Um guia para visitar Madrid
Com uma população que ultrapassa os 3 milhões de habitantes, Madrid é a maior cidade de
Espanha, situando-se no centro da meseta espanhola e agrupando em toda a zona circundante
a chamada Comunidad de Madrid. Apesar de a sua dimensão ter quadruplicado nos últimos 50
anos, Madrid continua a reunir no centro os principais pontos de interesse.
História e Economia
Apesar dos indícios pré-históricos, as referências históricas relevantes sobre Madrid datam de
852, quando os Mouros construíram um alcázar – fortaleza – perto do Rio Manzanares, com o
objetivo de defender Toledo de ataques vindos do norte. Esse alcázar erguia-se no lugar onde
hoje se encontra o Palácio Real de Madrid. Em volta desta fortaleza formou-se uma pequena
comunidade denominada Mayrit, nome que evoluiu para Magerit e, finalmente, para Madrid.
Esta comunidade foi conquistada, porém, pelos Cristãos que se aliaram no norte contra os
Mouros e avançaram para sul dando início à Reconquista. Em 1085, Afonso VI assinala uma
investida militar para o ataque decisivo a Toledo, no decurso do qual é descoberta Madrid. Em
1202, Madrid é elevada a cidade. Em 1561, pela mão de Filipe II, Madrid passa a ser a capital
espanhola.
Espanha tornou-se numa nação-estado sob Isabel e Fernando, cujo casamento unificou os
poderosos reinos de Castela e Aragão. Uma vez unidos, estes reis católicos derrotaram o reino
Nastrid de Granada, último reduto dos Mouros. Com a anexação de Navarra, em 1512, a
Espanha ficou unificada. O casamento da filha de Isabel e Fernando, com efeito, conduziu o
reino para as mãos dos Habsburgos. Carlos I e Filipe II foram governantes capazes, mas em
1700 Carlos II morreu sem deixar herdeiro. Depois da Guerra da Sucessão Espanhola, Espanha
caiu sob o poder dos Bourbons franceses, que passaram a reinar desde então, apenas
interrompidos pelas duas repúblicas espanholas e a ditadura de Francisco Franco.
Apesar da instabilidade política à qual não raras vezes Madrid assistiu, a cidade foi-se
convertendo ao longo dos séculos numa moderna capital europeia, com uma crescente classe
média, galvanizada pela substituição das zonas superlotadas das classes operárias por
elegantes áreas residenciais.
No último quartel do século XIX, logo após a Primeira República Espanhola (1873-1874, com a
duração de 11 meses), Madrid conheceu um período de grande prosperidade, o qual culminou
com a inauguração da Gran Vía em 1908.
Madrid voltou a conhecer um clima de instabilidade política com a sucessão de 33 governos
apenas entre 1902 e 1923, o que levou neste último ano à instalação de uma ditadura pelo
general Miguel Primo de Rivera. Dada a sua ineficácia para as questões de ordem económica,
em seis meses o país entrou em bancarrota. Em 1931, Espanha assiste à Segunda República,
também passageira, e Afonso XIII é exilado. Entre 1936 e 1939, ocorre a Guerra Civil
Espanhola, a qual resultou na instalação do General Francisco Franco como ditador. Em 1975,
ano em que este morre, Juan Carlos é coroado, restaurando-se a 3.ª dinastia Bourbon. Em
junho de 2014, Filipe VI sucede a Juan Carlos como rei de Espanha.
A entrada de Espanha na CE, em 1986, a realização da Expo92 em Sevilha e os Jogos Olímpicos
de Barcelona, em 1992, orientaram o país para um período significativamente rico dos pontos
de vista económico e cultural.
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Personalidades
Madrid começou a atrair os melhores talentos literários e artísticos do país desde que foi
designada a capital espanhola em 1561. Escritores, pintores, arquitetos, compositores
abandonaram as povoações e os lugarejos mais dispersos em Espanha para rumarem a
Madrid, onde sabiam poder contar com mecenatos e subsídios reais para publicarem as suas
obras e verem o seu nome reconhecido. Madrid transformou-se então num centro cultural por
excelência.
Literatura: Miguel de Cervantes (1547-1616), consagrado pela obra cómica Don Quixote, é a
maior figura literária espanhola. Na poesia e na dramaturgia, destaca-se uma das
personalidades da chamada Geração de 1927, Federico García Lorca (1899-1936). Mais
recentemente, no século XX, sobressai o galardoado com o Prémio Nobel Camilo José Cela
(1916-2001), autor do conhecido romance La Colmena, ilustrativo do faminto quotidiano do
pós-guerra madrileno. Para o reconhecimento internacional da literatura espanhola não
menos terá contribuído o americano Ernest Hemingway, cujas obras promoveram o gosto pela
cultura de Espanha.
Pintura: Diego de Velázquez (1599-1660) e Francisco de Goya (1746-1828) são as
personalidades que ao nível das artes se confundem com a história de Madrid. Ambos pintores
da corte espanhola, celebrizaram-se por retratarem nas suas obras cenas da vida da cidade. No
Prado é possível ver Las Meninas, de Velázquez, e A Maja Nua, de Goya.
Arquitetura: Esta é uma área da qual os madrilenos são particularmente orgulhosos, já que em
Madrid subsistem referências arquitetónicas projetadas por alguns dos melhores arquitetos do
mundo. Madrid é referenciada como a “Cidade dos Mil Rostos”, dada a diversidade dos seus
estilos arquitetónicos. Francesco Sabatini é responsável pela projeção do Palácio Real e da
opulenta Puerta de Alcalá. Juan Gómez de la Mora, que desenhou a Plaza Mayor, é o
reconhecido discípulo de Juan de Herrera, autor do projeto do mosteiro El Escorial, de Filipe II.
Juan de Villanueva é o autor arquitetónico do Museu do Prado.
La Zarzuela: Descendente direta da ópera ligeira italiana, começou como divertimento para
reis até ter conquistado o povo como um dos mais característicos géneros de representação
artística em Madrid. O nome deriva do Palacio de La Zarzuela, habitação habitual da família
real espanhola fora da cidade. Inicialmente representadas no reinado de Filipe XIV, no século
XVII, depressa desapareceram de cena com a ascensão da dinastia Bourbon, apreciadora da
ópera tradicional italiana. Tendo abandonado os palácios reais, ingressou nos corrales de
comedias, os teatros populares de Madrid. Evoluiu e transformou-se no espetáculo ligeiro que
hoje se conhece, entre a ópera clássica e a comédia musical. Em Madrid, há inclusivamente
discotecas com espaços especialmente dedicados às zarzuelas. Calderón de La Barca, famoso
dramaturgo do século XVII, foi o primeiro grande expoente deste tipo de ópera.
PDIs (pontos de interesse) por Zonas Emblemáticas em Madrid
MADRID ANTIGA – Desde a encantadora Plaza de la Villa até à animada Puerta del Sol,
estende-se o compacto coração de Madrid, recheado de história e interessantes atrações.
Plaza Mayor – Formando um esplêndido quadrado completado com janelas, varandas
e pináculos, a Plaza Mayor foi no passado cenário de julgamentos da Inquisição
Espanhola e palco de touradas e cortejos. Um legado dos Habsburgos, esta praça foi
projetada pelo reconhecido arquiteto Juan Gómez Mora, um discípulo de Juan de
Herrera, o autor do El Escorial. A parte mais fantasiosa da Plaza Mayor é a Casa de la
Panadería (padaria), cuja fachada, restaurada, está decorada com pinturas alegóricas.
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No centro da praça encontra-se uma estátua equestre representativa de Filipe III, que
ordenou a construção deste lugar mítico de Madrid.
Plaza de la Villa – Também exemplificativa da Madrid Habsburgo dos séculos XVI e
XVII, a medieval Plaza de la Villa reúne alguns dos edifícios históricos mais admirados
na cidade: Torre de los Lujanes, Casa de Cisneros e Câmara Municipal (ayuntamiento).
Puerta del Sol – Este é um dos pontos de encontro mais concorridos de Madrid. Hoje
com a forma de meia-lua, com edifícios em semi-círculo que contêm lojas e cafés
modernos, esta praça assistiu a alguns dos acontecimentos históricos emblemáticos,
como a revolta de 2 de maio de 1808 contra os ocupantes franceses. Na esquina da
Calle del Carmen, é possível admirar a popular estátua de bronze com o símbolo de
Madrid: um urso a alcançar o fruto de um medronheiro.
Mercado de San Miguel – Este é o último exemplar dos mercados construídos em
ferro da cidade. Embora muitas bancas estejam desocupadas em virtude da
concorrência apontada pelas grandes superfícies comerciais, aqui é possível encontrar
fruta fresca, hortaliça, peixe, entre outros produtos, num ambiente tradicional.
Palacio de Santa Cruz – Construído no século XVII, este edifício é uma das jóias da
arquitetura da era dos Habsburgos. É, desde 1901, a sede do Ministério dos Negócios
Estrangeiros. Inicialmente, na qualidade de Carcel de la Corte, aqui aguardavam o seu
destino os infelizes alvos dos autos de fé realizados na vizinha Plaza Mayor.
Gran Vía – A Gran Vía nasceu no início do século XX, em resultado da expansão a que a
classe média madrilena submeteu a cidade. Logo foi necessário criar uma nova artéria
em Madrid: a Gran Vía, símbolo da Madrid moderna.
Plaza del Callao – Só a Plaza del Callao reúne 7 dos mais de 60 cinemas que Madrid
alberga como prova da paixão que a cidade tem pela arte cinematográfica. Nesta praça
que cruza a Gran Vía com a Calle de Preciados, encontram-se o Cine Callao, o Imperial,
o Avenida, o Rex, o Capitol, o Palacio de la Musica e o Palacio de la Prensa de Madrid.
Calle de Preciados – A Calle de Preciados adquiriu o seu aspeto moderno durante a
remodelação da cidade, no século XIX. Antes vislumbrava-se neste lugar uma paisagem
claramente rural, apadrinhada pelos irmãos Preciados que no século XVII compraram
terras ao convento para construírem as suas casas. Em 1940, pela mão de Ramón
Areces, nasceu na Calle de Preciados a maior cadeia de armazéns de Espanha, El Corte
Inglés, na altura um modesto armazém de tecidos e hoje um edifício com 8 andares.
Plaza de España – Tornou-se num espaço público com a expansão da cidade e agrupa,
mesmo no centro, um maciço obelisco de pedra construído em 1928, em frente do
qual se ergue uma estátua de Cervantes e, em baixo, D. Quixote monta o seu cavalo
enquanto Sancho Pança trota no seu burro.
Palacio Real – O Palacio Real de Madrid foi construído para impressionar. Situado
numa falésia sobranceira ao Rio Manzanares, começou por ser uma fortaleza real, a
qual, depois de um incêndio em 1734, foi substituída pela mão de Filipe V por um
verdadeiro palácio, inspirado no estilo francês. Foi usado pela família real até à
abdicação de Afonso XIII em 1931. O rei Juan Carlos viveu no Palacio Zarzuela, fora de
Madrid, sendo o Palacio Real apenas utilizado em algumas ocasiões oficiais. Às
quartas-feiras, ao meio-dia, pode assistir-se ao render da guarda. Mesmo em frente ao
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Palacio Real de Madrid, na Plaza de Oriente, ergue-se o Teatro Real, o edifício da
Opera de Madrid.
Catedral de la Almudena – Iniciado em 1879 e inaugurado apenas em 1993 pelo Papa
João Paulo II, a catedral de Madrid tem uma fachada neogótica, fazendo lembrar a do
Palacio Real, que lhe faz fronteira. Na cripta existe uma imagem da Virgen de la
Almudena, do século XVI. Na Calle Mayor, mais adiante, encontram-se restos de
muralhas mouriscas e medievais da cidade. Mas o que consta ter sido a porta de
entrada da antiga cidade mourisca é a Muralla Arabe, situada a sul da Catedral de la
Almudena.
MADRID BOURBON – Na zona leste da Madrid Antiga, existiu outrora um lugar idílico de
pomares e hortas, conhecido por Prado. No século XVIII, foi aqui construído um mosteiro que
os Habsburgos transformaram em palácio e do qual restam hoje apenas fragmentos. Os jardins
desse palácio, porém, deram origem ao popular Parque del Retiro.
Paseo del Prado – O Paseo del Prado nasceu nos finais do século XVIII, quando ainda
não existiam os museus, os palácios sumptuosos e os hotéis requintados da Madrid Bourbon.
Esta zona da cidade deu então origem a um óptimo espaço de passeio e descontração. Hoje é
uma larga avenida arborizada, carregada de arte em virtude dos museus e das galerias que lá
se podem encontrar.
Puerta de Alcalá – Num esforço para melhorar e desenvolver a zona oriental da
cidade, D. Carlos III mandou erguer a cerimonial Puerta de Alcalá, um grandioso monumento
projetado por Francesco Sabatini. Situada no centro da Plaza de la Independencia, é de granito
e ilustra o estilo neoclássico com um vistoso frontão e anjos esculpidos. A Puerta de Alcalá
substituiu uma porta barroca mais pequena, construída por Filipe III para a entrada da sua
esposa na cidade.
Palacio de Linares – O famoso banqueiro madrileno José de Murga, distinguido com o
título Marquês de Linares, construiu a mais luxuosa residência palaciana alguma vez vista por
Madrid. O portentoso Palacio de Linares, onde hoje decorrem esporádicas ocasiões
cerimoniais e onde está alojada a Casa de América promotora da cultura
latino-americana, é um expoente da extravagância da ornamentação rococó, incluindo banhos
de ouro, incrustações de madeira, lustres ofuscantes, impressionantes pinturas murais. O salão
de jantares de cerimónia, a sala de baile, o Salón China e a Capela Bizantina constituem as
divisões mais emblemáticas do Palacio de Linares.
Plaza de Cibeles – Exemplificativa da cidade de Bourbon do século XVIII, a Plaza de
Cibeles expõe a imponente Fuente de Cibeles, lindamente esculpida. Um tributo à deusa
greco-romana da natureza, Cibele, esta fonte é considerada um símbolo de Madrid.
Estrategicamente localizada, a Plaza de Cibeles avista em seu redor quatro imponentes
edifícios: o Palacio de Comunicaciones, o Palacio de Linares, o Cuartel General del Ejército de
Tierra e o Banco de España.
Museu Thyssen-Bornemisza – Este museu alberga provavelmente a maior coleção
privada do mundo, reunida pelo barão Heinrich Thyssen-Bornemisza e o seu filho Hans
Heinrich, o antigo barão. Na década de 1990, foi vendida à nação, ilustrando a história da arte
ocidental (entre os séculos XIV e XX), transitando por cada tendência de arte europeia nos
últimos 500 anos. Emblemáticas obras de Goya, Picasso e Van Gogh podem ser admiradas hoje
no Museu Thyssen-Bornemisza.
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Parque del Retiro – Um espelho da cidade Bourbon do século XVIII, o Parque del Retiro
situa-se na elegante zona dos Jerónimos, onde outrora se ergueu o Real Sitio del Buen Retiro,
um espaço pertencente a um palácio de Filipe IV. Atualmente, restam dessa memória o Casón
del Buen Retiro e o Museo del Ejército. No Parque del Retiro pode ainda vislumbrar-se um lago
e uma colunata em meia-lua a erguer a estátua de Afonso XII. Dão também vida a este espaço
verde em Madrid pintores de retratos e leitoras da sina dedicados aos seus negócios. Na zona
sul do parque, os visitantes podem ainda apreciar o Palacio de Velázquez, com exposições
temporárias periódicas, e o Palacio de Cristal, fórum para receções e exposições de arte.
Museo del Prado – Neste museu é possível admirar o maior acervo mundial de pintura
espanhola, em especial obras de Velázquez e de Goya, entre os séculos XII e XIX. Tendo sido
construído no último quartel do século XVIII por Juan de Villanueva, abriu como museu em
1819.
Estación de Atocha – O primeiro serviço ferroviário desde Atocha a Aranjuez foi
inaugurado em 1851 por Isabel II. Passados 40 anos, porém, a então estação original de Atocha
foi substituída pela que hoje existe. No exterior da estação, é possível encontrar um
monumento a homenagear as 192 pessoas que morreram no ataque terrorista de 2004.
Centro de Arte Reina Sofia – Com destaque para a Guernica de Picasso – a grande
atração do museu –, este emblemático espaço de arte em Madrid reúne obras de outros
artistas igualmente conceituados, caso de Miró. A coleção está exposta no antigo edifício do
Hospital Geral de Madrid, construído nos finais do século XVIII. A extensão acrescida ao
museu, da autoria de Jean Nouvel, possibilita uma divisão do espólio em 3 pisos diferentes. A
Guernica, de Picasso, é a mais famosa obra individual do século XX, ilustrando um protesto
contra a Guerra Civil Espanhola. No Centro de Arte Reina Sofia são também uma referência a
Mulher de Azul, de Picasso, e La Tertulia del Café de Pombo, de Solana.
MADRID EM REDOR DA CASTELLANA – Em Madrid, sobressai o Paseo de la Castellana, repleto
de arvoredos que não disfarçam a extensão e grandiosidade desta artéria da cidade, a principal
no sentido norte-sul. A norte, situa-se a Plaza de Colón e o Museu Lazaro Galdiano, instalado
numa antiga mansão do financeiro José Lázaro Galdiano. Para leste, destaca-se o Barrio de
Salamanca, uma zona recheada de lojas de moda de referênca. Para sudoeste, ficam Chueca e
Malasaña, onde é possível respirar a autêntica atmosfera madrilena. A zona meridional da
avenida tem a designação Paseo de Recoletos, perto do qual fica o Café Gijón, famoso espaço
de reunião de intelectuais fundado no dealbar do século XX.
FORA DE MADRID
El Escorial – A nordeste de Madrid, junto à Sierra de Guadarrama, situa-se o
imponente palácio de San Lorenzo de El Escorial. Construído entre 1563 e 1584, o seu estilo
arquitetónico influenciou toda a Espanha. A sua riqueza artística inclui algumas das obras mais
valiosas da coleção real. Destacam-se, entre os diferentes espaços do El Escorial, a Basílica, a
Biblioteca, o Museu de Arte e as Casas do Capítulo.
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