OIM MOÇAMBIQUE 15 de Julho de 2015 DISPLACEMENT TRACKING MATRIX | RELATÓRIO #3 VISÃO GERAL As famílias deslocadas da Província de Zambézia continuam em busca de estabilidade depois das grandes cheias no início de 2015, às quais causaram evacuações massivas nas zonas baixas da região. Depois de coordenar as operações iniciais de alívio, o Governo de Moçambique virou as atenções para a fase de recuperação de emergência através de acções de melhoria de bairros de reassentamento para as pessoas internamente deslocadas (IDPs) a nível da província. Para apoiar estes esforços contínuos, a OIM tem vindo a trabalhar em estreita colaboração com o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) e com os parceiros da Concern, da Welthungerhilfe e da Visão Mundial na implementação da Matriz de Monitoria de Deslocados Internos (Displacement Tracking Matrix, DTM) nos distritos mais afectados da Província da Zambézia. A DTM é um sistema de recolha de dados capaz de fornecer informações em tempo útil ao governo e aos parceiros humanitários sobre as populações deslocadas e sobre a situação actual nos centros de deslocados. IDPs construindo um teto no bairro de reassentamento de Matebe QUICK FIGURES 61.102 indivíduos provenientes de 12.396 famílias foram identificadas em 48 centros na Província de Zambézia Famílias em 36 dos 48 centros avaliados buscam água potável de bombas manuais 53% de população deslocada é do sexo feminino e 22% são crianças abaixo de 5 anos de idade A ronda final das avaliações multissectoriais dos centros foi concluída em relação a 48 centros de deslocados dos distritos de Maganja da Costa, Mocuba, Mopeia, Morrumbala, Namacurra, Nicoadala e Pebane. As avaliações seguiram-se a uma campanha de registo porta a porta levada a cabo nos finais de Maio que permitiu recolher informações demográficas actualizadas que fazem parte do presente relatório. No termino deste mês de Julho estará concluido o relatório final das constatações da DTM. PERFIL DA POPULAÇÃO As avaliações concluídas em finais de Julho revelaram um decréscimo no número total de IDPs ao longo dos últimos três meses. Em geral, o declínio da população foi observado em 30 das 48 comunidades. Dada a estabildade das condições nas zonas de origem, um número relativamente reduzido de famílias regressou às suas casas para reconstruírem as suas vidas. Apesar destes movimentos, 61.102 indivíduos provenientes de 12.396 famílias continuam a residir nos 48 centros avaliados. A população de IDPs é relativamente jovem, com 62% de indivíduos abaixo dos 18 anos e 22% abaixo dos 5. As mulheres superam os homens, já que 53% de todos os IDPs são do sexo feminino. Finalmente, a população permanece geograficamente dispersa; o Distrito de Mopeia concentra o maior número de todos os distritos na ordem de 17.641 IDPs. Foram formalmente fixados pelo INGC trinta e seis bairros de reassentamento nos sete distritos durante a fase inicial de resposta de emergência, contudo muitas famílias deslocadas foram acomodadas em centros não oficiais. Estes centros eram geralmente espaçosas porções de terra não habitadas aonde as famílias aglomeraram-se e criaram novas comunidades em zonas mais altas próximas aos locais de origem. Os centros não fizeram parte do plano de reassentamento a longo prazo, PARCEIROS QUE APOIAM A DTM NA ZAMBÉZIA OIM Moçambique Displacement Tracking Matrix | Relatório de Ronda 3 | 15 de Julho de 2015 contudo, os esforços actuais do governo local tendem a formalizar muitas destas comunidades através da alocação de talhões às famílias deslocadas. Este processo validou a presença de famílias deslocadas nas comunidades e incentivou investimentos de tempo e recursos. Informação Demografica das IDPs por Idade e Sexo Idade / Sexo Homem Mulher Total <1 ano 1,215 1,519 2,734 1-5 anos 4,695 6,049 10,744 6-17 anos 12,708 11,740 24,448 18-59 anos 9,514 12,093 21,607 >60 anos 766 803 1,569 Total 28,898 32,204 61,102 As famílias deslocadas têm-se referido a danos nas infra-estruturas básicas, casas destruídas e falta de segurança como principais barreiras que impedem o retorno aos seus locais de origem. A maior parte dos IDPs continua a manifestar a intenção de fixar residência permanente nas novas comunidades. Esta intenção é reforçado pelo número crescente de famílias que construiram casas permanentes nos centros. Além disso, as melhorias introduzidas na água e saneamento prevalecem pelo facto de terem aumentado as campanhas a favor da água melhorada pela introdução de bombas manuais em todas as comunidades. Os IDPs no Distrito de Mocuba beneficiaram de 11 novas fontes instaladas nas últimas seis semanas pela comunidade humanitária em colaboração com o Governo de Moçambique. Apesar destes sinais positivos, a grande parte da população deslocada continua a residir em casas à base de lona e formas improvisadas de abrigo. Enquanto algumas famílias, particularmente as encabeçadas por mães solteiras, denotam falta de recursos para construírem residências permanentes, outras famílias manifestam falta de tempo e energia pelo facto de viverem divididas entre a nova comunidade e o regresso temporário para as zonas de origem onde as condições agrícolas são mais favoráveis. Outra parte das famílias deslocadas continua a manifestar reservas no que concerne á construção de casas permanentes por falta de atribuição definitiva do direito permanente de uso e aproveitamento dos talhões distribuídos. Os IDPs começaram a enfrentar um decréscimo na distribuição de alimentos, contudo, muitas tem esperança através da recente campanha de Comida pelo Trabalho já iniciada e que compensa trabalho feito na comunidade com distribuição de alimentos. A busca de meios de subsistência sustentáveis continua para as famílias deslocadas já que muitas vivem o seu dia-a-dia preocupadas com o seu sustento, motivo pelo qual se envolvem em actividades agrícolas ou qualquer outra actividade diária que traga renda suficiente para suas necessidades. ABRIGO E BENS NÃO ALIMENTARES Continuam a verificar-se alterações constantes em termos de abrigo para os IDPs. Mesmo que ainda se continue a observar a existência de maioria das casas construidas por tendas/lonas em 30 centros de deslocados, o número está a declinar gradualmente. Muitas comunidades estão a responder positivamente à exigência do IDPs caminhando para INGC e dos líderes comunitários de se construir casas duráveis com material local, uma distribuição de incluindo estacas, capim, caniço, argila e tijolos de argila. Geralmente a lona é usada kits de ferramenta na como camada extra de formação do tecto. É reportada a existência de casas comunidade de Cabuir permanentes já construídas em vinte e sete centros enquanto três centros reportam que casas permanentes são a forma de abrigo mais comum. As famílias deslocadas demonstraram preocupações em relação à preparação dos alimentos pelo facto de os kits de cozinha representaram o bem mais carecidoem a metade dos centros de reassentamento (24 centros). As mantas, as lonas e as redes mosquiteiras também foram frequentamente mencionados como necessidades. Os IDPs de cinco distritos acabam de beneficiar das recentes distribuições de kits de ferramenta concluídas durante os meses de Maio e Junho. ÁGUA, SANEAMENTO E HIGIENE Têm sido observadas grandes melhorias no acesso à água por várias comunidades. Os esforços do Governo e dos parceiros humanitários resultaram na criação de novas fontes de água em sete centros do Distrito de Mocuba, assim como centros do Distrito de Namacurra. Os esforços são contínuos e com tendência de se propagarem em mais distritos. Neste momento, famílias deslocadas em Uso Médio de Água Por Pessoa 36 centros (75%) conseguem água potável a partir de bombas manuais # dos Centros de água, o que representa um aumento em 8 centros desde o começo Uso de Água Maio 2015 Junho 2015 das acções de emergência. Doze comunidades ainda buscam água de Menos que 5 litros / dia 1 0 beber em poços cavados manualmente ou nos rios e charcos. Este 5 - 10 litros / dia 6 4 problema continua prevalecente no Distrito de Mopeia, onde os IDPs de 10 - 15 litros / dia 15 8 quatro centros obtêm água de beber a partir de fontes de céu aberto. Mais que 15 litros / dia 24 36 Além disso, o consumo da água tem aumentado nos últimos meses. A Total 2 46 48 OIM Moçambique Displacement Tracking Matrix | Relatório de Ronda 3 | 15 de Julho de 2015 maioria das famílias de 28 centros de deslocados conseguem chegar a sua principal fonte de água dentro de 20 minutos a pé, o que lhes permite usar mais água para as suas necessidades; 36 comunidades referem que os IDPs em média gastam mais de 15 litros de água por dia. Continuam preocupações em relação ao saneamento apesar das campanhas de promoção de higiene em curso envolvendo 46 comunidades (96%). A prática de lavagem das mãos tem sido reportada como a norma em apenas metade de todos os centros de deslocados (24) e o fecalismo a céu aberto continua prática comum em 12 comunidades. ALIMENTOS, NUTRIÇÃO E MEIOS DE SUBSISTÊNCIA Muitos IDPs manifestam dificuldade de obtenção de alimentos suficientes para o sustento das respectivas famílias. As reduções e conclusões nas distribuíções têm sido reportadas em todos os sete distritos e a maioria dos centros indica não ter recebido nenhum alimento distribuído desde Abril. O Governo Moçambicano e os parceiros humanitários iniciaram o programa Comida pelo Trabalho em muitos centros, exigindo que as famílias deslocadas prestem serviços de melhoramento a nível das comunidades recebendo em troca apoio nutricional. Na falta de distribuição, as famílias deslocadas foram forçadas a encontrar outros meios de subsistência. Os IDPs em 31 centros de reassentamento reportaram confiar apenas nos produtos agrícolas das respectivas machambas para o sustento da família, enquanto sete comunidades reportam que o maior número dos IDPs andam à procura de trabalho ou coleta produtos para adquirir dinheiro das compras. Crianças preparando comida fora da sua casa em Chirombe A Estas constatações foram reforçadas pelo facto de famílias deslocadas de 33 centros terem reportado que a ocupação diária mais predominante é a actividade agrícola. Os IDPs de muitos locais já conseguem colheitas a partir de plantações nos terrenos cedidos nos bairros de reassentamento, enquanto outras tendem a abandonar as novas residências durante alguns dias, regressando aos locais de origem em busca de maior produtividade agrícola. Para os IDPs de centros desprovidos de opções agrícolas, a ocupação diária mais comum tem sido a pesca (4 centros), trabalhos diversos (4 centros) e agro-pecuária (3 centros), enquanto por outro lado existem IDPs em número de quatro centros reportando a ausência total da ocupação diária. SAÚDE A situação de saúde permanece a mesma já que IDPs de muitos centros continuam a reportar a ausência de apoio do serviço de saúde e consequente necessidade de viajar longas distâncias para conseguir os cuidados hospitalares. Famílias deslocadas de 30 comunidades viajam distâncias acima de 3km para encontrarem a mais próxima unidade sanitária. A malária continua a ser o problema de saúde mais reportado em 40 centros. A diarreia tem igualmente sido mencionada como problema de saúde notado em 41 comunidades. Casos graves de diarreia têm sido reportados em alguns centros e três comunidades reportaram suspeita de casos de cólera afectando os IDPs. Estes casos, embora não activos no momento de reporte, requerem a necessidade de uma monitoria contínua das condições de saúde nas comunidades reassentadas. EDUCAÇÃO Têm havido esforços no sentido de estabelecer escolas temporárias; os IDPs de 38 centros (79%) apontam para o facto de existirem instalações educacionais nas respectivas comunidades, dispondo apenas das classes do ensino primário para os mais novos. Geralmente são dadas aulas da primeira à quinta, deixando as crianças mais adultas para escolas situadas a grandes distâncias. Crianças de 10 centros caminham a pé distâncias superiores a 2km para alcançarem a escola mais próxima. Os adultos deslocados no bairro de reassentamento de Namurro, Pebane beneficiam do recente programa criado a favor da educação do adulto dentro da comunidade. As aulas são ministradas em dois níveis com enfoque primário na língua portuguesa. Dois residentes da comunidade trabalham como professores voluntários e estão à frente do programa que tem tido uma grande aderência e participação dos membros da comunidade. 3 OIM Moçambique Displacement Tracking Matrix | Relatório de Ronda 3 | 15 de Julho de 2015 Famílias da maioria dos centros continuam a reportar que o maior número das crianças vão à escola; IDPs de 32 comunidades reportam que mais de 75% das crianças em idade escolar vão regularmente à escola. PROTECÇÃO Foram notadas melhorias na segurança das famílias deslocadas de muitos centros de deslocados dos sete distritos. Os IDPs de todos os 48 centros indicam que os homens sentem-se seguros nas respectivas comunidades enquanto 46 centros indicam que a Uma aula de alfabetização no bairro mulher sente-se segura e que 47 centros reportam que a criança de reassentamento de Namurro sente-se segura nos centros. Estas percepções foram comunicadas apesar dos incidentes de violência baseada no género terem sido reportados em 13 comunidades e matérias de protecção da criança terem sido notadas em 15 comunidades. O roubo tem sido o incidente de segurança mais reportado em 23 centros de deslocados (48%) – decréscimo em 5 centros ao longo das últimas seis semanas. Dezassete comunidades (35%) indicaram ausência de incidentes de segurança comummente reportados. As famílias deslocadas de Murire, Morrumbala juntaramse para formar um tribunal comunitário no esforço de resolver internamente questões de segurança. Os três membros que presidem o tribunal foram eleitos pelos residentes da comunidade e têm poderes de intervir numa larga gama de problemas que possam ocorrer a nível do bairro de reassentamento. O sistema tem apoio de todas as IDPs e tem sido acreditado graças à melhoria das condições de segurança na comunidade. Incidentes de Segurança Mais Comuns Tipo de Incidente Distúrbios relacionados ao álcool/drogas Conflito entre residentes do centro Conflito com a comunidade vizinha Roubo Crime Nenhum Outro Violência domestica # de Centros 14 2 2 23 8 1 17 1 COMUNICAÇÃO IDPs de 37 centros dependem das informações e notícias difundidas pelos respectivos líderes comunitários enquanto sete dependem das autoridades locais e quatro obtêm informações a partir dos telemóveis. As famílias deslocadas de muitas comunidades enfrentam desafios de comunicação por falta de energia para recarregar os celulares. As matérias de interesse variam muito mas a maioria dos IDPs gostariam de receber mais informações sobre a assistência de alívio, questões de abrigo, distribuição e acesso aos serviços. O financiamento das actividades da DTM é fornecido pela: Para mais informações sobre actividades de DTM da OIM Moçambique, entre em contato: Zach Carlson | IOM Quelimane | +258 848 902 410 | [email protected] Manuel Pereira | IOM Maputo | +258 823 089 655 | [email protected] www.mozambique.iom.int/blog 4