XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 LOGÍSTICA APLICADA A PROGRAMAS DE GESTÃO AMBIENTAL Marta Monteiro da Costa Cruz Departamento de Engenharia de Produção – Universidade Federal do Espírito Santo / UFES Av. Fernando Ferrari, s/n° - Goiabeiras – Vitória – ES – [email protected] Luiz André dos Santos Fraga Departamento de Engenharia Mecânica – Universidade Federal do Espírito Santo / UFES Av. Fernando Ferrari, s/n° - Goiabeiras – Vitória – ES Luiz André Endlich de Oliveira Departamento de Engenharia Mecânica – Universidade Federal do Espírito Santo / UFES Av. Fernando Ferrari, s/n° - Goiabeiras – Vitória – ES Cleyton Cláudio Departamento de Engenharia Mecânica – Universidade Federal do Espírito Santo / UFES Av. Fernando Ferrari, s/n° - Goiabeiras – Vitória – ES Abstract Nowadays the companies focalize in four basic aspects to measure and to evaluate their manufacturing processes: costs, quality, safety and environment. A crescent importance of the environmental management can be seen in companies economic development, specially ones that look for international market participation, due to observe severe laws by European and American regulatory entities. The logistics, very disseminated in the production and supply management area, is studied here as a tool to be used in environmental management programs, as way to manage the residues generation inherent to the manufacturing processes. This article aims to evaluate the obtained profit with the practice of the logistics in this sense and its influence on the company, market and society. Key words: logistics; environmental management; residues generation 1 Introdução As empresas foram concebidas para gerar lucro. Inicialmente no gerenciamento de seus processos produtivos era dada grande importância somente para dois fatores: custos e qualidade. As empresas buscavam incessantemente diminuir cada vez mais os seus custos operacionais e adequar a qualidade do seu produto ao mercado ao qual elas pretendiam se inserir. Atualmente esta ainda é uma prática importante dentro das companhias. Mas com o desenvolvimento social as empresas vieram a dar importância a outro aspecto, a segurança de seus processos. A ocorrência de acidentes gera, dependendo do grau, paradas de equipamentos e algumas vezes afastamento de empregados, o que para a empresa significa economicamente perda de produção e consequentemente de lucro, e socialmente e mais importante, a possibilidade de lesões físicas aos seus empregados. Em tempo mais recente, começou a ser dada importância a mais um fator, o meio ambiente. A população mundial constatou que ao longo dos anos o meio ambiente foi sendo gravemente degradado, diminuindo a qualidade de vida, e criou-se a necessidade de promover meios que visam a ENEGEP 2002 ABEPRO 1 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 proteção ao meio ambiente. Neste contexto, a logística pode ser utilizada como apoio à administração de programas de gestão ambiental. 2 Importância da gestão ambiental As indústrias, principalmente as de médio e grande porte, observam uma crescente importância da gestão ambiental no sentido de manter e impulsionar suas atividades, pois para produzir elas também dependem do meio ambiente. A gestão ambiental então tem papel social e também econômico. As empresas devem elaborar seus programas de gestão ambiental com o intuito de atender: 1) agências estatais de nível federal, estadual e municipal, encarregadas de proteger o ambiente. As empresas que buscam participação no mercado estrangeiro também devem atender às agências internacionais, principalmente as da Europa Ocidental e da América do Norte, que adotam leis mais severas para controle ambiental; 2) organizações não-governamentais e grupos que militam pela proteção ambiental; 3) grupos e instituições científicas que pesquisam os problemas ambientais; 4) um mercado consumidor “verde” que demanda entre outras coisas produtos que tenham sido produzidos usando tecnologias limpas e a partir de matérias-primas produzidas de modo sustentável ( VIOLA , REIS, 1995). Pode-se aí incluir também as próprias empresas clientes, principalmente as européias e americanas, que para fazer negócio exigem a manutenção de atividades de proteção ao meio ambiente. Muitas empresas buscam a obtenção do selo ISO 14001, o qual representa o maior grau de comprovação da responsabilidade para com o ambiente. 3 Gestão ambiental e logística A gestão ambiental pode ser divida em três principais ramos de atuação. A gestão atmosférica, que se ocupa em controlar a emissão de particulados e gases nocivos para a atmosfera, utilizando ao máximo os recursos disponíveis para evitar a poluição do ar, principalmente se a indústria estiver localizada em meio ou próximo a uma região urbana. A gestão hídrica, que visa controlar a contaminação das águas da bacia hidrográfica local, através do monitoramento e tratamento dos efluentes líquidos e do reaproveitamento da maior quantidade possível da água utilizada nos processos produtivos. E a gestão de resíduos, com a atenção voltada principalmente para os resíduos sólidos, já que os resíduos líquidos e gasosos ficam a cargo das outras divisões da gestão ambiental. A gestão de resíduos deve gerenciar a quantidade de resíduos sólidos gerada, providenciando o armazenamento, o transporte e o descarte adequados levando em consideração os tipos de resíduos inerentes aos processos produtivos (VITERBO, 1998). Gestão Ambiental Gestão Atmosférica Gestão Hídrica Gestão de Resíduos Logística Figura 1 – Organograma da gestão ambiental com apoio da logística ENEGEP 2002 ABEPRO 2 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 No caso da gestão de resíduos, a logística pode atuar como ferramenta importante de auxílio no gerenciamento dos rejeitos. Os conceitos de logística, criados para aplicação no campo da distribuição de produtos, podem ser utilizados com sucesso na gestão dos resíduos. Basta encarar os resíduos como se fossem produtos, que devem ser armazenados e transportados para locais determinados, de forma que se mantenha o “estoque” a níveis aceitáveis pelos órgãos reguladores. O departamento de logística não apresenta dificuldades em desempenhar esta atividade, na verdade o aumento do trabalho não é tão significativo, pois o maior volume de trabalho está na fase de inserção dos conceitos logísticos nas atividades da gestão. O ideal é que os programas de gestão ambiental já nasçam com tais conceitos na sua grade operacional. Após a fase de implantação, o departamento de logística pode atuar apenas assessorando o departamento de gestão de resíduos, entregando o máximo possível o controle operacional para cargo do pessoal do meio ambiente, e procurando apenas auxiliar em casos particulares. 4 Gestão de resíduos Para aplicar a logística na gestão ambiental e otimizar as atividades, deve-se conhecer perfeitamente cada tipo de resíduo gerado no processo produtivo da empresa, para definir a melhor forma de descartá-lo, o tipo de transporte mais adequado, e a freqüência com que pode ser realizado esse transporte. 4.1 Classificação dos resíduos sólidos Segundo DONEL e RUPPETHAL (2001), os resíduos podem ser classificados de acordo com a sua origem: • Resíduos domésticos: são aqueles produzidos pelas pessoas em suas residências, são constituídos de restos de alimentos, embalagens, papéis, plásticos etc. • Resíduos comerciais: são aqueles gerados pelo setor terciário e são compostos especialmente por papéis, papelões e plásticos. • Resíduos das áreas de saúde: são provenientes de hospitais, farmácias, postos de saúde e casas veterinárias. Compostos principalmente por seringas, vidros de remédios, algodão, gaze, órgãos humanos etc. • Resíduos industriais: são aqueles que se originam das atividades do setor industrial, como restos de metais, de madeiras, de tecidos, de produtos químicos e outros. Seu potencial poluidor é variável, dependendo grandemente da sua composição. O interesse das empresas se volta totalmente para os resíduos industriais, mas o gerenciamento de resíduos domésticos e das áreas de saúde também pode ser fortemente auxiliado pela logística, nestes casos aplicada principalmente por entidades estatais. De acordo com a norma NBR 10004 – “Resíduos Sólidos – Classificação”, os resíduos podem ser classificados quanto aos riscos potenciais ao meio ambiente, indicando quais devem ter manuseio e destinação mais rigidamente controlados: • Resíduos Classe I – Perigosos: os resíduos perigosos apresentam características de inflamabilidade, corrosividade, reatividade e patogenicidade, podendo representar risco para a saúde pública, provocar mortalidade ou incidência de doenças, além de causar efeitos adversos ao meio ambiente, quando manuseados ou dispostos de forma inadequada. • Resíduos Classe II – Não Inertes: são classificados como não inertes os resíduos sólidos ou misturas de resíduos sólidos que não se enquadrem nas Classes I e III. Estes resíduos podem ter propriedades de combustibilidade, biodegrabilidade ou solubilidade em água. ENEGEP 2002 ABEPRO 3 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 • Resíduos Classe III – Inertes: são classificados como resíduos inertes os resíduos sólidos ou misturas de resíduos sólidos que, submetidos ao teste de solubilização não tenham nenhum de seus constituintes solubilizados, em concentrações superiores ao padrões definidos na norma NBR 10005 (“Padrões para teste de solubilização”). Como exemplo destes materiais, temos rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são facilmente decompostos. 4.2 Tratamento dos resíduos sólidos Basicamente, existem quatro maneiras de eliminar os resíduos industriais, dependendo do tipo de resíduo gerado a escolha do fim que pode ser dado a ele. Os resíduos sólidos podem ser aterrados em aterros industriais, incinerados, reciclados ou reutilizados. • Aterro industrial: o aterro é uma forma de disposição de resíduos no solo que, fundamentada em critérios de engenharia e normas operacionais específicas, garante um confinamento seguro em termos de poluição ambiental e proteção à saúde pública. Sua construção deve evitar exalação de odores, fumaças, gases tóxicos, poluição das águas superficiais e subterrâneas e poluição do solo (VITERBO, 1998). • Incineração: a incineração é um processo tecnológico que emprega a decomposição térmica, através de oxidação em altas temperaturas, para destruir a fração orgânica de um resíduo ou reduzir seu volume. Quaisquer resíduos que contenham uma fração orgânica perigosa são candidatos à incineração. A incineração de solos contaminados por vazamentos de produtos perigosos é bastante comum (ALENCAR & GABAÍ, 2001). • Reciclagem: é a utilização de resíduos de determinados materiais na fabricação de produtos novos. Os resíduos geralmente são tratados quimicamente e reprocessados, garantindo níveis satisfatórios de qualidade. Como exemplo de materiais que podem ser reciclados estão os metais, as latas de alumínio são um exemplo de sucesso, também vidro, papéis e outros materiais para casos específicos. • Reutilização: é a utilização de resíduos como parte da matéria-prima para fabricação de outros produtos. A principal diferença quanto à reciclagem é que os resíduos reutilizados não sofrem nenhum tipo de tratamento especial, sendo aproveitados na situação em que saíram dos processos produtivos onde foram gerados. Um grande exemplo de resíduo reutilizado é a escória de alto-forno, que serve como uma fração da matéria-prima para fabricação de cimento. 5 Planejamento logístico Ballou (2001) define que o estudo da logística deve se concentrar em três pontos chave para o planejamento de atividades. As decisões de localização das instalações, as decisões de estoque e as decisões de transporte têm papel fundamental no sucesso dos negócios da empresa, de acordo com o nível de serviço desejado aos clientes. Estes três tipos de decisões que devem ser tomadas formam o chamado triângulo do planejamento logístico, muito disseminado atualmente nas empresas. No entanto, esta definição tem o enfoque voltado principalmente para o setor de produção e distribuição de produtos de uma empresa, mas pode-se por analogia estender estes conceitos para a logística aplicada a programas de gestão ambiental. As decisões de localização das instalações podem ser substituídas por decisões de destinação dos resíduos, as decisões de estoque podem ser entendidas como decisões de armazenamento dos resíduos e as decisões de transporte continuam assim denominadas, só ENEGEP 2002 ABEPRO 4 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 que com o enfoque na movimentação dos resíduos em vez de produtos. Tudo isto de acordo com o nível desejado de proteção ao ambiente. É claro e socialmente indispensável, que o nível de proteção ao meio ambiente seja o maior possível, visto que isto afeta diretamente a qualidade de vida da população. As empresas devem obedecer a certas exigências dos órgãos reguladores, que estabelecem determinados limites de aceitação de exposição de acordo com a natureza dos resíduos envolvidos no processos produtivos. Quanto maior a periculosidade do resíduo mais severa é a lei, e maior cuidado as empresas devem ter na administração dos seus resíduos. A logística então atua como auxílio para otimizar as operações envolvidas no acondicionamento e descarte dos resíduos, buscando ao mesmo tempo reduzir ao máximo os custos relacionados a estas operações e executá-las dentro dos padrões estabelecidos pelas agências estatais e pela sociedade, podendo até mesmo esta logística ser denominada como logística ambiental. O triângulo do planejamento logístico de Ballou pode então ser adaptado para as funções que a logística exerce neste enfoque. Nível de proteção ao ambiente Decisões de destinação dos resíduos Decisões de armazenamento dos resíduos Decisões de transporte dos resíduos Figura 2 – O triângulo do planejamento logístico para a gestão ambiental 5.1 Destinação dos resíduos A primeira etapa do planejamento logístico é a definição do destino que deve ser dado a cada tipo de resíduo. É importante que a equipe conheça bem o processo produtivo da empresa para que possa definir com clareza como o programa de gestão ambiental vai atuar. Os rejeitos do processo devem ser classificados segundo as normas vigentes e então as tomadas de decisões devem ser feitas baseadas nestas informações. Segundo diretrizes técnicas das normas da série ISO 14000, a destinação dos resíduos deve seguir a seguinte seqüência de prioridades: • Redução da geração; • Reutilização; • Reciclagem; • Tratamento térmico destrutivo em incineradores; • Disposição final em aterros para resíduos classes I, II e III. A redução da geração é uma alternativa que depende mais do setor de produção da empresa do que da gestão ambiental. Esta solução é atingida com o aperfeiçoamento do processo. Requer investimentos principalmente na substituição de alguns equipamentos por ENEGEP 2002 ABEPRO 5 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 outros mais eficientes e a sua aplicação deve ser estudada preferencialmente na implantação da planta produtiva, mas qualquer melhoria posterior não é menos importante no aspecto da proteção ao ambiente. A reutilização e a reciclagem acenam como as grandes alternativas do momento. Elas possibilitam ao mesmo tempo a diminuição da poluição por rejeitos oriundos dos processos e a preservação das fontes naturais de matéria-prima. A destinação dos resíduos deve apontar ao máximo para estas opções. A criação das bolsas de resíduos, como a organizada pela FIESP (Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), servem para alavancar o reaproveitamento dos materiais e oferecem a oportunidade de algum retorno financeiro para as empresas envolvidas. Estas iniciativas já vem sendo usadas há mais tempo na Europa, Japão e América do Norte e são mais recentes no Brasil. A incineração e os aterros industriais são as alternativas finais para destinação dos resíduos, com preferência ainda para a incineração (que deve ser também um processo limpo) por diminuir o volume dos rejeitos ou até mesmo evitar o acúmulo destes no ambiente. A definição da destinação dos resíduos deve levar em consideração fatores econômicos e aspectos ambientais, com supremacia destes últimos. 5.2 Armazenamento dos resíduos O armazenamento provisório dos resíduos sólidos gerados para posterior disposição final deve atender a normas específicas da ABNT. Este deve ser feito em locais estrategicamente escolhidos e em galpões e recipientes adequados de acordo com os tipos de materiais descartados. As formas mais usuais de se acondicionar os resíduos sólidos industriais são (MONTEIRO et al, 2001): • Tambores metálicos para resíduos sólidos sem características corrosivas. • Bombonas plásticas para resíduos sólidos com características corrosivas ou semisólidos em geral. • Sacos plásticos, normalmente de polipropileno trançado, de grande capacidade de armazenamento, quase sempre superior a 1m3. • Contêineres plásticos, padronizados nos volumes, para resíduos que permitem o retorno da embalagem. • Caixas de papelão, de porte médio, para resíduos a serem incinerados. Os resíduos radioativos devem ter atenção especial. Os recipientes devem ser confeccionados com material à prova de radiação como chumbo, concreto e outros. Assim, a logística também é importante no momento de efetuar a escolha das formas de armazenamento, pois estas são coligadas com o tempo previsto de permanência dos resíduos nos galpões e com o tipo de transporte a ser realizado. Outros pontos importantes a serem considerados são os tamanhos dos galpões e as capacidades dos recipientes a serem utilizados para acondicionamento dos rejeitos. Estas escolhas devem ser orientadas em função principalmente das características dos resíduos, da quantidade de resíduos gerada, da freqüência de transporte e dos custos associados. Um estudo bem elaborado das condições apresentadas em cada situação deve ser feito, pois há a necessidade de proteger ao máximo o meio ambiente. As companhias podem relevar variados aspectos de acordo com sua situação de funcionamento, como capacidade produtiva, importância econômica, localização em relação aos centros urbanos, e principalmente nível de controle ambiental ao qual cada empresa é submetida. Isto tudo vai ajudar a definir o tempo que os resíduos podem permanecer provisoriamente armazenados nestas instalações. Mas todas as decisões de armazenamento devem ser tomadas em conjunto com as decisões de transporte, pois isto permite um melhor rendimento das atividades da gestão dos resíduos, visto que a qualidade das operações de ENEGEP 2002 ABEPRO 6 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 coleta e transporte dependem da forma adequada do acondicionamento, armazenamento e da disposição dos recipientes nos locais. 5.3 Transporte dos resíduos As decisões de transporte devem se concentrar primeiro na escolha do tipo de veículo para executar as funções de deslocamento dos materiais. O transporte de resíduos é quase que exclusivamente rodoviário. Existem diversas opções, dentre elas (MONTEIRO et al, 2001): • Caminhões baú. • Poliguindastes simples ou duplos para caçambas. • Coletores compactadores. • Caminhões basculantes, que têm o carregamento efetuado com pá carregadeira, aumentando a produtividade e diminuindo o esforço humano. • Roll-on/roll-off, caminhões coletores de resíduos industriais que operam com até 6 contêineres estacionários com ou sem compactação. A escolha depende das características e quantidade dos resíduos, e da freqüência que se deseja que seja realizado o transporte até aos locais de destinação. Neste ponto, após a definição do tipo de veículo, deve ser feito um estudo minucioso das opções de roteirização, devido à constatação de que os custos associados a transporte são os maiores envolvidos na logística, e é desejável utilizar ferramentas auxiliares como softwares e conceitos de pesquisa operacional. É necessário verificar que em certas localidades existem, geralmente impostas pelas prefeituras, restrições quanto ao acesso de veículos portando resíduos industriais em determinados horários e vias rodoviárias, o que se torna um agravante no momento da definição das operações pela logística. As decisões, principalmente as de armazenamento e as de transporte, têm influência umas sobre as outras, e portanto são tomadas simultaneamente. O planejamento logístico de meio ambiente, assim como a logística de produtos, também sofre variações de acordo com o comportamento do mercado, pois uma maior ou menor demanda dos produtos finais, provoca um acréscimo ou decréscimo nos níveis de produção, e consequentemente na geração de resíduos. Então também aqui deve haver uma atenção constante da logística para manter sempre as operações otimizadas. 6 Conclusão O crescimento da população e o resultado do desenvolvimento econômico aumentaram a preocupação da sociedade em relação às questões ambientais. Não se deve pensar mais em proteção ambiental independente do desenvolvimento econômico. Deve-se atingir um novo estilo de desenvolvimento que interiorize a proteção ambiental. O maior empecilho para as empresas é o fato de que uma gestão ambiental eficiente gera grandes custos. Mas deve-se atentar que o descumprimento das normas impostas pelas agências estatais quase sempre acaba se transformando em multas pesadas. Os conceitos de logística estão aí para serem aplicados e otimizarem as atividades ligadas à gestão ambiental. Em muitos casos, o planejamento logístico, em termos de ambiente, não é diferente daquele em setores de produção. As decisões de destinação, armazenamento e transporte dos resíduos são interdependentes e devem ser tomadas visando a redução dos custos globais e ao mesmo tempo garantindo que o passivo ambiental não ultrapasse certos limites, porque é indesejável que tal situação ocorra em empresas certificadas e que buscam a certificação pela ISO 14000, pois a melhoria contínua da situação ambiental é verificada a cada intervenção de controle. ENEGEP 2002 ABEPRO 7 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 O efeito da gestão ambiental e da logística associadas sobre a empresa, mercado e sociedade é positivo, pois cria novas oportunidades empresariais e profissionais ligadas a estes setores e também aumenta a qualidade de vida da população. 7 Referências ALENCAR JÚNIOR, Nehemias R. de; GABAÍ, Isaac. Incineração e dioxinas: análise do aporte teórico disponível. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 21., 2001, Salvador. 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