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Fevereiro de 2012
ValeViver
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Cinema
Uma semana
platinada
‘Sete Dias com Marilyn’ tranforma as anotações do escritor Colin Clark em um
filme que traz Michelle Williams interpretando a loira mais famosa de Hollywood
Franthiesco Ballerini
São Paulo
E
SEMELhança
Michelle Williams pode não ser
uma ‘sósia’ de Marilyn, mas sua
atuação surpreende no filme
la ajudou a popularizar o
estereótipo da “loira burra”
graças aos seus adoráveis papéis de tolinha em
Hollywood, embora ela
mesma não fosse loira de
verdade. Marilyn Monroe, a atriz mais famosa do mundo até hoje, e uma das poucas
em que se pode realmente chamar de estrela, não era nada burra na vida real, construindo uma carreira que ajudou a sustentar,
quase que sozinha, a Fox nos seus tempos
mais difíceis. No próximo dia 10, chega às telas “Sete Dias com Marilyn”, produção que
já levou o Globo de Ouro, de Melhor Atriz
para Michelle Williams, no papel principal.
Dirigido pelo estreante em longas Simon
Curtis, é baseado na história real da semana
em que o escritor britânico Colin Clark foi
assistente de Marilyn em 1956, durante as
filmagens de “O Príncipe Encantado”, na Inglaterra, contracenando com ninguém menos do que Laurence Olivier. Detalhe, Marilyn estava na Inglaterra também por conta
de sua lua de mel com o escritor Arthur Miller, que fora embora trabalhar, deixando ao
colega Clark a missão de apresentar o Reino
Unido a ela. Tudo que Clark e Marilyn fizeram fora registrado em um diário escrito por
ele, lançado em dois livros em 1995 e 2000.
Quem vive Olivier é o ator Kenneth Branagh
e Miller é interpretado por Dougray Schott. A
ex-Harry Potter Emma Watson e Judi Dench
também fazem parte do elenco.
O filme já fora exibido em alguns festivais e
também já estreou nos EUA. Fora bem recebido pela crítica, especialmente a atuação de
Michelle Williams, que apesar de estar longe
de ter a sensualidade de Marilyn, ao menos
cumpriu bem o papel de interpretar um mito
cinematográfico, a ponto de alguns críticos
dizerem que Williams desaparece no filme,
deixando apenas a presença de Marilyn.
Agradável de se ver, mostra uma história de
amor altamente improvável entre a diva do
cinema e o terceiro assistente de direção do
filme de Olivier, aspirante a alguém na vida.
Enquanto o departamento de maquiagem e
figurino deixou Williams muito próxima de
Marilyn, com o bocão, os seios pontudos e os
cabelos, foi Williams quem devorou os filmes e
bastidores da diva para fazer a voz e os maneirismos dela. O mais difícil, porém, foi mostrar
Marilyn longe das câmeras, sozinha ou com
pessoas que nunca registraram o que ela falou
e como ela agiu. Há muito pouco gravado de
making of de Marilyn na história, no entanto,
Michelle Williams passa com segurança a sensação de que tudo aquilo realmente aconteceu.
A história mostra, por exemplo, a frustração
de Laurence Olivier, um ator absolutamente
metódico, com Marilyn, que diz não acreditar
na motivação da personagem que interpreta,
criando atrasos e caos na produção. Branagh
também está ótimo como Olivier, que embora
seja um papel secundário, ganha vida intensa
no filme. Ele ajuda a mostrar a dualidade entre Norma Jeane Baker, a mulher frágil e inseFotos: divulgação
ANOTAçÕES
Eddie Redmayne vive o escritor
Colin Clark, que escreveu em seu
diário as aventuras com a loira
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SENSUALIDADE
Filme retrata momento
bastante picante da
vida pessoal da atriz
gura, e Marilyn Monroe, a diva a qual Norma
se transformou.
Não há nenhum segredo ou novidade sobre
a vida de Monroe que pipoca no filme e surpreende o mundo. Tudo ali já é de conhecimento de décadas da imprensa mundial. No
entanto, o roteiro faz um recorte interessante
na vida da diva. Em vez de querer abraçar o
mundo –contando a saga de Marilyn do nascer ao morrer, o que acaba gerando filmes superficiais e óbvios– a trama foca um momento
particularmente picante da vida da musa,
quase tão fervoroso quanto suas relações com
o então presidente John F. Kennedy.
Como teria ficado a personagem se Scarlett
Johansson tivesse aceitado o papel, visto que
ela era a atriz mais desejada pela produção
para encarar a missão? Impossível saber, mas
certamente a atuação chamaria mais atenção,
especialmente após a divulgação das fotos em
que Johansson aparece nua, no ano passado.
No final das contas, o filme é todo sobre
percepção e manipulação. A percepção que
o público e os colegas tinham de Marilyn e
como eles manipulavam-na, bem como ela
manipulava quem estava ao seu redor. “Eu
cresci com um pôster dela em cima de minha
cama, e sempre fui mais interessada em conhecer a Marilyn privada e resguardada das
câmeras, a Marilyn antes da Marilyn”, comentou Michelle Williams no lançamento
do filme nos EUA.
O filme foi rodado em Los Angeles e no Reino
Unido, inclusive na Parkside House, casa onde
Marilyn se hospedou enquanto filmava o
longa. Com um ar ao mesmo tempo moderno
e retrô, “Sete Dias com Marilyn” é uma boa opção de entretenimento, descompromissado e,
ao mesmo tempo, com boas atuações.
A ascensão do mito
Nascida Norma Jeane Baker em 1º de junho
de 1926, Marilyn passou a infância em casas
de pais adotivos, começou como modelo e
só entrou para o cinema aos 20 anos. Sua
persona “loira burra” foi criada no filme
“Os Homens Preferem as Loiras” (1953),
clássico de Howard Hawks, usado ao longo
de toda a carreira posteriormente. Tendo
sofrido abusos sexuais na infância, carregou
distúrbios de sono e abuso de substâncias
químicas ao longo de toda a vida.
O nome Marilyn Monroe foi sugerido por
Ben Lyon, executivo da Fox, que o achava
sexy e poderoso. Mas antes de se tornar
uma atriz, fez até fotos nuas para sobreviver, ganhando pouquíssimo dinheiro.
Também estudou literatura e arte na Uni-
versidade da Califórnia, no início dos anos
1950. Com 1,67 metro de altura, 94 cm de
busto, 61 cm de cintura e 89 cm de quadril,
em pouquíssimo tempo se tornou símbolo
sexual do cinema. Seus filmes mais famosos
são “O Inventor da Mocidade”, “Niagara”,
“Almas Desesperadas”, “Como Agarrar um
Milionário”, “Nunca Fui Santa” e “Quanto
Mais Quente Melhor”.
Seu primeiro marido foi o jogador de beisebol Joe DiMaggio. Na lua de mel, em Tóquio,
Marilyn aproveitou para cantar e dançar para
as tropas americanas, num passeio pela Coréia,
deixando o marido irritadíssimo, o que ajudou
o casamento a desabar apenas nove meses depois. Mudando-se para Nova York para estudar
atuação e se tornar uma atriz séria, abriu sua
própria produtora, responsável por alguns de
seus filmes, como “O Príncipe Encantado”.
Se casou em 1956 com Arthur Miller e o casamento acabou exatamente no dia 20 de janeiro
de 1961, escolhido propositadamente pois era
a posse do presidente John F. Kennedy, numa
tentativa de tirar a separação das manchetes.
Mas isso não funcionou, especialmente
porque Marilyn já era amante de Kennedy
há muito tempo, ou mais, uma obsessão do
presidente. O caso começou logo depois do
divórcio com di Maggio. O caso entre os dois
foi alvo inclusive de chantagem de John Edgar
Hoover (outro personagem que ganha às telas
neste ano), pois ele grampeou uma conversa
entre o casal e chantageou Kennedy, que queria demiti-lo do FBI. Por manter a gravação
em segredo, Hoover continuou no cargo.
No auge da fama, em 5 de agosto de 1962,
com apenas 36 anos, Marilyn Monroe supostamente cometeu suicídio em sua casa
em Brentwood, na Califórnia, por overdose
de barbitúricos. A morte segue um mistério,
pois os telefonemas e outras evidências da
morte sumiram, a autópsia perdida e todos
os amigos dela que tentaram investigar o
caso foram ameaçados de morte. Suspeita-se
que ela tenha sido sufocada até a morte pela
máfia ligada a Kennedy, pois Marilyn talvez
saberia detalhes da ligação do presidente
com estes mafiosos e poderia denunciar à
polícia. Trata-se de uma das teorias (talvez
conspiratórias) sobre a morte da mulher que
não nasceu loira, mas se tornou a musa platinada mais famosa da história. •
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No set
Kenneth Branagh interpreta
Lawrence Oliver, o ator frustado
com a atuação de Marilyn
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