Regras de Inferência Como gerar na Lógica Proposicional formas válidas de argumento? Regras de Inferência permitem gerar formas de argumentos numa série de etapas simples e precisas de raciocínio chamada prova ou derivação. Cada etapa numa derivação é uma instância de uma das regras de inferência. Existem 10 regras básicas: uma para incluir e outra para excluir cada um dos operadores lógicos. Ex: {C, SA, CS} |-- A 1. 2. 3. 4. 5. C SA CS S A P P P 1 e 3 MP 2 e 4 MP Derivação Uma derivação (prova) de uma forma de argumento é uma seqüência de enunciados <e1, e2, .... en>, onde: en é a conclusão Cada e1, e2, .... en pode ser: Uma premissa ou O resultado da aplicação de uma regra à enunciados anteriores. Derivação No exemplo, temos que a seqüência de fórmulas (que representam os enunciados). 1, 2, ....5 é uma derivação ou uma prova da forma indicada. A regra utilizada MP chama-se Modus Ponens (modo afirmativo). Modus Ponens (MP): de um condicional e de seu antecedente, podemos inferir o seu conseqüente. α αβ β Ex: {~P(QR), ~P, Q} |-- R 1. 2. 3. 4. 5. ~P(QR) ~P Q QR R P P P 1 e 2 MP 3 e 4 MP Eliminação da negação (~E): de uma fórmula da forma ~~α, podemos inferir α. ~~α α Ex: {~P ~~Q, ~~~P} |-- Q 1. 2. 3. 4. 5. ~P ~~Q ~~~P ~P ~~Q Q P P 2 ~E 1 e 3 MP 4 ~E Introdução de conjunção (^I): de quaisquer fórmulas α e β. podemos inferir a conjunção α e β. α β α^β Eliminação de conjunção (^E): de uma conjunção podemos inferir qualquer um dos seus componentes. α^β α α^β β Ex:{P(Q^R), P} |-- P ^ Q 1. 2. 3. 4. 5. P(Q^R) P Q^R Q P^Q P P 1 e 2 MP 3 ^E 2 e 4 ^I Ex:{(P^Q)(R^S),~~P, Q} |-- S 1. (P^Q)(R^S) 2. ~~P 3. Q 4. P 5. P ^ Q 6. R^S 7. S P P P 2 3 1 6 ~E e 4 ^I e 5 MP ^E Introdução de disjunção (νI) : de uma fórmula α, podemos inferir a disjunção de α com qualquer fórmula β. α . αvβ Ex:{P |-- (PvQ) ^ (PvR)} 1. 2. 3. 4. P PvQ PvR (PvQ) ^ (PvR) P 1 vI 1 vI 2 e 3 ^I Ex:{P, ~~(PQ) |--(R^S)vQ} 1. 2. 3. 4. 5. P ~~(PQ) PQ Q (R^S)vQ P P 2 e ~E 1 e 3 MP 4 e vI Eliminação de disjunção (vE): De quaisquer fórmulas da forma α v β, αγ, βγ , podemos inferir γ. α v β αγ βγ γ Exemplo: Hoje é Sábado ou Domingo. Se hoje é Sábado então é um fim de semana. Se hoje é Domingo então é um fim de semana. Portanto, hoje é um fim de semana. {SvD, SF, DF} |-- F Introdução do Bicondicional (): de quaisquer fórmulas da forma α β e β α, podemos inferir αβ. α β β α αβ Eliminação do Bicondicional (E): de qualquer fórmula da forma αβ, podemos inferir as fórmulas α β ou β α. αβ , αβ αβ βα Exemplos: Hoje é um fim de semana se e somente se hoje é Sábado ou Domingo. Portanto, hoje é um fim de semana, desde que hoje é Sábado. {F(SvD), S} |-- F {F(SvD), S} |-- F 1. 2. 3. 4. 5. F(SvD) S SvD (SvD)F F P P 2 vI 1 E 2 e 4 MP {PQ, (PQ)(QP)} |-- PQ 1. 2. 3. 4. PQ (PQ)(QP) QP PQ P P 1 e 2 MP 1 e 3 I Regras Hipotéticas Introdução do condicional e da negação empregam raciocínio hipotético: Raciocínio baseado em hipóteses. As hipóteses não são consideradas como verdadeiras, elas são "artifícios lógicos" (estratégia de prova). Exemplo: Um atleta machucou o tornozelo uma semana antes de um campeonato de corrida e seu técnico procura convencê-lo a parar alguns dias para que seu tornozelo sare totalmente: O técnico argumenta: "Se você continuar a correr, você não estará apto para disputar o campeonato". O atleta não se convence e diz: "Prove isso". Solução A maneira mais comum de provar um condicional é colocar o seu antecedente como hipótese (admiti-lo como verdadeiro) e provar que a partir dele seu consequente se verifica. Para esse exemplo, equivale a raciocinar do seguinte modo: Solução "Olhe, suponhamos que você continue correndo, o seu tornozelo está muito inchado. Se ele está muito inchado e você continuar correndo, ele não sarará em uma semana. Se ele não sarar em uma semana, então você não estará apto para disputar o campeonato. Deste modo, você não estará apto para disputar o campeonato." Solução O novo argumento emprega três suposições afirmadas como verdadeiras: 1) Seu tornozelo está muito inchado. 2) Se o seu tornozelo está muito inchado e você continuar correndo, ele não irá sarar em uma semana. 3) Se o seu tornozelo não sarar em uma semana, então você não estará apto a disputar o campeonato. Solução O argumento hipotético demonstra que se a hipótese "você continuar correndo" é verdadeira, então a conclusão do argumento "você não estará apto para disputar o campeonato", se verifica. Assim, fica provada a verdade do condicional: "Se você continuar correndo, você não estará apto a disputar o campeonato". Formalizando: Suposições desse argumento hipotético: 1. I Tornozelo está inchado 2. (I ^ C)~S Se tornozelo inchado e continuar correndo, então não irá sarar. 3. ~S~A Se seu tornozelo não sarar você não estará apto para o Campeonato. Conclusão a ser provada: C~A Se você continuar correndo agora, você não estará apto para Campeonato. Formalizando: Forma do novo argumento: {I, (I ^ C)~S, ~S~A} |-- C~A Derivação: {I, (I ^ C)~S, ~S~A} |-- C~A 1. I 2. (I ^ C)~S 3. ~S~A 4. | C 5. | I^C 6. | ~S 7. | ~A 8. C~A P P P H p/ PC 1 e 4 ^I 2 e 5 MP 3 e 6 MP 4 e 7 PC Prova do Condicional (PC): Dada uma derivação de uma fórmula a partir de uma hipótese , podemos descartar a hipótese e inferir {} ├ Em relação ao exemplo da corrida, éC e é ~A. Outros exemplos: Ex. 1: {P Q, Q R} ├ P R 1. 2. 3. 4. 5. 6. PQ QR |P |Q |R PR P P H p/PC 1 e 3 MP 2 e 4 MP 3 e 5 PC Outros exemplos: Ex. 2: {(P ^ Q) R} ├ P (Q R) 1. (P ^ Q) R 2. |P 3. || Q 4. || P ^ Q 5. | | R 6. | QR 7. P (Q R) P H p/PC H p/PC 2 e 3 ^I 1 e 4 MP 3 e 5 PC 2 e 6 PC Outros exemplos: Ex. 3: {(P ^ Q) v (P ^ R)} ├ P ^ (Q v R) 1. (P ^ Q) v (P ^ R) 2. | P ^ Q 3. | P 4. | Q 5. | Q v R 6. | P ^ (Q v R) 7. (P ^ Q) P ^ (Q v R) 8. | P ^ R 9. | P 10. | R 11. | Q v R 12. | P ^ (Q v R) 13. (P ^ R) P ^ (Q v R) 14. P ^ (Q v R) H 2 p/ ^E 2 p/ ^E 4 p/ vI 3 e 5 ^I 2 e 6 PC H 8 p/ ^E 8 p/ ^E 10 p/ vI 9 e 11 ^I 8 e 12 PC 1 e 7 e 13 vE P Redução ao Absurdo (RAA): Dada uma derivação de uma contradição a partir de uma hipótese , podemos descartar a hipótese e inferir ~. {} ├ ^ ~ ~ Obs: Uma contradição é qualquer fórmula da forma ^ ~, onde pode ser qualquer fórmula. Ex: {P Q, ~Q} ├ ~P 1. 2. 3. 4. 5. 6. PQ ~Q | P | Q | Q ^ ~Q ~P P P H p/RAA 1 e 3 MP 2 e 4 ^I 3 e 5 RAA Ex: {(~P P)} ├ P 1. 2. 3. 4. 5. 6. ~P P |~P |P |P ^ ~P ~~P P P H p/RAA 1 e 2 MP 2 e 3 ^I 2 e 4 RAA 5 ~E Regras Derivadas 1- Modus Tollens (MT): (modo negação) {P Q, ~Q} ├ ~P Derivação: 1. 2. 3. 4. 5. 6. PQ ~Q | P | Q | Q ^ ~Q ~P P P H p/ 1e 3 2e 4 3e 5 RAA MP ^I RAA Regras Derivadas 2 – Contradição (CONTRAD): {P, ~P} ├ Q Derivação: 1. 2. 3. 4. 5. 6. P ~P | ~Q | P ^ ~P ~~Q Q P P H 1 e 2 ^I 3 e 4 RAA 5 p/ ~E Regras Derivadas 3 - Silogismo Disjuntivo (SD): {P v Q, ~P} ├ Q Solução: 1. P v Q P 2. ~P P 3. | P H p/PC 4. | Q 2 e 3 CONTRAD 5. P Q 3 e 4 PC 6. | Q H p/PC 7. Q Q 6 e 6 PC 8. Q 1 e 5 e 7 vE Exercício: Mostre que os seguintes argumentos são válidos: Se este argumento for incorreto e válido, então nem todas as suas premissas são verdadeiras. Todas as suas premissas são verdadeiras. Ele é válido. Portanto ele é correto. Solução: Identificando as Sentenças: P: as premissas deste argumento são verdadeiras. S: este argumento é correto. V: este argumento é válido. Formalizando: {(~S ^ V) ~P, P, V} ├ S Prova: {(~S ^ V) ~P, P, V} ├ S 1. (~S ^ V) ~P 2. P 3. V 4. | ~S 5. | ~S ^ V 6. | ~P 7. | P ^ ~P 8. ~~S 9. S P P P H p/RAA 3 e 4 ^I 1 e 5 MP 2 e 6 ^I 4 e 7 RAA 8 ~E Exercício: Deus não existe. Pois, se Deus existisse a vida teria significado. Mas a vida não tem significado. {D V, ~V} ├ ~D Derivação: 1. 2. 3. 4. 5. 6. DV ~V | D | V | V ^ ~V ~D P P H 1 e 3 MP 2 e 4 ^I 3 e 5 RAA ou então: {D V, ~V} ├ ~D 1. D V 2. ~V 3. ~D P P 1 e 2 MT Exercício: Se hoje é Quinta-feira, então amanhã será sexta-feira. Se amanhã for sextafeira, então depois de amanhã será sábado. Conseqüentemente, se hoje for quinta-feira, então depois de amanhã será sábado. {Q X, X S} ├ Q S Prova: {Q X, X S} ├ Q S 1. 2. 3. 4. 5. 6. QX XS | Q | X | S QS P P H 1e 3 MP 2e 4 MP 3e 5 PC