UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO
Gerador de Caracteres e Grafismos
Multimédia para Emissões TV
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO EM
COMUNICAÇÃO E MULTIMÉDIA
Carlos Manuel Pimenta da Silva
Vila Real, 2009
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Curso de Mestrado em Comunicação e Multimédia
Gerador de Caracteres e Grafismos
Multimédia para Emissões TV
Dissertação do curso de Mestrado em Comunicação e Multimédia
de
Carlos Manuel Pimenta da Silva
Dissertação submetida à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro para
cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em
Comunicação e Multimédia, elaborada sob a orientação do Prof. Doutor José
Benjamim Ribeiro da Fonseca da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Vila Real, Outubro de 2009
i
À minha família e em especial ao meu filho que com a sua alegria me faz encarar o
trabalho e a vida como se tudo fosse uma simples brincadeira …
iii
Agradecimentos
A presente dissertação é o culminar de várias horas de esforço, investigação e
dedicação, sustentadas pela ânsia de levar mais longe o conhecimento.
O meu primeiro agradecimento vai para o meu orientador, o Prof. Doutor José
Benjamim Ribeiro da Fonseca que me acompanhou ao longo da elaboração desta
dissertação, quero agradecer-lhe pelo incentivo, pela disponibilidade e pelas
críticas e sugestões sempre construtivas.
Agradeço ao meu filho toda a ajuda prestada no progredir da minha vida e
trabalho, pois são as suas brincadeiras e sorrisos que me dão força para começar
cada novo dia como se fosse o primeiro.
Agradeço à minha esposa a paciência para me aturar nas horas que estou presente
e pelas muitas que estou ausente.
Agradeço aos meus pais que sempre estiveram ao meu lado neste longo caminho
que é a vida.
A todos os colegas de curso que sempre me apoiaram o meu agradecimento, em
especial ao Martinho que sempre me deu animo e coragem para vencer este
desafio.
Agradeço a todos aqueles professores, que ao longo da vida me ensinaram a subir
cada degrau desta longa escada que é o conhecimento.
Agradeço a todos os que directa ou indirectamente me ajudaram nesta
caminhada, pois são os pequenos “empurrões” que nos levam mais à frente.
v
Resumo
Nas emissões televisivas, com o avançar das tecnologias, a utilização de grafismos
multimédia e informação sob a forma de texto assumem cada vez mais um papel
de elevada importância.
Esses infografismos que são sobrepostos à transmissão de vídeo são gerados
através de sistemas de Character Generator (CG). O Gerador de Caracteres pode
consistir num equipamento de hardware ou software, cuja finalidade é a de gerar
e colocar essa informação através de sistemas de keying, numa transmissão de
vídeo.
Inicialmente os Character Generators consistiam em equipamentos com
funcionalidades muito limitadas, que apenas permitiam colocar informações sob a
forma de texto. Actualmente, os sistemas de CG são baseados em computadores,
e permitem a integração não só de texto, como também de grafismos multimédia.
Os CG têm um papel cada vez mais importante nas emissões de TV, em especial
destaca-se a sua utilização em programas de desporto, noticiário, eleições e
entretenimento.
Nesta dissertação começa por se fazer um estudo dos diferentes sistemas de
Character Generator, as suas formas e funcionalidades. Analisa-se também a forma
como as empresas de televisão fazem uso dos mesmos.
O principal objectivo deste trabalho é o desenvolvimento de uma plataforma de
Character Generator, capaz de realizar as principais funcionalidades de grafismo
necessárias a um programa generalista ou de noticiário.
Palavras Chave
CG, Gerador de Caracteres, grafismos multimédia, infografismos, televisão, vídeo.
vii
Abstract
In television broadcasts, with advancing technology, the use of multimedia
graphics and information in the form of text, takes an increasingly important role.
These information graphics that overlay the video stream are generated by
Character Generator (CG) systems. The Character Generator can be a hardware or
software equipment, whose purpose is to generate and put such information
through keying systems in a video transmission.
Initially the Character Generators consisted of equipment with very limited
functionalities, allowing only inserting information in the form of text. Currently,
the CG systems are based on computers and allow the integration, not only of text
but also of multimedia graphics. CGs play an increasingly important role in TV
broadcasts, in particular stands out its use in sports programs, news, elections and
entertainment.
This thesis begins with a study of the different Character Generator systems, its
forms and functionalities. It also analyzes how TV companies make use of them.
The main goal of this work is the development of a Character Generator platform
able to perform the main graphic functionalities needed for a generic program or
news.
Keywords
CG, Character Generator, multimedia graphics, information graphics, television,
video
ix
Índice
INTRODUÇÃO
1
ENQUADRAMENTO
1
OBJECTIVOS
2
ESTRUTURA DO DOCUMENTO
3
CHARACTER GENERATORS (CG)
5
HISTÓRIA E EVOLUÇÃO
6
KEYING
8
CHROMA KEY
9
LUMA KEY
10
EQUIPAMENTOS DE KEYING
10
TIPOS DE SISTEMAS DE CG
12
SOFTWARE CHARACTER GENERATORS
12
HARDWARE CHARACTER GENERATORS
13
SISTEMAS DE CG NA ACTUALIDADE
13
CHYRON CORPORATION
13
VIZRT
15
VENTUZ
17
ORAD
18
MIRANDA TECHNOLOGIES
19
WTVISION
20
MAGICSOFT
22
ANÁLISE DOS INFOGRAFISMOS POR CG EM DIFERENTES TIPOS DE PROGRAMAÇÃO
25
NOTICIÁRIO
25
ELEIÇÕES
28
DESPORTO
32
ENTRETENIMENTO
34
xi
TIPOS DE INFOGRAFISMOS PARA NOTICIÁRIO
35
TIPOS DE INFOGRAFISMOS
36
BUGS
36
LIVE BAR
36
CLOCK
37
LEADS
37
LOWER THIRD
37
TICKER
38
OVER THE SHOULDERS
39
OUTROS INFOGRAFISMOS
39
PLANEAMENTO PARA A CRIAÇÃO DE UM CG
41
PORQUÊ A CRIAÇÃO DE UM CG?
41
OBJECTIVO E FUNCIONALIDADES
42
TECNOLOGIAS
43
FUNCIONAMENTO DA SOLUÇÃO A DESENVOLVER
45
ESTÚDIO EQUIPADO COM VIDEO MIXER COM SUPORTE DE KEYING
46
ESTÚDIO EQUIPADO COM VIDEO MIXER SEM SUPORTE DE KEYING
46
DESIGN E PRODUÇÃO DO SISTEMA CG
49
DESIGN DA ESTRUTURA
49
DESIGN DO INTERFACE
51
ANÁLISE DOS PAINÉIS E FUNCIONALIDADES DO CG MANAGER
54
PRODUÇÃO E PROGRAMAÇÃO
58
TESTES
58
CONCLUSÕES E TRABALHO FUTURO
61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
63
Índice de Imagens
FIGURA 1 – VIDEONICS VIDEO TITLE MAKER .................................................................................................... 6
FIGURA 2 – ASTON ETHOS HARDWARE CHARACTER GENERATOR .................................................................. 7
FIGURA 3 – CGENIE CHARACTER GENERATORS ................................................................................................ 7
FIGURA 4 – TÉCNICA DE KEYING ....................................................................................................................... 9
FIGURA 5 – CHYRON LYRICS PRO .................................................................................................................... 14
FIGURA 6 – CHYRON HIPER X, CG GRAPHIC STATION .................................................................................... 15
FIGURA 7 – VIZ CONTENT PILOT ..................................................................................................................... 15
FIGURA 8 – VIZ WEATHER ............................................................................................................................... 16
FIGURA 9 – VIZ TRIO ........................................................................................................................................ 16
FIGURA 10 – VIZ VIRTUAL STUDIO .................................................................................................................. 17
FIGURA 11 – VENTUZ 2008 PROFESSIONAL .................................................................................................... 18
FIGURA 12 – ORAD SOLUÇÕES CG – MAESTRO E VIRTUAL STUDIO............................................................... 19
FIGURA 13 – MIRANDA XMEDIA SUITE .......................................................................................................... 19
FIGURA 14 – WTVISION SPORT STUDIO CG .................................................................................................... 21
FIGURA 15 – WTVISION NEWS STUDIO CG ..................................................................................................... 21
FIGURA 16 – WTVISION ELECTIONS STUDIO CG ............................................................................................. 22
FIGURA 17 – WTVISION CG BUILDER .............................................................................................................. 22
FIGURA 18 – MAGICSOFT CG........................................................................................................................... 23
FIGURA 19 – NOTICIÁRIO: INFOGRAFISMOS DE ENQUADRAMENTO DA NOTÍCIA ....................................... 26
FIGURA 20 – NOTICIÁRIO: INFOGRAFISMOS CRIADOS EM DIRECTO ............................................................. 26
FIGURA 21 – NOTICIÁRIO: INFOGRAFISMOS COM OUTRAS INFORMAÇÕES E NOTÍCIAS ............................. 27
FIGURA 22 – NOTICIÁRIO: ANIMAÇÃO MULTIMÉDIA EXPLICANDO ACIDENTE............................................. 28
FIGURA 23 – RTP – INTERACÇÃO COM SISTEMA CG ...................................................................................... 29
FIGURA 24 – RTP – LOWER THIRD 3D ............................................................................................................. 29
FIGURA 25 – SIC – PAREDE DE INFORMAÇÃO NO ESTÚDIO ........................................................................... 30
FIGURA 26 – SIC – ESTÚDIO VIRTUAL 3D ........................................................................................................ 30
FIGURA 27 – SIC – LOWER THRID 2D .............................................................................................................. 31
FIGURA 28 – TVI – PAREDE DE INFORMAÇÃO E CENÁRIO 3D DA ASSEMBLEIA ............................................ 31
FIGURA 29 – TVI – LOWER THRID 2D .............................................................................................................. 32
FIGURA 30 – EVENTO DESPORTIVO – INFORMAÇÃO INTEGRADA COM SISTEMAS DE BASES DE DADOS.... 33
FIGURA 31 – EVENTO DESPORTIVO - GRAFISMOS 3D E ESTATÍSTICAS DE TRACKING................................... 33
FIGURA 32 – PROGRAMA ENTRETENIMENTO – QUEM QUER SER MILIONÁRIO........................................... 34
FIGURA 33 – PROGRAMAS DE JOGOS BASEADOS EM INFOGRAFISMOS ....................................................... 34
FIGURA 34 – IDENTIFICAÇÃO DOS TIPOS DE INFOGRAFISMOS...................................................................... 36
FIGURA 35 – VIDEO MIXER COM SUPORTE DE KEYING .................................................................................. 46
FIGURA 36 – VIDEO MIXER SEM SUPORTE DE KEYING................................................................................... 47
xiii
FIGURA 37 – CG: DESIGN DA ESTRUTURA ...................................................................................................... 50
FIGURA 38 – CG MANAGER: INTERFACE INICIAL (VERSÃO BETA) .................................................................. 52
FIGURA 39 – CG MANAGER: INTERFACE FINAL .............................................................................................. 53
FIGURA 40 – CG MANAGER: PROGRAM TEMPLATE + DATA .......................................................................... 54
FIGURA 41 – CG MANAGER: MONITORS ........................................................................................................ 54
FIGURA 42 – CG MANAGER: CONTROL PANEL - 1 .......................................................................................... 55
FIGURA 43 – CG MANAGER: CONTROL PANEL - 2 .......................................................................................... 55
FIGURA 44 – EXEMPLOS DE IMAGENS QUE PODEM SER TESTADAS ATRAVÉS DO CG .................................. 56
FIGURA 45 – CG MANAGER: PLUG-IN METEOROLOGIA ................................................................................. 56
FIGURA 46 – CG MANAGER: CONTROL PANEL 3 ............................................................................................ 57
FIGURA 47 – CG MANAGER: PAINEL SETUP.................................................................................................... 57
Índice de Tabelas
TABELA 1 – COMPARATIVO DE VIDEO MIXERS E FUNCIONALIDADES PARA CG ........................................... 11
TABELA 2 – TESTES DO SOFTWARE CG EM DIFERENTES CONFIGURAÇÕES DE HARDWARE ......................... 60
Capítulo
1
[
Introdução
]
Enquadramento
Nas emissões televisivas, com o avançar das tecnologias, a utilização de grafismos
multimédia e informação sob a forma de texto assumem cada vez mais um papel
de elevada importância.
Os textos e grafismos que habitualmente são sobrepostos à transmissão de vídeo,
são gerados através de sistemas de Character Generator (CG). O Gerador de
Caracteres pode consistir num equipamento de hardware ou software, cuja
finalidade é a de gerar e colocar essa informação através de sistemas de keying,
numa transmissão de vídeo.
Inicialmente os Geradores de Caracteres consistiam em equipamentos com
funcionalidades muito limitadas, onde apenas se conseguiam colocar informações
sob a forma de texto. Nos dias de hoje, os sistemas de CG são baseados em
computadores e permitem a integração não só de texto, como também de
grafismos multimédia.
A utilização de sistemas CG começou por ser utilizada apenas em emissões TV de
desporto e notícias, mas com o passar dos tempos passou a ser utilizada nos mais
diversos tipos de programação TV.
1
Capítulo 1
Como exemplos da importância de um CG na emissão TV, podemos destacar
transmissões de eventos desportivos onde nos é dada constante informação sobre
os resultados, tempos, informação dos atletas e respectivas equipas. Outros tipos
de programas que recorre ao uso de CG em grande escala, são os noticiários, onde
o grafismo passou a ser parte integrante do programa e onde assume cada vez
mais um papel de elevada importância. É de destacar também o uso de sistemas
de grafismo em programas de entretenimento como concursos, onde são
desenvolvidos sistemas de grafismos interactivos com os concorrentes e sem os
quais os próprios programas não fariam sentido. As eleições são o exemplo mais
claro da nova forma de recurso aos sistemas de CG, onde os grafismos multimédia
passam nalguns casos a ser a componente de maior importância no programa. A
estas representações visuais de informação dá-se também o nome de
infografismos.
Assim, a comunicação com o telespectador é feita recorrendo cada vez mais a
formatos multimédia tais como infografismos gerados por sistemas CG.
Objectivos
Em função da elevada importância dos sistemas de Character Generator e da
utilização dos grafismos nos programas e emissões de TV, pretende-se com este
projecto, em primeiro lugar analisar a evolução dos Character Generators, alguns
dos principais sistemas existentes na actualidade, as suas formas e
funcionalidades. Esta análise passa pelo estudo dos principais sistemas de CG
existentes no mercado. É também feita uma análise das diversas funcionalidades
utilizadas nos diferentes tipos de programação, em especial nos programas de
notícias quer nacionais, quer internacionais.
Todo este estudo e análise servirá de suporte à segunda parte do projecto, que
consiste na criação de um sistema de CG que contenha as principais
2
Introdução
funcionalidades utilizadas num noticiário. O principal objectivo da criação desta
aplicação é facultar as pequenas empresas ou privados de um sistema capaz de
dar resposta às necessidades de um sistema de infografismos nas suas
transmissões de TV, através de uma aplicação que não implique os elevados custos
do hardware e software dos principais sistemas de CG existentes no mercado.
Salienta-se que, cada vez mais existem canais e emissões de TV através de meios
alternativos como a Web, onde a maioria dos quais não tem disponibilidade
financeira para se dotar deste tipo de sistemas.
Esta aplicação será posteriormente implementada na UTAD TV, de forma a poder
ser utilizada nas suas emissões em directo via Web.
Estrutura do documento
Esta dissertação está estruturada em 7 capítulos, os quais se enquadram com a
definição dos objectivos propostos acima.
Depois deste capítulo de introdução, temos o capítulo dois sobre os Character
Generators, onde se aborda a sua função bem como a história e evolução dos
mesmos. É feita também uma abordagem às técnicas de keying que são utilizadas
para a sobreposição dos infografismos nas emissões de TV. Temos de seguida
ainda neste capítulo, um estudo sobre os sistemas de CG na actualidade, fazendose uma análise a diversos sistemas de CG e às suas características.
O capítulo três consiste na análise das diferentes funcionalidades dos sistemas de
grafismos e na forma como as empresas de televisão fazem uso dos mesmos. É
assim estudada a diferença de utilização existente por diversos canais e pelos
diferentes tipos de programação. A importância da utilização dos grafismos
gerados pelos CG é também objecto de estudo neste capítulo. Abordam-se assim
3
Capítulo 1
diversos tipos de programas, a saber, noticiários, eleições, desporto e
entretenimento.
É efectuada no capítulo quatro uma análise detalhada aos grafismos utilizados em
noticiários. Esta análise será efectuada em programas de notícias quer nacionais,
quer internacionais, para que se possa visualizar as diferentes abordagens e
utilizações dos grafismos nos diversos países e culturas. Neste capítulo serão
estudados os diferentes tipos de grafismos utilizados neste tipo de programação, a
saber: bugs, live bar, clock, leads, lower thirds, ticker, over the shouders e outros.
Após esta análise em detalhe é possível concluir a importância que os grafismos e
os sistemas de CG têm neste tipo de programas.
No capítulo cinco dá-se início à segunda parte do projecto. Assim, neste capítulo
aborda-se o planeamento para a criação de um CG, referindo-se as motivações
para a criação do mesmo. São também referidas aqui as funcionalidades a
implementar no software a desenvolver.
O capítulo seis aborda o design e produção do sistema CG criado. Assim, descrevese neste capítulo o design da estrutura, o design do interface, a produção e
programação, bem como os testes e validações efectuadas.
No sétimo e último capítulo temos as conclusões e trabalho futuro. Aqui
apresentam-se as conclusões relativas à importância dos infografismos nas
emissões TV e dos respectivos Character Generators. Apresentam-se também as
conclusões referentes ao software desenvolvido, e as linhas de evolução futura
que a aplicação possa vir a ter.
4
Capítulo
2
[
Character Generators (CG)
]
A definição de Character Generator (traduzido corresponde a Gerador de
Caracteres) é um equipamento que gera caracteres de texto para que sejam sobre
expostos a transmissões de vídeo [1].
O nome Character Generator (CG) provém assim da funcionalidade inicial que os
equipamentos criados para o efeito tinham, a criação dos caracteres para que se
pudesse adicionar informação sobre a forma de texto sobre os vídeos. Nos dias de
hoje o nome mantém-se, mas além desta funcionalidade, os CG geram não só
informação sob a forma de texto, como criam e introduzem grafismos quer
estáticos quer animados [2].
Devido às suas funcionalidades iniciais, os CG também são conhecidos por Title
Generators [3]. Na América do Norte aos gráficos gerados pelos CG, dá-se também
o nome de Chyrons, este nome deve-se à empresa Chyron Corporation [4] que foi a
primeira empresa a produzir equipamentos electrónicos para CG.
5
Capítulo 2
História e evolução
Antes da existência dos CG, o método utilizado para adicionar títulos às imagens
de vídeo consistia na filmagem de letras brancas sobre um fundo preto, que
posteriormente era sobreposta ao vídeo formando o que parecia ser uma única
imagem onde aparentemente as letras estavam sobrepostas à mesma [5].
Com o avançar da tecnologia, e recorrendo a tecnologias electrónicas passou a ser
possível o recorte do vídeo com base no formato das letras e a colocação das
mesmas de forma electrónica na imagem a transmitir. Este efeito de corte tendo
como chave (key) o formato, deu origem à técnica de keying [3] que será abordada
em detalhe mais à frente.
Durante muito tempo os CG não passaram de simples geradores de caracteres,
para colocar apenas palavras sobrepostas nas transmissões televisivas, com o
nome da pessoa, localização e similares [5].
A grande maioria destes CG consistia em acessórios das mesas de mistura de vídeo
em que a única função era adicionar texto pelo que o seu formato era igual ao de
um simples teclado.
Figura 1 – Videonics Video Title Maker
6
Character Generators (CG)
Com o avanço das tecnologias e com base na cada vez maior importância dos
grafismos nos programas de TV, os CG foram evoluindo, passando a estar
baseados em equipamentos cada vez mais capazes de gerar grafismos com maior
impacto e qualidade.
Figura 2 – Aston Ethos hardware character generator
Nos dias de hoje temos CG baseados em computadores que são capazes de utilizar
e gerar grafismos de altíssima qualidade, bem como utilizar tecnologias avançadas
de keying e 3D. [2]
Figura 3 – CGenie Character Generators
7
Capítulo 2
Keying
Keying consiste numa técnica de processamento de imagens cujo objectivo é
eliminar o fundo de uma imagem de forma a isolar objectos ou personagens que
posteriormente são combinados com uma outra imagem de fundo. O resultado
final deste processo é uma única imagem gerada pela combinação das duas [6].
A parte principal é fotografada ou filmada contrastando num fundo constituído
por uma única cor (ou por uma gama de cores), normalmente azul ou verde. Os
equipamentos que processam este tipo de efeito analisam o sinal cromático da
imagem. Quando o sinal cromático programado corresponde à(s) cor(es) do fundo,
o sinal do fundo alternativo é colocado num sinal composto e transmitido,
sobrepondo o fundo original. Quando o sinal cromático programado é diferente do
fundo, esse é transmitido na sua forma original [2].
O efeito de keying é utilizado em vídeos em que se deseja substituir o fundo por
algum outro vídeo ou foto. Um dos exemplos muito comuns de utilização desta
técnica é a apresentação da previsão do tempo nos telejornais [7]. É habitual neste
tipo de apresentação, a sobreposição de uma imagem filmada do apresentador em
fundo de cor sólida, sobre uma imagem estática ou animada com um mapa do
local.
Para a colocação dos grafismos e textos sobrepostos no vídeo é utilizada esta
mesma técnica [7]. Assim, os sistemas de CG geram os grafismos utilizando como
fundo uma cor que posteriormente é removida pelos equipamentos de keying que
sobrepõem os grafismos na imagem.
8
Character Generators (CG)
Figura 4 – Técnica de Keying
Dentro das técnicas de keying existem varias efeitos, destacando-se o Chroma Key
e o Luma Key.
Chroma Key
No efeito Chroma Key define-se uma cor (ou um conjunto de cores) numa
determinada imagem que servirá de base para a transparência a ser aplicada.
Neste sistema habitualmente são utilizadas as cores verde e azul [7].
Na televisão digital, a cor é representada por três números referentes ao RGB (red,
green, blue) [8]. A utilização do verde ou azul baseia-se especialmente no facto da
ausência destas cores na pigmentação da pele humana, ao contrário do que
acontece com o vermelho. Assim, utilizando uma destas cores para criação do
efeito de key torna-se mais simples para os equipamentos digitais, que podem
definir as cores a remover com base numa simples comparação dos valores
numéricos dos pontos entre o vídeo e a cor pré-seleccionada [6]. Embora
teoricamente qualquer cor possa ser utilizada, na prática estas duas cores são as
mais eficazes para a grande maioria dos efeitos pretendidos e ao nível dos
9
Capítulo 2
equipamentos a grande maioria apenas aplica efeitos de keying sobre o verde ou
azul.
Aos efeitos de keying com base no azul também se dá o nome de blue screen, de
igual forma aos efeitos com base no verde também se pode chamar green screen.
Luma key
O efeito de luma key baseia-se na luminância da imagem, criando a transparência
com base nas partes escuras da imagem, deixando as partes luminosas opacas. As
partes escuras a remover correspondem a uma determinada gama de tolerância
que vai do simples preto ao leque de cores escuras próximas do preto [7].
Esta técnica não é aplicável de forma razoável para isolar pessoas numa imagem,
mas pode ser uma alternativa para a sobreposição de grafismos no vídeo, desde
que os mesmos sejam luminosos e não sejam utilizadas cores próximas do preto
nos mesmos (letras pretas ou similares). Em CG este tipo de técnica é
habitualmente utilizada apenas quando os equipamentos disponíveis só funcionam
com luma key e não com possuem efeitos de chroma key, com os quais se
conseguem resultados mais profissionais e de melhor qualidade.
Equipamentos de Keying
Para a implementação desta técnica em sistemas de broadcast e Live TV é
necessário recorrer a equipamentos que processem o efeito e apresentem o
resultado em directo [9], ao contrário da edição de vídeo não linear, onde
podemos colocar um software a processar o keying e teremos o resultado depois
de algum tempo (dependendo das capacidades da máquina, pode demorar mais
ou menos tempo). Assim para podermos aplicar keying em directo, existem
diversos equipamentos capazes de processar esse mesmo efeito em real time.
Como estamos a misturar uma fonte de vídeo com outra e aplicar o efeito de
keying a uma delas, o equipamento mais habitual para se proceder a este
10
Character Generators (CG)
processamento é o Video Mixer [7]. Este aparelho permite a mistura e transição de
vários canais de vídeo, podendo nalguns casos proceder à aplicação de efeitos
entre os quais o keying.
Salienta-se que nem todas as mesas misturadoras de vídeo suportam este tipo de
efeito, bem pelo contrário, apenas as mesas de melhor qualidade tem suporte
para este efeito e com qualidade capaz para transmissões broadcast. É necessário
também ter em atenção quais os sistemas de keying suportados pelos video mixers
em causa, pois nalguns casos apenas suportam luma key, o que pode não ser o
ideal para o sistema de CG a implementar. Outro pormenor a ter em conta é a
capacidade ou não de ter como opção de entrada sinal VGA ou DV, pois no caso de
usarmos um software CG baseado em computador é necessário que a mesa
suporte este tipo de sinal para que se possa obter bons resultados de keying e
qualidade nos grafismos.
Vejamos o seguinte exemplo de algumas mesas de mistura de vídeo e as suas
capacidades para sistemas de Keying.
Video Mixer
Canais de
Entrada
Comp./SVideo
Canais de
entrada
RGB/DV
Suporta
Keying
(Luma Key)
Suporta
Keying
(Chroma Key)
Qualidade
Broadcast/DV
Panasonic WJ-AVE5
2/2
-
Não
Não
Não
Panasonic WJ-AVE7
3/3
-
Sim
Não
Não
Edirol v4
4/2
-
Sim
Sim
Não
Edirol v8
8/4
2
Sim
Não
Sim
Panasonic AG MX70
8/4
1
Sim
Sim
Sim
Tabela 1 – Comparativo de Video Mixers e funcionalidades para CG
11
Capítulo 2
Outra solução para a aplicação do keying nos CG é a utilização de um equipamento
específico de chroma key. Estes equipamentos permitem que se utilize o video
mixer desejado e à saída do mesmo aplicam os grafismos em overlay a partir do
sinal oriundo do CG [7].
Alguns sistemas de CG para soluções de broadcast já têm integrado nos mesmos as
funcionalidades de keying e nalguns casos os mesmos integram directamente os
video mixers como poderemos ver em análise posterior.
Tipos de sistemas de CG
Os sistemas de CG para a geração de textos e grafismos podem ser baseados em
software e hardware [5].
Quando optamos pela utilização de um sistemas de CG, é importante escolher o
tipo de GC a utilizar em função da finalidade e funcionalidades necessárias.
Software Character Generators
Os CG baseados apenas em software são habitualmente sistemas mais simples que
muitas das vezes se encontram integrados nos sistemas de edição de vídeo não
linear. Um exemplo disto é o sistema de Titles integrado no Adobe Premiere Pro
[10].
Com o avançar das tecnologias e capacidades dos computadores recentes, é
também possível a utilização de CG baseados apenas em software para emissões
“ao vivo” ou em broadcast [9], recorrendo às capacidades comuns dos sistemas
computacionais existentes sem a necessidade de utilizar nenhum hardware
desenvolvido especificamente para o efeito. Estes tipos de CG são mais limitados
do que os sistemas que recorrem a hardware específico.
12
Character Generators (CG)
Hardware Character Generators
Os CG baseados em hardware são habitualmente utilizados em estúdios de
televisão e em empresas de produção de vídeo [5]. Estes sistemas são constituídos
por equipamentos de hardware desenvolvidos especificamente para aquele fim,
sendo complementados por software igualmente específico ao hardware. Estes
sistemas são capazes de maiores funcionalidades, como a codificação e
descodificação de vídeo de alta qualidade e geração de grafismos com a emissão
da key para a transparência já associada. A elevada capacidade destes sistemas é
directamente proporcional ao seu elevado preço.
Sistemas de CG na actualidade
Em função da grande importância que os infografismos têm nos dias de hoje nas
emissões televisivas, existe um vasto leque de empresas a desenvolver e a
comercializar sistemas de CG com as mais diversas funcionalidades e plataformas
de implementação.
Quer para emissões live, ou apenas para pós-produção de vídeo, existem um sem
número de CG que foram sendo criados e evoluindo ao longo dos tempos com o
objectivo de permitir integrar cada vez mais funcionalidades e tecnologias
multimédia nos infografismos. Assim, neste capítulo temos uma análise do estado
da arte, identificando alguns dos principais sistemas de CG existentes para
emissões de TV, as suas tecnologias e funcionalidades.
Chyron Corporation
A Chyron Corporation [11] foi a fundadora dos sistemas electrónicos de CG e é uma
das líderes mundiais na indústria de CG, sendo a empresa que tem instalado mais
sistemas com qualidade de broadcast em todo o mundo.
13
Capítulo 2
A principal ferramenta dos sistemas de CG desta empresa é o Lyrics Pro [11]. O
Lyrics Pro é um software para os seus sistemas de CG cuja finalidade é a criação de
grafismos e gestão dos conteúdos, que permite entre outras coisas, o
desenvolvimento de grafismos 2D e 3D e a ligação com sistemas de bases de dados
para o preenchimento de conteúdos.
Uma das grandes vantagens da aplicação é a sua integração com as ferramentas
3D da Autodesk [12], o 3D Studio Max e o Maya. Esta funcionalidade permite o
desenvolvimento dos grafismos na aplicação de escolha do designer, sendo
posteriormente importada a animação para o Lyrics Pro. Após importação é
possível dentro da própria aplicação controlar a animação, os modelos, texturas ou
luzes. Esta empresa apresenta ainda um vasto conjunto de plugins e outras
aplicações para os seus sistemas de CG.
Figura 5 – Chyron Lyrics Pro
A este software juntam-se os equipamentos de harware, onde se salientam as
estações gráficas HyperX [11], desenvolvidas especificamente para dar resposta às
exigentes funcionalidades do Lyrics Pro.
14
Character Generators (CG)
Figura 6 – Chyron Hiper X, CG Graphic Station
Vizrt
A Vizrt [13] é outra grande empresa que se dedica ao desenvolvimento de soluções
CG em especial para broadcast. Grandes empresas detentoras de emissões em
broadcast tais como a CNN, Fox, BBC ou SKY fazem parte do vasto leque de
utilizadores de tecnologias de produção e gestão de grafismos da Vizrt. Esta
empresa tem um conjunto de aplicações que se complementam e se integram,
dentro das quais se destacam o Viz Content Pilot o Viz Weather o Viz Trio e o Viz
Virtual Studio.
O Viz Content Pilot [13] é um gestor de conteúdos gráficos que permite adicionar
de forma eficiente e rápida grafismos que complementem o evento ou notícia a
apresentar. Por exemplo a criação rápida de um mapa animado com a
identificação e localização do país/cidade para um determinado acontecimento.
Figura 7 – Viz Content Pilot
15
Capítulo 2
O Viz Weather [13] é uma aplicação para a apresentação de boletim
meteorológico. Destacam-se as qualidades dos grafismos 2D e 3D e as
funcionalidades de integração directamente com os centros de informação
meteorológica.
Figura 8 – Viz Weather
O Viz Trio [13] é um software CG que se destaca por poder ser executado num
computador tradicional e que suporta gráficos 3D em tempo real.
Figura 9 – Viz Trio
16
Character Generators (CG)
O Viz Virtual Studio [13] é uma solução que permite a criação de um estúdio
virtual, onde se conseguem misturar imagens de um estúdio real com grafismos
virtuais opacos ou até semitransparentes. Suporta tecnologias de tracking, isto é,
consegue fazer com que o cenário virtual acompanhe os movimentos da câmara
sobre o cenário real. Esta solução em conjunto com processamento dos gráficos
3D em tempo real, permite a criação de estúdios virtuais de elevado impacto e
qualidade.
Figura 10 – Viz Virtual Studio
Ventuz
Da Ventuz Technology Group [14] temos 2 aplicações que se completam na gestão
dos grafismos multimédia, são eles o Ventuz Broadcast e o Ventuz 2008
Professional.
O Ventuz Broadcast é um CG que contém as mesmas funcionalidades dos CG
analisados acima, suporte 3D, ligação a Bases de Dados, Cenários Virtuais entre
outras. Quanto ao Ventuz 2008 Professional, o conceito base é a interacção com os
infografismos gerados. Esta aplicação é pensada não apenas para utilização em
sistemas de CG, mas também como uma aplicação interactiva para todo o tipo de
apresentações, incluindo apresentações ao vivo.
17
Capítulo 2
A utilização de ambas as aplicações em emissões TV, permite não só a
apresentação de infografismos em overlay [2], como também permite a interacção
com os mesmos através de dispositivos tácteis.
Figura 11 – Ventuz 2008 Professional
ORAD
A ORAD [15] é mais uma empresa que apresenta soluções para sistemas CG. Das
diversas soluções desta empresa destacam-se o Maestro e os sistemas de estúdio
virtual.
Maestro é um sistema completo de CG, composto por hardware e software, que
integra em si todas as soluções de CG numa única plataforma [15]. Desde a autoria
à apresentação e transmissão do programa, o sistema Maestro é uma plataforma
completa e integrada que contem as soluções necessárias às empresas de
televisão e pós-produção de vídeo. Soluções para notícias, estúdios, efeitos
especiais 2D e 3D, edição, bem como carrinhas de estúdio para exteriores estão
integradas directamente nesta plataforma. Esta é uma solução que integra não só
toda a parte de CG, mas também as soluções de estúdio, produção e pós-produção
dos conteúdos a transmitir.
As soluções da ORAD passam também pela implementação de estúdios virtuais 3D,
sendo a ORAD de momento a líder do mercado em sistemas CG de estúdio virtual.
18
Character Generators (CG)
Figura 12 – ORAD soluções CG – Maestro e Virtual Studio
Miranda Technologies
Da Miranda Technologies [16] temos uma solução de CG para utilização
especialmente em programação de noticiário. Esta aplicação tem por nome
Xmedia Suite e é um sistema de CG com todas as funcionalidades necessárias para
programas de informação e notícias.
Esta é uma solução menos completa do que as anteriores analisadas, mas que
contem todas as funcionalidades standard e qualidade broadcast. Para a maioria
das programações e em especial programas de informação, esta é mais uma
solução profissional e de grande qualidade. Tal como outras soluções já
apresentadas, a Miranda também tem as suas estações de trabalho especializada
para utilização com este software.
Figura 13 – Miranda Xmedia Suite
19
Capítulo 2
wTVision
A wTVision [17] é uma software-house que dedica a sua actividade ao
desenvolvimento e integração de sistemas de informação para o mercado
audiovisual, com forte predominância em infografismos para televisão. É uma
empresa com sede nacional, mas que já tem filiais e clientes um pouco por todo o
mundo. As soluções da wTVision podem funcionar integradas com os sistemas de
CG da Cyron, Vizrt e ORAD já abordados acima.
Esta empresa apresenta algumas soluções muito inovadoras que integradas nos
sistemas acima referidos, sendo responsável anualmente pelas transmissões ao
vivo de cerca de 2300 eventos desportivos, aos quais se juntam inúmeros eventos
que vão desde eleições a concertos. De entre os seus clientes enumeram-se os
seguintes: RTP, SIC, TVI, Sport TV, Euro Sport, Al Jazeera, M6 e TV Globo [17].Esta
empresa desenvolve e integra soluções de CG com base nas plataformas Cyron,
Vizrt e ORAD, que vão de encontro aos diferentes tipos de programação televisiva,
entre as quais se destacam o Sport Studio CG, o News Studio CG , o Elections CG e o
CG Builder.
O Sport Studio CG [17] é uma solução de software CG que permite a gestão, edição
e controlo de transmissões ao vivo de eventos desportivos. Esta aplicação está
especialmente vocacionada para o futebol, apresentando um vasto leque de
funcionalidades e opções para eventos deste tipo.
É uma solução muito completa baseada em diversas aplicações quer de gestão
quer de controlo, com recursos muito detalhados ao nível das estatísticas,
apresentação das equipas e relatórios do jogo. Suporta grafismos 2D e 3D e
destaca-se uma funcionalidade que é a de permitir a inserção de grafismos 3D
directamente sobre o campo recorrendo a tecnologias avançadas de tracking.
20
Character Generators (CG)
Figura 14 – wTVision Sport Studio CG
O News Studio CG [17] é uma solução para programação de noticiários e de
informação em geral, sendo muito idêntico ao nível das funcionalidades às
restantes soluções já analisadas acima. Destaca-se de entre as funcionalidades a
integração com sistemas de gestão de tráfego nas estradas e a possibilidade de
integração com sistemas de estúdio virtual.
Figura 15 – wTVision News Studio CG
O sistema de Elections CG [17] é uma solução muito completa para a apresentação
de programas dedicados a eleições. Esta solução é composta por diferentes
ferramentas e aplicações para a gestão e apresentação dos dados. Permite a
sincronização em tempo real com os resultados que vão sendo obtidos e
destacam-se também as funcionalidades de interacção entre os jornalistas e os
grafismos quer em ambiente 3D virtual, quer através de dispositivos interactivos.
21
Capítulo 2
Figura 16 – wTVision Elections Studio CG
Esta empresa apresenta outra solução muito interessante, o CG Builder [17]. Esta
solução de CG consiste numa aplicação completamente personalizável, que
permite a criação de infografismos para qualquer tipo de programação TV. Alguns
exemplos de programas que podem recorrer a este tipo de solução são Concursos,
programas de entretenimento e outros eventos especiais. A possibilidade de
integração deste com os outros sistemas é também uma possibilidade, e esta
solução permite um sem número de personalizações em função do tipo de
programa em causa.
Figura 17 – wTVision CG Builder
MagicSoft
Da MagicSoft [18] temos uma solução de software CG, o MagicSoft CG. Este CG
tem como vantagem o ser utilizável a partir de um PC, requerendo apenas uma
placa de vídeo e uma placa gráfica compatíveis com o software. O seu preço
quando comparado com os restantes é outra das vantagens desta aplicação.
22
Character Generators (CG)
Tendo um preço bastante inferior aos milhares de euros necessários para
implementar as soluções anteriormente analisadas, é uma solução que agrada aos
canais de TV que pretendem ter um sistema de CG e não têm capacidades para
adquirir outro tipo de soluções.
Quanto ao software e funcionalidades, é um sistema muito menos completo que
os restantes analisados. O sistema utiliza a mesma aplicação para a criação e
apresentação dos grafismos e não possui nenhumas das funcionalidades de
automatização nem ligação a bases de dados como os sistemas anteriores. É assim
uma solução de low cost, mas que permite a criação de bons grafismos e a edição
dos mesmos durante a transmissão do programa. Tem ainda suporte para alguns
efeitos 3D, embora que muito limitado.
Esta aplicação não é muito funcional para programas de TV onde é necessário
edição e actualização de dados durante o mesmo, como é o caso de noticiários ou
programas de entretenimento como concursos.
Figura 18 – MagicSoft CG
23
Capítulo
3
[
Análise dos infografismos por CG em
diferentes tipos de programação
]
Como já foi possível observar através do capítulo anterior, a utilização dos
infografismos é muito diferenciada conforme o tipo de programação em causa,
sendo que em todos os casos o objectivo é sempre o de apresentar da melhor
forma a informação e mensagem que se pretende transmitir. É devido às
diferentes necessidades de cada tipo de programas que muitas empresas de CG
optam pela criação de sistemas específicos para cada um.
Neste capítulo, temos uma abordagem às técnicas e funcionalidades que estão
presentes nos grafismos multimédia nos seguintes tipos de programas: noticiário,
eleições, desporto e entretenimento.
Noticiário
Actualmente a utilização da informação sob a forma de grafismos em noticiários, é
uma constante durante todo o decorrer do programa. Desde a introdução da
notícia à reportagem temos sempre informação adicional sob a forma de imagem
que complementa o que estamos a ouvir e visualizar.
É habitual em todos os noticiários que a apresentação da notícia seja
acompanhada de informações sob a forma de texto no último terço do ecrã (lower
third) [19]. Por vezes essa introdução também é acompanhada com imagens ao
25
Capítulo 3
lado do pivô. Esses textos são usados ao estilo de manchete de jornal, de forma a
captar a atenção do utilizador para a mesma. As imagens que acompanham a
apresentação da notícia seguem o mesmo objectivo e dão um maior
enquadramento à mesma.
Figura 19 – Noticiário: Infografismos de enquadramento da notícia
No seguimento da notícia, as companhias de TV não se limitam a passar a peça.
Durante a mesma vão acompanhando com informação de quem está a falar,
destacando por vezes frases ditas, vão enquadrando a peça com informações
sobre o local, e no caso de transmissões em directo dão essa informação ao
telespectador sob a forma de imagem.
Figura 20 – Noticiário: infografismos criados em directo
No final das peças é normal que sejam apresentadas as informações técnicas sobre
a reportagem.
26
Análise dos infografismos por CG em diferentes tipos de programação
Mas a utilização dos infografismos não se fica por aqui. Durante todo o decorrer
do noticiário vamos sendo informados sobre notícias seguintes, e na parte inferior
do ecrã temos constantemente outras informações e notícias a serem
disponibilizadas sob a forma de texto. A utilização destas funcionalidades já não
pretende dar enquadramento à notícia como no caso anterior, mas sim prender a
atenção do telespectador com outras informações e notícias para que o mesmo
mantenha algum tipo de interesse no programa, mesmo que a notícia que está a
ser apresentada não lhe desperte nenhum interesse. Este tipo de informação que
por vezes vai sendo utilizada em excesso, acaba por ser prejudicial à notícia pois
vamos absorvendo e misturando no cérebro informações que nos são dadas ao
mesmo tempo e que não estão sequer relacionadas entre si. Embora este tipo de
informação possa ser prejudicial à notícia, continua a ser utilizado em grande parte
dos programas de informação nacionais e internacionais, pois ajuda a atingir um
grande objectivo das companhias: manter a audiência. Existem alguns canais de
televisão que não utilizam este tipo de “informação paralela”.
Figura 21 – Noticiário: Infografismos com outras informações e notícias
Outra das utilizações de informação sob a forma de grafismos é a colocação de
animações multimédia durante a apresentação da peça tentando ilustrar sob a
forma de imagens o que está a ser transmitido. Por exemplo, durante a explicação
de um acidente, apresentar uma simulação multimédia de como o mesmo terá
ocorrido.
27
Capítulo 3
Figura 22 – Noticiário: Animação multimédia explicando acidente
No final do programa os créditos também são apresentados recorrendo a
infografismos.
Todos estes grafismos, textos, imagens e animações vão sendo preparados antes
da emissão em directo e integrados no CG, para que quando a emissão vai para o
ar, seja fácil a sua integração no decorrer do noticiário. Ainda assim, existem
algumas informações que precisam de ser criadas no decorrer do programa.
Eleições
É na transmissão de programas de eleições, que cada vez mais vemos o levar ao
limite as capacidades dos sistemas de CG e ainda, a qualidade e versatilidade dos
grafismos multimédia.
Todas as grandes estações de televisão apostam em sistemas de elevada qualidade
e complexidade, tendo por objectivo levar a informação ao telespectador da forma
mais funcional e cativante possível.
Se tomarmos o exemplo das companhias de televisão portuguesa nas mais
recentes eleições legislativas e autárquicas, podemos ver até onde pode ir a
importância dos infografismos neste tipo de programas.
28
Análise dos infografismos por CG em diferentes tipos de programação
A RTP [20] apostou nas novas tecnologias de CG que permitem a interacção entre
o repórter e o sistema de grafismos. Como podemos ver na figura abaixo, recorreu
à utilização de ecrã com tecnologia de touch screen. Aqui o repórter podia interagir
em tempo real com uma aplicação gráfica interactiva integrada nos sistemas de
grafismo e informação do CG. Esta aposta dá mais liberdade ao repórter na
condução da reportagem e permite libertá-lo um pouco da habitual colocação
estática típica neste tipo de programas. Pelo facto de ser inovadora, acaba
também por trazer mais-valias ao nível do interesse por parte dos telespectadores.
Figura 23 – RTP – Interacção com sistema CG
Ao nível da informação apresentada em sobreposição à imagem, temos um
sistema de grafismo em 3D muito simples, sem demasiada informação, mas que
está em constante actualização, prendendo a atenção do utilizador. De salientar
neste sistema toda a informação e tecnologia que se encontra na aplicação de CG,
pois até a fotografia dos diversos candidatos vai surgindo no ecrã à medida que
vão sendo eleitos.
Figura 24 – RTP – Lower Third 3D
29
Capítulo 3
No caso da SIC [21], a aposta recaiu na utilização de uma parede de informação no
estúdio real, e para complementar um estúdio virtual para a apresentação dos
resultados. A aposta nestas duas tecnologias permite quebrar a possível
monotonia do programa. Destaca-se o estúdio virtual onde são utilizadas
tecnologias de tracking, para que o cenário acompanhe os movimentos da câmara
de forma realista.
Figura 25 – SIC – Parede de Informação no estúdio
Figura 26 – SIC – Estúdio Virtual 3D
Quanto aos grafismos de informação apresentados em sobreposição, temos um
lower thrid em 2D muito completo e muito preenchido apresentando ao mesmo
tempo informação sobre diferentes pormenores da eleição. Podemos ver que
também são apresentadas informações muito completas referentes aos
candidatos eleitos.
30
Análise dos infografismos por CG em diferentes tipos de programação
Figura 27 – SIC – Lower Thrid 2D
A TVI [22] também optou pela utilização de uma parede de informação para
apresentação de infografismos. Outra novidade foi a apresentação de um cenário
da assembleia da república em 3D, onde iam sendo preenchidos os lugares dos
candidatos eleitos com a cor do respectivo partido.
Figura 28 – TVI – Parede de informação e Cenário 3D da assembleia
Quanto ao lower thrid para este programa de eleições, a TVI apresenta uma
solução muito completa, com gráficos e animações diversas, onde por vezes no
meio de tanta informação não se consegue ter o destaque que seria necessário
para complementar a peça que está ser transmitida no momento.
31
Capítulo 3
Figura 29 – TVI – Lower Thrid 2D
Desporto
Nos eventos desportivos, existe uma constante necessidade de fornecer ao
espectador informação sobre o decorrer do mesmo. Quer seja para apresentar as
equipas, os atletas e respectivos resultados, quer seja para apresentar outras
informações e estatísticas úteis sobre o evento.
Como os desportos não são todos iguais, existem diferentes quadros de
informação específicos para os variados tipos de desportos.
Temos de seguida uma análise a algumas tecnologias e formas de apresentar a
informação através dos infografismos para desporto.
Para eventos desportivos como o futebol, onde existem diferentes campeonatos e
competições, equipas com muitos jogadores, classificação por pontos, números de
golos entre outras coisas, é necessário uma plataforma que esteja integrada com
sistemas de bases de dados. Com esta integração, existe um grande conjunto de
dados que pode ser utilizado na apresentação dos infografismos aos espectadores.
É por razões como estas que as empresas de infografismos têm sistemas de CG
especializados para este fim. São sistemas muito complexos, onde numa
transmissão em directo existem vários técnicos a operar os equipamentos e
aplicações para que se possa ter em tempo real toda a informação disponível e
actualizada.
32
Análise dos infografismos por CG em diferentes tipos de programação
Figura 30 – Evento desportivo – Informação integrada com sistemas de bases de dados
Estes sistemas estão também dotados com as mais recentes tecnologias
multimédia, onde se utilizam grafismos virtuais sobrepostos ao campo de jogo.
Como exemplo desta funcionalidade temos a colocação de marcas de distância em
livres ou foras de jogo e ainda a colocação de publicidade ou a imagem das
equipas directamente sobre o relvado. Outra funcionalidade muito complexa é a
apresentação das estatísticas do jogo, entre as quais, a posse de bola e os km
percorridos pelos jogadores. Estas funcionalidades recorrem a tecnologias de
tracking das câmaras em função do campo para analisar os foras de jogo e livres, e
tracking dos movimentos da bola e jogadores para as estatísticas do jogo.
Figura 31 – Evento desportivo - Grafismos 3D e estatísticas de tracking
33
Capítulo 3
Entretenimento
Outra das grandes utilidades dos infografismos é em programas de
entretenimento. No caso de alguns programas sem um sistema que permitisse a
apresentação de grafismos e informação sob a forma de texto, o próprio programa
não seria viável. De entre muitos exemplos destacam-se os programas de
concursos, para os quais são habitualmente desenvolvidas plataformas específicas
de CG.
Figura 32 – Programa Entretenimento – Quem quer ser milionário
Outros tipos de programas de entretenimento que vão sendo muito utilizados nas
televisões são os jogos através de telefone ou SMS. Nestes, os telespectadores
interagem com o programa em directo e onde os grafismos multimédia necessitam
de ser actualizados em tempo real.
Figura 33 – Programas de Jogos baseados em infografismos
34
Capítulo
4
[
Tipos de infografismos para
noticiário
]
Durante a análise dos capítulos anteriores, constata-se que existem diversos tipos
de infografismos nos sistemas de CG, entre os quais os de noticiário. Assim, neste
capítulo temos a descrição dos principais tipos de infografismos utilizados em
programas de informação e notícias.
Os sistemas de CG para programas de noticiários são nas suas funcionalidades
muito idênticos, sendo que os diversos tipos de grafismos para apresentação da
informação são comuns entre todos.
Com base no estudo dos diversos sistemas de CG, enumeram-se os seguintes tipos
de infografismos, que funcionam como camadas de imagens que se vão
sobrepondo à transmissão de vídeo [17]: bugs, live bar, clock, leads, lower thirds,
ticker e over the shoulders.
Estes tipos de grafismos e respectivos nomes técnicos acima referidos, são a base
de todos os sistemas de CG para noticiário, pelo que entender as suas
funcionalidades é estritamente necessário para que se possam utilizar de forma
correcta.
35
Capítulo 4
Tipos de infografismos
Vemos identificado na figura abaixo os tipos de infografismos para noticiários:
1) Bugs
2) Live bar
3) Clock
4) Leads
5) Lower thirds
6) Ticker
7) Over the shoulders
Figura 34 – Identificação dos tipos de infografismos
Bugs
Geralmente este tipo de grafismo serve para a colocação do(s) logótipo(s) do canal
ou programa. Embora a grande maioria dos programas utilize o canto superior
esquerdo, existem alguns programas e países que utilizam os outros cantos do
ecrã para a localização dos bugs. Esta imagem pode ser estática ou animada, mas
não sai da sua posição durante a transmissão do programa, daí o seu nome.
Live bar
A live bar consiste num simples grafismo de texto que informa que aquela emissão
está a ser realizada em directo. Alguns sistemas de CG permitem juntar com a
informação “DIRECTO” a localização da transmissão.
36
Tipos de infografismos para noticiário
Clock
Geralmente em qualquer noticiário, costuma ser apresentado o relógio em
formato digital. Este é habitualmente integrado junto do bugs ou do lower third.
Leads
Esta funcionalidade é habitualmente utilizada para dar um enquadramento à peça
que está a ser apresentada. O nome da pessoa ou local da peça são algumas das
informações que costumam ser apresentadas através do leads. Em alguns
programas estas informações são apresentadas apenas através do lower third. A
colocação do leads pode ser junto ao último terço do ecrã ou em qualquer outra
parte.
Os créditos da peça apresentada costumam ser apresentados através do leads.
Lower Third
Este é um dos tipos de infografismo mais utilizado em programas de noticiário.
Nele habitualmente faz-se uma introdução à notícia, colocando o nome e
habitualmente uma frase de destaque na mesma. Em alguns casos, colocam-se
frases chave ditas em directo pelos intervenientes no lower third de forma a dar
mais impacto às mesmas. Como citei anteriormente, alguns programas utilizam
também o mesmo para dar enquadramento às peças, apresentando o nome dos
intervenientes, localização e outras informações sobre as mesmas.
Esta ferramenta tem este nome, pois habitualmente ocupa o último terço do ecrã
(em baixo). Quer em programas de notícias quer noutros, é o infografismo mais
utilizado para difundir a informação com impacto.
Os lower thirds são habitualmente compostos por uma ou mais linhas de texto
(tiers) [19].
37
Capítulo 4
Assim, temos os seguintes tipos de lower thirds:
One-tier lower third – É composto apenas pela linha principal do lower thrid, e
serve habitualmente para identificar a história que está a ser apresentada, ou o
nome do apresentador do programa.
Two-tier lower third – É composto pela linha principal do lower thrid e uma
secundária, e serve habitualmente para apresentar o interveniente na peça que
está a ser visualizada. Na segunda linha habitualmente é colocado a função da
pessoa, ou a localização em alguns casos.
Three-tier lower third – É composto pela linha principal do lower thrid e duas linhas
de informação secundária. Serve habitualmente para apresentar mais informação
sobre a peça ou interveniente, como por exemplo uma manchete da peça ou uma
frase dita pelo interveniente.
Ticker
O ticker ou crawler [23] como também pode ser chamado, corresponde a um
pequeno espaço no ecrã (fundo) dedicado à apresentação das manchetes ou de
outras notícias de menor importância durante o noticiário. Essa apresentação é
feita com base em informação de texto que vai aparecendo e desaparecendo do
ecrã ou rodando de um canto para outro.
Em países ocidentais este crawler, vai-se arrastando da direita para a esquerda,
mas noutros países em que a leitura é feita de forma inversa, o ticker é
apresentado igualmente de forma inversa.
Noutro tipo de programas, o ticker é também utilizado para a transmissão de SMS
enviados pelos espectadores, bem como outro tipo de informação ou publicidade.
38
Tipos de infografismos para noticiário
Over the shoulders
A utilização do over the shoulders (sobre o ombro) é muito usual na introdução à
apresentação de notícias. Neste caso o pivô é enquadrado na câmara mais à
esquerda (ou direita) do ecrã, e ao seu lado é apresentada uma imagem sobre a
peça. Esta é uma técnica que permite dar elevado realce à peça em questão, sendo
habitualmente apresentadas recorrendo a esta técnica apenas as peças mais
importantes num noticiário.
Outros infografismos
Além de todos os grafismos acima apresentados, existem outros tipos e
funcionalidades de grafismos que se utilizam num programa de noticiário. De
entre muitos saliento alguns tipos de quadros informativos que são apresentados
preenchendo todo o ecrã, como por exemplo um comparativo de taxas de juro, ou
um gráfico sobre a subida do preço do gasóleo. Outro exemplo é a animação de
abertura e os créditos no final do programa.
Estes grafismos já não correspondem a funcionalidades específicas mas são
considerados quadros de informação adicionais que muitas vezes são
desenvolvidos na íntegra noutras aplicações de desenho e são apenas projectados
através do sistema de CG.
39
Capítulo
5
[
Planeamento para a criação de um
CG
]
Depois dos estudos e análises técnicas aos sistemas de CG e às suas
funcionalidades, passamos para a fase de planeamento para a criação de um
sistema de Character Generator.
Durante a fase de planeamento foi estudado em primeiro lugar o objectivo de
utilização do CG e as funcionalidades que se pretendem implementar. De seguida,
passou-se ao estudo das tecnologias e especificações técnicas que iriam dar
suporte ao software a desenvolver.
Porquê a criação de um CG?
A ideia surgiu no estúdio de gravação da UTAD TV, onde durante o
acompanhamento das emissões ao vivo do programa “Jornal Universitário” deste
canal online, se deparou com a falta de um sistema CG. O estúdio estava dotado de
equipamento de video mixer, capaz de aplicar chroma key, mas não tinha nenhum
gerador de grafismos nem de hardware nem de software. Devido a este facto os
poucos grafismos que iam sendo inseridos nas emissões de TV eram elaborados
em aplicações gráficas comuns e era sobreposta a imagem das mesmas via keying
através da mesa de mistura.
41
Capítulo 5
A não existência de CG neste estúdio é em tudo idêntica ao que se passa em
muitas companhias e empresas detentoras de canais de TV via Web e que emitem
programas em directo. O principal motivo é o elevado preço deste tipo de
sistemas. Os sistemas especializados para programas de noticiário requerem
soluções de hardware e software com custos elevadíssimos. Os sistemas mais
genéricos de CG embora já possam ser adquiridos por valores mais baixos, estão
ainda assim acima das capacidades financeiras destas companhias, ao que se junta
a falta de funcionalidades para uma programação de noticiário.
Desta observação surgiu a ideia da criação de um CG que pudesse dar resposta às
necessidades deste tipo de canais que cada vez mais proliferam na Web e que se
prevê serem um mercado em forte expansão.
Se existisse a possibilidade de criar um sistema de baixo custo capaz de dar
resposta às necessidades da UTAD TV, estar-se-ia a criar um sistema que pode dar
resposta a esta nova geração de canais existentes um pouco por todo o mundo.
Objectivo e funcionalidades
O objectivo deste projecto passa por criar um sistema de CG que possa dar
resposta às necessidades de um programa de informação e notícias.
Após o levantamento exaustivo das funcionalidades deste tipo de programas, que
se encontra descrito nos capítulos anteriores, concluí-se que o sistema a
desenvolver deve permitir gerar e controlar em directo todas as funcionalidades
descritas no capítulo 4, a saber, bugs, live bar, clock, leads, lower thirds, ticker e
over the shoulders.
A estas funcionalidades, deve-se ainda adicionar a capacidade de gerir em directo
outro tipo de grafismos multimédia, como o genérico do programa, a
42
Planeamento para a criação de um CG
apresentação dos créditos no final e a apresentação de outros quadros de
informação, quer estáticos quer dinâmicos.
A criação de um sistema com todas estas capacidades serviria de resposta às
necessidades não só de programas de informação como também de programas
mais generalistas.
Tecnologias
Para a criação deste tipo de CG e tendo como limitação o baixo custo da solução a
desenvolver, o ideal passa pela criação de um sistema que utilize o computador
tradicional recorrendo ao hardware genérico, sem a necessidade de placas de
edição de vídeo ou outros equipamentos adicionais.
A solução a criar iria precisar de um ambiente gráfico onde um operador pudesse
controlar os infografismos em directo e uma saída de sinal gráfico que pudesse
ligar ao equipamento de keying, para fazer o overlay dos grafismos sobre a
emissão [7]. Os grafismos gerados seriam enviados para o equipamento de keying
usando um fundo azul ou verde (chroma), ou em alternativa preto (luma), de
forma a ser removido pelo mesmo [3].
Assim, uma das primeiras ideias foi a de criar uma solução em rede, em que se
utilizaria uma máquina de controlo e uma máquina ligada ao equipamento de
keying. O operador de CG daria as instruções através da máquina de controlo, que
via rede chegariam à máquina de apresentação. Esta por sua vez emitiria o sinal
gráfico de saída. Esta solução acabou por ser abandonada, pois requeria 2
computadores e uma ligação em rede, o que tornava o sistema mais caro e mais
complexo que o desejado.
A solução seguinte consistiu na utilização das capacidades gráficas da grande
maioria dos computadores recentes, nomeadamente, a possibilidade de utilização
43
Capítulo 5
de duplo monitor e consequentemente duas saídas gráficas distintas. Esta solução
apenas requer que o computador seja detentor de uma placa gráfica compatível
com dual monitor, o que é habitual em praticamente todos computadores com
boas capacidades multimédia da actualidade, incluindo os portáteis. Com base
nesta tecnologia, além de se criar uma solução mais barata, ainda existia a
vantagem de ser uma solução fácil de transportar se fosse utilizada recorrendo a
um portátil. Com base nisto, decidiu-se estudar a criação de um software que tirase partido desta funcionalidade.
Outro dos problemas a resolver era a parte referente à elaboração e criação dos
grafismos. Deveria ser seguida a ideia das grandes empresas, que consiste na
criação de uma aplicação para o desenvolvimento do design e animação, e criar
outra aplicação para o controlo do programa em directo? Ou, em alternativa,
seguir o exemplo de outras soluções e criar uma aplicação que permitisse a criação
do design de grafismos e animações dentro da mesma aplicação?
Quer uma solução quer outra implicariam centenas ou milhares de horas de
trabalho no desenvolvimento de soluções com boas capacidades gráficas e de
animação. Basta imaginar o trabalho que seria criar um programa de design de
grafismos com qualidade, por exemplo que permitisse desenhar vários tipos de
formas, ou textos, ou aplicar efeitos complexos como sombras, transparências e
texturas entre outros.
Haveria ainda o problema da criação das animações, pois a aplicação teria de ser
capaz de controlar diversos objectos, aplicando um determinado número de
efeitos a cada um deles.
As grandes aplicações aqui estudadas permitem estas funcionalidades, mas
também outras como seja a importação de imagens de programas como Adobe
Photoshop [24], ou animações 3D dos programas da Autodesk [12].
44
Planeamento para a criação de um CG
Desta análise surgiu a ideia de criar uma aplicação que pudesse utilizar o que há de
melhor no mercado ao nível da animação e design. Assim, se a base para a criação
dos objectos fosse em Adobe Flash [25], os mesmos poderiam ter todo o tipo de
animações, e estava suportado à partida, a integração e importação dos grafismos
a partir dos principais programas de imagem do mercado como por exemplo o
Adobe Photoshop.
A solução final para a criação dos objectos passa assim por desenvolver os mesmos
em Adobe Flash, criando modelos para o efeito. A aplicação de CG a criar passa a
importar os modelos criados, podendo controlar os mesmos ao nível dos
conteúdos e animações.
Esta solução tem a vantagens de permitir a utilização de toda a tecnologia flash na
produção das animações e conteúdos, como ainda, torna mais fácil que um
designer experiente em flash não tenha de aprender a utilizar outras aplicações
para desenvolver os grafismos.
Fruto da elevada capacidade do Adobe Flash e do avanço que esta tecnologia tem
tido na actualidade, chegou-se à conclusão que esta seria a escolha para o
desenvolvimento do CG pretendido.
Funcionamento da solução a desenvolver
O sistema de CG a desenvolver será baseado numa aplicação de Software CG, que
terá de ser integrada com o restante hardware do estúdio. O resultado final
pretendido consiste na visualização do vídeo com a sobreposição dos
infografismos em directo.
Apresentam-se agora os esquemas funcionais da solução a desenvolver.
45
Capítulo 5
Estúdio equipado com Video Mixer com suporte de Keying
No caso de termos um estúdio equipado com um Vídeo Mixer que suporte efeitos
de keying (seja chroma key ou luma key), a interligação do CG será efectuada
conforme a figura abaixo.
Figura 35 – Video Mixer com suporte de Keying
Como o Video Mixer possui suporte de Keying, o sinal de vídeo do CG (Saída 2) com
os infografismos e a key correspondente, é ligado directamente à mesa de mistura
de vídeo. Aqui, deve ser aplicado o efeito de keying aos infografismos, para que na
saída possamos obter o resultado pretendido.
Estúdio equipado com Video Mixer sem suporte de Keying
Se o estúdio estiver equipado com um Video Mixer que não suporte nenhum tipo
de efeitos de keying, teremos de recorrer a hardware adicional que suporte este
tipo de efeito. Este hardware adicional consiste num equipamento mais básico que
46
Planeamento para a criação de um CG
recebe dois sinais de vídeo e que permite a sobreposição de um sinal sobre o outro
aplicando a respectiva key (azul, verde ou preto).
Figura 36 – Video Mixer sem suporte de Keying
Como podemos observar na figura, o sinal de saída do video mixer passa a ser
ligado a uma das entradas do equipamento de keying e na outra entrada liga-se o
sinal com os infografismos gerados pelo CG (saída 2). Como o equipamento aplica
a key e insere os infografismos em overlay, à saída do mesmo passamos a ter o
resultado desejado. Esta solução, embora seja mais complexa, é uma alternativa
viável para estúdios que já disponham de mesas de mistura sem o suporte a
keying.
47
Capítulo
6
[
Design e produção do sistema CG
]
Com base no planeamento prévio passou-se à etapa seguinte: executar o design e
produção do software que terá as funcionalidades de Character Generator. Esta
etapa passou por várias fases, nomeadamente o design da estrutura, o design do
interface, a produção e programação e finalmente, a fase de testes e validação.
Design da Estrutura
A estrutura técnica de funcionamento do sistema revelou-se muito complexa, pois
havia que ter em conta os objectivos propostos e o modo de funcionamento
delineado durante o planeamento.
Durante o design da estrutura a implementar, foram elaborados diversos testes à
forma como se poderiam implementar as funcionalidades pretendidas. Um dos
grandes problemas a resolver era a integração dos modelos (templates com a
estrutura e design dos infografismos) em Adobe Flash na aplicação de controlo.
Outro grande problema consistia na forma de gerar os dois ambientes gráficos
necessários para cada saída de monitor.
49
Capítulo 6
Assim, e depois de várias soluções estudadas chegou-se ao seguinte modelo
estrutural de funcionamento do software CG.
Figura 37 – CG: Design da Estrutura
Como podemos observar na figura, a criação dos grafismos baseia-se em
tecnologia Flash, onde são criados modelos para cada objecto do CG. Assim, cada
objecto é constituído por um ficheiro em Adobe Flash, baseado num modelo préconcebido que pode ser personalizado para cada programa. Nestes ficheiros dos
modelos, podem ser importados praticamente todo o tipo de conteúdo gráfico e
de animação. Devido à capacidade do Adobe Flash em suportar imagens, vectores,
animações, texto, vídeos e inclusive 3D, os objectos a introduzir no CG poderão ter
uma qualidade de nível profissional. Se adicionarmos a isto as capacidades do
ActionScript [26] (linguagem de programação do Adobe Flash), temos um
construtor de modelos muito versátil e completo.
50
Design e produção do sistema CG
Todos os objectos de um determinado programa são agrupados e arquivados
numa pasta, que consiste no repositório do template daquele programa. Esta
particularidade permite que tenhamos diversos templates de programas com
infografismos e conteúdos diferentes.
A aplicação principal do CG é o CG Manager. Esta aplicação carrega o template do
programa seleccionado, onde estão todos os infografismos e conteúdos de texto a
utilizar naquele programa. É através desta aplicação que o operador de CG vai
controlar os infografismos. Esta aplicação permite carregar a informação (textos) a
partir de ficheiros previamente preenchidos, mas também a edição em directo de
conteúdos como por exemplo um texto no lower third, ou uma informação no
ticker.
Para que o operador possa visualizar os comandos e obter uma pré-visualização do
que está a ser enviado para o live video, esta aplicação é executada de forma visual
na saída 1 da placa gráfica. Esta saída está ligada ao monitor do operador.
Todos os comandos efectuados através do CG Manager são transmitidos à
aplicação secundária o CG Screen. Esta aplicação é executada de forma visual na
saída 2 da placa gráfica e controla toda a imagem que vai sair para o live video. O
CG Manager e CG Screen embora sejam duas aplicações distintas, estão em
constante comunicação, de forma a funcionarem como se fossem uma só.
Design do Interface
Numa primeira fase da criação do projecto, foi criada uma interface muito simples
e funcional para o software de controlo do CG. Este interface embora fosse
intuitiva, era muito limitada ao nível das funcionalidades técnicas e não era muito
acessível para o operador de CG.
51
Capítulo 6
Esta primeira interface não foi criada com o intuito de ser uma versão final, sendo
o objectivo da criação do mesma, ter um formato que permitisse avançar para a
fase de produção e programação do software CG. A ideia era poder testar com
uma aplicação real, se a estrutura e funcionalidades acima apresentadas seriam
viáveis ou não.
Foi então criada a versão beta do CG Manager, que posteriormente passou para a
produção e programação.
Figura 38 – CG Manager: Interface Inicial (Versão Beta)
A fase de testes durante a programação desta interface e posterior utilização da
mesma depois de programada serviu não só para ver as capacidades do software,
mas também para melhorar a percepção das necessidades que deveriam ser
implementadas na interface final.
Um dos problemas detectados foi a ausência de uma forma de visualizar o live
video dentro da própria interface. Isto obrigava o operador a olhar directamente
para o monitor de live video o que desviava o olhar do CG Manager. O formato e
organização dos objectos no ecrã não estavam dispostos na forma ideal. Era difícil
a visualização instantânea do estado ligado ou desligado de um objecto.
52
Design e produção do sistema CG
Para dar resposta a estas necessidades, e para acrescentar as funcionalidades
adicionais pretendidas, foi desenvolvida a interface final da aplicação CG Manager.
Figura 39 – CG Manager: Interface Final
Como se pode observar, estamos perante uma interface completamente distinta,
onde já se encontram as funcionalidades adicionais pretendidas. Esta interface
além de mais completa foi melhorada no que se refere a acessibilidades. Todos os
botões de controlo foram desenhados de forma a poderem ser controlados
através de equipamento de touch-screen, o que permite aos estúdios equipados
com esta tecnologia o controlo mais fácil da aplicação. Ao nível visual, é fácil
detectar os objectos que estão a ser transmitidos ou não, pois o botão respectivo
fica iluminado e todos os controlos dos objectos estão alinhados de forma a
melhorar a percepção. Este formato é inspirado nas mesas de mistura de vídeo
profissionais, o que facilita a adaptação aos operadores de CG.
53
Capítulo 6
Análise dos painéis e funcionalidades do CG Manager
O CG Manager é constituído por quatro painéis, que passamos a analisar de
seguida.
Em primeiro lugar temos o “Load - Program Template + Data”. Este painel serve
para seleccionar o template referente ao programa pretendido e ainda, para
carregar textos e configurações pré-gravadas. Isto permite a prévia produção dos
dados a apresentar nos infografismos, tais como textos do lower third, tickers ou
leads.
Figura 40 – CG Manager: Program Template + Data
O painel seguinte consiste na zona de monitorização. Esta zona é constituída por
dois monitores de pré-visualização, o “Preview – Monitor” e o “Live Video –
Monitor”. Através do primeiro temos a possibilidade de pré-visualizar o objecto
sem o colocar em live video. Através do segundo podemos visualizar dentro do CG
Manager o que está a ser enviado para o estúdio.
Figura 41 – CG Manager: Monitors
54
Design e produção do sistema CG
Na parte central do ecrã, temos o painel de controlo dos objectos. Este painel está
dividido em três zonas, de forma a diferenciar os tipos de objectos. Na primeira
zona temos os controlos dos objectos correspondentes aos infografismos para
programas generalistas e de noticiário.
Figura 42 – CG Manager: Control Panel - 1
Cada objecto está colocado num canal de vídeo devidamente numerado e
identificado com um ícone, de forma a facilitar a leitura visual ao operador. Para
cada objecto existem dois botões, o superior serve para ligar ou desligar o objecto
do live vídeo e o inferior serve para abrir as definições do objecto no painel
“Setup”. No caso do exemplo acima, temos os canais 1, 3, 5 e 6, correspondentes
ao Bugs, Clock, Lower Third e Ticker a ser emitidos, e o 5 está aberto no painel
“Setup”.
De seguida temos um conjunto de canais adicionais ao CG. Estes canais servem
para complementar a aplicação com outras funcionalidades, que a tornem mais
completa e preparada para evoluir no futuro.
Figura 43 – CG Manager: Control Panel - 2
55
Capítulo 6
Foi implementado um canal de testes de imagem, de forma a ajudar os operadores
de estúdio a fazerem os devidos testes, ajustes de cor e alinhamento do sinal se
necessário.
Figura 44 – Exemplos de imagens que podem ser testadas através do CG
Para ser desenvolvido posteriormente, foi adicionado um canal “player [clips]”. A
ideia é permitir ao CG não só a gestão dos infografismos mas também o controlo
de uma playlist de clips de vídeo que podem ser emitidos directamente pela
aplicação.
Outro módulo adicional é o canal “Extra”, para o qual se pretendem desenvolver
plugins que adicionem funcionalidades extra ao programa. Um exemplo de extra já
desenvolvido, é um plug-in de boletim meteorológico.
Figura 45 – CG Manager: Plug-in Meteorologia
A última parte do painel de controlo serve para configurar definições do CG. É
possível definir qual a key a enviar em background, fazendo com que o CG seja
compatível com os diferentes tipos de equipamentos de keying. Foi também
acrescentada a funcionalidade de ligar e desligar o “Live Video – Monitor”. Esta
56
Design e produção do sistema CG
opção permite a utilização do CG em máquinas que tenham menor capacidade
gráfica, onde o duplo processamento de imagens pode criar instabilidade ao
sistema. Outra função adicionada é a activação das Safe Margins [2] no Monitor.
Esta funcionalidade permite testar se os infografismos se encontram devidamente
colocados e enquadrados no ecrã, para que possam ser visíveis em televisores
convencionais.
Figura 46 – CG Manager: Control Panel 3
O último painel da aplicação é o “Setup”. Neste painel, podemos controlar as
diversas opções disponíveis para cada objecto. O mesmo encontra-se dividido em
duas secções para permitir de um lado o controlo dos canais de infografismos
genéricos, ao mesmo tempo que do outro lado se possa controlar os canais extras.
Figura 47 – CG Manager: Painel Setup
Na figura acima temos as definições dos objectos lower third e test image. O lower
third é um dos módulos mais complexos, pois permite utilizar os dados précarregados ou editar os mesmos durante a emissão em directo. Em conformidade
com a análise feita no capítulo quatro, o lower third pode ser constituído por
one/two/three tiers. Foram ainda acrescentadas duas linhas de texto adicionais,
para permitir criar infografismos mais complexos que por vezes se utilizam em
programas de entretenimento.
57
Capítulo 6
Produção e Programação
A parte de produção e programação do software CG teve 3 etapas distintas. A
primeira consistiu na análise das aplicações e tecnologias existentes, para as quais
foram sendo criados alguns aplicativos que visavam apenas testar as
funcionalidades pretendidas. Depois dos testes efectuados, passou-se à fase de
desenvolvimento da versão beta. O objectivo era disponibilizar na mesma as
principais funcionalidades necessárias. Finalmente na fase de produção da versão
final implementaram-se não só as funcionalidades necessárias, mas também
algumas funcionalidades adicionais para tornar a aplicação mais profissional e
completa.
A programação e desenvolvimento do software, são baseados em tecnologia
Adobe Flash [25] recorrendo à linguagem de programação ActionScript [26].
Embora o principal alvo desta tecnologia não seja o desenvolvimento de aplicações
desktop, esta ferramenta possui capacidades técnicas para o desenvolvimento
deste tipo de aplicações. A escolha pelo Adobe Flash deve-se à sua versatilidade e
às suas elevadas capacidades multimédia.
Testes
Para efectuar os testes das aplicações, foi necessário utilizar um ambiente de
estúdio para se visualizar resultados efectivos das mesmas.
A versão beta do CG depois de devidamente testada foi utilizada em emissões em
directo do canal UTAD TV, o que contribuiu para se identificar algumas
necessidades extra a implementar.
A aplicação final encontra-se em fase de testes, pelo que deverá ser implementada
futuramente nas emissões deste canal.
58
Design e produção do sistema CG
Quanto aos requisitos do sistema CG o mesmo foi analisado em vários
computadores, nos quais se procedeu a testes de operacionalidade e esforço. Para
verificar a operacionalidade testaram-se todas as funcionalidades do software na
máquina. Para o teste de esforço colocou-se a aplicação a correr em simultâneo as
seguintes funcionalidades: bugs, lower thrid, crawler, video overlay (utilizou-se um
vídeo de tamanho elevado e em alta definição). Todos estes objectos iam sendo
ligados e desligados, quer na emissão live quer em preview.
Apresentam-se no seguinte quadro alguns dos resultados obtidos.
Computador
Resultados
Asus G1s (Portátil)
Teste Funcionalidades:
A máquina correu todas as funcionalidades
com uma velocidade de resposta excelente
em todos os sistemas operativos.
Teste Esforço:
A máquina aguentou eficientemente com
todos os objectos sem paragens (freezes)
nem erros no XP 32bits e Vista 32 bits. No
Vista 64 bits, uma das vezes a aplicação
deixou de responder durante a
sobreposição constante do vídeo em alta
definição.
Teste Funcionalidades:
A máquina correu todas as funcionalidades
com uma velocidade de resposta
excelente.
Teste Esforço:
A máquina aguentou eficientemente com
todos os objectos sem paragens (freezes)
nem erros. Mesmo a resposta aos
constantes ligar/desligar do vídeo em alta
definição foram aceitáveis.
Intel Core 2 Duo – 2.4 GHz
2 GB Ram
Placa Gráfica Geforce 8600 GT – 256MB
(Saídas: Monitor interno + VGA Externo)
Windows XP 32 bits,
Windows Vista 32 Bits,
Windows Vista 64 Bits
HP 7100 SFF (Desktop)
Intel Pentium 4 – 3.2 GHz
2 GB Ram
Placa Gráfica Geforce 7600 GS – 256MB
(Saídas: Dual Monitor)
Windows XP 32 bits
59
Capítulo 6
Dell GX280 (Desktop)
Intel Pentium 4 – 2.8 GHz
1 GB Ram
Placa Gráfica Geforce FX 5200 – 256MB
(Saídas: Dual Monitor)
Windows XP 32 bits
Teste Funcionalidades:
A máquina correu todas as funcionalidades
com uma velocidade de resposta
excelente, à excepção do vídeo em alta
definição onde se notaram algum atraso.
Teste Esforço:
A máquina aguentou eficientemente com
os objectos normais sem paragens (freezes)
nem erros, com a junção do vídeo nos dois
monitores já se notaram paragens na
reprodução.
Tabela 2 – Testes do software CG em diferentes configurações de hardware
60
Capítulo
7
[
Conclusões e trabalho futuro
]
Este estudo sobre os sistemas CG, dá-nos uma percepção da complexidade técnica
implícita nos infografismos que visualizamos na TV todos os dias. Conforme vão
surgindo novas tecnologias em especial na área da multimédia, as mesmas vão
sendo utilizadas nos sistemas de Character Generator um pouco por todo o
mundo.
As grandes estações de televisão cada vez investem mais milhares de euros nos
seus sistemas. Basta olhar para toda a produção que antecede um programa de
eleições (programa que decorre apenas durante algumas horas), para ter a ideia da
importância que é dada aos CG no complemento da informação dada ao
telespectador.
Com o surgimento dos canais Web, existe um novo mercado para explorar. As
pretensões destes canais são as mesmas das grandes empresas, mas não têm a
capacidade financeira para adquirir os sistemas que o mercado oferece.
Este projecto demonstra que é possível a criação de sistemas capazes de dar
resposta a este mercado, com soluções de baixo custo. A plataforma criada recorre
a um computador tradicional, permite a integração com os estúdios de TV, é fácil
de operar e consegue dar resposta às necessidades de um programa de noticiário
como se propunha inicialmente. Com um conjunto de modelos gráficos de boa
61
Capítulo 7
qualidade, é possível ter um canal com infografismos ao nível das grandes
empresas do sector.
Os resultados obtidos são de tal maneira satisfatórios, que no futuro deverão ser
feitos testes para verificar a qualidade desta solução não só para emissões Web TV
como também para soluções com qualidade de broadcast. Um bom exemplo de
aplicação futura pode estar nas corporate TV’s.
Embora todas as funcionalidades comuns de um noticiário possam ser efectuadas,
o trabalho nesta aplicação não se encontra finalizado. Devido ao minucioso estudo
dos sistemas e tecnologias existentes, foram inúmeras as ideias que surgiam como
interessantes para implementar. É por essa razão que a versão final do CG
Manager já se encontra preparada para receber um módulo para reprodução de
clips de vídeo e outros extras, como por exemplo o boletim meteorológico.
Numa era em que os infografismos povoam os diversos canais de TV e não só,
antevê-se um sem número de utilidades que esta plataforma pode vir a ter.
62
B
[
]
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65
Download

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