Incertezas nas projeções de variáveis hidrológicas em cenários de mudanças climáticas Prof. Juan Martín Bravo Instituto de Pesquisas Hidráulicas Universidade Federal do Rio Grande do Sul 11/11/14 1 Termos auxiliares Ensemble: Conjunto. Anomalia: Diferença entre um valor da série ou projeção e o valor médio no período de referência. GEE: Gases que provocam efeito estufa. Bias: Viés. IPCC Intergovernmental Panel on Climate Change 11/11/14 2 Mudança e variabilidade climática Representa uma variação do clima ao longo do tempo associada a diferentes causas. Fatores do clima que “variam”: Temperatura Precipitação Nebulosidade Outros fenômenos climáticos Causas naturais ---------------- Variabilidade climática + Causas antrópicas ------------- Mudança climática IPCC Mudança climática 11/11/14 3 Mudança climática Mais gases de efeito estufa na atmosfera provocam uma maior absorção de radiação infravermelha e conseqüentemente a superfície do planeta se aquece mais. 11/11/14 4 Mudança climática Concentração atmosféricas de GEE GEE 1750 2005 %Increm. CO2 280 ppm 381 ppm 36,1 CH4 715 ppb 1774 ppb 148,1 N2O 270 ppb 319 ppb 18,15 11/11/14 Fonte: GTI – 4AR, IPCC (2007) 5 Mudança climática observada As temperaturas tem aumentado em quase todo o planeta 11/11/14 Fonte: GTI – 4AR, IPCC (2007) 6 Mudança climática Mudança no uso da terra Reconstrução da vegetação natural potencial Reconstrução das regiões de culturas e pastagens para 1750 e 1990. 11/11/14 Fonte: GTI – 4AR, IPCC (2007) 7 Mudança climática Mudança no uso da terra 11/11/14 8 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Fontes de incertezas Cenários futuros. Condição inicial de modelos. Representação dos processos físicos – modelos climáticos. Discretização espacial. Remoção de bias. 11/11/14 9 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Cenários futuros – IPCC – AR4 Os cenários consideram caracterís0cas de mudanças demográficas, de desenvolvimento econômico e mudanças tecnológicas. O cenário A1B apresenta equilíbrio entre os combus>veis fósseis e outras fontes de energia e pode ser considerado como um cenário intermediário entre os cenários A2 e B2. 11/11/14 Fonte: Special Report on Emission Scenarios – SRES (IPCC) 10 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Projeções de temperatura e precipitação média mundial 11/11/14 11 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Condição inicial dos modelos climáticos Sistema caótico Efeito borboleta 11/11/14 12 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Condição inicial de modelos climáticos 11/11/14 13 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Modelos climáticos – processos físicos – discretização espacial Diferentes modelos climáticos, com diferentes métodos numéricos, discretização espacial e temporal, parâmetros. 11/11/14 14 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Modelos climáticos – processos físicos – discretização espacial 11/11/14 15 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Evolução da discretização espacial dos Modelos climáticos ao longo dos Relatórios do IPCC 11/11/14 16 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Downscaling dinâmico de modelo climáticos Modelo Regional DADOS DE ENTRADA Modelo global HadCM3 (~300 km grade) Modelo Regional Eta (40 a 10 km grade) 11/11/14 17 Remoção de bias Os modelos climáticos não conseguem representar perfeitamente o clima do presente e seus resultados apresentam erros. Estes erros são sistemáticos e causados por uma imperfeita conceptualização dos fenômenos e processos que governam o clima e pela influência da discretização espacial dos modelos. A remoção de bias evita que erros intrínsecos aos modelos climáticos sejam propagados para a modelagem hidrológica influenciando os valores das vazões. 11/11/14 18 Remoção de bias Os métodos a serem aplicados dependem da discretização temporal dos dados e da forma em que são disponibilizados, da variável analisada e do objetivo do estudo. Alguns métodos: Linear scaling Quantile-Quantile mapping Delta Change 11/11/14 19 Resultados clima atual Escalonamento linear Resultados clima atual Escalonamento linear Resultados clima atual Escalonamento linear Resultados clima futuro Escalonamento linear Estudos de caso A bacia hidrográfica do rio Paraguai 11/11/14 24 Bacia hidrográfica do rio Paraguai Evidências de mudanças no regime hidrológico da bacia analisadas em trabalhos prévios com dados até 1996. Dados mais recentes 11/11/14 25 Bacia hidrográfica do rio Paraguai O comportamento hidrológico da bacia parece ser bastante sensível a variabilidade climática. Grande parte da causa da variabilidade de séries de vazões e níveis foi associada à variabilidade da chuva. 11/11/14 26 Bacia hidrográfica do rio Paraguai O objetivo dessa pesquisa é investigar a influência de cenários de mudanças climáticas no regime de precipitação e no regime hidrológico da bacia do rio Paraguai. Como forma de alcançar tal objetivo, propõe-se responder às seguintes perguntas: Qual o efeito esperado provocado por cenários de mudanças climáticas sobre a precipitação e as vazões dos rios na bacia? Existem tendências comportamentais nas previsões dos cenários de mudanças climáticas em diferentes regiões da bacia? Quais as incertezas associadas às previsões dos cenários de mudanças climáticas? 11/11/14 27 Caracterização da bacia do rio Paraguai Cálculo de diferentes estatísticas: - - - Médias mensais Mínimos Máximos Análises espaciais 11/11/14 28 Modelo hidrológico conceitual O modelo conceitual tem duas componentes principais: (1) Simulação da bacia e parte dos afluentes com modelo hidrológico distribuído chuva-vazão (MGB-IPH) (2) Simulação da rede de drenagem principal por um modelo hidráulico hidrodinâmico (HEC-RAS) 11/11/14 29 Modelo hidrológico conceitual Ajuste do modelo no Rio Paraguai entre Cáceres e Porto Murtinho Medidas de desempenho do ajuste do modelo em diferentes locais da bacia do Alto Paraguai 11/11/14 30 Cenários de mudanças climáticas Quatro cenários de emissões do IPCC (IPCC, 2007) foram selecionados para a estimativa de projeções das anomalias das variáveis precipitação e temperatura do ar. Foi utilizado o modelo MAGICC/SCENGEN, (Model for the Assessment of Greenhouse gas Induced Climate Change / SCENario GENerator) versão 5.3, que considera as principais diretrizes estabelecidas pelo Quarto Relatório de Avaliação do Grupo de Trabalho 1 do IPCC 11/11/14 31 Cenários de mudanças climáticas Os resultados correspondem a valores médios em uma janela de 30 anos. Os resultados foram obtidos para cada mês do ano. Dois Futuros: Futuro próximo (janela centrada no ano 2030) e Futuro longo (janela centrada no ano 2070). Vinte GCMs foram utilizados. Um total de 3840 simulações com o modelo MAGICC/SCENGEN (2var x 2fut x 20mod x 12meses x 4cen) 11/11/14 Exemplo de resultado dado por um GCM: Anomalia de precipitação (%) no mês de dezembro, cenário A1B, Futuro próximo (centrado em 2030) 32 Anomalias de temperatura 11/11/14 33 Anomalias de precipitação 11/11/14 34 Distribuição espacial Valores médios dos resultados, cenário A2 11/11/14 35 Modelagem de cenários de mudanças climáticas Representação da situação atual T P Modelo hidrológico conceitual QcalcA Uma única rodada Representação em cenários futuros (P e T observadas perturbadas com as projeções de anomalias) T + T P(1+P) Uma rodada por GCM, por cenário e por futuro Modelo hidrológico conceitual Qcalc(1+Q) Comparação de resultados Variação das vazões 11/11/14 36 Escenarios de cambios climáticos Resultados preliminares en términos de caudales Cáceres Cuiabá Coxim Aquidauana Pto. Murtinho 11/11/14 37 Projeções de vazões Porto Murtinho – Cenário A2 11/11/14 38 Projeções de vazões Cáceres – Cenario A2 11/11/14 39 Projeções de vazões Cáceres – Cenário A2 11/11/14 40 Projeções de vazões Cuiabá – Cenário A2 11/11/14 41 Projeções de vazões Cuiabá – Cenário A2 11/11/14 42 Projeções de vazões Coxim – Cenário A2 11/11/14 43 Projeções de vazões Coxim – Cenário A2 11/11/14 44 Projeções de vazões Aquidauana – Cenário A2 11/11/14 45 Projeções de vazões Aquidauana – Cenário A2 11/11/14 46 Projeções de vazões Futuro próximo – Cenário A2 11/11/14 47 Projeções de vazões Futuro longo – Cenário A2 11/11/14 48 Projeções Anomalias de precipitação, temperatura e vazão – Cenário A2 11/11/14 49 Região em estudo: Taim, RS O Sistema Hidrológico do Taim (SHT) está localizado entre o oceano Atlântico e a lagoa Mirim, sul do Estado do Rio Grande do Sul. 11/11/14 50 Metodologia Desempenho dos modelos climáticos representando o clima atual 11/11/14 Procedimento descrito por Wigley (2008). 51 Metodologia Desempenho dos modelos climáticos representando o clima atual “Melhores” “Piores” Procedimento descrito por Wigley (2008). 11/11/14 52 Metodologia Estimativa das projeções de níveis d’água no banhado do Taim 11/11/14 53 Resultados e discussões: Níveis d’água Série contínua Médias mensais 11/11/14 54 Resultados e discussões: Todos os modelos B2-MES Futuro longo Futuro próximo A2-ASF 11/11/14 55 Resultados e discussões: “Melhores” modelos B2-MES Futuro longo Futuro próximo A2-ASF 11/11/14 56 Resultados e discussões: “Piores” modelos B2-MES Futuro longo Futuro próximo A2-ASF 11/11/14 57 Incertezas nas projeções de mudanças climáticas Comentários finais As projeções de variáveis hidro-climatológicas são feitas com longas antecedências: 25, 50, 100 anos! Nenhum modelo consegue representar o sistema perfeitamente nem gerar projeções de seu comportamento perfeitamente. Uma quantificação das incertezas é necessária na estimativas de projeções de mudanças climáticas para auxílio na tomada de decisão. Principal fonte de incertezas associada aos diferentes modelos climáticos. 11/11/14 58 Muito obrigado !! Prof. Juan Martín Bravo Instituto de Pesquisas Hidráulicas Universidade Federal do Rio Grande do Sul 11/11/14 59