Incertezas nas projeções de variáveis hidrológicas em cenários de mudanças climáticas Prof. Juan Martín Bravo Instituto de Pesquisas Hidráulicas Universidade Federal do Rio Grande do Sul 24/06/2013 1 Organização da apresentação Mudança e variabilidade climática. Fontes de incertezas nas projeções de variáveis hidrológicas. Cenários futuros. Condição inicial de modelos. Representação dos processos físicos. Discretização espacial. Modelos climáticos. Remoção de bias. Exemplo de resultados em estudos de casos. 24/06/2013 2 Termos auxiliares Ensemble: Conjunto. Anomalia: Diferença entre um valor da série ou projeção e o valor médio no período de referência. GEE: Gases que provocam efeito estufa. Bias: Viés. IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change 24/06/2013 3 Mudança e variabilidade climática Representa uma variação do clima ao longo do tempo associada a diferentes causas. Fatores do clima que “variam”: Temperatura Precipitação Nebulosidade Outros fenômenos climáticos Causas naturais ---------------- Variabilidade climática + Causas antrópicas ------------- Mudança climática IPCC Mudança climática 24/06/2013 4 Mudança e variabilidade climática Principais causas Antrópicas Gases efeito estufa (GEE) Aerossóis e nuvens Ozono estratosférico Mudanças no uso da terra Mudanças naturais Erupções vulcânicas Externas Variações da atividade solar 24/06/2013 Fonte: GTI – 4AR, IPCC (2007) 5 Mudança climática Mais gases de efeito estufa na atmosfera provocam uma maior absorção de radiação infravermelha e conseqüentemente a superfície do planeta se aquece mais. 24/06/2013 6 Mudança climática Mudança no uso da terra Reconstrução da vegetação natural potencial Reconstrução das regiões de culturas e pastagens para 1750 e 1990. 24/06/2013 Fonte: GTI – 4AR, IPCC (2007) 7 Mudança climática Mudança no uso da terra 24/06/2013 8 Mudança climática Concentração atmosféricas de GEE GEE 1750 2005 %Increm. CO2 280 ppm 381 ppm 36,1 CH4 715 ppb 1774 ppb 148,1 N2O 270 ppb 319 ppb 18,15 24/06/2013 Fonte: GTI – 4AR, IPCC (2007) 9 Mudança climática observada Aumento da temperatura superficial média mundial Aumento do nível médio do mar Diminuição da cobertura de neve e extensão de geleiras 24/06/2013 Fonte: GTI – 4AR, IPCC (2007) 10 Mudança climática observada As temperaturas tem aumentado em quase todo o planeta 24/06/2013 Fonte: GTI – 4AR, IPCC (2007) 11 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Fontes de incertezas Cenários futuros. Condição inicial de modelos. Representação dos processos físicos – modelos climáticos. Discretização espacial. Remoção de bias. 24/06/2013 Fonte: GTI – 4AR, IPCC (2007) 12 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Cenários futuros - IPCC Os cenários consideram características de mudanças demográficas, de desenvolvimento econômico e mudanças tecnológicas. O cenário A1B apresenta equilíbrio entre os combustíveis fósseis e outras fontes de energia e pode ser considerado como um cenário intermediário entre os cenários A2 e B2. 24/06/2013 Fonte: Special Report on Emission Scenarios – SRES (IPCC) 13 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Cenários futuros - IPCC 24/06/2013 Fonte: Special Report on Emission Scenarios – SRES (IPCC) 14 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Projeções de temperatura e precipitação média mundial 24/06/2013 15 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Condição inicial dos modelos climáticos Sistema caótico Efeito borboleta 24/06/2013 16 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Condição inicial de modelos climáticos 24/06/2013 17 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Modelos climáticos – processos físicos – discretização espacial Diferentes modelos climáticos, com diferentes métodos numéricos, discretização espacial e temporal, parâmetros. 24/06/2013 18 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Modelos climáticos – processos físicos – discretização espacial 24/06/2013 19 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Evolução da discretização espacial dos Modelos climáticos ao longo dos Relatórios do IPCC 24/06/2013 20 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Downscaling dinâmico de modelo climáticos Modelo Regional DADOS DE ENTRADA Modelo global HadCM3 (~300 km grade) Modelo Regional Eta (40 a 20 km grade) 24/06/2013 21 Remoção de bias: Escalonamento linear 24/06/2013 22 Remoção de bias: Escalonamento linear 24/06/2013 23 Resultados clima atual Resultados clima atual Resultados clima atual Resultados clima futuro Remoção de bias: Mapeamento Quantile-Quantile 24/06/2013 28 Remoção de bias: Mapeamento Quantile-Quantile Correção clima atual 24/06/2013 29 Remoção de bias: Mapeamento Quantile-Quantile Correção clima futuro 24/06/2013 30 Remoção de bias: Mapeamento Quantile-Quantile Resultados clima atual 24/06/2013 31 Remoção de bias: Mapeamento Quantile-Quantile Resultados clima futuro 24/06/2013 32 Remoção de bias: Delta change * Estimadas anomalias entre clima atual e futuro de modelos climáticos e utilizada para perturbar os dados observados. Clima Fut. Mod. corregido + ou * Delta change Clima Atual Clima Futuro Modelo Modelo 24/06/2013 Observado 33 Estudos de caso A bacia hidrográfica do rio Paraguai 24/06/2013 34 Bacia hidrográfica do rio Paraguai Evidências de mudanças no regime hidrológico da bacia analisadas em trabalhos prévios com dados até 1996. Dados mais recentes 24/06/2013 35 Bacia hidrográfica do rio Paraguai O comportamento hidrológico da bacia parece ser bastante sensível a variabilidade climática. Grande parte da causa da variabilidade de séries de vazões e níveis foi associada à variabilidade da chuva. 24/06/2013 36 Bacia hidrográfica do rio Paraguai O objetivo dessa pesquisa é investigar a influência de cenários de mudanças climáticas no regime de precipitação e no regime hidrológico da bacia do rio Paraguai. Como forma de alcançar tal objetivo, propõe-se responder às seguintes perguntas: Qual o efeito esperado provocado por cenários de mudanças climáticas sobre a precipitação e as vazões dos rios na bacia? Existem tendências comportamentais nas previsões dos cenários de mudanças climáticas em diferentes regiões da bacia? Quais as incertezas associadas às previsões dos cenários de mudanças climáticas? 24/06/2013 37 Caracterização da bacia do rio Paraguai Cálculo de diferentes estatísticas: - Médias mensais Mínimos Máximos Análises espaciais 24/06/2013 38 Modelo hidrológico conceitual O modelo conceitual tem duas componentes principais: (1) Simulação da bacia e parte dos afluentes com modelo hidrológico distribuído chuva-vazão (MGB-IPH) (2) Simulação da rede de drenagem principal por um modelo hidráulico hidrodinâmico (HEC-RAS) 24/06/2013 39 O modelo MGB-IPH 24/06/2013 40 Modelo hidrológico conceitual Ajuste do modelo no Rio Paraguai entre Cáceres e Porto Murtinho Medidas de desempenho do ajuste do modelo em diferentes locais da bacia do Alto Paraguai 24/06/2013 41 Cenários de mudanças climáticas Quatro cenários de emissões do IPCC (IPCC, 2007) foram selecionados para a estimativa de projeções das anomalias das variáveis precipitação e temperatura do ar. Foi utilizado o modelo MAGICC/SCENGEN, (Model for the Assessment of Greenhouse gas Induced Climate Change / SCENario GENerator) versão 5.3, que considera as principais diretrizes estabelecidas pelo Quarto Relatório de Avaliação do Grupo de Trabalho 1 do IPCC 24/06/2013 42 Cenários de mudanças climáticas Os resultados correspondem a valores médios em uma janela de 30 anos. Os resultados foram obtidos para cada mês do ano. Dois Futuros: Futuro próximo (janela centrada no ano 2030) e Futuro longo (janela centrada no ano 2070). Vinte GCMs foram utilizados. Um total de 3840 simulações com o modelo MAGICC/SCENGEN (2var x 2fut x 20mod x 12meses x 4cen) 24/06/2013 Exemplo de resultado dado por um GCM: Anomalia de precipitação (%) no mês de dezembro, cenário A1B, Futuro próximo (centrado em 2030) 43 Anomalias de temperatura 24/06/2013 44 Anomalias de precipitação 24/06/2013 45 Distribuição espacial Valores médios dos resultados, cenário A2 24/06/2013 46 Modelagem de cenários de mudanças climáticas Representação da situação atual T P Modelo hidrológico conceitual QcalcA Uma única rodada Representação em cenários futuros (P e T observadas perturbadas com as projeções de anomalias) T + DT P(1+DP) Uma rodada por GCM, por cenário e por futuro Modelo hidrológico conceitual Qcalc(1+DQ ) Comparação de resultados Variação das vazões 24/06/2013 47 Escenarios de cambios climáticos Resultados preliminares en términos de caudales Cáceres Cuiabá Coxim Aquidauana Pto. Murtinho 24/06/2013 48 Projeções de vazões Porto Murtinho – Cenário A2 24/06/2013 49 Projeções de vazões Cáceres – Cenario A2 24/06/2013 50 Projeções de vazões Cáceres – Cenário A2 24/06/2013 51 Projeções de vazões Cuiabá – Cenário A2 24/06/2013 52 Projeções de vazões Cuiabá – Cenário A2 24/06/2013 53 Projeções de vazões Coxim – Cenário A2 24/06/2013 54 Projeções de vazões Coxim – Cenário A2 24/06/2013 55 Projeções de vazões Aquidauana – Cenário A2 24/06/2013 56 Projeções de vazões Aquidauana – Cenário A2 24/06/2013 57 Projeções de vazões Futuro próximo – Cenário A2 24/06/2013 58 Projeções de vazões Futuro longo – Cenário A2 24/06/2013 59 Projeções Anomalias de precipitação, temperatura e vazão – Cenário A2 24/06/2013 60 Região em estudo: Taim, RS O Sistema Hidrológico do Taim (SHT) está localizado entre o oceano Atlântico e a lagoa Mirim, sul do Estado do Rio Grande do Sul. 24/06/2013 61 Metodologia Quatro cenários: A1-AIM e A2-ASF – Alta emissão – e B1-IMA e B2-MES – Baixa emisão – Dois futuros: janela de 30 anos centrada em 2030 (futuro próximo) e em 2070 (futuro longo). Estimativa de anomalias de precipitação e temperatura para 20 MCGs. Mediana e percentil 10% e 90% do conjunto. 24/06/2013 62 Resultados e discussões: Precipitação B2-MES Futuro longo Futuro próximo A2-ASF 24/06/2013 63 Resultados e discussões: Temperatura B2-MES Futuro longo Futuro próximo A2-ASF 24/06/2013 64 Resultados e discussões: Incertezas Precipitação Temperatura 24/06/2013 65 Conclusões As projeções estimadas mostraram uma claro padrão de aumento da temperatura em praticamente todos os meses do ano, sendo a magnitude do aumento dependente do horizonte da previsão e do cenário. As projeções de precipitação futura foram mais contraditórias, pois aumentaram e diminuíram em função do MCG utilizado. Es importante ressaltar as incertezas associadas a essas projeções, que mostraram grandes discrepâncias na estimativa da intensidade das anomalias de precipitação e temperatura, principalmente no caso da precipitação. 24/06/2013 66 Região em estudo: Taim, RS O Sistema Hidrológico do Taim (SHT) está localizado entre o oceano Atlântico e a lagoa Mirim, sul do Estado do Rio Grande do Sul. 24/06/2013 67 Metodologia Desempenho dos modelos climáticos representando o clima atual 24/06/2013 Procedimento descrito por Wigley (2008). 68 Metodologia Desempenho dos modelos climáticos representando o clima atual “Melhores” “Piores” Procedimento descrito por Wigley (2008). 24/06/2013 69 Metodologia Estimativa das projeções de níveis d’água no banhado do Taim 24/06/2013 70 Resultados e discussões: Níveis d’água Série contínua Médias mensais 24/06/2013 71 Resultados e discussões: Todos os modelos B2-MES Futuro longo Futuro próximo A2-ASF 24/06/2013 72 Resultados e discussões: “Melhores” modelos B2-MES Futuro longo Futuro próximo A2-ASF 24/06/2013 73 Resultados e discussões: “Piores” modelos B2-MES Futuro longo Futuro próximo A2-ASF 24/06/2013 74 Conclusões Considerando todos os modelos, foram obtidos valores médios de anomalias do nível d’água do banhado do Taim de 0,04m a 0,13m no futuro próximo e de 0,12m a 0,56m no futuro longo. A seleção de um subconjunto de modelos dentre os vinte modelos climáticos para o calculo das estatísticas mostrou uma grande influência nos resultados obtidos. Considerando o subconjunto de “melhores” modelos, o padrão de aumento dos níveis do banhado do Taim foi mais evidente, ao mesmo tempo em que a faixa de incerteza dos resultados foi menor. O contrário aconteceu quando considerado o conjunto de “piores” modelos. 24/06/2013 75 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Comentários finais As projeções de variáveis hidro-climatológicas são feitas com longas antecedências: 25, 50, 100 anos! Nenhum modelo consegue representar o sistema perfeitamente nem gerar projeções de seu comportamento perfeitamente. Uma quantificação das incertezas é necessária na estimativas de projeções de mudanças climáticas para auxílio na tomada de decisão. Principal fonte de incertezas associada aos diferentes modelos climáticos. 24/06/2013 76 Muito obrigado !! Prof. Juan Martín Bravo Instituto de Pesquisas Hidráulicas Universidade Federal do Rio Grande do Sul 24/06/2013 77