A EMPREGABILIDADE DOS RESÍDUOS DE DEMOLIÇÃO (RCD): BENEFÍCIOS AMBIENTAIS CONSTRUÇÃO CIVIL E Luis Carlos Camoleis 1 José Roberto P. Bueno 2 João Henrique do Nascimento e Silva 3 RESUMO Inicialmente, ao falar de entulho, deve-se vê-lo como uma fonte de materiais de grande utilidade para a construção civil, como agregados para argamassa e concreto e o uso na pavimentação asfáltica. A reciclagem nesta área ocorre das seguintes maneiras: uso de resíduos de indústrias, como siderúrgica e metalúrgica; transformação dos resíduos de construções e demolições (RCD) em novos materiais de construção. O objetivo deste estudo é levantamento bibliográfico do emprego do RCD na construção civil. A aplicação do agregado reciclado se dá atualmente em base e sub-base de pavimentação, devido ao grande volume absorvido e a facilidade de processamento, no entanto, conforme constatado neste trabalho verifica-se que o RCD pode também ser empregado na construção de residências mediante estudos de viabilidade técnica. Palavras chave: construção civil, resíduos, reciclagem. 1 Graduando em Engenharia Civil do Centro Universitário de Araras. “Dr. Edmundo Ulson”. Graduando em Engenharia Civil do Centro Universitário de Araras. “Dr. Edmundo Ulson”. 3 Mestre em Agroecologia e Desenvolvimento Rural. Professor Adjunto. Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson”. E-mail: [email protected]. 2 2 INTRODUÇÃO A exploração desenfreada dos recursos naturais, o processo de industrialização, o êxodo rural e o aquecimento da economia, dentre outros fatores, contribuíram para um aumento da geração dos resíduos sólidos dentre eles o Resíduo de Construção e Demolição (RCD). O conceito de desenvolvimento sustentável estende às gerações futuras a sobrevivência do planeta em que vivemos. Torna-se imprescindível o uso racional dos recursos naturais, da energia e da implantação de mais lógica na gestão de resíduos (JOHN, 2000). Em países em desenvolvimento como o Brasil, o setor da construção civil tem importante papel no processo de crescimento e redução no desemprego, dada a sua capacidade de rapidamente gerar vagas diretas e indiretas no mercado de trabalho e absorver significativo porcentual da mão de obra nacional. Assim, pode-se dividir o papel estratégico desse setor em déficit habitacional e desemprego. Porém a construção civil é uma atividade econômica com efeitos nocivos ao meio ambiente, por contribuir para o esgotamento de recursos naturais, consumir energia, poluir o ar, o solo e a água e produzir resíduos (MARQUES NETO, 2005). O descontrolado crescimento da população mundial impulsionou o aumento da demanda por bens e serviços, o que gerou uma sociedade de consumo e desperdício como jamais acontecera na história. Paralelamente, aliado ao avanço tecnológico, o progresso da indústria propiciou a criação de novos produtos, cujo uso indiscriminado levou a dilapidação dos recursos naturais. Nesse paradigma, a preservação da natureza era vista como antagônica ao desenvolvimento e os recursos naturais eram considerados inesgotáveis. Tradicionalmente, os resíduos gerados durante a produção e ao final de sua vida útil eram descartados em aterros irregulares (MARQUES NETO, 2005). Atualmente, a reciclagem de materiais tem se fortalecido como um eficiente mecanismo para solucionar e/ou minimizar os problemas oriundos do não gerenciamento dos resíduos gerados pelas atividades antrópicas. A reciclagem também ganha força pela busca de novos materiais, como os da construção civil, que possam substituir as matérias-primas retiradas do meio ambiente. Os Resíduos de Construção e Demolição – RCD, também denominados como entulho, tem se tornado um dos alvos do meio técnico-científico, utilizando o mesmo como agregado para inúmeros usos na construção civil e também na pavimentação rodoviária, entrando como substituto às matérias-primas hoje utilizadas nestes setores (CARNEIRO, 2001). Os Resíduos de Construção e Demolição (RCD) causam tantos problemas à vida urbana e ao meio ambiente que a mais perfeita saída é que o mesmo seja aceito como fonte de materiais, de recursos que podem ser reutilizados na construção civil e diversos setores. Oliveira, et al. (2005), afirmam ainda que, além de atrair a deposição de outros resíduos no local, possa ocasionar um ciclo vicioso 3 de gastos públicos com limpeza, porquanto mais lixo será depositado ali posteriormente. O enorme desperdício de materiais na construção civil no Brasil é verdadeiro, e bem superior a outros países. Carneiro et al. (2001 apud MOTTA e FERNANDES, 2003), relata que os resíduos gerados nessa atividade têm uma apreciável heterogeneidade em termos da sua composição. Sua quantidade varia de 54% a 70% dos resíduos sólidos urbanos de cidades brasileiras como o Rio de Janeiro e Belo Horizonte, representando uma geração per capita entre 0,4 e 0,76 t /hab./ano (MOTTA; FERNANDES, 2003). A inclusão da questão ecológica na arena do debate público, ao longo de já quase três décadas, produziu uma considerável elevação no grau de consciência social sobre o tema, como demonstrou a própria Conferencia Mundial de 1992 no Rio de Janeiro (CALDERONI, 2003). Entretanto, a prática de medidas para diminuição dos impactos ambientais provenientes das atividades do setor da construção civil faz-se imprescindível, visto o amplo volume de geração desse resíduo, bem como dos contratempos que o mesmo acende. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Legislações Sobre Resíduos de Construção Civil A Resolução 307 do Conselho Nacional do Meio Ambiente CONAMA define as responsabilidades do poder público e dos agentes privados quanto aos resíduos da construção civil e torna obrigatória a adoção de planos integrados de gerenciamento nos municípios, além de projetos de gerenciamento dos resíduos nos canteiros de obra. Os principais aspectos da Resolução CONAMA nº. 307 de 2002, alterada pela Resolução 348/04,Resolução 431/11 e Resolução 448/12, são a definição e a classificação e destinação dos resíduos da construção civil. Onde define-se que “Resíduos da construção e demolição são os provenientes da construção, demolição, reformas, reparos e da preparação e escavação de solo” e a dada a classificação em: I - Classe A: são os resíduos reutilizáveis ou recicláveis como agregados, tais como: a) de construção, demolição, reformas e reparos de pavimentação e de outras obras de infraestrutura, inclusive solos provenientes de terraplanagem; b) de construção, demolição, reformas e reparos de edificações: componentes cerâmicos (tijolos, blocos, telhas, placas de revestimento etc.), argamassa e concreto; 4 c) de processo de fabricação e/ou demolição de peças pré-moldadas em concreto (blocos, tubos, meio-fios etc.) produzidas nos canteiros de obras; II - Classe B - são os resíduos recicláveis para outras destinações, tais como: plásticos, papel, papelão, metais, vidros, madeiras e gesso; (redação dada pela Resolução n° 431/11). III - Classe C - são os resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias ou aplicações economicamente viáveis que permitam a sua reciclagem ou recuperação; (redação dada pelaResolução n° 431/11). IV - Classe D: são resíduos perigosos oriundos do processo de construção, tais como tintas, solventes, óleos e outros ou aqueles contaminados ou prejudiciais à saúde oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas radiológicas, instalações industriais e outros, bem como telhas e demais objetos e materiais que contenham amianto ou outros produtos nocivos à saúde. (redação dada pela Resolução n° 348/04). Com isso, a reciclagem ganhou uma força extra. Iniciaram-se as implantações de planos de gerenciamento de RCD em canteiros, e normas técnicas foram elaboradas por Comitês Técnicos e publicadas pela ABNT em 2004 (Quadro 1). Quadro1. Normas Técnicas Relativas a RCD. Fonte: Autores, 2014. A maior parte desse resíduo é depositada em bota-fora irregular e até mesmo clandestina, nas margens de rios e córregos ou em terrenos baldios, na maioria das cidades brasileiras. A deposição irregular de entulho, segundo Mendes et al. (2004), origina proliferação de vetores de doenças, entupimento de galerias e bueiros, assoreamento de córregos e rios, contaminação de águas superficiais e poluição visual. Quanto à origem dos resíduos nos municípios brasileiros, destacam-se como predominantes as reformas, ampliações e demolições, em conformidade com os dados extraídos de Pinto e Gonzales (2005) e apresentados na Figura 1. Figura 2. Origem dos RCD em municípios brasileiros. 5 Fonte: PINTO e GONZALÉS, 2005. 2.2. Vantagens da Reciclagem do RCD Reciclar é muito importante por preservar recursos naturais, e por preservar o meio ambiente, diminuindo o material aterrado ou jogado a céu aberto, evitando-se a poluição do ar, da terra e da água. Contribui, ainda, para o adequado manejo dos resíduos sólidos, minimizando os problemas com vetores e doenças associadas aos resíduos e, além disso, torna o custo da produção menor, se comparado com o da produção originada diretamente da matéria-prima virgem e ainda gera renda pela comercialização dos recicláveis (LIMA e CHENNA, 2000). 2.3. Caracterização e Composição dos RCD'S O RCD talvez seja o mais heterogêneo dentre os resíduos industriais. Ele é composto de restos de praticamente todos os materiais e componentes utilizados pela indústria da construção civil, como brita, areia, materiais cerâmicos, argamassas, concretos, madeira, metais, papéis, plásticos, pedras, tijolos, tintas, etc., e sua composição química está vinculada à estrutura de cada um desses seus constituintes (SILVA, 2004). Os RCD são produzidos pelas atividades da construção civil por meio de diversos agentes: empresas construtoras, incorporadores imobiliários, empresas de pequeno e médio porte prestadoras de serviços de engenharia, órgãos públicos e empreiteiros(CARNEIRO et al., 2001). Sendo basicamente compostos por: a) concretos, argamassas, materiais cerâmicos, areia e argila; b) asfalto, material com alto potencial de reciclagem em obras viárias; c) metais ferrosos: utilizados pela indústria metalúrgica; d) madeiras: material parcialmente reciclável com o agravante de que se impermeabilizadas ou pintadas devem ser consideradas como material poluente e tratadas como resíduos industriais perigosos em decorrência do risco de contaminação (LAURITZEN, 1993); e outros materiais, como papel, papelão, plásticos e borracha, etc, são passíveis de reciclagem, porém apresentam 6 desvantagens diante dos avanços adequadamente tratados e dispostos. tecnológicos. Nesse caso, devem ser O manual de Gerenciamento Integrado divide os RCD em três grupos (VIEIRA, 2000), sendo: Grupo I: materiais compostos de cimento, cal, areia e brita, tais como: concreto, argamassa e blocos de concreto;Grupo II: materiais cerâmicos, tais como telhas, manilhas, tijolos e azulejos; Grupo III: diversos, tais como: gesso, solo, metal, madeira, papel, plástico, matéria orgânica, vidro e isopor. Segundo Carneiro et al. (2001), as características dos RCD estão diretamente ligadas a parâmetros específicos de sua região geradora e da variação ao longo do tempo. Em países desenvolvidos, por exemplo, as construções prediais geram muitos resíduos de plásticos e papéis oriundos de embalagens de materiais, já países em desenvolvimento, basicamente, geram resíduos provenientes das etapas construtivas, como concreto, blocos, tijolos, azulejos, pisos cerâmicos e argamassas, em razão das altas perdas durante o processo. A variabilidade da composição dos RCD se deve aos tipos de construção que, por sua vez, são decorrentes da cultura dos diversos países e regiões (MARQUES NETO, 2005). 2.3.1. Diversas Aplicações do RCD Reciclado Para a fabricação de um produto, utilizando material reciclado, é necessário a realização de estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental, além do convencimento do mercado para a importância de sua utilização e, principalmente, a necessidade de investimento em tecnologias alternativas. A valorização do material reciclado, como uma opção ao convencional, deve possibilitar a geração de um produto com qualidade, estética, produtividade e, o mais importante, no aspecto de reciclagem, com potencial para reduzir impactos da poluição ambiental (KIYOTO e COVAES, 2006). As principais aplicações do material reciclado do RCD estão na pavimentação e na fabricação de concreto, embora sejam mencionadas outras aplicações como na fabricação de tijolos, meio fios, canaletas entre outros (fig.3 do anexo) (KIYOTO e COVAES, 2006). 2.3.2. Uso em Pavimentação Asfáltica Atualmente, o uso de agregados provenientes de RCD reciclados como bases de pavimentação está em processo de normatização. Cidades como São Paulo e Belo Horizonte foram bem-sucedidas na utilização de agregados provenientes de RCD reciclado em larga escala (BODI, 1997; PINTO, 1999). 7 A aplicação de entulho na forma de brita corrida ou em misturas do resíduo com solo, em bases, sub-bases e revestimentos primários de pavimentação, é a forma mais simples de reciclagem (ZORDAN, 1997). Segundo Ângulo et al. (2002), o atual estágio das pesquisas indica que a utilização de agregados oriundos da reciclagem de RCD na pavimentação é a única alternativa tecnologicamente consolidada. De acordo com Zordan (2002), algumas vantagens dessa aplicação são: menor utilização de tecnologia e com menor custo operacional; utilização de todos os componentes minerais do entulho, sem necessidade de separação; economia de energia na moagem do entulho, por manter a granulometria graúda; maior utilização de resíduos oriundos de pequenas obras e demolições que não reciclam seus resíduos no próprio canteiro; maior eficiência dos RCD em relação às britas na adição com solos saprofíticos. 2.3.3. Utilização Como Agregado Para Argamassa Segundo Zordan (1997), os agregados provenientes da reciclagem de RCD podem ser usados em argamassas de assentamento de tijolos e blocos ou em revestimentos internos e externos (chapisco, emboço e reboco) de residências. As vantagens dessa utilização podem ser observadas nos próprios canteiros de obras, pela redução dos custos de transporte, do consumo de cimento e cal e pelo ganho na resistência à compressão do material reciclado em relação às argamassas convencionais. Nas argamassas e produtos de cerâmica vermelha e de revestimento, estão presentes faces mais porosas e de menor resistência mecânica, o que ocasiona uma redução da resistência dos agregados e um aumento da absorção de água (ANDRADE, 2001). Porém como limitação de uso, as argamassas de revestimento obtidas com esse material apresentam problemas de fissuração, possivelmente pela excessiva quantidade de finos presentes no entulho moído pelas argamasseiras (ZORDAN, 1997). 2.3.4. Utilização Como Agregado Para Concreto A fração composta predominante de concretos estruturais e rochas naturais podem ser recicladas como agregados para a produção de concretos estruturais. Os agregados mistos possuem sua aplicação limitada a concretos de menor resistência, como blocos de concreto, contra pisos, camadas drenantes, etc.(AGOPYAN, 2001). Zordan (1997), afirma que é possível realizar-se a reciclagem da parte mineral do entulho para a confecção do concreto. Esta utilização tem por objetivo maximizar os recursos desse resíduo e empregar o mínimo de energia possível 8 sobre ele, onde nenhuma parte de sua composição mineral é retirada do entulho. Tal técnica foi possível, pois a metodologia aplicada não definia previamente nenhuma aplicação para o concreto produzido. SegundoLevy (2002),em relação ao concreto convencional, a substituição de 20% (m/m) de agregados de concreto ou alvenaria por reciclados, desde que livres de contaminantes e impurezas, não interferem na resistência mecânica e na durabilidade dos concretos. Os agregados convencionais que compõem o concreto podem ser substituídos por agregados provenientes dos RCD reciclados como possibilidade de melhoria no desempenho do concreto pelo baixo consumo de cimento (ZORDAN, 2002). O concreto é muito requisitado na area da construção civil, no entanto sua produção causa a emissão de gases poluentes na atmosfera como o CO2, contribuindo para o aumento do efeito estufa. Além de seu destino final ser, quase sempre, lixões à ceu aberto, causando sérios danos ao meio ambiente. Por essa perspectiva segundo Masharú et al., (2013), propõe a utilização do concreto ecológico, e podendo substituir em até 40% a quantidade de cimento na mistura tradicional para a elaboração do concreto, permitindo a diminuição da poluição originada pela indústria do cimento, atenuando assim a quantidade de CO2 que é lançado na atmosfera. Além de dar uma destinação mais ecologicamente correta aos residuos solidos gerados pela construção civil que autrora eram considerados sem utilidade. Os benefícios da utilização do concreto ecológico na sociedade partem da ótica do autossustentável no que tange as vertentes ambientais, sociais e econômicos. Assim, diversos estudos sobre o concreto ecológico fornecem subsídios que colabora com o avanço do conhecimento sobre os efeitos dos agregados da construção civil. O estudo da viabilidade técnico-econômica da produção de concreto ecológico visa dar um destino ecologicamente correto ao mesmo, verificar a resistência e elementos referentes à durabilidade do concreto ecológico nas construções. No entanto, o uso de agregados reciclados em concreto demanda grande confiabilidade nas características dos agregados (ÂNGULO et al., 2002), uma vez que de acordo com Neville (1997), pelo menos três de quartas partes do volume do concreto são ocupadas pelos agregados. Os agregados são produtos de mineração de baixo valor agregado, sendo que 2/3 dos custos são relativos às despesas de transporte(KULAIF, 2001).Como os RCD são gerados dentro das cidades pode existir uma grande vantagem entre os agregados reciclados com relação aos naturais (ÂNGULO et al., 2003). 9 John (2000), estima que o setor de construção civil brasileiro consome cerca de 210 milhões de toneladas/ano de agregados naturais somente para produção de concreto e argamassas, justificando seu emprego no setor. 3. METODOLOGIA O trabalho desenvolvido segue os princípios dos estudos realizados, por meio de uma pesquisa bibliográfica, que, segundo Gil (2008), “é desenvolvida a partir de material já elaborado, compostos de livros e artigos científicos”. A maioria dos estúdios exploratórios é conceituada como revisão bibliográfica mediante as fontes bibliográficas que são grandes em números e podem ser classificados conforme quadro abaixo: Figura 1. Classificação fontes bibliográficas. Fonte: Gil (2008) p.44. A pesquisa bibliográfica tem vantagem pelo fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gradiente de fenômenos muito vasto do que aquela que poderia pesquisar diretamente, tornando relevante quando a problemática necessita de dados muito dispersos pela ciência (TRUJILLO, 1997). Foram utilizados livros, periódicos que abordam a temática, em idioma português e inglês, disponíveis na biblioteca do Centro Universitário de Araras “Dr. Edmundo Ulson”, e na internet. 10 4. DISCUSSÃO DOS DADOS O setor da construção civil possui um alto grau impactante devido a grande exploração dos recursos naturais, elevada quantidade e diversidade dos resíduos gerados, disposição em locais inapropriados e esgotamento de áreas de deposição devido à valorização e ocupação das áreas urbanas e do alto custo de gerenciamento do resíduo. Desta maneira, torna-se de fundamental importância o envolvimento de toda a sociedade e de todas as autoridades relacionadas ao assunto, para que se possa almejar um modelo de desenvolvimento sustentável visando o uso racional dos recursos naturais, evitando desperdícios, reciclando e reutilizando todos os resíduos. A reciclagem dos RCD´S torna-se extremamente interessante na questão da destinação do resíduo gerado e geração de um produto de baixo custo, resultando em benefícios ambientais. A produção de agregados com base no resíduo pode gerar economias de mais de 80% em relação aos preços dos agregados convencionais. A partir deste material é possível fabricar componentes com uma economia de até 70% em relação a similares com matéria-prima não reciclada. Esta relação pode variar, evidentemente, de acordo com gastos indiretos, a tecnologia empregada nas instalações de reciclagem, custo dos materiais convencionais e custos do processo de reciclagem implantado. Sendo que o emprego do material reciclado em programas de habitação social traz bons resultados, com a redução significativa dos custos de produção da infraestrutura e das unidades em si. Atualmente, o volume gerado pelos resíduos é considerado grande, ocupando, portanto muito espaço nos aterros. Seu transporte, em função não só do volume, mas do peso, torna-se caro. E a reciclagem com o reaproveitamento do resíduo é, portanto, de fundamental importância para o controle e minimização dos problemas ambientais causados pela geração de resíduos, e para seu reaproveitamento na criação de diversos produtos com valor agregado. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Conclui-se que, devido a grande utilidade, inúmeras aplicações e diversas vantagens o resíduo de construção e demolição, desde que corretamente processado, pode ser amplamente utilizado no Setor da construção civil contribuindo com a preservação ambiental. As normas vigentes não garantem a homogeneidade dos agregados reciclados, nem sua aceitação no mercado. O custo do controle de qualidade é baixo e precisa ser implantado o com o intuito de se reduzir a variabilidade e de melhorar a qualidade e a confiabilidade do produto. 11 Porém, aspectos importantes como classificação dos agregados e garantia de qualidade necessitam de aperfeiçoamento para consagração do emprego dessas técnicas. Deste modo, faz-se necessário o desenvolvimento de pesquisas inerentes a aplicação desse resíduo em obras civis. ABSTRACT Initially, when we speak of rubble, we see it as a source of useful materials for construction, as aggregate for mortar and concrete and use in asphalt paving. Recycle in this field is the following: use of waste industries such as steel and metal processing, construction and demolition waste (CDW) in new building materials. The aim of this study is the use of literature in RCD construction. The use of recycled aggregates when the sub-base and pavement base provides, due to the large volume absorbed and ease of processing, however, as shown in this study, it appears that the RCD can also be used for building houses by technical feasibility studies. Keywords: construction, waste, recycle 12 Bibliografia ANDRADE, A. C.; SOUZA, U. E. L.; PALIARI, J. C.; AGOPYANEstimativa da quantidade de entulho produzido em obras de construção de edifícios. In: Seminário Desenvolvimento Sustentável e a Reciclagem na Construção Civil: materiais reciclados e suas aplicações, IV, 2001, São Paulo, p. 65 – 74. ANGULO, S.C.; ULSEN, C.; KAHN, H.; JOHN, V. M.Desenvolvimento de novos mercados para a reciclagem massiva de RCD. In: V Seminário de Desenvolvimento sustentável e a reciclagem na construção civil. IBRACON CT206/IPEN. Anais. São Paulo. 2002. BIDONE, F. R. A. (Coord.). Resíduos sólidos provenientes de coletas especiais: eliminação e valorização. São Carlos/Rio de Janeiro: RiMa/ABES, 2001. 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