesos e interfaces por cada uno de los usuarios del sistema para obtener la especificación completa de la aplicación Además, dicho trabajo debe ser supervisado en todo momento por los técnicos, con los que deben participar de forma intensa. Una característica novedosa del método propuesto es la gran importancia que se le da al usuario, al que consideramos un activo que debe ser tenido en cuenta en el proceso de reingeniería, por el gran conocimiento que tiene de los objetivos del sistema, flujos de trabajo, etc. 200 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 10. Método General de Reingeniería de Sistemas Basado en Modelos Workflow. En este apartado definimos los componentes de una especificación workflow a nivel de diseño, que serán obtenidos a partir de la información suministrada por los usuarios mediante la herramienta en la que se basa el modelo propuesto. Nuestra metodología está basada en 3 niveles de trabajo (Caro,2004), aunque abordaremos el de más alto nivel por ser éste el que tiene como elemento central el usuario. Los distintos niveles son: • Nivel de diseño: se trata de un nivel utilizado por los usuarios que participan en el proceso de ingeniería inversa y reingeniería, en la que pueden participar usuarios de mayor nivel o gestores en casos necesarios. En este nivel se indicará la especificación del sistema tanto respecto al aspecto externo del sistema como de los procesos o transacciones externas del mismo. • Nivel de automatización: se representará los flujos de trabajo mediante un lenguaje de especificación workflow (Fischer, 2005). • Nivel de demostración: traducción a una lógica para la demostración de las propiedades. Panel de especificación workflow: se indica el flujo de trabajo que se está describiendo. Cada flujo de trabajo corresponde con un proceso ℘i. Figura 2 — Especificación workflow Cada panel de especificación workflow posee los siguientes atributos: • Nombre: Nombre o identificador del flujo de trabajo. Sirve para registrar el proceso que el usuario describe. • Interfaz: Nombre de la interfaz donde aparece el flujo de trabajo. • Usuario: Agente que describe el flujo de trabajo. • Disparador: tipo de evento que produce el inicio del flujo de trabajo, además del objeto y agente que lo provoca. • Descripción: información que describe el flujo de trabajo. • Objetivos: información relativa al objeto del flujo de trabajo. 201 Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información Basándose en Interfaces de Usuario. • Transacciones: información de los cambios3 que se producen en la interfaz después de realizar el flujo de trabajo y a las interfaces a las que pudiera ir como efecto de la ejecución del flujo de trabajo. En el proceso de descripción de los flujos de trabajo podemos distinguir entre flujos de trabajo existentes (los que existen en el sistema de información actual4), así como flujos de trabajo deseables (aquellos que no existen en el sistema actual, pero se considera oportuno aportar al nuevo sistema5). En la especificación gráfica se pueden diferenciar fácilmente debido a que los flujos descritos en la fase de reingeniería, aparecen con líneas discontinuas. Figura 3 — Especificación workflow de reingeniería Workflow: representa una subtarea o subproceso que forma parte de un flujo de trabajo. Se representa por una caja de línea contínua o discontínua si es un flujo de trabajo detectado en el sistema actual o futuro (a y b). En su interior se indica el nombre de la tarea. Aquellos workflow que tengan doble línea indica que se trata de una tarea primitiva que no puede descomponerse más (c y d). Figura 4 — Workflow Transición de interfaz: este componente se utiliza cuando al describir un flujo de trabajo presente en una interfaz i se produce una transición a otra interfaz j. Es posible que la transición de interfaz, conlleve además el paso de datos o parámetros 3 Cambios visibles por parte del usuario que describe (aparición, modificación o eliminación de objetos…..) 4 Flujo de trabajo obtenido en fase de Ingeniería Inversa 5 Flujo de trabajo obtenido en fase de Reingeniería 202 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico de una interfaz a otra. Dichos parámetros pueden ser de entrada (E), salida (S) y entrada/salida (E/S). Figura 5 — Transición de Interfaz Objeto: Cada objeto que aparece en una interfaz tiene un nombre, tipo y descripción. La descripción del objeto puede acarrear un listado de precondiciones y/o postcondiciones que deben cumplirse antes y/o después de la utilización o aparición de dicho objeto en la interfaz. Nunca debe haber incoherencias en aquellas situaciones de descripción del mismo objeto por distintos usuarios. Figura 6 — Objeto. Para representar aquellos flujos de trabajo propios de un objeto (validación de datos, elección de opciones, etc.), utilizaremos la misma representación que los flujos de trabajos descritos anteriormente, con la única diferencia que en vez de utilizar la representación en forma de caja, será de forma ovalada. Figura 7 — Workflow de objetos. Inicio y fin de workflow: son las dos marcas que nos indican el comienzo y final de la especificación del flujo de trabajo. Figura 8 — Inicio y fin de workflow 203 Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información Basándose en Interfaces de Usuario. Alternancia/Unión de flujos de trabajo: estos constructores se refieren a la posible ejecución paralela de flujo de trabajos, es decir debe ejecutarse como mínimo una de las ramas existentes. A partir del flujo de trabajo base ξ aparece la descomposición en varios subflujos ξ1, ξ2, … ξn, donde se puede ejecutar uno solo de esos flujos o más de uno de forma paralela. Figura 9 — Alternancia y unión de flujos de trabajo Bifurcación/reunión de flujos: estos constructores se refieren a la ejecución paralela de flujos de trabajo, creando nuevos subflujos nuevos de longitud temporal indeterminada que en algún momento, mediante el constructor reunión se sincronizarán (Wayne, 1991). Figura 10 — Bifurcación y reunión de flujos Opcionabilidad de flujos: mediante este constructor y dependiendo del resultado lógico de un predicado P se ejecuta una especificación u otra. Figura 11 — Opcionabilidad de flujos Bloque de repetición: mediante este constructor se genera la repetición de un flujo de trabajo hasta que se cumpla una determinada condición. En ese momento deja de repetirse ese flujo de trabajo continuando con el flujo de trabajo principal. Figura 12 — Bloque de repetición 204 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 11. Participación del Usuario. Un elemento fundamental en el proceso de reingeniería corresponde al aspecto externo de las aplicaciones, es decir, las interfaces. El usuario sabe qué es lo que hace la aplicación, y por tanto su conocimiento será importante en el proceso de reingeniería a realizar. Por tanto, existen muchos aspectos en los cuáles los usuarios pueden ayudar, pero tampoco podemos pensar que todo debe basarse en la aportación de los usuarios. Así, por ejemplo, el usuario puede conocer una gran cantidad de datos que maneja el sistema, pero no todos, ya que en un código fuente existen multitud de variables que son invisibles al usuario que usa la aplicación, y solo los programadores pueden llegar a saber cuantos datos hay. El proceso de modelado y prototipado de las interfaces conlleva el conjunto de actividades que se detallan en la figura 13. En la etapa de análisis de interfaces, el usuario realiza una identificación de las interfaces con las que trabaja, identificando el orden, participantes, orden de invocación entre ellas, etc. construyendo un modelo de interfaces gráfico (en forma de grafo) y textual (en forma de especificaciones). En la fase de modelado de interfaz, se realiza un estudio de la interfaz de usuario actual, generando un prototipo que pueda servir para ver lo cerca que se está del sistema real. Se trata de una etapa iterativa, pues pueden añadirse elementos correspondientes a la etapa de reingeniería. Se obtendrá un modelo XML donde se define convenientemente los diferentes elementos que aparecen en la interfaz. Figura 13 — Diagrama de actividades del proceso de modelado y prototipado. Posteriormente se identifican los procesos de negocio, flujos de trabajo y actividades que dan lugar en dicha interfaz obteniendo un modelo del proceso de negocio y un modelo workflow utilizando XPDL (WfMC, 2002). Se utilizan en esta etapa técnicas específicas de Ingeniería de requisitos como son los Casos de Uso, los cuales capturan los requisitos del proceso y facilitan la obtención de un modelo del mismo. A partir del modelo construido, se obtiene un prototipo que permite simular la ejecución del flujo de trabajo para detectar y corregir errores en el modelado. 205 Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información Basándose en Interfaces de Usuario. Por tanto, sería deseable que el motor de trabajo de la aplicación tenga que ser reutilizado totalmente o en las partes no modificadas en el nuevo entorno. En otras palabras, la nueva aplicación debe disponer, dentro de lo posible, procesos de reutilización de código fuente, pues lo que se desea, no es solo cambiar el aspecto y la funcionalidad, sino conservar mucho de los procesos existentes (Csaba Lászlo, 1997). Muchos de los programas que hemos utilizado para probar nuestra metodología, son programas que realizan procesos típicos de negocio, los cuáles suelen mostrar un menú multinivel, donde cada nivel es mostrado en interfaces distintas. La herramienta que suministramos al usuario se denomina EXINUS6 y permite que los usuarios puedan describir la aplicación (interfaces y procesos de negocio). Se trata de una aplicación lo suficientemente sencilla, para que los usuarios se vean implicados en el proceso no de una forma forzada, sino convencidos de las mejoras que se van a conseguir con la aportación que ellos realicen. Además de la facilidad, una característica de la herramienta será su carácter cooperativo y participativo, ya que se permite a cada usuario trabajar de forma independiente, pero compartiendo su información con el resto de los usuarios para evitar situaciones contradictorias. La función del usuario en nuestra metodología, es realizar un proceso de descripción/replicación atendiendo a las interfaces que utiliza, así como las mejoras deseadas en el mismo. Por tanto, hará un diseño de las interfaces de la aplicación e indicará las relaciones entre ellas. Cada usuario tiene su propio conocimiento de la aplicación que coincidirá con su visión de la parte de la aplicación con la que trabaja. Se permitirá al usuario consultar y visualizar el diseño realizado por los demás. El funcionamiento básico de la herramienta consiste en solicitarle inicialmente al usuario que se identifique para así, cargarle la información recopilada por él hasta el momento. Existe un banco de imágenes de la antigua aplicación, pudiendo el usuario ver si la interfaz que va a definir se encuentra ya descrita por algún otro usuario. Una vez identificado el usuario, aparecerá una ventana llamada 'Pantalla central de definición de interfaces', donde el usuario podrá realizar las siguientes tareas7: • Crear nueva interfaz: se va a definir una interfaz nueva, por lo que deberá suministrarle un código, nombre, aplicación a la que pertenece, e indicar desde el punto de vista de el usuario que define, qué interfaces pueden llevar a la que se está definiendo (Proviene), y a qué interfaces pueden transicionar después de ésta (Va). Este último apartado se realiza al definir los procesos de una interfaz, pues si se transiciona a una interfaz, debe estar motivado por alguna acción o proceso. En caso de indicar un código que no corresponde a ninguna interfaz, se le indicará al usuario la 6 7 EXtracción de INformación del USuario Descripción general con un bajo nivel de detalle de las tareas que puede realizar el usuario 206 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico inconsistencia de la información. También puede solicitarse que se ejecute la aplicación original, y que se sitúe en la interfaz que se está definiendo, para que la imagen de dicha interfaz quede almacenada y pueda servir de ayuda a la hora de describirla correctamente. Una vez creada la interfaz, se describen los objetos y procesos existentes en ella mediante diversas herramientas que se le suministra. • Modificar/Editar interfaz: se permite modificar el diseño. • Eliminar interfaz: elimina una interfaz de la aplicación. • Compartir Interfaz: si el usuario indica que la interfaz es compartida, dicha interfaz puede ser modificada por otro usuario. • Consultar interfaces otros usuarios: esta opción muestra una lista de las interfaces de la aplicación ya definidas, siendo algunas de solo lectura, y otras pueden ser modificables. Cuando se crea un interfaz, al usuario le aparece un formulario en blanco y una barra de herramientas en la que definirá los objetos que aparecen en la interfaz, siempre desde su percepción. La barra de herramientas tiene el siguiente aspecto: Figura 14 — Barra de herramientas de Exinus Una vez que ha realizado el diseño de la interfaz, se pasa a la etapa de descripción de flujos de trabajo existentes en dicha interfaz que son visibles, que serán modelados mediante tecnologías workflow especificadas en el apartado anterior. Se trata por tanto, de que el usuario informe de todas los flujos de trabajo que se llevan en cabo en dicha interfaz. Lógicamente, el usuario después de utilizar durante tanto tiempo la aplicación, debería conocer aspectos actuales que no contemplaba la aplicación original y que son necesarios modificar. El usuario a la vez que describe una interfaz de la aplicación original, puede ir indicando cambios respecto al aspecto de la interfaz futura. Por tanto, la participación del usuario es activa mediante la herramienta 'Exinus' en muchas fases de la metodología. 12. Especificaciones de Transacciones entre Interfaces. La utilización de técnicas de especificación formales debe partir de un modelo conceptual del sistema en el que se describan los elementos importantes que en él aparecen (Gutierrez, 2002). Los modelos tradicionales pueden clasificarse en dos grupos: modelos arquitectónicos y modelos de tareas (centrados en el usuario). Los modelos basados en tareas parten de la percepción que el usuario posee del sistema, centrándose en la representación de las distintas tareas que el usuario puede realizar, describiendo los objetivos del usuario (goals) como una descomposición de 207 Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información Basándose en Interfaces de Usuario. tareas. En los sistemas donde varios usuarios comparten el mismo escenario, permite analizar la participación de varios usuarios y las interelaciones entre ellos. El estudio de técnicas de desarrollo de interfaces, es un campo todavía en expansión, donde existen distintos tipos de categorías, teniendo muchas de ellas características comunes. Nosotros nos basamos en un modelo práctico como es el modelo predictivo, donde los usuarios se encargan de modelar el diseño y las tareas. Cuando se han diseñado todas las interfaces, estamos en condiciones de crear una estructura que represente las relaciones arbitrarias entre dichas interfaces. La estructura que proponemos para representar estas relaciones es un grafo dirigido (Baburin, 2002), donde los nodos de dicho grafo serán las distintas interfaces de la aplicación, y los arcos que relacionan los nodos indican transiciones entre ellas. Las distintas interfaces que forman la aplicación Ia, Ib, Ic,,.. In, forman un grafo de n nodos, donde los arcos de dicho grafo forman una terna ordenada (Ix, Iy, (℘1, ℘2,... ℘n)) donde Ix, es la interfaz origen y Iy es la interfaz destino. El tercer parámetro ℘i, nos indica los nombres de los procesos que producen la transición. Cuando Ix y Iy son la misma interfaz, diremos que ℘ es un proceso interno de la interfaz Ix. Un forma de representar el grafo es utilizar una matriz de adyacencia A, que tendrá una dimensión igual al número de interfaces, donde el elemento A[i,j] representa una estructura formada por dos valores, un valor verdadero si, y sólo si, existe un arco que vaya de la interfaz i a la interfaz j; los valores 0 la ausencia de transición entre esas pantallas, y un segundo valor existente cuando haya transición, que será el proceso o procesos que provoca la transición entre la interfaz i y la j. A continuación, vamos a centrarnos en los tipos de relaciones que habrá entre las interfaces y los procesos, dando lugar a reglas que engloban todos los casos generales. Para ello habrá que describir una forma de representar el comportamiento que posee el usuario en la realización de una tarea. La realización de una tarea puede provocar que la interfaz cambie, por lo que podemos clasificar las interfaces en: • Interfaces que no transicionan: Se trata de interfaces, en las que los procesos que pudiera tener no transicionan a ninguna interfaz, por tanto se tratan de interfaces finales. • Interfaces con una única transición. Se trata de una interfaz en la que sea cual sea el proceso que provoca transición, siempre transicionan a la misma interfaz. • Interfaces en las que se puede transicionar a varias interfaces mediante procesos distintos. • Interfaces en las que se puede transicionar a varias interfaces mediante el mismo proceso. • Interfaces que tiene procesos que no transiciona a otra interfaz, pero que tiene otros procesos que si transicionan a otras interfaces. • Combinaciones de los casos anteriores. 208 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 13. Conclusiones. La utilización de la tecnología workflow nos permite obtener una especificación formal del proceso de ingeniería inversa y reingeniería que estamos estudiando. Además, se trata de un soporte adecuado para el trabajo de los usuarios dentro de la metodología que intentamos implantar. En este trabajo hemos presentado una aplicación del modelado workflow dentro de una metodología general para la reingeniería de sistemas basándonos como elemento central en la descripción del usuario, obteniendo distintos tipos de especificaciones tanto de las interfaces, transacciones entre ellas y las tareas que se llevan a cabo en ellas. El manejo de una herramienta que permita que el usuario vuelque información sobre la aplicación original, es de vital importancia en el proceso de reingeniería expuesto, pues no solo se obtienen unas especificaciones formales de las interfaces, sino que además ofrece un soporte mediante el cual toda la información aportada por el usuario se puede aprovechar en el diseño de la futura aplicación. Pensamos, que el trabajo basado en la participación de los usuarios puede ser un elemento de gran trascendencia, pues conlleva muchas ventajas, entre las que destacamos: • Modelado formal de interfaces, procesos u transacciones entre interfaces, que permitirá una reingeniería de las interfaces y los procesos descritos. • Simulación de los procesos e interfaces. • Aumento de la calidad y disminución de costes. • Incremento en el cumplimiento de los requisitos de los clientes. Una importante dificultad que nos encontramos es la posibilidad de que sobre una misma interfaz puedan existir dos visiones distintas en algún elemento debido a la diferente percepción que pueden tener dos usuarios distintos, o que aparezcan duplicados elementos u objetos. Actualmente el grupo SICUMA del departamento de Lenguajes y Ciencias de la Computación de la Universidad de Málaga, desarrolla y mejora la herramienta EXINUS y la especificación de los niveles de automatización y demostración. Referencias. Aalst, W.M.P. van der (1996). Petri-net based workflow Management Software”. A. Sheth (Ed.) Proceedings of the NFS Baburin, D.(2002) Using Graph Bases Representations in Reengineering. CSMR 2002. 6th European C. on Sw Maintenance and Reengineer.. pp.203-207 Caro, J.L., Guevara, A., Aguayo, A. (2003) Workflow solution for the cooperative development of an information system. Business Process Management, pp.208-220. Caro, J.L., Guevara, A., Leiva, J.L. (2004) Communication based workflow loop formalization using Temporal Logic of Action (TLA). ICEIS 2004. 233-238 209 Aplicación del Modelado Workflow a la Reingeniería de Sistemas de Información Basándose en Interfaces de Usuario. Csaba László.(1997) Experience with User Interface Reengineering. IEEE, 1997. 4th Working Conference on Reverse Engineering pp 150-155 Falgueras Cano, Juan, Guevara, Antonio (2001). Evaluación realista de la usabilidad en la ingeniería de la interfaz. Interacción 2001. 381-390. Fischer, Layna (2005). Workflow HandBook. Futures Strat. Inc. Book Div.. Guevara A., Aguayo A., Falgueras J., Triguero F.(1995) User participation in information systems development techniques and tools. ACM SIGOIS Bolletin, vol. 16, nº1, Enero-Abril 1995, pp14-21. Gutierrez, F.L et al.(2002) Desarrollo de sistemas interactivos en base a modelos de usuario. Revista Iberoamericana de Inteligencia Artificial. Numero 16. 2002. Pag. 71-82. Leiva, J.L. 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Technical report, Workflow Management Coalition, Brussels. 210 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 211 Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações Portuguesas Ramiro Gonçalves 1, João Barroso 2, João Varajão 3, José Bulas Cruz 4 [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 1 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Apt. 1014, 5000-801, Vila Real, Portugal 2 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro , Centro de Estudos Tecnológicos do Ambiente e da Vida, Apt. 1014, 5000-801, Vila Real, Portugal 3 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Apt. 1014, 5000-801, Vila Real, Portugal 4 Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro , Centro de Estudos Tecnológicos do Ambiente e da Vida, Apt. 1014, 5000-801, Vila Real, Portugal Resumo: O comércio electrónico (CE) é hoje um fenómeno mundial, com múltiplos impactos no sucesso e evolução de organizações das mais variadas áreas de negócio, dadas as suas características únicas que em simultâneo desafiam e revolucionam o pensamento empresarial tradicional. Reconhecendo a importância de uma compreensão abrangente e profunda dos múltiplos aspectos facilitadores e condicionadores do comércio electrónico, apresentamos neste trabalho um modelo teórico explicativo das iniciativas de comércio electrónico, desenvolvido segundo a abordagem qualitativa Grounded Theory (Strauss & Corbin, 1990). O trabalho realizado conduziu à identificação e descrição de factores que influenciam a adopção e exploração do CE nas organizações. Palavras-chave: Comércio electrónico, negócio electrónico, modelo. 1. Introdução Os avanços tecnológicos das últimas décadas originaram um ambiente no qual as organizações são forçadas a procurar activamente novas opções para competir mais eficazmente nos seus mercados. Num contexto de permanente e rápida evolução, a Internet tem um papel absolutamente central como importante canal de comunicação e comercialização de bens e serviços, dado que, frequentemente, as iniciativas de negócio e de comércio electrónico permitem transformar definitivamente a condução de um negócio aos mais diversos níveis e abrangências. 211 Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações Portuguesas Utilizada actualmente por pessoas e organizações em todo o mundo, a Internet coloca ao alcance de praticamente qualquer empresa, desde as gigantes multinacionais até às micro-empresas, a entrada facilitada em novos mercados, a conquista de novos clientes, o estabelecimento de relações com novos fornecedores, a celebração de novas alianças e parcerias, a exploração de novos produtos e serviços, tudo isto sem os limites materiais, geográficos e temporais, que a forma “convencional” de conduzir os negócios impõe. Apesar das tecnologias de informação, e nomeadamente a Internet, constituírem reconhecidamente instrumentos poderosos e imprescindíveis para a sobrevivência e evolução de qualquer organização, a sua simples adopção não é garante da obtenção de resultados positivos ou de vantagens competitivas, não havendo uma relação directa entre a sua adopção e a obtenção de retorno, dependendo a concretização deste último do modo como são utilizadas as tecnologias disponíveis (Li, 1995; Strassmann, 1997). As iniciativas de Comércio Electrónico (CE) não são uma excepção a esta realidade. Apesar da atenção que nos últimos anos tem sido dedicada ao CE, os resultados dos investimentos nem sempre têm correspondido às expectativas, revelando-se mesmo em alguns casos francamente decepcionantes. Grande parte dos problemas recorrentemente verificados nas iniciativas de CE deve-se ao facto de muitas organizações, na sua avidez de replicar os ganhos reportados na imprensa, se deixarem levar pela vaga de entusiasmo sem considerar sistematicamente as vantagens e as desvantagens associadas aos diferentes cenários de acção possíveis. O comércio electrónico não é uma solução para todas as organizações. Se for um processo mal conduzido, pode inclusivamente criar mais problemas do que trazer benefícios de negócio. Tal como muitas outras práticas, mal utilizado pode ser um desastre estratégico e financeiro, não sendo uma opção que se possa seguir levianamente. Existem diversos riscos associados e a falta da sua compreensão pode facilmente comprometer os benefícios potenciais. O processo de decisão relativo a uma iniciativa de comércio electrónico é complexo. Existem diversos aspectos fundamentais que uma organização necessita de considerar antes de definir o caminho a seguir. Quaisquer que sejam as opções da organização deverão ser cuidadosamente ponderadas com sensatez e prudência e com um conhecimento abrangente das diversas implicações subjacentes. O presente trabalho oferece uma explicação para a realidade das iniciativas de CE, através da apresentação de um modelo que identifica um conjunto de factores envolvidos no processo de adopção, implementação e utilização do comércio electrónico. O modelo apresentado, é resultado de um estudo Grounded Theory, no decorrer do qual foram analisados seis casos recentes de iniciativas de comércio electrónico em Portugal. 212 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 2. Perspectiva Actual do Comércio Electrónico As definições de comércio electrónico são inúmeras e têm variado ao longo do tempo (ITS, 1996; Scherckenbach, 1997; Price Waterhouse, 1998; Ernest & Young, 1999). A definição mais comummente aceite reconhece o comércio electrónico como a compra ou venda de bens e/ou serviços através de redes electrónicas de dados, como a Internet, podendo as transacções ocorrer entre empresas, entre empresas e consumidores finais ou ainda entre a administração pública e o sector privado (UE, 2004). O CE é um dos componentes do negócio electrónico, sendo este definido pela IBM como “uma proposta segura, flexível e integrada, para distribuir valores de negócio diferenciados através da combinação de sistemas e processos que dirigem as operações centrais do negócio com a simplicidade e alcance tornados possíveis pela tecnologia da Internet” (Amor, 2000). O período compreendido entre o ano de 1995 a 2000, constituiu um dos tempos mais eufóricos da história comercial mundial. Foi também um tempo em que os conceitos fundamentais do CE foram desenvolvidos e explorados. Foram formadas milhares de empresas dot.com, apoiadas por mais de 125 biliões de dólares americanos em capital financeiro – uma das maiores expansões de capital de risco na história mundial (PriceWaterhouseCoopers, 2002). Para estas empresas, o CE representava uma oportunidade extraordinária para ganhar muito acima da receita normal sobre o investimento e muito acima do custo do capital. A queda acentuada dos mercados de valores internacionais que começou em Março de 2000 e o abrandamento económico que se seguiu, levantou várias questões sobre os benefícios a longo prazo das TIC e da Internet e reduziu temporariamente o nível de capital de risco e outro capital de investimento disponível, constituindo então um ponto de viragem na forma de ver o CE. O desapontamento ocorrido nos anos 2000 e 2001 devido ao fracasso de muitas empresas dot.com parece ter dado lugar nos anos seguintes a uma perspectiva mais positiva do impacto da Internet no desempenho das empresas (UNCTAD, 2003). No entanto, esta renovada confiança na capacidade da tecnologia em melhorar as operações de negócio é manifestada de várias formas distintas, ao contrário da visão única e demasiado optimista de uma mudança revolucionária, que prevaleceu no final da década de 1990. Na actualidade o CE continua a crescer a um ritmo extremamente rápido no respeitante a clientes e receitas e, apesar de muitas das visões para o CE desenvolvidas durante o período de 1995 a 2000 não terem sido cumpridas, as vendas continuam a crescer por ano e, além disso, os consumidores aprenderam a usar a Web como uma fonte poderosa de informação sobre produtos que eles, na verdade, compram através de outros canais, como a empresa tradicional. 213 Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações Portuguesas 3. Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações Portuguesas A turbulência, a mudança constante das envolventes do negócio e a especificidade de cada organização em particular, inviabiliza a formulação de receitas universais para as iniciativas de CE. Assim, a estratégia de CE tem de ser definida de acordo com a situação de cada empresa. Não obstante, todos os casos passam sensivelmente pelos mesmos problemas e as questões críticas também são as mesmas (UERN, 2002). Segundo Ludescher e Usrey (Ludescher & Usrey, 2000), "um modelo que identificasse os elementos críticos das iniciativas de CE ajudaria os negócios a tirar o máximo de vantagem das mesmas”. Tendo por finalidade procurar contribuir para a melhoria da compreensão dos diversos factores relevantes para o sucesso da adopção, desenvolvimento e utilização do CE, propomos neste trabalho um modelo teórico explicativo das iniciativas de comércio electrónico. O modelo proposto, apresentado na figura 1, pretende ilustrar as influências directas e indirectas que conjuntos de factores de entrada, factores de processo e factores de saída exercem sobre as iniciativas de CE. Factores de processo Factores de entrada Iniciativas de Comércio Electrónico Factores de saída Influência directa influência indirecta Figura 1. Modelo explicativo das iniciativas de comércio electrónico. Factores de entrada são entendidos como o conjunto de elementos que são relevantes e exercem influência à entrada das iniciativas de CE. Factores de processo são elementos que são relevantes no processo de desenvolvimento do negócio e das soluções tecnológicas no contexto do CE. Factores de saída são elementos resultantes do processo de desenvolvimento e exploração do CE, sob a 214 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico perspectiva do impacto que este tem aos mais diversos níveis da organização e do seu meio envolvente. O modelo apresentado é, fundamentalmente, uma forma expedita de articular os aspectos da realidade, teórica e experimental, que se aceitam e acreditam como relevantes para o estudo e prática do CE. Na análise dos seis estudos de caso de organizações portuguesas bem sucedidas nas suas iniciativas de CE, foram realizadas diversas entrevistas semi-estruturadas e fez-se uma revisão exaustiva da literatura actual e academicamente acreditada nas áreas das tecnologias e sistemas de informação, CE e da Gestão. As entrevistas foram posteriormente codificadas e tratadas, conduzindo a diferentes versões do modelo. Demos por concluído o trabalho quando obtivemos um nível de corroboração satisfatório para os factores envolvidos. No modelo são identificados conjuntos de factores que se encontram detalhados na tabela 1. Factores de Entrada Tabela 1. Factores de entrada, factores de processo e factores de saída das iniciativas de comércio electrónico. • • • • • • • • • • Factores de Processo • • • • • • • • • • • • • • • • Modelo de negócio Natureza dos produtos/serviços Visão de negócio Facilitadores e inibidores de negócio Objectivos de negócio Estratégias de negócio Conjuntura organizacional interna Conjuntura organizacional externa Motivações para o CE Forças, fraquezas, oportunidades, ameaças e obstáculos do CE Soluções de CE Logística Público-alvo Parcerias Investimento e financiamento Comprometimento da gestão Adequação da estrutura do negócio para as iniciativas de CE Estrutura Abordagem e método Ciclo de vida da solução Gestão de projectos Factores críticos de sucesso Exploração da solução de CE Características da solução de CE Solução tecnológica Facilitadores e inibidores do processo 215 Factores de Saída Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações Portuguesas • • • • • Impactos estratégicos Impactos tácticos Impactos operacionais Impactos no meio envolvente Impactos transversais no ambiente interno Os diversos factores identificados são aqueles que se apresentam como fortemente condicionadores e orientadores do CE, de acordo com prática observada. É óbvio que, perante um caso específico, estes factores terão uma importância relativa e, eventualmente, poderão inclusivamente surgir outros que nessas circunstâncias sejam relevantes. Defende-se assim, que o Modelo Explicativo das Iniciativas de CE deve ser perspectivado como um conjunto de factores de referência para o CE e não como um modelo rígido. A identificação de cada um dos factores teve em conta os diferentes aspectos relevantes para esse factor que se destacaram nos casos estudados. Nas tabelas 2, 3 e 4 em anexo são detalhados os diferentes factores, fazendo-se o relacionamento destes com os casos que deram origem à sua identificação. 4. Conclusão O CE desafiou e continua a desafiar muito do pensamento empresarial tradicional. As dimensões únicas das tecnologias de CE (ubiquidade; alcance global; normas universais; riqueza; interactividade; densidade de informação e personalização), sugerem novas e variadas potencialidades para a forma de conduzir os negócios (Varian, 2000). Procurando contribuir para a melhoria dos níveis de sucesso dos investimentos em CE, propusemos um modelo explicativo para as iniciativas de comércio electrónico nas organizações. O modelo apresentado assume que existem três tipos de factores (entrada, processo e saída) que exercem influência directa sobre as iniciativas de CE, havendo ainda a realçar a influência indirecta entre si. As influências particulares que cada um dos factores tem na actividade de CE, bem como as influências que têm entre si, não são expressas neste modelo. A complexidade e o elevado número dessas influências, torna a sua identificação exaustiva muito difícil (e porventura mesmo impossível). A grande diversidade de opções e os múltiplos casos de sucesso e de insucesso sugerem-nos que será a combinação adequada dos diferentes factores que conduzirá ao sucesso. Não existe uma forma correcta ou razão universal para prosseguir uma iniciativa de CE e, mesmo que existisse, seria de esperar que mudasse com o tempo, com as pressões do negócio, com as políticas ou com a tecnologia por si só. As organizações devem prosseguir as iniciativas de CE de acordo com o conjunto dos seus factores circunstanciais, ou seja, em consonância com os aspectos que condicionam e potenciam o sucesso da sua decisão. 216 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico O modelo proposto, é, fundamentalmente, uma forma expedita de articular os aspectos da realidade, teórica e experimental, que se aceitam e acreditam como relevantes para o estudo e prática do CE, devendo permitir às organizações um instrumento que deve permitir, entre outros: facilitar e promover a definição de um plano de acção e estratégia para as iniciativas de CE; identificar riscos e implicações organizacionais dos diferentes tipos de iniciativas de CE e melhorar o retorno do investimento. 5. Referências Amor, D. (2000). The e-business (r)evolution, Hewlett-Packard Professional Books. Ernest & Young, (1999). eCommerce in New Zealand – First Annual Study Results, Wellington, United Nations Center for Facilitation of Procedures and Practices for Acquisition, Commerce and Transport. ITS - Institute for Telecommunication Sciences (1996), Federal Standard 1037C: Glossary of Telecommunications Terms, Boulder, National Telecommunications and Information Administration. Li, F. (1995). The Geography of Business Information, Wiley. Ludescher, G. & Usrey M. (2000). Towards an ECMM (E-Commerce Maturity Model), Proceedings of the First International Research Conference on Organizational Excellence in the Third Millennium, Estes Park, Colorado State University. Price Waterhouse (1998). Technology Forecast 1998, Price Waterhouse, Califórnia. Price WaterHouse Coopers (2002). MoneyTree Survey 2002, http://www.pwcmoneytree.com/moneytree/nav.jsp?page=historical (acedido em 15 de Março de 2003). Scheckenbach, R. (1997). 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New York Times (Agosto, 2000). 217 Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações Portuguesas Anexos Modelo de negócio Natureza dos produtos/serviços Visão de negócio Facilitadores e inibidores de negócio Oportunidades Ameaças Pontos fortes Pontos fracos Necessidades/requisitos do negócio Factores críticos de sucesso Contratos existentes Objectivos de negócio Estratégias de negócio Conjuntura organizacional Interna Características da organização Conhecimento do negócio Recursos Humanos Estrutura Cultura e Conhecimento organizacional Infra-estrutura tecnológica 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 CASO 6 CASO 5 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 CASO 4 CASO 3 CASO 2 CASO 1 Tabela 2. Factores de entrada identificados por caso de comércio electrónico estudado. 9 9 9 9 9 9 9 9 Conjuntura organizacional externa Mercado Concorrência Aspectos jurídicos e fiscalidade Maturidade dos modelos de negócio Ambiente geral e ambiente de tarefa Confiança e segurança 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Motivações para o CE Impacto perspectivado Riscos/constrangimentos das iniciativas de CE Forças, fraquezas, oportunidades, ameaças e obstáculos do CE Soluções de CE Tipos e Modelos de e-commerce Maturidade de tecnologias Características das soluções Fornecedores de serviço Contratos Segurança e meios de pagamento Logística Público-alvo Parcerias Investimento e financiamento 218 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Comprometimento da gestão Adequação da estrutura do negócio para as iniciativas de CE Estrutura Abordagem e método Ciclo de vida da solução Gestão de projectos Plano de desenvolvimento Características contratos fornecedores tecnológicos Custos Factores críticos de sucesso Exploração da solução de CE CRM, Promoção e Marketing Logística Produção e actualização de conteúdos 9 CASO 6 CASO 5 CASO 4 CASO 3 CASO 2 CASO 1 Tabela 3. Factores de processo identificados por caso de comércio electrónico estudado. 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Características da solução de CE Fórum Catalogo produtos e serviços Registo de utilizadores Resposta às solicitações Idiomas Tracking encomendas Processamento pagamentos Integração com sistemas backoffice Conteúdos Segurança e meios de pagamento 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Solução tecnológica Infra-estrutura tecnológica Arquitectura tecnológica Tecnologia 9 9 9 9 9 9 Facilitadores e inibidores do processo Pontos fracos Pontos fortes 9 9 9 9 219 Modelo Explicativo das Iniciativas de Comércio Electrónico em Organizações Portuguesas CASO 6 CASO 5 CASO 4 CASO 3 CASO 2 CASO 1 Tabela 4. Factores de saída identificados por caso de comércio electrónico estudado. Impactos estratégicos Vantagens competitivas Novas oportunidades Evolução do negócio Novos facilitadores e inibidores de negócio Imagem Notoriedade Crescimento de negócio e quota de mercado Impactos tácticos Mercado atingido Promoção Business Intelligence Fidelização de clientes/comunidade Sinergias internas Maior oferta de produtos/serviços 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Impactos operacionais Visitas Audiências Vendas on-line e físicas Rapidez Melhor serviço para o cliente Pedidos de informação Redução custos e aumento de rentabilidade Logística Conteúdos 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Impactos no meio envolvente Aculturação do mercado Concorrência Confiança dos agentes de mercado Fornecedores de logística Parcerias 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 Impactos transversais no ambiente interno Estrutura de recursos humanos Impactos na cultura organizacional Impactos no conhecimento organizacional Arquitectura tecnológica 220 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 9 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 221 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil Armando Manuel Gomes Mota [email protected] Rua da Igreja, 4750-Vila F. S. Martinho, Barcelos, Portugal Resumo: Os objectivos a que se propõe este trabalho são numa primeira fase, determinar até que ponto podemos relacionar o novo paradigma que é a Integração de Empresas Virtuais com a realidade actual da indústria Têxtil, e numa segunda fase, seleccionar os meios tecnológicos mais adequados a essa integração. Constatando em termos históricos uma evolução da organização das indústrias Têxteis, deixando de ser tão verticais (na perspectiva do produto) para serem indústrias horizontais cada vez mais ágeis, devido á necessidade permanente de se reconfigurarem para se manterem alinhadas com a elevada exigência de um mercado global e dinâmico. Ao nível da integração das EV, deparamos com um emaranhado de soluções existentes no mercado, que ao filtrar de acordo com as necessidades da indústria Têxtil, nos levam a ponderar entre as soluções mais teóricas e sofisticadas e as mais simples, tendo encontrado nas tecnologias de suporte aos Web Services a resposta às necessidades que pretendíamos. Uma base simples e flexível que não compromete em termos de evolução futura. Palavras-chave: Empresa Virtual, Indústria Têxtil, Integração, Web Service 1. Evolução histórica da indústria Têxtil A indústria Têxtil, tal como muitas outras empresas indústriais começaram por conquistar o mercado no sentido da massificação da oferta, centrando os seus objectivos na produção de grandes quantidades de um mesmo produto ao melhor preço, tendo investido em grandes linhas de produção, no sentido de produzir mais em menos tempo. Para se tornar mais eficiente e rentável, e uma vez que o produto se mantinha inalterado durante um longo período de tempo, as empresas foram-se verticalizando, ou seja, agregaram o máximo de processos possíveis dentro da própria empresa, integrando todos os processos de fabrico, desde as matérias primas até ao produto acabado. 221 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil Sendo muito frequente encontrar-se as grandes marcas de vestuário como proprietárias de enormes indústrias Têxteis que desenvolviam e produziam exclusivamente para essa marca. Este tipo de indústria mais tradicional foi-se mantendo até por volta dos anos 80 no sentido da Verticalização, tendo-se iniciado nesta década uma tendência de globalização dos mercados, diversificando a procura e aumentando o nível de exigência dos consumidores, com a Moda a dominar as tendências do mercado, surgindo uma enorme gama de novos materiais, de cores e de estilos que provocaram uma diminuição progressiva das quantidades a produzir de um mesmo artigo. A grande exigência deste novo mercado global e dinâmico veio exigir uma reconfiguração desta indústria no sentido de dar uma resposta rápida às necessidades que iam surgindo, optando por subcontratar parte dos processos de fabrico para poder fazer face aos ciclos de procura cada vez mais acentuados e a uma diversidade que tornava quase impossível de manter dentro de portas todos os processos, iniciando-se assim o processo inverso, ou seja, no sentido horizontal, o da especialização e da colaboração. Esta necessidade de adaptação foi seleccionando naturalmente as empresas mais ágeis e flexíveis, tendo dado vantagem competitiva às PME (Pequenas e Medias Empresas) mais dinâmicas em relação às grandes empresas verticais, que não foram capazes de se reconfigurar e de se manter actualizadas tecnologicamente em todas as frentes, ficando deficitárias em alguns sectores e com excesso de capacidade em áreas cuja procura ia oscilando rapidamente. É neste contexto de agilidade, de capacidade de adaptação da sua estrutura interna e externa para ir de encontro às oportunidades de negócio que o mercado ia criando, que podemos dizer que a indústria Têxtil, em especial as PME podem ser vistas como Empresas Virtuais, recorrendo actualmente às novas tecnologias, utilizando a Internet como o meio mais rápido e eficiente de colaboração. 2. Empresas Virtuais 2.1. O que são Empresas Virtuais Antes de podermos evoluir para a integração das Empresas Virtuais, devemos fazer uma pequena reflexão sobre o conceito de “Virtual Enterprise” e vamos verificar que embora não exista um conceito aceite por todos, talvez devido ao facto da utilização banalizada que é feita actualmente do termo virtual, existe uma definição lançada pela (SME 1993) que reúne bastante consenso: “ Uma Empresa Virtual é uma rede temporária de empresas independentes, instituições e especialistas individuais que, através do uso da Tecnologia de Informação (TI), reúnem-se espontaneamente para aproveitar uma visível oportunidade de mercado. 222 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Cada empresa traz suas competências principais e associam-se para criar e adicionar valor a sociedade.”. Em termos mais definidos, uma Empresa Virtual pode ser considerada como uma nova forma de organização, com a cooperação de diferentes companhias ou “parceiros” para tirar vantagem de uma oportunidade de negócios que é conseguida com o estabelecimento da cooperação entre os parceiros e que seria muito difícil de ser atingir por uma única empresa agindo por seus próprios meios. Assim como compartilham os recursos, a tecnologia, a informação e o mercado como uma forma estratégica de aumentar a competitividade, também partilham os riscos e os custos através da Tecnologia da Informação (Pithon e Putnik, 2002). Nota-se que a virtualidade conforme é descrita por estes autores, não é mais do que uma forma de oferecer ao consumidor um produto ou serviço onde a empresa propriamente dita possui somente uma porção da competência. As outras competências necessárias são adquiridas através da cooperação que cada empresa fornece ao conjunto. O que, realmente, existe são os recursos materiais e humanos e, normalmente, neste tipo de empresa, não existe um espaço físico comum. A empresa virtual dura o tempo necessário para cumprir com os seus objectivos, não assumindo compromissos futuros após o seu término. Em cada missão, as responsabilidades, as competências e os lucros são estabelecidos e compartilhados e, quando a missão terminar, ela poderá ser desfeita ou reconstituída a fim de atender a uma nova necessidade do mercado. As TI(Tecnologia de Informação) é que sustentam esta virtualidade, permitindo às empresas unirem-se mais eficientemente para adquirir a flexibilidade e a rapidez necessárias para atingirem os seus objectivos. Figura1: (Putnik ECCON2004) Virtual Enterprise as a “flow” enterprise 2.2. Alguns modelos de Empresas Virtuais Ao tratar o conceito de EV, os vários autores definem vários modelos organizacionais que podemos analisar e comparar quanto á sua virtualidade, 223 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil seleccionando para isso os modelos mais relevantes nessa ordem: Empresa Estendida, Empresa Ágil, OPIM e BM_VERAM. A Empresa Estendida amplia-se além das tradicionais fronteiras organizacionais. Ela inclui os relacionamentos que uma empresa tem com seus clientes, fornecedores e sócios nos negócios (Browne 1995). A Empresa estendida é responsável por todo o ciclo de vida do produto, desde a obtenção de material à produção e fabricação de componentes, até a montagem final, incluindo a distribuição e serviço ao cliente, e em um número crescente de casos, onde possível à reciclagem dos produtos em fim de vida. Neste sentido, a Empresa Estendida pode ser considerada como representada por todas aquelas organizações ou partes de organizações, clientes, fornecedores e empreiteiros, integrados de forma colaborativa no projecto, desenvolvimento, fabricação e entrega de um produto ao consumidor. É portanto um modelo baseado em relações mais estáveis. O conceito de Empresa Ágil surge num relatório apresentado por (Nagel and Dove 1993) Quando um grupo da indústria observou que o crescente índice de mudança no ambiente dos negócios estava ultrapassando a adaptabilidade das tradicionais organizações de produção: “embora algumas dessas organizações simplesmente demorassem a acordar, muitas puderam ver uma necessidade, mas foram incapazes de instituir uma mudança interna suficientemente rápida. Agilidade é a palavra que descreve a característica que faltava nessas organizações; elas não puderam adaptar-se á mesma velocidade a que os ambientes mudavam.” A agilidade é considerada por muitos como uma vantagem competitiva. O Fórum da Agilidade (Agility _ International 2002) menciona várias razões, tais como a fragmentação do mercado, o encolhimento do tempo de vida dos produtos e a concorrência global, para uma organização aumentar a sua agilidade. O Conceito OPIM “One-Product-Integrated-Manufacturing” Foi desenvolvido por Putnik em 1997 na Universidade do Minho. OPIM é um modelo especial de EV para o fabrico de um produto específico e é concebido como um sistema de produção optimizado com o propósito de fabricar um único produto, integrado através de um conjunto universal de recursos primitivos, numa estrutura física substituível em tempo-real. O projecto (síntese) e o controle do sistema são executados num ambiente abstracto e virtual. De acordo com seus autores, os sistemas de fabrico concebidos para produzir vários produtos são tecnicamente menos eficientes, quando comparados com sistemas dedicados, e este nível de eficiência ou de desempenho atinge seu máximo, quando os sistemas de fabrico são dedicados a um único produto, o qual corresponde à existência de uma estrutura produtiva para cada novo produto. Desta forma, este conceito corresponde a um sistema de produção distribuído ao mais alto nível e a uma estrutura altamente dinâmica. O que o torna bastante teórico, mas não deixa de representar o extremo em termos de agilidade e virtualidade. BM_Virtual Enterprise (BM_VE) é um tipo de Empresa Virtual (EV) total ou parcialmente de acordo com o modelo BM_Virtual Enterprise Architecture Model (BM_VERAM) definido por (Putnik 2001). É caracterizado como uma rede 224 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico de Organizações com capacidade de se reconfiguram dinamicamente, integradas num domínio global, satisfazendo requisitos de Integrabilidade, Distributividade, Agilidade e Virtualidade como factores de competitividade. • Integrabilidade: capacidade de acesso a recursos dentro e fora da empresa; • Distributividade: a performance da empresa ou do sistema de produção independentemente da distância física entre os elementos da empresa; • Agilidade: resposta rápida às mudanças de mercado; • Virtualidade: rede dinâmica de empresas suportadas pela TI. As BM_VE utilizam três tipos de mecanismos ou ferramentas: Mercado de recursos, Broker e Virtualidade. Um recurso representa uma entidade que pode contribuir ou agregar valor, fornecendo um produto (componente, montagem) ou uma operação, um recurso é um objecto da empresa, o qual é usado para realizar, ou para apoiar a execução de um ou mais processos. O Broker é uma entidade externa, ou agente que têm dois papeis fundamentais. O primeiro como Gestor dos recursos, seleccionando, integrando e reconfigurando dinamicamente a rede. O segundo como agente da virtualidade, fazendo de intermediário nas operações entre o cliente e o servidor, escondendo o cliente e o servidor um do outro. Sendo assim, os modelos de Empresas Virtuais, representam uma solução para os produtos cada vez mais customizados, com séries de produção muito pequenas em ambientes altamente competitivos e em constante mudança, onde é exigido um alinhamento permanente do negócio. A estabilidade das parcerias é baixa e a dependência entre os parceiros é frágil, onde deve ser possível uma reconfiguração dinâmica ao mais alto nível, permitindo uma monitorização constante sobre a rede, permitindo encontrar a solução mais competitiva em cada momento do ciclo de vida do produto. 3. Integração de Empresas 3.1. Engenharia Concorrente No mesmo sentido em que as organizações se tornaram mais ágeis e mais distribuídas, as Tecnologias de Informação foram criando meios que permitissem uma colaboração cada vez mais eficiente entre estas. Surge então o conceito de engenharia concorrente, que visa integrar através de meios informáticos o trabalho paralelo desenvolvido por várias entidades, desde a fase do projecto de um produto, passando pela produção até ao acompanhamento pós-venda. Esta integração visa sobretudo a melhoria da qualidade do produto, na óptica do cliente, a diminuição do ciclo de fabrico e a diminuição dos custos. 225 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil São vários os meios que promovem este trabalho colaborativo através dos meios informáticos, começando pelo software utilizado pelos elementos do grupo (groupware), passando pelo caracterização do fluxo dos documentos através das entidades (Workflow) e terminando com os meios de comunicação que suportam esses dados. Como meios de comunicação assíncrona vemos uma utilização praticamente generalizada do e-mail e dos grupos de discussão a permitir a troca de informação em diferido. Na comunicação síncrona (em directo) vemos muitas vezes utilizar a vídeo conferencia, os “Chat” ou agendas de grupo para troca de mensagens em simultâneo. Foram surgindo sistemas de Workflow cada vez mais complexos como o Lótus Notes que permitem o trabalho colaborativa entre entidades dentro e fora de uma organização ou mesmo o BSCW (Suporte Básico para Trabalho Colaborativo) que permite a partilha de um ‘Workspace’ entre grupos e trabalho utilizando a Internet como infra-estrutura de comunicação. Este conceito não consegue contudo dar uma resposta eficiente á rápida transformação a que se tem assistido, principalmente nas PME, onde o ciclo de vida dos produtos é cada vez menor e a complexidade cada vez maior. Traduzindo-se numa perda de flexibilidade e eficiência na organização. Estando mais preparados para colaborações ocasionais, com uma grande participação humana, ou seja, não atingem um nível de integração suficientemente ágil e autónomo para fazer face às necessidades da integração das Empresas Virtuais. 3.2. Outros Conceitos e Tecnologias de Integração Enterprise Aplication Integration (EAI) Conjunto de Ferramentas e Tecnologias utilizadas para Integração de várias Aplicações dentro de uma Organização (Transacções) , envio e recepção de mensagens ordenadas. É muito similar a Integração de Aplicações com os BPM(Business Process Management), sendo que os BPM complementam as EAI criando novos processos e Serviços que as EAI estão preparadas para Integrar. Workflow Management São um conjunto de ferramentas de gestão desenhadas para assistir á execução de um trabalho, considerando actualmente também o envolvimento das aplicações como capazes de executar tarefas, tal como os humanos. Os workflow são tecnologias que vem facilitar a fluidez das actividades, principalmente através de documentos que são executadas tanto por humanos como por aplicações. Por sua vez os BPM definem de uma forma refinada os conceitos de um processo dando a inteligência necessária para poderem agir de uma forma autónoma, podendo descrever alguns workflow que poderão completar alguns passos manuais dentro do processo. 226 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico B2B Systems O comercio B2B é uma extensão dos processos empresariais para fora da empresa partilhando-os com os seus parceiros, Clientes e Fornecedores. Podemos ver a integração B2B como um BPM porque os documentos são transmitidos e integrados por motores de EAI. Compreende-se perfeitamente que o conceito chave para a unificação dentro de uma Empresa Virtual é a integração dos processos. Essa integração é muito difícil e os conceitos mais complexos têm falhado, mas essa situação tem-se vindo a alterar graças ao aparecimento dos Web Services que utilizam tecnologias como o http, soap e xml, que são standards disponíveis em várias plataformas, que combinados com a eficiência e autonomia dos Software Agents (SA), podemos criar uma framework robusta e realmente unificadora. 4. Web Services Muito resumidamente, podemos dizer que os Web Services são um modo através do qual as empresas podem disponibilizar e divulgar os seus serviços de modo a que possam ser invocados programaticamente através da Internet por outros sistemas. Utilizam protocolos de troca de documentos em formatos standards, baseados em XML, que permitem a execução de transacções on-line entre sistemas heterogéneos utilizando o protocolo HTTP para transporte dos dados . Devido á simplicidade de implementação e utilização, os Web Services são a actualmente a mais popular representação da arquitectura SOA (Service Oriented Architecture). É ainda uma tecnologia muito recente, Estando a verificar-se muitas melhorias e a antever-se o aparecimento de novas especificações que irão certamente dar resposta a alguns problemas de segurança que ainda se verificam. Reúnem contudo um conjunto de protocolos que contêm todas as tecnologias necessárias para que as empresas partam para uma integração de um serviço, que informaticamente podemos ver como uma função ou Classe alojada num servidor Web com os respectivos métodos expostos. Muito resumidamente podemos identificar os seguintes protocolos como a base desta tecnologia: • XML(eXtended Markup Language) : Metalinguagem de anotação na qual estão definidas todas as outras normas que servem de base aos Web Services(meio de suporte para todos os outros protocolos). • SOAP (Simple Object Access Protocol): Linguagem de anotação com a qual se pode descrever o protocolo de comunicação, responsável pela troca de mensagens de e para os Web Services (uma mensagem SOAP é um documento XML). 227 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil • WSDL (Web Service Definition Language) : Linguagem de anotação definida em XML e que tem como objectivo descrever a API (Application programming interface) de um Web Service (divulgar os métodos da Classe). • UDDI (Universal Description Discovery and Integration): Linguagem de anotação definida em XML com a qual se cria a metainformação característica de um Web Service; vários registos UDDI são agrupados em repositórios; estes repositórios possuem uma interface/API de pesquisa para permitir a uma aplicação cliente pesquisar e localizar um serviço [UDD]. O ciclo de vida de um Web Service compreende quatro fases distintas: Publicação, Descoberta, Descrição e Invocação, correspondendo a cada uma fase uma das normas descritas anteriormente: • Publicação: Processo opcional, através do qual o fornecedor do Web Service dá a conhecer a existência do seu serviço, efectuando o registo do mesmo no repositório de Web Services (UDDI). • Descoberta: Processo opcional, através do qual uma aplicação cliente toma conhecimento da existência do Web Service pretendido pesquisando num repositório (UDDI). • Descrição: Processo pelo qual o Web Service apresenta a sua API (WSDL); desta maneira a aplicação cliente tem acesso a toda a interface do Web Service, onde se encontram descritas todas as funcionalidades por ele disponibilizadas, assim como os tipos de mensagens que permitem aceder às ditas funcionalidades. • Invocação: Processo pelo qual cliente e servidor interagem, através do envio de mensagens que vão servir de Input e da eventual recepção da mensagem de Output (SOAP). Ao reunirmos estas 4 fases podemos constituir o ciclo de vida de um Web Service, que podemos visualizar da seguinte forma: 1. O fornecedor constrói o serviço (Classe) utilizando a linguagem de programação e o sistema operativo que entender, colocando-o num Servidor Web; 2. De seguida, especifica a interface do serviço (Métodos da Classe) para ficar visível por todos os clientes que pretenderem utilizar esse serviço recorrendo a WSDL; 3. Após a conclusão dos dois primeiros passos, o fornecedor pode registar o serviço no UDDI para que este possa ser divulgado; 4. Do lado do utilizador cliente (aplicação cliente) é feita uma pesquisa num repositório UDDI e encontrado o serviço pretendido, ou se já conhece o serviço, pode passar directamente para a fase seguinte; 228 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 5. A aplicação cliente estabelece a ligação com o Web Service e estabelece um diálogo com este, via mensagens SOAP que vão circular pela Internet sobre o protocolo HTTP. Figura 2: Ciclo de vida de um Web Service 6. Modelos de Processos de Negocio: Business Process Models (BPM) 6.1. Introdução aos BPM Um Processo de Negocio é uma colecção de actividades desenhadas para produzir um determinado Output para um cliente particular. Dá uma grande ênfase á forma como o trabalho é feito dentro da organização em contraste com a perspectiva do produto, ou seja do que é feito. Um processo representa uma ordem especifica de actividades executadas ao longo do tempo em determinados locais (Workflow e Dataflow), com um principio e um fim e com Input e Output claramente definidos. O papel dos BPM é principalmente gerir a ordem pela qual é feita a integração dos processos entre os diferentes recursos, podendo recorrer a vários meios informáticos para levar a cabo esse trabalho. Existem vários conceitos de modelação dos processos de negócio actualmente disponíveis no mercado, alguns como a RosettaNet que utilizam protocolos proprietários, e outros como o ebXML , DARPA e BPEL4WS que utilizem os Web Services como meio de suporte tecnológico para efectuar essa integração. Em todos os modelos os conceitos misturam-se um pouco e nem sempre é fácil distinguir as funções que competem ao BPM e as que competem aos Web Services, vamos contudo tentar ver de que forma se define um BPM, através do exemplo de um standard: BPEL4WS para entender até que ponto podemos avançar com estes 229 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil conceitos no caso da integração de PME, mais concretamente das indústrias Têxteis virtuais. 6.2. Business Process Execution Language for Web Services (BPEL4WS) Este standard é o resultado da investigação conjunta da IBM, Microsoft, BEA, SAP e Siebel no sentido de encontrar uma notação para definir o comportamento dos processos de negócio baseados em Web Services. Os processos definidos nos BPEL4WS exportam e Importam as suas funções recorrendo exclusivamente aos interfaces disponibilizados pelos Web Services. Os BPEL4WS disponibilizam um linguagem para a especificação formal dos processos de negócio e dos protocolos que permitem essa interacção, ao faze-lo estendem o modelo de interacção dos Web Services, dando o suporte para as transacções negociais. A Integração de sistemas requer mais do que a simples habilidade em estabelecer simples interacções através de protocolos standard, só se consegue tirar todo o potencial dos Web Services quando as aplicações e os processos de negócio conseguirem integrar as suas interacções mais complexas utilizando modelos de interacção standards. A WSDL utilizada nos Web Services representa de uma forma estática a forma como é feita a interacção síncrona ou assíncrona com esse serviço, enquanto que os BPM tipicamente assumem sequencias dessas interacções ponto a ponto entre uma ou mais entidades. A descrição da execução dos processo é feita recorrendo a vários tipos de actividades que permitem Receber “Receive”, Responder “Reply”, Atribuir “Assign”, criar ciclos “While” e outras técnicas para aceder aos dados, definir os atributos, a lógica do processo e a reacção às falhas. Este linguagem de descrição dos BP, tal como as outras ainda não estão suficientemente desenvolvidas para garantir uma aplicação simples e eficiente para todos os processos de negócio com que deparamos nas indústrias têxteis, tornandose muito difícil por enquanto, a sua aplicação, ficando para uma segunda fase em que as empresas dominem um pouco melhor esses conceitos e que surjam no mercado ferramentas simples e económicas que lhes permitam avançar no sentido de uma integração total. 6.3. Esforços a ser desenvolvidos na área dos BPM Tal como se referiu, a situação actual em que se encontram os BPM ainda não estão suficientemente acessíveis á maioria das PME, verificando-se contudo, o desenvolvimento de grandes esforços por parte das organizações mundiais como a OMG e OASIS em desenvolver novos standard, assentes nas tecnologias dos Web Services, que possibilitem a qualquer pessoa com pouca formação na área de informática, criar graficamente os diagramas de uma forma intuitiva sem ter de se 230 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico preocupar com a forma como é estabelecida a conexão entre os diferentes sistemas ou mesmo como é estruturado o conteúdo da mensagem. Em conjunto com essas organizações, tem estado as principais empresas de software como a Microsoft , IBM, SUN e outras que vão integrando nas suas plataformas de desenvolvimento essas novidades, sendo de esperar grandes novidades nos próximos tempos. Noutro patamar temos as empresas de TI mais pequenas que são as que lidam directamente com as empresas, e vão em conjunto ter de definir e implementar essas regras do negócio. Este é sem duvida a fase que me parece mais atrasada, com os empresários pouco virados para investir numa área que não apresenta resultados imediatos, com grandes dificuldades em conseguir sistematizar de uma forma lógica os seus processos de negócio e do outro lado vemos empresas de TI com algumas dificuldades em lidar com estas novas tecnologias a terem de fazer um grande esforço para se actualizarem sem terem ainda um mercado suficientemente grande que justifique esse investimento. 7. Exemplo prático O cenário que nos deparamos mais tipicamente na indústria têxtil, é o de uma pequena ou média empresa ser subcontratada por uma marca para colaborar numa primeira fase no desenvolvimento de um protótipo, e numa 2ª fase para planear e gerir a sua produção. É nesta fase que a integração se torna mais difícil, porque esta PME vai ter necessidade de encontrar dentro de um conjunto de potenciais fornecedores para cada processo, aquele que oferece melhores condições, seleccionando muitas vezes micro empresas bastante especializadas mas com poucos recursos humanos, financeiros e técnicos (a nível do Sistema de Informação) o que dificulta muito o processo de integração, uma vez que estas não estão normalmente preparadas para fazer um trabalho de análise e caracterização dos Processos de Negócio (BP) a ponto de os divulgar e tornar abertos á integração. Esta integração inicialmente vai se fazer entre um grupo de empresas que já mantêm algum tipo de relação comercial ou estão já inseridas no mesmo meio, ou seja, a empresa responsável (Empresa A) numa primeira fase vai ter de desenvolver esforços junto dessas pequenas empresas, para que em conjunto, caracterizem, descrevam de uma forma normalizada os processos de negócio que normalmente estabelecem entre elas. No fundo este inicio vai ser um primeiro passo no sentido de uma integração mais global, criando-se os meios técnicos e humanos (Know-How) necessários nessas pequenas empresas, para que possam caminhar para um meio mais complexo que é o mercado global. Vamos então desenvolver um cenário de integração entre um ERP (Enterprise Resource Planning) de uma empresa pequena ou média (Empresa A) responsável pela produção de um determinado artigo para uma marca X, com uma aplicação de 231 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil gestão mais simples de uma pequena indústria especializada de confecção (Empresa B). Neste cenário, tendo em conta a dimensão de cada empresa vamos analisar os pontos de integração a definir em de cada sistema para integrarem o processo de confecção. Vamos assim criar um cenário dividido em 5 fases: 1. 2. 3. 4. 5. 6. Pesquisa dos potenciais colaboradores pelo melhor preço /qualidade Planeamento das quantidades, preços e prazos de entrega Envio das peças para confeccionar (A para B). Recepção das peças confeccionadas (B para A) Recepção das facturas para pagamento (B para A) Emissão da liquidação (A para B) Empresa A 1.Pesquisar junto dos potenciais fornecedores, aquele ou aqueles que apresenta melhor condições de preço e qualidade dentro dessa área específica para colaborar no desenvolvimento do protótipo, enviando as características técnicas da peça a confeccionar, as operações e os respectivos tempos para obter assim um preço estimado para a quantidade pretendida. 2.Na fase de planeamento vai agendar as datas de produção junto da empresa B e se necessário ajustar o seu planeamento ou mesmo recorrer a outras empresas para conseguir satisfazer os prazos estipulados pelo seu cliente. 3.Emissão do documento ou documentos de suporte ao envio das peças para confeccionar (Guia de Transporte) com as quantidades reais a serem produzidas. Empresa B Vai referenciar o pedido da Empresa A, analisar as características técnicas, o tempo necessário para confeccionar a peça e determinar o seu preço e devolver essa cotação á Empresa A. Vai analisar o seu planeamento e determinar para que datas pode executar o serviço. Se não poder cumprir os prazos apresentados pelo cliente, poderá ajustar o planeamento, rejeitar o serviço, ou apresentar outra proposta. Recepção e conferência das quantidades a produzir. Registo da encomenda no seu sistema informático 4.Conferencia das quantidades entregues pelos confeccionadores. Introdução do documento no seu sistema informático. 5.Recepção e conferência da factura(s) (quantidades e preços) Emissão de documento com quantidades enviadas (Guia Remessa) 6.Emissão do pagamento (nota de liquidação) Conferencia da liquidação e emissão do respectivo recibo.. 232 as de Emissão da factura relativa às guias emitidas. Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 1. Quando se refere a selecção pelo nível de qualidade do fornecedor (confeccionador) parte-se do suposto que a empresa A têm um sistema de gestão de qualidade que lhe permite avaliar os seus fornecedores pelas falhas nos prazos de entrega e os defeitos produzidos. 2. O preço indicado deve incluir o custo de transporte entre a empresa A e a empresa B, de maneira que o factor distância também seja considerado. 3. Estamos a partir do princípio que a empresa A têm um dimensão maior que a empresa B, e como tal têm um sistema informático que abrange a gestão comercial (facturação e contas correntes) e a gestão da produção (stocks, calculo de necessidades e planeamento), enquanto que a empresa B têm unicamente um software de gestão comercial, sendo necessário criar algumas funcionalidades para que possa responder á questão do preço e prazo de Entrega. 4. Outro principio mais básico a ter em conta é que ambos os sistemas permitem a utilização de WebServices, estando conectados permanentemente á Internet. Tecnologias que podem ser utilizadas: Nas duas primeiras fases, como a empresa B não têm um software de gestão de produção que lhe permita dar as respostas necessárias, e caso esta não pretenda criar as condições mínimas necessárias a uma integração mais eficiente, poderá recorrer a ferramentas colaborativas, como o e-mail, uma ferramenta bastante simples que permite a troca de dados e ficheiros de uma forma assíncrona entre as duas partes. Iniciando-se o processo com o sistema informático da empresa A a seleccionar os potenciais colaboradores e a enviar os pedidos de cotação via e-mail, onde vai disponibilizar um Link, que vai abrir uma página no seu servidor Web que por sua vez vai permitir às empresas colaboradoras introduzir o seu melhor preço e a poder consultar e actualizar outros pormenores técnicos relativos ao processo. Na segunda fase, a empresa B vai da mesma forma colocar o prazo de entrega directamente no sistema informático da empresa A. Opcionalmente ao envio de email’s nas duas primeiras fases (que seria sempre uma opção de recurso) estando neste cenário, a empresa B disponível a rever os seus processos, a tentar definir as regras com que gere o seu negócio, poderíamos criar dois WebServices muito simples, capazes de responder ao pedido de cotação e ao prazo de entrega de uma forma automática ao SI da empresa A. Sendo assim, para conseguir definir essas regras, seria necessário começar por fazer uma análise para determinar as variáveis que servem de base para definir o preço de confecção, como por exemplo: • Os custos com pessoal produtivo • Os custos com pessoal não produtivo • Os custos fixos com o aluguer, agua, luz e outros gastos gerais de fabrico. • A capacidade de produção normal (percentagem de tempo útil) 233 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil • O custo por minuto de laboração baseado nos elementos anteriores. • Estabelecer a margem de lucro bruta pretendida e determinar a variação por cliente de acordo com as condições de pagamento e risco que este apresenta. Depois de identificar as variáveis, deverá desenvolver as formulas que lhe permitam determinar os resultados pretendidos, que de uma forma bastante simplicista, poderiam ser: Pedido de cotação • PreçoCusto = Custo/Minuto * Tempo • PreçoVenda = PreçoCusto /(1-margem cliente) Calculo do prazo de entrega • Desenvolver uma base de dados simples que mantenha actualizado o estado das encomendas ordenadas por data e a quantidade que falta produzir. • TempoTotal=(Quantidade*TempoUnitario)/Nº Funcionários Estas formulas poderão ser bastante diferentes de empresa para empresa e poderão vir a ser optimizadas ao longo do tempo, ajustando-as o melhor possível a cada realidade. Nas fases 3 em diante, como os procedimentos são mais standard (simples troca de documentos ), será mais fácil a integração entre os sistemas, recorrendo aos Web Services que tal como tínhamos pressuposto, é uma tecnologia que já deverá fazer parte do software de gestão da empresa B, que deverá ser capaz de enviar via Internet um documento formatado em XML de uma forma legível para o SI da empresa A e ser capaz de Integrar os documentos enviados por esta no seu próprio Sistema. Note-se que neste exemplo a única preocupação é demonstrar que já se torna bastante simples fazer passar uma mensagem (SOAP) com um esquema standard (XML) via Internet (HTTP) entre dois sistemas, recaindo a maior dificuldade na definição das classes com as regras que suportam cada processo, de forma a serem facilmente acedidas por terceiros (WSDL). Sem esquecer contudo que nesta fase estamos unicamente preocupados com um processo de cada vez (SOA) ficando a cargo destes grande parte das validações e gestão de erros, quando deveria haver uma camada responsável pela orquestração destes serviços (BPM) que definiria a ordem lógica de todo o negócio. 234 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 8. Conclusão O facto de ser ainda complexo e dispendioso para uma PME definir os seus processos de negócio, de não existir ainda uma feramente simples e universal, faz com que a necessidade de melhorar e optimizar a integração dos sistemas de informação seja vista com um interesse tanto maior, quanto maior for o nº de interacções que a empresa efectua. Ou seja, uma grande empresa que faz milhares de movimentos mensais se conseguir poupar uns segundos na introdução de cada processo no o seu ERP pode poupar muito tempo e diminuir o numero de falhas, ou seja, pode poupar muito dinheiro, estando por isso certamente disponível a investir um valor considerável num sistema que garanta melhorias na integração de processos com os seus colaboradores. Por outro lado, uma PME tem por vezes muitas dificuldades em conseguir compensar os custos de implementação de um projecto desta natureza com os proveitos dessa integração. Ainda mais tendo em conta a grande diversidade de processos e a diminuição progressiva das quantidades a produzir de cada artigo. Talvez por esta razão o nº de standards que foi surgindo no mercado tenha sido patrocinado por essas grandes empresas, que foram criando e promovendo esses meios no seu próprio interesse, existindo hoje dezenas de protocolos e métodos de integração de processos muito complexos, com pouca flexibilidade para se adaptarem às necessidades das PME. Neste emaranhado de normas standard e protocolos que foram sendo desenvolvidas por diversos organismos internacionais no sentido de encontrar uma linguagem universal que colocasse a comunicar todas as empresas, com a sua grande heterogeneidade em termos de sistemas de informação e de processos, vamos deparar com os Web Services como uma das bases tecnológicas de compatibilidade para esses protocolos mais elaborados, que embora não sendo a solução que evidencia melhores características técnicas, inclui um conjunto de protocolos abertos que nos garantem as condições necessárias para estabelecer a integração entre os processos empresariais numa empresa virtual. A participação das maiores empresas mundiais a nível do desenvolvimento das TI como a Microsoft , a SUN, a IBM e outras no desenvolvimento e melhoramento de novas versões desses standard bem como a integração a todos os níveis dos Web Services com os seus produtos, dotando os sistemas operativos (Windows e Linux), as ferramentas de desenvolvimento de software (Java e .Net) e até mesmo as suas ferramentas de produtividade (Office e Openoffice) com esses protocolos de raiz, vieram facilitar o acesso a todas as PME a essas novas tecnologias. A nível do mercado do software de gestão mais utilizado nas pequenas e micro empresas, começamos a ver as maiores software houses nacionais e internacionais a integrarem nos seus produtos de base a possibilidade de utilização dos Web Services, abrindo assim o horizonte á grande maioria das pequenas e médias empresas que são o grosso da indústria têxtil no sentido da integração, proporcionando-lhes os meios necessários para esse fim. 235 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil Neste cenário, com todas as dificuldades em avançar para uma integração a todos os níveis, parece lógico que o caminho a percorrer no sentido da integração das indústrias têxteis virtuais passe pela adopção dos Web Services como o meio tecnológico a utilizar para integrar cada processo, porque permitem não só a integração entre as PME a custos reduzidos, como a integração destas com as grandes empresas, através da compatibilidade com as plataformas mais evoluídas, e mais caras como o SAP, Ariba, IBM Websphere, etc. Para alem de cria as condições tecnológicas necessária a uma integração, vão ajudar as empresas a progredir nesse sentido, obrigando-as a uma reflexão sobre os seus processos produtivos, a definir muito bem de que forma vão interagir com os seus clientes e fornecedores, com que regras vão trabalhar o seu negócio. Como se costuma dizer: “O óptimo é inimigo do bom”, e mesmo que não seja rentável implementar uma integração total entre os processos que vão ser desenvolvidos por uma empresa virtual (conjunto de empresas que vão unir esforços para tirar partido da oportunidade de negócio que representa o fabrico do produto X), Pode-se sempre começar pelos processos mais simples, com menores custos, para ir evoluindo progressivamente para processos mais complexos. Apresenta-se assim um cenário que deverá evoluir bastante nos próximos anos, sendo necessário um grande empenho das empresas de TI para adquirirem a formação e experiência que lhes permita implementar este tipo de serviços (WebServices) junto das PME e da parte dos empresários em ultrapassar os preconceitos que os mantêm presos a uma perspectiva errada em relação a esta abertura, considerando ainda o segredo como a alma do negócio, não conseguindo ver as vantagens que poderão vir a ter com esse tipo de investimento. Referências Agility_International. (2002). "International Briefing on Agility and Business Agility." from http://www.agility.co.uk/ab1.html. Browne, J. (1995). The Extended Enterprise - Manufactoring and the value Chain, Chapman & Hall. Browne, J., Sacket, P. J., & Wortmann (1995). Future Manufacturing Systems - Towards the Extended Enterprise. Nagel, R. and R. Dove (1992). "21st Century Manufactoring Enterprise Strategy.An Industry-led." 1 and 2. Protogeros, N. (2002). "IT Infrastructures and Standards for VE Integration Devlopment." Putnik, G. D., Ed. (2001). BM_Virtual Enterprise Architecture Regference Model. Putnik, G. D. and M. Cunha (2005). Market of Resources/Virtual Enterprise Integration, Idea Group. RosettaNet. (2002). "Implementing RosettaNet E-Business Standards for Greater Supply Chain Collaboration and Efficiency (White Paper)." from 236 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico http://www.rosettanet.org/rosettanet/doc/. SME (1993). The New Manufacturing Enterprise Wheel. S. o. M. Engineers. Systems, B., I. Corporation, et al. (2003) "Business Process Execution Language for Web Services Specification, version 1.1 " Volume, DOI: UDDI. (2004). "Universal Description, Discovery and Integration (UDDI) Specification." from http://www.uddi.org/. W3C. (2001). "Web Services Description Language (WSDL) 1.1." from http://www.w3.org/TR/2001/NOTE-wsdl-20010315. W3C. (2003). "SOAP Version 1.2 Part 1: Messaging Framework." from http://www.w3.org/TR/soap12-part1/. 237 Integração de Empresas Virtuais: Um caso de aplicação á Indústria Têxtil 238 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 239 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi Sónia Godinho Barroso [email protected] Praceta José Maria Veloso, n.º 3 1.º Dt.º Paivas 2845-535 Amoral Resumo: O teletrebalho é uma nova forma alternativa ao trabalho “tradicional”, que remete para o local e o tempo de trabalho flexíveis e é suportado por tecnologias de informação e comunicação. Em torno desta nova forma de trabalho giram grandes incertezas, sobretudo quando se questiona o futuro. A prospectiva é uma metodologia que permite reduzir essas incertezas, deste modo tendo por base o método dos cenários em complemento com o método Delphi, foi possível identificar dois possíveis cenários sobre o futuro do teletrabalho. Estes cenários são distintos, prevendo-se que o teletrabalho poderá seguir tendências ou trajectórias diferentes no futuro. No entanto, podem servir de base para a elaboração de recomendações e para a implementação de medidas políticas adequadas. Palavras-chave: teletrabalho; prospectiva; método dos cenários; método Delphi; clusters 1. Introdução Num contexto sócio-económico marcado pelo processo de globalização e de efeitos decorrentes da sociedade de informação, o teletrabalho emerge como uma forma de trabalho alternativa ao trabalho “tradicional”. Esta é uma temática que tem sido alvo de estudos e investigações em vários domínios científicos, sendo diversas as abordagens sobre este conceito. Apesar de não haver uma definição concreta, é consensual que se trata de uma forma de trabalho, com características próprias, como o local e o tempo de trabalho flexíveis e a utilização de novas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s). Quando reportada ao futuro, esta nova forma de trabalho é portadora de muitas incertezas. Contudo, uma análise e reflexão prospectiva sobre o fenómeno do teletrabalho e das suas futuras implicações, permite identificar eventuais cenários 239 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi que poderão localizar-se em horizontes temporais precisos, poderão-se tomar decisões estratégicas e elaborar recomendações, pois as opções tomadas actualmente irão influenciar no futuro as formas de trabalho, a própria organização do trabalho e as relações laborais. O projecto de investigação TeleRisk – Relações Laborais e Riscos Profissionais no(s) contexto(s) do teletrabalho em Portugal, desenvolvido pela Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa entre 2001 e 2003, enquanto um estudo de reflexão teórica sobre a problemática do teletrabalho e com uma forte componente empírica (visão histórica e actual), constitui a base e o ponto de partida para o desenvolvimento de uma metodologia prospectiva em torno do fenómeno do teletrabalho (visão futura). 2. Análise prospectiva do teletrabalho: processo metodológico O futuro é uma incerteza que inquieta há muito tempo as civilizações, tendo sido várias as preocupações ao longo do tempo em desvendar o que o futuro nos reserva. Uma das metodologias que se centra no futuro é a prospectiva, a qual não pretende ser determinista, pois não é mais do que uma reflexão para esclarecer a acção do presente à luz dos futuros possíveis de modo a reduzir as incertezas, tendo por base o conhecimento que determinados especialistas ou peritos detém dos fenómenos a serem analisados e “prospectados”. Na prospectiva os métodos utilizados são sobretudo a construção de cenários e os painéis de peritos, como o método Delphi. Geralmente, utiliza-se a combinação destes dois métodos, uma vez que os resultados do método Delphi servem de base para o processo de construção de cenários. O processo metodológico adoptado seguiu algumas das directrizes do que foi desenvolvido no projecto TeleRisK, tendo por base determinadas fases do método dos cenários definidas por Godet (1993), bem como pelo manual “Prospectiva e Cenários – uma breve introdução metodológica” (Ribeiro et al, 1997). O método dos cenários consiste em organizar a informação em futuros possíveis, descrevendo as várias alternativas ou trajectórias (Cuhls et al, 2002). No entanto, apenas procedeu-se a uma adaptação de tais metodologias não se seguindo criteriosamente os seus princípios, aplicando-se o método dos cenários à problemática do teletrabalho de uma forma flexível e enquanto fio condutor na lógica de elaboração de eventuais cenários ou tendências, complementando com outra metodologia prospectiva, o método Delphi. O processo metodológico adoptado na construção de eventuais cenários sobre o futuro do teletrabalho assenta em duas etapas centrais, a construção da base analítica sobre a problemática do teletrabalho e a exploração e identificação de eventuais tendências sobre o futuro do teletrabalho, cada uma delas constituída por várias fases. 240 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Construção da Base Analítica - Enquadramento teórico sobre o fenómeno de teletrabalho - Modalidades / práticas de teletrabalho Identificação do objecto de estudo Modelo de análise: delimitação do objecto de estudo Exploração e Identificação de Eventuais Tendências Enquadramento contextual: análise estrutural 2 Identificação de dimensões de análise do teletrabalho: - Espaço – Localização do trabalho e dispersão geográfica - Tempo – Horários de trabalho - Comunicação – Suporte tecnológico de informação e comunicação - Relação contratual Análise de: - Indicadores estatísticos gerais - Resultados de um questionário sobre práticas de teletrabalho aplicado a empresas Resultados de estudos prospectivos sobre teletrabalho Elaboração de hipóteses de cenarização (suposições relativas a cada dimensão de análise) 3Análise Conjectural 4 Método Delphi: Aplicação de um questionário a um painel de peritos 5Método Pericial 241 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi Análises estatísticas para a identificação de consensos e divergências de opiniões entre os peritos Análise Pericial Identificação e caracterização de eventuais cenários do teletrabalho Eventuais Cenários Adaptação de: Godet, M., (1993), Manual de Prospectiva Estratégica, Lisboa, Publicações Dom Quixote; Ribeiro J.M. et al, (1997), Prospectiva e cenários: uma breve introdução metodológica, Lisboa, DPP – MEPAT. FIGURA 1 – PROCESSO METODOLÓGICO 3. Construção da base analítica sobre a problemática do teletrabalho Esta etapa consiste em enquadrar teoricamente o fenómeno do teletrabalho e delimitá-lo a áreas-chave pertinentes de análise, tendo por base resultados de estudos já desenvolvidos neste âmbito e indicadores estatísticos que forneçam informações que permitam construir toda a base histórica e analítica deste fenómeno. 3.1. Identificação do objecto de estudo A tradicional organização do trabalho, ou seja, os indivíduos a trabalharem a tempo inteiro, no mesmo local e com o mesmo horário de trabalho e com um contrato de trabalho permanente, tende, segundo Di Martino (2001), a desaparecer, começando a emergir uma “nova” organização assente em três grandes mudanças: • Mudança de uma única relação de emprego para diversas relações de emprego, bem como de contratos padronizados para contratos não padronizados; • Mudança de horários fixos para horários flexíveis de trabalho e de agendas colectivas para agendas individuais de trabalho; 242 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • Mudança de lugares centralizados de trabalho para situações de teletrabalho, ou seja, de um único local de trabalho para vários locais de trabalho e passagem de um trabalho estático para um trabalho móvel. A problemática do teletrabalho tem sido alvo de várias perspectivas e abordagens de profissionais de diferentes áreas científicas e têm sido vários os autores que se têm debruçado sobre esta problemática, embora esteja longe de se encontrar um consenso em torno deste conceito. O conceito de teletrabalho surgiu em 1973, sendo inicialmente desenvolvido por Jack Nilles. Para este autor, considerado um dos fundadores do conceito de teletrabalho, as tecnologias de informação podem substituir as viagens pendulares (casa-trabalho-casa). Para Huws et al (1990), a definição enunciada por Nilles não é suficientemente clara, uma vez que na perspectiva destes autores o teletrabalho não se trata de um fenómeno monodimensional, isto é, o facto dos trabalhadores desenvolverem o seu trabalho a partir de casa utilizando as TIC’S, não é determinante para designá-los de teletrabalhadores. Para estes autores, o conceito de teletrabalho fundamenta-se sobretudo em três dimensões: o local do trabalho, o qual é independente do empregador, a utilização de equipamento electrónico, podendo os resultados do trabalho ser transferidos remotamente para o empregador ou cliente, e a comunicação entre o trabalhador e o empregador, que pode ser directa ou indirecta. Ao nível da Comunidade Europeia o teletrabalho é definido como “o trabalho executado por um teletrabalhador (trabalhador por conta de outrém ou por conta própria), principalmente ou em grande parte do tempo, noutro sítio que não o tradicional local de trabalho, para um empregador ou cliente, envolvendo o uso de tecnologias de informação avançadas como elemento central e essencial do trabalho.” (Sousa, 1999) Em Portugal, esta problemática também tem sido alvo de reflexão e no Livro Verde para a Sociedade da Informação (1997), o teletrabalho é definido como “um modo flexível de trabalho, cobrindo várias áreas de actividade, em que os trabalhadores podem desempenhar as suas funções remotamente a partir de casa ou de um local de trabalho (telecentro), numa determinada percentagem dos seus horários de trabalho. As telecomunicações e as tecnologias de informação constituirão cada vez mais ferramentas indispensáveis no desempenho do trabalho remoto, quebrando barreiras geográficas e permitindo a partilha de informação num ambiente electrónico disperso.” (1997: 45) Tendo por base estas definições e a conceptualização em torno deste conceito no projecto TeleRisK (Urze et al, 2001), considera-se o teletrabalho como o trabalho desenvolvido num local geograficamente distante, por um trabalhador (por conta de outrem ou por conta própria), numa determinada percentagem dos seus horários de trabalho, utilizando tecnologias de informação e da comunicação como ferramentas de suporte ao seu trabalho e como um meio de comunicação, partilha de informação e transferência de resultados. 243 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi O teletrabalho configura-se em diferentes formas ou modalidades, consoante as situações e ambientes organizacionais. Também são vários os autores que constróem tipologias de teletrabalho adaptadas às realidades que estudam, entre eles destaca-se Di Martino (2001). Segundo este autor, o teletrabalho é um fenómeno em “movimento” e em constante mutação, tendo assim evoluído do teletrabalho no domicílio para uma variedade de formas de teletrabalho móvel, sobretudo devido à dispersão geográfica das empresas, ao processo de globalização e aos novos ambientes tecnológicos, proporcionando condições ao surgimento de práticas em offshore ou transfronteiriças, o que torna o teletrabalho um fenómeno cada vez mais global. Seguindo a perspectiva deste autor, bem como a abordagem inerente ao projecto TeleRisK (Urze et al, 2001), destacam-se as seguintes modalidades ou formas de teletrabalho: • Trabalho no Domicílio ou em Casa - trabalho realizado a partir de casa do próprio trabalhador, podendo ser uma opção temporária ou permanente. • Trabalho Móvel - os trabalhadores desenvolvem o seu trabalho em qualquer lugar geograficamente distante da empresa para a qual trabalham, mas sem terem um local fixo de trabalho. • Trabalho a Distância - os trabalhadores desenvolvem o seu trabalho num local fixo, mas geograficamente distante da empresa para a qual trabalham (ex: clientes). • Trabalho Transfronteiriço ou Offshore - situações em que as actividades da empresa são divididas ou o trabalho é transferido para vários locais geograficamente distantes. 3.2. Modelo de análise: Delimitação do objecto de estudo O modelo de análise permite delimitar o objecto de estudo. Neste sentido, tendo em consideração a definição de teletrabalho, as dimensões de análise que permitem vislumbrar e caracterizar diferentes práticas de teletrabalho são: • Espaço ou localização do trabalho Perante o fenómeno de globalização e um ambiente extremamente competitivo, as empresas tendem a dispersar-se geograficamente surgindo novas formas de organização do trabalho que se traduzem em formas flexíveis de organização dos trabalhadores, como as práticas de teletrabalho. • Tempo de trabalho A flexibilidade inerente às práticas de teletrabalho conduzem à reconfiguração do tempo de trabalho, deixa de existir horário de trabalho mas tempo, ou seja, existem tarefas e objectivos que têm de ser alcançados durante um prazo temporal, independentemente, da carga horária de trabalho. 244 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • Relação contratual Uma vez que o teletrabalho pode assumir várias formas ou modalidades, é fundamental estabelecer contratos ou acordos de (tele)trabalho flexíveis, isto é, adaptados a cada um dos contextos, pois cada situação é uma realidade devendo ser analisada e estudada cada cláusula em pormenor. • Suporte tecnológico de informação e comunicação As TIC’s têm tido repercussões na organização do trabalho e tendem a ter cada vez mais um papel preponderante, na medida em que permitem que as diferentes formas de teletrabalho sejam praticáveis. As potencialidades inerentes às novas tecnologias não se concentram apenas num sector ou área específicos, são aproveitadas e aplicadas nos vários sectores da actividade económica, pois o processo de globalização e os processos inerentes à sociedade de informação têm repercussões na economia enquanto um todo. Segundo Di Martino (1996), ao considerarem-se determinadas funções ou actividades, o teletrabalho, para além do sector dos serviços, tem também atravessado sectores industriais, nomeadamente sectores ‘ditos’ tradicionais. Neste sentido, considera-se o sector da indústria de software, enquanto sector emergente, pois tem sido potenciador de várias formas de teletrabalho. Porém, como as práticas de teletrabalho têm vindo a disseminar-se para outros sectores de actividade, considera-se igualmente sectores “ditos” tradicionais, como o sector do têxtil e calçado e o sector da metalomecânica, nos quais as práticas de teletrabalho manifestam-se em actividades a montante e a jusante do processo de transformação. 3.3. Enquadramento contextual: análise estrutural Nesta fase da base analítica do método de construção dos cenários enquadrouse contextualmente o objecto de estudo no espaço e no tempo, tendo em consideração variáveis-chave, permitindo desta forma obter um retracto detalhado e abrangente do objecto de estudo e da envolvente na sua evolução histórica, na actualidade e eventualmente no futuro. Deste modo, realizou-se uma análise extensiva partindo de indicadores estatísticos sobre a sociedade da informação e sobre a estrutura do emprego. Em termos de indicadores que remetem para a sociedade de informação, constata-se que, a aplicação das TIC’s, como a utilização de computadores, o acesso à internet e às transacções por via do comércio electrónico têm-se expandido ao longo do tempo, prevendo-se que esta tendência se mantenha. Este cenário da sociedade da informação tende a ser propício a práticas de teletrabalho, na medida 245 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi em que estas são suportadas por TIC’s, as quais são ferramentas ou meios essenciais em contextos de teletrabalho. (Urze et al, 2002) Ao nível da estrutura do emprego, esta tem vindo a caracterizar-se pela predominância de contratos permanentes, embora os contratos não permanentes tenham vindo a sofrer um acréscimo, nomeadamente a situação dos trabalhadores independentes. Segundo Urze et al (2002), este cenário também poderá ser um indicador do aparecimento de novas formas de trabalho, como o teletrabalho, na medida em que alguns dos teletrabalhadores são trabalhadores por conta própria, sem uma situação contratual definida e adequada a um contexto laboral de teletrabalho. Embora o tempo semanal de trabalho tenha vindo a diminuir, o trabalho extraordinário tem vindo a aumentar ligeiramente, o que supostamente poderá ser um factor de impulsão a novas formas de trabalho, uma vez que o trabalhador deixa de trabalhar somente durante o seu horário normal de trabalho passando também a utilizar o seu tempo pessoal, familiar ou de lazer para fins profissionais. No enquadramento do objecto de estudo foram cruciais os dados recolhidos de um inquérito por questionário sobre as práticas de teletrabalho, o qual foi aplicado no âmbito do projecto TeleRisK a empresas dos sectores do têxtil e calçado, metalomecânica e software. Dos dados obtidos, concluiu-se que, as práticas de teletrabalho embora sejam mais visíveis no sector do software, vislumbram-se algumas tendências nos sectores “ditos” tradicionais, devido à rede dos actores estratégicos (clientes, entidades subcontratadas e trabalhadores móveis) e descentralização geográfica dessa rede. Em termos de indicadores que remetem para o futuro, analisaram-se os resultados qualitativos obtidos do projecto IS-EMP - A influência da sociedade de informação no emprego - os quais tiveram por base uma análise prospectiva, fornecendo uma visão a longo prazo de vários cenários sobre a sociedade de informação e as novas formas de trabalho. Ainda a nível prospectivo consideraramse os cenários sobre o teletrabalho delineados no estudo desenvolvido pelo FUNDETEC (Silva et al,1998). Ambos os estudos prevêem que o teletrabalho é um fenómeno em expansão no tecido empresarial português, embora possa assumir diferentes configurações. Desde os finais dos anos 90 que tem-se assistido em Portugal à implementação do teletrabalho, embora de forma lenta, pois têm sido poucas as empresas portuguesas que adoptam esta nova forma de trabalho. A implementação do teletrabalho apesar de atravessar vários sectores de actividade económica tem-se registado, sobretudo, no sector dos serviços, bem como em actividades relacionadas com a informática e com as TIC’s. Portugal tem tentado acompanhar os desenvolvimentos registados a nível internacional, contudo, o tecido empresarial português é caracterizado sobretudo por PME’s, as quais são na maioria empresas clássicas e burocráticas, que condicionam a autonomia e flexibilidade dos 246 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico trabalhadores. Porém, o maior problema na implementação do teletrabalho é a ausência de um suporte legislativo e regulamentar. Toda a análise temporal subjacente ao fenómeno do teletrabalho permitiu especificar acontecimentos passados, identificar padrões e fenómenos no presente, bem como identificar tendências e comportamentos no futuro. 4. Exploração e identificação de eventuais tendências sobre o futuro do teletrabalho A segunda etapa do processo metodológico reporta à abordagem empírica, ou seja, à exploração e identificação de tendências sobre o futuro do teletrabalho, através do desenho de configurações ou hipóteses, da aplicação do método Delphi e da análise estatística dos respectivos resultados que permitiram identificar eventuais cenários. 4.1. Análise Conjectural A base analítica permitiu a construção de hipóteses de cenarização sobre o teletrabalho. Como refere Godet (1993), a exploração do campo das possíveis evoluções tem como objectivo preparar os elementos que irão constituir a base de elaboração dos cenários. Neste sentido, elaborou-se um conjunto de 22 hipóteses tendo por base as várias áreas-chave ou dimensões de análise do fenómeno do teletrabalho (espaço e tempo de trabalho, relação laboral, suporte tecnológico de informação e comunicação). Estas hipóteses não são mais do que suposições, as quais assentam em várias configurações possíveis que podem suceder no futuro e que constituem o espaço de manobra ou de análise para a construção de eventuais cenários sobre o teletrabalho. 4.2. Método Pericial: Delphi Dos vários métodos prospectivos optou-se pelos métodos periciais que consistem na consulta de peritos. Este tipo de métodos assenta no pressuposto, segundo o qual, a realização ou não de hipóteses num dado horizonte temporal é objecto de uma incerteza que pode ser reduzida com probabilidades subjectivas expressas por um grupo de indivíduos (Godet, 1993). De entre os tipos de métodos periciais aplicou-se o método Delphi, o qual fundamenta-se na opinião de peritos ou especialistas sobre determinadas temáticas. ParaGodet, “o método Delphi processa-se por interrogações aos peritos com a ajuda de questionários sucessivos, a fim de pôr em evidência convergência de opiniões e destacar consensos” (Godet,1993: 181). O princípio deste método assenta assim num processo de comunicação por meio do feedback dos peritos nas diferentes fases ou rodadas de questionários, 247 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi conduzindo à convergência de opiniões em direcção a um consenso (Cuhls et al, 2002). Em cada fase de envio do questionário são apresentados os resultados da fase anterior existindo a possibilidade de serem revistas, reconsideradas e reavaliadas as respostas anteriormente dadas pelos próprios peritos. Este processo repete-se sucessivamente, até que a divergência de opiniões entre peritos seja reduzida a um nível satisfatório e obtenha-se um consenso. No entanto, devido à exigência e exaustividade associada à sucessão de fases de envio de questionários a um grupo numeroso de peritos, têm surgido abordagens mais flexíveis como a técnica do mini-delphi. Esta técnica surgiu nos anos 70 e consiste em reunir o painel de especialistas num mesmo local, onde debatem cada questão antes de responderem individualmente ao questionário (Godet, 1993). O método Delphi tem sido aplicado em várias dimensões da realidade social, nomeadamente no estabelecimento de políticas a nível tecnológico, por diferentes países, como o Japão, a Alemanha, a França e o Reino Unido. Em Portugal têm existido algumas experiências de prospectiva, sobretudo sobre necessidades de formação em vários sectores de actividade. Contudo, as primeiras iniciativas Delphi foram ao nível do sistema sócio–económico das pescas desenvolvido no âmbito do projecto MARHE – Recursos Humanos e Emprego na Fileira das Pescas, bem como ao nível das repercussões da sociedade de informação no emprego e no trabalho, no âmbito do projecto IS-EMP – Estudo da influência da sociedade de informação no emprego (Moniz et al, 2001). Como em qualquer metodologia, para aplicar o método Delphi é fundamental delinear adequadamente o processo de amostragem. A população alvo são peritos ou especialistas que detém conhecimentos sobre a problemática do teletrabalho e de novas formas de trabalho, sobre a sociedade de informação e sobre os sectores de actividade em análise. Devido à impossibilidade em obter uma base de sondagem de peritos com as características pré-definidas, elaborou-se uma listagem de peritos sobre os quais se conhecia à partida que possuíam os conhecimentos adequados de forma a integrar o referido painel. Desta forma a amostra é não aleatória, uma vez que a selecção dos peritos é baseada meramente num julgamento pessoal. Como ao longo do processo de aplicação e recolha dos questionários a taxa de resposta estava a ser reduzida, recorreu-se à técnica de amostragem snowball ou “bola-de-neve”, a qual consistiu em pedir a alguns peritos que responderam ao questionário que indicassem o nome de eventuais peritos também a ser inquiridos. Neste sentido, a listagem inicial de 103 peritos aumentou para 121, dos quais compõem a amostra 46 peritos, correspondendo a uma taxa de resposta de 40.7%. Segundo Cortezo (2001), os resultados de um Delphi são considerados válidos quando têm por base uma amostra com pelo menos 30 peritos, sendo considerada satisfatória uma taxa de resposta entre os 30% e os 35%. O instrumento de recolha de informação foi um questionário electrónico (online), o qual para além de questões de caracterização socio-profissional apresenta as várias hipóteses de cenarização ou possíveis configurações, perante as quais os peritos expressaram a sua opinião em função de determinados indicadores, como o seu nível de conhecimento, o grau de importância atribuída às hipóteses, o período 248 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico provável de realização das diferentes hipóteses e eventuais obstáculos na sua concretização. Apesar do método Delphi recomendar a aplicação do questionário em quatro fases ou rodadas, apenas se procedeu a uma fase de envio do questionário, devido à dificuldade de comprometer os peritos em responderem às várias fases por forma a manter o mesmo painel e, sobretudo, a constrangimentos temporais, na medida em que as várias fases exigem um horizonte temporal alargado de aplicação. 4.3. Análise Pericial A análise pericial é toda a fase que precede e visa a elaboração de eventuais cenários sobre o futuro do teletrabalho, ou seja, consiste na análise dos dados do questionário de forma a caracterizar o painel e as suas opiniões, bem como construir as imagens que permitem delinear todo o encaminhamento entre a situação actual e o horizonte temporal escolhido (até 2020). Em termos sócio-profissionais, o painel caracteriza-se como um grupo maioritariamente masculino (74.9%), na faixa etário dos 30 aos 50 anos (média de idade de 41 anos) e com um nível de escolaridade superior (50% têm a licenciatura e 50% possuem o mestrado ou o doutoramento). As mulheres são um pouco mais novas do que os homens (média de idade de 38 anos), embora essa diferença de idades não seja estatisticamente significativa, e possuem um nível de escolaridade ligeiramente inferior (58.3% possuem a licenciatura). Os peritos, no geral, são docentes e investigadores (60.9%) trabalhando, essencialmente, em estabelecimentos de I&D e do Ensino Superior (59%). Para a construção dos cenários partiu-se das hipóteses de cenarização, todavia, do conjunto inicial das 22 hipóteses reteve-se 11, relativamente às quais os peritos referiam deter um maior conhecimento, uma vez que ao deterem conhecimentos consistentes sobre determinada hipótese, as suas respostas em relação ao grau de importância, período provável de realização e eventuais obstáculos tornam-se mais válidas e fidedignas. Relativamente à localização do trabalho, as hipóteses retidas incidem sobre a mobilidade dos trabalhadores no desempenho das suas actividades, sobretudo dos trabalhadores do sector de software, remetendo desta forma para o posto de trabalho “móvel”, contrapondo ao tradicional posto de trabalho “fixo”. As hipóteses de cenarização sobre o tempo de trabalho reportam, nomeadamente, ao tempo “ilimitado” de trabalho, isto é, às horas de trabalho extraordinárias, na medida em que o que começa a ser valorizado não é o tempo de trabalho mas os objectivos e os resultados alcançados num prazo de tempo estipulado. O suporte tecnológico de informação e comunicação é a área temática que comporta um maior número de hipóteses de cenarização, devido a ser uma área de grande conhecimento dos peritos. As hipóteses reportam a vários tipos de tecnologias de informação e comunicação de suporte ao trabalho desenvolvido, 249 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi como os computadores fixos, os computadores portáteis, a internet, o e-mail, o comércio electrónico, os telemóveis, entre outros. Pelo contrário, os peritos têm um conhecimento escasso sobre a relação contratual, sendo assim, da triagem realizada não se reteve nenhuma das hipóteses de cenarização sobre esta área. Perante este facto, o futuro do teletrabalho será analisado tendo apenas em consideração como áreas-chave a localização do trabalho, o tempo de trabalho e o suporte tecnológico de informação e comunicação. A cada configuração do conjunto de hipóteses retidas, construída a partir da opinião dos peritos, corresponde um cenário que pode construir-se e cuja realização poderá ser mais ou menos provável. Para identificar eventuais cenários sobre o teletrabalho aplicou-se uma técnica de estatística multivariada, a análise de clusters, de forma a classificar ou agrupar os peritos num número restrito de grupos homogéneos segundo a sua opinião em relação às várias hipóteses de cenarização, tendo em consideração a importância atribuída a cada uma delas, o seu período provável de realização e os principais obstáculos. A distribuição e o agrupamento dos peritos em clusters ou grupos pressupõe a construção e identificação de eventuais cenários sobre o teletrabalho. No método hierárquico da análise de clusters, o critério seleccionado de agregação dos peritos em grupos, por ser o mais adequado segundo os seus resultados e após validação com os resultados do método não hierárquico k-means, foi o critério do vizinho mais afastado com a solução de 2 clusters, um deles constituído por 35 peritos e outro com 11 peritos. Reportando os resultados da análise de clusters à identificação de eventuais cenários sobre o futuro do teletrabalho, poder-se-á concluir que, tendo por base a opinião dos peritos sobre as várias hipóteses de cenarização, estão eventualmente previstos dois cenários para o futuro do teletrabalho. 4.4. Eventuais cenários sobre o teletrabalho Ao comparar as características de ambos os cenários, analisando para cada um dos grupos de peritos a sua opinião sobre as hipóteses de cenarização tendo em consideração os vários indicadores de análise, depreende-se que o futuro do teletrabalho tende a seguir directrizes e tendências diferentes. Num dos cenários previstos (cenário 1) a flexibilidade do local de trabalho é um fenómeno de grande importância, o qual tenderá a ocorrer num futuro próximo (2006/2007), mas tendo como resistência a cultura empresarial conservadora. A implementação da flexibilidade do horário de trabalho tende a ser uma realidade de menor importância, embora também se preveja que ocorra a curto prazo (2006), sendo igualmente a cultura empresarial conservadora e a legislação e regulamentação desadequada os principais entraves. A adesão das empresas e dos trabalhadores às TIC’s, como os computadores, a internet e o e-mail, e às TIC’s móveis, como telemóveis e computadores portáteis, é um fenómeno de extrema importância que tende a afirmar-se, igualmente, no futuro próximo (2007/2008), 250 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico sendo os principais obstáculos sobretudo a cultura empresarial conservadora e a qualificação e formação insuficientes, embora a falta de capitais e os problemas técnicos tendam também a ser entraves. No outro cenário previsto sobre o futuro do teletrabalho (cenário 2), a flexibilidade do local de trabalho é um fenómeno de menor relevância que ocorrerá a longo prazo (2010/2013), sendo a cultura empresarial conservadora e a qualificação e formação insuficientes dos trabalhadores os principais obstáculos. A flexibilidade do horário de trabalho é um fenómeno de grande importância, apesar de também vir a acentuar-se a longo prazo (2009/2011), sendo uma resistência a cultura empresarial conservadora. A adopção de TIC’s no apoio ao trabalho desenvolvido, como os computadores, a internet, o e-mail, o audio e o video conferência, embora de extrema relevância, tenderá a afirmar-se num futuro longínquo (2012/2015), em que o principal entrave tenderá a ser a qualificação e formação insuficientes, embora a cultura empresarial e a falta de capitais e investimento tendam igualmente a ser obstáculos. 251 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi Cenário 2 Cenário 1 Futuro Próximo Flexibilidade do Local de Trabalho Áreas de Análise Flexibilidade do Tempo de Trabalho (2006/2007) Grande relevância Cultura empresarial conservadora Futuro Próximo (2006) Relevante Cultura empresarial conservadora; Legislação e regulamentação desadequadas Futuro Próximo TIC’s Previsão / Visão 252 Futuro Longínquo (2010/2013) Relevante Cultura empresarial conservadora; qualificação e formação insuficientes (2007/2008) Grande relevância Cultura empresarial conservadora; qualificação e formação insuficientes Optimista Futuro Longínquo (2009/2011) Grande relevância Cultura empresarial conservadora Futuro Longínquo (2012/2015) Grande Relevância Qualificação e formação insuficientes Pessimista Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Implementação de Novas Formas de Trabalho Futuras Modalidades de Teletrabalho Num futuro próximo pela flexibilidade do local de trabalho e mobilidade dos trabalhadores e pela adesão das empresas e dos trabalhadores às TIC’s versus estrutura organização rígida e cultura empresarial conservadora Trabalho móvel Trabalho transfronteiriço ou offshore Num futuro longínquo pela flexibilidade dos horários de trabalho e pela adesão das empresas e dos trabalhadores às TIC’s enquanto suporte ao trabalho versus falta de formação e desqualificação profissional Trabalho a distância Trabalho no domicílio Figura 2 – Eventuais cenários sobre o futuro do teletrabalho Um dos eventuais cenários (cenário 1) assenta, assim, na implementação de novas formas de trabalho num futuro próximo (entre 2006 e 2008) pela flexibilidade do local de trabalho e mobilidade dos trabalhadores, decorrente da globalização, deslocalização geográfica das empresas e descentralização das actividades, bem como pela adesão das empresas e dos trabalhadores às TIC’s versus uma cultura empresarial conservadora, burocrática e hierarquizada. Esta é uma visão optimista do futuro do teletrabalho que reúne, eventualmente, as condições à implementação do trabalho móvel, em que os trabalhadores desenvolvem o seu trabalho em qualquer lugar geograficamente distante da empresa sem terem um local fixo de trabalho recorrendo a TIC’s móveis, como por exemplo, computadores portáteis, e-mail, internet, telemóvel, entre outras. Este cenário também é propício à implementação do trabalho transfronteiriço ou offshore, ou seja, situações em que as actividades das empresas estão divididas por vários locais geograficamente distantes, estando desta forma os trabalhadores a desenvolverem o seu trabalho em locais diferentes para um único fim, utilizando para tal TIC’s que permitem a partilha de informações, como diversos tipos de redes, internet, e-mail e comércio electrónico. Este cenário vai de encontro à perspectiva de Di Martino (2001), segundo a qual tem vindo a desenvolver-se o teletrabalho móvel, devido à dispersão geográfica das empresas, ao processo de globalização e aos novos ambientes tecnológicos, proporcionando práticas de offshore e práticas transfronteiriças. O outro cenário (cenário 2) traduz-se na implementação de novas formas de trabalho num futuro longínquo (entre 2009 e 2015), pela flexibilidade dos horários de trabalho, decorrente de uma gestão diferente do tempo em que o fundamental é alcançar determinados objectivos durante um prazo temporal, e pela adesão às TIC’s enquanto suporte ao trabalho desenvolvido versus falta de formação e qualificação profissional. Esta é uma visão pessimista com tendência, em princípio, ao desenvolvimento do trabalho a distância, em que os trabalhadores desenvolvem o seu trabalho num local fixo mas geograficamente distante da empresa (ex: 253 Qual o Futuro do Teletrabalho? Um Estudo Prospectivo com base no Método dos Cenários e no Método Delphi clientes) recorrendo a TIC’s, como computadores fixos ou portáteis, internet, e-mail e até mesmo audio e video conferência. Este cenário é igualmente propício ao desenvolvimento do trabalho no domicílio, isto é, o trabalho realizado a partir de casa do próprio trabalhador apoiado também por algumas TIC’s, como por exemplo, computadores fixos, internet e e-mail. Este cenário tende a ser semelhante aos resultados obtidos no projecto IS-EMP (Moniz et al, 2001), segundo os quais o teletrabalho ocorrerá a longo prazo (até 2015) e em que a receptividade das empresas ocorrerá num futuro ainda mais longínquo (após 2015), sendo os principais obstáculos a qualificação e formação insuficientes e a falta de organização e cooperação. 5. Conclusão Perante a questão inicialmente colocada, “Qual o futuro do teletrabalho?”, e as hipóteses formuladas decorrentes do enquadramento teórico e da conceptualização em torno do conceito de teletrabalho, desenvolveu-se um processo metodológico prospectivo tendo por base o método dos cenários em complemento com o método Delphi, a partir do qual se identificaram e se caracterizaram, através de técnicas estatísticas adequadas, dois cenários possíveis sobre o futuro do teletrabalho no nosso país. Os cenários previstos são distintos entre si, indicando que o teletrabalho poderá seguir tendências ou trajectórias diferentes no futuro. O cenário optimista é propício a práticas de teletrabalho móvel e trabalho transfronteiriço ou offshore, na medida em que assenta na implementação de novas formas de trabalho num futuro próximo (entre 2006 e 2008) pela mobilidade dos trabalhadores e adesão das empresas e dos trabalhadores às TIC’s versus estrutura organizacional rígida e cultura empresarial conservadora. O cenário pessimista reúne as condições à expansão do trabalho a distância e do trabalho no domicílio, pois traduz-se na implementação de novas formas de trabalho num futuro longínquo (entre 2009 e 2015), pela flexibilidade dos horários de trabalho e adesão às TIC’s enquanto suporte ao trabalho versus falta de formação e desqualificação profissional. Apesar da identificação destes cenários, o futuro do teletrabalho em Portugal não está pré-determinado podendo futuramente a realidade revelar-se noutro sentido, sobretudo porque o teletrabalho é um fenómeno activo e em constante movimento devido às suas dinâmicas em termos tecnológicos, tempo e local de trabalho (Di Martino, 2001). Os cenários identificados são, assim, apenas eventuais tendências que ajudam a compreender o que pode vir a ocorrer em torno do fenómeno do teletrabalho, não o que vai ocorrer, nem o que deve ocorrer, nem o que se pretende que ocorra (Cortezo, 2001). Uma vez que o objectivo de um estudo prospectivo é reduzir as incertezas, antecipando e intervindo, estes cenários, mesmo que rudimentares, poderão servir de base para uma reflexão estratégica entre os principais actores ou intervenientes, com vista à elaboração de recomendações e orientações para serem implementadas 254 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico antecipadamente medidas políticas, económicas e sociais de forma a evitar as implicações negativas de uma eventual mudança no futuro. 6. Referências Arabie P., Hubert L.J., De Soete G. (1996). Clustering and classification. World Scientific. Barroso S. (2005). Qual o futuro do teletrabalho? – Um estudo prospectivo com base no método dos cenário e no método Delphi. Lisboa: ISEGI (Tese de Mestrado). Cortezo J.R. (2001). Introducción a la prospectiva: metodologías, fases y explotación de resultados. Economía Industrial, 342 (VI). Cuhls K., Blind K., Grupp H. (2001). Innovations for our future. 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Relações laborais e riscos profissionais no(s) contexto(s) do teletrabalho em Portugal - Relatório final (fase 1). Lisboa: FCT-UNL / IDICT. Urze P. et al. (2003). Relações laborais e riscos profissionais no(s) contexto(s) do teletrabalho em Portugal - Relatório sobre a metodologia na análise prospectiva do teletrabalho – Aplicação do método Delphi (fase 2). Lisboa: FCT-UNL / IDICT. Urze P. et al. (2003), Relações laborais e riscos profissionais no(s) contexto(s) do teletrabalho em Portugal - Relatório final (fase 2). Lisboa: FCT-UNL / IDICT. 256 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 257 Monitorização remota do desempenho da empresa Pedro José Guerra de Araújo [email protected] IT – Instituto de Telecomunicações Departamento de Informática, Universidade da Beira Interior, Av. Marquês d´Àvila e Bolama 1, 6200 Covilhã, Portugal Resumo: As empresas industriais enfrentam cerrada concorrência a nível mundial. Inseridas num mercado global em permanente mudança, as empresas são forçadas a melhorar permanentemente o seu nível de desempenho por forma a manterem-se competitivas. Essas melhorias já não são tanto a nível de equipamentos ou de pessoal, mas sim em termos de ganhos de gestão, nomeadamente pela melhoria da organização interna. Este é um aspecto deficitário na indústria nacional e em particular na indústria têxtil e do vestuário. A utilização dos sistemas e tecnologias da informação, complementados pelos serviços disponibilizados pela Internet e pelas comunicações móveis, apresenta-se como uma ferramenta importante para apoiar estes ganhos. Nesta comunicação apresenta-se um exemplo de um sistema de informação da produção, com a capacidade de comunicação de dados via SMS(Short Messages System) para os telemóveis dos empresários ou responsáveis da produção. O sistema está em fase de testes numa empresa industrial do ramo da confecção de vestuário e os resultados até agora obtidos apontam no sentido de confirmar a sua importância para a gestão da empresa. Palavras-chave: produção, desempenho, desenvolvimento de SI/TI, gestão remota 1. Contexto A indústria nacional é caracterizada pela existência de um grande número de PME (pequenas e médias empresas). Em particular, a indústria têxtil e do vestuário (ITV) assume ainda uma grande importância para a economia do país, conforme mostra a tabela 1. Portugal é o país da CE em que a ITV mais contribui para o PIB. Ao mesmo tempo esta indústria caracteriza-se pelo seu baixo índice de produtividade, conforme pode observar-se na fig.1, baseada num estudo da Comissão Europeia (Stengg, 2001). 257 Monitorização remota do desempenho da empresa A ITV nacional, a exemplo de outros sectores industriais, encontra-se ameaçada quer por factores externos, quer por factores resultantes da sua própria dinâmica interna. Em termos externos o factor mais importante que afecta o sector é a crescente liberalização das trocas comerciais, incluindo a eliminação das limitações à importação e também a entrada em cena de países com capacidade de P r o d u tiv id a d e d o tr a b a lh o e m 1 9 9 8 (v a lo r a c r e s c e n ta d o /tr a b a lh a d o r ) 50 45 40 1000€ / employee 35 30 25 20 15 10 5 T e x t ile s Portugal Greece Spain Ireland France Italy 0 C lo t h in g produção a preços muito baixos. Em termos de organização interna, a crescente falta de competitividade das empresas nacionais é um dos principais problemas (ANIVEC, 2000). Figura 1 – Produtividade do trabalho Tabela 1 – Importância da ITV para Portugal Nº de Empresas Trabalhadores Negócios (milhares de contos) Trabalhadores por Empresa Exportações Nacionais 258 1997 2000 8 484 não disponível 271 975 234 258 1 749 280 1 607 518 32 não disponível 22% 21% Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 2. Organização Empresarial e Tecnologias da Informação Para melhor enfrentarem estas ameaças, as empresas nacionais precisam de, primeiro que tudo, melhorar a sua organização interna. Organização significa todo um conjunto de actividades relacionadas com o marketing, a comercialização, a qualidade e a produção. Significa também a tomada de decisões atempadas, apoiadas por dados actualizados e fiáveis. Neste contexto, os sistemas de informação constituem um factor importante para a produtividade da empresa (Figueiredo & Gil, 2004). Exemplos destes sistemas são os ERP(Enterprise Resource Planning), os quais são cada vez mais utilizados pelas empresas portuguesas (Marques, 2004). Eles possibilitam a tomada de decisões em tempo real por reacção aos desvios entre o planeado e o executado. Porém, estes sistemas apresentam alguns problemas, entre eles o preço e o grau de complexidade, fazendo com que as empresas não os instalem ou não obtenham deles os melhores resultados. O acesso aos dados impõe a utilização dos recursos disponibilizados pelas tecnologias da informação (TI). No entanto, estudos efectuados por entidades ligadas ao sector mostram que a utilização destas tecnologias na ITV é muito deficitária. A situação das empresas em termos de controlo da produção e da qualidade é caracterizada por (CITEVE, 2001): • falta de sistemas de controlo da produção individual e colectivo, precisos e eficazes; • inexistência de controlo e registo dos tempos improdutivos; • inexistência de métodos precisos e rigorosos para o controlo da qualidade; • desconhecimento da verdadeira capacidade produtiva e do rendimento; • em geral não existem sistemas de informação e organização adequados. Para colmatar estas dificuldades foi desenvolvido um sistema de controlo de produção em tempo real, composto por hardware para recolha de dados e um pacote de software para os processar e apresentar, fig.2. Gestão do Sistema Concentrador de Terminais Modem GSM Terminais de Recolha de Dados 259 Monitorização remota do desempenho da empresa Figura 2 – Sistema de Informação da Produção 3. Características do sistema A importância do acesso à informação em tempo real é cada vez maior na sociedade actual e na indústria em particular, uma vez que permite responder adequadamente às diversas solicitações que se apresentam (Sapateiro et al, 2004). Uma das empresas em que o sistema desenvolvido se encontra instalado sugeriu que seria importante que o sistema permitisse o envio de um conjunto de informações directamente para o telemóvel do responsável da produção. Essa importância resulta do facto de que esse responsável se encontra frequentemente ausente das instalações da empresa. O tipo de informações a transmitir inclui parâmetros como o “índice de desorganização”(id), o qual é uma medida de desempenho que permite detectar irregularidades no funcionamento da linha de produção. Quando num determinado posto-chave é detectado que este índice ultrapassa um valor limite, isso significa que esse posto está a funcionar deficientemente podendo pôr em causa o funcionamento de toda a linha. Uma situação destas pode, por exemplo, comprometer os prazos de entrega. Nesse caso é gerado um alerta que é enviado ao responsável para que tome as medidas adequadas. Para além de dados que são enviados automaticamente, o sistema é ainda capaz de responder a consultas às bases de dados efectuadas também via telemóvel. A solução adoptada para tratar estes requisitos passou pela integração no sistema existente, de um módulo de comunicações baseado na utilização de um modem GSM, de modo a permitir o envio/recepção de SMS. O modelo resultante para o sistema está representado na fig. 3. Sistema de informação da produção • registos de tempos e quantidades • cálculos de desempenho • consultas e apresentação de dados Sistema de comunicações por SMS (modem GSM) • emissão de avisos e de alertas Outras funções • controlo da rede de energia eléctrica • detecção de incêndio e intrusão • detecção de avarias 260 • consultas às bases de dados • envio/recepção de sinais de controlo Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figura 3 – Modelo do Sistema Uma vez que o modem utilizado dispõe de um conjunto de sinais de entrada e saída, acrescentou-se ao sistema a capacidade de tratar dados não directamente relacionados com a produção. Entre eles incluem-se a detecção de problemas na rede eléctrica como sejam falhas de energia, a detecção de incêndios, de intrusão e de avarias, principalmente no período nocturno. Apresentam-se em seguida alguns exemplos de mensagens que são trocadas entre o sistema e os telemóveis dos responsáveis da produção. Fig. 4 – Exemplo 1 : alerta automático Neste exemplo, o valor do “índice de desorganização” (id=0.33), despoletou uma mensagem automática de alerta, pois o funcionário 278 que ocupa um posto chave está a provocar um constrangimento à produção. 261 Monitorização remota do desempenho da empresa consulta eresposta Fig. 5 – Exemplo 2 : consulta à base de dados Este exemplo mostra a resposta do sistema a uma consulta à base de dados do desempenho. Aqui pretendia-se conhecer os parâmetros percentuais Eficiência(Efic), Rendimento(Rend), Tempo de Faltas(Falta) e Tempos Perdidos(Perd). Para efectuar a consulta o responsável enviou ao sistema uma mensagem contendo o comando “PDG” (Parâmetros de Desempenho Gerais), obtendo como resposta os valores pretendidos. Neste caso, os valores muito baixos de Rend(73%) e de Efic(75%), indicam a existência de problemas na produção. 4. Conclusões Do ponto de vista da empresa a implementação do sistema representa uma preocupação real com a problemática da produtividade e competitividade da indústria, num sector tão fortemente ameaçado como é o da ITV. As tecnologias da informação são uma arma estratégica por excelência, já largamente usada para apoiar nesta luta. Se os grandes desafios colocados às TI estão em grande parte já resolvidos, subsistem áreas em que podem ser melhorados ou complementados. Um exemplo é o acesso aos dados operacionais quando os responsáveis estão fora da empresa (por exemplo, quando estão em viagem). O seu desconhecimento pode levar a que não sejam tomadas decisões que seriam necessárias para manter o desempenho da empresa. Actualmente é cada vez mais importante a capacidade de resposta rápida assim que surgem os problemas, afim de evitar que estes se avolumem. Do ponto de vista informático o desenvolvimento do sistema representa uma oportunidade de realização de experimentação no terreno tal como defendido por alguns autores (Tichy, 1998). Possibilita também a demonstração do valor das TI 262 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico junto das empresas e do modo como estas podem usar as tecnologias para melhorar o seu desempenho (Mahmood & Mann, 2000). Representa também uma excelente oportunidade para fomentar a ligação universidade-empresa em que o país é tão deficitário. Determinar o valor económico para a empresa resultante do uso do sistema, é uma tarefa assaz difícil. No entanto, uma medida possível é dada pela taxa de utilização do mesmo, quer através do número de consultas efectuadas pelos utilizadores, quer através das inúmeras sugestões que estes apresentam para que sejam incorporadas novas funcionalidades. Embora ainda em fase experimental, os resultados obtidos tomando por base aqueles critérios permitem confirmar a importância do sistema. Referências ANIVEC, (2000), “Diagnóstico do Emprego e Formação no Sector das ITV”, Programa Pessoa/Linha de Acção “Estudos e Investigação”. CITEVE, (2001), Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal, “Modelo de Intervenção em PME’s do Sector Têxtil e do Vestuário”,(CD-ROM), V.N. de Famalicão. Figueiredo, J., Gil, T., (2004), Os sistemas de informação como factores de produtividade na organização empresarial, Actas da 5ª Conferência da APSI, Nov.2004,ISBN: 972-99387-1-7, Lisboa. Mahmood, M., Mann, G. (2000) – Special Issue: Impacts of Information Technology Investment on Organizational Performance, Journal of Management Information Systems/Spring 2000, Vol.17, No.1, pp 3-10. Marques, I., (2004), Os sistemas ERP em Portugal, Actas da 5ª Conferência da APSI, Nov.2004, ISBN: 972-99387-1-7, Lisboa. 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(1998) – Should Computer Scientists Experiment More ?, IEEE Computer, vol 31(5), pp.32-40. 263 Monitorização remota do desempenho da empresa 264 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 265 Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning Daniela Fávaro Garrossini 1, Cristiane Arakaki 1, Luis Fernando Ramos Molinaro 1, Humberto Abdalla Junior 1, José Dinis de Araújo Carvalho 2 [email protected], [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 1 Universidade de Brasília, Faculdade de Tecnologia – Departamento de Engenharia Elétrica, Campus Universitário Darcy Ribeiro – Prédio SG11 – NMI – 1º andar, 70.910-900, Brasília-DF, Brasil 2 Universidade do Minho– Escola de Engenharia -Departamento de Produção e Sistemas, Campus de Azurém, Guimarães, Portugal, 4800-058 Resumo: O objetivo deste trabalho é propor uma metodologia para produção de cursos Web, possibilitando a melhoria do processo de construção. Esta proposta tem embasamento em experiências práticas realizadas no NMI - Núcleo de Multimídia e Internet e fundamenta-se teoricamente em três aspectos principais: o método escolhido na produção do conteúdo, a forma como será estruturada esta produção - a qual definimos como o ciclo de vida do produto, e como gerenciá-la, aplicando para isto os conceitos de gerenciamento de projetos. Para o entendimento desta proposta são abordados os temas: e-learning, modelos instrucionais para a construção de cursos, gerenciamento de projetos e produção de conteúdo digital. Finalmente, é apresentada a proposta de metodologia para a construção de cursos Web, bem como um estudo de caso ilustrando sua aplicação. Palavras-chave: e-Learning; Conteúdo digital; Gerenciamento de projetos; Web 1. Introdução Este artigo tem por objetivo propor uma metodologia que apóie a produção de cursos disponibilizados via web, utilizando como base as novas metodologias propostas para o e-learning, o design instrucional e o gerenciamento de projetos. 265 Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning O trabalho baseou-se na primeira experiência na construção e aplicação de um curso web para os atendentes das agências postais da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. Durante esta experiência, foram identificados problemas no planejamento, execução e aplicação do curso. Os principais foram: ausência de um processo sistemático que guiasse o projeto, escopo do projeto pouco documentado, falta de controle, falhas na comunicação e falhas na mensuração do projeto. A partir da análise deste trabalho, propôs-se uma nova concepção para o curso aplicando o gerenciamento de projetos sob a ótica do e-learning, pressupondo a utilização de simulações baseadas em recursos multimídia. Tal estudo resultou em uma metodologia para produção de cursos web que será apresentada neste artigo. Será apresentada, também, uma aplicação que resultou em melhorias na construção e efetividade do treinamento. A metodologia é composta por quatro etapas, divididas em duas partes que se inter-relacionam, são simultâneas e interdependentes: o gerenciamento de projetos e os processos de desenvolvimento de um curso, ao qual nos referimos neste artigo como sendo o ciclo de vida do produto. Para cada uma das etapas do gerenciamento do projeto, que são: definição do projeto, planejamento, controle e revisão; tem-se um processo correspondente ao ciclo de vida do produto: levantamento de requisitos, produção do plano do projeto, execução do projeto e avaliação. Para cada uma das etapas são gerados produtos que apoiarão as etapas subseqüentes, desta forma apoiando toda a metodologia, Figura 1. Figura 1- Estrutura da metodologia 2. Descrição da metodologia 266 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 2.1. Etapa 1 – Definição do projeto - Levantamento de requisitos A definição é o processo de reconhecimento formal do início de um novo projeto. Em algumas organizações um projeto é formalmente iniciado após a conclusão de uma avaliação de requisitos, de um estudo de viabilidade, de um plano preliminar ou de qualquer forma equivalente de análise que tenha sido iniciada. Durante a etapa de definição do projeto, executa-se o levantamento de requisitos por meio de instrumentos, que são questionários, formulários, mapas e gráficos. Estes instrumentos são: definição dos objetivos da organização, identificação do perfil do público-alvo e definição dos objetivos de aprendizagem, resultando como produto final desta etapa o documento: projeto básico. Este documento autoriza e guia formalmente o projeto. Ele deve conter, diretamente ou por referência, outros documentos como: • Definição dos objetivos da organização reunindo a descrição das necessidades ligadas ao projeto. • Análise da audiência identificando o perfil do público-alvo e também a metodologia a ser utilizada para desenvolver o treinamento. • Os objetivos de aprendizagem descritos. • A descrição completa do produto a ser desenvolvido, incluindo os subprodutos. • Estimativa do prazo para se desenvolver o projeto. • Estimativa de número de pessoas na equipe desenvolvedora do projeto. • Estimativa dos custos. Na tabela 1 estão relacionadas as questões mais importantes a serem considerados nesta etapa do projeto, bem como os instrumentos a serem utilizados para auxiliar neste processo. É importante destacarmos que a definição dos objetivos da organização, e a identificação do perfil do público-alvo podem ser coletadas em paralelo, para que se faça uma análise completa, constando as informações necessárias para a definição dos objetivos de aprendizagem. 267 Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning Tabela 1 – Definição do projeto e levantamento de requisitos Identificação do perfil do público-alvo Definição dos objetivos da organização 1- Resumo executivo que ofereça uma visão geral da organização sobre todo o projeto. 2- Descrição detalhada da necessidade ou problema que a organização ou instituição precisa resolver, incluindo os problemas comerciais e desempenho que se espera após o treinamento, bem como informações a respeito das partes da empresa que são envolvidas direta e indiretamente com o projeto. O documento deve ter informações suficientes para que se estruture o plano básico (proposta inicial) do projeto. 3- Deve constar na definição dos objetivos da organização quais são os requisitos técnicos a respeito da execução do projeto. 4- Realização de entrevistas com o corpo gerencial da organização que participará do projeto. 1- O perfil de quem utilizará a solução de e-learning (público-alvo). 2- Necessidade de treinamentos auxiliares para desenvolver alguma habilidade do público-alvo. 3- Nível de escolaridade dos participantes. 4- Nível de experiência em tecnologia. 5- Formas de treinamento que os usuários tenham participado anteriormente. 6- Realização de entrevistas com possíveis alunos. Instrumentos para a produção do projeto básico Instrumento 1 – Descrição dos objetivos da organização Principais informações a serem captadas Instrumento 2- Análise da audiência Metas Ao desenvolver os objetivos de aprendizagem devemos especificar sempre a audiência e o comportamento esperado após o encerramento do curso ou qualquer evento de e-learning. - O que o estudante será capaz de fazer de diferente após o treinamento, e como? -Como o tutor saberá do aproveitamento do aluno durante o curso? - Como a organização saberá? Condição - Em que condições será requerida a aprendizagem? 1- Definição dos assuntos principais a serem desenvolvidos para o treinamento. 2- Verificar a existência de conteúdo para este evento de aprendizagem, que tenha sido formulado previamente pela organização. 268 -A duração do projeto -Critérios de avaliação/ sucesso que a organização espera com o desenvolvimento do projeto - Especificações técnicas a respeito do desenvolvimento do projeto. - Equipe - Custos do projeto. - A partir deste resultado são definidos o tipo de evento de aprendizagem e algumas características que o mesmo deve possuir. - Será definido se há a neces-sidade de treinamentos complementares. - Apresentação dos objetivos de aprendizagem. Instrumento 3- Definição dos objetivos de aprendizagem Definição dos objetivos de aprendizagem Comportamento - As metas e objetivos gerais do projeto - Proposta da metodologia a ser utilizada. Audiência - Para quem serão formulados os objetivos de aprendizagem? Resultados - É definida a metodologia para o desenvolvimento e aplicação do curso. Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico A reunião das informações captadas e analisadas nesta etapa de levantamento de requisitos gera um documento: o plano básico do projeto. Este documento deve ser analisado, entre a equipe desenvolvedora do projeto e os clientes, para realizarmos o fechamento de uma proposta para o evento de aprendizagem. 2.2. Etapa 2 – Planejamento – Plano do projeto É desenvolvida nesta etapa a estruturação do curso e também das atividades que ocorrerão durante a construção do mesmo. São identificadas e descritas as funções e tarefas da equipe executora, bem como as atividades gerenciais, as habilidades, conhecimentos e atitudes requeridas para a devida execução dessas tarefas e estabelecidos os padrões de desempenho do trabalho. A etapa de planejamento tem o maior número de processos envolvidos. É a etapa de maior importância, na construção de um projeto desta natureza, quando são organizadas todas as informações e descritos todos os planos auxiliares ao gerenciamento, minimizando os problemas na etapa de execução. O resultado da etapa de planejamento é o documento “plano do projeto”, que engloba todas as informações necessárias para a execução do mesmo. Este documento tem como informações iniciais o “projeto básico”, desenvolvido na etapa de definição, além de outros planos gerenciais essenciais para a etapa seguinte, a de execução do projeto. O plano do projeto é constituído por uma coleção de documentos utilizados para controlar e gerenciar a execução do projeto. O desenvolvimento do plano do projeto utiliza as saídas da etapa de definição, o projeto básico, gerando um documento consistente que pode ser usado para guiar tanto a execução quanto o controle do projeto. Para desenvolvimento de cursos, o plano do projeto pode conter: • A declaração de escopo do projeto • A estrutura do curso definida • WBS –Work Breakdown Structure • As datas estimadas para início e fim das atividades e atribuições de responsabilidades para cada subproduto da WBS • A descrição da equipe e sua expectativa de custo/esforço • A estimativa de custos • Planos auxiliares de gerenciamento, tais como comunicação, riscos e restrições, controle, etc. Detalharemos cada item do plano do projeto, bem como os instrumentos produzidos para auxiliar no desenvolvimento do mesmo na tabela 2. 269 Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning Tabela 2 – Tabela de detalhamento do plano do projeto Produto Descrição Instrumentos Especificações a respeito do projeto. É neste documento que constam as seguintes definições: - Descrição do produto - Objetivos do projeto Documento de escopo do projeto - Justificativas do projeto - Expectativas Instrumento 4- Declaração de escopo do projeto - fatores de sucesso do projeto - Restrições - Marcos do projeto Estrutura do curso a ser produzido, e suas subdivisões. Estrutura curso do WBS Datas estimadas para início e fim das atividades e atribuições de responsabilidades para cada subproduto da WBS Descrição da equipe e sua expectativa de custo/esforço Estimativa custos Plano comunicação de de Como para cada curso podemos ter subdivisões diferenciadas, isto deve ser feito a partir da metodologia definida no projeto básico e o assunto a ser tratado durante o curso. Instrumento 5- Modelo de subdivisões de curso Subdivisão do projeto em tarefas. Propomos para o desenvolvimento de cursos alguns tipos de subdivisões que podem ser utilizadas em qualquer situação de curso. Instrumento 6- Modelo de estrutura As definições do calendário do projeto e das datas estimadas para as atividades, vão depender do projeto de curso a ser desenvolvido. Apresentamos aqui uma estimativa de tempo de desenvolvimento para atividades-chave em projetos de curso. Estas atividades podem ser ampliadas dependendo do tipo de projeto. Instrumento 7 - Tabela de estimativa de tempo/ atividade Descrição da equipe de trabalho, qual a função de cada componente e o custo de cada um para o desenvolvimento do projeto. Instrumento 8 - Tabela Recursos/ Custo/ Esforço Baseados nos itens citados acima: escopo, WBS, datas, equipe de trabalho, é possível fazermos neste momento a estimativa de custos do projeto próximo ao real. Instrumento 9 - Planilha de custos do projeto Identificamos aqui todos os envolvidos no projeto, cada membro da equipe, os stakeholders, os fornecedores, enfim qualquer pessoa que participe de forma direta ou indireta no projeto. Instrumento 10- Plano de comunicação Fazemos as ligações entre essas pessoas e como se dará a comunicação entre elas. Plano de riscos e restrições Ë realizado com base nos riscos identificados durante a fase de definição e planejamento do projeto. É um documento que descreve os possíveis problemas que podem ocorrer durante o projeto. Instrumento 11- Documento de riscos/ restrições Plano de controle Definição dos pontos que devem ser controlados durante a construção do curso. Instrumento 12 Documento de controle - O principal documento a ser utilizado durante a etapa de execução do projeto é a WBS. A WBS – Work Breakdown Structure ou estrutura analítica de divisão do 270 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico trabalho é um agrupamento dos elementos gerados na etapa de planejamento. Esta estrutura organiza e define o escopo global do projeto e auxilia a execução e controle. É representada por níveis de atividades e tarefas, podendo ser de dois tipos (produto ou serviço), sendo os níveis inferiores uma representação detalhada de um nível superior a eles. Figura 2 – Estrutura de divisão para a construção de um curso Iniciamos a montagem pelas menores tarefas. Construímos os objetos (texto, imagens, vídeos, áudio, animações) separadamente, estes são integrados gerando uma cena, após a conclusão da etapa de integração a cena é testada e revisada. Esta seqüência é aplicada em todas as cenas, que ao final de suas execuções são integradas, testadas, revisadas, gerando um módulo. Essa seqüência se repete para a montagem de todos os módulos, finalizando então com a integração, teste e revisão do curso completo. Abaixo apresentamos a seqüência de montagem da WBS, bem como dos objetos a serem utilizados na montagem de um curso (Figura 3). 271 Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning Figura 3 – Seqüenciamento das atividades propostas para a cena Para facilitar a organização e execução das atividades, a WBS proposta foi construída levando-se em consideração a estrutura de curso adotada para este modelo: uma estrutura mista, na qual parte da estrutura é hierárquica e parte em rede. Apresentamos então, uma estrutura de curso subdividida em módulos, estes módulos, em cenas e estas em objetos (roteiros, story-boards, textos, áudios, vídeos, animações e imagens). Temos ainda a repetição de algumas tarefas durante todas as fases do projeto, são elas: integração, teste e revisão. O módulo do curso representa a maior unidade de informação a ser construída. Já a cena representa a menor unidade de informação de um curso, sendo estruturada como uma seqüência de conteúdo, avaliações e atividades interativas ou não. Com o planejamento concluído, é realizada a execução do projeto, que é controlada a partir de métricas definidas no planejamento, gerando como produto final desta etapa o curso. 2.3. Etapa 3 – Controle – Execução O controle em um projeto assegura que os objetivos do mesmo estão sendo atingidos, por meio da monitoração regular do seu progresso. É importante também para identificar as variações do plano do projeto, gerando ações corretivas a serem tomadas quando necessário. O desempenho do trabalho durante a execução do projeto, deve ser monitorado e medido regularmente para identificar as variações no plano do projeto e em todos os planos auxiliares. Quando houver desvios, estes são analisados durante o desenvolvimento do projeto. Na medida em que são identificados desvios significativos (aqueles que colocam em risco os objetivos do projeto) realizam-se ajustes por meio da repetição dos processos de planejamento adequados àquele caso. Por exemplo: ultrapassar a data de término de uma atividade, pode requerer ajustes nos recursos humanos, na necessidade ou não de horas extras, ou no balanceamento entre o orçamento e os objetivos de prazo do projeto. Controlar também inclui tomar ações preventivas, antecipando-se aos problemas. • O controle de mudanças do escopo – controla as mudanças no escopo do projeto. • O controle do cronograma – controla as mudanças no cronograma do projeto. • O controle dos custos – controla as mudanças no orçamento do projeto. • O controle do desempenho – coleta e divulga informações de desempenho. Isto inclui relatórios de status, medidas de progresso, e novas estimativas para o projeto. • O controle e monitoração de riscos – Acompanha os riscos identificados, monitora os existentes e identifica novos pontos críticos, garantindo a 272 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico execução dos planos de risco. Por fim avalia sua efetividade em reduzir riscos. O processo de execução de um curso torna palpável o planejamento, gerando como produto final a montagem completa do curso. A execução do projeto deve ser constantemente acompanhada pelo gerente, juntamente com os clientes. Portanto gerentes bem informados e sintonizados com os requisitos e definições do projeto são fundamentais para que o resultado da execução – o curso finalizado – seja condizente com a expectativa traçada. Figura 4 – Ilustração apresentando a montagem do curso. 2.4. Etapa 4 – Revisão – Avaliação O desenvolvimento de um curso, não é apenas um processo com início, meio e fim, mas um ciclo contínuo de desenvolvimento. São constantes em projetos de curso, analise, projeto, construção, avaliação e redesenho, buscando sempre a maior efetividade. Em geral, quanto mais ciclos empregarmos na construção de um curso, melhor será o resultado final. Adotamos como solução para a melhoria dos cursos a abordagem de prototipação rápida, construindo uma única cena ou um módulo menor e testando imediatamente. Então, a partir dos problemas identificados e solucionados, aplicamos as soluções no restante dos componentes do curso ou, se for adequado, em todo o curso. Quanto antes testarmos os componentes menores, maior será a rapidez na resolução dos problemas durante o desenvolvimento do curso. Para a realização da avaliação, partimos do pressuposto de que nenhum curso é perfeito em sua primeira versão, e todo curso pode ser melhorado. Portanto após a construção de um curso, avaliamos sua efetividade. Tal avaliação guiar-nos-á a avanços que podem ser implementados para a melhoraria contínua de um curso. A avaliação de um curso pode ser feita por meio da aplicação de um curso piloto, onde avaliaremos sua efetividade. Os resultados deverão constar em um relatório conciso e efetivo, apresentando os pontos de sucesso, de tensão e as possíveis soluções para os problemas identificados durante a aplicação. O produto desta etapa é a implementação de melhorias, gerando novas versões para este curso. Um projeto bem estruturado de e-learning, requer uma avaliação constante, não apenas do produto final, o curso, mas também dos resultados obtidos pela 273 Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning organização. Para isto as primeiras aplicações do curso devem ser acompanhadas e a revisão se faz necessária até que se tenha uma estabilidade do produto e a organização obtenha os resultados esperados, descritos no projeto básico. Para a aplicação de uma avaliação efetiva, sugerimos a aplicação de um piloto do curso, tantas vezes quanto necessário. O planejamento de um piloto deve ser com antecedência, e deve-se oferecê-lo cedo o suficiente para que tenhamos tempo para correções antes que o curso seja ofertado para um público maior. O piloto de um curso não precisa abarcar todo o conteúdo, mas o suficiente para termos uma amostra abrangente e testemos todas as possibilidades que serão oferecidas durante o curso completo. Os passos para se oferecer um piloto do curso e avaliar os resultados são os seguintes: • Recrutar os alunos: selecionar pessoas que pertençam ao grupo maior que será treinado. É importante que montemos um grupo numeroso o bastante para que os resultados sejam significativos, porém de quantidade que facilite a observação das reações e resultados. • Preparar os alunos: devemos sempre, na aplicação do piloto, explicar o propósito do teste e prover os alunos de toda informação importante às quais devem atentar-se. • Monitorar o desempenho: o desempenho do trabalho, o conhecimento em tecnologia e as atitudes do grupo de teste devem ser medidos. Para isto devem ser estabelecidos pontos, pelos quais, poderemos medir os problemas e executar as melhorias. • Administrar o treinamento: devemos aplicar o piloto nas mesmas condições que o curso finalizado será aplicado, no mesmo tipo de local, utilizando as definições estipuladas para o treinamento. • Medir os resultados: após o término da aplicação do piloto, devemos comparar o desempenho, atitudes, e conhecimento do grupo àquelas medidas definidas antes do início do treinamento. • Analisar os resultados: nesta etapa comparamos os resultados obtidos com o piloto aos objetivos de aprendizagem que foram desenvolvidos para este curso. Outro aspecto importante durante a aplicação do piloto é avaliar se o material apresentado é suficiente para o entendimento do aluno, se houve custos inesperados neste teste e também avaliar se o espaço de tempo em que foi aplicado é apropriado ao treinamento finalizado. Ao final resumimos a avaliação em um relatório conciso e efetivo, apresentando os pontos de sucesso, de tensão e as possíveis soluções para os problemas identificados durante o piloto. Este relatório é voltado à apresentação de melhorias, portanto, este deve ser o foco em sua elaboração. Após a oferta, avaliação e revisão de um curso, são distribuídas novas versões, ou seja, melhorias contínuas no processo de desenvolvimento. Uma grande vantagem na oferta de um curso web é o de podermos distribuir o curso ao término 274 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico de sua conclusão, com praticamente nenhum tempo ou gasto adicional. As novas versões buscam melhorias contínuas no processo de desenvolvimento, Figura 5. Figura 5 – Fases de revisão de um curso. As revisões são feitas sempre que necessário, para atualizar ou melhorar o curso oferecido. 3. Estudo de Caso – Desenvolvimento de um Protótipo para o Treinamento do Banco Postal da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT desenvolveu um plano educacional cujo objetivo principal era difundir o e-learning na empresa, para substituir o treinamento da forma tradicional utilizado até então. Neste sentido, a primeira ação educacional implantada foi a estruturação, o desenvolvimento e a aplicação de um curso a distância, via web. Este consistiu num treinamento para capacitação de 6.000 atendentes postais em atendimento bancário. A demanda surgiu em função da implantação do Banco Postal dos Correios, o qual oferece uma série de produtos e serviços para seus clientes, como: pagamentos e recebimentos, abertura de contas, linhas de crédito, serviços de controle etc. Coletamos as necessidades da empresa em relação a este curso, quais sejam: - divulgar a implantação do e-learning na ECT. - promover a adesão dos funcionários pela aplicação do treinamento. - treinar em 04 meses, três mil atendentes, de um total de seis mil. - economizar nos gastos com o treinamento, pois a ECT possui aproximadamente 100.000 funcionários em todo o Brasil , além de agências franquiadas. - desenvolver competências, transformando atendentes de agências postais em atendentes bancários. - realizar rapidamente a construção do curso, já que o prazo para a primeira aplicação após o término do levantamento de requisitos e planejamento, era de dois meses. Durante a análise do público-alvo, identificamos principalmente que: - aproximadamente 70% dos atendentes postais nunca tinham operado um computador com mouse; 275 Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning - os futuros alunos deste curso não possuíam conhecimentos básicos de Internet; - a maior parte dos atendentes tinha o segundo grau completo e idade entre 20 e 45 anos; - estava localizado em todos os estados brasileiros; Observamos ainda que o curso do Banco Postal, já vinha sendo aplicado de forma tradicional, em sala de aula, e levava 40 horas por semana para ser concluído. Além da preparação do curso, houve a preocupação com as estratégias de transição do ensino presencial para o e-learning. Para tanto, foram propostos e montados laboratórios com acesso a Internet, chamados info-salas, para aplicação das primeiras turmas. As info-salas foram estruturadas em várias capitais brasileiras como São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus, Campo Grande, Fortaleza, Curitiba e outras. Todas possuíam de 10 a 15 microcomputadores conectados à Internet. Dentro da sala, ficariam apenas os alunos, e a comunicação com o tutor seria feita por ferramentas de comunicação síncronas e assíncronas, como chat, fórum, e-mail. Durante a execução do curso em sua primeira versão, que previa apenas conteúdo seqüencial, foi planejada a aplicação de um piloto para avaliarmos a receptividade do público em relação à forma de treinamento. Para tal, foi montada uma info-sala no prédio da Universidade Correios, localizada em Brasília, e foram escolhidos 10 atendentes de agência postal para a realização dos testes. E mais tarde outro piloto aplicado em Curitiba e Fortaleza. ]Concluídas as avaliações sobre este protótipo, analisamos as informações obtidas dos alunos. Os resultados foram: - É necessário um guia, ou material auxiliar após o treinamento; - É necessário que haja formulários e mais imagens ilustrativas, disponíveis para conhecimento; - Houve dificuldade na navegação durante o curso; - Os alunos gostaram da forma do treinamento, mas ficaram inseguros sem um professor próximo; - Os alunos ficaram constrangidos em escrever para o tutor, pois poderiam errar na digitação. Após a análise da avaliação pela equipe do projeto e pela ECT, fizemos alterações no conteúdo web. Produzimos ainda um manual explicativo, auxiliar no entendimento da navegação pelo curso, elaborado tanto para alunos quanto para tutores. As alterações efetuadas comprometeram significativamente o prazo de execução do projeto. Durante a fase de oferta do curso, iniciamos então a análise completa da primeira versão do projeto, na tentativa de identificar os motivos das falhas ocorridas, buscando saná-las em projetos futuros. Como resultado desta análise, identificamos que o projeto não foi executado a contento, devido à ausência de um processo sistemático durante o planejamento, controle e execução do mesmo. O escopo do projeto foi mal documentado, causando problemas quanto à profundidade e extensão do conteúdo a ser trabalhado. Novas tarefas eram incluídas durante o projeto, contribuindo para a sobrecarga da equipe e para a perda de qualidade do conteúdo produzido. 276 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Por não termos definido procedimentos durante a primeira versão do curso, ocorreram vários problemas na execução das tarefas. Exemplo: o roteiro, que é o ponto de partida para a produção de textos, imagens, entre outros, foi executado de forma inadequada, atrasando o projeto e aplicação do primeiro protótipo. Além disso, não havia definições que apoiassem a formalização do planejamento, como planos de comunicação e controle, entre outros. Partindo de tais resultados, entendemos que era imprescindível a aplicação de processos mais bem definidos, para suprimir as possíveis falhas durante a construção de um curso. Estruturamos então a metodologia apresentada e aplicamos na construção de uma parte do curso para treinamento dos atendentes do Banco Postal Para exemplificar a aplicação dos processos descritos, foi escolhida a primeira parte do curso, a “Abertura de Contas” do curso do Banco Postal, por ser uma célula bastante representativa do treinamento. Não pretendemos demonstrar todas as etapas para chegarmos ao produto final, o curso completo, mas sim alguns procedimentos que julgamos importantes, uma vez que partimos de um produto já definido e parcialmente planejado. Definimos como ponto de partida uma nova abordagem para o conteúdo utilizando as metodologias abordadas no aprendizado utilizando simulações. Durante estas, inserimos conceito de aprendizado a partir dos erros, modelos de especialistas e histórias e, ainda, a reutilização do material após o aprendizado. Além da mudança metodológica, do ponto de vista do aprendizado, reformulamos alguns processos do planejamento: foi efetuada a reconstrução da WBS, bem como o seqüenciamento das atividades, com base no modelo apresentado neste artigo, e, também, foram realizadas as estimativas de duração das principais atividades. Para o cálculo da duração das atividades utilizamos o instrumento 7 (vide tabela 2), proposto durante o plano do projeto. Com o material da versão anterior em mãos, para iniciarmos a execução do trabalho não foi necessária uma equipe completa para desenvolver as tarefas previstas na WBS. Após a divisão do trabalho definimos, em conjunto, as ferramentas que seriam utilizadas para a execução do projeto. A partir destas definições, reestruturamos o roteiro. Anteriormente o roteiro geral era dividido em disciplinas e já continha o texto final do conteúdo. Desta forma, levávamos muito tempo para dar início à execução dos objetos que compunham cada tela. Decidimos, então, optar por um roteiro do módulo separado por cenas, descrevendo, assim, forma a navegação a ser seguida, os objetos (Figuras 9, 10, 11, 12) a serem construídos e suas funções. O curso foi reestruturado para que o aluno vivenciasse situações reais de um atendimento bancário, aprendendo a partir de seus erros e acertos. É importante ressaltarmos que uma experiência que utilize simulações, não exclui a necessidade do acompanhamento de um tutor durante todo o treinamento. 277 Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning Figura 9 – Objetos interativos onde o aluno escolhe a partir do clique em um “cliente”, qual situação vivenciará. Figura 10 – Objetos interativos e reutilizáveis Figura 11 – Objetos interativos que fazem parte da rotina do aluno Figura 12 – Vídeos de ajuda ao aluno durante a realização da tarefa. Após o término, foram montados todos os objetos separadamente e em paralelo, reduzindo o tempo de execução das figuras e integração das cenas, figuras e os objetos de interação. Apresentamos abaixo uma cena do novo módulo (Figura 13) construído e do antigo módulo(Figura 14), onde as diferenças já podem ser percebidas a partir do projeto gráfico aplicado. Figura 13 – Módulo abertura de contas – nova versão 278 Figura 14 – Módulo abertura de contas – primeira versão Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 4. Conclusões Os resultados obtidos por meio desta aplicação parcial foram os seguintes: • Por meio da execução sistemática, conseguimos realizar as tarefas como foram propostas na WBS, incluindo o seu seqüenciamento. • Verificamos que as tarefas tiveram duração muito próxima às estimadas. Para esta cena do curso, observamos que a equipe conseguiu cumprir o que foi proposto no planejamento. Contudo, para a realização do curso completo, precisaríamos reformular o tamanho da equipe e tempo de execução do projeto. • Conseguimos, a partir da elaboração do roteiro e do story-board, identificar todos os objetos necessários à construção do curso. • Pudemos atender à necessidade de construção de simulações nas quais o aluno pudesse interagir com o curso. • Observamos que para algumas animações havia a necessidade de quadros intermediários, fazendo que os movimentos não ficassem tão rígidos. • A partir de objetos construídos, poderíamos reutilizar estes objetos para consultas posteriores, construindo uma rede de conhecimentos que não se resumem ao curso. • Observamos, a partir do execício do método proposto e pelo que foi exposto no corpo deste trabalho, que a utilização de métodos organizados, direcionados à produção de cursos, apresenta-se como alternativa viável ao atendimento da crescente demanda das organizações por projetos bem estruturados. Desta maneira, são solucionados problemas tão habituais como atraso, aumento do custo ou não atendimento do escopo. É importante ressaltarmos a utilização de prototipação rápida para a construção de cursos, pois esta aplicação vem colaborar com a diminuição de tempo de execução do projeto, pois possibilita a identificação e correção de erros já no início do projeto. Esta metodologia foi aplicada à reconstrução do curso para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, apresentando-se como uma alternativa viável, minimizando problemas como organização, atraso, aumento do custo, atendimento do escopo; facilitando a construção de outros cursos web que também utilizem recursos multimídia. Referências Cleland, David. (1997) Project management casebook. Philadelphia: Project Management Institute. Garrossini, Daniela Fávaro (2004) Proposta de metodologia para produção de conteúdo digital para cursos via web. 217f.. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica) – Faculdade de Tecnologia – Universidade de Brasília, Brasília. Project Management Institute. PMBOK – Project management body of knowledge. Belo Horizonte. Tradução livre do PMBOK edição 1996 – v. 1.0 disponibilizada pelo PMI/MG em maio de 2000 através da World Wide Web: <http://www.pmimg.org.br/pmbok.html> Acesso em: 7 set. 2001. 279 Metodologia de gerenciamento de projetos aplicado à produção de conteúdo digital para e-learning Howes, Norman R. Modern Project Management. New York: Amacom,2001. 262 p. Meredith, Jack R. & Mantel JR., Samuel J. Project Management: A managerial approach. New York: John Wiley and Sons, 1995. Silva, Marco. Um convite à interatividade e à complexidade: novas perspectivas comunicacionais para a sala de aula. In: GONÇALVES, Maria Alice Rezende (org.). Educação e cultura: pensando em cidadania. Rio de Janeiro : Quartet, 1999. Reigeluth, C.M. (Ed.) . Instructional-Design Theories and Models, Volume II: A New Paradigm of Instructional Theory. Mahwah, NJ: Lawrence Erlbaum Assoc. 1999 Rosenberg, Mark J. e-Learning: Estratégias para transmissão do conhecimento na era digital. São Paulo: Makron Books, 2002. Russell, Lou. Project Management for Trainers. Virginia (USA): ASTD, 2000. 280 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 281 Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior Eduardo Luís Cardoso 1, Pedro Pimenta 2 , Duarte da Costa Pereira 3 [email protected], [email protected], [email protected] 1 Universidade Católica Portuguesa – CRPorto-ESB, Rua Dr.António Bernardino de Almeida, 4200-072, Porto, Portugal 2 Universidade do Minho - Departamento de Sistemas de Informação, Campus de Azurém, 4800-058, Guimarães, Portugal 3 Universidade do Porto – Faculdade de Ciências, Rua do Campo Alegre, 4169-007, Porto, Portugal Às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) tem sido associado um enorme potencial de aplicação em educação suportando abordagens pedagógicas contemporâneas que não têm, no entanto, correspondência na realidade dos processos de ensino e aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior (IES). Neste contexto os ambientes de aprendizagem construtivista representam um abrangente modelo de referência para a concepção e o desenvolvimento dos processos de ensino e aprendizagem nas IES. As IES têm, responsabilidades acrescidas na resposta a um novo modelo de aprendizagem que pode ser potenciado por um papel para as TIC que vai para além de possibilitarem o acesso a conhecimento explícito, crescentemente representado em formato digital, e constituem ferramentas cognitivas que apoiam o aluno na interpretação, organização e construção de conhecimento. Este novo modelo de aprendizagem e estas novas formas de usar as tecnologias colocam desafios de mudança que propomos devem ser analisados numa perspectiva institucional. Palavras-chave: TIC; Ambientes de Aprendizagem; e-Learning Mudança; Ensino Superior. 1. A Educação Contemporânea A educação contemporânea pode ser compreendida como determinada por quatro elementos polarizadores, o indivíduo aprendiz que é o educado, a sociedade em nome da qual a educação se desenvolve, os conteúdos por intermédio dos quais 281 Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior a educação se realiza e a interacção entre estes três aspectos que concretiza o acto educativo (Figura 1). Estes pólos estão presentes, com diferentes importâncias relativas, nas várias teorias da educação e nas teorias do ensino e da aprendizagem associadas e são essenciais à análise, à reflexão e a propostas de mudança na área (Pereira, 2004). Conteúdos Interacção Indivíduo Sociedade Figura 1 – Pólos das teorias contemporâneas em educação (adaptado de Bertrand, 1998) Ao pólo Conteúdos estão associadas as teorias académicas, mais tradicionais no ensino superior, para as quais os conhecimentos a ensinar têm uma estrutura objectiva e independente do aluno ou da sociedade. Ao pólo Sociedade estão associadas teorias que definem como objectivo da educação a transformação da sociedade e a resolução de problemas sociais, culturais e ambientais. Ao pólo Indíviduo estão associadas teorias espirituais que valorizam aspectos do ser humano na sua relação transcendental com o universo ou teorias personalistas que valorizam aspectos da dinâmica interna da pessoa humana relacionada com as suas necessidades, aspirações e intenções. Ao pólo Interacção estão associadas, de acordo com influências dos outros três pólos, teorias psicocognitivas, tecnológicas e sociocognitivas, com objectivos didácticos e centrados nos processos de ensino e aprendizagem (Bertrand, 1998). As teorias psicocognitivas preocupam-se com o desenvolvimento dos processos cognitivos no aluno e em particular com os processos mentais associados à construção de conhecimento. As teorias sociocognitivas valorizam os factores e as interacções sociais e culturais no ensino e aprendizagem e no processo de construção de conhecimento. As teorias tecnológicas procuram com recurso a tecnologias apropriadas melhorar o ensino e a aprendizagem. Na interacção didáctica será relevante considerar a comunicação educativa (síncrona e assíncrona, presencial, a distância e multimédia), a mediação humana da aprendizagem e também a mediação tecnológica, nomeadamente através de ambientes de aprendizagem, os processos de ensino e aprendizagem que constituem 282 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico o acto educativo em sentido estrito e as organizações que os enquadram, como é o caso das Instituições de Ensino Superior (IES). Se cada um destes pólos encerra princípios inspiradores das teorias contemporâneas em educação, também os binómios Conteúdos-Indivíduo, Conteúdos-Sociedade e Indivíduo-Sociedade, representam domínios de conhecimento relevantes numa pedagogia para o ensino superior (Pereira, 2004). 1.1. Conteúdos-Indivíduo A relação Conteúdos-Indivíduo pode ser caracterizada de acordo com Pereira (2004) pelo conceito da psicologia cognitiva designado por cognição distribuída, que representa um mecanismo em que a agência dos processos cognitivos pode ser distribuída entre o indivíduo, outros actores do processo de aprendizagem, em particular docentes e alunos e os artefactos utilizados na produção de conhecimento, incluindo as tecnologias de informação e comunicação (TIC) (Giere, 2003). E, no sentido contrário, estes oferecem ao sujeito aprendiz um andaimamento cognitivo de suporte ao processo de aprendizagem. O andaimamento pode ser implementado para motivar os alunos, reduzir a complexidade de tarefas e estruturar o processo de ensino e aprendizagem, através do fornecimento de feed-back, de exemplos, do apoio e comunicação entre colegas e pela clarificação de papéis e de expectativas dos alunos, contribuindo para o processo de aprendizagem (McLoughlin & Marshall, 2000). 1.2. Conteúdos-Sociedade As explicações da relação Conteúdos-Sociedade podem ser inspiradas de acordo com Pereira (2004) no construtivismo social assente na tendência de evolução da ciência e tecnologia focada nos conteúdos para uma ciência e tecnologia focada nos contextos e sustentada socialmente, com reflexo na pedagogia associada à sua aprendizagem que inclui aspectos que podem ser potenciados pela tecnologia. A base metodológica desse construtivismo social é o postulado da simetria que não confere excessiva importância ao conhecimento iluminista científico mas considera, com igual peso, o conhecimento histórico. Ainda, segundo Pereira (2004), as exigências de uma crescente contextualização e socialização do conhecimento estão na origem das propostas de Gibbons et al. (1994) que defendem um novo modo de produção de conhecimento científico e tecnológico, designado Modo 2, caracterizado por se basear nas pessoas em rede, mais do que nas instituições, por considerar mais a multidisciplinaridade, a heterogeneidade de contributos e a transdisciplinaridade, por contemplar mais a relevância e a responsabilidade externas e por ser mais condicionado pelos utilizadores e pela sociedade que pelas fronteiras disciplinares e pelos contextos académicos e organizacionais característicos do modo convencional, designado Modo 1. O Modo 1, correspondendo à produção de conhecimento factual e sistemático, conhecimento codificado de todos os tipos, fundamentalmente na 283 Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior forma de escrita, impressa, mas também, e cada vez mais, na forma de filme, fotografia e todas as formas de memória digital. A principal característica apontada para este tipo de conhecimento é a sua tendência para crescer de forma continuada e fragmentada conduzindo a mais e mais especializações. No designado Modo 2 trata-se da produção de conhecimento implícito, tácito, orientado pelo contexto e não pelo assunto, originando conhecimento holístico, multidisciplinar, envolvendo bases de conhecimento heterogéneo. Neste modo de produção de conhecimento são valorizadas competências pessoais e de personalidade, competências intelectuais, profissionais e manuais. O conhecimento codificado tem tido um crescimento exponencial e uma enorme especialização de domínios, para além da sua difusão e utilização ser facilitada e a baixo custo, através do uso de TIC e da Internet em particular. Já o desenvolvimento de conhecimentos tácitos, de capacidades para aplicar conhecimento codificado exige processos contínuos de aprendizagem para suportar uma economia e uma sociedade baseada no conhecimento. Estas perspectivas suportam uma necessária mudança de paradigma de ensino e aprendizagem nas IES, de um ensino baseado nos conteúdos e dedicado à explicação, Modo 1, para uma aprendizagem baseada na aplicação contextualizada de conteúdos e dedicada à resolução de problemas, Modo 2, segundo Hills e Tedford (2003) e Hills (2003). 1.3. Sociedade-Indivíduo A transição para uma sociedade do conhecimento, pós-industrial, implica uma nova relação entre Sociedade e Indivíduo que, em termos de aprendizagem, acontece ao longo de toda a vida, devido à crescente importância da formação contínua necessária, pelo menos, para a actualização dos sistemas de codificação de conhecimento e valoriza competências transversais em detrimento de competências específicas de um dado domínio de conhecimento. A aprendizagem ao longo da vida pode ser muito potenciada pelo desenvolvimento e generalização das TIC que suportam, em particular, novos modelos de comunicação tendencialmente mais personalizada, global e interactiva e alargam a capacidade de conhecimento e de acção do homem. Com a relação entre o Indivíduo e a Sociedade caracterizada por ser sistémica e aberta, a aprendizagem dos indivíduos passa a ser determinante ao longo da vida na sociedade, bem como a aprendizagem organizacional continuada, indispensável a nível das organizações que se querem aprendentes e, portanto, também a nível das escolas e das IES (Senge et al., 2000; Duke, 1992). As IES, como organizações aprendentes, com o duplo sentido – organizações que simultaneamente aprendem e promovem a aprendizagem (Duke, 1992). Com aspectos individuais presentes nas disciplinas de mestria pessoal e modelos mentais, aspectos sociais presentes nas disciplinas de aprendizagem em equipa e visão partilhada, conduzindo à quinta disciplina, a visão sistémica aberta entre o indivíduo e a sociedade preconizada por Senge (1990). As aprendizagens necessárias para competir nesta sociedade do conhecimento são caracterizadas mais pelo desenvolvimento de competências 284 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico transversais, transferíveis entre actividades produtivas e menos pela aquisição de conteúdos. Competências transferíveis representando um conjunto de competências cognitivas e sociais de ordem elevada tais como a resolução de problemas, a colaboração e o trabalho em equipa, a flexibilidade e agilidade, a capacidade de adquirir recursos, o empreendorismo e em geral o saber aprender, como sistematizado por Haddad e Drexler (2002). A educação contemporânea apresenta-se, pois, com uma complexidade, em parte derivada da complexidade do mundo contemporâneo (Morin, 1990), da qual a diversidade de teorias associadas é um reflexo. De uma outra forma o relatório Delors para a Unesco condensa a relevância destes pólos na educação ao considerar que os novos objectivos para a aprendizagem ao longo de todo o processo educativo têm que incluir a aprendizagem de saberes ou de conhecimentos, a aprendizagem do saber fazer, a aprendizagem do saber ser, na sociedade e na relação com os outros e a aprendizagem do aprender continuamente e ao longo da vida (Delors et al., 1996), sendo que este aprender a aprender pode ser visto como essencial e transversal à educação na sociedade contemporânea. 2. As TIC no Ensino Superior Às tecnologias de informação e comunicação está associado um grande potencial de aplicação em educação e uma expectativa de incorporação nos sistemas educativos que contribua para estes responderem adequadamente aos desafios que lhes estão colocados pela sociedade. Em particular, o potencial das plataformas de e-learning (PeL) na construção de ambientes de ensino e aprendizagem distribuídos, de suporte aos cursos de ensino superior e, na sua generalização, ao nível da pré-graduação, constituem oportunidades de inovação e desenvolvimento para as instituições de ensino superior. Há um grande interesse na, por vezes designada, educação virtual, baseada na ideia da generalização de uma aplicação significativa de TIC nas actividades centrais à educação. No entanto, embora haja uma grande valorização, porventura exagerada do potencial das TIC em educação, o crescimento real da sua aplicação tem sido lento e as mudanças verificadas marginais (Bates, 2001b). Não obstante todas as possibilidades e todo o potencial de exploração, a sua utilização na prática lectiva está longe de ser generalizada nas IES (Collis & Pals, 2000). À data, a maior parte das IES tem reagido à mudança tecnológica no ensino e aprendizagem, de uma forma que pode ser descrita como oscilante (Garrison & Kanuka, 2004). Os exemplos existentes levam Harasim (2000) a considerar que a aprendizagem online deixou de ser periférica e tornou-se relevante na sociedade, embora com uma evolução limitada dos modelos organizacionais e pedagógicos subjacentes. “Houve um mar de mudança de atitudes, um nível enorme de investimento, grandes expectativas (em geral irrealistas), apesar do progresso limitado (muitas vezes glacial) das mudanças institucionais e pedagógicas” 285 Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior (Harasim, 2000, p. 59). Paulsen (2003a) considera, que em termos da oferta educativa global, muitas IES estão a implementar serviços educacionais online, o que considera ser uma ilustração de que a megatendência actual na educação online é a transição de uma escala experimental para operações em larga escala. Embora, também, considere que poucas IES podem apresentar exemplos de sucesso económico e que muita da educação online oferecida tem sido transitória, sem sucesso e longe de ser sustentada. É, em geral, aceite que o maior potencial para o e-learning é no desenvolvimento de uma educação e formação contínua, ao longo da vida e interligada com o desenvolvimento pessoal e profissional dos indivíduos (Ryan, 2001). Mas um dos maiores impactos das TIC poderá acontecer no ensino tradicional, com as tecnologias a suportar um modelo combinado de ensino e aprendizagem com componentes presenciais e a distância. As TIC no apoio ao aluno têm associada a promessa de acesso aos recursos significativos disponíveis no campus de uma IES (Ryan, 2001). Muitas IES tradicionais estão, de facto, no processo de integração de tecnologias avançadas nos seus métodos regulares de ensino on-campus (Bonk, 2001; AFT, 2001). A convergência entre educação presencial e e-learning é mesmo identificada como a maior tendência, não reconhecida, no ensino superior (Garrison & Kanuka, 2004). Por outro lado, a rápida generalização de soluções tecnológicas podem impedir a implementação de boas práticas pedagógicas, pois a utilização destas tecnologias de informação e comunicação não implica, necessariamente, a adopção das melhores aproximações ao processo de ensino e aprendizagem (Chaloupka & Koppi, 1999). Um levantamento realizado pela associação Educause, em 1999, indicava que apenas 3 % dos sites com fins educacionais propunha algum tipo de interactividade que suportasse actividades ou alguma forma de participação em objectivos pedagógicos. Os sites analisados foram considerados essencialmente passivos, apenas repositórios de informação (Katz & Rudy, 1999). A maior parte dos docentes usa email para comunicar com os seus alunos e cerca de um terço das disciplinas usam recursos na Web ou têm uma página da disciplina na Web (CCP, 2000). Mas a mera colocação de materiais na Web pode não conduzir à utilização pelos alunos e a uma melhoria na sua aprendizagem e compreensão (Bonk et al., 1999). A exploração do potencial dos ambientes de ensino distribuído nas disciplinas dos cursos de ensino superior envolve a necessidade de adaptação e mudança dos métodos de ensino, um processo de inovação que implica um «enriquecimento pedagógico» ou uma «reengenharia pedagógica» das disciplinas (Collis, 1997). De outra forma, a utilização da tecnologia associada a métodos escolares mais tradicionais, pode representar simplesmente um acrescentar de custos ao sistema actual (Bates, 2001b). E, no entanto, “olhando para a história da educação […] apesar das capacidades das tecnologias de informação e comunicação, o que é comum encontrar na oferta educativa são os mesmos métodos tradicionais de ensino baseados em métodos expositivos” (Miller, 2000, p. 8). 286 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 3. Ambientes de aprendizagem Ambientes de aprendizagem podem ser implementados de forma produtiva baseados em plataformas de e-learning, incorporando uma diversidade de ferramentas cognitivas e suportando, com várias dimensões de flexibilidade, processos distribuídos de ensino e aprendizagem que permitem perspectivar novas formas de funcionamento para a IES. O princípio da aprendizagem colaborativa na concepção dos ambientes de ensino distribuído poderá ser o mais importante conceito elementar a enformar a aprendizagem online em rede, tirando partido de todo o potencial das TIC (Harasim, 2000). Os ambientes de aprendizagem baseados em tecnologias e integrando aproximações construtivistas aos processos de ensino e aprendizagem, são considerados particularmente adequados para o ensino superior onde o objectivo é a aquisição de conhecimento avançado, em particular nas fases intermédias e finais dos programas de pré-graduação, como defendido por Jonassen et al. (1993) num “Manifesto para uma aproximação construtivista ao uso de tecnologia no ensino superior”. Jonassen (1997) sistematiza as qualidades que o processo de ensino e aprendizagem deve possuir de forma a fomentar uma aprendizagem significante (meaningful) e que, portanto, podem fornecer orientações para a prática pedagógica no ensino superior e para a concepção de ambientes de aprendizagem. O processo de ensino e aprendizagerm deve possuir as seguintes qualidades que se interligam: - Colaborativo Criando condições e estimulando, contribuições, naturalmente diferenciadas, de cada membro da comunidade em aprendizagem de forma observável e partilhada, constituindo contributos eficazes para as aprendizagens a nível individual. Trata-se de facilitar a exploração de capacidades entre os alunos como uma forma natural de aprender em comunidade de aprendizagem e de construção de conhecimento. - Conversacional Promovendo e facilitando um processo social e dialógico de construção de sentido e de conhecimento, promovendo a participação dos alunos numa comunidade de construção de conhecimento e o desenvolvimento de múltiplas perspectivas sobre a realidade e de múltiplas soluções para a resolução de tarefas e problemas. - Reflexivo Promovendo a auto-avaliação, a confrontação com os resultados dos membros da comunidade e a articulação com as decisões tomadas e as estratégias seguidas, conduzindo a uma melhor compreensão da realidade estudada e tornando o que se aprende mais adaptável a outras situações. - Contextualizado Situando as actividades de aprendizagem a desenvolver em relação a tarefas reais ou simuladas com base em casos, problemas ou questões e proporcionar uma aprendizagem melhorada e mais transferível para outras 287 Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior situações. Contextos úteis e diversos oferecem a base para os alunos praticarem o desenvolvimento de conhecimento e de competências relevantes no mundo real. - Complexo Confrontando os alunos com a natureza complexa e pouco estruturada de problemas reais, de forma a evitar o desenvolvimento de visões simplistas da realidade e proporcionando uma compreensão de múltiplas perspectivas sobre os problemas e soluções no mundo real. - Intencional Articulando os objectivos dos alunos com o processo de aprendizagem, contribuindo para um comprometimento activo e intencional dos alunos no cumprimento de objectivos cognitivos. O processo deve explicitar, clarificar e articular finalidades para as tarefas, actividades e em geral para todo o processo de aprendizagem em que participam os alunos. - Activo e Manipulativo Envolvendo os alunos em processos mentais de processamento de informação, de cujo resultado são responsáveis e que incluem a possibilidade de construir um produto, de tomar decisões, de modificar parâmetros e de utilizar ferramentas que de alguma forma simulem experiências do mundo real. - Construtivo Confrontando os alunos com experiências de aprendizagem, apoiados pelos docentes e/ou pelo grupo em aprendizagem, que lhes exijam a construção de conhecimento, integrando novas ideias em conhecimento anterior (considerando e valorizando a experiência prévia), acrescentando sentido e desenvolvendo representações mais complexas da realidade. A concepção de ambientes de ensino e aprendizagem pode ser inspirada e concretizada tendo por base referências conceptuais que determinem os seus requisitos no quadro da educação contemporânea. Uma proposta abrangente e detalhada que constitui um importante referencial teórico para a concepção de ambientes de ensino e aprendizagem distribuídos são os ambientes construtivistas de aprendizagem – ACA (ou constructive learning enviroments - CLE) (Jonassen, 1997). Os ACA são baseados em princípios construtivistas da aprendizagem que contrastam com princípios comportamentalistas e objectivistas que pressupõem que o conhecimento relevante pode ser embebido no processo de ensino e transferido para o aluno em qualquer contexto (Jonassen & Rohrer-Murphy, 1999). Os ACA podem ser definidos como sendo ambientes que proporcionam uma intervenção do sujeito em aprendizagem em processos envolvendo uma interacção com outros actores do processo de aprendizagem, docentes, alunos ou outros actores, e, através do desenvolvimento de actividades e da interacção com conteúdos num contexto credível e partilhável, os ACA são orientados à actividade como geradora de aprendizagens (Jonassen & Rohrer-Murphy, 1999). 288 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Os ambientes de aprendizagem devem, de acordo com este referencial, suportar processos de aprendizagem com as qualidades, já apresentadas, de serem colaborativos, conversacionais, reflexivos, contextualizados, complexos, intencionais, activos e manipulativos e construtivos. Os ACA devem integrar componentes, estruturar actividades e disponibilizar ferramentas de apoio ao processo de aprendizagem. Devem proporcionar experiências de aprendizagem baseadas em problemas ou projectos e para tal serem constituídos pelos seguintes componentes: - Contexto - Representação / Simulação - Espaço de Manipulação As principais actividades instrucionais associadas a estes ambientes são a modelagem (modelling), o treino (coaching), o andaimamento (scaffolding) e a autonomização (fadying). A modelagem tem como principal função mostrar ao aluno como conseguir praticar as actividades necessárias para levar a cabo uma tarefa ou objectivo. A ideia é ajudá-lo a articular o raciocínio com as tomadas de decisão envolvidas em cada passo do processo. O treino tem como principal função intervir nos pontos críticos da instrução para fornecer ao aluno encorajamento, diagnóstico, direcção e feedback. Varia entre a simplicidade do fornecimento apropriado de sugestões pré-programadas e a complexidade de proporcionar aos indivíduos ferramentas para a análise da sua actividade e ajuda na sua orientação. O andaimamento tem como principal função ajudar o aluno ao nível do seu desempenho em tarefas. O andaimamento tem que tomar em conta os aspectos sistémicos que podem afectar o desempenho e focar-se na tarefa, no ambiente, no docente e principalmente no aluno. A autonomização tem como principal função assegurar que o ambiente de aprendizagem proporciona, a prazo, aos alunos, um desempenho autónomo. As principais ferramentas de construção de conhecimento associadas aos ACA são: - Ferramentas de representação do problema - Ferramentas de modelagem estática ou dinâmica - Ferramentas de suporte do desempenho - Ferramentas de recolha de informação - Ferramentas de conversação e colaboração Os ambientes de aprendizagem podem oferecer condições para o processo de ensino e aprendizagem ocorrer num contexto social através de colaboração, negociação, debate, avaliação, interacção e mentoring. A colaboração, em particular, ajuda os alunos a validarem as experiências de aprendizagem e exige um nível de articulação que promove uma construção colectiva de conhecimento e uma compreensão aprofundada do que está a ser estudado (Grabinger & Dunlap, 2000). A implementação de programas educacionais baseados nos princípios do ensino e da aprendizagem distribuída é pressuposta basear-se em ambientes 289 Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior tecnológicos em rede, nomeadamente na Internet, mas compreender, no entanto, outras situações, dispositivos e meios de suporte. A relevância de um ambiente online não deve ser redutora da concepção pedagógica embora “um dos mais óbvios equívocos sobre cursos online é a que eles devem acontecer em frente a um computador” (Paulsen, 2003b, p. 4). 4. Novo modelo de aprendizagem Sendo a organização do ensino superior e as IES, portadoras de uma concepção essencialmente mecanicista dos sistemas de ensino, com origens na sociedade industrial e nas perspectivas de base tayloristas da organização da produção, estamos actualmente num quadro de reconhecimento e valorização de outras concepções do processo de ensino e aprendizagem em que a metáfora representativa é a rede e em que, em oposição à tradicional ênfase na transmissão, na memorização, nos conteúdos e numa aprendizagem isolada, se contrapõe uma aprendizagem construída, situada num contexto, em interacção e em comunidade (Hills & Tedford, 2003). Estamos, pois, num quadro de mudança de paradigma e de referências, com implicações na organização do sistema de ensino e na prática dos processos de ensino e aprendizagem, também extensíveis ao subsistema de ensino superior. Transpondo os conceitos de Modo 1 e Modo 2 de produção de conhecimento propostos (Gibbons et al., 1994), para o ensino e aprendizagem, Hills e Tedford (2003) argumentam que as TIC e a Internet, em particular, oferecem crescentes capacidades de representar conhecimento explícito, Modo 1 e de facilitar e massificar a sua disponibilização, potenciando a necessidade de uma transição de paradigma de ensino e aprendizagem para o Modo 2, mais dependente da intervenção dos docentes, com aproximações pedagógicas adequadas como sejam a aprendizagem por casos, pela resolução de problemas ou por projectos. Embora não questionando a importância e o valor da aprendizagem Modo 1, o Modo 2 é defendido como a base para uma proposta de mudança de paradigma de ensino e aprendizagem no ensino superior (Hills & Tedford, 2003). As características apresentadas para este novo paradigma estão sistematizadas na Figura 2. 290 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figura 2 – Evolução de paradigma para a aprendizagem no ensino superior, do tradicional, modo 1, para o novo, modo 2 (Hills & Tedford, 2003) As tecnologias educativas são também defendidas como podendo suportar, de forma mais efectiva, a construção de conhecimento no ensino superior e a promoção de aprendizagens relevantes, com sentido, se utilizadas como ferramentas cognitivas de amplificação das capacidades mentais, apoiando a interpretação e a organização do conhecimento pessoal do aluno e não, como tradicionalmente acontece, apenas como meios de envio de informação, como comunicadores de conhecimento ou tutores de alunos (Jonassen et al., 1998; Jonassen, 1994). Estas ferramentas cognitivas com as quais o aluno aprende (e não a partir das quais aprende) são, pois, aplicações de TIC que, quando usadas pelos alunos para representar o que eles conhecem, envolvem os alunos necessariamente em pensamento crítico e reflexivo sobre os conteúdos em estudo. Constituem-se como soluções de andaimamento cognitivo que suportam diferentes formas de raciocínio sobre os conteúdos e exigem que os alunos pensem sobre o que conhecem de diferentes formas relevantes. Podem ser consideradas várias classes de aplicações que podem ser utilizadas como ferramentas cognitivas e suportar aproximações pedagógicas, incluindo: ferramentas para organização semântica, como bases de 291 Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior dados e mapas de conceitos; ferramentas de modelação dinâmica, como folhas de cálculo, sistemas periciais e ambientes de modelação de sistemas; ferramentas de interpretação de informação; ferramentas de construção de conhecimento, como sistemas hipermedia, hipertexto e de gestão de conhecimento; e ferramentas de conversação e colaboração, síncronas e assíncronas. A necessidade de um novo modelo de referência para os processos de ensino e aprendizagem é sistematicamente associado à utilização de TIC em educação que deve ser acompanhada do repensar e redesenhar desses processos (Garrison & Kanuka, 2004; Collis & Nijhuis, 2000; Brown, 1998). A mudança de paradigma necessária é, muitas vezes, apresentada como a mudança para uma abordagem colaborativa no processo de ensino e aprendizagem, também designada como aprendizagem colaborativa em rede ou simplesmente aprendizagem em rede (Harasim, 2000). Jonassen (1994) argumenta, com razões empíricas e filosóficas, que o melhor uso das TIC em educação será não como mediadoras do processo de ensino e aprendizagem, transportando a informação e o conhecimento, mas antes como ferramentas cognitivas com as quais o aluno aprende. 5. Desafios e Oportunidades A utilização de TIC no ensino superior tem sido caracterizada pelo facto das aplicações serem mais conduzidas pela tecnologia que pelos utilizadores, aplicações que têm suportado fundamentalmente as abordagens académicas tradicionais (Dirr, 1999). O que ilustra bem as dificuldades das IES em aproveitar todo o potencial das tecnologias e dos recursos disponíveis quer para alunos quer para docentes. Em Portugal, a nível da formação inicial de professores, em que o uso de novas tecnologias e metodologias devia ser particularmente pertinente, são também identificados níveis ainda reduzidos de incorporação das TIC. “As TIC desempenham um papel real, embora ainda modesto, nos cursos de formação inicial de professores em Portugal” (Ponte & Serrazina, 1998, p. 46). Num estudo mais recente, realizado por Matos (2004), também relativo à utilização de TIC na formação inicial de professores em Portugal, conclui-se que apesar da presença das TIC nos currículos, quer, de modo explícito, em disciplinas dedicadas, quer, de modo implícito, em disciplinas que utilizam as TIC de forma intensa ou reflectem sobre o seu uso em educação, continua a registar-se um défice de integração real das TIC em muitas das disciplinas dos cursos de pré-graduação nos currículos de formação. Os rápidos desenvolvimentos tecnológicos criam dificuldades às IES em responder às oportunidades e desafios que lhes são colocadas. As TIC, como a Internet ou as comunicações sem fios, tiveram em vários sectores de actividade um papel de ruptura, no sentido que provocaram alterações radicais nas formas de funcionamento das organizações envolvidas e dos próprios sectores. Estas mesmas 292 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico tecnologias têm o potencial de provocar mudanças similares no sector da educação (Bates, 2001b). A compreensão dos processos de inovação associados às TIC pode ajudar a promover este tipo de mudanças, contribuindo para a necessidade de diferenciar o sistema educativo nacional como forma de evolução e desenvolvimento (Carneiro, 2000). A nível nacional é ainda referenciada a necessidade de estudos sobre o ensino superior que perspectivem uma reorganização do sistema, contemplando os desafios da sociedade do conhecimento, já que as IES precisam de redefinir a sua missão e funções (Simão, 2003). Na perspectiva de que as IES têm um papel central a desempenhar no desenvolvimento de uma sociedade baseada no conhecimento, a exacta natureza desse papel e as consequentes necessidades de adaptação não são, no entanto, suficientemente claras (Amaral & Maassen, 2002). A mudança nos processos de ensino e aprendizagem nas IES adquire particular actualidade com o desenvolvimento do processo de Bolonha (CME EECM?) No estudo da adopção de PeL nas IES, a consideração do papel institucional (Figura 3) deverá ser particularmente determinante quando está em causa a adopção de sistemas que permitem o desenvolvimento de ambientes ensino e aprendizagem que podem ser adequados para suportar qualquer tipo de disciplina, cuja exploração é melhorada quando integrados com outros sistemas como os de gestão académica, que implicam, em geral, uma exigente gestão de tecnologia e serviços de suporte adequados, que requerem uma articulação entre diferentes serviços das IES e que produzem resultados muito dependentes do tipo e nível de utilização pelos docentes. Por outro lado, neste quadro de mudança tecnológica que envolve a adopção de sistemas altamente configuráveis pelos docentes para atingir aplicações finais, num ambiente organizacional complexo, com múltiplos contextos disciplinares de exploração, e em que a mudança significa a redefinição de actividades centrais à organização, o ensino a nível das licenciaturas, parece pertinente compreender o papel institucional como necessariamente condicionante das mudanças pedagógicas desejáveis e do sucesso do processo de inovação. 293 Novas Tecnologias para uma Nova Aprendizagem nas Instituições de Ensino Superior Figura 3 – Modelo do processo de mudança associado à adopção de Ambientes de Aprendizagem nas IES (adaptado de Orlikowski, 1993) A adopção e utilização de tecnologias de informação nos locais de trabalho mantêm-se como uma preocupação central da investigação e prática em sistemas de informação (Venkatesh & Davis, 2000). Os desenvolvimentos nas capacidades do equipamento e das aplicações têm sido significativos mas, mesmo quando adoptados, prevalece o problema da subutilização dos sistemas instalados. A compreensão e a criação das condições sob as quais os sistemas de informação são incorporados pelas organizações humanas constitui, ainda de acordo com estes autores, um domínio de investigação prioritário. 6. Referências Bibliográficas AFT. (2001). A Virtual Revolution: Trends in the Expansion of Distance Education. American Federation of Teachers, Washington DC. Amaral, A. & Maassen, P. (2002). Preface. In Amaral, A., Glen J. e Karseth B., (Eds.), Governing Higher Education: National Perspectives on Institutional Governance. Kluwer Academic Publishers. Bates, A. (2001b). The Continuing Evolution of ICT Capacity: The Implications for Education. In Farrel, G. (Ed.), The Changing Faces of Virtual Education. The Commonwealth of Learning. Vancouver, pp. 29-46. Bertrand, Y. (1998). 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Mamede1, Vitor Santos2 [email protected], [email protected] 1 Universidade Aberta, Lisboa, Portugal 2 Microsoft, Lisboa, Portugal Resumo: A capacidade de inovar é um factor decisivo na concorrência entre empresas. Por esta razão o estudo e concepção de sistemas que ajudem ao nascimento de novas ideias, produtos e soluções tem crescente importância. Uma via potencialmente atractiva é a de construir sistemas de informação inspirados em técnicas de criatividades existentes e de utilidade comprovada. Neste artigo, os autores apresentam uma proposta de arquitectura para um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade “whiteboard” Palavras-chave: Inovação, Sistemas de Informação, Pensamento Criativo, Arquitectura Introdução Existe uma grande variedade de técnicas de criatividade que ajudam ao pensamento criativo e uma vasta panóplia de ferramentas de suporte a algumas dessas técnicas [1] [2] [6]. Todas as técnicas de criatividade têm pontos fortes e pontos fracos e são mais ou menos úteis conforme o problema concreto. Considerando que a capacidade de inovar é cada vez mais um factor decisivo na competição empresarial e, até, pessoal, o estudo e concepção de sistemas que ajudem à criação e inovação têm crescente importância [3]. Neste contexto, a hipótese de recorrer à capacidade dos sistemas informáticos, baseados em técnicas de criatividade conhecidas ou em adaptações das mesmas, para ajudar a produzir novas combinações, dar respostas inesperadas, originais, 297 Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade “whiteboard” úteis e satisfatórios, dirigidas a uma determinado contexto apresenta-se como algo de extremamente desafiante. Neste artigo, retomamos o conceito de “Sistema de Informação Criativo”, mostrando que à arquitectura genérica podem ser aplicadas outras técnicas de criatividade [4]. Desta forma, neste artigo apresentamos uma proposta de arquitectura concreta para um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade denominada por whiteboard [5]. O Sistema de Informação criativo Entende-se por “Sistema de Informação Criativo” (SIC) um sistema informático que, perante um problema concreto, num dado contexto e aplicando uma técnica de criatividade adequada, gera automaticamente um conjunto de respostas, para solução desse problema, potencialmente inovadoras [4]. Este tipo de sistemas de informação propostos não cobrem todo o ciclo de desenvolvimento do processo criativo, mas permitem a automatização de toda a parte de aplicação directa das técnicas de criatividade, com maior ou menor grau de sofisticação. Num sistema medianamente sofisticado a parte final será realizada por um utilizador humano, pois carecerá de uma análise que permita determinar, de entre as soluções geradas, aquelas que efectivamente podem ser utilizadas como soluções para o problema ou possam constituir-se mesmo como novas oportunidades. Em sistemas mais sofisticados a intervenção humana na análise das respostas poderá ser progressivamente substituida por processo automáticos. 298 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Definição e Input Problema e Contexto Motor de Aplicação de Técnica Criativa Geração de Respostas Output Soluções ou Respostas para Análise Figura 1 – Esquema genérico de um SIC Assim, para poder funcionar, um tal sistema de informação tem de receber como ponto de partida os inputs mínimos necessários, nomeadamente a especificação do problema, o contexto e as restrições às soluções geradas. As respostas são geradas com recurso a uma ou mais técnicas de criatividade ou pela combinação das mesmas adaptadas de forma a poderem ser implementadas através de aplicações informáticas, com maior ou menor grau de sofisticação. Em princípio, todas as técnicas de criatividade conhecidas podem ser implementadas com maior ou menor dificuldade de adaptação, sem condicionantes. As respostas ou soluções geradas pelo sistema podem ser propostas de solução directas ou indirectas. Entendemos por solução directa aquela que possui uma aplicabilidade imediata na resolução do problema. Entendemos por solução indirecta aquela que não pode ser imediatamente aplicada mas que tem potencial para conduzir ao aparecimento de uma solução directa. O grau de sofisticação do sistema pode ser medido pelo tipo de resposta que fornece ser mais ou menos directo. 299 Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade “whiteboard” Uma arquitectura de um SIC baseado na técnica whiteboard A arquitectura para um sistema de informação criativo que propomos neste artigo baseia-se na técnica whiteboard [5] Esta técnica, muito simples, tem por base um processo de associação de palavras, num determinado contexto, para a geração de questões que conduzam a novas ideias. A forma de realizar este processo consiste em reunir um grupo de pessoas que entendem o contexto e que escrevem palavras em pequenos papéis que afixam num quadro, todos em simultâneo. Após todos terem terminado, o quadro conterá imensas palavras relacionadas com o contexto. Estas podem depois ser agrupadas, formando frases com 2 ou mais palavras, até que algumas possuam algum sentido, sendo potencialmente ideias novas ou questões que despoletem novas ideias. A implementação que propomos para esta técnica desenvolve-se em três passos, como se referem: Passo 1 – escolher várias palavras de forma aleatória Passo 2 – forçar ligações entre as palavras obtidas Passo 3 – listar as ideias obtidas e analisá-las. A estratégia de construção de um SIC baseado nesta técnica passa pela concepção de um sistema automático, auxiliado por um certo número de ferramentas, capaz gerar um conjunto de frases que, depois de analisadas por um utilizador, possam conduzir à criação de uma nova ideia. Muitas das frases obtidas serão descartáveis simplesmente por não terem sentido. Estarão sintacticamente correctas, mas carecem de significado, pelo que a intervenção do utilizador humano é, aqui, fundamental. Para que tal venha a ser possível, é fornecido ao sistema um contexto, pelo utilizador. Este contexto será depois utilizado mais tarde, na fase de composição final das frases, na tentativa de gerar uma nova ideia baseada no contexto do utilizador. Simultaneamente, é gerado um conjunto de palavras de forma perfeitamente aleatória, mas tomando por base o contexto fornecido. O conjunto gerado pode ter uma cardinalidade maior ou menor, sabendo-se à partida que quantos mais elementos existirem no conjunto, maior será a hipótese de serem geradas ideias que poderão ser aproveitadas. 300 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figura 2 – Arquitectura global de um sistema de informação criativo baseado em whiteboard Uma vez na posse de todos estes elementos, o sistema está em condições de poder passar à geração das frases que terão, também elas, uma estrutura predeterminada. São, então, constituídas pelo contexto, e combinações com palavras de entre as que foram determinadas. As frases irão sendo geradas e apresentadas ao utilizador para análise, estimando-se que apenas uma muito pequena percentagem das mesmas possa ter algum significado para o mesmo. No entanto, essas serão fruto de combinações exclusivamente aleatórias, sem qualquer base em outras ideias previamente existentes e que condicionem a geração. Para a implementação desta arquitectura, torna-se assim possível determinar quais os elementos que terão de constituir o cerne do nosso sistema de informação criativo. Iremos necessitar de um gerador aleatório de palavras, de um elemento capaz de determinar características dos objectos e um módulo com capacidade de combinar todos esses elementos com as palavras-chave que descrevem o contexto, gerando as frases. 301 Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade “whiteboard” Os elementos que constituem a arquitectura proposta neste documento estão representados na figura 2. O elemento central do sistema é um módulo capaz de combinar os objectos e suas características com as palavras que descrevem o contexto em que se pretende a geração de novas ideias e um verbo, dando assim origem a uma frase que propõe uma nova ideia, ou não. Para a determinação das características a utilizar, o sistema efectua a geração de objectos, baseado num dicionário. Para cada um desses objectos, são depois determinadas características dos mesmos, tendo por base um dicionário que pesquisa na Internet e armazena para posterior referência, as referidas características. Figura 3 – Arquitectura detalhada de um sistema de informação criativo Estas são transferidas para o combinador que as conjuga com as palavraschave que descrevem o contexto do utilizador e com um verbo, que é obtido, por 302 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico sua vez, num dicionário próprio. Com a capacidade de combinar estes elementos, é gerado um conjunto de frases que são depois analisadas pelo utilizador, sendo que recolherá aquelas que sejam capazes de representar efectivamente uma nova ideia ou proposta e descartará todas as restantes. Conclusão e Trabalho Futuro Já tinha sido referido que é possível utilizar um sistema de informação que suporte as funções mais automáticas do processo criativo, implementando diferentes técnicas ligadas ao mesmo. Neste artigo demonstrámos que é possível essa implementação, com a aplicação de uma técnica de criatividade denominada por whiteboard. Outras técnicas concretas poderão ser aplicadas, reforçando a demonstração prática da aplicabilidade deste tipo de sistema de informação. Apontamos a construção efectiva de um sistema que implemente a arquitectura agora proposta como trabalho a desenvolver no futuro Coloca-se também a possibilidade do desenvolvimento de novos sistemas de informação criativos com base em novas ideias que possam surgir com esta proposta. Referências [1] Lista de técnicas http://www.mycoted.com/creativity/techniques/ de criatividade, [2] Técnicas de pensamento criativo e pensamento lateral, http://www.brainstorming.co.uk/tutorials/creativethinkingcontents.html [3] Bennetti, P. (1999). O Uso de Técnicas do Pensamento Criativo Facilita a Participação e o Comprometimento do Corpo Gerencial de uma Empresa com o Planejamento Estratégico. Tese de Mestrado em Criatividade Aplicada Total, Universidade de Santiago de Compostela. [4] Mamede, H. S., Santos, V. (2005). Uma Arquitectura para um Sistema de Informação Criativo. 6ª Conferência da Associação Portuguesa de Sistemas de Informação, Bragança, Portugal [6] [5] Clegg, B., Birch, P. (1999). Instant Creativity. Kogan Page, London, UK Técnicas para pensamento criativo, http://members.optusnet.com.au/~charles57/Creative/Techniques/ 303 Um Sistema de Informação Criativo baseado na técnica de criatividade “whiteboard” 304 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 305 La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas Maria do Rosário Alves de Almeida [email protected] Universidade Aberta, Lisboa Resumen: Se destaca la importancia determinante de la Formación a Distancia (FaD) para las empresas y para los trabajadores en el contexto actual de internacionalización del mercado de trabajo y de fuerte agresividad del mercado global. Se han sintetizado algunos datos estadísticos recopilados de un trabajo de investigación desarrollado y destinado a conocer la realidad y el impacto de las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TICs) en las organizaciones portuguesas, principalmente en lo que concierne a FaD. Se ha verificado también que las expectativas para la adopción de FaD por las organizaciones portuguesas son muy bajas. Palabras-clave: Formación a Distancia; Tecnologías de la Información y la Comunicación; Recursos Humanos. 1. Introducción La globalización de la economía y el rápido avance de las Tecnologías de la Información y la Comunicación (TICs) han modificado y exigido más y mejores competencias y capacidades de la fuerza de trabajo, centrando la atención en la mejora de la formación a través de la implementación de programas y contenidos innovadores. El desarrollo y consecución de esos programas ha comportado y creado ventajas añadidas, tanto a los trabajadores de las empresas, que adquieren potencialidades profesionales para enfrentar las fluctuaciones del mercado de trabajo, como a las empresas, que generan ventajas competitivas en el agresivo mercado global donde se incluyen. El conocimiento es factor determinante de ventaja competitiva para las empresas, desempeña un papel creciente en la creación de valor y de riqueza (Stewart, 1998). En esta perspectiva, reviste primordial importancia proceder a una buena gestión del capital intelectual, a través de la optimización de la inversión en capital humano y racionalización de los costes. 305 La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas Invertir en capital humano significa equipar a las empresas con talentos, capacidades, conocimientos e ideas que se pueden obtener por la vía del reclutamiento externo y fundamentalmente por el activo intangible “formación continua”, adecuada a la empresa e impartida a los trabajadores, los cuales se convertirán en valiosos stocks de conocimiento. 2. La Importancia de la Formación a Distancia En todo el mundo se están verificando cambios significativos en el mercado de trabajo, con fuertes implicaciones para todos los participantes. Particularmente las empresas cada vez exigen más de la formación de sus trabajadores y tienden a atribuir importancia decisiva al conocimiento. Tofler (1980) considera el conocimiento definido en sentido lato (incluyendo la información, símbolos, datos, cultura, ideología, valores) como el recurso central de la Tercera Era. Por su lado, Kearmally (1999) considera como nuevos recursos económicos y factores de producción no sólo el conocimiento sino también las “competencias centrales” de cada área de negocio y los propios clientes. Este contexto cambiante presupone transformaciones significativas en las formas de estar y de enfrentar el mercado global en el que trabajadores y empresas están incluidos. Son múltiples y diferenciadas las variables que están influyendo en el desarrollo de la Formación a Distancia (FaD). Podremos destacar variables de características eminentemente tecnológicas, económicas, sociales y también preocupaciones de carácter pedagógico. Las variables tecnológicas están transformando de manera decisiva los caminos de la FaD, mediante la utilización de las nuevas tecnologías de la información, de las comunicaciones y de la informática. La FaD, a través de las TICs, articula el desafío de relanzar nuevos canales y oportunidades de formación y aprendizaje, individualizado o no, desde la edad escolar y durante todo el ciclo vital del individuo. Desde un punto de vista económico, el conocimiento se considera cada vez más como un factor de producción. De esta manera, a los tres factores tradicionales de producción (tierra, mano de obra y capital) habría que añadir un cuarto, que es el conocimiento. Este aspecto presupone que la importancia del conocimiento continuará creciendo y que tener acceso a fuentes de información determinará el grado de competitividad, la riqueza de las naciones, de las empresas y de los individuos (Moore, 2001). En el contexto altamente competitivo del mercado, urge que la FaD se adapte a todos los parámetros de naturaleza cultural, económica, financiera y social que caracterizan el medio envolvente, teniendo en cuenta las interligaciones al mundo global. La escuela tradicional también se va adaptando, utiliza cada vez más las TICs y camina, paralelamente, hacia el desarrollo de áreas de FaD para cumplir los objetivos de proveer a la sociedad, principalmente al mundo empresarial, el capital 306 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico humano adecuado y competente en la lógica del saber hacer y de enseñar a comprender (Stone, 2001). Reflexionando en términos de mercado, podremos mencionar cuatro públicosobjetivo con mayor probabilidad de adhesión a la FaD: • Los individuos, con cualquier nivel de enseñanza, que deseen complementar sus estudios tradicionales con cursos que mejoren su preparación al mercado de trabajo; • Los trabajadores de las empresas que deseen individualmente progresar en sus carreras; • Los cuadros directivos, no sólo para asegurar el puesto de trabajo sino también para tener mayor flexibilidad en la rotación profesional interna y externa; • En el ámbito empresarial, considerando la formación enfocada al cliente, el target puede ser los trabajadores, los clientes y los propios proveedores. Se añade también que, en el momento actual, en que la escasez de tiempo y la minimización de los costes son preocupaciones dominantes de los gestores, la vía más rápida y menos dispendiosa para conseguir mejores resultados formativos podrá ser la FaD, materializada en el mundo conectado a ciberespacios, a proyectos de intercambio del saber, utilizando herramientas como el correo electrónico, la videoconferencia, el groupware, las redes de datos, las plataformas de e-learning y los portales de formación. Por otro lado, los productos y los servicios disponibles en el mercado son tecnológicamente cada vez más sofisticados, con múltiples funciones que podrán ser comprendidas y entendidas a través de acciones de formación impartidas a los clientes para optimizarlas. No es probable que las empresas inviertan elevados montantes en acciones de formación presencial a los clientes, pero podrán utilizar las potencialidades, la accesibilidad, los costes más bajos y todas las otras ventajas ofrecidas por la utilización de la WEB, como seminarios virtuales y formación asincrónica. Si consideramos aún que, en el mercado global, los lazos que unen a trabajadores y empresas y la seguridad del puesto de trabajo se vuelven cada vez más frágiles, es evidente que existen objetivos de mercado potenciales en trabajadores de diversos niveles que necesitan no sólo un reciclaje corriente y tecnológico, sino también un aumento de habilitaciones académicas en sus CV – postgraduación, especializaciones, MBAs, doctorados y postdoctorados. Para satisfacer esos mercados, el proceso de FaD podrá constituir un factor crítico de éxito en la diseminación del conocimiento, a través de contenidos innovadores y de los diferentes “micro contextos educativos, configurados por las diversas relaciones que pueden establecerse entre los elementos educativos, la naturaleza de diferentes mediadores (el profesor y el soporte tecnológico), el proceso de creación de estos contextos virtuales o las dimensiones que puede adquirir un contexto de enseñanza y de aprendizaje virtual” (Barberà et al, 2001). 307 La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas Otros aspectos de carácter social, transformaciones demográficas, modificaciones climáticas y ambientales han ejercido y podrán ejercer en el futuro influencias dinámicas al desarrollo de la FaD. 3. Investigación Empírica 3.1. Marco General A efectos de conocer el impacto de las TICs en la Dirección de los Recursos Humanos (DRH) en las organizaciones portuguesas, se elaboró el Cuestionario “La Dirección de Recursos Humanos – Impacto del as Tecnologías de Información y Comunicación” que fue remitido a una muestra representativa de organizaciones, en la que se integraron empresas e instituciones de muy diversos sectores de actividad, así como de diferente dimensión y titularidad. La información recopilada fue tratada mediante la aplicación de diversas técnicas estadísticas a efectos de garantizar la validez y fiabilidad de los resultados, con el objetivo de garantizar la solidez de las conclusiones. La unidad estadística de la Muestra-Objetivo es la organización económica o socioeconómica con actividad en Portugal. El trabajo de campo se efectuó durante los 5 meses transcurridos entre 1 de noviembre de 2003 y 30 de marzo de 2004. De las 1.200 organizaciones a la que se remitió el Cuestionario se obtuvieron 224 respuestas, correspondiendo una tasa respuestas de 18,6%. Todos los cuestionarios recibidos han sido analizados uno a uno y, en caso de dudas o de respuestas incompletas, se contactó por teléfono para completar la información recogida. A pesar de este esfuerzo, 32 cuestionarios fueron anulados debido a la precariedad de la información y la omisión de un contacto. Con lo que el número de cuestionarios válidos quedó finalmente establecido en 192. De los resultados del trabajo empírico serán destacados sólo los que tienen mayor relevancia en el universo de la FaD. De las organizaciones que contestaron, apenas 41 (21% de la muestra) desarrollaron FaD y, de éstas, la mayor parte (49%) pertenece al grupo de Grandes Empresas, siendo su frecuencia (20) superior a lo esperado. Las PYMEs tienen 39% y las Microempresas 12% de respuestas afirmativas. La distribución de las organizaciones por sectores de actividad se traduce de forma equilibrada, destacándose las “Actividades Inmobiliarias, Alquileres y Servicios Prestados a las Empresas” con 29,3%. Analizando la significación del test Chi-cuadrado de Pearson (inferior a 5%), se verifica que existe correlación entre la Formación a Distancia observada y la 308 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico dimensión de las organizaciones; o con otras palabras, las Grandes Empresas presentan mayor propensión a suministrar FaD. 3.2. Expectativas de la Formación a Distancia a Corto Plazo Con respecto a las expectativas para la adopción de FaD por parte de las organizaciones, se destaca que, de las 141 entidades que respondieron, 66,7% no tienen planes y 14,9% manifestó no tener necesidad. En este contexto, si no se dan acciones de información y sensibilización destinadas a las organizaciones sobre las ventajas esenciales del proceso de FaD, no se espera un crecimiento significativo (Gráfico 1). Gráfico 1. Expectativas de FaD 160 120,0% 140 100,0% 120 66,7% 100 80,0% N. 80 60,0% 60 40 20 Frecuencia 40,0% 12,8% 14,9% 5,7% 20,0% 0 Porcentaje 0,0% En 2004 o 2005 A partir de 2006 No tiene No tiene planes necesidad Total Fuente: Elaboración propia 3.2. Empleados que Participaron en Acciones de Formación a Distancia Sobre el número de empleados participantes en acciones de Formación a Distancia, respondieron apenas 36 organizaciones con una media de 588 empleados y con elevada dispersión (Desviación típica = 1.776,86 y Coeficiente de Variación = 302%). Estos valores indican la existencia de fuerte desigualdad y diversidad entre las organizaciones. “Índice de Participación en Acciones de Formación a Distancia” y “Tipo de Organización: Microempresa, PYME y Gran Empresa” Para intentar la uniformización de las variables se ha procedido al cálculo de los porcentajes a partir del cociente “Número de empleados participantes en 309 La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas acciones de Formación a Distancia / Total de empleados de la organización”. Esta variable ha sido designada “Índice de participación en acciones de Formación a Distancia” y traduce el esfuerzo de las organizaciones en proporcionar acciones de Formación a Distancia a sus empleados. En el Gráfico 2 se pueden observar los “Índices de participación en acciones de Formación a Distancia”, repartidos por Microempresas, PYMEs y Grandes Empresas. Gráfico 2. Fuente: Elaboración propia Las medias del “Índice de participación en acciones de Formación a Distancia” son muy semejantes en las Microempresas y en las PYMEs (cerca de 46%) e inferiores en las Grandes Empresas (cerca de 31%). Sin embargo, la mediana es superior en las PYMEs (cerca de 37%), ligeramente inferior en las Microempresas (cerca de 31%) y menor en las Grandes Empresas (cerca de 16%). Esto quiere decir que en la mitad de las 13 PYMEs el Índice es igual o superior a 37%. La distancia Intercuartílica es menor en las Grandes Empresas (cerca de 34%) que en las Microempresas o PYMEs (cerca de 60%). Pero en la desviación típica ocurre lo contrario: es mayor en las Grandes Empresas (cerca de 45%) que en las Microempresas (cerca de 36%) o PYMEs (cerca de 34%). Esto se debe a la existencia de algunos valores extremos (outliers) muy altos en las Grandes Empresas. 310 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico “Índice de Participación en Acciones de Formación a Distancia” y “Tipo de Organización: Pública o Privada” El Cuadro 1 ilustra el “Índice de participación en acciones de Formación a Distancia” distribuido por tipo de organización: Pública o Privada. En este análisis se han apreciado 36 casos válidos, cuya distribución se presenta en el Cuadro 1: 5 organizaciones públicas y 31 privadas. Cuadro 1. Resumen de los Casos Procesados Tipo de Organización Válidos N. Índice de participación en acciones de Formación a Distancia Pública Privada (%) Casos Valores en Falta N. (%) Total N. (%) 5 17,2 24 82,8 29 100,0 31 19,0 132 81,0 163 100,0 Fuente: Elaboración propia Hay que subrayar que las instituciones públicas integradas en este estudio casi no facultan acciones de FaD a sus empleados. Una posible explicación para que el “Índice de participación en acciones de Formación a Distancia” sea muy bajo recae en la fuerte restricción del Gasto Público en Portugal, motivada por el cumplimiento de los criterios del Pacto de Estabilidad y Crecimiento de la UE. Tipo y Tiempo de Formación a Distancia Prosiguiendo el análisis, hay que referir que 51,4% de las organizaciones de la muestra suministran FaD del tipo mixta (sincrónica y asincrónica) y 48,6% practican FaD asincrónica. De las organizaciones que respondieron positivamente a la FaD, 40 desarrollan acciones de FaD en media hace 3,2 años, presentando una dispersión relativamente baja. La implementación de acciones de FaD hace poco tiempo puede ser debida a la generalización reciente de Internet en Portugal. En el Gráfico 3 puede observarse la frecuencia y la distribución de las organizaciones en los períodos de tiempo considerados. 311 La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas Gráfico 3. Fuente: Elaboración propia Tiempo de FaD en las Organizaciones 14 35,0% 12 30,0% 22,5% 10 N. 8 25,0% 17,5% Frecuencia 20,0% 15,0% 6 12,5% 15,0% 4 10,0% 2 5,0% 0 0,0% Porcentaje Menos de De 1 a 2 De 2 a 3 De 3 a 4 De 4 o más 1 año años años años años “La Organización Desarrolla Formación a Distancia” y TICs Todavía con la intención de profundizar en el diagnóstico relativo a la inserción de FaD en las organizaciones que han respondido al Cuestionario, se han efectuado cruces de la variable “La organización desarrolla Formación a Distancia” con otras variables relacionadas con las TICs. En primer lugar se cruzan las variables “La organización desarrolla Formación a Distancia” y “Porcentaje de empleados que usan ordenadores personales” por niveles de utilización. Los resultados se pueden observar en el Cuadro 2. Cuadro 2. La Organización Desarrolla Formación a Distancia y Porcentaje de Empleados que Usan Ordenadores Personales 0-25% 26%-50% 51%-75% 76%-100% Total La organización desarrolla Formación a Distancia Total Fuente: Elaboración propia 312 Sí 6 5 2 25 38 No 36 24 10 69 139 42 29 12 94 177 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Este cuadro es esclarecedor, pudiendo concluirse que es en el intervalo de porcentajes más elevados de los empleados que usan ordenadores personales donde se concentra el mayor número de organizaciones que desarrollan Formación a Distancia. Se cruzan a continuación las variables “La organización desarrolla Formación a Distancia” y “Porcentaje de empleados que usan Internet” (Cuadro 3). Cuadro 3. La Organización Desarrolla Formación a Distancia y Porcentaje de Empleados que Usan Internet 0-25% 26%-50% 51%-75% 76%-100% La organización desarrolla Formación a Distancia Total Sí 6 2 1 28 37 No 43 15 6 68 132 49 17 7 96 169 Total Fuente: Elaboración propia Los resultados se han revelado interesantes por ser similares a los verificados en el cruce de variables efectuado anteriormente. Es decir, el mayor número de organizaciones que suministra FaD está también situado en el intervalo de los porcentajes más elevados de empleados que usan Internet. Se ha efectuado también el cruce de la variable “La organización desarrolla Formación a Distancia” con la variable designada “Nivel tecnológico agregado”1. Los resultados se presentan en el Cuadro 4, destacándose que el mayor número de organizaciones (35) que desarrollan Formación a Distancia se sitúa en el “Nivel Tecnológico Muy Elevado + Elevado”, y que las organizaciones que tienen “Nivel Tecnológico Bajo + Muy Bajo” no desarrollan acciones de Formación a Distancia. Cuadro 4. La Organización Desarrolla Formación a Distancia y Nivel Tecnológico Agregado La organización desarrolla Formación a Distancia Nivel tecnológico agregado Total Muy Elevado + Elevado 35 Medio 6 41 1 Se ha creado una variable designada “Nivel tecnológico agregado” construida a partir de la pregunta 8 del Cuestionario, “Nivel Tecnológico de la Organización”. En esta nueva variable el primer nivel ha sido construido a partir de la suma de ”Nivel tecnológico Muy Elevado” y “Nivel tecnológico Elevado”, el segundo nivel corresponde al “Medio” y el tercer nivel resulta de juntar “Nivel tecnológico Bajo” y “Nivel tecnológico Muy Bajo”. 313 La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas Fuente: Elaboración propia A continuación se evalúa la relación entre la variable “La organización desarrolla Formación a Distancia” y la variable agregada “Nivel tecnológico Elevado + Muy Elevado”, una recodificación de la variable “Nivel tecnológico agregado”. Los resultados conseguidos en las pruebas, del SPSS, se sintetizan en los Cuadros 5 y 6. Cuadro 5. La Organización Desarrolla FaD y Nivel Tecnológico Elevado + Muy Elevado Nivel tecnológico elevado + muy elevado No Sí La organización desarrolla Formación Distancia Observado Esperado a No Observado Esperado Total Total Sí 6 35 41 16,7 24,3 41,0 72 78 150 61,3 88,7 150,0 Observado Esperado 113 191 113,0 191,0 Sig. Exacta (2-colas) Sig. Exacta (1-cola) ,000 ,000 Fuente: Elaboración propia Cuadro 6. Prueba de Asociación Chi-cuadrado Valor Chi-cuadrado de Pearson Corrección de continuidad(a) Razón de verosimilitud Sig. Asint. (2-colas) gl 14,837(b) 1 ,000 13,488 1 ,000 16,491 1 ,000 Prueba Exacta de Fisher Asociación Lineal x Lineal N. de Casos Válidos 14,759 1 ,000 191 a Calculado apenas para tablas de 2x2 b 0 células (,0%) tiene un número esperado inferior a 5. El n. mínimo esperado es 16,74. Fuente: Elaboración propia 314 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Con el valor del Chi-cuadrado de Pearson = 14,837 y el P-value asociado inferior a 0,0005, la prueba es significativa al nivel de 0,01. Así, las variables “La organización desarrolla Formación a Distancia” y “Nivel tecnológico agregado” no son independientes. O sea, con base en los resultados del Cuadro 6, se puede inferir que cuanto más elevado sea el nivel tecnológico de la organización, mayor la propensión a proporcionar acciones de FaD a sus empleados. “Índice de Participación en Acciones de Formación a Distancia” y “Nivel Tecnológico Agregado” Se ha hecho el cruce de la variable “Índice de participación en acciones de Formación a Distancia” con el “Nivel tecnológico agregado”. En este análisis se han considerado apenas 36 organizaciones en dos niveles: 30 dentro del grupo de nivel tecnológico “Muy Elevado + Elevado”, y 6 en el grupo de nivel tecnológico “Medio”. No se encuentra el nivel “Bajo + Muy Bajo”, porque en esta encuesta no hay organizaciones en este nivel que desarrollen Formación a Distancia. Cuadro 7. Resumen de los Casos Procesados Nivel tecnológico agregado Válidos N. Índice de participación en acciones de Formación a Distancia Muy Elevado Elevado Medio Casos Valores en Falta (%) N. Total (%) N. (%) + 30 26,3 84 73,7 114 100,0 6 9,7 56 90,3 62 100,0 Fuente: Elaboración propia A través del Cuadro 8 se verifica que en el grupo de nivel tecnológico "Muy Elevado + Elevado" la media (41,5) de la variable “Índice de participación en acciones de Formación a Distancia” es superior a la que existe en el grupo de nivel tecnológico "Medio" (23,3). La mediana, en cambio, es inferior en el grupo de nivel tecnológico "Muy Elevado + Elevado" (23,5) y superior en el grupo de nivel tecnológico "Medio" (33,1). Como se puede constatar a través del diagrama de cajas, Gráfico 4, esta transformación se explica por la presencia de un valor extremo de 169,4 en la categoría "Muy Elevado + Elevado". 315 La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas Cuadro 8. Estadísticas Descriptivas(a) Nivel tecnológico agregado Índice de participación en acciones de Formación a Distancia Muy Elevado Elevado + Estadísticas Media Mediana Desviación típica Medio 41,460836 23,453188 ,1532 Máximo 169,4915 Mediana Desviación típica 7,8321762 42,8985960 Mínimo Distancia Intercuartílica Media Error Típico 66,8714 23,281161 6,7657969 33,095238 16,5727501 Mínimo 1,0000 Máximo 35,3982 Distancia Intercuartílica 32,1375 a No hay casos válidos para: Índice de participación en acciones de Formación a Distancia en Nivel tecnológico agregado Bajo + Muy Bajo Fuente: Elaboración propia 316 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Gráfico 4. Fuente: Elaboración propia Subráyese nuevamente que la categoría Nivel tecnológico “Bajo + Muy Bajo” no ha sido contemplada en el análisis, ya que las organizaciones pertenecientes a esta categoría no poseen empleados que hayan frecuentado cursos de Formación a Distancia. 4. Conclusiones Son las Grandes Empresas las que suministran el mayor número de acciones de FaD. Este aspecto podrá relacionarse, por un lado, con la mayor disponibilidad de recursos tecnológicos y de por otro, con la posibilidad de conseguir costes más bajos en la formación profesional de sus empleados, que muchas veces están dispersos geográficamente. A través del análisis del cruce de variables puede mencionarse que cuanto más alto sea el nivel tecnológico de la organización, mayor la propensión a la adopción de FaD. Los niveles de FaD (21%) practicados por las organizaciones que han respondido al cuestionario son aún muy bajos, y sin perspectivas de mejora en los próximos años. Las instituciones públicas de la muestra revelan niveles más bajos en la adopción de FaD que las privadas, factores que podrían estar motivados por procesos de gestión excesivamente centralizados, burocratizados y obsoletos. 317 La Formación a Distancia y las Organizaciones Portuguesas En resumen, puede afirmarse que uno de los mayores problemas de las organizaciones portuguesas detectados en esta investigación parece no residir en la inversión en tecnología, sino en la inversión en las competencias de los Recursos Humanos. Sin personas cualificadas, difícilmente las herramientas tecnológicas podrán ser optimizadas en beneficio de la productividad y de la competitividad de las organizaciones. Por consiguiente, sin formación profesional y personal habilitado tampoco será viable la implementación de acciones de FaD en las organizaciones. Referencias Barberà, E., Badia, A., Mominó, J. (2001). La incógnita de la Educación a Distancia. Barcelona: I.C.E. Universitat Barcelona, Editorial Horsori. Kearmally, S. (1999). When economics means business. London: Financial Times Management. Moore, M. (2001). La educación a distancia en los Estados Unidos estado de la cuestión, [en línea], http://www.uoc.es. Stewart, T. (1998). Capital Intelectual – A Nova Vantagem Competitiva das Empresas. Rio de Janeiro: Editora Campus. Stone, M. (2001). Llegar a la comprensión mediante el uso de las TIC. Universidad de Harvard, [en línea], http://www.uoc.es. Tofler, A. (1980). The Third Wave. New York: William Morrow. 318 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 319 Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda Xosé Carlos Macía Arce1 [email protected] 1 Investigador social GIS-T IDEGA, Universidade de Santiago de Compostela, Avenida das Ciencias s/n, 15782, Santiago de Compostela, España. Resumen: En el marco del proyecto “Sociedad de la Información y Desarrollo Urbano Regional. Fundamentos teóricos y análisis de impacto en regiones periféricas” (Proyecto SINDUR, Referencia SEC2002-01874), el Grupo de Investigación Socio-Territorial (GIS-T IDEGA) de la Universidade de Santiago de Compostela desarrolló un producto tecnológico para localizar y analizar, cuantitativa y cualitativamente, la producción Web en espacios concretos que se conoce como Information Web Audit. No obstante, la presente comunicación no tiene por objeto explicar las cuestiones técnicas o metodológicas para aplicar una Information Web Audit; la intención es presentar los resultados de un caso de estudio comparado en la Europa Atlántica, concretamente entre Galicia e Irlanda. Palabras clave: Sociedad de la Información; Internet; Auditoria producción Web; Galicia; Irlanda. 1. Introducción. En el año 2002, el Grupo de Investigación Socio-Territorial (GIS-T IDEGA) de la Universidade de Santiago de Compostela recibía la aceptación del Ministerio de Ciencia y Tecnología, con el nuevo gobierno socialista Ministerio de Educación y Ciencia, para llevar a cabo los objetivos descriptos en el proyecto “Sociedad de la Información y Desarrollo Urbano Regional. Fundamentos teóricos y análisis de impacto en regiones periféricas” (Proyecto SINDUR, Referencia SEC2002-01874). Este proyecto, dirigido por el Doctor Ferrás Sexto, se centra en el estudio teórico y empírico de los efectos sociales y territoriales vinculados al desarrollo de la Sociedad de la Información y a la implantación de las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación en regiones periféricas. Uno de los objetivos de la investigación es convertir el proyecto en una herramienta técnica de auditoria territorial en Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación, 319 Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda respondiendo firmemente a las expectativas del grupo de investigación GIS-T IDEGA que suele desarrollar metodologías de aplicación en otros territorios. Precisamente, una de estas metodologías, derivada del proyecto SINDUR, se centra en analizar la producción y calidad de páginas Web en un territorio concreto, es decir, se busca la relación entre espacio y producción de contenidos en Internet. Esta metodología, conocida como Information Web Audit, fue aplicada por primera vez en el año 2004. En aquella ocasión, el grupo de investigación publicó como capitulo de libro un informe muy completo sobre la calidad de las páginas Web de la administración pública local en los 18 municipios principales del Eixo Atlántico1. Este estudio se conoce como “Sociedade do Coñecemento e Novas Tecnoloxías da Información no Eixo Atlántico” y fue presentado en Ourense, coincidiendo con la celebración de los Segundos Estudos Estratéxicos do Eixo Atlántico. Para realizar el análisis se diseñó una base de datos con múltiples variables, con la finalidad de poder sintetizar estadísticamente la estructura, los elementos de comunicación, las transacciones interactivas y los contenidos de cualquier página Web. Un año después, Carlos Macía, investigador del GIS-T IDEGA, iniciaba en el marco del proyecto SINDUR una nueva Information Web Audit comparada entre Galicia e Irlanda2. La presente comunicación trata de reflejar varios aspectos y conclusiones derivados de dicha investigación, relacionados con la producción, la comunicación y la interactividad en Internet. 2. Análisis cuantitativo del volumen y calidad de las páginas Web en Galicia e Irlanda. La Information Web Audit comparada seleccionó como casos de estudio las comarcas gallegas de Santiago de Compostela y Tabeirós-Terra de Montes y los condados irlandeses de Cork y Clare que actuaron como referencias espaciales de la producción Web en Galicia e Irlanda. Una Information Web Audit detallada descansa sobre una carga de trabajo muy importante y se nos antojaba muy complicado analizar más espacios de los previstos inicialmente. Además, considerábamos que las muestras de población analizadas resultaban muy significativas, así como los espacios que combinaban las distintas realidades urbana y rural. La primera variable analizada se inclinó por conocer el volumen de producción de páginas Web en Galicia e Irlanda. Partiendo de 19 palabras clave, asociadas a la 1 2 Los 18 municipios rectores del Eixo Atlántico son: A Coruña, Braga, Bragança, Chaves, Ferrol, Guimaraes, Lugo, Monforte de Lemos, Ourense, Peso da Règua, Pontevedra, Porto, Santiago de Compostela, Viana do Castelo, Vigo, Vilagarcía de Arousa, Vilanova de Gaia e Vila Real. Esta investigación se corresponde con uno de los capítulos de la Tesis Doctoral de Carlos Macía; una investigación dirigida por el Doctor Ferrás Sexto que se encuadra en el proyecto SINDUR. 320 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico toponimia local, se localizaron 205 páginas en Google, en concreto 66 en Galicia y 139 en Irlanda. Sabiendo que se partía de muestras de población muy similares, y que 14 palabras clave estaban asociadas con Galicia, las diferencias entre la realidad gallega e irlandesa son ciertamente significativas. Galicia representa un 32,2% e Irlanda un 68,2% del total de páginas Web localizadas. Las cifras resultan todavía más perturbadoras si se detallan las realidades urbana y rural de forma independiente. La producción en la Comarca de Santiago de Compostela, un área urbana de 148.979 habitantes, es de 54 páginas Web. La producción en la ciudad de Cork, en el suburbio de Douglas y en el enclave portuario de Cobh, entre los tres asentamientos totalizan 148.872 habitantes, es de 92 páginas Web. Para poblaciones idénticas la estadística desvela que en la Comarca de Santiago de Compostela la producción de páginas Web por cada 1.000 habitantes es de 0,36 páginas, o bien, que por cada 2.759 ciudadanos del área de Santiago de Compostela se produce una página Web. En el caso irlandés, las cifras respectivas son 0,62 y 1.618. En este caso, la comparación urbana parece aminorar ligeramente las diferencias entre Galicia e Irlanda, pero, es necesario puntualizar que para el análisis de Galicia se ha escogido una ciudad distinguida, con presencia universitaria y sede de múltiples instituciones y organismos oficiales que responden al papel protagonista de Santiago de Compostela como capital de Galicia. Así, muchas de las páginas Web producidas en Santiago de Compostela están asociadas a organismos públicos gallegos, como la Xunta de Galicia o la Compañía de Radio e Televisión de Galicia. Por el contrario, la ciudad de Cork es simplemente una capital de condado, ni tan siquiera es capital de provincia, figura que por otra parte no se contempla en la administración territorial irlandesa. Todos los organismos oficiales a nivel estatal se concentran en Dublín, por tanto, la producción de páginas Web en la ciudad de Cork responde básicamente a la iniciativa local. El 42,6% de la producción de páginas Web en la Comarca de Santiago de Compostela está promovida por la administración pública, mientras que en Cork sólo una de cada cuatro páginas procede de los organismos oficiales. Dos conclusiones importantes son que la producción de páginas Web en Irlanda es mayor que en Galicia y que la iniciativa local y privada irlandesa está más involucrada que su homónima gallega en las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación. Comprobar la realidad suburbana en las proximidades de las ciudades de Santiago de Compostela y Cork resulta también muy interesante. El Concello de Ames tiene 20.016 habitantes, la municipalidad de Cobh 9.811 habitantes. Para localizar páginas Web en estos asentamientos de población se utilizaron tres palabras clave en el caso del Concello de Ames y una palabra clave en el pueblo de Cobh. El resultado de la búsqueda finalizó con ocho páginas Web en el Concello de Ames, es decir, 0,4 páginas Web por cada 1.000 habitantes, y 30 en el pueblo de Cobh, es decir, 3,06 páginas Web por cada 1.000 habitantes. Por tanto, el análisis comparado entre espacios suburbanos vislumbra una mayor diferencia en la producción de páginas Web, tal vez más representativa de la realidad gallegoirlandesa porque en el caso del Concello de Ames, a diferencia del Concello de 321 Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda Santiago de Compostela, las instituciones oficiales son todas de carácter local, no hay instituciones de ámbito autonómico, lo que evidentemente merma la aparición de páginas Web en este concello de la periferia compostelana. Por último, el contexto rural manifiesta también unas cifras muy elocuentes. Para la muestra se escogieron dos espacios rurales con poblaciones similares, en el caso gallego se contabilizan 29.379 habitantes y en el caso irlandés 33.311 habitantes. Además, los espacios seleccionados están o estuvieron liderados por proyectos punteros en Sociedad de la Información, en el caso de la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes el Concello da Estrada participa en la iniciativa estatal Ciudades Digitales; en el Condado de Clare el pueblo de Ennis disfrutó de la experiencia Ennis Information Age Town que ahora pervive en Ennis Information Age Services. En estas condiciones, la Information Web Audit localizó 12 páginas Web en la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes y 47 páginas Web en las localidades de Ennis, Kilrush y Shannon en el Condado de Clare. Esto quiere decir que en la comarca gallega hay 0,4 páginas Web por cada 1.000 habitantes, y que en el condado irlandés esa producción se multiplica casi por 4. Es cierto que el pueblo de Ennis parte con ventaja porque su proyecto ya ha sido desarrollado, pero no es menos cierto que el Condado de Clare se encuentra en la costa Oeste de Irlanda, un espacio atrasado históricamente que en los últimos años gracias al impulso de las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación parece reivindicarse como un enclave importante en la economía del país. En contraposición, en la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes, el Concello da Estrada no se percibe como el prototipo del rural más atrasado de Galicia, al contrario, su imagen se relaciona con la producción de muebles y su núcleo urbano podría incluso considerarse como parte del área de influencia de Santiago de Compostela. Así pues, la comparación no está descompensada, simplemente es una muestra más de las diferencias entre Galicia e Irlanda en Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación. Por otra parte, son muy loables las influencias proyectadas por el pueblo de Ennis en el uso de las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación, supuestamente adoptadas en los espacios próximos del Condado de Clare. En concreto, el pueblo de Kilrush con sólo 2.699 habitantes representa un caso de estudio espectacular. La búsqueda en Google determinó que existe una página Web por cada 208 habitantes, o lo que es lo mismo, 4,82 páginas Web por cada 1.000 habitantes. Si se compara con su homónimo poblacional en la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes, el Concello de Cerdedo con 2.313 habitantes tiene una sola página Web, evidentemente la de la corporación municipal, es decir, no hay iniciativa local en Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación. Se observa, pues, una trayectoria lineal que va acrecentando las diferencias entre Galicia e Irlanda a medida que se experimenta la comparación entre espacios urbanos, suburbanos y rurales. En Irlanda, la penetración de las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación en los espacios rurales está incidiendo en el desarrollo socioeconómico local y, al mismo tiempo, está sirviendo para sostener e incrementar la población en las áreas no urbanas. Esta realidad podría estar relacionada con los fenómenos de suburbanización y contraurbanización percibidos 322 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico por Ferrás Sexto en la década de los ochenta en el Condado de Cork (ver Ferrás Sexto, 1996). Conocida la producción de páginas Web, el análisis cuantitativo encauza una comparación de la calidad de las páginas Web de Galicia e Irlanda a partir de una serie de variables seleccionadas: identidad, lengua, comunicación e interactividad. El bloque identidad relaciona el espacio geográfico vinculado con la página Web. En este caso, por motivos metodológicos, todas las páginas Web están localizadas en espacios concretos seleccionados previamente y en las proporciones porcentuales señaladas con anterioridad. En este mismo bloque se analiza el origen de la Web, es decir, se especifica el tipo de persona física o jurídica que impulsa la creación de la página Web. El 42% de las páginas Web de Galicia tiene su origen en la administración pública, un porcentaje muy elevado que constata la escasa iniciativa privada gallega en la producción de páginas Web. En el caso de Irlanda, el tejido empresarial está presente en Internet con algo más de la mitad de las páginas Web producidas en el país. En total, en los espacios irlandeses se localizaron 72 páginas Web asociadas con empresas, por tan sólo 19 en la comarca gallega de Santiago de Compostela y una en la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes. Estas cifras anuncian la ausencia empresarial gallega en Internet, sobre todo en los espacios rurales, lo que impide el desarrollo socioeconómico local a partir de la introducción y uso de las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación. En el Condado de Clare, el análisis demostró que dos de cada cinco páginas Web proceden de la iniciativa empresarial, condición que está determinando la entrada del mundo empresarial irlandés en nuevos mercados internacionales a través de Internet. Apenas 30.000 ciudadanos del Condado de Clare disponen de más páginas Web de origen empresarial que toda la Comarca de Santiago de Compostela. Por otra parte, las páginas Web asociadas con la educación no universitaria, la cultura y la religión totalizan nueve y diez portales respectivamente en Galicia e Irlanda. Son cifras similares que en el caso de Santiago de Compostela se antojan escasas si se toma en consideración la relevancia de la ciudad como símbolo del cristianismo y la riqueza cultural insuflada por el Camino de Santiago. Mención especial merece el tratamiento del deporte en Irlanda que en términos porcentuales está representado por un 8,6% de la producción total de páginas Web, manteniendo portales activos tanto en los espacios urbanos como en los rurales. En Galicia, contrariamente, la dedicación al deporte en Internet es mucho menor, y en el caso de la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes no es posible encontrar ni tan siquiera una sola referencia. Todas estas cifras y porcentajes indican una vez más la clara desventaja de Galicia en la Sociedad de la Información, sobre todo en los espacios rurales que no están sabiendo aprovechar acertadamente todas las ventajas que ofrecen las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación. El proyecto SINDUR aboga por eliminar de la geografía gallega los espacios apagados o desenganchados de la Sociedad de la Información, partiendo del conocimiento previo de que son los espacios rurales, precisamente, los más perjudicados por la escasa impronta de las 323 Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda TIC en sus dominios. Es necesario actuar con urgencia y concienciar a la población local de la necesidad de incluir las TIC en sus quehaceres habituales. Un dato que alienta al optimismo se puede vislumbrar en los porcentajes de páginas Web de origen personal. En Galicia las páginas personales representan el 4,5% de la producción total de páginas Web, en Irlanda tan sólo el 0,7%. El dato más curioso en el análisis seleccionado es la concentración de todas las páginas personales gallegas en la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes, de tal forma que entraríamos en la posibilidad de intuir un interés especial de la población rural gallega por adentrarse en la Sociedad de la Información. Una cualidad muy importante en las páginas Web se relaciona con la oferta de idiomas. Los contenidos de Internet llegan a todos los países del mundo, por lo tanto, la disposición de toda la información de una página Web en varias lenguas o idiomas incidirá probablemente en un aumento potencial del número de visitas y visitantes al portal. Evidentemente, este precepto hay que entenderlo en su justa medida, dado que, en Internet nos podemos encontrar con muchas páginas Web que en principio no tienen la intención de hacer extensibles sus contenidos mundialmente, al contrario, los mismos suelen estar orientados hacia espacios o colectivos muy concretos. Es el caso, por ejemplo, de la iniciativa InfoBrion, un portal escrito en gallego orientado al Concello de Brión y por extensión a toda la comunidad cultural gallega, tanto a la población residente en Galicia como a la población emigrada. Los objetivos de InfoBrion se concentran en la defensa de la cultura local y en el desarrollo socio-económico rural y urbano en Galicia, por lo tanto, InfoBrion no necesita incluir otros idiomas en su página Web para aumentar la calidad de la misma. Los datos del análisis comparado manifiestan en general un mejor tratamiento de las páginas Web gallegas en el uso y en la disposición de los idiomas. En Galicia, el gallego y el castellano se reparten, casi en exclusividad, la presencia en todos los portales. Como idioma por defecto, es decir, como idioma principal al entrar en la página Web, el gallego figura en el 51,5% de las Webs y el castellano en el 45,5% de los portales indagados. Sólo la lengua inglesa, con un 3% del total, rompe la primacía de las dos lenguas oficiales en Galicia. Como lenguas secundarias o alternativas en la navegación, el idioma más recurrido es el castellano, ofrecido como segunda lengua en el 28,8% de las Webs, le sigue el inglés con un destacado 27,3% y, en tercera posición, aparece el gallego con un flojo o escaso 7,6%. El gallego es el idioma favorito para iniciar una Web, sin embargo, está poco presente en las páginas que no lo consideran idioma principal o por defecto. Las páginas Web que se inician en castellano no tienen la costumbre de incluir el gallego como lengua alternativa, es decir, suelen ser páginas Web excluyentes en términos idiomáticos. Por otra parte, llama la atención la escasa aparición del portugués en la producción de páginas Web en Galicia. La proximidad geográfica, los lazos históricos y las nuevas relaciones comerciales y culturales deberían de ser una razón de peso para divulgar la información en la lengua de nuestros vecinos, sin embargo, sólo se expone como lengua alternativa en el 3% de las páginas Web y nunca como 324 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico lengua principal o por defecto. Otras lenguas de la península Ibérica, como el vasco y el catalán, tienen una representación simplemente anecdótica. Con todos estos porcentajes se deduce que, en principio, el 74,3% de los contenidos de las páginas Web de Galicia están disponibles en castellano, el 59,1% en gallego y el 30,3% en inglés. Pero, también es importante reseñar que estos porcentajes no se corresponden del todo con la auténtica realidad. En el análisis tuvimos la ocasión de descubrir todas las Webs que ofrecen idiomas alternativos de inicio y que después no tienen un fiel reflejo en sus contenidos. Incluso, dejamos en evidencia algunas Webs que ofertan navegar en idiomas que sólo encuentran su correcta traducción en los títulos de las secciones. En Galicia, sólo el 42,8% de los idiomas alternativos mantienen un servicio correcto de traducción. Las diferencias urbano-rural en Galicia son bastante apreciables. Básicamente, los datos constatan la hegemonía del gallego en los espacios rurales y la ventaja del castellano en las áreas urbanas. En la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes el gallego es la lengua principal en el 75% de las páginas Web y el castellano en el 25% restante. En la Comarca de Santiago de Compostela se puede consultar en castellano el 79,6% de las páginas Web, por un escaso 60% en gallego. La tercera lengua en discordia en los espacios urbanos es el inglés, utilizable en el 35,2% de las páginas Web. En Irlanda el análisis se puede resumir en un dominio total y absoluto del inglés como lengua principal en toda la producción de páginas Web, a pesar de que la primera lengua oficial de Irlanda sea el irlandés, conocido popularmente como gaélico3. En el estudio de caso en los condados de Cork y Clare, el idioma inglés, como segunda lengua oficial del país, es el idioma de inicio en todas las páginas Web. No hay ninguna Web que utilice el irlandés o gaélico como lengua principal. Además, las páginas Web que incluyen el gaélico como lengua alternativa son sólo el 5,6% del total. La conclusión evidente anuncia la escasa notoriedad de la primera lengua oficial irlandesa en Internet. Quizás la respuesta a esta ausencia habría que buscarla en la propia comunidad lingüística irlandesa. Por motivos históricos, el gaélico ha sufrido mucho con la presencia del idioma inglés en la isla, que paulatinamente se ha ido erigiendo como la primera lengua hablada de Irlanda. De todas formas, páginas públicas e institucionales relacionadas con la administración y con la universidad tendrían que hacer un esfuerzo por incorporar los contenidos en gaélico, al menos como lengua alternativa o secundaria. El francés, el italiano, el alemán y el japonés son los únicos idiomas escogidos a mayores como lenguas alternativas en Irlanda, en unos porcentajes muy bajos, a excepción del alemán que figura en el 3,6% de las páginas Web. No obstante, los idiomas secundarios o alternativos sólo se reflejan en los contenidos en un 3 En la presente investigación, estos dos términos son usados por igual, aunque, contrariamente a lo que se cree, no son sinónimos. El gaélico es el término que se aplica a la lengua de los hablantes célticos de Irlanda y Escocia, el irlandés está referido exclusivamente a los hablantes célticos de Irlanda. 325 Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda porcentaje muy pobre del 5,8%, factor que resta imagen y credibilidad a las páginas Web. La hegemonía del inglés, incluso en las páginas Web del Condado de Clare, uno de los condados con mayor presencia de hablantes de gaélico, impide encontrar diferencias claras entre los espacios urbanos y rurales. El gaélico se mantiene muy ensombrecido en ambos casos, y el uso de otras lenguas extranjeras se reduce a casos muy puntuales. Por poner un ejemplo, todos los contenidos de la University College Cork están escritos en inglés. Si bien el inglés se mantiene como la primera lengua del mundo en función de su uso, no es menos cierto que Irlanda posee un idioma propio, el gaélico, y que son más de 1.000 los alumnos extranjeros matriculados anualmente en la University College Cork, sin embargo, estas razones no son consideradas lo suficientemente importantes como para incluir otras lenguas o idiomas en la Web. La comunicación digital se configura como uno de los aspectos más valorados en Internet. Sin duda, Internet es información y comunicación. Toda la información depositada en la Red puede ser consultada en cualquier punto del planeta con conexión a Internet. Las posibles relaciones comerciales, sociales, culturales e incluso particulares derivadas de dicha información, podrán ser materializadas a través de la comunicación digital. Con este motivo, Internet pone a disposición un conjunto de herramientas vinculadas con la comunicación digital y en línea, cristalizadas principalmente a través del uso del correo electrónico, que también incluye servicios de boletines y publicidad, y mediante la participación activa de los usuarios en los foros de debate, en los chats o conversaciones simultáneas y en las encuestas o sondeos de opinión. A todos estos servicios, presentes en muchas páginas Web, podrían sumarse las posibilidades que ofrecen las modernas sesiones de videoconferencias compartidas entre varios puntos del planeta. Al igual que sucedía con otras herramientas, previamente analizadas, en Internet nos podemos encontrar con muchas páginas Web que no tienen la necesidad imperiosa de incluir todas las variables que integran la comunicación digital para aumentar su calidad. Una vez más, en función de la temática habrá determinadas páginas que no precisen insertar en su estructura ciertos servicios de comunicación digital. Por ejemplo, las páginas relacionadas con la hostelería no requieren precisamente un servicio de chat o conversación en línea. No obstante, todas las funciones derivadas de la comunicación digital tienen su importancia y en principio nunca sobran o restan calidad a la página Web. Incuso, el servicio de correo electrónico se convierte en imprescindible en cualquier página Web, como elemento de comunicación directa entre los usuarios de Internet y los responsables de la Web. Básicamente, todas las páginas Web analizadas en los espacios gallegos e irlandeses disponen de un servicio de correo electrónico, en porcentajes muy próximos al 100%. No existen pues diferencias claras a este respecto, con la pequeña excepción de la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes que mantiene cerca de un 10% de sus páginas Web desprovistas de este servicio. Una pequeña variable, relacionada con este mismo servicio o prestación, vislumbra el número total de 326 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico correos electrónicos puestos a disposición del visitante de la página Web. La oferta de un correo personalizado, dirigido a personas concretas, humaniza la comunicación y aumenta, por lo general, la confianza del usuario para iniciar y mantener contactos. En la Comarca de Santiago de Compostela destaca el 5,6% de páginas Web que ofrecen más de 100 correos electrónicos personalizados, por un escaso 2,2% en el Condado de Clare. Sin duda, las diferencias rurales son las más marcadas en el análisis comparativo. En la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes ninguna página ofrece el contacto personal con más de cinco correos y sólo un 25% de las Webs permiten la comunicación con más de dos correos electrónicos. En el Condado de Clare son mayoría las páginas que ofrecen más de un correo electrónico. El servicio de boletín, haciendo uso del correo electrónico, ofrece al usuario la posibilidad de recibir periódicamente noticias de interés solicitadas previamente. Por su parte, la publicidad selectiva, también haciendo uso del correo electrónico, propone la recepción periódica de publicidad selectiva solicitada previamente por el usuario. Se trata, pues, de dos servicios relacionados con el correo electrónico que reavivan la comunicación digital. Estos servicios suelen vincularse, sobre todo, con la prensa, con la administración pública y con las empresas que utilizan las listas de correo o de distribución para enviar información sobre sus actividades y productos. El primero de estos servicios se utiliza en 19 páginas irlandesas por sólo 6 gallegas. En el segundo, la diferencia es de 10 a 3, dando muestras de la mayor presencia comercial irlandesa en Internet. Además, en Irlanda estos servicios son utilizados por igual en los espacios urbanos y rurales, despuntando incluso ligeramente el Condado de Clare, en un intento claro de potenciar el desarrollo socioeconómico rural partiendo de la incursión de las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación. En el lado opuesto, sin la presencia de estos servicios, se sitúa la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes. Los foros de debate, los chats y las encuestas constituyen instrumentos inmejorables para conocer las opiniones e inquietudes de los ciudadanos que visitan las distintas páginas de Internet. La administración pública, las asociaciones civiles y culturales, así como las empresas tienen en estas herramientas una oportunidad única para sondear las impresiones de los ciudadanos y clientes. Incluso, en foros públicos de interés local pueden determinar el futuro de las intervenciones o, como mínimo, actuar como referencias válidas a considerar que expresan el sentir general de una parte de la ciudadanía. En total, el número de páginas irlandesas que utilizan los foros de debate como herramienta de comunicación son más que las gallegas, sin embargo, en términos porcentuales se sitúan 3,5 puntos por debajo de Galicia. Por otra parte, las páginas irlandesas que escogen este tipo de servicio suelen desplegar un mayor número de foros, siendo muy equilibrada la media de participación por foro de debate en Galicia e Irlanda. El servicio de chat o de conversación en línea tiene, en ambos casos, menor presencia que los foros de debate, sobre todo en Irlanda, donde sólo figura en el 2,2% de sus páginas Web. Incluso, la comarca rural de Tabeirós-Terra de Montes 327 Information Web Audit. Estudio de caso comparado entre Galicia e Irlanda presenta unos números más favorables que el Condado de Clare, espacio este último en el que no se localizó ninguna página con servicio de chat. Las encuestas constituyen un canal de comunicación muy valorado. A través de las mismas, tanto la administración pública como las empresas privadas tienen la posibilidad de sondear la opinión del ciudadano y actuar en consideración. No obstante, su presencia es poco estimada en las páginas Web de Galicia e Irlanda, donde sólo el 7,6% y el 3,5% de las páginas Web ofrecen el servicio. En definitiva, tanto Galicia como Irlanda mantienen, en general, la presencia del correo electrónico en la totalidad de sus páginas Web, introduciendo en casos puntuales los servicios de boletines y publicidad selectiva. Sin embargo, los foros de debate, los chats y las encuestas necesitan aumentar su protagonismo, dada su gran importancia como elementos de comunicación digital en la Sociedad de la Información. Sin duda, Internet se ha consolidado como una nueva plataforma comercial, donde tienen cabida millones de transacciones clave para miles de empresas que obtienen grandes volúmenes de facturación a través de la Red. Así, las grandes empresas multinacionales han sabido encontrar en Internet una nueva vía para hacer llegar sus productos al consumidor. También, muchas compañías nacionales y pequeñas y medianas empresas utilizan las ventajas de Internet para expandir su presencia comercial. Internet se convierte de este modo en un escaparate virtual que no conoce fronteras, un espacio que alberga negocios de todo el mundo y que suele ofrecer grandes márgenes de beneficio. Por otra parte, Internet también se ha convertido en una oficina virtual para todos los servicios administrativos. Con Internet, la administración pública entra en los espacios laborales, así como en nuestros hogares. Las Nuevas Tecnologías de la Información y la Comunicación han hecho posible que los ciudadanos pueden tramitar gestiones públicas a distancia, sin necesidad de visitar personalmente las oficinas físicas de la administración pública. En el análisis comparativo se aprecia el equilibrio irlandés entre las transacciones interactivas de tipo administrativo y comercial, representando unos porcentajes aproximados del 43,6% y del 41,5% respectivamente. En Galicia la situación es muy distinta, sobresaliendo en exceso los servicios ofrecidos por la administración pública, que en términos absolutos son de menor entidad que los irlandeses, y la escasa presencia del mundo empresarial. En total, en Galicia sólo se localizaron nueve servicios interactivos entre empresa y consumidor, una cifra que apenas cubre la cuarta parte de los servicios prestados por las empresas de los condados de Clare y Cork. Además, la situación es más grave si comparamos las situaciones rurales. En la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes todas las gestiones en línea se relacionan con la administración pública. Por el contrario, en el Condado de Clare las actuaciones interactivas con la administración pública sextuplican en números reales a la Comarca de Tabeirós-Terra de Montes, sin embargo, las mismas sólo representan en términos porcentuales el 51,5% de las relaciones interactivas. En el Condado de Clare la tercera parte de las transacciones interactivas son impulsadas por empresas, y un 15,2% por organizaciones sociales. 328 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Estas cifras y porcentajes inciden en las diferencias que siguen manteniendo Galicia e Irlanda en la Sociedad de la Información, especialmente en el ámbito rural. Por otra parte, las empresas gallegas que posibilitan el uso de Internet para realizar operaciones comerciales con el consumidor, siguen manteniendo en un porcentaje muy elevado los métodos de pago tradicionales que perjudican de forma notable el dinamismo de las operaciones mercantiles. En el análisis espacial propuesto para Galicia sólo se localizó una operación comercial que admitía el pago con tarjeta, por 25 en el caso de estudio irlandés. Estas diferencias indican no sólo una mayor presencia del tejido empresarial irlandés en Internet, sino que, también son indicativas de las diferencias logísticas que mantienen Galicia e Irlanda en la producción de páginas Web. 3. Conclusiones. En resumen, la producción de contenidos en Internet en Irlanda supera ampliamente la producción gallega. Gran parte del éxito responde a que el gobierno irlandés es consciente de la gran importancia que adquiere la llegada de la Sociedad de la Información y sabe transmitir sus inquietudes a la población local, tanto de la costa oriental, más urbanizada y desarrollada, como de la costa occidental, más rural e históricamente con deficiencias económicas serias. Además, la producción irlandesa en Internet viene impulsada por promotores públicos y privados, muchos de los cuales se relacionan con el sector empresarial e inciden en el desarrollo social y económico. La Sociedad de la Información en Galicia avanza a un ritmo muy modesto y el ciudadano gallego, en general, no aprecia el nuevo valor que aportan las Tecnologías de la Información y la Comunicación. Consecuentemente, la visibilidad de Galicia en la Red es casi nula. Por el contrario, aventaja a Irlanda en que ha sabido mantener en cierta medida la presencia de la lengua gallega en Internet, algo que los irlandeses no han sabido hacer con su lengua. 4. Bibliografía. Castells, Manuel. La era de la información: economía, sociedad y cultura. Volumen I: la sociedad red. 2ª ed. Madrid: Alianza Editorial, 2000. Castells, Manuel. El impacto de las nuevas tecnologías en la economía internacional. Implicaciones para la economía española. Madrid: Instituto de Estudios de Prospectiva, 1990. Consorcio para el Desarrollo Económico de la Vega Baja. Los Municipios de la Vega Baja en la Red. [en línea]. 2003. Disponible en Internet: http://www.convega.com/vbd/vbddiagn.html. Comisión Europea. 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C/ Paseo Juan XXIII, nº 6 Madrid 28040 ESPAÑA Resumen/Abstract: La eficacia de la publicidad en Internet es una cuestión de interés para académicos y profesionales del sector. La inversión de publicidad en Internet ha incrementado su inversión en todos los países desarrollados, asimismo la tecnología “rich media” ha revolucionado las tendencias creativas de los anuncios. De ahí la necesidad de estudiar la respuestas de los usuarios a estos recursos creativos. El estudio se basa en las respuestas cognitivas de los usuarios, para evitar las limitaciones de la tasa de clic. Se pone a prueba la eficacia de la posición y de la animación de 8 campañas en Internet con una muestra de 79 usuarios en una situación experimental de navegación controlada. Los resultados muestran que la proporción de recuerdo del banner es significativamente inferior al rascacielos y el botón; entre el rascacielos y los botones no hay diferencias estadísticamente significativas. Por otra parte, la animación no ha mostrado ser más eficaz que las inserciones publicitarias estáticas, al contrario el recuerdo de estas es significativamente superior. Implicaciones de este resultado tienen bastante trascendencia para el ámbito profesional como académico. Palabras clave /Key words: advertising effectiveness; on line advertisement; user´s response to internet , format ad effectiveness. Nota de los autores: Esta investigación ha sido realizada en el proyecto de investigación con referencia 06/HSE0105/04 financiado por la Consejería de Educación de la Comunidad de Madrid. Las autoras quieren agradecer la colaboración de Nielsen/ Net-Rating Spain en el desarrollo de este trabajo. 333 La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el banner? 1. Introducción Internet es un medio en plena expansión y en muchos aspectos se trata de un nuevo fenómeno. El crecimiento de la actividad publicitaria en este medio es una realidad en los países desarrollados. En España durante el primer semestre de 2005 la inversión se duplicó respecto al mismo semestre del año anterior alcanzando 65,9 millones de euros (IAB -PriceWaterhouseCoopers, 2005). A pesar de que Internet sólo representa un 1,8% de la inversión en medios convencionales, las expectativas de crecimiento se mantienen para el próximo año (Infoadex, 2006)1. Una de las cuestiones que más interesa a académicos y profesionales del sector es la eficacia de la publicidad en Internet y conocer la respuesta de los usuarios ante la publicidad (Dahlén, 2001; Docuffe, 1996; Hoffman y Novack, 1997). Los primeros trabajos de investigación publicados han utilizado medidas de eficacia vinculadas al comportamiento del usuario durante la navegación, en concreto la tasa de clic. Esta medida tiene serias limitaciones debidas al descenso en la tasa de clic de los usuarios y a la imposibilidad de detectar efectos ligados al conocimiento, a la actitud hacia el producto y a la creación de imagen de marca (Briggs y Hollis, 1997; Briggs y Stipp, 1999; Dahlén, Rasch y Rosengren, 2003). Internet como medio ha supuesto algunos cambios en la relación con los usuarios que son necesarios entender para evaluar su eficacia. El medio pone a disposición más información al usuario y es más accesible que los medios tradicionales, de hecho la búsqueda de información activa se revela como un elemento prioritario en el uso de Internet (Frutos y Gutiérrez, 2005). En general la visita a una página web supone la utilización de recursos cognitivos por las características de la tarea y del medio. Dicho de otro modo, requiere la implicación del usuario. El ELM (Modelo de la Probabilidad de Elaboración) de Petty, Cacioppo y Schumman (1983) y la revisión realizada por Cho (1999) ayuda a comprender mejor la relación entre el usuario y el medio. Según esta teoría, el nivel de implicación del receptor mientras está procesando la información es muy relevante para determinar la ruta que va a seguir la persuasión. Cuando el nivel de implicación es alto, los usuarios siguen la ruta central y basa sus actitudes o decisiones en los argumentos del mensaje. En cambio, en niveles de implicación bajos los elementos adyacentes al mensaje cobran mayor relevancia. Aunque el nivel de implicación del usuario en el medio depende del tipo de contenidos (San José, Gutiérrez y Gutiérrez, 2002) y del tipo de productos (Ratchford, 1987; Dahlén, 2003), en general, se plantea que el medio genera alta implicación. Según Cho (1999) en este medio el usuario tiene mayor control sobre los contenidos, la exposición es voluntaria y, por tanto, hay mayor probabilidad de que el mensaje sea 1 Informe inversión publicitaria. Infoadex(2006). URL:www.infoadex.es 334 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico procesado en comparación con los medios pasivos en los que la exposición al mensaje es involuntaria. Este hecho explicaría la mayor eficacia de Internet, particularmente en los contenidos de alta implicación frente a los de baja implicación (San José, Gutiérrez y Gutiérrez, 2002) y en los productos funcionales frente los expresivos (Dahlén; 2002; Dahlén, Rash y Rosengren, 2003; Gong y Maddox, 2003). Otros aspectos que influyen en la eficacia de la publicidad en Internet es la experiencia previa de los usuarios, junto a la familiaridad de la marca. Ambos han mostrado tener un papel moderador de los efectos de la publicidad e Internet. Los usuarios con poca experiencia en Internet se muestran más influenciados por la exposición a la publicidad que los que cuentan mayor experiencia Dahlén (2001). Igualmente, la exposición a publicidad de marcas no familiares incrementaba el conocimiento y la actitud positiva hacia la marca, pero no en las marcas muy familiares Dahlén (2001). 1.1 Formato y creatividad de la publicidad en internet Uno de los rasgos de la publicidad en Internet ha sido la versatilidad del medio en cuanto a los formatos que integra y la posibilidad de incluir recursos creativos de audio, imágenes, movimiento, video, etc. Tal y como se indica en la IAB Spain nos encontramos ante el soporte más joven del panorama mediático y en el que mayor número de formatos publicitarios coexisten, una contradicción que no beneficia a ninguno de los actores implicados en el proceso. La notable flexibilidad ha generado algunos inconvenientes, entre ellos la dificultad para estandarizar los formatos particularmente si se trata de medir eficacia de los mismos. A pesar de la abundancia de formatos hay cierto consenso en la estandarización del banner, el botón, el rascacielos y los formatos flotantes: pop-up, pop-under, lyers y cortinillas; no obstante, en cada uno de estos formatos se pueden encontrar distintos tamaños (IAB, 2004). Además de dichos formatos coexisten otros recursos publicitarios como los enlaces patrocinados, los espots, el patrocinio de contenidos o páginas concretas. Desde el comienzo el banner ha sido el formato dominante y el estándar por excelencia (Cho, Lee y Tharp, 2001; Meland, 2000). De hecho, los usuarios mencionan el banner para referirse a cualquier formato publicitario de la web (Frutos y Gutiérrez, 2005). La cuestión que se plantea es en que medida influye el formato en su eficacia. En un reciente estudio realizado por AIMC2 (2005) con la técnica del eye-tracking se constató que el banner y el rascacielos fueron los 2 AIMC (2005). Estudio Eyetrack medios España. 335 La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el banner? formatos que más miradas atrajeron. No obstante, en este mismo estudio se identificó un patrón de navegación guiado por los contenidos que comenzaba en la parte superior izquierda de la página y seguía una línea descendente de arriba abajo o en zigzag AIMC (2005). Según este resultado el marco de la página banner se verían fuera del patrón de navegación. Es más, los usuarios perciben que el banner forma parte de la página web como si se tratara de un marco en la composición de la misma (Frutos y Gutiérrez, 2005), e inevitablemente genera cierta desventaja sobre otros formatos sobre los que existen menos expectativas. Por otra parte, la creatividad en las campañas publicitarias realizadas on line han evolucionado muy rápidamente, particularmente con la incorporación del “rich media”. Esta tecnología ha revolucionado la creatividad incorporando numerosas posibilidades: la interacción, ejecuciones con animación, la incorporación de vídeo, imágenes (DoubleClick, 2005). Prácticamente tres de cada cuatro campañas utiliza la animación como recurso creativo (Sánchez y Frutos, en prensa). De nuevo surge la misma cuestión si estos recursos creativos son más eficaces. El interés por conocer la eficacia de la publicidad en Internet frente a otros medios tradicionales y otras formas de promoción como el sponsorship ha sido objeto de estudio en varios trabajos de investigación (Leong, Huang y Stanners 1998; Gallagher, Foster y Parsons, 2001; Becker-Olsen, 2003). Algunos trabajos incluso han estudiado la eficacia de algunos recursos creativos utilizados frecuentemente en la publicidad on line mostrando que el tamaño influye positivamente en las medidas de eficacia (Lothia, Donthu & Hershberger, 2003; Chandon, Chtourou y Fortin 2003; Baltas, 2003). Los recursos del tipo “haz clic” o “pulsa aquí”, resultaron eficaces en un primer momento (Chandon et al. 2003), no obstante parece que con el tiempo ha dejado de ser eficaz (Lees & Healy, 2005) movimiento en los anuncios resultaron eficaces, mientras que incluir una imagen o mencionar el nombre de la marca no arroja diferencias estadísticamente significativas. En este trabajo se utilizó la tasa de clic como medida de eficacia, cabe preguntarse si estas diferencias se mantienen utilizando medidas más cercanas a las respuestas cognitivas de los usuarios. En el trabajo realizado por Rae y Brennan (1998) encontró que la proporción de recuerdo de los visitantes de una página web era mayor en los banners estáticos y en los que incluían sonido, no obstante el estudio fue realizado con sólo una campaña. Posteriormente Baltas (2003) comprobó que la presencia de elementos dinámicos en las campañas influyó negativamente en la tasa de clic. En este sentido, parece interesante abordar de una forma sistemática la eficacia de recursos creativos y de los formatos más utilizados en la publicidad on line en un amplio grupo de campañas. 2. Hipótesis 336 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 1) La posición del anuncio influye en las medidas de recuerdo espontáneo, sugerido y reconocimiento del anuncio. Según los estudios realizados mediante la técnica de eye tracking las posiciones más cercanas al recorrido natural en una página tendrán mayor probabilidad de ser atendidas y por tanto tendrán mayor nivel de recuerdo que las posiciones ubicadas en la visión periférica. En concreto el banner tendrá un nivel de recuerdo inferior a rascacielos y los botones ambos más integrados en la página. 2) La presencia de movimiento atraerá la atención del usuario y, por tanto, la publicidad dinámica tendrá niveles de recuerdo superiores a la publicidad estática. 3. Metodologia 3.1 Procedimiento Para llevar a cabo el estudio se creó un sitio web sobre contenidos culturales de actualidad, denominado Spare ubicadas en cuatro páginas de moda, música, cine y tecnología. En la composición de las páginas se insertaron los anuncios de 4 campañas. Los participantes navegaron libremente en este sitio web durante 7 minutos. En las instrucciones se les pidió que buscaran información sobre contenidos concretos de las noticias incluidas en las páginas visitadas. Durante la sesión de navegación no se permitió tomar notas. La navegación en la página duró 7 minutos. La recogida de datos se realizó inmediatamente después de finalizar la navegación. Selección de campañas Tendiendo en cuenta que los participantes del estudio son jóvenes de clase media, media alta se seleccionaron productos dirigidos a este público objetivo. Para evitar que el tipo de producto influyera sobre los resultados obtenidos se eligieron cuatro tipos de productos siguiendo la clasificación FBC de Ratchford (1987). En la categoría de producto funcional se eligió el terminal de telefonía móvil y el servicio bancario; en la de productos expresivos se seleccionaron las zapatillas deportivas y la cerveza. Así mismo se consideró que la terminal de telefonía móvil y el calzado deportivo representan productos de alta implicación, mientras que los servicios bancarios y la cerveza son de baja implicación. Como paso previo a la selección se hizo un seguimiento de las campañas en Internet de Enero a Noviembre de 2005 mediante la herramienta de Ad relevante de Nielsen/Net-Rating. Se analizaron en total 442 campañas en 4 sectores elegidos previamente. En el análisis de las campañas se excluyó la autopromoción. A partir de la selección de campañas se preseleccionaron 15 compañías cuya publicidad se 337 La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el banner? consideraba representativa, se excluyeron acciones específicas o promociones puntuales y se buscó que los recursos creativos fueran equivalentes entre las marcas del mismo tipo de producto. Antes de realizar el experimento se hizo un estudio previo de actitud hacia las marcas pre-seleccionadas, con el fin de identificar las marcas con actitudes extremas (alta o baja) y elegir dos marcas de cada categoría de productos equivalentes en actitud. Un grupo de 83 estudiantes de últimos cursos de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Comunicación respondieron a un breve cuestionario donde le preguntábamos si conocían la marca y en caso positivo le pedíamos que evaluaran 16 marcas en una escala de actitud tipo likert de 5 puntos. En la tabla 1 se muestran los resultados obtenidos. A partir de este análisis se eliminaron las marcas poco conocidas y las marcas con valoraciones extremas (ver tabla 1). Se comprobó que no había diferencias estadísticamente significativas en la actitud media en las dos marcas elegidas para cada categoría de producto (ver tabla 2). Las marcas seleccionadas en telefonía móvil fueron: Siemens y Motorola; en zapatillas deportivas: Adidas y Nike; en servicios bancarios: BBVA y Caja Madrid; y en cerveza: Amstel y Estrella de Galicia. Las campañas elegidas habían estado activas entre los meses de mayo y junio y habían tenido una duración entre dos semanas y un mes aproximadamente. Tabla 1. Conocimiento, valoración media y desviación típica de la actitud hacia las marcas pre-seleccionadas MARCAS Conocen la marca MEDI A SD MARCAS Conocen la marca MEDIA SD 98,9% 2,66 ,946 ADIDAS SPRINGFIEL D 100% 3,76 ,798 Servicio bancario LA CAIXA 100% 3,62 ,785 UNICAJA 96,6% 2,97 ,702 H&M 88% 3,53 BBVA 100% 3,43 1,056 NIKE 85% 3,82 CAJA DUERO CAJA MADRID Terminal móvil MOTOROLA 94,3% 2,97 ,827 98,9% 3,49 1,135 100% 3,25 ,782 NOKIA 100% 4,38 ,866 SIEMENS 100% 3,20 ,931 Moda 1,11 4 ,978 Bebidas IVERUS 2,2% 2,60 ,913 HEINEKEN ESTRELLA DE GALICIA AMSTEL 100% 3,81 64,8% 3,33 97,8% 3,31 ,957 1,04 4 ,973 Tabla 2. Comparación de actitud hacia la marcas Anova medidas repetidas 338 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico MARCAS Moda ADIDAS - NIKE Bebidas ESTRELLA DE GALICIA – AMSTEL Servicio bancario CAJA MADRID - BBVA Terminal móvil MOTOROLA- SIEMENS F Sig. n 0,180 0,672 85 0,179 ,674 59 0,154 0,696 83 0,053 0,819 50 Selección de formatos A partir del estudio descriptivo realizado sobre las campañas en internet se eligieron los formatos más frecuentes encontrados en el análisis descriptivo de estos cuatro sectores: banner superior, rascacielos (skyrapert) y botón. Las cortinillas no fueron incluidas por su baja frecuencia en los sectores seleccionados (Sánchez y Frutos, en prensa). Los formatos flotantes (layers) se descartaron en el estudio por las connotaciones negativas que tienen para el usuario. Se ha constatado que las ventanas que se abren sin la autorización del usuario y las acciones que interfieren con la actividad del usuario se valoran negativamente (Frutos y Gutiérrez, 2004). Por otra parte, cada vez más usuarios frecuentes de Internet instalan programas que evitan la aparición de pop-ups y otros elementos emergentes en la navegación. De hecho la inversión en este tipo de formatos se ha reducido a la mitad en el primer semestre de 2005 (IAB y PriceWaterhouseCoopers, 2005). Diseño experimental En primer factor objeto de estudio es el formato publicitario con 4 niveles: banner, rascacielos, botón parte inferior-derecha y botón parte inferior izquierdo. La distribución de las 8 campañas en las cuatro posiciones fue balanceada, de forma que todos los productos aparecieron al menos una vez en los cuatro formatos. El segundo factor bajo estudio es la incorporación de la animación en la campaña. Se establecieron dos niveles estático y dinámico. En el diseño se equipararon las inserciones, de modo que en cada página la mitad de las inserciones tenían animación y la otra mitad eran estáticas. De igual modo, cada formato tenía el mismo número de inserciones dinámicas y estáticas. Para que se cumplieran las condiciones del diseño fue necesario convertir en estáticas algunas creatividades que originalmente contenían animación. Finalmente, se establecieron dos condiciones experimentales cada una con una combinación de inserciones determinada que se muestra en el Cuadro 1. De esta forma todos los usuarios vieron una vez cada campaña en la forma A o en la forma B y cada inserción publicitaria fue visualizada al menos en dos ocasiones puesto que aparecía en dos páginas. Los usuarios se asignaron de forma aleatoria a la condición experimental dentro de la misma sesión. En resumen, en el estudio se ha manipulado un factor inter-sujetos 339 La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el banner? con dos niveles, un factor intra-sujetos con cuatro niveles (formato) y un factor intrasujetos con dos niveles (movimiento). Cuadro 1. Composición de la página web Baner Botón Derecho Botón Izquierdo Rascacielos Página Forma BBVA Estático Estrella de Galicia Dinámico Amstel Estático Adidas Dinámico Nike Estático Siemens Estático Adidas Estático 1y3 A Motorola Estático BBVA estático Caja Madrid Dinámico Caja Madrid Dinámico Siemens Dinámico Amstel Estático 2y4 A 1y3 B 2y4 B Nike Dinámico Estrella de Galicia Estático Motorola Dinámico Muestra La muestra estaba formada por 79 estudiantes de los últimos cursos de la Facultad de Humanidades y Ciencias de la Comunicación que participaron de forma voluntaria en el estudio. Su perfil se responde al de internautas frecuentes que en promedio navegan 5 días a la semana, durante dos horas diarias. La edad media se sitúa en 22 años, el 70% son mujeres y la mayoría pertenece a la clase social media, media-alta. En la condición experimental A se asignaron 34 personas y las 45 restantes fueron asignadas a la condición B. Los datos se recogieron en cuatro sesiones durante el mes de diciembre de 2005. Variables de medida A diferencia de otros estudios basados en la tasa de clic, en el trabajo se recogieron diversas medidas basadas en el recuerdo. En primer lugar se hizo una pregunta de recuerdo espontáneo. La pregunta se formuló de la siguiente manera: “Enumera todos los contenidos publicitarios de las páginas webs por las que acabas de navegar”. En segundo lugar se realizó una pregunta de recuerdo sugerido, en la que tenían que identificar si habían visto publicidad en una lista de 12 marcas, donde sólo 8 se correspondían con la publicidad de la página web. En tercer lugar, se preguntó por la posición en la que se ubicaba la publicidad indicándose tres posiciones: banner superior, rascacielos y botón. 4. Resultados Antes de presentar los resultados se realizaron una serie de controles previos. Como se señaló en el procedimiento, las marcas elegidas estaban equiparadas previamente en cuanto al nivel de familiaridad, por lo tanto el nivel de recuerdo no 340 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico se puede atribuir al conocimiento previo de la marca. En la sesión de navegación se controló si los participantes habían sido usuarios de las marcas recogidas en el estudio. Posteriormente se comprobó que las dos marcas elegidas dentro de cada categoría de producto son equivalentes en este aspecto según se puede apreciar en la tabla 3. Asimismo se comprobó que los usuarios de cada marca no tuvieron niveles de recuerdo superiores a los no usuarios (ver tabla 4). Por último se comprobó que los usuarios que habían visto cada campaña con anterioridad no obtuvieron niveles de recuerdo significativamente superiores a los que no lo habían visto como se puede ver en la tabla 4. 341 La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el banner? Tabla 3. Porcentaje de usuarios de cada marca y contrate estadístico entre las marcas del mismo tipo de producto Marcas ADIDAS Usuarios χ22 Sig. Marcas 81% 0,59 ,467 BBVA NIKE 88,6% AMSTEL 7,6% ESTRELLA DE GALICIA 8,9% 0,91 ,763 Usuario s 38% CAJA MADRID 44,3% SIEMEMS 48,1% MOTOROLA 42,9% χ22 Sig. ,400 ,527 1,286 ,257 Después de llevar a cabo estros controles se puede afirmar que los análisis que se efectúan a continuación no se pueden atribuir a la familiaridad de la marca, a ser usuario de la marca o a haber estado expuesto a la campaña anteriormente. Para poner a prueba la influencia del formato y la posición se utilizó el estadístico W de Kendall (chi-cuadrado) para muestras relacionadas. El diseño se planteó de modo que los cuatro tipos de productos están presentes en los cuatro formatos publicitarios; igualmente están equiparados los anuncios dinámicos y estáticos, por lo tanto, las diferencias en el recuerdo debería atribuirse únicamente al formato. Tabla 4. Contraste Chi-square sobre la proporción de recuerdo en usuarios de la marca y en los que han visto la campaña previamente Vista la campaña frente no vista ADIDAS R. Espontáneo R. Sugerido R. Posición NIKE R. Espontáneo R. Sugerido R. Posición AMSTEL R. Espontáneo R. Sugerido R. Posición ESTRELLA DE GALICIA R. Espontáneo R. Sugerido R. Posición 342 Usuarios frente a no usuarios χ 22 Sig. χ 22 Sig. 4,320 1,432 ,253 ,086 ,231 ,613 ,148 ,118 ,113 ,701 ,731 ,731 1,464 ,267 ,060 ,226 ,605 ,806 1,402 ,003 4,983 ,236 ,956 ,026 ,022 ,130 ,341 ,883 ,718 ,559 ,301 ,095 ,668 ,583 ,758 ,414 ,866 ,508 ,003 ,352 ,476 ,957 1,168 ,109 ,212 ,280 ,741 ,645 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico BBVA R. Espontáneo R. Sugerido R. Posición CAJA MADRID R. Espontáneo R. Sugerido R. Posición SIEMENS R. Espontáneo R. Sugerido R. Posición MOTOROLA R. Espontáneo R. Sugerido R. Posición Vista la campaña frente no vista Usuarios frente a no usuarios ,241 1,366 ,459 ,623 ,243 ,498 2,345 ,569 3,181 ,126 ,451 ,204 ,090 1,090 ,251 ,764 ,296 ,616 ,790 2,074 2,222 ,374 ,150 ,136 ,320 ,220 ,631 ,565 ,639 ,427 ,067 1, 763 ,067 ,329 ,184 ,796 ,150 ,002 ,127 ,698 ,962 ,721 1,872 ,019 ,050 ,171 ,890 ,824 Los resultados muestran que hay diferencias significativas en el recuerdo espontáneo atribuibles a esta variable (χ23= 33,00 sig. ,000). Se confirma la primera hipótesis, puesto que el banner tiene un nivel de recuerdo significativamente inferior al de las otras tres posiciones. No obstante, las diferencias entre las otras tres posiciones no son estadísticamente significativas (χ23= 3,85 sig. ,145). Es decir, no hay diferencias en el nivel de recuerdo espontáneo entre el rascacielos y el botón. Este mismo resultado se mantiene al examinar el recuerdo sugerido (χ23= 39,193 sig. ,000) y el recuerdo de la posición donde estaba ubicada la publicidad (χ22= 42,081 sig. ,000). En el recuerdo de la posición es donde más se marcan las diferencias, como se puede ver en la tabla 5, sólo el 24% identifica correctamente alguno de los anuncios ubicados en el banner, la mitad que en el resto de las posiciones. Si comparamos el nivel de recuerdo sugerido y de la posición entre rascacielos, botón derecho y botón izquierdo, encontramos de nuevo que no hay diferencias significativas entre estas tres posiciones (χ22= 0,182 sig. ,666 y χ22= 1,5 sig. ,472). El segundo factor intra-sujetos que se analiza es el movimiento, según se plantea en la hipótesis los elementos dinámicos del anuncio captan la atención del usuario y por lo tanto se incrementará la probabilidad de procesamiento y de recuerdo posterior. El diseño experimental está equilibrado en cuanto al tipo de producto y la posición del mismo, de modo que la comparación entre ambas se deberá únicamente al efecto de la animación. Tabla 5. Porcentaje de recuerdo por posición y moviemiento POSICIÓN Recuerdo espontáneo Recuerdo sugerido Recuerdo posición 343 La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el banner? Banner Rascacielos Botón dcho Botón izq. 30,4% 67,1% 67,1% 55,7% 45,6% 84,8% 79,7% 83,5% 24,3% 58,2% 62,0% 65,85 χ23 33,00 ,000 3,85 ,145 39,193 ,000 0,182 ,666 42,081 ,000 1,5 ,472 84,8% 97,5% χ22 68,4% 78,5% 2,467 63,3% 75,9% 4,167 Sig. ,117 Sig. χ22 (sin banner) Sig. MOVIMIENTO Dinámico Estático 8,33 ,004 ,041 Según se muestra en la tabla 5 la hipótesis planteada no se confirma en ninguna de las medidas de recuerdo. En el recuerdo espontáneo encontramos que es mayor la proporción de recuerdo en los anuncios estáticos que en los dinámicos, no obstante estas diferencias no son estadísticamente significativas (χ22= 2,467 sig. ,177). En el recuerdo sugerido encontramos que contrariamente a lo que se había hipotetizado la proporción de recuerdo es significativamente mayor para los anuncios estáticos que para los dinámicos (χ22= 8,33 sig. ,004). Este mismo resultado se confirma para el recuerdo de la posición (χ22= 4,167 sig. ,041). Este resultado viene a confirmar el hallazgo de Rae y Brennan (1998) y Baltas (2003) sobre la superioridad de las campañas estáticas. En tercer lugar se examina la influencia de la forma experimental A o B en el recuerdo. Mediante la prueba del chi-cuadrado se compara la proporción de recuerdo inter-grupos. Los dos grupos han visto la misma campaña en diferente forma, de modo que las diferencias entre las dos condiciones sólo son atribuibles al formato/movimiento puesto que el resto de las condiciones se han mantenido constante. En la tabla 6 se muestra el nivel de recuerdo por campaña. Encontramos dos campañas con un nivel de recuerdo espontáneo bastante bajo comparamos con el resto que son Estrella de Galicia (12,7%) y BBVA (13%). Atendiendo el contenido del anuncio encontramos que en ambos casos no figura el nombre de la marca, y el contenido sólo hace referencia al producto objeto de la campaña. En el caso de Estrella de Galicia el mensaje se centra en la cerveza denominada 1096 y no aparece ningún signo distintivo que se asocie con el fabricante. Igualmente, en el anuncio de BBVA el producto anunciado se denomina Blue Joven, y el resto del contenido no hace ninguna referencia a la entidad bancaria. En las campañas restantes se identifica bien el logotipo o el nombre del anunciante. La proporción de recuerdo espontáneo para el resto de las marcas está entre el 35% y el 52%. El porcentaje de recuerdo sugerido es bastante mayor, así encontramos valores que van desde el 76,9% de Amstel al 46,8% de Motorola y Caja Madrid, si exceptuamos las dos campañas anteriormente mencionadas. El recuerdo de la posición dónde se 344 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico ubica el anuncio es más difícil de evocar con exactitud, como se puede apreciar la proporción de acierto es inferior al recuerdo espontáneo en todas las marcas salvo para la cerveza Amstel. Tabla 6. Proporción de recuerdo espontáneo, sugerido y posición por campaña Recuerdo espontáneo 45,6% 51,9% 41,8% 12,7% Recuerdo sugerido 53,2% 56,4% 76,9% 32,9% Recuerdo posición 24,1% 32,9% 49,4% 20,3% χ 27 13,0% 40,5% 48,1% 36,7% 69,256 30,8% 46,8% 61,5% 46,8% 46,755 19% 35,4% 38% 33% 18,343 Sig. ,000 ,000 ,011 ADIDAS NIKE AMSTEL ESTRELLA DE GALICIA BBVA CAJA MADRID SIEMEMS MOTOROLA El análisis de cada campaña ratifica los resultados obtenidos en los factores del formato y el movimiento, que se muestran en la tabla 7. Cuando se compara el banner con el botón las todas las campañas arrojan diferencias en el nivel de recuerdo estadísticamente significativas, excepto en el caso de BBVA donde el nivel de recuerdo es más bajo y las diferencias no llegan al nivel de significación. En la campaña de Nike el recuerdo espontáneo del banner dinámico es del 32,4% y esta proporción se duplica cuando los usuarios han visto el botón estático (66,7%), siendo la diferencia es estadísticamente significativa (χ21= 9,135 sig. ,003). Este mismo resultado se obtiene al analizar la medida de recuerdo sugerido (χ21= 9,348 sig. ,002) e incluso se acentúa más al examinar el recuerdo de la posición. Así el 11,8% recuerda el banner frente al 48,5% que recuerda el botón (χ21= 12,089 sig. ,000). En la campaña de la cerveza de Estrella de Galicia el resultado es similar, en este caso se compara el banner estático y el botón dinámico y la superioridad del botón sigue poniéndose de manifiesto. El nivel de recuerdo espontáneo del botón dinámico es del 23,5% frente al 4,4% del banner estático (χ21= 6,380 sig. ,012). Las diferencias son significativas para el recuerdo sugerido (χ21= 5,411 sig. ,020) y se acentúan en el recuerdo de la posición (χ21= 11,950 sig. ,001). En resumen, en las dos campañas se confirma la hipótesis de que el nivel de recuerdo de los botones es significativamente mayor al banner. En la campaña de Motorola se contrasta la hipótesis del movimiento, puesto que se compara el banner estático frente al banner dinámico. De nuevo se confirma con las tres medidas de recuerdo que el nivel de recuerdo es mayor en el banner estático (χ21= 9,445 sig. ,002; χ21= 10,383 sig. ,001; χ21= 10,846 sig. ,0010). 345 La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el banner? Tabla 7. Comparación de campañas por condición (posición y movimiento) Banner estático Banner dinámic o Botón estático χ21 Sig. 55,9% 2,559 ,110 58,8% ,768 ,381 44,1% 1,410 ,235 Botón dinámic o Rascacielos estático R. Espontáneo 37,8% R. Sugerido 48,9 % R. Posición 31,1% Rascacielos dinámic o ADIDAS NIKE R. Espontáneo 32,4% 66,7% 9,135 ,003 R. Sugerido 35,3% 71,1% 9,348 ,002 R. Posición 11,8% 48,9% 12,089 ,001 AMSTEL R. Espontáneo 50,0% 35,6% 1,661 ,197 R. Sugerido 91,2% 64,4% 9,330 ,002 R. Posición 67,6% 35,6% 7,797 ,005 ESTRELLA GALICIA R. Espontáneo 4,4% 23,5% 6,380 ,012 R. Sugerido 22,2% 47,1% 5,411 ,020 R. Posición 6,7% 38,2% 11,950 ,001 BBVA R. Espontáneo 11,8% 11,1% ,426 ,928 R. Sugerido 26,5% 33,3% ,051 ,567 R. Posición 20,6% 17,8% 14,377 ,001 CAJA MADRID R. Espontáneo 40,0% 41,2% ,011 ,916 R. Sugerido 46,7% 47,1% ,001 ,972 R. Posición 35,6% 35,3% ,001 ,981 SIEMENS R. Espontáneo 50,0% 46,7% ,086 ,769 R. Sugerido 64,7% 57,8% ,636 ,425 R. Posición 50,0% 38,9% 3,665 ,056 MOTOROLA R. Espontáneo 22,2% 55,9% 9,945 ,002 R. Sugerido 31,1% 67,6% 10,383 ,001 R. Posición 17,8% 53,9% 10,846 ,000 Respecto a la comparación entre el rascacielos y el botón, se han encontrado diferencias estadísticamente significativas en la campaña de Amstel en el recuerdo espontáneo y sugerido entre ambas posiciones (χ21= 9,330 sig. ,002; χ21= 7,797 sig. ,001). Según el estudio el recuerdo sugerido del botón fue del 91,3%, frente al 64,4% del rascacielos. Si examinamos el recuerdo de la posición encontramos que el recuerdo del botón casi duplica al del rascacielos (67,6% frente al 35,6%). No 346 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico obstante este resultado ha de tomarse con cautela, en primer lugar, porque en el recuerdo espontáneo las diferencias no llegan a la significación estadística. En segundo lugar, porque ni en la campaña de Caja Madrid, ni en la campaña de Siemens, en las que también se comparan estas dos posiciones, se hallaron diferencias estadísticamente significativas entre estas dos posiciones. 5. Conclusiones El objetivo de este trabajo ha sido estudiar la eficacia del formato y el movimiento en la publicidad en Internet en una muestra de ocho campañas que se pueden considerar representativas de la actividad publicitaria en la web de cuatro sectores. La primera de nuestras hipótesis se ha visto confirmada en el estudio, quedando demostrado que el recuerdo del banner es significativamente inferior a los botones y rascacielos. Esta diferencia es todavía mayor cuando se analiza el recuerdo de la posición donde estaba ubicada la publicidad. El diseño experimental del estudio ha controlado la influencia de posibles variables en las medidas de eficacia como es la familiaridad, el conocimiento previo de la campaña, el tipo de producto o la creatividad de la propia campaña. Las implicaciones de este resultado son muy importantes para el sector, puesto que el banner ha sido el formato publicitario por excelencia. Cabe preguntarse que es lo que ha desgatado al banner. Una posible explicación es la tesis del marco. Los usuarios en su búsqueda guiada de información han aprendido a no fijar su atención en la parte superior de la página. Por lo tanto, es más probable que dirijan su atención a cualquier otro elemento publicitario situado en patrón de recorrido visual y por tanto, sea procesado con mayor probabilidad y posteriormente recordado. Queda por comprobar si la superioridad del botón es mayor a la del rascacielos, que en este trabajo sólo se ha sido confirmado en una campaña, pero que de ratificarse en otros trabajos abundaría en la tesis del marco. Otra posible explicación puede encontrarse en la habituación a este formato, como consecuencia los usuarios responden con menos frecuencia e incide en el decremento del recuerdo. La segunda hipótesis del estudio que planteaba la mayor eficacia de los anuncios con animación no ha sido confirmada Al contrario, los resultados han apuntado de manera consistente que los anuncios estáticos consiguen mayor nivel de recuerdo que los anuncios dinámicos. De hecho este resultado se ha confirmado comparando la misma campaña y el mismo formato y variando únicamente el elemento dinámico. Aventurando una posible explicación a este resultado, se puede plantear que el anuncio estático se ve favorecido cuando la medida de eficacia es el recuerdo, no obstante, si valoramos otros aspectos del anuncio como puede ser la actitud hacia el anuncio, podríamos encontrar otros resultados. Es posible que la animación suponga un incremento en el contenido del anuncio, es decir, incrementa su complejidad y por ello resulte más difícil de evocar y sean necesarios más contactos para que sea efectivo. 347 La eficacia del formato y la animación en la publicidad en Internet ¿Se ha desgatado el banner? En general los niveles de recuerdo de las campañas han sido bastante altos, excepto para las dos campañas centradas en el producto que no incluyeron ninguna referencia hacia la identidad de la compañía. Este resultado se podría ratificar en futuros trabajos de investigación. Por último cabe señalar algunas limitaciones de este estudio y recomendaciones para la investigación posterior. Se trata de un estudio experimental, por lo tanto, el control de la situación de navegación garantiza la validez de los resultados obtenidos. El sitio web y las condiciones de navegación simularon bastante bien una situación real de navegación. Sería deseable realizar un estudio similar en una situación real de navegación. Igualmente, somos conscientes de que sólo se ha puesto a prueba dos variables dentro del amplio abanico de recursos creativos que ofrece la publicidad en Internet, por lo que parece muy interesante ampliar el estudio con otros recursos creativos. Finalmente, el estudio se puede completar utilizando otras medidas de eficacia como la actitud hacia el anuncio o la actitud hacia la marca. Bibliografía AIMC (2005). 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Dpto. Economía Aplicada V. Facultad de Ciencias Económicas y Empresariales. Universidad del País Vasco UPV/EHU, Avda. Lehendakari Agirre - 83, Bilbao, España. Resumen: Si un blog nos permite compartir intereses con personas de todo el mundo, por que no aplicarlo entre usuarios próximos, en una organización, el conocimiento tácito es muy importante. Ese conocimiento puede ahora hacerse público y compartido gracias a herramientas tales como: blogs, wikis, sindicación, folksonomías, etc... Las empresas están acumulando información propia de sus contextos de actuación. Pero, además, ahora quienes componen esas organizaciones van a poseer competencias y experiencia real en herramientas que pueden manejar la información de maneras óptimas haciéndola usable y combinándola con el conocimiento de los propios usuarios, o nuevas iniciativas internas o externas que utilicen tecnologías Web 2.0. Palabras clave: herramientas colaborativas; web 2.0; sistemas de información automatizados; Sociedad de la información y el Conocimiento. 1. Introducción. En la actual Sociedad de la Información, la masa de información ha llegado a ser asfixiante, así que las Tecnologías de la Información y de la Comunicación (TIC) se han puesto en marcha, sino para reducirla, si para poder manejarla y parametrizarla, para obtener de ella conocimiento que pueda ser utilizado de una manera inmediata y con mínima ocupación de espacio. “...Tras los notables progresos tecnológicos conseguidos en los últimos tiempos, las TIC entran en una fase de despliegue a gran escala que podría transformar radicalmente nuestra manera de trabajar, vivir e interactuar... En términos técnicos, las redes de comunicación, los medios audiovisuales, los contenidos, los servicios y los equipos están en plena convergencia digital. La mejora de las redes, asociada a las nuevas técnicas de compresión, crea canales de 351 Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE. distribución nuevos y más rápidos, y hace posibles nuevos formatos y servicios de contenidos...”. (COM.2005). Las TIC1, cuyo exponente más popular es Internet, son tecnologías cuyo potencial está ligado a la creatividad humana que, además, puede transformarlas con su uso y posterior banalización. Mucho se ha hablado de Internet en cualquiera de sus dimensiones, en el aspecto tecnológico, en el aspecto socioeconómico, cultural etc. Podríamos decir que Internet es una nueva forma de organización de la actividad humana. Internet es el conglomerado de organizaciones que funcionan “con”, “a semejanza de” y “a través” de esta Red; y por tanto, el conjunto de usuarios humanos que se lucran de la conectividad que les aporta este entramado tecnológico. Las empresas o sistemas de gestión económica (SGE), especialmente las grandes corporaciones que tienen una gran red de influencia económica y una extensa actividad comercial, administrativa y financiera, han tenido que acudir a la Informática y a la ciencia de los Sistemas de Información para remediar la avalancha de información en soportes distintos y con procedencias muy diversas. Nuevas arquitecturas operativas tales como las de soporte al trabajo cooperativo o las de soporte al Comercio electrónico (e-commerce) forman clusters de agentes que intercambian datos continuamente para realizar sus funciones y sus intervenciones. El actual proceso de digitalización se construye sobre un soporte socioeconómico en el que podemos distinguir tres dimensiones principales que se ínter-alimentan entre sí (Rincón, Areitio & Areitio, 2005): • Dimensión horizontal, constituida por los sectores económicos horizontales encargados de desarrollar: o la infraestructura física y las redes (infraestructura de telecomunicaciones: la red de banda ancha terrestre y móvil, la red de televisión digital, etc.). o los servicios genéricos que permiten el uso de la infraestructura física. • Dimensión vertical, donde se desarrollan los sectores que da soporte a los servicios de valor añadido que se han venido a englobar bajo los conceptos de e-empresas, e-comercio, e-salud, e-gobierno, e-educación, etc. • Dimensión transversal, que se nutre de elementos de los sectores horizontales y verticales, tales como: o los marcos de regulación vigentes, que consolidan el ámbito de las nuevas formas de organización. o los mecanismos de financiación, que sustentan el funcionamiento de las TIC. 1 Las TIC son producto de la convergencia de las tecnologías de la información y las tecnologías de la comunicación. Así que van más allá de aspectos meramente tecnológicos e informáticos abarcando cuestiones relativas a la información y la comunicación. 352 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico o o 2. el capital humano asociado, que constituye la fuerza motriz de la tecnología. etc. Algunas cifras sobre la penetración del comercio electrónico por áreas geográficas y sectores de actividad como indicador del avance de la Sociedad de la Información. Es innegable que las tecnologías de la información y de la comunicación están generando un nuevo espacio social, en el que pueden desarrollarse las más diversas actividades humanas. Sin embargo, aún estamos experimentando lo que “dan de sí” estas tecnologías. La construcción de escenarios específicos y el estudio de la traza de penetración de la actividad mediante indicadores son unas buenas herramientas para analizar dichas actividades, y pueden permitir impulsar a los ciudadanos a ser activos en dichos escenarios. Como se muestra a continuación, la posición actual de Europa en cuanto a número de usuarios de Internet y al uso de tecnologías móviles, presenta cifras que adelantan las posiciones de Norte América (figura 1). Figura 1 – Informe Global Technology / Internet Trends (Morgan Stanley. 2006) Concretamente, para ilustrar la posición de partida de los usuarios españoles, vamos a utilizar como indicador, el estado de penetración del comercio electrónico, dado que este indicador pertenece a la, ya mencionada, dimensión vertical de soporte a la Sociedad de la Información. Nos centraremos en el volumen de negocio del comercio electrónico dentro de España y desde España con el resto de áreas geográficas, así como la penetración de dicho comercio por sectores de actividad. 353 Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE. Se puede observar como el volumen de negocio del comercio electrónico desde España con el resto de áreas geográficas (UE, EEUU, América Latina, Asia Pacífico y C.E.M.E.A, países de Europa Central, Oriente Medio y Africa), se ha incrementado significativamente a lo largo del periodo 2001-2004. Los incrementos más significativos se han producido en la Unión Europea, situándose el volumen de negocio de comercio electrónico de España hacia esta área geográfica en el año 2004, en una cifra que supera los 403 millones de euros. A continuación le sigue EEUU, aunque con una diferencia apreciable, con respecto a la UE, dado que se sitúa en torno a los 71 millones de euros, los países del C.E.M.E.A (13 millones), América Latina (en torno a 7 millones) y por último Asia Pacífico. (ver Figura 2). Figura 2 – Informe sobre el Comercio Electrónico en España a través de las entidades de medios de pago. Comisión del Mercado de las Telecomunicaciones. 4º trimestre de 2004. En cuanto al volumen de negocio del comercio electrónico dentro de España, se puede observar la tendencia al alza del mismo en el periodo comprendido entre el año 2001 y 2005, indicativo de la rapidez de crecimiento de este tipo de comercio. (ver Figura 3). En cuanto a los sectores de actividad, el transporte aéreo es el sector donde el volumen de negocio de comercio electrónico es mayor, con un 27%, seguido por el marketing directo (11,80%) y los juegos de azar y apuestas, con un 6,8% para el último trimestre del año 2004. (ver figura 4). Para concluir, destacar, que el volumen de negocio de comercio electrónico dentro de España y desde España hacia el resto de zonas geográficas es cada vez mayor, siendo la UE, por el momento, el objetivo prioritario de España 354 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico para la realización de operaciones de comercio on-line. Asimismo, se está produciendo un avance significativo del comercio electrónico, en general, en todos los sectores de actividad, y particularmente en el transporte aéreo, que alcanza porcentajes muy superiores al resto de sectores, a pesar del retroceso sufrido en el segundo trimestre de 2005 (Com. del Mercado de las Telecom., 2005). Figura 3 - Informe sobre el Comercio Electrónico en España a través de las entidades de medios de pago. Comisión del Mercado de las Telecomunicaciones. 2º trimestre de 2005. 355 Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE. Figura 4 - Informe sobre el Comercio Electrónico en España a través de las entidades de medios de pago. Comisión del Mercado de las Telecomunicaciones. 4º trimestre de 2004. 3. El fenómeno web 2.0. La Sociedad va construyendo y aprendiendo lo que “es y puede llegar a ser” la era de la información. El valor de la información depende específicamente del contexto en el que ésta se presente y analice. La misma información puede presentar valores diferentes para personas y momentos distintos. Del mismo modo, los servicios asociados a la información y las aplicaciones de las TIC van definiéndose e inventándose (tabla 1), a medida que la oportunidad tecnológica se presenta como propicia, desde el punto de vista económico y social, y, muy a menudo, empujada por la “madurez” de los usuarios en la asimilación de competencias referidas a tecnologías afines. El proceso de “madurez” que sufre un usuario ha sido objeto de múltiples estudios, que se escapan del ámbito de esta comunicación. El hecho es que la llegada de los ordenadores y la incorporación del fenómeno web en los ámbitos profesionales y domésticos están proyectando la innovación en todo lo relativo al acceso y manipulación de la información, mas allá de lo que cualquiera de nosotros podríamos haber imaginado hace tan sólo veinte años. 356 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Tabla 1 – Ejemplo de evolución de las aplicaciones de la tecnología emergente RFiD (radio frequency identification). Aplicaciones tradicionales de RFID Aplicaciones emergentes de RFID Control de acceso/seguridad personal Gestión de stocks Artículos de vigilancia electrónica Gestión de la cadena logística Identificación de animales Seguimiento de envíos postales Control de bibliotecas los volúmenes Gestión de flotas (autobuses, etc.) en Seguimiento de equipajes en las líneas aéreas Seguimiento de documentos Aplicaciones sanitarias Antifalsificación Los expertos de Morgan Stanley (Morgan Stanley, 2005) reivindican lo que ellos consideran el “momento Internet”. Los parámetros clave de lo que constituyen las tendencias descritas en este informe son: el auge de la electrónica de consumo, la generalización de la banda ancha y el crecimiento sostenido no sólo del número de usuarios de Internet, sino también de la frecuencia de uso de este medio por parte de cada uno de estos usuarios. Asimismo, el SFO (Search-Find-Obtain -busque-encuentre-obtenga-) se está convirtiendo en una realidad global y está llamado a ser la próxima “estrella” de Internet. Asociado al éxito del SFO2 está también el de la publicidad por la búsqueda de palabras clave y, por tanto, el despegue de los ingresos por enlaces patrocinados. Por su parte, el momento actual supone un punto de inflexión en la evolución de la web: surge la web 2.03 con un gran potencial para el uso y desarrollo de herramientas colaborativas que facilitarán el trabajo de los equipos. No existen una definición universalmente aceptada del concepto “web 2.0”, y de la tecnología que se esconde tras este término, sin embargo, puede decirse que un sitio web está construido usando esta tecnología si emplea (tomado de Wikipedia): • CSS, marcado XHTML válido semánticamente y Microformatos • Técnicas de aplicaciones ricas no intrusivas (como AJAX Asynchronous JavaScript And XM.) 2 3 Actualmente, empresas de servicios tales como Google, Amazon.com, Yahoo!, Expedia o Overture, utilizan SFO en sus estrategias de negocio. El termino web 2.0 identifica la transición de las web estáticas basadas en el uso exclusivo del HTML, a las web “actuales” o hacia las que se tiende, basadas en el uso de este entorno orientándolo hacia la interacción humana virtual y a las redes sociales. Los blogs, los wikis, las folksonomías, la sindicación, etc... son, entre otras, herramientas asociadas al concepto web 2.0. 357 Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE. • • • • • • • • • Java Web Start Flex/Laszlo/Flash XUL Sindicación de datos en RSS/ATOM4 Agregación de datos en RSS/ATOM URLs sencillas y con significado Soporte para “postear” en un blog APIs REST o XML Algunos aspectos de redes sociales Una red social es una representación gráfica de tipo grafo, en la que los nodos representan individuos (actores) y los enlaces las relaciones entre ellos. Este término se emplea para describir las relaciones que se desarrollan en las comunidades virtuales, y se hizo popular hacia el 2003. Como soporte a las redes sociales, mencionemos, por ejemplo, a Orkut de Google (ver figura 5), o a Flickr. Este ultimo sitio se ha convertido en una cita ineludible al hablar de redes sociales ya que su pretensión es conseguir integrar las comunidades y redes sociales interesadas en la fotografía online. Este sitio aparece en la literatura como una nueva forma de comunicarse a través de la fotografía. En todo caso, y aunque los usuarios de flickr pueden elegir en qué condiciones quieren compartir sus fotos: utilizando un copyright tradicional o bien utilizando una de las licencias abiertas o diferentes tipos de copyleft que creative commons proporciona, en pocos meses flickr se ha convertido en la mayor base de datos mundial de fotografías libres existentes hoy en día. Los portales de soporte a redes sociales disponen de las herramientas que se están popularizando en Internet, para la interacción y colaboración social: los webblogs, los wikis, las folksonomías, la sindicación, etc... 4 “...La primera y más importante evolución de la Web 2.0 se refiere a la sindicación del contenido de una Web, usando protocolos estandarizados que permitan a los usuarios finales usar el contenido de la web en otro contexto, ya sea en otra web, un plug-in de navegador, o en una aplicación de escritorio…”.Tomado de Wikipedia. 358 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figura 5 – Ejemplo de un sitio de soporte a redes sociales: Google lanzó Orkut, el 22/01/2004. Existen otras herramientas que permiten ordenar información de una manera visual. Por ejemplo, los mapas mentales permiten generar diagramas representando piezas de información en una estructura de árbol (ver figura 6). Son especialmente útiles para esbozar ideas y darles forma gradualmente, de manera muy similar a la mecánica que se sigue en los WikiWikiWeb. Pero a diferencia de éstos, además de no haber nacido como herramienta colaborativa, su estructura responde concepto de “árbol jerárquico”. La facilidad de uso, que se nos ofrece en el uso de sitios que incorporen las tecnologías asociadas a esta nueva versión de la Web, genera un nuevo reto para el usuario final: el contenido. Un contenido o recurso digital debe entenderse como información digitalizada, desarrollada o adquirida, con el objetivo de resultar accesible e intercambiable para la comunidad global. Los contenidos pasan a ser los protagonistas, robando espacio a los aspectos tecnológicos o de diseño de los sitios web. El negocio de la distribución de contenidos se presenta, a su vez como una idea de negocio emergente, que aparentemente comienza a arrastrar a un importante número de empresas asociadas de una manera u otra con la Red (figura 7). 359 Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE. Figura 6 – Ejemplo de mapa mental realizado con soporte software. producen el contenido integran+ “envasan” +resumen+transportan Aportan la “cartera” de clientes - intermediarios - ventaja competitiva: • agregan, resumen e integran contenidos (a veces aportando valor) Productor/es de contenidos - enfoque: especialización - ventaja competitiva: • fiabilidad, • time-to-market • calidad del contenido Distribuidor/es de contenido Disponibilidad en tiempo y forma Agregador/es de contenido Consumidor/es de contenido -ventaja competitiva: • disponer de la más amplia oferta de contenidos • ofrecer contenidos de alto interés (modelo 'pay-perview') Figura 7 – Esquema de la cadena logística de la distribución de contenidos en Internet. 360 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 4. Efecto de las tecnologías web 2.0 en los actuales SGE Una organización puede definirse como un conjunto de actores o agentes – factor humano-, de elementos físicos –factor técnico- y procedimientos de acción y decisión –procesos operativos- que pretenden conseguir unos objetivos –finalidad-. Esta definición representa la expresión física de un concepto más abstracto que es el Sistema de Gestión Económica (SGE) cuya misión principal es crear el marco institucional y normativo en el que se reúnen y organizan los recursos humanos, físicos, monetarios e informacionales que son asignados a cada representación concreta del SGE. La informatización integral de empresas está originando una nueva estructura productiva y está creando un estilo de trabajo y control de la producción diferente. Es posible afirmar que se está consiguiendo construir un entramado informacional. Por todo ello, el manejo y acceso eficaz y veloz de la información (ó en su caso del conocimiento) se ha convertido en un factor decisivo para aumentar la competitividad económica de un sistema de gestión económica. Así pues, una formación complementaria, para el futuro especialista en administración y dirección de empresas, sobre competencias que le permitan abordar y conocer los fundamentos y la aplicación de soluciones basadas en los avances en Informática en general y en las TICs en particular, no sólo les proporcionan las herramientas para integrarse profesionalmente en la Sociedad de la Información como agentes activos que favorezcan su construcción; sino que, a corto y medio plazo, está alterando las bases mismas de los sistemas de información de las organización donde se integren. El paso de la empresa convencional a la empresa “extendida” (García, 2001) supone la aparición de tres problemas que inciden de manera importante sobre la organización del SGE, sobre los procesos transaccionales de su actividad comercial, financiera y contable y sobre los procedimientos decisoriales estratégicos y de control. Deben por lo tanto ser conocidos, analizados y resueltos. Estos tres problemas son: • La integración de los sistemas gestionarios de la empresa con el resto de las empresas de su Extranet, o con sus partners, o con sus clientes del entorno e-Commerce. En el caso de los partners la integración supone que los ERP de ambos extremos deben poder «verse» no sólo para intercambiar información, sino también para compartir procesos. • La formación de un espacio Intranet fuertemente securizado. • La extensión del espacio informacional de la empresa hacia el ciberespacio , lo que conllevan procesos en ese nuevo entorno. Las metodologías de integración de aplicaciones y subsistemas operativos (ERP -Enterprise Resource Planning-) son conocidas y su grado de implantación es muy alto en las grandes corporaciones y aceptable en las PYMES. Asimismo, la tarea de creación de una Intranet constituye una actividad muy banalizada en el entorno del diseño de los sistemas de información corporativos 361 Las tecnologías web 2.0 y los sistemas de información automatizados de los SGE. (Rincón, Areitio, Areitio & Aldaz, 2001). Los usuarios de una red corporativa con un ordenador fijo y suficientemente protegido con los mecanismos software y hardware básicos, permiten a los administradores de sistemas o a los técnicos de la red, implementar políticas de seguridad de una manera muy rápida. Por el contrario, los usuarios cuya actividad profesional se desarrolla entera o parcialmente en el domicilio, requieren soluciones algo más sofisticadas. Así, la verificación del nivel de seguridad del equipo remoto, que desea conectarse a la red corporativa, debe ser lo más amplia posible. En estos casos, se estilan soluciones como la conexión a través de una VPN. Finalmente, la integración y colaboración de las empresas dentro del espacio Internet debe solventarse con sus propias herramientas de diseño y programación (web services, XML, PHP, etc.). En cualquier caso, y como consecuencia inmediata, el SI (sistema de información) y su correspondiente SIA (sistema de información automatizado), deberán rediseñarse y en su caso puede, incluso, que se requiera una reingeniería de procesos. Las organizaciones empresariales no pueden escapar de esta compleja espiral de cambio y de su aceleración. Los usuarios desean para su entorno de trabajo, aquello que encuentran en su vida privada, es decir entornos que: • dispongan de sistemas de búsqueda que cubran un amplio universo, al estilo Google. • sistemas que proporcionen asistencia “inteligente” ante los problemas que le puedan surgir. • ayudas automáticas de diversos tipos (corrección ortográfica, traducción, clasificación por relevancia de la respuesta, mapas de navegación, personalización del entorno de trabajo etc.) • disponibilidad de múltiples de formatos para los objetos de información (texto, multimedia). • disponibilidad de aquellos objetos que se localicen en formato de objeto completo. • sistemas que permitan y den soporte a redes sociales. • metadatos. • seguridad y privacidad. • etc. La pregunta que subyace a esta realidad es, si los administradores de sistemas podrán abordar el reto e implantar en la siguiente generación de sistemas de información automatizados (SIA) de los sistemas de gestión económica (SGE), los elementos que estos nuevos usuarios van a demandar. Desde luego, la organización para poder responder adecuadamente a las expectativas de los usuarios, deberá disponer de un sistema de información fuerte con objetivos y misiones bien definidos, orientados al usuario, además de plantear como prioritario: • el conocimiento profundo de las necesidades de información de los usuarios y del medio en el que desarrollan su actividad. 362 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • • • • la capacidad de maniobra necesaria para modificar y perfeccionar, en forma dinámica, pero en estrecha colaboración con el usuario final, aquello que se tiene y considerar el entorno donde se aplica el producto o servicio que ha perdido su valor. el establecimiento de revisiones sistemáticas de cada una de las etapas de preparación de los productos o servicios, con el objetivo de asegurar el cumplimiento de los requerimientos del usuario y la calidad que se exige. disponer de una infraestructura tecnológica y recursos necesarios para satisfacer las especificidades de los productos o de los servicios de información y su accesibilidad a los usuarios. asegurar la formación profesional y técnica de los especialistas que participan, tanto en la preparación, como en la entrega de los productos y servicios de información. La próxima revolución en el uso de las TIC en el entorno empresarial no será la Web 2.0 en Internet, sino el uso de la web 2.0 en la red corporativa. Si un blog nos permite compartir intereses con personas de todo el mundo, por que no aplicarlo entre usuarios próximos, en una organización, el conocimiento tácito es muy importante. Ese conocimiento puede ahora hacerse público y compartido gracias a herramientas tales como: blogs, wikis, sindicación, etc... En realidad se trata de resucitar los viejos conceptos asociados a las herramientas groupware propietario, que en su momento, y en organizaciones de gran tamaño, tuvieron bastante implantación; y de adaptar tales tendencias en las organizaciones actuales, sea cual fuere su tamaño, empleando herramientas groupweb o colaborativas, a imagen y semejanza de Internet. 5. Conclusiones. Las empresas están acumulando información propia de sus contextos de actuación. Pero, además, ahora quienes componen esas organizaciones van a poseer competencias y experiencia real en herramientas que pueden hacerla usable y combinarla con el conocimiento de los propios usuarios, o nuevas iniciativas internas o externas que utilicen tecnologías Web 2.0. La pregunta que subyace a esta realidad es ¿cómo abordarán los administradores de sistemas el reto de implantar en la siguiente generación de sistemas de información automatizados de los SGE, los elementos que estos nuevos usuarios van a demandar?. Referencias bibliográficas. • Areitio, A. & G. Areitio (2005). La economía aplicada y los recursos digitales de información. 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[Consultado en enero 2006]. 364 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 365 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web Asier Perallos Ruiz1, Rebeca Cortazar Goicoechea1 [email protected], [email protected] 1 Universidad de Deusto, Facultad de Ingeniería, Apdo. 1, 48080, Bilbao, España. Resumen: En este artículo se presenta una solución metodológica (QVAL) para la evaluación y validación de sitios web, que se caracteriza por introducir un enfoque sistemático, integral y ágil de validar distintos aspectos de calidad web. El aspecto más relevante del método presentado es que ha sido desarrollado de manera que sea fácilmente adaptable a cualquier tipo de sitio web; esto se ha conseguido gracias al uso de requisitos y/o pautas de diseño que previamente han sido contextualizadas en base a las características o facetas que presenta la aplicación a evaluar. Inicialmente se presentan las características y elementos que componen la metodología, seguidamente se ofrece una visión superficial de una herramienta software que permite dar soporte a la aplicación del método de validación y por último se exponen los resultados y conclusiones de los primeros experimentos de uso de la misma. Palabras clave: Calidad Web; Metodología; Contextualización de Pautas; Facetas. 1. Introducción El aseguramiento de la calidad en la web es un asunto de creciente interés y preocupación, máxime si tenemos en cuenta el auge que este medio ha experimentado en los últimos años (InternetWorldStats, 2005) y las repercusiones económicas negativas que la puesta en producción de sistemas web deficitarios (en lo que a calidad se refiere) puede acarrear, muy especialmente cuando nos referimos al sector del comercio electrónico (Forrester Research, 1999). Existen multitud de trabajos encaminados a la medición o chequeo de distintos aspectos de la calidad web de una forma un tanto aislada. La medición o evaluación de la usabilidad (Nielsen, 1994a), la accesibilidad (W3C/WAI), el rendimiento (Banga & Druschel, 1999), la seguridad (Splaine, 2002) o la funcionalidad (Nguyen, Johnson & Hackett, 2003), por citar los más relevantes, son por tanto campos muy estudiados y para los que existen documentadas multitud de técnicas 365 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web de testeo cuya validez ha sido demostrada empíricamente (aunque esta afirmación quizás deba ser menos categórica dentro del área de la usabilidad, donde las técnicas de evaluación y las pautas de buenas prácticas se encuentran más cuestionadas (DialogDesign) y en muchos casos no han sido probadas ni validada su eficacia (Scapin et al., 2000). Sin embargo, no abundan en la misma medida los enfoques metodológicos que vayan más allá de esta mera descripción de técnicas de testeo y que aporten un valor añadido, materializado normalmente en una organización y contextualización de las mismas. Existen algunos, pocos, enfoques metodológicos de este tipo asociados nuevamente a áreas de calidad concretas. Por citar algunos, tenemos dentro del área de la usabilidad el propuesto en (Ivory, 2001) y en el área de la seguridad el descrito en (Herzog, 2003). Como decimos, estos últimos enfoques se encuentran ubicados en áreas muy concretas y no afrontan la evaluación de la calidad de los sitios web de una forma integral (es decir, tanto usabilidad, como seguridad, como rendimiento, etc.). Este último planteamiento realmente escasea en el campo de la calidad web y se reduce a unas pocas iniciativas como las expuestas en (Olsina, 2000; Gerrard & Thompson, 2002; Mich, Franch & Gaio, 2003). Concluimos por tanto que se requieren métodos de evaluación de la calidad web que indiquen no sólo cómo medir, sino también qué medir y en qué casos. Es decir, es preciso una puesta en contexto de todas las técnicas de medición y recomendaciones de calidad que existen documentadas, así como la definición de un proceso sistemático de evaluación que pueda ser aplicado uniformemente sobre cualquier tipo de sitio web y que permita obtener unos indicadores de la calidad global del sitio. El problema de la contextualización, vinculado en este caso al área de las pautas de usabilidad, pero extrapolable al resto de ámbitos, junto con otros problemas tales como la falta de rigor o la escasa aplicabilidad práctica de muchas de las recomendaciones existentes, se encuentra recogido en (Scapin et al., 2000; Vanderdonckt, 1999). En este artículo se presenta un enfoque metodológico para la evaluación y validación de sitios web acorde con los requisitos y necesidades expuestas anteriormente. Las bondades generales de este método, las cuales se irán haciendo palpables a lo largo de la explicación del mismo, son las siguientes: • Evaluación y validación integral de la calidad. Es decir, que la evaluación contempla todos los aspectos de calidad de un sistema software (o al menos los más representativos). No limitándose por tanto únicamente al chequeo de pautas de usabilidad o accesibilidad, o únicamente a la comprobación de la corrección funcional del sistema, o únicamente a la medición de los tiempos de respuesta con el fin de determinar el rendimiento, sino que aborda todos estos aspectos y otros más (seguridad, fiabilidad, mantenimiento, etc.) de una forma integrada. • Aplicable sobre cualquier tipo de sitio web. El método se ha diseñado de manera que sea fácilmente adaptable a cualquier tipo de sitio web. Por tanto, podrá ser ejecutado de una manera sistemática en todos los casos. 366 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Esto se consigue gracias a la contextualización de cada una de las actividades en función de las características del sitio web sobre el que se deba actuar, siendo estas características (denominadas más adelante como facetas) quienes determinen qué aspectos y pruebas son aplicables a ese sitio web y cuáles no. • Agilidad. Con el objetivo de proveer una estrategia de validación que se adapte a las necesidades que priman en los desarrollos web actuales (ciclos cortos y requisitos temporales muy fuertes) se ha diseñado un método que sea rápido de aplicar. Esta agilidad se materializa de dos maneras: por una parte al tener predefinidos los procesos de prueba y el conjunto de acciones a llevar a cabo, el proceso de validación consume menos tiempo, puesto que este trabajo inicial de diseño del plan de pruebas ya se encuentra realizado; y por otra parte el fijarse como objetivo la garantía de unos mínimos de calidad por parte de las aplicaciones hace que la cobertura de la evaluación se vea reducida y se eviten los exhaustivos controles. 2. Ámbito de actuación de la metodología Como se ha comentado anteriormente, la medición de los distintos aspectos de calidad de las aplicaciones web es un campo ya muy trabajado para el que existen multitud de técnicas de testeo que se han revelado como válidas. éste es por tanto un área que, desde nuestra perspectiva, hay que explotar y valerse de él para poder seguir progresando en la línea del aseguramiento de la calidad web. Sin embargo, sí existe una carencia de métodos que, partiendo de las técnicas de testeo ya existentes, sean capaces de organizarlas y de determinar qué aspectos deben medirse en cada situación y de qué manera deben interpretarse los resultados obtenidos con vistas a extraer una serie de conclusiones acerca del sistema web chequeado. Éste es precisamente el espacio que trata de llenar la metodología (QVAL) que se presenta en este artículo. 367 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web Sitio Web 1 Conclusiones 5 Análisis de las características Metodología QVAL Requisitos a chequear 2 4 3 Captura de datos Resultados de las mediciones Mantenibilidad Seguridad Funcionalidad Rendimiento Usabilidad Accesibilidad Técnicas de Testeo Web Figura 1 - Ámbito de actuación de la metodología La Figura 1 muestra cómo la metodología conceptualmente puede representarse como una capa metodológica que descansa sobre las técnicas de testeo web ya existentes para los distintos ámbitos de calidad y que al mismo tiempo las enriquece. Así, la metodología QVAL, tras un análisis de las características del sitio web a chequear, es capaz de determinar qué requisitos mínimos de calidad debe cumplir ese sitio y por tanto qué es necesario medir y qué técnicas de testeo (materializado en la ejecución de procedimientos de prueba) hay que emplear. Estos procedimientos de prueba chequearán diversos aspectos de la aplicación web y arrojaran una serie de resultados (en forma de número de enlaces rotos, errores funcionales, tiempos de respuesta, tiempo medio entre fallos, etc., en función de la naturaleza de cada tipo de prueba). La metodología presentada será capaz de analizar estos resultados y en base a una serie de reglas y umbrales de aceptación aportar una conclusión sobre la calidad del sitio web. 3. Metodología QVAL En este apartado de describirán las distintas actividades que se han ido realizando durante el proceso de definición de la metodología, así como los distintos elementos que se han ido generando y que constituyen la base del método de validación. 3.1. Definición de un modelo de calidad Como paso previo al desarrollo del método se establecerá un marco de calidad sobre el cual ubicar los distintos tipos de requisitos de calidad que las aplicaciones web deben cumplir y que por tanto es preciso chequear. Este marco representará por tanto el modelo de calidad contra el cual la metodología chequeará las aplicaciones 368 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico web. Además, las características y subcaracterísticas en él representadas nos servirán posteriormente como esquema de clasificación de los requisitos de calidad que se vayan identificando en el apartado 3.2. La Figura 2 muestra el modelo de calidad definido, que como se puede apreciar esta compuesto de 7 categorías o características de primer nivel, algunas de las cuales han sido inspiradas en el modelo de calidad ISO9126-1 (ISO/IEC 9126-1, 2001), y dentro de éstas por características de segundo nivel. Cabe recalcar en este punto el hecho de que el modelo incorpora los aspectos de calidad más importantes de los sitios web: usabilidad, accesibilidad, rendimiento, seguridad, funcionalidad, fiabilidad y mantenibilidad; lo que demuestra que el método desarrollado, tal y como se adelantó anteriormente, persigue la validación integral del producto. 3.2. Identificación de requisitos El objetivo de esta fase es determinar cuáles son los requisitos más importantes y que de una forma genérica un amplio espectro de aplicaciones web deberían cumplir, y por tanto cuáles son los requisitos que el método de validación deberá estar preparado para chequear. Los resultados de esta fase constituyen por tanto la base sobre la que se sustentará el método de validación. Pese a existir multitud de guías (Koyani, Bailey & Nall, 2003; Thatcher et al., 2002; Tracy, Jansen & McLarnon, 2002) que documentan requisitos a cumplir por las aplicaciones web, la definición del conjunto concreto de los mismos no resulta una tarea sencilla por los siguiente motivos: en primer lugar debido al gran volumen de información existente y a que en ciertas ocasiones ésta presenta contradicciones (Ratner, Grose & Forsythe, 1996); y en segundo lugar a la dificultad existente para fijar los límites a la hora de establecer tal conjunto de requisitos, es decir, qué incluir dentro y cuáles excluir. La solución al primer problema (o al menos en ciertos casos), consiste en contextualizar los requisitos, es decir, en establecer cuándo un requisito es aplicable de una determinada forma y cuándo no, de manera que es posible que existan requisitos contradictorios pero que sean ambos válidos al ser aplicables en distintas circunstancias (este aspecto se abordará cuando se introduzca el concepto de las facetas en el apartado 3.3). La solución al segundo problema, en el caso que nos ocupa, pasa por establecer unos criterios claros que determinen qué mínimos de calidad el método de validación deberá garantizar; siendo éste un aspecto crucial además para garantizar la agilidad esperada del mismo. En cualquier caso la completitud y la adecuación del conjunto de requisitos incluidos en el método siempre será un aspecto cuestionable (Vanderdonckt, 1999). Una vez establecido el conjunto de requisitos, se ha procedido a su clasificación en base a las características del modelo de calidad expuesto en el apartado 3.1, el cual, por realimentación, ha sido adaptado también en gran medida a la tipología del conjunto de requisitos identificados. 3.3. Definición de las facetas 369 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web Anteriormente se ha introducido de una forma superficial el problema de la contextualización de los requisitos, es decir, el saber qué requisitos son aplicables en cada caso en función del contexto, o traducido a nuestro caso concreto, en función de las características de la aplicación web que debamos validar. La metodología desarrollada logra dicha contextualización a través de lo que nosotros denominamos facetas. Una faceta puede definirse como una característica de una aplicación web que implica el cumplimiento de una serie de requisitos (Perallos & Cortazar, 2003). El uso de las facetas como elemento director del método de validación aporta las siguientes propiedades o beneficios: • Generalizable y adaptable a cualquier tipo de sitio web. Las facetas permiten filtrar los requisitos que deben ser cumplidos por una determinada web, ya que en base a las facetas que incorpora esa web le corresponderán unos u otros requisitos. Este esquema convierte al método de validación en una solución genérica, que es adaptable y aplicable de manera sistemática a cualquier tipo de sitio web, siendo precisamente las facetas quienes proporcionan esa capacidad de adaptación al actuar como elemento diferenciador de los distintos tipos de sitios web. • Facilidad de uso y comprensión. Las facetas constituyen términos de un nivel de abstracción superior a los requisitos y que por tanto resultan más comprensibles (incluso para los propios usuarios) y manejables. El objetivo por tanto de esta fase es identificar las facetas más comunes que pueden darse en las aplicaciones web y establecer los vínculos entre éstas y los requisitos identificados en el apartado 3.2. Clasificación de facetas Las facetas pueden ser de múltiples categorías. Con el propósito de manejar esta diversidad, se ha creado una clasificación de facetas. Ésta se muestra en la figura 2. 370 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico FACETAS MODELO DE CALIDAD Características Generales (CG) Capacidades de Navegación (CN) Características que prácticamente el 100% de los sitios web poseerán. Por ejemplo ser legibles, navegables, accesibles, etc. Características y elementos que influyen en la navegación por el sitio. Por ejemplo, uso de menús, mapas de sitio, etc. Características Específicas (CE) Servicios de Valor Añadido (SVA) Características que son específicas de ciertos tipos de sitios. Por ejemplo tener refrescos automáticos, marca de fecha y hora, guardar información confidencial, etc. Características accesorias y no relacionadas directamente con el objetivo primario del sitio. Por ejemplo, animaciones iniciales, múltiples lenguajes, páginas de error personalizadas, etc. Servicios Comunes (SC) USABILIDAD Diseño gráfico Facilidad de uso, comprensión y aprendizaje Eficiencia, productividad y operabilidad Corrección y ausencia de errores Estándares y prácticas de uso común Información al usuario Funcionalidades, secciones y presentaciones Satisfacción del usuario ACCESIBILIDAD General Discapacitados RENDIMIENTO Tiempo de respuesta Errores FUNCIONALIDAD Adecuación Exactitud FIABILIDAD Robustez Disponibilidad SEGURIDAD Física Configuración Desarrollo MANTENIMIENTO Flexibilidad ante cambios Facilidad de comprensión Portabilidad Funciones y características que son muy populares en los sitios web e indispensables para cumplir con su objetivo primario. Por ejemplo, opción de búsqueda, registro de usuarios, inicio de sesiones, etc. Tipología de Web (TW) Facetas que determinan el tipo de sitio web del que se trata. Por ejemplo, buscador, banca electrónica, periódicos digitales, etc. Secciones y Contenidos (SC) Secciones del sitio, forma en que están organizadas y tipos de contenidos. Por ejemplo, libros de visitas, foros, etc. Elementos de Página Presentes (EPP) Diferentes tipos de elementos que pueden aparecer en las páginas del sitio y que son fácilmente perceptibles por el usuario. Por ejemplo, tablas, imágenes,... Decisión Estratégica (DE) Ámbito de Ejecución (AE) Facetas que definen el ámbito de acceso a los contenidos. Por ejemplo, una intranet, extranet, internacional, regional, local, etc. Decisiones del propietario del sitio y que pueden afectar a su futuro. Por ejemplo, la disponibilidad demandada, la intención de migrar a otro proveedor de tecnología,... Tecnologías y Estrategias de Desarrollo (TED) Infraestructura Hard y Soft (IHS) Facetas que indican las tecnologías o las estrategias usadas para el desarrollo del sitio. Por ejemplo, uso de applets, cookies, bases de datos, etc. Aspectos relativos al hardware y software del sitio web, así como a su configuración. Por ejemplo, la necesidad de plugins en los clientes, conexiones de red lentas, expiración de sesiones, etc. Figura 2 - Modelo de calidad (a la izquierda) y categorización de facetas (a la derecha) Las prioridades de los requisitos Con el fin de aumentar la flexibilidad del método y afinar más en la relación entre las facetas y sus requisitos asociados, se ha establecido un rango de prioridades para los requisitos de tres niveles (alta, media y baja). Así, podremos tener requisitos que resulten imprescindibles y que posean una prioridad alta, otros que sean accesorios y que tengan una prioridad media o baja, e incluso podremos tener requisitos que frente a una faceta adopten una prioridad alta y frente a otra tengan una prioridad baja. 3.4. Desarrollo de los procedimientos de medida Una vez identificados los requisitos que el método debe comprobar, es necesario establecer la manera en la que éstos serán medidos. Es en este punto donde se hará uso de las distintas técnicas de testeo web ya existentes (como por ejemplo la evaluación heurística (Nielsen, 1994b) y el chequeo de pautas de usabilidad (Nielsen & Mack, 1994), las pruebas con usuarios (Rubin, 1994), los cuestionarios (HFRG), las pruebas de carga y stress (Dustin, Rashka & McDiarmid, 2001), el análisis de puertos (Splaine, 2002), etc.), tal y como quedó representado en la Figura 1. La selección concreta de las técnicas de testeo no es relevante y éstas 371 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web podrían cambiar a lo largo del tiempo, pero sí lo es la existencia de un marco común de trabajo que permita aplicarlas y organizarlas de una forma estandarizada y que permita tratar, agrupar e interpretar los resultados obtenidos, de modo que la solución resulte sistemática y flexible. A continuación se describen los principales elementos que componen este framework metodológico. Categorías de procedimientos Se han establecido dos criterios de clasificación de los procedimientos de prueba. El primero de los criterios determina su grado de automatización, estableciéndose tres niveles: • No automático, que se da cuando no se usa ninguna herramienta software para obtener los resultados de la medición. • Semiautomático, que se da cuando parte de los resultados finales o bien algunos de los resultados intermedios necesarios para obtener los finales se obtienen mediante la ayuda de una herramienta. • Automático, que se da cuando una herramienta (Brajnik, 2000) es capaz de proporcionar todos los resultados de la medición. El segundo criterio establece los mecanismos o artefactos empleados como soporte a la medición, estableciéndose cuatro niveles: tabla, checklist, cuestionario y faceta. En el siguiente apartado se incluye una descripción del significado de cada uno de ellos. Mecanismos o artefactos de soporte Como ya se ha indicado, independientemente de las técnicas de testeo que se empleen en cada caso, deberá existir una estrategia de trabajo homogénea en todos los procedimientos. Esta estrategia se materializa en el uso de un conjunto finito de artefactos, mecanismos o ayudas al proceso de medición. Así, todos los procedimientos de medición que se definan estarán basados en alguno de los siguientes mecanismos: • Tablas. En cuyo caso la estrategia consistirá en ir anotando los resultados de la medición que se vayan extrayendo en una tabla con el fin de poder procesarlos posteriormente de una forma conjunta. • Checklist. En este caso los datos obtenidos en la medición permitirán al evaluador dar respuesta a una serie de cuestiones planteadas en un checklist. Estas respuestas serán analizadas posteriormente de una forma conjunta con el fin de determinar si se cumple o no el requisito evaluado. • Cuestionario. La evaluación en este caso se llevará a cabo a través de una serie de cuestiones que el usuario, después de interactuar con el sistema, deberá responder. Los cuestionarios usados han sido diseñados en base a adaptaciones y simplificaciones de cuestionarios ampliamente conocidos y extendidos como WAMMI (WAMMI, 1997) o QUIS (HCIL, 1988). Un análisis posterior de las respuestas dadas por el usuario permitirá determinar si se cumple o no el requisito. 372 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • Faceta. En este caso la evaluación del requisito se corresponde con la presencia o no de una faceta en la aplicación web, con lo que la evaluación se reduce únicamente a comprobar si en la selección de facetas esa faceta fue seleccionada o no. Reglas, medidas y umbrales En base a los datos recogidos en las tablas, en los checklist y en los cuestionarios deberá concluirse si el requisito que se está validando se cumple o no. Con este fin, asociado a cada procedimiento de medición, se han incluido una serie de reglas que determinan la lógica de aceptación del requisito. La Figura 3 muestra un ejemplo de una regla que hace referencia a los valores introducidos en una tabla (se han diseñado para ello algunas expresiones que faciliten la manera en la que referirse a las filas, celdas y datos de las tablas, tales como rowcount, cvalue, ccondvalue, etc.). De manera análoga existirán reglas que harán referencia a las respuestas de los checklist y los cuestionarios. MEDIDA = 2 IF (COUNTROW(CVALUE(“IMAGEN FONDO”,”S”)==0) THEN MEDIDA = MEDIDA – 1 IF (COUNTROW(CCONDVALUE(“COLORES”,>4,TRUE))==0) THEN MEDIDA = MEDIDA - 1 Figura 3 - Regla que referencia valores de tablas El consecuente de estas reglas siempre es una medida representada con un valor numérico. Esta medida podrá adoptar un rango de valores distintos en función de cada tipo de requisito, de los cuales algunos valores serán considerados como válidos y otros no. El conjunto de valores positivos y negativos será fijado a medida para cada requisito dentro de su procedimiento de medición. Por convenio se ha optado por elegir los valores más bajos para los casos positivos y los más altos para los negativos. Así, si un determinado requisito posee un rango de valores binario (0,1), el cero se corresponderá con el valor que determina que el requisito se cumple y el uno con el que no se cumple. Estrategias de exploración comunes Durante la elaboración de los procedimientos de medición, se ha observado que muchas de las acciones preliminares que hay que realizar para la validación de un requisito se repiten en los procedimientos de medición de otros muchos requisitos (por ejemplo, observar las imágenes del sitio, entrevistarse con los desarrolladores, acceder al código fuente de una página, etc.). Con el objetivo de proporcionar un esquema lógico de validación, es decir, la definición de un camino u orden de evaluación de requisitos que evite al evaluador el tener que repetir acciones que ya ha realizado previamente, se ha optado por factorizar estas acciones comunes en lo que hemos denominado estrategias de exploración. Así, una estrategia de exploración representa un conjunto de acciones que serán comunes a 373 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web varios procedimientos de medición. Las estrategias de exploración han sido clasificadas en dos categorías: estrategias de exploración de sitio, que son aquellas que incluyen acciones que afectan a la globalidad del sitio web, y estrategias de exploración de página, que son aquellas que incluyen acciones a realizar sobre una única página del sitio. 3.5. Establecimiento del método Una vez fijados e identificados los elementos principales que componen la metodología es necesario combinarlos y establecer el conjunto de pasos sistemáticos que compondrán el método de validación. La Figura 4 muestra la secuencia de pasos que forman el método de validación. El proceso de validación comienza con un estudio por parte del evaluador de las características generales del sitio web y la posterior selección de las facetas que éste cumple. En base a las facetas seleccionadas se habilitarán los requisitos que son exigibles para ese sitio web y la prioridad de cada uno. Asociado a cada requisito existirá el correspondiente procedimiento de medición (dirigido por sus estrategias de exploración asociadas), que mediante los artefactos o mecanismos comentados con anterioridad permitirá ir recogiendo los resultados de las mediciones. Por último, la lógica de validación asociada a cada procedimiento, será capaz de dictaminar en base a los datos recogidos si el requisito se cumple o no. En base a los requisitos cumplidos y no cumplidos, y a la categoría y prioridad de cada uno, será posible generar una analítica de la calidad global del sitio web. 1 Selección de Facetas Identificación de los Requisitos Presentación de los Procedimientos de Medida 2 7 Presentación de Resultados 3 4 Ejecución de los Procedimientos según las Estrategias de Exploración Aplicación de Reglas de Aceptación de Requisitos 6 Medición, adquisición de 5 datos y relleno de tablas, preguntas de checklist, etc. Figura 4 - Secuencia de pasos (manuales y automáticos) del proceso de validación 3.6. Alcance cuantitativo del método 374 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico En este apartado se presentan algunos datos numéricos relativos al alcance del proyecto en lo que a volumen de facetas y requisitos identificados se refiere, así como la distribución de éstos a lo largo de las distintas categorías. La Tabla 1 (parte izquierda) muestra el número de facetas identificadas de cada categoría (los acrónimos de las categorías se corresponden con los usados en la Figura 2). Puede observarse como hay una distribución relativamente uniforme entre todas las categorías. Tabla 1 - Volumen de facetas (parte izquierda) y requisitos (parte derecha) identificados en cada categoría Grupo Facetas (%) Grupo Facetas (%) Categoría GC 4 6% SC 9 CS WT Requisitos (%) 8 12% Usabilidad 199 69% 13% ES 2 3% Accesibilidad 36 13% 4 6% DTS 6 9% Rendimiento 8 3% VAS 9 13% PPE 4 6% Funcionalidad 2 1% NC 5 7% 5 7% Seguridad 34 12% SCo 8 12% SD 5 7% Fiabilidad 2 1% Mantenimiento 6 2% HSI Total: 69 facetas Total 287 requisitos Por otra parte, en la Tabla 1 (parte derecha) se muestra la misma información pero relativa a los requisitos. Como se puede apreciar la mayoría de los requisitos se encuentran ubicados en la categoría de usabilidad, seguida de lejos por la accesibilidad y la seguridad. Cabe decir que en muchos casos la pertenencia de un requisito a una categoría u otra puede ser discutible, pero en cualquier caso, estos datos demuestran claramente el hecho de que con la llegada de las aplicaciones web, factores de calidad y riesgo fundamentales en el software tradicional como por ejemplo la funcionalidad, han pasado a un segundo plano en las aplicaciones web, a favor de otros factores como la usabilidad, la accesibilidad y la seguridad (Gerrard & Thompson, 2002; Stout, 2000). 4. Herramienta de validación Una vez establecido el marco teórico sobre el que se sustenta la metodología de validación, se ha procedido a la construcción de una herramienta software basada en web que dé soporte a la aplicación de la misma. El propósito de esta herramienta es automatizar, en la medida de lo posible, los pasos sistemáticos definidos en el método de validación, agilizando de esta manera su uso. Una de sus prestaciones 375 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web principales es la de actuar como un organizador de los contenidos y elementos que constituyen el método de validación (facetas, estrategias de exploración, requisitos, procedimientos de medición, etc.), mostrándolos de una forma lógica, clasificada y ordenada (en base al uso de diferentes tipos de vistas), lanzándolos en el orden más eficiente para su ejecución (basado en estrategias de exploración) y permitiendo la ejecución de filtros, búsquedas, etc. La Figura 5 muestra cuál es el aspecto de la interfaz de usuario de la herramienta. La herramienta opera en todo momento en torno al concepto de proyecto de validación, es decir, permite al evaluador crear nuevos proyectos (en principio uno por cada sitio web a validar), alimentarlos con los datos extraídos en la medición del sitio, salvarlos y retomarlos cuando se desee. Dentro de un proyecto de validación la herramienta es capaz de llevar un seguimiento de qué requisitos han sido ya validados y cuáles no, para finalmente, y en base a la lógica de aceptación definida para los diferentes requisitos, generar unas conclusiones referentes a la calidad del sitio web que se está validando. La Figura 6 muestra la forma en la que se muestran estos resultados. 5. Aplicación práctica de la metodología Una vez definida la metodología y construida la herramienta se ha procedido a su utilización en la validación de un sitio web que, en tamaño y complejidad, podríamos considerar de categoría media-baja. La figura 5 muestra un ejemplo con algunas de las facetas que presenta este sitio web, los requisitos activados como consecuencia de éstas, sus prioridades y su estado de cumplimiento. Aun cuando de momento únicamente se ha puesto en práctica la metodología con un único sitio web y serán necesarias en el futuro más pruebas para obtener unas conclusiones más fiables sobre la corrección y la efectividad del método, esta práctica nos ha reportado los resultados y conclusiones que se describen a continuación: • Del total de facetas identificadas en la metodología (69) solamente 25 han sido aplicables al sitio web, lo que ha derivado en la activación de 136 requisitos a cumplir, representando este número alrededor del 47% de los requisitos totales. Estos datos, aun cuando deberán contrastarse con futuros experimentos, constituyen un buen síntoma de la capacidad de adaptación del método a las características del sitio, ya que para una aplicación de tamaño y complejidad media-baja el número de facetas aplicables y de requisitos activados también es relativamente bajo, pareciendo por tanto existir una correspondencia entre ambas realidades. Es previsible que para aplicativos de mayor envergadura este número se vea incrementado. • De todos los requisitos activados, tan sólo cinco han resultado carentes de sentido para el sitio web seleccionado. Este hecho revela que deberán realizarse algunos pequeños ajustes en los mecanismos de derivación de 376 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico requisitos a partir de las facetas, pero también permite dictaminar que en términos generales la efectividad y la adecuación del mecanismo actual es muy alta. • El proceso de selección de las facetas presentes en el sitio web ha resultado muy simple, rápido y carente de subjetividades. Esta experiencia nos indica que efectivamente la estrategia de validación basada en facetas constituye, como se pretendía, un proceso ágil y simple de usar (lo cual representa un avance con respecto a otras metodologías (Olsina, 2000) donde la derivación de los requisitos aplicables a los sitios web representa un proceso costoso y que debe realizarse a medida para cada ámbito o dominio web, resultando en cambio en nuestro caso un proceso automático consistente en la extracción de requisitos de entre un conjunto global preestablecido en función de cuáles son las facetas seleccionadas). Por otra parte, aun cuando la selección de las facetas constituye un proceso que requiere la participación humana en cuanto a que es necesario un análisis de las características del sitio web, esta actividad ha resultado objetiva y carente de dudas por lo que no parece que vaya a ser dependiente de la persona que aplique el método. • En cuanto a las categorías a las que pertenecen los requisitos activados, el resultado es en términos generales coherente y esperable para una aplicación con las características de la seleccionada (intranet corporativa, no crítica, sin requisitos especiales de accesibilidad, etc.). Todos los datos aportados anteriormente nos hacen pensar que el conocimiento expresado en el catálogo de facetas de la metodología resulta adecuado para describir las características de los sitios web y que el mecanismo de activación de requisitos a partir de las facetas también lo es. 377 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web Figura 5 – Facetas y requisitos aplicables al experimento (extraído de la herramienta QVAL) Por otra parte y con el fin de contrastar los resultados del proceso de validación, se ha contratado un servicio externo (llevado a cabo por una empresa independiente al equipo de trabajo creador de la metodología QVAL) y paralelo de testing para la misma aplicación web. Nuevamente deberán llevarse a cabo más experiencias similares en un futuro para obtener unas conclusiones más fiables, pero los resultados obtenidos en esta experiencia son los siguientes: • La cobertura de los requisitos chequeados en nuestra evaluación ha sido muy superior a la de la evaluación externa, estando además éstos mucho más estructurados que en la validación llevada a cabo por terceros, la cuál se encontraba basada fundamentalmente en valoraciones generales. Esto provoca que la comparativa de resultados y el contraste de los requisitos no haya resultado sencillo de hacer, sin embargo sí podemos concluir que la mayoría de las áreas problemáticas identificadas por el servicio externo de testing también habían sido identificadas en la evaluación realizada usando QVAL, lo que induce a pensar en la corrección de los resultados aportados por nuestro método. De momento no ha sido posible establecer una relación entre los requisitos chequeados en la evaluación externa y las prioridades de QVAL. Los resultados obtenidos se muestran en la Figura 6. 378 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figura 6 - Requisitos cumplidos y no cumplidos organizados por prioridades y por categorías (extraídos de la herramienta QVAL) • En cuanto al tiempo invertido en una y otra evaluación indicar que, a pesar de que el equipo de trabajo seleccionado para la realización de la evaluación en base al método QVAL no tenía una amplia experiencia en técnicas de web testing web, el tiempo invertido (unas 50 horas) ha sido inferior al requerido por la empresa externa (aproximadamente unas 90 horas). Esto permite hablar de un proceso de evaluación ágil y de alta productividad. Estos resultados son atribuibles al hecho de disponer de requisitos y procedimientos de medición previamente identificados (pudiendo llegar a constituir el método una modalidad mejorada de enfoques clásicos de medición como la inspección heurística (Nielsen, 1994b) y un repositorio de conocimiento accesible a cualquier evaluador) y al mecanismo ágil (basado en facetas) elegido para determinar los requisitos aplicables al sitio web. • Por último, los resultados relativos a la calidad global del sitio web (tipos de requisitos cumplidos y no cumplidos) son bastante acordes a la forma en la que se ha implementado el sitio web. Por ejemplo, no se tuvieron en cuenta aspectos de accesibilidad ni de seguridad lógica avanzada en su desarrollo, habiendo obtenido unos resultados bastante negativos en estas categorías y sí se tuvieron en cuenta aspectos como la calidad del código, documentación, etc. de cara al mantenimiento o la usabilidad del mismo, habiendo obtenido en cambio una valoración más aceptable en estos otros aspectos. 6. Conclusiones En este artículo se ha presentado una metodología para la evaluación y validación de la calidad de sitios web que presenta como bondades y aportaciones principales al campo de la calidad web su agilidad, completitud y adaptabilidad a diferentes tipos de sitios web. Se han expuesto las actividades llevadas a cabo 379 Solución Metodológica Genérica para la Evaluación de la Calidad de Sitios Web durante el proceso de construcción del marco teórico sobre el que se sustenta el método, explicando los elementos que lo componen y la manera en la que éstos se relacionan para la consecución de los objetivos expuestos. Además se ha aportado una visión superficial de una herramienta que permitirá dar soporte al uso de la metodología. Finalmente, se ha descrito el primer experimento práctico de aplicación de la metodología que se ha llevado a cabo, el cual ha aportado resultados esperanzadores en cuanto a la validez, corrección y agilidad del método Referencias Banga, G. & Druschel, P. (1999). Measuring the Capacity of a Web Server Under Realistic Loads. World Wide Web Journal Special Issue on World Wide Web Characterization and Performance Evaluation, vol. 2, no. 1, pp. 69-83. Brajnik, G. (2000). Automatic web usability evaluation: where is the limit?. 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This research objectified to identify if the ”Secretarias da Receita Estadual” of the northeast region of Brazil are adjusted to the this technological evolution, through the offering of services and information in the Internet, searching in accordance with to set them in the evolution stage of e-government proposed by the recent study carried through for the United Nations. We conclude that the searched websites are developed sufficiently in relation to the stage of e-government. Key Words: E-government, electronic government, public sector Resumo: A evolução tecnológica dos últimos anos trouxe para esfera pública o fenômeno do governo eletrônico, que consiste, basicamente, a um conjunto de atividade que os órgãos estatais realizam utilizando modernas tecnologias da informação, a fim de fornecer serviços e disponibilizar informações. Esta pesquisa objetivou identificar se as Secretarias da Receita Estadual da região nordeste estão adequadas à esta evolução tecnológica, através da disponibilização de serviços e informações via Internet, buscando classificálas de acordo com os estágios evolutivos de governo eletrônico apresentados em recente estudo realizado pelas Nações Unidas. A pesquisa identificou que 383 Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil os websites pesquisados encontram-se bastante desenvolvidos em relação aos estágios de desenvolvimento do governo eletrônico. Palavras-chave: e-government, governo eletrônico, Secretaria da Fazenda. 1. Introdução Assiste-se à criação progressiva de uma nova realidade de prestação de informações e serviços públicos baseada em Tecnologia da Informação e Comunicações (TI/TIC), que sem dúvida, tem revolucionado as formas de relacionamento entre governo, cidadãos, contribuintes, funcionários e fornecedores. Há uma crescente expectativa em relação às melhorias no atendimento aos cidadãos e empresas, bem como o senso comum da necessidade de criação de canais alternativos de atendimento. No Brasil, esse novo contexto está transformando as instituições públicas significativamente, provocando discussões sobre a reformulação do papel do Estado. Estas questões, conseqüentemente, possivelmente provocarão expressivas mudanças na forma de atuação dos agentes públicos nacionais. Diante do grande impacto e da amplitude do uso das modernas tecnologias de informática e de telecomunicação, em especial da Internet, vinculados ao desenvolvimento da eficácia e eficiência da gestão pública e ao aperfeiçoamento das relações entre cidadãos e governo, surge a seguinte indagação: Os órgãos Estaduais da Fazenda estão adequados à evolução provocada pelo governo eletrônico, através da disponibilização de serviços de utilidade pública nos sites da Internet? O objetivo Geral deste trabalho consiste em identificar se os websites da secretarias da fazenda dos estados da região nordeste estão adequados à evolução tecnológica do governo eletrônico, utilizando as potencialidades da Internet e viabilizando a execução de serviços interativos, promovendo troca e o compartilhamento de informações. Para atingir o objetivo proposto neste trabalho foi utilizado o método de pesquisa dedutivo, aplicando enunciados universais a particulares, acompanhado de revisão bibliográfica, através de livros, revistas e sites da internet, e pesquisa descritiva com análise direta dos dados, buscando identificar as características do fenômeno em estudo. A relevância da pesquisa se evidencia em razão de sua atualidade temática, decorrente da gradativa consolidação do governo eletrônico como instrumento de gestão pública e de interação Estado-Cidadão, assim como da acentuada velocidade na implementação de aplicações tecnológicas nos processos da administração pública, o que confere um sentido de urgência à produção de conhecimento sobre o governo eletrônico. 384 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Por se tratar de um fenômeno relativamente recente, a produção acadêmica sobre o assunto é ainda reduzida, particularmente no Brasil, o que torna desejável a ampliação da produção científica sobre governo eletrônico, que venha a se somar aos estudos governamentais e privados que predominam nessa área. 2. Referencial Teórico À medida que o uso da Tecnologia da Informação se expandia dentro das administrações públicas, principalmente a partir da segunda metade da década de 90, com a rápida evolução tecnológica associada à Internet, muitos autores começaram a desenvolver trabalhos nas áreas de Economia, Administração Pública e Ciência Política, tentando entender o novo fenômeno (SANCHEZ, 2003). A expressão Governo Eletrônico ou e-governo começou a ser utilizado por esses autores para designar “um conjunto de atividades que os órgãos estatais realizavam através da moderna tecnologia de informação e comunicação”, principalmente a Internet. Estas atividades não possuíam o objetivo de apenas fornecer eficiência e eficácia às ações do governo, mas também buscavam criar valores democráticos, criando uma relação mais direta, transparente e participativa entre as instituições estatais e o cidadão (SANCHEZ, 2003). Para garantir a comodidade e igualdades para os beneficiados, o projeto de governo eletrônico considera, além da Internet, uma multiplicidade de canais de relacionamento que garantam a participação da comunidade, em soluções que funcionam 24 horas em sete dias da semana. Essa estrutura é formada por centrais de atendimento telefônico, postos de atendimento integrado, quiosques de autoatendimento, etc. (FERREIRA, 2003). 2.1. Pespectivas do governo eletrônico Lenk & Traunmüller apud Jardim e Marcondes (2003) afirmam que o governo eletrônico pode ser analisado sob as quatro perspectivas ilustradas abaixo e descritas na tabela I : Tabela 1 : Perspectivas do e-governo Perspectiva Definição Cidadão Busca o oferecimento de serviços de utilidade pública aos cidadãos. Processo Consiste em repensar o modo de operação dos processos administrativos existentes no governo, o que alguns autores chamam de ”reengenharia com tecnologia”. Cooperação Busca a integração dos órgãos governamentais e destes com organizações privadas e não governamentais, a fim 385 Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil de agilizar o processo decisório, sem perda da qualidade e evitando retrabalho e redundância de informações. Gestão de Tem como objetivo permitir ao Governo, em suas várias conhecimento esferas, a criação, o gerenciamento e a disponibilização em repositórios adequados, do conhecimento tanto gerado quanto acumulado por seus vários órgãos. Fonte: adaptado de Lenk & Traunmüller apud Jardim e Marcondes (2003) 2.2. Tipos de transações A United Nations (2003) e o BNDES (2000) classificam as transações do governo eletrônico em três tipos de acordo com as esferas envolvidas no processo, conforme demonstrado na tabela 2: Tabela 2: Tipos de transações do e-governo Transação Definição G2G Da expressão em inglês Government to Government, representa as relações intra ou inter-governos, tanto no âmbito federal como nos âmbitos estaduais e municipais. G2B Da expressão em inglês Government to Business, contemplando as relações entre a esfera governamental e de empresas fornecedoras de insumos para o estado. G2C Da expressão em inglês Government to Costume, contempla as transações realizadas entre o governo e o cidadão. Fonte: adaptado de United Nation (2003) e BNDES (2000). 2.3. Estágio evolutivo De acordo com estudo realizado pela United Nations (2003) o governo eletrônico possui 5 estágios evolutivos, classificados como estágio da presença emergente; presença aprimorada; presença interativa; presença transacional, cujas definições são apresentadas na tabela 3. Tabela 3: Estágio evolutivo do e-governo Etapa Descrição Estágio I – Presença Fornecimento de informações básicas e limitadas, possuindo 386 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico emergente links com outros órgãos do governo. Estágio II – Presença Informações relativas à políticas públicas e governança, trazendo aprimorada leis, normas, relatórios, base de dados, estratégias do governo e etc. para download. Possui funções de ajuda e mapa do site, é unidirecional, com informações que fluem do governo para o cidadão. Estágio III – Presença A interação acontece em uma única via: governo para cidadão. interativa Permite realização de download de formulários, pagamento de impostos, solicitação para renovação de licenças. Pode haver utilização de ferramentas de áudio e vídeo para informações públicas e relevantes. Fornece informações para contatar agentes oficiais do governo através de email, fax , telefone ou carta. Estágio IV – Presença As interações acontecem em dois sentidos: cidadão e governo, transacional incluindo pagamento de impostos, cartões de identificações, certidões, renovação de licenças e outras interações C2G, que podem ser submetidas 24 horas por dia, 7 dias na semana. Possui também atendimento on line para fornecedores de bens e serviços. Estágio V – Presença Representa o nível mais sofisticado do governo eletrônico. networking Promovendo integrações G2C, G2B e G2G e no sentido reverso (agora as interações são realizadas em três vias). O governo incentiva participações interativas na sociedade, com diálogo aberto nos dois sentidos, através de formulário e comentários interativos, solicitação ativa de percepções de cidadãos nas decisões nas políticas públicas, através de uma participação democrática. 2.4. As Secretarias de Fazenda Estaduais e o Governo Eletrônico As Secretarias de Fazenda Estaduais no Brasil são responsáveis pela gestão tributária dos Estados, que entre outras atividades engloba a administração tributária, financeira, orçamentária, contabilidade, auditoria, programação financeira, administração da dívida pública, identificação e análise de recursos, e a arrecadação de um dos principais impostos brasileiros, o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). De acordo com informações obtidas nos próprios websites dos Estados, a União negociou com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) um empréstimo de US$ 500 milhões para apoiar a modernização fiscal. Essa negociação possibilitou, entre outras coisas, o desenvolvimento do Sintegra (Sistema Integrado sobre Operações Interestaduais com Mercadorias e Serviços) que visa à transcrição das operações interestaduais de entrada e de saída realizadas por contribuintes do ICMS em meio magnético. De acordo com o Sintegra, o contribuinte de ICMS deve entregar mensalmente à autoridade fiscal do estado, onde se localiza, um único arquivo magnético com informações sobre todas as 387 Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil transações interestaduais efetuadas no período. Esses dados são entregues regularmente desde 1995, mas a elevada incidência de erros nos arquivos e a falta de comunicação entre sistemas de computador de diferentes estados impediam a troca de informação. Este sistema hoje é utilizado por todas as Secretarias de Fazenda Estaduais, e encontra-se disponível nos websites das mesmas. 3. Desenvolvimento e Resultados Para identificar o nível de desenvolvimento do governo eletrônico nas Secretarias Estaduais da Fazenda da região Nordeste, com relação a disponibilização da prestação de serviços para os cidadãos, isto é as transações do tipo G2C para campos de integrações da e-administração, buscamos analisar os sites da internet de cada um dos 09 estados componentes da região nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe). Primeiramente selecionamos as informações e serviços essenciais a serem prestados pela secretaria da fazenda e verificamos se estes estavam disponibilizados na Internet. O Apêndice 1 – critério utilizados da pesquisa apresenta os critérios de avaliação dos websites utilizados na pesquisa. O número “1” indica que o serviço ou a informação foi localizado no site, o “0” o serviço está ausente. 3.1. Análise de Resultados por Estados Secretaria Executiva de Fazenda do Estado de Alagoas (www.sefaz.al.gov.br) O website da SEFAZ-AL em relação ao estágio I (Presença Emergente) está praticamente consolidado. Não foi encontrado informações referentes ao planejamento estratégico do órgão, nem há um mapa do site que serve de orientação para a navegação e ainda falta um mecanismo de busca de informações do conteúdo do próprio website. Apesar de já haver um alto grau de interatividade com vários serviços disponíveis, não foi localizado nenhum link para um contato via e-mail, nem para um serviço bastante útil a população denominado de “Denúncia On-line”, onde a empresa ou o cidadão, poderão oferecer denuncia de irregularidades sem a necessidade de identificação. 388 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Website SEFAZ - AL 120% 100% 100% 83% 71% 80% 71% 65% 60% 40% 20% 0% 0% Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média Figura 1 – Resultado SEFAZ - AL O website também oferece a possibilidade de impressão de diversas guias de recolhimento de tributos, além de downloads de diversos aplicativos para transferência eletrônica de documentos e informações. Há um alto grau de interatividade, o que pode ser evidenciado no Estágio IV, com a apresentação de diversos serviços. Secretaria da Fazenda do Estado da Bahia (www.sefaz.ba.gov.br) O destaque deste website fica por conta do layout simples e eficiente, onde na página inicial é possível já ir direto para o assunto desejado. Outro destaque do website é sua forte presença transacional, evidenciado no estágio IV que alcançou 100% em relação aos itens pesquisados. Website SEFAZ - BA 120% 100% 100% 86% 83% 71% 80% 68% 60% 40% 20% 0% 0% Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média Figura 2 – Resultado SEFAZ - BA 389 Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil Há também uma boa presença interativa, com a oferta de diversos serviços, como a emissão de guiar e boletos de diversos impostos e taxas, denuncia on-line, contato via e-mail, consulta a Certidão Negativa de Débito (CND), entre outros. O website apresenta diversas informações relevantes, entre elas é possível monitorar as contas públicas e a execução orçamentária e financeira, além dos demonstrativos de despesas exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (www.sefaz.ce.gov.br) Além do layout prático deste website, onde há uma barra de menu do lado direito da tela, com todos os assuntos disponíveis, destaca-se o designer moderno e inovador. Outro serviço interessante é a possibilidade de personalização do menu, onde o cidadão ou as empresas poderão adaptar as suas necessidades de utilização. A navegabilidade poderia ser melhor ainda se houvesse o mapa do website, recurso que possibilita a visualização de todos os links da página. Não foi localizado informações referentes a licitações e contratos, nem tampouco uma consulta para as empresas da sua regularidade fiscal, através da Certidão Negativa de Débito (CND). Para a utilização de alguns serviços é preciso fazer um cadastro e também, não foi localizado nenhum item referente a transferência eletrônica de documentos e informações. Website SEFAZ - CE 120% 100% 100% 83% 71% 80% 71% 65% 60% 40% 20% 0% 0% Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média Figura 3 – Resultado SEFAZ - CE E finalmente, há de se destacar a Ouvidoria On-line, serviço pelo qual o cidadão pode fazer reclamações dos níveis de serviços prestados e também solicitar novos serviços. Secretaria de Estado da Fazenda do Maranhão (www.gere.ma.gov.br) O destaque deste website fica por conta de ser o único que apresenta na sua página principal uma pesquisa de opinião, onde os usuários (empresas, cidadãos) 390 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico podem opinar sobre a qualidade do atendimento, o tempo dos serviços prestados, sobre o horário, o nível dos serviços prestados, além de diversos outros itens. Há algumas ausências de serviços, principalmente referentes ao Estágio III (Presença Realçada) onde não foi localizado informações referentes a licitações e contratos, gestão orçamentária e financeira, nem também um mecanismo de busca no conteúdo do website. Em relação a Presença Transacional (Estágio IV), o website apresenta um índice de 100%, pois além dos tradicionais pagamentos de taxas on-line e downloads de diversos aplicativos há também sistemas de Transmissão Eletrônica de Documentos, o que facilita a vida de contadores e por conseguinte, das empresas. Website SEFAZ - MA 120% 100% 100% 100% 86% 72% 80% 57% 60% 40% 17% 20% 0% Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média Figura 4 – Resultado SEFAZ - MA Secretaria de Estado da Receita da Paraíba (www.sre.pb.gov.br) O website para a Secretaria de Estado da Receita da Paraíba é um link dentro do Portal do Estado da Paraíba. Nesse caso, há uma grande integração, onde todas as Secretarias de Estado são acessadas através de um único portal do Governo do Estado. Do lado direito do website, há um menu de links, onde é possível ir para qualquer Secretaria de Estado, diretamente de qualquer lugar do portal que se esteja. 391 Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil Website SEFAZ - PB 120% 100% 100% 83% 80% 60% 57% 60% 43% 40% 17% 20% 0% Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média Figura 5 – Resultado SEFAZ - PB O Estágio II (Presença Realçada) é o item mais pobre do website. Não há informações básicas como área de licitações e contratos, demonstrativos da Lei de Responsabilidade Fiscal, Gestão Orçamentária e Financeira, mapa do website nem mecanismo de busca de conteúdo no próprio endereço eletrônico. No Estágio da Presença Interativa (III), o tradicional serviço de Denuncia online não existe, nem tampouco a Consulta a regularidade fiscal das empresas, através da Certidão Negativa de Débito. Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco (www.sefaz.pe.gov.br) O presente website foi o que apresentou a maior quantidade de itens atendidos em relação às características pesquisadas. Na pagina inicial é possível encontrar links para a maioria dos serviços prestados, divididos por categorias tais como: Institucional, Finanças, Serviços, Informativos, Legislação, Ouvidoria e Publicações, além dos serviços mais acessados. É o único website que atende 100% dos itens pesquisados nos estágios de I a IV, quem medem o grau de desenvolvimento do governo eletrônico. Website SEFAZ - PE 120% 100% 100% 100% 100% 100% 80% 80% 60% 40% 20% 0% 0% Estágio I 392 Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figura 6 – Resultado SEFAZ - PE Além da prestação de informações virtuais e da prestação de contas públicas, o website apresenta um link de publicações, onde há diversas informações úteis aos usuários, com normativos e orientações para diversos serviços. Secretaria da Fazenda do Estado do Piauí (www.sefaz.pi.gov.br) A página inicial deste website á bastante intuitiva. Pode-se encontrar links diretos para o assunto que se deseja pesquisar. É possível acompanhar a arrecadação do Tesouro Estadual, por tipo de imposto mês a mês, inclusive, com informações comparadas com anos anteriores. Apesar de não apresentar o Planejamento Estratégico do órgão, o website disponibiliza um bom conteúdo de informações institucionais, além de apresentar uma área específica para o contribuinte, onde há serviços de consultas, Denuncia On-line, Certidão Negativa de Débito (CND), emissão de diversos comprovantes, etc. Website SEFAZ - PI 120% 100% 100% 80% 86% 86% 68% 67% 60% 40% 20% 0% 0% Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média Figura 7 – Resultado SEFAZ - PI Destaca-se no website a Presença Transacional (estágio IV), com o pagamento de taxas on-line, downloads de diversos aplicativos e transferência eletrônica de documentos. Secretaria de Estado da Tributação/RN (www.set.rn.gov.br) O destaque deste website fica por conta do link “Serviços On-line”, que concentra em um único local, e de fácil localização, downloads de aplicativos, consultas, emissão de certidões e outros serviços. O website apresenta também um link para a campanha “Cidadão nota 10”, onde há uma série de informações educativas para o cidadão e para as empresas, além de notícias de eventos, links para o Diário Oficial do Estado, legislação, etc. 393 Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil Website SEFAZ - RN 120% 100% 100% 86% 71% 80% 60% 61% 50% 40% 20% 0% 0% Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média Figura 8 – Resultado SEFAZ - RN O endereço eletrônico, como todos os outros, alcançou a plenitude na prestação de serviços Transacional, o estágio IV, e ainda, há o acesso a diversos sistemas corporativos através da Internet, tanto sistemas de acesso exclusivo aos servidores quanto sistemas de acesso ao público em geral. Secretaria do Estado da Fazenda de Sergipe (www.sefaz.se.gov.br) Igualmente aos outros, este website apresenta uma forte presença transacional (estágio IV) e uma variedade de serviços on-line disponíveis para as empresas, cidadãos e sociedade em geral. Os destaques deste website fica por conta da disponbililização da Revista de Administração Fazendária, contribuindo para a disseminação do conhecimento e melhores práticas na administração pública. Em relação aos serviços prestados, há disponível para downloads, além dos tradicionais aplicativos para transmissão eletrônica de documentos, uma série de planilhas com índices e outras informações úteis ao comércio e a industria. Há que se destacar ainda que a página principal contem links para os principais serviços acessados pelas empresas e contadores, tais como emissão de guias, certidão negativa de débitos, tabelas de cálculos, etc. 394 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Website SEFAZ - SE 120% 100% 100% 83% 71% 80% 62% 57% 60% 40% 20% 0% 0% Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média Figura 9 – Resultado SEFAZ - SE 7.2. A Média da Região Nordeste O gráfico 10 apresenta a média dos estágios de desenvolvimento do governo eletrônico, de todos os websites das Secretarias de Fazenda dos 9 estados que compõem a região Nordeste. Evidencia-se que em relação aos estágios de desenvolvimento de governo eletrônico, proposto pela United Nations em 2003, que as Secretarias de Fazenda Estadual que foram pesquisadas apresentam níveis satisfatórios de prestação de serviços e disponibilização de informações. O destaque dos websites fica por conta do alto nível atingido no Estágio Transacional (IV), onde todos os estados oferecem serviços de transmissão eletrônica de documentos para a prestação de contas das empresas. Média da Região Nordeste 120% 100% 100% 81% 80% 67% 71% 65% 60% 40% 20% 4% 0% Estágio I Estágio II Estágio III Estágio IV Estágio V Média 395 Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil Figura 10 – Média região NE Evidencia-se, de acordo com os níveis alcançados, que a utilização intensiva das novas Tecnologias da Informação e Comunicação, sintetizadas na expressão “era digital”, estão modificando a forma de produção, de comunicação e de relacionamento entre os agentes sociais, nesse caso, entre o Estado e a sociedade. O gráfico 11, apresenta o ranking dos Estados pesquisados, liderados pelo website da Secretaria da Fazenda do Estado de Pernambuco, que obteve a melhor média de acordo com os critérios pesquisados. Entretanto, todos os websites apresentam uma grande quantidade de serviços ofertados pela Internet, tais como pagamentos de taxas e impostos on-line, emissão de guias de arrecadação, downloads de softwares corporativos, contatos via e-mail, e diversas outras transações. Ranking dos Websites da Região Nordeste 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 80% 72% PE MA 68% BA 68% PI 65% 65% AL CE 60% 60% 59% PB SE RN Figura 11 – Ranking dos websites da região nordeste 4. Conclusão Os websites pesquisados apresentaram desenvolvimento significativo nos estágios iniciais e intermediários, de presença, realçada, interativa e transacional. Em relação ao estágio V, que representa uma integração total entre a prestação de serviços e informações, entre todos os níveis de governo, nenhum website atingiu níveis altos como nos outros estágios, não uma liderança em termos de governo eletrônico. Foi possível comprovar a prestação eletrônica de informações e serviços, principalmente através da emissão de documentos oficiais, transmissão eletrônica de documentos e consulta a cadastros e situações fiscais, fatos que comprovam mudanças na forma como o Estado atua e se relaciona com a sociedade. 396 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Na maior parte dos websites pesquisados observa-se um esforço para intensificar o uso das Tecnologias da Informação (TI’s) na administração pública. Através da comparação entre os serviços prestados pela Internet, evidencia-se o dinamismo do governo eletrônico, com a gradual transformação das páginas do governo em verdadeiros centros de informação virtual, fazendo com que o Governo funcione com mais eficiência, mas, principalmente, colaborando para diminuir a distância que separa Estado e cidadãos. Há de se observar, que mesmo utilizando-se os critérios de uma pesquisa realizada pela ONU, para a avaliação dos níveis serviços e informações prestadas pelos websites, o ranking e o nível de desenvolvimento podem induzir a avaliações errôneas, haja vista que não foram observados a qualidade nem a quantidade dos serviços prestados, apenas se havia ou não o serviço ou informação. Outra observação importante, é que a classificação de governo eletrônico no estágio de presença transacional indica um Estado suficientemente competente a ponto de articular a presença governamental na Internet. Portanto, nos encontramos frente a um desafio, produto da grande novidade que são as ferramentas tecnológicas que hoje temos a nosso alcance. A Tecnologia de Informação é um instrumento que possibilita um salto qualitativo na gestão administrativa e nos níveis de serviços prestados a sociedade, devendo ser utilizada pelos governos, em todos os níveis, para a aproximação do Estado e a sociedade. 5. Referencial BNDES - Secretaria para Assuntos Fiscais. E-governo: o que já fazem Estados e Municípios. outubro/2000. Disponível em <www.bndes.gov.br> Acessado: 20 out 2005. FERREIRA, Marcus Vinicius Anátocles da Silva. O que as iniciativas bemsucedidas de governo eletrônico tem em comum? VIII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Panamá, 2003. GOVERNO ELETRÔNICO. Disponível em http://www.governoeletronico.e.gov.br. Acesso em 20/10/2005. JARDIM, José Maria; MARCONDES, Carlos Henrique. 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(ed.), Kluwer Law International. 398 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico RN SE 3 5 0 1 0 1 1 1 1 1 1 1 0 0 Estágio II PI 4 1 0 1 1 1 0 Enhanced Presence (Presença Realçada) Legislação Notícias Gestão Orçamentária/LRF Licitações/Contratos Cartilhas de Orientação Mapa do Site Pesquisa no site 5 1 1 1 1 1 0 0 5 1 1 1 1 1 0 0 5 1 1 1 0 1 0 1 4 1 1 0 0 1 1 0 3 1 1 0 0 1 0 0 7 1 1 1 1 1 1 1 6 1 1 1 1 1 0 1 4 1 1 0 1 1 0 0 3 1 1 0 0 1 0 0 Estágio III AL BA CE M A PB PE 5 5 5 6 5 6 1 0 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 Interactive Presence (Presença Interativa) Consulta Autenticidade de NF/Documentos Planilhas de Softwares de Trabalho Contato via e-mail Denúncia Online Emissão de Guias de Arrecadação Consulta Certidão Negativa Consulta Processual 5 1 1 0 0 1 1 1 6 0 1 1 1 1 1 1 5 0 1 1 1 1 0 1 6 0 1 1 1 1 1 1 4 0 1 1 0 1 0 1 7 1 1 1 1 1 1 1 6 0 1 1 1 1 1 1 6 1 1 1 1 1 1 0 5 0 1 1 1 1 1 0 Estágio IV EST ADOS Emerging Presence (Presença Emergente) Histórico Missão, Visão Telefones Links Postos Fiscais/Unidades Regimento Interno T ransactional Presence (presença T ransacion Pagamento de Taxas Download Aplicativos p/ Inastalação Trabalho Online (TED) 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 3 1 1 1 Estágio V Estágio I Apêndice 1: Critérios para realização da pesquisa Networked Presence. Consulta Interativa Pesquisa de Satisfação dos Serviços Prestados Forum de Discussão Integração com os serviços da União Integração com os serviços do Estado Integração com os serviços dos Municípios 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 T OT AL 18 19 18 20 16 23 19 16 16 399 Governo Eletrônico: uma avaliação dos websites das Secretarias de Receita Estaduais da Fazenda da região Nordeste do Brasil 400 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 401 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo Rosa Granja 1, Susana Freitas 1 [email protected], [email protected] 1 EST – Escola Superior de Tecnologia, Instituto Politécnico do Cavado e do Ave, Barcelos, 4750-117 Arcozelo, Barcelos, Portugal Resumo: O e-Government corresponde à utilização das tecnologias de informação e comunicação para melhorar a eficiência, a eficácia, a transparência e a responsabilidade do Governo. Não obstante, das várias áreas funcionais do Governo, o e-Urbanismo é um dos factores que tem melhorado ao longo dos últimos anos. Assim, o tópico e-Urbanismo em eGovernment tem vindo a ser melhorados pelas diferentes câmaras do distrito de Braga. O presente trabalho apresenta uma súmula dos principais contributos do e-Urbanismo para a sociedade em geral, assim como a situação actual ao nível do e-Urbanismo das câmaras municipais do distrito de Braga, estes resultados podem ajudar as câmaras a melhorarem os serviços disponibilizados aos cidadãos, com benefícios para estes e para as próprias autarquias. Palavras-chave: e-Government, e-Urbanismo, câmaras municipais, administração local 1. Introdução Há cerca de 15 anos que os governos nacionais, regionais e locais, têm impulsionado projectos de governo electrónico (e-Government) cujo propósito é fornecer informações e serviços digitais para os cidadãos e para as empresas, (Santos & Amaral, 2003). Quando falamos de e-Government referimo-nos à utilização que os organismos públicos fazem das tecnologias de informação e da comunicação. Estas tecnologias podem melhorar os serviços prestados aos cidadãos, melhorar as relações com as empresas, melhorar a informação fornecida aos cidadãos, e a tomada de decisão da gestão. O aparecimento e o rápido desenvolvimento das tecnologias de informação descobrem novas possibilidades para a renovação da governação e para a modernização administrativa. A Internet é uma das tecnologias da sociedade da informação mais utilizadas e vulgarizadas hoje em dia. A forma como a administração pública central e local, 401 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo está a lidar com a Internet na sua relação com o cidadão foi o ponto de partida para este estudo, principalmente a administração local – as câmaras municipais. O objectivo mais elementar do e-Urbanismo é de facilitar a vida dos cidadãos na relação com a Câmara Municipal no que diz respeito à secção do urbanismo. O e-Urbanismo representa uma forma inovadora de contribuir para a eficiência e eficácia dos serviços prestados e, fundamentalmente, de impor transparência nas decisões tomadas pelo departamento de Planeamento e Gestão Urbanística O artigo discute a relevância deste tipo de iniciativas, relata o estado do desenvolvimento do e-Urbanismo nas Câmaras do Distrito de Braga, os seus factores críticos de sucesso e, obviamente, os resultados alcançados até ao momento, o que permitirá aferir o impacto da iniciativa sobre o relacionamento dos utentes com os serviços prestados pelas Câmaras. 2. A era do e-Government O e-Government pode ser considerado como o assunto do momento, por ser um dos mecanismos que permite melhorar a eficiências dos organismos públicos entre si, e desta forma responder melhor ás exigências dos cidadãos. De seguida referimos as suas necessidades, conceito, maturidade e interacções, referenciando também o local e-Government. 2.1. A necessidade do e-Government Habitualmente, a interacção entre os organismos públicos, nomeadamente as câmaras municipais, os cidadãos, as empresas ou outros organismos, eram feitas ao balcão de atendimento do organismo local. Actualmente, os cidadãos têm mais exigências e mais expectativas relativamente ao Governo do que em qualquer outra época na história da humanidade. Exigem informação especificamente direccionada e serviços personalizados e individualizados. Exigem uma administração pública que os trate como indivíduos, respondendo de forma eficiente ao seu caso em particular e não querem saber qual repartição ou nível de Governo (Central, Regional ou Local) que é responsável por fornecer um determinado serviço; querem interagir com o Governo da sua própria forma. A criação de serviços que, suportados pelas tecnologias de informação e de comunicação permitam uma melhor interacção entre o cidadão e a Administração Pública Local, é uma das várias preocupações do programa Cidades e Regiões Digitais (do Programa Operacional Sociedade da Informação), (UMIC, 2003). Os munícipes desejam ter acesso ao tipo certo de informação e serviços, no momento, hora e lugar que melhor lhes convier. Acontece, muitas vezes, que as informações do Governo respeitantes a qualquer indivíduo costumam estar dispersas pelas bases de dados das diversas repartições. Por isso, o Governo e os 402 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico funcionários não conseguem, com frequência, aceder a essa informação de forma atempada e útil. As Administrações Públicas modernas precisam de intervir entre as diversas estruturas organizativas para aceder e manipular dados de forma a obter um quadro mais completo do comportamento e necessidades dos munícipes. Precisam de responder às necessidades e expectativas dos munícipes, colocando-os no centro das suas preocupações, em lugar de mantermos a administração fechada em si própria. Precisam de identificar as necessidades individuais de cada munícipe e fornecer uma única fonte de resposta a todos os inquéritos numa única visita ou contacto telefónico, no menor número de iterações possível. Para conseguirmos este objectivo precisamos de saber explorar o potencial que as tecnologias da Sociedade da Informação nos reservam, isto é promover uma verdadeira Sociedade aberta, inclusiva, para todos. A mudança tem por base uma nova perspectiva que considera a informação, tanto como necessidade, como recurso. Aliados a novos ou renovados instrumentos e aplicações, com destaque para o computador e para as relações em rede entre pessoas e instituições, importa analisar e caracterizar os aspectos essenciais dos novos paradigmas que se avizinham para trabalhar, aprender, divertir e interagir em sociedade e na comunidade local. Como o objectivo é tornar mais simples e fácil toda a interacção do munícipe com a Autarquia, então a criação de sistemas robustos para gerir e responder de forma eficiente e eficaz às necessidades dos munícipes é de facto uma necessidade e não apenas uma opção, desta forma surge o e-Government. 2.2. O e-Government O e-Government não é mais que a utilização das novas tecnologias da informação e comunicação por parte da Administração Pública em geral. O conceito de e-Government engloba o recurso a novas formas de fazer o que o poder central e a Administração Pública produzem, mas adoptando práticas de base digital que permitem ganhos substanciais em termos de eficiência, acesso à informação, tempos de resposta e proximidade ao cidadão, (Gouveia, 2004). Com o uso das novas tecnologias, como as redes locais e a Internet, as câmaras municipais podem melhorar todo o tipo de serviços disponibilizados aos cidadãos, quer a nível social e cultural, (Santos, Amaral, & Rodrigues, 2005) Para que a acção do e-Government seja consistente e consequente, terá que existir uma liderança politica clara e assumida desde o governo central atá ao nível das autarquias, assente numa visão estratégica que estabeleça claramente os objectos e os meios necessários ao desenvolvimento sustentado do e-Government em Portugal e que se traduz a curto prazo em benefícios efectivos para a sociedade no seu todo. A maturidade do e-Government avalia-se pelo grau de digitalização e integração dos serviços disponibilizados ao cidadão, os quais devem estar 403 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo direccionado ás necessidades dos cidadãos, das empresas e outros organismos públicos nacionais e estrangeiros, (Gouveia, 2004). Para a realização da avaliação do e-Government é utilizado o modelo dos 4 estágios: 1. Publicação de informação on-line acerca do organismo público; 2. Interacção entre o organismo público e o cidadão: downloads de formulários; 3. Interacção nos dois sentidos: processamento de formulários incluindo autenticação; 4. Transacção: tratamento, decisão e entrega (pagamento). Os principais problemas identificados prendem-se a questões de privacidade, segurança e falta de resposta dos organismos públicos ás mensagens de correio electrónico recebidas. Estes aspectos são fundamentais para aumentar a confiança do cidadão nos organismos públicos, sem a qual o e-Government terá um desenvolvimento muito mais lento que o desejado. Segundo (Gouveia, 2004), o e-Government interage com diferentes tipos de organismos, tais como: • Government to government (G2G): inclui a partilha de dados e a troca de informação electrónica entre actores do sector público (Governo e Administração Pública). Estão incluídas as diferentes instituições do sector público, bem como a Administração Pública local e o poder local; • Government to business (G2B): inclui as transacções comerciais e as compras do Estado, bem como as aquisições de serviços por via electrónica. Inclui ainda as interacções resultantes das obrigações legais a que estão sujeitas as organizações; • Government to citizen (G2C): inclui iniciativas desenvolvidas para facilitar a interacção de pessoas entre o Governo e a Administração Pública, enquanto consumidores de serviços públicos e na qualidade de cidadãos. Este tipo de interacção inclui ainda a participação do cidadão por consulta e o processo de tomada de decisão. • Government to employee (G2E): inclui as relações entre os funcionários públicos associados à Administração Pública e o suporte aos responsáveis de cargos políticos. Este tipo de interacção está orientado para a comunicação interna com os recursos humanos. Em suma, podemos referir que o sucesso para o desenvolvimento do eGovernment é fundamental para o desenvolvimento económico e social do país, para a modernização, desburocratização e transparência da Administração Pública e, principalmente para a qualidade de vida do cidadão. 2.3. O local-Government O conceito de local e-Government dá continuação aos princípios enunciados para o e-Government, contudo com uma maior proximidade ao cidadão, tomando este a vertente de munícipe, (Gouveia, 2004) 404 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Para um desenvolvimento estruturado do local e-Government, é necessário considerar a existência da e-Autarquia e das iniciativas das cidades digitais, definindo o âmbito de cada um destes conceitos e enquadrando os seus objectivos. O conceito de autarquia digital (e-Autarquia) é, relativamente aos anteriores, mais localizado. A autarquia digital, enquanto conceito, prepara o funcionamento orgânico e quotidiano de uma autarquia para o suporte do digital, alterando práticas de forma mais profunda que a simples inclusão da Internet ou a agilízação e racionalização de processos, (Gouveia, 2004). O poder local é o responsável pela condução e administração do local eGovernment. Em Portugal, as Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesia asseguram essa responsabilidade, repartindo um conjunto de serviços que gerem o território e as suas necessidades e a relação com as comunidades que neles vivem. As funções do local e-Government variam de acordo com as estratégias seguidas. Desta forma, é possível considerar para um determinado organismo específico da Administração Pública local um conjunto de funções como: • publicar informação; • interagir com o cidadão; • efectuar transacções com o cidadão e restante Administração Pública local; • integrar informação com a restante Administração Pública local; • transformar informação. “e-Government versus local e-Government Ambos têm por objectivo assegurar uma maior proximidade ao cidadão, mas enquanto o eGovernment se propõe como um servidor e regulador para o indivíduo e sociedade, o local e-Government proporciona um enquadramento do indivíduo e das organizações com o território e com a comunidade.” Fonte: (Gouveia, 2004) 405 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo Figura 1 - Alcançar a mudança através do local e-Government Fonte: (Gouveia, 2004) Um grande número de iniciativas, projectos e acções associados ao local eGovernment ocorrem um pouco por todo o mundo, e Portugal não é excepção. As suas ocorrências vão desde uma simples presença na Web, com afixação de informação geral, até uma revisão profunda de hábitos e formas de trabalho com impacto no dia a dia de todos os munícipes. No entanto as promessas do local eGovernment são bem maiores e a sua prática pode ser bem mais ambiciosa. 3. O e-Urbanismo no distrito de Braga Nesta secção abordamos o desenvolvimento do e-Government e do eUrbanismo e apresentamos alguns dos resultados obtidos até ao momento. 3.1. Implementação do e-Government no distrito de Braga Após uma análise pormenorizadas das câmaras do distrito de Braga, concluímos que todas as 14 câmaras afectas a este distrito possuem página web a funcionar. De todas as câmaras utilizadas para este estudo, 5 possuem uma secção dedicada ao e-Urbanismo, não obstante, das 5 que possuem essa secção só 4 é que 406 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico permitem fazer a consulta de processos on-line, mas perfazendo um total de 5 visto que se pode consultar processo on-line na câmara de Esposende. 3.2. Apresentação das câmaras que contemplam o e-Urbanismo Após uma pesquisa detalhada sobre a informação existente nos web-sites das câmaras municipais em estudo, sobre o e-Urbanismo, apresentamos de seguida os resultados obtidos de acordo com as suas funcionalidades a este nível. Quadro 1 – Câmaras Municipais e o e-Urbanismo Câmara Municipal Requerimentos Consulta de Processo online Amares Barcelos Braga Cabeceiras de Basto Celorico de Bastos Esposende Fafe Famalicão Guimarães Póvoa de Lanhoso Terras de Bouro Vieira do Minho Vila Verde Vizela Existe Existe Existe Existe Existe Existe Não existe Existe Existe Não Existe Existe Existe Existe Existe Não existe Existe Não existe Existe Existe Existe Não existe Existe Não existe Não existe Não existe Não existe Não existe Não existe 407 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo Figura 1 - Câmara Municipal de Amares Esta câmara contempla uma secção dedicada ao urbanismo onde nos dá a informações importante relativas com este departamento, nomeadamente as competências e projectos em curso, os procedimentos necessários para a realização de obras particulares, requerimentos e fichas estatísticas, o plano directos municipal e por fim a informação geográfica. Contudo, constamos que esta câmara não contempla na sua informação disponibilizada ao munícipe, os modelos necessários para a realização de qualquer pedido relacionado com o urbanismo. Figura 2 - Câmara Municipal de Barcelos Na Câmara de Barcelos também contem uma sessão de urbanismo onde disponibiliza fichas normativas relacionadas com o desenvolvimento, nomeadamente, sobre as novas tecnologias de informação geográfica, as novas tecnologias no planeamento e gestão urbanística, o Plano Director Municipal (PDM), o património, o plano estratégicos de desenvolvimento do concelho e a qualidade física do ambiente, contudo nesta secção, não contempla informação relacionada com licenciamento de obras particulares. 408 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico É de salientar que esta câmara disponibiliza aos seus munícipes a consulta de processos on-line, mediante uma autenticação prévia, indicando o número de contribuinte e a senha se acesso. Figura 3 - Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão Esta secção é subdividida, com podemos constatar na imagem supra apresentada, em atendimento ao público, consulta de processos on-line, estatísticas, notas de serviços e deliberações e em pareceres jurídicos. É de salientar que o item de atendimento ao público assim como o de legislação se encontram em construção à data deste artigo, relativamente à consulta de processos on-line o munícipe tem que se autenticar no sistemas introduzindo o se número de contribuinte e uma password. Figura 4 - Câmara Municipal de Guimarães Na Câmara de Guimarães contem uma secção de urbanismo onde disponibiliza a informação correspondente ao planeamento urbanístico, projectos, concursos, noções e esclarecimentos sobre urbanismo e quais os documentos que se podem consultar no urbanismo. 409 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo Figura 5 - Câmara Municipal de Vizela Esta secção é subdividida, com podemos constatar na imagem supra apresentada, em Gestão da Operações Urbanísticas, Sector do Sistema de Informação Geográfica que se encontra em construção bem como a do Sector de Apoio Administrativo e Arquivo. Na subsecção de Gestão de Operações Urbanísticas podemos ainda encontrar informação sobre: PDM - Resolução do Conselho de Ministros n.º 72/2002 - Limites de Vizela Regulamentos - Regulamento Municipal de Edificação (PDF) http://www.cm-vizela.pt/documentos/Regulamento Municipal Edifica%E7%E3o.docRegulamento Municipal de Urbanização (PDF) Elementos necessários à Instrução de Processos - LICENÇA ADMINISTRATIVA - AUTORIZAÇÃO ADMINISTRATIVA - VIABILIDADE DE CONSTRUÇÃO - RESTAURAÇÃO E BEBIDAS - CERTIDÃO DE ISENÇÃO DE LICENÇA DE UTILIZAÇÃO - OBRAS DE CONSERVAÇÃO - LOTEAMENTOS - ALTERAÇÕES AO LOTEAMENTO Informações Úteis: Contactos e marcações 410 de Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 4. Estudo empírico das soluções de e-Urbanismo Neste capítulo apresentamos as metodologias seguidas para a realização do nosso estudo, assim como, a discussão dos resultados obtidos relativamente aos sites das câmaras do distrito de Braga. 4.1. Metodologia A metodologia seguida para a avaliação deste estudo foi baseada na norma definida pela Resolução do Conselho de Ministros nº 22/2001 de 27 de Fevereiro. (Oliveira, Santos, & Amaral, 2003) De acordo com esta norma foram utilizadas duas vertentes de avaliação: quanto á qualidade, onde avaliamos a qualidade dos web sites, e quanto à maturidade, onde avaliamos o estado de desenvolvimento do web site tendo como base o grau de interactividade. Quanto à qualidade foram avaliados os seguintes critérios: • Conteúdos; • Actualização dos conteúdos; • Acessibilidade; • Navegabilidade. Quanto à maturidade foram avaliados os seguintes estágios: • Informação; • Interacção; • Interacção bidimensional; • Transacções. O método utilizado no nosso estudo baseia-se numa grelha de avaliação dos sítios web, na qual a classificação de cada critério é obtida com base na soma das classificações dos vários indicadores (recomendações) que o integram. Cada um destes indicadores possui um peso específico no valor total do critério. O método seguido determinou que, para cada critério analisado, os indicadores possuem o mesmo peso entre si, (peso do indicador = 100% / número de indicadores), como se pode ver no Quadro 2. 411 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo Quadro 2 – Pesos equitativos dos indicadores dentro de um critério Critério Peso Conteúdos 15% Acessibilidade Navegabilidade Maturidade 20% 25% 40% Indicadores Peso A web site apresenta toda a informação pretendida 33,33% Dá a conhecer a sua última actualização 33,33% A apresentação dos conteúdos está bem estruturada 33,33% O nome do endereço de e-mail é perceptível 25% Existe o registo da web site em motores de pesquisa 25% Existe links em outros web sites 25% A página abre facilmente 25% Existem ligações na primeira página 20% Existe barra de navegação 20% Existe rapidez no download das páginas 20% É fácil encontrar os conteúdos ou serviços que pretende da Web Site 20% Disponibiliza link para software adicional, para ler ficheiros especifico (*.pdf) 20% Possui declarações/ formulários on-line para download 12,5% Permite preencher e entregar on-line 12,5% Sugestões e reclamações on-line 12,5% Pagamentos on-line 12,5% Resposta aos e-mail recebidos 12,5% Segurança nos pagamentos on-line 12,5% Newsletter, fórum, e chat on-line 12,5% E-mail, telefone, fax, chat on-line com acesso help-desk dedicado a apoio aos utilizadores 12,5% Por sua vez, cada critério é constituído por vários indicadores de avaliação, e que com base no método seguido, determinou para todos eles o mesmo peso percentual na pontuação. Os indicadores são pontuados com base em dois tipos de medidas: sim/não ou na escala de 1 a 5 valores. Em relação ao método original disponibilizado pela UMIC, utilizou-se o tipo de medida sim/não (a verificação do indicador é pontuada com 100% e a sua não verificação é pontuada com 0%), mas não se utilizou a medida designada por semáforo. Esta medida pressupõe a existência de três valores possíveis de pontuação para o indicador: verde (100%), amarelo (50%) e vermelho (0%). Numa primeira análise a certos indicadores verificou-se uma grande diversidade de valores, e que assim, estaria melhor representada numa escala com mais valores percentuais. Daí se ter optado por classificar o tipo de medida semáforo numa escala de 5 diferentes valores (1 a 5 valores). 412 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico C. M. Amares C. M. Barcelos C. M. Braga C. M. Cabeceiras de Basto C. M. Celorico de Bastos C.M. Esposende C. M. Fafe C. M. Famalicão C. M. Guimarães C. M. Póvoa de Lanhoso C. M. Terras de Bouro C. M. Vieira do Minho C. M. Vila Verde C. M. Vizela Quadro 3 – Classificação por Câmara Municipal Conteúdo 7 6 6 7 14 9 3 8 10 5 6 5 9 7 Acessibilidade 13 16 16 13 20 14 10 15 20 12 13 15 13 15 Navegabilidade 23 19 21 12 21 24 12 17 15 10 15 17 21 13 Maturidade 9 11 15 14 28 18 12 17 25 11 16 13 17 15 Total por Câmara 52 52 58 46 83 65 37 38 50 57 70 50 50 60 A classificação mais elevada foi de 83 pontos, dividindo esse valor por cinco, obtém-se os diferentes grupos de web sites: 1. 2. 3. 4. 5. Web sites com classificação relativa de Insuficiente [0; 16,6] pontos); Web sites com classificação relativa de Regular [16,7; 33,2] pontos); Web sites com classificação relativa de Bom [33,3; 49,8] pontos; Web sites com classificação relativa de Muito Bom [49,9; 66,4] pontos); Web sites com classificação relativa de Excelente [66,5; 83] pontos); Os resultados obtidos permitem observar que apenas uma web site se encontra na categoria Regular (11,1%) e 8 situam-se na categoria Insuficiente (88,9%). 413 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo Quadro 4 – Ordenação Decrescente das Câmaras Municipais Classificação Câmara Pontos 1 Câmara Municipal de Celorico de Bastos 83 2 Câmara Municipal de Guimarães 70 3 Câmara Municipal de Esposende 65 4 Câmara Municipal de Vila Verde 60 5 Câmara Municipal de Braga 58 6 Câmara Municipal de Famalicão 57 7 Câmara Municipal de Amares 52 7 Câmara Municipal de Barcelos 52 8 Câmara Municipal de Terras de Bouro 50 8 Câmara Municipal de Vieira do Minho 50 8 Câmara Municipal de Vizela 50 9 Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto 46 10 Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso 38 11 Câmara Municipal de Fafe 37 4.2. Discussão dos resultados Após uma análise dos resultados obtidos no nosso estudo, constatamos, como se pode observar no quadro supra citado, que praticamente todas as câmaras obtiveram uma classificação de insuficiente. Apenas a Câmara de Celorico de Bastos conseguiu ter uma classificação de regular, pois de todas as câmaras em estudo, esta é a que possui um web-site mais completo, quer em termos de qualidade, conteúdo, acessibilidade e navegabilidade, apesar de não possuir no seu web-site um link que permita ao utilizador fazer o download de software adicional, para ler ficheiros específicos. Quanto à maturidade constatamos que ainda há muito para fazer, pois nenhuma das câmaras permite o preenchimento e entrega on-line dos requerimentos disponíveis, relativamente aos pagamentos como não existem on-line também não é possível verificar se são seguros. Relativamente às outras câmaras envolvidas no estudo verificasse que quanto à qualidade e maturidade ainda há muito para fazer como nos demonstram os 414 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico resultados, para podemos considerar que contemplam um web-site de qualidade razoável. Apesar de existe um empate na classificação das câmaras de Barcelos e Amares, verificamos que a Câmara Municipal de Amares tem melhor classificação relativamente aos conteúdos e à qualidade, mas no que diz respeito à acessibilidade e à maturidade a Câmara Municipal de Barcelos supera muito a Câmara Municipal de Amares. Em suma, podemos concluir que no que diz respeito à maturidade, a Câmara Municipal de Barcelos tem uma classificação muito boa, apesar de em termos gerais todas as câmaras têm muito para fazer para que os cidadãos possam interagir via on-line com as câmaras. 4.3. Recomendações Câmara Municipal de Amares Quanto à qualidade do web-site, a Câmara Municipal de Amares, do nosso ponto de vista, deve melhorar os conteúdos, assim como a sua estruturação, pois não possui toda a informação que um munícipe necessita, deve também dar a conhecer a data da última actualização do site. Quanto à maturidade temos muito para dizer, ou seja, melhorar os formulários disponíveis e implementar os restantes itens, pois esses nem existem. Deve também, implementar um mecanismo que permita a consulta de processos on-line. Câmara Municipal de Barcelos Quanto à qualidade do web-site esta câmara está melhor em termos da informação disponibilizada, mas deveria disponibilizar a data da última actualização do site, assim como estruturar melhor os conteúdos. Na navegabilidade as recomendações são para melhorar a barra de navegação de forma a se poder encontrar os conteúdos ou serviços que se pretende mais facilmente. Em relação à maturidade recomendamos que disponibilize os modelos dos requerimentos necessários para quaisquer procedimentos relativo a processos de obras particulares, e que implemente os restantes itens. Na nossa opinião, as informações referentes ao licenciamento de obras particulares, que é o ponto vital deste departamento, deviriam estar contempladas na sessão do urbanismo e não na sessão de apoio ao munícipe, deveria também disponibilizar uma tabela de emolumentos. Câmara Municipal de Braga Do nosso ponto de vista, esta câmara precisa de melhorar a apresentação de toda a informação, dar a conhecer a ultima actualização do web-site e estruturar melhor a apresentação dos conteúdos. Quanto à maturidade deverá melhorar os formulários, permitir o seu preenchimento, entrega e pagamentos on-line. Deve contemplar as reclamações, dar 415 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo respostas aos e-mails recebidos, criar newsletter, fórum, e chat on-line. Deve também implementar um mecanismo que permita a consulta de processos on-line. Câmara Municipal de Cabeceiras de Bastos Quanto à qualidade do web-site deve melhorar a apresentação da informação disponibilizada, assim como informar a data da sua última actualização. Quanto à acessibilidade deve conter o nome de endereço de e-mail perceptível, no que diz respeito à navegabilidade deve melhorar muito quanto à rapidez dos download das paginas, melhorar a pesquisa dos conteúdos ou serviços que se pretende do web-site e por ultimo em termos de qualidade conter software adicional para ler ficheiros específicos. Quanto à maturidade está muito aquém de se considerar uma câmara com maturidade suficiente, logo terá que melhorar em tudo. Câmara Municipal de Celorico de Bastos Nesta Câmara apenas recomendamos que no que diz respeito à navegabilidade deve disponibilizar um link que permita aos munícipes fazer o download de software adicional que permita a leitura de ficheiros (*.pdf). Quanto à maturidade recomendamos que deveria permitir o preenchimento, entrega de requerimentos on-line, assim como permitir pagamentos on-line. Câmara Municipal de Esposende Quanto à qualidade do web-site esta câmara está melhor em termos da informação disponibilizada, mas deveria disponibilizar a data da última actualização do site, assim como uma secção especifica de urbanismo que contemplasse toda esta informação. Quanto à maturidade recomendamos que deveria permitir o preenchimento, entrega de requerimentos on-line, assim como permitir pagamentos on-line. Deve responder os e-mails recebidos, criar uma newsletter, fórum e chat on-line. Câmara Municipal de Fafe Quanto à qualidade do web-site, a Câmara Municipal de Fafe, do nosso ponto de vista, deve melhorar os conteúdos, assim como a sua estruturação, pois não possui informação que um munícipe necessita em relação ao urbanismo, deve também dar a conhecer a data da última actualização do site. Quanto à maturidade temos muito para dizer, ou seja, deve disponibilizar formulários, pois esses nem existem. Deve também, implementar um mecanismo que permita a consulta de processos on-line e chat on-line. Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão Quanto à qualidade deve melhorar a apresentação dos conteúdos e a sua estruturação, deve dar a conhecer a sua última actualização. Na acessibilidade deve aligeirar o carregamento da página. 416 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Quanto à navegabilidade deve incluir nas suas diferentes páginas um link que permita o regresso à primeira página de maneira fácil e rápida, deve também aumentar a rapidez do download das páginas, e ainda melhorar os serviços que disponibiliza. Quanto à maturidade deve melhorar os formulários disponibilizados, permitir o preenchimento e entrega on-line, assim como os pagamentos. Deve responder aos e-mails recebidos, criar uma newsletter, fórum e chat on-line. Câmara Municipal de Guimarães Nesta Câmara apenas recomendamos que deveria disponibilizar a data da última actualização do site. Quanto à maturidade recomendamos que deveria permitir o preenchimento, entrega de requerimentos on-line, assim como permitir pagamentos on-line. Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso Quanto à qualidade deve melhorar a reestruturação e a apresentação dos conteúdos. Quanto à acessibilidade necessita de mudar o nome do email para um nome mais perceptível, assim como criar links em outros sites. Quanto à maturidade deve melhorar os formulários disponibilizados, permitir o preenchimento e entrega on-line, assim como os pagamentos. Deve responder os emails recebidos, criar uma newsletter, fórum e chat on-line. Deve implementar um sistema que permita aos munícipes consultar os seus processos on-line. Câmara Municipal de Terras de Bouro Quanto à qualidade é aconselhável que melhore os seus conteúdos e dar a conhecer a data da última actualização do site. Na acessibilidade deve implementar links em outra web sites. Quanto à navegabilidade necessita de criar ligações na primeira página, melhorar a barra de navegação e reorganizar melhor os conteúdos e serviços de forma a serem mais fáceis de encontrar. Câmara Municipal de Vieira do Minho Quanto à qualidade deve melhorar a reestruturação e a apresentação dos conteúdos e dar a conhecer a data da sua última actualização. Quanto à maturidade, deve disponibilizar formulários, pois esses nem existem, bem como permitir o preenchimento, entrega de requerimentos on-line, assim como os pagamentos on-line. Deve também, implementar um mecanismo que permita a consulta de processos on-line e chat on-line. Câmara Municipal de Vila Verde Quanto à qualidade deve dar a conhecer a data da sua última actualização. Na acessibilidade deve disponibilizar o link da câmara em outros sites. 417 Avaliação de Soluções de e-Urbanismo Quanto à maturidade deve permitir o preenchimento e entrega dos requerimentos on-line, assim como o seu pagamento. Pode melhorar a newsletter, fórum e chat, bem como todos os contactos disponibilizados aos utilizadores. Câmara Municipal de Vizela Do nosso ponto de vista, esta câmara precisa de dar a conhecer a ultima actualização do web-site e estruturar melhor a apresentação dos conteúdos. Quanto à maturidade deverá melhorar os formulários, permitir o seu preenchimento, entrega e pagamentos on-line. Deve contemplar as reclamações, dar respostas aos e-mails recebidos, criar newsletter, fórum, e chat on-line. Deve também implementar um mecanismo que permita a consulta de processos on-line. 5. Conclusão Com este artigo, estudamos os sites das câmaras municipais do distrito de Braga, em particular a sua situação relativamente ao e-Urbanismo. Constatamos que embora já tenham muita coisa desenvolvida ainda há muito para fazer, quer a nível da qualidade, quer a nível da maturidade. Concluímos também, que as câmaras municipais já dominam as novas tecnologias, embora ainda não dominem grande parte do seu enorme potencial, desta forma não conseguem aproveitar as mais valias que estas oferecem quer para benefício do cidadão, quer para a modernização da própria autarquia. Por muitos estudos que se tenham feito há cerca desta rubrica, na nossa opinião, ainda não houve um empenhamento verdadeiro ao nível das autarquias para ver o e-Urbanismo na perspectiva do cidadão, de forma a sentir as suas verdadeiras necessidades. Quando isso acontecer talvez se consiga dar um passo de gigante e interagir de facto com os cidadãos. Com este estudo pretendemos demonstrar que se um vulgar cidadão necessitar de saber qualquer informação sobre o e-Urbanismo ou de requisitar algum dos seus serviços não o pode fazer sem que para isso tenha que se deslocar ao espaço físico da autarquia. Esta análise tem como objectivo contribuir para um maior conhecimento da realidade do distrito de Braga relativamente ao e-Urbanismo e permitir uma acção consequente que impulsione as autarquias para uma mudança na administração local do distrito, através das potencialidades das novas tecnologias da sociedade de informação e do conhecimento. Este objectivo só estará completamente cumprido, quando um vulgar cidadão que precise de enviar um requerimento, ou pedir qualquer tipo de informação à autarquia, o consiga fazer sem que para isso tenha que se deslocar do local onde se encontra, e o consiga fazer de qualquer parte e a qualquer hora, aí sim podemos dizer que haverá um empenhamento por parte das autarquias em satisfazer as necessidades dos cidadãos. 418 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Referências Brandenburger, A. M. e Nalebuff, B. J., 1996, Co-Opetition, New York: Doubleday Bittinger, S., 2004, Adopting the ISCO Model for Government Shared Services, GartnerGroup, DF-21-9153 Dewire, D. T., 2002, From The Editor, Information Systems Management, Volume 19, Número: 1, Páginas: 5 – 7 Dias, S. 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Em Portugal, o progressivo aumento da utilização da Internet por parte dos cidadãos, serviu para que o Governo no âmbito da estratégia de Lisboa, definisse o Governo Electrónico (e-Gov) como um vector estratégico de intervenção do Estado, na forma como os cidadãos interagem com a Administração Pública (AP). A mobilização da sociedade de informação em torno deste conceito, permite desburocratizar processos, aproximar cidadãos do Estado, em suma, dinamizar a economia. Neste contexto, este artigo tem por objectivo analisar a situação actual do e-Gov em Portugal e na Europa, apresentar as suas potencialidades, limitações e processos de reorganização estrutural. Palavras-chave: Governo Electrónico; Tecnologias de Informação e Comunicação; Internet; Sociedade da Informação; Sistemas de Informação Públicos. 1. Introdução As Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) assumem actualmente um papel de relevo na economia de quase todos os países. Desconsiderar este facto, pode significar um atraso irreversível e avultados prejuízos, entendê-lo como uma oportunidade pode trazer óbvias vantagens, mas torná-lo uma mais valia está dependente do uso que dele fazem as organizações. De facto, para tornar as tecnologias um factor de excelência e de desenvolvimento da economia de um país, é necessário que as organizações produzam conteúdos e serviços que potenciem a criação de valor, partilha de conhecimento, aumento de produtividade e 421 O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal transparência. São as infra-estruturas ao serviço da sociedade de informação, estimulando a produção de novos produtos e negócios e superando obstáculos como a geografia. Em Portugal, o crescente aumento da utilização da Internet1 por parte dos cidadãos sustenta a linha de orientação do Governo que no âmbito da estratégia de Lisboa2, definiu o Governo Electrónico (e-Gov) como um vector estratégico de intervenção do Estado, dinamizador da relação entre os cidadãos e a Administração Pública (AP). De facto, a definição do Plano de Acção eEurope2005, compreende, para além da expansão de infra-estruturas e equipamentos de acesso (incluindo telemóveis, televisão e computadores) o desenvolvimento de novos serviços que aproximem os cidadãos da AP. Não obstante o sucesso de algumas iniciativas3 com forte adesão, assentes numa mobilização da sociedade de informação em torno deste conceito, verifica-se que Portugal continua a apresentar um nível de serviços comparativamente inferior a alguns países da União Europeia (UE), como teremos oportunidade de ver mais à frente. Neste contexto, o Governo deve procurar alargar o seu campo de intervenção a outras áreas e potenciar o e-Gov como um factor de modernização dos seus serviços, garantindo o cumprimento dos requisitos definidos em Novembro de 2004, no Programa Operacional da Administração Pública (“a prestação de um serviço mais eficaz, mais eficiente, mais célere, mais transparente e com maior qualidade”). O papel do e-Gov não se deve no entanto restringir apenas à disponibilização de informação baseada na utilização de emails e sites (West, 2003). O e-Gov deve potenciar também o surgimento de novos paradigmas de funcionamento das instituições baseado na oferta on-line de serviços, anteriormente apenas disponibilizados de forma presencial (Rocha, Silva, Lamas, Castro & Silva, 2005). Com a adopção desta estratégia o Governo tem a oportunidade de se reorganizar internamente, criando um centro de atendimento ao cidadão, centralizado e integrado, que responda a uma só voz através de múltiplos canais (quiosques electrónicos, SMS4, portais, call-centers, telemóveis 3G, televisão digital, etc…). A utilização destes canais deve constituir uma mais valia na forma como os cidadãos interagem com a AP, permitindo que estes deixem de estar em fila para passarem a estar em linha. O objectivo deste trabalho passa por definir, no âmbito da anunciada reforma da AP, o e-Gov nas suas vertentes de back-office e front-office, analisar um 1 Crescimento de 23% nos últimos 5 anos, atingindo 43% da população portuguesa (UMIC, 2004). 2 Em Junho de 2000 no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia, foi definido o Plano de Acção eEurope2002, posteriormente designado por eEurope2005 (http://europa.eu.int/information_society/eeurope/2005/index_en.htm), no seguimento de uma revisão efectuada em Sevilha em Junho de 2002. 3 Exemplo das declarações electrónicas no website da DGCI (Direcção Geral de Contribuições e Impostos, http://www.e-financas.gov.pt). 4 Short Message Service. 422 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico conjunto de práticas internacionais, contextualizar Portugal no conjunto de 28 Estados da Europa (UE25+3), apresentar os seus serviços, analisar as dificuldades e potencialidades de implementação de uma plataforma e-Gov e por fim apresentar as conclusões. 2. e-Gov Ao longo dos anos os diversos Governos foram criando sucessivamente novos organismos e novas repartições de serviços. Estas repartições, assentes numa estrutura vertical, procedem à recolha de papéis de forma dispersa alimentando uma administração centralizada e dificil de gerir. Várias têm sido as tentativas de dinamizar estes serviços utilizando as TIC como factor propulsor de uma transformação organizacional. As potencialidades proporcionadas pelo uso mais intensivo das TIC, como é possível observar na Figura , criaram novas oportunidades para o surgimento do e-Gov simplificando o acesso dos cidadãos aos serviços públicos. A tecnologia no entanto não transforma por si só maus em bons procedimentos. O sucesso de uma plataforma e-Gov depende do uso que as pessoas dão às tecnologias e do impulso e inovação que os organismos lhe conferem. A tecnologia não é portanto a solução, é apenas parte dela. Figura 1– Posse de computador e ligação à Internet dos agregados domésticos, 2002-2004 (em percentagem). (INE, 2004) A outra parte da solução assenta, por um lado, na redefinição dos relacionamentos internos das organizações públicas (Rocha, Silva, Lamas, Castro & Silva, 2005) e por outro, na utilização adequada e vantajosa das TIC por parte dos organismos governamentais (particularmente nos seus relacionamentos com os cidadãos e empresas através da optimização e prestação dos serviços públicos). De facto o e-Gov é a oportunidade que os Governos têm de impulsionar a reforma dos serviços em duas vertentes principais, provocando uma relação causaefeito: por uma lado a reorganização de todo o back-office que sustenta o conjunto de serviços, potenciando o surgimento de novos paradigmas de funcionamento e organização das instituições; por outro, a definição de um novo front-office com a 423 O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal implementação de novos serviços e adaptação de antigos, disponibilizando aos cidadãos novas formas de acesso à AP5. Para o sucesso de ambas as vertentes o Governo deve promover, mediante políticas e estratégias, a restruturação da sua orgânica bem como a disponibilização on-line dos serviços públicos, incentivando os cidadãos a participar. Os Organismos Públicos por sua vez devem implementar o conjunto de serviços centrados no cliente e finalmente os Cidadãos e as Empresas devem adoptar uma nova atitude aproveitando as capacidades deste novo conceito (UMIC, 2002). Nas duas subsecções seguintes validamos as vantagens de cada uma das duas vertentes: BackOffice e Front-Office. 2.1. Reorganização do Back-Office (e-transformação) A forma como hoje encaramos e lidamos com a AP pode estar à beira de mudar nos próximos anos. Neste processo as TIC são apenas um ingrediente do eGov, devendo a sua implementação ser acompanhada pelo redesenho dos processos administrativos. De facto, as mudanças não deverão passar unicamente pela forma como acedemos à informação, mas também pela forma como a informação é processada e organizada na rectaguarda. Neste particular, a introdução do e-Gov implica diferenças significativas por parte das diversas organizações públicas no que concerne à forma como os sistemas de informação (SI) adquirem, armazenam, recuperam, manipulam, transmitem e utilizam a informação (Lopes & Amaral, 2000). Como referem Lopes & Amaral (2000) os SI não são apenas um artefacto tecnológico que automatiza trabalho organizacional. Eles são trabalho organizacional e a intervenção num SI, através da reformulação de um sistema existente ou da definição de um novo, permite a alteração da organização. Os sistemas de informação desempenham hoje um papel fundamental na mudança organizacional, surgindo como um modelo integrador. Esta alteração profunda na forma como os sistemas de informação se reorganizam traz, no estado actual da Administração Pública, outro tipo de problemas. É necessária uma grande coordenação para gerir a partilha de informação entre organismos dispersos mas necessariamente inter-relacionados (Punia & Saxena, 2004). De facto, a disponibilização de um serviço ao cidadão pode exigir a partilha de um processo (composto por diferentes tarefas/subprocessos) entre diferentes organizações. Um exemplo concreto é o processo de requerer um passaporte: este processo involve a participação de duas organizações6 que precisam trocar informações entre si e involve várias tarefas/sub-processos na medida em que pode ser feito pessoalmente e via Internet, etc… A combinação de todas estes sub-processos e a partilha deles entre diferentes organizações, representa o workflow do processo de requisição de passaporte. 5 6 Deixando ao critério do cidadão a escolha do canal que pretende utilizar. Departamento de Polícia e Governo Cívil. 424 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico O surgimento do e-Gov potencia desta forma a reforma dos serviços públicos, reorganizando e automatizando o conjunto de processos7 e em consequência as próprias organizações que, assentes numa filosofia de BPM (Business Process Management) deverão, com o recurso às TIC, reduzir custos e ajudar a aumentar a eficiência das organizações através da análise, redesenho, automatização e optimização dos processos e organismos. Punia & Saxena (2004), referem que existem actualmente duas propostas de modelização de workflows inter-organizacionais: (1) Integração de sub-processos, os quais requerem que as várias organizações involvidas no processo tenham conhecimento dos sub-processos internos uns dos outros; (2) Processos públicos, que preservam a autonomia das diferentes organizações, com cada processo pertencendo à respectiva organização. Assim, a troca de informação existe sem a necessidade da partilha de sub-processos de ambas as organizações. A adopção por parte do Governo por uma destas duas propostas deve permitir que os cidadãos e empresas lidem com a AP sem terem necessidade, por um lado, de saber como o Estado se organiza e por outro, de prestar a mesma informação mais do que uma vez a diferentes organizações, função essa que deve caber aos diferentes organismos. O Estado deve funcionar para o utente como uma camada de abstracção (um só ponto, entre vários canais), isolando a complexidade interna e disponibilizando de uma forma segura e eficiente serviços de qualidade orientados para o cidadão (Figura 2). Figura 2– Um só ponto de entrega, vários canais de acesso Uma reorganização tal da estrutura a nível de back-office traz, como referem (Millard, Iversen, Kubicek, Westholm & Cimande, 2004), óbvias vantagens: definição de uma estrutura organizacional mais simples; modernização do conjunto de serviços ao dispor do cidadão; maior transparência; afectação dos recursos para outro tipo de tarefas que não sejam rotineiras; optimização/automatização de processos internos; maior grau de interoperabilidade entre os diferentes serviços; integração de dados; melhor informação (consistência de dados); garantia da 7 A automatização de um processo designada por WorkFlow, é um procedimento através do qual, documentos, tarefas ou informações passam de um interveniente para outro, através de regras funcionais. 425 O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal recuperação de informação (backups); aumento de produtividade; decisões tomadas com base em factos e não em suposições (sistemas de suporte à decisão). 2.2. Definição de um novo Front-Office Também ao nível do relacionamento externo com os cidadãos e empresas, no que se designa por front-office, o Governo desempenha papel fundamental através da disponibilização de serviços on-line. O e-Gov não se deve no entanto restringir a disponibilizar informação baseada na utilização de emails e sites (West, 2003), devendo criar as condições para o surgimento de novos serviços on-line (Millard, Iversen, Kubicek, Westholm & Cimande, 2004). A implementação de uma plataforma orientada a serviços, assenta essencialmente em 4 fases (Figura 3): (1) Informação: presença na Internet através da disponibilização de informação básica ao público; (2) Interacção Simples: presença na Internet oferecendo ao utente a possibilidade de obter formulários para iníciar o procedimento de obtenção do serviço em causa; (3) Interacção Bidireccional: presença na Internet, aceitando a submissão de formulários para iníciar o procedimento de obtenção do serviço em causa (este passo implica a autenticação da pessoa); (4) Transacção: presença na Internet permitindo que a efectivação do serviço, decisão e pagamento, seja tratada com recurso ao website, não sendo necessário nenhum procedimento via papel. A completa efectivação destes serviços traz óbvias vantagens: maior comodidade; maior rapidez nos tempos de resposta aos pedidos; maior transparência; melhores serviços; disponibilidade permamente, 24 x 7 x 365; satisfação dos cidadãos; redução de erros e redução de custos. Figura 3– Fases de desenvolvimento do e-Gov. Adaptada de (Capgemini, 2004) Para que seja possível avaliar o nível de implementação on-line e qualitativo dos serviços públicos disponíveis, a Capgemini definiu, com base nas 4 etapas da Figura 3, duas medidas: sofisticação on-line e serviços totalmente disponíveis. O estudo realizado desde Outubro de 2001 e actualmente com base anual, contempla 426 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico desde o ano de 2004, 28 países (UE25 + Noruega, Islândia e Suíça) e a análise de 20 serviços (12 relativos a cidadãos e 8 relativos a empresas). A sofisticação on-line, uma das medidas, determina em termos médios, tomando em consideração todos os países e os 20 serviços analisados, o nível dos serviços públicos em termos de desenvolvimento (considerando as 4 etapas da Figura 3). A medida serviços totalmente disponíveis, determina em termos médios, tomando em consideração todos os países e os 20 serviços analisados, o nível dos serviços públicos em termos de desenvolvimento pleno, ou seja, avalia a percentagem de serviços totalmente disponíveis (considera apenas como serviços totalmente disponíveis, serviços que estejam na etapa 4). Com o e-Gov, os Governos têm uma oportunidade única de impulsionar a sua economia e reformar os seus serviços. Para capitalizar melhor os seus esforços devem, no entanto, ter em atenção as melhores práticas a nível internacional. 3. e-Gov na Europa O e-Gov é hoje uma política importante na maioria das agendas dos países europeus, mas de acordo com Heeks (2004) apenas 15% dos projectos de e-Gov são um sucesso, sendo que 35% constituem um total fracasso e 50% um fracasso parcial. Não obstante estes valores, o estudo desenvolvido pela Capgemini (2004) revela, a nível de implementação dos serviços, 65% de média para o indicador de sofisticação on-line, tomando em consideração todos os países e os 20 serviços analisados. Este valor coloca o nível dos serviços públicos em termos de sofisticação, entre a interacção simples e a interacção bidireccional (a sofisticação on-line atinge o seu valor máximo na etapa 4, como é possível observar na Figura 3). Na Figura 4 é possível observar que o país mais avançado é a Suécia (89%) e que apenas 4 países (Letónia, Polónia, Eslováquia e Hungria) permanecem com valores inferiores a 50%. Portugal aparece a meio da tabela (14ª posição) com uma percentagem ligeiramente acima dos 65%. 2001 2004 Letónia Polónia Eslováquia Chipre Hungria República Luxemburgo Suíça Lituânia Grécia Alemanha Malta Bélgica Portugal Eslóvenia Itália Holanda França Espanha Islândia Estónia Noruega Dinamarca Irlanda Finlândia Reino Unido Suécia Áustria 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% Média 427 O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal Figura 4 – Resultados da sofisticação on-line dos serviços públicos. Adaptada de (Capgemini, 2004) 100,00% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% Suécia Áustria Finlândia Estónia Reino Unido Dinamarca Noruega Espanha Itália Irlanda Islândia França Alemanha Eslóvenia Portugal Malta Lituânia Bélgica Holanda Grécia República Chipre Luxemburgo Hungria Eslováquia Polónia Suíça Letónia No mesmo estudo são revelados os valores para o 2.º indicador que avalia em termos médios, tomando em consideração todos os países e os 20 serviços analisados, a percentagem de serviços totalmente disponíveis (etapa 4 da Figura 3). A percentagem média obtida é de 41%, sendo uma vez mais a Suécia a aparecer na frente com uma percentagem de 74%. Portugal cai da 14.ª posição para a 16.ª, comparativamente ao indicador de sofisticação on-line, com um valor de 40% e a Irlanda perde neste particular 8 posições. Da observação da Figura 5 é possível aferir a existência de 5 países com valores inferiores a 20% (Hungria, Eslováquia, Polónia, Suiça e Letónia). 2001 2004 Média Figura 5–Resultados por país de serviços públicos totalmente disponíveis. Adaptada de (Capgemini, 2004) Não obstante o sucesso de algumas boas aplicações desenvolvidas neste domínio, o crescimento de Portugal tem sido relativamente pequeno, observando-se uma perda nos últimos anos face à média europeia. De facto, a situação de Portugal em 2001, altura em que eram considerados apenas 18 países, era bem mais positiva, apresentando 51% ao nível da sofisticação on-line contra 45% da média europeia e 32% em serviços totalmente interactivos contra 20% da média europeia. Desde então foi possível observar um crescimento médio, em termos europeus, de 27 pontos percentuais a nível de sofisticação on-line e de apenas 17 pontos percentuais no que diz respeito a Portugal, tendo a Áustria (+46%) e a Bélgica (+44%) obtido as maiores evoluções. O crescimento de Portugal em serviços totalmente interactivos é ainda mais reduzido (apenas 8%), quando comparado com o progresso médio na Europa (+26%), sendo que a Suécia cresce (+46%) e Áustria (+57%). O estudo revela que mais de 90% dos serviços públicos estão disponíveis online, não existindo nenhum país que não tenha um website relevante, sendo que os serviços mais desenvolvidos dizem respeito à entrega de Declarações de Impostos e às contribuições para a Segurança Social. O mesmo estudo revela também que 428 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico existe maior nível de sofisticação de serviços públicos para empresas (G2B, Government to Business) do que para cidadãos (G2C, Government to Citizens), excepção feita a Chipre, Letónia, Eslovénia e Reino Unido. São vários os exemplos de sucesso de aplicações de e-Gov na Europa: na Áustria foi implementado um portal que permite a realização de transacções on-line com os departamentos administrativos e um outro que permite aos cidadãos obterem o passaporte em menos de 20 minutos. Em Espanha foi implementado um projecto de Gestão de Compras. Na Alemanha existe um website onde é possível efectuar declarações à polícia federal. Na Holanda, desde 1 de Janeiro de 2005, os empregados são obrigados a declarar as respectivas taxas com recurso à via electrónica. Na Bélgica existe um serviço que informa o utente sobre ofertas de trabalho correspondentes ao seu perfil. A Bélgica foi também um dos primeiros países a implementar smart social cards com intuito de automaticamente os utentes serem resarcidos de certos custos médicos. Na Noruega são automaticamente emitidos os certificados de nascimento com base em informação recebida dos hospitais. Na Itália, o registro de carros é feito directamente pelos vendedores os quais estão conectados, através de uma rede privada, ao Ministério dos Transportes e Registro Público de Carros. Na República Checa está em preparação um serviço para efectuar na totalidade o registo de uma empresa. Uma outra iniciativa de interesse veio por parte da Comissão Europeia, que através da Direcção Geral para a Sociedade de Informação e Media, criou o eGovernment Good Practice Framework (http://www.egov-goodpractice.org), um website de partilha de informação e documentos sobre o que de melhor se faz em cada um dos países no domínio do e-Gov. Portugal está presente neste website como um caso de excelência nos projectos voto electrónico, portal do cidadão, campos universitários e compras electrónicas. O e-Gov está aí como nova forma de governar e exercer a cidadania. 4. e-Gov em Portugal Também em Portugal os diversos Governos têm procurado estar na primeira linha da inovação, através de exemplos de excelência e de sucesso que consigam gerar um efeito mobilizador. A visão do e-Gov para Portugal consiste em colocar o sector público entre os melhores prestadores de serviços do País, garantindo serviços públicos de qualidade, transparentes e eficientes, suportados por soluções tecnológicas racionalizadas (UMIC, 2002). Em 2002, o XV Governo Constitucional português8 definiu no seu programa de Governo9, no seguimento da estratégia de Lisboa, uma estratégia de e-Gov através da definição de um plano de acção, com o intuito de reinventar a organização do estado e definir novas relações entre este e os cidadãos, 8 9 Presidido pelo Primeiro-Ministro José Manuel Durão Barroso, no período 2002 - 2004. Capítulo 6 (Sociedade de Informação), Eixo 3 (Investir na Qualificação dos Portugueses). 429 O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal promovendo assim, os benefícios da sociedade de informação na AP. Surge nessa altura sob a dependência directa do Primeiro-Ministro, a UMIC (Unidade de Missão para a Inovação e o Conhecimento, posteriomente Agência para a Sociedade do Conhecimento, http://www.umic.pt) como orgão propulsor desta mudança, com o intuito de definir uma estratégia de desenvolvimento da sociedade de informação e Governo Electrónico em Portugal. Desde então, surgiram um conjunto de projectos dos quais se destacam o Portal do Cidadão, o Programa Nacional de Compras Electrónicas, o acesso a artigos científicos através da Biblioteca do Conhecimento On-line, o acesso ao Diário da República, o projecto piloto de voto electrónico, o lançamento dos campos virtuais no Ensino Superior, etc.. Na Tabela 1 é possível verificar o nível de desenvolvimento dos sites portugueses, para cada um dos serviços públicos básicos definidos pelo Conselho da União Europeia, aparecendo entre parêntesis o estágio de sofisticação dos mesmos. Tabela 1– Serviços públicos básicos em Portugal (Chevallerau, 2005) Cidadãos Impostos http://www-e-finanças.gov.pt/ (4/4) Procura de emprego http://www.iefp.pt:8081/IEFP (3/3) Benefícios da segurança social http://www.seg-social.pt/ (2/4) http://www.asocialensinosuperior.pt/ (2/4) Documentos pessoais http://www.portaldocidadao.pt (3/3) http://www.dgv.pt/condutores/modelo_b.asp (2/3) Registo de carros http://www.dgrn.mj.pt/autom/infauto.asp (2/4) Formulários para autorização de construção http://www.portaldocidadao.pt (1/4) Documentos para a polícia http://www.psp.pt (1/3) Bibliotecas públicas http://www.porbase.org (1/3) Certificados de nascimento e casamento http://certidoes.portaldocidadao.pt (3/3) Inscrições nas Escolas superiores http://www.acessoensinosuperior.pt (1/4) Informações sobre mudança de residência 430 Empresas Contribuições sociais dos trabalhadores http://www.seg-social.pt/ (4/4) Imposto das empresas http://www-e-finanças.gov.pt/ (4/4) Imposto sobre o Valor Acrescentado http://www-e-finanças.gov.pt/ (4/4) Registos de novas empresas http://www.cfe.iapmei.pt (4/4) Submissão de dados para o organismo responsável pelas estatísticas http://www.ine.pt (0/3) Declarações de clientes http://www-e-finanças.gov.pt/de/jspdgaiec/main.jsp (4/4) Autorizações relacionadas com o ambiente http://www.iambiente.pt/ (2/4) Outros documentos públicos http://www.compras.gov.pt/ (3/4) Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico http://www.portaldocidadao.pt (2/3) Serviços ligados à saúde http://www.portaldocidadao.pt (3/4) O Portal do Cidadão (http://www.portaldocidadao.pt) existe desde Dezembro de 2003 e permite que os cidadãos acedam aos serviços públicos em qualquer momento, em qualquer lugar, de forma simples e segura. Integrado numa estratégia global de portais da AP denominada de “Portugal.gov.pt”, o Portal do Cidadão, enquadrado numa plataforma multi-canal (permite acessos através de SMS e WAP) tem por objectivos: colocar os serviços públicos próximos do cidadão, tornar a AP mais eficiente e mais transparente, funcionando, no âmbito da estratégia do e-Gov, como o principal ponto de acesso aos serviços da AP (UMIC, 2002). O Portal disponibiliza mais de 700 serviços, dos quais 50%, são de natureza informativa, 30% interactiva e 20% transaccional. Este portal é regularmente classificado entre os 10 melhores sites portugueses sendo utilizado principalmente para efectuar declarações de rendimentos, alteração de morada, pedidos de informação e certidões. Fazem parte do “Portugal.gov.pt” outros portais temáticos que agregam a informação dos vários ministérios e o Portal do Governo (http://www.portugal.gov.pt). Relacionado com a administração central e local, o projecto das Compras Públicas Electrónicas (http://compras.gov.pt), é uma iniciativa iniciada em 2003 e tem por objectivo a racionalização dos custos e o aumento da tranparência e da eficiência no sector público possibilitando a participação de grandes e pequenas empresas no mercado de compras públicas (UMIC, 2002). Estão envolvidos actualmente neste projecto 8 ministérios e 132 organismos com expectativas de poupança de 250 milhões de euros por ano. Outros portais como o portal da DGRN (Direcção Geral dos Registos e Notariados, http://ww.djrn.mj.pt) permitem a obtenção de formulários de pedido de bilhete de identidade, passaporte, de registo de automóveis, de registo comercial e registo predial, de certidão de casamento, de certidão de nascimento ou certidão de óbito, bem como obter informações sobre escrituras, testamentos, alterar moradas, etc… O acesso a este site, bem como ao site da Segurança Social (http://www.segsocial.pt), Diário da República Electrónico (http://dre.pt) e criação de empresas na hora (registaram-se em Portugal entre 14 de Julho e 30 de Novembro 1383 empresas, http://www.empresanahora.pt) pode ser feito directamente a partir do Portal do Cidadão onde é possível encontrar o conjunto de serviços disponíveis divididos na categoria de cidadãos e empresas. Para facilitar o acesso a este tipo de serviços existem também, as lojas do cidadão (http://www.lojadocidadao.pt). Com recurso a este site é possível a monitorização em tempo real das filas de espera dos actuais 10 postos de atendimento. Para além destes serviços, que integram o conjunto de serviços públicos básicos disponíveis em Portugal, existem outros de grande relevo. A Biblioteca do Conhecimento On-Line (http://www.b-on.pt) foi lançada em Março de 2004 com o objectivo de possibilitar o acesso electrónico às principais fontes de conhecimento (UMIC, 2005). Possibilitando actualmente o acesso integral a mais de 12000 431 O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal publicações de 16 editoras das principais áreas de investigação. Esta plataforma permitiu, só até ao final do ano de 2004, o download de 2 milhões de artigos. Também a Biblioteca Nacional disponibilizou um arquivo digital disponível em http://bdn.bn.pt. No mesmo âmbito, o da partilha do conhecimento, foi implementado o projecto e-U também designado por Campus Virtuais (http://www.e-u.pt), uma iniciativa dirigida a estudantes e professores do ensino superior que envolve conteúdos (aulas, trabalhos, artigos, notas), serviços e mobilidade através da implementação de um conjunto de rede sem fios com mais de 5000 pontos de acesso (a maior rede wireless académica do mundo) (UMIC, 2005). Associado ao Programa Operacional da Sociedade de Informação, desde 2000 o principal instrumento financeiro do desenvolvimento da sociedade de informação em Portugal, a iniciativa cidades e regiões digitais (http://www.cidadesdigitais.pt), integrada no combate à interioridade do país e à exclusão social e no melhoramento da vida urbana e da competetividade de sectores económicos, tem como principal objectivo estabelecer um plano de acção no contexto da sociedade de informação para os municípios portugueses (http://www.anmp.pt) (UMIC, 2005). Foram até ao momento lançados um conjunto de projectos, por forma a cumprir as 4 vertentes principais de actuação: dinamização regional (através da criação de um portal regional), Governo local em banda larga (através da disponibilização de serviços de banda larga nos municípios), pontos municipais de banda larga (através da criação de pontos de acesso grátis à Internet) e infra-estruturas. De um modo geral, como referem Pereira, Jerónimo & Sousa (2005), os recursos de informação, como sejam sites, disponibilizados ao nível das instituições (administração central, regional ou local), são escassos, em alguns casos inúteis por estarem de tal forma desactualizados. Note-se que segundo um estudo desenvolvido pelo INE (2004), a procura de informação nos sites da AP é referida por apenas 35,1% dos utilizadores da Internet, com percentagens ainda mais baixas (26%) para serviços que não são apenas de consulta (como sejam o download de impressos/formulários e o preenchimento e envio on-line dos mesmos). No que diz respeito à disponibilização de endereço de correio electrónico, referido nos últimos anos como de primordial importância no acto de agilizar processos expresso inclusivé em forma de lei10, todas as câmaras municipais facultam este novo canal de comunicação (Santos & Amaral, 2002). Se do ponto de vista quantitativo, como referem Santos & Amaral (2002), estes dados são excelentes, a nível de gestão deste novo canal, os resultados mostram que dois terços das câmaras municipais não respondem às mensagens ou não mantêm as caixas de correio. A votação electrónica (http://www.votoelectronico.pt) designada por e-Vote e desenvolvida em parceria com o STAPE (Secretariado Técnico dos Assuntos para o Processo Eleitoral, http://www.stape.pt), sob supervisão da CNE (Comissão Nacional de Eleições, http://www.cne.pt) e da CNPD (Comissão Nacional de 10 Decreto Lei 1999, art.º 14º – 1, art.º 26º - 1, art.º 26º - 2 e art.º 39º - 1 432 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Protecção de Dados, http://www.cnpd.pt) tem como principais objectivos facilitar o acesso ao voto, combater a abstenção e simplificar o processo eleitoral, permitindo ao leitor que vote em qualquer assembleia (http://www.anafre.pt) do país (cerca de 11000) ou opcionalmente através da Internet (UMIC, 2005). Este projecto conta já com 2 testes piloto, o primeiro realizado em 2004 aquando da eleições europeias e o segundo realizado em 2005 aquando das legislativas. As duas experiências de voto foram satisfatórias mas é necessário garantir a acessibilidade a todos, confidencialidade dos votos e redifinição da lei eleitoral. De facto, a implementação de um sistema de votação pela Internet traz dificuldades acrescidas e representa no entender de Pereira & Santos (2005) um dos maiores desafios à segurança em sistemas de informação e computação distribuída. Países como França, Irlanda e Grã-Bretanha abandonaram recentemente a intenção de introduzirem este processo nos sistemas eleitorais. Já o Brasil é um caso de sucesso. O Parlamento português (http://www.parlamento.pt) optou recentemente pelo sistema de contagem electrónica de votos constituído por 230 consolas individuais, através das quais os deputados se identificam com recurso a um smart card. O uso das TIC por parte do comum cidadão é um facto incontornável na sociedade de informação, mas o desenvolvimento de plataformas no âmbito do eGov, não tem sido igual em todos os domínios. Na saúde, o desenvolvimento de simples sites tem sido feito com recurso a iniciativas particulares, não havendo preocupação de utilizar uma mesma interface. Rocha, Campos, Rodrigues & Simões (2005) referem, que apenas 2,65% da totalidade dos Centros de Saúde existentes em Portugal (414) possuem sites na Internet. O conceito de e-Saúde deve ir no entanto, muito mais além do que a simples disponibilização de dados com recurso a sites estáticos. As TIC devem implicar todas as entidades (pacientes, médicos, administrativos, fornecedores, etc…) relacionadas com a saúde e todos os actos (registo electrónico de pacientes e respectivo historial, monitorização da saúde, prevenção, etc…). Para isso, devem ser desenvolvidos portais de saúde em contraponto com os actuais sites estáticos, permitindo que muitas tarefas administrativas passem para o lado do utente e implementados serviços de telemedicina (dos hospitais que têm ligação à Internet, apenas 27% desenvolvem actividades de telemedicina (INE, 2004a)), que melhorem o acesso aos cuidados de saúde e garantam a qualidade, eficácia e eficiência na prestação dos mesmos. Como é evidente, matérias como a reforma da Administração Pública são objecto de programas específicos, como é o exemplo da UCMA (Unidade de Coordenação da Modernização Administrativa, http://www.ucma.gov.pt), mas no contexto da sua esfera de actuação, outros planos, como é o caso do Plano Tecnológico (http://www.planotecnologico.pt) desempenham um papel fundamental no desenvolvimento destas áreas. Assim, este plano indica a adopção da factura electrónica por todos os serviços da administração do Estado, como obrigatória até ao final de 2007 e um conjunto de iniciativas para o ano de 2006, das quais se destacam a implementação do cartão do cidadão (documento físico e digital que vai agregar e susbtituir os cartões actualmente existentes: Bilhete de 433 O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal Identidade e os cartões de contribuinte, segurança social, saúde e de eleitor), o documento único do automóvel designado de certificado de matrícula (agregação num só documento da informação actualmente constante do livrete e do título de registo de propriedade), a desmaterialização dos processos em Tribunal através da gestão de todos os passos do processo desde a sua entrada em tribunal até à Sentença e respectivo arquivo, bem como a interactividade com os cidadãos, empresas, advogados e funcionários de justiça através de correio electrónico certificado e Portal da Justiça. 5. Dificuldades e Potencialidades na Implementação de uma Plataforma e-Gov Implementar uma plataforma de e-Gov altera o nosso conceito de lidar com a informação: os originais de papel passam a ser bits, as facturas passam a ser electrónicas, as assinaturas passam a ser digitais, os relatórios deixam ser impressos para serem guardados fisicamente em minúsculos dispositivos magnéticos ou ópticos, a informação passa a ser transmitida através de rápidas redes de computadores e até as reuniões são feitas com recurso à vídeo-conferência. O processo não é no entanto de todo linear: a não aceitação do formato digital por parte de alguns intervenientes, que continuam a considerar o papel como verdadeiro original e o formato digital uma simples cópia, traz óbvias desvantagens implicando a existência de duas realidades paralelas: o formato analógico e o digital. Esta quebra no processo de workflow, tem reflexos por outro lado na partilha de informação por entre todos os departamentos e os seus diferentes níveis. Para resolver este problema o Governo deve no nosso entender concentrar os seus esforços na formação dos seus quadros, tendo por base a reengenharia de processos. De facto, o desenvolvimento de sistemas de informação passou inicialmente por introduzir tecnologias de forma a melhorar o desempenho das organizações, mas actualmente, como referem Lopes & Amaral (2000), já se atribui, no contexto dos sistemas de informação, maior destaque às pessoas, reconhecendo-se a importância da sua acção na mudança organizacional. Assim, o sector público deve aproveitar a ocasião para adaptar a sua organização. Existem no entanto algumas barreiras difíceis de ultrapassar. A mudança de processos em termos de organização e cultura do conceito de AP leva o seu tempo. Serão precisos anos até que os investimentos em TIC, a reorganização dos processos e a aquisição de conhecimentos produza todos os benefícios. A implementação de uma plataforma de e-Gov deve também considerar a existência de cidadãos que preferem ou estão limitados a utilizar os canais tradicionais. Neste campo o Governo tem um papel fundamental a desempenhar, garantindo em termos tecnológicos a existência das duas plataformas e em termos 434 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico sociais a igualdade de oportunidades11 potenciando um movimento tecnológico de infra-estruturas de acesso à Internet12 e o aparecimento de novos canais de acesso (via telemóvel 3G, TV digital, terminais públicos, call-centers, correio electrónico, etc..). Por outro lado o aparecimento de novos canais de acesso que complementem ou substituam os canais tradicionais exige como referem Santos e Amaral (2002) preocupações especiais e estratégias adequadas. De facto, muitos organismos já dominam as tecnologias, mas não as aproveitam em benefício do cidadão e da modernização administrativa. Cada nova tecnologia traz associada a si um elevado poder de inclusão ou exclusão. As novas tecnologias permitem ultrapassar barreiras, mas podem elas próprias constituir uma barreira em especial para pessoas com deficiência. Nesse sentido o Governo deve procurar apoiar o desenvolvimento de novos produtos e serviços que facilitem a utilização de novas tecnologias por parte de cidadãos com necessidades especiais. A nova forma de aceder às instituições públicas através de serviços On-line, exige o estabelecimento de uma relação de confiança entre o cidadão e este tipo de serviço. Garanti-lo, passa por desenvolver soluções de segurança da informação, dos dados pessoais e da autenticação. Não obstante estas garantias, a passagem dos processos tradicionais para uma AP electrónica levanta questões do foro jurídico e enquadramento legal para a utilização deste tipo de plataformas. A título de exemplo para efeitos legais os documentos electrónicos não podem sequer ser considerados quando existe incerteza relativamente a dados tão importantes como a identificação do cidadão. Neste sentido, as entidades competentes devem procurar promover um quadro jurídico favorável à plena utilização destes serviços. 6. Conclusões A modernização da AP é um tema central no desenvolvimento da sociedade de informação. Neste contexto, as TIC desempenham um papel fundamental dando origem a um novo conceito de relacionamento entre a AP, os cidadãos e as empresas, permitindo a reorganização dos processos e a definição de uma nova forma de relacionamento com o exterior através da disponibilização de múltiplos canais. A utilização da Internet como novo canal de acesso do utente perante a AP tem tido elevada penetração no que diz respeito à entrega de declarações fiscais, mas revela-se noutros domínios bastante reduzida, limitando-se muitas das vezes à simples consulta de informação. O programa do XVII Governo, presidido pelo 11 O Governo pretende garantir até 2006 o acesso livre e gratuito a serviços de interesse público disponibilizados pela Internet. 12 O preço de ligação é o entrave mais significativo na difusão do acesso à Internet (UMIC, 2004). No âmbito do plano tecnológico o governo pretende duplicar os utilizadores regulares da Internet, que até 2010 deverão ultrapassar 60% da população portuguesa. 435 O Governo Electrónico e os Sistemas de Informação Públicos em Portugal Primeiro-Ministro José Sócrates e aprovado na AR em Março de 2005, é disso reflexo, apontando para progressos insuficientes, sublinhando uma evolução débil da Sociedade de Informação em Portugal, nomeadamente quando enquadrada no contexto internacional, assistindo-se a uma divergência da média europeia e de países como a Suécia e a Áustria que lideram destacadamente na prestação de serviços On-line. Em Portugal, segundo a Capgemini (2004) os cidadãos ainda não conseguem completar a maioria dos processos sem terem de se dirigir pessoalmente aos serviços públicos, existindo uma maior sofisticação dos serviços para as empresas do que para os cidadãos. Neste sentido o Governo tem procurado lançar um conjunto de medidas, como o portal do cidadão, criação da empresa na hora, etc…, esperando até ao final do ano disponibilizar em local único da Internet todos os concursos da AP (central ou local) para a contratação de pessoal e aquisição de bens e serviços, bem como o uso da factura electrónica nas transacções comerciais por todos os serviços da AP. A mobilização da sociedade civil em torno do e-Gov visa estimular o uso deste novo conceito, o aparecimento de novas plataformas, assegurando a segurança e a privacidade, e ultrapassando as dificuldades de implementação através da formação dos seus quadros e reorganização das estruturas, garantindo a participação de todos os cidadãos e potenciando um movimento tecnológico para o aparecimento de novos serviços e conteúdos. A implementação do e-Gov deverá facilitar, desburocratizar, simplificar, reorganizar, integrar e acelerar os processos, contribuindo para uma maior transparência da AP e aumento da produtividade e competitividade da economia. Agradecimentos Trabalho financiado POSC/EIA//58367/2004). pela FCT (projecto SITE-O-MATIC Referências Capgemini (2004). OnLine Availability of Public Services: How is Europe Progressing? Web Based Survey on Electronic Public Services, Report of the Fifth Measurement, Outubro de 2004. Chevallerau, F. X. (2005). eGovernment in the Member States of the European Union. 2nd Edition. Bruxelas: IDABC eGovernment Observatory, Comissão Europeia. Heeks, R. (2004). eGovernment as a Carrier of Context. IGovernment Working Paper n.º15, Institute for Development Policy and Management, University of Manchester, Manchester, U.K. INE (2004). Inquérito à utilização das tecnologias de informação e da comunicação pelas famílias. 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O Governo electrónico contribui para uma melhoria na relação entre administração, cidadãos e empresas. Inclui todas as medidas governamentais, a níveis administrativos, para uma melhoria qualitativa nos diferentes assuntos da vida dos cidadãos e na optimização dos processos de negócio entre a administração. Os possíveis parceiros de interacção na área do Governo electrónico são o Governo, os cidadãos / clientes e as empresas. Neste artigo faz-se uma revisão do eprocurement, quais os seus riscos e benefícios e que estratégias adoptar na sua implementação. Palavras-chave: e-procurement; e-Business; Strategy; Procurement; e-Government. 1. Introdução A Internet criou um novo mercado. As trocas entre empresas ocorriam e ainda ocorrem em mercados físicos, onde as mercadorias podem ser observadas e tocadas. Entretanto, com a evolução tecnológica, surgiu um mercado virtual, possibilitando a realização de transacções independentemente da presença física de vendedores, compradores e, até mesmo, das mercadorias. A Internet abriu novos canais de vendas, melhorou a comunicação com fornecedores e clientes, além de ter aumentado a produtividade das empresas (Violino, 2001). 439 Estratégias de e-procurement na Administração Pública: Uma revisão de literatura Os e-marketplaces, mercados virtuais utilizados para as transacções do comércio electrónico, tornaram-se o ponto de encontro de compradores e vendedores. Esta modalidade de comércio envolve as transacções de bens tangíveis e intangíveis através da Internet ou de outra tecnologia digital (Turton, 1999). O B2B (business to business) é o conjunto de transacções comerciais entre empresas utilizando meios electrónicos, em especial a Internet. A Internet é um mecanismo facilitador e suficientemente difundido entre as empresas para alterar as relações de mercado. Ela reestruturou o relacionamento entre as empresas causando mais impacto do que qualquer outra inovação desde a revolução industrial (Meisler, 2001). A utilização do B2B é fundamental para reduzir os custos de transacção e remover ou minimizar a ineficiência na cadeia de fornecimento (Kerringan et al., 2001). A contribuição essencial do B2B é constituir uma cadeia de fornecimento mais eficiente, proporcionando menores custos nos processos e nos consumos internos utilizados pela empresa, sejam eles parte do processo produtivo ou ligados a tarefas de apoio. Mayer-Guell (2001) afirma esta posição ao escrever que o “B2B é usado para coordenar todas as facetas da cadeia de fornecimento. Organizações podem efectivamente gerir os stocks, agendar a produção e entregar os seus produtos no prazo certo através de uma ligação electrónica entre fornecedores de matérias-primas, produtores, distribuidores, comerciantes e, finalmente, os consumidores”. Tal conectividade também intensificou a competição, pressionando a redução dos custos, aumentando a produtividade e diminuindo o time-to-market” (Meisler, 2001). A Internet permite a integração de dados a tempo real a um baixo custo (Netessine et al., 2000). O e-procurement é uma forma electrónica de conduzir os processos de compra de uma organização, objectivando, entre outros, a redução dos custos, através da eficiência operacional, e a integração da cadeia de fornecimentos, através das facilidades de comunicação de dados. O aparecimento da Internet e a sua divulgação na empresa permite movimentar todo o processo de compras para o meio virtual, através do e-procurement (Dai, Qizhi e Kauffman, Robert J., 2000). 2. Caracterização do e-procurement 2.1. e-procurement Existem várias definições de e-procurement, sugeridas nas diferentes literaturas: e-procurement é uma aplicação de compras baseada na Internet/Intranet ou um serviço alojado que dinamiza as compras dos parceiros de comércio, maximiza a eficiência de comércio ao longo da cadeia de fornecimentos e 440 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico fornece capacidades estratégicas de e-commerce na Internet (Info-Tech Research Group, doravante ITRG, 2002). A tecnologia de e-procurement é definida como uma tecnologia projectada para facilitar a aquisição dos bens por organizações comerciais ou governamentais usando a Internet como suporte (Brunnelli, 1999). e-procurement é uma solução tecnológica para facilitar as compras cooperativas usando a Internet. Tem o poder de transformar o processo de compra porque se propaga em todos os passos identificados pelo gestor de fornecimento (Presutti, 2002). e-procurement é o termo usado para descrever o uso dos métodos electrónicos em todas as etapas do processo de compras desde a identificação dos requerimentos, acordos, pagamentos e potencialmente a gestão dos contratos (International Organization of Supreme Audit Institutions, 2005). O e-procurement é o aspecto mais revolucionário do B2B e que irá permanentemente e fundamentalmente reformar a maneira como as empresas fazem negócio (Neef, 2001). Em suma, o e-procurement serve para adquirir bens e serviços, usando meios electrónicos, tendo como objectivo um maior controlo nos processos de aquisição e redução de custos uma vez que os produtos são licitados por diferentes fornecedores. De acordo com o Aberdeen (2001), “e-procurement permite às companhias automatizar processos e workflows associados às compras. Os gestores das compras, através do e-procurement, são capazes de evitar quantidades massivas de documentos e dar passos críticos em eficiência”. As voltas iniciais na tecnologia de e-procurement são quase usadas exclusivamente para compras que já estão em contacto com um conjunto de fornecedores. ITRG (2002) e Knudsen (2002), afirmam que o e-procurement inclui aspectos da funcionalidade do procurement suportado por várias formas de comunicação electrónica, e é usado por ambos os sectores públicos e privados, tomando diversas formas incluindo: Electronic Data Interchange (EDI) - sistema de informação interorganizacional usando protocolos de intercâmbio de dados estruturados frequentemente através de redes de valor acrescentado. e-MRO (Manutenção, reparação e operação) – mecanismo para encomendar itens indirectos de um catalogo on-line. Enterprise Resource Planning (ERP) - automatização de Workflows relacionados com procurement incluindo auto-faxing, auto-emailing e outras formas de trocar mensagens directamente com os fornecedores. Web-Based Enterprise Resource Planning - automatização de procurement baseados na Web. e-Sourcing - forma de identificação de novas fontes de fornecimento utilizando tecnologias da Internet. e-Tendering - processo de convite de ofertas dos fornecedores e recepção das suas respostas de forma electrónica. 441 Estratégias de e-procurement na Administração Pública: Uma revisão de literatura e-Reverse Auctioning (leilão invertido) - usando tecnologias da Internet, os licitadores vão apresentando propostas de preços cada vez mais baixas até não ser possível baixar mais os preços. e-Auction For Disposals - usa-se tecnologias da Internet para realizar um leilão on-line com a finalidade de vender itens que são abatidos. e-Informing - uso de tecnologias da Internet para recolher e distribuir informação relativa a procurement. e-Collaboration - uso de tecnologias facilitadoras ao planeamento e concepção de colaboração relacionada com o procurement. Benefícios associados à tecnologia de e-procurement Uma solução e-procurement fornece acesso a uma forma fácil de compra, a catálogos de diferentes fornecedores, à eliminação de documentação em papel, à automatização do processo de aprovação e à aplicação de politicas de compras que se aplicam aos compradores (ITRG, 2002). Tipicamente a poupança de custos é o principal motivador para as empresas implementarem o e-procurement. Como o custo-por-transacção é reduzido em 65% usando o e-procurement quando comparado com as transacções do procurement tradicional. Em contraste a fonte de poupança em leilões B2B provêm do acesso a uma ampla base de dados de fornecedores para as necessidades de compra da empresa, onde a poupança deriva do poder de negociação conjunta que se traduz em descontos mais agressivos para os membros do consórcio (Davila, et al., 2002). Muitas empresas encontram imensos benefícios dos seus projectos do eprocurement, incluindo os seguintes: A eficiência de processos é somada às poupanças anuais. Possibilidade de ligação aos sistemas existentes, como por exemplo ERP. Redução do tempo do ciclo (inicio do processo até ao pagamento) podendo atingir em alguns dos casos reduções de 50%. Auto facturação por parte dos clientes. Reconciliação no fim do mês pode acabar com o problema de encomendar itens errados ou ofertas erradas de preços uma vez que o processo de negócio e todo o trabalho provem do mesmo catálogo. Comprador está envolvido numa gestão mais estratégica de produtos, conduzindo-o a uma melhor negociação de contratos. Despesas individualistas são reduzidas. Reduções dos níveis de stock conduzem a enormes poupanças. Empresas que experimentaram estes benefícios reduziram os tempos de ciclo do processo e tiveram uma melhor relação com os seus fornecedores globais (ITRG, 2002). O comércio electrónico no procurement poderá não resultar em redução de custos nas aquisições em certos mercados, (Lee, 1998), no entanto varias reduções de custos e benefícios foram identificados (De Boer et al., 2002). Estes incluem algumas implicações no e-procurement: 442 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico O custo da despesa em bens/serviços relacionado directamente com a entrega da produção/serviço. O custo de bens e serviços não contribuem para a produção. O custo das actividades de compras operacionais - ex: requisição, encomenda, expedição e suporte administrativo. O custo das actividades tácticas de procurement - ex: formulação das especificações, selecção de fornecedores, negociação com fornecedores, contratação, etc. O custo das actividades estratégicas de procurement - ex: análise de custos, análise de transacção, análise de mercado, planeamento, desenvolvimento de politicas de compra, etc. Benefícios internos que surgem dos investimentos em particulares relações inter organizacionais. Contribuição dos investimentos em particulares relações inter organizacionais para as receitas. Existem poucos estudos que avaliam sistematicamente os actuais custos e benefícios associados ao movimento das várias formas de e-procurement (Tonkin, 2003). Riscos associados ao e-procurement As empresas têm evitado a adopção do e-procurement devido ao risco associado (Davila et al., 2002). Um estudo efectuado em 2001 pela Conference Board aponta o problema pelo lado da implementação e concluiu que as “organizações verificam que a implementação é mais complexa, mais cara e mais demorada do que originalmente se tinha visionado” e que os consultores foram “amplamente criticados por exagerar o caso de negócio do e-procurement” (Conference Board, 2001). As empresas estão entrar no mundo do e-procurement sem compreender totalmente os efeitos de rede e colaboração inter-organizacional associada a estes modelos de tecnologia e sem compreender o investimento necessário envolvido no movimento de informação certa dos fornecedores aos empregados e a complexidade de integrar estas tecnologias no sistema de planeamento de recursos da empresa. A análise indicou que o crescimento mais lento que o previsto não é consequência de um só problema. Certos riscos ligados com a adopção do e-procurement necessitam de ser indicados antes das tecnologias serem largamente aceites. Estes riscos incluem (Davila et al., 2002): Riscos internos ao negócio: empresas não têm a certeza se possuem os recursos apropriados à implementação com sucesso de uma solução eprocurement. Implementação de uma solução e-procurement não requer apenas que o próprio sistema desempenhe com sucesso os processos de compras, mas mais importante, que ele se integre com a infra-estrutura de informação existente. Riscos externos ao negócio: as soluções e-procurement não têm apenas de comunicar com o sistema de informação interno, também necessitam de 443 Estratégias de e-procurement na Administração Pública: Uma revisão de literatura cooperar com constituintes externos, principalmente consumidores e fornecedores. Esses constituintes externos necessitam de desenvolver sistemas internos que facilitem a comunicação através de meios electrónicos, uma questão que também necessita de investimentos tecnológicos como incentivos a estes constituintes. Para que as tecnologias do e-procurement tenham sucesso, os fornecedores têm que estar acessíveis via Internet e fornecer escolhas de catálogo suficientes para satisfazer as necessidades dos seus clientes. Fornecedores, especialmente os de baixa margem de lucro, podem mostrar alguma relutância ou até mesmo impossibilidade de cumprir tais exigências sem garantias de futuras receitas. E uma vez que alguns dos modelos de negócio associados com as tecnologias de e-procurement focam claramente o uso de fornecedores com os quais o comprador nunca realizou negócio, as empresas necessitam de desenvolver mecanismos que forneçam ao comprador garantias que o fornecedor preenche ou exceda os padrões impostos pela industria relacionados à qualidade do serviço e capacidade de entrega. Riscos tecnológicos: as empresas também temem a falta de um padrão amplamente aceite e um conhecimento claro sobre qual das tecnologias eprocurement melhor se enquadra nas necessidades de cada empresa. A significância deste factor de risco parece sugerir da necessidade de standards claros e abertos que facilitem as tecnologias de e-procurement inter-organizacionais. Sem padrões largamente aceites a adopção da tecnologia e-procurement será lenta e falhará no fornecimento de alguns dos benefícios esperados. Riscos no processo de e-procurement: outro conjunto de riscos estão relacionados com as questões de segurança e controlo do próprio processo e-procurement. Por exemplo, as organizações devem de estar confiantes, que as acções não autorizadas não interrompam a produção ou outras actividades da cadeia de fornecimento quando se comprometem com as tecnologias e-procurement. 2.2. Estratégias no desenvolvimento do e-procurement A recente evolução do mercado indica que a adopção e integração das tecnologias e-procurement, no seio dos negócios está a ocorrer a um passo muito mais lento que o esperado. As tecnologias do e-procurement ainda se encontram nos primeiros estados mas em franca evolução. Este processo é particularmente complexo porque o produto final pode ser diferente mediante cada segmento de mercado e ser adoptadas soluções de diferentes tecnologias. Apesar da actual atenção nos bens indirectos como forma de experimentar as tecnologias espera-se que estas evoluam em processos procurement que facilitem a gestão de inventário e a compra da maioria dos bens (Davila et al., 2002). 444 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Modelos do e-procurement Existem aproximadamente sete tipos básicos de modelos de comércio eprocurement em uso no cenário do mercado actual. Estes sete modelos para trocas comerciais podem ser categorizados em trocas públicas e privadas. As trocas públicas referem-se a portais onde a empresa ou grupos de empresas listam produtos e serviços para consumo público variando o seu grau de valor, catálogo de produtos, processamento de encomendas e aprovação até à satisfação do consumidor. As trocas privadas podem ser variadas em tamanho abrangendo, desde a automatização das funções de procurement de uma empresa com os seus fornecedores até uma grande e complexa troca (Kalakota and Robinson, 2000). O mercado e-procurement ainda é muito jovem, no entanto os novos modelos de negócio necessários para servir este mercado estão a evoluir rapidamente. A tabela seguinte lista os sete tipos básicos de modelos de comércio e-procurement em uso e as suas diferenças chave (Kalakota and Robinson, 2000). Tabela 2 – Comparação dos vários modelos do e-procurement (Kalakota and Robinson, 2000). Modelos de comércio Características Conjunto de pareceres comerciais e clientes. Redes EDI Capacidades de transaccionais simples. (intercambio de Processamento em série. dados electrónicos) Mudança para redes de valor acrescentado de forma reactiva e dispendiosa. Aplicações de Compras rápidas para os funcionários das empresas. requisição Automatização da aprovação e padronização do processo de requisição. Business-toProporciona ao comprador ferramentas de gestão de fornecedores. Employee (B2E) Melhor controlo sobre o processo de procurement e permite que sejam Portais de implementadas regras de negócio das empresas de forma mais consistente. procurement Personaliza com preços negociados num catálogo multi-fornecedor. empresarial Gestão da análise de custos. Trocas comerciais Conteúdo industrial, ofertas de emprego e notícias. de primeira Novo canal de vendas para distribuidores e fabricantes. geração Serviços de agregação de produtos e catálogos. Trocas comerciais Automatização do processo de requisição e transacções de encomenda. de segunda Descoberta de fornecedores, preços e produtos/serviços. geração Gestão de catálogo e crédito. Operações sincronizadas e satisfação em tempo real. Trocas comerciais Transparência no processo resultando na restrição de procura e cadeia de de terceira geração fornecimento. Informação alternativa para inventário. Consórcios Próximo passo na evolução de portais de procurement empresariais. industriais 445 Estratégias de e-procurement na Administração Pública: Uma revisão de literatura Arquitecturas do e-procurement Antes de considerar as fases de implementação de um sistema de eprocurement, é necessário definir a sua arquitectura. A arquitectura não é apenas uma consideração tecnológica. Ela está relacionada com as capacidades e os objectivos da empresa. Pontos como a complexidade e a especificidade dos produtos a serem comprados, as diferentes abordagens nas compras de materiais directos e indirectos (incluindo o ORM e MRO), nível de confiança nas soluções de segurança das transacções e na parceria com outras empresas definem a escolha. Questões como a disponibilidade financeira para o projecto e a capacidade do desenvolvimento interno da solução, podem levar as empresas a adoptarem diferentes arquitecturas de e-procurement. Neef (2001), apresenta três arquitecturas distintas do e-procurement: Foco Tabela 2 - Arquitecturas do e-procurement (Neef, 2001) Vendedor Comprador Relacionamentos Um para vários Vários para vários Um vendedor para vários compradores Vários compradores para vários vendedores Um comprador para vários vendedores (e-marktplaces) Um vendedor para vários compradores. Nesta arquitectura o vendedor mantém o seu próprio site, onde os seus compradores podem visitá-lo, e efectuar a pesquisa dos produtos a comprar on-line. A criação e a manutenção deste sistema pode ser realizada pelo próprio vendedor ou por uma empresa especializada. A principal vantagem desta arquitectura é que o vendedor pode manter os seus catálogos electrónicos. Essa manutenção é facilitada pela integração esperada entre o sistema interno do vendedor e pelo contacto com o comprador. Em alguns casos pode ser difícil esta integração devido a incompatibilidades dos sistemas o que origina a reintrodução dos dados. Caso o comprador tenha centenas de fornecedores, ele terá que aceder a centenas de diferentes sites para realizar as suas compras. Esta falta de integração entre os sistemas ocasionará um trabalho muito parecido com o processo tradicional, baseado em ligações telefónicas e transmissões de faxes. Um comprador para vários vendedores. Neste caso o comprador mantém o próprio sistema electrónico. A principal vantagem para o comprador é a facilidade de integração com o gerente do sistema interno. A desvantagem é o custo de manutenção. Pode existir duas variações nesta arquitectura: A primeira é o uso da central de compras. Só a central de compras é que efectua todas as etapas da compra através do sistema e-procurement. A segunda é quando os funcionários efectuam compras sem recorrer à central de compras. Eles utilizam o sistema de eprocurement que por sua vez já tem embutido as regras de compras, isto é, como e quem pode comprar determinados produtos, qual a quantidade máxima permitida, o preço e o prazo de entrega. A última arquitectura é usada quando vários compradores se relacionam com vários vendedores. Normalmente é possível através de mercados electrónicos 446 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico (e-marktplaces) onde os vendedores e compradores se reúnem para realizar as transacções. Funcionalidades do sistema de e-procurement Abordando o e-procurement de uma forma mais técnica, um sistema prevê algumas funcionalidade básicas para atingir os seus objectivos. As funcionalidades de um sistema são as operações que ele executa e as informações que ele fornece aos seus utilizadores. Neef (2001) aponta sete funcionalidades: Oferta de catálogos electrónicos dos produtos - Os fornecedores, em vez de confeccionarem catálogos em papel, que podem ficar obsoletos em pouco tempo, mantêm um catálogo electrónico actualizado e disponível 24 horas por dia aos compradores. Procura electrónica por produtos – os compradores podem pesquisar electronicamente as opções do produto, facilitando e tornando mais rápido este processo. Comparação de preços, características e disponibilidades dos produtos disponíveis. Diferentes tipos de pagamento – podem ser disponibilizados aos compradores através do sistema de e-procurement. Como clientes diferentes têm capacidades e procedimentos diferentes de pagamento, quanto mais opções o sistema tiver, mais adequada será a solução. Além disso, deve ser possível efectuar pagamentos por meio electrónico, para que todo o procedimento ocorra digitalmente, com o mínimo de interferências. Requisição de materiais – ao contrário do sistema manual, onde as encomendas são enviadas por via fax, por telefone ou formulários preenchidos por algum funcionário do fornecedor, estas são enviadas de forma electrónica, já integrada no sistema. Acompanhamento e recepção dos produtos – para evitar comunicação com o fornecedor ou com a empresa que irá entregar os produtos, o sistema pode fornecer a localização exacta do produto e a data prevista de entrega. Apoio à decisão e à previsão da exigência – o sistema não deve ser apenas uma forma de conduzir o processo de compra. Ele pode ir além e fornecer apoio completo à gestão da cadeia de fornecimentos. 3. e-procurement público O procurement privado e o procurement público têm uma diferença fundamental. Enquanto uma empresa privada pode desejar ter um processo justo e aberto na obtenção do melhor preço possível, o sector público tem o dever para com 447 Estratégias de e-procurement na Administração Pública: Uma revisão de literatura os cidadãos de usar procedimentos abertos e transparentes que permitem o escrutínio da justiça. Consequentemente, um processo aberto de procurement público deverá procurar assegurar que todos os fornecedores interessados estejam conscientes das propostas, e que nenhum concorrente tenha nenhum tipo de vantagem, como por exemplo, informação interna. A transparência necessita de requerimentos claros e sem ambiguidade para que a submissão de propostas seja considerada e que a avaliação e atribuição de contratos siga um procedimento consistente e documental. Os requerimentos devem de ser razoáveis e capazes de ir ao encontro de qualquer candidato qualificado e que os indivíduos responsáveis pela avaliação não tenham nenhum interesse pessoal ou pecuniário no resultado. Adicionalmente, os processos de procurement devem empenhar-se em ser responsáveis na entrega de decisões imediatas e comunicando-as a todas as partes interessadas em tempo razoável. Fornecer feedback acerca dos orçamentos vencedores, é um indicador importante de mercado que possibilita o ajuste contínuo dos preços e assegura o mercado competitivo. O e-procurement é uma das primeiras áreas na qual os Governos que estão a entrar numa fase transaccional de e-Government tendem a arriscar. A fase transaccional é quando o Governo é capaz de realizar serviços disponíveis online e transaccionar com outras partes (World Bank, 2002). O potencial do e-procurement no seio de uma estratégia de Governo electrónico é enorme, o que faz dele uma aposta quase segura (Talero, E., 2001): Redução dos custos associados à aquisição dos bens e serviços, quer dos valores de aquisição, quer do custo do processamento da informação associada. Aumento da transparência do Estado nas relações com o tecido empresarial, pela redução das oportunidades de fraude proporcionada pela maior exposição ao exterior das suas actividades de compra. Pode ser um early-winner, pois as suas vantagens e ganhos são claros, o que proporciona projectos mais objectivos e uma maior adesão dos agentes intervenientes. Será uma força motora de e-Government. Será a força que impulsionará o Estado a uma maior integração entre os seus sistemas. Constituirá o catalisador necessário para aumentar as práticas de comércio electrónico no país. É um programa que produz resultados mesmo nas suas fases iniciais. Algo simples como a publicação de todos os concursos ou intenções de compra do Estado e das entidades adjudicadas é algo que tem impacto positivo no Estado e na sociedade. Existem vários problemas que estão associados aos projectos de e-procurement público (Lebaube, 2001): Inexistência de standards europeus para troca de informação relacionada com o e-procurement. Esta questão é um entrave ao e-procurement 448 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico público de âmbito europeu, no qual uma empresa de um qualquer país europeu pode participar em concursos públicos de outro país. Os procedimentos associados às compras que são realizados no seio da Administração Pública estão ainda baseados em papel. As ferramentas existentes não suportam todo o conjunto de actividades que compõem o e-procurement. Utilização de vários sistemas de classificação. A interoperabilidade entre sistemas ainda não é uma realidade. Não há sistemas de autenticação e de segurança uniformes para os vários sistemas de e-procurement. 3.1. Benefícios do e-procurement no sector público Tem sido sugerido que o sector público provavelmente beneficia mais do uso do comercio electrónico com o propósito do fornecimento do que a gestão de transacções e que o comercio electrónico promove uma eficiência económica no procurement do sector público. Pensa-se que o uso do e-procurement traz implicações nas assimetrias de informação nas relações inter-organizacionais em particular na procura e monitorização de custos. Explicações alternativas para os benefícios do e-procurement surgem da perspectiva baseada nos recursos, através da qual, os recursos das empresas poderão ser equilibrados para alcançar vantagem competitiva com o uso do comércio electrónico, apresentando oportunidades para os aperfeiçoar. 3.2. Desenvolvendo uma estratégia para o e-procurement público No que diz respeito às dificuldades relacionadas com a implementação do eprocurement público, deve ser notado que o sucesso é sempre resultado de uma ampla consulta com representantes das agências governamentais e do sector privado. O objectivo chave de uma estratégia para todos os países é assegurar que o e-procurement é aproximado de forma consistente através de todas as esferas do Governo e que os custos a fornecedores sejam minimizados. Além disso, o processo do desenvolvimento de uma estratégia e-procurement deve passar através de uma série de fases, onde cada uma requer consideração cuidada (United Nations Conference on Trade and Development, 2004). Fase 1 – Objectivos e visão. Uma estratégia para o e-procurement público precisa de estabelecer os seus objectivos principais, os quais poderão aproximar-se dos seguintes: Automatizar o processo de procurement do Governo e reduzir duplicação nas compras; Alcançar um procurement transparente e responsável a partir de um sistema aberto; Reduzir os custos do procurement e assegurar que o Governo obtém um melhor valor monetário dos seus fornecedores; 449 Estratégias de e-procurement na Administração Pública: Uma revisão de literatura Aumento do número dos fornecedores (e consequentemente das opções de escolha) do Governo; Fornecer a todas as empresas, incluindo pequenas e médias empresas, igual acesso à informação de procurement governamental e igual oportunidade de participação; A formulação de objectivos assegura que as estratégias de e-procurement tenham um fundamento lógico e válido, clarificando o estabelecimento dos casos de negócio “business case” e irá ajudar a identificar os benefícios esperados. Objectivos explícitos determinam o âmbito e a natureza da estratégia de eprocurement assim como o seu desenvolvimento e implementação. Fase 2 – Regras de conduta reguladoras. Uma vez que os objectivos e visão de uma estratégia e-procurement são claros, existe necessidade de inventariar as regras de condutas reguladoras do procurement, incluindo estatutos, leis de caso e leis administrativas (Steinberg, 2003). A identificação e análise das regras de conduta reguladoras irá identificar qualquer impedimento burocrático para o e-procurement ou conflitos com as leis de compra do sector público. Fase 3 – Análise dos processos existentes. Uma revisão dos processos de procurement existentes deve incluir uma avaliação das necessidades de procurement do Governo e determinar a sua prontidão para implementar o eprocurement. Deve também incluir uma auditoria das despesas do Governo, uma análise dos itens obtidos, uma análise do perfil dos fornecedores e uma avaliação das capacidades e competências do pessoal. Fase 4 – Reengenharia de processos. Seguindo uma revisão dos processos de procurement existentes e identificando os impedimentos e ineficiências, um plano de reengenharia deve ser traçado, com vista a alcançar os objectivos e a visão definidos na fase 1. Tal plano requer uma decisão nas áreas ou processos que podem ou devem ser automatizados como prioritários, assim como as categorias dos itens que são adequadas para o e-procurement. Fase 5 – Escolhendo uma solução e plataforma. Escolhendo a solução correcta e plataforma para requer um custo-benefício e/ou análise de risco para comparar várias soluções e-procurement e o seu impacto. Os países em desenvolvimento poderão beneficiar da exploração de soluções sistema aberto e software nãoproprietário, nos quais são interoperaveis e escaláveis através de todas as agências governamentais. Um caso de negócio deve acompanhar a solução escolhida e deve considerar entre outras coisas as implicações da cobrança de uma taxa a fornecedores que queiram aceder ao sistema e-procurement. Fase 6 – Formulação e implementação de um plano. A formulação e implementação da solução de e-procurement escolhida irá incluir a alocação e a gestão dos recursos adequados (recursos financeiros e humanos). Em adição ao treino técnico dos recursos humanos, a implementação frequentemente implica dar poder à gestão de baixo nível para tomar decisões (é necessário treino para novas responsabilidades). O treino é particularmente importante para que os utilizadores do Governo entendam os benefícios do sistema e alterem as culturas de gestão relacionadas com processos de procurement anteriores. As poupanças de custos 450 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico podem ser indeterminadas se um sistema não for utilizado ao seu potencial máximo. A solução deve ser promovida entre potenciais fornecedores e concorrentes. 3.3. Mecanismos de e-procurement público Existem 4 elementos básicos para o e-procurement (United Nations Conference on Trade and Developement, 2004): Propostas on-line – potenciais licitadores deverão ser capazes de procurar e identificar as propostas facilmente. As propostas on-line permitem que os fornecedores tenham acesso em tempo real e que o Governo reduza custos de impressão e papel. Formulários das propostas podem estar também disponíveis on-line e ser submetidos electronicamente ou através de um processo automatizado. Facturas Electrónicas – As facturas podem ser enviadas electronicamente quando os regulamentos e os recursos assim o permitam. Pagamentos electrónicos – Transferências de fundos electrónicas podem requerer a aprovação de pagamentos através de assinaturas digitais autenticadas e um sistema de gestão de processos. Integração de processos automatizados – e-procurement End-to-End (fim a fim ou extremo a extremo) requer automatização electrónica de todos os elementos acima descritos. A comunicação electrónica pode ajudar a assegurar que todos os fornecedores interessados tomem conhecimento das propostas. Os avisos das propostas podem ser colocadas num website (ao contrario de as afixar num local público ou de as publicar num jornal) que está acessível a qualquer momento, sem a necessidade de uma visita física a um escritório governamental ou subscrever uma publicação. Os avisos das propostas podem ser organizados por categorias nos tais websites para ajudar potenciais licitadores a encontrar as propostas que mais lhes interessa. Mais ainda, os avisos de notícias podem ser enviados por e-mail a fornecedores registados que previamente exprimiram o interesse (e provaram ser capazes) em categorias específicas de propostas – construção, formação ou consultadoria, por exemplo. As propostas devem facilitar o registo de licitadores, incluindo aqueles que se encontram geograficamente distantes. Os métodos de comunicação electrónica também podem ser usados para distribuir os documentos das propostas, tornando-os disponíveis para descarga (download) e instantaneamente reduzindo o tempo de espera dos licitadores na recepção desses documentos. Os websites para avisos de propostas e documentos devem fornecer informação acerca de procedimentos, de maneira a que todos estejam seguros que serão tratados de forma igual. A submissão das propostas pode ser mais complexa uma vez que o licitador deve incluir certificados e outra documentação provando competência ou conformidade com os requerimentos, como por exemplo, declaração impostos actualizada. Este potencial problema pode ser reduzido requerendo que os licitadores se registem como fornecedores aprovados de forma a que não necessitem de provar as suas competências todas as vezes que submeterem uma proposta. Uma 451 Estratégias de e-procurement na Administração Pública: Uma revisão de literatura vez feito isto, as submissões de propostas podem ser feitas digitalmente. Providenciando que estejam no formato requerido (de preferência não-proprietário), isto não apresenta problemas técnicos além do uso competente do e-mail e de um sistema de preenchimento electrónico. 4. Conclusão Após esta revisão de literatura, conclui que através de um sistema de eprocurement as empresas podem gerir melhor as despesas criando poupanças significativas no processo e uma redução do custo absoluto de bens e serviços. Em resumo apresento cinco das principais vantagens do e-procurement: Produtividade - Com o e-procurement, não é necessário perder tempo a comunicar os pedidos por telefone ou Fax e de seguida manualmente. Os pedidos podem ser colocados on-line em segundos. Controlo - Uma vez que toda a informação acerca das compras on-line é centralizada, o e-procurement permite um melhor controlo. Em particular evita-se duplicação dos pedidos, erros de preço, excesso de inventário e faltas de inventário resultantes de omissões. Poder de compra - O e-procurement permite facilmente manter os dados entre as relações com cada fornecedor. Com essa informação pode-se negociar descontos sobre volume de forma mais eficiente. Inventário actualizado - O processo e-procurement ajuda a fortalecer as relações com os fornecedores, facilitando a gestão e procedimentos de inventário actualizado. Menos erros - Os métodos do e-procurement permitem o acompanhamento das compras desde o momento em que é feito o pedido até que este é satisfeito. Por processos manuais, os pedidos podem ser extraviados. Estes erros nem sempre são detectados, o que significa que se estava a pagar por bens que não se iriam usar. Como desvantagens temos que a introdução do e-procurement pode encontrar alguma resistência, uma vez que vai contra a cultura empresarial. Em muitas organizações, é dado poder às unidades de negócio locais. Portanto, um processo de procurement centralizado não será bem-vindo pelos gestores de negócio se sentirem que lhes será retirado o poder. Só quando eles tomarem consciência que existirá um retorno financeiro é que ficarão convencidos que o e-procurement pode funcionar. Outra desvantagem, inclui a motivação dos utilizadores finais para a adopção de o novo sistema e a formação dos fornecedores. Esta revisão de literatura ajudou-me a ter um conhecimento geral sobre o tema, visto que o meu trabalho futuro será uma pesquisa sobre as estratégias e o funcionamento de e-procurement na Administração Pública Portuguesa. 452 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Referências Aberdeen Group, 2001. E-sourcing: negotiating value in a volatile economy- an executive white paper. Boston (MA). A. Barua, P. Konana, A. B. Whinston, and F. Yin, 2001. Sloan Management Review. Driving E-Business Excellence. Brunnelli, M. A., 1999. Purchasing. Consultants see big future on e-commerce. Conference Board, 2001. Research report 1294-01-RR, Conference. E-business strategies in the global marketplace: e-procurement and other challenges.. Twente University, Netherlands. Dai, Q. and Kauffman, R. J., 2000. 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The government handbook for developing countries, a project of InfoDev and the Center for Democracy and Technology. 454 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 455 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case Paula Silva 1, Américo Azevedo 1,2, César Toscano1, João Cardoso1,2 [email protected], [email protected], [email protected], [email protected] 1 2 INESC Porto, Rua Dr. Roberto Frias nº 378,4200-465, Porto, Portugal Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, Rua Dr. Roberto Frias, 4200-465, Porto, Portugal Abstract: This paper presents an innovative approach in supporting the operation of complex equipment. The concept was developed in the context of the KoBaS project (Knowledge Based Customized Services for Traditional Manufacturing Sectors Provided by a Network of High Tech SMEs) whose main objectives are the development of new knowledge based tools for an intelligent use and management of more sophisticated manufacturing machines; and the creation of an innovative extended network of high-tech SMEs for use, customize, support and make business out of the new development tools. As a concrete example the paper presents a KoBaS solution based on the machine Maintenance. This solution allows one to know the machine condition, to detect and diagnose machine failures, to manage ordinary and extraordinary maintenance plans and maintenance work orders and to provide training support for maintenance interventions. Keywords: manufacturing machines, manufacturing knowledge, maintenance, predictive maintenance. Introduction The companies that build, sell and install equipment are increasingly facing the need to develop technologically advanced and consequently more complex equipment, in order to satisfy the demands of high customization of the products processed by them, with low costs, low manufacturing time and high quality levels. The KoBaS Project (Knowledge Based Customized Services for Traditional Manufacturing Sectors Provided by a Network of High Tech SMEs) is an European project under the Sixth Framework Programme that tends towards a substantial improvement in equipment and industrial machinery, through the development of a 455 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case set of software components, integrated in their own equipment and functionally directed at the creation of equipment operation programmes (numerical control programmes), analysis and simulation of operation and movement, sequencing of generation operations, configuration of parameters of functioning, maintenance, formation and support to the operation. The project aims also the development of a network business model, made of technology-based SMEs. The main objective is to foster the development and customization of specific solutions required by the equipment manufacturers according to the requisites demanded by the market they wish to satisfy. One of the developing components under the KoBaS project is destined to support, in an innovative way, the maintenance activities inherent to the equipment itself. The integration of several black-boxes fully integrated and resulting from the customization of the respective components in the equipment itself, makes it possible to reduce substantially the preparation and operation time and to simultaneously reduce the associated costs. The manufacturers of equipment goods with the developing technology under KoBaS project, can, therefore, offer more complex products regarding their functionalities, but at the same time easier to operate, which noticeably increases the added value to the client. The aim of this paper is to address the design of an advanced software solution for maintenance management in the scope of a large on-going European Project (KoBaS Consortium, 2006). The reminder of this paper is organized as follows. After this introduction, next section presents the project in which the system here described is being developed. The third section presents in particular one of the components in development: the maintenance component. The fourth section addresses the technology and development framework selected for the implementation phase. The fifth and last section concludes the paper. Overview of KoBaS Project Approach The concepts and component architecture presented in this paper have been conceived within the European Project KoBaS (Knowledge Based Customized Services for Traditional Manufacturing Sectors Provided by a Network of High Tech SMEs) (KoBaS Consortium, 2006). The project consortium involves 21 partners from 10 countries, in which 6 partners are European Institutions of R&D: RPK (Germany), INESC Porto (Portugal), ITIA-CNR (Italy), EPFL and ETH Zurich (Switzerland), and Tekniker (Spain). The project will make use of techniques such as Virtual Reality, 3D & Discrete Events Simulation, Knowledge Based System and Finite Element Analysis, evolved, combined and optimized in their interaction thanks to a new brand of innovative technologies that are developed in the KoBaS project. 456 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico The project vision The project vision (see Figure 1) is to provide a breakthrough in the current practices in the use of manufacturing machines, through the development of a set of generic tools of new conception. This will enable the quick customization of software solutions providing thus new advanced and powerful functionality, machine embedded, and supporting task and process planning, machine maintenance, training, and management. Thanks to this innovative platform, it will be possible for machine-tools and other production equipment to become intelligent, capable to communicate their environment and characteristics, to understand and work with digital models of the parts to produce and to enable an efficient dialog with their operators (KoBaS Consortium, 2004). Figure 1 – The KoBaS vision (KoBaS Consortium, 2004). These generic tools will be published in a network of High-Tech SMEs (HTSME). The manufacturing machine builder, confronted with the difficulty of the task and process planning of his equipment and willing to provide a new brand of powerful services to his customer, asks to the Network of High Tech SMEs for a customized software solution for his machine. The KoBaS Network thus provides, thanks to the new instruments and approaches developed within the project, a customized solution that will be embedded in the machine by the Machine Builder allowing him to sell an “intelligent machine” to the end user (KoBaS Consortium, 2004). The framework of the project is depicted in Figure 2. In this context, a Component (development tool) is a collection of methodologies, software tools and 457 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case libraries that will be used by the Network of HT-SMEs to generate a KoBaS Customized Solution. A Kobas Customized Solution is an integrated set of BlackBoxes (software components). Figure 2 – The KoBaS framework. The KoBaS components The basic components reflect the main aspects covered by the KoBaS approach in the use of a manufacturing machine, namely (KoBaS Consortium, 2004): 1. Graphical User Interface Construction Component: with this component the Network will be able to build and promptly configure a customized Man-Machine interface, based on low cost Virtual Reality, in order to make easily and naturally accessible all the functionalities and services to the end-user. The Interface will be capable of learning and adapting to the user environment and characteristic. 2. Rule-Based Knowledge Core Construction Component: this component is meant to provide the Network with the possibility to customize, for every 458 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico manufacturing sector/machine confronted, a Rule-based Knowledge Base (process and geometry related), in order to support the machine task programming, configuration, maintenance and training through a knowledge based system. 3. Experience Data Base Construction Component: this component is used by the High Tech SMEs to build a Knowledge DB of past experience related with the Process handled. Once the cases are acquired and formalized, this module provides the methods for knowledge access and reuse. This module operates in strict connection with the Rule-Based Knowledge Core Construction Component. 4. Part Program Creator Component: with this module, the High Tech SMEs Network will be able to quickly provide a customized solution for the offline programming of the machine. For the part program creation, this module relies on the information provided by the knowledge base. 5. 3D Simulation Construction Component: This component is used to create a customized simulation environment. It is meant to move the machine into the virtual environment as it would do in the real world, providing the framework to display the machine tasks or the training and maintenance procedures. 6. Finite Element Analysis (FEM) Component: with this Component, the Network builds a customized FEM analysis. It provides pre and post processing analysis for the process performed by the manufacturing machine under consideration, giving a feedback on the performance of the Production Process. 7. Maintenance and Diagnosis Component: with this component, the Network will be able to build a customized maintenance service for the specific machine. The solution provided is meant to prevent failures, to suggest intelligent maintenance, to demonstrate maintenance procedures. This module should grow wiser (as the rule related modules) as it’s used. 8. Training module Construction Component: the Network will use this component to develop a training module for the machine studied, intended to provide training support for the end-user of the machine. The component will also use the other components capabilities (such as simulation) to provide a training virtual environment for the machine end-user 9. Machine Configuration and Mechatronics Construction Component: this component will allow the SMEs Network to develop solutions for the configuration of the machine studied, according to final user needs. 10. Build-in Management Functions Construction Component: this component is meant to provide the network with the ability to develop customized solutions for the management function of the machine. (cost planning, scheduling and optimization) 11. Integration Component: this component is used to build the framework for the solutions proposed, ensuring that all the other modules can communicate, establishing standards for the methods and classes for every customized solution realized. Within this Component also the data structure and data model for the specific solution will be defined. Every component is intended to provide the proper instruments and methodology in order to enable an easy customization of machinery according the 459 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case specific requirements to fulfill in the scope of KoBaS. As an example, the component related to maintenance functionalities, should allow the customization of a specific maintenance solution based on machine monitorization (by sensors), relevant signal analysis, automatic failure detection and diagnosis, alarms and ordinary and extraordinary maintenance plan. The next section describes in particular the Maintenance Customization Solution. The KoBaS Maintenance Solution High maintenance costs and production losses due to machine breakdowns are pressing problems for today’s manufacturers. In order to increase the reliability and availability of machines it is urgent to shift from scheduled maintenance to the new technology of constantly observing machine condition and predicting its working condition in advance. This is one of the main objectives of the KoBaS Maintenance Solution). The great majority of the machines produced by European manufacturers do not have built-in monitoring, diagnosis, simulation and analysis abilities that would help the user to identify the proper course of actions nor do they have an intelligent machine capable of assuring its service. Furthermore, new technologies in sensors recently under development will bring an added dimension to the machine “intelligence” that will need to be dealt with. Also, the openness, the suitability to the manufacturing equipments and the integration with other KoBaS components, will allow an easy adaptation to new machines and will provide a more natural and intuitive interaction with the operator namely, 3D simulation to machine tests and diagnosis, maintenance tasks supported by training, and dynamic and adaptable behaviour through experiences learned from past situations. This openness will facilitate the management of shorter lifecycles for machine producers and will make these advanced maintenance concepts reachable to smaller machine producers. Functionality The following fundamental functions are envisaged for the Maintenance Customized Solution: • Automatic failures detection; • Failures diagnostic; • Predictive maintenance based on condition monitoring; • Failure alarms and failure tendency warnings; • Simulation of the machine behaviours; 460 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico • Intelligent Preventive maintenance planning based on condition monitoring; • Maintenance Work Orders management; • Heterogeneous data acquisition concerning maintenance interventions, maintenance operator’s work, spare parts replacement and equipment condition monitoring; • Indicators extraction (performance, costs, management and others); • On-line information supporting work, training and security. Creation of a Maintenance Customized Solution As depicted on Figure 3, the Maintenance Construction Component is used by the HT-SMEs to create the Maintenance Black-Box (BB). The main propose of this BB is to implement a customized maintenance management solution supporting the machine‘s maintenance operations (see above sub-section). KoBaS Customization KoBaS Customized Solution GUI BB XML Config. Data Maintenance Black-Box Training BB Maintenance Construction Component ... Sensors Data MySQL Figure 3: Creation of a Maintenance Customized Solution. The Maintenance Black-Box is created through a set of XML configuration files and it is integrated with other KoBaS BB as a solution. This solution will be embedded in the machine. The customization phase of the Maintenance BB involves the specification of the following information (XML configuration files): • Characterization of the machine, its modules, components and hierarchy. • Characterization of the machine/components failures. This includes the identification and characterization of the failure, the specification of 461 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case • • • • • • • • • • • • breakdown parameters, the identification of maintenance tools to repair the failure, of spare parts and components to replace and the specification of the maintenance training procedures to help the maintenance intervention. Characterization of the preventive maintenance works, including the identification of the maintenance tools to do the work, the spare parts and components to replace and the maintenance training procedures to help the maintenance preventive intervention. Characterization of the spare parts and tools. Characterization of the training modules (group of maintenance intervention procedures). Characterization of machine parameters. For each parameter, the tolerance values and the nominal value are defined as parameters specification and the acceptability limits as monitoring specification. The monitorization sample interval is also defined. Characterization of sensors. Each monitorization parameter has an associated sensor that will support the extraction of the values of the parameter during the machine operation. Depending on the type of sensor, this can provide more than one parameter. Definition of the short and long term sample interval and the prediction interval for each monitorization parameter. Characterization of machine processes and relation with the monitorization parameters. Characterization of the products to be processed in the machine and relation with the monitorization parameters. Characterization of the environment where the machine works and relation with the monitorization parameters. Planning of Systematic Maintenance Work Orders. Characterization of alarms and warnings. These events are configured with a priority (defined according to the type of maintenance and the criticality of the failure), a type of visualization (sound or visual signal), a time-out (duration of the alarm), a repetition time period and a frequency (number of repetitions). Identification of components that should be replaced in a maintenance intervention (MWO). The Maintenance BB Figure 4 presents the architecture overview of the Maintenance BB. This architecture comprises several modules reflecting the set of functionalities considered in the component. 462 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figure 4: Architecture overview of Maintenance Component. Interaction with the machine controllers The Maintenance BB must have a tight interaction with sensors and transducers embedded on the machine in order to receive real-time data and thus provide functionalities related to detection and prediction of machine failures. The approach followed was to design a solution that will act as a client accessing the equipment main controller through a standard interface. The use of a standard interface enables the interoperability between automation/control applications, field systems/devices and business/office applications. It provides a standard method for exchanging information between the machine controllers and the KoBaS Maintenance BB across a wide range of platforms and involving different technologies. One of the main requirements is the assurance that software is written independently of the type of controller considered. In this context, the OPC XML-DA standard specification was selected. This non-proprietary technical specification defines a set of standard interfaces originally based upon Microsoft’s OLE/COM/DCOM technology specification (OPC Foundation Website). Concerning the physical infrastructure, the approach should support two different scenarios: 463 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case • OPC Client(s) and Server(s) in the same node – in this situation OPC clients and servers run as concurrent processes in the same computer (node); • OPC Client and Server in different nodes - in this situation OPC clients and servers run in different computer platforms. The same equipment (machine) can involve more than one OPC server running in the same node or in different nodes (physically located in the machine). Moreover, it is possible to have a direct connection between OPC Server and devices as well as an indirect connection through one or several fieldbus (devices and controllers networks). The Predictive Maintenance module The Predictive Maintenance Module, which is condition monitoring based, will support monitoring, trigger conditions, and short and long term forecasting for slowly changing sensors. To perform the monitorization the OPC client will make data requests to the Industrial Machine for a specific sensor at specified time intervals. The read value is then appended to a history buffer and applied to the Trigger Condition and Forecast sub-modules. In the Trigger Condition sub-module the read value is compared with predefined threshold that (if exceeded) can trigger warnings or failures. In this submodule the values from multiple sensors are also conjunctly evaluated using a Knowledge Base Rules Engine, looking for conditions that can indicate a possible machine or sensor failure, or help diagnose an existing problem. The recent history of the sensor values can also be graphically displayed against the target and threshold limits. The recent history (minutes) of the sensor values form the basis of a non-linear adaptive ANN-based prediction sub-module, whose function is to predict the sensor value in the very near future and compare the predicted values with predefined thresholds. This module makes it possible to avoid failures originated from punctual and otherwise unexpected situation, such as a suddenly clogged coolant or pressure line. A similar technique will monitor the long-term trends of a machine component or sub-system monitored by a given sensor. Past sensor values in the range of weeks to months will reveal any long-term trend and, through interaction with the Maintenance scheduler, anticipate or delay a planned Maintenance operation, eliminating unnecessary downtimes and unnecessary parts replacement. Seasonal trends must be detected if possible and not deploy Maintenance operations. The earlier warnings will be integrated into the Trigger Condition sub-module where, together with other sensor values, it will help to diagnose the problem in advance. 464 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico The above described techniques are used for slowly changing data, such as temperature, pressure, etc, but for rapidly changing data sensors, such as accelerometers, instantaneous motor current, etc., further pre-processing steps are needed. This kind of sensors is more effective in the frequency domain, forming the basis of Vibration Analysis Techniques, and for this reason its values will be acquired and process in accordance. Depending on the sensor and techniques to use, the acquired signal will undergo a Fast Fourier or Wavelet Transforms and a Feature Selection/Extraction step before being applied to the Trigger or Forecast sub-module. As with slowly changing sensors, rapidly changing sensors will be acquired at specified time intervals, but a burst of hundreds of equally and rapidly sampled values will be read instead. The relevant model of the OPC Data Access protocol must thus be invoked for this kind of sensors. The Warnings and Alarms modules The Maintenance BB generates a warning when the monitorization detects one or more parameter value over the warning limits previously configured. The Predictive Maintenance (short or long-term forecast) also generates a warning when it predicts that one or more parameters will come over the warnings limits previously configured. If both monitorization and forecast detect a warning in the same prediction interval only one warning is generated. The Maintenance BB generates an alarm each time a machine failure occurs (a Corrective MWO or a Predictive MWO is created) or near the planed date of the Systematic Maintenance intervention. Upon the occurrence of an alarm or warning the system waits by the operator acknowledge. The event remains active during the configured time-out. The event will be repeated a number of times according to the configured frequency if there is no the operator acknowledge. When the operator acknowledges the event the acknowledge date is recorded on the system. The system will provide different views over the alarms and warnings data. The Maintenance Orders Management module The system allows the management of Corrective MWO, Systematic MWO and Predictive MWO. The machine typical failures should be configured first by the Machine Builder during the KoBaS customization phase and completed later by the End User, according to his experience, during the machine runtime. The same configuration procedure should be made for the maintenance jobs. The Corrective MWO is created by the system when a failure occurs in the machine. The Systematic MWO could be created by the Knowledge Engineer in the KoBaS customization phase or by the End User during the machine operation. The Predictive MWO is created by the system when it predicts the failure occurrence. 465 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case When the MWO is created it includes all the information that will be necessary to repair the machine, namely the failure identification or the work to be done if it is a Systematic MWO, the failure diagnostic (except in the Systematic MWO), the maintenance tools that should be used, the spare parts and the components that should be replaced, etc. After the maintenance intervention (according to the End User records and updates) it also includes all the information related with the intervention, namely the maintenance time, the repair time and the components replaced. The Maintenance Plan module The Systematic MWO are planned (ordinary maintenance plan) according to the knowledge of the Machine Builder, in the KoBaS customization phase, and in the runtime, according to the experience of the End User. These MWO are periodic and generated automatically by the system according to the maintenance period. The Predictive MWO are planned (extraordinary maintenance plan) by the system according to the failure estimation. The ordinary and the extraordinary maintenance plan are validated by the machine scheduler. The History and Logs module The system will allow the extraction of historic information and maintenance indicators, namely MWO made, machine maintenance time, machine maintenance repair, number of failures and others. Interaction with other KoBaS Black-Boxes The Maintenance BB interacts with other Black-Boxes using its services (represented by interfaces) in order to obtain essential data necessary to process information to be presented by the graphical user interface (Figure 5). 466 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico Figure 5: Interactions with KoBaS Black-Boxes. The GUI BB allows the creation of the graphical user interface. During the maintenance intervention the End User could ask the system about the best procedures to make the intervention. The Training BB is the front end for the end user offering all functionalities to search for maintenance requested training and managing the execution. Before or during the maintenance intervention the End User could access to the Simulation function to test and to underline situations related with the failure, like "put this object in this position", "change the colour of this body" and others. The Simulation BB offers a virtual environment representing the manufacturing machine helping the end user on the failure diagnosis. The Rule Based BB provides rule based knowledge for the other black-boxes namely the Maintenance BB, in order to allow the detection and diagnosis of machine abnormalities and failures. The Maintenance BB extracts cases related with the maintenance history in order to help in the failure diagnoses. The Experience Data Base BB is an easy-touse tool for the creation of a customized case base reasoning expert system. The Built-in management BB generates production schedules. The Maintenance BB interacts with it to inform and to validate the dates of planned maintenance. Development and Implementation By definition, a KoBaS maintenance solution is an integrated set of blackboxes (software components) targeted to implement maintenance related functionality. Two approaches have been considered to deploy such a KoBaS solution in an equipment machinery: installation of the software in the computer 467 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case embedded in the equipment machinery itself (and responsible for controlling the machine); installation of the software in a separate computer with a communication channel with the machine’s control computer (see the OPC based mechanism described in a previous section). Despite the approach taken by the Machine Builder, the software must run in several computational platforms, being the Linux and Windows operating system the minimum requirement. In this context, the Java programming language and the Java 2 Standard Edition constituted the basic ingredients to build a KoBaS solution. A KoBaS solution is then an integrated set of Black Boxes doing their work within a Java virtual machine. On the other hand, Open Source software constituted another major choice. The development of a KoBaS solution should make use of Open Source software whenever possible. In this context, several tools and frameworks were selected to ease the software development. The MySQL database management system (MySQL, 2005) is being used in the Maintenance solution in order to assure the required data persistency functionality. Access to the data base is implemented by the JDBC API and, on top of it, by the Hybernate framework (Hibernate, 2005). This framework maps Java objects in the object-oriented world to data records in the relational data base world facilitating thus the development of the Maintenance persistency function. The major development tool is the Eclipse IDE (Eclipse Website). Conclusions The KoBaS Project (Knowledge Based Customized Services for Traditional Manufacturing Sectors Provided by a Network of High Tech SMEs) is an European project under the Sixth Framework Programme that tends towards a substantial improvement in equipment and industrial machinery. The customization of specific solutions required by the equipment manufacturers according to the requisites demanded by the market will be supplied by a network business model, made of technology-based SMEs. Each KoBaS customized solution is an integrated set of Black-Boxes generated from software components by the Network of HT-SMEs. The Maintenance Solution is one of the KoBaS solutions that allow an easy adaptation to new machines and provides a more and intuitive interaction with the operator. It was conceived to provide, machine monitorization, failures detection, failures prediction, alarms, maintenance simulation, training, ordinary and extraordinary maintenance plan and Work Orders management. To fulfil these functions the solution includes the Maintenance BB, based on prediction maintenance condition, and other KoBaS BB, on one hand, to help in the failures 468 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico diagnostic, and on the other hand, to supply to the end user maintenance training, simulation, and maintenance plan. The innovative concept presented on this paper allows a greater integration between the machine performances and the related process parameters and promotes the evolution of SMEs operating in traditional industrial sectors, reinforcing and integrating competitiveness, innovation and sustainability. References • • • • • • Eclipse Website, http://www.eclipse.org Hibernate. Hibernate Open Source Project, http://www.hibernate.org/, accessed 10.1.2006. KoBaS Consortium (2004). KoBaS Description of Work. Technical Report. KoBaS European project 505339-1. KoBaS Consortium (2006). KoBaS Web site, http://www.kobasproject.com, accessed 10.1.2006. MySQL. MySQL Project, http://java.sun.com/jdbc, accessed 10.1.2006. The OPC Foundation Website, www.opcfoundation.org 469 An innovative approach in supporting the operation of complex equipment machinery: the KoBaS Project case 470 CISTI 2006 ISBN: 978-989-20-0271-2 Volume I, pág. 471 Eficiência na Construção de Equipas Colaborativas Online Maria João Cotter1, Hélder Fanha Martins2 [email protected], [email protected] Instituto Politécnico de Lisboa, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL), Av. Miguel Bombarda nº 20, 1069-035, Lisboa, Portugal 2 Instituto Politécnico de Lisboa, Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Lisboa (ISCAL), Av. Miguel Bombarda nº 20, 1069-035, Lisboa, Portugal 1 Resumo: Pretendemos com este artigo contribuir para uma melhor compreensão dos factores que podem tornar as Equipas Colaborativas Online (ECO) mais eficientes. Para tal identificámos as melhores práticas para membros das equipas, as melhores práticas para líderes de ECO e as melhores práticas para as organizações às quais as equipas pertencem. As melhores práticas nestas categorias foram identificadas a partir de: (1) a literatura existente relativamente às equipas online; e (2) a literatura existente relativa ao trabalho colaborativo. O artigo conclui com as implicações para as organizações e possíveis caminhos de investigação. Palavras-chave: equipas online; colaboração online; trabalho colaborativo; práticas organizacionais; comunicação online. Abstract: This paper aims at contributing to improve the understanding of what can make Online Collaborative Teams (OCT) effective. This is done by identifying what can be considered best practices for individual team members, best practices for leaders of OCT, and best practices for the organizations that the teams are a part of. Best practices in these categories were identified from: (1) the existing literature related to online teams; and, (2) collaborative work literature. The paper concludes with implications for organizations and potential research directions. Key-words: online teams, online collaboration, collaborative work, management and organizational practices, online communication. 471 Eficiência na Construção de Equipas Colaborativas Online 1. Introdução Nos últimos anos, as equipas têm vindo a ser encaradas cada vez mais como peças fundamentais nas organizações (Furst, Blackburn, & Rosen, 1999), tal como também tem vindo a crescer a frequência das equipas distribuídas geograficamente, às quais chamamos Equipas Colaborativas Online (ECO). Muitas organizações começaram a ver nas ECO uma forma de aumentarem a produtividade dos seus colaboradores e alcançarem uma grande diversidade em termos de capacidades e recursos. As ECO são grupos de indivíduos que desempenham tarefas interdependentes, partilham a responsabilidade pelos resultados das suas actividades e trabalham em conjunto a partir de locais geograficamente dispersos. As tecnologias da informação servem de suporte às suas actividades, reduzindo as despesas de deslocação e acelerando a comunicação entre os membros da equipa e a coordenação. Infelizmente, estas equipas distribuídas geograficamente nem sempre são produtivas. Os membros da equipa podem, por exemplo, sentir dificuldades ao nível da coordenação do seu trabalho com o dos seus colegas à distância, ou podem não se sentir à vontade com a tecnologia. Embora o trabalho em equipas distribuídas geograficamente se esteja a tornar cada vez mais comum nas organizações, a forma de fazê-lo eficazmente ainda não está bem estudada. O objectivo deste artigo é aprofundar o conhecimento relativamente aos factores que tornam as ECO eficientes. Para tal, iremos identificar três conjuntos de melhores práticas centradas nos intervenientes fundamentais: os indivíduos que compõem as ECO, os líderes das ECO e as organizações às quais as equipas pertencem. 2. Algumas notas relativamente às fontes Existem diversos manuais que versam a temática do trabalho em equipas virtuais e a colaboração online, por exemplo, Duarte & Snyder (2001), Fisher & Fisher (2001), Grenier & Metes (1995), Haywood (1998), Lipnack & Stamps (1997), O'Hara-Devereaux & Johansen (1994). Investigámos também a literatura académica em busca de artigos que lidassem com as melhores práticas para as ECO. Há mais de meio século que se estuda a dinâmica dos grupos dentro das organizações, pelo que existem hoje milhares de estudos e uma vasta bibliografia sobre o assunto (Guzzo & Shea, 1992). Felizmente, existem também várias revisões da literatura neste campo (por exemplo, Bettenhausen, 1991; Cohen, 1994; Cohen & Bailey, 1997; Goodman, Ravlin, & Schminke, 1987; Guzzo & Shea, 1992; Holland, Gaston, & Gomes, 2000), revisões essas que serviram de base à nossa concepção das melhores práticas relativamente às equipas tradicionais. 472 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico 3. Práticas das Organizações Nesta secção, apresentamos uma descrição das práticas que devem ser seguidas pelas organizações para criar, desenvolver e apoiar as ECO com sucesso. Identificámos seis categorias principais: assegurar a diversidade na selecção dos membros, fornecer recursos e apoio, fomentar políticas de recursos humanos adequadas, dar autonomia à equipa, instituir processos e procedimentos padronizados e promover uma cultura organizacional que fomente a comunicação e a partilha de informação. 3.1. Diversidade na Selecção dos Membros da Equipa A diversidade é um elemento importante para o sucesso das ECO e uma das suas maiores vantagens. Ao seleccionarem os membros das ECO, as organizações devem fomentar a diversidade ao nível de formações, experiências, ideias, pensamentos, competências, perspectivas e visões. As ECO podem também envolver membros de diferentes áreas funcionais. Será vantajoso os membros das ECO estarem próximos dos clientes ou das estruturas de poder. A diversidade estimula o interesse e faz com que seja mais compensador e mais divertido trabalhar numa equipa geograficamente dispersa, porque haverá oportunidade de contacto com novas culturas e interacção com pessoas que não se encontram no mesmo local de trabalho. A importância da criação de equipas com o equilíbrio adequado de capacidades e traços individuais tem sido extensivamente identificada na literatura relacionada com as equipas tradicionais. Virtualmente, todos os modelos de eficácia incluem a composição da equipa como uma variável importante (Bettenhausen, 1991; Cohen, 1994). O conhecimento e as capacidades colectivas de uma equipa terão um grande impacto na capacidade que a equipa irá demonstrar para desempenhar as suas tarefas. 3.2. Recursos e Apoio As organizações têm de fornecer às ECO os recursos necessários para o seu funcionamento, tais como recursos financeiros, tempo, instalações, hardware, software, canais de comunicação, equipamento técnico e formação adequada. Dada a necessidade de comunicar electronicamente, é essencial que os membros das ECO disponham de recursos e apoio técnico para trabalharem virtualmente. Devem ser implementadas políticas que forneçam à equipa o apoio técnico necessário e todos os membros devem ter acesso à comunicação electrónica e à tecnologia colaborativa (Duarte & Snyder, 2001). Fisher e Fisher (2001) também defendem que os membros das ECO necessitam de bons sistemas de informação e de comunicação para interagirem com eficiência entre si e com o líder da equipa. 473 Eficiência na Construção de Equipas Colaborativas Online A literatura existente sobre o trabalho virtual reforça a importância de um bom apoio ao nível da tecnologia da informação (TI). As organizações devem fornecer o equipamento de TI adequado e o suporte e a formação necessários para a sua utilização (Pinsonneault & Boisvert, 2001). Além dos sistemas que facilitam a colaboração, a comunicação e a partilha de informação, devem existir também as condições adequadas para facilitar o seu uso. É importante que os membros da equipa tenham acesso a formação online e suporte técnico contínuo para que possam desenvolver a capacidade de usar os sistemas eficazmente (Duarte & Snyder, 2001; O'Hara-Devereaux & Johansen, 1994). A formação e a aprendizagem contínuas podem ser conseguidas através de lições partilhadas, bases de dados, repositórios de conhecimento e salas de conversação. As organizações devem certificar-se de que os membros das ECO são capazes de manter reuniões utilizando métodos técnicos e não técnicos (Duarte & Snyder, 2001). Além disso, O'Hara-Devereaux e Johansen (1994) acreditam que a formação em TI é muito mais do que simplesmente ensinar os utilizadores a utilizar as aplicações; significa apoiar os utilizadores continuamente à medida que as aplicações evoluem, se tornam mais complexas, são integradas com outras aplicações, e os problemas que envolvem plataformas diferentes são resolvidos. Os utilizadores, por seu turno, devem compreender e aceitar os novos processos de trabalho. No entanto, a formação em TI por si só não é suficiente. As organizações também têm de dar formação adequada em termos do trabalho de equipa e fomentar actividades de constituição de equipas. A formação e a constituição de equipas são importantes porque asseguram que os membros desenvolvam o conhecimento necessário para contribuir para o desempenho organizacional (Cohen, 1994). As organizações influenciam ainda os recursos disponibilizados às ECO controlando o número de pessoas que fazem parte da equipa. É importante ter um número de membros equilibrado de modo a que a equipa disponha dos recursos necessários para o desempenho das suas tarefas. Em situações nas quais o líder da equipa selecciona os membros, as organizações devem disponibilizar-lhe os recursos necessários para que possa seleccionar os melhores elementos possíveis para a equipa, garantindo os níveis adequados de diversidade de habilidades e acesso aos recursos. 3.3. Políticas de Recursos Humanos O impacto do contexto organizacional na eficácia da equipa foi identificado na investigação sobre equipas tradicionais (Cohen, 1994) e equipas online (Duarte & Snyder, 2001). As políticas que instituem sistemas de recompensas para as actividades da equipa podem afectar positivamente a coesão, a motivação e a eficácia das equipas tradicionais (Cohen, 1994). Relativamente às equipas tradicionais, vários estudos encontraram relações positivas entre as recompensas atribuídas aos membros das equipas e a eficiência geral dessas equipas. Cohen, Ledford e Spreitzer (1996) descobriram que o reconhecimento por parte das chefias 474 Sistemas e Tecnologias de Informação no Espaço Ibérico estava positivamente associado a elevados níveis de desempenho da equipa, à confiança nas chefias, ao empenho na organização e à satisfação de grupos autodirigidos e geridos de forma tradicional numa empresa de telecomunicações. Lawler (1986, 1992) sugeriu que a organização deveria fornecer aos funcionários recompensas relacionadas com os resultados do seu desempenho, com o desenvolvimento de competências e com a sua contribuição, de modo a motivá-los para alcançarem os seus objectivos. Além das recompensas propriamente ditas, o próprio sistema de recompensas tem também um efeito no desempenho da equipa. Num estudo de Wageman (1995), descobriu-se que os grupos tradicionais de técnicos de manutenção com melhor desempenho eram aqueles nos quais a estrutura das tarefas estava reflectida no sistema de recompensas. As recompensas atribuídas aos grupos destinavam-se a motivar as tarefas interdependentes, enquanto as recompensas individuais motivavam as tarefas individuais e independentes. A literatura sobre equipas online também sugere que as práticas organizacionais e as políticas moldam a eficácia das ECO. Ao nível organizacional, políticas de recursos humanos bem estruturadas e que garantem apoio aos membros da equipa são uma chave para o sucesso das ECO. Segundo Duarte e Snyder (2001), as políticas de recursos humanos devem ser planeadas e integradas de forma a que os membros de equipas online sejam reconhecidos, apoiados e recompensados pelo seu trabalho. Como tal, é importante implementar um sistema eficiente de recompensas que tenha em conta o desempenho para recompensar os resultados. Grenier e Metes (1995) e Lurey e Raisinghani (2001) também sugerem que é importante para a organização recompensar elevados níveis de desempenho das equipas. 3.4. Autonomia Além de fornecerem os recursos adequados, as organizações devem também dar autonomia ao líder e aos membros da equipa para intervirem no processo de tomada de decisão. Segundo Cohen e Bailey (1997), a organização tem de dar aos membros da equipa autonomia no seu trabalho, já que tal trará benefícios claros ao nível da atitude, do comportamento e do desempenho dos funcionários (quer medidos objectivamente, quer avaliados subjectivamente pelos membros da equipa). As organizações devem dar aos membros da equipa o poder de tomarem decisões acerca do trabalho e do desempenho do projecto (Cohen, 1994). A organização tem de partilhar informação com os membros da equipa acerca dos processos, da qualidade, dos resultados do projecto, do desempenho da concorrência, e das alterações na organização. Se os membros da equipa recebem recompensas baseadas no desempenho da equipa mas não têm a autonomia necessária para influenciá-lo, então o dinheiro terá sido desperdiçado. As equipas terão recebido uma recompensa que não têm o poder, a informação ou o conhecimento necessários para tentar atingir. 475 Eficiência na Construção de Equipas Colaborativas Online 3.5. Processos e Procedimentos Padronizados As organizações podem contribuir para aumentar a eficiência das ECO implementando processos padronizados e planeando os procedimentos. Na literatura relativa às ECO encontramos provas para corroborar esta ideia. A utilização de processos padronizados pode reduzir o tempo necessário para o arranque do trabalho da equipa e pode eliminar a necessidade de reinvenção desnecessária de