Descrição da Corrida de Detritos ocorrida na Serra do Tinguá e Definição de Nova Travessia para o Duto Atingido. Carolina Araujo Costa TRANSPETRO, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] José Pereira Soares TRANSPETRO, Rio de Janeiro, Brasil, jose.soares.SPEC @petrobras.com.br Érica Varanda TRANSPETRO, Rio de Janeiro, Brasil, [email protected] RESUMO: Este trabalho apresenta os estudos realizados para definir a melhor solução de engenharia para mitigar os riscos da faixa onde um duto foi atingido por uma corrida de detritos contendo bloco de rocha, solo, troncos de árvores. A região onde ocorreu a corrida estava inserida numa área florestal, com vegetação bem densa e árvores de grande porte, num talvegue de alta declividade, preenchido por uma grande massa, onde predominavam blocos de rocha. A rocha mãe destes blocos é constituída basicamente por gnaisse apresentando falhas, fraturas e intenso inteperismo. Assim que foi descoberto o duto exposto pela corrida de detritos foi solicitada a parada imediata do mesmo. Para que o duto pudesse voltar a funcionar, foi necessária a realização de algumas obras provisórias. Foi feito uma variante, ao longo da estrada, onde o duto foi apoiado sobre uma estrutura metálica, a montante do talvegue onde o duto foi atingido. Foram estudadas três alternativas para locação definitiva do duto e para isso foram realizados diversos serviços de campo, tais como levantamento topográfico e sondagens. Após definido o melhor traçado para o novo duto, foi necessária a realização de algumas obras de contenção. PALAVRAS-CHAVE: Corrida de Detritos, Duto. 1 INTRODUÇÃO Dutos enterrados são estruturas largamente utilizadas no segmento de transporte de petróleo, gás e seus derivados no Brasil, percorrendo grandes distâncias e atravessando as mais diversas unidades geomorfológicas. Por ficarem enterradas, estas estruturas estão sujeitas a todos os processos que envolvam o terreno de fundação, devendo ser encaradas como uma obra geotécnica. Como a malha de dutos no Brasil é muito extensa, é de se esperar que alguns trechos atravessem áreas geologicamente instáveis. Nestes locais, o duto fica submetido a esforços impostos pelo terreno, podendo colocar em risco a sua integridade, inclusive nas travessias de drenagens naturais passíveis de ocorrências geotécnicas do tipo corrida de detritos. Este trabalho apresenta o evento geotécnico (corrida de detritos) ocorrido, e descreve cada uma das alternativas avaliadas para mitigação do risco para o oleoduto e mostra o motivo para escolha da solução. 2 DESCRIÇÃO DA REGIÃO A Serra do Tinguá, localizada no estado do Rio de Janeiro, exibe na sua área de 26 mil hectares, cuja cota mais elevada atinge cerca de 1600 m, encostas abruptas secionadas por vales profundos, com inclinação de até 30º e escarpas rochosas verticais esculpidas segundo os planos de falhas tectônicas impostas ao maciço. As falhas e as fraturas são responsáveis também pela topografia em patamares escalonados. Também estão presentes zonas de blocos rochosos individualizados em espessos depósitos de tálus. A Serra do Tinguá é atravessada por uma estrada bicentenária com pavimento em seixos. A estrada corta também canais de drenagem natural, com inclinação de 15º a 30º; em alguns dos cruzamentos, há muros de pedra arrumada para conter os aterros que compõem os taludes de jusante. O oleoduto foi implantado se aproveitando desta estrada, mas a faixa, ao longo dos seus 6 km lineares, também cruza a estrada e travessias profundas com taludes íngremes. Por conta disto, a faixa de influência direta é extremamente restrita, imprensada entre os taludes da estrada e os canais de drenagem. Nas travessias de drenagens o duto foi lançado em valas escavadas nos depósitos de materiais transportados que ocupam os leitos, contidos por muros construídos com blocos de rocha encontrados em abundância no local. 3 geralmente nas cabeceiras de drenagens principais e secundárias, associadas à concentração de sedimentos e água, numa quantidade crítica para o seu desenvolvimento no canal (figura 1). Por vezes, são formadas a partir da instabilização dos materiais depositados no leito dos rios, com a passagem de certa quantidade de água, provindas de intensas precipitações pluviométricas ou ruptura de barragens naturais ou artificiais. CORRIDA DE DETRITOS Normalmente as corrida de detritos são caracterizadas por uma movimentação de solo na forma de escoamento viscoso, a qual envolve fluido geralmente denso, composto pela mistura de blocos de rocha, solo, galhos, troncos de árvores e quantidades variáveis de água. São fenômenos de características catastróficas que mobilizam um volume de material muito significativo em um curto espaço de tempo, e sem indicativo prévio, podendo apresentar grande capacidade erosiva e de assoreamento. Este tipo de movimento de massa possui peculiaridades devido a alta velocidade, elevada capacidade de erosão e destruição, tanto das margens do talvegue como do fundo do leito principal. Sua ocorrência está associada a um conjunto de condicionantes do meio físico que propiciam a sua formação e seu desenvolvimento, sendo eles: • geológico - existência de abundante fonte de partículas e detritos de solos e/ou rocha passíveis de mobilização; • geomorfológico - encostas íngremes (geralmente acima de 25 graus); • hidrológico - fonte abundante de água atingindo os materiais suscetíveis a escorregamentos. As corridas de detritos formam-se Figura 1. Desenho esquemático. Os mecanismos de geração das corridas de detritos dependem de uma série de fatores, como anteriormente apresentados. A combinação desses elementos gera processos com dinâmicas e magnitudes distintas. Podem ser identificados três modelos de geração de corridas de detritos: • massas mobilizadas por meio de escorregamentos nas encostas laterais que atingem os canais de drenagem na forma de um fluido viscoso; ocorre uma mistura deste material mais fino com a água do escoamento superficial, forçando a mobilização do material grosso na drenagem. Neste caso, podem ser identificadas duas situações: escorregamentos generalizados nas encostas ou a ocorrência de um grande escorregamento com volume de sólidos suficiente para a geração do processo de corrida de massa; • materiais mobilizados por escorregamentos nas encostas atingem os canais de maneira lenta ou repentina em quantidade suficiente para formar um barramento natural, obstruindo o fluxo de água+lama. Por aumento da pressão de água a montante, ocorre a ruptura do barramento. Verifica-se que em muitos casos, o processo atinge magnitudes maiores, mobilizando grande quantidade de material a jusante; • vazões elevadas de água, geradas por chuvas muito intensas, aumentam a lâmina d’água nas calhas de drenagem, até um nível crítico em que se inicia a mobilização do material do leito. Este tipo de evento é recorrente no tempo, sendo este em geral superior do que quando comparado com o de outros movimentos de massa de solo. Apesar deste fato, o fenômeno pode ocasionar conseqüências mais graves, devido ao seu grande poder destrutivo e extensa área de alcance. Quanto aos fatores geomorfológicos, os parâmetros que influenciam são: área total da bacia, área da bacia com declividade superior a 30º, amplitude da bacia, inclinação do canal principal e a forma da bacia (circularidade). Áreas com declividade acima de 30º são áreas potenciais à geração de escorregamentos e, portanto, potenciais fornecedoras de sedimentos para alimentar as corridas de massa. Logo, quanto maior for a porcentagem da área da bacia com declividade acima de 30º, mais crítica a bacia é em relação à geração de corridas. A inclinação média dos canais principais influencia as perdas de energia durante o processo, de modo que os canais de maior inclinação mobilizam materiais por maiores distâncias. A forma e o tamanho da bacia influenciam no tempo de concentração de águas superficiais. Bacias mais circulares e menores apresentam menor tempo de concentração, sendo mais críticas para a geração de cheias e corridas de massa. A amplitude das encostas é outro fator de influência, sendo que maiores amplitudes são mais favoráveis para a sua ocorrência. Em relação aos fatores geológicos, é de fundamental importância avaliar a disponibilidade de material passível à mobilização na bacia, como depósitos aluviais e coluviais, ou capas de grande espessura de solos residuais, pois estes podem ser removidos e contribuir para a formação do processo. Quanto aos fatores climáticos, a chuva é o principal agente deflagrador quando as encostas não sofrem influências significativas de sismos, atividades vulcânicas, ou avalanches de neve. Atividades antrópicas tais como degradação da vegetação, cortes e escavações e drenagens artificiais são fatores geralmente agravantes que contribuem para a erosão e desenvolvimento de escorregamentos, e ainda para a saturação dos solos e alimentação dos materiais para deflagração da corrida. 4 DESCRIÇÃO DO LOCAL A região onde ocorreu a corrida de detritos pode ser classificada como área de tálus / colúvio, onde predominam a ocorrência de blocos de rochas de magnitude significativa. A rocha matriz é constituída fundamentalmente por gnaisse, apresentando grande compartimentação por falhas e fraturas, intrusões e apresentando um intenso intemperismo diferencial. O local da corrida apresenta-se numa área com declividade elevada, dentro de um talvegue, com cobertura vegetal densa, como pode ser visto na Figura 2. Este ponto já tinha sido identificado como ponto de risco, em inspeções anteriores, onde um grande bloco de rocha aparentemente solto, a jusante do duto, poderia se desprender e descalçar o duto. Foi realizado projeto para estabilização do bloco, porém a obra não tinha sido feita ainda, pois estava aguardando licença ambiental, já que apresentava um pequeno córrego. Figura 2. Localização do bloco de rocha solto logo a jusante do duto antes da corrida de detritos. 5 DESCRIÇÃO DO EVENTO A corrida foi gerada a partir da ocorrência de escorregamentos nas encostas deflagrados pelo evento chuvoso de novembro de 2009, em função dos seguintes fatores: - Geologia: maciços rochosos muito fraturados (fraturas tectônicas + fraturas de alívio) servem como fonte de materiais rochosos e solo, mobilizáveis; - Geomorfologia: encostas com declividades > 25° aumentam a energia do movimento e a capacidade de mobilização de depósitos nas margens; - Hidrologia: chuvas do dia totalizaram 156,8 mm em 8 horas. Rompidos das encostas fragmentos rochosos, solo e detritos vegetais atingiram o curso d´água onde escoaram com alto potencial energético, retrabalhando depósitos de antigas corridas, depósitos de encosta de taludes marginais e os sedimentos menos grosseiros, ganhando maior volume e energia de deslocamento. Ao atingir o paredão rochoso a 150 m do trecho afetado, a montante da estrada, a corrida de massa se transformou numa avalanche, “lavou” a rocha do paredão, removeu o material ali presente, e destruiu o muro (de pedra) que arrimava o talude a jusante da estrada, no cruzamento da via com o talvegue. Ao atingir o patamar da estrada, o material se dividiu; parte depositou e parte se espraiou. Neste alargamento a frente de onda incorporou os materiais dispostos nas laterais do canal, que foram transportados e ajudaram a mobilizar parte do depósito de blocos dispostos ao longo do canal. Como encontraram logo um patamar natural de deposição, situado em um compartimento morfológico menos íngreme, os blocos rochosos logo se depositaram por perda de energia potencial, enquanto o avanço do fluxo “levava” o material de granulometria mais fina. Este evento, não rompeu o duto, porém provocou danos e teve como conseqüência a paralização de sua operação. A estrada de acesso ficou totalmente destruída. Após o evento, imediatamente acima do duto, observou-se o acúmulo de grande quantidade de blocos de rocha e solo transportados, inconsolidados (figura 3). Percebe-se que o material a montante encontrava-se numa condição de equilíbrio instável, podendo ser reativada a qualquer instante a sua movimentação. Os blocos de rocha podiam ter sua frágil estabilidade comprometida, pois o material de fundação era composto por solo saturado e susceptível a processos erosivos, tanto superficiais quanto internos (piping). Figura 3. Vista da região, após a corrida de detritos. Independente dos problemas estruturais a que o duto foi acometido pelo choque de grandes blocos de rocha (figura 4), foi constatado que o mesmo permanecia susceptível aos esforços causados, tanto por uma eventual movimentação dos blocos localizados imediatamente acima do duto, por descalçamento dos mesmos, quanto pelo impacto de blocos que podiam ser mobilizados mais a montante. Esta reativação dos movimentos podia ocorrer, por exemplo, por novos eventos de chuvas intensas. Desta forma, ficou decidido que o duto iria ficar fora de operação até que fossem adotadas medidas mitigadoras e/ou reparadoras. Figura 5. Variante provisória. 7 ALTERNATIVAS PARA TRAVESSIA DO DUTO Foram estudadas 3 alternativas diferentes para travessia do duto pelo talvegue. 7.1 Figura 4. Vista da situação do duto após a corrida de detritos. 6 SOLUÇÃO PROVISÓRIA Devido, principalmente, às condições de instabilidade dos materiais de fundação em que estão assentes os blocos de rocha localizados acima do duto, e também pela dificuldade e riscos envolvidos na remoção dos referidos blocos, recomendou-se a execução de uma variante (figura 5) posicionada em cota superior, lançada sobre apoios metálicos e protegida por estrutura tubular. Nesta condição, o duto não deveria ser operado em situação de chuvas intensas, em que fosse constatado o aumento significativo da vazão da drenagem. Alternativa 1 Travessia aérea do oleoduto, ao longo da diretriz atual, através de estrutura metálica, em treliça. A estrutura metálica terá a função de sustentação e proteção do duto a eventuais impactos de galhos de árvores. Os apoios da estrutura metálica deverão ser projetados de forma a não haver risco de impacto de blocos, ou seja, devem ser locados fora dos limites do canal de drenagem (talvegue). Para garantia da integridade da estrutura metálica e segurança da ombreira do talvegue, seria necessária a construção de uma estrutura de impacto em gabiões e concreto armado à montante da estrada e outra estrutura em gabião na ombreira. 7.2 Alternativa 2 Construção da travessia do oleoduto em local a montante de onde foram detectados afloramentos do dique de diabásio. Desta forma, o duto pode ser lançado numa trincheira escavada na rocha sã sendo posteriormente protegido por uma laje de concreto armado e, assim, completamente protegido de impactos de blocos que eventualmente viessem a se desprender de cotas superiores. 7.3. Alternativa 3 Passagem do duto pela diretriz da faixa atual, em degrau de afloramento do topo rochoso, protegido por uma laje de concreto armado. Esta alternativa contempla também a execução de cortinas atirantadas laterais para estabilização das ombreiras do talvegue. 8 Afloramento do maciço rochoso (dique) em uma das laterais do talvegue SERVIÇOS DE CAMPO As seguintes atividades de campo foram realizadas para escolha da solução definitiva: • Levantamento planialtimétrico da faixa de duto com seções indicando o duto e o terreno natural; • Sondagens mistas posicionadas em ambos os lados do canal na faixa de duto; • Sondagens mistas posicionadas no afloramento rochoso à montante da faixa; • Limpeza e desmonte de blocos de rocha instáveis; • Levantamento planialtimétrico do local que mostra o afloramento rochoso à montante da faixa; • Mapeamento geológico da área e avaliação das condições de estabilidade dos blocos. 9 ESCOLHA DEFINITIVA DA SOLUÇÃO Após analise dos estudos preliminares, optou-se pela alternativa 1, que contempla a passagem aérea em estrutura metálica com fundações em tubulões, muro de impacto a montante para proteção da estrutura metálica e contenção lateral com gabiões. A alternativa 2 foi descartada após análise do perfil geológico gerado pelas sondagens mostrar que o topo do dique de diabásico (maciço rochoso) que aparece em uma das laterais do talvegue (figura 6) mergulhava abruptamente, ficando muito profundo na lateral oposta do talvegue. Este fato inviabiliza a proteção do duto no maciço rochoso. Figura 6. Afloramento do dique de diabásio. A alternativa 3 foi descartada porque as sondagens mostraram que o que parecia ser um afloramento do maciço, era um grande bloco de rocha enterrado, inviabilizando esta alternativa. Alem do mais, esta escolha implicaria na realização de obras de grande porte para contenção das ombreiras (cortinas atirantadas). 10 PROJETO E OBRAS A partir das análises realizadas, a opção da estrutura metálica em treliça para a travessia do duto pelo talvegue foi a que garantia menor grau de risco para o duto. Além da estrutura metálica treliçada, o projeto contempla a construção de estrutura de impacto à montante da travessia e contenção de ombreira lateral. As duas obras foram feitas em gabiões conforme pode ser visto nas figuras 7, 8 e 9. Figura 7. Estrutura de impacto construída transversal ao talvegue à montante da passagem aérea do duto. Estrutura de contenção com gabiões na ombreira de uma das laterais do talvegue três pontos. Junto a esses inclinômetros foram também instalados piezômetros para medir elevação do nível d’água no interior do solo, que é a principal causa da movimentação do solo. Alem disso foi instalado um pluviógrafo para medições da intensidade de chuva na região. 11 Figura 8. Obra de contenção da ombreira lateral do talvegue. Execução de um das fundações da estrutura metálica Figura 9. Parte da contenção lateral e uma das fundações da estrutura metálica. 10 MONITORAMENTO GEOTÉCNICO Mesmo com todas as obras finalizadas e em curso no local, concluiu-se que em se tratando de uma região susceptível a eventos geotécnicos é importante que na área seja instalada instrumentação geotécnica para que parâmetros importantes como: movimentação do solo, elevação do nível piezométrico e intensidade pluviométrica, sejam detectados previamente antes de alcançarem níveis que possam interferir na integridade das estruturas e do duto. Assim sendo, foram instalados inclinômetros para monitoramento da movimentação do solo e . SISTEMA DE ALERTA Freqüentemente, principalmente no verão, aumentam as discussões sobre a situação de risco a corridas de massa sob a qual se encontram os dutos nas regiões serranas no Brasil. Tal preocupação se justifica. Em geral, à época da escolha dos traçados, o conhecimento das características do meio físico que indicam um potencial de ocorrência de corridas de massa ainda não estava à disposição, o que fez com que muitos dutos fossem implantados buscando-se apenas a maior linearidade possível, com vistas a reduzir os custos. Na última década, não por acaso, algumas travessias de dutos em regiões serranas foram afetadas por corridas de massa. Diferentes questões envolvendo as corridas de massa foram estudadas por pesquisadores desde os desastres que afetaram a Cidade do Rio de Janeiro em 1996. Tais estudos permitiram acumular conhecimento sobre as condicionantes predisponentes, os mecanismos de início, os instrumentos de previsão de ocorrência e os mecanismos de propagação das corridas de massa. Até o momento, entretanto, este conhecimento não foi transferido para nenhum programa de redução dos problemas que afetam obras lineares via avaliações quantificadas e gestão adequada de riscos. Há, portanto, uma combinação de fatores que faz com que, apesar do grande número de variáveis envolvidas na previsão da ocorrência e alcance das corridas de massa, se estabeleça um projeto que una de um lado, os responsáveis pela aplicação de instrumentos de gestão dos riscos que reduzam os custos associados à manutenção da segurança das faixas que cruzam as serras, e de outro, os agrupamentos geotécnicos que trabalham diretamente com o problema. Com vistas a concretizar esta oportunidade, está em desenvolvimento, através de um contrato de serviço, entre o CENPES/TRANSPETRO/PETROBRAS e a PUC-Rio, uma plataforma gráfica integradora dos instrumentos e módulos disponíveis para previsão e gestão de risco associado a corridas de massa em áreas serranas do Brasil, dotada também de procedimentos para a tomada de decisão durante eventos pluviométricos extremos. A construção do sistema para a análise de risco a corridas de massa (para dutos) em regiões serranas constitui, contudo, uma tarefa complexa, devido à diversidade de parâmetros e de modelos geológicos que precisam ser analisados para o entendimento do comportamento global da bacia de drenagem. Por conta disto, partiu-se para desenvolvimento de um protótipo na Serra do Tinguá. Desta forma será possível testar a metodologia e avaliar sua aplicabilidade para os demais canais de drenagem que tenham dutos sob risco no Brasil.