PORQUE A RIO+10 É IMPORTANTE PARA O GREENPEACE A Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU), conhecida como Rio+10, será realizada em Joanesburgo, África do Sul, de 26 de agosto a 4 de setembro de 2002. Este ano marca o décimo aniversário da ECO-92, reunião onde governantes do mundo todo elaboraram a Agenda 21 – um plano de ação para o desenvolvimento global sustentável –, que não foi implementada integralmente, e a Declaração do Rio. Além da Agenda 21, três outras convenções internacionais foram adotadas no encontro de 1992 no Rio de Janeiro: a Convenção das Mudanças Climáticas, a Convenção da Diversidade Biológica (CDB) e a Convenção de Desertificação. Organização das Nações Unidas: A Rio +10 reunirá milhares de participantes, incluindo-se chefes de Estados e governantes, delegações nacionais e Organizações Não-Governamentais (ONGs), empresários, entre outros grupos que representam a sociedade. O encontro tem como objetivo empreender ações diretas para elevar a qualidade de vida de maneira geral e para conservar os recursos naturais – a população mundial não pára de crescer e o planeta sofre com a consequente elevação da demanda por alimentos, água, energia, saúde e seguridade econômica, entre outras. Saiba mais em: www.johannesburgsummit.org (em inglês) Greenpeace: Se deixada sob sua vontade, governantes de países industrializados realizarão uma conferência com aparentes propostas de progresso sustentável, mas sem aprofundá-las. O público será levado a crer que o encontro está sendo promovido como um sinal de progresso. Na verdade, não há vontade política dos governantes de se comprometerem com acordos de proteção ao meio ambiente. Alguns governos – liderados pelos Estados Unidos, Austrália e Canadá – acham que podem se negar a assumir compromissos ambientais impunemente. O Greenpeace quer assegurar que, na Conferência de Joanesburgo, governantes avancem dos discursos para a implementação de medidas efetivas de preservação, priorizando aquele que é considerado o mais preocupante dos problemas ambientais – tanto para as nações industrializadas quanto para os países em desenvolvimento: o aquecimento global. O Greenpeace vai forçar governos a assumirem posições de liderança na preservação do planeta. A Rio+10 é uma oportunidade histórica para alcançar a verdadeira paz e segurança mundial, baseadas no desenvolvimento sustentável, na proteção ambiental e na justiça social. O que aconteceu desde a última conferência ? Desde a ECO-92, há dez anos, pouco tem sido feito pela proteção do meio ambiente e dos recursos naturais dos quais dependemos para viver. Mesmo que levantem a bandeira do desenvolvimento sustentável, governos e corporações continuam conduzindo seus negócios de forma irresponsável – em busca do crescimento econômico a qualquer custo e sem respeitar os limites ecológicos. As poucas ações realizadas durante a década aconteceram ou porque a destruição ambiental foi extremamente grave e governantes não puderem abafá-la, ou porque foram forçadas por organizações ativistas. É inaceitável que abusos ambientais continuem ocorrendo em pleno século 21! Uma guerra contra o meio ambiente está sendo travada globalmente. Para vencê-la, nós devemos fazer as pazes com o planeta e uns com os outros. Promessas, acordos, comprometimentos e obrigações ambientais permanecem sendo desrespeitados apesar dos alertas sobre os riscos que representam para a humanidade. Práticas insustentáveis continuam a ocorrer de maneira desregulada e de forma impune. Para mais informações veja o discurso de Gerd Leipord, diretor-executivo do Greenpeace: www.greenpeace.org.br 1/4 Recursos Financeiros: A ECO-92 realçou a necessidade de mobilizar os recursos financeiros para implementar os compromissos da Agenda 21, especialmente os projetos voltados para o desenvolvimento sustentável. Estima-se que, para isso, seria necessária a aplicação de US$ 215 bilhões por ano. Mas, na realidade, muito pouco dinheiro foi empregado até hoje para viabilizar esses compromissos. Desenvolvimento: Definições atuais enaltecem o crescimento econômico, que geralmente destrói o equilíbrio entre desenvolvimento humano e ambiental. Infelizmente, governos demonstraram, durante a reunião preparatória para a Conferência das Nações Unidas sobre Financiamento para Desenvolvimento, em janeiro, que o progresso a curto prazo é sua única prioridade, com pouca ou nenhuma preocupação acerca da sustentabilidade ambiental. Comércio: Políticas de comércio geralmente encorajam o empreendimento de práticas insustentáveis. Desde sua criação, em 1994, a Organização Mundial do Comércio (OMC) tem destruído os acordos multilaterais de preservação ambiental. O subsídio atual que governos destinam a fontes convencionais de energia – principalmente os combustíveis fósseis –, varia de US$ 250 bilhões a US$ 300 bilhões por ano. Ao mesmo tempo que dedicam vultuosas somas para práticas insustentáveis, argumentam que as fontes renováveis de energia não são financeiramente competitivas. Corporações: Companhias multinacionais possuem impacto e responsabilidade globais. O pior acidente da indústria química, ocorrido em Bhopal, Índia, há 17 anos, não puniu os responsáveis pelo passivo ambiental gerado e o local continua contaminado até hoje. A tragédia de Bhopal expõe a necessidade de fazer com que as empresas assumam suas responsabilidades no que diz respeito ao meio ambiente e à saúde da população. Governança: A sustentabilidade só pode ser atingida através de ampla participação pública na busca de soluções para os problemas. Transparência, direito à informação e responsabilidade corporativa são fundamentais para alcançá-la. A perda dessas características torna virtualmente impossível a manutenção do apoio da sociedade. Está na hora de priorizar debates sobre questões vitais para o planeta. DEMANDAS DO GREENPEACE PARA A RIO+10 Clima e Energia: • • • • • • Ratificação do Protocolo de Kyoto. Investimento em fontes renováveis de energia: disponibilizar alternativas limpas e renováveis, de custo acessível para os 2 bilhões de habitantes do planeta que não têm acesso à energia elétrica. Os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (em inglês, OECD) devem assegurar que todos os órgãos de financiamento internacionais se comprometam com a destinação imediata de 20% dos investimentos em fontes renováveis para o setor energético. É importante também que elaborem planos para eliminar o apoio a fontes convencionais em um prazo de 5 a 10 anos. Os países da OECD devem estabelecer metas para que, em um prazo de 10 anos, 20% do setor energético seja de energias renováveis. Todos os países devem elaborar, em um prazo de 10 anos, um plano para a eliminação dos financiamentos para fontes de energia convencionais, estimados atualmente em US$ 250 a 300 bilhões. Nesse contexto, é necessário um plano de transição para garantir que a economia dos países em desenvolvimento não seja prejudicada. Interrupção imediata de qualquer plano de construção de novos reatores nucleares. 2/4 Florestas • • • Financiamento para a conservação de áreas de Florestas Antigas e de uso sustentável, de acordo com o programa sobre Florestas Antigas da Convenção Sobre Diversidade Biológica (CDB). Moratória para atividades madeireiras e outros projetos em escala industrial em toda e qualquer área de Floresta Antiga remanescente ou outras áreas florestais com alto valor de conservação até que sejam formadas redes de áreas protegidas representativas dos vários ecossistemas, de acordo com o Princípio da Precaução. Implementação de medidas imediatas para interromper a degradação e perda de áreas de Florestas Antigas, além de promover a conservação desses remanescentes florestais e o seu uso sustentável. Engenharia Genética • • • • • • • Prioridade para práticas agrícolas que respeitem o conhecimento tradicional e o meio ambiente. Implementação de um programa de preservação e proteção da biodiversidade agrícola. Adoção de um novo instrumento para prevenir a Lei de Patentes e oposição ao Acordo de Tarifas (TRIPS) imposto pela OMC. Ratificação do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança. Garantia de que não será permitida a contaminação irreversível por organismos geneticamente modificados (OGMs). Garantia de um controle público sobre a biodiversidade agrícola. Apoio internacional para a proteção da biodiversidade in situ, melhoria das condições de vida de comunidades rurais e urbanas em países em desenvolvimento, e proteção da biodiversidade agrícola. Tóxicos • • • • Responsabilidade corporativa (das indústrias) pela produção e uso de substâncias perigosas, assim como pela descontaminação de pontos críticos, como Bhopal, na Índia. Ratificação da Convenção de Estocolmo sobre os POPs. Ratificação e implementação do banimento do comércio de resíduos tóxicos, acordado na Convenção da Basiléia. Integração das indústrias no desenvolvimento da Produção Limpa e de produtos seguros. Oceanos • • • • Moratória sobre a pesca em montanhas submarinas, sobre a circulação de embarcações em altas profundidades e outras áreas de alta biodiversidade nos oceanos. Proposta de conferência, por parte da Assembléia Geral da ONU, para uma conferência para negociar um acordo internacional para a proteção da biodiversidade marinha. Mares livres de Engenharia Genética – evitar qualquer contaminação por OGMs no meio ambiente marinho. A OMC não deve se opor a esforços internacionais para implementar medidas de conservação multilaterais. Desarmamento • • Redução dos gastos militares e, dessa forma, aumentar os investimentos em desenvolvimento sustentável. Implementação de novas iniciativas para o desarmamento, especialmente no que diz respeito a armas nucleares. 3/4 Outros • • • • As regras de comércio devem estar subordinadas às normas ambientais, e não o contrário. Todos os países devem se esforçar para que a Rio+10 implemente tratados, convenções e protocolos adotados durante e depois da Eco-92, que ainda não tenham sido assinados ou ratificados. Aumento da responsabilidade e a transparência da indústria e dos governos. Aprimoramento da política ambiental em nível internacional, incluindo mecanismos para a implementação eficaz de medidas de conservação, financiamento para capacitação de recursos humanos e para possíveis reformas institucionais. 4/4