CONVERGÊNCIAS ENTRE ARTE E EDUCAÇÃO E AS INTERFERÊNCIAS TECNOLOGICAS
JOÃO CARLOS GOIA
Núcleo de Estudos e Pesquisas: História e Filosofia da Educação - Mestrando
Orientador: Prof° Dr°. Bruno Pucci
Introdução
O universo de possibilidades que as interfaces digitais proporcionam, impulsionaram
significativamente a intenção de desenvolver este projeto de dissertação de mestrado.
Entender melhor como são utilizados os aparatos tecnológicos e as linguagens artísticas com
finalidade de interferir, contribuir, e, por vezes, ressignificar qualquer forma de
desenvolvimento humano, neste caso a educação. Isso é bastante instigante e desafiador,
principalmente quando se fala de segmentos que parecem sobreviver de forma distante, mas
que acabam permeando espaços comuns. As novas tecnologias digitais, as formas de
expressões artísticas e as ferramentas e modelos educacionais, nunca foram tão testados em
conjunto como atualmente, na tentativa de se criar novas zonas de fronteiras por meio do
hibridismo, no caminho intencional, ou não, de uma nova linguagem, mas, acima de tudo, da
necessidade de estabelecer um link com a sociedade de características cada vez mais virtuais.
A intersecção dessas frentes é uma constante, presente em qualquer nível do ensino e foco
de estudos, principalmente para os pesquisadores que têm interesse na somatória tecnologiaeducação, fusão esta que, de forma alguma, causa qualquer tipo de estranhamento ao olhar
do receptor da sociedade comunicacional, mas sim, é verificado como um processo de
supervalorização desses aparatos, tanto do ponto de vista publicitário, pelas instituições,
quanto pelo senso comum dos pais, alunos e da sociedade de forma geral.
Neste cenário de alto apelo tecnológico e convergências inevitáveis com o universo
digital, torna-se marcante e expressiva a contribuição das novas mídias para a sociedade; ou
seja, as novas tecnologias que servem como base para as produções audiovisuais e outros
formatos, não se limitam, atualmente, apenas a produtos segmentados como entretenimento
ou informação, ou apenas a favor dos preceitos da Indústria Cultural. Os novos conteúdos e
meios digitais invadem todas as instâncias sociais, incluindo o âmbito familiar, os processos
produtivos, o mundo corporativo, dentre outros, e acabam por interferir, contribuir e até
subverter algumas áreas tão antigas quanto a história da humanidade, como as artes e,
principalmente, a Educação.
Nesse sentido, parece ser normal, até certo ponto, que as tendências acabem por valerse de ambas: mídias e arte, para criar uma fusão com novos modelos Educacionais, atingindo,
assim, um número cada vez maior de pessoas nesta nova sociedade da informação, do
conhecimento, do conceito, que se encontram em constante evolução e são atropeladas por
mudanças implementadas com uma velocidade, por vezes, estonteante.
Objetivo
Dada nossa vivência empírica e lúdica nas áreas de Educação, Arte e Tecnologia e pelo
envolvimento com esses três universos convergentes, nosso ímpeto desde o ingresso no
mestrado foi o de realizar um diagnóstico, por meio de uma linha de pesquisa
conceitual/teórica, sobre como se dá a apropriação dos recursos tecnológicos e artísticos no
âmbito educacional, além de realizar uma leitura de pontos de intersecção das mesmas. Por
intermédio do nível de hibridismo formado por essas vertentes diferenciadas, realizamos um
exercício de pesquisa que pode ser definido como uma investigação sobre as plataformas da
educação na atualidade, apoderando-nos dos recursos multimídia e expressões artísticas,
focados em 3 cadeias de convergência:

Mídia e Arte.

Mídia e Educação.

Arte e Educação.
Procuramos ainda avançar tecendo uma crítica aos equívocos provenientes dessas
fusões, bem como destacar o que de valioso já existe, em especial do ponto de vista do
interesse e da facilidade de imersão midiática que hoje, principalmente nossos jovens e
adolescentes vivenciam. Para tal, existem algumas questões importantes que consideramos
para a realização desse diagnóstico, como por exemplo, de que forma podemos nos valer das
expressões artísticas num estado de fusão com a tecnologia, para potencializar a
aprendizagem? Como utilizar novos canais de comunicação que estão quase onipresentes
hoje, e em diálogo contínuo com um expressivo número de pessoas, com maior abrangência
entre adolescentes e jovens, de forma mais proveitosa, mais rica e com objetivos
educacionais?
Finalmente, como a utilização dessas linguagens e recursos de forma conjunta atua e
funciona (ou não) para potencializar o processo educacional, garantindo inovação, entusiasmo
e atingindo de forma mais assertiva o aluno do hoje?
Pressupostos
A elaboração do trabalho resultou numa sequência lógica de informações interligadas a
partir das 3 cadeias de convergência acima citadas. Tal construção surgiu naturalmente e a
cada elemento proposto e confeccionado, tornava-se automático o link com o próximo
conteúdo, que se configurou a partir dos seguintes capítulos:
 Ascensão tecnológica e a sociedade da comunicação
Iniciamos este capitulo para apresentar a ideia de transformação em todos os
segmentos da sociedade a partir da inovação tecnológica, que entre tantas
frentes, afetou deveras a educação e as artes.
 Arte e Tecnologia: fusão e convergência
Neste segundo momento, detalhamos como se deu e, principalmente na
atualidade, como se dá o processo de apropriação da arte pela tecnologia e vice
versa, no intuito de ambas encontrarem respostas e novos caminhos.
 Indústria Cultural: o entretenimento acima de tudo
Visto que a tecnologia interfere significativamente na arte, utilizamos neste
capítulo o conceito de Indústria Cultural da teoria crítica para apresentar como tal
apropriação pode afetar o aspecto crítico e reflexivo da produção artística.
 Cultura digital e globalizada: A indústria cultural ganha novas roupagens
Neste capítulo, percebemos que em tempos de globalização e emancipação e
abrangência da rede mundial, a internet, os aspectos digitais e virtuais invadiram
ainda mais as formas de expressão artísticas, interferindo e transformando
significativamente e em definitivo tais produções.
 A estreita relação entre Arte e Educação
Neste momento, passamos a analisar a estreita relação existente na história da
humanidade entre Educação e Artes e, como de certa forma, uma frente compôs a
outra e transformou-se em eficiente e útil aliada aos objetivos de cada uma.
 A tecnologia como extensão da Educação
Tamanha é a interferência dos meios digitais, que novos modelos e formatos
educacionais surgiram a partir da evolução tecnológica. Aqui, começamos a
perceber a intersecção da arte, transformada via aparatos digitais em conteúdos
educacionais e disponibilizada a partir de uma infinidade ilimitada de recursos.
 Interatividade: chavão da atualidade e necessidade real
Por fim, realizamos um estudo para apresentar a ideia de que a interatividade é o
grande desejo do homem na atualidade e qualquer segmento de formação e
desenvolvimento, precisam necessariamente responder a tal anseio para garantir
sua sobrevivência.
Fundamentação Teórica e Metodologia
O embasamento teórico/conceitual para tal caminhada se caracteriza neste processo de
construção através de nomes de referência nas seguintes categorias:

Sociedade, Tecnologia e Mídias: Pierre Lévy, Marshall McLuhan,
Adam Schaff, entre outros;

Teoria Crítica (indústria cultural): Theodor Adorno, Max
Horkheimer, Walter Benjamin, Gabriel Cohn, outros;

Arte e Educação: Ana Mae Barbosa, João Francisco Duarte Jr,
outros;

Arte e Tecnologias: Nina Czegledy, Diana Domingues, Mássimo
Canevaci, Gillo Dorfles, outros;

Educação e Tecnologias: Vani Moreira Kensky, Claudia R.
Magnavita, Marco Silva, Luis Fernandez Dourado, Raquel Barreto, Antonio Zuin,
outros.
Utilizei também inúmeras fontes em sites, conforme Webgrafia listada ao final deste.
Outras informações foram ainda coletadas através de conversas informais com
professores, diretores de escolas, artistas, equipe da diretoria regional de educação do
estado, entre outros.
Conclusão Preliminar
Nos foi possível entender e reconhecer os possíveis caminhos resultantes dessas
convergências, que até então foram seguidos e no processo de construção deste trabalho, nos
deparamos com algumas experiências que realmente obtiveram êxito, não deixando ainda de
pontuar digressões que mereceram nossa atenção, afinal, se a tecnologia conseguir suplantar
a arte e a educação, apenas impondo-se por meio de seu aparato de avanço tecnicista ao
extremo, poderemos perder, neste processo, o que realmente é de valor, ou seja, a
continuidade do desenvolvimento humano e da ampliação intelectual, atrofiando ou
mecanizando o exercício da reflexão.
Referência Bibliográfica
ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do esclarecimento – fragmentos
filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1985.
BENJAMIN, Walter. A obra de arte na época de suas técnicas de reprodução. 1936.
Disponível em: http://antivalor.vilabol.uol.com.br/textos/frankfurt/benjamin/benjamin_06.htm.
Acesso em 07 de fevereiro de 2010.
BARBOSA, Ana Mae. A imagem no ensino da arte: anos oitenta e novos tempos. São
Paulo: Perspectiva; Porto Alegre: Fundação IOCHPE, 1991. :2:
COELHO NETO, José Teixeira. O que é Indústria Cultural. São Paulo: Brasiliense, 1980.
DIZARD, Wilson Jr. A Nova Mídia: A comunicação de massa na era da informação. Rio de
Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
DOMINGUES, Diana (Org.). Arte, Ciência e Tecnologia: passado, presente e desafios. São
Paulo: Editora Unesp, 2007.
DORFLES, Gillo. Interferenze tra Arte e Técnica. In: Arte, Ciência e Tecnologia: passado,
presente e desafios. São Paulo: Editora Unesp, 2009.
DUARTE JÚNIOR, João Francisco. Por que arte-educação? Campinas SP: Papirus, 1991.
KENSKI, Vani Moreira. Novas tecnologias: o redimensionamento do espaço e do tempo e os
impactos no trabalho docente. Revista Brasileira de Educação, Campinas, n.8, p. 58-71,
1998.
KENSKI, Vani Moreira. Educação e Tecnologias: o novo ritmo da informação. São Paulo:
Editora Papirus, 2007.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da
informática. Rio de Janeiro: 34, 1993.
McLUHAN, Marshall. Meios de comunicação como extensão do homem. São Paulo:
Pensamento Cultrix, 2003.
MAGNAVITA, Cláudia R. A. Educação a distância: novas perspectivas para a formação de
professores. Revista FAEBRA – Educação e Contemporaneidade. Salvador: FAEBRA, v. 12,
20, p. 333-341, jul./dez., 2003.
SILVA, Marco. Educação na cibercultura: O desafio comunicacional do professor presencial e
online. Revista de FAEBRA – Educação e Contemporaneidade. Salvador: FAEBRA, v. 12, n.
20, p. 261-271, jul./dez., 2003.
Download

CONVERGÊNCIAS ENTRE ARTE E EDUCAÇÃO E AS