A DEPRESSÃO
Os estados depressivos, pela sua prevalência e pelos problemas que
acarretam, tem enorme importância como problema de saúde pública. Estudos
epidemiológicos recentes estimam que 17,1% da população geral
experimentam pelo menos um episódio depressivo ao longo de sua vida
(Kessler et al, 1994). As limitações impostas pela depressão, o sofrimento e
custo social são muito grandes e apenas uma pequena parte das pessoas
afetadas tem acesso ao diagnóstico e tratamento adequados. O suicídio pode
ocorrer em até 15% dos estados depressivos e a dependência de drogas é
conseqüência importante em casos não tratados.
Alguns autores sugerem que a incidência dos estados depressivos esteja
aumentada nas faixas etárias mais jovens, especialmente a partir da Segunda
Guerra Mundial (Klerman etal,1985).
O termo depressão, em linguagem corrente, tanto pode designar um
estado afetivo normal quanto um sintoma, uma síndrome e uma (ou várias)
doença(s).
Embora os estados depressivos se caracterizem por sentimentos de
tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de
tristeza. Muitos refletem como sintoma principal a perda da capacidade de
sentir prazer nas atividades em geral, e redução do interesse pelo ambiente.
Sensação de fadiga, perda de energia, cansaço exagerado. Humor depressivo,
com auto-desvalorização e sentimentos de culpa, diminuição de capacidade de
pensar, de se concentrar, de tomar decisões, são manifestações importantes.
Sintomas fisiológicos como alterações do sono (insônia/hipersonolência),
alteração do apetite (redução ou aumento do apetite) e redução do interesse
sexual são comuns. Alterações do comportamento, com retraimento social,
crise de choro, comportamento suicidas e ,sobretudo, manifestações que
podem mascarar e dificultar o diagnóstico de depressão são as doenças
crônicas (cefaléia, dor no tórax, abdômen, região lombar). A ansiedade está
freqüentemente associada. Em idosos, queixa de caráter hipocondríaco
costumam ser muito comuns.
É importante lembrar que a tristeza constitui-se em resposta humana
universal, normal às situações de perda, derrota, adversidades. Tem valor
adaptativo do indivíduo e ajuda na superação dos problemas do cotidiano (ex.:
o luto normal) .Além disso, várias doenças e agentes farmacológicos podem
estar associados ao desencadeamento de estados depressivos, tais como
:antihipertensivos, corticosteróides, neurolépticos, doenças endócrinas como
hipo ou pipertireoidismo, doenças neurológicas, como tumores, AVC,
anemias, doenças nutricionais e infecciosas.
O diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais. Comumente estes
pacientes são atendidos por médico clínicos gerais em ambulatórios da Rede
de Atenção à saúde pública ou em consultórios particulares. O tratamento
dependerá do estágio do episódio depressivo e do contexto médico no qual
estiver inserido. É importante a avaliação clínica objetiva abrangente das
possibilidades de fatores médicos associados, causais ou decorrentes do
episódio depressivo.
A psicoterapia associada ao uso judicioso, criterioso dos atuais antidepressivos e/ou estabilizadores do humor podem evitar a cronificação do
episódio depressivo, com redução do sofrimento psíquico, melhora da
qualidade de vida e maior estabilização da doença.
Dr.º João Carlos Lisboa
Médico (graduação) professor da Unijuí
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OPINIÃO - A DEPRESSÃO - João Carlos Lisboa